Você está na página 1de 43

INTRODUÇÃO AO ENSINO DE HISTÓRIA

Identificação e análise das Identidades (tribos e povos nômades) e diversidades.O tempo histórico e as diversas
formas de mensurar e lidar com o tempo em diversas culturas. Identificação das formas de registro antes da
invenção da escrita e depois da escrita.As diversas narrativas de origem de todos os povos.
(EM13CHS101) Analisar e comparar diferentes fontes
e narrativas expressas em diversas linguagens, com
vistas à compreensão e à crítica de ideias filosóficas
e processos e eventos históricos, geográficos,
políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
contextualização:

“Quais os objetivos de estudar a área de Ciências


Humanas e Sociais Aplicadas?”;
“Quais conteúdos curriculares compõem essa área de
conhecimento?”;
“O que é História?”.
O QUE É HISTÓRIA?

A história estuda as mudanças e permanências ocorridas na sociedade.


Procura perceber o modo como as pessoas viviam nos tempos antigos e
como vivem hoje, bem como a relação entre aqueles tempos e os tempos
atuais. Ou seja, a história estuda o tempo passado e também o presente.

A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo.


Ela investiga o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres
sociais. Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do
homem enquanto ser que constrói seu tempo.
DIVISÃO DA HISTÓRIA

Todo o período que existiu antes da invenção da escrita é denominado Pré-história.

Assim, a Pré-história corresponderia a um período da humanidade que abrange


milhões de anos.

Nesse momento, o homem aprendeu a viver em comunidade, a utilizar o fogo, a


domesticar animais e a produzir alimento, dando origem à agricultura.

Na pré-história, o homem criou a linguagem como meio de comunicação e inventou a


escrita. Além disso, criou a pintura, a cerâmica e as primeiras organizações sociais e
políticas.
A Pré-história está dividida em três períodos:

1. Paleolítico: também chamado de "Idade da Pedra Lascada", tem início há


aproximadamente 4,4 milhões de anos e se estende até 8000 a.C.
2. Neolítico: também chamado de "Idade da Pedra Polida", esse período vai de
aproximadamente 8000 a.C. a 5000 a.C.
3. Idade dos Metais: período que se estende de 5000 a.C. até o surgimento da escrita
pelos sumérios, em 4000 a.C.
4. Tudo o que sabemos sobre a Pré-história devemos aos fósseis e objetos
encontrados nas escavações paleontológicas, que ocorreram principalmente a
partir do final do século XIX, estendendo-se até os dias atuais, frequentemente
LINHA DO TEMPO

● Idade Antiga: vai do fim da Pré-história (aparecimento da escrita) até o


século V d.C. (queda do Império Romano do Ocidente, em 476).
● Idade Média: vai do fim da Antiguidade até o século XV (queda de
Constantinopla, em 1453).
● Idade Moderna: vai do fim da Idade Média até o fim do século XVIII
(Revolução Francesa, em 1789).
● Idade Contemporânea: vai do fim da Idade Moderna até os dias atuais.
conceitos

História – estudo das experiências humanas ao longo do tempo.


Pensar historicamente – reconhecer que a realidade social é construída pelos
seres humanos.

Interpretações históricas – são produzidas pelos historiadores e refletem o seu


tempo histórico, sendo uma expressão de sua época e uma reação a seu tempo.
Trabalho do historiador – atividade de contínua pesquisa; não há produção de
verdades absolutas.
MEMÓRIA

A memória é a forma como o cérebro adquire e


armazena informações, uma das funções mais
complexas do organismo humano.
Memória – conjunto de “lembranças” e
“esquecimentos” produzido por indivíduos ou grupos;
é um campo de disputa que reflete os interesses
sociais.
Cultura
modos de vida criados e transmitidos de uma geração para outra entre membros de
uma sociedade; amplo conjunto de conceitos e preceitos, símbolos e significados
que modelam uma sociedade e organizam o comportamento humano; padrões
através dos quais pensamos e agimos como membros de um grupo social.

