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Fundamentos da

Arqueologia e Pré-
história no Brasil
Material Teórico
A arqueologia e a pré-história do homem

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Elisabete Guilherme

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
A arqueologia e a pré-história do homem

·· A arqueologia e a pré-história do homem


·· A arqueologia e seus campos de estudo
·· Resquícios da presença do homem
·· Principais sítios arqueológicos
·· Intervenção da arqueologia no meio

Nesta unidade, seremos introduzidos ao universo da arqueologia.


O principal objetivo desta unidade é conhecer um pouco das descobertas
da arqueologia sobre as origens e presença do homem na Terra. Iremos
apresentar alguns dos importantes sítios arqueológicos e suas descobertas.
Em materiais didáticos, você encontrará o conteúdo e as atividades
propostas para aprofundar seus conhecimentos sobre os campos de estudo
e os avanços da arqueologia.

Leia atentamente o conteúdo desta unidade, que irá tratar da arqueologia e dos estudos
sobre a pré-história do homem.
Você também encontrará nesta unidade uma atividade composta por questões de múltipla
escolha, relacionadas com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar
conhecimentos e debater questões no fórum de discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em
informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto.

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Unidade: A arqueologia e a pré-história do homem

Contextualização

Algumas perguntas não só perseguem o homem, mas o impulsionam a encontrar respostas.


Qual é a origem do homem? De onde viemos e para onde vamos? Como fazemos para encontrar
as respostas? Quais os caminhos?
Os estudos arqueológicos estão na busca de encontrar essas respostas. As técnicas, os
instrumentos de trabalho e as constantes pesquisas encontram, pouco a pouco, algumas peças
de um quebra-cabeça que tem a idade e o tamanho do universo!
Nesta unidade, iremos conhecer um pouco das técnicas que fazem parte desse processo de
busca por respostas.
Leia com atenção os textos, pesquise e avalie seus conhecimentos sobre os estudos
arqueológicos. Considere a importância que esses estudos têm não só para o conhecimento do
passado da humanidade, mas para a manutenção e preservação da própria espécie humana.

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A arqueologia e a pré-história do homem

O homem sempre buscou formas de conhecer suas origens, bem como entender as diferenças
entre os seres humanos que habitam diferentes regiões do planeta.
No decorrer dos séculos, várias foram as tentativas de encontrar alguma resposta satisfatória
a esse questionamento humano. As explicações e teorias acerca das origens da humanidade
geravam conflitos e discussões. E embora muito se tenha descoberto, através de pesquisas das
mais diferentes áreas da ciência, do uso de várias tecnologias e dos avanços, a busca do homem
por uma resposta continua.

A arqueologia e seus campos de estudo


O estudo da arqueologia possui diferentes origens e o campo de atuação dos pesquisadores
acabou por definir várias áreas de especialização. Por isso, nem sempre a preocupação da
arqueologia está voltada para as origens do homem.
Os autores propõem, ao menos, duas importantes distinções para as origens da arqueologia:
a dos Estados Unidos e a europeia. Cada uma dessas tradições irá conhecer diferentes origens
para o nascimento da arqueologia, daí também os objetivos e objetos de estudo serem,
naturalmente, diversos.
No início do século XIX, os historiadores norte-americanos terão como objeto e temas de suas
pesquisas e estudos a civilização ocidental e euro-americana. As outras culturas, no presente e no
passado, em especial as ameríndias, eram o objeto de estudos dos antropólogos. A antropologia
consolidou-se, então, como uma área de estudos de linguística, etnologia e arqueologia. Cada
uma dessas áreas com seus próprios objetos de pesquisa, cabendo à arqueologia o estudo dos
vestígios dos índios mortos.
O século XX será marcado pelos avanços dos estudos em todas as áreas do saber, inclusive
da antropologia e, como consequência, também da arqueologia, que inclui em seus estudos a
própria sociedade euro-americana. O estudo do mundo moderno pela arqueologia favorece o
desenvolvimento da arqueologia histórica (FUNARI, 2012).
Em meados do século XIX, a arqueologia clássica, voltada para o estudo das civilizações
grega e romana da Antiguidade, terá grande prestígio. Suas origens foram a filologia e a história.
A partir de então, surgirão outras áreas de pesquisa e estudo arqueológico, que na Europa
estavam voltadas para as civilizações chamadas clássicas, daí campos para arqueologia egípcia,
bíblica e mesopotâmia. Nos Estados Unidos, essas áreas de estudo permaneceram separadas
da arqueologia histórica. Os movimentos nacionalistas em vários países motivaram uma busca
pelos primórdios das nacionalidades, assim como incentivaram o desenvolvimento de estudos
arqueológicos, como no caso da arqueologia medieval europeia.
O século XIX será cenário de um interesse pelo passado mais remoto da humanidade, pois
até a publicação de Charles Darwin, em 1859, da obra A origem das espécies, as origens
estavam ligadas às explicações bíblicas, que atribuíam ao homem apenas alguns milhares
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Unidade: A arqueologia e a pré-história do homem

