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Olívio Hitchica Ernesto “samanhonga”

UNIDADE I: A CIÊNCIA HISTÓRICA

1.1- Conceito e Objecto de Estudo da História

A palavra História vem do vocábulo grego antigo que significa “ Inquiris ou fazer
perguntas”.

Na história as perguntas são formuladas sobre o passado. O estudo da história


desvenda e ilumina os vários caminhos pelos quais transitou a humanidade
através dos tempos.

História é a ciência que estuda os factos sociais relevantes da humanidade,


através da indagação do passado vivido no espaço (lugar), tempo (temporal) e
na estrutura (política, social e económica).

Ela (a História) tem como função restaurar, descrever e explicar o longo


processo histórico da Humanidade, e os conhecimentos históricos, podem ajudar
a solucionar os problemas actuais, permitindo a participação activa e consciente
dos homens para progredir a sociedade.

O objecto de estudo da História é o homem. Logo o homem é o sujeito e objecto


da História. O Homem é sujeito da História porque é ele que faz a História. É
objecto porque a História é o passado do Homem.

Importância da História
O estudo da História é importante para as sociedades humanas porque dá-nos a
conhecer os factos históricos do passado da humanidade, desde o seu
surgimento até a actualidade de todos os povos do mundo. Isto é de todos os
continentes. Dá-nos a conhecer como trabalhavam, se relacionavam com a
natureza para dela extraírem o que necessitavam para sua sobrevivência.

Conhecendo o passado, compreendemos mais facilmente o mundo em que


vivemos, podendo desempenhar consciente e activamente o nosso papel como
cidadão de um país e de um mundo que queremos cada vez melhor.

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Elaborado por: Lic. Olívio Hitchica Ernesto “ Samanhonga” Lubango/2012 (oliviosamanhonga@yahoo.com)
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Interesse da História
A História não se interessa apenas pelo passado, mas também pelo presente.
Além disso, o passado continua presente no meio de nós. Se já não são vivos os
homens de outras épocas, muitas das suas obras continuam, no entanto, a
servir a nossa existência e a dar-nos confiança no progresso e no futuro da
humanidade.

Para nós podermos viver bem com as comudidades que temos (transporte,
comunicações, saúde, etc.), para nós podermos ter acesso à cultura e à
participação na vida política, outros homens antes de nós trabalharam, lutaram,
inventaram, progrediram.

1.2- Funções e Correntes da História

Funções da História
Das funções que se destacam no estudo da História com Ciência temos:
- Função Científica – isto é, na base dos acontecimentos históricos e na base
da aproximação de semelhanças dos factos põe-se de parte os factos negativos
e os positivos são melhorados para melhor se dar lições históricas. Aqui está
também a função educativa da história.

- Função Ideológica - a História é uma ciência, neste caso, é uma ciência da


classe determinante, reinante e vigente, isto é, serve a ideologia das classes.

Correntes da História

- Corrente idealista: defende os factos históricos são produtos do instinto inato


do homem disciplinado pela razão. Deste modo, os acontecimentos são
primordialmente regidos por ideias. Para os defensores desta corrente toda
evolução da humanidade tem razão idealista, isto é em primeiro plano esta o
papel da ideia como geradora da realidade.

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- Corrente materialista - defendida por Karl Marx e Frierich Engels, surgiu em


oposição a concepção idealista e defende que as transformações que a História
viveu ou viveram foram e serão determinadas pelos factos económicos e pelas
condições de vida material dominantes na sociedade. A preocupação primeira
do Homem não é problemas de ordem espiritual mais meios sociais de vida
alimentação, habitação vestuário etc.

- Corrente psico-social: apoiam-se na teoria de que os acontecimentos


históricos são resultantes, especialmente, de manifestações espirituais
produzidas pela vida em comunidade.

1.3-Fontes históricas e sua Crítica

Fontes históricas são todas tradições (materiais, escritas, oral, cultural…)


existentes no presente que possibilitam aos historiadores a descoberta de
conhecimentos do passado até então desconhecidos. Estas podem ser:

- Fontes Materiais ou objectivas podem ser enumeradas em objectos


arqueológicos antigos situados no solo (túmulos, fortificações, diques, ruas,
canais de irrigação, objecto de vida diária (utensílios), instrumentos de produção
(enxadas, catanas, facas…), monumentos, parques, jardins, fabricas, máquinas,
armas, obras de arte e produtos artesanais, objectos de memória e símbolos de
movimentos revolucionários.

Vantagens das fontes materiais

São testemunhas vivas e autênticas do passado na forma original. Possuem


grandes motivações para as pessoas que as vêm.

Desvantagens das fontes materiais

Não oferecem indicações sobre o percurso de processo histórico concreto


porque não têm as datas e nem falam das personalidades que participam no tal
processo.

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- Fontes escritas: são todos documentos escritos quer sejam cartas, contratos,
livros leis, lista de impostos, etc., que antigas civilizações elaborarão e por feliz
acaso chegaram até nós. Para a sua interpretação é necessário o conhecimento
das várias escritas que os homens inventaram nos vários pontos do mundo,
como: a hieroglífica, a cuneiforme, a alfabética, a árabe, chinesa, etc.

Em África as fontes escritas são poucas numerosas e têm como autores:


missionários, comerciantes, viajante ou funcionários estrangeiros. Os países do
litoral são conhecidos desta forma desde o séc. XV. Mas, no interior, estes
viajantes não penetraram (com excepção de alguns árabes e portugueses antes
do séc. XIX), Portanto, a História destas regiões têm de recorrer as fontes Orais
ou Tradições.

As fontes escritas podem ser:

Fontes escritas inéditas: Actas, cartas, diplomas, (nos arquivos).

Fontes escritas imprimidas: Livros, jornais, revista, etc. (nas bibliotecas).

- Fontes orais: Designam-se fontes orais a tudo o que foi transmitido


verbalmente (sem recurso a escrita) e pela memória a posteridade. Este é o
critério essencial da sua especialidade. Considerar as tradições orais como uma
das maiores categorias de fontes justifica-se pelas seguintes razões: diferentes
das fontes escritas as tradições orais vêm das sociedades cuja história deve ser
considerada e escrita e este tipo de autenticidade confere uma originalidade de
conteúdos tão evidentes como preciosa.

Uma das lacunas que enferma a tradição oral, é que altera-se de ano para ano,
parecendo por isso em forma de fábulas, lendas, isto é, sob forma de receitas de
carácter maravilhoso, onde os factos históricos, muitas vezes se encontram
envoltos, ocultos em lendas e fábulas.

A Crítica Histórica é o método científico destinado a distinguir o verdadeiro do


falso na História e na sua dialéctica, distinguir o que pode haver de falso no
verdadeiro e de verdadeiro no falso.

Há três operações fundamentais a ter em conta na análise crítica dos


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documentos:

1.Procurar classificar antes de tudo os testemunhos;

2.Verificá-los (mediante comparação) e controlá-los;

3. Compreendê-los e interpretá-los.

Na Crítica Histórica, temos a estabelecer a Crítica Interna e a Crítica Externa.

1- Crítica externa: ela verifica o valor externo de um documento; se é original ou


apenas uma cópia.

2- Crítica interna: verifica o valor interno de um documento. É um trabalho


especializado, comparativo, que só pode ser realizado pelas ciências auxiliares
da História: Arqueologia (estuda ruínas, objectos antigos soterrados no solo);
Antropologia Cultural ou Etnologia (estuda aspectos da vida cultural e material
da sociedade); Paleontologia (estuda os fósseis); Numismática (estuda as
moedas antigas); Paleografia (estudo da escrita antiga).

Antes de ser utilizada a fonte histórica precisa de ser submetida a um trabalho


de crítica utilizando o Método da Critica Histórica), que tem por finalidade
reconstruir o documento primitivo através das suas cópias; determinar a
proveniência, o autor, o lugar de origem, a data do documento e fazer
classificação crítica da fontes; avaliar o grau de confiança que merece o autor,
quando se trata de fonte narrativa, etc. Só depois disso está o documento apto a
ser aproveitado pelo historiador propriamente dito que pode não ser um
especialista ou um técnico de erudição.

Para distinguir o verdadeiro do falso o historiador deve efectuar três operações


fundamentais:

1- Procurar e classificar; 2- verificá-las; 3- Compreendê-las, interpretá-la.

Nota: Tanto as fontes escritas como as fontes orais antes de serem utilizadas
devem ser submetidas a um trabalho crítico (utilizando o Método da Crítica
Histórica).

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1. 4 - Periodização e seus Problemas


Periodização é a “remessa em ordem dos acontecimentos históricos. Para
estudar a História deforma mais acessível e coordenada, os homens sábios que
se dedicam ao estudo da vida dos homens dividem todo o percurso histórico
social, em idade.

A idade histórica é o longo período de tempo em que se verifica um conjunto de


características comuns notavelmente alterado pelos períodos similares que o
delimitam.

Cada idade pode constar de unidades menores: quando breves são designados
por épocas (Por exemplo: época de agostinho Neto); e quando longas por
séculos (exemplo: século de Péricles, século de Augusto). Podem ainda
englobar ciclos ou unidades culturais: iluminismo, Renascimento, Romantismo.

