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Pré História

AULA 22/06/2023

Disciplina do Curso de História da


Universidade Federal de Pelotas Docente: Dr. Jaime Mujica Sallés

Pelotas, RS, Brasil - 2023


Conceito de Arqueologia 5

ARQUEOLOGIA

A Arqueologia, conforme Funari (2003), se caracteriza como uma


ciência que se debruça sobre o estudo da materialidade elaborada
pelas sociedades humanas como um dos aspectos de sua cultura –
em sentido amplo – sem limitar-se ao caráter cronológico.

A Arqueologia, portanto, é uma das disciplinas científicas que


estudam as relações entre a cultura material e as sociedades
estabelecidas na longa duração

Fonte: SALADINO, Alejandra; PEREIRA, Rodrigo. Arqueologia histórica.


Excavación de uno de los ídolos de madera en el sector norte de
In: GRIECO, Bettina; TEIXEIRA, Luciano; THOMPSON, Analucia (Orgs.).
Chayhuac An, uno de los conjuntos amurallados de la ciudad
Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. 2. ed. Rio de Janeiro, Brasília: precolombina de Chan Chan (Perú)
IPHAN/DAF/Copedoc, 2016 )
Fonte:
https://historia.nationalgeographic.com.es/a/extraordinarios-
hallazgos-chan-chan-gran-ciudad-barro-reino-chimu_11938
Conceito de Arqueologia 6

ARQUEOLOGIA

A Arqueologia é uma disciplina científica que estuda os vestígios


materiais deixados pelas sociedades humanas antigas.

Ela se concentra na recuperação, interpretação e análise desses


vestígios para entender melhor as culturas e os comportamentos
das civilizações passadas.

A arqueologia busca reconstruir a história humana por meio de


evidências tangíveis, como artefatos, estruturas arquitetônicas,
restos humanos, paisagens modificadas e outros vestígios
Excavación en la cueva de Isturits (Euskal Herria) encontrados em escavações e sítios arqueológicos.

Fonte: https://www.ehu.eus/es/-/nueva-excavacion-en-la-cueva-de-isturits
Conceito de Arqueologia 7

ARQUEOLOGIA

A Arqueologia embora possa ser considerada uma ciência


bem definida, nos encontramos com toda uma série de disciplinas
que, além de estar relacionadas entre si, cada uma têm seu próprio
tema de estudo e o seu método de trabalho ( Hole & Heizer, Introducción a la
Arqueología Prehistórica, 1997).

A disciplina arqueológica é interdisciplinar, combinando


elementos da antropologia, história, geologia, química, biologia,
conservação-restauração e outras áreas do conhecimento para https://www.parantropauva.com/curso-de-formacion-es-la-arqueologia-una-ciencia-
interdisciplinar-iniciacion-a-la-arqueometria-y-la-bioarqueologia/

obter uma compreensão mais completa das sociedades antigas.

Os arqueólogos utilizam métodos científicos rigorosos para coletar, analisar e


interpretar os vestígios arqueológicos, além de aplicar técnicas de datação absoluta e
relativa para estabelecer a cronologia dos eventos
Conceito de Arqueologia 8

ARQUEOLOGIA

A Arqueologia, como uma das ciências históricas e sociais,


compartilha com elas a utilização da metodologia científica, com
base fundamentalmente na procura de informação, no análise
dessa informação, na sua interpretação e na sua síntese.

Sua particularidade, não obstante, reside no objeto de estudo – as


atividades humanas do passado, e no tipo de dados necessários
para atingir tal finalidade, as evidencias da existência de tal
atividade num determinado momento e num espácio concreto
Sambaqui

Fonte: García & Fortes, 2008


http://marianamassarani.blogspot.com/2018/10/sambaqui.html
Conceito de Arqueologia 9

ARQUEOLOGIA

As evidências da presença humana analisadas à luz do corpus


teórico e com o ferramental metodológico próprios da Arqueologia
transformam-se em bens arqueológicos. Conforme o Artigo nº
216 da Constituição Federal de 1988, são bens da União e,
portanto, sobre eles são aplicados instrumentos jurídicos e técnicos
para garantir a sua proteção e sua preservação.

