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RESUMO – AVALIAÇÃOD DE ARQUEOLOGIA BRASILEIRA

O que é a antropologia?

Arqueologia nasceu somente no século XVIII (18), é uma ciência social que tem como
objetivo compreender as sociedades humanas desde sua origem até os dias atuais,
funciona como uma reconstrução dos modos de vida do passado, mas não só do passado,
como de momentos recentes da humanidade, ela dá privilégio para as fontes materiais das
atividades humanas como sua principal fonte de pesquisa, não é só interpretativa, é
dinâmica, nela não existem verdades absolutas.

Como trabalha o arqueólogo?

O trabalho do arqueólogo é estruturar uma relação com o passado, munidos de teorias e


técnicas próprias, ou seja, eles são geradores de conhecimento e podem fazer uma
reconstrução no presente, dentro dos recursos de pesquisa disponíveis, o importante para
eles é perguntar como se deu determinado processo, quem eram os grupos presentes,
quantos eram, quem produziu esses vestígios, por que foram abandonados? São essas e
outras perguntas que direcionam como a pesquisa será realizada.

Defina cultura, cultura material e cultura imaterial. Como o arqueólogo trabalha


com esses conceitos?

A cultura é um dos conceitos mais amplos dentro das ciências sociais, pois é tudo que o
ser humano pode fazer e ser, é algo ligado as nossas identidades e memórias, é o que nos
torna diferentes dos outros animais, por exemplo. Um conjunto de comportamento,
práticas e crenças compartilhados em sociedade ao longo do tempo.

Cultura material é tudo que uma sociedade produz, consume e usa, normalmente são
ligadas ao físico, ao tangível, ou seja, aquilo que podemos tocar, pode ser um prédio ou
um tambor, ele será algo material que define a identidade de um povo, já a cultura
imaterial está muito ligada a questão dos saberes e práticas, é o intangível, são nossos
conhecimentos e modos de ser, festejar, caçar, forma de produzir algo, é algo no campo
das relações e modo de ser do ser humano. É a partir da cultura material que o arqueólogo
irá trabalhar, pois nesses vestígios será possível perceber questões de culturais imateriais,
como por exemplo, o propósito com qual esse material foi feito, suas pinturas, e assim
reconstruir o modo de vida no qual determinados povos viviam, ou seja, suas culturas e
identidades naquela época.
O que são vestígios arqueológicos? Dê exemplos.

Os vestígios arqueológicos são provas de atividades humanas que aconteceram,


normalmente o arqueólogo trabalha com objetos ou fragmentos de objetos que foram
descartados ou abandonados, na Amazônia, por exemplo, encontramos muitos objetos de
cerâmicas, por ser uma região que contém muito barro, mas também temos vestígios
como resto de comidas, utensílios, ossos, adornos, entre outros, mas existem outras
formas de vestígios, como fundações de moradias, fogueiras, através do carvão delas,
sementes, poços, pedras, sendo elas lascadas ou polidas, as artes rupestres, alteração nas
vegetações e até nas paisagens. Esses vestígios revelam muito sobre os povos do passado,
de diversas formas, pode revelar como comiam, o que comiam, de que forma moravam,
o que usavam para beber água, em que região moravam, etc.

Temos também a Terra Preta Antropogênica, um tipo de terra feito artificialmente pelos
povos indígenas através do depósito de sedimentos no solo, através dela os arqueólogos
podem mapear as regiões indígenas e por quanto tempo eles viveram lá, seu tom escuro
deve-se a grande concentração de carvão no solo.

Reconstituições Paleoambientais: Através do carvão e das sementes, podemos saber


como o clima de um determinado período era.

O que é um sítio arqueológico? Dê exemplos

Os sítios arqueológicos são áreas definidas onde se encontram evidências de objetos,


construções, lixeiras, ocupações e intervenções humanas do passado, esses lugares
normalmente são ricos de vestígios porque os povos do passado fixaram residência ali
por muito tempo ou de forma temporária, seja por conta de ser uma região rica de
alimento, matérias primas ou para realizar rituais.

Entre os tipos de sítios arqueológicos, podem citar as áreas residenciais, de enterramento,


geoglífos, megalíticos, de acampamento, os sambaquis, de arte rupestre e os históricos.

Como se trabalha num sítio arqueológico? Quais são as etapas?

