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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE LETRAS

O património da Freguesia de Reguengo Grande,


Lourinhã – A valorização do passado e a aposta no
futuro.

NEUZA CATARINA RIBEIRO PAULINO

Dissertação orientada pelo Prof. Doutor Fernando Jorge Artur


Grilo, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre
em História da Arte e Património

2022
Em Memória da minha Mãe, Ana Maria.
Em Honra do meu Pai, António Francisco.
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
Fernando Pessoa.

3
Agradecimentos

Ao Professor Doutor Fernando Jorge Artur Grilo, na qualidade de meu Professor e


Orientador da minha Dissertação, pela competência científica, pela disponibilidade, pela
dedicação e pela atenção e acompanhamento deste trabalho de investigação.

Aos Professores Doutores do ARTIS – Instituto de História da Arte da Faculdade de


Letras da Universidade de Lisboa designadamente, à Professora Doutora Maria João
Neto, à Professora Doutora Clara Moura Soares e à Professora Doutora Teresa Vale, pelos
ensinamentos, pela partilha e pela inspiração transmitida ao longos dos Seminários
realizados no primeiro ano curricular deste Mestrado.

À Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição valorosa onde sempre me


senti acolhida. A todos os Professores Doutores com quem tive o privilégio de contactar
ao longo de todo o meu percurso académico, de Licenciatura e de Mestrado, que de forma
especial enriqueceram o meu conhecimento e me ajudaram a encontrar o meu percurso
académico e profissional.

À Junta de Freguesia de Reguengo Grande designadamente, à atual Presidente da mesma,


Ana Isabel Barros, e à Maria João Inácio, sua colega partidária, por todo o apoio,
disponibilidade e gentileza com a qual contribuíram para o enriquecimento deste trabalho.

Ao Centro de Estudos Históricos da Lourinhã pelo interesse demonstrado nesta


investigação.

Aos meus Pais. À minha Mãe, Ana Maria, por todo o amor, por toda a luz e por toda a
bondade que sempre me transmitiu. Ao meu Pai, António Francisco, por todo o apoio,
por toda a motivação e por toda a força que sempre me incutiu.

Aos restantes membros da família que forma próxima acompanharam este meu trabalho
designadamente, a minha irmã Sílvia e a minha tia Edite, por toda a inspiração e
motivação transmitidas e aos e os meus sobrinhos, Afonso e Catarina, pela alegria que
trouxeram à minha vida.

4
A todos os amigos e colegas de proximidade designadamente, à Isabel e à Joana, que me
transmitiram apoio e confiança ao longo do meu percurso académico.

Às pessoais especiais que a vida me trouxe.

Ao Universo e a Deus pela coragem, pela luz, pela resiliência e pela força que em mim
incutiram.

5
Resumo

O património e o turismo cultural encontram-se de mãos dadas. Atualmente, é difícil


falarmos de um sem falarmos do outro. Estes, em conjunto, permitem-nos conhecer a
história das civilizações e descobrir, em simultâneo, as particularidades das obras de arte
que marcam espaços e períodos históricos. Assim, é correto afirmar que o património e o
turismo cultural dependem um do outro e juntos funcionam em plena harmonia.

A região Oeste de Portugal concentra inúmeros atrativos culturais que suscitam


curiosidade por parte do mais diverso público. Respira-se história e património em cada
recanto desta região. A Freguesia de Reguengo Grande, localizada no Concelho da
Lourinhã, apresenta um processo evolutivo significativo e é detentora de um conjunto
patrimonial dinâmico que conjuga diversos elementos patrimoniais entre eles, a natureza,
a história, a arte e a cultura. É imperativo reconhecer, qualificar e preservar o património
histórico e cultural desta Freguesia. A aposta nesta ação visa enriquecer não só a
Freguesia do Reguengo Grande, mas também o Concelho da Lourinhã, na sua totalidade,
através da divulgação do património desta região. O intuito é dar a conhecer o que de
melhor a região apresenta a residentes e a turistas. É importante valorizar, salvaguardar e
preservar o património e, em simultâneo, partilhar e dar vida às histórias, às lendas e à
memória que encontramos nesta localidade.

Estou segura de que a aposta na riqueza patrimonial e na dinamização do património


existente nesta Freguesia constitui uma vitória para os habitantes, para o Concelho e para
o país.

Palavras-Chave: Reguengo Grande; Freguesia; História; Património; Cultura.

6
Abstract

Heritage and cultural tourism go hand in hand. Nowadays, it is difficult to talk about one
without talking about the other. These, together, allow us to know the history of
civilizations and discover, at the same time, the particularities of the works of art that
mark spaces and historical periods. Thus, it is correct to say that heritage and cultural
tourism depend on each other and together they work in full harmony.

The West region of Portugal concentrates numerous cultural attractions that arouse
curiosity on the part of the most diverse public. History and heritage can be breathed in
every corner of this region. The Parish of Reguengo Grande, located in the Municipality
of Lourinhã, has a significant evolutionary process and has a dynamic heritage set that
combines several heritage elements, including nature, history, art and culture. It is
imperative to recognize, qualify and preserve the historical and cultural heritage of this
Parish. The bet on this action aims to enrich not only the Parish of Reguengo Grande, but
also the Municipality of Lourinhã, in its entirety, through the dissemination of the heritage
of this region. The aim is to show the best that the region has to offer to residents and
tourists. It is important to value, safeguard and preserve the heritage and, at the same time,
share and give life to the stories, legends and memory that we find in this locality.

I am sure that the bet on the patrimonial wealth and the dynamization of the existing
heritage in this Parish is a victory for the inhabitants, for the Municipality and for the
country.

Key-Words: Reguengo Grande; Parish; History; Heritage; Culture.

7
Plano de trabalho

Capítulo 1 - A Freguesia de Reguengo Grande: história e origem.

1.1 Da Pré-história à Idade Média: património geográfico, natural, arqueológico e


geológico;
1.2 Da Idade Média à Idade Moderna;
1.3 Da Idade Moderna à Atualidade;

Capítulo 2 - Património regional da Freguesia de Reguengo Grande.

2.1 Património Religioso.


2.1.1 Igreja Matriz de São Domingos;
2.1.2 Capela do Cemitério;
2.1.3 Capela de Nossa Senhora de Fátima;
2.1.4 Capela de São Sebastião;
2.1.5 Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos;
2.1.6 Nicho da Nossa Senhora dos Caminhos;
2.2 Património Memorial.
2.2.1 Cruzeiro da Restauração da Nacionalidade;
2.2.2 Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial;
2.2.3 Monumento de Homenagem ao ex-autarca Domingos Carneiro;
2.2.4 Brasão da Freguesia;
2.3 Património Civil.
2.3.1 Museu;
2.3.2 Mural da História de Portugal;
2.3.3 Arquitetura vernacular;
2.3.4 Chafariz;
2.3.5 Azulejos;
2.3.6 Pontes;
2.3.7 Azenhas;
2.3.8 Lavadouros;
2.3.9 Moinhos;
2.4 Património Natural.
2.4.1 Rio Galvão;

8
2.4.2 Vale Cornaga;
2.5 Património Imaterial.
2.5.1 Chafariz Manuelino;
2.5.2 Lendas locais;
2.5.3 Tradição folclórica;
2.5.4 Celebrações anuais;
2.5.5 Maçã Reguengueira;

Capítulo 3 - Divulgação Patrimonial: criação de um modelo de comunicação


patrimonial in situ.

Capítulo 4 - O futuro da Freguesia: proposta de programa de divulgação e fruição


do património cultural para residentes e turistas.

4.1 Guião de património cultural;


4.2 Criação de um centro de interpretação da Freguesia de Reguengo Grande.

9
Introdução

A Freguesia de Reguengo Grande é detentora de um património natural, histórico,


artístico e cultural que merece ser reconhecido, qualificado e preservado. Estamos diante
de uma localidade na qual não encontramos um monumento chave, mas sim vários
elementos patrimoniais, tal como acontece em muitas outras freguesias do nosso país.
Este fenómeno exige a criação de uma narrativa integradora, pois este património deve
ser encarado como um conjunto de elementos patrimoniais. É a fruição dos mesmos, in
loco, que os torna uma narrativa digna de ser contada e partilhada.

Esta localidade necessita de conhecer a sua própria história e, em simultâneo, ter


consciência do património que possui. Isto permitirá que a mesma saiba protegê-lo e
salvaguardá-lo. Estamos perante uma região onde a memória coletiva dos habitantes da
Freguesia se mantém bastante viva no que diz respeito ao seu passado histórico. No
entanto, essa memória coletiva que tem passado de geração em geração, corre o risco de
se perder se não for devidamente cuidada e preservada.

A presente Dissertação atenta, essencialmente, na história e no património desta


Freguesia, visando a salvaguarda e proteção do mesmo e também a sua divulgação
cultural através da criação de um modelo de comunicação adaptado. A realização desta
investigação tem também como intuito a integração patrimonial através da construção de
uma narrativa global, narrativa esta que irá ser o fio condutor que ligará todos os
elementos patrimoniais tornando, assim, eficiente a comunicação e a divulgação dos
mesmos. Este propósito vai de encontro a outro dos objetivos deste trabalho que passa
por projetar a criação de um Centro de Interpretação da Freguesia de Reguengo Grande.
Esta instituição nascerá a partir de uma base já existente: o Museu Rural. Trata-se de
modernizar e qualificar, de acordo com as normas da museologia moderna, esta
instituição conferindo-lhe uma nova configuração. Esta instituição será o local adequado
para expor peças arqueológicas, etnográficas e agrícolas, peças estas que, juntamente com
os respetivos cartazes informativos, terão a função de perpetuar a memória histórica e
comunicar o património regional. A tudo isto juntar-se-ão os roteiros patrimoniais criados
que terão uma ligação direta com esta instituição.

10
A visão integradora concebida nesta Dissertação tornará possível a valorização,
salvaguarda e preservação de histórias, lendas e memórias, transmitindo, deste modo, a
munícipes e a visitantes, o que de melhor a região tem para oferecer.

11
Capítulo 1 - A Freguesia de Reguengo Grande: história e origem.

O primeiro capítulo deste trabalho é dedicado à história e origem da Freguesia de


Reguengo Grande. Serão visados os eventos históricos compreendidos entre os períodos
cronológicos da Pré-história até à Atualidade.

1.1 Da Pré-história à Idade Média: património geográfico, natural, arqueológico e


geológico.

A origem da Freguesia de Reguengo Grande permanece ainda incerta. É unânime o


parecer de diversos autores ao situá-la na Idade Média, no entanto, no que diz respeito ao
século em que a localidade terá tido sido fundada permanecem dúvidas, uma vez que,
alguns autores situam a sua fundação no século XIV e outros, contrariamente, a situam
no século XV, como veremos, em seguida.

Recuemos, porém, a tempos antigos, de forma a percecionarmos, sob o ponto de vista


histórico, o património geográfico, natural, arqueológico e geológico que já existiria na
região no período temporal compreendido entre a Pré-história e a Idade Média.

Comecemos por situar legislativamente a Freguesia de Reguengo Grande. Até ao ano de


1836, a mesma encontrava-se integrada no Concelho de Óbidos, Distrito de Leiria. No
entanto, a 6 de novembro desse mesmo ano, foi publicado um Decreto que visava uma
reforma administrativa.1 Por consequência, a Freguesia passou a integrar o Concelho da
Lourinhã, Distrito de Lisboa, a partir desse ano.

A Freguesia encontra-se a cerca de 10 km da Lourinhã, Concelho no qual se integra, e a


cerca de 80 km de Lisboa, Distrito no qual se inclui. A mesma encontra-se numa posição
favorecida a nível turístico, uma vez que, se situa perto de localidades como Bombarral,
Óbidos, Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras.

Da Freguesia de Reguengo Grande fazem parte as localidades de Cesaredas, Fontelas e


Casal Serrano.2

1
Cf. Ana TOMÁS, Nuno VALÉRIO, O Decreto de 6 de novembro de 1836, p. 3.
2
Vide Anexo 1 – Mapa 1.

12
Num estudo realizado por António Ribeiro Lopes sobre a região que atentou,
essencialmente, em aspetos agrónomos, é possível verificar aspetos de ordem geográfica
que caraterizam a Freguesia e que evidenciam que a mesma se encontra “dividida” em
duas zonas distintas. Essa separação ocorre através da estrada municipal que atravessa a
Freguesia.3

(…) podemos considerá-la dividida em duas zonas perfeitamente


distintas, cuja linha de separação é a estrada municipal que passa
pela freguesia. A zona ao Sul da estrada é mais ou menos plana,
ou ligeiramente inclinada, sem afloramentos de rocha; é muito
semelhante, no seu aspeto geral, aos restantes terrenos do
concelho que lhe ficam confinantes. A zona ao Norte da Estrada é
a que imprime caracter à região. Pode-se descrevê-la como sendo
formada por várias elevações de terreno, sempre de pequena
altitude, entre as quais se abrigam pequenos vales. Esta série de
elevações de terreno ergue-se desordenadamente em verdadeiros
zigzagues.4

Geograficamente, é também de salientar que a Freguesia é composta por duas planícies e


se encontra situada no meio de uma cordilheira.5

Subindo ao extremo Norte da freguesia divisa-se uma extensa


planície que termina com a Serra de d’El-Rei. Subamos agora ao
extremo Sul; observa-se ainda o aspecto anterior: extensa planície
limitada, há longe, ao fundo, pela cordilheira das Serras de
Montejunto e Candieiros. Se chegarmos ainda aos limites Este e
Oeste, não observamos o mesmo aspecto, antes se nota um

3
Cf. António Ribeiro LOPES, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p.
53-54.
4
Ibidem.
5
Idem, p. 55.

13
prolongamento suave para ambos os lados dêsses extremos da
freguesia. Daqui podemos concluir que a freguesia fica situada no
meio duma pequenina cordilheira que separa as duas extensas
planícies citadas.6

Esta região, que se apresenta como sendo detentora de um património natural de


excelência, encontra-se localizada no extenso Planalto das Cesaredas. Este, afigura-se
como sendo representativo e significativo ao nível da história, uma vez que, nos desvenda
conteúdos referentes à Pré-história e à Idade Média, período histórico no qual, de
momento, atentamos.

Localizado no centro da zona oeste de Portugal, o Planalto da


Cesareda possui 12 km de comprimento por 10 km de largura e
uma altura média a rondar os 145 metros. A área total abrangida
é de 9600 hectares. A sua localização geográfica e a dimensão
fazem com que esteja na orla de 2 distritos, 4 concelhos e 7
freguesias.7

O Planalto é rico em história e em recursos naturais. Trata-se de um maciço calcário


jurássico da região Oeste de Portugal, que apresenta a forma de um planalto, onde
predominam vestígios dos primórdios da história, concretamente, do período Jurássico
Médio e Superior, no qual estão inseridos quatro concelhos: Lourinhã, Bombarral, Óbidos
e Peniche.8

6
Ibidem.
7
João Pedro Teixeira Duarte FEVEREIRO, Estudo de unidades sedimentares do jurássico com valor como
património geológico na região de Dagorda-Cesareda-Baleal-Consolação-Paimogo, p. 23.
8
Cf. Octávio MATEUS, Livro de resumos, I Congresso, Planalto das Cesaredas, Introdução ao Planalto
das Cesaredas, p. 3.

14
Planalto das Cesaredas, também conhecido por Cezaredas,
Cesareda e Cezareda, é uma área pouco conhecida do ponto de
vista científico. Trata-se de um maciço calcário jurássico da
Região Oeste de Portugal. A topografia e geomorfologia forma um
planalto, relevo de cume aplanado, em que a nivelação varia
sobretudo entre os 130 e os 170 metros de altitude. A povoação de
Cesaredas encontra-se a 150 m de altitude sendo o ponto mais alto
o talefe das Castelhanas aos 201 metros acima do nível do mar. O
Planalto tem uma área aproximada de 49 km2, divididos por
quatro concelhos (Lourinhã, Bombarral, Óbidos e Peniche), em
que cerca de 80%, com 40 km2, pertence ao concelho da Lourinhã.
Neste planalto predominam as formações do período Jurássico
Médio e Superior (170 a 150 milhões de anos), sendo o calcário
predominante, aparecendo à superfície em afloramentos extensos.9

No Planalto destacam-se vários tipos de fósseis que têm sido encontrados ao longo dos
anos, nomeadamente, as amonites, os corais, os bivalves, os braquiópodes e os
equinodermes.10

Do Planalto das Cesaredas provêem abundantes fósseis de


amonites, corais, bivalves e braquiópodes e equinodermes, alguns
deles sendo espécies únicas que receberam o nome de epíteto
específico do planalto, como a Cyathopora cesaredensis,
Stomechinus cesaredensis Loriol, Leptophylia cesaredensis Koby,
1905 e Terebratula cesaredensis. Restos de vertebrados como
dinossauros e crocodilomorfos são raros.11

9
Ibidem.
10
Cf. Ibidem.
11
Ibidem.

15
Importante também destacar, as quatro bacias hidrográficas para as quais o Planalto drena
água, um recurso imprescindível para qualquer região.12

Do planalto drena a água para quatro bacias hidrográficas: Rio


Grande, Rio de Atouguia, Rio Real e Ribeira de Benfeito, que
fazem parte do sistema de pequenas bacias das ribeiras do Oeste
litoral Português. Como maciço calcário, o planalto tem
importância enquanto aquífero natural, responsável pela recarga
de lençóis freáticos.13

Atentando, especificamente, na Freguesia do Reguengo Grande é importante salientar


que a mesma possui um recurso aquífero, concretamente, um regato, que é
frequentemente designado por Rio Galvão que, desde a fundação da Freguesia, tem sido
utilizado pela população para fins agrícolas e domésticos.14

Atravessando a freguesia, numa direção aproximada N. S., corre


um pequeno regato que é alimentado ao longo do seu curso pelas
águas da bacia que o circunda e ainda por algumas nascentes. Tem
êste regato, dentro da freguesia, uma extensão de 5 km. e uma
largura média, incluindo as margens desaproveitadas, de 6 m., o
que dá uma área total aproximada de 30.000 m2. No inverno leva
um razoável volume de água, mas no verão a corrente quási que
paralisa, estagnando a água, deitando um cheiro pestilento e sendo
naturalmente um meio óptimo para o desenvolvimento de insectos
e microorganismos prejudiciais à saúde pública. Apesar desta
água, no verão, ser imunda, é êste rio o único local onde se lava a
roupa dos habitantes da freguesia. Umas pedras para represar

12
Cf. Idem, p. 4.
13
Ibidem.
14
Cf. António Ribeiro LOPES, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p.
60-61.

16
uma pouca de água, e logo um lavadouro ao qual outros e outros
se vão seguindo. (…) Um dos aproveitamentos dêste rio é o citado.
Além dêsse, outros há como a rega de algumas escassas dezenas
de metros quadrados de terra de milho ou batata, nas propriedades
confinantes com o rio, e que para isso se prestam; nêste caso a
água é elevada do rio por meio de cegonhas. Na última parte dêste
curso de água, dentro da freguesia, há duas ou três nascentes, cujo
débito é importante durante quási todo o ano, que lhe fazem
aumentar consideravelmente o seu volume de águas, e daí o seu
aproveitamento para dois fins. Primeiramente a água é
encaminhada, por meio de calhas de cimento, para fazer mover 5
azenhas, e em seguida aproveitada para regar uns 4ha. de terra
dum fértil vale – a horta da freguesia. Nêste pitoresco vale vêem-
se semeados os mais variados produtos hortícolas e ainda algum
milho. Aqui a terra é disputada cm. a cm. atingindo portanto
valores exorbitantes. Os restantes cursos de água são temporários
e de ínfima importância. Formam-se no inverno em seguida às
chuvas e descem pelos talvegues até ao regato anteriormente
citado.15

Atentando nos aspetos geológicos predominantes na Freguesia em questão, é de salientar


que as formações geológicas remontam à era Secundária ou Mesozoica.16

Os terrenos da freguesia do Reguengo Grande estão todos


incluídos dentro das formações da era secundária ou mesozoica.
Como se sabe nesta era preponderam os calcáreos e grés de
carácter detrítico, com ausência completa de elementos
cristalinos. Dentro da era mesozoica, os terrenos da freguesia de
Reguengo Grande, pertencem fundamentalmente ao andar do

15
Ibidem.
16
Cf. António Ribeiro LOPES, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p.
87.

17
sistema jurássico, representado na carta geológica por J3 –
jurássico lusitaniano. Nos limites geológicos desta formação
aparecem: Ao Norte, umas manchas de infralias e triássico.17

Destacam-se também as cerca de cinquenta grutas que têm sido descobertas ao longo do
tempo, nas quais se encontram vestígios da presença humana em tempos remotos. Mais
de uma dezena destas grutas encontram-se identificadas como sítios arqueológicos
classificados, do Paleolítico e do Neolítico.18

Conhecem-se cerca de 50 grutas, algares e cavidades no Planalto


das Cesaredas, entre as quais Lapa da Feteira, Gruta dos Ralis,
Algar da Columbeira, Lapa do Suão, Gruta dos Bolhos. Algumas
destas grutas têm troglóbios. Estão identificadas mais de uma
dezena de grutas como sítios arqueológicos classificados, do
Paleolítico e Neolítico, como é o caso da Gruta da Feteira
(estudado pelo arqueólogo João Zilhão, 1982, tendo sido uma
escavação de instigou a criação do Museu da Lourinhã) ou Casa
da Moura, abordada pelo pioneiro geólogo Nery Delgado em
1867.19

Muitas destas grutas têm sido objeto de estudo para vários arqueólogos, geólogos e
paleontólogos. Fruto desses estudos chegam-nos alguns artigos de cariz científico.20

17
Ibidem.
18
Cf. Octávio MATEUS, Livro de resumos, I Congresso, Planalto das Cesaredas, Introdução ao Planalto
das Cesaredas, p. 3-4.
19
Ibidem.
20
Cf. Jean ROCHE, Le Niveau Paléolithique supérieur de la Grotte de Casa da Moura (Cesareda). Cf.
Júlio Roque CARREIRA, João Luís CARDOSO, “Escavações de Nery Delgado no planalto da Cesareda
nas grutas da Lapa Furada e da Malgasta (Peniche): estudo do espólio arqueológico”. Cf. Isabel MATEUS,
Simão MATEUS, “Recinto Megalítico do Casal Leitão, Reguengo Grande (Lourinhã)”. Cf. João Pedro
Teixeira Duarte FEVEREIRO, Estudo de unidades sedimentares do jurássico com valor como património

18
As grutas que se encontram no Planalto são, na sua grande maioria, de difícil acesso. Uma
fração significativa das mesmas não foi ainda investigada pelas mais variadas razões,
sendo que, o impedimento da visita e dos estudo das mesmas, tem que ver, na maioria
dos casos, com o difícil e tenebroso acesso.

São vários os autores que as mencionam nas suas publicações. Habitualmente, estas
publicações são referentes à história local. As observações que os mesmos enumeram são,
por norma, sucintas, no entanto, permitem, sobretudo aos habitantes da região, uma
perceção facilitada acerca das mesmas.21

As grutas da Cezareda são interessantíssimas. Pena é, muita pena,


que estejam numa região de difícil acesso. Visitámos algumas,
como as da Lapa Furada, Cova da Moura e a Gruta do Gaspar.
As duas primeiras vêm minuciosamente estudadas em trabalhos de
Nery Delgado e Paul Choffat; da última, sem dúvida a mais
formosa, não encontrámos nenhum estudo. O seu acesso é muito
difícil e, vamos dizer, mesmo perigoso. Entra-se, rastejando por
um estreito buraco aberto no chão onde, a cada passo, enormes
pedregulhos calcáreos, soltos, ameaçam ruir; mas, passadas umas
escassas dezenas de metros, já a grande profundidade abaixo do
nível do solo, o espectáculo que se nos vai continuamente
deparando é grandioso. São grandes largos, comunicando entre si
por estreitos corredores, dum efeito surpreendente. Do tecto
pendem numerosas estalactites que, algumas vezes, unindo-se às
anteriores formam verdadeiras colunas.22

geológico na região de Dagorda-Cesareda-Baleal-Consolação-Paimogo. Cf. João Luís CARDOSO,


Sérgio MEDEIROS, Filipe MARTINS, “150 anos depois: uma rara placa de xisto decorada encontrada na
gruta da Casa da Moura (Óbidos)”.
21
Cf. Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã – Contribuições para a sua História, p. 101. Cf. Rui Marques
CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 11. Cf. Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã – Subsídios para
uma monografia, p. 154-156.
22
António Ribeiro LOPES, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p. 87-
89.

19
Nas grutas do Planalto têm sido encontrados achados de grande significância histórica e
arqueológica que nos esclarecem dúvidas referentes ao modo de vida do Homem na Pré-
história.

Muitos elementos de indústria foram encontrados, e era de uma


grande riqueza em ossos, especialmente de coelho selvagem e de
pássaros. Em segundo nível continha locais onde se teria feito
fogo, indústria abundante e numerosos restos humanos. Cartailhac
encontrou material do Neolítico em 1886. O Abade Breuil em 1918
encontrou material que poderia pertencer ao último período do
Paleolítico (Madalense). Em 1941, o abade Jean Roche, durante
uma estada em Portugal, pareceu-lhe de interesse publicar uma
descrição das peças provenientes da primeira escavação do
Paleolítico superior descoberta no país, a fim de contribuir para o
conhecimento dum período ainda mal conhecido da pré-história
portuguesa.23

Subsiste a indicação de que, antes de se ter formado a povoação do Reguengo Grande,


terá existido uma gruta que servia de habitação ao Homem da Pré-história. No entanto,
devido à ausência de mais dados sobre tal local, permanece a incógnita acerca da
veracidade de tal facto.24

Existe, antes da povoação, a gruta denominada ou conhecida por


“Lapa do Reguengo Grande”.25

Foi feito também um estudo de um conjunto megalítico designado “Conjunto megalítico


do Casal do Leitão, Reguengo Grande, Lourinhã, Lisboa”, no qual se identificaram

23
Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã – Subsídios para uma monografia, p. 155.
24
Ibidem.
25
Ibidem.

