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ESTUDO DIRIGIDO
A) Orientações:
FUNARI, Pedro Paulo. Arqueologia. Editora Contexto. Ebook Pearson. Disponível em:
https://middleware-bv.am4.com.br/SSO/unasp/9788572442510.
1. Como o autor define Arqueologia, quais foram os desafios enfrentados por essa ciência e como
ela tem alargado seu campo de ação na atualidade? (p. 9-18)
O autor define Arqueologia como a ciência que estuda, diretamente, a totalidade material que se
relacione com a vida humana, como parte de uma cultura total, sem limitações de caráter cronológico.
Talvez o maior desafio enfrentado pela Arqueologia foi ser reconhecida amplamente como ciência! E
não como uma mera técnica de campo ou área de especialização ou ainda área complementar da
história e qualquer outra ciência social.
Apesar de alguns pesquisadores terem limitado seu objeto de estudo aos restos materiais de
atividades exercidas no passado, a Arqueologia tem alargado seu campo de ação estudando a cultura
material e imaterial de qualquer época.
2. Quais as áreas de atuação da Arqueologia e como elas foram se desenvolvendo? (p. 23-25)
Com o avanço de teorias de tempos mais longos propostos por Charles Darwin e também os estudos
dos períodos geológicos em meados do século XIX, despertou-se o interesse em estudar as origens de
modo geral e nesse ambiente surgiu a arqueologia pré-histórica. As duas tradições arqueológicas,
europeia e norte-americana sempre tiveram suas diferenças, mas de certa forma as duas mutuamente
se influenciaram e ambas agregaram conhecimento e tiveram grande impacto na constituição da
arqueologia da América Latina e de outros lugares de modo geral. Além do livro em questão, temos
nos dias atuais uma gama enorme de áreas novas que a arqueologia tem se desenvolvido.
Primeiramente com acesso a informações. Estas podem ser obtidas através de documentos antigos,
testemunhos de pessoas, fotos, pinturas ou qualquer outro tipo de meio que traga o conhecimento
sobre possíveis locais de ocupações antigas. Em posse dessas informações, averígua-se a possibilidade
de se fazer um reconhecimento do terreno através de uma prospecção. Achando-se conveniente,
determina-se a região a ser escavada. Após esse processo, há de lembrar também que em meio a esses
processos existe a burocracia de cada região, e então, inicia-se o trabalho de campo – a escavação
propriamente dita. Para isto, utilizam-se pás, picaretas, colher-de-pedreiro, pincéis, baldes, peneiras,
cordas, fitas métricas, cadernetas para notas de campo, câmaras fotográficas, entre outros.
O arqueólogo focará primeiramente em definir os estratos, pois cada um representa uma ação
humana. Os estratos podem ser definidos por uma ação natural ou pela composição de material
correspondente à atividade humana. O arqueólogo deve registrar os artefatos encontrados através de
anotações, desenhos de perfil estratigráfico e de formas que ele tenha facilidade em entender e
reconstruir o que está na seção estratigráfica. Por meio da leitura do registro arqueológico, deve-se
chegar à reconstrução das atividades e ações que levaram ao estado atual do material encontrado.
Os artefatos são produtos feitos pelo homem, sendo assim, apresentam pelo menos duas
funcionalidades: uma utilização prática (função primária) e um simbolismo (função secundária). Por
exemplo, a bacia de bronze que os hebreus fizeram para utilização no Tabernáculo (Êxodo 30.17-21).
Esta tinha a função primária de armazenar água para que Arão e seus filhos lavassem as mãos e pés,
mas não era uma simples ação, era um rito de purificação que caso não fizessem, poderiam morrer.
Tudo isto, colabora para a interpretação do arqueólogo, que para entender o valor do utensílio para
aquele povo, também estuda concomitantemente os outros povos vizinhos com seus hábitos e
crenças, além da própria tecnologia da época, no que diz respeito a fundição de artefatos com
materiais diferentes. Os artefatos são interpretados por semelhanças e diferenças com relação a
outros e deve-se observar sua distribuição em diversos lugares, bem como suas mudanças com o
decorrer do tempo – isto demonstra avanço tecnológico e necessidades novas ou melhor supridas.