Identificação do sítio – Caminhar no solo exposto procurando vestígios, cavar,


conversando com moradores próximos ou até procurar com ajuda da tecnologia atual,
como o Google Earth. Nessa etapa é importante levar fichas para se fazer o registro, além
de fotografias.
Escavação/resgate – Aqui as atividades humanas ficam visíveis de forma vertical através
das escavações, é algo chamado de lei da sobreposição, o que é mais novo fica exposto
horizontalmente e o que é mais antigo vai mais pro fundo, é necessário entender sobre a
estratigrafia do terreno, além da proveniência, que é o registro tridimensional e o contexto
do que foi achado. Além disso, tem que demarcar a área de forma quadricular e escavar
por níveis.

Estudo e análise laboratoriais – É a parte que toma mais tempo, normalmente se realiza
uma curadoria, onde acontecem os processos de limpeza, numeração, remontagem, se
possível, a triagem, que é a classificação e separação, depois são enviados para a reserva
técnica para serem conservados.

Gerenciamento de acervos e extroversão – É cuidar, gerenciar e proteger um


patrimônio, tornar visível e reafirmar a identidade, memória e cultura através dele.

História oral: A história oral está muito ligada a memória e ao repasse de informações
de geração em geração, essas histórias podem ser ricas em questão de datação, pois
revelam informações sobre determinados períodos, pessoas, objetos, fundações de vilas,
guerras e entre outras coisas que podem ajudam o arqueólogo a se localizar em relação
ao tempo de determinada pesquisa.

Datação relativa: É a questão de estabelecer um tempo cronológico do mais antigo para


o mais novo percebendo as diferenças entre suas fabricações, em campo, os arqueólogos
utilizam a questão de seção estratigráfica e a lei de sobreposição para identificar as idades
e diferenças entre alguns vestígios.

Datação absoluta: É a datação radiocarbônica através do C-14, são números


comprovados e absolutos retirados através desse carbono instável, em pesquisas
laboratoriais, pois ele se modifica através dos anos, sendo assim possível datar com
precisão a idade de determinado objeto, está presente em tudo.

Datas dos Arqueólogos: A.C. = Antes de Cristo, D.C. = Depois de Cristo, A.P. = Antes
do presente (que no caso é a invenção da datação radiocarbônica)

História de Longa Duração: Termo utilizado para se referir ao ritmo e a evolução das
paisagens e a história do homem em relação ao meio.

IPHAN: É uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura, responsável pela


preservação e divulgação do patrimônio nacional.
Tombamento: Instrumento de proteção instituído pelo IPHAN, proíbe a destruição de
bens culturais tombados e fica sob vigilância do instituto, deve ser registrado ao menos
em um dos 4 livros de tombo.

Livros de Tombo (Patrimônio Material):

• Arqueológico – Ocupação histórica e pré-histórica.


• Histórico – Edificações, pontes e centros históricos.
• Belas Artes – Caráter não utilitário.
• Artes Aplicadas – Caráter utilitário, como pinturas.

Livro de Registros (Patrimônio Imaterial):

• Saberes – Forma de fazer algo.


• Celebrações – Forma de celebrar algo.
• Formas de Expressão – Forma de expressar algo artisticamente.
• Lugares – Espaços representativos.

Valoração: Se refere apenas ao patrimônio cultural ferroviário. (Lei nº 11.483/2007)

Chancelamento: Paisagem.

Legislações

• Quem pode se tornar arqueólogo no Brasil?


• Decreto dos museus por Ladislau Neto
• Definição do patrimônio histórico
• Proteção ao patrimônio histórico - Tombamento
• Constituição e sua proteção ao patrimônio imaterial
• Lei da valoração ferroviária
• Lei do chancelamento

Bioma amazônico: Envolve vários países, região de maior biodiversidade do planeta.

Amazônia Legal: Envolve vários estados do Brasil, por conta de suas idênticas
características.

Diversidade sociocultural: Pelo menos 300 línguas são faladas no Brasil, entre elas
tupi-guarani e carib, além da diferença cultural entre algumas sociedades.
DE ONDE VIERAM OS HUMANOS?

Quando se deu a questão de procurar nossas origens?

Os arqueólogos só foram ter essa curiosidade a partir do século XIX, procuravam no solo
e examinavam fósseis para descobrir questões de como os seres humanos evoluíram, de
onde ela veio e uma maneira de explicar o motivo da diferença entre os seres humanos.