O patrimônio cultural está sob a tutela do Instituto do Patrimônio


Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Fonte: Saladino & Pereira, 2016


Conceito de Bens Arqueológicos 10/40

BENS ARQUEOLÓGICOS

A CONVENÇÃO EUROPEIA PARA A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO


ARQUEOLÓGICO, assinado em Malta em 1992, considera que são Bens
Arqueológicos:

“todos os vestígios, bens e outros indícios da existência do homem no


passado; e cuja preservação e estudo permitam traçar a história da
humanidade e a sua relação com o ambiente; e cuja principal fonte de
informação é constituída por escavações ou descobertas e ainda outros
métodos de pesquisa relacionados com o homem e o ambiente que o rodeia”
Fonte: https://www.icomos.pt/images/pdfs/2021/33%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20patrim%C3%B3nio%20arqueol%C3%B3gico%20-

%20Conselho%20Europa%201992.pdf )

A Convenção Europeia para a Proteção do Patrimônio Arqueológico tem por objetivo a proteção do patrimônio arqueológico enquanto fonte da memória coletiva e instrumento de
estudo histórico e científico. A Convenção estabelece que as Partes devem desenvolver um regime legal de proteção do patrimônio cultural que preveja a manutenção de um
inventário e classificação de monumentos e zonas de proteção, a criação de reservas arqueológicas, e a obrigação da participação de descoberta fortuita de patrimônio
arqueológico, bem como a adoção de medidas para assegurar a proteção física e preservação deste patrimônio e para garantir o carácter científico do trabalho de pesquisa
arqueológica. Fonte: https://portal.azores.gov.pt/web/drpm/-/conven%C3%A7%C3%A3o-europeia-para-a-prote%C3%A7%C3%A3o-do-patrim%C3%B3nio-arqueol%C3%B3gico
Conceito de Patrimônio Arqueológico 11

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO

O Patrimônio Arqueológico faz parte do patrimônio cultural


material e engloba os vestígios e os lugares relacionados a grupos
humanos pretéritos responsáveis pela formação identitária da
sociedade brasileira, representado por sítios arqueológicos, peças
avulsas, coleções e acervos que podendo ser classificado em bens
móveis e imóveis.
Esse patrimônio, objeto de estudo da Arqueologia, é formado
pelos vestígios materiais e suas informações associadas, como, por
exemplo, a disposição desses vestígios, as formas adotadas para
ocupação do espaço, as relações e os contextos ambientais
selecionados para tal, sendo que o conjunto dessas informações
formam o sítio arqueológico. Topo de un cerrito de indios (India
Muerta, Rocha, Uruguay)

(https://www.gov.br/iphan/pt-br/patrimonio-cultural/patrimonio-arqueologico) https://mirador.cure.edu.uy/portfolio-items/cerritos-de-indios/

O Patrimônio arqueológico no contexto jurídico


brasileiro
Conceito de Patrimônio Arqueológico 12

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO

Em concordância com essa definição, o Patrimônio


Arqueológico está conformado por qualquer elemento natural
que, embora apareça de forma parcial ou fragmentária no sítio,
possa revelar dados da cultura ou do grupo humano estudado,
permitindo uma maior compreensão de aspectos tais como a sua
estrutura social, seu sistema econômico e de produção, suas vias
de comunicação, sua alimentação e vivenda, sua relação com o
ambiente- com a paisagem, a fauna e a flora com a qual convive- e
a sua capacidade de aproveitamento do mesmo – a caça, a
recolecção, a agricultura e a extração de matérias primas-, suas
faculdades tecnológicas e criativas, suas crenças e rituais

Cerrito de indios ocupado por el bosque nativo


(García & Fortes, 2008)
https://mirador.cure.edu.uy/portfolio-items/cerritos-de-indios/
As Fontes de Informação sobre as Sociedades Pré-histórica 13

FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE O PASSADO PRÉ-HISTÓRICO

Além do estudo dos vestigios materiais (artefatos e ecofatos)


existem outras fontes potenciais de informação sobre os
ocupantes dos sítios pré-históricos, como ser :

* 1. Pegadas nas cinzas vulcânicas


* 2. Pinturas rupestres
* 3. Gravuras rupestres
* 4. Contexto arqueológico
* 5. Analogia etnográfica
https://historia.nationalgeographic.com.es/a/descubren-que-los-
* 6. Documentação histórica neandertales-comian-cangrejos-asados-hace-90000-anos_19093

* 7. Paisagem antrópica

Fonte:Funari & Noelli, Pré-história do Brasil, 2005.


As Fontes de Informação sobre as Sociedades Pré-histórica 14

1. Pegadas nas cinzas vulcânicas

Laetoli (Tanzania, 3,4 - 3,8 Ma)

Leakey 1979
Fonte: Aula da Dra. Maria Farias (2023)
As Fontes de Informação sobre as Sociedades Pré-histórica 15

2. Pinturas rupestres

A pintura rupestre refere-se à


aplicação de pigmentos naturais,
como ocre, carvão vegetal e
outros minerais, nas superfícies
das rochas

Parque Nacional da Serra da Capivara


(Piauí, Brasil)
As Fontes de Informação sobre as Sociedades Pré-histórica 16

3. Gravuras rupestres

As gravuras rupestres ou
petroglifos eram feitas mediante
incisões na rocha usando
ferramentas de pedra ou de osso

Sítio Arqueológico Itacoatiaras do Rio Ingá (Paraíba) “itacoatiara” termo de origem tupi guarani - Ita (pedra), cutiara (risco, desenho)
As Fontes de Informação sobre as Sociedades Pré-histórica 17

4. Contexto arqueológico
Estruturas:

Canais tipo trincheiras, valetas

De lascamento

Círculos de pedra

De Combustão

Estacas, buracos de Fossas

Funerárias

Fossas

Vestígios de mineração

Alinhamento de pedras

Manchas pretas

Fonte:https://bionarede.crbio04.gov.br/2012/04/mais-antiga-fogueira-feita-pelo-homem/
As Fontes de Informação sobre as Sociedades Pré-histórica 18

5. Analogia Etnográfica

Através da observação do
comportamento de sociedades do
presente, podemos inferir informações
sobre como determinadas sociedades
presumivelmente semelhantes do
passado podem ter vivido

https://www.amazon.com/Nunamiut-Ethnoarchaeology-Foundations-Archaeology-Binford/dp/0979773180

Pesquisa Etnoarqueológica
As Fontes de Informação sobre as Sociedades Pré-histórica 19

6. Documentação histórica

Staden, Hans, Approximately 1525-1576

Fonte: https://digital.bbm.usp.br/view/?45000008047&bbm/6639#page/76/mode/2up
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 20/40

EVIDENCIAS DO PASSADO PRÉ-HISTÓRICO

A análise dos materiais arqueológicos é um dos fatores mais


importantes em arqueologia pré-histórica, uma vez que, ao contrário da
arqueologia aplicada a sítios de cronologias históricas, não existe outro
tipo de informação a não ser a do registro do sítio arqueológico e daquilo
que ele encerra -os artefatos.

Existe uma grande diversidade dos artefatos encontrados em


contextos pré-históricos e cada conjunto de artefatos apresenta um
conjunto de procedimentos analíticos para o seu estudo, devendo a
análise ser desenvolvida para responder a perguntas específicas no
estudo de determinado contexto pré-histórico (Bicho, 2011)
https://historia.nationalgeographic.com.es/a/descubren-que-los-
neandertales-comian-cangrejos-asados-hace-90000-anos_19093