20
vestígios de um recinto funerário, um menir com uma gravura antropomórfica e gravuras
rupestres. Este recinto data do Calcolítico inicial.26

Aparecimento de monumentos funerários como dolmens ou grutas


naturais e artificiais, tal como de sepulturas de cúpula (tholoi),
fazem da Estremadura portuguesa uma região de grande
importância no contexto do Neolítico e Calcolítico.27

São de salientar os vestígios da presença humana nesta região, no qual se integra a


Freguesia de Reguengo Grande. Estes vestígios remetem-nos para, maioritariamente,
locais onde eram enterrados os defuntos e também para locais de habitação.28

O Planalto das Cezaredas possui uma extensa ocupação humana


ao longo de toda a Pré-História. Todavia e contrariamente ao que
seria expectável, a maior parte das presenças identificadas
referem-se a locais de enterramento e somente na periferia do
Planalto se reconhecem importantes locais de habitat. Este padrão
pode resultar de circunstâncias meramente tafonómicas; mas
suscita também a questão do significado cultural desta tão
particular unidade geomorfológica para as comunidades de
caçadores-recolectores, de pastores primitivos e até de
metalurgistas iniciais que preenchem a chamada “Pré-
História”.29

26
Cf. Isabel MATEUS, Simão MATEUS, “Recinto Megalítico do Casal Leitão, Reguengo Grande
(Lourinhã)”.

27
Ibidem.
28
Cf. Luís RAPOSO, Livro de resumos, I Congresso, Planalto das Cesaredas, O Planalto das Cezaredas
na Pré-História: lugar sagrado durante a Pré-história?, p. 6.
29
Ibidem.

21
Chegando ao termo da informação que foi possível recolher referente ao período da Pré-
história, transitemos, agora, para o período compreendido entre a Idade Média e Idade
Moderna. Situemo-nos, de momento, entre os séculos XIV e XV, de onde provêm os
primeiros registos oficiais da região do Reguengo Grande.

1.2 Da Idade Média à Idade Moderna.

Debrucemo-nos sobre a origem e a data de fundação da localidade de Reguengo Grande.


Conforme mencionado na abertura da presente Dissertação, permanece numa penumbra
de incerteza, a data oficial em que a Freguesia terá tido origem. Um dos autores30, aponta
que o nascimento da mesma terá tido lugar em pleno século XIV, no reinado de D. Pedro
I. Outros31, contrariamente, indicam-nos que a fundação terá ocorrido posteriormente, no
século XV, no reinado de D. João I. Atentemos, seguidamente, nas distintas teses
defendidas pelos demais autores que se dedicaram ao estudo da região.

António Lopes Ribeiro, dissertou acerca da Freguesia, focando-se em aspetos referentes


à agronomia, área na qual se especializou. No entanto, dedicou-se também, ainda que de
forma breve e sucinta, à exploração da história desta localidade. O autor situa o
nascimento da Freguesia no século XIV, no reinado de D. Pedro I, arguindo que, sob o
ponto de vista da história, o monarca terá permanecido na região durante algumas
temporadas, juntamente com Dona Inês de Castro, com a qual vivenciou um amor
proibido e que essa estadia trouxe benefícios para os habitantes da região. Estes, em troca
de privilégios, deveriam manter em segredo que o mesmo permanecia, durante alguns
períodos de tempo, na região, com Dona Inês.32

As referências mais remotas acêrca do Reguengo Grande e do


Molêdo (presumivelmente, em épocas antigas, fazendo parte da
mesma freguesia), datam do século XIV, no reinado de D. Pedro I.

30
Trata-se de António Lopes Ribeiro, como verificaremos posteriormente.
31
Tal como veremos adiante, Rui Marques Cipriano, Teresa Maria Farto Faria de Sousa e Ana Cristina
Jerónimo, defendem um argumento contrário ao de António Lopes Ribeiro.
32
Cf. António Ribeiro LOPES, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p.
66.

22
Na verdade, segundo reza a história e ainda é tradição entre os
habitantes daquelas localidades, D. Pedro passou ali alguns
tempos dos seus célebres amores com Dona Inês de Castro. Ainda
hoje se pode observar um grande casarão, já arruinado, onde,
segundo dizem, D. Pedro se costumava encontrar, em escondidos
amores, com Dona Inês de Castro. Como privilégio, aos habitantes
daqueles logares, posta a condição de guardarem sigilo sôbre as
suas idas ao Moledo, dava D. Pedro a regalia de os homens válidos
da região só irem à guerra quando êle próprio fôsse. Além disso
os seus forais também eram feitos com a máxima benevolência.33

Na sua argumentação, o autor menciona aspetos lendários que têm sido passados, de
geração em geração, pelos habitantes da região. Aspetos estes que não se afiguram como
sendo passíveis de confirmar pela história. Atentemos no seguinte exemplo: é lenda entre
os habitantes do Concelho da Lourinhã que D. Pedro I e Dona Inês permaneciam numa
habitação que estaria situada na região entre as localidades de Moledo, Paço, Serra d’El
Rey e Reguengo Grande. No entanto, não existem quaisquer vestígios arquitetónicos em
nenhuma das localidades que nos permitam confirmar tal teoria. Os vestígios que
permanecem permitem-nos retirar algumas elações referentes a outros aspetos da história,
mas não nos permitem confirmar esta teoria de que D. Pedro I e Dona Inês teriam
permanecido a viver juntos, em segredo, num edifício específico, em alguma destas
localidades, pelo que devemos entender a argumentação deste autor como sendo dúbia,
uma vez que, a mesma não possui factos históricos suficientes que a sustentem e
comprovem.

Também a autora Manuela Santos Silva, ao estudar o Concelho de Óbidos na Idade


Média, nos fala acerca desta incerteza que permanece entre a história e a lenda.34

33
Ibidem.
34
Cf. Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 75.

23
Mais a sul, dentro dos limites do actual concelho da Lourinhã, fica
a Aldeia de Moledo,35 conhecida – tal como Serra d’ El Rei – por
aí se terem localizado uns paços reais, que a tradição também liga
ao nome e à pessoa de D. Pedro I.36 Não se comparavam, porém,
estes paços de montaria37 como os da Aldeia da Serra: em 1527 já
aqueles eram considerados “antigos”38 e hoje em dia, embora
ainda subsista o topónimo paço ligado a uma herdade de Moledo,
junto à aldeia, nenhum vestígio arquitectónico restou. Ainda assim,
os monarcas concederam também aos habitantes da “aldeã da par
dos nossos paaços de moledo termo da nossa villa d obidos” uma
série de privilégios, bem como a possibilidade de gozarem de
“boos foros hussos e costumes” próprios.39

Como bem sabemos, segundo a toponímia, os “Reguengos” constituem terras que eram
habitadas pelo rei, daí a derivação do nome. O nome da localidade de Reguengo Grande
provém deste facto.

35
Cf. Carta Militar de Portugal. Serviço Cartográfico do Exército, Folha 349 (1/25000) – “Lourinhã”), cit.
por, Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 75.

36
Cf. António Lopes RIBEIRO, Monografia da Freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã),
p. 18, cit. por, Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 75.

37
Cf. “Povoação da Estremadura no XVI. Século”, p. 252, cit. por, Manuela Santos SILVA, O Concelho
de Óbidos na Idade Média, p. 75.
38
Cf. “Aldea do Moledo e Sã Lourenço, em que estam hus paços antigos del rei noso senhor de mõtaria”
– Ibidem, p. 252, cit. por, Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 75.
39
Cf. “Dom affomso E cetera (…) Nos querendo fazer graça e merçee aos moradores d aldeã da par dos
nossos paaços de moledo termo da nossa villa d obidos. Teemos por bem e confirmamos lhe e outorgamos
lhe todollos priujlegeos liberdades honrras graças e merçees e todos sseus booos foros hussos e custumes
que lhe forom dados e outorgados per os rrex que ante nos forom e de qye sempre husarom e custumarom
ataa ora” – Chanc. D. Afonso V, Lº.7, fol. 102v (1442 – Lisboa, 28 de Maio), cit. por, Manuela Santos
SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 75-76.

24
Junto a Moledo ficava uma vasta área reguenga a que já fizemos
menção e que ainda hoje perpetua em dois topónimos,
correspondentes a duas localidades, a memória da sua condição
passado de terra do rei – Reguengo Grande e Reguengo
Pequeno;40

O nome desta povoação, como ele próprio indica, teve origem no


facto de aí existir uma enorme propriedade pertencente ao Rei, o
denominado reguengo.41

A toponímia ainda hoje nos recorda alguns dos pontos onde os


monarcas tinham senhorio e domínio absoluto: no espaço do
antigo concelho de Óbidos descobre-se ainda um Reguengo (…) e,
naturalmente, os Reguengos Grande e Pequeno que perduraram
como povoações, hoje do Concelho da Lourinhã.42

Situada no extremo sudoeste do termo de Óbidos, de que eram


donatárias as Rainhas de Portugal, desde a primeira doação feita
por D. Afonso II e a sua mulher D. Urraca, em 7 de Dezembro de
1220, ficavam situadas extensas propriedades que pertenciam ao
Rei e por isso dava-se o nome de Reguengueiros. Gozavam de
certos privilégios em relação aos concelhos, o que fazia com que
as pessoas se fixassem nas referidas terras, dando assim origem à
povoação do Reguengo Grande.43

40
Cf. Carta Militar de Portugal. Serviço Cartográfico do Exército, Folha 349 (1/25000) – “Lourinhã”), cit.
por, Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 75-76.
41
Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 252.
42
Cf. Carta Militar de Portugal, Serviço Cartográfico do Exército, Folha 350 (1/25000) – “Bombarral”, cit.
por, Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 72.
43
Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 3.

25
No entanto, não podemos afirmar com absoluta certeza que o primeiro rei a ter influência
sobre esta região tenha sido D. Pedro I, uma vez que, em simultâneo, outro monarca é
apontado como tendo sido o fundador da mesma, existindo um hiato entre os dois.

Atentemos nos autores que afirmam que a Freguesia nasceu no reinado de D. João I, com
a Carta de 3 de fevereiro de 1433, proveniente de Coimbra.

É o caso de Rui Marques Cipriano, que se dedicou ao estudo do Concelho da Lourinhã e


da sua história e que além de fazer tal afirmação, nos transcreve, inclusive, a carta em
questão.44

E podemos afirmar que a aldeia do Reguengo Grande, assim como


a sua vizinha do Reguengo Pequeno, nasceram com a carta de D.
João I, dada em Coimbra, em 3 de Fevereiro de 1433. Foi a partir
desta data, e em virtude dos privilégios nela contidos, que as
populações se fixaram nos reguengos, dando origem às povoações
que lhes herdaram o nome.45

O mesmo autor, numa obra conjunta elaborada com Teresa Maria Farto Faria de Sousa,
reitera novamente esta afirmação.46

O Reguengo Grande, como o seu nome indica, fazia parte das


vastas propriedades reais aqui existentes, tendo sido a Carta de 3
de fevereiro de 1433, dada por D João I que concede aos
trabalhadores dos seus reguengos mercês e benefícios. É por assim
dizer, a certidão de nascimento desta aldeia, que em menos de um

44
Cf. Anexo 2, Documento 1.
45
Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 251.
46
Cf. Rui Marques CIPRIANO, Teresa Maria Farto Faria de SOUSA, Património Religioso Edificado do
Concelho da Lourinhã, p. 60.

26
século atinge a maioridade sendo criada como acima se referiu, a
Paróquia de São Domingos do Reguengo Grande.47

Também Ana Cristina Jerónimo, argumenta em concordância com os autores anteriores,


arguindo que a povoação nasceu no reinado do monarca D. João I.48

A povoação nasceu com a Carta de D. João I, data na cidade de


Coimbra, aos 3 dias de Fevereiro de 1433. Foi a partir desta data
e em virtude dos privilégios contidos na Carta de D. João I, que as
populações se foram fixando, dando origem às povoações do
Reguengo Grande e Reguengo Pequeno, que faziam parte da
paróquia de São Lourenço dos Galegos.49

Existe, por fim, outro autor que mantem a sua opinião em aberto, uma vez que, não se lhe
afigura plausível uma afirmação concreta sobre a data da fundação da Freguesia. Trata-
se de João Maria Rodrigues, que publicou um artigo dedicado às freguesias do Concelho
da Lourinhã, atentando em cada uma delas.50

E’ antiquíssima a freguesia do Reguengo Grande uma das mais


lindas do concelho da Lourinhã, tendo a servi-la a estação de
caminho de ferro de S. Mamede, - da linha do Oeste – que fica a 7
quilómetros para o Nordeste. Fica situada no centro dum
quadrilátero turístico de grande valor, cujos vértices são a cidade
das Caldas da Rainha, a 18 quilómetros para o norte; a vila do
Bombarral, a 7 para nascente; a vila de Peniche a 20 para o

47
Ibidem.
48
Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 3.
49
Ibidem.
50
Cf. João Maria RODRIGUES, “O Concelho da Lourinhã – As suas 7 freguesias, o seu comércio, a sua
indústria, os seus proprietários e agricultores mais importantes”, p. 28.

27
poente; e a da Lourinhã a 12 para o sul. Da sua fundação é
desconhecida a data e consequentemente quem foi o seu fundador.
Porém, da etimologia da palavra Reguengo, deduz-se que é
povoação muito antiga, pois que já no tempo dos reis das Astúrias,
eram assim designadas todas as terras, de património real e que
tinham ido à coroa por direito de conquista, confisco, herança ou
escambo, etc. Vários soberanos doaram bens reguengos a igrejas,
mosteiros e vassalos que queriam favorecer ou premiar; às
propriedades rurais dava-se o nome de reguengueiras e também se
denominavam reguengos os fóros, direitos ou regalias que em
qualquer território, vila, cidade ou concelho ou couto se pagavam
à coroa, e a que se dava o nome de direitos reais. Deste modo,
parece evidente que esta povoação provém de época mui remota e
que foi do património real.51

Até ao momento, apenas um dos autores, António Ribeiro Lopes, contraria a tese que os
demais seguem e nos remete para D. Pedro I. Conforme vimos, a sua teoria funde factos
históricos e factos lendários, o que a torna bastante dúbia. Contrariamente, a arguição
elaborada pelos demais autores, remetendo-nos para D. João I, afigura-se bastante
plausível, uma vez que, os mesmos sustentam os seus argumentos numa Carta Régia e
em factos históricos. Perante tais descobertas, cabe-me ressalvar que, sob o meu ponto de
vista, a Freguesia de Reguengo Grande nasceu no reinado de D. João I, em pleno século
XV, no ano de 1433, conforme evidenciam os registos históricos analisados.

Transitemos, assim, para o século XVI, século no qual terá nascido, oficialmente, a
Paróquia de São Domingos, sendo este o santo patrono da Freguesia.52

Os autores Teresa Maria Farto Faria de Sousa, Rui Marques Cipriano e José Carlos
Fonseca, elaboram uma obra, referente ao património religioso edificado no Concelho da

51
Ibidem.
52
Cf. Teresa Maria Farto Faria de SOUSA, Rui Marques CIPRIANO, José Carlos FONSECA, Património
Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã – Cruzes, Cruzeiros, Nichos e Capelas, p. 76.

28
Lourinhã, onde reiteram a sua afirmação, acrescentando, contudo, o ano de 1524, que
constitui a data de nascimento da Paróquia de São Domingos.53

Constituída pelas povoações do Reguengo Grande, Cesaredas,


Fontelas e Casal Serrano, a freguesia do Reguengo Grande teve o
seu nascimento no ano de 1524, data em que se foi criada a
Paróquia de São Domingos, separada de S. Lourenço dos Galegos.
Espraiando-se pelo pedregoso Planalto da Cesareda mantém vivo
o amor pelas suas tradições e tem preservado o seu património
edificado e cultural.54

Não obstante, também Ana Cristina Jerónimo, reafirma a data de criação da Paróquia, no
entanto, situa-a no ano de 1525.55

No ano de 1525, é criada a paróquia de São Domingos do


Reguengo Grande, que se desmembra da Paróquia de São
Lourenço dos Galegos.56

Deste modo, não é possível afirmar com absoluta certeza o ano em que foi fundada a
Paróquia, uma vez que, diferentes autores nos indicam duas datas distintas. Perante a
indicação dos anos de 1524 e 1525 como sendo a data de fundação desta paróquia, cabe-
me ressalvar que não me é possível afirmar com absoluta certeza em qual destes anos a
mesma terá nascido. No entanto, afirmo, perante as evidências históricas, que a mesma
nasceu, com certeza, em pleno século XVI.

53
Cf. Ibidem.
54
Ibidem.
55
Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande p. 3.
56
Ibidem.

29
O lugar do Reguengo Grande, conforme se verifica no censo
realizado em 1527, tinha 28 vizinhos, a que corresponde entre 84
a 112 habitantes. Segundo o Padre Carvalho, na “Corografia de
Portugal”, quando trata da vila e termo de Óbidos, a Freguesia do
Reguengo Grande tinha 100 vizinhos em 1712, ou seja, cerca de
300 a 400 habitantes, abrangendo a freguesia os lugares do
Reguengo Pequeno e Zambujeira.57

Do século XVI, transitemos para o século XVIII, para o ano de 1758. É de salientar a
falta de informação encontrada sobre a região, entre o século XVI e o século XVIII. Até
onde me foi possível indagar, nenhum autor se debruçou sobre a história da Freguesia no
período decorrido entre estes três séculos. Começamos por ter informação acerca da
fundação da Freguesia que data do século XV e, seguidamente, encontramos informação
respeitante ao século XVI, ano de nascimento da Paróquia de São Domingos. A
informação sequente que me foi possível recuperar, já se situa no século XVIII, e diz
respeito às Memórias Paroquiais.

No século XVIII, destaco o ano de 1757, uma vez que, me foi possível encontrar uma
referência respeitante à Paróquia de São Domingos neste mesmo ano. Mário Batista
Pereira cita uma obra de Paulo Dias Niza. O excerto citado dá-nos informação acerca do
funcionamento da Paróquia e da sua ligação a Óbidos.58

Freguesia no Patriarcado, tem por orago S. Domingos. O pároco


e cura da Apresentação simultânea do Sacro Colégio Patriarcal e
Beneficiado da Igreja de Santa Maria de Óbidos. Rende 100$000
reis, dista de Lisboa 10 léguas e tem 130 vizinhos.59

57
Cf. Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 253.
58
Cf. Paulo Dias de NIZA, Portugal Sacro-Profano, Lisboa, 1757, cit. por, Mário Baptista PEREIRA,
Lourinhã – Memórias da sua região, p. 124.
59
Cf. Ibidem.

30
Situemo-nos, de seguida, no ano seguinte, o ano de 1758, do qual datam as Memórias
Paroquiais. Tratemos, assim, de recordar em que consistiu este acontecimento, de
inegável importância histórica para todas as regiões do País. As Memórias Paroquiais
dizem respeito ao inquérito efetuado no ano de 1758 sob ordem de Sebastião José de
Carvalho e Melo.60

Um aviso de 18 de Janeiro de 1758 do Secretário de Estado dos


Negócios do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo, fazia
remeter, através dos principais prelados, e para todos os párocos
do reino, os interrogatórios sobre as paróquias e povoações
pedindo as suas descrições geográficas, demográficas, históricas
e económicas, e administrativas, para além da questão dos
estragos provocados pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755. As
respostas deveriam ser remetidas à Secretaria de Estado dos
Negócios do Reino. As respostas ao inquérito terão sido levadas
para a Casa de Nossa Senhora das Necessidades, em Lisboa, da
Congregação do Oratório, para serem trabalhadas pelo Padre
Luís Cardoso (?-1769).61

A lista de questões que constituem este inquérito, encontra-se consultável.62 Transcrevi a


mesma e remeto-a para o Anexo 3 – Documento 1.63 As respostas a este inquérito foram
elaboradas pelos párocos de cada região e, por fim, foram analisadas e transcritas pelo
Padre Luís Cardoso. O inquérito visava compreender os demais aspetos referentes a cada
localidade, de forma a perceber se a mesma havia sido afetada pelo terramoto de Lisboa
ocorrido em 1755.64

60
Cf. https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4238720
61
Cf. https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4238720

62
Cf. https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4242887
63
Cf. Anexo 3 – Documento 1.
64
Cf. https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4238720

31
Esta colecção é constituída pelas respostas elaboradas pelos
párocos ao interrogatório, através do qual se pretendia obter
informações sobre as paróquias, abrangendo a totalidade do
território continental português. Apesar de a exaustividade das
respostas não ser constante, apresentam-se, na generalidade, de
forma sequencial aos pontos do interrogatório (que está dividido
em três partes relativas à localidade em si, à serra, e ao rio)
fornecendo dados de carácter geográfico (localização, relevo,
distâncias), administrativo (comarca, concelho, dimensão, e
confrontações), e demográfico (número de habitantes), sendo
possível obter informações sobre a estrutura eclesiástica e
vivência religiosa (orago, benefícios, conventos, igrejas, ermidas,
imagens milagrosas, romarias), a assistência social (hospitais,
misericórdias, irmandades), as principais actividades económicas
(agrícola, mineira, pecuária, feira), a organização judicial
(comarca, juiz), as comunicações existentes (correio, pontes,
portos marítimos e fluviais), a estrutura defensiva (fortificações,
castelos ou torres), os recursos hídricos (rios, lagoas, fontes),
outras informações consideradas assinaláveis (pessoas ilustres,
privilégios, antiguidades), e quais os danos provocados pelo
terramoto de 1755.65

Após uma leitura e análise detalhada do documento onde se encontram as respostas a este
inquérito referentes a esta Freguesia, eis a minha apreciação acerca deste documento:

As respostas ao inquérito datam de 2 de janeiro de 1759. As mesmas foram produzidas


pelo Padre Manoel Pereyra dos Reys, pároco da Paróquia de Reguengo Grande. O mesmo
dá-nos a indicação de que a Freguesia se situa na Estremadura e que pertence ao
Patriarcado de Lisboa. Menciona também que a mesma pertencia à Comarca de Alenquer,
que se situava, à data, em território pertencente ao Concelho de Óbidos. Destaca que esta
Freguesia era um dos territórios que pertenciam às Rainhas de Portugal e que o mesmo
possuía um juiz privativo que se encontrava encarregue de o governar. Este só não atuava

65
Cf. https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4238720

32
em caso de existência de crimes, uma vez que, esses eram julgados à luz dos direitos
régios. Ressalva também a existência do Hospital das Caldas da Rainha e o facto de que
ao mesmo eram feitos tributos, sendo que, estes passavam pela entrega de todo o grão que
era cultivado. Seguidamente, menciona o número de vizinhos e o número de fogos que
constituíam a Freguesia. Salienta que a mesma se encontra localizada por entre penhascos
de pedra, nos quais era possível retirar cantaria. Menciona também os restantes Casais
que integram a Freguesia, na época, sendo eles: os Casais das Fontelas, os Casais do
Serrano, os Casais do Leitão, os Casais da Rencada e a Quinta e Vila Viçosa. Em
seguimento, fala-nos acerca da Paróquia, dizendo que a mesma se situava dentro do lugar,
pelo que se entende que a mesma se situaria dentro da própria aldeia de Reguengo Grande.
Dá-nos a indicação de que existiriam três altares dedicados a São Domingos, orago da
Paróquia, sendo que, ressalva ainda a existência de um altar-mor onde se encontravam o
Santíssimo Sacramento, a imagem de São Domingos e a imagem de São Sebastião. Em
seguimento, destaca também o altar-mor onde se encontravam a Nossa Senhora do
Rosário, a Nossa Senhora dos Remédios e o Santo Amaro. Salienta ainda a existência da
Irmandade das Almas. No âmbito da Paróquia menciona também a ligação com o Colégio
Patriarcal, afirmando que o pároco da Igreja de Santa Maria da Vila de Óbidos e os
Reverendos Beneficiados dessa mesma igreja, recebiam uma renda dos habitantes que
correspondia a oitenta alqueires de trigo, cinquenta e seis almudes de vinho, trinta
alqueires de cevada e doze alqueires e meio de trigo, sendo que, estes últimos eram pagos
pelos Reverendos que eram Beneficiados e que tinham um rendimento contingente por
parte da Igreja. Ressalva ainda a existência de uma horta cultivada pelos mesmos no valor
de cem mil reis. De seguida, menciona os principais bens alimentares que eram
produzidos pelos moradores desta Freguesia, dizendo-nos que a produção que era
realizada com maior abundância era a do pão (trigo) e a da fruta, em específico, a da
maçã. Este fruto é descrito e apelidado como sendo a “maçã da sorte”. A produção da
mesma ocorria durante quase todo o ano e o pároco indica-nos que todos os dias eram
expedidas várias cargas da mesma para Lisboa, uma vez que, as mesmas eram muito
apreciadas pelo Rei. Menciona que a Freguesia se encontra a dez léguas e meia de
distância da cidade de Lisboa. Por fim, conclui o seu relato dizendo que o Terramoto

33
ocorrido no ano de 1755 não causou danos significativos, mencionando que apenas se
verificou a ocorrência de fendas nas paredes de algumas casas.66
Finda a informação referente ao período decorrido entre a Idade Média e a Idade
Moderna, transitemos, assim, para o espaço temporal que nos situa entre a Idade Moderna
e a Atualidade.

1.3 Da Idade Moderna à Atualidade.

Foi me possível localizar um texto transcrito a partir de um documento que data de 1764
que se refere à falta de mantimentos na região durante esse período.67 Remeto o mesmo
para o Anexo 4 – Documento 1.68 Datado do ano de 1764, este documento evidencia a
falta de mantimentos nessa época. No mesmo é mencionada a escassez de alguns bens
alimentares, nomeadamente, a carne. O povo suplica por ajuda, pedindo ao rei que este
lhe conceda uma provisão anual deste alimento, para que o mesmo seja assegurado aos
pobres, aos doentes e à restante população.69

Seguidamente, avancemos para o ano de 1808, período no qual decorreram as Invasões


Francesas. As Invasões Francesas deixaram marcas na Região Oeste devido à Batalha que
se travou na Roliça.70

Mais tarde volta a falar-se muito, nos arquivos da História, do


Reguengo Grande. É depois de ali, naquelas paragens, as tropas
de Napoleão terem conhecido o seu primeiro revés em Portugal, a
seguir ao seu domínio efémero. Os portugueses, secundando o
estado de espírito dos espanhóis, revoltam-se contra o domínio

66
Cf. Dicionário Geográfico de Portugal, Volume 31, Nº 55, p. 311. Cf. António Lopes RIBEIRO,
Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p. 67-68. Cf. Anexo 3 –
Documento 2.
67
Cf. ANTT, Des. do Paço, Estremadura e Ilhas, Maço 5 nº 9, cit. por, Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã
– Memórias da sua região, p. 121.
68
Cf. Anexo 4 – Documento 1.
69
Cf. Ibidem.
70
Cf. Ângela OLIVEIRA, João Pedro TORMENTA, Ricardo PEREIRA, “Os Combates de Óbidos e a
Batalha da Roliça”, p. 12-20.

34
napoleónico na Península, e, apoiados pelas fôrças inglêsas
comandadas por Artur Wellesley, derrotam os franceses na célebre
Batalha da Roliça (17 de Agosto de 1808). Pois bem. Esta batalha
da Roliça, que marca o comêço de mais um gesto de revolta contra
o domínio estrangeiro em Portugal, desenrolou-se no limite. Este
da freguesia de Reguengo Grande. Aí ainda se pode actualmente
admirar uma grande Cruz, que se ergue num môrro mais alto,
como padrão da soberania e independência legítima de Portugal.71

Apesar de tal facto não estar diretamente relacionado com a Freguesia de Reguengo
Grande, o mesmo afigura-se como sendo relevante tendo em conta a proximidade
geográfica entre estas localidades e atentando também nas memórias que deixou nos
habitantes de ambas as localidades e nas lendas que foram surgindo que, posteriormente,
tratarei de analisar.

