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R. Museu Arq. Etn., 39: 156-169, 2022.

Potencial de aproveitamento de sítios arqueológicos para fins de


musealização in loco: estudo de caso no Curimataú e Seridó da Paraíba

João H. Rosa
Juvandi S. Santos

ROSA, J.H.; SANTOS, J.S. Potencial de aproveitamento de sítios arqueológicos para fins
de musealização in loco: estudo de caso no Curimataú e Seridó da Paraíba. R. Museu
Arq. Etn. 39: 156-169, 2022.

Resumo: O objetivo do presente texto é discutir perspectivas de avaliação


do potencial de criação de museus arqueológicos a céu aberto, propondo como
ferramenta uma chave prévia de classificação baseada em aspectos físicos e
institucionais, que avalia a capacidade de resposta para propostas de musealização
de sítios no seu próprio local de implantação utilizando como amostra parcial
duas regiões arqueológicas, Curimataú e Seridó, localizadas a nor-nordeste do
estado da Paraíba. A chave utiliza 14 características básicas, que são classificadas
de acordo com pesos de 0 a 2 e que, combinadas, resultam em uma pontuação
supostamente indicadora da maior ou menor aptidão dos sítios analisados em
receber intervenções de musealização in loco. O resultado obtido nessa iniciativa
indicou que dos 17 sítios classificados, 53% apresentaram alto potencial, 29%,
médio e 18%, baixo, não figurando nenhum sítio nos extremos “muito alto” ou
“muito baixo”. O texto aponta ainda que essa proposta foi capaz de diagnosticar
potencialidades e deficiências considerando características básicas e de fácil
acesso a gestores e profissionais interessados.

Palavras-chave: Musealização in loco; Arqueologia; Curimataú; Seridó.

Introdução A arqueologia, sendo uma ciência de


intrínseco caráter interdisciplinar, utiliza-se

U ma das tarefas ambicionadas no


fazer arqueológico é a (re)construção
do passado buscando interpretar a passagem
de vestígios e indícios provenientes de grupos
humanos pretéritos para analisar seus aspectos
básicos de organização social e modus vivendi
humana em um determinado espaço físico e em (Funari 2002). Em conseguinte, configura-se
uma janela temporal específica, criando para como uma disciplina cujo objeto de estudo
isso explicações das relações entre indivíduos e (e de resgate) é a cultura material de grupos
suas interações com as paisagens e os objetos. antepassados (Pearce 1990 apud Vieira &
Carmo 2019). Como consequência dessas
** Arqueólogo na empresa Rastro Arqueologia. <rastro. definições, seria certo inferir que, no decurso
arqueologia@gmail.com> das atividades arqueológicas mais básicas,
** Professor titular da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB) e curador do Museu de História Natural da observa-se a necessidade de salvaguarda e
mesma instituição. <juvandisouzasantos@gmail.com> armazenamento adequado dos vestígios

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materiais recuperados nos processos de de uma relação específica entre o homem e a