Desde as primeiras civilizações históricas que nasceram no Egipto e na


Mesopotâmia, aos nossos dias, decorreram mais de 6000 anos. Estes 60
séculos de História dividem-se de forma um tanto desigual em Antiguidade,
Idade Média, Idade Moderna e Idade contemporânea

A divisão tradicional da História é a seguinte:

-Pré-História: Período que vai desde o surgimento do homem na terra a cerca


de de 3.500.000.000 (três milhões e quinhentos mil anos) a.C. dividindo-se em
Paleolítico e Neolítico:

Paleolítico (até 10.000 a.C.): por viver da caça e da colecta, o homem era
nómada (não tinha habitação fixa) e vivia colectivamente.
Neolítico (10.000 - 4.000 a.C.): com a revolução agrária, o homem tornou-se
sedentário (tem habitação fixa).);

- Idade Antiga: Começa com a invenção do escrito há mais ou menos 4000


anos isto é no IV milénio até ao século V data da queda do Império Romano do
Ocidente em 476 d.C.

Define-se também como sendo o período do aparecimento dos estados

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mercantis e esclavagistas ex. Suméria, Egipto, etc.

- Idade Média: compreende o tempo decorrido desde 476 a.C. (século V) data
da queda do Império Romano do Ocidente e vai até ao século XV isto é 1453
data da queda do Império Romano do Oriente;

- Idade Moderna: abrange o período que vai do século XV (1453) data da queda
do Império Romano do Oriente e vai até ao século XVIII (ano de 1789) data em
que se deu a Revolução Francesa;

- Idade Contemporânea: Começa com Revolução Francesa de 1789


(Revolução que pôs fim ao Antigo Regime na França) e se prolonga até aos
nossos dias;

Esta periodização assenta no modelo Ocidental, por conseguinte, não é


uniforme para todos os continentes pois que, enquanto a Idade Média europeia
corresponde ao período de grandes invasões bárbaras e o predomínio de uma
Filosofia Arguciosa, tal não corresponde com a Idade média africana (séc. VII-
XVI) durante a qual floresceram em África reinos e Impérios altamente
organizados (Ghana, Mali, Songhai, Congo, etc.).

Como se procedia a Contagem do Tempo antes do séc. VI?


Os homens procuraram sempre um facto de destaque que a partir do qual
pudessem contar os anos. Estes factos para a nossa contagem, é o nascimento
de Jesus Cristo, que fica a marcar a origem da era Cristã.

Os Muçulmanos têm como ponto de partida para contagem do tempo a fuga do


profeta Maomé de Meca para Medina, que corresponde ao dia 16 de Julho de
622 da era cristã.

Os romanos começaram a datar a partir da fundação da cidade de Roma que


corresponde a 753 a.C.

Os gregos, na sua paixão pelos jogos olímpicos, que se celebram de 4 em 4


anos, contam desde a mais antiga celebração dos jogos realizados em 77.

Em datas mais remotas, os egípcios e os povos da mesopotâmia contavam os


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anos a partir da subida ao trono do soberano reinante. Cada novo reinado


marcava o início de nova era. Isto torna difícil datar, com exactidão, os factos
que lhe dizem respeito.

Partindo do princípio segundo o qual a periodização de todo processo histórico


pode repousar sobre a História Política, Económica, Social, e Cultural, podemos
dividir a História a Angola nos seguintes períodos:

● Primeiro período: as Civilizações Pré-Históricas (Antropogénese.


Culmina com as comunidades primitivas – sociedade gentílica).
● Segundo Período: período dos reinos do território que é hoje Angola
(antes e depois da chegada dos europeus; período de desenvolvimento
económico da sociedade comunitária complexa semi-esclavagista e semi-
tributária). Este período, convencionalmente, termina em 1482.
● Terceiro Período: o chamado período do mercantilismo Colonial
(começa com a chegada de Diogo Cão em 14 82, de cariz marcadamente
económico a partir de 1575. Termina em 1885).
● Quarto Período: o capitalismo Colonial (1885-1910) abarcando os
seguintes acontecimentos: a conferência de Berlim e as campanhas de
ocupação do território, a implantação da 1.ª República Portuguesa e as
suas repercussões em Angola.
● Quinto Período (1910-1926) caracterizado pela proclamação da 1.ª
República Portuguesa (1910), o Estado Novo, com a implementação do
fascismo (2.ª República Portuguesa, 1926).
● Sexto Período: Angola entre 1926-1961, destacando-se os seguintes
acontecimentos: a implantação da 2.ª república “ estado Novo” e suas
repercussões em Angola e o desenvolvimento do nacionalismo Angolano.
● Sétimo Período: do início da luta armada até à Independência
Nacional (1961-1975).
● Oitavo Período pós - independência nacional (de 1975 até aos nossos
dias).

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1.5- As Ciências Auxiliares da História

Conceito

O objecto das ciências auxiliares da História é todo e qualquer indício dos actos
e condições de vida dos homens no passado.

Em comparação com a ciência histórica em geral, as ciências auxiliares da


História ocupam, de acordo com o seu objecto, posição secundária. Há quem
tenha tentado substituir este conceito de ciências auxiliares pelo de ciências
básicas, pois que o conhecimento histórico só é possível a partir dos vestígios
que nos ficam dos tempos antigos ou seja a partir das fontes.

Este conceito de ciências básicas da História acentua a sua importância como


parte essencial da História e não como "auxiliares" que a História poderia
eventualmente dispensar.

Entre as ciências auxiliares da história mencionam-se: Geografia Humana,


Linguística, Antropologia Física, Antropologia Cultural conhecida também como
Etnologia, Diplomática, Esfragista, Numismática e Epigrafia.

1- Geografia Humana, trata das relações do homem com o solo, os recursos da


ocupação do meio, das necessidades, das dispersões ou concentrações, dos
efeitos climáticos sobre os homens e muitos factores ambientais que influem
sobre a revolução das sociedades.

2- Linguística, estuda e compara as línguas, permite estabelecer o seu grau de


parentesco e provar que um grupo de línguas tem uma origem comum, como é o
caso das línguas novilatinas e das línguas bantu.

3- Antropologia Física, estuda o homem nos seus traços físicos a sua acção, é
de notar que este estudo se refere as técnicas, as instituições, aos traços
culturais sobretudo nas sociedades pré-capitalistas.

4- Antropologia Cultural ou Etnologia, estuda aspectos da vida cultural e

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material das sociedades africanas actuais e dai deduzir que no passado houve
entre elas um certo tipo de relações.

5- Diplomática, estuda os documentos antigos, em especial dos diplomas. Isto


é, procura esclarecer as relações havidas entre os homens (como
comercializavam, como tratavam os assuntos de negócios de forma a equilibrar
a balança, etc.).

6- Esfragista, dedica-se ao estudo dos selos pendentes de antigos escritos


onde se representam grandes e pequenos senhores a cavalo, (ex. selos…).

7- Numismática, estuda as melhores medalhas antigas bem como as moedas,


estabelecendo suas origens e a substância de que são feitas (isto possibilita ver
se ak moeda ou medalha são do local que se estuda ou são de exportação).

8- Epigrafia, faz o estudo das inscrições antigas ou epigrafos gravados e


materiais sólidos visando a decifração, interpretação e classificação das
inscrições.

9- Cronologia, que localiza os acontecimentos no tempo.

Notas

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UNIDADE II - ANGOLA: TERRITÓRIO E AS SUAS POPULAÇÕES


MAIS ANTIGAS

No território que hoje é Angola foram encontrados vários vestígios Arqueológicos


que retractam o período da pedra. Destes lugares destacam-se alguns locais do
norte e do Leste do país. O exemplo evidente constitui a estação arqueológica
das palmeirinhas (Luanda) onde foram encontrados seixos afeiçoados. Na
Lunda, no rio Zaire e no Cuangar (Kuando-Kubango) foram encontrados
instrumentos de pedra e outros dos homens do paleolítico. No deserto do
Namibe foram encontradas gravuras rupestres nas rochas. Trata-se das
gravuras do Tchitundo – Hulo atribuídas aos antepassados dos Khoi saan.

Os bifaces foram também encontrados em vários locais, na Lunda e na região


costeira (Luanda, Baia, Farta, Porto Alexandre).

Utensílios do final do paleolítico, muito abundante em várias regiões de Angola,


mostram uma individualização regional: os do norte assemelham-se aos
utensílios da bacia de Angola revelam grande afinidade com as indústrias da
Zâmbia e da Namíbia.

2.2- As Comunidades Humanas do Território: Os khoi, Saans, Vátuas e


Pigmeus.
O nosso país ocupa uma extensão de 1.246.700km 2 constituído por um conjunto
territorial apresenta populações de diversidade linguística e cultural.

Encontra-se também marcado por testemunhas muito antigos de populações


que viveram antes da presença dos grupos Bantu. Populações estas que estão
enquadrados no que se designa de Fundo Primitivo Africano (angolano).

Entre as populações que compõem aquele que se veio a designar como Fundo
do povoamento angolano temos a destacar: Os pigmeus, os khoi. Os Saans e os
Vátuas.

Em épocas remotas a parte Norte de Angola foi provavelmente habitada por


pigmeus (RDC), conforme referência de alguns etnólogos, sociólogos e
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missionários. Não será absurda a hipótese, se entrarmos a continuidade


geográfica existente entre estas regiões e a bacia do Zaire, onde vivem hoje
grupos de Pigmeus dispersos na Floresta Equatorial.

Rezam os da antropologia, da História das culturas e da Língua comprovam a


existência de caçadores Pigmeus recolectoras (khoi ou Hotentotes e San ou
Bosquimanos) em vasta região ao Sul do equador. Alguns grupos vivem ao
longo do rio Cunene, no Município do Quipungo (Huíla), são conhecidos aqui por
Ovan - Mukuancala ou Kamussequele.

Os Vátuas, a sua origem é ainda obscuro, habitam, contudo, desde longa data
as margens do rio Curoca e uma estreia faixa de deserto do Namibe. Este grupo
étnico é constituído por Cuepe e Cuissi.