Nos tempos modernos, quando Napoleão sonhou em avassalar o


mundo, nove meses após a chegada triunfante das tropas do
general Junot a Lisboa, vacilaram pela vez primeira as águias
napoleónicas, ante o ímpeto de ingleses e portugueses, no monte
sobranceiro à Roliça, distante daqui dois quilómetros apenas.
Correu, pois, nestas paragens o sangue de guerreiros antigos e de
portugueses, ingleses e franceses.72

Em 1808, naquelas paragens, as Tropas de Napoleão conheceram


o seu primeiro revés em Portugal, a seguir ao domínio efémero,
dando-se a Batalha da Roliça no dia 17 de Agosto desse ano. Fica
perto do Reguengo Grande um troço das afamadas Linhas de
Torres Vedras, que defenderam a Capital na Terceira Invasão

71
António Ribeiro LOPES, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p. 69.
72
João Maria RODRIGUES, “O Concelho da Lourinhã – As suas 7 freguesias, o seu comércio, a sua
indústria, os seus proprietários e agricultores mais importantes”, p. 29.

35
Francesa. A propósito desta Batalha, que se desenvolveu no limite
da freguesia do Reguengo Grande foi erguida uma grande Cruz no
monte mais alto, com o padrão da soberania e independência
Legítima de Portugal.73

Recordemos também a elação que estabeleci anteriormente acerca do hiato existente entre
o século XVI e o século XVIII. Após a notícia acerca do nascimento da Paróquia no ano
de 1524/1525, as memórias históricas de 1808 acerca das Invasões Francesas, são o
conteúdo seguinte que os autores analisam. Evidenciando, assim, a não existência de
investigação histórica acerca da região no período decorrido entre os séculos XVI e
XVIII. Avançando no espaço temporal, foi me possível recuperar a transcrição de um
documento que trata do ano de 1813 e diz respeito a uma Doação Inter Vivos que se
realizou na Freguesia.74 Remeto a transcrição do mesmo para o Anexo 3 – Documento
275.

De igual modo, foi-me possível transcrever três documentos que dizem respeito a Autos
de Juramento realizados na Freguesia de Reguengo Grande que datam de 183876. Remeto
os mesmos para os seguintes anexos: Anexo 4 – Documento 377, Anexo 4 – Documento
4,78 e Anexo 4 – Documento 579.

É de realçar que, no espaço temporal compreendido entre a Idade Média e a Idade


Contemporânea, a Freguesia encontrava-se integrada do Concelho de Óbidos. Só no ano
de 1836, se deu a Reforma Administrativa que proporcionou a integração da Freguesia

73
Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 3-5.
74
Cf. ANTT, Des. do Paço, Torres Vedras, Maço 611 nº13, cit. por, Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã
– Memórias da sua região, p. 121.
75
Cf. Anexo 4 – Documento 2.
76
Cf. ANTT, Maço 26, Doc. 366, cit. por, Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã – Subsídios para uma
monografia p. 30. Cf. ANTT, Maço 26, Doc. 375, cit. por. Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã – Subsídios
para uma monografia, p. 31. Cf. ANTT, Maço 26, Doc. 382, 383, Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã –
Subsídios para uma monografia, p. 33.

77
Cf. Anexo 4 – Documento 3.
78
Cf. Anexo 4 – Documento 4.
79
Cf. Anexo 4 – Documento 5.

36
no Concelho da Lourinhã. Encontramos autores que nos confirmam que a Freguesia
pertenceu ao Concelho de Óbidos até ao ano de 1836 e que nos desvendam as
particularidades da administração da mesma.

A Freguesia do Reguengo Grande pertencia ao concelho de


Óbidos até à revisão administrativa de 6 de Novembro de 1836,
data em que foi dele desanexada e incorporada no concelho da
Lourinhã.80

Estes reguengos que deram origem às povoações do Reguengo


Grande e do Reguengo Pequeno ficavam situados no extremo Sul
do vasto termo da vila de Óbidos, tendo pertencido primitivamente
à Freguesia de Santa Maria, daquela vila, passando talvez em
finais do Século XIV a constituir a Freguesia de São Lourenço dos
Galegos, que tinha sede no lugar de São Bartolomeu.81

Sendo, assim, uma região que se encontrava sob a tutela das Rainhas de Portugal, uma
vez que, estas eram donatárias das propriedades do Termo de Óbidos.

Nunca deixando de estar sujeito à jurisdição da Coroa do Reino


de Portugal, Óbidos conheceu também a faceta de Senhorio de
várias Rainhas – de todas, aliás, a partir dos finais do século XIV.
Para o Rei era também um sustentáculo importante; o símbolo da
autoridade unificadora real no Oeste estremenho.82

80
Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 251.
81
Idem, p. 252.
82
Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 7.

37
Alguns autores, indicam-nos, inclusive, as particularidades desta regência e dos termos
aos quais a Freguesia se encontrava sujeita.83

A freguesia de Reguengo Grande, como fazendo parte do Termo


de Óbidos, tinha como donatária a Rainha, por tal possuía Juiz
privativo que a governava, excepto nas causas criminais, as quais
eram da competência do Juiz dos Direitos Reais da Vila das
Caldas. Ao Hospital das Caldas tinha de pagar o quarto do trigo
produzido em determinadas alturas ficando isenta de diversas
outras tributações.84

Aí, como nas outras partes do reino, os reguengos ficavam


totalmente fora da jurisdição comum dos municípios e possuíam
toda uma dinâmica administrativa própria e, por vezes,
magistrados próprios ou, pelo menos, de nomeação directa feita
pela Coroa. Na maior parte dos casos estes reguengos não eram
mais do que uma aldeia e o seu espaço rural envolvente ou mesmo
apenas um conjunto de terrenos aráveis, semelhantes a muitos
outros, mas reunidos sob a égide da Coroa. O interesse do Rei era
sobretudo de natureza económica e as rendas exigidas,85 bem
como a natureza das funções da maior parte dos funcionários,86 o

83
Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 4. Cf. Manuela Santos SILVA,
O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 72-73.
84
Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 4.
85
“Os melhores exemplos encontram-se, naturalmente, nas Inquirições mandadas fazer pelos monarcas dos
Séculos XIII e XIV que, não nos permitindo saber o peso da tributação senhorial privada nos dão indicações
completas sobre aquela que os monarcas exigiam nas suas terras.”, Cf. Manuela Santos SILVA, O Concelho
de Óbidos na Idade Média, p. 73.
86
“Normalmente o rei possuía os seus oficiais locais – mordomos ou vigários – e os seus oficiais regionais
– almoxarifes ou recebedores” Cf. Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 73.
Cf. José MATTOSO, Identificação de um País. Ensaio sobre as origens de Portugal, Volume II, p. 75-76,
cit. por, Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 73. Cf. José MATTOSO,

38
demonstra. No entanto, os reguengueiros ficavam inteiramente
sujeito ao Senhor (Rei) da terra que trabalhavam.87 Uma das
queixas que os magistrados concelhios obidenses apresentavam
frequentemente ao monarca respeitava precisamente ao facto do
julgamento de feitos crimes de habitantes dos reguengos situados
no termo do município caber ao almoxarife e não aos juízes da
vila,88 havendo mesmo em algumas épocas juízes próprios dos
locais que pertenciam ao Senhorio da Coroa, nomeados ora pelo
Rei ora pela Rainha, quando Senhora dessas terras,89 ou ainda
pelos próprios reguengueiros, se bem que nestes casos actuassem
sob o olhar atento do almoxarife.90

Avançando para o ano de 1904, foi me possível encontrar a transcrição do Almanach da


Folha de Torres Vedras que fornece informações acerca da Freguesia nessa época.91
Remeto a transcrição do mesmo para o Anexo 3 – Documento 692. O documento faz
menção a vários aspetos referentes à vida e aos habitantes da Freguesia, nomeadamente:
o número de habitantes; a distância à qual se encontra das principais estações de serviço

História de Portugal, A Monarquia Feudal – (1096-1480), Volume II, p. 271-272, cit. por, Manuela Santos
SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 73.
87
“Noção muito cara a José Mattoso que analisa nas suas obras a abrangência deste domínio do Senhor Rei
quer sobre os reguengueiros quer sobre os pequenos proprietários alodiais, normalmente designados por
herdadores em diversas das suas obras; Cf. Identificação de um País, p. 69 e segs., cit. por, Manuela Santos
SILVA, O Concelho de Óbidos na Idade Média, p. 73.
88
Cf. Chanc. D. João I, Lº.2, fols. 95v-96 (1395 -1395 – Coimbra, 3 de Janeiro); Chanc. D. Afonso V, Lº.2,
fols. 18-19 (1439/40 – Lisboa, Dezembro/Janeiro), cit. por, Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos
na Idade Média, p. 73.
89
Cf. Chanc. D. Afonso V, Lº.2, fols.18-19, cit. por, Manuela Santos SILVA, O Concelho de Óbidos na
Idade Média, p. 73.
90
“Veja-se a carta de povoamento do Reguengo de Vale Benfeito: “E mando que aJades aluazil e
Moordomo de uosso / E aquelles que apelardes deuedes apelar ao meu almoxarife d obidos” – Núcleo
Antigo nº. 315, fol. 45 (1295 – Santarém, 19 de Janeiro)” cit. por, Manuela Santos SILVA, O Concelho de
Óbidos na Idade Média, p. 73.
91
Cf. Almanach da Folha de Torres Vedras, cit. por, Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã – Subsídios para
uma monografia, p. 86.
92
Cf. Anexo 4 – Documento 6.

39
(Lourinhã, S. Mamede e Bombarral); quem são os responsáveis por diversos serviços,
tais como o correio, o telégrafo, a escola, a paróquia e quem é o regedor da localidade;
menciona, por fim, os nomes dos agricultores com maior importância para a região e
quem são os principais comerciantes da mesma.

40
Capítulo 2 - Património regional da Freguesia de Reguengo Grande.

O capítulo 2 dedica-se à inventariação do património regional da Freguesia de Reguengo


Grande. Inventariar o património constitui uma ação essencial, pois sem este processo de
inventariação não seria possível conhecer devidamente e organizar os elementos
patrimoniais existentes nesta localidade. De forma a criar uma estrutura organizacional
os diversos elementos patrimoniais foram elencados em diferentes secções. Cada secção
diz respeito ao âmbito patrimonial no qual cada elemento se integra. O levantamento deste
património foi concretizado em trabalho de campo. O grande objetivo ao inventariar este
património é o de o organizar e estruturar. Ao fazer isto estamos a criar um fio condutor
que interliga todos estes elementos e que os conduz a uma narrativa global, narrativa esta
que permite conhecer e comunicar este património.

2.1 Património Religioso.

São escassos os autores que se debruçaram sobre o património da região. Os que o fizeram
estabeleceram elações muitíssimo sucintas e breves. Assim sendo, tratei de analisar este
património com a máxima atenção procurando, desta forma, colmatar as lacunas
informativas existentes acerca do mesmo. No Património Religioso existente na
Freguesia encontramos a Igreja Matriz de São Domingos, a Capela do Cemitério, a Capela
de Nossa Senhora de Fátima, a Capela de São Sebastião, a Capela do Nicho do Senhor
Jesus dos Aflitos e o Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos.

2.1.1 Igreja Matriz de São Domingos.93

A Igreja Matriz de São Domingos encontra-se sediada na própria localidade de Reguengo


Grande e terá sido erguida no século XVII.

Construção do século XVII de uma só nave, com reconstruções de


diversas épocas, nomeadamente a dos anos 50 deste século que

93
Vide Anexo 5 – Património Religioso – Igreja Matriz de São Domingos.

41
transfiguraram o seu interior. A capela-mor de reduzidas
dimensões está separada da nave central por um arco de volta
perfeita, assente em colunas toscanas e encontra-se num plano
superior ao da nave da Igreja. O coro alto é sustentado por quatro
colunas monolíticas, duas adossadas às paredes, estando as outras
a ladear o corredor central, com as pias de água benta embutidas
nos fustes. A fachada principal tem frontão circular, rematado por
cruz, ladeada por cunhais em cantaria, rematadas por pináculos.
A torre sineira do lado esquerdo, um pouco recuado à frontaria,
tem as quatro esquinas em cantaria, tendo sido acrescentada na
altura, numa das obras de restauro, para colocarem o relógio. Na
esquina do lado direito, a meia altura, observa-se um bonito
relógio de sol do século XVIII.94

Não obstante, não podemos falar deste templo religioso sem falarmos, em simultâneo, da
Capela do Cemitério, uma vez que, a história de ambas se funde. A Capela do Cemitério
parece remontar ao século XVI. Atentarei na mesma, de forma mais pormenorizada, no
tópico que lhe corresponde. É consensual por parte dos vários autores que a mencionam,
que a Igreja Matriz não corresponde à primeira igreja a ser erguida nesta localidade. Os
demais autores argumentam dizendo que a primeira igreja a ser erguida nesta localidade
é a Capela do Cemitério.95 Diz-se também entre o povo desta localidade que, por baixo
da Igreja Matriz existirá um cemitério e que a mesma foi construída por cima do mesmo.

No Século XVII é construída no centro do lugar a igreja paroquial,


por a existente ficar fora da povoação ou, possivelmente, se ter
arruinado. É uma igreja de uma só nave, com capela mor separada
por arco de cantaria, assente em colunas de estilo toscano. O coro

94
Teresa Maria Farto Faria de SOUSA, Rui Marques CIPRIANO, Património Religioso Edificado do
Concelho da Lourinhã, p. 61.
95
Cf. Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 252-254. Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas
da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 4. Cf. Teresa Maria Farto Faria de SOUSA, Rui Marques CIPRIANO,
Património Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã, p. 62

42
alto é sustentado por colunas cilíndricas monolíticas, com pias de
água benta embebidas nos fustes.96

No Reguengo Grande, a Igreja de São Domingos está construída


fora da povoação, havendo um novo templo no centro da aldeia no
fim do século ou já nos princípios do século XVII. A imagem de
São Domingos, em pedra policromada, de feitura quinhentista foi
trazida para a nova igreja. Em 1835, foi instalado o cemitério da
freguesia junto da velha igreja, que se foi degradando, caindo em
ruínas. Dela restou apenas a capela mor.97

Relativamente à Igreja Matriz é também de salientar que a mesma tem sido alvo de
diversas transformações ao longo dos anos. Alterações essas que fizeram com que muito
património se perdesse. Afirma-se entre a população da aldeia, que terá existido um
grande incêndio em meados dos anos 50 do presente século. No entanto, a memória
coletiva dos habitantes não é suficiente para nos conceder informações mais
pormenorizadas. Após tal ocorrência, a Igreja terá sido reabilitada sob a orientação e
responsabilidade de vários párocos. Diz-se que a mesma continha pinturas de elevado
valor artístico98, no entanto, não me foi possível confirmar essa afirmação, uma vez que,
não me foi possível encontrar qualquer registo referente às mesmas.

A Igreja paroquial é um lindo templo com mais de três séculos,


onde ainda hoje se encontram pinturas a fresco de grande
importância. Tem por orago São Domingos.99

96
Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 4.
97
Idem, p. 4.
98
Cf. João Maria RODRIGUES, “O Concelho da Lourinhã – As suas 7 freguesias, o seu comércio, a sua
indústria, os seus proprietários e agricultores mais importantes”, p. 29. Cf. Teresa Maria Farto Faria de
SOUSA, Rui Marques CIPRIANO, Património Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã, p. 61.
99
João Maria RODRIGUES, “O Concelho da Lourinhã – As suas 7 freguesias, o seu comércio, a sua
indústria, os seus proprietários e agricultores mais importantes”, p. 29.

43
É de salientar que esta Igreja se encontrava filiada com a Igreja de Santa Maria de Óbidos.
Realço que a mesma esteve encerrada entre os anos de 1912 e 1926. No que diz respeito
à arte sacra e à paramentaria, foi-me possível percecionar que a Igreja possuía elementos
de elevada significância e beleza, elementos que se perderam nestes 14 anos em que a
mesma esteve encerrada.100 Alguns dos elementos que não se perderam101 encontram-se,
atualmente, na Sé Patriarcal de Lisboa.102

A Igreja de São Domingos do Reguengo Grande era filial da


colegiada Igreja de Santa Maria da Vila de Óbidos. Após a
Implantação da República, em 1912, a Igreja foi mandada
encerrar ao culto, assim se mantendo por longos 14 anos, sendo
reaberta em 1926. Durante este longo período muito se perdeu do
património artístico e cultural desta Igreja, nomeadamente livros
litúrgicos, documentos vários, objectos de culto e sobretudo
paramentos. Os que ainda se salvaram foram levados, em 1969,
para serem guardados na Sala de Paramentos da Sé Patriarcal de
Lisboa. Em 1968 foi aumentada a torre sineira para nela ser
colocado um relógio, aspiração antiga da população do
Reguengo.103

Sofreu várias reconstruções e modificações através dos tempos, a


última das quais por meados do século passado, tendo esse
restauro sido iniciado pelo pároco Padre José Faria de Lopes, e
continuado pelo Padre António Rocha. Esta igreja foi encerrada
após a implantação da República, mais precisamente em 1912,
sendo Pároco o Padre António Maria, e assim esteve durante
catorze anos, sendo reaberta ao culto pelo Padre Seixal, em 1926.

100
Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 4-5.
101
Cf. Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã p. 254.
102
Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 4-5. Cf. Rui Marques
CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã p. 254.
103
Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 4-5.

44
Em 1928 é visitada por D. Manuel Gonçalves Cerejeira, então
Arcebispo de Metilene e auxiliar do Patriarca de Lisboa, sendo
esta a primeira visita pastoral à Freguesia do Reguengo Grande,
depois da reabertura ao culto da sua Matriz. A Igreja de S.
Domingos do Reguengo Grande era bastante rica em arte sacra e
paramentaria. Com o seu encerramento muito se perdeu,
nomeadamente paramentos, livros litúrgicos e o arquivo. Dos seus
paramentos salvaram-se: uma dalmática branca e uma dalmática
vermelha, do Século XVII; um paramento branco e um véu de
ombros, do Século XVIII; dois frontais brancos do Século XVII; um
pano de púlpito do Século XVII/XVIII; um pano de púlpito do
Século XVII e dois pavilhões de sacrário, um do Século XVIII e
outro do Século XVI. Deste último está assim descrito no respetivo
inventário: “Pavilhão de Sacrário de seda verde lavrada de
algodão de tom cinza, com desenho de florão com pássaros e uma
coroa, desenho muito marcado de contorno retilíneo. Trata-se
possivelmente de tecido espanhol do Século XVI, constituindo
amostra de extraordinário interesse para a iconografia do tecido.
Não teria sido, decerto, pavilhão, mas sim aproveitado de outra
peça para este fim. Dado o interesse de que se reveste, encontra-
se presentemente guardado na Sala dos Paramentos da Sé
Patriarcal de Lisboa.”.104

Resta-me afirmar que a minha opinião é consensual com a dos demais autores, uma vez
que, situo o ano de fundação da Igreja Matriz no século XVII. A Capela do Cemitério
apresenta-se como um elemento mais complexo de datar, como poderão constatar no
ponto seguinte que lhe é dedicado.

104
Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 254.

45
2.1.2 Capela do Cemitério.105

A Capela do Cemitério parece, efetivamente, datar do século XVI, tendo em mente a


análise efetuada por mim e pelos demais autores que antes de mim a mencionaram.

São Domingos de Gusmão, o fundador da Ordem dos


Dominicanos, era o patrono dos reguengueiros desta região, pois
também os habitantes do Reguengo Pequeno o têm como patrono,
erigindo-lhe uma igreja em finais do Século XVI.106

Construção que nos parece do séc. XVI e que deverá corresponder


à capela-mor duma antiga igreja, pois o local é ainda hoje
denominado de Igreja Velha. Embebido na parede de fundo está
um arco de volta redonda sustentado por duas colunas caneladas
e pintadas a cor dourada e branca; uma cartela encima o arco.107

A primitiva Igreja ficava fora da sua povoação, e a capela do


cemitério parece ser o que dela resta, correspondendo à sua capela
mor. A escolha do local para cemitério, a ocupar o corpo da Igreja,
o adro e os terrenos que a rodeavam, insere-se ainda numa linha
de continuidade de os enterramentos serem feitos em local
sagrado, como era o da Igreja. As propriedades que rodeiam o
cemitério ainda hoje são conhecidas pelas “terras da Igreja
Velha”.108

105
Vide Anexo 5 – Património Religioso – Capela do Cemitério.
106
Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 252.
107
Teresa Maria Farto Faria de SOUSA, Rui Marques CIPRIANO, Património Religioso Edificado do
Concelho da Lourinhã, p. 62.
108
Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã p. 253-254.

46
Atualmente este templo sagrado encontra-se bastante degradado pelos danos naturais da
passagem do tempo. A crença é a de que a mesma seria bastante mais imponente na sua
época, mas que a passagem do tempo a foi degradando, sendo que, atualmente, o que
resta dela é apenas a capela-mor.109 Acredita-se, por entre o povo, que se realizavam, em
tempos antigos, Romarias na Capela do Cemitério. Diz-se também que vinham pessoas
em peregrinação, vindas de longe, e que existia uma cruz, perto da Capela, que indicava
o caminho para a mesma. Trata-se de uma memória lendária que é difícil de comprovar,
mas que, ainda assim, enriquece a história deste templo religioso. Por fim, tendo em
consideração todos os elementos analisados, parece-me que a mesma datará,
efetivamente, do século XVI. Ressalvo, no entanto, a não existência de documentação
histórica que o comprove totalmente, apesar da crença nesta afirmação ser bastante
expressiva e convicta.

2.1.3 Capela de Nossa Senhora de Fátima.110

Atentemos, seguidamente, na Capela de Nossa Senhora de Fátima, sediada na localidade


de Fontelas, aldeia integrante da Freguesia de Reguengo Grande.

Igreja cuja construção foi concluída em 1995 e inaugurada pela


Ex.ma. Sr.ª Governadora Civil de Lisboa – Dr.ª Maria Adelaide
Lisboa em 6/05/1995. A Capela moderna é de uma só nave, e o
altar-mor encontra-se em zona sobranceira à nave por dois
degraus. As paredes têm lambril de azulejos azuis e brancos, sendo
o pavimento da zona central e laterais revestidos em calçada
portuguesa. Destaca-se no interior uma imagem do Menino de
Praga e 3 colunas em mármore do séc. XVIII, que faziam parte da

109
Cf. Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 252-254. Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas
da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 4. Cf. Teresa Maria Farto Faria de SOUSA, Rui Marques CIPRIANO,
Património Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã, p. 62.
110
Vide Anexo 5 – Património Religioso – Capela de Nossa Senhora de Fátima.

47
grade da comunhão da Igreja Matriz. A iluminação é feita por
janelas com vidros de cor.111

A fundação desta Capela é bastante recente, sendo que, a mesma data do ano de 1995.112
Estamos perante um templo religioso que mantem intactas as suas caraterísticas originais
de construção e que, em grande medida, se assemelha à Capela de São Sebastião,
conforme veremos de seguida. Em ambas predomina a simplicidade, a exaltação de Nossa
Senhora de Fátima e de Jesus Cristo Crucificado e também a azulejaria em tons de branco
e azul. Ressalvo, em nota final, que a mesma não faz parte do conjunto de templos
religiosos que se encontram sobre a alçada do Patriarcado de Lisboa.

2.1.4 Capela de São Sebastião.113

De época semelhante, encontramos na localidade de Cesaredas, parte integrante desta


Freguesia, a Capela de São Sebastião. A mesma foi construída no ano 2000. Até meados
do século XX, era neste edifício que se sediava a Escola Primária da aldeia. Após a
desativação da mesma, no ano 2000, a Câmara Municipal da Lourinhã cedeu o edifício
para que o mesmo fosse transformado numa Capela em honra de São Sebastião.114

A antiga Escola Primária construída nos meados do séc. XX e há


alguns anos desactivada, foi transformada, sob projecto do
desenhador Hernâni Luís Henriques Santos, no actual tempo. Da
sua adaptação surge uma Igreja tipo salão com frontaria virada a
Nascente e frontão triangular onde se abre um óculo. A toda a

111
Cf. Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 252-254. Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas
da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 4. Cf. Teresa Maria Farto Faria de SOUSA, Rui Marques CIPRIANO,
Património Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã, p. 62.
112
Cf. Teresa Maria Farto Faria de SOUSA; José Carlos FONSECA; Rui Marques CIPRIANO, Património
Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã – Cruzes, Cruzeiros, Nichos e Capelas, p. 65.
113
Vide Anexo 5 – Património Religioso – Capela de São Sebastião.
114 Cf. Teresa Maria Farto Faria de SOUSA; José Carlos FONSECA; Rui Marques CIPRIANO, Património
Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã – Cruzes, Cruzeiros, Nichos e Capelas, p. 64.

48
largura da frontaria abre-se um alpendre de uma só água que
encosta à torre sineira que se levanta no lado Norte e que sobressai
da fachada e mesmo do alpendre. O interior tem silhar de azulejos
azuis e brancos. Foi inaugurada a 19 de Novembro do ano 2000,
dia em que se realizou a festa do Padroeiro.115

Num trabalho conjunto entre a Comissão de Festas desta localidade e alguns habitantes
da terra, nomeadamente Jerónimo Andrade, Francisco Ribeiro, José Claúdio, José Silvano
e José Alfredo, e em articulação com o desenhador do projeto, Hernâni Santos,
proveniente da entidade DesenhoOeste, foi erguida esta Capela. A mesma foi alvo de
Bênção por parte do Bispo D. Manuel Clemente, na época, Bispo auxiliar do Patriarcado
de Lisboa, no ano de 2002. São notórias as semelhanças entre esta Capela e a anterior,
apesar de as mesmas terem origens de criação distintas. Ressalvo, em nota final, que a
presente Capela pertence ao Patriarcado de Lisboa.

2.1.5 Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos.116

Transitemos para o Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos. O mesma data do ano de 1937 e
encontra-se localizado na aldeia de Reguengo Grande.117

Pequena construção, erguida à beira da estrada, que acolhe uma


grande imagem do Senhor Crucificado. A fachada é de empena de
bico rematada por uma cruz de pedra e ladeada de dois coruchéus;
a porta é em ferro forjado e tem data de 1937.118

115 Ibidem.
116
Vide Anexo 5 – Património Religioso – Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos.
117
Cf. Teresa Maria Farto Faria de SOUSA; José Carlos FONSECA; Rui Marques CIPRIANO, Património
Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã – Cruzes, Cruzeiros, Nichos e Capelas, p. 63.
118
Ibidem.