salvamento e escavação, finda, naturalmente, realidade, estudo no qual o museu, fenômeno
a etapa subsequente de investigações científicas determinado no tempo, constitui-se numa das
dispensadas aos objetos. materializações […]” (Desvallées & Mairesse
Com base no conhecimento dos artefatos 2013: 11), é possível compreender a intrínseca
e locais em que estavam, essa reconstrução do relação de complementariedade que a
passado se dá na medida em que as marcas museologia e a arqueologia mantêm entre si.
deixadas pelos indivíduos nos objetos e Não se pode preterir, além disso, a lógica
nos espaços são passíveis de interpretação depreensão presente no termo museologia,
atualmente, carregando pesos e medidas também incorporada à sua definição
consolidados no tempo presente. enquanto ciência, ou seja, o estudo do museu.
O exercício para conjugar observações sobre Congruentemente, relaciona-se à pretensão
os elementos constitutivos de uma parte do de se desenvolverem técnicas e métodos
passado humano requer perceber as mudanças específicos de pesquisa, conservação, educação
provocadas pela ação humana sobre as coisas, e organização dispensados pelos museus ao
sobre o que temos chamado de território em acervo, isto é, ao patrimônio que salvaguardam
sentido mais amplo. Esse exercício carrega e armazenam, advindo de incursões de
consigo valores e percepções posteriores às arqueólogos aos férteis solos do passado
últimas transformações empreendidas no objeto (Gusmão 2013). Nesse sentido, evidencia-se,
analisado e são fruto dos critérios eleitos por por mais um parâmetro, o (potencial)
quem observa, compara e julga. intercâmbio das duas ciências – museologia e
Uma das formas de proporcionar essa arqueologia –, do ponto de vista da integração
possibilidade de recriação do passado é entre a produção do conhecimento científico
mostrar evidências arqueológicas a um público e sua efetiva divulgação por meio do acesso
interessado, seja por meio de acervos em museus democrático do público diverso, propósito
e/ou casas de memória – isto é, de forma física –, primordial ao qual servem os museus.
seja em documentários, textos etc. – de forma A partir do exposto, partiremos a um
não tangível –, o que passa necessariamente por problema que se fez presente nos trabalhos
uma compreensão individual. de investigação de muitos arqueólogos, como
Assim, as representações do passado, também suscitou inquietações em pesquisadores
em si, são um recorte baseado no olhar e das demais ciências sociais, a saber, aquilo que
conhecimento de quem decidiu narrar sobre Maria Cristina Bruno (1995: 95) denomina
determinado tema usando diferentes mídias. “exílio da memória”. No caso específico da
Temos com isso uma fração suposta da arqueologia, isso se refere à ausência de conexão
realidade material capturada, e, nesse caso, entre os vestígios de cultura material que são
podemos dizer que estamos diante de uma extraídos dos sítios no decurso de escavações
“representação da representação” do passado. e a produção de conhecimento científico e
Concebendo a possibilidade de autonomia sua disseminação para o público, promovendo
da ciência arqueológica no trato dos bens efetivamente aqueles de sentido histórico e de
materiais oriundos de suas pesquisas, é, valor social.
no entanto, importante ressaltar a contribuição Assim, o tratamento museológico dos
já consagrada da museologia para a preservação artefatos ou vestígios de cultura material
e disseminação do patrimônio material recuperados pelos arqueólogos torna-se
que atesta a milenar subsistência humana indispensável. Predominando atualmente
na superfície terrestre. Considerando-se a no Brasil um modelo ainda deficiente de
referida ciência para os efeitos pretendidos conexão entre a arqueologia e a museologia,
neste texto, como a investigação da relação evidencia-se a mais basilar falha que tão
entre o ser humano e o objeto material por ele comumente afeta as humanidades: entraves
produzido, ou mais incisivamente “o estudo à interdisciplinaridade, quiçá advinda da

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concepção de que essas ciências não são apenas as escavações terminam por desmontar o
autônomas, mas também independentes contexto em que os artefatos estavam. Com isso,
entre si. Wichers (2008) ressalta que esse temos um número significativo de material
equívoco, isto é, a falta de interconexão entre coletado que, obrigatoriamente, deverá ser
as disciplinas, é o principal causador de transportado para fora do sítio, possibilitando
problemas na salvaguarda, na comunicação e, inúmeras formas de aproveitamento dessas
ademais, na socialização do diverso patrimônio frações do passado.
material do qual o Brasil dispõe. Todavia, dependendo do tipo de evidências
Para uma compreensão da necessária identificadas (móveis ou imóveis), temos
interação entre estudar, recuperar evidências uma forma que pode, a princípio, trazer mais
e apresentá-las com sentido histórico e social, elementos físicos para ajudar os visitantes
como antecipado anteriormente, é preciso na compreensão dos registros arqueológicos
passar pelo entendimento de que reconstruir e possibilitar interações autônomas de
o passado com base em vestígios arqueológicos representação do passado: a musealização
requer um exercício interdisciplinar, o qual in loco. Aproveitar o ambiente real em que os
começa com a identificação de um mínimo objetos e as evidências arqueológicas estavam/
de evidências que possam garantir que o local estão pode ajudar a preencher parte das
tenha sido palco de interações e transformações lacunas de interpretação de quem visita acervos
humanas. Na sequência, em geral, os espaços retirados do contexto de origem.
são estudados e registrados, e os artefatos No nosso entendimento, a falta de estudos
arqueológicos móveis, oriundos desses estudos, e levantamentos sistemáticos sobre a real
são coletados e transportados para fora do situação do patrimônio material na esfera
ambiente de origem. Normalmente são municipal pode contribuir negativamente para
armazenados em reservas técnicas para estudo um baixo ou inexistente aproveitamento dessa
minucioso individualizado, fornecendo suporte expressão, além de não fortalecer noções de que
a interpretações sobre conjuntos e coleções. se trata de um bem de direito difuso.
Após essa etapa, parte do conjunto coletado Ao que parece, conjugar elementos físicos
poderá servir a exposições visuais voltadas ao e institucionais em um comparativo sistemático
público interessado, atividade própria do campo pode facilitar o entendimento dos pontos
da museologia. fortes e das possíveis deficiências, fazendo dessa
O fato é que o aproveitamento do iniciativa uma ferramenta capaz de diagnosticar
conhecimento gerado pelos estudos de sítios e orientar políticas e ações de interesse coletivo
arqueológicos pode se dar de diferentes para uma melhor gestão compartilhada do
maneiras, além da interpretação publicada patrimônio cultural de cada município e,
em textos e documentários, e a mais comum por consequência, um aproveitamento mais
parece ser a transformação dos conjuntos inclusivo e representativo de e por diferentes
recuperados dos sítios em acervos físicos públicos. Compreender o potencial de
dispostos em museus de modo a permitir aproveitamento museológico de cada município
interação visual com visitantes. Nesse caso, pode facilitar o fortalecimento de ações
estamos diante de uma opção de representação educativas e de conservação e preservação
baseada especialmente em evidências móveis. do patrimônio arqueológico e bens culturais
Mesmo que parte do cenário seja recriado conhecidos e a conhecer.
como pano de fundo, ainda assim o que Assim, a musealização in loco traria
temos é um simulacro da realidade material benefícios importantes para suprir determinadas
fora do ambiente em que tais artefatos foram deficiências próprias da escolha por musealização
produzidos e utilizados. extrassítio, como permitir a municípios que
Há uma razão para essa escolha de não têm casa de memória e/ou museus
representação em forma de exposição visual, instalados aproveitar sítios arqueológicos que
visto que para estudar determinados sítios, não apresentam material móvel, como sítios