Estes grupos étnicos estão em vias de extinção, primeiro, por causa da


desagregação gradual do seu modo de vida, graças ao qual conseguiam manter
equilíbrio com a sociedade que os repelia, em segundo lugar, devido a
hostilidade do meio ambiente criaram uma certa fragilidade em relação aos
Bantu. A caça e a pastorícia constituem as actividades económicas
predominantes.

Principais Aspectos da vida dos Khoisan


O povo Khoisan viveu sempre em tribos sob a forma de comunidade primitiva. O
seu ambiente natural era a região da savana, própria à sua subsistência. Os
Khoisan sobrevivem recorrendo à caça e à recolecção, sendo conhecidos como
grandes caçadores. Muitas vezes vendiam carne aos seus vizinhos, em troca de
outros alimentos e de utensílios. As suas armas eram pequenos arcos de flechas
envenenadas.

Manifestações Artística

Em termos de arte, os Khoisan fizeram pinturas e esculturas na rocha, nas quais


retratavam cenários de guerra, caça, dança e cenários religiosos.

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Características

- São originários da África do Sul


-Pele castanha avermelhada ou amarela;
- Molares salientes (tipo mongolóide);
- Olhos oblíquos;
-Nariz achatado;
- Cabelo grau pimenta;
- Estrutura media de 1,52 m.
Os Khoisan são povos de raça negra, não bantu.
Actividades Económicas
A caça, reservada aos homens, estes usava arcos de flechas envenenadas que
serviam também para a sua defesa; a recolecção, actividades das mulheres,
recolhiam furtos silvestres, raízes, mel e também construíam abrigos;

- Organização Sócio - política: esses povos nunca formaram tribos ou reinos,


viviam em pequenos grupos ligados entre si por laços familiares ou de amizade;
eram nómadas, os mais velhos dirigiam os grupos;

Localização actual: os Khoi-Saan podem ser localizados no Sul de Angola


(Huíla, Namibe, Cunene e Kuando- Kubango).

Os Vátuas

- A sua origem é desconhecida;

- Actividades: praticam a caça e a recolecção;

- Organização Social: nunca formaram tribos. Os Vátuas dividem-se em


Kwepes e Kwisses;

- Localização actual: encontram-se entre o deserto do Namibe e o Rrio Curoca.

2.3- O Processo de sedentarização – a economia agrícola

As colectividades humanas, pequenos grupos vivendo da caça e da recolecção,


eram obrigadas a deslocar-se constantemente num vasto território.

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A descoberta dos meios para controlar e desenvolver a produção de alimento,


isto é da agricultura e da criação de gado, teve uma importância fundamental na
revolução das sociedades humanas: permitiu o aumento dos agrupamentos, a
sua sedentarização, a divisão social do trabalho.

Antes de ser agricultor o homem praticava a recolecção de grãos, plantas e


frutos o que obrigava-o a praticar o nomadismo. Assim, deve ter observado
como as sementes se espalhavam, levadas pelo vento ou pela água, e como
novas plantas iam crescendo em determinadas condições de calor e humidade.

A compreensão do processo que levou ao progressivo domínio do homem sobre


os seus recursos alimentares afastados assim a hipótese de que a agricultura foi
“inventada” por um certo ou determinado povo.

Foi no Sudoeste da Ásia que o cultivo dos cereais e, o pastoreio foram


primeiramente praticados, no decurso do VIII milénio: o trigo e a cevada firam os
primeiros cereais a serem cultivados nas regiões de grandes planícies de
aluviões férteis (do Egipto e da Mesopotâmia) de clima temperado e húmido.

A partir dessa zona, designada por “Crescente Fértil”, o conhecimento da


agricultura difundiu-se pelos três continentes: África, Ásia e Europa.

Com o aparecimento da agricultura, o homem deixou de ser nómada para tornar-


se sedentário, isto é, fixou-se a terra e assim surgiram as primeiras aldeias que
com o tempo foram evoluindo até constituírem-se em cidades e mais tarde em
estados nas diferentes regiões do nosso planeta.

Em Angola a agricultura apareceu com a chegada dos povos Bantu. Vindos do


norte, provavelmente da região dos Camarões, trouxeram com eles novas
técnicas como a metalurgia, a cerâmica e a agricultura, criando-se a partir de
então as primeiras comunidades agrícolas.

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2.4 – As Migrações Bantu

Migrações: são grandes deslocações periódicas fitas por povos de um lugar para
o outro a procura de melhores condições de vida.

No primeiro milénio da nossa Era, tiveram início as migrações Bantu que a partir
do vale médio do rio Benué, na Nigéria se dirigiram para leste e sul, atingindo a
região dos grandes Lagos e a Bacia do Rio Zaire.

Os Bantu, cultivadores e caçadores, agrupados em tribos, eles alastraram-se,


continuamente a procura de novas terras. Com eles surgiram os primeiros
Estados nesta região africana.

Os centros de difusão mais próximo de Angola de onde partiram vagas


sucessivas de povos Bantu foram: Baixo Congo e o Planalto Luba. Daí devem
ter partido os primeiros grupos Bantu que se estalaram em Angola.

As populações de origem Bantu formaram em Angola vários grupos étnicos


como: Bakongo, Ambundo, Nganguela, Cokwe, hereros, Nyanekas, Ovambos e
entraram em Angola, vindos de várias direcções. Dentre ass quias Norte, Leste e
Sul.

Causas das Migrações Bantu

1. A escassez de terras e alimentos nos locais onde viviam;

2. A descoberta dos metais (principalmente do ferro);

3. O aumento da população;

4. As guerras entre povos vizinhos;

5. Os conflitos entre os povos de diferentes regiões.

Consequências das Migrações Bantu


1.Permitiu a difusão da metalurgia;

2. Permitiu a ocupação de terras de outros povos (Pigmeus, Khoi e san);

3. Permitiu a formação de grandes estados ao sul do equador;

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4. Permitiu a expansão da agricultura e da domesticação.

Chegada dos povos Bantu em Angola


Bapembes e Ambundos ou Kimbundos ocuparam por volta do século XIII a
região do norte do Rio Kuanza até ao mar.

Nesse mesmo século os Bacongos (kicongos) passaram para o Rio Zaire e


foram-se estalar em áreas já ocupadas pelos Kimbundos.

Já no séc. XVI chegaram a região da Lunda povos caçadores vindos do Planalto


Luba que aí se fixaram e desenvolveram rapidamente a produção agrícola. Daí
partiram novos grupos para Leste de forma violenta entraram no reino do Congo
os Jagas que realizaram nova migração e que formaram estados como do
Ambaca, Kassange, Bié e Humbe até atingirem o Cunene.

Ainda no século XVI, o planalto central era habitado pelos Ovimbundu, pastores
e agricultores que em breve produziram excedentes agrícolas, que originaram
uma intensa actividade de trocas com as regiões limítrofes.

Os Hereros (Ovahereros) vindos do Leste atravessaram o planalto do Bié e


ocuparam as zonas de pastoreio da Huíla até ao mar no século XVI.

Os Nyaneca, vindos do Sul, também pastores e agricultores, fixaram-se nas


terras planalticas da Huíla onde os Jagas as encontraram no século XVI da Huíla
onde os Jagas as encontraram no século XVI.

No século XVII os Nganguelas chegaram as terras baixas do Leste. No século


XVIII foi a vez dos Cokwé que abandonaram o Catanga e atravessaram o rio
Cassai e entraram pelo Nordeste enquanto os Ambós, grandes técnicos na arte
de trabalhar o ferro, vindos do Sul, se fixaram em zonas próximas do Rio
Cunene.

E, no século XIX, foi a chegada dos Kuangali vindos da região do Orange, na


África do Sul, chefiados por Sebituane instalaram-se primeiro no Alto Zambeze e
mais tarde ao extremo Sudeste Angolano, onde estão hoje, Entre-Os-Rios
Kubango e Kuando.

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Elaborado por Lic. Olívio Hitchica Ernesto “samanhonga”

A migração destes povos para o território angolano possibilitou a edificação de


grandes reinos importantes como por ex.: Congo, Ndongo, Matamba, Bailundo,
Bié, Muíla, Humbe, Kuanhama, etc.

As guerras entre estes povos eram frequentes. Os migrantes mais tardios eram
obrigados a combater os que já se encontravam estabelecidos para lhes
conquistar terras. Para se defenderem, os povos construíam muralhas em volta
das sanzalas, razão pela qual encontramos hoje muitas ruínas de antigas
muralhas de pedra, principalmente nos planaltos do Bié e da Huíla.

Notas Pessoais
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Elaborado por Lic. Olívio Hitchica Ernesto “samanhonga”

UNIDADE: III – A ÁFRICA NA ERA DO TRÁFICO DE ESCRAVOS

3.1- África na História Mundial antes do Tráfico (Principais Estados


Pré – coloniais Ghana, Mali, Songhai, Benim e Haussa)
No período compreendido entre os séculos IV-XVI, a África foi testemunha do
surgimento de grandes estados africanos, com estruturas políticas, económicas,
politicas, culturais e sociais bem desenvolvidas. Estas civilizações foram fruto do
trabalho dos próprios africano, comprovado por diversos relatos ou testemunhos
históricos. Este período de surgimento de estados africanos, marca o início da
Idade Média Africana.

Estes reinos não existiram num mesmo período, mas sim, um foi sucedendo ao
outro. Assim, o primeiro foi o Ghana, de seguida sucederam os Impérios do Mali
e Songhai respectivamente, os estados e as civilizações Hauça. Segundo
Joseph Ki- kizerbo citando Heródoto “ a consistência dessas formações políticas
e civilizações deveu-se ao Níger”. Estes reinos formaram-se nas regiões
molhadas pelos rios Senegal e Níger na África Ocidental.