de anos. Os estudos irão procurar as origens da espécie humana em períodos cada vez mais
remotos, e os instrumentos utilizados pelo homem, como a pedra, serão usados para datar
os períodos históricos e estabelecer a pré-história e o surgimento da arqueologia pré-histórica
(FUNARI, 2012).

Fonte: John Collier (1850–1934)/Wikimedia Commons

Essas duas tradições, norte-americana e europeia, permanecerão diferenciadas, e suas


influências serão percebidas também nos estudos da América Latina, com o predomínio da
influência norte-americana.

Resquícios da presença do homem


Dada a impossibilidade de recriar o mundo que existia milhões de anos atrás, bem como
os grupos e relações sociais que existiam, os arqueólogos se apoiam no estudo dos resquícios
da presença humana nas várias regiões do mundo para tentar encontrar respostas para as
origens do homem.
Os artefatos tornam-se importantes indicativos e mediadores não só da presença do homem, mas
das relações sociais onde tal artefato foi produzido e apropriado. Segundo Funari (2012, p. 33):
Sendo indicadores dessas relações, os restos materiais exigem [...] uma leitura
específica, arqueológica, das coisas, que não devem ser tomadas como dados
– “fatos” ou informações em estado bruto – mas como algo a ser interpretado
pelo arqueólogo. A possibilidade de interpretação desses indícios explica-
se pelo fato de os artefatos serem produto do trabalho humano e, portanto,
apresentarem necessariamente duas facetas: terem uma função primária (uma
utilidade prática) e funções secundárias (simbólicas).

Ao tratar desses mesmos artefatos como mediadores, Funari (2012) afirma que eles atuam
como direcionadores e mediadores das atividades humanas, enquanto parte de uma cultura
material. Daí que “o objeto apresenta-se como o “meio de relação” entre os indivíduos que
vivem em sociedade, como forma peculiar de inter-relação, pois todo o relacionamento das
pessoas com o mundo em que vivem passa pelos artefatos.” (FUNARI, 2012, p. 33.)

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O arqueólogo acessa esses artefatos por meio do estudo dos vestígios materiais que chegam
até os dias atuais. As prospecções e escavações são os meios para se alcançar os mais variados
tipos de vestígios, que podem oferecer valiosas informações de como era a vida no passado.
Os restos que atestam essa presença do homem na Terra são de diferentes tipos e entre os
que mais se preservam, e daí a grande quantidade encontrada, encontram-se os artefatos feitos
de pedra – os chamados lítios. São encontrados nas formas de ferramentas, que podem ajudar
a conhecer um pouco mais sobre as práticas e técnicas de caça, pesca e agricultura. Esses lítios
oferecem as condições para elaborar as teorias a respeito das construções e dos terrenos onde
foram instaladas aldeias e cidades. Também é possível encontrá-los na forma de esculturas,
que representam um papel simbólico ou artístico e que podem dizer algo tanto do ponto de
vista artístico como estético dos homens que as construíram. A presença e os estudos com os
vestígios de pedra estão, segundo Funari (2014, p. 16), “entre os mais importantes vestígios pré-
históricos, tanto por acompanharem os homens por toda sua milenar existência quanto por se
preservarem muito bem”.
Fonte: revistadehistoria.com.br

O homem também deixou sua marca ao cozer o barro para criar novos instrumentos ou
utensílios. Os artefatos em cerâmica são, junto com os líticos, fontes de informação sobre o
homem pré-histórico. As variadas formas e técnicas, assim como os tipos de objetos cerâmicos
encontrados, atestam a diversidade no domínio da técnica de cozer o barro. Ela foi desenvolvida
mais tardiamente, por volta de 12 ou 13 mil AP*, mas os autores acreditam que a fabricação de
cerâmica pode ser mais antiga em um lugar do que no outro. Portanto, os artefatos de cerâmica
encontrados em escavações “podem nos informar sobre como as pessoas armazenavam
produtos ou comiam, mas, em alguns casos, a forma e a decoração também podem nos dar
indicações a respeito da simbologia e dos valores sociais adotados”, afirma Funari (2014, p. 19.)