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rupestres1, além de outros argumentos que serão ainda salientar que o conceito de musealização,
abordados ao longo do texto. que aqui não será esgotado, é entendido
Diante dessa suposição, decidiu-se construir como um processo científico que demanda
um comparativo de atributos físicos e de um conjunto de atividades administrativas
tratamento institucional entre diferentes tipos de e técnicas no contexto do museu e também
sítios em municípios de duas regiões arqueológicas fora dele (no caso de musealização in loco).
da Paraíba, a saber, Seridó e Curimataú, tendo Tais atividades técnicas estão vinculadas ao
como referência o sítio Itacoatiaras do Rio Ingá, processo curatorial, de pesquisa, preservação e
considerado pelos autores o sítio com melhor comunicação do patrimônio cultural (Bruno
aproveitamento nos moldes propostos aqui. 2005; Cury 2009; Desvallées & Mairesse 2013).
Antes de avançar, porém, convém
destacar que este artigo se apresenta mais
como uma proposta inicial de análise e de Materiais e métodos
criação de categorias analíticas capazes de
avaliar o potencial de musealização de sítios Apesar dos registros oficiais apresentarem
arqueológicos a céu aberto. Esta proposta cadastro inferior a duas centenas de sítios
parte de um contexto arqueológico regional arqueológicos (Centro Nacional de Arqueologia
conhecido pelos autores que, em suas 2014), o estado da Paraíba tem um número
experiências de campo, observaram muito superior, tanto em quantidade como em
determinados aspectos positivos e negativos para diversidade, conforme aponta o arqueólogo
o aproveitamento de sítios arqueológicos no que Juvandi de Souza Santos em comunicação
se refere ao uso público e social. Convém pessoal2 (Fig. 1).

Fig. 1. Localização da pesquisa.


Fonte: Elaboração dos autores.

1 Conquanto na plataforma do Instituto do Patrimônio 2 Considerando registros dos períodos histórico e pré-
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tenhamos um histórico, é possível estimar que esse total esteja próximo
número bastante reduzido de sítios (296) cadastrados no de 2 mil sítios arqueológicos. Com efeito, as atividades de
Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) para o levantamento arqueológico no âmbito do projeto de criação
estado da Paraíba, com base nos levantamentos dos autores, da Área de Proteção Ambiental do Seridó Oriental da
é possível afirmar que esse número já ultrapassou mais de Paraíba, em curso, já registraram cerca de 300 sítios somente
mil, sendo sua maior parte sítios do tipo rupestre (gravura nos municípios que fazem parte da proposta, e estima-se que
e pintura), condição que aumenta a possibilidade de esse número poderá aumentar ainda mais, tendo em vista
aproveitamento in loco. que as buscas continuam.

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Para efeitos de comparação, tomou-se como do agreste paraibano (Fig. 2). Um sítio fora das
parâmetro um sítio tombado oficialmente como áreas de interesse desse texto, mas que em certa
patrimônio cultural em 1944, amplamente medida pode ajudar na compreensão dos critérios
conhecido e estudado, a saber, Itacoatiaras do Rio aqui adotados, especialmente por apresentar tanto
Ingá, localizado no município de Ingá, na região material móvel como evidências in loco3.

Fig. 2. Sítio arqueológico Itacoatiaras do Rio Ingá.


Fonte: Acervo pessoal.