49
O Nicho foi mandado erguer por João Marques, habitante da região, com o intuito de que
o Santo Senhor Jesus dos Aflitos protegesse esta localidade e a sua população. A atual
construção tal e qual a vemos, não corresponde à construção original, uma vez que, a
mesma foi alvo de alterações. Na construção original, o Nicho encontrava-se virado para
a população e a entrada era feita através de escadas que se encontravam posicionadas
lateralmente. Alguns anos após a construção do edifício, não se sabe precisar quantos ao
certo, o Nicho foi intervencionado e, consequentemente, alterado. Este, deixou de estar
virado para a aldeia e a entrada passou a fazer-se pela sua única porta de entrada, tal e
quando a observamos, atualmente.

2.1.6 Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos.119

Em seguimento, encontramos, também localizado na aldeia de Reguengo Grande, o


Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos.120

Na Estrada Nacional Lourinhã – Reguengo Grande (à entrada da


povoação e no lado direito) foi construído um muro em forma
trapezoidal, com cerca de metro e meio de base e acompanhado,
no seu lado esquerdo, por uma coluna de pedra decorada com
formas geométricas. No muro abre-se um nicho rectangular que
tem por fundo um painel de azulejos com a representação de uma
Nossa Senhora com o Menino e onde existiu outrora uma imagem
de Nossa Senhora dos Caminhos, há tempos roubada.121

O Nicho que vemos atualmente, do qual não se sabe precisar quem terá sido o autor, não
corresponde ao original que foi inicialmente construído, uma vez que, o mesmo foi alvo
de intervenções há alguns anos, não sendo possível precisar quantos. No Nicho original,
podíamos contemplar imagem de Nossa Senhora que também era apelidada de “Santinha

119
Vide Anexo 5 – Património Religioso – Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos.
120
Cf. Teresa Maria Farto Faria de SOUSA; José Carlos FONSECA; Rui Marques CIPRIANO, Património
Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã – Cruzes, Cruzeiros, Nichos e Capelas, p. 78.
121
Ibidem.

50
Preta” devido à tonalidade escurecida que apresentava. Essa imagem foi,
inesperadamente, roubada e devolvida por duas vezes consecutivas, sendo que, na última
vez que foi roubada já não voltou a ser devolvida. Na intervenção realizada foi construído
um muro à volta do Nicho e foi colocado um painel de azulejos, elaborado pela empresa
Aveirarte, com uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços, onde
pode ler-se “Santa Maria Rogai por nós”.

2.2 Património Memorial.

Atentemos, de momento, no Património Memorial. O Património Memorial diz respeito


aos elementos patrimoniais que têm como propósito enaltecer a memória de pessoas ou
de acontecimentos considerados importantes. Nesta secção encontramos o Cruzeiro da
Restauração da Nacionalidade, o Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra
Colonial, o Monumento de Homenagem ao ex-autarca Domingos Carneiro e o Brasão da
Freguesia. Todos estes elementos patrimoniais encontram-se localizados no interior da
aldeia de Reguengo Grande.

2.2.1 Cruzeiro da Restauração da Nacionalidade.122

Relativamente ao Cruzeiro da Restauração da Nacionalidade, o mesmo foi erguido no ano


de 1940 em virtude de uma oferta da população da Freguesia. O mesmo apresenta três
datas inscritas: a data de fundação (ano de 1140), a data da restauração (ano de 1640) e a
data em que o próprio foi erguido (ano de 1940).123

Nesta povoação, junto à Estrada Nacional Lourinhã – Bombarral,


num pequeno jardim situado no lado direito, ergue-se um cruzeiro
muito simples. É constituído por uma base de forma quadrangular
onde assenta uma cruz de pedra formada por três peças: braço

122
Vide Anexo 5 – Património Memorial – Cruzeiro da Restauração da Nacionalidade.
123
Cf. Teresa Maria Farto Faria de SOUSA; José Carlos FONSECA; Rui Marques CIPRIANO, Património
Religioso Edificado do Concelho da Lourinhã – Cruzes, Cruzeiros, Nichos e Capelas, p. 77.

51
vertical inferior, travessa dos braços horizontais e braço vertical
superior. Na face anterior da base e na face posterior encontram-
se, respectivamente, as seguintes inscrições: “FUNDAÇÃO MCXL
RESTAURAÇÃO MDCXL REGUENGO GRANDE” e “XXI VII
MCMXL OFERTA DO POVO”.124

Trata-se de um elemento patrimonial bastante modesto que, ainda assim, possui uma
valorosa presença memorial, de elevado significado para os habitantes desta Freguesia.

2.2.2 Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial.125

O Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial foi mandando erguer pelo
antigo Presidente da Junta de Freguesia, o Sr. Domingos Jerónimo Martins Carneiro.
Apesar de se saber que a construção do mesmo terá sido posterior ao ano de 1998, não se
sabe precisar com completa exatidão o ano em que o mesmo terá sido fundado. A obra
foi encomendada à Empresa Rochapa Mármores, sediada em São Bartolomeu dos
Galegos, aldeia vizinha também pertencente ao Concelho da Lourinhã. Neste monumento
observamos a inscrição de quatro nomes distintos, nomes estes que se tratam de habitantes
da Freguesia que faleceram na Guerra Colonial. No mesmo pode ler-se: “Homenagem/
Joaquim Domingos Santos Oliveira/ Angola – Maio – 1964/ Frutuoso Braz Ferreira/
Angola – Agosto – 1964/ Jorge Macieira Santos/ Moçambique – Setembro – 1970/ José
João Marques Agostinho/ Guiné – Maio – 1973/ Mortos na Guerra Colonial”.

2.2.3 Monumento de Homenagem ao ex-autarca Domingos Carneiro.126

Durante largos anos, Domingos Jerónimo Martins Carneiro manteve-se no cargo de


Presidente da Junta de Freguesia de Reguengo Grande. O mesmo dedicou-se à melhoria
das infraestruturas desta localidade, dedicou-se às associações que nela existem e

124
Ibidem.
125
Vide Anexo 5 – Património Memorial – Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial.
126
Vide Anexo 5 – Património Memorial – Monumento de Homenagem ao ex-autarca Domingos Carneiro.

52
dedicou-se também à melhoria da qualidade de vida dos habitantes que nela residem. O
ex-autarca faleceu em março de 2020. De tão estimado ser, a atual Presidente da Junta,
Ana Isabel Barros, decidiu erguer um monumento memorial em sua homenagem. O
mesmo foi inaugurado a 20 de maio de 2022. Também em forma de homenagem o Largo
da Junta de Freguesia passou a chamar-se “Largo Domingos Jerónimo Martins Carneiro”.

2.2.4 Brasão da Freguesia.127

O Monumento onde podemos contemplar o Brasão da Freguesia de Reguengo Grande foi


mandado erguer, tal como o Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial,
pelo antigo Presidente da Junta de Freguesia, o Sr. Domingos Jerónimo Martins Carneiro,
no ano de 2001. A maquete do Brasão foi elaborada pela empresa Diacria Editora –
Cultura, Marketing e Publicidade, que se encontra sediada em Vila do Conde. Trata-se
de um elemento patrimonial representativo desta Freguesia que possui em si mesmo um
elevado valor afetivo para os habitantes desta localidade.

2.3 Património Civil.

Esta secção é dedicada ao Património Civil. Este património compreende todos os


elementos patrimoniais que, no âmbito civil, se afiguram como sendo relevantes,
detentores de autenticidade e merecedores de destaque. No Património Civil encontramos
o Museu, em pleno coração desta localidade, o Mural da História de Portugal, a
Arquitetura vernacular, que observamos um pouco por toda a Freguesia, e que se
carateriza por espelhar os materiais e os métodos de construção de tempos antigos, o
Chafariz, junto do Rio Galvão, os Azulejos, que ladeiam o curso de água, as Pontes, no
Vale Cornaga, as Azenhas, que também nele se situam e, por fim, os Moinhos que
encontramos dispersos pela Freguesia.

127
Vide Anexo 5 – Património Memorial – Brasão da Freguesia.

53
2.3.1 Museu.128

É em pleno centro da aldeia de Reguengo Grande que encontramos o Museu Rural,


elemento de elevado valor e significado. Este Museu nasce no ano de 1999, inserido no
Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, no âmbito do Projeto
intitulado “Museu Rural do Reguengo Grande”, promovido pela Junta de Freguesia de
Reguengo Grande e cofinanciado pelo Programa de Iniciativa Comunitária LEADER II.
Atualmente o mesmo não se encontra em funcionamento, mas é possível percecionar a
sua história. Durante o seu curto período de vida, este espaço nunca obteve legalmente o
estatuto de Museu, uma vez que, o mesmo carecia de uma equipa especializada que
assegurasse o seu funcionamento e no qual vigorassem as normais atuais da Museologia.
Tratava-se de um espaço de exposição, onde existiam peças de cariz vário, que haviam
sido doadas pelos habitantes da Freguesia. A manutenção do espaço e a abertura e fecho
de portas estavam ao cuidado de um membro do Grupo Folclórico Flores de Maio. Apesar
de não possuir tabelas identificativas junto das peças, o Museu proporcionava uma
organização das mesmas. No exterior, podemos observar que o edifício foi construído
com pedra proveniente da região. As portas e janelas foram construídas a partir de
madeira, sendo que, nas janelas foi colocada uma proteção construída em ferro que lhes
confere, em simultâneo, motivos decorativos. No interior do edifício, sobressaem as
madeiras que revestem o teto que contrastam com a tonalidade branca das paredes que o
mesmo possui. Ao entrar no Museu, olhando da esquerda para a direita, encontrávamos
as seguintes exposições: A arte do Sapateiro (utensílios), A arte da Costura (máquinas),
Utensílios domésticos (pratos, chávenas…), Objetos agrícolas, As comunicações
(telefones antigos), A Escola (objetos escolares), Os fósseis (encontrados na Freguesia).
Estas peças encontravam-se expostas dentro de armários de madeira e o visitante era livre
de deambular pelo interior do edifício e de as contemplar.

No presente momento, apesar do espaço estar encerrado, estão a ser feitos trabalhos de
conservação e restauro de forma a assegurar a manutenção e a durabilidade das peças. É
também necessária uma intervenção urgente no que diz respeito ao acervo documental.
O inventário existente apresenta-se como incipiente. O mesmo necessita de ser
reformulado e organizado de acordo com as normas científicas da inventariação

128
Vide Anexo 5 – Património Civil – Museu.

54
museológica. Estas ações constituem o primeiro passo para que esta instituição possa, um
dia, reabrir apresentando uma nova dinâmica.

2.3.2 Mural da História de Portugal.129

É em pleno coração da aldeia de Reguengo Grande que encontramos a recente obra de


arte urbana designada por “Mural da História de Portugal”. Trata-se de uma pintura que
se encontra concretizada no muro da Escola Básica e do Jardim de Infância desta
localidade. A mesma foi efetuada pelo artista local José Luís Nascimento. Estamos diante
de uma pintura que retrata os principais períodos da História de Portugal de forma
representativa e elucidativa. As cores vivas e a linguagem simples atraem os olhares de
todos os que passam por este local.

2.3.3 Arquitetura vernacular.130

Um pouco por toda a Freguesia de Reguengo Grande é possível observar aquilo que
designo por Arquitetura vernacular. Por este termo, entenda-se que o que aqui destaco é
o modelo e os materiais de construção antigos típicos desta localidade, composto por
casas de habitação, instalações de uso agrícola, entre outros. Apesar de já serem escassas,
uma vez que, a maioria das casas atuais já apresentam um caráter moderno, ainda é
possível observar algumas habitações, em diferentes estados de conservação, nas quais é
possível visualizar o modelo de construção de outrora. Em pleno coração da aldeia de
Reguengo Grande, destaco uma habitação que se localiza na Estrada do Fortim. Esta é
facilmente identificável, uma vez que, se trata de uma construção que se mantém intacta
e na qual são notórios os traços e os materiais de construção de tempos antigos. Destaco
também as ruínas da única casa de habitação que existiu no Vale Cornaga. Do
conhecimento existente, tudo indica que aquela terá sido a única a ser construída naquele
vale, onde predominavam as azenhas. Com o intuito de manter esta memória viva, a Junta
de Freguesia construiu um protótipo exemplificativo que se encontra junto da sede da
mesma. O mesmo cumpre o propósito de ilustrar a Arquitetura vernacular desta região.

129
Vide Anexo 5 – Património Civil – Mural da História de Portugal.
130
Vide Anexo 5 – Património Civil – Arquitetura vernacular.

55
2.3.4 Chafariz.131

O Chafariz que no presente momento observamos na localidade de Reguengo Grande não


corresponde ao primeiro Chafariz que foi construído nesta localidade, conforme veremos
adiante, na secção respeitante ao Património Imaterial, uma vez que, existe a memória de
um Chafariz Manuelino do século XVI. O atual Chafariz apresenta uma caráter simples
e moderno.

2.3.5 Azulejos.132

Ao longo do curso do Rio Galvão encontramos painéis de azulejos que datam do ano de
2001. Os azulejos foram produzidos pela empresa Azulefa – Azulejos e Faianças, sediada
em Pombal, sob ordem do antigo Presidente da Junta de Freguesia, o Sr. Domingos
Jerónimo Martins Carneiro. Tratam-se de azulejos em tons de branco e azul, que
encontramos integrados nos muros que ladeiam o rio. Nestes muros existem painéis de
dimensões significativas e outros nos quais se aplicou apenas um azulejo. Os azulejos têm
em si representados cenários campestres. No conjunto destes azulejos destacam-se
aqueles que são um único azulejo, e não um painel completo, onde estão representados
os frutos típicos da região (maçãs, peras, ...). No painel de azulejos que encontramos no
início do rio, existe uma breve descrição da Freguesia, sendo que, a mesma foi redigida
pelo antigo presidente da Junta, onde pode ler-se “Homenagem à fauna flora, artes e
ofícios, outrora praticados pela população.”. No lado oposto do curso de água,
encontramos outro painel onde pode ler-se “A aldeia de Reguengo Grande nasceu a 3 de
fevereiro de 1433. A Freguesia foi criada em 1525, sob a invocação de S. Domingos.
Pertenceu ao Concelho de Óbidos até 6 de novembro de 1836. O Vale Cornaga onde
meandra o Rio Galvão era uma zona vital de desenvolvimento. Hoje, selvagem na sua
vegetação e penhascos altaneiros concorrem para uma beleza ímpar. São testemunho real
as azenhas em ruínas, pontes romanas e fontes. Da flora, carrasqueiros, oliveiras,
medronheiros e vegetação vária, são elementos de beleza. As lavadeiras exerciam os seus
usos e costumes nas águas cristalinas do rio e era ver os passeantes deleitarem-se com a
água pura das suas fontes.”, sendo esta descrição da autoria do antigo presidente.

131
Vide Anexo 5 – Património Civil – Chafariz.
132
Vide Anexo 5 – Património Civil – Azulejos.

56
2.3.6 Pontes.133

É no interior da aldeia de Reguengo Grande, junto do curso de água do Rio Galvão, que
encontramos a primeira ponte que aqui destacarei. A mesma é designada por “Ponte
Primeiro de Maio 1976”. Esta permite que se faça a travessia para cada um dos lados do
Rio. Seguidamente, cabe-me ressalvar a presença de pontes medievais no Vale Cornaga.
Até ao ano de 1999 eram ainda visíveis quatro pontes medievais. Com as cheias que
ocorreram no ano anteriormente mencionado, uma destas pontes acabou por ceder. No
lugar onde a mesma permanecia, atualmente encontramos uma ponte de madeira, de
construção recente, que foi construída com o intuito de manter a possibilidade de travessia
entre as margens em questão. Resistem ainda à passagem do tempo, as restantes três
pontes medievais que podemos contemplar no percurso do Vale Cornaga.

2.3.7 Azenhas.134

O Vale Cornaga é, desde que existe memória, reconhecido pela presença das azenhas que
em tempos de outrora lhe davam vida. Estes moinhos de água eram uma parte
fundamental da economia local e da subsistência da população. Os mesmos moíam
cereais, como o trigo e o milho, que eram a base da alimentação da população em tempos
em que os principais bens alimentares ainda eram escassos, em quantidade, nesta região.
Atualmente ainda é possível observar seis das azenhas que nele existiram, sendo que,
algumas se encontram em maior estado de degradação do que outras. Cinco destas
azenhas são propriedade privada, assim sendo, apenas uma delas é propriedade da Junta
de Freguesia que a comprou e tem procurado revitalizar a mesma com o intuito de a voltar
a colocar em funcionamento.

2.3.8 Lavadouros.135

Como bem sabemos, em tempos antigos, na ruralidade da vivência no campo, os


lavadouros afiguravam-se como sendo um elemento importante na vida da população,

133
Vide Anexo 5 – Património Civil – Pontes.
134
Vide Anexo 5 – Património Civil – Azenhas.
135
Vide Anexo 5 – Património Civil – Lavadouros.

57
uma vez que, os mesmos permitiam e higienização das vestes do povo. Sendo mais ou
menos arcaicos, estes eram utilizados um pouco por todo o país. Atentando na história da
Freguesia de Reguengo Grande sabe-se, e é ainda visível nos dias de hoje, que estes
lavadouros se encontram no Vale Cornaga, local de elevada importância para o
desenvolvimento desta localidade. Era precisamente neste local que se procedia à
lavagem do vestuário da população local. Tal ato era possível, pois a água do Rio Galvão,
seguindo o seu curso, passava pelas levadas e, através das mesmas era, de forma natural,
encaminhada para estes lavadouros que, em bom rigor, se apresentam como grandes
blocos de pedra que serviam para o efeito pretendido, ainda que, de forma um pouco
arcaica, como bem sabemos. Atualmente ainda podemos contemplar estes lavadouros no
Vale Cornaga, conforme mencionado anteriormente, sendo estes importantes elementos
representativos das vivências e dos tempos antigos.

2.3.9 Moinhos.136

São em número significativo os moinhos que encontramos na Freguesia de Reguengo


Grande. Mário Batista Pereira dedicou-se, anteriormente, ao estudo dos moinhos do
Concelho da Lourinhã, estudo no qual menciona a Freguesia de Reguengo Grande.137 No
século XVIII ainda não existiriam moinhos na Freguesia,138 no entanto, entre o século
XIX e o século XX, foram contabilizados 19 moinhos nesta região. À data do seu estudo,
alguns destes moinhos encontravam-se em funcionamento, outros em ruínas e ainda
outros há que eram utilizados como habitação. O autor refere os nomes dos proprietários
de cada um dos moinhos e a localização dos mesmos. Na obra, é elaborada a descrição
dos moinhos existentes no século XX e do estado de conservação em que os mesmos se
encontravam. Sendo que, dez deles possuem a indicação de que se encontram em ruínas;
quatro deles foram adaptados para habitação; um deles foi demolido; e os restantes quatro
encontravam-se, à data, intactos.139 Com o intuito de atualizar estes dados, dediquei-me
ao estudo destes elementos patrimoniais procurando averiguar as mudanças que teriam
acontecido com a passagem do tempo. Atualmente encontramos na Freguesia de

136
Vide Anexo 5 – Património Civil – Moinhos.
137
Cf. Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã – Os moinhos do seu concelho.
138
Cf. Idem, p. 44-47.
139
Cf. Idem, p. 78-81.

58
Reguengo Grande 16 moinhos. Todos eles são propriedade privada, sendo que, por esse
motivo, nenhum deles se encontra sobre tutela da Junta de Freguesia. Foi-me possível
visitar o exterior de 13 deles. Sendo que, um deles se encontra nas Fontelas, dois
encontram-se no Casal Serrano e dez encontram-se na localidade de Reguengo Grande.
Ressalvo que não me foi possível visitar os três moinhos restantes, uma vez que, os
mesmos se encontram em propriedade privada, na qual se inserem também as casas dos
proprietários, o que impossibilita esta visita.

2.4 Património Natural.

No Património Natural da Freguesia de Reguengo Grande, destacam-se o Rio Galvão e o


Vale Cornaga, sendo que, ambos se encontram muito presentes na história do
desenvolvimento local e populacional desta localidade.

2.4.1 Rio Galvão.140

O Rio Galvão é um elemento natural que se encontra nesta localidade e que, por si só, é
merecedor de destaque, uma vez que, o mesmo foi um forte potenciador do
desenvolvimento da aldeia e da Freguesia de Reguengo Grande. Apesar deste Rio não ter
origem no centro da localidade, o mesmo percorre toda a aldeia até ao Vale Cornaga.
Seguindo o seu curso de água, mais adiante o mesmo conflui com o Rio Real, antes de
chegar à Lagoa de Óbidos. A sua existência afigurou-se deveras importante para a
vitalidade desta localidade, pois a sua água era utilizada pela população para consumo
próprio, para fins domésticos e também para a produção agrícola. Inicialmente, o Rio era
ladeado por terra batida. Com a passagem do tempo foi alvo de diversas intervenções que
visavam o melhoria da aldeia. Segundo a memória dos habitantes da aldeia, as primeiras
intervenções no Rio Galvão terão decorrido nas décadas de 50/60. Foram construídos os
muros que o ladeiam e também foram construídas pontes, ao longo do curso da água, que
permitem a travessia dos habitantes para ambas as margens. A última intervenção
significativa data do ano de 2001, ano esse em que foram colocados os painéis de azulejos
mencionados anteriormente.

140
Vide Anexo 5 – Património Natural – Rio Galvão.

59
2.4.2 Vale Cornaga.141

O Vale Tornada, afamado património histórico e natural da região, é habitualmente


designado por Vale Cornaga.142 Apesar do primeiro nome ser o que consta nas cadernetas
militares, a população incutiu a este vale o nome de Vale Cornaga e é assim que o mesmo
é conhecido. No Vale encontramos terrenos de cultivo, ruínas de antigas habitações,
azenhas, pontes antigas e lavadouros que remontam a tempos de outrora. Entre os meses
de inverno e de primavera é comum encontrarmos água no Vale, água essa proveniente
do Rio Galvão. Este, apesar de não nascer no centro da aldeia, percorre toda a localidade,
conforme mencionado anteriormente. Em tempos antigos, a população soube aproveitar
o rio enquanto recurso e a água proveniente do mesmo. A água seguia o seu curso através
das levadas e chegava às azenhas. Sendo que, isto só acontecia nos meses decorridos entre
o inverno e a primavera, meses onde a pluviosidade é mais abundante. As azenhas, eram
a força motriz que moía os cereais, entre os quais, o trigo e o milho, que eram os principais
a ser cultivados nesta região e que faziam parte da base da alimentação da população
local. Outro facto importante acerca do Vale passa pelo modo como era utilizada da água
do rio Galvão. Esta, além de ser a força que fazia mover as azenhas, era também uma
fonte de sobrevivência, uma vez que, era também utilizada para beber e, ainda, para a
lavagem das roupas. Ainda é possível observar os lavadouros aos quais as pessoas se
dirigiam com esse propósito. No que diz respeito à produção agrícola que era produzida
no Vale, não existia uma produção predominante, no entanto, destacava-se o cultivo de
uvas, da pera rocha e da batata. Em tempos antigos, a maçã reineta era rainha por estas
terras uma vez que era o alimento mais cultivado na região. O Vale encontra-se repleto

141
Vide Anexo 5 – Património Natural – Vale Cornaga.
142
“Próximo de Reguengo Grande, a paisagem começa a mudar. Os afloramentos calcários e os núcleos de
mato avultam no seio de um terreno de tipo cársico. À saída da povoação (no sentido do Bombarral) poderá
ser realizado um passeio a pé, aproveitando antigos caminhos entre muros de pedra. Se o fizermos teremos
oportunidade de conhecer mais de perto a vegetação característica das áreas calcárias. No início de Março
poucas são as plantas em flor. Entre elas destacam-se as bocas-de-lobo (Antirrhinum majus), o jacinto-dos-
campos (Hyacinthoides hispanica) e espécies do género Erodium. Com o avançar da Primavera começam
a desenvolver-se ou a florir variadíssimas plantas, das quais destacamos duas espécies de orquídeas – o
satirião-menor (Anacamptis pyramidalis) e a erva-do-homem-enforcado (Aceras anthropophrum) -,
cistáceas, a aroeira (Pistacia lentiscus), o carrasco, o trovisco-fêmea (Daphne gnidium), o lavapé
(Cheirolophus) (…)”, António PENA, Lourinhã: um roteiro natural do concelho, p. 59.

60
de trilhos que permitem aos visitantes concretizar experiências únicas e diferenciadas de
cada vez que o visitam.

2.5 Património Imaterial.

No Património Imaterial143 da região, integram-se a memória de um Chafariz Manuelino


do século XVI, as Lendas locais, a Tradição Folclórica, as Celebrações anuais e a Maçã
Reguengueira.

2.5.1 Chafariz Manuelino.144

Permanece viva por entre os habitantes desta localidade, a memória de um antigo chafariz
bastante ornamentado e oponente. Diz-se, por entre histórias e memórias que contam os
habitantes desta aldeia, que esse chafariz era igual ao que existe na localidade da
Columbeira, Freguesia da Roliça, sendo que o mesmo data do século XVI e se insere no
estilo Manuelino. Conta-se que o chafariz da aldeia havia sido destruído nas décadas de
50/60 quando foram realizadas intervenções de manutenção junto do Rio Galvão. Assim,
tudo indica que este chafariz Manuelino se encontre subterrado por baixo da atual estrada
de alcatrão que se encontra junto do Rio.

2.5.2 Lendas locais.

No que às Lendas locais diz respeito, foi-me possível percecionar algumas delas. As mais
populares são mencionadas por alguns autores, sendo que, a primeira diz respeito à

143
“ (…) o património cultural, como realidade complexa, tem de ser devidamente considerado – desde o
código genético e do genoma humano, até às tradições, às comunidades, às instituições mediadoras, aos
hábitos e costumes, num conjunto vasto do que designamos por património imaterial (o modo como os
artesãos trabalham, como a culinária e a gastronomia se desenvolvem, como as pessoas e as comunidades
se relacionam), passando pelos vestígios arqueológicos, pelos monumentos, pelo modo de organização das
populações e das cidades, mas também pela valorização da criação contemporânea e pela busca de uma
relação equilibrada nesse diálogo entre o que hoje temos e queremos e aquilo que recebemos de quem nos
precedeu.”, Guilherme d’Oliveira MARTINS, Património Cultural - Realidade Viva, p. 40.

144
Vide Anexo 5 – Património Imaterial – Chafariz Manuelino.

61
origem do nome da localidade de Cesaredas; a segunda tem que ver com D. Pedro I e D.
Inês de Castro; a terceira encontra-se relacionada com as Invasões Francesas. Foi-me
possível ainda, percecionar uma nova lenda que diz respeito à maldição do Nicho do
Senhor Jesus dos Aflitos, sendo que esta não foi abordada por nenhum autor.

