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Sistemas
Sistemas de Produção
de Produção
e Processos
de Trabalho
no Campo
Ministério
da Educação 2 Caderno Pedagógico Educandas e Educandos
ProJovem Campo - Saberes da Terra
Sistemas
de Produção
e Processos
de Trabalho
no Campo
Sistemas
de Produção
e Processos
de Trabalho
no Campo
Ministério
BRASÍLIA | DF | 2010 da Educação
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
Diretoria de Educação para a Diversidade
Coordenação Geral de Educação do Campo
Coordenação
Armênio Bello Schmidt
Sara de Oliveira Silva Lima
Wanessa Zavarese Sechim
Editoração de comunicação
Dirceu Tavares de Carvalho Lima Filho
Projeto gráfico
Adrianna Rabelo Coutinho
Ilustração
Henrique Koblitz Essinger
Revisão
Antônio Neto das Neves
Sistema de produção e processos de trabalho no campo : caderno pedagógico educandas e educandos / Coordenação: Armênio Bello
Schmidt, Sara de Oliveira Silva Lima, Wanessa Zavarese Sechim. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade, 2010.
CDU 374.71
Sumário
Tecendo Idéias... 17
2.2. Objetivo 46
Texto 4 - Ecossistema 51
3.2. Objetivo 66
4.2. Objetivos 74
Carta
À EDUCANDA E AO EDUCANDO
Tecendo Idéias...
Escrever é sempre um ato de criação e partilha, envolvendo processos de
reflexão, diálogo e sistematização de idéias.
Sistemas de Produção
e Processos de Trabalho
no Campo
1
RIZOMA
Um rizoma não começa, não encerra.
Rompido, quebrado, reconfigurado,
modificado, não importa, é fato:
Constrói-se e se reconstrói
para além do caos em aparência,
em inter-ações de singular tessitura,
em cortes à óbvia estrutura,
um lanho sinuoso no princípio-meio-fim,
subversão da ordem, ruptura em si,
num contínuo refazer do percurso
num redesenhar corrente
de suas possibilidades existentes
[como nos vários sons do ser gente].
É aprender
num vai e vem de idéias,
em diálogo com os possíveis
diferentes
e seus significantes,
é reescrever a si próprio
num reconhecer-se de maneira humana
e humanizante.
Texto 1
Agroecologia e a perspectiva da formação integrada
Estas mudanças devem ser entendidas não apenas como mudanças téc-
nicas no estabelecimento familiar, mas numa perspectiva de revisão das
formas de relações sociais no campo, incluindo neste processo uma nova
concepção de sociedade onde vivemos e trabalhamos, fortalecendo assim
a agricultura familiar no país.
Como ciência integradora a Agroecologia reconhece e se nutre dos sabe-
res, conhecimentos e experiências de agricultores, dos povos indígenas,
dos povos da floresta, dos pescadores, das comunidades quilombolas,
bem como dos demais atores sociais envolvidos em processos de desen-
volvimento rural, incorporando o potencial endógeno, isto é, presente no
local (CAPORAL ET Al, 2006).
Desta forma, Agroecologia é mais que simplesmente tratar sobre o mane-
jo ecologicamente responsável dos recursos naturais, constitui-se em um
campo do conhecimento cientifico que, partindo de um enfoque holístico
e uma abordagem sistêmica, pretende contribuir para que as sociedades
repensem a perspectiva de futuro das gerações atuais e futuras, nas suas
múltiplas dimensões (CAPORAL ET AL, 2006).
Assim, a Agroecologia é enfocada no presente Caderno Pedagógico como
uma possibilidade de tecer reflexões e possibilidades de uma agricultura
familiar sustentável.
Referências Bibliográficas
ALTIERI, Miguel A. A base epistemológica GT-CCA/ANA. Construção do Conhecimen-
da agroecologia. In: ALTIERI, M. A, Agroe- to Agroecológico: Novos Papéis, Novas
cologia: as bases científicas da agricultura Identidades. Rio de Janeiro: GT-CCA/Articu-
alternativa. Rio de Janeiro, FASE/PTA, p. lação Nacional de Agroecologia, 2007.
43-48, 1989.
GT-CCA. Sistematização de Abordagens
ALTIERI, M A & YURJEVIC, A. A agroecolo- Metodológicas Empregadas na Promoção
gia e o desenvolvimento rural sustentável da Agroecologia. Rio de Janeiro: GT-CCA/
na América Latina. Agroecologia e desen- ANA, 2005.
volvimento. Rio de Janeiro: CLADES/AS-
PTA, 1994. HECHT, S. B. A evolução do pensamento
agroecológico. In: ALTIERI, M. A, Agroeco-
BENJAMIN, Aldrin. Agroecologia. Apresen- logia; as bases cientificas para uma agricul-
tação no Mini-Curso em Agroecologia na tura sustentável. Rio de Janeiro, FASE/PTA,
EAFC-PA. Belém: GTNA, 2008 (meio digital). 2002.
