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DESCOBRINDO PATRIMÔNIOS
Profa. Ma. Thais Gomes
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1 A TRANSFORMAÇÃO
É A ESSÊNCIA DA HISTÓRIA
Heródoto, filósofo grego, é considerado o pai da história, pois é ele quem vai empre-
gar o termo História como sinônimo de fazer investigação e procurar a verdade. A
História, portanto, busca explicações para uma situação vivenciada aqui e agora, e,
nesse sentido, os historiadores estão ligados à realidade de um tempo e lugar como,
por exemplo, a ação da política, do clima, das epidemias, de economia, do patrimô-
nio, da cultura.
Esses registros podem ser materiais como casas, prédios, monumentos, cartas, per-
gaminhos, livros, selos, jornais, documentos de arquivo etc., como, também, podem
ser registros imateriais: saberes e fazeres; a forma de plantio e colheita da mandioca
dos indígenas de Santa Catarina; a confecção de panelas de barro de uma determi-
nada comunidade; as festas, as canções folclóricas, as danças, dentre muitas outras
manifestações.
EXEMPLO
Pensemos na relação dos grupos sociais, de uma sociedade, como os chamados “donos
do poder”. É necessário, primeiro, fazer algumas perguntas chaves: “Quem detém o poder
político?”; “Quem exerce esse poder?”; “Quem detém o poder econômico?”; “Como são
distribuídas as riquezas?”; “De quais formas o prestígio social é reconhecido?”; “Se percebe
preconceitos de gênero de uma maneira sútil e muito bem articulada? Ou o preconceito não
existe?”.
A partir dessas perguntas e suas respectivas respostas temos um quadro que nos permite
formar um esboço bastante assertivo das sociedades analisadas.
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Esse exemplo pode ser observado como o método da história. Evidentemente esta-
mos trazendo, para este momento, referências de como pensar história. E, para o fim
do texto, sugestões de leitura serão apresentadas para aprofundamento sobre o tema
“o que é história”.
Essas escolas nos remetem aos valores das sociedades através dos tempos. Um
exemplo disso é a história com abordagem dos grandes feitos históricos, das elites
brancas, identificadas com o Positivismo. A predileção pelas histórias das grandes
Revoluções ou pela história política podem ser identificadas com o materialismo his-
tórico ou, ainda, a abordagem de temas como história dos modos de higiene de dife-
rentes culturas através dos tempos pode ser identificada com a História dos Annales.
Dessa maneira, cada abordagem corresponde aos valores das sociedades que se
modificam como o passar dos anos, décadas, séculos.
SAIBA MAIS
Leituras Indicadas:
A história chega ao século XXI e para compreender sua situação atual nos valemos
da história em processo, em que entendemos os indivíduos como seres sociais que
vivem em sociedades cujas constantes rupturas ou permanências fazem parte das
transformações dos seres humanos. Numa extensão ampla dos sentidos da história,
podemos pensar que tudo que aconteceu com os seres humanos, com a natureza e
com o universo dizem respeito ao objeto de estudo da História.
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dades. Porém, cada uma dessas tem seu enfoque específico, por isso, chamamos
de interdisciplinar, a cooperação entre as diversas áreas.
Para os que não sabem das alterações passadas, a realidade que vivem pode pare-
cer eterna ou estática, e, como tal, justificada. Isso leva a uma atitude passiva, a um
conformismo. Ao contrário da apatia, o conhecimento histórico, dessas alterações
passadas, e a compreensão de suas condições, podem levar ao desejo e a atuação
concreta em busca de transformações, propiciando ativar as forças transformadoras
da história. Ajudando os indivíduos a se tornarem conscientes de si, dando-lhes pos-
sibilidades para realizar mudanças.
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François Hartog, historiador francês no trecho acima escreve sobre a memória. Con-
ceito extenso, mas fundamental para se entender o Patrimônio e sua valorização na
arena de Mercado, em que o Patrimônio se tornou um dos principais ramos da Indús-
tria do Turismo.
Figura 1: coliseu de roma: reaberto em 1º de junho de 2020, após 3 meses fechado ao público.
3 O PATRIMÔNIO
MATERIAL/IMATERIAL INDIVIDUAL/COLETIVO
Duas ideias são recorrentes quando pensamos nos bens que transmitimos. Sejam
eles materiais, como fotos, livros autografados, imagem religiosa, ou emocionais,
como um broche, um relógio de família ou, ainda, uma pintura. Podemos acrescen-
tar, também, o patrimônio espiritual: lições de vida; a maneira de preparar o peixe; o
modo como dançamos; os provérbios repetidos em família são exemplos de um patri-
mônio imaterial. Então, temos algumas categorias aqui: Patrimônio Material, Imaterial,
Emocional, Espiritual.
Por isso, convém analisar como o patrimônio foi visto ao longo do tempo, porque a
coletividade não é uma simples soma de indivíduos, pois, as coletividades são cons-
tituídas por grupos, em constante mutação, com interesses distintos e, às vezes,
conflitantes. Uma pessoa pode pertencer a diversos grupos e, no decorrer do tempo,
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mudar para outros. Passamos, assim, por grupos de faixa etária: crianças, adolescen-
tes, adultos, idosos. Passamos, ainda, por estudantes, profissionais e aposentados.
Nesse mesmo período, com a Invenção da imprensa, passam a ser publicadas obras
clássicas com a preocupação de catalogação e coleta de tudo o que era antigo, como
moedas, inscrições em pedra, vasos cerâmicos, estatuaria em mármore, em metal.
Vestígios de edifícios etc. E, finalmente, com o advento e surgimento dos Estados
Nacionais, o patrimônio transforma-se, pois, se consolida a ideia de patrimônio – ideia
de nação, país (Nação, do verbo em latim “Nascere”, local de nascimento).
Mas, a partir da Revolução Francesa é que as noções que conhecemos hoje passa-
ram a ser construídas, como por exemplo os conceitos de cidadão, território, nação,
pertencimento.
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Ainda, temos um longo percurso a traçar sobre o Patrimônio e, subsequentemen-
te, veremos desdobrar-se o fio condutor desse Tema. Vamos abaixo observar como
se Institucionaliza o Patrimônio no Brasil, através do IPHAN- Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, instituição responsável pela salvaguarda do Patrimônio
Brasileiro.
CONCLUSÃO
O patrimônio cultural de uma sociedade é, também, fruto de uma escolha que, no
caso das políticas públicas, tem a participação do Estado por meio de leis, institui-
ções e políticas específicas. Essa escolha é feita a partir daquilo que as pessoas con-
sideram ser mais importante, mais representativo da sua identidade, da sua história,
da sua cultura, ou seja, são os valores, os significados atribuídos pelas pessoas a
objetos, lugares ou práticas culturais que os tornam patrimônio de uma coletividade
(ou patrimônio coletivo).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal Brasileira. Brasília, 1988.
HARTOG, François. Tempo e patrimônio. Varia História, [S.L.], v. 22, n. 36, p. 261-
273, dez. 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/vh/v22n36/v22n36a02.
pdf. Acesso em: 20 jan. 2021.
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UOL. Após quase três meses, Coliseu de Roma é reaberto ao público. 2020.
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ansa/2020/06/01/apos-
quase-3-meses-coliseu-de-roma-e-reaberto-ao-publico.htm. Acesso em: 12 dez.
2020.
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