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da Educação e
Historiografia da
Educação
Aniele Fernandes de Sousa Leão
História, História da
Educação e Historiografia
da Educação
Introdução
Neste conteúdo, compreenderemos o conceito de História e os aspectos que
perpassam a História da Educação. O conhecimento de uma disciplina ou campo
de conhecimento nos permite identificar as permanências e marcas que ainda hoje
definem o conteúdo História da Educação (DUCECK; MOREIRA; MELO, 2017).
Objetivos da Aprendizagem
• compreender os conceitos de história, história da educação e historiografia
da educação;
• compreender o surgimento da instituição escolar.
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O conceito de História
O mérito refletir sobre questões e temas da História e do seu ensino-aprendizagem tem
como ponto de partida o conhecimento historiográfico e a compreensão de conceitos
essenciais. Nessas reflexões, adquirem-se perspectivas interpretativas, despertam-se
interesses e desenvolvem-se habilidades para a construção de saberes e modos de agir.
Conceito de
História
Reflexão Conhecer a
crítica historiografia
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Outro conceito de História que pode ser trabalhado, segundo Malatian (2013), tem
como ponto de partida a nomeação dos períodos históricos:
Desse modo, de acordo com Lombardi (2003), observamos que o conceito de História
apresenta uma ambiguidade: de um lado, “significa o conhecimento dos fatos ou a
ciência que estuda os acontecimentos no tempo”; e de outro lado, o termo “significa
os próprios fatos ou a totalidade deles”. “Ambiguidade que, ainda, sobrevive em todas
as línguas cultas modernas, inclusive aqui no Brasil” (LOMBARDI, 2003).
No que diz respeito à História, é importante observar que o seu conhecimento “significa
fazer referência às múltiplas experiências dos seres humanos no tempo, que são,
antes de tudo, permeadas por um conjunto de conhecimentos” e características que
não se reduzem a um recorte disciplinar (RIBEIRO, 2013).
Para Ribeiro (2013), estudar a experiência humana não se limita à história político-
administrativa, ou ainda, a história das guerras ou as mudanças ocorridas no
contexto econômico. É necessário considerar o pensamento simbólico, assim como
os aspectos culturais.
Além disso, refletir sobre os mais variados fatos do cotidiano nos permite identificar as
igualdades e as diferenças, o que permanece e o que se transforma ao longo do tempo.
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Figura 3: A arte rupestre como forma de registro histórico
Fonte: Plataforma Deduca (2019).
Com Heródoto, surge também o conceito de historiador, que estabelece uma distância
objetiva em relação aos fatos narrados. Diferentemente da epopeia, que é um gênero
literário em forma de extenso poema épico, baseado em elementos entrelaçados
com o fantástico e a mitologia, Heródoto conta o passado a partir do relato de suas
investigações e não mais se refere aos deuses e às musas (DOSSE, 2003).
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Figura 4: Na mitologia, Posseidon, o rei dos mares, e o símbolo do seu poder, o tridente
Fonte: Plataforma Deduca (2019).
Saiba mais
Você sabia que a epopeia de Ulisses intitulada Odisseia é um
dos livros que mais influenciou o imaginário dos ocidentais, só
perdendo para a Bíblia? Essa narrativa conta as aventuras do rei
de Ítaca, ao retornar para casa após a guerra de Troia.
Nesse contexto, a História que se escreve está relacionada “com o contexto social
em que foi produzida”. O historiador, ao perceber “o mundo em que vive, com seus
problemas, desafios, lutas e utopias, traça um diálogo que influencia o modo como
ele reconstrói e interpreta o passado” (RIBEIRO, 2013).
Curiosidade
Polis: cidade-estado que definia um modo de vida urbano.
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Dessa maneira, a consciência política permitiu a transição entre a essência épica do
discurso para uma existência política, a manifestação de um início de secularização
possibilitada pela posição ocupada pelo historiador (DOSSE, 2003).
Iniciou-se, assim, uma grande busca pela cientificidade e a História passou por
diversas transformações, resultantes da intenção de seus escritores de elevá-la ao
status de ciência. Assim, como acontecia com as ciências naturais, apoiando-se
a métodos empíricos para a obtenção do conhecimento científico. Dessa maneira,
o que é produzido está livre do pensamento mítico, religioso ou filosófico, pois se
baseia na observação sistemática e controlada (MALATIAN, 2012).