O Império do Ghana
A sua monarquia foi fundada provavelmente no século IV subsistiu até 1076.
Graças a geógrafos árabes como Ibn Hawkal e Al Bakri, hoje conhecemos sua
história.

Situação Geográfica
O Ghana estava situado ao norte das duas curvas convergentes do Senegal e
do Níger, abarcava essencialmente o Auker no norte e o Hadh no Sul. Também
era chamado Uagadu- país dos rebanhos. Possuía um clima húmido, propício
para prática da agricultura. A sua capital foi Kumbi – Saleh.

Organização económica
As principais actividades económicas eram a agricultura, pastorícia e
fundamentalmente o comércio do Ouro. Segundo Ibn Hawkal o Ghana era o
Império mais rico do mundo devido ao ouro.

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Elaborado por Lic. Olívio Hitchica Ernesto “samanhonga”

Organização Política
No Império do Ghana reinava Paz segurança e prosperidade. Sob a soberania
dos Tuka ou Kayan Maghan (título dos reis que significa mestre ou dono do
ouro.

A vida política, económica e militar do Império era dirigida pelo Tuka apoiado
pelo “ grande conselho” composto pró altos funcionários, alguns destes eram
antigos escravos libertos pelos muçulmanos.

A sucessão no poder era matrilinear, isto é era o filho da irmã do rei que lhe
sucedia no trono.

Organização Social
Socialmente o Ghana era constituído por tribos Sarakolé, que estavam divididas
em vários clãs e, por estes dividiam-se em famílias, cada família era chefiada
por um patriarca, que exercia funções especializadas como: chefe de terra, de
guerra, da religião, etc.

Decadência
Os factores contribuíram para o enfraquecimento do reino do Ghana foram dois,
nomeadamente: a seca e a insegurança devido o avanço dos Almorávidas.

Império do Ghana

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O Império do Mali

Situação Geográfica
Foi uma formação política com prestigio no Sudão Ocidental, a sul do saara
durante a “idade média”. Formou-se nas margens do Rio níger e Buré,
concretamente no seu curso superior, aglomeração de Dakadialan – província
de krina. O Mali era também conhecido por “ terra do princípe”.

Império do Mali

Organização económica
As principais actividades económicas eram a agricultura, pastorícia e o comércio
do Ouro. Segundo Ibn Hawkal o Ghana era o Império mais rico do mundo devido
ao ouro.

Organização Política
O poder central estava nas mãos de um soberano da linhagem dos Kanoté,
linhagem que depois mudou de designação para Keita, isto é “ herdeiro”, com a
tomada do poder por Sundiata – O fundador do Império.

O poder era descentralizado, o que permitia os soberanos locais e vassalos


exprimirem-se plenamente e desenvolverem iniciativas criadoras.

Declínio
O enfraquecimento do império do Mali deveu-se a conflitos no seio da família
real e invasão dos Tuaregues e dos Songhai.

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O Império do Songhai (ou Gao)

Esta formação também formou-se no século VIII, nas margens do rio Níger, com
a capital em Kuia, mais tarde foi transferida para Gao.

Mapa do Império do Songhai com seus reinos Vassalos

No século XIV o Songhai foi ocupado pelos Malinké, no final deste século, os
Songhai, aproveitando-se do enfraquecimento do Império do Mali, expulsaram
os chefes mandingas de Tombuctu e Djené, retirando o comércio de ouro aos
malinké, formando assim o império do Songhai.

No século XV, Askia Mohamed fundou este império cuja extensão ia do Atlântico
à Bornu e de Kanó até Teghaza.

Organização económica
O Desenvolvimento económico baseava-se numa economia mista, resultante da
associação da agricultura, pecuária e pesca o comércio do ouro. No século XV,
as rotas transarianas mudaram-se para Leste, devido a insegurança.

Declínio
O Império do Songhai enfraqueceu devido aos seguintes factores: manutenção
difícil por ser uma região muito vasta; Lutas armadas; invasão dos marroquinos
e por último a presença europeia.

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O Reino do Benim

Situação Geográfica
O Reino do Benin situava-se no delta do Rio Níger e é um exemplo de um reino
africano, que se desenvolveu num meio pouco favorável e sem influência
externas. Tinha como capital política Oyo e como capital religiosa Ifé.

Este reino foi fundado no século XII por povos vindos do reino Youruba da
região de Ifé, que se juntaram com os Ebó no Delta do rio Níger.

Organização Económica
A principal actividade era a agricultura. Também dedicavam-se ao artesanato,
onde se destacava o trabalho com bronze, ferro e couro, a tecelagem, o fabrico
de tambores, a escultura de madeira e a do marfim.

Decadência
Dois factores contribuíram para o enfraquecimento do reino do Benin
nomeadamente: o tráfico de escravos efectuado pelos ingleses, franceses e
portugueses; a invasão francesa.

O Império Haussa ou Hauçã


Os estados ou cidades Haussas, estavam situados na região a norte da Nigéria
actual, e ao sul da república do Níger, ou entre o rio Níger e o Lago Tchad, quer
dizer num grande cruzamento, surgem por volta do século XI.

Elas constituíram-se por volta de vias comerciais que ligam Tripoli e Egipto á
floresta tropical, por um lado, e por outro, do rio Níger ao Alto vale do Nilo.
Nessa zona, o povo haussa vai organizar um estado politico que se
desenvolvera na base de sete centros ou cidades primitivas: daura (Dora) –
considerada como cidade – mãe porque vem do nome da lendária rainha
fundadora: keno, zaria, Rano, Katsia (ou Katsena), gobir e Biran. ~

Na realidade, este número e provavelmente, alguns nomes, têm variado no


decorrer da história Haussa.

Os Haussa são, na sua maioria negros. Ao Hauçã resultariam da fusão de vários


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grupos étnicos e culturais e nomeadamente elementos do Vale do Nilo.

3.2 – Génese do Tráfico de Escravos


A escravidão foi praticada na antiguidade pelos egípcios, Gregos, Hebreus e
Romanos.

Em África, existiu desde tempos remotos, a escravatura domestica ou


patriarcal, sendo o escravo considerado um membro da comunidade e tinha
muitas vezes, a mesma situação material e direitos semelhantes aos outros
membros da comunidade. A escravatura comercial em África era quase
inexistente. Era realizada com os povos árabes onde se destinava
essencialmente aos trabalhos domésticos e ao abastecimento dos haréns.

Os escravos eram autorizados, na África negra a casar, até mesmo com a filha
do seu dono, herdar os seus bens, a serem servidores, a casar com, até mesmo
com a filha do seu dono, a ceder a altos cargos na administração dos Estados e
nos exércitos.

Passado um tempo, muitos eram libertos: ou regressavam às suas terras de


origem, ou permaneciam onde haviam estado cativos, ou, ainda pediam novas
localidades para estalarem-se. São conhecidas em muitas partes da África,
aldeias denominadas “ diombugu” (“casa” ou “localidade” de escravos).

Mas, a partir do século XV, o sentido da História africana mudou brutalmente,


quando a Europa exactamente na mesma época entrou em período de
expansão económica e geográfica, passando a interferir na evolução das
sociedades africanas de uma forma que se foi acentuando nos séculos
seguintes.

Do século XVI ao séc. XVIII, a África foi teatro ou palco de um dos maiores
genocídios que a história da Humanidade registou: milhões de africanos foram
arrancados violentamente das suas terras e do seu meio social, ou pereceram,
para enriquecer uma burguesia mercantil sedenta de ouro e outros produtos
preciosos. Este período é designado por “Era do Tráfico”.

O tráfico de escravos foi o factor inessencial da história africana durante este


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período. Enquanto para os europeus, especialmente para as suas classes


dominantes, tráfico significou ouro, marfim, especiarias, açúcar, tabaco, enfim
riqueza, para os africanos significou extermínio, expulsão e deslocação, perda
dos seus filhos, degradação da economia e política.

Os primeiros navegadores portugueses levaram, para Lisboa, alguns escravos,


que designavam de mouros (homem que trabalha incessantemente).

Os primeiros 12 escravos africanos foram capturados em 1441, provavelmente


na costa da actual Mauritânia, por Antão Gonçalves e Nuno Tristão ao serviço do
Infante D. Henriques de Portugal.

Em 1444, Laçarote de Lagos, Gil Eanes, Estêvão Afonso e outros navegadores


portugueses penetraram no golfo de Arguim onde capturaram e transportaram
para Lisboa o primeiro grande carregamento de escravos, à de 263. À
curiosidade inicial seguiram-se rapidamente razões de ordem comercial, sendo a
partir de 1510 um décimo da população de Lisboa composta por escravos
negros.

Alguns destes escravos eram utilizados como mão-de-obra na agricultura sobre


tudo no Sul de Portugal (Algarve), na Madeira e nos Açores. Nos princípios do
século XVI, os portugueses, já solidamente implantados nas ilhas de cabo verde
e de S. Tomé, instalaram aí plantações de cana-de-açúcar e recrutaram
escravos para esta cultura nas costas do Senegal, na Costa de ouro (Ghana) e
em Benim.

Com a conquista da América, o tráfico de escravos não só intensificou


extraordinariamente, como se tornou uma instituição que durante cerca de
quatro séculos iria relacionar de forma dramática três continentes: África –
América – Europa no que foi designado por “ Comércio triangular”.

