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PRÉ-PLANO ESTADUAL DE

BIOECONOMIA DO PARÁ

Governo do Estado do Pará

Versão 1.0 para consulta pública

Setembro de 2022
1 Grupo de Trabalho do Plano Estadual de Bioeconomia

2 O grupo de trabalho para elaboração do Plano Estadual de Bioeconomia do Pará (GT PlanBio),
3 foi previsto no decreto n° 1943/2021 e é composto pelas seguintes instituições habilitadas que
4 responderam ao edital de chamamento público Nº 002/2022 - NUGAC/SAGRH-SEMAS. São elas:

5 COORDENAÇÃO:

6 Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade - SEMAS

7 ÓRGÃOS E ENTIDADES PÚBLICAS:

8 Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisa - FAPESPA;

9 Secretaria de Estado da Fazenda - SEFA;

10 Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca - SEDAP

11 Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional eTecnologia -


12 SECTET

13 Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia - SEDEME

14 Secretaria de Comunicação do Estado do Pará - SECOM

15 Secretaria de Estado de Turismo - SETUR

16 Secretaria de Cultura do Estado do Pará - SECULT

17 Secretaria de Estado de Planejamento e Administração - SEPLAD

18 Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Bioediversidade do Estado do Pará - IDEFLOR- Bio

19 Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará - EMATER

20 SETOR PRIVADO

21 CBKK - Celo de Bonstato Kaj Konservado S.A.;

22 CEDROS CARJÁS-GESTÃO AMBIENTAL E ENGENHARIA RURAL;

23 Estuário Serviços Ltda;

24 Go Health Foods Ltda;


2

25 Libra Consultoria em Publicidade ME;

26 Master Ideias e Serviços ltda;

27 Natura & Co;

28 Peabiru Comércio de Produtos da Floresta Ltda;

29 Associação Brasileira de Empresas Concessionárias Florestais;

30 Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará - AIMEX;

31 Cooperativa dos Extrativistas da Flona de Carajás - COEX-CARAJÁS;

32 Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Oeste Pará e Baixo Amazonas -


33 MOPEBAM.

34 TERCEIRO SETOR

35 Cáritas Brasileira Regional Norte II;

36 CATALISA - REDE DE COOPERAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE;

37 The Nature Conservancy do Brasil;

38 Instituto Escolhas;

39 Instituto Internacional de Educação do Brasil;

40 Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM;

41 Instituto Socioambiental - ISA;

42 SOCIEDADE PARA PESQUISA E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE - SAPOPEMA;

43 Instituto Peabiru.

44 ORGANIZAÇÕES REPRESENTANTES DE POVOS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E COMUNIDADES


45 TRADICIONAIS

46 Conselho Nacional das População Extrativistas - CNS - PA;

47 Federação dos povos indígenas do Estado do Pará - FEPIPA;


3

48 Coordenação Estadual das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará


49 - Malungu;

50 Federação das Organizações e Comunidades Tradicionais da Flona do Tapajós;

51 BA-Y Cooperativa de produtos da floresta.

52 INSTITUIÇÕES DE PESQUISA

53 Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA;

54 Embrapa Amazônia Oriental - EMBRAPA;

55 Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da UFPA;

56 Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG.


4

57 Sumário
58 1 Introdução 6

59 2 Alinhamento conceitual da Bioeconomia Paraense 11

60 3 Diagnóstico do estado do Pará em relação à Bioeconomia 16

61 3.1 Caracterização socioeconômica 16

62 3.2 Matriz produtiva da bioeconomia 19

63 3.2.1 Produtos Florestais não Madeireiros 20

64 3.2.1.1 Extrativismo 21

65 3.2.1.2 Cultivo 25

66 3.2.2 Produtos Florestais Madeireiros 25

67 3.2.3 Pesca artesanal e aquicultura 27

68 3.2.4 Exportação produtos de compatíveis com a floresta 28

69 3.3 Cobertura florestal por categoria territorial 31

70 3.3.1.1 Terras Indígenas 33

71 3.3.1.2 Unidades de Conservação 34

72 3.3.1.3 Assentamentos e territórios quilombolas 35

73 3.3.1.4 Imóveis rurais 36

74 3.4 Passivo florestal do estado 38

75 3.5 Emissões de gases estufa 42

76 4 Desafios da infraestrutura e logística para bioeconomia 44

77 5 Processo de construção do Plano Estadual de Bioeconomia 46

78 6 Proposta de priorização de áreas de atuação do PlanBio 52

79 6.1 Critério 1 - Municípios de importância econômica na produção dos produtos extrativos


80 da Sociobiodiversidade 53

81 6.2 Critério 2 - Municípios de importância econômica na produção de produtos cultivados


82 da biodiversidade 54

83 6.3 Critério 3 - Índice de Desenvolvimento Humano 54


5

84 6.4 Critério 4 - Conservação da floresta em territórios de PIQCT&UC-US 55

85 6.5 Critério 5 - Floresta em áreas excedentes de Reserva Legal de Imóveis Rurais com
86 pressão por desmatamento 55

87 6.6 Critério 6 - Áreas com passivo de APP e RL com potencial de restauração 56

88 7 Financiamento e instrumentos econômico-financeiros 57

89 8 Salvaguardas 60

90 9 Plano de Ações 66

91 9.1 Eixo 1 – Pesquisa, desenvolvimento e inovação 67

92 9.2 Eixo 2 – Patrimônio cultural e patrimônio genético 71

93 9.3 Eixo 3 – Cadeias produtivas e negócios sustentáveis 74

94

95
6

1 Introdução

96 O Estado do Pará possui uma grande extensão de floresta Amazônica, cuja diversidade biológica
97 e sociocultural conferem ao estado um potencial extraordinário para promover um novo
98 modelo de desenvolvimento socioeconômico sustentável e inclusivo baseado em floresta em pé
99 e na garantia de direitos de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Uma das
100 maneiras para avançar com esse modelo pode ser por meio da bioeconomia, com a promoção
101 de cadeias produtivas baseadas na floresta e na sociobiodiversidade. Cabe destacar que 78% 1
102 do território paraense é coberto por vegetação nativa, e esse diferencial, se bem aproveitado
103 com sustentabilidade ambiental e justiça social, poderá colocar o estado na vanguarda da
104 bioeconomia baseada em florestas e na biodiversidade no Brasil e no mundo.

105 Nossa visão de bioeconomia vai além da produção sustentável e da resiliência climática,
106 contempla ações relacionadas à infraestrutura verde, geração de empregos e potencial de
107 crescimento socioeconômico de baixo carbono. Busca promover Soluções baseadas na Natureza
108 (SbN), para viabilizar a transição para uma economia diversificada, capaz de criar e ou melhorar
109 processos produtivos locais e da Sociobiodiversidade, garantindo segurança ao patrimônio
110 genético, valorização dos conhecimentos e cultura dos povos tradicionais.

111 A promoção do uso inteligente e sustentável da biodiversidade poderá ainda garantir padrões
112 sustentáveis de produção a longo prazo, além de criar um ciclo virtuoso de desenvolvimento. A
113 criação de um ciclo virtuoso de desenvolvimento inclusivo e justo somente se dará a partir do
114 enfrentamento do paradoxo climático/ambiental e o social/econômico. Nesse sentido,
115 movimentar a economia, a partir do capital natural presente na floresta, por meio da
116 bioeconomia, é uma das estratégias do estado do Pará para promover o desenvolvimento
117 sustentável, vocacionado nas qualidades regionais de forma a repartir benefícios com a
118 sociedade local.

119 Ademais a bioeconomia tem potencial para equilibrar o desenvolvimento econômico regional
120 com a gestão adequada dos recursos naturais, tendo como premissa basilar a conservação
121 desses mesmos recursos, bem como a preservação e valoração da cultura dos povos locais, que
122 é um grande desafio e demanda eficiência nas ações de combate ao desmatamento ilegal e na
123 adoção de políticas públicas que fomentem e induzam alternativas econômicas mais

1
Dados incluem: formação florestais, campestres e savânicas.
7

124 sustentáveis e inclusivas. Manter as florestas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa,
125 além de ser um desafio para evitar as mudanças climáticas, é também uma oportunidade para
126 impulsionar um novo modelo de desenvolvimento inclusivo e justo para toda a sociedade
127 paraense.

128 Desde 2019 o governo do Pará vem desenvolvendo e implementando políticas estratégicas para
129 a conservação e o desenvolvimento sustentável no estado, especialmente por meio da “Política
130 Estadual sobre Mudanças Climáticas do Pará (PEMC)”, do “Plano Estadual Amazônia Agora
131 (PEAA)” e mais recentemente por meio da “Estratégia Estadual de Bioeconomia”.

132 A PEMC foi instituída pela Lei Estadual nº 9.048, de 29 de abril de 2020, e tem o objetivo de
133 integrar o esforço global para promover medidas que alcancem as condições necessárias à
134 adaptação e à mitigação aos impactos derivados das mudanças do clima. Já o PEAA, instituído
135 pelo Decreto nº 941/2020, é o plano setorial de uso da terra e florestas previsto na PEMC.
136 Através do PEAA o estado estabeleceu um conjunto de metas com o objetivo central de alcançar
137 o objetivo central de tornar o Pará um estado com Emissões Líquidas Zero (ELZ), ou carbono
138 neutro, no setor de “uso da terra e florestas” a partir de 2036. Essas metas foram distribuídas
139 em quatro eixos do PEAA, entre os quais está o de “desenvolvimento socioeconômico de baixo
140 carbono”, no qual está ancorado o Plano de Bioeconomia como um dos modelos de
141 desenvolvimento socioeconômico capaz de promover uma transição a um estado carbono
142 neutro.

143

144 A proposta do PEAA é desenvolver políticas públicas baseadas em estratégias positivas de


145 conservação, regularização ambiental e fundiária, produção sustentável e valorização
8

146 ambiental. Cabe destacar que uma das principais metas do PEAA é a redução de no mínimo 37%
147 das emissões de GEE provenientes da conversão de florestas e do uso da terra até 2030,
148 considerando a média entre os anos de 2014 e 2018, e que a partir de então espera-se ampliar
149 sua ambição para 43% de redução até dezembro de 2035.

150 A Estratégia Estadual de Bioeconomia, instituída pelo Decreto nº 1.943/2021 2, veio somar
151 esforços ao PEAA, como componente do eixo de “desenvolvimento socioeconômico de baixo
152 carbono” , tendo por objetivo geral estabelecer as bases estratégicas programáticas do Plano
153 Estadual de Bioeconomia do Pará, para a reorientação do desenvolvimento socioeconômico,
154 sob a perspectiva da bioeconomia pautada nas soluções baseadas na natureza, com a
155 valorização do conhecimento e dos sistemas de produção tradicionais, aliados à conservação
156 ambiental, a pesquisa e a inovação para a produção de bioativos da biodiversidade amazônica,
157 com o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis e de baixo carbono.

158 A Estratégia foi lançada em outubro de 2021, durante o Fórum Mundial de Bioeconomia
159 (WCBEF) em Belém, pela primeira vez realizado fora da Europa, sendo um marco e um
160 importante passo para trazer o olhar do mundo para a riqueza da biodiversidade e o potencial
161 da bioeconomia na Amazônia. Seu Decreto de criação estabeleceu procedimentos gerais para
162 sua elaboração, alinhados aos princípios, objetivos e metas estabelecidas pela Política Estadual
163 de Mudanças Climáticas (PEMC), com a determinação de instituir um Plano Estadual de
164 Bioeconomia (PlanBio), no prazo de doze meses após a publicação do Decreto, tendo por
165 diretriz que a construção contasse com a participação de outros órgãos e entidades públicas,
166 setor privado, terceiro setor, instituições de pesquisa e organizações representantes dos povos
167 indígenas, quilombolas, extrativistas e de comunidades tradicionais. Essa diretriz foi
168 implementada, inicialmente, a partir da instituição do Grupo de Trabalho do Plano Estadual de
169 Bioeconomia (GT-PlanBio), composto por 41 membros representantes dos diferentes setores e
170 inscritos por meio de chamamento público, publicado e divulgado pela SEMAS.

171 A Estratégia foi estruturada em três eixos norteadores, cada um contendo objetivos específicos
172 que contribuem para o desenvolvimento de um novo modelo de desenvolvimento econômico
173 pautado pela bioeconomia no estado, conforme apresentado a seguir (Quadro 1).