*AP – “Antes do Presente”, equivale a “antes de 1950”, como se costuma usar no estudo da pré-
história. Essa data tem como referência a descoberta da datação por carbono-14, em 1952.

Outro material que pode ajudar a encontrar os vestígios do homem na Terra é o que ficou
registrado em pinturas ou gravuras feitas nos mais diferentes materiais ou locais: nas paredes
de cavernas, em vasos, em outras pedras. As pinturas, chamadas de rupestres, podem registrar
as mais diferentes cenas e indicam elementos que podem ajudar na compreensão de como
determinado grupo realizava suas tarefas cotidianas, como a caça, a pesca ou a representação
de figuras humanas.

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Unidade: A arqueologia e a pré-história do homem

As pinturas nos diversos sítios arqueológicos


constituem, em muitos casos, uma incógnita para
os pesquisadores, pois os significados de muitos
símbolos e sinais são, até hoje, desconhecidos
Fonte: fumdham.org.br

(FUNARI, 2014).

Os artefatos feitos com outros tipos de materiais – ossos de animais, madeira etc., devido à
dificuldade de preservação, embora difíceis de serem encontrados, são bastante importantes
para a reconstrução dessa presença humana. Segundo Funari (2014, p. 20): “O conjunto dessas
informações resultantes de artefatos produzidos ou simplesmente utilizados pelo homem, bem
como os locais que transformavam para habitar, é considerado a sua “cultura material”.
Fonte: edgblogs.s3.amazonaws.com

Ainda são considerados como importantes fontes para os pesquisadores os restos de


esqueletos humanos, que uma vez analisados podem oferecer informações como os tipos de
doenças de indivíduos ou grupos de uma região, idade de óbito, características morfológicas.
As análises físico-química e genética ajudam a estabelecer a antiguidade do esqueleto e a qual
grupo humano o indivíduo pertencia ou até mesmo o grau de parentesco com outros esqueletos.
O contexto de encontro do artefato pode trazer outras informações quando são analisados,
por exemplo, o entorno do sítio arqueológico onde estavam os vestígios antigos, seja num
agrupamento de habitações, numa vila ou mesmo numa determinada área de atividade onde
poderiam ser executadas tarefas como cozinhar, fabricar objetos, estocar alimentos etc.

Os vestígios de pequenas dimensões não escapam à análise do pesquisador, que, muitas


vezes, só consegue observá-los ao microscópio ou com o auxílio de lupas. Até mesmo a variação
na tonalidade do solo de um sítio arqueológico pode indicar a presença, ou ausência, de alguns
elementos químicos ou geoquímicos, os materiais decompostos e as atividades ali realizadas.

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A arqueologia em parceria com outras áreas do saber tem conseguido importantes avanços
tecnológicos e a datação de artefatos por meio de técnicas de laboratório foi de fundamental
importância. A datação por Carbono-14 é um dos exemplos desses avanços.

A datação por meio do carbono de material orgânico é feita partindo da


quantidade de carbono 14 radiativo que contém o fóssil, a madeira carbonizada
ou os ossos encontrados. Esse método é empregado para datações de até 70 mil
anos. Para períodos mais longínquos, analisam-se também substâncias como o
urânio e o potássio radioativos. (FUNARI, 2014, p. 20.)

Outra técnica de datação que vem sendo usada com bastante frequência atualmente é a de
medir a quantidade de luz que os materiais inorgânicos – como a cerâmica – liberam ao serem
aquecidos em aparelhos especiais. É chamada de termoluminescência. Todos os vestígios são
encontrados nos chamados sítios arqueológicos.

Principais sítios arqueológicos


Fonte: static1.absolutgrecia.com

Os vestígios que atestam a presença do homem na Terra encontram-se em conjuntos que são
denominados sítios arqueológicos*; estes podem conter materiais provenientes de apenas uma
ocupação ou de várias delas.

*!Os sítios arqueológicos não são entidades isoladas, mas elementos dentro da ocupação de
um território por uma população. Alguns deles refletem ocupações sazonais, enquanto outros
correspondem a habitações de longa duração. Alguns mostram apenas atividades precisas e limitadas
(cemitérios, locais de extração de matéria-prima, ateliês de fabricação de instrumentos, locais de
preservação de alimentos etc.), enquanto outros guardam vestígios de atividades diversificadas.
Uns evidenciam a exploração de zonas baixas (por exemplo, para agricultura ou pesca), enquanto
outros correspondem a um uso casual (tal como caça, coleta de determinadas plantas ou realização
de rituais). Cada sítio deve ser abordado de uma maneira específica, e nenhum deles apresenta uma
visão completa da ocupação do território. (PROUS, 2007, p.12.)