A exploração da América exigia mão - de - obra. Os ameríndios (índios), pouco


numerosos e nómadas, não suportavam a escravatura, pois morriam, fugiam ou
eram massacrados. Mais tarde, foram enviados europeus degredados ou servos
(sobretudo presos), mas estes não tinham experiência na agricultura tropical,
não suportavam o clima e exigiam muitos gastos na alimentação e na saúde.
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Deste modo, os europeus (portugueses e espanhóis) recorreram aos escravos


africanos que eram mais experientes na agricultura tropical, não tinham
possibilidade de fuga, adaptavam-se facilmente ao clima tropical e eram mão -
de – obra mais barata. Foi assim que se desenvolveu o Tráfico de escravos
negros e dava-se o início daquilo que veio a chamar-se Comércio triangular
(Comércio Triangular: circuito comercial, originado pelo tráfico de escravos e
realizado entre a Europa, a África e a América; entre o século XVI e o século
XIX.)

A mão-de-obra africana tornava-se cada vez mais necessária à medida que a


América era explorada nos seus recursos agrícolas e minerais. As plantações
das Antilhas e do continente, sobretudo do Brasil, desenvolviam as culturas do
açúcar, tabaco, algodão e do café. A exploração mineira tinha como objectivo
a obtenção da prata e do ouro necessários para expansão do capitalismo
europeu.

Em 1509 a coroa de Espanha promulgou a primeira lei relativa a exportação de


escravos para América. Em 1510 foi ordenado pelo rei o primeiro transporte de
escravos negros para América (Antilhas).

Os rendimentos da monarquia a partir de 1515 passaram a provir sobretudo do


tráfico; os direitos de resgatar escravos e dispor deles tornaram-se numa
prorrogativa real, até porque neste mesmo ano os agricultores espanhóis
enviaram, para sua pátria, o primeiro carregamento de açúcar produzido naquela
região da América Central.

Em 1518 surgiu o Assiento, que era o direito de comprar escravos em África e


vendê-los na América mediante condições especiais e preciosas, estabelecidas
pelo rei de Espanha. O assiento foi concedido pela primeira vez aos holandeses
e passou sucessivamente para genoveses, portugueses e ingleses.

No princípio do século XVII estima-se que um milhão de escravos teriam sido


transportados para América, sendo mais de metade originários de Angola, do
Congo e do Benim. A outra parte provinha da Costa do Ouro e da Senegâmbia
(entre o rio Senegal e a serra Leoa).
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Os escravos africanos eram levados para as Antilhas por navios franceses,


holandeses e ingleses; para o Brasil por portugueses; para América do norte por
ingleses e holandeses; para a canada por franceses.

Muitos destes escravos eram capturados por grupos de portugueses armados


que assaltavam de surpresa as sanzalas, com ajuda por vezes da alguns chefes,
as chamadas guerras de kuata-kuata.

Os escravos eram transportados em barcos, colocados num só porão que quase


não tinha espaço para se deitar. Eram acorrentados para não fugirem e quando
tentassem revoltar-se eram chicoteados ou mortos. Devido aos maus tratos, má
alimentação e falta de higiene, grande parte dos escravos morria durante a
viagem.

Os escravos, além de perderem a liberdade perdiam também para sempre a sua


família, porque nunca mais voltavam a terra mãe. Quando chegavam a América
eram vendidos a novos senhores que os obrigavam a trabalhar como animais,
todo dia, sem descanso, mal alimentados sofrendo sempre castigos brutais. A
revolta contra o se o dono era sinónimo de morte.

Os principais meios de acção para o tráfico de escravos, a partir do século XVII,


eram as companhias. As companhias compravam ou fretavam os navios e os
equipavam com todo material necessário; encarregavam-se do comércio
atlântico, negociando directamente com os chefes e reis africanos em nome dos
europeus; organizavam a instalação de feitorias e a construção de fortes e de
armazéns de escravos e administravam em nome dos reis europeus as regiões
ocupadas.

As principais companhias monopolistas forma das Índias ocidentais e orientais,


companhias de cabo verde e do Senegal, Companhia das Índias Ocidentais
francesas.

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As Rotas do Tráfico de Escravos Durante os Seus Quatros Séculos

1. Rota Magrebe
A islamização do Norte de África, no século VII a.C., permitiu aos árabes o
controlo de rotas anteriores. A principal desenvolveu-se a partir de Tripoli (actual
Líbia) e daí avançavam para o Sul do Sahara. Esta rota fornecia escravos todos
o norte de África e o mediterrâneo.

2. Rota dos Grandes Lagos


Desde o Antigo Egipto que se realizavam expedições para captura de escravos
em África, seguindo a rota do Nilo e dos grandes Lagos e manteve-se muito
activo ao longo do século XIX. Esta rota fornecia escravos para o Egipto e o
médio Oriente.

3. Rota da Costa Oriental da África


Os portugueses chegaram ali no século XVI. A partir do século XVII os árabes e
Suaílis conseguem expulsar os portugueses das suas principais feitorias da
Costa Oriental de África apoderando-se do tráfico.

Novas Rotas Comerciais

Rotas atlânticas: ligam a Europa a África e as Américas.

- A rota do Cabo: contorna a África, penetrando nos mercados indianos.

- Oceano Indico: os navios portugueses fazem comércio com as várias zonas


produtoras de especiarias.

- A rota do extremo Oriente: atingido o oceano Pacífico para o comércio com a


china e com Japão.

Havia sete sectores principais de tráfico e que abrangiam a zona que vai de
Arguim Mauritânia até Angola nomeadamente:

1- Senegal; 2- Serra Leoa; 3- Costa da Guiné; 4- Costa do Marfim; 5- Costa do


Ouro (Ghana); 6- Costa dos Escravos (Togo, Daomé, Nigéria) e 7-Angola.

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3.3 – Consequências do Tráfico de Escravos

a) Consequências Demográficas
- Diminuição da população africana, mais de 50 milhoes de africanos foi vítimas
do tráfico (muitos africanos morreram nas guerras de Kuata-kuata, nas viagens
do interior até a Costa, durante a longa travessia do Atlântico e muitos milhões
chegaram vivos à América, sendo integrados no processo de produção). Criou o
despovoamento de África.

b) Consequências Económicas
- Regressão das forças produtivas, atraso económico e sub - desenvolvimento,
cujas causas foram:

● Diminuição da produção agrícola devido á captura de pessoas capazes


de produzir e devido às migrações das populações fugindo às razias
(povos agricultores, sedentários voltaram a recolecção, nomadismo).
● Declínio do no artesanato africano devido à concorrência dos produtos
europeus utilizados para a obtenção de escravos.
● Falta de estímulos para a produção destinada ao mercado porque o
escravo era o principal meio de troca.

C) Consequências Políticas
- Guerra entre reinos (para a captura de escravos).
- Conflitos internos entre o poder central e os chefes das províncias (estes
pretendiam libertar-se do controlo do rei para obter vantagens económicas
com o tráfico de escravos.

- Desagregação de antigos reinos e impérios (ex. reino do Congo, Império de


Monomotapa, etc.).

- Surgimento de estados adaptados ao tráfico de escravos (ex. Oyo (Nigéria),


Daomé (Benim) e Achanti (Ghana).

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d) Consequências Sociais e Psicológicas


- Desorganização das sociedades africanas, devido ao envolvimento das
classes dominantes no tráfico e as guerras constantes, criando grande
instabilidade e a deterioração das relações entre as varias classes sociais
existentes num Estados e entre os Estados africanos.

- Medo, coacção moral e complexo de inferioridade entre os africanos das


áreas mais afectadas pelo tráfico.

- Diminuição da capacidade de resistências das populações africanas,


facilitando a conquista de seu territórios pelos colonizadores europeus, nos
finais do séc. XIX e início do séc. XX

e) Consequência Religiosa
- A religião africana foi substituída pela religião cristã.

Notas pessoais

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UNIDADE IV – ANGOLA, A ABERTURA AO ATLÂNTICO; IMPACTO INICIAL

4.1 – O Congo e os Portugueses


O Reino do Congo, foi primeiro Estado a constituir-se na Costa Ocidental de
África, tinha como capital a cidade de Mbanza Kongo.

Estava divido em seis províncias, entre as quais, Mpemba (onde estava


localizada a capital do reino que chamava-se Mbanza Kongo), Nsumdi,
Mbamba, Mbata, Soyo, Mpangu e das quais cinco estavam subordinadas aos
seus próprios Mani.

Os portugueses chegaram ao reino do Kongo em 1482. A coroa portuguesa


procurou pôr em prática uma política de contactos amigáveis de intercâmbios
cultural e económico, embora marcados por proselitismo religioso.

O período que se segue é considerado período Afro - Português, o período


imediatamente a seguir á presença dos europeus (portugueses) no reino do
Kongo, começa em 1482 e termina em 1575 com a fundação da cidade de
Luanda por Paulo Dias de Novais.

Os primeiros contactos decorreram, pode dizer-se, quase harmoniosamente. O


Ntotela, rei do kongo na altura, Nzinga-a-Nkuvu, foi baptizado em 1491, na sua
capital de Mbanza Kongo, tendo adoptado o nome cristão de D. João. Seria o D.
João I do Kongo. Muitos congoleses foram mandados para Portugal, para
receberem instrução portuguesa.

Segundo o costume e regra da sucessão congolesa, de linhagem matriliniar, o


herdeiro ao trono do Kongo seria o príncipe D. Mpanzu-a-Kitina, sobrinho do rei
Nzinga-a-Kuvu (D. João I) renunciou a religião católica e regressou a religião
tradicional dos antepassados, tendo rejeitado também o nome português.