Atentemos, assim, na primeira. Tem passado de geração em geração pelos habitantes do


Planalto das Cesaredas que o nome da localidade deriva da palavra “César”, pois esta
região teria sido, em tempos longínquos, um dos locais onde as tropas comandadas por
César teriam permanecido e daí teria derivado o nome da região.145

O solo já foi regado com o sangue de bastantes heróis e cenários


e testemunha de alguns feitos de armas gloriosos. Há muito
séculos, acamparam, nas quebradas pedregosas das Cesaredas, os
exércitos de César – causa do nome daquela povoação -, que
passados tempos deram batalha, na região, ao povo que na época
habitava a serra da Arrábida.146

… planalto da Cesareda, um afloramento calcário da era jurássica


com 12 quilómetros de comprimento por 8 de largura. O de ali
terem estado acampadas as tropas romanas comandadas por
César, daí o nome Cesareda. Esta tese é perfilhada por Nery
Delgado, famoso arqueólogo que, em finais do Século XIX,
investigou e explorou as numerosas grutas ali existentes.147

145
Cf. João Maria RODRIGUES, “O Concelho da Lourinhã – As suas 7 freguesias, o seu comércio, a sua
indústria, os seus proprietários e agricultores mais importantes”, p. 29. Cf. Rui Marques CIPRIANO, Vamos
falar da Lourinhã, p. 241.
146
João Maria RODRIGUES, “O Concelho da Lourinhã – As suas 7 freguesias, o seu comércio, a sua
indústria, os seus proprietários e agricultores mais importantes”, p. 29.
147
Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 241.

62
A segunda lenda, proveniente do século XIV, está relacionada com D. Pedro I e D. Inês
de Castro. Conforme mencionado por mim anteriormente, tem subsistido à passagem do
tempo, a lenda que nos diz que D. Pedro I teria vivido o seu amor proibido com D. Inês
de Castro na localidade de Moledo. A informação torna-se difusa uma vez que além desta
aldeia, são mencionadas outras como Paço, Atouguia da Baleia, Serra d’El Rey, entre
outras. Conforme vimos anteriormente, a crença é que os habitantes da região, inclusive
os habitantes dos Reguengos, teriam sido beneficiados com privilégios sob ordem de D.
Pedro I, em troca de que os mesmos guardassem segredo acerca da sua localização. Diz-
se também que o monarca terá dispensado os homens de irem à guerra, dizendo mesmo
que estes só teriam de ir quando ele próprio fosse.148 A lenda149 mantém-se viva nas
localidades acima situadas e nos respetivos concelhos nas quais as mesmas se integram.

A lenda seguinte, deriva de um acontecimento histórico que teve lugar no século XIX, as
Invasões Francesas.150 Conforme mencionado anteriormente, este acontecimento deixou
marcas na região e nos seus habitantes.

É lenda na região, possivelmente verdadeira pois ainda só passou


pouco mais de um século sôbre a data dessa batalha, que depois
das invasões, cada francês encontrado naquelas paragens, ou
presumível descendente de franceses, era imediatamente deitado a
um pôço. O processo que usavam para se certificarem da
nacionalidade do indivíduo suspeito era bastante falível:

148
Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 6.
149
“Segundo reza a história, o rei D. Pedro I passou ali alguns tempos dos seus célebres amores com Dona
Inês de Castro. Em 1940, ainda se podia observar um grande casarão, já arruinado, onde, segundo dizem,
D. Pedro se costumava encontrar, em escondidos amores, com Dona Inês de Castro. Como privilégio aos
habitantes destes lugares, que guardavam sigilo sobre as idas ao Molêdo, dava D. Pedro a regalia de os
homens válidos da região só irem à guerra quando ele próprio fosse. Além disso os seus forais também
eram feitos com a máxima benevolência.”, ibidem, p. 6.

150
Cf. António Lopes RIBEIRO, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã),
p. 69 Cf. Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 6.

63
mandavam-no pronunciar a palavra “areia”; se carregava demais
no “r” era francês e como tal tinha morte imediata…151

É lenda na região, que depois das Invasões, cada francês


encontrado naquelas paragem, ou presumível descendente de
franceses, era imediatamente deitado a um poço. O processo que
usavam para se certificarem da nacionalidade do indivíduo
suspeito era bastante falível: mandavam-no pronunciar a palavra
“areia”, se carregava demais no “r” era francês e como tal tinha
morrer imediatamente. Além de tudo isto, também se dizia que as
pessoas de olho azul eram descendentes de franceses, pois as
pessoas do Reguengo Grande tinham os olhos negros.152

A quarta e última lenda por mim percecionada diz respeito ao Nicho do Senhor Jesus dos
Aflitos e à maldição que o santo terá lançado sobre a população após se ter ressentido
com a mesma. Decorria o ano de 1999 quando parte da aldeia de Reguengo Grande ficou
submersa devido à elevada precipitação que se fez sentir. A abundância de precipitação
fez com que o Rio Galvão transbordasse e a água do mesmo inundasse inúmeras casas
atingindo um metro e meio de altura danificando, assim, várias habitações. Diz-nos a
lenda que este fenómeno das cheias de 1999 teria sido um castigo trazido por parte do
Senhor Jesus dos Aflitos tendo em conta a decisão decorrida anteriormente, de alterar o
posicionamento do Nicho, deixando este de estar direcionado para a população.

2.5.3 Tradição folclórica.

A tradição folclórica mantém-se viva na Freguesia de Reguengo Grande. É nela que


encontramos o grupo “Flores de Maio”, sendo o mesmo presidido pelo Sr. Luís

151
António Lopes RIBEIRO, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p.
69
152
Ana Cristina JERÓNIMO, Ruas da Nossa Terra Reguengo Grande, p. 6.

64
Antunes.153 Este grupo foi fundando no ano de 1987 e desde aí que atua um pouco por
todo o Concelho da Lourinhã. Existe a memória de que, em tempos de outrora, existiu
também um outro grupo folclórico que deu início a esta tradição na Freguesia de
Reguengo Grande. Trata-se de um grupo que é presença assídua em todas as festividades
e celebrações que se realizam nesta Freguesia e nas restantes localidades que integram o
Concelho da Lourinhã.

2.5.4 Celebrações anuais.

Anualmente têm lugar na Freguesia de Reguengo Grande diferentes celebrações nas quais
se destacam as festas em honra dos santos patronos da localidade e a feira anual.

A primeira celebração é a festa anual em honra de Nossa Senhora de Fátima, que decorre
na localidade de Fontelas, local onde lhe foi construída uma capela, conforme vimos
anteriormente. Esta celebração tem lugar no último fim de semana do mês de junho.

A segunda celebração é a festa anual em honra de São Domingos, santo patrono desta
localidade, que decorre na aldeia de Reguengo Grande. A mesma realiza-se todos os anos
no segundo fim de semana do mês de agosto.

A terceira celebração é a festa anual em honra de São Sebastião, que decorre na localidade
de Cesaredas, aldeia na qual lhe foi dedicada uma capela, conforme referido
anteriormente. A mesma celebra-se no terceiro fim de semana do mês de novembro.

Falamos de celebrações religiosas que mantêm, até aos dias de hoje, uma grande
autenticidade. Tratam-se de datas nas quais a população da Freguesia e do Concelho se
reúnem e prestam devoção às santidades nas quais creem. Estas celebrações permitem
também uma fruição de caráter popular que se espelha através dos momentos de dança,
canto e de confeção e degustação da comida típica da região. É também importante
mencionar que se mantém o costume, a nível local, de se realizar um peditório para o qual
a população contribui, que tem como objetivo assegurar a realização da festa do ano
seguinte e também a manutenção financeira destes espaços.

Igualmente merecedora de destaque é a feira anual que decorre a 20 de maio na aldeia de


Reguengo Grande. Na mesma encontramos vendedores que procuram vender diversos

153
Cf. https://agc.sg.mai.gov.pt/details?id=577230

65
tipos artigos. Encontramos também produtores locais que procuram vender bens
alimentares caraterísticos da região.

2.5.5 Maçã Reguengueira.

No seio do Património Imaterial, saliento por fim, um produto endógeno da região que
tem sido alvo de grande destaque dentro e fora do Concelho. Trata-se da Maçã
Reguengueira, fruto que deriva da tradicional Maçã Reineta, que tão bem conhecemos.154
A mesma é afamada na região, sendo de destacar que esta se encontra evidenciada nas
respostas ao inquérito das Memórias Paroquiais, tendo a mesma sido referida como sendo
a “maçã da sorte”.155

Os frutos que os moradores colhem com maior abundância sam


pam e especialmente frutas de maçans de sorte que quazi em todo
o anno vam em todos os dias muitas cargas para a Cidade de
Lisboa, e tam boa estimação que dellas se faz o provimento na…
do Ex. REY nosso Senhor pelas nam achar em Colares tam boas o
condutor que tem obrigação de dallas quazi em todo o anno.156

O concelho de Lourinhã faz parte da Estremadura Cistagana que


se desenvolve para Norte do rio Tejo (…) Outrora reconhecia-se
nela uma zona de características particulares quer quanto à sua
paisagem natural quer no tocante ao uso e tipo de solo – a zona
torrense ou torreana onde se destacavam os vinhos de Torres
Vedras e as maçãs de Reguengo Grande (Vasconcellos, 1997).157

154
Cf. António Lopes RIBEIRO, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã),
p. 142-148.
155
Cf. Dicionário Geográfico de Portugal, volume 31, nº 55, p. 311, cit. por, António Ribeiro LOPES,
Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p. 67-68.
156
Ibidem.
157
Cf. António PENA, Lourinhã: um roteiro natural do concelho, p. 7.

66
Em pleno século XXI, surgiu um doce típico regional ao qual foi dado o nome de
“Reguengo”. O mesmo é confecionado numa Pastelaria da aldeia, designada Natinhas do
Céu, e foi registado pela mesma. Trata-se de um doce típico que tem como ingrediente
principal a Maçã Reguengueira. A sua fama tem vindo a aumentar entre os residentes e
os turistas que visitam a região.

67
Capítulo 3 - Divulgação Patrimonial: criação de um modelo de comunicação
patrimonial in situ.

Comunicar o património histórico e artístico faz parte das funções de qualquer historiador
de arte e património. Para que tal suceda, é necessário que o mesmo domine o estado da
arte e que desenvolva um modelo que lhe permita comunicar o património. Perante a
investigação desenvolvida, procedi à construção de um modelo de comunicação
patrimonial, bastante versátil, na medida em que, o mesmo se aplica ao património da
Freguesia de Reguengo Grande, mas poderá aplicar-se também noutras localidades que
apresentem um património idêntico, com as devidas adaptações necessárias.158 O presente
modelo assenta na investigação histórica, na inventariação e valorização patrimonial e na
criação de roteiros patrimoniais que visam a comunicação deste património.

PATRIMÓNIO CULTURAL

Na mente de qualquer historiador de arte e património existe a lembrança permanente


acerca da importância de comunicar o património159 e de, em simultâneo, transmitir essa
mesma conceção aos demais.

158
“O património de uma povoação, freguesia ou concelho não se reduz aos seus monumentos. Devemos
distinguir património arqueológico, artístico, etnográfico, sem esquecer que a própria terra, a paisagem, a
fauna e a flora naturais são também património a estudar e a proteger (…)”, Jorge de ALARCÃO,
Introdução ao estudo da história e património locais, p. 25.
159
“Quando falamos de património cultural, há a tentação de pensar que falamos de coisas do passado,
irremediavelmente perdidas num canto recôndito da memória coletiva. Puro engano! Referimo-nos à
memória viva, seja ela monumentos, sítios, tradições, seja constituída por acervos de museus, bibliotecas e
arquivos, bem como tradições, línguas e dialetos, a natureza ou a paisagem e a comunicação digital. Mas
fundamentalmente tratamos de conhecimentos ou de expressões da criatividade humana…?”, Guilherme
d’Oliveira MARTINS, Património Cultural - Realidade Viva, p. 33.

68
A valorização do património cultural passa, primeiramente, pela compreensão do
mesmo.160 Só é possível apostar no futuro quando compreendemos o valor do passado.161
Os elementos patrimoniais encontram-se repletos de história e de memória e quem por
convicção acreditar que se tratam de elementos perdidos no tempo engana-se, pois
estamos perante organismos vivos cuja essência não se dissipa com o passar dos
séculos.162

Para comunicar devidamente o património cultural é necessário ter a capacidade de o


compreender como um todo e, em simultâneo, ter a sensibilidade de o observar em
particular, percecionando, desse modo, os elementos que o diferenciam, uma vez que, a
diferença reside nas particularidades presentes em cada elemento patrimonial.163

160
“A preocupação fundamental é a de pensar na noção património cultural comum e de construir um
conceito de responsabilidade partilhada – envolvendo o património construído e material, o património
imaterial, mas igualmente a criação contemporânea.”, idem, p. 34-35.

161
“Importa deixar claro que, desde as suas origens, o conceito cultural de património se apresenta mais
fecundo e dinâmico e não centrado no passado. Etimologicamente, «património» tem a sua origem em duas
palavras latinas, patres e munus, que significam «pais» e «serviço», ou seja, trata-se de uma ação posta ao
serviço do que recebemos dos nossos pais. Desde o início dos anos 30, entrou-se num momento de viragem
no tocante ao reconhecimento da importância do dever de proteger o património como elemento crucial da
vida cultural. Estamos perante a capacidade criadora da humanidade perante a natureza – daí a etimologia
baseada no verno latino colo, colis, colere, colui, cultum que significa «cultivar» e «cuidar», que se aplica
quer no cultivar dos campos (agricultura) que no cultivar do espírito (cultura).”, idem, p. 18.
162
“Definido ao longo do tempo pela ação humana, o património cultural, longe de se submeter a uma visão
estática e imutável, tem de ser considerado como «um conjunto de recursos herdados do passado»,
testemunha e expressão de valores, crenças, saberes e tradições em contínua evolução e mudança. O tempo,
a História e a sociedade estão em contacto permanente. Nada pode ser compreendido e valorizado sem esse
diálogo extremamente rico.”, idem, p.7.
163
“A novidade resulta sempre desse diálogo entre o que recebemos e o que criamos. E a cultura situa-se
no ponto de encontro e de saída – não em confronto com a natureza, mas de complemento relativamente a
ela. A terra, as casas, os lugares, as regiões, os povos, as nações têm um espírito, sempre feito de diferenças
e de interdependência. Eis porque se tornou importante, em nome da dignidade da pessoa humana e da
procura de um «património ou herança comum», considerar, em ligação com o reconhecimento de um
«código genético cultural», os valores que o homem intui na sua experiência individual e social e que,
depois, reelabora racionalmente, com ideias de proporção e de ordem, com vista à realização do bem
comum, segundo o que exigem os valores da pessoa e a conservação e desenvolvimento da cultura.”,
Guilherme d’Oliveira MARTINS, Ao Encontro da História – O Culto do Património Cultural, p. 83-84.

69
HISTÓRIA E MEMÓRIA

A História e a Memória afiguram-se como sendo dois elementos que se entrelaçam e que
caminham lado a lado e não podemos falar de comunicação patrimonial sem atentar nestes
dois conceitos.164 Quando se pensa em comunicar o património cultural, terá sempre de
se ter em mente a estreita ligação entre estes dois elementos, uma vez que, os mesmos se
fundem e funcionam em completa harmonia.165 A História encontra-se repleta de
Memória.166

A IMPORTÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA

A História e a Memória são elementos que se encontram unidos, conforme afirmei


anteriormente. Ambas coexistem no mesmo espaço e não se pode falar da primeira sem
mencionar a última. A investigação histórica assume um papel fundamental na
comunicação do património, uma vez que, é necessário compreender a história de cada

164
“Quando falamos de respeito mútuo entre culturas e das diversas expressões da criatividade e da tradição,
estamos a considerar o valor que a sociedade atribui ao seu património cultural e histórico ou à sua memória
como fator fundamental para evitar e prevenir o «choque de civilizações», mas, mais do que isso, para criar
bases sólidas de entreajuda e de entendimento. Impõem-se, deste modo, o reconhecimento mútuo do
património inerente às diversas tradições culturais que coexistem no continente e uma responsabilidade
moral partilhada na transmissão do património às futuras gerações. E não esqueçamos o contributo do
património cultural para a sociedade e o desenvolvimento humano, no sentido de incentivar o diálogo
intercultural, o respeito mútuo e a paz, a melhoria da qualidade de vida e a adoção de critérios de uso
durável dos recursos culturais do território.”, Guilherme d’Oliveira MARTINS, Património Cultural -
Realidade Viva, p. 8.
165
“E não se diga que o património é constituído pelos marcos de pedra ou pelos grandes monumentos da
arquitetura – o património cultural é constituído por pedras mortas e por pedras vivas, por monumentos e
tradições, o património imaterial, mas também pela natureza, pela paisagem e pela criação contemporânea,
pelo valor acrescentado que adicionamos ao que recebemos das gerações que nos antecederam. A
identidade exige a compreensão da memória, da vivência, da receção e da entrega, do receber e do dar.
Uma identidade viva tem de ser disponível, aberta, rigorosa e apta a receber e a dar.”, Idem, p. 13.

166
“A importância turística dos monumentos e dos aglomerados urbanos históricos, a par da sua
importância cultural, impõe a sua salvaguarda e protecção não só porque constituem a memória de um povo
mas também porque constituem uma atracção turística, muitas vezes, única.”, Licínio CUNHA, Introdução
ao Turismo, p. 269.

70
elemento patrimonial para que, posteriormente, se possa proceder à criação dos conteúdos
que visam a comunicação e explanação dos elementos patrimoniais.167

A IMPORTÂNCIA DA INVENTARIAÇÃO

Em simultâneo com o processo de investigação histórica, há que iniciar também o


processo de inventariação do património.168 Só é possível construir um modelo de
comunicação sólido quando conhecemos de forma exímia e completa o património que
pretendemos comunicar. Como tal, a descrição detalhada de cada um dos elementos,
assumo um papel fundamental para que a comunicação seja bem-sucedida.169

167
“O presente das coisas passadas é a memória; o presente das coisas presentes é a vida, e o presente das
coisas futuras é a espera. A nossa relação com a Cultura apenas pode ser entendida, assim, a partir da
História, das diferenças, da complexidade e do pluralismo, da responsabilidade e da capacidade criadora.”,
Guilherme d’Oliveira MARTINS, Património Cultural - Realidade Viva, p. 30.
168
“Constituindo o Património Cultural um conjunto de bens móveis e imóveis, que se revestem de interesse
artístico, arquitectónico, paisagístico, histórico, etnológico, etnográfico, científico, bibliográfico e
arquivístico, o respectivo inventário deve assentar em três ideias base: Inventário e protecção, que
pressupõe uma estreita ligação com a política de protecção, encarando-a como o primeiro passo para o
conhecimento e avaliação do património e como ponto de partida de toda a política de classificação.
Inventário e planeamento de território, entendido como o utensílio de trabalho mais adequado aos
responsáveis das autoridades locais e regionais, contribuindo, desse modo, para a constituição de uma
importante dinâmica do planeamento do território. A sua ligação à paisagem, ao urbanismo, à arquitectura,
à arqueologia, com as respectivas inter-relações, contribuem para uma melhor compreensão de um sítio
cultural, incluindo componentes morfo-históricas, valores de conjunto, tipologias representativas da
actividade humana, que interessa considerar em qualquer política de gestão do território. Inventário e
conhecimento científico deve ser encarado como uma técnica de registo exaustivo, cujo objectivo é a
constituição de um verdadeiro conhecimento científico implicando, na maior parte dos casos, a divulgação
de apenas uma parte dos arquivos reunidos.”, Teresa MARQUES, “Inventário do Património Cultural: a
política da necessidade e a necessidade de uma política” in Património Edificado, Novas Tecnologias,
Inventários, p. 133

169
“O papel do inventário na integração do património deve ser entendido a partir de uma concepção do
património como um conjunto de valores, como um elemento de um processo integrado na transformação
do território, a que se junta um outro factor de igual importância: a educação desde os primeiros tempos da
escola, que possibilita a transmissão do conhecimento e, consequentemente, uma mudança de mentalidade

71
VALORIZAÇÃO PATRIMONIAL

À medida em que se esclarecem dúvidas e se encontram as respostas às perguntas que


colocámos, eis-nos chegados ao momento em que temos ao nosso alcance a capacidade
de valorizar o património e de o promover junto dos demais.170 A valorização patrimonial
surge como sendo o resultado do processo de investigação histórica e de inventariação do
património. Em simultâneo, há também que ter em consideração aquela que é a visão e
perceção da sociedade acerca dos elementos patrimoniais em questão.171 À medida que
concretizamos a investigação, a inventariação e a análise social do património,
encontramos ferramentas que nos vão permitir construir o discurso que pretendemos
transmitir.172

DIVULGAÇÃO PATRIMONIAL

O discurso construído visa, em simultâneo, a comunicação e a divulgação patrimonial.173


Como bem sabemos, são várias os métodos que podemos adotar e os caminhos que

gerada por esse valor acrescentado, ou seja, de “recuperar o património no coração das pessoas”, já que ele
faz parte da nossa história e, consequentemente, da nossa identidade.”, idem, p. 141.

170
“No fundo, temos o dever de estar atentos ao valor dinâmico do que recebemos e do que legamos – seja
memória genética, seja perceção virtual do passado, seja reminiscência histórica… Quando falamos de
património cultural, é de atualização criadora que cuidamos – pelo que não é apenas o passado que importa,
mas sim uma responsabilidade presente que renova e atualiza a fidelidade à herança recebida.”, Guilherme
d’Oliveira MARTINS, Património Cultural - Realidade Viva, p. 10.
171
“Para defender, proteger ou preservar um testemunho arqueológico ou um monumento, temos de
considerar o valor histórico e patrimonial, mas também a relação que a sociedade tem com esse elemento.”,
idem, p. 26.

172
“ (…) a arte e o património podem ser utilizados como instrumentos de aprendizagem da cidadania –
aprendizagem que entendemos ou definimos desta maneira: processo de aquisição de uma arte de viver em
sociedade com responsabilidade e cordialidade, com espírito crítico e reivindicativo, ciente dos seus direitos
e dos seus deveres, respeitador das diferenças e das divergências, aberto à resolução pacífica dos conflitos
e defensor dos valores democráticos.”, Manuel BARBOSA, Luís TEIXEIRA, Rui DUARTE, Educar para
a cidadania através da arte e do património, p. 15.

173
“(…) um monumento histórico, um lugar, uma tradição têm de ser defendidos e preservados não só
porque representam um sinal de presença e de vida de quem nos antecedeu, mas também porque contribuem

72
podemos seguir para atingir este objetivo. Atentando no conteúdo e no teor da minha
investigação e, consequentemente, da minha Dissertação, a construção de um roteiro
patrimonial aliado à projeção de um Centro de Interpretação da Freguesia, afiguram-se
como sendo elementos adequados para concretizar a divulgação. Através de uma rota e
de uma explanação adequada dos conteúdos patrimoniais, atinge-se, assim, o propósito
da comunicação patrimonial.

O modelo construído aplica-se a esta Freguesia, mas poderá, inclusive, aplicar-se a outras
localidades que apresentem um património semelhante, conforme mencionado
anteriormente. Este afigura-se como sendo um transmissor de conhecimento passível de
adaptação com a passagem do tempo.

decisivamente para enriquecer a nossa vida e a nossa existência – alimentando ainda os desígnios de
futuro.”, Guilherme d’Oliveira MARTINS, Património Cultural - Realidade Viva, p. 44.

73
Capítulo 4 - O futuro da Freguesia: proposta de programa de divulgação e fruição
do património cultural para residentes e turistas.

4.1 Guião de património cultural.

Os guiões de património cultural visam comunicar o património. Nesse sentido, quando


construímos roteiros patrimoniais o intuito é, especificamente, concretizar a comunicação
patrimonial. Pensar num guião de património onde se incluem vários roteiros dentro da
Freguesia de Reguengo Grande é perspetivar o futuro.174 É planear a expansão e a
transmissão do conhecimento patrimonial desta região, permitindo que o mesmo
atravesse fronteiras.

O roteiro que seguidamente apresentarei visa, efetivamente, espelhar uma visão global da
história da Freguesia de Reguengo Grande e apresentar aqueles que são os seus valorosos
elementos patrimoniais. Estamos perante várias secções patrimoniais, entre as quais se
destacam: o Património Religioso, o Património Memorial, o Património Civil, o
Património Natural e o Património Imaterial, conforme explicitado anteriormente.

Cada uma das rotas que seguidamente serão apresentadas atenta nas especificidades de
cada secção patrimonial, procurando valorizar cada elemento que constitui o património
cultural desta Freguesia. Cada um destes elementos será devidamente abordado em cada
rota. Este modelo de comunicação permite, assim, comunicar o património a turistas que
visitem a região e também aos residentes que nela habitam, conforme mencionado na
secção número três da presente Dissertação.

A aposta nestas iniciativas culturais permite trazer uma nova vida dinâmica a freguesias
como a Freguesia de Reguengo Grande. Localidades detentoras de elementos
patrimoniais que carecem de uma comunicação eficaz do mesmo.175 Trata-se de reavivar

174
“No que respeita ao turismo a zona Oeste é das regiões com uma diversidade enorme, principalmente
no que diz respeito ao seu litoral, onde podemos observar a existência de arribas fósseis, flora, fauna,
história, cultura e gastronomia. Aliando-se ainda a particularidade de se inserir na zona Centro do país.”,
Liliana RODRIGUES, Planalto das Cesaredas e o Turismo, Livro de resumos, I Congresso, Planalto das
Cesaredas, p. 9.
175
“A cultura assume-se cada vez mais como uma forma de lazer, como uma opção de ocupação de tempos
livres, à disposição de uma sociedade mais instruída e com mais rendimento disponível. Assiste-se a uma
consciência mais generalizada da importância da cultura como factor de desenvolvimento das sociedades.”,

74
histórias e memórias, criar novos postos de trabalho e impulsionar o desenvolvimento
local. Todos os aspetos mencionados se afiguram como sendo benéficos para a localidade
e para a população que nela habita.

Rotas:

Rota 1 – Rota do Património Religioso: Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos +


Capela do Cemitério + Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos + Igreja Matriz de São
Domingos.

A Rota 1 prevê a contemplação do Património Religioso que podemos observar na


Freguesia de Reguengo Grande, sendo que a mesma se dirige aos templos sagrados e aos
nichos que encontramos na própria aldeia de Reguengo Grande. Trata-se de uma rota que
tem uma duração prevista de 1 hora, sendo que, a mesma se destina a ser feita a pé, a um
ritmo calmo, adequando-se, assim, a todas as faixas etárias. O percurso tem início no
Museu Rural de Reguengo Grande. É neste local que será feita a apresentação introdutória
da rota. Iniciando a caminhada, o primeiro ponto de paragem será o Nicho de Nossa
Senhora dos Caminhos, onde será feita a explanação da sua história. De seguida,
caminharemos até à Capela do Cemitério, local repleto de história e memória.
Seguidamente, dirigir-nos-emos ao Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos, sendo este um
templo que apresenta um caráter histórico e lendário. Em sequência, seguiremos até à
Igreja Matriz de São Domingos, o maior templo sagrado que a Freguesia possui.
Terminaremos o nosso percurso retomando à entrada do Museu Rural. Ao longo da rota
serão disponibilizados conteúdos informativos que ilustrarão a história de cada um destes
elementos patrimoniais mantendo sempre em mente o fio condutor que os une.