174 Quadro 1 - Eixos e objetivos da Estratégia Estadual de Bioeconomia

2
https://www.semas.pa.gov.br/legislacao/normas/view/96377
9

Eixos norteadores Objetivos específicos

Promover e aplicar o conhecimento científico e a pesquisa tecnológica


para a valorização e produção de inovações, de forma inclusiva e com
benefícios sociais, econômicos e ambientais integrados
Pesquisa,
Desenvolvimento Identificar e mapear o conhecimento sobre a bioeconomia Paraense,
e Inovação contido nas diversas instituições de pesquisa do Estado, a fim de
incentivar a pesquisa aplicada, e transformá-la em novas tecnologias,
capacitações, e ferramentas capazes de garantir a melhoria da produção
local

Reconhecer as práticas tradicionais, protegê-las e valorizá-las, integrando


à política de desenvolvimento socioeconômico de baixas emissões do
Patrimônio Estado do Pará, com salvaguardas socioambientais e garantias ao
genético e patrimônio genético associado ao conhecimento tradicional e a
Conhecimento biodiversidade
Tradicional
Associado (CTA) Garantir direitos às populações locais, oportunizar alternativas
sustentáveis de desenvolvimento, capacitações e integridade
socioambiental

Valorizar os bioprodutos da Biodiversidade do território, de forma a


agregar especificidades da região aos produtos locais, através de
certificações, proteção de cultivares, identificação geográfica, dentre
Cadeias outras estratégias
Produtivas e
Negócios Investir no estabelecimento de ambientes de investimentos atrativos as
Sustentáveis cadeias produtivas e aos novos negócios da sociobiodiversidade,
fortalecendo e verticalizando a produção, com geração de
desenvolvimento local, emprego e renda e distribuição dos benefícios de
forma equitativa

175 Além disso, a Estratégia definiu o PlanBio como instrumento de consolidação dos seus objetivos,
176 eixos e resultados, de modo que o PlanBio se apresenta como desdobramento da referida
177 Estratégia, evoluindo enquanto política pública para um plano de ações que são resultado de
178 um processo iniciado em maio de 2022 3 e que contou com a realização de três rodadas de
179 oficinas multisetoriais e de uma série de oficinas etnorregionais em quatro municípios polo:
180 Altamira, Belém, Santarém e Marabá.

3
Apoiado com recursos do Projeto “Preparando um Território Sustentável Carbono Neutro no Pará”
financiado com recursos do governo norueguês em parceria com o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD, por meio da janela de financiamento à inovação da Força Tarefa dos
Governadores para o Clima (GCF Task Force).
10

181 Ao todo foram realizadas 3 oficinas com o GT-PlanBio, que tiveram por objetivo fazer uma escuta
182 qualitativa e engajar os diferentes setores da sociedade na construção participativa do PlanBio,
183 visando atender às expectativas e as demandas setoriais relacionadas à bioeconomia no Pará. A
184 1ª rodada de oficinas, foi conduzida entre os dias 23 e 27 de maio, em Belém, e teve por objetivo
185 identificar os principais problemas e causas vivenciadas pelos diversos setores que compõem do
186 GT-PlanBio relacionados à bioeconomia no Pará. Nessa primeira rodada foram realizadas 5
187 oficinas, sendo uma para cada um dos setores: governo, setor privado, academia, ongs, e povos
188 indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais (PIQCTs). O produto dessa 1ª rodada de
189 oficinas foi a construção de três árvores de problemas, uma para cada eixo do PlanBio, contendo
190 as principais causas que levam aos problemas centrais que o Plano se propõe a resolver.

191 A 2ª rodada de oficinas ocorreu entre os dias 27 de junho e 1º de julho e reuniu novamente
192 todos os setores e representantes do GT-PlanBio, desta vez em conjunto, para aprofundar as
193 reflexões sobre os problemas e causas sistematizadas nas árvores de problemas, que foram
194 resultado das oficinas anteriores, e sugerir ações que levassem a possíveis soluções das causas
195 e, consequentemente, dos problemas centrais identificados como prioritários. O produto desta
196 2ª rodada de oficinas foi a revisão e ajustes das árvores de problemas para que pudessem
197 representar a realidade enfrentada pelos diferentes setores interessados da sociedade, seguida
198 da proposição de ações para subsidiar o planejamento do PlanBio pelo governo. A participação
199 multisetorial resultou em reflexões importantes e entendimentos de caminhos coletivos para
200 a construção de política pública para a bioeconomia.

201 Entre a 2ª e 3ª rodadas de oficinas (de julho a agosto), a SEMAS realizou 14 reuniões bilaterais
202 com as secretarias4 de governo para encaminhar os subsídios que vieram das oficinas, de modo
203 a incorporá-los no planejamento e orçamento do governo. Como produto das reuniões bilaterais
204 foi construído o Plano de Ações que é apresentado neste documento, com 97 ações que
205 buscaram atender às demandas colhidas nas diferentes oficinas e as prioridades do governo
206 para implementação da Estratégia Estadual de Bioeconomia, por meio do Plano de Bioeconomia
207 do Pará.

208 Conforme o Decreto 1.942/2021, o Comitê Gestor do Sistema Estadual sobre Mudanças
209 Climáticas (COGES Clima) é a instância responsável por deliberar sobre os instrumentos da

4
Participaram desta etapa: SEDAP, SEMAS, SECTET, SETUR, IDEFLOBio, FAPESPA, SEDEME, SECULT,
SECOM, EMATER, ADEPASRÁ, SEFA, SEPLAN e BanPará-Bio.
11

210 Política Estadual sobre Mudanças Climáticas. Também é especificamente responsável por
211 (colocar atribuições delegadas pelo decreto da estratégia). Por isso, no dia 15 de setembro de
212 2022, em reunião ordinária, foi apresentado ao comitê o histórico de construção e a proposta
213 de estrutura do PlanBio. O comitê fará suas contribuições paralelamente à consulta pública
214 eletrônica que ocorrerá entre os dias 21 de setembro e 17 de outubro de 2022. O intuito da
215 consulta pública eletrônica é ampliar a participação e receber contribuições de toda a sociedade
216 sobre o seu conteúdo. Ao longo deste período as contribuições recebidas serão avaliadas pelo
217 Governo através de um processo de análise diária por parte da equipe da SEMAS, e, quando
218 pertinentes, incorporadas ao texto final do Plano, quando será novamente levado ao COGES-
219 Clima para análise.

220 Como descrito, nos meses de setembro e outubro, atendendo à reivindicação dos povos
221 indígenas, quilombolas, extrativistas e de comunidades tradicionais, o Governo do Pará realizará
222 4 oficinas etnorregionais em Belém, Marabá, Santarém e Altamira com vistas a ampliar o debate
223 do PlanBio com representantes de lideranças dos PIQCTs, levar informações sobre a Estratégia
224 e colher as principais demandas para contribuir na elaboração e implementação do Plano.

225 A partir desse processo participativo e legítimo de elaboração do PlanBio, espera-se obter um
226 conjunto de ações concretas e adequadas às distintas realidades e especificidades do Estado do
227 Pará e identificar mecanismos de financiamento público e privados a fim de alcançar o objetivo
228 de promover a transformação gradativa para sistemas econômicos de baixas emissões de gases
229 de efeito estufa, com sustentabilidade ambiental e justiça.

2 Alinhamento conceitual da Bioeconomia Paraense

230 A Bioeconomia se apresenta hoje como um dos caminhos ou parte da solução para o
231 desenvolvimento sustentável da Amazônia. Apesar de ser um conceito variável, multidisciplinar
232 e ainda em construção, é necessário qualificar a Bioeconomia que se deseja implementar em
233 determinado contexto ou região. Na Amazônia particularmente, se faz urgente que a
234 Bioeconomia seja tal que pavimente um caminho para uma transição a um modelo econômico
235 que seja inclusivo e justo. Nesse caso, a mudança se dá rumo à descarbonização das dinâmicas
236 atuais, que colocam a região como grande emissor de Gases de Efeito Estufa, baixo Índice de
237 Desenvolvimento Humano e altas taxas de desmatamento ilegal.

238 O Plano Estadual de Bioeconomia foi construído tendo como base as diretrizes, princípios e
239 premissas da Estratégia Estadual de Bioeconomia, conforme definidas pelo Decreto nº
12

240 1.943/2021. Contudo, além desses aspectos, o PlanBio também busca consolidar o conceito de
241 bioeconomia que se pretende adotar para o estado do Pará.

242 Ao redor do mundo, encontram-se diversos conceitos relacionados à Bioeconomia e que


243 apresentam visões correspondentes às diferentes necessidades das sociedades para as quais
244 foram propostas. Esses conceitos variam desde uma bioeconomia baseada na produção
245 extrativista florestal até a biotecnologia, voltada para soluções tecnológicas, ou ainda uma
246 bioeconomia circular, baseada no reaproveitamento energético e de baixo impacto ambiental.
247 Os conceitos vêm sendo adaptados de acordo com as dinâmicas de cada sociedade ou por
248 fatores contemporâneos, como o avanço das mudanças climáticas ou a necessidade de garantir
249 a segurança alimentar e energética para a crescente população mundial. O Quadro 2 a seguir
250 apresenta alguns dos conceitos no âmbito nacional e internacional como forma de exemplificar
251 as distinções ou alinhamentos nos conceitos que vêm sendo utilizados.

252 Quadro 2 - Conceitos de bioeconomia utilizados no âmbito nacional e internacional.

Região /
Conceito de Bioeconomia
Organização

É relacionado a todos os setores de produção primária que utilizam e produzem


recursos biológicos (agricultura, silvicultura, pesca e aquicultura) e a todos os
Comissão Europeia5
setores econômicos e industriais que usam recursos e processos biológicos para
produzir alimentos, rações, produtos de base biológica, energia e serviços.

Infraestrutura, inovação, produtos, tecnologia e dados derivados de processos e


ciência biologicamente relacionados que impulsionam o crescimento econômico,
Estados Unidos6
melhoram a saúde pública, a agricultura, além de gerarem benefícios de segurança
(security).

Conjunto de atividades econômicas em que: i) a biotecnologia e as ciências da vida


(também química e sua integração em particular) contribuem centralmente para a
OCDE7 produção primária; e ii) a indústria contribui para construção da bioeconomia por
meio da conversão de biomassa em alimentos, materiais, produtos químicos e
combustíveis.

Produção, utilização, conservação e regeneração de recursos biológicos (incluindo


FAO8
conhecimento relacionado, ciência, tecnologia e inovação) para fornecer soluções

5
A sustainable bioeconomy for Europe (UE, 2018). https://op.europa.eu/en/ publication-detail/-
/publication/edace3e3- e189-11e8-b690-01aa75ed71a1/language-en/ format-PDF/source-14975547.
6
Estratégia Nacional de Bioeconomia - EUA
7
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
8
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
13

sustentáveis (informações, produtos, processos e serviços) nas áreas econômicas,


possibilitando a transformação para uma economia sustentável (IACGB, 2020).

Conjunto de atividades econômicas relacionadas a invenção, desenvolvimento,


9
BNDES produção e uso de produtos e/ou processos para a produção de energia renovável,
materiais e químicos.

É a atividade econômica derivada de bioprocessos e bioprodutos que contribuem


para soluções eficientes no uso de recursos biológicos – frente aos desafios em
MCTI10 alimentação, produtos químicos, materiais, produção de energia, saúde, serviços
ambientais e proteção ambiental – e que promovem a transição para um novo
modelo de desenvolvimento sustentável e de bem-estar da sociedade.

Consiste em iniciativas sustentáveis baseadas na utilização de recursos biológicos


SEBRAE11 renováveis que visam inovar processos e/ou produtos em cadeias produtivas,
gerando oportunidades de mercado para os pequenos negócios.

Modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos. O objetivo


EMBRAPA12 é oferecer soluções para a sustentabilidade dos sistemas de produção com vistas à
substituição de recursos fósseis e não renováveis.

Embora a portaria que define o programa Bioeconomia no Brasil não apresente o


conceito, um de seus objetivos é valorizar a diversidade biológica, social e cultural
brasileira, além de apoiar a estruturação de arranjos produtivos e roteiros de
integração em torno de produtos e atividades da sociobiodiversidade de forma a
MAPA13
contribuir para a geração de renda e inclusão produtiva. Considera não apenas os
avanços tecnológicos nos processos químicos, industriais e de engenharia genética,
mas também aqueles resultantes do conhecimento tradicional e do uso sustentável
da biodiversidade.

253 Na busca de qualificar e customizar os diferentes conceitos de bioeconomia, diversos estudos


254 têm sido feitos no Brasil e no mundo. Alguns se preocupam em agrupar abordagens, como o
255 estudo lançado recentemente pelo WRI (2021). Onde se estabelecem quatro diferentes
256 abordagens:

257 i) Bioeconomia Biotecnológica – o crescimento econômico e a geração de empregos se


258 sobrepõem aos critérios de sustentabilidade. Pressupõe a incorporação de tecnologias
259 intensivas em ciência no processo de produção contribuindo para a maior eficiência
260 ambiental;

9
BNDES disponível em
https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/15383/1/BS47__Bioeconomia__FECHADO.pdf
10
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
11
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
12
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
13
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
14

261 ii) Bioeconomia de Biorrecursos – busca maior equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade
262 dos produtos e processos, porém com a produtividade e eficiência prevalecendo sobre a
263 conservação da integridade dos ecossistemas em que a atividade econômica acontece.
264 Propõe o aumento de produtividade e intensificação do uso do solo, o que pode aumentar a
265 pressão sobre os recursos naturais;
266 iii) Bioeconomia Bioecológica – o critério de sustentabilidade se sobrepõe ao de crescimento
267 unilateral da economia. Privilegia a promoção da biodiversidade, conservação dos
268 ecossistemas, habilidade de prover serviços ecossistêmicos e prevenção da degradação do
269 solo. Os vetores de inovação, ganhos de produtividade e redução de custos são práticas
270 orgânicas e ecológicas, com pesquisa e inovação voltadas para soluções locais, baseadas em
271 diversidade, reuso de matéria e energia, redução de insumos agroquímicos e fontes de
272 energia externas ao sistema.
273 iv) Bioeconomia restauradora – com ênfase não apenas na conservação e restauração dos
274 ecossistemas, mas também nas melhorias de participação social e na distribuição de
275 benefícios entre os diferentes atores que integram as cadeias de valor. Ademais, envolveria
276 uma transformação de natureza ética, algo que também é mencionado como fator de
277 inovação na visão bioecológica.
278 A partir das diretrizes, princípios e premissas da Estratégia Estadual de Bioeconomia, pode-se
279 dizer que o conceito de bioeconomia adotado no PlanBio combina elementos dos diferentes
280 conceitos e organizações apresentadas acima. Entretanto, um diferencial do PlanBio está na
281 ênfase em um modelo de desenvolvimento de baixo carbono (como parte do PEAA), através de
282 Soluções baseadas na Natureza (SbN), e com valorização do conhecimento e cultura dos povos
283 originários e tradicionais.