O povo de Mbanza Kongo e sobretudo o príncipe Mpanzu-a-Kitrina, o chefe da


oposição, tinham exercido grande pressão sobre o rei Nzinga-a-Nkuvu, pelo que
este teve de abandonar a sua amizade com os portugueses e renunciar também
a religião católica.

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Entretanto o seu filho, o príncipe D. Afonso I (Nzinga-a-Mbemba), o Mani-Sundi,


tinha decreto como obrigatoriedade a religião católica e proscrito a religião
animista dos antepassados em toda a província do Nsundi. Os animistas eram
queimados vivos na fogueira como iria acontecer mais tarde a Kimpa Vita no
século XVII.

Reinos do Loango, Kongo, Ndongo e Matamba

4.2 – O Início do Tráfico de Escravos: Papel dos Colonos de S. Tomé


A ilha de S. Tomé foi povoada em 1493, por degredados desterrados
portugueses. Este povoamento veio promover contactos mais frequentes dos
portugueses com Costa ocidental africana (Congo, Ndongo etc. ), tendo em
vista fornecer à ilha a mão-de-obra necessária ao cultivo de cana-de-
açúcar e, mais tarde, a produção de cacau.

Segundo Ralph delegado, na sua obra intitulada História de Angola


Primeiro Período e Perante do segundo, de 1582-1607, as ofensivas dos
donatários de S. Tomé contra a assistência metropolitana no reino do
Congo comportavam dois sistemas:

1.º A implementação da discórdia nos territórios do Zaire, conjugada com


a exploração das riquezas aproveitáveis;

2.º A prisão dos emissários congueses na ida para Portugal.

Assim, se começou a praticar o tráfico de escravos entre S.Tomé, a costa


de Loango e o Porto de Mpinda, a partir de 1500. A autorização concedida
pelo rei do Congo a pedido do rei português, permitiu que alguns
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comerciantes de S. Tomé praticassem o tráfico de dentro do próprio reino


do Congo e ao lado da costa do Loango.

A situação da ilha permitiu que passasse a ser um ponto de escala na rota


das Índias, depósitos de escravos e prisão dos condenados. Mas tarde, os
contratados angolanos eram enviados para esta ilha, servindo de mão-de-
obra escrava. O cultivo da cana-de-açúcar provocou o enriquecimento
rápido dos colonos (desterrados) ali fixados.

Durante o século XVI, todos os contactos entre o Congo e Portugal


passavam obrigatoriamente por S. Tomé.

Os Manis das províncias do Soyo e Mbunda pretenderam beneficiar como


o tráfico, fornecendo para tal efeito, o estabelecimento das relações
directas com os comerciantes portugueses.

Nos primeiros anos do século XVI, alguns cativos foram trocados por
produtos europeus. Esta prática foi-se generalizando, estimulada pelos
comerciantes portugueses que viram nela a possibilidade de obter mão-
de-obra para S. Tomé, onde se iniciara o cultivo da cana-de-açúcar.

A aquisição de nativos de guerra foi inicialmente controlada pelo rei do


Congo. A procura cada vez maior pelos portugueses levou os mani das
províncias praticar a captura de homens livres nas aldeias limítrofes do
reino (regiões Mpundu, Ndembu, Matamba e Ndongo)

A fim de obter produtos europeus através da troca os mani organizavam


expedições militares nas capturavam homens e mulheres.

A frequência de actos deste género veio dificultar o seu controlo por parte
das autoridades de Mbanza Congo. Por isso, o rei Nzinga Mbemba
escrevia em 1526 que por vezes eram aprisionados “filhos da terra e filhos
dos nossos fidalgos e vassalos”, o que prova que dentro do próprio reino o
controlo sobre o tráfico já não era eficaz.
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Os traficantes de S. Tomé não pretendiam perder a oportunidade de


intensificar a aquisição de escravos; no Congo, em 152, eram já cerca de
5000 os que eram exportados anualmente por Mpinda.

A oposição frequente de Afonso I aos desmandos dos portugueses esteve


na origem das tentativas feitas por estes no sentido de obter mais
escravos directamente na região do Ndongo, evitando abastecer-se no
porto de Mpinda, controlado pelos oficiais do rei.

Assim, durante todo o século XVI, a exploração de escravos efectuou-se


regularmente, procurando os traficantes intensificá-la por todos meios.

Consequências do povoamento da ilha de S. Tomé

1- A presença em massa dos traficantes portugueses desterrados;

2- A entrada de mão-de-obra barata proveniente do Congo e do Ndongo


para o cultivo da cana-de-açúcar;

3- S. Tomé passou a ser o ponto de escala das rotas comerciais para a


índia, América e depósito de escravos e prisão para os condenados de
vários crimes;

4- Guerras militares nos reinos do Congo e do Ndongo para obtenção de


escravos;

5- Rivalidades políticas, derivadas da captura de escravos;

6- O enriquecimento dos comerciantes portugueses;

7- O empobrecimento dos reinos do Congo e do Ndongo;

8- S.Tomé tornou-se ilha de recuperação de escravos debilitados e de


pagamento de imposto aduaneiro obrigatório para as Américas.

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4.4- As Crises Internas: Invasões Imbagalas e o Reforço da Influência


Portuguesa

1.0. Introdução

Imbagalas (Jagas ou yacas) foi o nome que os Portugueses deram, no final do


século XVI e durante o século XVII, a grupos de nativos africanos,
predominantemente nómadas, que se caracterizavam por não trabalhar,
dedicando-se à rapina e à violência sobre as populações.

No ano de 1568, invadiram o Reino do Congo em 1568, quando o Rei Álvaro II


pediu ajuda a Portugal na luta contra os invasores, a quem as fontes chamam
"Jagas".

História dos Imbangalas

“Jaga" ou Imbagalas, em Kicongo antigo, significava o "outro", o "estrangeiro", o


"bárbaro" e, mais tarde, já no século XVII, também "bandido". Os jagas podem se ter
formado para escapar de razias e sequestros. “De pasto das razias eles passaram a
dedicar-se a capturar gente para o manicongo ou o "macoco".

Os imbangalas (Jagas) não constituem verdadeiramente uma família distinta, pois não
eram mais que o conjunto de indivíduos de diversas tribos, educados desde pequenos
para a guerra e só para esse fim. (Vide Cadornega, 1942: 222).

Os jagas invadiram o Congo por volta de 1568. Destes jagas se diz muita coisa: uma
horda feroz, nômade, antropófaga, destruidora, que vivia da guerra e do saque, como
relatou Filipo Pigafetta citado por SILVA. Mas, pondera o mesmo SILVA, talvez os
próprios jagas difundissem uma imagem cruel de si mesmos, que não
correspondesse à realidade (como faziam os manes da Serra Leoa, os galas da
Etiópia e os zimbas de Moçambique). É possível que a organização social dos jagas
tenha surgido das sociedades secretas de caçadores ou dos acampamentos de
iniciação de jovens, entre camaradas que se sentiam mais ligados uns aos outros por
aqueles ritos, e pelos juramentos de sangue que então faziam, do que às respectivas
estirpes.

“Jaga" ou Imbagalas, em quicongo antigo, significava o "outro", o "estrangeiro", o


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"bárbaro" e, mais tarde, já no século XVII, também "bandido".

Nos séculos XIII e XIV, os Jagas eram considerados nações ou povos guerreiros
que existiram em África. Os portugueses designavam estas tribos por Jagas ou
Imbangalas, provenientes da Serra Leoa. As carnes de vaca como de cabra não
eram suas preferências, alimentavam-se de carne humana. Eram aproximadamente
uma horda de 12000 negros, sem residência própria.

Seus comportamentos de conquista, fizeram que percorressem pela Costa, Litoral


do Golfe da Guίne até ao sul de Angola. Na época também existiam outros povos
guerreiros como os Anzicos que também participavam nas ondas avassaladoras do
Congo, (Zaire), obrigando por vezes o rei congolês a refugiar-se.

Estes bárbaros atacavam repentinamente povoações, saqueando o que


encontravam pela frente, devastando, queimando e destruindo tudo. Os
acampamentos, eram construídos em formas circulares. Procurando sempre
zonas de repouso com preferência com precipício. O chefe da tribo era o
principal responsável da escolha estratégica pelos locais de permanência com
maior seguridade.

O chefe principal vivia no centro dos acampamentos, acompanhado por servos


e guardas, residindo no círculo mais interno do regimento. A separação do chefe
com seus vizinhos era dividida com fortes grades e cancelas, cada oficial ou
comandante tinha uma importância por cada secção de blocos, dividido por
vários. Em cada bloco as casas estavam apertadas umas as outras,
proporcionando assim um sistema de segurança muito eficaz.

Atacavam e roubavam o gado alheio, não gostavam de plantar e tão pouco criar
gado. Alimentando-se através dos saqueamentos das povoações vizinhas. Seu
potencial de ataque era surpreso, uma táctica operacional eficaz. Quando eram
atacados posicionavam-se na defensiva, deixando dois ou três guerreiros ao
inimigo para abrandar-lhes o ataque, regressando em seguida ao ataque com
muita fúria.

Seus oponentes não suportavam o ataque em massa das forças combinadas em


suas astúcias. As emboscadas eram realizadas quase sempre a noite, munidos
por dois flancos, deixavam cair tristemente os inimigos ao implacável domínio.
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Eram homens fortes de alta estatura, bem equipados com facas, escudos,
lanças, arcos, flechas e azagaias. As mulheres não criavam seus filhos, mais
sim adoptavam adolescentes capturados em guerra. Os recém-nascidos eram
abandonados nas matas. Os jovens capturados mais tarde participavam nos
combates, tinham ordem de conseguir a cabeça dos inimigos, como prova de
virilidade e consentimento ao chefe Jaga. Pelo gesto alcançado, os jovens
guerreiros tornariam-se homens livres.