Alexandra Rodrigues GONÇALVES, Francisco RAMOS, Carlos COSTA, O museu como pólo de atracção
turística, p. 78.

75
Rota 2 – Rota do Património Religioso: Capela de São Sebastião (Cesaredas) + Capela
de Nossa Senhora de Fátima (Fontelas).

A Rota 2 prevê também, tal como a Rota 1, a observação do Património Religioso. Esta
rota tem a duração de 1 hora e destina-se a ser feita de automóvel. O percurso tem início
no Museu Rural de Reguengo Grande e o mesmo terminará também nesse local. Tendo
em atenção a distância a que se situam a Capela de São Sebastião (Cesaredas) e a Capela
de Nossa Senhora de Fátima, a mesma foi pensada para ser feita de automóvel, de forma
que a distância não fosse um motivo de impedimento de se visitarem estes templos. O
ponto de encontro será o Museu Rural de Reguengo Grande, onde será feita uma nota
introdutória acerca do conteúdo da rota. Seguidamente, o primeiro ponto de paragem será
a Capela de Nossa Senhora de Fátima, que se encontra na localidade de Fontelas. Em
sequência, o nosso segundo e último ponto será a Capela de São Sebastião, que se
encontra na localidade de Cesaredas. Em ambos os templos, será feita, primeiramente,
uma introdução acerca da sua história. De seguida, analisaremos as caraterísticas
arquitetónicas que definem estes edifícios, prestando a atenção devida aos pormenores
que os caraterizam. Em sequência, analisaremos o interior das capelas, atentando no altar-
mor e nas santidades que neles se encontram. Seguidamente, falaremos acerca das
devoções particulares de cada um destes templos, atentando no santo patrono de cada um
deles. Observar-se-á a via-sacra presente em cada uma das capelas e também os azulejos
e os demais pormenores que as caraterizam. A rota será finalizada com uma reflexão geral
realizada junto do Museu Rural.

Rota 3 – Rota do Património Memorial: Brasão da Freguesia + Monumento de


Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial + Monumento de Homenagem ao ex-autarca
Domingos Carneiro + Cruzeiro da Restauração.

A Rota 3 prevê a contemplação do Património Memorial. Esta rota tem a duração de 30


minutos e destina-se a ser feita a pé. O percurso tem início no Museu Rural de Reguengo
Grande e o mesmo terminará também nesse local. Junto do Museu Rural, será apresentada
uma nota introdutória acerca deste património. Dirigir-nos-emos, primeiramente, ao

76
Brasão da Freguesia, ao Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial e ao
Monumento de Homenagem ao ex-autarca Domingos Carneiro, uma vez que, os mesmos
se encontram posicionados lado a lado, no mesmo local. Perante elementos patrimoniais
que evidenciam a memória de um povo, procuraremos enaltecer os pormenores que
caraterizam este património. Em sequência, prosseguiremos para o Cruzeiro da
Restauração, onde procederemos à apresentação do mesmo. Seguidamente, dirigir-nos-
emos de volta ao Museu Rural, onde se fará uma nota final que concluirá esta rota.

Rota 4 – Rota do Património Civil: Museu + Arquitetura Vernacular + Mural da


História de Portugal.

A Rota 4 prevê a observação do Património Civil. Esta rota tem a duração de 1 hora e
destina-se a ser feita a pé. O percurso tem início no Museu Rural de Reguengo Grande e
o mesmo terminará também nesse local. No Museu Rural trataremos de efetuar a abertura
desta rota. Começaremos precisamente por enaltecer e dar a conhecer a história deste
Museu, elemento este que preza a comunicação, a proteção e a salvaguarda do património,
através da exposição, da manutenção e do cuidado de diversos objetos que caraterizam e
espelham a história local desta região. Seguidamente, atentaremos no protótipo do
modelo da antiga casa típica da localidade, construído sob comando da Junta de
Freguesia. Em sequência, caminharemos pela aldeia de Reguengo Grande, onde
procuraremos observar a Arquitetura vernacular que, todavia, subsiste, atentando com
maior atenção numa habitação localizada na Estrada do Fortim, habitação esta que se
mantém num razoável estado de conservação e através da qual é possível caraterizar e,
em simultâneo, observar os materiais e as técnicas de construção de tempos antigos.
Seguiremos em direção ao Mural da História de Portugal, local onde atentaremos nas suas
particularidades. A rota terá a sua conclusão junto do Museu Rural, onde será feito um
balanço geral, em forma de síntese, acerca da mesma.

77
Rota 5 – Rota dos Moinhos: Moinhos (Reguengo Grande).

A Rota 5, prevê a contemplação única e exclusiva dos moinhos que se encontram


localizados na aldeia de Reguengo Grande. Esta rota tem a duração de 1 hora e destina-
se a ser feita a pé. O percurso tem início no Museu Rural de Reguengo Grande e o mesmo
terminará também nesse local. Partindo do Museu, seguiremos em direção ao centro da
aldeia. A observação dos moinhos será feita no exterior dos mesmo, sendo que, se tratam
de imóveis sob domínio de particulares. Os moinhos marcam a história o
desenvolvimento civilizacional desta localidade e, como tal, são merecedores da nossa
maior atenção. Falaremos da sua história e do contributo que tiverem no desenvolvimento
desta região. A rota terminará, sendo feita uma nota final, junto do Museu Rural.

Rota 6 – Rota do Património Natural e do Património Civil: Rio Galvão + Azulejos


+ Chafariz + Ponte Primeiro de Maio.

A Rota 6 prevê a observação do Património Natural e do Património Civil que


encontramos na aldeia de Reguengo Grande. Esta rota tem a duração de 45 minutos e
destina-se a ser feita a pé. O percurso tem início no Museu Rural de Reguengo Grande e
o mesmo terminará também nesse local. Junto do Museu será feita uma nota introdutória
acerca da rota. Seguiremos em direção ao centro da aldeia, ao encontro do Rio Galvão.
Perante este elemento natural de elevada importância para esta localidade, falaremos
acerca da sua história e do seu contributo para o desenvolvimento civilizacional da região
e da sua população. De seguida, atentaremos nos Azulejos que ladeiam o curso de água e
que o acompanham. Tratam-se de elementos merecedores de análise e destaque, uma vez
que, ilustram também a realidade rural desta localidade. Em sequência, atentaremos no
Chafariz existente e na memória de um Chafariz Manuelino do século XVI, que aqui terá
existido. Por fim, atentaremos na Ponte Primeiro de Maio de 1976. A rota terminará junto
do Museu onde será feita um apontamento em formato de conclusão.

78
Rota 7 – Rota do Património Natural e do Património Civil: Vale Cornaga
(Lavadouros, Pontes Medievais e Azenhas).

A Rota 7 prevê a contemplação do Património Natural e do Património Civil presentes


no Vale Cornaga, parte integrante da aldeia de Reguengo Grande. Esta rota tem a duração
de 1 hora e destina-se a ser feita a pé. O percurso tem início no Museu Rural de Reguengo
Grande e o mesmo terminará também nesse local. Caminharemos em direção ao centro
da aldeia onde encontraremos o Rio Galvão, seguindo o curso da sua água dirigir-nos-
emos ao coração do Vale Cornaga. Ao longo do percurso encontraremos os Lavadouros,
as Pontes Medievais e as Azenhas que tanto caraterizam e que marcam a história desta
localidade. Exploramos a memória histórica de cada um destes elementos patrimoniais e
abordaremos aquele que foi o contributo destes elementos para o desenvolvimento
populacional e local. O Vale Cornaga apresenta-se como sendo o elemento impulsionador
da economia e do desenvolvimento populacional desta Freguesia. Era neste Vale que as
pessoas se fixavam tendo em conta a proximidade dos recursos hídricos que são
fundamentais para a subsistência humana e animal. Finda a caminhada, retomaremos ao
ponte de partida da rota onde a concluiremos.

Rota 8 – Rota do Património Natural: Campos agrícolas + Produção da Maçã


Reguengueira.

A Rota 8 prevê a observação do Património Natural que encontramos ao longo da aldeia.


Atentaremos na produção existente nos campos agrícolas e naquela que é, desde sempre
célebre entre a população da Reguengo Grande, a Maçã Reguengueira. A rota tem a
duração de 1 hora e destina-se a ser feita a pé. O percurso tem início no Museu Rural de
Reguengo Grande e o mesmo terminará também nesse local. Deambularemos pela aldeia,
de encontro aos campos agrícolas. Junto dos mesmos falaremos daquela que é a tradição
agrícola desta localidade e de que forma a mesma impulsionou o desenvolvimento
territorial e populacional desta região. Atentaremos na Maçã Reguengueira e na sua
ilustre fama, explorando, assim, a sua história e origem. A rota terminará junto do Museu,
onde os visitantes poderão visitar um núcleo dedicado à história agrícola da região.

79
Rota 9: Rota do Património Imaterial: Chafariz Manuelino + Lendas Locais + Tradição
Folclórica + Degustação do doce regional, “Reguengos”.

A Rota 9 prevê o enaltecimento do Património Imaterial que encontramos nesta região.


A mesma tem a duração de 1 hora e destina-se a ser feita a pé. O percurso tem início no
Museu Rural de Reguengo Grande e o mesmo terminará também nesse local. Junto ao
Museu falaremos, primeiramente da importância deste património e dos moldes em que
o encontramos nos dias de hoje. Seguiremos até junto do Rio Galvão onde recuaremos a
tempos antigos, evocando a memória de um Chafariz Manuelino do Século XVI do qual
permanece a lembrança. Em sequência, falaremos das lendas que marcam esta localidade.
Abordaremos a origem lendária que denominou a localidade de Cesaredas, parte
integrante da Freguesia de Reguengo Grande, falaremos da lenda de Pedro e Inês,
ressalvaremos a lenda relacionada com as invasões francesas e, por fim, atentaremos na
lenda da maldição do Nicho do Sr. Jesus dos Aflitos. Ressalvaremos também a tradição
folclórica que se mantém viva nos dias de hoje e, concluiremos a nossa rota, degustando
o doce regional desta localidade, designado de “Reguengo”. Retomaremos ao Museu,
local onde daremos por terminada a rota.

Estas rotas afiguram-se como sendo elementos de elevada importância, uma vez que, será
no decurso das mesmas que se irá comunicar o património a munícipes e a visitantes.
Tratam-se de roteiros adequados a todas as faixas etárias, incluindo, as escolas do
Concelho da Lourinhã, sendo estas também um público a ter também em atenção.

A narrativa global, que desde o início é mencionada, encontra-se espelhada em cada uma
destas rotas, nas quais os elementos patrimoniais se encontram integrados em secções e
interligados entre si mesmos atentando, assim, nas particularidades de cada um e na visão
globalizante do seu todo.

80
4.2 Criação de um centro de interpretação da Freguesia de Reguengo Grande.

Atualmente são cada vez mais os Centros de Interpretação que surgem um pouco por todo
o nosso país. Os mesmos funcionam numa simbiose perfeita com os Museus.176 Tratam-
se de instituições culturais que visam a salvaguarda, a proteção, a comunicação e a
divulgação do património.177 O que os distingue, primeiramente, é o estatuto legal de cada
um deles e, em segundo lugar, os mesmos distinguem-se pela forma como comunicam os
demais elementos patrimoniais que possuem, uma vez que, a narrativa adotada por cada
um deles se apresenta como sendo distinta. A uni-los encontra-se a missão da salvaguarda,
da proteção e da valorização do património.178

Atentando na Freguesia de Reguengo Grande, conforme saberá quem conhece esta


localidade, a mesma é detentora de um Museu Rural que atualmente não se encontra em
funcionamento, conforme mencionado anteriormente. Trata-se de um espaço expositivo
que apresenta um elevado potencial e que muito tem a seu favor. Para que o mesmo volte
a ganhar vida e se torne verdadeiramente numa instituição cultural, o mesmo necessita de
ser repensado e reabilitado.179 E porque não apostar na mudança e integrar no Museu um

176
“A discussão sobre os museus, o turismo e o território parte de uma clarificação do conceito de museu
actual e da emergência de novos paradigmas na sociedade, aos quais o museu do futuro não pode ficar
indiferente, sobretudo, como forma de potenciar a sua atracção junto do público turista, mas também se se
pretende afirmar como equipamento de lazer.”, Alexandra Rodrigues GONÇALVES, Francisco RAMOS,
Carlos COSTA, O museu como pólo de atracção turística, p. 79.

177
“A problemática da preservação, conservação, gestão e valorização dos bens culturais, ocupa e preocupa,
de modo crescente, um largo conjunto de actores económicos e sociais em Portugal. Efetivamente, desde o
último quartel do séc. XX que a salvaguarda dos testemunhos históricos das civilizações, passados e
presentes constitui uma das actividades centrais dos agentes culturais (…)”, Sandra, LAMEIRA, A
Preservação, Conservação e Valorização do Património Cultural em Portugal, p. 12.
178
“La museografía, que trata de los museos en todos sus aspectos, nace del perfeccionamiento de los
detalles técnicos para la mejor valoración de la obra. De aquí su vinculación directa y evidente con la
historia del arte. El museo tiene como finalidad principal conservar la obra y, por consiguiente, amparar las
tradiciones artísticas.”, J. A. García MARTÍNEZ, Introducción a la Historia del Arte, p. 99.

179
“A diversidade cultural e a pluralidade de pertenças obrigam, deste modo, a recusar as identidades
fechadas, uma vez que estas só ganham pleno sentido quando abertas e disponíveis para dar e receber, e
para assegurarem um permanente diálogo entre a tradição e a modernidade. Tradição significa transmissão,
dádiva, entrega, gratuitidade. Modernidade representa o que em cada momento acrescentamos à herança

81
Centro de Interpretação da Freguesia de Reguengo Grande? É precisamente nessa minha
proposta que seguidamente atentarei.

O objetivo passa por utilizar o que já existe, o espaço em si e os objetos de exposição, e


repensar o conceito expositivo e a narrativa que o acompanha. Cada núcleo patrimonial
será devidamente integrado nesta instituição estando os mesmos em sintonia com os
roteiros criados que terão uma ligação direta com esta instituição. Estamos diante de um
espaço que deve visar a comunicação do património desta Freguesia. Para que tal suceda,
o mesmo deve transmitir conhecimento acerca da história e do património desta
localidade. O modelo de comunicação construído encontra-se adaptado às diferentes
faixas etárias e aos diferentes níveis de escolaridade tornando, assim, a narrativa clara e
acessível para todos.

Estamos perante um património predominantemente rural que se afigura extremamente


interessante, uma vez que, o mesmo, dentro de alguns anos, será um tipo de património
raro de se encontrar e, como tal, este deve ser valorizado, protegido, salvaguardado e
preservado. O caráter popular que o mesmo apresenta não o torna menos importante do
que qualquer outro tipo de património, uma vez que, esta caraterização o torna-o autêntico
e merecedor de estudo e de atenção.

Há que explicitar as razões que sustentam a importância de integrar um Centro de


Interpretação no Museu já existente. Dinamizar este local trará inúmeras vantagens, tanto
para a localidade em si, e para os seus habitantes, como para o próprio Concelho da
Lourinhã, pensando nesta Freguesia como sendo uma localidade que se encontra inserida
num todo.

Primeiramente, há que salientar que, ao reabilitar este espaço estamos a trazer uma nova
vida e a criar uma nova dinâmica nesta localidade. Este espaço receberá pessoas vindas
de várias zonas do país e também de países estrangeiros o que, por si só, é benéfico uma

recebida, como fator de liberdade e de emancipação, de autonomia e de criação.”, Guilherme de Oliveira


MARTINS, Ao Encontro da História – O Culto do Património Cultural, p. 83-84.

82
vez que, proporciona uma fusão de culturas e uma transmissão de conhecimento entre
turistas e residentes.180

Em segundo lugar, há que realçar que ao renovarmos esta instituição estamos também a
criar novas profissões nesta localidade e, consequentemente, novos postos de trabalho.181
Em simultâneo, estamos também a impulsionar a economia e o desenvolvimento local,182
o que se afigura como sendo positivo para toda a região.183

Em terceiro lugar, importa mencionar que estaríamos a revitalizar um espaço que visa a
proteção do património, sendo que, é importante ter em mente que o património se
encontra suscetível à passagem do tempo e, como tal, o mesmo necessita de ser
devidamente conservado, pois caso tal não aconteça, corre o risco de se perder para
sempre.184 Estamos a falar de objetos e de memórias que carecem de conservação e de

180
“O turismo deve assim desenvolver-se em harmonia com a defesa e salvaguarda do património cultural,
contribuindo para a sua valorização e reconhecimento.”, Guilherme d’Oliveira MARTINS, Património
Cultural - Realidade Viva, p. 72.

181
“… a existência de diversas potencialidades a nível turístico no concelho, que lhe advêm não só da sua
localização privilegiada como do património natural e edificado aí existente, reforça o peso destas
actividades. Nota-se assim uma grande importância das actividades de serviços e turismo, fundamental não
só pela sua própria importância e dimensão como pelo seu potencial empregador (…)”, Mário,
BAIRRADA, Paulo MADRUGA, Paula RATO, Conceição MORENO, José Luís ALBUQUERQUE,
Maria Alberto BRANCO, Pedro COSTA, Perspectivas para o Desenvolvimento da Zona da Lourinhã, p.
73.

182
“Segundo os últimos estudos, a zona Oeste tem uma previsão de crescimento em turismo de natureza,
trazendo nomeadamente a esta região do planalto das Cesaredas uma excelente posição. Oferecendo como
tal uma vasta atração de turismo de natureza, ambiental, cultural, histórico, arqueológico, ecoturismo,
geoturismo e ainda actividades com trecking, sight-seeing e espeleologia. Culminando assim numa nova
realidade no aparecimento de novos postos de trabalho, novas inovações de turismo e na recuperação de
determinadas profissões.”, Liliana RODRIGUES, Planalto das Cesaredas e o Turismo, Livro de resumos,
I Congresso, Planalto das Cesaredas, p. 9.

183
“A cultura tem ganho uma dimensão estratégica e os museus, não raramente promovem actividades
turísticas que estão na base de economias locais e regionais.”, Alexandra Rodrigues GONÇALVES,
Francisco RAMOS, Carlos COSTA, O museu como pólo de atracção turística, p. 79.
184
“Configurando-se como direito a usufruir por indivíduos e colectividades, o património também implica
um conjunto de deveres de cidadania. O conhecer, o cuidar e o preservar são alguns desses deveres –
eventualmente indutores de outras obrigações e de outros comportamentos cívicos. Conhecer, compreender

83
cuidados, uma vez que, a história não se repete e, uma vez perdidos, será impossível
recuperá-los.185

Tanto o património material como património imaterial terão lugar nesta instituição.186 A
narrativa construída permitirá evocar e representar ambos, atentando nas particularidades
de cada um deles.

O património encontra-se à disposição de todos nós. Todos temos a possibilidade de


usufruir da fruição cultural que estes elementos nos proporcionam. Como tal, é dever de
cada um de nós, respeitá-lo, cuidá-lo e preservá-lo. Os objetos de hoje serão a história de
amanhã. Tenhamos em mente a importância desta máxima para que o legado de cada
civilização e de cada geração não se perca com a passagem do tempo.

Esta Dissertação tem como propósito, desde o início, contar aquela que é a história da
Freguesia de Reguengo Grande e enaltecer e valorizar o seu património. A utilidade e a
relevância deste trabalho de investigação prendem-se com o facto de o mesmo ter
construído uma narrativa global que permite comunicar a história e o património desta
localidade através de uma visão integradora que une e articula todos os elementos
patrimoniais. O modelo de comunicação construído permite efetuar esta comunicação, de
forma inequívoca, alcançando todas as gerações. Este feito afigura-se como sendo um
passo em direção ao futuro. Tal como o título deste trabalho indica, trata-se de valorizar
o passado e apostar no futuro e esse foi, desde sempre, o meu principal objetivo.

e cuidar do património pode ser assim uma “escola de cidadania” (…)”, Manuel BARBOSA, Luís
TEIXEIRA, Rui DUARTE, Educar para a cidadania através da arte e do património, p. 16.
185
“O «dever de não esquecer» é extensível a todo o legado histórico. A memória do que nos antecedeu
deve ser preservada. O valor do património cultural, material e imaterial exige a aceitação da verdade dos
acontecimentos, positivos e negativos, para que possamos ganhar em experiência, pelo «trabalho de
memória».”, Guilherme de Oliveira MARTINS, Património Cultural - Realidade Viva, p. 27-28.

186
“Uma obra de arte, uma catedral ou uma choupana tradicional, um conto popular, as danças e os cantares,
a língua e os dialetos, as obras dos artesãos, a culinária ancestral – eis-nos perante expressões de valores
que põem em contacto a História e a existência individual, a razão e a emoção, que constituem a matéria-
prima de uma cultura de paz.”, idem, p. 9.

84
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91
Anexo Documental

Índice de Anexos

Anexo 1:

Documento 1 - Mapa da Freguesia de Reguengo Grande.

Anexo 2:

Documento 1 - Carta de D. João I. Documento transcrito por Rui Marques Cipriano na


sua obra Vamos falar da Lourinhã, p. 251-252.

Anexo 3:

Documento 1 - Inquérito das Memórias Paroquiais – ANTT.

Documento 2 - Respostas ao Inquérito das Memórias Paroquiais referentes à Paróquia de


Reguengo Grande. Documento transcrito por António Lopes Ribeiro na sua obra
Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã), p. 67-68.

Anexo 4:

Documento 1 - Transcrição de um documento de 1764 designado “Falta de


Mantimentos”. Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra Lourinhã –
Memórias da sua região, p. 121.

Documento 2 - Transcrição de um documento de 1813 designado “Doação Inter Vivos”.


Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra Lourinhã – Memórias da
sua região, p. 121.

Documento 3 - Transcrição de um documento de 1838 designado “Auto de Juramento”.


Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra Lourinhã – Subsídios para
uma monografia, p. 30.

92
Documento 4 - Transcrição de um documento de 1838 designado “Auto de Juramento”.
Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra Lourinhã – Subsídios para
uma monografia, p. 31.

Documento 5 - Transcrição de um documento de 1838 designado “Auto de Juramento”.


Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra Lourinhã – Subsídios para
uma monografia, p. 33.

Documento 6 - Transcrição de um documento de 1904 designado “Almanach da Folha


de Torres Vedras”. Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra
Lourinhã – Subsídios para uma monografia, p. 86.

Anexo 5: Fichas de Inventário do Património da Freguesia de Reguengo Grande.

93
Anexo 1.

Documento 1: Mapa da Freguesia de Reguengo Grande.187

187
Cf. https://www.google.pt/maps/@39.2872662,-9.2451766,14z?hl=pt-PT

94
Anexo 2.

Documento 1: Carta de D. João I. Documento transcrito por Rui Marques Cipriano


na sua obra Vamos falar da Lourinhã, p. 251-252.

“D. João por graça de Deus Rey de Portugal e do Algarve a todos os Corregedores, Juizes
e Justiças Oficiais, e pessoas e outros quaisquer que esta houverem de ver por qualquer
guiza que seja, que esta Carta for mostrada ou o treslado dela em pública forma, feito por
autoridade da Justiça, onde sabedes que nos vendo com os Caseiros das Ordens e Fidalgos
e de outras pessoas que nos… hão privilégios porque sejam escusados de muitos encargos
e por esta razão se despovoavam os nossos reguengos e herdades, querendo nós fazer
graça e mercê aos que os nossos reguengos e herdades lavrarem, temos por bem e
mandamos que todos aqueles que lavrarem corporalmente em nossas quintas e casais
encabeçados e outras herdades, não lavrarem senão as nossas, enquanto assim em elas
morarem, sejam escusados de pagarem quaisquer peitas e fintas e talhas e emprestidos,
nem em outros nenhuns encargos dos concelhos onde assim morarem e em o mesmo de
irem com presos, nem com dinheiros e de servirem em todos os outros encargos de
Concelhos. E outro sim, de serem Tutores, nem Curadores de nenhumas pessoas e de
haverem nenhum ofícios contra sua vontade. E outro sim, mandamos e defendemos, que
nenhum de qualquer estado e condição que seja, não pouse com eles, nem lhes seja
tomado seu pão, nem vinho, nem roupa, nem palha, nem lenha, nem galinhas, nem outra
nenhuma coisa do seu, nem gados, contra a sua vontade, sob pena de nossos encoutos e
de seis mil soldos, que mandamos que pague para nós, qualquer que lhes contra esta for.
E, porém, mandamos a Vós Corregedores e Juizes e Justiças que lhes façades, assim mui
bem cumprir e guardar e não consintades que lhes nenhum contr ele vá em nenhuma guiza
que seja e não o querendo vós assim fazer contra este nosso mandado, por esta carta
mandamos a qualquer Tabelião que os empraze perante nós, que no dia que nos assim
emprazar a quinte dias primeiros e seguintes, pareçedes perante nós a dizerdes qual é a
razão porque lhes não guardades a dita nossa Carta pela guiza que em ela é conteúda e
nos faça perto de como vos emprazara e do dia do aparecer para volo estranha, como
nossa mercê por vos al nom façades. E em testemunho disto, lhe mandamos dar esta nossa
Carta.

95
Dante em Coimbra, três dias de Fevereiro. El-Rei o mandou por Rui Lourenço, Deão de
Coimbra, Licenciado em Degredos, e por João Afonso, Escolar em Leis, seu vassalo,
ambos do seu Desembargo.

Álvaro Gonçalves a fez Era de mil quatrocentos trinta e três anos.”188

188 Transcrito por Rui Marques CIPRIANO, Vamos falar da Lourinhã, p. 251-252.

96
Anexo 3.

Documento 1: Inquérito das Memórias Paroquiais – ANTT.

“Para além do índice alfabético das localidades que remete para os volumes e fólios onde
se encontram as respostas dos párocos, contém também um prólogo onde é feito um
historial da documentação, e a transcrição do interrogatório ou inquérito a que os párocos
responderam, que é o seguinte:

“1. Em que província fica, que bispado, comarca, termo e freguesia pertence?

2. Se é d’el-rei, ou de donatário, e quem o é ao presente?

3. Quantos vizinhos tem e o número das pessoas?

4. Se está situada em campina, vale ou monte, e que povoações se descobrem dela, e


quanto dista?

5. Se tem termo seu, que lugares ou aldeias compreende, como se chamam, e quantos
vizinhos tem?

6. Se a paróquia está fora do lugar, ou dentro dele, e quantos lugares, ou aldeias tem a
freguesia, todos pelos seus nomes?

