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Métodos e Técnicas de Arqueologia Terrestre e

Subaquática
(Terrestre)
Alexandra Figueiredo
1º semestre
A escavação arqueológica
• Definição

– Compreende um conjunto de técnicas e


metodologias com vista à reconstrução do
passado através do estudo dos restos materiais
(cerâmica, vítreos, pólens, osteológicos, etc.)
Objectivos
• Prende-se no campo, mas tem todo um conjunto de
metodologias e princípios.

• Qual a sua importânica?


– A escavação é o único método que comprova a fiabilidade dos dados
de superfície, a tipologia e a cronologia dos sítios, os dados da
prospecção geofísica e que permite ver a realidade soterrada.

– Único método que permite contextualizar os achados.

– Recolhe a maior quantidade e qualidade dos dados


Os principais métodos encontram-se
resumidos nas seguintes obras:
• M. Wheeler – “Archaeology from the earth”
• Phillipe Barker – “tecniques of archaeological excavation”
• Edward Harris – “Principles of archaeological excavation”
• A. Carandini – “Historias en la Tierra”

É um processo irreversível e irrepetível,


sendo por isso apelidada de processo
destrutivo.

O estudo deverá ser rigoroso.


Nunca sabemos o que podemos
encontrar numa escavação ??!!!
Seyitömer Höyük, na região de Kütahya, na Turquia –
puseram a descoberto cinco milénios de história da
humanidade, cerca de 17 mil artefactos e, agora,
quatro cérebros humanos cozidos. O estudo destes
cérebros cozidos e bem conservados foi
publicado online na revista Homo – Journal of
Comparative Human Biology.

• os tecidos do cérebro são os que se decompõem mais rapidamente após a morte. A mumificação
natural, responsável pela fraca deterioração dos tecidos dos cadáveres, ocorre em condições
específicas, como temperaturas muito baixas (como nos glaciares), ambiente seco (como no
deserto) e condições ácidas ou com baixa concentração de oxigénio (como nas turfeiras).
• Para a conservação destes cérebros contribuíram vários factores. Logo após a morte dos indivíduos,
o incêndio e as altas temperaturas originadas fizeram com que os cérebros fossem cozidos nos
próprios fluídos cerebrais. Para além disso, o incêndio consumiu todo o oxigénio e a humidade
presente no espaço, criando mais uma condição para a conservação dos cérebros.
• Depois de subterrados, contaram com o próprio solo para manterem a integridade. O boro
(elemento químico) é um repelente natural de insectos e bactérias e era utilizado nas mumificações
no Egipto. O potássio, magnésio e alumínio, elementos químicos responsáveis por tornarem o solo
alcalino (pH alto), promovem a saponificação, formação da “cera dos cadáveres” que preservou o
formato dos tecidos cerebrais.
Anatólia, Turquia – conservação de cérebros – 4000anos
Anatólia, Turquia – um dos esqueletos encontrados no incêndio
Um dos cérebros fossilizados com 4000 anos
Um trabalhador molha a escavação da Dinastia Zhou (770 aC-221 aC) para uma melhor
preservação em Luoyang (China). No local eles encontraram os restos de cinco vagões e 12
cavalos.
• china
• Karanovo, Bulgária, túmulo trácio.
• Civilização Nazca, Peru. Sacrificios humanos - mulher grávida 300 a 800
AD
• Abu Rawash, 15 miles northwest of Cairo, First Dynasty pharaoh
Den (ca. 2975–2935 B.C.).
• Apesar do desenvolvimento da prospeção, a
escavação contínua a ser o principal método
da arqueologia no estudo do homem e do
seu passado.
Síntese Histórica e Análise Evolutiva dos
métodos e técnicas
• Babilónia, no século VI a.C., durante o reinado
de Nabodinus (entre 555 e 539 a.C.)

terá escavado o pavimento de um templo, com vista


a encontrar uma fundação em pedra, aí colocada
2200 anos antes.
No contexto renascentista, formam-se os chamados

“gabinetes de curiosidades”

o período das “relíquias e monumentos”


(Binford, 1983, 102).
No século XVIII, atração pela descoberta
de Pompeia e Herculano, soterradas
desde 79 d.C. por uma erupção do
Vesúvio.

Somente com objetivo de recolha de objetos


http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_tra
gedia_de_pompeia.html
24 de agosto de 79 – 20.000 pessoas /morreram 16.000
As primeiras preocupações e aplicações
mais rigorosas
• Em 1739, o russo Tanishev redige Instruções para as escavações e
Lomonosov,
– 1763, após escavar um grande número de túmulos citas, escreve História da Rússia
antiga.

• em 1784, antipodas Thomas Jefferson organiza a primeira


escavação científica

• Mississípi, descoberta de mamoas Jefferson promove uma escavação


na sua propriedade na Virgínia, conseguindo observar sucessivas fases de
utilização – trabalho com excelente rigor para a época.
Inicio da Arqueologia como disciplina científica e
desenvolvimento de técnicas de escavação
• Em meados do século XIX, Hutton, estabelece o princípio do uniformismo
- resultando numa ligação da geologia à arqueologia

• Lyell, estabelecem os princípios da estratigrafia, que virão a permitir o


reconhecimento da antiguidade - através do estudo de Boucher de
Perthes

• Estratigrafia seria encarada como uma construção teórica,


definida pelo conteúdo dos estratos e não através
da disposição física da estratificação.
Estratos artificiais
• Quanto a Pompeia, após anos de escavação relativamente
arbitrária, em 1860 --- Giuseppe Fiorelli --- bom nível de
registo.