Invasões Imbangalas e o Reforço da Influência Portuguesa

Desde a morte de Afonso I, o poder real degradou-se devido as questões internas


de sucessão. Por outro lado, os povos vizinhos do reino do Congo, tocados
indirectamente pelo tráfico, desejavam tornar-se beneficiários directos desse mesmo
tráfico.

No interior do reino, contudo, as trocas foram dificultadas e o sossego da população


foi perturbado devido ao avanço violento de guerreiros imbagalas até à capital.

Os imbagalas ou Yakas alguns autores o chamam de jagas, partiram da região das


lundas chefiados por Tchinguri, um dos fracassos herdeiros do trono Lunda, após o
casamento da irmã Lueji (herdeira do Trono) com o caçador Luba Tchibinda Ylunga.

Por volta de 1950, os imbagala entraram no Congo pela província de Mbata e


atigiram rapidamente Mbanza Congo.

Quando o rei tomou conhecimento, deixou a cidade e refugiou-se na Ilha dos


cavalos no rio Zaire, com os principais do reino e o clero português que residia em
Mbanza Congo.

Dominando a situação, os imbagalas massacraram grande número de congueses,


enquanto outros conseguiram refugiar-se nas montanhas.

A maioria dos que se retiraram para a Ilha do Zaire morreu de fome e de peste,
alguns venderam os seus familiares aos comerciantes de S.Tomé ou no período da
invasão dos jagas, os congueses se viram forçados a trocar por comida seus
escravos, seus dependentes e até familiares. Mesmo filhos de nobres foram
escravizados

O pedido de auxílio enviado a Portugal em 1568, foi atendido com o envio de

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soldados bem treinados na guerra e outros aventureiros. Durante um ano e meio,


foram desencadeadas acções contra os imbagalas, até que os seus grupos armados
abandonaram o reino do Congo. Uns atravessaram o rio Cuango, outros
dispersaram pelas regiões limítrofes do reino. Vasina reforça a ideia dizendo:

A morte consecutiva de dois reis no decurso de uma guerra em 1566 e 1567 deu
origem a uma confusão que degenerou em catástrofe, com a irrupção de guerreiros,
chamados imbangals (Jaga), provenientes do leste. Os imbangala desafiaram as
forças reais e a Corte teve de se refugiar numa ilha do final do Zaire. Numerosos
refugiados foram vendidos como escravos para São Tomé. O Rei teve de pedir ajuda
a Portugal que enviou um corpo expedicionário, que reconquistou o reino de 1571 a
1573. A hegemonia do Congo na região ficou destruída, pois, em 1575, foi fundada a
colónia de Angola e os Portugueses vieram comerciar em grande número ao
Loango, a partir do mesmo ano. A identidade dos invasores do Congo nunca pôde
ser determinada. O nome Jaga (em kikongo: Yaka) é utilizado nas fontes como
sinónimo de bárbaro e aplicado a toda uma série de guerreiros mais ou menos
nómadas. Os primeiros Jagas apareceram a leste de Mbata, ao sul do Pool e de lá
passaram para as margens do Cuango. (Vide Vasina: 19991:651-653).

O rei Álvaro I que subiu ao trono em 1568 encontrou um reino arruinado pela guerra
e pilhado pelos comerciantes. Com o auxílio da força militar portuguesa, os
Imbagalas sido expulsos: porém, na nova situação criada, o monarca conduziu uma
política hesitante, concedendo facilidades aos traficantes que actuavam dentro das
fronteiras do reino.

Assim, resulta fácil concluir que a invasão dos Imbagala desestabilizou o reino do
Congo que r politica social e economicamente, que se traduzira nas crises internas e
consequentemente veio a reforçar a posição dos portugueses, de modo a não
perderem sua influência sobre o reino do Congo. Contudo, a fuga de muitos
comerciantes para a Ilha de Luanda, na altura da invasão, criou novas condições
para estes alargarem o seu campo de acção comercial e militar. Expulsos os e
escravos voltou a prosperar.

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4.4 - O Desenvolvimento do Tráfico de Escravos

Os portugueses eram inicialmente os detentores do comércio de escravos e não


aceitavam outros parceiros. Mas os holandeses, ao encontrarem os portos no
Luango, Malembo, Mpinda e Luanda a partir de 1602, ofereceram mais
vantagens, pagando mais. Assim, os portugueses perderam o monopólio do
negócio e laçaram guerra aos Estados africanos.

Desde 1575, as tocas comerciais foram regulares entre Luango e Luanda. Eram
enviados tecidos, tapetes, espelhos e missangas para trocar por tacula de
Maiombe, panos de ráfia, usados como moeda de troca com os Ambundu.

Assim, em 1611,o volume das trocas aumentou porque os holandeses pagavam


melhor os escravos e o marfim e os seus agentes afastaram os pombeiros de
Angola.

Entretanto, estabeleceram novas vias de escoamento de produtos desde


Cassai, ligando Mpangu e Luangu; do Kuango ao Mbanza Congo, Cabinda e o
Planalto do Bié até Benguela.

Os portugueses tinham perdido o controlo do comércio e não conseguiram


competir economicamente com os seus rivais europeus. No entanto, construíram
a fortaleza de S. Pedro da Barra e Cabinda (1783) e tentaram cortar as rotas que
traziam os escravos de Kuango até ao litoral. Os mercadores estrangeiros
vendiam os seus produtos no mercado de Luanda.

Nascosta do Luangu os concorrentes europeus satisfaziam as exigências


perante a livre concorrência. Se os africanos exigissem a aguardente, pólvora,
tabaco, eram esses os produtos que tinha que ser dados em troca dos escravos
ou marfim.

Assim, no fim do século XVIII, os grandes negreiros de Luanda tiveram fracos


rendimentos com marfim.

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Notas
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4.5 – Os Primeiros Contactos com o Ndongo

No que concerne ao reino dos Ngolas tudo foi diferente. Desde o início este
reino interessou aos portugueses pelos escravos e minerais ricos, tais como
prata, ferro e cobre. Estes objectivos foram claramente expressos num
regimento de 1520, aquando dos primeiros contactos dos portugueses com o
reino do Ndongo, através dos portugueses Baltazar de castro e Manuel Pacheco
que queriam comprar escravos e saber onde se encontravam as minas de prata.

Ngola kiluanje não gostou das pretensões do mesmo por isso Manuel Pacheco
foi morto e Baltazar de castro reduzido a escravatura durante seis anos (1520-
1526); só foi libertado graças ao pedido de D. Afonso I do Congo que tinha boas
relações. Quando chegou a Lisboa Baltazar informou ao seu Rei de que as
famosas minas de prata se encontravam em Kambambe.

Nenhum Ngola recebeu os enviados de Portugal de braços abertos. Os


contactos de primeira missão ao reino do Ndongo comandada por Paulo Dias de
Novais em1560, não foram nada fáceis porque os Ngolas nunca quiseram ser
baptizados nem receber nomes portugueses.

Nessa missão Paulo dias de Novais e diversos companheiros seus acabaram


por ficar prisioneiros durante muitos anos. Solto mais tarde, em 1575 Paulo Dias
de Novais regressou de novo a Angola já investido nos cargos de governador e
capitão general da conquista do reino do Ngola kiluanji, que então reinava no
Ndongo.

Conquistar o reino do Ndongo foi objectivo principal de Novais e marca o início


de uma política da coroa portuguesa para África. De facto, o reino do Ndongo foi
o primeiro a ser atacado militarmente por Portugal e o Rei Ngola Kiluanji foi o
primeiro angolano a pegar em armas e comandar a resistência contra a invasão
de Angola pelos portugueses.

Dotado de um espírito indomável e de um carácter muito consistente, Ngola


Kiluanji era um génio militar nato. Venceu o seu maior inimigo, Paulo dias de
Novais a 6 de Maios de 1589, (data da morte de Paulo dias de Novais).

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4.6 – A Fundação da Colónia


A capitania de Luanda foi fundada em 25 de Janeiro de 1575, com a chegada de
Paulo Dias Novais de 1575, trazendo homens, armas e um documento do rei de
Portugal que autorizava a conquista e a governação do território. Também
vieram algumas famílias de colonos, composto por 100 famílias e cerca de 400
soldados, as quais se dedicavam ao cultivo de cana - de - açúcar e outros
produtos inicialmente.

Anos depois, chegavam cada vez mais soldados comerciantes, desterrados e


padres. Luanda crescia e em 1961, a vila já possuía 400 famílias de colonos e
muitos africanos.

Assim, foram criadas novas povoações (presídios). Os desterrados viviam nos


presídios e dedicavam-se ao comércio, à construção ou a guerra contra os
Estados do Interior.

A medida que o comércio progredia, conquistando-se alguns sobados e estados,


foram construídos os fortes de Calumbo (1577), Muxima (1599) Massangano
(1583), Cambambe (1604), Ambaca (1611), Mpungoa.Ndongo (1617) e no
plaalto Central Os fortes de Hanha (1908) e Caconda (1769).

A partir dos fortes, os colonos obtinham apoio militar para as guerras de “Kuata
Kuanta” e para a actividade comercial.

As populações, contudo combatiam e resistiam ao avanço dos portugueses. Não


obstante, em virtude da ambição cruel e violenta dos colonos, o poder das suas
armas de fogo e a traição de alguns sobas, foram subjugadas. No século XVIII,
apesar da pressão crescente dos pombeiros e das forças militares, o domínio
não era efectivo, nem contínuo.