7. Qual é o orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem; se tem
irmandades, quantas, e de que santos?

8. Se o Pároco é cura, vigário, ou reitor, ou prior, ou abade, e de que apresentação é, e


que renda tem?

9. Se tem beneficiados, quantos, e que renda tem, e quem os apresenta?

10. Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros?

11. Se tem hospital, quem o administra, e que renda tem?

12. Se tem casa de Misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem; e o que houver
notável em qualquer destas cousas?

13. Se tem ermidas, e de que santos, e se estão dentro, ou fora do lugar, e a quem
pertencem?

97
14. Se acode a eles romagem, sempre, ou em alguns dias do ano, e quais são estes?

15. Quais são os frutos da terra que os moradores recolhem em maior abundância?

16. Se tem juiz ordinário, etc., câmara, ou se está sujeita ao governo das justiças de outra
terra, e qual é esta?

17. Se é couto, cabeça de concelho, honra, ou beetria?

18. Se há memória e que florescessem, ou dela saíssem, alguns homens insignes por
virtudes, letras, ou armas?

19. Se tem feira, e em que dias, e quantos dura, se é franca ou cativa?

20. Se tem correio, e em que dias da semana chega e parte; e, se o não tem, de que correio
se serve, e quanto dista a terra onde ele chega?

21. Quanto dista da cidade capital do bispado, e quanto de Lisboa, capital do reino? Se
tem algum privilégio, antiguidades, ou outras cousas dignas de memória?

22. Se há na terra, ou perto dela alguma fonte, ou lagoa célebre, e se as suas águas tem
alguma especial qualidade?

23. Se for porto de mar, descreva-se o sítio que tem por arte ou por natureza, as
embarcações que o frequentam e que pode admitir?

24. Se a terra for murada, diga-se a qualidade de seus muros; se for praça de armas,
descreva-se a sua fortificação.

25. Se há nela, ou no seu distrito algum castelo, ou torre antiga, e em que estado se acha
ao presente?

26. Se padeceu alguma ruína no terramoto de 1755, e em quê, e se está reparado?

27. E tudo o mais que houver digno de memória, de que não faça menção o presente
interrogatório?

Na segunda parte pretende-se saber o seguinte sobre a serra:

1. Como se chama?
2. Quantas léguas tem de comprimento, e quantas de largura; onde principia, e onde
acaba?
3. Os nomes dos principais braços dela?

98
4. Que rios nascem dentro do seu sítio, e algumas propriedades mais notáveis delse; as
partes para onde correm, e onde fenecem?
5. Que vilas e lugares estão assim na serra, como ao longo dela?
6. Se há no seu distrito algumas fontes de propriedades raras?
7. Se há na serra minas de metais, ou canteiras de pedra, ou de outros materiais de
estimação?
8. De que plantas, ou ervas medicinais é a serra povoada, e se se cultiva em algumas
partes, e de que géneros de frutos é mais abundante?
9. Se há na serra alguns mosteiros, igrejas de romagem, ou imagens milagrosas?
10. A qualidade do seu temperamento?
11. Se há nela criações de gados, ou de outros animais, ou caça?
12. Se tem alguma lagoa, ou fojos notáveis?
13. E tudo o mais que houver digno de memória?

E sobre os rios que passarem na terra, procura-se saber:

1. Como se chama, assim o rio, como o sítio onde nasce?


2. Se nasce logo caudaloso, e se corre todo o ano?
3. Que outros rios entram nele, e em que sítio?
4. Se é navegável, e de que embarcações é capaz?
5. Se é de curso arrebatado, ou quieto, em toda a sua distância, ou em alguma parte dela?
6. Se corre de norte a sul, se de sul a norte, se de poente a nascente, se de nascente a
poente?
7. Se cria peixes, e de que espécie são os que traz em maior abundância?
8. Se há nele pescarias, e em que tempo do ano?
9. Se as pescarias são livres, ou de algum senhor particular, em todo o rio, ou em alguma
parte dele?
10. Se se cultivam as suas margens, e se tem muito arvoredo de fruto ou silvestre?
11. Se tem alguma virtude particular as suas águas?
12. Se conserva sempre o mesmo nome, ou o começa a ter diferente em algumas partes,
e como se chamam estas, ou se há memória de que em outro tempo tivesse outro
nome?
13. Se morre no mar, ou em outro rio, e como se chama este, e o sítio em que entra nele?
14. Se tem alguma cachoeira, represa, levada, ou açudes que lhe embaracem o ser
navegável?

99
15. Se tem pontes de cantaria, ou de pau, quantas e em que sítio?
16. Se tem moinho, lagares de azeite, pisões, noras ou outro algum engenho?
17. Se tem algum tempo, ou no presente, se tirou ouro das suas areias?
18. Se os povos usam livremente das suas águas para a cultura dos campos, ou com
alguma pensão?
19. Quantas léguas tem o rio, e as povoações por onde passa, desde o seu nascimento até
onde acaba?
20. E qualquer outra.
21. cousa notável que não vá neste interrogatório.”189

Índice Geográfico das Cidades, Vilas e Paróquias de Portugal (…), Memórias Paroquiais, Volume 44,
189

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, DigitArq, https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4242887

100
Anexo 3.

Documento 2: Respostas ao Inquérito das Memórias Paroquiais referentes à


Paróquia de Reguengo Grande. Documento transcrito por António Lopes Ribeiro
na sua obra Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da Lourinhã),
p. 67-68.

“Respostas aos interrogatorios, que ha poucos dias me chegaram acerca desta terra
chamada o lugar de Reguengo Grande escritas por mim o Padre Manoel Pereyra dos Reys
Parocho no mesmo lugar abaixo asignado.

Reguengo Grande fica na Provincia da Estremadura Patriarchado de Lisboa: comarca de


Alenquer: terreno de Obidos Freguesia de Sam Domingos do Lotto (?) lugar anexo a
Santa Maria da villa de Obidos.

He Terra da Rainha nossa Senhora tem juiz Privativo, que a governa excepto em causas
crimes, o qual juiz he dos direitos Reayas da V.ª das Caldas a cujo hospital he tributaria
pagando quartos de todo o gram que cultiva dentro de… marcaçoens por cuja rezão tem
pervilegio ainda de varias coizas.

Tem cento e trinta vezinhos e quatro centos… e de fora trinta fogos e cento…

Esta cituada em valle quazi todo Penhasco de pedra, de que se tira muita cantaria, e não
se descobre della senam os cazais da Fontella que distarâm hum tiro de…

A Parochia esta dentro do lugar, e tem os Casais da Fontella, que constam de doseseis
vezinhos = Os Cazais do Serrano, que constam de sete vezinhos = Cazal do Leitam: Casal
da Rencada: Cazal da… = Quinta de Villa Viçosa.

O Orago da freguesia de Sam Domingos tem tres altares: o Altar Mor com Santissimo
Sacramento e Sam Domingos e Sam Sebastiam e… e um de Nossa Senhora do Rosario e
outro de Nossa Senhora dos Remedios e Santo Amaro, e so tem a Irmandade das Almas.

O Parocho he Cura da… do Excelentissimo Colegio Patriarchal com prior da Igreja de


Santa Maria da Villa de Obidos e juntam dos Reverendos Beneficiados da ditta Igreja de
Santa Maria: Tem de renda que lhe pagam os freguezes oitenta alqueyres de trigo:
sincoenta e seis almudes de vinho: trinta alqueyres de sevada, e mais doze alqueyres e
meio de trigo que pagam os Reverendos Beneficiados do celeyro da freguesia e com

101
rendimento contigente da pasta da Igreja, e hum aorta que… aos curas importara tudo em
sem mil reys.

Os frutos que os moradores colhem com maior abundância sam pam e especialmente
frutas de maçans de sorte que quazi em todo o anno vam em todos os dias muitas cargas
para a Cidade de Lisboa, e tam boa estimação que dellas se faz o provimento na… do Ex.
REY nosso Senhor pelas nam achar em Colares tam boas o condutor que tem obrigação
de dallas quazi em todo o anno.

Dista da Cidade de Lisboa Capital deste Reyno dez Legoas e meia.

Nam padeseo ruina no terramoto de 1755 e apenas se divizaram algumas fendas em


paredes de poucas cazas; e nam há mais que responder porque de tudo o mais de que
fazem nomear os interrogatorios he carecedora esta terra.

Reguengo Grande hoje 2 de Janeiro de 1759”190

190
Transcrito por António Lopes RIBEIRO, Monografia da freguesia de Reguengo Grande (Concelho da
Lourinhã), p. 67-68.

102
Anexo 4.

Documento 1 - Transcrição de um documento de 1764 designado “Falta de


Mantimentos”. Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra
Lourinhã – Memórias da sua região, p. 121.

“Dizem os moradores do lugar do Reguengo Grande, termo da vila de Óbidos (Em 1839
pertencia ao concelho de Óbidos e em 1852 ao da Lourinhã) que pela grande necessidade
que padessem pela falta mantimentos do dito Povo, principalmente de mantimentos de
carne, de carne por não haver açougue senão na vila e por esta ficar a légua e meia distante
e padecer aquele Povo grande detrimento, principalmente, os doentes por ser muito
grande os detrimentos que experimentam por ser mais de cento e sessenta vizinhos, razão
por que recorrem os suplicantes a V. Magde. para que lhe conceda a Graça de Provisão
para poderem nomear para marchante a Sebastião Monteiro para que este se obrigue a dar
carne todo o ano ao dito Povo pelo preço que correr na mesma vila para remédio dos
doentes e mais Povo pela falta de mantimentos daquela terra, o que poderá informar a
Câmara da mesma vila, portanto,

P. a V. Magde. etc E.R.M

Despacho: Haja vista o Procurador da Coroa, Lisboa, 19/1/1764

Passe Provisão na forma da informação. Lisboa, 17/1/1764

Fonte: ANTT, Des. do Paço, Estremadura e Ilhas, Maço 5 nº 9”191

191 Transcrito por Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã – Memórias da sua região, p. 121.

103
Anexo 4.

Documento 2 - Transcrição de um documento de 1813 designado “Doação Inter


Vivos”. Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra Lourinhã –
Memórias da sua região, p. 121.

“Diz Joaquim da Vaza César da Cunha, da vila de Torres Vedras que sua tia D. Maria
Honória César Palhano da vila da Lourinhã lhe fizera por escritura pública, constante do
documento junto, doação inter vivos com trespasse do domínio e posse de um prazo em
fateusim, foreiro do Hospital da vila das Caldas em 6 alqueires de trigo, situado no limite
do Reguengo Grande com obrigação estipulada na mesma escritura junta. E como para a
devida validade da dita doação se precisa confirmação de V.A.R., por isso é que o
suplicante

P. a V.A.R. etc E.R.M

Despacho: Ao suplicante se há-de passar carta de insinuação de doação de bens que valem
698$100 reis. Lisboa, 27/9/1813.

Fonte: ANTT; Des. do Paço, Torres Vedras, maço 611 nº13”192

192 Ibidem.

104
Anexo 4.

Documento 3 - Transcrição de um documento de 1838 designado “Auto de


Juramento”. Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra
Lourinhã – Subsídios para uma monografia, p. 30.

“Auto de Juramento (6-5-1838)

Ano do Nascimento de N. S. Jesus Cristo de 1838 aos seis dias do mês de Maio do dito
ano, pela uma da tarde, nesta vila da Lourinhã, na Secretaria da Administração deste
concelho apareceram os regedores das paróquias da Administração de S. Miguel do
Vimeiro, São Lourenço dos Francos, Senhora da Conceição da Moita dos Ferreiros, São
Domingos do Reguengo Grande, Espírito Santo do Moledo, São Lourenço dos Galegos
perante o Administrador do mesmo Concelho, Juiz da Vara, Cesar de Faro Nobre e
Vasconcelos. Igualmente o escrivão desta Administração para o fim de se prestar o
juramento de ter assinado pelo decreto de 10 de Abril deste ano, o que se fez, pondo cada
um sua mão direita sobre os Santos Evangelhos dizendo as palavras seguintes:

“Juro guardar e fazer guardar a constituição política da monarquia portuguesa que


acabam de decretar as cortes da mesma nação.”

Do que assim feito e concluído se mandou fazer este auto que (vai) por todos assinado.
Eu Francisco António, escrivão da Administração que o escrevi e assinei.

Assinaram: Administrador – Francisco Sabino Teixeira

Regedor do Moledo – Manuel de Andrade

Idem da Moita – José Joaquim

Idem S.L. dos Francos – Joaquim Dias

Idem da Anunciação – José Henriques de Almeida

Idem do Vimeiro – Raimundo Jordão

Idem do Reg. Grande – Augusto Cesar dos Santos

Idem S.B. dos Galegos – José Filipe Correia”

105
(Maço 26, Doc. 366)193

193 Transcrito por Mário Baptista PEREIRA, Lourinhã – Subsídios para uma monografia, p. 30.

106
Anexo 4.

Documento 4 - Transcrição de um documento de 1838 designado “Auto de


Juramento”. Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra
Lourinhã – Subsídios para uma monografia, p. 31.

“Auto de Juramento (6-5-1838)

Idem. Lugar: casas de residência paroquial do Reguengo Grande. Compareceram e


assinaram os cabos de polícia da paróquia:

Escrivão – Tomás José de Oliveira

Regedor – Santos

Cabo – Joaquim Ferreira

Cabo – Francisco Pedro

Cabo – António de Almeida

Cabo – Manuel Martins Azeitona”

(Maço 26, Doc. 375)194

194 Idem, p. 31.

107
Anexo 4.

Documento 5 - Transcrição de um documento de 1838 designado “Auto de


Juramento”. Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua obra
Lourinhã – Subsídios para uma monografia, p. 33.

“Auto de Juramento (6-5-1838)

Idem. Local: Secretaria da Paróquia de S. Domingos do lugar de Reguengo Grande.


Compareceram e assinaram:

Presidente – Maurício Marques

Escrivão – Tomás José de Oliveira

Cabo – João Gomes

Cabo – Bernardino Monteiro

Cabo – Luís Ferreira Nobre”.

(Maço 26, Doc. 382, 383)195

195 Idem, p. 33.

108
Anexo 4.

Documento 6 - Transcrição de um documento de 1904 designado “Almanach da


Folha de Torres Vedras”. Documento transcrito por Mário Baptista Pereira na sua
obra Lourinhã – Subsídios para uma monografia, p. 86.

“REGUENGO GRANDE

S. Domingos – População 1:438 hab.

Dista 11 kilometros da Lourinhã, 5 kilometros da estação de S. Mamede e 6,5 da do


Bombarral.

CORREIO E TELEGRAPHO – Chefe, Antonio Fontes Pinto.

ESCOLA – Official, professor, Theodoro Coelho de Barros.

PAROCHIA – Parocho, Angelo Firmino da Silva. Sachristão, João da Fonte d’Abreu


Pinto.

REGEDORIA – Regedor, José Maria Rodrigues.

AGRICULTORES

João Maria do Nascimento, João Maria Rodrigues, João Maria da Silva Marques, José
Antonio Pereira, José Bernardino, José Maria da Silva, Manuel Francisco Marques,
Patricio Venancio Pereira.

COMMERCIANTES

João Maria Rodrigues Junior, José Antonio Pereira, José Maria de Carvalho, Silvano
Marcelino.

Almocreve. – Francisco Bento.

Barbeiros. – João Fontes Pinto e José Ferreira.

Fornos de cal. – José Maria da Silva e José Bernardino.

Trens de aluguer. – José Maria da Silva.”196

196
Idem, p. 86.

109
Anexo 5: Fichas de Inventário do Património da Freguesia de Reguengo
Grande.197

197
A organização do Inventário segue o plano da Dissertação.

110
Caraterização: Património Religioso

Designação: Igreja Matriz de São Domingos

Datação: Século XVII

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28775, -9.21486

História: A Igreja Matriz de São Domingos data do século XVII. A mesma tem como
santo patrono São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Dominicanos. Este
monumento foi alvo de várias intervenções o que nos indica que o que observamos
atualmente, no seu interior, não é o mesmo que observaríamos no século XVII. Diz-se
que existiriam frescos de elevado apreço artístico neste templo, no entanto, não existe
nenhum registo que prove a sua existência. Atualmente no seu interior podemos observar
que a mesma apresenta apenas uma nave, uma capela-mor, um coro alto e uma pia
batismal. A parte exterior do monumento, parece manter-se idêntica aquela que seria a
sua apresentação em séculos antigos. Nela encontramos um relógio de sol, do século
XVIII, uma torre sineira e um painel de azulejos, brancos e azuis, com a figura de Nossa
Senhora de Fátima.

111
Legenda: Vista da fachada principal da Igreja Matriz de São Domingos, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

112
Legenda: Vista do interior da Igreja Matriz de São Domingos, pormenorizando o altar,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

113
Legenda: Vista interior da Igreja Matriz de São Domingos, pormenorizando o coro alto,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

114
Legenda: Imagem da pia batismal, Igreja Matriz de São Domingos, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

115
Legenda: Imagem pormenorizada de São Domingos, Igreja Matriz de São Domingos, Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

116
Legenda: Imagem pormenorizada de São Sebastião, Igreja Matriz de São Domingos, Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

117
Legenda: Imagem pormenorizada de Nossa Senhora de Fátima, Igreja Matriz de São Domingos,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

118
Legenda: Imagem pormenorizada do Sagrado Coração de Jesus, Igreja Matriz de São
Domingos, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

119
Caraterização: Património Religioso

Designação: Capela do Cemitério

Datação: Século XVI

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 281034, -9.219635

História: A Capela do Cemitério, também conhecida por “Antiga Igreja Velha”, encontra-
se no centro do Cemitério desta localidade. A mesma parece remontar ao século XVI e
diz-nos a lenda que esta terá sido a antiga igreja matriz da Freguesia de Reguengo Grande.
O que resta deste templo sagrado é apenas a capela-mor. A mesma foi pintada já no século
XXI e o seu interior encontra-se praticamente vazio contendo apenas a figura de Jesus
Cristo Crucificado e uma estatueta de Nossa Senhora de Fátima. Os traços que nos
indicam a data da sua fundação assentam na estrutura e nas caraterísticas deste
monumento. No exterior destaca-se a cruz de pedra que se encontra no cimo da Capela.

120
Legenda: Vista do alçado lateral da Capela do Cemitério, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

121
Legenda: Vista da fachada principal pormenorizando a cruz de Cristo, Capela do Cemitério,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

122
Legenda: Imagem pormenorizada do altar da Capela do Cemitério, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

123
Caraterização: Património Religioso

Designação: Capela de Nossa Senhora de Fátima

Datação: Século XXI – Ano de 1995

Localização: Fontelas, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 27828, -9.22528

História: A Capela de Nossa Senhora de Fátima foi construída em 1995. A mesma foi
erguida por ordem da Dra. Maria Adelaide Lisboa, à data, Governadora Civil de Lisboa
e tem como santa patrona Nossa Senhora de Fátima. Estamos perante um templo que
apresenta traços modernos. Do mesma destacam-se a única nave que apresenta, o altar-
mor, os azulejos brancos e azuis que ladeiam as paredes laterais da Capela, a calçada
portuguesa que reveste o pavimento e os vitrais coloridos que iluminam a iluminam. No
exterior podemos observar a torre sineira e um painel de azulejos, brancos e azuis, com a
imagem de Nossa Senhora de Fátima.

124
Legenda: Vista da fachada principal da Capela de Nossa Senhora de Fátima, Fontelas,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

125
Legenda: Vista do interior da Capela de Nossa Senhora de Fátima, pormenorizando o altar-mor,
Fontelas, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

126
Legenda: Vista do interior da Capela de Nossa Senhora de Fátima, Fontelas, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

127
Legenda: Imagem pormenorizada do altar-mor da Capela de Nossa Senhora de Fátima,
Fontelas, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

128
Legenda: Vista lateralizada do interior da Capela de Nossa Senhora de Fátima, Fontelas,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

129
Legenda: Vista lateralizada do interior da Capela de Nossa Senhora de Fátima, Fontelas,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

130
Legenda: Imagem Pormenorizada de Nossa Senhora de Fátima e dos Pastorinhos Jacinto e
Francisca, Capela de Nossa Senhora de Fátima, Fontelas, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

131
Legenda: Imagem pormenorizada de Jesus Cristo Crucificado, Capela de Nossa Senhora de
Fátima, Fontelas, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

132
Legenda: Imagem pormenorizada de São Pedro, Capela de Nossa Senhora de Fátima, Fontelas,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

133
Legenda: Imagem pormenorizada do Menino Jesus de Praga, Capela de Nossa Senhora de

Fátima, Fontelas, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

134
Caraterização: Património Religioso

Designação: Capela de São Sebastião

Datação: Século XXI – Ano 2000

Localização: Cesaredas, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 30140, -9.23996

História: A Capela de São Sebastião foi erguida no ano 2000. Anteriormente, este edifício
era a escola primária desta localidade. No ano de 2000, estando a escola já desativada, a
população mandou erguer a Capela tendo o projeto sido desenvolvido pelo Sr. Hernâni
Luís Henriques Santos. A mesma tem como santo patrono São Sebastião. Estamos perante
um monumento com caraterísticas de construção aproximadas às da construção atual,
uma vez que, o mesmo foi construído em pleno século XXI. No seu interior destacam-se
a frontaria, os azulejos brancos e azuis, que ladeiam as paredes do interior da Capela e
um óculo. No exterior destacam-se um painel de azulejos, brancos e azuis, com a imagem
de Nossa Senhora de Fátima e a torre sineira.

135
Legenda: Vista da fachada principal e lateral do exterior da Capela de São Sebastião, Cesaredas.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

136
Legenda: Vista aproximada da fachada principal do exterior da Capela de São Sebastião,
Cesaredas.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

137
Legenda: Vista do interior da Capela de São Sebastião, Cesaredas.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

138
Legenda: Imagem aproximada de São Sebastião, Capela de São Sebastião, Cesaredas.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

139
Legenda: Imagem aproximada de Jesus Cristo Crucificado, Capela de São Sebastião, Cesaredas.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

140
Legenda: Imagem aproximada de Nossa Senhora de Fátima, Capela de São Sebastião,
Cesaredas.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

141
Legenda: Imagem aproximada do Sagrado Coração de Jesus, Capela de São Sebastião,
Cesaredas.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

142
Caraterização: Património Religioso

Designação: Nicho de Nosso Senhor Jesus dos Aflitos

Datação: Século XX – Ano de 1937

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28632, -9.21867

História: O Nicho de Nosso Senhor Jesus dos Aflitos data de 1937. O mesmo foi
mandando erguer pelo Sr. João Marques, habitante da região, com o intuito de que o Santo
Senhor Jesus dos Aflitos protegesse esta localidade e a sua população. A construção de
origem deste Nicho não corresponde à construção que encontramos atualmente. Na
primeira construção o Nicho encontrava-se virado para a população e a entrada no mesmo
fazia-se por uma escada lateral. Anos mais tarde, o Nicho foi modificado e deixou de
estar virado para a aldeia sendo também que, a entrada passou fazer-se diretamente
através da porta do mesmo e as escadas laterais deixaram de existir. No interior do Nicho
encontramos a imagem de Jesus Cristo na Cruz. No exterior destaca-se a cruz de pedra
existente no cimo do monumento.

143
Legenda: Vista pormenorizada da fachada do Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos, Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

144
Legenda: Vista pormenorizada da janela do Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos, Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

145
Legenda: Imagem pormenorizada de Jesus Cristo Crucificado, Nicho do Senhor Jesus dos
Aflitos, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

146
Caraterização: Património Religioso

Designação: Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos

Datação: Século XXI – Ano (?)

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28356, -9.22237

História: O Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos apresenta uma história bastante
peculiar. Não se sabe quem o mandou erguer, no entanto, sabe-se que o mesmo foi alvo
de uma intervenção e que a construção tal e qual como a vemos agora apresenta traços
diferentes da original. Na primeira construção, a estrutura do Nicho era de menor
dimensão. Nela encontrava-se presente uma pequena estátua de Nossa Senhora dos
Caminhos. A mesma foi roubada e devolvida por duas vezes, no entanto, na terceira e
última vez em que foi roubada já não foi devolvida. Na sequência desses episódios foi
construído um pequeno muro à volta do Nicho, tornando a sua estrutura de maior
dimensão, e foi colocado um painel de azulejos, azuis e brancos, com a imagem de Nossa
Senhora com o Menino Jesus ao colo, onde pode ler-se “Santa Maria Rogai por nós.”.

147
Legenda: Vista do Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

148
Legenda: Vista aproximada do Nicho de Nossa Senhora dos Caminhos, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

149
Legenda: Imagem aproximada do painel de azulejos presente no Nicho de Nossa Senhora dos
Caminhos, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

150
Legenda: Imagem aproximada no Nicho original, antes de ser intervencionado, Nicho de Nossa
Senhora dos Caminhos, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Imagem cedida pela Junta de Freguesia de Reguengo Grande, na pessoa de
Ana Isabel Barros, Presidente da Junta.

151
Caraterização: Património Memorial

Designação: Cruzeiro da Restauração da Nacionalidade

Datação: Século XX - Ano de 1940

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28470, -9.21978

História: O Cruzeiro da Restauração da Nacionalidade foi erguido no ano de 1940.


Tratou-se de uma oferta por parte da população residente na Freguesia. O mesmo é
constituído por um base de pedra com o formato de uma cruz. Nele encontramos uma
inscrição onde pode ler-se “FUNDAÇÃO MCXL RESTAURAÇÃO MDCXL REGUENGO
GRANDE” e “XXI VII MCMXL OFERTA DO POVO”.

152
Legenda: Imagem aproximada do Cruzeiro da Restauração da Nacionalidade, Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

153
Legenda: Imagem aproximada da inscrição no Cruzeiro da Restauração da Nacionalidade,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

154
Caraterização: Património Memorial

Designação: Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial

Datação: Século XXI – Ano (?)

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28455, -9.22054

História: O Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial foi erguido


durante a presidência do Sr. Domingos Jerónimo Martins Carneiro, sob ordem do mesmo.
O Memorial foi produzido pela empresa Rochapa Mármores, sediada em São Bartolomeu
dos Galegos, Lourinhã. Nele pode observar-se a inscrição de quatro nomes distintos que
se tratavam de habitantes da Freguesia que faleceram na Guerra Colonial. Pode ler-se:
“Homenagem/ Joaquim Domingos Santos Oliveira/ Angola – Maio – 1964/ Frutuoso
Braz Ferreira/ Angola – Agosto – 1964/ Jorge Macieira Santos/ Moçambique – Setembro
– 1970/ José João Marques Agostinho/ Guiné – Maio – 1973/ Mortos na Guerra
Colonial”.

