Você está na página 1de 5

SABER POUCO É VENENO

DELEGAÇÃO DO NIASSA
1

Departamento de Ciências de Linguagem


Cursos de Ensino de: Química, Matemática e Biologia
Disciplina – Antropologia Cultural de Moçambique

Docente: Geraldo Cebola João Lucas (Cbaskovic)

DIFUSIONISMO

Segundo segundo Eduardo Restrepo, o pensamento antropológico actual que tornou-


se conhecido como difusionismo se constitui como uma crítica das explicações dadas
pela evolução sobre mudança tecnológica, grupos sociais e culturais
de seres humanos. Para difusionistas, também conhecidos como " historicistas" são os
empréstimos e influências de alguns grupos humanos sobre outros, com semelhanças
entre eles, não independentes e invenções paralelas colocadas pelos evolucionistas que
podem explicar a cultura.

Do ponto de vista do difusionismo, uma invenção (por exemplo, o arco e flecha) foi
conduzida por um grupo de pessoas em um tempo e lugar , e foi disseminada para
grupos vizinhos pelo contato com eles ou migração de alguns de seus membros .

Assim, o invento foi gradualmente se espalhando até atingir, em alguns casos ,


continentes inteiros, ou até mesmo para viajar para além outros continentes . Os
artefactos, costumes, instituições, ou ideias que são muito dos grupos humanos (como o
fogo ou a proibição do incesto) são invenções antigas que tiveram tempo para se
espalhar por todo o mundo.

Por outro lado, esses artefactos, costumes e ideias que são encontrados somente numa
pequena área geográfica para ser considerada como invenções mais recentes que não
tiveram tempo suficiente para se estender numa área mais ampla.

Sobre esta escola de pensamento antropológico, Malinowski , em seu livro A Teoria


cultural científica, publicado postumamente à sua morte, disse: "O mérito da escola
difusionista real é a sua maior especificidade no seu mais profundo sentido histórico e,
especialmente, tendo em conta as influências ambientais e geográficas".

Cbaskovic Strogoff, UP-Niassa. 2017


SABER POUCO É VENENO

O difusionismo têm distinguido duas correntes principais. Corrente Unilateral inglesa,


associada aos trabalhos de Rivers e de G. E. Smith ( 1871 -1937).

Postulados Teóricos segundo Eduardo Restrepo


2

A explicação difusionista da mudança histórica desafia muitos dos pressupostos dos


evolucionistas. Portanto, os postulados do difusionismo podem entrarem contraste com
a evolução. Em primeiro lugar, ao contrário da ideia de que a evolução tem uma direção
clara que acontece por fases específicas (Selvageria, barbárie-civilização) difusionistas
argumentam que a mudança histórica não segue evolução clara. O primeiro postulado
difusionista é, então, uma negação do etapismo (a ideia da sucessão de fases e etapas) e
direcionalidade da mudança cultural.

Em segundo lugar, o postulado dos pensadores difusionistas se opõe à ideia do


evolucionismo de que os diferentes grupos humanos inventam independentemente os
mesmo elementos culturais dependendo de sua fase ou estádio de evolução.

Para os difusionistas a invenção independente e paralela não era regra como supunham
os evolucionistas. Como já foi anotado, para os difusionistas as invenções de um
artefacto, costume, instituição ou ideia se dá uma vez num grupo humano determinado,
não se repete noutros senão que estes a tomam por emprestado, se apropriam do grupo
que a inventou. Isto significa que os grupos humanos não são tao inovativos como
pensavam os evolucionistas, senão que são os contactos culturais por bairro ou
efectuados através da migração constituem o ímpeto da mudança.

O terceiro postulado dos difusionistas consiste na ideia de que quanto mais antigo
for a invenção mais espalhado/difundido geograficamente se encontra e o menos
velho/antigo é o mais recente. Isto supõe uma tendência do movimento das
características ou elementos culturais, o qual se dá desde um centro ou núcleo para a
periferia ou margens. Desta maneira, a diferença entre grupos humanos se entende como
um indicador de ausência de contacto ou influencia e a semelhança como uma mostra de
tal contacto e influência. A difusão é o mecanismo principal que explica as mudanças
num grupo humano e, de maneira geral, o que explica o desenvolvimento da civilização
e espécie humana no seu conjunto.

Linhas gerais do difusionismo segundo Luiz Gonzaga de Mello

O difusionismo conhecido também por historicismo, engloba várias tendências teóricas


da antropologia cultural. Sobressaem o denominado difusionismo inglês, a escola de
Viena e a escola americana.

Cbaskovic Strogoff, UP-Niassa. 2017


SABER POUCO É VENENO

Mesmo considerando a dificuldade de situar cronologicamente as orientações teóricas


da antropologia, pode-se afirmar que o movimento difusionista encontrou seu auge no
período de 1900 a 1930.

a) O difusionismo pode ser visto como um movimento de reação à orientação


3
evolucionista dominante na etnologia desde seu nascimento. Esta reacção
não atingirá apenas a orientação geral teórica, mas também os procedimentos
metodológicos.

A preocupação de um de outro é explicar a cultura como fenómeno universal


e humano; interessa-lhes explicar o aspecto diacrônico e não o sincrônico –
procuram explicar o fenómeno da cultura através do tempo.

Uma coisa deve ficar clara: entre um e outro há pontos divergentes e


convergentes.

b) O difusionismo busca uma explicação histórica para explicar as semelhanças


existentes entre as culturas particulares.