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4.7 – Os Imbagalas
No século XVI, em 1560, dirigida por Tchinguri, partindo do rio Lulua e
atravessando os rios Cassai, Luachimo, Tchicapa e Kuango, parando
temporariamente junto do rio Loango, a migração tinha como objectivo
combater os portugueses para obter armas de fogo e outros produtos.

Foram impedidos pelos Ambundu ao tentar atravessar o rio Ndongo. A primeira


capital do Ndongo foi Ngoleme, que depois de incendiada em 1564, a capital
passou a ser Kabassa, situada perto do actual Dondo, na Província do Kwanza-
Norte.

A morte de Ngola Mbandi em 1563 durante a batalha foi resultado da presença


dos Imbagalas no Ndongo. Alguns grupos imbagala fixaram-se no Ndongo e
outros chegaram a região de Luanda antes de 1575.

Os contactos com os portugueses nem sempre foram pacíficos. Em 1575


confrontaram-se portugueses e um grupo de chefes imbagalas Kissanje
(Sucessor de Tchinguri), outros aliaram-se aos portugueses e combateram os
Ambundu no Cacuaco, Kifangondo e outras regiões, a norte do Kwanza.

Esta migração retardou a conquista do Ndongo pelos portugueses. Os grupos


Imbagalas realizaram sucessivas migrações em direcção aos planaltos a Sul do
Kwanza, contribuindo para formação de novos Estados, como foi o caso do reino
do Cassanje, no séc. XVII, na margem direita do Kwanza.

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UNIDADE V – O NOVO CONTEXTO POLÍTICO E MILITAR NA REGIÃO E


REACÇÃO DOS POVOS AFRICANOS (SÉCULO XVII).

5.1 – Avanços do Tráfico de escravos.


No princípio a obtenção de escravos pelos portugueses nos reinos do Congo e
do Ndongo processava-se através de trocas. Depois, passou-se a obter
escravos a partir da captura e de tributos aos chefes subjugados.

Durante as guerras o Congo e o Ndongo foram destruídos e o comércio de


escravos foi alimentado por acordos de paz e agressões sucessivas. Os
portugueses fundaram então a capitania de Luanda e a captura de escravos
passou a ser maior e já fora do controlo do rei do Congo.

No final do século XVI, o número de escravos exportados a partir de Mpinda e


Luanda crescia e em 1575 encontravam-se sete barcos na praia de Luanda para
o transporte de escravos.

Os escravos eram exportados para o Brasil e para as colónias espanholas na


América (América latina). Nos séculos XVII e XVIII, o tráfico alargou-se e atingiu
outras regiões. Com o apoio de Luanda, as feras e os prestígios por pombeiros e
enviados às ordens de armadores e comerciantes da cidade.

Os produtos mais procurados pelos europeus eram escravos e marfim; em troca


os africanos procuravam tecidos, armas de fogo e pólvora.

Os portugueses proibiam a venda de armas de fogo aos africanos. Por isso, os


Estados Vizinhos da colónia Procuram abastecer-se junto de outros
comerciantes europeus concorrentes dos portugueses. Mas tarde, autorizam a
venda de armas e pólvora, ao mesmo tempo que proibiam os concorrentes
relegados.

Da baia de Luanda, como porto principal, saiam navios com mercadoria de


resgate e produtos de consumo para os portugueses, tais como: a farinha,
conservas, queijos, vinhos, azeite, calçado, etc. e ainda ofertas para os sobas e
para os reis africanos (fazendas, louças e esmaltes da Índia, vinhos,
aguardentes, facas e quinquilharia da Europa).
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Do Brasil, vinha vinho, açúcar, tabaco, aguardente de cana-de-açúcar, arroz,


madeira e farinha de mandioca.

5.2 – A Fundação do Estado de Cassanje: Conflitos e Alianças

Cassanje foi fundada por volta de 1620 por emigrantes Balubas - os Imbagalas
chefiados por Cassanje.

Depois de atacar os portugueses em Luanda, sobrevieram conflitos armados e


alguns grupos de imbangalas retiraram-se para longe do campo de acção dos
ocupantes. Contudo, estabeleceram relações comerciais a distância com
Luanda, quando se estalaram junto do rio Cuango. Nos séculos VXII e XVIII o
estado de Cassanje tornou-se no principal intermediário do tráfico de escravos.

As guerras eram regulares. Os pombeiros de Ambaca efectuavam o percurso


entre o litoral, a Matamba e Cassanje. Ali obtinham escravos e mercadorias de
origem europeia.

Cassanje por outro lado mantinha, mantinha contactos estreitos com a Lunda,
cujo mwata enviava para Cassanje, as suas caravanas, embora impedido de
contactar directamente com os pombeiros da colónia.

A capital de Cassanje, descrita por um viajante do séc. XVII, era uma grande
cidade com enormes armazéns cheios de tecidos e vinhos para troca, e ainda
tecidos de ráfia para ser por sal vindo do litoral.

A presença dos holandeses em Luanda tinha permitido a Cassanje fornecer


escravos em grandes quantidades e obter produtos europeus em troca.

Quando Luanda voltou ao domínio português, esse comércio continuou no


entanto a ser impedido aos pombeiros da colónia, uma vez que Cassanje queria
manter o seu papel de intermediário de fornecedor exclusivo.

As relações entre os estados de Matamba e Cassanje foram variáveis: ora de


aliança contra os portugueses, ora de conflito entre si, o que conduziu em 1680
ao assalto à capital de Cassanje e a destruição de enormes quantidades de
mercadorias.

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Apesar de todas as tentativas dos portugueses, pode dizer-se que até ao fim do
século XVIII o controlo do tráfico de escravos estava nas mãos dos estados do
Cuango, fora portanto do raio de intervenção e controlo dos portugueses.

5.3- Rivalidades Europeias na Região (Portugal e Holanda)


Em meados do século XVII intensificou-se a concorrência entre portugueses e
holandeses. Com o objectivo de alargar a sua influência comercial nas áreas
recentemente conquistadas ou colonizadas, envolveram-se em conflitos
armados. Tratava-se de eliminar concorrentes para garantir monopólios.

Desde 19602 que os barcos holandeses tinham tentado obter directamente dos
fornecedores africanos em Luanda, no Loango e no Congo, os escravos
destinados às plantações da América. Por vezes a carga de barcos portugueses
era aprisionada no alto-mar; alguns portos como Mpinda Luanda e Benguela
foram várias vezes ameaçados pela presença de barcos holandeses e de outros
países europeus.

Em1641 Luanda foi tomada de surpresa, enquanto os portugueses, oferecendo


pouca resistência, acabavam por retirar para as margens do Bengo e mais tarde
para Massangano; em Dezembro desse ano, Benguela foi igualmente ocupada.

Os estados africanos procuraram tirar proveito da nova situação: da


concorrência entre colonizadores poderia beneficiar com nova s alianças
militares e melhores oportunidades comerciais.

O rei do Congo, um chefe Ndembo e a rainha Njinga procuraram aliança dos


holandeses, a fim de expulsar de vez os portugueses. Estes por seu lado,
isolados em Massangano, Caimbambo e Ambaca tiveram enormes dificuldades
em sobreviver no meio de um território hostil.

Encontraram uma forma de sustentarem a sua posição fornecendo aos


holandeses o produto que mais lhe interessava – os escravos, em troca de
alimentos – queijo, açúcar, manteiga e tecidos.

Com efeito, os holandeses esperavam obter anualmente cerca de 16.000


escravos, quer através de intermediários africanos, quer portugueses. Em 1646
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firmaram um acordo com o reino de Cassanje, no Cuango, com bases interesses


comerciais que transformou aquele estado num importante intermediário no
tráfico de escravos até ao século XVIII.

Entretanto os portugueses em Massangano iam recebendo reforços: em 1645


cerca de 300 homens desembarcaram em cabo Ledo e atravessaram a
Quissama em direcção a posição mantida pelos portugueses.

Mas a aliança do Congo, Matamba e holandeses foi-lhes criando uma situação


cada vez mais desesperada até que chegou a Luanda uma armada brasileira
chefiada por Salvador Correia e em 1648 a cidade voltou a posse dos
portugueses.

5.4- O Estado da Matamba

Matamba foi o novo estado Mbundu que os portugueses tiveram de defrontar


depois de 1968, quando a rainha Njinga aí se fixou.

Depois da morte de Njinga, a Matamba foi perturbada por lutas internas de


sucessão e pela intervenção crescente dos comerciantes de Luanda. Os
portugueses em 1656 tinham um capitão residente para a capital da Matamba
com plenos poderes para defender os interesses comerciais dos pombeiros.

Ele tinha como especial garantir que estes não pagassem mais do que os
preços oficiais acordados entre Luanda e a rainha da Matamba.

Formou-se na cidade capital do reino uma pequena colónia de pombeiros que


negociavam escravos e marfim em representação de seus patrões em Luanda.

A inteligência militar dos portugueses nas quet~ºoes políticas internas da


Matamba foi crescendo ate que ãqueles conseguiram impor umrei de sua
escolha – Ngola Kanini II em1673.

A intervenção deste Ngola na sucessão ao trono do vizinho reino Cassanje e o


saque feito pelo seu exército sobre os bens dos pombeiros ali residentes foram o
pretexto para a nova agressão portuguesa contra Matamba.

Mas o exército colonial foi duramente desbaratado em katole. A morte de kanini


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pouco depois permitiu aos portugueses restabelecer a sua posição na Matamba.


O tratado assinado em 1683 fixou novamente a restituição de escravos fugidos,
o pagamento de uma indemnização escravos fugidos, o pagamento de uma
indemnização de 200 escravos às autoridades coloniais e o comércio exclusivo
com Luanda.

Notas pessoais

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