Fonte: Nuno Ferreira Bicho. Manual de Arqueologia


Pré-Histórica. 2011
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 21

EVIDENCIAS DO PASSADO PRÉ-HISTÓRICO

Somente um reduzido universo de materiais -


orgânicos e inorgânicos- consegue perdurar ao longo
do tempo e é através do estudo deles que a Arqueologia
tenta compreender e interpretar os capítulos da ocupação
pré-histórica dos territórios

Gráfica ilustrando a taxa de deterioração dos


materiais arqueológicos ao longo do tempo

Fonte: García & Fortes, 2008


O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 22

MATÉRIAS PRIMAS ARQUEOLÓGICAS

Podemos considerar como matérias-primas arqueológicas


Deste conjunto de elementos, os restos
os materiais constitutivos de seres humanos e das espécies
dessa fauna e flora são denominados de
vegetais e animais que podem encontra-se num sítio
ecofatos e os elementos
arqueológico, assim como as matérias primas, de origem
manufaturados, são denominados de
orgânica (vegetal ou animal) ou inorgânica (mineral),
artefatos (García & Flós, 2008)
exploradas e empregadas por cada sociedade na obtenção dos
objetos, móveis ou imóveis, que formam parte da sua cultura
material, em toda a sua variedade de usos tamanhos e formas.
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 23

MATERIAIS ORGÂNICOS

Dentro das matérias-primas e elementos

de origem orgânica encontramos as de fontes

vegetais e as de fonte animal


O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 24

MATERIAIS VEGETAIS

Podemos diferenciar dois grandes grupos de elementos vegetais que


podem persistir no ambiente desde épocas pré-históricas:

* Microvestígios vegetais

* Macrorestos vegetais

O paleoambiente através da análise e Parque Nacional da Serra da Capivara


interpretação dos vestígios vegetais
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 25

MATERIAIS VEGETAIS - Microvestígios


Os microvestígios vegetais são pequenos fragmentos, grãos e estruturas de plantas encontrados em sítios
arqueológicos. A análise desses vestígios fornece informações valiosas sobre a dieta, uso de plantas, práticas
agrícolas, tecnologias e interação das sociedades pré-históricas com o mundo vegetal

- Pólen
Espículas de esponjas
- Fitólitos
- Diatomáceas
- Amido
- Ácidos graxos
- Fibras vegetais
- Ceras
- Resinas
- Fungos
- Fitoquímicos
- Micro-carvões

Arqueobotânica https://www.facebook.com/sabotanica/photos/a.408939282475884/1724509027585563/
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 26

MATERIAIS VEGETAIS - Microvestígios


Os microvestígios vegetais são pequenos fragmentos, grãos e estruturas
de plantas encontrados em sítios arqueológicos. A análise desses vestígios
fornece informações valiosas sobre a dieta, uso de plantas, práticas
agrícolas, tecnologias e interação das sociedades pré-históricas com o
mundo vegetal.

1. Pólen: Grãos microscópicos de pólen provenientes de diferentes


espécies vegetais
https://theconversation.com/la-biodiversidad-de-
la-peninsula-iberica-a-lo-largo-de-66-millones-
de-anos-192521

2. Fitólitos: Estruturas minerais, como sílica, encontradas nas células das


plantas. Os fitólitos podem ser específicos de certas espécies vegetais ou
grupos taxonômicos

3. Amido: Grânulos de amido preservados em ferramentas e artefatos,


que podem ser identificados e associados a plantas específicas

Indicadores Paleoambientais
https://www.researchgate.net/publication/285586488_Analisis_fitoliticos_de_la_formacion_San_Salvador_plioceno-
pleistoceno_inferior_en_la_cuenca_del_rio_Uruguay_Entre_Rios_Argentina
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 27

MATERIAIS VEGETAIS
4. Fibras vegetais: Pequenos fragmentos de fibras vegetais usadas para tecelagem, cestaria e cordoaria

5. Resinas: Resíduos de resinas vegetais, como âmbar ou copal, utilizadas para adesão ou como incenso

6. Espículas de esponjas: Estruturas esqueléticas das esponjas que podem ser encontradas em contextos
arqueológicos, indicando seu uso como ferramentas ou materiais de limpeza.