A escolha por esse sítio se deu porque que possibilita uma visitação segura e imersiva
ele apresenta características físicas desejáveis no ambiente arqueológico.
do ponto de vista do aproveitamento in loco. Tendo como referência o sítio
Trata-se de um sítio predominantemente mencionado, foi construída uma planilha
rupestre (gravuras), e um intenso processo de com 14 atributos físicos e de tratamento
estudo foi realizado desde sua descoberta por institucional (Tabela 1), e os sítios
diferentes autores. selecionados foram inseridos e classificados
No caso específico desse sítio, tomado com pesos de 0 a 2, em que 0 é a menor nota
como referência no comparativo, é justo afirmar e 2 a maior. Da soma dos diferentes pesos foi
que ele foi submetido a um intenso e proveitoso obtida uma média aritmética que indica uma
processo de musealização, considerando os suposta maior aptidão de cada sítio analisado
parâmetros aqui adotados: os artefatos coletados para uma possível musealização in loco.
em sua escavação estão acomodados em um
centro de exposição contíguo ao próprio 3 O sítio Itacoatiaras do Rio Ingá apresenta espaço
monumento, e este desenvolve a função de visitação guiada a céu aberto e conta com um prédio
construído em área contígua, com exposição permanente de
de grande painel de exposições ao ar livre, material arqueológico oriundo das imediações e de outros
dispondo ainda de uma adequada infraestrutura sítios, incluindo ainda material paleontológico.

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Peso
Atributo
2 1 0
Distância da cidade mais próxima até 5 km de 5 a 15 km acima de 15 km
Estado de preservação Bom Regular Ruim
Visibilidade dos vestígios Alta Média Baixa
Necessita de intervenção Não Desejável Sim
Tipo de intervenção Limpeza/cercamento Estruturas Escavação
Classificação de acesso Fácil Médio Difícil
Tipo de acesso Pavimentado Misto Não pavimentado
Trilha (caminhada) até 1 km de 1 a 2 km acima de 2 km
Contexto arqueológico Forte Médio Fraco
Estudos realizados Sim Em estudo Não
Acessibilidade (PNE) Sim Em estudo Não
Órgão de patrimônio cultural Sim Em estudo Não
Turismo no município Sim Em estudo Não
Museu no município Sim Em estudo Não

Tabela 1. Atributos de referência e pesos utilizados na classificação de sítios para musealização in loco.
Fonte: Elaboração dos autores.

Para a construção do comparativo das vias, com possibilidade de deslocamento


foram utilizadas informações espaciais por automóvel e o tipo de trilha necessária após
obtidas em registros pessoais dos autores esse trecho.
e na plataforma do Cadastro Nacional de O acesso por caminhada foi considerado
Sítios Arqueológicos (CNSA), do Instituto com peso próprio, sobretudo tomando
do Patrimônio Histórico e Artístico as distâncias como balizadoras desse
Nacional (Iphan), e conjugadas com estudos deslocamento necessário, complementado pelo
e visitas presenciais em diferentes momentos grau de dificuldade suposto para o conjunto
nos sítios selecionados. A seleção usou como (estrada/trilha).
critério primário o conhecimento obrigatório de Partindo da ideia de que a interação dos
cada unidade avaliada por pelo menos um dos visitantes com os vestígios e o ambiente se dá
autores, tendo em vista que algumas informações majoritariamente de forma sensorial (com
físicas só eram possíveis mediante visita técnica. destaque para a visão), foi considerado o estado
Os dados dos sítios foram inseridos de preservação dos vestígios, bem como sua
no software de geoprocessamento QGIS visibilidade. Evidências mais bem preservadas
(versão 3.10.4) e, a partir dos pontos, foram consequentemente podem possibilitar um
calculadas distâncias e relações com demais melhor entendimento por parte do visitante,
sítios cadastrados no entorno, oficiais ou de sobretudo quando consideramos painéis
conhecimento dos autores. rupestres, por exemplo.
Como um dos critérios é a distância entre Outro ponto considerado importante
o sítio e um local urbanizado, com base nas na classificação foi a necessidade ou não de
coordenadas geográficas foram calculadas rotas algum tipo de intervenção, sem a qual não
partindo da cidade mais próxima até o ponto seria possível o aproveitamento do público.
em que a porção de caminhada fosse a menor Nesse caso, estamos falando da necessidade,
possível. A classificação do acesso entre fácil e por exemplo, de escavação, plataformas
difícil foi baseada na percepção e experiência de acesso, guarda-corpo, proteção de
dos autores e considerou como peso a qualidade intempéries etc. Assim, sítios que necessitam