A profissão do historiador
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Definição de documento
Pesquisa Documental
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Origem da palavra Pedagogia
No entanto, na Idade Média (séculos V a XV), ocorre a queda do Império Romano e tem
início o domínio da Igreja Católica. Nessa fase da História da Educação, as crianças
eram consideradas adultos em miniatura e não existia a concepção de infância. O
espaço escolar ficava nas instituições religiosas e a educação era acessível somente
para o clero, o povo deveria guardar-se para defender o cristianismo e ter uma vida
santa (BUENO; PEREIRA, 2013).
Figura 5: Centro educacional dedicado à arte e cultura da antiga Roma, Grécia e Etrúria
Fonte: Plataforma Deduca (2019)
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No Renascimento, o teocentrismo – Deus como o centro do universo – com a fé que
precede a razão, dá lugar ao antropocentrismo. A partir do antropocentrismo, ocorre
o despertar das artes e das literaturas. Assim, entram nos currículos os estudos
literários, científicos e filosóficos. Porém, a educação era somente para a elite (LOPES;
GALVÃO, 2001).
Dando sequência a esses fatos, segundo Cambi (1999), após a Segunda Guerra
Mundial, difundiram-se novas orientações historiográficas. Isso porque entrou em
crise o modo tradicional de ensino e deu-se inicio ao processo que levou à substituição
da História da Pedagogia pela História da Educação, definida hoje como modelo de
pesquisa na área.
Nas décadas de 1950 a 1970, o modo fechado de fazer história rompeu com o
modelo ideológico que se caracterizava pelo seu fazer teórico, unitário e continuísta,
ao estabelecer um modelo aberto de pesquisa articulada. Surge assim a História da
Educação no Brasil (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
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Cambi (1999) refere-se a três revoluções desencadeadoras de ações historiográficas
que transformaram o entendimento de como se desenvolver pesquisas conduzidas
por princípios metodológicos renovados. São elas:
Revoluções historiográficas
Revolução dos métodos
Revolução do tempo
A Historiografia da Educação é uma área que tem por objeto de estudo investigações
das produções históricas dos diversos ambientes educacionais. Apesar de ser
considerado um campo recente, a Historiografia da Educação praticamente reproduziu
as características do modus operandi historiográfico, com estudos nos quais a escrita
no campo da história educacional é de caráter descritivo, com ênfase nos aspectos
formais da produção (LOMBARDI, 2003).
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Figura 6: Historiografia da Educação
Fonte: Plataforma Deduca (2019).
O termo Historiografia pode ser usado para designar o conhecimento histórico ou,
ainda, pode significar a arte de escrever a história ou o estudo histórico e crítico
acerca da história ou dos historiadores (LOMBARDI, 2003).
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Figura 8: O teórico alemão Karl Marx (1818-1883) em gravura antiga
Fonte: Plataforma Deduca (2019).
Marxismo
Sociedade e Capitalismo
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O Estado
Desse modo, verificamos que a historiografia passou da incerteza para assumir a reflexão
metodológica rumo à autonomia. Isso com uma variedade de intervenções que sugerem
a história estruturada, a história da economia social, a história das mentalidades, a
história do cotidiano e outras histórias. (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
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Curiosidade
Uma vez que seus legados ainda orientam educadores nas ações
pedagógicas, nos conteúdos que aplicam, na prática pedagógica,
na organização escolar, na didática e nos currículos.
Outra ordem, a nova revolução, nasce com São Tomás de Aquino, nos anos de 1214
a 1274 (estimativa). Essa época inaugura o pensamento racionalista cristão, cuja fé
se respalda no raciocínio e na lógica da crença como condição para o entendimento
humano. Esse período foi importante para a educação, pois tem início a intelectualidade
embasada na razão e a possibilidade de educar os leigos e os pobres. Além disso,
essa corrente criou as universidades (GONÇALVES; DONATONI, 2007).
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• Locke (1632–1704): defende a educação como formação de caráter e do in-
telecto ao preconizar o liberalismo na economia, iniciando a modernidade;
• Rousseau (1712–1778): com novas perspectivas e transformações na edu-
cação, considerado o pai da pedagogia contemporânea.
Ainda segundo Cambi (1999), no século XVIII, a Revolução Industrial e seus produtos,
tais como o desenvolvimento agrícola, a acumulação de capital, a invenção das
máquinas, a força de trabalho dos campos, o crescimento do mercado mundial e
os processos de urbanização contribuíram para modificar os modos de trabalho da
sociedade moderna.