7. Diatomáceas: grupo de microalgas unicelulares com paredes celulares de sílica. Elas são encontradas em
ambientes aquáticos, como oceanos, lagos e rios, e também podem ser encontradas em sedimentos.
Permitem reconstruir ambientes passados, informações sobre as práticas de consumo de alimentos e as
atividades humanas em relação aos recursos aquáticos, as mudanças ambientais, etc.

8. Ácidos graxos: são componentes das gorduras vegetais e podem ser preservados em resíduos alimentares
ou em cerâmicas por meio de processos de absorção ou impregnação. A análise pode fornecer informações
valiosas sobre as plantas utilizadas na alimentação, técnicas de processamento de alimentos, preferências
alimentares e até mesmo a origem geográfica das plantas. Além disso, a análise de ácidos graxos também
pode revelar mudanças na dieta e na subsistência ao longo do tempo.
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 28

MATERIAIS VEGETAIS

A) Conjunto de herramientas líticas, área de almacenamiento edificio 52; B) Huella de uso observada en la superficie de artefactos
líticos; C) Fitolito de inflorescencia de trigo; D) Granulo de almidón de trigo.

https://www.upf.edu/es/web/focus/noticies/-/asset_publisher/qOocsyZZDGHL/content/id/246927954/
maximized
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 29

MATERIAIS VEGETAIS

9. Ceras: Restos de ceras vegetais usadas para impermeabilizar


recipientes ou revestimentos
10. Fungos: Fragmentos microscópicos de fungos indicando atividades
de armazenamento ou processamento de alimentos
11. Fitoquímicos:Substâncias químicas produzidas pelas plantas, como
taninos, alcaloides ou flavonoides, que podem ser identificadas em
vestígios arqueológicos
12. Microcarvões: Restos microscópicos de carvão vegetal resultantes
de atividades de queima, como incêndios domésticos, cerâmica ou
metalurgia https://historia.nationalgeographic.com.es/a/vasijas-reflejan-como-
fue-consumo-leche-europa-hace-7000-anos_15302

A variedade de microvestígios vegetais descobertos pode ser ainda mais ampla e específica, dependendo do contexto arqueológico e da região geográfica em questão
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 30/40

MATERIAIS VEGETAIS - Macrovestígios

1. Sementes e grãos
2. Caroços de frutas
3. Cascas de nozes
4. Restos de plantas: raízes, tubérculos, caules e folhas
5. Madeira
6. Madeira carbonizada
7. Cortiça e fibras vegetais
8. Cinzas de plantas

https://lap.mn.ufrj.br/website/pesquisa/especialidades.php?pg_id=10
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 31

MATERIAIS VEGETAIS - Macrovestígios

1. Sementes e grãos: vestígios de sementes e grãos de plantas cultivadas e


selvagens são frequentemente encontrados em sítios arqueológicos. Eles
fornecem informações sobre a dieta alimentar, técnicas de cultivo e domesticação
de plantas
2. Caroços de frutas: restos de caroços de frutas como cerejas, ameixas,
maçãs, uvas, butiá, indicam o consumo dessas frutas pelas sociedades pré-
históricas
3. Cascas de nozes: vestígios de cascas de nozes, como avelãs e castanhas,
Palmeira da espécie Butiá odorata
revelam o consumo desses alimentos ricos em proteínas

Fonte: https://plantararboles.blogspot.com/2017/06/ii-arboles-no-autoctonos-de-espana.html
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 32

MATERIAIS VEGETAIS - Macrovestígios

4. Restos de plantas: raízes, tubérculos e folhas podem ser preservadas em sítios


arqueológicos, fornecendo evidências da variedade de plantas utilizadas para
alimentação, tingimento, medicinais, veneno, construtivo, ferramentas, rituais, etc.
5. Madeira preservada: em condições excepcionais de preservação, como em sítios
lacustres ou soterrados, a madeira pode ser preservada ao longo do tempo e fornece
informações valiosas sobre técnicas de construção, ferramentas, objetos utilitários e
artefatos decorativos utilizados pelas sociedades pré-históricas
6. Madeira carbonizada: provenientes de estruturas, fogueiras ou ferramentas
7. Fibras vegetais: usadas na fabricação de cestos, cordas, tecidos, etc.
8. Cinzas vegetais: provenientes da queima de plantas para fins culinários, medicinais
ou cerimoniais