- O modelo histórico-cultural
É a teoria mais difundida. Sua base parte do pressuposto que cada nação é composta de um povo,
um território delimitado e uma cultura, ou seja, as nações são formadas por um grupo definido
biologicamente (etnia) em um espaço geográfico específico, possuindo tradições e língua específica;
PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA E ARQUEOLOGIA DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO E MEDITERRÂNEO
ESTUDOS APLICADOS E PRÁTICAS PROFISSIONAIS
- A arqueologia processual
Esta teoria iniciou com o slogan: “a arqueologia é antropologia ou não é nada” e teve seu principal
defensor e difusor o arqueólogo norte-americano Lewis Binford. Por essa visão, entende-se que a
história estaria em busca de novos eventos e das culturas singulares, enquanto a antropologia
americana ressaltava que haveria regularidades no comportamento humano. Então o foco era buscar
elementos universais de comportamento humano, que não se limitariam a um ou outro povo. Isto foi
uma contraposição direta do caráter histórico da arqueologia histórico-cultural, pois pensando-se
desta maneira, pouco importância teriam as características históricas específicas dos povos, ou seja,
independente do lugar ou história vivida por uma sociedade, todos os homens sempre procuram ao
longo da história os mesmos objetivos, que seriam maximizar os resultados e minimizar os custos. A
arqueologia processual continua bastante difundida, mas em menor grau nos meios acadêmicos que
o modelo histórico-cultural.
Primeiramente, tem-se uma ideia sobre o tipo de trabalho a se fazer, por exemplo: obtenção de
artefatos, recuperação de restos materiais, entre outros. Tendo-se em mente o objetivo, o trabalho
pode ser dividido em quatro etapas: (1) trabalho de campo, (2) processamento em laboratório, (3)
estudo e (4) publicação.
Na primeira etapa, escolhe-se um sítio a ser trabalhado de acordo com os objetivos propostos. De
modo geral, nessa fase que ocorre a escavação, que envolve um trabalho com os estratos do solo, com
as estruturas pretéritas e artefatos móveis – tudo que é encontrado é catalogado nas fichas ou
cadernetas de campo. Logo após, seleciona-se o material a ser transportado ao laboratório. Nessa fase,
todo o material é devidamente cadastrado e classificado para que se mantenha a relação do mesmo
com o sítio arqueológico, assim são anotados os dados contextuais, físicos e bibliográficos de cada
artefato; nesta etapa também cada peça recebe um tratamento adequado para melhor conservação.
O estudo do material pode incluir: a comparação dos registros do sítio escavado com os registros
oriundos de outros sítios da mesma região ou cultura; uma série de procedimentos analíticos, como
datação e identificação da composição químico-mineralógica; além disso, o estudo pode envolver a
utilização de técnicas específicas de análise visando à delimitação de áreas de atividade. A última etapa
é a publicação em periódico, que deve conter um catálogo de artefatos, seções estratigráficas e uma
descrição geral da escavação.
Existem duas técnicas básicas para o desenterramento: trincheiras e sondagens. As trincheiras são
escavações estreitas e longas, como de um metro de largura por dez de comprimento, e se destinam
a descobrir a orientação geral das estruturas fixas a serem desenterradas, facilitando, devido à simetria
das plantas, a suposição da localização dos muros e principais estruturas. No caso das sondagens, são
escavações menores, como um quadrado de um metro por um metro, e permitem saber a
profundidade do sítio e, em caso de sucessivos pavimentos sobrepostos, escolher aquele que, por sua
densidade ou pelo interesse na atualidade, deve ser atingido pelo desenterramento.
As duas ferramentas mais comumente utilizadas para o desenterramento são a pá e a picareta, mas
existem aprimoramentos técnicos que tem acelerado o desenterramento, como a utilização de
explosivos e meios mecânicos de esburacamento do solo.
Para se entender a estratigrafia, estudamos as leis de Steno ou também conhecidas como os três
princípios da estratigrafia. A saber: (1) Princípio da superposição – estabelece em uma sequência de
camadas (estratos), a mais antiga ocorre abaixo da mais nova, pois foi depositada primeiro e
posteriormente houve a deposição da mais nova. (2) Princípio da horizontalidade original – baseia-se
no fato que os sedimentos se depositam originalmente em camadas horizontais, portanto, se houver
algum tipo de alteração na forma da deposição, como inclinações, elas foram deformadas, após sua
deposição. (3) Princípio da continuidade originária (lateral) – entende que as camadas são
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