Primeiros fósseis – Encontrados na Alemanha no século XIX, os hominídeos, que são


os humanos modernos e seus ancestrais, tem datações de até 7 milhões de anos através
de fósseis encontrados na África.

Primeiras ferramentas – Pedras lascadas e polidas como as bifaces, até em conjunto


com madeiras, formando machados.

OCUPAÇÃO DAS AMÉRICAS

Quando os colonizadores chegaram nas Américas, é estimado que aqui viviam até 112
milhões de pessoas, 10 milhões somente nas regiões amazônicas.

Como chegaram aqui – Estreito de Bering.


ARQUEOLOGIA NO BRASIL

Evolução da Arqueologia no Brasil

Como era vista a cultura material produzida pelos indígenas brasileiros?

A cultura material indígena brasileira era vista com um sentimento de inconformação, por
conta de um passado indígena “pobre”, diferentes dos vizinhos que tinham gloriosos
impérios, como os maias, incas e astecas, foi desprezado pela elite brasileira por seu
padrão material baixo.

Como era vista e como é vista hoje a comunidade científica de arqueólogos


brasileiros?

A comunidade científica, antes uma pequena elite acadêmica do Sul e Sudeste do país,
com uma produção de pequena penetração e relevância para a sociedade como um todo,
hoje se mostra ativa em todo o país através de diversos centros de formação, publicações
periódicas especializadas, e uma sociedade politicamente atuante.

O futuro da arqueologia no Brasil depende da formação de novos profissionais.

Teoria da raça única de Humboldt

Coleta de amostras e vestígios por naturalistas estrangeiros, preocupados com uma


questão museológica, de mandar esses materiais de culturas extintas para museus serem
preservados em museus europeus, mais tarde preocupados com uma questão científica de
classificação e ordenação.

Museologia

História dos museus no Brasil

Peter Wilhem Lund, revolucionário, naturalista dinamarquês, restos humanos


fossilizados.

Período de efervescência na arqueologia brasileira quanto a levantamento de dados


primários com expedições, escavações e montagem de coleções mas também sobre
hipóteses sobre a origem dos povos indígenas brasileiros.

Era dos museus


Precisavam de uma cultura nacional, a criação dos museus veio para refletir esses novos
ideias e repelir a ótica colonial, os museus não foram decisivos apenas para a arqueologia
brasileira, mas também na questão da pesquisa, definindo os modelos científicos de
produção de conhecimento.

Funcionava mais como uma arte classificatória, no qual os vestígios eram categorizados
e organizados em uma linha cronológica de ilustração material empírico da evolução
humana.

Ladislau Neto – artificialidade dos sambaquis, origem da cultura marajoara e a hierarquia


nas urnas funerárias do Pacoval.

Importância dos Museus

De São Paulo – estudar a fauna e flora era estudar também o homem primitivo.

Do Pará – localização em Belém e field station.

Processo que aconteceu às margens das preocupações da nova República, com ideais de
revalorizar o passado nacional, foi o que fez a arqueologia ganhar seu lugar dentro das
ciências naturais, isolando-a como um conhecimento especializado.

Foi fora dos museus que a arqueologia surgiu de forma popularizada e romantizada,
expedições para cidades perdidas, leituras místicas de inscrições rupestres, etc.

Década de 1920 – final da era dos museus, final da efervescência das produções
científicas, se mudou o foco para a formação do povo brasileiro moderno.

Visão preservacionista, não só levar os objetos para dentro dos museus, mas proteger os
patrimônios materializados nas diversidades de sítios, monumentos e edifícios,
cristalização em lei por Mario de Andrade em 1936.

Reunindo-se o patrimônio histórico e arqueológico sob a mesma legislação, também na


esfera dos futuros órgãos públicos responsáveis por sua proteção, a arqueologia tornou-
se mais próxima da história, criando-se uma tradição na área de preservação e proteção
de patrimônio no Brasil, onde historiadores e arquitetos seriam os principais atores
responsáveis pelo gerenciamento do patrimônio material de antigas culturas indígenas.

ARQUEOLOGIA ACADÊMICA NO BRASIL


A arqueologia surgiu dentro das universidades, através de campanhas de preservação de
sítios arqueológicos e a falta de profissionais na área para resgatá-los.

1935 – Fundação do Centro de Estudos Arqueológicos, pela primeira vez no Brasil,


conferia nível acadêmico para a arqueologia.

1952 – Criação da Comissão de Pré-História, preservação dos sambaquis.