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de maiores intervenções terminam por receber Decidiu-se também por considerar a


notas menores em oposição a sítios que não as existência ou não de órgão de patrimônio
requerem para seu aproveitamento museal. cultural no município sede. É razoável
Considerando que o sítio analisado requer supor que municípios que tenham alguma
obrigatoriamente um contexto arqueológico oficialização na gestão dessa área, como uma
para seu melhor entendimento, outro critério secretaria ou conselho, apresentem maior
foi a existência ou não de outros sítios nas chance de aproveitar essa possibilidade de uso.
proximidades (em um raio de até 2 km). Um sítio Um fator também escolhido na classificação
com relações de proximidade com outros foi a existência no município, mesmo que de
assentamentos recebe maior peso do que sítios forma não oficial, de prática de turismo, urbano
que não apresentam essa característica – mesmo ou rural (turismo de aventura, de natureza,
que não haja uma ligação conhecida do ponto de contemplação etc.). Municípios que já
de vista cultural e/ou tecnológico, por exemplo. apresentam esse aproveitamento recebem maior
Se o sítio em questão recebeu estudos e foi nota, em detrimento de municípios onde essa
gerado algum tipo de conhecimento que poderá prática não existe.
servir à musealização no local, sua nota será Por fim, se o município apresenta museu
maior do que aqueles sítios que foram apenas e/ou casa de memória, receberá uma maior
primariamente levantados, os quais, por sua vez, nota em prejuízo daqueles que não possuem
receberão notas maiores do que aqueles que não esse equipamento. Supõe-se que a existência
foram estudados em nenhuma medida. desse tipo de aproveitamento do passado pode
Outro critério importante na esteira da contribuir para o fortalecimento e valorização
inclusão do maior número de pessoas foi o de de uma noção histórica e até mesmo de
acessibilidade de Portadores de Necessidades pertencimento a uma cultura e/ou localidade.
Especiais (PNE) ou com deficiência específica. Um dos critérios desejáveis inicialmente foi
Nesse caso, optou-se por considerar fatores o de relevância científica, mas como se supõe
como dificuldade de acesso (se há trechos haver um grau elevado de subjetividade nessa
irregulares e/ou se é necessário escalada, classificação, tendo em vista a notável falta de
por exemplo), se o sítio em questão já está estudos arqueológicos na esfera estadual, optou-
dotado de algum tipo de estrutura adaptada, se por não o utilizar nesse momento.
se está apto a recebê-la, ou ainda se o município Como se pode observar, a maior parte
dispõe de algum equipamento/veículo (cadeiras dos critérios físicos é objetiva e se baseia em
de rodas especiais tipo Joëlette, bicicletas características ditadas sobretudo pela localização
adaptadas etc.4) para suprir tais demandas. dos sítios. Alguns critérios como a classificação
Assim, a inclusão de assistência a PNE pode do acesso e/ou visibilidade dos vestígios,
trazer outra dimensão para o sítio musealizado, podem sugerir maior grau de subjetividade,
inferência que se dimensiona para outras uma vez que amparados nas observações dos
instituições e espaços de decisão, os quais pesquisadores que registraram tais evidências
envolvem critérios técnicos e normativos de acordo com sua percepção sensorial,
diferentes, sobretudo o exercício político de equipamentos e experiências.
inclusão de uma modalidade diferenciada
dentro de uma atividade pouco incentivada no
Brasil, a saber, a visita a museus tradicionais. Resultados e discussão

Tendo como referência o sítio Itacoatiaras


4 Em 2018, o município de Araruna implementou uma
ação piloto com base no projeto Montanha para Todos, do Rio Ingá, os resultados alcançados na
em que utilizava uma cadeira especial chamada Julietti classificação indicam uma maior relevância
(Joëlette), levando uma criança portadora de necessidades para sítios que mais se aproximam de um
especiais ao Parque Estadual da Pedra da Boca, incluindo
um rapel guiado no roteiro de visitação ao geossítio. Sobre a padrão suposto como ideal: próximos de
cadeira Julietti, ver: https://bit.ly/3ilDjZ8 cidades, com acesso pavimentado, trilhas curtas,

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boa visibilidade dos vestígios, fácil acesso, muito distantes de cidades, de acesso


com contexto arqueológico forte. precário, trilhas longas e terreno muito
Em oposição, os sítios com a menor acidentado, vestígios com baixa visibilidade
aptidão para a musealização no local ou não expostos, com fraco ou nenhum
conformam um cenário pouco desejável: contexto arqueológico conhecido.

