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Teorias Antropológicas

EVOLUCIONISMO

O evolucionismo se manifestou na Antropologia Cultural e, inspirados na


Teoria da evolução de Darwin, os antropólogos afirmavam existir fases de
evolução social, ou seja, da selvageria à civilização, passando pela barbárie.
Lewis H. Morgan propôs essas três fases, onde a selvageria se dividia em:
inferior-médio (pesca e domínio do fogo) e superior (com domínio de armas
como arco e flecha). A barbárie, no nível inferior, se referia ao domínio da
cerâmica, no nível médio, à conquista da agricultura e no nível superior, ao ferro.
A civilização, por sua vez, se referia à povos que desenvolveram alfabeto
fonético e possuíam registro literários. Os estudiosos utilizavam como parâmetro
a sua civilização européia industrial e expansionista, desconsiderando a
realidade histórica e social daqueles outros povos e definindo a sua sociedade
européia como a etapa superior do desenvolvimento.
Para que os antropólogos evolucionistas pudessem provar sua teoria,
utilizavam muitas vezes como “evidência científica”, relatos de viajantes e
missionários. O método utilizado era o comparativo e o topo de comparação
eram suas próprias sociedades. O local de trabalho predominante desses
antropólogos eram as bibliotecas e não o campo em si, como propõe a prática
etnográfica, ficando assim conhecidos como “antropólogos de gabinete”.
Os principais teóricos dessa corrente são: Edward B. Taylor (1832-1917),
Lewis H. Morgan (1818-1881) e James Frazer (1854-1941). Para Morgan, a
cultura humana é produto de uma evolução natural, sujeita à leis que regem as
faculdades mentais.
Funcionalismo

Os autores mais conhecidos da corrente do funcionalismo são Bronislaw


K. Malinowski (1884-1942) e Alfred R. Redcliffe-Brown (1881-1955). Este
sistema parte do principio de que qualquer sociedade possui sua lógica de
integração e é composta por partes interdependentes. Cada elemento contribui
para a funcionalidade harmônica e para manutenção do corpo social. O
funcionalismo enfatizava a interconexão orgânica de todas as partes de uma
cultura pondo em primeiro plano a idéia de totalidade. Se define pela função de
satisfazer suas necessidades de alimentação, defesa e habitação.

Para o real conhecimento destes povos, se torna necessário um método


de pesquisa que possa ser capaz de abranger todos os detalhes. Este método
foi chamado de Observação Participante, que consiste na inclusão do
observador na realidade em estudo, para assim, apreender as informações do
seu objeto de estudo em questão, sem se deixar levar pelo etnocentrismo.

Estruturalismo

Surgiu no século XX uma outra corrente antropológica chamada


Estruturalismo, que visava corrigir as falhas encontradas no Funcionalismo. A
origem do estruturalismo se deu através do estudo da linguagem por um
pensador, Ferdinand de Saussure, que foi também o criador da ciência que
estuda os signos em geral. Saussure dizia que os homens possuíam varias
linguagens, como gestos, objetos, sons e palavras escritas. Desta forma,
podemos entender o estruturalismo como uma teoria que procura o
conhecimento da realidade a partir da pesquisa de aspectos subjetivos do
homem e de seu grupo social.
Um antropólogo que exerceu uma grande influência nessa corrente foi o
belga Claude Lévi-Strauss. Lévi-Strauss realizou estudos no Brasil sobre os
índios bororos e lecionou na USP. A idéia principal de sua teoria consiste em
reconhecer a existência de uma estrutura social, onde através dessa estrutura,
ocorrem relações entre elementos, grupos e instituições de uma sociedade.
Estes componentes se relacionam de forma sistêmica, portanto, se houver
modificação em qualquer elemento, toda a estrutura irá se modificar também.
Portanto, para o estruturalismo, não há como uma sociedade tradicional
se tornar uma sociedade complexa. Para os estruturalistas, o mais importante
não é a mudança ou a transformação de uma realidade, mas a estrutura ou a
forma que ela tem no presente.

Difusionismo

O movimento difusionista teve a sua origem na Europa, mais


concretamente na Alemanha e na Grã-Bretanha, e atravessou o oceano, tendo
influenciado, ainda que de forma indireta, as idéias e os trabalhos dos
antropólogos norte-americanos tais como Franz Boas e Kroeber. A escola
britânica tem como principais teóricos Wilhelm Schmidt e Fritz Graebner. Por
outro lado, a escola alemã teve como teóricos G. Elliot Smith e William J. Perry.
A teoria difusionista sustenta que diversos povos receberam influências
dos povos vizinhos e de diversos contatos estabelecidos ao longo da história. A
maior parte das inovações sociais, técnicas, mitos, entre outros, se propagaram
pelas migrações e pelos contatos estabelecidos entre tais povos. Se a
semelhança entre dois ou mais traços culturais não é resultado da natureza, é
resultado da difusão.

Antropologia Interpretativa

A hermenêutica ou antropologia interpretativa foi definida por Bleicher (1992)


como a teoria da interpretação dos sentidos. Para Schleiermacher, a
hermenêutica é a arte da compreensão, que não visa ao saber teórico e sim ao
saber prático: a práxis ou a técnica da boa interpretação de um texto falado ou
escrito. A Antropologia Interpretativa ou também pós-moderna, inspira-se na
tradição filosófica denominada hermenêutica, tendo em Geertz seu principal
representante. Nesse novo estilo de se fazer antropologia, a autoridade do
investigador é colocada em questão, o saber é negociado entre pesquisador e o
nativo, num processo de confrontação de horizontes. A intersubjetividade, a
individualidade e a historicidade passam a ser exercitadas pelo pesquisador.
A descrição etnográfica na concepção de GEERTZ (1989, p.31) é
interpretativa: “o que ela interpreta é o fluxo social e a interpretação envolvida
consiste em tentar salvar o “dito” num tal discurso da sua possibilidade de
extinguir-se e fixá-lo em formas pesquisáveis..”. Assim, a Antropologia chamada
pós-moderna se preocupa muito mais com os fundamentos do que com
as técnicas. Na ótica de Geertz não há uma receita para o diálogo na busca da
compreensão de significados, comportamentos e ações do outro, o que para ele
pressupõe um controle, rigor ou preocupação com a objetividade.

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