Para Stark, o evolucionismo dá relevo ao fenómeno da invenção o difusionismo dá


relevo ao fenómeno da difusão e dos contactos entre povos. Ambos acreditam que a
compreensão do fenómeno cultura depende do seu carácter dinâmico. Os difusionistas
passaram a ver na explicação evolucionista da cultura uma forte marca de apriorismo,
muita especulação e pouca ciência. Advogaram, em contrapartida, uma mudança nos
métodos da etnologia.

c) Uma marca forte do difusionismo, em geral, foi a preocupação de tornar os


métodos da antropologia cultural mais rigorosos, mais científicos. Isto levou-
o a desenvolver a pesquisa de campo com intensidade considerável.

d) Esta mudança de tática levou a antropologia cultural desenvolver várias técnicas


de pesquisa, mormente, a observação participante. Indiretamente, o estudo
ou pesquisa de campo, junto aos chamados povos primitivos, levou os
antropólogos a prender vários idiomas antes desconhecidos. Este facto veio
fortalecer o ramo linguístico da antropologia.

e) A abordagem historicista na antropologia não só acarretou uma nova


interpretação do fenómeno cultural, mas veio convencer seus defensores da
necessidade de mudar o próprio sentido ou foco de estudo. A escola
americana, por exemplo, passou a dar maior importância a estudos de
culturas particulares e não à cultura universal.

Cbaskovic Strogoff, UP-Niassa. 2017


SABER POUCO É VENENO

Difusionismo inglês

Seu fundador foi o inglês Grafton Elliot Smith que de princípio não passava de uma
anatomista especializado no estudo de cérebros.

Tendo ido ao Egipto estudar o cérebro de múmias, entrou em contacto com os esquícios
da antiga cultura egípcia. Desse contacto resultou um enorme entusiasmo inicial o levou
4
a considerar o fenómeno do paralelismo cultural. Começou a perceber traços culturais
semelhantes aos da cultura egípcia do passado em tudo quanto fosse civilização.

Esta escola passou a defender a difusão como o principal motor da dinâmica cultural.
Foi ela levada a isso talvez ao verificar quão difícil é a inovação ou criação de novos
valores culturais.

Perry foi quem melhor expos a tese central da teoria da escola em seu livro The
Chiilden of the Sun. Segundo ele, a civilização ou a cultura de todo o mundo moderno
era basicamente a mesma por conta da difusão.

Esta escola ficou conhecida por seu método científico e por sua especulação fantasiosa.
Em princípio o método histórico por eles defendido é aceitável. Nunca porém, os seus
procedimentos inescrupulosos de manipulação de informações inseguras e duvidosas
que, em vez de justificarem as hipóteses levantadas, eram por estas garantidas.

Os defensores desta teoria se esqueceram do rigor cronológico dos acontecimentos


considerados e da praticabilidade de suas afirmações, tendo em vista a precariedade dos
meios de comunicação da época.

Difusionismo alemão

Esta escola também conhecida como escola histórico-cultural ou ainda como escola de
Viena. Os nomes mais expressivos ligados a esta escola são Fr Ratzel, L. Frobenius, W.
Foy, F. Graebner e o Pe Schmidt.

O que distingue o difusionismo alemão do inglês é o procedimento metodológico da


utilização de informações seguras. Partiram para estúdios mais concretos e palpáveis.

A maior contribuição desta escola para a antropologia foi de cunho metodológico. Ao


contrário da escola precedente, não se contentaram em identificar semelhanças culturais
em duas culturas particulares e daí concluir ter havido difusão necessariamente. Foi este
senso de crítica em relação às semelhanças culturais que levou Graebner a criar certos
critérios de análise. Estes critérios por chamados critérios de forma e quantidade, são
básicos em todos os estudos de transmissão de cultura. Quanto maior for o numero de
semelhanças entre culturas, maiores são as probabilidades de ter havido empréstimos; e

Cbaskovic Strogoff, UP-Niassa. 2017


SABER POUCO É VENENO

o que se dá em relação ao número é o mesmo que se dá em relação à complexidade de


um elemento dado.

Outra grande contribuição desta escola está ligada à interpretação dos traços de cultura
semelhantes, foi o chamado critério de forma adequada. Este critério consiste em dar
mais importância na análise de formas dos traços culturais aquelas formas menos
importantes ou dispensáveis. 5

Há alguns pontos que aproximam muito esta escola do evolucionismo. Em primeiro


lugar, o objecto d e estúdio da antropologia ainda continua sendo a cultura universal, a
cultura como fenómeno humano.

Até então não se pensou em concentra o estudo antropológico nas culturas particulares.

Os problemas discutidos ainda são: o problema do paralelismo ou convergência, as


origens do fenómeno cultural, a existência de sobrevivência.

Em segundo lugar, os difusionistas europeus (escola de Viena e inglesa) ainda


continuam presos às pesquisas de gabinete, tal como seus colegas evolucionistas.

Em terceiro lugar, tanto o evolucionismo como o difusionismo europeus traziam a


marca da denominada a antropologia colonial.

Escola Americana ou Difusionismo Americano

O historicismo ou difusionismo teve na versão americana como principal mentor Franz


Boas. A principal característica desta escola consistiu no facto de ter delimitado
campo de estudo da antropologia.

No entender de seus seguidores, a cultura e demasiada complexa para permitir um


levantamento histórico completo e de caracter universal. Como resultado, optaram
pelo estudo de áreas delimitadas e de preferência pequenas. Foi esta atitude que levou a
escola americana a um aperfeiçoamento metodológico. Se deu preferência às
informações e dados primários. Se deu prioridade a pesquisas de campo.

Esta foi, provavelmente, a escola que mais contribuiu para a teoria antropológica no que
se refere à produção de pesquisas de campo e à soma de material colectado.

Cbaskovic Strogoff, UP-Niassa. 2017

Você também pode gostar