Sítio Município Tipo Subtipo Nota % Potencial


Itacoatiaras do Ingá* Ingá Rupestre Gravura 1,9 92,9 Muito alto
Serra Verde w1 Araruna Rupestre Misto 1,5 75 Alto
Pedra do Letreiro Araruna Rupestre Pintura 1,5 75 Alto
Umari Bananeiras Rupestre Misto 1,5 75 Alto
Poço da Nêga Cuité Rupestre Misto 1,5 75 Alto
Pedra de Retumba Pedra Lavrada Rupestre Misto 1,5 75 Alto
Amargoso 2 Araruna Rupestre Pintura 1,4 71,4 Alto
Cachoeira do Pedro Picuí Rupestre Gravura 1,4 67,9 Alto
Serra Verde 3 Araruna Rupestre Pintura 1,3 64,3 Alto
Camareira Nova Palmeira Rupestre Pintura 1,2 60,7 Alto
Boqueirão do Japi Cuité Rupestre Pintura 1,1 57,1 Médio
Proveito São Vicente do Seridó Rupestre Gravura 1,1 53,6 Médio
Anafê Araruna Rupestre Pintura 1,0 50,0 Médio
Tambor Cuité Cerâmico Cemitério 0,9 46,4 Médio
Morcego São Vicente do Seridó Rupestre Pintura 0,9 42,9 Médio
Japi II Cuité Lítico Lascado 0,7 35,7 Baixo
Pedra do Tubarão Pocinhos Rupestre Pintura 0,6 32,1 Baixo
Serra do Inhahim Damião Rupestre Pintura 0,5 25,0 Baixo

Tabela 2. Classificação da amostra.


Fonte: Elaboração dos autores.
* Sítio referência

Na classificação, o sítio referência uma diferença entre os extremos bastante


(Itacoatiaras do Ingá) manteve sua posição significativa, da ordem de 1,4 pontos (67,9%).
de destaque, recebendo uma nota bastante De forma destacada no pior cenário para
próxima do cenário – segundo essa musealização, aparece o sítio Serra do Inhahim,
classificação, ideal ou mais apropriado/ localizado no município de Damião, região
apto (2,0) –, seguido por sítios em diferentes do Curimataú (Fig. 3). Apesar de ser um sítio
municípios (Curimataú ou Seridó), sendo com alta relevância arqueológica, com pinturas
Serra Verde 1 e Pedra do Letreiro em Araruna, da tradição Agreste em ótimo estado de
Umari em Bananeiras, Poço da Nêga em Cuité preservação e alta visibilidade, apresenta
e Pedra de Retumba em Pedra Lavrada, todos condições ruins de acesso e necessidade de
com nota 1,5 (ou 75%). estruturas de proteção (plataformas e guarda-
Apesar da classificação apresentar um corpo). Além disso, requer um deslocamento
escalonamento regular, com pouca variação longo por estrada carroçável precária (7,2 km)
entre sucessores, é possível distinguir um e precisa ser complementado por uma trilha
segundo grupo com notas bastante próximas de 1,2 km, com escalada na porção final.
do primeiro (1,5), entre 1,28 e 1,42, e Somado a isso, temos um cenário institucional

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que pouco contribui para seu aproveitamento, voluntários interessados em apoiar essa prática.
tendo em vista que o município não tem Esse é um exemplo de situações existentes,
equipamentos públicos voltados ao patrimônio em que, para cada um dos locais analisados,
arqueológico e não está estruturado para pode ser elaborado um quadro de conflitos,
receber turistas, apesar de haver munícipes impasses e alternativas.

Fig. 3. Vista parcial do sítio arqueológico Serra do Inhanhim.


Fonte: Acervo pessoal.

Outros dois sítios chamaram a atenção A princípio, supúnhamos uma melhor


para sua classificação mediana/ruim no classificação para o sítio Boqueirão do Japi,
comparativo: Morcego (Fig. 5) e Pedra do localizado no município de Cuité (Fig. 4).
Tubarão, nos municípios de São Vicente Conquanto apresente um significativo grau
do Seridó e Pocinhos, respectivamente. de importância para arqueologia da Paraíba
Esses dois sítios apresentam alta relevância (tradições Agreste e Nordeste), especialmente por
arqueológica e relativo estado de conservação, fazer parte de um complexo de sítios rupestres
mas perdem nota nos quesitos de distância situado na divisa com o Rio Grande do Norte
e acessibilidade, por exemplo. Ambos e estar em processo de socialização física de
necessitam de grandes deslocamentos, forma institucional (por meio do Iphan), acabou
sobretudo o sítio Pedra do Tubarão (8 km recebendo uma nota surpreendentemente baixa
de trilha difícil). Além disso, estão em (1,14 ou 57,1% da nota máxima possível) quando
municípios com baixo investimento em comparado ao complexo vizinho, Poço da Nêga,
turismo e órgãos de cultura para lidar com localizado a apenas 640 metros, embora a cidade
esse tipo de patrimônio. mais próxima seja Japi/RN.

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Fig. 4. Aspecto do sítio arqueológico Boqueirão do Japi.


Fonte: Acervo pessoal.