Texto 2
Sistemas de produção e agriculturas familiares
Antonio Carlos é
3
Técnico de Exten-
A grande dificuldade, ainda é o pessoal entender a integração do siste-
são Rural. Trabalha ma de produção como um todo. Quando eles vêem um trabalho nosso
na COOPATIORO que é a Apicultura dar certo, querem trabalhar só apicultura, não vêm
(Cooperativa de que isso está integrado dentro do sistema conjunto. Então essa ainda é
Serviços e Apoio
ao Desenvolvi-
a grande dificuldade do sistema convencional: se eu crio abelhas, obri-
mento Humano gatoriamente vai ser apicultor. Se eu crio peixe, vai ser agora piscicul-
e Sustentável tor. E a filosofia não é essa. A idéia é entender a integração do sistema
Atiorô). de produção vendo a importância da segurança alimentar... A filosofia
4
Vídeo educativo
é que no seu lote, você tenha apicultura, tenha piscicultura, mas que
produzido pelo sejam atividades que ao todo elas se integram e que você seja agricul-
GTNA (Grupo de tor familiar e não irresponsável que trabalhe só com um ramo, dentro
Assessoria em da lógica da monocultura.
Agroecologia
na Amazônia),
intitulado Banco
(Antônio Carlos, Técnico em Agropecuária no município de Conceição
de Assessores. do Araguaia/Pará)
Utilizaremos
5
o conceito de
INRA-SAD (1998)
para caracterizar
família-estabe-
lecimento, como
sendo “o conjunto O fragmento da intervenção de Antônio Carlos3 no vídeo4 é significativo para
constituído pelo
agricultor e a introdução da discussão sobre Sistemas de Produção e Agriculturas Familia-
pela agricultora, res.
sua família e o
estabelecimento.
Este conceito
permite estudar o
O Técnico traz na sua fala uma reflexão importante sobre a forma como os
funcionamento do agricultores familiares muitas vezes vão sendo organizados, a partir de uma
estabelecimento,
integrando a famí- lógica de mercado, no sentido da especialização do seu sistema produtivo.
lia do agricultor e
agricultora e seus
planos. É muito comum utilizar-se o termo sistema de produção para designar os
plantios ou criações no sistema família-estabelecimento5, de maneira frag-
mentada, conforme demonstra Antônio Carlos. Esta maneira de definir os sis-
temas de produção o simplifica e reduz a apenas uma parte do conjunto do
qual o mesmo é constituído. Tal lógica explicativa está baseada no paradigma
6
Aristóteles (384
a.C. - 322 a.C.).
predominante em nossa sociedade atual, denominado de mecanicista.
Filósofo grego,
discípulo de
Platão, é consi- Nos séculos XVI e XVII, a visão teológica de mundo, predominante no perí-
derado um dos odo medieval, baseada na filosofia aristotélica6, sofreu profundas transfor-
maiores pensa-
dores de todos os mações. A noção de universo orgânico, vivo e espiritual foi substituída pela
tempos e criador noção do mundo como uma máquina, e a máquina do mundo tornou-se a
do pensamento
lógico. metáfora dominante da era moderna.
7
Nicolau Copérnico Essa mudança radical foi realizada pelas novas descobertas nas ciências,
(1473-1543), astrô-
nomo e matemá-
em particular na física e na matemática, conhecida como Revolução
tico polonês que Científica e associadas aos nomes de Copérnico, Galileu, Descartes, Ba-
desenvolveu a teoria
heliocêntrica do Sis- con e Newton, cientistas e filósofos deste período7. Considerado o “pai
tema Solar; Galileu da ciência moderna”, Galileu Galilei concebeu a ciência como o estudo
Galilei (1564-1642),
físico, matemático, dos fenômenos que podiam ser medidos e quantificados. (CHAUÍ, 1997)
astrônomo e filósofo
italiano que teve um
papel prepoderante René Descartes criou o método cartesiano que sinteticamente con-
na Revolução cien-
tífica; Francis Bacon
siste num pensamento analítico que concebe dividir fenômenos
(1561-1626), político, complexos em fragmentos, a fim de compreender o comportamento
filósofo e ensaísta in-
glês; René Descartes
do todo a partir das propriedades das suas partes, em que as tarefas
(1596-1650), filósofo, básicas são verificar, analisar, sintetizar e enumerar.
físico e matemá-
tico francês; Isaac
Newton (1643-1727), O arquétipo conceptual criado por Galileu e Descartes - o mundo como
cientista inglês, mais
reconhecido como uma máquina perfeita, governada por leis matemáticas exatas - foi
físico e matemático,
embora tenha sido
completado por Isaac Newton, cuja grande síntese, a chamada mecâ-
também astrônomo, nica newtoniana, orientou a ciência ocidental moderna do século XVII
alquimista e filósofo
natural.
(CAPRA, 1996).
Isaac Newton -
Nicolau Copérnico - Galileu Galilei - cientista inglês, mais
astrônomo e físico, matemático, reconhecido como físico
matemático polonês astrônomo e filósofo e matemático, embora
que desenvolveu italiano que teve um papel tenha sido também
a teoria heliocêntrica prepoderante na astrônomo, alquimista
do Sistema Solar Revolução científica e filósofo natural.
8
A Psicologia da forma Na ciência do século XX, a perspectiva holística
ou Gestaltismo ou
psicologia da gestalt,
tornou-se conhecida como sistêmica e a maneira
é um dos muito ramos de pensar que ela implica passou a ser conhecida
da Psicologia. Desen-
volveu-se a partir de
como “pensamento sistêmico”. Uma distinção
1912, pela necessi- entre o que é uma visão holística (interesse pelo
dade da existência
de uma teoria que todo) e uma visão sistêmica (interesse pelo todo,
salientasse sobretudo pelas partes e pela relação entre as partes e o
o aspecto global da
realidade psicológica, todo) fica claro em Capra (1999), entre outros au-
não esquecendo o tores.
valor e a necessidade
da experimentação
científica.