1956 – Criação do Centro de Ensino e Pesquisas Arqueológicas (CEPA), proteção


dos sambaquis.

Frutos de uma política preservacionista preocupados com um patrimônio em crescente


destruição.

A arqueologia no Brasil teve seu crescimento através de teorias estrangeiras,


principalmente francesas, como nas áreas da escavação, datação e documentação, mas
não eram aplicados no Brasil de forma neutra, não era pré-histórico, e sim pré-colonial.

LEGADO DAS ESCOLAS ESTRANGEIRAS

Maiores influenciadores franceses: Joseph Emperaire e Anette Laming, formação de


novos arqueólogos e métodos científicos rigorosos na exploração dos sítios arqueológicos
brasileiros, exploração de sambaquis e primeira datação por C14 no Brasil. Ensinamentos
sobre artefatos líticos e cerâmicos, presentes até hoje nos arqueólogos do Brasil.

Não interessou porque não tinha haver com as sociedades indígenas atuais, não se
conhecia sobre os marcos temporais sobre os vários povos indígenas e as escavações eram
demoradas.

Tentavam encaixar os objetos líticos brasileiros nas categorizações francesas, não se


buscava os aspectos tecnológicos ou funcionais que poderiam revelar mais sobre as
sociedades estudadas, um erro.

Maiores influenciadores americanos: Wesley Hurt / Betty Meggers e Clifford Evans.

Hurt – Primeiras datações absolutas na Santa Lagoa, criação de novos centros de pesquisa
e ensino de arqueólogos brasileiros em escavações sistemáticas.

Meggers e Evans – Cerâmica era bem mais antiga, Programa Nacional de Pesquisas
Arqueológicas - PRONAPA.
Categorias como arcaico e primitivo foram abandonadas, agora era dividida entre “fases”
e “tradições”, algo que marcou a arqueologia brasileira, promoveram a arqueologia as
demais ciências sociais, como uma ciência histórica.

ORGANIZAÇÃO DA ARQUEOLOGIA MODERNA NO BRASIL

PRONAPA – Proporcionou a formação da primeira geração de arqueólogos brasileiros.

PRONAPABA – Bacia Amazônica.

Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) – fundada em 1980, cobre todo o Brasil.

O rápido da comunidade intensificou a pesquisa científica e arqueológica no país, porém


não foi o suficiente para serem notados internacionalmente, crescendo apenas dentro dela
mesma, apesar de mais ativa.

1980 – Segunda geração com projetos teóricos mais bem definidos, tratando velhos temas
com novas perspectivas, recriando os modos de vidas de antigas populações e estudando
suas culturas, como o estudo dos sambaquis, além de estarem mais autorreflexivos sobre
suas produções científicas.

Arqueologia de contrato – Serviço contratual prestado por arqueólogos para empresas


privadas ou governamentais, realizam levantamento de impactos ambientais e
salvaguarda de patrimônios ameaçadas por construções, gera um certo retrocesso por ser
apenas classificatório e descritivo, como antigamente.

ARQUEOLOGIA BRASILEIRA - PASSADO E FUTURO

Uma preocupação constante nas análises resultantes são as conseqüências sociais,


políticas e culturais do trabalho da arqueologia, ressaltando a importância decisiva das
inspirações teóricas adotadas para a definição de questões como as relativas à identidade
cultural, preservação do patrimônio, ou à projeção da produção científica na educação

Apesar do poder do arqueólogo estar embasado no reconhecimento do saber científico e


da integridade moral desta classe de especialistas, a possibilidade de ele ser permeado por
interesses de grupos distintos (como o governo, empreiteiras, ou grupos interessados em
reafirmar identidades étnicas passadas) estará sempre presente porque o patrimônio
arqueológico (em sua materialidade) faz parte de um contexto de valores
contemporâneos.
À medida que tanto o isolamento do contexto internacional como a falta de embasamento
teórico vêm se revertendo, o grande desafio que deverá enfrentar a arqueologia brasileira
nas próximas décadas será a incorporação e desenvolvimento de um corpo teórico-
metodológico condizente com os problemas e condições específicas da arqueologia
nacional. Estes avanços, porém, só serão relevantes para a construção de um passado
nacional se desenvolvidos dentro de uma prática de pesquisa arqueológica consciente de
seu papel social, voltada para os meios de comunicação e educação da sociedade
brasileira.

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