Há um destaque positivo para os Os critérios que parecem ter feito diferença


municípios de Araruna e Pedra Lavrada, significativa na média foi a necessidade de
em que a presença de órgão de cultura, museu intervenções arqueológicas e de adaptações
e turismo, desenvolvido ou em implantação, estruturais para acesso dos visitantes. Aqueles
contribuíram significativamente, sobretudo sítios que estão “enterrados” e que, dessa
no caso de Araruna, mesmo tendo sítios maneira, precisam de escavações e estudos para
distantes da cidade e com grau de visibilidade revelar seus vestígios, apesar de sua relevância
regular para alguns deles. Pedra de Retumba arqueológica – como o sítio Tambor (tradição
(Fig. 6), mesmo não tendo acesso calçado, tupi) e/ou Japi II (sítio lítico) –, mesmo
conseguiu uma nota semelhante a Araruna, atendendo a outros critérios como proximidade
dada a sua pequena proximidade com os ou fácil acesso, ainda assim ficam com notas
limites da sede municipal. abaixo da maioria.

Fig. 5. Painel principal do sítio rupestre Morcego.


Fonte: Acervo pessoal.

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Gráfico 1. Potencial de musealização in loco (Curimataú e Seridó/PB).


Fonte: Elaboração dos autores.

Fig. 6. Vista parcial do sítio arqueológico Pedra de Retumba.


Fonte: União Caatinga (2020).

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Considerações finais simbólica no mesmo ambiente – que foi palco


das transformações que hoje percebemos
Apesar da amostra analisada ser pequena, como vestígios arqueológicos, o que pode
nosso experimento parece ter conseguido permitir acionar outros órgãos dos sentidos
apontar um rumo claro sobre sua capacidade além da visão, como o olfato, o tato, a audição.
de obter respostas, se mostrando uma O esforço físico, o envolvimento da vegetação,
ferramenta de baixo investimento e de fácil dos sons, dos cheiros, das texturas e, até mesmo,
uso, especialmente se ampliada e adaptada a a sensação térmica no momento da visita,
diferentes contextos arqueológicos. podem contribuir para uma ressignificação
Uma vez constatada a predominância teórica dos espaços e das transformações antrópicas,
de sítios rupestres sobre os demais tipos, aliada consubstanciando o passado em uma noção
ao fato de, em sua maioria, estarem associados histórica e social de forma autônoma.
a cursos d’água, em formações rochosas com Outro benefício no horizonte dessa
baixo ou inexistente acúmulo de sedimentos, proposta é o de geração de renda, uma vez
sua capacidade informativa está essencialmente que haveria a necessidade de adaptações
atrelada a vestígios imóveis. Desse modo, o que estruturais, mesmo que pequenas, de
poderia ser pensado como uma deficiência condutores e guias, transporte etc.,
informativa, permite enxergar a ausência de fortalecendo setores da economia associada
mobiliário passível de musealização extrassítio, a esse tipo de aproveitamento, inclusive de
como um fortalecedor dos argumentos de práticas culturais já existentes no município,
aproveitamento no próprio local. como artesanato e gastronomia.
Pode-se supor que sítios com necessidade A implementação de estudos de viabilidade
de escavações apresentem maior grau de técnica de musealização de sítios a céu aberto
dificuldade de socialização no local, tendo em passa também pela absorção de mão de obra
vista que, dependendo do tipo de material qualificada, tanto da arqueologia quanto da
encontrado na estratigrafia, obrigatoriamente museologia, caso alguns municípios decidam
precisará de tratamento e conservação fora pela iniciativa privada.
do sítio, especialmente se fragilizado quando Há pontos negativos que precisam ser
exposto a intempéries e ações geoquímicas. considerados em atividades de socialização de
Além disso, artefatos com maior apelo cênico monumentos arqueológicos. Uma vez que sítios
(urnas funerárias, artefatos polidos, lascados antes não abertos à visitação estavam de certa
etc.) podem sofrer ações antrópicas destrutivas, forma “protegidos”, ao se tornarem ambientes
como vandalismo, saques etc. Uma possível de visitação pública podem sofrer com ações
saída para minimizar tais ações e permitir agressivas de determinados visitantes, colocando
uma experiência sensorial mais profunda seria em risco a conservação de seus vestígios. Ações
expor nos locais escavados réplicas do material educativas sobre patrimônio são de extrema
coletado, por exemplo. relevância para evitar ou diminuir tais efeitos.
Sítios a céu aberto que não necessitam A própria planilha de classificação
de escavações e estruturas especiais e/ou aqui proposta apresenta limitações, como
dispendiosas, dado o contexto precário de a homogeneização ou mesmo simplificação
gestão desse tipo de patrimônio, podem ser de critérios, dada a quantidade de variáveis
a alternativa mais viável do ponto de vista de disponíveis em cada rubrica analisada.
um aproveitamento mais imediato e inclusivo, Da mesma forma, é preciso considerar a
podendo servir de piloto para aqueles que limitação das informações disponíveis em alguns
supostamente são menos aptos a receber visitas. critérios, sobretudo aqueles ligados a questões
Dentre outros benefícios da musealização institucionais, além das possíveis distorções
in loco, está um melhor uso das percepções subjetivas de cada pesquisador envolvido.
sensoriais por parte dos visitantes. Uma vez no Uma das saídas para calibrar a ferramenta
sítio, ao visitante é possibilitada uma imersão de modo a abranger a maior quantidade de