Os pioneiros do pensamento sistêmico foram os
biólogos, que enfatizavam a concepção dos orga-
nismos vivos como totalidades integradas. Poste-
riormente, enriquecido pela corrente da Psicolo-
gia, a Gestalt8, e pela nova ciência – a Ecologia.
Referências Bibliográficas
Texto 3
Relações de Trabalho no Campo
Trabalhador
ve uma generalização emdeCanavial
dessa forma propriedade, é que, ao garantir que
Fonte:http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_
alguns sejam proprietários de tudo o que dá condições de produzir (terra,
instrumentos de trabalho, matérias-primas, conhecimentos científicos,
sesc/pb/Images/6engenho346.jpg
dinheiro), muitas outras pessoas ficaram sem condições de produzir por
conta própria. Esses só tiveram uma opção: passaram a vender sua força
de trabalho em troca de um salário, estabelecendo assim, nesse momen-
to da história, a predominância das relações de trabalho assalariadas, que
são típicas do capitalismo10.
10
No caso do Bra-
sil, ver Garcia Jr., Marx chama a atenção para o longo período entre os séculos XVI e XVIII, na
Afrânio Raul. Terra
de Trabalho. Rio
Europa, quando se deu um processo de divisão da sociedade em classes, ou
de Janeiro: Paz e seja, aquelas classes possuidoras dos meios de produção, que passariam a
Terra, 1983
ter condições de viver não mais de seu próprio trabalho, mas da exploração
do trabalho daquelas classes que não teriam mais condições de viver do
próprio trabalho, pois não tinham mais a propriedade dos meios de produ-
ção, e que deveriam passar a vender sua força de trabalho para outros.
Por isso, pode-se dizer que as diferentes formas que representam a produ-
ção familiar no campo possuem em comum, tanto uma luta de resistência
11
Ver Garcia Jr., à expropriação (luta social), como uma luta por manter uma forma distinta
Afrânio Raul. Terra
de Trabalho. Rio de relacionamento com a natureza (luta ecológica).
de Janeiro : Paz
e Terra. Especial-
mente o capítulo Essa dupla resistência no campo – social e ecológica – está diretamente li-
2: Trabalho Fami- gada às relações de trabalho que ela permite estabelecer, ou seja, a busca
liar no Roçado,
1983. da permanência das relações comunitárias e/ou familiares de produção11.
Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAFMDA) financia cerca de 5 mil agricul-
tores familiares da agricultua organica - www.mda.gov.br
12
WOORTMANN, A família tende a organizar e a distribuir as tarefas produtivas, de maneira
Ellen F. & WO- a melhor aproveitar as potencialidades de todos os seus membros e a mi-
ORTMANN, Klaas.
O Trabalho da nimizar seus esforços. Por isso, há uma tendência da agricultura familiar
terra: a lógica e a
simbólica da La-
para diversificar mais as atividades produtivas, para melhor distribuir o
voura camponesa. trabalho da família ao longo do ano. Com isso, ela apresenta também uma
Brasília: Edunb,
1997. possibilidade de ser mais sustentável do ponto de vista ecológico12.
13
Tudo isto do-se em seu estabelecimento, mas produzindo de maneira totalmente
está no bojo da
discussão das
subordinada à lógica de produção capitalista13.
possibilidades do
campesinato se
manter na socie-
Por isso, os desafios de aprimoramento dos sistemas de produção familia-
dade capitalista. res e sua comercialização são importantes, pois significam uma forma de
Estudos já mos-
traram que eles se luta pela garantia de seu caráter relativamente autônomo de trabalho. Ao
transformam, mas mesmo tempo, também são fundamentais as demais formas de luta da
se mantêm no
mundo capitalista. agricultura familiar pela transformação das condições mais gerais de pro-
As possibilidades dução e comercialização, como a luta pela reforma agrária e por acesso
de transformação
do campesinato àquelas políticas públicas que ajudam a construir um ambiente econômi-
no Brasil parece
bastante ampla.
co e social mais favorável à sua (re)existência.
É importante
enfatizar que esse
processo tem par- O que se quer reforçar com essas reflexões é que não se pode compreen-
ticularidades de der a agricultura familiar atual isolada da realidade social do capitalismo,
acordo com cada
região do país. O onde predominam determinadas relações sociais de propriedade e de
conjunto de fato- trabalho, que tensionam a própria existência da agricultura familiar. Ao
res pode produzir
efeitos diferentes mesmo tempo, não se podem fazer generalizações tão amplas, como se
em função das
características da
todas as relações de propriedade e de trabalho fossem semelhantes.
organização da
sociedade local.
Referências Bibliográficas
2
Conhecendo
os ECOSSISTEMAS
onde vivemos
2.2. Objetivo
Compreender os ecossistemas dos estabelecimentos
familiares, das localidades e das comunidades, suas
características biofísicas (clima, solo, cobertura vegetal,
fauna) e as transformações provocadas pela ação humana.
• Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados com pastos, plantando:
palma, leucena e muitos outros, e deixe o pasto descansar para se refazer...
• Não plante de serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé,
deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se
perca sua riqueza...
http://static.hsw.com.br/gif/mata-atlantica-mapa.jpg
Fonte: http://portalamazonia.globo.com/letrasdemusica.
php?idM=1848
Questões de Pesquisa
• Quais as características da paisagem (relevo, solos, hidrografia,
vegetação, fauna, etc) da localidade onde você vive?