• Nas décadas de 70 e 80, Schliemann, em Hissarlik, na Turquia,


descobre a cidade de Tróia e posteriormente a civilização
micénica.
• Cidade proto-histórica
• Lenda – 7 cidades sobrepostas - na colina de Hissarlik, no extremo noroeste da Anatólia, dominando
o Helesponto (estreito de Dardanelos).
• narrada na Ilíada, o mais antigo poema épico ocidental, escrito antes de 750 AC e que se atribui a Homero, mas de
composição posterior, ressurge na Eneida, de Virgilio, e através de poetas menores como Dictys cretensis, pseudo-
histroriadores como Dares e do escritor bizantino Joannes Tzentzesm refloresce no Ocidente Medieval com o Roman de
Troie de Benolt de Sainte-More (1184)
• 1875 – Glyn Daniel – A Hundred and fifty years
of archaeology

– Trata das origens e


desenvolvimento das ideias
arqueológicas
• Passagem para o século XX
– Pitt-Rivers (lentas e organizadas)
– Sir Flinders Petrie (plantas e registos dos objetos).

Estabeleceram escavações meticulosas, com registos


exaustivos e cuidados de tudo aquilo que
encontravam.
Museu Pitt Rivers
• A ausência de pensamento estratigráfico está
presente num dos primeiros manuais de
arqueologia:
– Flinter Petri, 1904 – Methodsand Aims in
Archaeology
– Esta disciplina só começa depois da primeira
guerra mundial.
• Os primeiros diagramas só aparecem em 1915, P.
Droop – Archaeological Excavation

– Importância dada aos interfaces entre níveis


– Sugerem a distribuição dos artefatos
– Método de periodização dos muros

Única obra até 1946


Field Archaeology – obra de Atkinson
• Até meados do séc. XX – níveis arbitrários
• Histórico-culturalista
Sequências estratigráficas - sequências de mudança cultural no registo arqueológico

Escavações em vala ou trincheira


Escavações por quadrante
Escavações por Fossas – Buracos profundos
• São Paulo
• Arqueologia
empresarial
• Jeff Rasic, University of Alaska Museum
• Sítio arqueológico no méxico
• China, dinastia Han, em Anhui
• Método Wheeler – Archaeology from the Earth, 1954.
– Estratos distinguem-se, etiquetam-se, separam-se
– O registo é feito em relação ao estrato do qual procedem
– Kenyon – deve-se acrescentar – outros estratos (fossas).

Escavações por quadriculas, com banquetes


a dividir
• Vantagens
– Diacronia
– Cortes perfeitamente na
vertical – controlo do registo
diacrónico.
– Útil quando se escava pela
primeira vez um local.
• Karnak, egipto
• parede norte
dos cortes B-1 e A-1 do sítio Pau Seco
• Duas ideias novas e fundamentais à teoria da
Estratigrafia Arqueológica:
• Valor dos estratos
• Numeração dos níveis, relacionando os artefatos com
os níveis
– Artefatos deixam de ser objetos fora do contexto –
dimensão temporal
– Única lei - sobreposição
• Critica ao privilégio da dimensão diacrónica

Criticas

•Banquetes, colocavam mais


Novo método problemas do que resolviam
OPEN AREA
•Dificultava a interpretação

Escavação Aberta
• Escavação em "Open Area"

Martin Bidle, Winchester foi o 1º a propor a eliminação das


banquetes e a propor a escavação em área aberta.

Barker, em 1977, foi o 1º a usá-la, começando a ser adotada


por toda as equipas inglesas que escavavam áreas urbanas.

"quanto maior for a área escavada maior será a informação recuperada e


maior a probabilidade de se estender a escavação.
Um edifício ou conjunto de edifícios compreendem-se investigando na sua
totalidade e não sondando-as parcialmente porque é mais fácil a
visualização das relações espaciais entre os artefactos e os vários níveis de
ocupação."
Anos 70
Escavação em Open Area
Escola de Carandini e de Harris (1979)
• Estratos e interfaces
• Atribuição de números aos interfaces.
• As formas de estratigrafia são arqueológicas ou geológicas:
– Arqueológicas - resultado de processos de origem natural e antrópica
– Geológicas - resultado de forças naturais.

• O fenómeno de estratigrafia tem dupla vertente:


– Destruição de um equilíbrio estratigráfico
– Formação de sedimento
Vantagens:

• Visão horizontal, abrangendo diversas áreas contemporâneas.


• Define os estratos relacionando-os.
• Permite o desenho das plantas das estruturas de forma mais
completa.
• Melhor visão espacial.
• Detecta as diferentes camadas estratigráficas e a estratigrafia
da estação.
• A escavação avança ao mesmo tempo.
• Castelo da Moura
• Cemitério Escandinávio, Idade do Ferro
• Medieval, wessex
• Weymouth Pavilion's Ocean Room
• Anos 70 – assiste-se à introdução de fichas de
registo Ues, substituem em grande medida os
cadernos de campo.
• Estas fichas possuem campos de descrição das
UEs e sua relação contextual.
• Nos finais do séc. passado começam a ser
aplicadas cada vez mais novas tecnologias à
arqueologia
– Registo arqueológico
– Interpretação
Bases de dados
Sistemas de informação Geográfica
Uso de ipad, palm top, computadores
Matrizes em campo
• http://www.colorizemedialearning.com/detalhe_tecnologia.php?pag=29
• https://www.youtube.com/watch?v=qEt-imnHJJ4 conimbriga
• https://www.youtube.com/watch?v=ureLIlyluDQ bracaraaugusta

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