284 Portanto, para efeitos desse Plano se considera a Bioeconomia como um modelo de
285 desenvolvimento socioeconômico, que contempla a produção de baixo carbono, apresentado
286 com a finalidade de promover, a partir de Soluções baseadas na Natureza (SbN)14, viabilidade à
287 transição para uma economia diversificada e inclusiva, capaz de criar e ou melhorar processos
288 produtivos locais e da sociobiodiversidade, a partir do alinhamento da ciência, tecnologia e
289 inovação, à economia local, garantindo segurança ao patrimônio genético, valorização dos
290 conhecimentos tradicionais e cultura dos povos indígenas, quilombolas e comunidades locais e
291 benefícios sociais, econômicos e ambientais para toda população paraense.

14
De acordo com a definição da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza), as Soluções
Baseadas na Natureza são ações para proteger, gerenciar de forma sustentável e restaurar ecossistemas
naturais ou modificados, que abordam os desafios sociais de forma eficaz e adaptativa, proporcionando
simultaneamente benefícios ao bem-estar humano e à biodiversidade.
15

292 Glossário de termos utilizados no PlanBio

293 I - Sociobiodiversidade: São bens e serviços gerados a partir de recursos da biodiversidade,


294 voltados à formação de cadeias produtivas de interesse de povos e comunidades tradicionais e
295 de agricultores familiares, que promovam a manutenção e valorização de suas práticas e
296 saberes, e assegurem os direitos decorrentes, gerando renda e promovendo a melhoria de sua
297 qualidade de vida e do ambiente em que vivem (Plano Nacional de Promoção das Cadeias de
298 Produtos da Sociobiodiversidade - MDA/MMA/MDS).

299 II - Sociobioeconomia: É um dos três recortes conceituais para bioeconomia, denominada como
300 “sociobioeconomia” ou “bioeconomia tradicional”15, é baseado na sociobiodiversidade e
301 constituída por atividades do extrativismo, neo extrativismo e agricultura de autoconsumo, que
302 envolvem comunidades tradicionais, ribeirinhos, povos indígenas e quilombolas como agentes
303 integradores de cadeias produtivas 16. Além disso, é considerado um modelo de geração de
304 riqueza que, além de priorizar a preservação dos recursos naturais do planeta, leva em
305 consideração a dignidade humana das populações envolvidas. Trata-se de um conceito que
306 oferece alternativas ao uso dos combustíveis fósseis, tem lógica baseada na economia circular e
307 prioriza princípios éticos que promovam a equidade.

308 III - Socioeconomia: É uma ciência social que analisa como as atividades econômicas afetam e
309 são adaptadas por processos sociais, isto é, como as sociedades reagem diante de sua economia
310 local, regional e global. A socioeconomia representa o contexto dos efeitos que os setores
311 econômicos causam às sociedades, sejam eles positivos ou negativos, como também sobre
312 hábitos de consumo, geração de emprego e renda, identidades e produções culturais, e
313 garantias e acesso a direitos.

314 IV - Economia circular: É um modelo econômico que propõe a gestão de resíduos e otimização
315 dos recursos materiais de produção, pela redução de uso de insumos e recursos não renováveis,
316 pela reciclagem e utilização de recursos renováveis e insumos de base biológica, com circulação
317 eficiente de resíduos e subprodutos através da reutilização na mesma cadeia produtiva ou em

15
SCHUHLI, Gabriel Tiago. 2021i. Uma análise comparativa do plano cruzado e do plano real sob a
perspectiva da socioeconomia. Disponível em: https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/731
16
Grupo de Bioeconomia da Concertação pela Amazônia. O valor da diversidade para a bioeconomia.
Disponível em: https://pagina22.com.br/2021/02/01/o-valor-da-diversidade-para-a-bioeconomia/
16

318 outras, nos ciclos técnicos e/ou biológicos proporcionando restauração e regeneração
319 ambiental (GONÇALVES; BARROSO, 2019; LUZ, 2017).

320 V - Soluções Baseadas na Natureza: Ações para proteger, gerenciar de forma sustentável e
321 restaurar ecossistemas naturais ou modificados, que abordam os desafios sociais de forma
322 eficaz e adaptativa, proporcionando simultaneamente benefícios ao bem-estar humano e à
323 biodiversidade.

324 VI - Matriz produtiva da bioeconomia: É um modelo econômico baseado na conservação da


325 cobertura vegetal nativa e dos ambientes aquáticos através de processos produtivos baseados
326 de extrativismo, em sistemas agroecológicos e agroflorestais que respeitam os limites ecológicos
327 do ecossistema mantendo a diversidade social, dos ecossistemas florestais e aquáticos, e que
328 permitam a agregação de valor pela diferenciação dos produtos, a geração dos serviços
329 ecossistêmicos e com progresso tecnológico endógeno a partir de tecnologias sociais baseadas
330 no conhecimento tradicional do manejo das espécies, garantindo a conservação da
331 biodiversidade e a mitigação de geração de resíduos e materiais que causem degradação e
332 poluição.

3 Diagnóstico do estado do Pará em relação à Bioeconomia

333 Esta seção apresenta um diagnóstico do estado do Pará com ênfase em alguns aspectos
334 relevantes para a proposta de um modelo de bioeconomia para o estado. Além disso, visa
335 orientar a reflexão sobre identificação de territórios prioritários para implementação do Plano.
336 Para tanto, são abordados aspectos como o contexto socioeconômico, distribuição setorial do
337 PIB, as principais atividades da economia do estado, a cobertura florestal nos diferentes tipos
338 de territórios, o uso e ocupação do solo, a situação de passivo florestal e o perfil de emissões de
339 gases do efeito estufa.

340 3.1 Caracterização socioeconômica

341 O estado do Pará possui a maior população da região norte do país, alcançando em 2021 cerca
342 de 8,78 milhões de habitantes, o equivalente a cerca de 4% do total de habitantes do Brasil
343 (IBGE, 2021). Como consequência do modelo de desenvolvimento praticado historicamente no
344 país, o Pará, assim como a região Norte como um todo, apresenta indicadores sociais e
345 econômicos em geral abaixo da média nacional. Este contexto pode ser observado, por exemplo,
346 através do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), no qual o Pará ocupa a 24ª colocação
17

347 entre as 27 Unidades da Federação (UF), alcançando o valor de 0,646 para o IDH-Renda, abaixo
348 do IDH-Renda nacional estimado em 0,73917.

349 Outros indicadores também apontam para a vulnerabilidade social do estado. A renda média
350 mensal domiciliar no estado em 2021 foi de R$ 847, situando o estado em 21º lugar entre as UF
351 (IBGE, 2021). Considerando que o rendimento médio mensal domiciliar por pessoa no Brasil foi
352 de R$ 1.353 em 2021, o estado do Pará situou-se 37% abaixo da média nacional. Quando
353 comparados os rendimentos por sexo, homens recebem em média 13% a mais que as mulheres
354 no estado, sendo que essa diferença aumentou desde 2019, quando era de 5%. Neste quesito
355 pode-se dizer que o estado apresenta uma situação melhor do que o país como um todo, dado
356 que no Brasil a renda média dos homens em 2021 foi 25% maior que a das mulheres. Em relação
357 à taxa de ocupação, a proporção de pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana
358 de referência em trabalhos formais foi de apenas 35,2% em 2021. Com relação ao saneamento,
359 o índice de acesso à rede de água é de 47,5%, de coleta de esgoto de 7,7% e tratamento de
360 esgoto de 10%, todos abaixo das médias brasileiras, de 84%, 55% e 51%, respectivamente18 .

361 Em termos de atividade econômica, o Pará possui um grande destaque na região Norte. Em
362 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) do estado superou R$ 178,4 bilhões, sendo o maior PIB da
363 região, contribuindo com 2% do PIB nacional e situando-se em 11º lugar entre as UF. Ao longo
364 da última década (de 2010 a 2019) o PIB do estado apresentou um crescimento nominal de
365 116%, enquanto o PIB do país teve uma variação de 90%.

366 Ao analisar a distribuição setorial do PIB do estado pode-se perceber que os setores que mais
367 contribuem para o valor adicionado são o de serviços (35,2%) e indústria (34,3%), com
368 participações semelhantes, enquanto a administração pública (21,3%) ocupa a terceira posição,
369 com a agropecuária (9,2%) sendo o setor com menor participação no VA estadual.

370 Contudo, para compreender melhor a estrutura econômica do estado é importante observar
371 essa distribuição desagregada por atividades. Embora os dados acima indiquem que a indústria
372 possui um peso relativamente elevado quando comparado à média nacional, deve-se observar
373 que mais da metade do VA do setor se refere à indústria extrativa mineral (19,7% do VA total),
374 que possui grande importância no estado.

17
Censo Demográfico IBGE, 2010
18
SNIS, 2020
18

375 Além disso, é relevante observar a distribuição do VA entre as atividades do setor agropecuário.
376 Dos cerca de 9% que o setor representou do VA estadual em 2019, a agricultura foi responsável
377 por 5,1%, enquanto a pecuária contribuiu com 2,6%. Além destas, há as atividades de produção
378 florestal, pesca e aquicultura, que respondem pela menor parcela, de 1,5%. A Tabela 1 a seguir
379 apresenta o valor adicionado Pará por atividade no período de 2015 a 2019.

380 Tabela 1 - Valor adicionado bruto por tipo de atividade econômica no Pará

381
382 Fonte: Elaborado a partir de IBGE, 2019.

383 Como se pode observar, as atividades de base florestal, pesca e aquicultura possuem uma baixa
384 participação na economia do estado. Entretanto, estas são justamente as atividades que estão
385 no núcleo do modelo de bioeconomia que se pretende desenvolver. Desta forma, é necessária
386 uma análise mais detalhada dessas atividades, que compõem o que se pode chamar de matriz
387 produtiva da bioeconomia.
19

388 3.2 Matriz produtiva da bioeconomia

389 A diversidade de espécies da sociobiodiversidade conhecidas no bioma Amazônico e a


390 conservação de extensas áreas de remanescentes florestais contribui para que o estado do Pará
391 seja um dos maiores produtores de produtos da sociobiodiversidade dos ecossistemas
392 amazônicos, contribuindo para a provisão da matéria-prima para uma grande variedade de usos
393 industriais, como por exemplo, indústria alimentícia, fármaco e cosmético. A produção, o
394 beneficiamento, a transformação e a comercialização desses produtos contribuem para
395 agregação de valor em diferentes elos da cadeia, gerando renda para agentes relacionados à
396 produção, indústria de beneficiamento, transformação e comercialização distribuídos local,
397 nacional e internacionalmente, que atendem a demanda de consumo interno – local, regional e
398 externo. A Tabela 2 apresenta a grande variedade de produtos, suas respectivas espécies e os
399 diferentes usos.

400 Tabela 2 - Categorização de beneficiamento e transformação dos produtos da


401 sociobiodiversidade em bioprodutos

402
20

403 Tabela 2 (Continuação)

404
405 Fonte: * Costa et al., 2021

406 As atividades de base florestal, pesca e aquicultura compõem a matriz de bioeconomia do


407 estado do Pará. As atividades de base florestal podem ser subdivididas produtos florestais
408 madeireiros e não madeireiros. A seguir é apresentado um diagnóstico para cada um desses
409 segmentos.

410 3.2.1 Produtos Florestais não Madeireiros

411 O estado do Pará é protagonista nacional na produção de diversos produtos florestais não
412 madeireiros (PFNM). Dentre os produtos de maior participação na produção nacional estão o
413 cumaru (90% da produção nacional), palmito (84%), açaí extrativo (82%), bacuri (76%), murici
414 (73%), murumuru (58%), pequi (58%), andiroba (52%), bacaba (52%), barbatimão (50%).
415 Contudo, a ausência de levantamento de dados pelos sistemas oficiais de estatística dificulta o
416 real dimensionamento da agregação de valor gerada ao longo dessas cadeias, impossibilitando
417 reconhecer a importância econômica dos produtos da sociobiodiversidade para os diferentes
418 setores.