Texto 4
Ecossistema
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Funcionamento
A base de um ecossistema são os produtores que são os organismos
capazes de fazer fotossíntese ou quimiossíntese. Produzem e acumulam
energia através de processos bioquímicos utilizando como matéria prima
a água, gás carbônico e luz. Em ambientes afóticos (sem luz), também
existem produtores, mas neste caso a fonte utilizada para a síntese de
matéria orgânica não é luz, mas a energia liberada nas reações químicas
de oxidação efetuadas nas células (como por exemplo em reações
de oxidação de compostos de enxofre). Este processo denominado
quimiossíntese é realizado por muitas bactérias terrestres e aquáticas.
Dentro de um ecossistema existem vários tipos de consumidores, que
juntos formam uma cadeia alimentar, destacam-se:
Consumidores primários:
São os animais que se alimentam dos produtores, ou
seja, são as espécies herbívoras. Milhares de espécies
presentes em terra ou na água, se adaptaram para
consumir vegetais, sem dúvida a maior fonte de alimento
do planeta. Os consumidores primários podem ser desde
microscópicas larvas planctônicas, ou invertebrados
bentônicos (de fundo) pastadores, até grandes mamíferos
terrestres como a girafa e o elefante.
Consumidores secundários:
São os animais que se alimentam dos herbívoros, a
primeira categoria de animais carnívoros.
Consumidores terciários:
São os grandes predadores como os tubarões, orcas
e leões, os quais capturam grandes presas, sendo
considerados os predadores de topo de cadeia. Tem
como característica, normalmente, o grande tamanho e
menores densidades populacionais.
Decompositores ou biorredutores:
São os organismos responsáveis pela decomposição da
matéria orgânica, transformando-a em nutrientes minerais
que se tornam novamente disponíveis no ambiente. Os
decompositores, representados pelas bactérias e fungos,
são o último elo da cadeia trófica, fechando o ciclo. A
seqüência de organismos relacionados pela predação
constitui uma cadeia alimentar, cuja estrutura é simples,
unidirecional e não ramificada.
Pirâmide ecológica
O fluxo de matéria e energia nos ecossistemas pode ser representado por
meio de pirâmides, que poderão ser de energia, de biomassa (matéria)
ou de números. Nas pirâmides ecológicas, a base é quase sempre mais
larga que o topo. A quantidade de matéria (biomassa) e de energia
transferível de um nível trófico para outro sofre um decréscimo de 1/10 a
cada passagem, ou seja, cada organismo transfere apenas um décimo da
matéria e da energia que absorveu.
http://www.kalipedia.com
Ecossistemas Terrestres
Ecossistemas aquáticos
Costeiros
Restingas
Manguezais
Texto 5
Ecossistema
O que é ecossistema, importância,
componentes bióticos, ambiente
http://educar.sc.usp.br/ciencias/ecologia/fig16.JPG
Entendendo o Ecossistema
http://www.ambientebr
asil.com.br/images/nat
ural/fungos.jpg
Cerrado
Caatinga
Floresta Amazônica
Outras Formações
Complexo do Pantanal
A Amazônia
O Semi-árido (Caatinga)
O Cerrado
A Mata Atlântica
O Pantanal Mato-Grossense
Mas a menina
agora parou
e do meio da ponte namora encantadamente nas águas
a graça inacabada de seu pequenino rosto feito às pressas.
Às pressas...
(nem tive tempo de lhe dar um nome)
A vida é assim,
meninazinha sem nome...
3
Relações de trabalho
e práticas culturais nos
ESTABELECIMENTOS
FAMILIARES
Questões de Pesquisa
• Quem são os moradores do estabelecimento familiar? Desses, quem
são os membros da família que moram no estabelecimento familiar?
TEXTO 6
Introdução ao Tema Trabalho17
Tecendo a Manhã “O trabalho é uma relação
do ser humano com
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos. a natureza, uma ação
De um que apanhe esse grito que ele criativa de transformação da
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
natureza, que cria relações
e o lance a outro; e de outros galos sociais determinadas
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
e que, nesse processo,
para que a manhã, desde uma teia tênue, transforma os próprios
se vá tecendo, entre todos os galos. seres humanos”.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos, Vamos abordar nesta unidade de ensino
se entretendendo para todos, no toldo alguns aspectos que definem o que é
(a manhã) que plana livre de armação. trabalho18 e como está organizado na
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo agricultura familiar e, principalmente, o Trabalho: este
tema será ainda
que, tecido, se eleva por si: luz balão. trabalho como fator de grande potencial aprofundado na
(João Cabral de Melo Neto) no desenvolvimento da agricultura próxima unidade,
na qual abor-
familiar, demonstrando condições daremos o eixo
temático “sistema
Trabalho é o processo onde são aplicadas melhores na geração de emprego na de produção e
forças ou faculdades humanas para agricultura familiar patronal. processo de tra-
balho”; portanto,
alcançar um determinado fim, ou seja, estaremos apenas
atividades coordenadas, de caráter introduzindo o
físico e/ou intelectual, necessárias à O que podemos dizer sobre tema “trabalho”
nesse material.
realização de qualquer tarefa, serviço ou a palavra trabalho?
empreendimento.