Características da cultura
•Adquirida pela aprendizagem em convívio social
•Transmitida de geração a geração, por meio de linguagem verbal e não verbal
•Inclui toda a produção material e não material
Múltipla e variável, no tempo e no espaço
CULTURA

Para as ciências sociais (entre elas a sociologia


e antropologia), cultura é uma rede de
compartilhamento de símbolos, significados e
valores de um grupo ou sociedade. São
formados artificialmente pelo homem, ou seja,
de uma maneira não natural.
CULTURA

A origem da palavra cultura vem do termo em latim colere, que


significa cuidar, cultivar e crescer. Por isso o termo também está
associado a outras palavras, como a agricultura, que trata do cultivo
e crescimento das plantações.

Os elementos que compõem uma cultura são compartilhados pelos


membros da sociedade, criando-se, assim, uma identidade cultural.
A cultura brasileira
A cultura brasileira, por exemplo, é conhecida por sua grande
mistura de povos, as grandes festas como o carnaval, a
diversidade musical e até mesmo pelo bom futebol.
Mas é errado dizer que todos os brasileiros, assim como os
cidadãos de outros países, possuem o mesmo
comportamento ou reproduzem a mesma cultura pelo qual o
seu país é conhecido.
CULTU4QC
Isso porque cada estado ou pequena região possui sua cultura
tipicamente local, com diferentes comidas típicas, estilos musicais,
comportamentos, dialetos, entre outros aspectos, que criam a
identidade de um determinado grupo social.
A cultura é também um mecanismo cumulativo, porque as modificações
trazidas por uma geração passam à geração seguinte.
Ela perde e incorpora outros aspectos, numa forma de melhorar a
vivência das novas gerações e acrescentar novos elementos.
CULTURA

Sendo assim, a cultura está sempre em


transformação, motivada, em grande parte dos
casos, pela troca entre diferentes povos. Aliás,
impossível falar de cultura sem falar de troca,
aspecto que caracteriza as culturas ao redor do
mundo.
IDENTIDADE

O que é Identidade:
Identidade é a qualidade de idêntico. É o
reconhecimento de que o indivíduo é o próprio. É o
conjunto de caracteres particulares, que identificam uma
pessoa, como nome, data de nascimento, sexo, filiação,
impressão digital etc.
VÍDEO - IDENTIDADE
Fontes históricas

Fontes históricas – sugerem indícios, pistas, indicações sobre o tema


pesquisado; são interpretadas pelos historiadores.

Fontes escritas – jornal, carta, revista, livros, documentos públicos ou


particulares.

Fontes não escritas – vestimentas, armas, pinturas, esculturas, arquitetura,


dança, música, filme, fotografia, depoimentos orais.
As fontes Históricas
Fotografias como a do primeiro de Maio de 1980

Documentos históricos como


o juramento da Imperatriz
Leopoldina à Constituição do
Império do Brasil. Obras de arte como três de
Fotografias como a do maio de 1808 de Goya
primeiro de Maio de 1980
Existem também fontes orais
e muitas outras, pois na
verdade tudo que se
relaciona com o ser humano
de alguma forma pode ser
considerado fonte histórica.
Podemos dizer que há dois
tipos de fontes: as escritas e
as não escritas.
Os tempos da História

O que distingue a História de outras ciências humanas e sociais é


exatamente o seu aspecto diacrônico ¹. As questões do historiador são
sempre formuladas no presente com relação ao passado.
Isso significa que a história exprime o passado sempre com as palavras
do presente.
“o vai e vem permanente, entre passado e presente, assim como entre
os diferentes momentos do passado, é a operação peculiar da História”
(PROST, 2008, p. 104).
1-Diacrônico: referente a diferentes espaços de temporalidade, o contrário de sincrônico que seria ao
mesm1-Diacrônico: referente a diferentes espaços de temporalidade, o contrário de sincrônico que seria
ao mesmo tempo. o tempo.
Os tempos da História