419 Estima-se que o valor econômico total gerado nas cadeias de valor de trinta produtos produzidos
420 no estado do Pará atingiu um valor adicionado da ordem de R$5,4 bilhões em 2019, ou seja, 2,8
421 vezes superior ao valor de produção do setor do extrativismo que gerou R$1,9 bilhão 19.

19
Estudo publicado pela The Nature Conservancy, em parceria com BID e Natura (Costa et al, 2021).
21

422 Para preencher essa lacuna de dados dentre as ações do PlanBio, está a criação do Observatório
423 da Bioeconomia e de um Big Data, para que esses dados possam ser coletados sistematicamente
424 e mensurada a produção dos diferentes elos das cadeias. A seguir são apresentados os dados
425 sobre os PFNM segmentados entre produtos oriundos do extrativismo e aqueles gerados pelo
426 cultivo.

427 3.2.1.1 Extrativismo

428 Em 2020, considerando os doze principais produtos com estatísticas anuais realizadas pela
429 Pesquisa da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) do IBGE, o estado do Pará gerou R$610,6
430 milhões com uma produção diversificada de doze produtos, são eles: cumaru, palmito, açaí,
431 pequi, barbatimão, buriti, castanha-do-pará, jaborandi, copaíba, angico, castanha-do-caju e
432 borracha. Para esses produtos, a produção paraense representou 73% da produção nacional,
433 desse mesmo ano. Cabe ainda ressaltar que desse universo de produtos, três principais
434 produtos, a saber, açaí, castanha-do-pará e palmito representam 99% da produção, somando,
435 R$ 605 milhões.

436 No entanto, a produção de produtos da sociobiodiversidade é ainda mais diversificada, tendo


437 outros produtos contemplados no Censo Agropecuário 2017 (embora numa periodicidade
438 decenal), que reúne dados de produção dos seguintes produtos: andiroba, bacaba, bacuri,
439 murici, murumuru, cupuaçu, jambu, ucuuba, pupunha, cajarana, tucumã. O valor de produção,
440 atualizado para 2020, desses produtos somou R$9,4 milhões.

441 O principal produto em termos de valor de produção é o açaí extrativo, contribuindo com a
442 produção de R$ 569 milhões, representando 93,2% da produção de produtos da
443 sociobiodiversidade, seguido da castanha-do-pará, com o valor de produção de R$ 20,8 milhões
444 (3,4%), e do palmito, que gerou em 2020 R$ 15 milhões (2,5%). A produção de açaí extrativo se
445 concentra majoritariamente na região de Tocantins, Marajó e Guamá, tendo 10 municípios
446 compondo 80% da produção do estado (Gráfico 1), entre os quais pode-se destacar Limoeiro do
447 Ajuru (30,2%), Oeiras do Pará (18,7%) e Mocajuba (5,8%) na região de Tocantins, Inhangapi
448 (5,5%) na região de Guamá, e Muaná (4,2%) na região de Marajó.

449 Gráfico 1 - Valor de produção de açaí extrativo no Pará em 2020


22

450

451 A produção de castanha-do-pará, por sua vez, é uma atividade que se distribui em quase todas
452 as regiões do estado. Entretanto, há um destaque na região do Baixo Amazonas, com geração
453 de R$ 12,3 milhões, representando 59% da produção do estado, seguido da região do Lago do
454 Tucuruí com R$ 1,7 milhões, Tocantins com R$ 1,6 milhões, e Xingu e Carajás, ambos com R$ 1,2
455 milhões. Com relação aos municípios, pode-se observar a predominância de Oriximiná (26%) e
456 Óbidos (21,9%), ambos no Baixo Amazonas.

457 Gráfico 2 - Valor de produção de castanha-do-pará no Pará em 2020

458
23

459 A extração de palmito, assim como a do açaí, se concentra na região de Tocantins, com a geração
460 de R$ 9 milhões, representando 60% da produção do estado, seguido de Marajó com R$5,4
461 milhões e Lago do Tucuruí com R$610 mil (Gráfico 3). O município de maior destaque na
462 extração de palmito é Cametá (42,3%), na região de Tocantins, enquanto Anajás (12,6%), Muaná
463 (10,3%) e São Sebastião da Boa Vista (6,8%), todos em Marajó, representam em conjunto quase
464 30% do total do estado.

465 Gráfico 3 - Valor de produção de palmito extrativo no Pará em 2020

466
467 Além desses três principais produtos que somam 99% da produção da sociobiodiversidade,
468 outros produtos mostram-se relevantes em termos de importância econômica e para as
469 indústrias alimentícia, de cosméticos e fármacos, tais como cumaru, pequi, bacuri, bacaba,
470 buriti, muruci, cupuaçu, copaíba, pupunha, andiroba, ucuúba, tucumã e murumuru. Assim, é
471 importante também a realização de investimentos regionalizados nessas cadeias de valor,
472 visando o fortalecimento das mesmas e a verticalização de processos de beneficiamento e
473 transformação, orientada a partir de tecnologias sociais que viabilizem a agregação de valor nos
474 territórios de produção e pelos produtores do setor do extrativismo. Tais investimentos
475 mostram-se fundamentais para viabilizar o aumento da renda gerada pelos produtores com a
476 comercialização, para obtenção de uma precificação justa dos produtos, assim como para a
477 autonomia produtiva e a redução de assimetria de poder de mercado entre os agentes da
478 sociobiodiversidade e o segmento industrial ou do consumidor comprador da matéria-prima.
24

479 Esses produtos encontram-se distribuídos em diferentes regiões de integração, sendo que as
480 regiões do Baixo Amazonas, Rio Caeté, Tocantins e Marajó somam a produção de R$12,6
481 milhões. A seguir são listados alguns desses produtos com seu valor de produção e as regiões
482 em que se concentram, e essas informações são ilustradas no Gráfico 4 abaixo.

483 ● Cumaru - R$ 2,4 milhões, sendo que a maioria da produção se encontra presente nas
484 regiões do Baixo Amazonas (78%) e Xingu (15%);
485 ● Pequi - R$ 1,7 milhão e concentra-se na região do Marajó (100%); bacuri - R$2,7 milhões
486 e ocorreu essencialmente na região do Rio Caeté (77%) e Guamá (12%) e Tocantins
487 (11%);
488 ● Bacaba - R$ 2,1 milhões que foram distribuídos nas regiões do Baixo Amazonas (38%),
489 Rio Caeté (26%) e Tocantins (28%);
490 ● Murici - R$ 1 milhão, estando concentrado em Guamá (84%);
491 ● Cupuaçu - R$ 947 mil e distribui-se na região Tocantins (29%), Rio Caeté (22%), Rio
492 Capim (20%) e Baixo Amazonas (10%);
493 ● Copaíba - R$ 432 mil, estando concentrada no Baixo Amazonas (63%), Xingu (23%) e
494 Tocantins (10%);
495 ● Andiroba - R$ 722 mil, sendo que produzida majoritariamente na região Tocantins (61%)
496 e Baixo Amazonas (18%);
497 ● Murumuru - R$ 93 mil, com produção concentrada em 89% em Marajó.

498 Gráfico 4 - Valor de produção de produtos da sociobiodiversidade por Região de Integração


499 no Pará em 2020

500
501 Fonte: PEVS e Censo Agropecuário 2017 (IBGE)
25

502 3.2.1.2 Cultivo

503 A produção em sistema de cultivo permanente ou temporário de determinados produtos da


504 sociobiodiversidade contribui para a expansão da produção e satisfação da demanda interna e
505 externa. O cultivo de açaí, por exemplo, vem crescendo de forma expressiva desde 2016 e em
506 2020 foi responsável por quase de 30% da produção do estado. Além do açaí cultivado, outros
507 produtos da sociobiodiversidade são relevantes, tais como:

508 ● Mandioca (R$ 2,2 bilhões);


509 ● Cacau (R$1,7 bilhão);
510 ● Abacaxi (R$ 551,7 milhões).
511 O cultivo de açaí concentra-se especialmente nas regiões de Tocantins (77%), Marajó (11%) e
512 Guamá (10%). Já a produção de cacau concentra-se na região de Xingu (85%) e de mandioca
513 distribui-se em diferentes regiões como Tocantins (27%), Baixo Amazonas (19%), Rio Caeté
514 (10%), enquanto a produção de abacaxi está concentrada na região do Araguaia (87%).

515 Gráfico 5 - Valor da produção de produtos florestais não madeireiros cultivados por Região de
516 Integração no Pará em 2020

517
518 Fonte: PAM (IBGE)

519 3.2.2 Produtos Florestais Madeireiros

520 A política estadual para produção e desenvolvimento da cadeia florestal no estado do Pará é
521 realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará
26

522 (IDEFLOR-Bio), responsável pela coordenação, planejamento e execução dos planos e


523 programas estaduais para a produção e o desenvolvimento da cadeia florestal, a partir da
524 publicação do Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF). A criação de florestas públicas
525 destinadas à exploração de madeira, tais como as Florestas Estaduais (FLOTA) e Florestas
526 Nacionais (FLONAS), visa a valorização dos recursos florestais por meio da concessão florestal
527 que permite o direito de explorar a madeira nativa pelo manejo florestal sustentável,
528 possibilitando que empresas concessionárias possam extrair produtos madeireiros em áreas
529 públicas sem que tenham que adquiri-las, conforme a Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei
530 Federal nº 11.284, de 2 de março de 2006).

531 No âmbito de governo do estado do Pará, a área total de Florestas Públicas de interesse para o
532 Plano de Outorga Florestal 2022 é de 7.982.650 hectares, distribuídas entre a FLOTA Paru, FLOTA
533 Trombetas, FLOTA Faro, FLOTA Ariri, Conjunto de Glebas Mamuru-Arapiuns e a Gleba Bacajaí. A
534 área total disponível para concessão florestal é de 1.232.865 hectares, sendo que a área
535 concedida pelo estado do Pará, com contratos ativos até o presente momento, é de 483.436 ha,
536 dos quais 150.958 ha estão situados no Conjunto de Glebas Mamuru-Arapiuns, referentes a 03
537 (três) contratos de concessão florestal, e 332.478 ha na FLOTA do Paru, distribuídos em 06 (seis)
538 contratos de concessão florestal (IDEFLOR- BIO, 2022).

539 Conforme previsto no PAOF 2022, destinou-se para concessão florestal no ano cerca de 185.512
540 hectares de florestas públicas estaduais, dos quais 49.206 hectares estão localizados na Flota do
541 Paru e 136.305,97 hectares no Conjunto de Glebas Mamuru Arapiuns, incluso neste último o
542 quantitativo de 33.999 hectares reservados para implantação do Centro de Treinamento
543 Florestal do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio, 2022). Importante ressaltar que uma grande parcela
544 das áreas de concessões está localizada na Região de Integração do Baixo Amazonas, nos
545 municípios de Santarém e Juriti, e na região de Tapajós, no município de Aveiro (IDEFLOR- BIO,
546 2022).

547 Em relação à produção madeireira, a extração de madeira no estado do Pará gerou R$ 967,6
548 milhões em 2020, representando 34% da produção nacional. Dessa produção, R$ 856 milhões
549 (87%) foi extração de madeira em tora (3,4 milhões m3), R$ 79,4 milhões (8%) de carvão vegetal
550 (72,3 mil m3), e R$ 42,2 milhões (4%) de lenha (1,6 milhões m 3). A distribuição da produção de
551 madeira em tora no território concentra-se nas regiões do Baixo Amazonas (43%), seguido do
552 Marajó (18%) e Tapajós (14%), o que coaduna com as áreas de concessão florestal.
27

553 Gráfico 6 - Valor da produção de produtos florestais madeireiros por Região de Integração no
554 Pará em 2020.

555
556 Fonte: PEVS (IBGE)

557 3.2.3 Pesca artesanal e aquicultura

558 O estado do Pará é o segundo maior estado no Brasil em número de pescadores registrados,
559 com 70.317 pescadores, sendo que desse total, 70.296 são artesanais, 17 industriais e 2
560 aprendizes (Registro Geral da Atividade Pesqueira - RGP, 2022). Entretanto, há uma grande
561 lacuna de estatística sobre a produção da pesca artesanal tanto no estado do Pará quanto a nível
562 federal, impossibilitando o conhecimento sobre a importância econômica dessa cadeia
563 produtiva. Diante da relevância da pesca artesanal para diversos grupos sociais no estado e da
564 importância de desenvolvimento de políticas direcionadas à valorização da cadeia produtiva, se
565 faz fundamental a construção de um sistema de coleta e sistematização de dados da cadeia de
566 valor das atividades pesqueiras no estado.