Fonte: https://historia.nationalgeographic.com.es/a/craneos-desarticulados-y-estacas-violencia-
mesolitico-suecia_12387
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 33

MATERIAIS DE ORIGEM ANIMAL


A zooarqueologia é uma disciplina que se dedica ao estudo dos restos arqueológicos de
animais encontrados em sítios arqueológicos. Ela desempenha um papel crucial na
compreensão das interações entre seres humanos e animais ao longo da história possibilitando:

A. Compreensão da subsistência humana: O estudo dos restos animais encontrados em


sítios arqueológicos permite aos pesquisadores entenderem como as populações humanas
antigas obtinham sua subsistência. A análise dos ossos e outros vestígios permite reconstruir as
estratégias de caça, pesca e coleta de alimentos, bem como a domesticação de animais e o
desenvolvimento da agricultura

b. Reconstrução de padrões de consumo: Através da zooarqueologia, é possível identificar


quais espécies de animais eram consumidas pelas sociedades passadas e como esses
padrões de consumo variavam ao longo do tempo e em diferentes regiões. Essas informações Broad Reach (Carteret County, North Carolina, USA)

são úteis para entender as preferências alimentares, as práticas culinárias e os aspectos


culturais associados à alimentação

https://archaeology.sites.unc.edu/home/rla/research/
zooarchaeology-at-the-broad-reach-site/
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 34

MATERIAIS DE ORIGEM ANIMAL

c. Estudo das interações entre humanos e animais: A zooarqueologia também


permite investigar as relações entre seres humanos e animais além do consumo
alimentar. Ela pode revelar evidências de práticas de domesticação, criação de
animais para trabalho ou outros fins, uso de animais em rituais e simbolismo, bem
como a presença de animais de estimação ou animais associados a crenças
religiosas. Megafauna: Glyptodon

https://www.megafauna3d.org/glyptodon/
D. Reconstrução de paleoambientes: Os restos animais encontrados em sítios
arqueológicos fornecem informações valiosas sobre os ambientes naturais do
passado. Através do estudo de fauna extinta ou de espécies que habitavam áreas
específicas, os zooarqueólogos podem reconstruir paisagens antigas, identificar
mudanças climáticas e entender a influência do ser humano na modificação do
ambiente.

Em resumo, a zooarqueologia desempenha um papel


fundamental na reconstrução das relações entre seres
humanos e animais ao longo da história, fornecendo
insights valiosos sobre a subsistência humana, padrões de
consumo, interações culturais e mudanças ambientais. https://www.mncn.csic.es/es/comunicacion/blog/un-mamifero-fosil-que-llamo-poderosamente-la-atencion-de-darwin
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 35

MATERIAIS ANIMAIS

1. Ossos e dentes
2. Cascas de ovos
3. Chifres e cornos
4. Couro
5. Conchas
6. Vestígios de insetos
7. Fezes fósseis (coprólitos)
8. Artefatos feitos de partes animais
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 36