“A especificidade da história, dentro das ciências humanas e sociais, é sua


capacidade de distinguir e articular os diferentes tempos que se acham
superpostos em cada momento histórico” (CHARTIER,2010,p.65)
Segundo o historiador Fernand Braudel, a História acontece e deve ser vista em
três temporalidades diferentes e sobrepostas:
1- o tempo de curta duração, ligado à história factual, ao espaço dos
acontecimentos;
2- o tempo de média duração, ligado a uma história conjuntural, ao plano da vida
material e aos ciclos econômicos;
3- o tempo de longa duração, ligado a uma história estrutural, está no limite do
móvel e do imóvel, o plano dos valores fixos e das mentalidades.
EXEMPLO:

Jogo de futebol - acontecimento de curta duração

Moda dos anos 80 - acontecimento de média duração

Crise do oriente Médio nos anos 80 - acontecimento de média duração


Tempo histórico – tempo das criações culturais; ações e reflexões dos seres humanos.

Calendário – modo de contar o tempo, diferenciado em cada cultura. O calendário


mais utilizado atualmente é o cristão.
Nascimento de
a.C. Cristo
d.C.
_________________________________________________________________________________________________________
__

Ano de 2018 = 20 + 1 = pertence ao século XXI


Ano de 2000 = 20 = pertence ao século XX
Periodização da História – ferramenta utilizada para ordenar, compreender e avaliar os acontecimentos e temas
estudados.
Periodização tradicional – Pré-História; Antiguidade; Idade Média; Idade Moderna e Idade Contemporânea.
A tarefa do Historiador

Segundo Roger Chartier, “a leitura das diferentes temporalidades que


fazem do presente “herança e ruptura, invenção e inércia ao mesmo
tempo” (CHARTIER,2010,p.68) é a principal responsabilidade dos
historiadores para com a sociedade.
O conhecimento, porém, não é algo pronto e acabado
definitivamente, mas um processo em constante transformação,
dessa forma a História é continuamente reescrita. Desde os seus
primórdios até hoje, passou por inúmeras mudanças na forma de ser
escrita, quanto à utilização das fontes e quanto às suas finalidades.
A tarefa do Historiador

A História busca mais do que simplesmente responder a questões


pessoais, existe uma luta pela História em que o combate dos
historiadores é contra os passados prontos e desistoricizados,
produzidos por alguns grupos no intuito de iludir e manipular as
pessoas. Conhecer a História é percebê-la, pensá-la e analisá-la
criticamente, suprindo a necessidade de nos percebermos e
agirmos como seus sujeitos e não simplesmente produtos dela
como muitos querem que pensemos.
ANOTE O QUE VOCÊ ENTENDEU SOBRE CADA CONCEITO:

★ MITO
★ LENDA
★ FATO
★ CONCEPÇÃO GREGA
★ CONCEPÇÃO PROVIDENCIALISTA
★ CONCEPÇÃO POSITIVISTA
★ CONCEPÇÃO MARXISTA
★ HISTÓRIA NOVA
VÍDEO AULA HISTORIOGRAFIA
Correntes Historiográficas

A partir do século XIX, a História passou a ser


considerada ciência na Europa, surgindo o
Leopold Von Ranke: historiador alemão que
modelo da História tradicional fortemente
deu origem à corrente historiográfica tradicional
influenciada pelo Positivismo², caracterizava-se
no século XIX, sendo um dos seus principais
pelo estudo dos fatos em forma linear (factual)
expoentes.
e busca a objetividade com base em
documentos. Desse ponto de vista 2-Positivismo: Conceito filosófico ligado
historiográfico, os sujeitos da História eram à ideia de triunfo da ciência, que seria
apenas as grandes personalidades políticas, capaz de compreender toda e qualquer
religiosas e militares.
manifestação natural e humana,
Contra esse modelo historiográfico e a partir
dele, desenvolveu-se ainda no século XIX, na desenvolvida pelo Francês Auguste
Europa, uma nova corrente chamada Comte.
Materialismo Histórico.
Materialismo Histórico e a Escola dos Annales

O materialismo Histórico desenvolvido por Karl Marx e Friedrich


Engels no século XIX, diferente da história tradicional, pôde
observar que os verdadeiros sujeitos da História não eram
apenas os grandes personagens, mas sim pessoas da
sociedade; os seus temas, no estudo da História, deslocaram-se
dos grandes personagens e dos fatos políticos para as estruturas
econômicas (infraestrutura) e estruturas político-ideológicas
(superestrutura).
Escola dos Annales