567 No que concerne a produção da atividade de aquicultura, é possível identificar a grande


568 variedade de produtos comercializados, a importância econômica por tipo de pescado e a
569 representatividade do estado a nível nacional. A atividade no estado do Pará gerou um valor de
570 produção de R$ 139,7 milhões em 2020, tendo como principal produto o Tambaqui, com a
571 geração de R$ 73,4 milhões (53% da produção do estado), seguido do Tambucu e Tambatinga
572 com a geração de R$ 34,3 milhões (25%). O Pirarucu gerou em torno de R$ 6 milhões (4,3%) e o
573 Pirapitinga R$ 4,98 milhões (3,6%). Apesar do elevado potencial produtivo, o estado do Pará
574 possui baixa representatividade na produção nacional da maioria dos tipos de produtos da
28

575 aquicultura, contribuindo com apenas 2% da produção nacional. Dentre os produtos que o
576 estado possui maior representatividade está o Pirapitinga, com 32% da produção nacional,
577 seguido do Pirarucu (23%) e o Tucunaré (19%). A produção de Tambaqui e de Tambacu e
578 Tabatinga em sistema de aquicultura representam apenas 9% e 10%, respectivamente, da
579 produção nacional.

580 A Região de Integração com maior importância de produção de aquicultura em 2020 foi Rio
581 Capim, com a geração de um valor de produção de R$ 40,8 milhões (29% da produção do
582 estado), seguida do Araguaia, com R$ 25,1 milhões (18%), e Carajás com a produção de R$ 19,4
583 milhões (14%). A RI do Rio Capim contribuiu com a maior parcela da produção de Tambaqui
584 (40%), de Pirarucu (30%), de Pirapitinga (53%) e de Tilápia (43%). Já a região do Araguaia
585 também contribuiu com grande parte do valor de produção do estado, em especial o Tambacu
586 e Tambatinga (28%), Pirarucu (23%), Pirapitinga (32%), Pintado, cachara, cachapira e pintachara,
587 surubim (62%), Pacu e Pintado (99%).

588 Gráfico 7 - Valor da produção da aquicultura por tipo de pescado e por Região de Integração
589 em 2020

590
591 Fonte: PPM (IBGE)

592 3.2.4 Exportação produtos de compatíveis com a floresta

593 Entre 2017 e 2019 as empresas sediadas na Amazônia exportaram 955 produtos diferentes, dos
594 quais 64 podem ser considerados “compatíveis com a floresta” e que renderam em média US$
595 298 milhões por ano no período. O Pará exporta 43 desses produtos e as empresas e
29

596 comunidades sediadas no estado faturam uma média de US$256 milhões por ano com essas
597 exportações20.

598 Entretanto, há potencial para que esses valores cresçam de maneira significativa. O valor
599 movimentado no mercado global pelo conjunto dos 64 produtos compatíveis com a floresta
600 exportados pela Amazônia é de US$ 176 bilhões por ano, enquanto o conjunto dos 43 produtos
601 exportados pelo Pará movimentam em média US$ 120 bilhões por ano. Ou seja, as exportações
602 do estado representam apenas 0,2% do mercado mundial, embora abrigue 7% das florestas
603 tropicais do planeta.

604 O principal produto é pimenta do reino, que representa 42% das exportações desse conjunto,
605 seguida pelos peixes de água marinha, como pargo e pescada amarela (13%) e o óleo de dendê
606 em bruto (11%). A pimenta do reino e o dendê são produtos importantes na pauta de exportação
607 do Pará e demandam atenção e políticas adequadas porém não fazem parte da bioeconomia
608 que o estado abraçou. Entretanto, a lista inclui produtos importantes da matriz produtiva do
609 estado e que são compatíveis com a bioeconomia que queremos como açaí, castanha, peixes
610 ornamentais, abacaxi, mangas, entre outros. Alguns produtos desse conjunto, tem mercados
611 globais multibilionários, como o cacau (US$14 bilhões), enquanto outros parecem menores, mas
612 também tem mercados expressivos como a castanha (US$360 milhões).

613 Além das exportações para o mercado internacional, deve-se reconhecer a importância também
614 do mercado nacional. O cacau, por exemplo, é um produto com pouca presença global e
615 praticamente toda a produção de do Pará (e do Brasil) é vendida no mercado doméstico. A
616 capacidade industrial de processamento do país, contudo, supera a oferta doméstica, fazendo
617 com que o produto seja importado para que as fábricas não fiquem ociosas.

618 O Gráfico 8 a seguir apresenta a evolução das exportações de produtos florestais não
619 madeireiros do estado ao longo da última década segundo dados do Sistema Nacional de
620 Informações Florestais (SNIF). Os óleos vegetais foram o principal produto na maior parte do
621 período, com exceção dos últimos dois anos, quando ficou atrás da castanha-do-pará. Contudo,
622 a ausência de registro sobre a quantidade e o valor exportado de produtos como o açaí e outros
623 produtos da sociobiodiversidade implica uma lacuna de dados sobre a importância da demanda
624 externa, o preço praticado, assim como a relevância do comércio internacional dessas cadeias

20
Coslovsky (2021) - Oportunidades para Exportação de Produtos Compatíveis com a Floresta
na Amazônia Brasileira
30

625 para a balança comercial do estado. Nesse contexto, o aprimoramento dos sistemas de registro
626 dos exportadores se mostra fundamental para o monitoramento da importância da
627 bioeconomia do estado.

628 Gráfico 8 - Valores de exportação de produtos florestais não madeireiros pelo Pará entre 2010
629 e 2019 (US$ 1.000 FOB)

630
631 Fonte: Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF)

632 Entre os produtos florestais madeireiros destacam-se os produtos de madeira perfilada e a


633 madeira serrada com valores relevantes e relativamente estáveis dentro do período. A celulose
634 (polpa de madeira) também contou com valores elevados, mas apresentou maior inconstância.
635 Dentro deste recorte temporal é possível observar dois momentos de tendências distintas, com
636 uma forte queda entre 2010 e 2013, seguida por um momento de leve tendência de alta nos
637 anos seguintes (Gráfico 9).

638 Gráfico 9 - Valores de exportação de produtos florestais madeireiros pelo Pará em entre 2010
639 e 2019 (US$ 1.000 FOB)
31

640
641 Fonte: Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF)

642 Pode-se perceber que em ambos os casos (produtos florestais madeireiros e não madeireiros),
643 as exportações do Pará ficam muito aquém do valor movimentado no mercado global, em um
644 nível incompatível com o seu potencial e a dimensão de sua área de floresta, de modo que há
645 de fato espaço para um crescimento considerável da bioeconomia baseada em produtos da
646 floresta.

647 3.3 Cobertura florestal por categoria territorial

648 O estado do Pará possui uma de área de 1.245.870 km 2, sendo 973.689 km2 de remanescentes
649 de vegetação nativa21, o que representa 78,2% de sua extensão territorial. Deste total,
650 aproximadamente 850 mil km2 (68,1%) encontram-se em territórios coletivos de Povos
651 Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais (PIQCT) e Unidades de Conservação (UC).
652 Cabe destacar que desse percentual, 31,2% da vegetação está em Terras Indígenas, 16% e 12,7%
653 em UCs de Uso Sustentável e Proteção Integral, respectivamente, enquanto 7,9% estão em
654 assentamentos e 0,5% em Territórios Quilombolas. Ao adicionarmos a cobertura vegetal da
655 agricultura familiar (3,6%), obtém-se 71,7% do total da cobertura vegetal do estado (Gráfico 10).

656 Gráfico 10 - Distribuição percentual da cobertura vegetal do Estado do Pará por território
657 coletivo, unidades de conservação e imóveis rurais em 2021

21
Considera-se remanescente de vegetação nativa a soma das formações florestais, campestres e
savânicas, primária e secundárias com no Map Biomas, 2021.
32

658

659 Em termos absolutos, as Terras Indígenas perfazem no estado do Pará uma área total de 30,68
660 milhões de hectares, sendo que 30,19 milhões de hectares possuem cobertura vegetal, o que
661 representa 98% de conservação desses territórios. Após as Terras Indígenas, os imóveis rurais
662 médios e grandes comportam a segunda maior área do território do estado do Pará, com 25,1
663 milhões de hectares, totalizando 41.962 imóveis rurais, sendo que apenas 56% de suas áreas
664 estão conservadas, contribuindo com 15,8 milhões de hectares de vegetação. As UC de uso
665 sustentável, são a terceira maior categoria de uso no território paraense, estando distribuídas
666 numa área total de 16,51 milhões de hectares, onde 15,62 milhões de hectares encontram-se
667 conservadas, isto, é 96%. As UC de Proteção Integral, por sua vez, garantem a conservação de
668 99% da área total. Dos territórios coletivos, os assentamentos são a quarta categoria com maior
669 extensão, porém, possui uma taxa de conservação de 53%, contribuindo de 7,6 milhões de
670 hectares. Os territórios quilombolas, embora sejam a menor categoria em extensão,
671 apresentam elevada taxa de conservação, com 84%, perfazendo 486,8 mil hectares de cobertura
672 vegetal. Os imóveis rurais da agricultura familiar, após os territórios quilombolas, são aqueles
673 com a segunda menor área do território do estado do Pará, perfazendo uma área total de 7,8
674 milhões de hectares, com 239.737 imóveis rurais, sendo que 33% de área é conservada.

675 Gráfico 11 - Presença e ausência de cobertura vegetal por categoria de uso da terra e
676 percentual de área conservada até 2021
33

677
678 As figuras a seguir apresentam os remanescentes florestais por categoria de uso trazendo maior
679 detalhamento da distribuição dos estoques florestais no território paraense, em particular, nas
680 regiões de integração.

681 3.3.1.1 Terras Indígenas

682 O estado do Pará possui aproximadamente 77 Terras Indígenas (TI) regularizadas (FEPIPA, 2016)
683 que contribuem para a conservação de 30,2 milhões de hectares de vegetação nativa,
684 representando 24% do território do estado. As TI estão concentradas majoritariamente nas
685 regiões do Baixo Amazonas (33%), do Xingu (32%), do Araguaia (20%) e Tapajós (12%),
686 perfazendo 97% da cobertura vegetal total das TI. Nessas áreas, o desmatamento não
687 ultrapassou 2% dos territórios indígenas. As demais regiões de integração, como Carajás, Lago
688 do Tucuruí e Rio Capim, comportam 1% da área das TI do estado.

689 Mapa 1 - Vegetação nativa em Terras Indígenas no estado do Pará


34

690

691 3.3.1.2 Unidades de Conservação

692 As Unidades de Conservação de Uso Sustentável (UC-US) e Proteção Integral (UC-PI), contribuem
693 com a conservação de 15,6 milhões de hectares e 12,4 milhões de hectares, respectivamente,
694 representando no total 22,5% do território do estado do Pará. As UC-US estão concentradas
695 majoritariamente nas regiões do Baixo Amazonas (44%), Tapajós (24%), Xingu (22%) e Marajó
696 (5%), perfazendo 95% da cobertura vegetal total nas UC-US. Dentre as categorias de UC-US estão
697 as Florestas Estaduais (FLOREST), com uma área de vegetação de 5,77 milhões de hectares de
698 vegetação (36,9%), seguidas pelas Florestas Nacionais (FLONAS), com 5,75 milhões de hectares
699 (36,8%), as Reservas Extrativistas (RESEX), com 4 milhões de hectares (25,7%), as Reservas de
700 Desenvolvimento Sustentável (RDS) com 86,8 mil hectares (0,6%), e as Reservas Particulares do
701 Patrimônio Natural (RPPN), com apenas 23 hectares (0,0001%).

702 As UC-PI estão concentradas majoritariamente nas regiões do Baixo Amazonas (47%), Xingu
703 (28%), Tapajós (18%), e Araguaia (4%), perfazendo 98% da cobertura vegetal total das UC-PI. As
704 UC PI distribuem-se entre a categoria de Estação Ecológica (ESEC), com 7,6 milhões de hectares
705 (62%), Parque Nacional (PARNA), com 2,8 milhões de hectares (23%), e Reserva Biológica
706 (REBIO), com 1,8 milhões de hectares (15%). As demais categorias como os Parques Estaduais
35

707 (PAREST), Parques Municipais, os Monumentos Naturais e as Reservas de Vida Silvestre (RVS),
708 somam 1% da cobertura vegetal das UC-PI.

709 As elevadas taxas de conservação das UC-US (98%) e das UC-PI (99%), demonstram a
710 importância dessas categorias para a conservação de estoques florestais e geração de serviços
711 ambientais. Uma vez que as FLOTA, FLONAS e RESEX representam 99,4% das UC-US e que o
712 manejo dos recursos naturais nessas UC ocorre de forma sustentável, comprova-se a relevância
713 em conciliar atividades econômicas de extrativismo sustentável com categorias de conservação
714 que respeitem os limites ecológicos, atendendo aos princípios de matriz produtiva da
715 bioeconomia.