155
Legenda: Vista do Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial, Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

156
Legenda: Vista aproximada do Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

157
Caraterização: Património Memorial

Designação: Monumento de Homenagem ao ex-autarca Domingos Carneiro

Datação: Século XXI – Ano de 2022

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28455, -9.22054

História: Em homenagem ao ex-autarca Domingos Jerónimo Martins Carneiro, pelos


longos anos que se manteve no cargo de Presidente da Junta de Freguesia de Reguengo
Grande e pelo apreço dedicado à localidade, às associações e à população, foi erguido um
memorial em sua homenagem, sob comando da atual Presidente da Junta de Freguesia,
Ana Isabel Barros. O ex-autarca faleceu em março de 2020. O mesmo foi colocado junto
do restante património memorial já existente.

158
Legenda: Vista do Monumento de Homenagem ao ex-autarca Domingos Carneiro, Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

159
Legenda: Vista aproximada do Monumento de Homenagem ao ex-autarca Domingos Carneiro,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

160
Caraterização: Património Memorial

Designação: Brasão da Freguesia

Datação: Século XVI – Ano de 2001

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28455, -9.22054

História: O Brasão da Freguesia foi erguido durante a presidência do Sr. Domingos


Jerónimo Martins Carneiro, sob o comando do mesmo, no ano de 2001. Nele pode
contemplar-se o símbolo heráldico da Freguesia ilustrado sobre uma pedra de mármore.
A maquete do Brasão foi elaborada pela empresa Diacria Editora – Cultura, Marketing
e Publicidade, sediada em Vila do Conde. O símbolo contempla a representação do Rio
Galvão, que dava vida às azenhas existentes e, consequentemente, fornecia água para
consumo próprio e para uso agrícola; a representação da macieira, sendo a maçã
reguengueira um produto endógeno da região; e a representação do arado que ilustra a
atividade predominante na Freguesia que era a agricultura.

161
Legenda: Vista do Brasão da Freguesia, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

162
Legenda: Vista aproximada do Brasão da Freguesia, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

Caraterização: Património Civil


163
Designação: Museu Rural

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28455, -9.22054

Datação: Século XXI – Ano 1999

História: O Museu Rural de Reguengo Grande foi nasceu a 23 de maio de 1999, através
de um projeto cofinanciado pelo programa comunitário LEADER II. Trata-se de um
espaço expositivo, promovido pela Junta de Freguesia, que se manteve em funcionamento
durante alguns anos e que, atualmente, se encontra encerrado. Ao entrar no Museu,
enquanto o mesmo se encontrou em funcionamento, contemplando da esquerda para a
direita, encontrávamos as seguintes exposições: A arte do Sapateiro (utensílios), A arte
da Costura (máquinas), Utensílios domésticos (pratos, chávenas…), Objetos agrícolas,
As comunicações (telefones antigos), A Escola (objetos escolares), Os fósseis
(encontrados na Freguesia).

164
Legenda: Vista da fachada principal do Museu Rural, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

165
Caraterização: Património Civil

Designação: Mural da História de Portugal

Datação: Século XXI – Ano de 2022

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28455, -9.22054

História: No muro da Escola Básica e do Jardim de Infância de Reguengo Grande


encontramos uma pintura, realizada pelo artista local José Luís Nascimento, designada
por “Mural da História de Portugal”. Trata-se de uma obra de arte urbana apelativa que
desperta os sentidos dos mais curiosos. As cores vivas e a linguagem simples facilitam a
sua interpretação. Nela encontram-se representados os principais episódios da História de
Portugal.

166
Legenda: Vista do Mural da História de Portugal, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

167
Legenda: Vista do Mural da História de Portugal, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

168
Legenda: Vista do Mural da História de Portugal, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

169
Legenda: Imagem pormenorizada da tabela identificativa do Mural da História de Portugal,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

170
Caraterização: Património Civil

Designação: Arquitetura vernacular – Antiga casa típica da localidade

Datação: Século XX

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 29120, -9.21135

História: Atualmente a presença de Arquitetura vernacular na localidade de Reguengo


Grande é escassa. A grande maioria das casas que encontramos apresentam um caráter
moderno e uma construção que difere da típica construção de tempos antigos. No entanto,
é possível observar um dos raros exemplares que permanece intacto. É na estrada do
Fortim que encontramos este elemento patrimonial. Trata-se de uma casa antiga,
construída em pedra, que representa, por si só, o antigo modelo de construção que outrora
predominou na região.

171
Legenda: Vista aproximada da antiga casa típica da localidade – arquitetura vernacular,

Reguengo Grande. Autoria da imagem: Neuza Paulino

172
Legenda: Vista pormenorizada da porta e da janela da antiga casa típica da localidade –

arquitetura vernacular, Reguengo Grande. Autoria da imagem: Neuza Paulino

173
Caraterização: Património Civil

Designação: Arquitetura vernacular – Protótipo da antiga casa típica da localidade

Datação: Século XXI

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28459, -9.22032

História: Com o intuito de representar e perpetuar a memória histórica da localidade, a


Junta de Freguesia construiu, junto à sua Sede, um protótipo da antiga casa típica da
região. O mesmo inspira-se na Arquitetura vernacular que observamos na Rua do Fortim,
Reguengo Grande. Trata-se de uma casa, de dimensão reduzida, construída com pedra da
região. A mesma representa a habitação típica de outrora.

174
Legenda: Vista aproximada do protótipo da antiga casa típica da localidade, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

175
Caraterização: Património Civil

Designação: Chafariz

Datação: Século XXI – Ano (?)

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28699, -9.21622

História: O Chafariz que atualmente podemos contemplar é o segundo que foi construído
na localidade. O mesmo terá sido erguido em simultâneo com as obras de intervenção que
foram feitas junto ao Rio Galvão já em pleno século XXI, depois do ano 2000. Trata-se
de um chafariz muito simples, de caráter moderno.

176
Legenda: Vista aproximada do Chafariz, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

177
Caraterização: Património Civil

Designação: Azulejos

Datação: Século XXI – Ano de 2001

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28699, -9.21622

História: É junto do Rio Galvão que encontramos painéis de azulejos que embelezam a
aldeia. Os painéis foram colocados no ano de 2001, sob ordenação do Sr. Domingos
Jerónimo Martins Carneiro, presidente da Junta de Freguesia nessa data. Os azulejos
foram produzidos pela empresa Azulefa – Azulejos e Faianças, sediada em Pombal. Os
mesmos encontram-se expostos nas laterais dos muros que ladeiam o curso de água do
Rio Galvão. Tratam-se de azulejos em tons de azul e branco, que têm em si representados
os produtos endógenos da região, tais como a maçã reguengueira e a pera rocha e também
as principais atividades agrícolas, artes e ofícios da Freguesia, em tempos antigos.
Destacam-se dois painéis de azulejos que contêm dizeres acerca da localidade. No início
do Rio encontramos um destes painéis onde pode ler-se “Homenagem à fauna flora, artes
e ofícios, outrora praticados pela população.”. No fim do mesmo encontramos outro
painel onde pode ler-se “A aldeia de Reguengo Grande nasceu a 3 de fevereiro de 1433.
A Freguesia foi criada em 1525, sob a invocação de S. Domingos. Pertenceu ao Concelho
de Óbidos até 6 de novembro de 1836. O Vale Cornaga onde meandra o Rio Galvão era
uma zona vital de desenvolvimento. Hoje, selvagem na sua vegetação e penhascos
altaneiros concorrem para uma beleza ímpar. São testemunho real as azenhas em ruínas,
pontes romanas e fontes. Da flora, carrasqueiros, oliveiras, medronheiros e vegetação
vária, são elementos de beleza. As lavadeiras exerciam os seus usos e costumes nas águas
cristalinas do rio e era ver os passeantes deleitarem-se com a água pura das suas fontes.”.

178
Legenda: Vista aproximada dos azulejos junto do Rio Galvão, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

179
Legenda: Vista aproximada dos azulejos junto do Rio Galvão, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

180
Legenda: Vista aproximada dos azulejos junto do Rio Galvão, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

181
Legenda: Vista aproximada dos azulejos junto do Rio Galvão, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

182
Caraterização: Património Civil

Designação: Pontes

Datação: Época Medieval

Localização: Vale Cornaga, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 29017, -9.21604

História: Em pleno coração do Vale Cornaga encontramos três pontes que remontam a
tempos antigos. Outrora, poderão ter existido mais, mas no limite da Freguesia, no Vale
Cornaga apenas se encontram intactas três delas. Tratam-se de pontes que parecem
remontar à Época Medieval apesar de, muitas vezes, serem denominadas pelos habitantes
locais como sendo pontes românicas.

183
Legenda: Vista aproximada de uma das pontes medievais, Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

184
Legenda: Vista aproximada de uma das pontes medievais, Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

185
Caraterização: Património Civil

Designação: Ponte Primeiro de maio 1976

Datação: Século XXI – Ano de 1976

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28699, -9.21622

História: A ponte denominada Ponte Primeiro de maio 1976, encontra-se em pleno


coração da aldeia de Reguengo Grande. A mesma data do ano que lhe confere o título.
Esta permite fazer a travessia entre as margens do Rio Galvão.

186
Legenda: Vista aproximada da Ponte Primeiro de Maio 1976, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

187
Legenda: Vista pormenorizada da tabela identificativa da Ponte Primeiro de Maio 1976,
Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

188
Caraterização: Património Civil

Designação: Azenhas

Datação: Séculos XX/XXI

Localização: Vale Cornaga, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 29017, -9.21604

História: É em pleno Vale Cornaga que encontramos as tão famosas Azenhas que, em
tempos de outrora, eram a força motriz que permitia a moagem dos cereais, como trigo e
o milho, sendo estes, em tempos antigos, mas não muito longínquos, a base da
alimentação da população. Destacam-se seis Azenhas que se encontram intactas e
destacam-se também as ruínas de outras que padeceram aos efeitos naturais da passagem
do tempo. Todas as Azenhas que avistamos no Vale Cornaga encontram-se sobre o
domínio da propriedade privada, com exceção de uma que foi comprada pela Junta de
Freguesia, que tem como intuito reabilitá-la e voltar a colocá-la em funcionamento.

189
Legenda: Vista de uma das azenhas e de uma das pontes medievais, Vale Cornaga, Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

190
Legenda: Vista aproximada de uma das azenhas, Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

191
Legenda: Vista aproximada de uma das azenhas, Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

192
Caraterização: Património Civil

Designação: Lavadouros

Datação: (?)

Localização: Vale Cornaga, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 29017, -9.21604

História: Em tempos antigos, os Lavadouros afiguravam-se como elementos de elevada


importância no âmbito da higienização das vestes da população. Mais ou menos arcaicos,
os mesmos eram utilizados pela população. No Vale Cornaga encontramos aqueles que
são os lavadouros que representam a história da população da Freguesia de Reguengo
Grande. Tratam-se de grandes blocos de pedra que eram utilizados no processo de
lavagem do vestuário da população. A água, proveniente do Rio Galvão, seguia o seu
curso, através das levadas, e chegava até estes locais. Os mesmos são exemplos vivos de
uma realidade de outrora.

193
Legenda: Vista aproximada dos Lavadouros, Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

194
Legenda: Vista aproximada dos Lavadouros, Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

195
Legenda: Vista aproximada dos Lavadouros, Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

196
Legenda: Vista aproximada dos Lavadouros, Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

197
Caraterização: Património Civil

Designação: Moinhos

Datação: Séculos XX/XXI

Localização: Freguesia de Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas:
Moinho 1 – Rua 5 de Janeiro – Fontelas. Coordenadas 39.279408, -9.223458.
Moinho 2 – Moinho do Viso – Reguengo Grande. Coordenadas 39. 285124, -9.225235.
Moinho 3 – Casal da Curtinha – Reguengo Grande. Coordenadas 39. 29113, -9.22709.
Moinho 4 – Rua Alto dos Poleirais – Reguengo Grande. Coordenadas 39. 29010, -
9.21978.
Moinho 5 – Rua do Alto da Boiça – Reguengo Grande. Coordenadas 39. 29092, -9.21899.
Moinho 6 – Rua do Alto da Boiça – Reguengo Grande. Coordenadas 39.29127, -9.21846.
Moinho 7 – Rua do Alto da Boiça – Reguengo Grande. Coordenadas 39.29171, -9.21849.
Moinho 8 – Moinho do Alto da Boiça – Reguengo Grande. Coordenadas 39.292396, -
9.217155.
Moinho 9 – Rua 25 de abril – Reguengo Grande. Coordenadas 39.291641, -9.215019.
Moinho 10 – Rua 25 de abril – Reguengo Grande. Coordenadas 39. 291112, -9.214781.
Moinho 11 – Rua dos Moinhos - Casal Serrano. Coordenadas 39. 283714,-9.210476.
Moinho 12 – Rua dos Moinhos – Casal Serrano Coordenadas 39. 283714,-9.210476.
Moinho 13 – Moinho do Eucalipto – Reguengo Grande. Coordenadas 39. 285092, -
9.215564.

História: Os moinhos fazem parte da paisagem desta localidade. Atualmente,


encontramos cerca de 13 moinhos na Freguesia de Reguengo Grande. Todos eles são
propriedade privada. A Junta de Freguesia não é detentora de nenhum exemplar, no
entanto, apesar de não ser possível conhecer o interior dos mesmos, é possível contemplar
o seu exterior e apreciar a grandiosidade que os mesmos deixam transparecer. A maioria
destes moinhos não se encontra em funcionamento, outros encontram-se já em ruínas e
existe um deles que serve de alojamento local.

198
Legenda: Moinho 1 - Vista aproximada. Rua 5 de Janeiro, Fontelas.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

199
Legenda: Moinho 2 - Vista aproximada. Moinho do Viso (turismo de habitação). Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

200
Legenda: Moinho 3 - Vista aproximada. Casal da Curtinha, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

201
Legenda: Moinho 4 - Vista aproximada. Rua Alto dos Poleirais, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

202
Legenda: Moinho 5 - Vista aproximada. Rua do Alto da Boiça, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

203
Legenda: Moinho 6 - Vista aproximada. Rua do Alto da Boiça, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

204
Legenda: Moinho 7 - Vista aproximada. Rua do Alto da Boiça, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

205
Legenda: Moinho 8 - Vista aproximada. Rua do Alto da Boiça, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

206
Legenda: Moinho 9 - Vista aproximada. Rua 25 de Abril, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

207
Legenda: Moinho 10 - Vista aproximada. Rua 25 de Abril, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

208
Legenda: Moinho 11 - Vista aproximada. Rua dos Moinhos, Casal Serrano.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

209
Legenda: Moinho 12 - Vista aproximada. Rua dos Moinhos, Casal Serrano.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

210
Legenda: Moinho 13 - Vista aproximada. Moinho do Eucalipto (em ruínas), Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

211
Caraterização: Património Natural

Designação: Rio Galvão

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 28699, -9.21622

História: No centro da aldeia de Reguengo Grande, encontramos o curso de água do Rio


Galvão. Apesar do mesmo não nascer no coração da aldeia, o seu curso de água percorre
esta localidade, seguindo em direção ao Vale Cornaga e, posteriormente, conflui com o
Rio Real seguindo em direção à Lagoa de Óbidos. O Rio Galvão apresenta-se como um
elemento do património natural da região de elevada significância, na medida que, foi em
torno do mesmo que a população se fixou e se desenvolveu. A água do mesmo afigurou-
se como sendo um bem precioso para fins domésticos e agrícolas, assegurando a
subsistência da população.

212
Legenda: Vista do Rio Galvão, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

213
Legenda: Vista do Rio Galvão, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

214
Caraterização: Património Natural

Designação: Vale Cornaga

Localização: Reguengo Grande, Lisboa, Portugal

Coordenadas: 39. 29017, -9.21604

História: O Vale Cornaga integra-se no património natural da Freguesia de Reguengo


Grande, sendo o mesmo um importante impulsionador do desenvolvimento local, assim
nos conta a história. Em pleno Vale desenvolveu-se a atividade agrícola que permitiu
alimentar os habitantes desta localidade. Além do cultivo das terras que ali era feito, e
que ainda o é atualmente, também as Azenhas são merecedoras de destaque. Graças à
água proveniente do Rio Galvão que, ao seguir o seu curso através das levadas chegava
ao Vale, era possível ter em funcionamento as Azenhas que moíam os cereais que eram a
base da alimentação da população. Era também neste Vale que se localizavam os
Lavadouros, tal é ainda possível de observar atualmente, Lavadouros estes aos quais a
população se deslocava para proceder à higienização do seu vestuário. O Vale Cornaga
afigura-se, assim, como um importante polo de desenvolvimento populacional e regional.

215
Legenda: Vista da entrada do Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

216
Legenda: Vista do percurso do Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

217
Legenda: Vista do percurso do Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

218
Legenda: Vista do percurso do Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

219
Legenda: Vista do percurso do Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

220
Legenda: Vista do Vale Cornaga, Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

221
Legenda: Vista das ruínas arqueológicas presentes no percurso do Vale Cornaga, Reguengo
Grande.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

222
Caraterização: Património Imaterial

Designação: Chafariz Manuelino do Século XVI

História: Atualmente não é possível contemplar o Chafariz Manuelino do Século XVI


que, em tempos, existiu na localidade de Reguengo Grande, uma vez que, o mesmo foi
destruído quando foram realizadas intervenções junto do rio, entre as décadas de 50/60.
Este chafariz encontrar-se-á, assim, destruído e subterrado debaixo da atual estrada de
alcatrão que acompanha o curso do Rio Galvão. Os residentes mais antigos da localidade
dizem que o mesmo era idêntico ao chafariz que atualmente ainda podemos observar na
localidade de Columbeira, Roliça, o que nos leva a considerar que se tratava de um
Chafariz Manuelino do Século XVI.

223
Legenda: Imagem antiga do Chafariz Manuelino (século XVI), Reguengo Grande.

Autoria da imagem: Imagem cedida pela Junta de Freguesia de Reguengo Grande, na pessoa de
Ana Isabel Barros, Presidente da Junta.

224
Legenda: Chafariz Manuelino (século XVI). Columbeira.

Autoria da imagem: Neuza Paulino

225
Caraterização: Património Imaterial

Designação: Lendas locais – A origem do nome “Cesaredas”

História: Conhecida entre os habitantes do Planalto das Cesaredas, na qual se insere a


Freguesia de Reguengo Grande, tem passado de geração em geração, desde tempos
remotos, a lenda que nos conduz à origem do nome “Cesaredas”, localidade vizinha de
Reguengo Grande. É comum ouvirmos os habitantes das Cesaredas falarem de César,
imperador romano, e das suas tropas. Diz-nos a lenda que, em tempos longínquos, César
terá permanecido, com as suas tropas, no Planalto das Cesaredas e que daí terá tido origem
o nome desta região.

226
Caraterização: Património Imaterial

Designação: Lendas locais – A estadia de D. Pedro I e D. Inês de Castro e os privilégios


reais

História: Na região Oeste de Portugal, são vários os locais que se encontram assinalados
como tendo sido em tempos locais de permanência ou de passagem de D. Pedro I e D.
Inês de Castro. Apesar de não se saber muito sobre a presença deste popular casal na
localidade de Reguengo Grande, sabe-se que o mesmo passou e habitou em freguesias
vizinhas. Tal parece ter sido o suficiente para criar a lenda entre os habitantes de
Reguengo Grande. Diz-nos o povo que o rei D. Pedro I terá concedido benefícios e
privilégios aos habitantes desta localidade para que os mesmos não revelassem que o
mesmo ali passara e permanecia. Não obstante, diz-nos também a sabedoria popular que
o monarca terá dispensado os homens de irem à guerra, fazendo-lhes a promessa de que
eles só teriam de lutar quando ele próprio tivesse de o fazer também. Alguns dos
habitantes mais antigos indicam-nos ainda uma casa, junto do Rio Galvão, que terá sido
o local onde D. Pedro I pernoitava, junto da sua amada, e onde alimentava os seus cavalos.

227
Caraterização: Património Imaterial

Designação: Lendas locais – O destino fatídico dos franceses: a morte no poço

História: A celebre Batalha da Roliça, que se realizou no âmbito das Invasões Francesas,
perto de Reguengo Grande, trouxe-nos uma lenda que permanece até aos dias de hoje.
Diz-se entre os habitantes mais antigos da localidade que, terminadas as Invasões e as
batalhas, qualquer cidadão francês que, por mero acaso, fosse encontrado nesta localidade
era imediatamente condenado à morte, sendo o mesmo deitado a um poço. Para que não
restassem dúvidas de que se tratava de um cidadão francês, os habitantes ordenavam que
o mesmo dissesse a palavra “areia” e, caso o mesmo pronunciasse a letra “r” de forma
acentuada, isso significava que o mesmo era de nacionalidade francesa e, por isso, era um
inimigo que teria como destino final a morte.

228
Caraterização: Património Imaterial

Designação: Lendas locais – A maldição do Senhor Jesus dos Aflitos

História: Em 1937 foi erguido o Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos na localidade de
Reguengo Grande. O mesmo foi idealizado com o intuito de que o Senhor Jesus dos
Aflitos protege os habitantes desta localidade. Em dado momento, foram feitas obras e o
monumento foi modificado deixando, assim, de estar direcionado para a povoação. O ano
de 1999 ficou marcado pela ocorrência de um fenómeno na localidade: as cheias. O rio
transpôs o seu caudal e inúmeras habitações ficaram danificadas uma vez que a água
atingiu um metro e meio de altura. Propagou-se a lenda por entre os habitantes da aldeia
de que este fenómeno terá ocorrido fruto de uma maldição ordenada pelo Senhor Jesus
dos Aflitos, como forma de castigo pelo Nicho onde o mesmo se encontra ter deixado de
estar colocado em direção da povoação.

229
Caraterização: Património Imaterial

Designação: Tradição folclórica

História: O atual Rancho Folclórico da localidade de Reguengo Grande dá pelo nome de


“Flores de Maio”. O mesmo foi fundado no ano de 1987 e, atualmente, é presidido pelo
Sr. Luís Antunes. Sabe-se que, em tempos antigos, terá existido um outro grupo folclórico
tornando, assim, o grupo “Flores de Maio” o segundo grupo a manter viva a tradição
folclórica na Freguesia.

230
Caraterização: Património Imaterial

Designação: Celebrações anuais

História: Anualmente decorrem três celebrações religiosas na Freguesia de Reguengo


Grande. Sendo elas: a festa anual em honra de Nossa Senhora de Fátima, que decorre na
aldeia de Fontelas, no último fim de semana do mês de junho; a festa anual de São
Domingos, que tem lugar na própria aldeia de Reguengo Grande, no segundo fim de
semana do mês de agosto; e a festa anual em honra de São Domingos, que se realiza na
aldeia de Cesaredas, no terceiro fim de semana do mês de novembro. Destaca-se também
a feira anual que decorre a 20 de maio na aldeia de Reguengo Grande.

231
Caraterização: Património Imaterial

Designação: Maçã Reguengueira

História: A tão bem conhecida Maçã Reineta cresce de forma abundante na Freguesia de
Reguengo Grande desde os primórdios da sua História. O cultivo deste fruto sempre foi
uma atividade agrícola e económica com grande expressão nesta localidade. A qualidade
da mesma tornou-a numa dos ex-libris da região sendo a mesma mencionada várias vezes
em documentos históricos. Este fruto é conhecido e apelidado pelos habitantes desta
localidade como Maçã Reguengueira ou “Maçã da Sorte”.

232
Índice

Agradecimentos ……………………………………………………………………... p. 4

Resumo ……………………………………………………………………………… p. 6

Abstract ……………………………………………………………………………… p. 7

Plano de trabalho ……………………………………………………………………. p. 8

Introdução ………………………………………………………………………… p. 10

Capítulo 1 - A Freguesia de Reguengo Grande: História e origem. …………... p. 12

1.1 Da Pré-história à Idade Média: património geográfico, natural, arqueológico e


geológico; ……………………………………………………………………… p. 12
1.2 Da Idade Média à Idade Moderna; …………………………………………….. p. 22
1.3 Da Idade Moderna à Atualidade; ………………………………………………. p. 34

Capítulo 2 - Património regional da Freguesia de Reguengo Grande. ………... p. 41

2.1 Património Religioso. ………………………………………………………….. p. 41


2.1.1 Igreja Matriz de São Domingos; …………………………………………… p. 41
2.1.2 Capela do Cemitério; ………………………………………………………. p. 46
2.1.3 Capela de Nossa Senhora de Fátima; ……………………………………… p. 47
2.1.4 Capela de São Sebastião; …………………………………………………... p. 48
2.1.5 Nicho do Senhor Jesus dos Aflitos; ………………………………………... p. 49
2.1.6 Nicho da Nossa Senhora dos Caminhos; …………………………………... p. 50
2.2 Património Memorial. ………………………………………………………….. p. 51
2.2.1 Cruzeiro da Restauração da Nacionalidade; ……………………………….. p. 51
2.2.2 Monumento de Homenagem aos Mortos da Guerra Colonial; …………….. p. 52
2.2.3 Monumento de Homenagem ao ex-autarca Domingos Carneiro; …………. p. 53
2.2.4 Brasão da Freguesia; ……………………………………………………….. p. 53
2.3 Património Civil. ………………………………………………………………. p. 53

233
2.3.1 Museu; ……………………………………………………………………... p. 54
2.3.2 Mural da História de Portugal; …………………………………………….. p. 55
2.3.3 Arquitetura vernacular; …………………………………………………….. p. 55
2.3.4 Chafariz; …………………………………………………………………… p. 56
2.3.5 Azulejos; …………………………………………………………………… p. 56
2.3.6 Pontes; ……………………………………………………………………... p. 57
2.3.7 Azenhas; …………………………………………………………………… p. 57
2.3.8 Lavadouros; ………………………………………………………………... p. 57
2.3.9 Moinhos; …………………………………………………………………… p. 58
2.4 Património Natural. ……………………………………………………………. p. 59
2.4.1 Rio Galvão; ………………………………………………………………… p. 59
2.4.2 Vale Cornaga; ……………………………………………………………… p. 60
2.5 Património Imaterial. …………………………………………………………... p. 61
2.5.1 Chafariz Manuelino; ……………………………………………………….. p. 61
2.5.2 Lendas locais; ……………………………………………………………… p. 61
2.5.3 Tradição folclórica; ………………………………………………………… p. 64
2.5.4 Celebrações anuais; ………………………………………………………... p. 65
2.5.5 Maçã Reguengueira; ……………………………………………………….. p. 66

Capítulo 3 - Divulgação Patrimonial: criação de um modelo de comunicação


patrimonial in situ. ……………………………………………………………….. p. 68

Capítulo 4 - O futuro da Freguesia: proposta de programa de divulgação e fruição


do património cultural para residentes e turistas. ……………………………… p. 74

4.1 Guião de património cultural; ………………………………………………….. p. 74


4.2 Criação de um centro de interpretação da Freguesia de Reguengo Grande. …... p. 81

Bibliografia. ……………………………………………………………………….. p. 85

Recursos eletrónicos. ……………………………………………………………... p. 91

Anexo Documental. ………………………………………………………………. p. 92

234

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