No nosso dia-a-dia, utilizamos a palavra
Na agricultura familiar como em vários trabalho de muitas maneiras: “ir para
setores da sociedade, o trabalho é um o trabalho na roça”; “a máquina está
dos fatores mais importantes para o trabalhando”; “a madeira da porta
desenvolvimento. A geração de riquezas trabalhou”; “o mel vem do trabalho
é uma ação e também está estreitamente das abelhas”. Nesses casos, seres
vinculada ao trabalho. humanos, máquinas, madeira e abelhas
compartilham a mesma característica:
capacidade de “trabalhar”.
www.maracanau.ce.gov
Projeto Meu Sítio Produtivo oferece orientação e distribuição de mudas aos sítios do município de Maracanau CE
www.agronet-pe.gov
4
Agroecossistemas:
diálogos de saberes
e experiências
Asa Branca
Composição: Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira
Filho da floresta,
água e madeira
vão na luz dos meus olhos,
e explicam este jeito meu de amar as estrelas
e de carregar nos ombros a esperança
Thiago de Melo
www.agronet-pe.gov
Questões de Pesquisa
• Quais são as atividades ligadas à produção vegetal e à
criação animal praticadas por sua família?
Texto 7
AGROECOLOGIA E AGRICULTURA FAMILIAR
Ana Primavesi (Novembro/2000)
www.mds.gov
www.ecodebate.com
Aplicaçao de agrotoxico que
entre outros males acarreta
declínio na proporção de
nascimentos de homens.
uvas, até duas vezes por dia (equivalente a 120 vezes para cada colheita);
na maçã e goiaba chega-se a 72 pulverizações; no feijão há 15; e até
no milho já se usam até cinco passadas de veneno. Assim, a agricultura
fica muito cara e não dá mais lucro. E fora isso, meio milhão de pessoas
anualmente ou morrem ou ficam inválidas para o resto da vida, devido ao
uso de agrotóxicos.
Existe uma antiga sabedoria que diz: “solo doente, planta doente, homem
doente”. No esforço de produzir cada vez mais, destrói-se o solo. Em
solos decaídos, as plantas são doentes. Todos sabem que em terra recém-
Quando, por exemplo, uma pessoa tem medo, seu corpo produz
adrenalina, que os animais cheiram e detestam. Por isso cachorros ou
touros ficam bravos e atacam. Cada substância tem seu cheiro. Somente
nós não reparamos.
Na Índia, dizem: “quando pragas atacam suas lavouras, elas vêm somente
como mensageiros do céu para avisar-lhe que seu solo está doente”. E
na Austrália, quando aparece uma praga perguntam: “o que fiz de errado
com meu solo?” Em solo sadio somente vingam e se desenvolvem culturas
sadias. Por isso, quando se limpa as plantas dos parasitas, tanto faz usar
agrotóxicos, qualquer calda orgânica ou inimigos naturais, a planta não
sara. Ela continua doente, mesmo com o parasita controlado. O problema
está no solo.
somente pode gerar um homem deficiente e deficiência sempre significa doença. Por
isso precisa-se a cada ano mais leitos hospitalares. Doenças nunca vistas aparecem,
especialmente de vírus, como também nas plantas as pragas e doenças aumentam ano
por ano. Na década de 1970, existiam no Brasil 193 pragas. Atualmente, são 624. De
onde vieram? Bactérias, fungos, vírus e insetos que antes eram pacíficos e até benéficos
agora se tornam parasitas. Por quê? Porque as plantas são doentes nos solos doentes. E o
solo é doente quando perde sua vida, sua porosidade, seu equilíbrio em nutrientes.
De quatro coisas um solo necessita para ficar com saúde: 1) uma superfície bem grumosa
e porosa, protegida contra o sol e o impacto da chuva e que não pode ser revolvida para
baixo; 2) o retorno regular de matéria orgânica, que nutre sua vida e que não pode ser nem
queimada nem dada para o gado; 3) uma proteção contra o vento, que pode aumentar em
até cinco vezes a colheita em anos secos; e 4) variedades adaptadas ao solo e ao clima. Em
solos sadios, muitos problemas desaparecem. As culturas são sadias e os alimentos de alto
valor nutritivo. Nesses solos, as colheitas não baixam. Ao contrário, aumentam quando as
plantas conseguem desenvolver suas raízes abundantemente. Pergunte ao solo e à raiz para
saber se o seu trabalho, na agricultura, é correto ou errado.
TEXTO 8
Resgate e valorização da sabedoria
popular sobre o uso de ervas
medicinais no Baixo Tocantins (PA)
Agriculturas - v. 4 - no 4 - dezembro de
2007 15
TEXTO 9
Revalorizando as pequenas criações na agricultura familiar
capixaba
Marcia Neves Guelber Sales,
Ricardo Bezerra Hoffmann,
Rogério Durães de Oliveira e
Eduardo Ferreira Sales*
Pólos de reprodução
da raça Sorocaba
Referências
Texto 10
Abelhas sem-ferrão: a biodiversidade invisível
Marcio Lopes,
João Batista Ferreira e
Gilberto dos Santos*
as abelhas com
ferrão exigem o
gasto com trajes
e apetrechos
especiais
Desafios
Referências:
Texto 11
Cabrito ecológico da caatinga: um projeto em movimento
Evandro Vasconcelos Holanda Júnior*
Próximos passos
Referência:
TEXTO 12
Manejo comunitário de camarões de água doce
por ribeirinhos na Amazônia
www.idam.am.gov
Em razão dos fluxos da maré, que na região tem dois ciclos diários, o nível
da água pode sofrer uma variação de até quatro metros entre a baixa-mar
e a preamar. Por esse motivo, as casas são construídas sobre palafitas e
a agricultura não é realizada. As principais atividades econômicas são o
extrativismo florestal, principalmente do fruto, da madeira e do palmito
do açaí (Euterpe oleraceae Mart.), e o extrativismo aquático, sobretudo a
pesca de camarão. Esta atividade contribui com cerca da metade da renda
das famílias ribeirinhas.