716 Mapa 2 - Vegetação nativa nas Unidades de Conservação de Proteção Integral e Uso
717 Sustentável no estado do Pará

718

719 3.3.1.3 Assentamentos e territórios quilombolas

720 Em todo o estado, os assentamentos contribuem para a conservação de 7,5 milhões de hectares,
721 o que representa 6,1% do território do estado do Pará. A Região do Marajó concentra a maior
36

722 área de assentamentos rurais, contribuindo com 28% da cobertura vegetal dessa classe de
723 território. Somado ao Marajó, as regiões do Baixo Amazonas (26%) e Xingu (20%), somam 74%
724 da área de vegetação nos assentamentos do estado. As principais tipologias de assentamentos
725 são os Projeto de Assentamento Florestal (PA), com 2,9 milhões de hectares (38%), os projetos
726 especiais como o Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE), com 2,5 milhões de hectares
727 de vegetação (33%), e os Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS), com área de 1,5
728 milhões de hectares de vegetação (20%). O Projeto Estadual de Assentamento Agroextrativista
729 (PEAEX) e os Projetos Agrícolas de Colonização (PAC) contribuem com 3% cada, e os Projetos
730 Integrados de Colonização (PIC) com 2%. Os territórios quilombolas possuem menores áreas
731 demarcadas, mas possuem um índice médio de conservação de 84% e estão concentrados
732 majoritariamente nas regiões do Baixo Amazonas (61%), Tocantins (19%) e Marajó (18%). Os
733 territórios quilombolas contribuem para a conservação de 479 mil hectares, o que representa
734 0,5% da área total de cobertura vegetal do estado do Pará.

735 Mapa 3 - Vegetação nativa nos assentamentos e territórios quilombolas no estado do Pará

736

737 3.3.1.4 Imóveis rurais

738 O estado do Pará possui aproximadamente 41.962 imóveis rurais médios e grandes, que se
739 distribuem numa área de 25,1 milhões de hectares (20% do território do estado) e contribuem
37

740 para a conservação de 15,8 milhões de hectares de vegetação nativa. Os imóveis rurais médios
741 e grandes estão concentrados majoritariamente nas regiões do Araguaia (26%), do Rio Capim
742 (15%), do Marajó (13%), Baixo Amazonas (10%) e Tapajós (10%). O desmatamento acumulado
743 nos imóveis rurais médios e grandes representa 48% de suas áreas, que varia entre regiões.
744 Observa-se que a região do Araguaia possui 62% da área desmatada, o Rio Capim 53% e Marajó
745 8%, sendo que esta última região constitui aquela com maior taxa de conservação, a saber, 92%.

746 Mapa 4 - Vegetação nativa nos imóveis rurais médios e grandes no estado do Pará

747

748 Os imóveis rurais pequenos somam em torno de 239.737 estabelecimentos rurais e se


749 distribuem numa área de 7,8 milhões de hectares (6% do território do estado), contribuindo
750 para a conservação de 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa. Os imóveis rurais pequenos
751 estão concentrados majoritariamente nas regiões do Xingu (20%), do Baixo Amazonas (15%), do
752 Araguaia (13%), do Tapajós (10%). O desmatamento acumulado nos imóveis rurais pequenos
753 representa 67% de suas áreas, que varia entre regiões, sendo 65% na região do Xingu, 40% no
754 Baixo Amazonas, 74% no Araguaia e 58% no Tapajós.
38

755 Mapa 5 - Vegetação nativa nos pequenos imóveis (até 4 módulos fiscais) rurais no estado do
756 Pará

757

758 Conforme mencionado, os territórios de uso coletivo dos PIQCTs, assim como as unidades de
759 conservação de uso sustentável, caracterizam-se por garantir a presença de um modo de viver
760 cujas atividades produtivas e econômicas são compatíveis com a presença de floresta, logo,
761 devem ser direcionadas ações no PlanBio que incentivem e fomentem uma economia baseada
762 em produtos florestais madeireiros e não madeireiros nos referidos territórios. Tal diagnóstico
763 aponta as áreas de interesse do PlanBio para proteção das florestas, por categoria de uso, de
764 modo a orientar as políticas de conservação e valorização da floresta em pé com a remuneração
765 de serviços ambientais e o desenvolvimento da matriz produtiva da bioeconomia.

766 3.4 Passivo florestal do estado

767 No estado do Pará, a área total de imóveis rurais cadastrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR)
768 somou 26,9 milhões de hectares (Observatório do Código Florestal, 2022). Conforme os dados
39

769 do Termômetro do Código Florestal22, as áreas de passivo ambiental de Áreas de Preservação


770 Permanente (APP) e Reserva Legal (RL) no estado somam 2,28 milhões de hectares, sendo que
771 2,01 milhões de hectares de Reserva Legal e 266,16 mil hectares em APP. Do total de passivo de
772 vegetação em RL, 69% encontram-se em imóveis rurais grandes e 31% em imóveis rurais médios.
773 Do total de passivo em APP, 64% encontram-se em imóveis rurais grandes, 28% em médios e
774 apenas 8% em imóveis rurais pequenos.

775 Identifica-se que apenas dezoito municípios perfazem o total de 70% do passivo florestal em RL
776 e APP do estado do Pará, e que muitos municípios apresentam elevado passivo para os dois
777 casos, o que demonstra que a irregularidade ambiental se encontra localizada em propriedades
778 rurais com ambas as características, ausência de vegetação nas áreas de proteção como RL e
779 APP. Dentre os municípios com maiores áreas de passivos florestal em RL, que somam 43% e
780 situando-se com prioridade muito alta, estão Cumaru do Norte contribuindo com 9% do passivo
781 do estado do Pará, seguido de Santana do Araguaia com 8%, São Félix do Xingu com 7%, Santa
782 Maria das Barreiras com 7%, Água Azul do Norte com 5%, Xinguara com 4% e Marabá com 4%.
783 Ou seja, os imóveis rurais médios e grandes localizados nesses sete municípios concentram 43%
784 de todo o passivo florestal de RL do estado, enquanto os demais dez municípios concentram
785 30% de todo o passivo florestal em RL, conforme apresentando no Gráfico 12.

786 Gráfico 12 - Área de Reserva Legal (RL) com passivo florestal em imóveis rurais médios e
787 grandes e contribuição percentual dos principais municípios com passivo no passivo total de
788 RL do estado do Pará

22
O Termômetro do Código Florestal é uma plataforma que disponibiliza dados sobre o estágio atual da
implementação dos principais instrumentos do Código Florestal, tais como o avanço no Cadastro
Ambiental Rural (CAR) e a consolidação dos Programas de Regularização Ambiental (PRA). Acessado em:
http://termometroflorestal.org.br/
40

789
790 Fonte: Elaborado a partir do Observatório do Código Florestal. Acessado em: Junho, 2022

791 Os municípios com maiores áreas de passivo de vegetação nativa em APP são comuns àqueles
792 com passivo em RL, com São Félix do Xingu representando 13% do passivo de vegetação em
793 APP, seguido de Cumaru do Norte com 8% e Santa Maria das Barreiras com 7%. Os imóveis rurais
794 médios e grandes são aqueles com maiores áreas de passivo em APP, somando uma área de
795 244,3 mil hectares, e os imóveis rurais pequenos contendo uma área de passivo de apenas 21,8
796 mil hectares.

797 Gráfico 13 - Área de Preservação Permanente (APP) com passivo florestal em imóveis rurais
798 pequenos, médios e grandes e contribuição percentual dos principais municípios com passivo
799 no passivo total de APP do estado do Pará

800
801 Fonte: Elaborado a partir do Observatório do Código Florestal. Acessado em: Junho, 2022
41

802 Da área total dos imóveis rurais no estado, 40,6% são utilizados com pastagem plantada em
803 boas condições, 6,8% com pastagem natural, 3,7% com pastagem plantada em más condições,
804 3,1% com lavoura temporária, 2,7% com lavoura permanente e apenas 1,9% possuem sistemas
805 agroflorestais (SAF) e área cultivada com espécies florestais, lavoura e pastoreio por animais
806 (IBGE, 2017). A área total cujo uso econômico da terra ocorre através de processos de SAF é de
807 apenas 532.424 hectares, sendo que desse total 52% encontram-se em imóveis rurais pequenos
808 de agricultura familiar e 48% em imóveis rurais médios e grandes.

809 As Soluções baseadas na Natureza compreendem ações de restauração e regeneração dos


810 ecossistemas como parte da economia circular, tais como sistemas agroflorestais (SAF) que
811 constituem práticas que contribuem para a recuperação do solo e a diversificação produtiva,
812 alinhadas ao conceito de matriz produtiva da bioeconomia. Considerando a baixa participação
813 de SAF na área total utilizada para fins agropecuários, aponta-se para a importância de
814 ampliação das áreas de SAF e sua participação no uso da terra do estado do Pará.

815 No estado do Pará, a implementação de ações de fomento agroflorestal é definida pela Instrução
816 Normativa nº 1, de 10 de janeiro de 2018, que institui o Projeto de Restauração Florestal através
817 de Sistemas Agroflorestais (PROSAF) de competência do IDEFLOR-Bio. O PROSAF visa o
818 estabelecimento de um conjunto de medidas para a promoção efetiva da recuperação das áreas
819 entropicamente alteradas em propriedade de agricultores familiares do Pará.

820 O Gráfico 14 a seguir apresenta as áreas totais com uso de SAF em imóveis rurais pequenos de
821 agricultura familiar e imóveis rurais médios e grandes, e suas respectivas participações por
822 região. A RI com maiores áreas de SAF é o Araguaia, com 89.487 hectares, sendo que nessa
823 região os SAF se concentram em 83% em imóveis rurais médios e grandes e apenas 17% em
824 imóveis rurais pequenos. Após o Araguaia, a região do Xingu possui uma área de 77.685
825 hectares, distribuído e 65% em IR médios e grandes e 35% IR pequenos. A região do Baixo
826 Amazonas somou uma área de 72.326 hectares, sendo que 61% em IR pequenos da agricultura
827 familiar e 39% em IR médios e grandes.

828 Gráfico 14 - Área total e percentual da área total de Sistemas Agroflorestais em imóveis rurais
829 médios e grandes e pequenos por Região de Integração no Pará em 2017
42

830
831 Fonte: Censo Agropecuário 2017 (IBGE)

832 3.5 Emissões de gases estufa

833 Entre 2015 e 2020 o Pará foi o estado brasileiro que mais emitiu gases de efeito estufa (GEE),
834 representando, 19% das emissões nacionais totais em 2020 (SEEG, 2022). Neste período, desde
835 2017 observa-se um aumento anual de emissões do estado, especialmente no setor de
836 mudanças do uso da terra e florestas devido ao desmatamento. Para esse setor, o estado do
837 Pará representou 35% das emissões nacionais, em 2020. Ainda que diversos setores tenham
838 contribuído para tal resultado, este foi o mais significativo em todo o período, seguido do setor
839 agropecuário, segundo maior emissor em tal cenário estadual.

840 Gráfico 15 - Emissão de Gases do Efeito Estufa no Pará entre 2010 e 2020

841
842 Fonte: SEEG (2022)
43

843 Em 2020 a emissão bruta paraense somou aproximadamente 417 milhões de tCO2e, tendo a
844 mudança no uso da terra contribuído com 85% das emissões, enquanto o setor agropecuário foi
845 responsável por 11,5%. No setor de mudança no uso da terra e florestas as emissões derivam
846 principalmente de alterações no uso do solo. Já no setor agropecuário a principal fonte emissora
847 é fermentação entérica da pecuária (78%), seguida do manejo do solo (18,9%) e do manejo de
848 dejetos de animais (3%). Em menores proporções de emissão encontram-se os setores de
849 energia (2,6%), resíduos (0,8%) e processos industriais (0,2%).

850 Considerando o objetivo central do Plano Estadual Amazônia Agora, de tornar o Pará um estado
851 com emissões líquidas zero (ELZ) no setor de uso da terra e florestas a partir de 2036 (além das
852 metas intermediárias de 37% de redução até 2030 e de 43% até 2035), espera-se que a sua
853 implementação contribua para uma redução significativa das emissões do estado, visto que são
854 provenientes majoritariamente deste setor. Neste sentido, o PlanBio deverá contribuir para o
855 alcance dessas metas a partir de duas frentes: o desmatamento evitado, uma vez que a floresta
856 em pé passa a ter importante valoração econômica (para além das políticas de PSA em vias de
857 desenvolvimento) e a restauração dos ecossistemas, seja através da silvicultura ou de Sistemas
858 Agroflorestais. A quantificação desta contribuição deve fazer parte de estudo complementar e
859 específico, por exemplo, através da valorização das cadeias produtivas de produtos florestais.

Potencial do patrimônio cultural e genético do estado

O Pará possui um grande potencial para impulsionar o modelo de desenvolvimento


socioeconômico de baixo carbono utilizando o seu patrimônio cultural e genético de modo
sustentável e com repartição justa de benefícios. O patrimônio cultural do estado está
presente no Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial com os “Modos de Fazer Cuias
do Baixo Amazonas”, o “Círio de Nossa Senhora de Nazaré”, as “Festividades do Glorioso São
Sebastião na Região do Marajó” e o “Carimbó”. Além disso, o Pará conta com três Indicações
Geográficas, que reconhecem a singularidade de um produto ou processo, associado ao
território onde este saber fazer se desenvolve, sendo elas o cacau de Tomé-Açu, o queijo do
Marajó e a farinha de mandioca de Bragança.