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Figura 11: Importância de renovar e propor novos modelos de ensino
Fonte: Plataforma DEDUCA (2019)
Sendo a educação marcada pela ideologia marxista, que se impõe como centro de
reflexão teórica e histórica (CAMBI, 1999).
Saiba mais
“O Sorriso de Mona Lisa”, um filme americano (2003), cria a
atmosfera e os costumes da educação tradicional das mulheres
no início da década de 1950. O filme conta a história de uma
professora de História da Arte, Kath Watson, que enfrenta uma
escola tradicionalista, onde as mais brilhantes jovens mulheres
dos Estados Unidos recebem uma dispendiosa educação para
depois se casarem. Com grandes reflexões, a professora está à
frente de sua época, sempre questionadora e inteligente.
A educação marcada pela ideologia marxista se impõe como centro de reflexão teórica
e histórica (CAMBI, 1999). Desse modo, segundo Brandão (2002), o que aconteceu
em tempos anteriores se repete noutros tempos e espaços sociais. Sendo assim, nas
várias manifestações em que existe educação, mesmo nas formas mais simples e
comuns, ela poderá ser imposta pelo sistema de ensino, que dela mantém controle e
potencializa as desigualdades sociais e econômicas.
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Desigualdades sociais
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Desse modo, diferentes são os formatos educacionais em que ocorre o processo de
ensino. Por isso, é importante definir alguns conceitos relacionados aos espaços e
suas modalidades de ensino.
A educação não formal ocorre fora dos espaços escolares, ou seja, nos locais
de interações do indivíduo. Sofrem as influências do mundo contemporâneo,
como as outras formas de educação, porém, a assistência pedagógica é bem
menor. Em tais espaços, é desenvolvida uma ampla variedade de atividades
para atender os interesses específicos de determinados grupos.
Educação informal
Educação formal
Mesmo em sociedades remotas, quando o poder que reproduzia a ordem era separado,
começaram a surgir hierarquias sociais. Isso porque o saber comum se distribuía de
modo desigual, passando a servir ao uso político de reforçar as diferenças e exercer o
domínio, no lugar de um saber anterior, que afirmava a comunidade (BRANDÃO, 2006).
Para Bueno e Pereira (2013), chegar até a escola na atual História da Educação
implica percorrer os caminhos que ela perpassou, uma vez que nem sempre foi uma
instituição como nos dias atuais.
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Figura 13: A escola é um espaço de educação formal
Fonte: Plataforma Deduca (2019)
Portanto, observamos que a escola atual vem da criação burguesa do século XVI, cujo
objetivo era instruir e educar. Mas, no século XVII, esse objetivo muda para disciplinar,
educar para a moral e trabalhar a vigilância constante, além de submeter a criança
aos castigos corporais. E, a partir da Revolução Francesa, o ideal de educação passa
a ter princípios liberais que pregavam uma educação: laica, pública, obrigatória,
gratuita e universal (BUENO; PEREIRA, 2013).
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Conclusão
Nesse conteúdo, compreendemos questões pertinentes à História. Além disso,
vimos uma retrospectiva da História da Educação, com ênfase no conhecimento
historiográfico e sua importância para o ambiente educacional.
É bastante claro que a escola atual também se encontra frente a inúmeros desafios,
entretanto, não basta apenas a existência do saber sistematizado. É necessário
viabilizar as condições do seu papel de humanização, de aproximar o homem a sua
humanidade por meio do que foi produzido histórica e culturalmente.
Saiba mais
Varia Historia é uma revista com versões impressas e virtuais,
que divulga vários aspectos da historiografia contemporânea.
É publicada pelo Programa de Pós-Graduação em História da
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG). Com artigos originais e
inovadores sobre história, a revista promove diálogos entre os
membros da comunidade acadêmica internacional e contribui
para a renovação historiográfica. Vale muito a pena conferir! O
link da revista digital está disponível em: http://www.variahistoria.
org/about Acesso em: 30 jan. 2019.
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Referências
BRANDÃO, C. R. O que é educação. 41 ed. São Paulo: Brasiliense, 2002.
DOSSE, F. A história. Traduzido por Maria Elena Ortiz Assumpção. -Bauru, São Paulo:
Editora Universidade Sagrado Coração, 2003.
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MALATIAN, T. Um percurso historiográfico do conhecimento histórico. Conteúdos e
didática de história. Departamento de História da Faculdade de Ciências Humanas
e Sociais: UNESP / Franca, 2013. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/
bitstream/123456789/46184/1/01d21t01.pdf. Acesso em: 11 fev. 2019.
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