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Unidade: A arqueologia e a pré-história do homem

Nesses sítios é aplicada uma das principais técnicas de trabalho dos arqueólogos: a
escavação, que é realizada após um levantamento de informações acerca do terreno, das
possíveis ocupações anteriores, por meio de fotos ou pinturas. Somente depois de identificados
os vestígios e delimitada a área e a zona de escavação, é que o trabalho de campo tem início.

As técnicas de escavação não são universalmente válidas, nem culturalmente neutras, e seus
procedimentos podem ser divididos em dois amplos campos: o desenterramento e a escavação
estratigráfica. Funari (2012, p. 63) afirma que “o uso dessa ou daquela técnica insere-se num
conjunto de questões metodológicas que derivam do ponto de vista teórico e das escolhas
políticas do arqueólogo.” As técnicas são escolhidas tendo em vista as metas a serem alcançadas
pelo pesquisador, uma vez que existem objetivos a serem satisfeitos com o trabalho. Portanto, o
critério para a escolha de determinada técnica de escavação deve levar em conta a diversidade
de objetivos implícitos em cada técnica específica.
Desde o século XVIII, o trabalho de
arqueólogos, nos seus mais diferentes
estilos e técnicas, revelou ao mundo
um grande número de sítios
arqueológicos. Ainda nos dias atuais,
durante os trabalhos de fundações
para abertura de estradas, construções
de linhas subterrâneas de metrô ou
na edificação de grandes obras, as
escavações acabam por revelar
Fonte: fumdham.org.br

vestígios arqueológicos que apontam


para a presença humana no passado.
Alguns desses sítios se tornam
conhecidos internacionalmente e se
convertem em importantes centros
turísticos de visitação. Porém, tais atividades não impedem que os trabalhos de pesquisa
arqueológica tenham continuidade.

Um dos primeiros sítios arqueológicos descobertos foi o de Pompeia, no século XVIII.


A cidade fora encoberta pelas lavas do vulcão Vesúvio no ano 79 d.C. e casualmente um
agricultor localizou os vestígios de um muro. Esse sítio continua sendo estudado até hoje. Ainda
no século XVIII, os sítios da Ilha de Páscoa (1772), formados por cabeças gigantescas em uma
ilha no oceano Pacífico, e de Palenque, no México (1773), foram descobertos. Este último traz
os vestígios de uma cidade maia e até hoje é cenário de achados históricos. Fundamental para
a decifração dos hieróglifos foi a descoberta, por soldados de Napoleão, em 1799, da Pedra da
Roseta, no Egito.

O Povo de Lagoa Santa, em Minas Gerais, forma um dos maiores e mais importantes sítios
arqueológicos do Brasil desde a sua descoberta, em 1843, pelo arqueólogo dinamarquês Peter
Lund. No Amapá, será descoberto o sítio arqueológico de Calçoene, que ganhará destaque pelo
seu conjunto de megalitos e peças variadas

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Fonte: Yurileveratto/Wikimedia Commons

O século seguinte será rico em descobertas arqueológicas que oferecem ao mundo novas
e significativas informações sobre o passado da humanidade. Machu Picchu (1911), por
suas características únicas, em 1983 será tombado pela Unesco como Patrimônio Mundial. A
descoberta da tumba de Tutancâmon no Egito (1922), por Howard Carter, será um dos maiores
achados arqueológicos. A arqueologia bíblica terá acesso, por meio da descoberta acidental
de um agricultor, a uma série de documentos com textos bíblicos e apócrifos nas cavernas da
Judeia – os manuscritos do Mar Morto (1947). E na Turquia, serão descobertos dois importantes
sítios arqueológicos, o de Catal Huyuk, em 1958, e o de Gobekli Tepe, em 1960.
Os trabalhos da arqueóloga Niéde Guidon no Piauí levaram à descoberta, em 1979, do maior
número de pinturas rupestres do mundo, com mais de mil sítios arqueológicos no atual Parque
Nacional da Capivari; o mais famoso é o da Pedra Furada. Entretanto, o mais antigo sítio de
pinturas rupestres do mundo é o de Altamira, na Espanha. As pesquisas nos vários sítios do Brasil
prosseguem, e em 1998 um crânio encontrado no sítio de Lagoa Santa é considerado como o
mais antigo do continente americano: Luzia põe o Brasil na cena da arqueologia mundial.