Com relação ao patrimônio genético, quase 10% das atividades de acesso e remessa
registradas no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento
Tradicional Associado (SisGen) têm Pará como a origem do PG utilizado na pesquisa e/ou
desenvolvimento tecnológico, sendo a maior parte dos registros relativos a flora (56%) e
fauna (26%). De maneira semelhante, cerca de 9% dos registros de produtos acabados no
SisGen informaram Pará como a unidade de origem do PG utilizado no produto.
44

O Pará tem uma grande relevância tanto com relação ao patrimônio cultural quanto ao
patrimônio genético, mas ainda há um grande potencial a ser aproveitado, que depende de
maiores incentivos à pesquisa e desenvolvimento, possibilitando a identificação e registro dos
produtos, assim como mecanismos de valorização e repartição de benefícios do
conhecimento tradicional associado.

A Lei da Biodiversidade (Lei nº 13.123/2015) e seus regulamentos contam com instrumentos


já implementados que oferecem mecanismos para se obter financiamento complementar
para as atividades de pesquisa, desenvolvimento, conservação e uso sustentável da
biodiversidade, beneficiando instituições estaduais de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico, além de ONGs, organizações de povos indígenas, quilombolas, comunidades
tradicionais e agricultores familiares. A lei estabelece duas modalidades de repartição de
benefícios, podendo ser monetária ou não monetária.

Na repartição monetária a empresa deve depositar o valor devido no Fundo de Repartição de


Benefícios, criado pela lei, enquanto a modalidade não monetária deve acontecer por meio
de “projetos para conservação ou uso sustentável de biodiversidade ou para proteção e
manutenção de conhecimentos, inovações ou práticas de populações indígenas, de
comunidades tradicionais ou de agricultores tradicionais”.

No caso da modalidade não monetária, em particular, o PlanBio propõe a criação de um banco


paraense de oportunidades para acessar os recursos financeiros e tecnológicos da repartição
de benefícios, os quais poderiam complementar o financiamento das atividades da
bioeconomia, de conservação e de uso sustentável.

860

4 Desafios da infraestrutura e logística para bioeconomia

861 Alcançar as potencialidades da bioeconomia na região amazônica depende da superação de


862 carências de infraestruturas básicas que limitam, por exemplo, a agregação de valor aos
863 produtos, o acesso a mercados domésticos e internacionais, bem como o desenvolvimento
864 humano. Entretanto, os grandes empreendimentos de infraestrutura e logística na Amazônia
865 tem um grande impacto sobre o uso e ocupação do solo de maneira direta e indireta. Um
866 exemplo é a construção de usinas hidrelétricas, que podem gerar um grande fluxo migratório
867 para a região, que irá alterar significativamente o espaço. Portanto, é fundamental pensar a
868 superação dessas carências de maneira coerente com a visão presente nas políticas do estado
869 para o desenvolvimento sustentável.

870 As lacunas da infraestrutura e logística no estado perpassam diferentes setores, tais como os
871 transportes, o saneamento, o acesso à energia elétrica e internet, e a habitação. O estado conta
45

872 com mais de 400 mil pessoas sem acesso à eletricidade (mais de 5% da população do estado),
873 além de ter parte significativa de povos indígenas, quilombolas, assentados rurais e habitantes
874 de unidades de conservação desta condição. Com relação à internet, em 2019 73% dos
875 domicílios paraenses contavam com acesso e apenas 24,5% dos domicílios possuíam
876 computador ou tablet (PNAD Contínua, 2019). Dentre os domicílios que utilizam internet, o
877 acesso via telefone móvel é majoritário, o que representa um acesso com menor potencial, se
878 comparado ao uso de internet por meio de tablets ou computadores, por onde é possível realizar
879 uma gama maior de atividades.

880 Os indicadores relacionados ao saneamento no Pará encontram-se abaixo da média nacional,


881 incluindo o acesso à rede de água (47,5% no Pará contra 84% no Brasil), coleta de esgoto de
882 (7,7% contra 55%) e tratamento de esgoto de (10% contra 51%) (SNIS, 2020). Além disso, o
883 déficit habitacional também constitui uma grande carência para o estado e a região Norte como
884 um todo. Uma pesquisa da Fundação João Pinheiro mostrou que a região Norte apresentava,
885 em 2019, déficit habitacional de cerca de 720 mil moradias (12,2% do total nacional), sendo o
886 estado do Pará responsável por quase metade desse número, alcançando um déficit de mais de
887 350 mil moradias.

888 Fica evidente, portanto, a necessidade de políticas que ofereçam condições para a atração de
889 recursos financeiros para o financiamento de uma infraestrutura para a região, bem como para
890 o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis na região e geração de riqueza para as
891 comunidades locais. A carência de acesso a serviços infraestrutura foram apontadas como
892 entraves durante as oficinas de construção do Plano de Bioeconomia. Além de surgirem como
893 questões estruturantes, a falta desses serviços impede o desenvolvimento de atividades (ex.: o
894 processamento de produtos da sociobiodiversidade), a colocação de produtos no mercado
895 (dificuldade de comercialização pela internet), o atendimento de regras sanitárias, além da
896 própria dificuldade de escoamento dos produtos devido às condições de transporte e
897 armazenamento, o que eleva os custos e faz com que produtores fiquem dependentes de
898 intermediários.

899 A infraestrutura necessária para o desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis na


900 Amazônia podem ser divididas em dois tipos (WWF, 2022):

901 ● Infraestrutura pesada ou física: trata de aspectos importantes para que as cadeias
902 produtivas possam se instalar e se desenvolver na Amazônia, com necessidade de
903 investimentos em:
46

904 - transporte e logística (por exemplo, barcos com câmara fria para transporte de produtos
905 perecíveis, como açaí e pirarucu);
906 - acesso à energia elétrica (como uso de painéis solares em regiões isoladas);
907 - telecomunicações (por exemplo, acesso à internet de qualidade);
908 - saneamento (como estações de tratamento de água para beneficiamento dos
909 produtos);
910 - agroindústria (maquinário para o beneficiamento de produtos da sociobiodiversidade).
911
912 ● Infraestrutura leve ou intangível: trata de aspectos relacionados ao ambiente de negócios
913 para que as cadeias produtivas se tornem viáveis economicamente e se mantenham
914 competitivas, tais como investimentos em apoio para:
915 - pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para atividades baseadas no
916 extrativismo;
917 - aumento da taxa de bancarização da população local, de maneira a aumentar a
918 integração dos produtores locais ao mercado formal e reduzir os custos de transação;
919 - desenvolvimento de capacidades técnicas e gerenciais (como assistência técnica para
920 manejo sustentável);
921 - acesso a capital de giro (como criação de fundo rotativo em cooperativas para
922 financiamento de capital de giro a produtores/extrativistas);
923 - apoio técnico e financeiro para certificação de produtos.
924

925 Em linha com o que foi exposto, cabe mencionar o eixo 4 do Plano de Recuperação Verde da
926 Amazônia Legal (PRV), que aborda a importância de projetos em saneamento básico e
927 despoluição dos rios, conectividade e inclusão digital, energia renovável, habitação social,
928 mobilidade urbana, transporte intermunicipal e interestadual sustentável, serviços de cuidados,
929 além de infraestrutura de turismo verde. Esse pilar do PRV consiste em pensar uma estratégia
930 de desenvolvimento a partir do conceito de infraestrutura verde, ou seja, a infraestrutura
931 necessária para conectar e dar suporte a um projeto mais amplo de economia verde.

932 A infraestrutura verde compatibiliza o objetivo de redução da emissão de carbono com formas
933 existentes de organização do espaço. Trata-se de investimentos que sustentam benefícios
934 ambientais, sociais e econômicos por meio de soluções naturais, e contrasta com a chamada
935 “infraestrutura cinza”, prevenindo seus danos materiais (enchentes, deslizamentos, estiagem,
936 poluição, alto consumo de energia) e promovendo melhorias nas condições de vida da
937 população local, recuperação da qualidade do ar, acesso e criação de espaço de lazer verdes,
938 geração de novos empregos e valorização do turismo local, dentre outros.

5 Processo de construção do Plano Estadual de Bioeconomia


47

939 A elaboração do Plano de Bioeconomia do Pará foi ancorada na metodologia de planejamento


940 da Teoria da Mudança, a qual consiste em um arcabouço de ferramentas que busca ordenar e
941 mapear objetivos, etapas e ações de determinada política pública ou programa de intervenção.
942 A Teoria da Mudança apoia a definição de objetivos de longo prazo de uma determinada
943 iniciativa, ao mesmo tempo em que permite identificar as pequenas metas a serem atingidas
944 durante o caminho para que esse objetivo se concretize, e é especialmente atrativa para
945 projetos colaborativos que contam com interesses de diferentes stakeholders. A ferramenta
946 possibilita que as decisões sobre as mudanças sejam organizadas de forma coletiva. A aplicação
947 desta metodologia se estruturou a partir de quatro passos23:

948 ● Envolvimento de diversos stakeholders no processo,


949 ● Estudo e diagnóstico participativo sobre os problemas a serem solucionados,
950 ● Estabelecimento de objetivos a longo prazo
951 ● Estabelecimento de métricas de avaliação

952 A elaboração do Plano também se baseou na construção de Árvores de Problemas, ferramenta


953 de mapeamento de problemas centrais, causas e consequências sobre os quais a intervenção
954 busca atuar, inserida no âmbito da Teoria da Mudança. Foram propostas três diferentes árvores
955 de problemas baseadas nos eixos da Estratégia Estadual de Bioeconomia do estado:

956 1. Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação;


957 2. Patrimônio Cultural e Patrimônio Genético;
958 3. Cadeias produtivas e Negócios Sustentáveis.

959 O envolvimento dos stakeholders no processo de elaboração do PlanBio se iniciou por meio da
960 solenidade de instalação do GT para elaboração do PlanBio (GT-PlanBio)24. O GT-PlanBio é
961 composto por representantes do governo, setor privado, academia, ongs e por povos indígenas,
962 quilombolas e comunidades tradicionais. Em seguida à sua instalação, foram realizadas duas
963 rodadas de oficinas do GT, com o objetivo de identificar problemas e causas relacionadas à
964 bioeconomia no estado e propor ações para superá-los, tais ações foram apresentadas ao
965 governo como subsídio à elaboração do Plano de Ações do PlanBio. Essas rodadas de oficinas
966 ocorreram nos meses de maio e junho em Belém. Sendo que a terceira oficina do GT-PlanBio
967 está marcada para ocorrer no dia 29 de setembro, quando se fará a devolutiva das ações
968 incorporadas ao Plano. Além disso, está ocorrendo uma série de oficinas etnorregionais nas

23
Brandão 2019
24
Disponível em https://www.semas.pa.gov.br/wp-content/uploads/2021/12/RESULTADO-DEFINITIVO-
GTPEB.pdf
48

969 cidades de Belém (16 e 17/9), Marabá (19 e 20/9), Santarém (4 e 5/10) e Altamira (13 e 14/10),
970 atendendo a uma demanda dos PIQCTs para que as discussões sobre o Plano fossem feitas em
971 diferentes territórios, de modo a envolver um maior número de lideranças na construção do
972 Plano e ampliar a escuta do governo, para que as ações do governo se aproximem ao máximo
973 das realidades e das demandas dos PIQCTs. Por fim, o texto base/minuta do PlanBio está sendo
974 disponibilizado para uma consulta pública eletrônica entre 22 de setembro e 17 outubro para
975 que toda a sociedade possa contribuir para sua versão final.

976 Na primeira rodada, realizada de 23 a 27 de maio, foi organizado um dia para cada um dos
977 setores com o objetivo de identificar de forma separada quais os problemas e causas de cada
978 um, além de proporcionar um espaço mais adequado para que os representantes pudessem
979 expor suas visões. Ao final dessa primeira rodada todas as contribuições recebidas foram
980 sistematizadas em um documento único e foi elaborada uma versão inicial das árvores de
981 problemas para os três eixos definidos pela Estratégia e que serviram de base para a segunda
982 rodada.

983 A segunda rodada de oficinas, realizada entre os dias 27 de junho e 01 de julho em Belém, foi
984 dividida em duas etapas: a primeira foi dedicada exclusivamente a representantes das
985 secretarias do estado ao longo de dois dias; já a segunda contou com a participação de todos os
986 setores que compõem o GT-PlanBio. Em ambos os casos a dinâmica proposta buscou aprimorar
987 as árvores de problemas elaboradas a partir da primeira rodada de oficinas e propor ações para
988 superá-las. No caso das propostas de ações, as o trabalho partiu de uma lista prévia de ações
989 contidas no documento da Estratégia, as quais foram avaliadas se deveriam ser mantidas,
990 alteradas ou excluídas, além da inclusão de novas ações, tendo em vista os problemas e causas
991 levantados.

992 A terceira rodada de oficinas será composta de um único encontro com todos os integrantes do
993 GT-PlanBio, a realizar-se no dia 29 de setembro, para apresentação e discussão da versão do
994 PlanBio e de seu Plano de Ações que foram disponibilizados para consulta pública eletrônica.
995 Durante o encontro os representantes poderão fazer novas contribuições que serão avaliadas e
996 incorporadas à versão final do PlanBio.