O desafio da comercialização
*Jorge Pinto:
engenheiro agrônomo da Fase / gurufase@amazon.com.br
TEXTO 13
Resumos do II Congresso Brasileiro de Agroecologia
AGROEXTRATIVISMO FAMILIAR: A CONSOLIDAÇÃO DE UMA
ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA A REGIÃO DO MEARIM
23
Ronaldo Carneiro de Sousa;
24
Jaime Conrado de Oliveira;
25
Valderez Costa Sales.
23
Técnico em DESENVOLVIMENTO: A ASSEMA vem desenvolvendo há 15 anos
Agropecuária da uma proposta de agroextrativismo que consorcia agropecuária com
ASSEMA: Rua
Ciro Rego nº 218 extrativismo do coco babaçu nos municípios de Lago do Junco, Lago do
Centro, Pedrei-
ras (MA) CEP.:
Rodrigues, Esperantinopólis, São Luís Gonzaga, Lima Campos e Peritoró,
65725000 e-mail: situados na Região do Médio Mearim, onde ocorre a maior concentração
assemaprodu-
cao@assema.org. dos babaçuais do Estado do Maranhão. Essa região vivenciou nos anos
br; ronaldocsou- 80 intensos conflitos agrários e após a conquista da terra e inclusão no
sa@ig.com.br
Plano Nacional de Reforma Agrária, diversos grupos de famílias passaram
Técnico Agrícola
24
a enfrentar outros problemas com a falta de condições para a produção e
da ASSEMA: : Rua
Ciro Rego nº 218 escoamento. Historicamente, esse problema tem causado o êxodo rural
Centro, Pedrei-
ras (MA) CEP.:
em várias regiões do país, aumentando os bolsões de pobreza nas zonas
65725000 e-mail: urbanas. Para superar tais problemas, as famílias agroextrativistas do
assemaprodu-
cao@assema.
Médio Mearim partiram para a organização em forma de associações e
org.br cooperativas, buscando saídas coletivas para a produção, comercialização
25
Técnico em e políticas públicas para esta região, surge então neste cenário a ASSEMA
Agropecuária da com o objetivo de apoiar e prestar assessoria técnica, jurídica e política
ASSEMA: Rua
Ciro Rego nº 218 para que estas famílias possam se fortalecer na busca por iniciativas
Centro, Pedrei- econômicas sustentáveis e por políticas públicas que contribuam para a
ras (MA) CEP.:
65725000 e-mail: melhoria das condições de vida no campo. Atualmente a ASSEMA, por
assemaprodu-
cao@assema.
meio de seus programas: Produção Agroextrativista; Comercialização
org.br Solidária; Políticas Públicas e Desenvolvimento Local; Organização das
Por outro lado, todo esse trabalho vem sendo desenvolvido de forma
coletiva, reforçando o associativismo e o cooperativismo na região.
Por meio dessa forma de organização, hoje a região do Médio Mearim
vem se colocando como referência nas questões que tratam do
agroextrativismo e da economia do babaçu, e tem possibilitado ainda o
surgimento e fortalecimento de outras organizações que estão investindo
na colocação dos seus produtos no comércio justo e solidário, como a
COPPALJ – Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de
Lago do Junco que produz o óleo orgânico de babaçu que atualmente
recebe a certificação do IBD (Instituto Biodinâmico) e já atinge o mercado
internacional, sendo comercializado na Inglaterra e Estados Unidos;
COPPAESP – Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de
Esperantinopólis, que produz a farinha do mesocarpo do babaçu; AMTR
– Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais, que produz o sabonete
Babaçu Livre e papel reciclado), é válido ressaltar que o sabonete Babaçu
Livre já atinge o mercado nacional e internacional, chegando a exportar
uma média de 10 mil unidades de sabonetes por ano. Tem-se ainda outras
organizações como a Associação dos Agricultores da Gleba Riachuelo, que
produz frutas desidratadas e o Grupo de Mulheres de Santana que produz
compotas, geléias de frutas e licor.
Resultados:
TEXTO 14
Frutas nativas: de testemunhos da fome a iguarias na mesa
Guillermo Gamarra-Rojas, Adriana Galvão Freire,
João Macedo Moreira e Paula Almeida*
O resgate do conhecimento
A revalorização desse
O diagnóstico, sem dúvida, permitiu trazer para as conhecimento provocou
comunidades o debate sobre a importância da rica uma imediata mudan-
diversidade de frutas nativas existente na região e seus ça de status das frutas
inúmeros usos, dessa forma favorecendo a realização no cardápio cultural de
de uma análise coletiva sobre o papel potencial que alimentos. Essa quebra
essas espécies podem desempenhar na satisfação das dos tabus associados às
necessidades alimentares e econômicas das famílias. situações de fome levou
ao aumento do consumo
Ao final do diagnóstico, os agricultores e agricultoras de frutas in natura e es-
sentiram-se altamente estimulados a darem continuidade timulou o teste de novas
ao trabalho de revalorização das frutas nativas. Foi receitas para torná-las
então formulado um plano de formação no sentido de mais apetitosas.
desenvolver e disseminar inovações de manejo produtivo,
de beneficiamento e comercialização das espécies
frutíferas.