Em 1974, o mundo irá conhecer um verdadeiro exército


chinês composto por 8.000 soldados feitos de terracota – os
guerreiros de Xi’an, que estavam em funerárias construídas
no governo do primeiro imperador da China, Lin Shi Huang
(246-221 a.C.). O século seguinte continuará sendo de
descobertas pelo mundo: pinturas rupestres na Somália, as
mais antigas pinturas a óleo no Afeganistão, novas pirâmides
Fonte: museunacional.ufrj.br

no Egito e submarinos em mares brasileiros.


O campo de contribuição da arqueologia abarca todas as
áreas do conhecimento humano, uma vez que as pesquisas
podem se realizadas nos mais diferentes meios: bíblico, histórico,
industrial, do lixo, subaquático e marinho, da zooarqueologia,
da etnoarqueolgia etc.
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Unidade: A arqueologia e a pré-história do homem

Intervenção da arqueologia no meio


Muitos arqueólogos já chamavam a atenção para a importância das descobertas arqueológicas,
uma vez que os sítios tornam-se verdadeiros museus a céu aberto. Os lugares são modificados
pela presença de pessoas com diferentes objetivos: profissionais, técnicos, auxiliares, visitantes etc.
A criação de uma identidade nacional, em muitos casos, é alcançada com o trabalho da
arqueologia. E nesse sentido, o poder dominante do Estado impera sobre os técnicos. Em
alguns Estados, as ruínas de antigas edificações servem como comprovante da pertença a uma
determinada etnia ou nação. Muitos interesses envolvem as pesquisas.
Funari (2012, p. 101-102) cita os exemplos de Israel e da Rússia, que procuram, por meio da
comprovação de suas origens, legitimar a ocupação de certos territórios. Em ambos os casos, a
arqueologia é posta a serviço dos interesses do Estado. Portanto, o uso da arqueologia pode ser
feito tanto pelos grupos dominantes, como meio de encontrar justificativas para a manutenção e
o exercício do poder, quanto pelos grupos subalternos, na luta por seus direitos ou para criticar
as injustiças e opressões sociais. Existem casos em que a arqueologia é chamada para estudar as
relações de gênero no passado e no presente, bem como as questões étnico-raciais. Esses campos
de atuação político-ideológicos estão intimamente ligados com o trabalho do profissional.
Portanto, os impactos e as intervenções da arqueologia não se resumem aos monumentos,
mas também envolvem a dimensão de poder, político-econômico e acadêmico. Daí a otimista
opinião de Funari (2012, p. 108) sobre o futuro da arqueologia:
[...] a disciplina, surgida originalmente em um contexto imperialista como uma
“arma da opressão”, para usar uma expressão forte do arqueólogo peruano Luis
Lumbreras, hoje mudou muito e tem servido para o pensamento critico, para a
diminuição das desigualdades e para o respeito à diversidade étnica e cultural.
Se concordarmos com Lumbreras, podemos dizer que, hoje, a arqueologia
pode ser uma arma de libertação.

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Material Complementar

Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta unidade, confira as sugestões a seguir.

• Documentário, em espanhol, sobre a história da descoberta das mais famosas e antigas


pinturas rupestres do mundo:
Arte rupestre: Cuevas de Altamira. Proyectos Ziel; Boca Boca Producciones. Espanha,
2003 (Duração: aprox. 52 minutos). Disponível em <https://www.youtube.com/
watch?v=Az8iAZiaSBM>. Acesso em: 29 jan. 2015.

• Sugestões de alguns sites sobre arqueologia:


www.unicamp.br/nee/arqueologia
http://www.arqueologiasubaquatica.org.br/
http://www.itaucultural.org.br/arqueologia/

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Unidade: A arqueologia e a pré-história do homem

Referências

FUNARI, P.P. Arqueologia. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2012. (Repensando a História)

FUNARI, P.P.; NOELI, F. S. Pré-história do Brasil. As origens do homem brasileiro. O Brasil antes
de Cabral. Descobertas arqueológicas. 4ª ed. São Paulo: Contexto, 2014. (Repensando a História)

PROUS, A. O Brasil antes dos brasileiros. A pré-história do nosso país. 2ª ed. Rio de
Janeiro: Zahar, 2007. (disponível versão para download)

REVISTA DE HISTÓRIA. Cada um no seu quadrado. Confira os campos de estudo da


arqueologia, além de algumas das mais importantes descobertas. Seção Capa – 02 ago. 2011.
Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/cada-um-no-seu-quadrado>.
Acesso em: 22 dez. 2014.

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Anotações

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Unidade: A arqueologia e a pré-história do homem

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