No início do século XX, desenvolveu-se na França a Escola dos


Annales, a partir de historiadores como Bloch e Febvre que
estabeleceram um diálogo crítico com a postura positivista,
transformando a forma de pesquisar e estudar História,
ampliando as fontes de estudo (orais, audiovisuais, enfim,
tudo que é registro de ação humana), aproximando a História
de outras ciências humanas, demonstrando que todos os
seres humanos são sujeitos da História, dando origem, com
o tempo, ao conceito de Nova História.
Karl Marx (a esquerda) e Friedrich Marc Bloch (a esquerda) e Lucien
Engels criadores do Materialismo Febvre Criadores da Escola dos
Histórico Annales.
O trabalho do Historiador

Quando assistimos a um jogo de futebol, um filme no cinema ou


mesmo a um capítulo de uma novela, formamos geralmente uma opinião
sobre o que acabamos de presenciar. Nossa opinião depende de muitos
fatores, por exemplo: se o nosso time ganhou ou perdeu o jogo.
A questão aqui é: nossa opinião não é necessariamente a igual a de
outras pessoas que presenciaram o mesmo fato ou evento.
Dessa forma, devemos ter em mente que todo ponto de vista é a vista de
um determinado ponto.
O trabalho do Historiador

Quando o historiador vai abordar uma questão, ele se utiliza


de fontes históricas muitas vezes ligadas a pessoas ou grupos
de pessoas que também tinham o seu ponto de vista expresso,
muitas vezes, na fonte histórica a ser investigada.
Por isso, o profissional da história tem que trabalhar com a
crítica histórica e com variadas fontes de diferentes grupos
ligados ao mesmo processo na construção do Conhecimento
Histórico.
A CRÍTICA HISTÓRICA

“(...)em determinado sentido, a crítica é a própria história e


ela se afina à medida que a história se aprofunda e se
amplia” ( PROST, 2008, p.57).
São os questionamentos que dão origem ao
conhecimento histórico, aquilo que não se conhece e
que se pretende conhecer é que leva à pesquisa
histórica; ao levantamento de vestígios que analisados
criticamente vão revelar um fato.
A CRÍTICA HISTÓRICA

Na análise dos documentos históricos, os


historiadores utilizam o método crítico, que visa
responder a questões como: de onde vem o
documento? Quem é seu autor? O autor é
sincero ou terá alguma razão para deturpar seu
testemunho? Como o material foi transmitido e
conservado?
A CRÍTICA HISTÓRICA

1- crítica externa: refere-se aos caracteres materiais


do documento (papel, tinta, escrita, marcas particulares,
etc.)
2- crítica interna: incide sobre a coerência do texto
com o momento histórico em que foi escrito.( ex: a data
em que foi escrito e os fatos mencionados coincidem?)
3- crítica da sinceridade: busca as intenções,
confessadas ou não, do testemunho. (O autor diz a
verdade?)
A CRÍTICA HISTÓRICA

4- crítica da exatidão: refere-se à sua condição objetiva. (existem


erros internos ou externos à fonte analisada?)

5- crítica da interpretação: relativa ao sentido do texto, dos termos


e dos conceitos que variam ao longo do tempo para não cair no erro
do anacronismo (" é uma forma equivocada onde tentamos avaliar
um determinado tempo histórico à luz de valores que não
pertencem a esse mesmo tempo histórico").
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO

Como os historiadores conseguem construir um


conhecimento com processos históricos que já passaram
e que não existem mais?

“Como será possível conhecer um fato real que já não


existe?” (SEIGNOBOS apud PROST, 2008,p. 65)

O conhecimento histórico é construído a partir de


vestígios legados por sociedades do passado.
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO

O fato é, em verdade, um raciocínio a partir de


vestígios analisados segundo as regras da crítica.

Dessa forma, não pode haver história sem antes


haver questionamentos que levem aos vestígios de
um determinado fato.
ATIVIDADE CONCEITOS HISTÓRIA

Você também pode gostar