Iguarias na mesa
Referência:
TEXTO 15
Bolsas artesanais do vale do Bajo Mayo:
uma iniciativa bem-sucedida de beneficiamento
do algodão nativo
Elizabeth Saint-Guily*
TEXTO 16
Remando contra a corrente: Projeto Reca e a
busca da sustentabilidade na Amazônia
Elder Andrade de Paula
Mauro César Rocha da Silva*
Considerações finais
Referências:
5
Políticas Agrárias
e Agrícolas
Mas será que nós também não podemos Bonitas palavras, mas elas não
“fazer política”? Quando decidimos podem ser só palavras, precisam
juntos ou discutimos como agir sobre se tornar ação.
nossa própria realidade, mudando nossa
condição e se organizando para reinvindi-
cação de nossos direitos e assumindo um
compromisso transformador do mundo.
5.2. Objetivo
Debater sobre os problemas produtivo-ambientais e as principais políticas
agrárias e agrícolas no Brasil e seu alcance, efetividade e influência sobre
o território local em que vivem.
Civilização Canavieira
http://www.mundojovem.com.br/poema-terra-8.php
60,0 57,4
50,0
41,9
40,0 39,7 37,3
30,0 28,4
26,1
22,5
21,1 21,8 21,3
17,5 19,2
20,0
14,3 14,4 14,7
11,3
10,3 8,9
10,0 5,1 3,1 6,7 7,5
1,1 0,9 2,0 1,3
0,3 0,8
0,0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste Brasil
Grande(2) Média(3) Pequena(4) Minifúndio(5) Não Classificado
60,0 41,9
54,5
50,0
41,4
40,0
29,0 28,7 27,1
30,0 26,2
21,6
18,0
20,0
12,2 13,5
11,6
9,7 7,6 8,3
10,0 6,9 5,6
3,7 4,6 5,1 3,7
2,6 1,5 1,4 1,9 2,5
0,0
5e6 7 8e9 10 e 11 12 13 e 14 15 a 17 18 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 50 a 59
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos
Urbano Rural
Pedro Tierra, fragmento. In: Diretrizes Operacionais para a Educação Básicas nas Escolas
do Campo, 2002.
Questões de Pesquisa
TEXTO 17
A Transição Agroecológica das Políticas de
Crédito Voltadas para a Agricultura Familiar
Jean Marc von der Weid*
Os financiamentos
Os custos dos investimen-
tos iniciais para estru-
para investimento eram destinados fundamentalmente
turar propriedades que
à compra de máquinas e equipamentos para o manejo
ingressam numa traje-
agrícola. Em suma, recursos de crédito disponíveis para
tória de transição agro-
fortalecer a agricultura familiar apenas passavam por
ecológica não são altos.
ela, que funcionava como ponte para o seu destino final:
Para uma propriedade de
as empresas agroindustriais. Durante muito tempo, o
cinco hectares no cen-
emprego dessa lógica engendrou graves agressões ao
tro-sul do Paraná, esse
meio ambiente e agudos processos de endividamento das
valor correspondia, em
famílias produtoras.
2003, à cerca de dois mil
reais. Entretanto, como
No início da década de 2000, organizações da agricultura
as famílias agricultoras
familiar e entidades de assessoria atuaram no sentido de
da região estavam de tal
influenciar as concepções do Pronaf.
forma descapitalizadas,
necessitavam recorrer
Aceitas as proposições da sociedade civil, o Programa
a financiamentos mais
passou a orientar as instituições bancárias a admitirem o
substantivos (da ordem
financiamento de projetos técnicos baseados em manejos
de 18 mil reais) para es-
agroecológicos. Na prática, entretanto, a teoria foi outra.
truturar as unidades pro-
dutivas. De forma geral,
Um caso exemplar dos obstáculos encontrados pelos
esse processo não estava
agricultores familiares ecológicos e por aqueles envolvidos
relacionado diretamente
em processos de transição agroecológica ocorreu em
à conversão dos sistemas
2001, no município de Irati (PR). Dando continuidade a um
técnicos, mas sim à pro-
trabalho regional que mobilizava várias organizações da
visão de equipamentos
agricultura familiar no centrosul do Paraná, a Secretaria
básicos para assegurar
de Agricultura de Irati incentivou a apresentação massiva
o bem-estar familiar. No
de projetos ao Pronaf por parte de famílias do município.
semi-árido, a necessidade
Com um custo médio de mil reais, os projetos previam
de equipar as proprieda-
recursos para a aquisição de sementes de variedades
des com infra-estruturas
crioulas e de espécies de adubação verde, para a
hídricas acaba cobrando
compra de insumos para a produção de biofertilizantes e
investimentos de maior
caldas,para consertos de equipamentos de tração animal,
porte, que podem chegar,
entre outros fins. A agência local do Banco do Brasil
em alguns casos, a 20 mil
colocou em dúvida os projetos técnicos, cobrando testes
reais para a estruturação
de germinação das sementes, análise dos adubos etc.
de uma unidade de 20 a
Embora as repostas técnicas solicitadas tenham sido
30 hectares.
dadas, foi preciso que a Secretaria ameaçasse com a
retirada da conta da prefeitura da agência para que os
projetos fossem financiados.