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Potencial de aproveitamento de sítios arqueológicos para fins de musealização in loco
R. Museu Arq. Etn., 39: 156-169, 2022.

situações possíveis é aumentar a amostra, potencial já poderia direcionar onde estão


reunindo as inúmeras variações de cada os maiores conflitos e impasses, como é
tema para construir, assim, noções menos possível deduzir a partir da amostra analisada,
generalizantes e mais abrangentes, o que evitaria sendo eles (1) a necessidade de pesquisas
classificações empobrecedoras e irreais. acadêmicas; (2) a governança para gestão do
No que diz respeito às limitações que a patrimônio cultural nas esferas municipal e
ferramenta tem e que pode apresentar em estadual; e (3) os espaços de decisão, como
amostras maiores, seu emprego pode auxiliar conselhos e comitês.
municípios que apresentam sítios arqueológicos Acerca do primeiro ponto, cabe realizar
em grande quantidade e diversidade, levantamentos pormenorizados sobre as
especialmente aqueles que não contam com perspectivas de universidades implementarem
museus no sentido tradicional. projetos de pesquisas arqueológicas na região
A aplicação da chave de classificação pode e executarem um programa de gestão integral,
servir como elemento central para avaliar, incluindo a comunidade local, como artesãos,
implementar ou acentuar a movimentação guias e condutores, donos de restaurante
em prol das questões relativas a políticas etc. O segundo e o terceiro ponto remetem
públicas, voltadas ao aproveitamento social ao fato da necessidade da comunidade e
do patrimônio cultural. Nesse sentido, diversos segmentos expressivos no município
a musealização de sítios arqueológicos a céu serem ouvidos e consultados atentamente,
aberto abrange movimentações necessárias considerando ainda que essa escuta seja feita
em torno da gestão compartilhada dos em espaços de formulação de políticas públicas
bens culturais. deliberativos, consultivos e propositivos.
Esse tipo de compreensão sobre um bem Esse tipo de perspectiva possibilita
de interesse difuso atribui ao poder público e colocar as partes interessadas e necessárias
à sociedade civil a necessidade de estabelecer para refletirem sobre a gestão do patrimônio
diálogos proativos para identificação, cultural. Sob diversos aspectos, é possível
documentação, proteção e promoção dos afirmar que o patrimônio gera conflitos. Nesse
sítios arqueológicos, por meio de sítios entendimento, a formação ou fortalecimento
musealizados in loco. O grande debate no país de espaços verdadeiramente democráticos
sobre gestão do patrimônio cultural passa pela confere ao projeto um exercício de cidadania
inclusão da sociedade civil nesse processo. patrimonial que pode auxiliar na construção
Nesse sentido, a chave de classificação de participativa do passado.

ROSA, J.H.; SANTOS, J.S. Potential of use of archaeological sites for musealization
in loco: case study in Curimataú and Seridó in the state of Paraíba. R. Museu Arq. Etn.
39: 156-169, 2022.

Abstract: This text aims to discuss perspectives for evaluating the potential
for the creation of open-air archaeological museums, proposing as a tool a
preliminary classification key based on physical and institutional aspects, which
assesses the responsiveness to proposals for musealization of sites in its own
implantation site using as partial sample two archeological regions, Curimataú
and Seridó, located in the north-northeast of the State of Paraíba. The tool uses
14 basic aspects, which are classified according to weights from 0 to 2 and that,
once combined, result in a score supposedly indicative of the greater or lesser
adequacy of the analyzed sites in receiving interventions for musealization in loco.
The result obtained in this initiative indicated that of the 17 classified sites,
53% had high potential, 29% medium, and 18% low, with no site appearing in

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João H. Rosa
Juvandi S. Santos


the extremes of “very high” and “very low” potential. The text also points out
that this proposal was able to diagnose strengths and weaknesses considering
basic characteristics and of easy access to managers and interested professionals.

Keywords: Musealization in loco; Archaeology; Curimataú; Seridó.

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