MATERIAIS ANIMAIS

- Ossos e dentes: Ossos e dentes de animais são frequentemente encontrados em sítios arqueológicos e podem fornecer
informações valiosas sobre a dieta humana, práticas de caça e domesticação de animais. Por exemplo, a presença de ossos de
animais selvagens indica a caça, enquanto ossos de animais domesticados sugerem a criação de animais para alimentação ou
outros fins.
- Cascas de ovos: As cascas de ovos podem fornecer insights sobre os animais consumidos pelas sociedades antigas.
- Chifres e cornos: têm sido utilizados para diversos fins, como a fabricação de utensílios, ferramentas, instrumentos musicais e
adornos.
- Couro: O couro animal foi usado para a produção de vestuário, calçados, recipientes e outros itens duráveis. Peças de couro
fornecem evidências sobre técnicas de curtimento e uso de animais específicos.
- Conchas: foram usadas em muitas culturas antigas como recipientes, recipientes de armazenamento, adornos e até mesmo
como moedas primitivas.
- Vestígios de insetos : podem fornecer informações sobre a ocupação humana em sítios arqueológicos, como os tipos de
alimentos consumidos.
- Fezes fósseis (coprólitos): podem ser uma fonte rica de informações sobre a dieta dos seres humanos e animais do passado.
Eles podem revelar quais plantas e animais foram consumidos, bem como fornecer pistas sobre a saúde e a ecologia dos indivíduos.
- Artefatos feitos de partes animais : Em muitas culturas antigas, várias partes de animais foram transformadas em artefatos,
como ossos esculpidos, dentes usados como pingentes ou amuletos, peles utilizadas para vestuário e assim por diante.
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 37

MATERIAIS HUMANOS

A bioarqueologia é uma disciplina que estuda restos humanos antigos para obter
informações sobre a vida, saúde, comportamento e cultura das pessoas do passado. Ela
combina métodos e técnicas da antropologia física, arqueologia e ciências biológicas para
investigar esqueletos e outros vestígios humanos encontrados em sítios arqueológicos.

Os bioarqueólogos analisam os restos humanos para determinar características físicas,


como idade, sexo, estatura e ancestralidade. Eles também examinam indicadores de
saúde e doenças, como lesões ósseas, traumas, infecções, doenças degenerativas e
evidências de desnutrição. Essas informações podem revelar padrões de saúde
populacional, estilo de vida, dieta e até mesmo práticas culturais, como rituais funerários.
Calota craniana humana com evidencias de desolhamento e cocção a baixa
temperatura

La cueva de Malalmuerzo (Moclín, Granada, España) es


conocida desde los años 80, del siglo pasado, por albergar
restos arqueológicos del Neolítico y arte rupestre Solutrense

BIOARQUEOLOGIA
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 38

MATERIAIS HUMANOS

Além disso, a bioarqueologia também pode investigar a relação entre


os seres humanos e o ambiente, estudando a presença de parasitas,
vestígios de alimentos consumidos e a interação com animais
domesticados. Isso pode fornecer insights sobre a ocupação humana
de determinadas áreas, bem como sobre a evolução das sociedades
antigas.

Lesión periapical en el primer molar inferior derecho.


Colección osteológica del sitio arqueológico Agua Caliente, Museo
Nacional de Costa Rica

Fonte: https://www.museocostarica.go.cr/divulgacion/articulos-
educativos/bioarqueologia/

Paleopatología: subdisciplina
da Bioarqueología
O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 39

MATERIAIS INORGÂNICOS

Dentro das matérias-primas e elementos de origem inorgânica

encontramo Pedras: Sílex, Quartzo, Obsidiana, Basalto, Calcário,

Arenito, Granito; Pigmentos minerais: Óxido de ferro (ocre vermelho

e amarelo), Dióxido de manganês (ocre negro), Óxido de zinco

(branco), Azurita (azul), Malaquita (verde),Hematita (vermelho);

Argilas, e; Metais (Cobre, Bronze, ferro...)


O que restou das evidencias materiais da ocupação Pré-histórica 40

MATERIAIS INORGÂNICOS

..

Ferramentas encontradas no sítio de Vasija cerámica. Neolítico. 6300[BP]-6000[BP]. La


Ambrolla - La Muela (España)
Shangchen (China) de 2,1 a 1,3 milhões de Punta de flecha de Bronce. Edad del Bronce .
anos atrás. 1500[ac][ca]-900[ac]. Moncín - Borja

https://www.nationalgeographicbrasil.com/2018/07/ http://www.museodezaragoza.es/prehistoria/
ferramentas-mais-antigas-fora-da-africa-origem-
humanidade

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