Texto 18
Projetos demonstrativos e políticas públicas:
os desafios da invenção do presente
Anna Cecilia Cortines,
Denise Valeria Lima Pufal, Klinton
Senra, Odair Scatolini, Silvana Bastos
e Zaré Augusto Brum Soares*
Novos horizontes
REFERÊNCIAS:
(...)
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.(...)
[ Severino] Assiste ao enterro de um trabalhador de eito e ouve o que
dizem do morto os amigos que o levaram ao cemitério.
Essa cova em que estás,
com palmos medida,
é a cota menor
que tiraste em vida.
—— é de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
neste latifúndio.
—— Não é cova grande.
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
Morte e Vida Severina. João Cabral de Melo Neto. (Fonte: http://www.culturabrasil.pro.
br/joaocabraldemelonetoo.htm)
O Cio da Terra
Milton Nascimento / Chico Buarque
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão e se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel, se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, propícia estação de fecundar o chão.
Fonte: http://letras.terra.com.br/milton-nascimento/47414/
Vamos pautar nossas idéias sobre o assunto. Assim, reflita sobre o que sua
família e/ou comunidade tem em relação aos organismos oficiais? Como
mantém relação com os mesmos? Quais as conquistas mais significativas
a sua comunidade alcançou? Como se mobilizar para organizar lutas para
ampliar as conquistas, na perspectiva da garantia de vida com dignidade e
cidadania? Que outras reflexões são significativas no contexto local?
6
PARTILHAS
DE SABERES
6. Partilha de Saberes
(...) porque unindo pedaços de palavras
aos poucos vai unindo argila e orvalho,
tristeza e pão, cambão e beija-flor,
É isso que propomos fazer agora, compreender melhor, para agir melhor
em relação ao ecossistema, aos nossos estabelecimentos familiares, em
nossa produção e organização coletiva, enfim, em nossa vida. A Partilha
de Saberes se propõe a contribuir nessa transformação.
6.1. Objetivos
• Realizar uma síntese do Eixo Temático, buscando identificar elementos
que potencializem responder o desafio do Eixo Integrador Agricultura
Familiar e Sustentabilidade com base no Arco ocupacional Produção
Rural Familiar;
Tecendo Projetos
Demonstrativos...
da transição agroecológica
Diante da crise, a família decidiu cultivar apenas a área que conseguia
trabalhar com seus próprios meios, abandonou progressivamente o
uso de motomecanização e agroquímicos e iniciou a transição para a
agroecologia. Contribuiu para esse processo o conhecimento herdado da
família sobre a produção de sementes, o manejo de adubos verdes e a
tradição da produção de batata orgânica para consumo próprio.
Gestão econômica
Família Licheski na
seleção de semen-
tes de milho
Da especialização à diversificação
Em 2001, menos de cinco anos após esse momento difícil, uma avaliação
comparativa dos impactos econômicos gerados pelas inovações
agroecológicas introduzidas até então no sistema familiar evidenciou
que a propriedade estava bastante mudada. Em volta da casa, a
família cultivava mais de 60 espécies, entre frutas, hortaliças e plantas
medicinais, mantendo também um pequeno criatório diversificado.
Os cultivos anuais de batata, milho, feijão, trigo, arroz e mandioca são
sempre intercalados, no espaço e no tempo, com adubos verdes de
inverno e verão. O erval nativo foi mantido em um sistema agroflorestal
do qual se utilizam mais de 35 espécies, dentre frutos silvestres, lenha e
plantas medicinais.
da transição agroecológica
Mateus do Sul - PR
Economia da diversidade
da transição agroecológica
Com um sistema de manejo integrado e capaz de subsidiar suas próprias
atividades, os custos monetários (desembolso em dinheiro) das produções
correspondiam a apenas 14,5% do excedente monetário da renda agrícola
da família, enquanto o conjunto das necessidades domésticas (inclusive
alimentares) compradas no mercado limitava-se a somente 2,5% desse
excedente. Constituíram-se, assim, as condições para a formação de uma
poupança em dinheiro correspondente a 80% da receita gerada pela
Gestão econômica
Economia de sinergia
Novos valores
da transição agroecológica
No âmbito comunitário, a família Licheski tem sido veículo
de disseminação de conhecimentos novos no campo
do manejo dos sistemas agrícolas. Por outro lado, tem
promovido práticas sociais mais integradoras, estimulando
tanto a preservação dos recursos ambientais coletivos
como as práticas dinamizadoras da economia local.
Gestão econômica
Desafios
REFERÊNCIAS:
Texto 20
Manejando insetos-praga com a diversificação de plantas
Miguel A. Altieri, Luigi Ponti e
Clara I. Nicholls
www.maracanau.ce.gov
Consorciamento de culturas para evitar agrotoxico
Biodiversidade do encontro
Manejo do agricultor (mata, cercas vivas, etc.)
Função do ecossistema
(por exemplo, regular insetos-praga)
Aumentando a biodiversidade
Implantando Corredores
Ilhas de flores
Caminhos a seguir
www.midiaindependente
Diversidade de culturas na Agricultura organica.
Planejamento da propriedade
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
OLEIRO E BARRO