997 O passo relacionado aos estudos e diagnósticos participativos sobre os problemas a serem
998 solucionados se iniciou com uma revisão de diversos documentos de referência a partir dos
999 quais foram levantados os principais problemas e causas relacionados à bioeconomia no estado.
49

1000 Uma versão preliminar das árvores de problemas foi elaborada a partir desse levantamento, a
1001 qual contribuiu também para a consolidação dos resultados obtidos na primeira rodada de
1002 oficinas. Além disso, foram realizadas entrevistas online com diversos stakeholders dos
1003 diferentes setores também como forma de identificar os problemas e causas. De certa forma
1004 essas entrevistas contribuíram também para que esses stakeholders, que viriam a participar das
1005 oficinas, começassem a se integrar no processo de elaboração do PlanBio.

1006 O estabelecimento dos objetivos de longo prazo também foi feito de forma participativa com os
1007 stakeholders. Com a construção das árvores de problemas foi possível identificar o problema
1008 central de cada um dos eixos, a partir dos quais pode-se estabelecer o objetivo central de cada
1009 um. Os problemas identificados ao eixo “Pesquisa desenvolvimento e inovação” se sintetizam
1010 em baixo desenvolvimento científico e tecnológico relacionado à biodiversidade amazônica para
1011 desenvolvimento de soluções baseadas na natureza. Para o eixo “Patrimônio Cultural e
1012 Patrimônio Genético”, os problemas foram relacionados principalmente à precária aplicação das
1013 normas de acesso e repartição de benefícios da Lei 13.123/2015 e perda de oportunidades
1014 econômicas, de pesquisa, de conservação e de salvaguardas para Povos Indígenas, Quilombolas
1015 e Comunidades Tradicionais. Já para o eixo “Cadeias produtivas e negócios sustentáveis”
1016 enfrenta como problema geral baixo desenvolvimento das cadeias de produtos da bioeconomia
1017 e de negócios sustentáveis.

1018 Uma proposta inicial foi feita com base nos resultados da primeira rodada de oficinas, qual foi
1019 refinada durante a segunda rodada, resultando nos seguintes objetivos:

1020 ● Eixo 1 – Pesquisa, desenvolvimento e inovação:

1021 o Promover e aplicar o conhecimento científico e a pesquisa tecnológica para a


1022 valorização e produção de inovações, de forma inclusiva e com benefícios sociais,
1023 econômicos e ambientais integrados;

1024 o Identificar e mapear o conhecimento sobre a bioeconomia Paraense, contido nas


1025 diversas instituições de pesquisa do Estado, a fim de incentivar a pesquisa aplicada, e
1026 transformá-la em novas tecnologias, capacitações e ferramentas capazes de garantir a
1027 melhoria da produção local.

1028 ● Eixo 2 – Patrimônio cultural e patrimônio genético:


50

1029 o Reconhecer as práticas tradicionais, protegê-las e valorizá-las, integrando à política de


1030 desenvolvimento socioeconômico de baixas emissões do Estado do Pará, com
1031 salvaguardas socioambientais e garantias ao patrimônio genético associado ao
1032 conhecimento tradicional e a biodiversidade;

1033 o Garantir direitos às populações locais e de PIQCT&AF, oportunizar alternativas


1034 sustentáveis de desenvolvimento, capacitações e integridade socioambiental.

1035 ● Eixo 3 – Cadeias produtivas e negócios sustentáveis:

1036 o Valorizar os bioprodutos da biodiversidade do território, de forma a agregar


1037 especificidades da região aos produtos locais, através de certificações, proteção de
1038 cultivares, identificação geográfica, dentre outras estratégias de agregação de valor;

1039 o Investir no estabelecimento de ambientes de investimentos atrativos as cadeias


1040 produtivas e aos novos negócios da sociobiodiversidade, fortalecendo e verticalizando
1041 a produção, com geração de desenvolvimento local, emprego e renda e distribuição
1042 dos benefícios de forma justa e equitativa.

1043 Além da definição dos objetivos de longo prazo a partir dos problemas centrais, a definição das
1044 ações a serem propostas pelo Plano se baseou nos principais temas presentes nas causas
1045 apontadas pelos participantes. Para o eixo “Pesquisa desenvolvimento e inovação” apontou-se
1046 a existência de problemas relacionados ao baixo resultado prático de pesquisas realizadas, com
1047 difícil materialização de soluções para a bioeconomia e a população em geral. Soma-se a isso a
1048 complexidade social do meio rural, com baixo acesso a equipamentos e baixa capacitação para
1049 aplicar conhecimentos específicos. A falta de integração de iniciativas de pesquisa existentes e
1050 que poderiam ser mais bem aproveitadas é também um fator a ser enfrentado. Além disso, há
1051 uma necessidade de integrar saberes tradicionais ao científico para novos ciclos de inovação, e
1052 de ampliar de forma adequada a divulgação de resultados alcançados, possibilitando maior
1053 acessibilidade para as comunidades e para o público em geral. Questões relacionadas ao baixo
1054 orçamento e investimento em pesquisa para cadeias da sociobiodiversidade foram apontadas
1055 também como problemas deste eixo, levando ao desconhecimento do acervo biológico
1056 existente e de seu potencial produtivo.

1057 Com relação ao eixo “Patrimônio Cultural e Patrimônio Genético”, identificou-se como
1058 problemas a falta de sistematização e legitimação dos conhecimentos tradicionais, por vezes
51

1059 apropriados por outros atores sem o devido reconhecimento, levando a perda de protagonismo
1060 dos PIQCT e violação de direitos previstos. Além disso, foram citadas dificuldades na
1061 implementação de políticas públicas que deem suporte para as comunidades tradicionais devido
1062 à inexistência de dados georreferenciados que subsidiem as ações das secretarias. A falta de
1063 conhecimento sistematizado acerca da biodiversidade presente na floresta, assim como
1064 apontado no eixo 1, foi recorrente também neste eixo. O baixo reconhecimento e valorização
1065 do patrimônio genético e conhecimento tradicional associado somado à falta de segurança e
1066 burocracia no processo de seus acessos, bem como a pouca transparência na repartição de
1067 benefícios e falta de autonomia dos PIQCTs nas cadeias de valor são problemáticas que devem
1068 ser superadas.

1069 O eixo “Cadeias Produtivas e Negócios Sustentáveis” foi o que esteve associado à maior
1070 quantidade de problemas, entre os quais pode-se destacar: a carência de assistência técnica e
1071 extensão rural (ATER) e também a necessidade de uma assistência técnica específica para atores
1072 da sociobioeconomia; a dificuldade de acesso a mercado por parte desses atores por motivos
1073 diversos, que incluem tanto problemas de logística e transporte quanto a falta de infraestrutura
1074 e acesso à internet; além da falta de linhas de crédito específica para as cadeias de produtos da
1075 sociobiodiversidade. Outros problemas apontados incluem falta de apoio do setor público, não
1076 exclusivamente o estadual, para as cadeias produtivas e negócios sustentáveis, aspectos
1077 burocráticos e faltas de incentivos econômicos como política fiscal e industrial, além da ausência
1078 de incentivos para o associativismo e cooperativismo, causando desorganização e fragilização
1079 das organizações para o cumprimento de requerimentos legais para acesso aos mercados. Em
1080 termos de produção, foi apontado neste eixo, também, o desalinhamento de expectativas do
1081 mercado com PIQCTs em decorrência das exigências de produção, incompatíveis com a extração
1082 e com a floresta em pé e com a atual capacidade técnica e acesso a equipamentos. Problemas
1083 como dificuldade de precificação adequada e justa pelos PIQCTS, além da estruturação e
1084 regularização das comunidades para certificar os produtos da biodiversidade, de forma a
1085 adequá-los às exigências sanitárias e de qualidade para que possam ser comercializados em
1086 mercados nacionais e internacionais foram indicados. Como consequência, observam-se
1087 condições assimétricas de produção com mercados tradicionais em termos de incentivos,
1088 subsídios e investimentos em tecnologia e inovação.

1089 Por fim, o estabelecimento de métricas de avaliação se deu a partir da proposta de ações.
1090 Durante a segunda rodada de oficinas foi solicitado aos participantes que preenchessem uma
52

1091 matriz inicial com as ações necessárias, além de indicadores, metas, prazos e instituições
1092 responsáveis. Esta matriz foi aprimorada a partir da consolidação dos resultados da segunda
1093 rodada e uma nova versão foi enviada às secretarias do estado para que pudessem fazer
1094 contribuições para o que viria a compor a versão final do Plano de Ações.

1095 Portanto, durante todo o processo de elaboração do PlanBio buscou-se envolver stakeholders
1096 dos diferentes setores, seja durante a etapa de diagnóstico participativo, seja durante a
1097 definição das ações que viriam a ser incluídas no Plano. Este processo participativo se iniciou na
1098 própria criação do GT-PlanBio, cuja composição foi feita através de edital público, e continuou
1099 através das rodadas de oficinas, reuniões bilaterais com as secretarias do estado, e com as
1100 oficinas etnorregionais nos municípios polo de Altamira, Belém, Marabá e Santarém.

6 Proposta de priorização de áreas de atuação do PlanBio

1101 Conforme apresentado na seção de diagnóstico, as dimensões territoriais do estado, assim


1102 como as diferenças regionais acerca das atividades produtivas, implicações econômicas e
1103 socioambientais, exigem que seja realizada uma estratégia de priorização regional para
1104 execução das ações do PlanBio que dialogue com a vocação e/ou oportunidades a serem
1105 alavancadas para o alcance dos objetivos e impactos estabelecidos pela Estratégia Estadual de
1106 Bioeconomia.

1107 Para tal, realizou-se uma matriz multicritério em duas etapas. A primeira consiste na
1108 identificação dos critérios que contribuem para o cumprimento e atendimento dos resultados e
1109 impactos esperados da Estratégia. A segunda etapa busca estabelecer níveis de priorização por
1110 critério, definidos como, baixa, média, alta e muito alta.

1111 Para que o PlanBio possa, de forma eficiente, executar suas ações para atingir seus resultados e
1112 impactos, estamos propondo o cruzamento de seis critérios que visam orientar a
1113 territorialização do Plano em diferentes graus de priorização. A aplicação conjunta desses
1114 critérios tem por objetivo identificar os territórios prioritários da bioeconomia que poderão
1115 estar associados à atuação em diferentes níveis, seja em âmbito municipal ou em unidades
1116 territoriais, como assentamentos, terras indígenas, unidades de conservação e/ou imóveis
1117 rurais, visando a instituição de uma matriz produtiva baseada na floresta em pé, na geração de
1118 renda a partir das cadeias produtivas da sociobiodiversidade e dos serviços ambientais, no
1119 incentivo à prevenção e combate ao desmatamento e na realização da restauração florestal.
53

1120 6.1 Critério 1 - Municípios de importância econômica na produção dos produtos extrativos
1121 da Sociobiodiversidade

1122 Para garantir a geração de renda com a conservação da floresta em pé, se faz necessário adotar
1123 ações voltadas ao fortalecimento das cadeias dos produtos extrativos da sociobiodiversidade
1124 tais como capacitação e assistência técnica, acesso a crédito para investimento em tecnologias
1125 sociais e equipamentos que possibilite a verticalização da cadeia, incentivo ao associativismo e
1126 cooperativismo, instrumentos econômicos de remuneração pelos serviços ambientais
1127 embutidos nos produtos, investimento em infraestrutura para acesso à transporte, energia e
1128 internet. Tal priorização visa indicar essencialmente em quais localidades devem ocorrer os
1129 esforços da ação do PlanBio para cada cadeia de produção.

1130 Considerando a diversidade de produtos da sociobiodiversidade e sua distribuição não uniforme


1131 no território paraense, propõem-se a priorização das cadeias de maior relevância econômica
1132 para o estado e com diversificação de uso industrial, tais como alimentício, fármaco e cosmético:
1133 açaí, castanha-do-pará, palmito, buriti, copaíba, cumaru, pequi (amêndoa), andiroba, bacaba,
1134 bacuri, cupuaçu, murici, murumuru, pupunha e tucumã.

1135 Para realização do grau de priorização municipal por cadeia, será realizado o cálculo da
1136 participação do valor de produção de cada produto por município em relação ao valor de
1137 produção total do estado, indicando então os municípios que apresentam as mais relevantes
1138 participações do valor de produção do estado, assim como aqueles de menor relevância
1139 econômica. Para tal, vamos utilizar os dados da produção municipal da Pesquisa de Produção de
1140 Extração Vegetal e Silvicultura (PEVS) e do Censo Agropecuário 2017 do IBGE. Pretende-se
1141 adotar quatro níveis de priorização:

1142 i) Em ordem decrescente dos percentuais do valor de produção, os municípios com


1143 participações que somam 60% da produção, são aqueles considerados de atuação de
1144 prioridade muito alta;
1145 ii) Em ordem decrescente dos percentuais do valor de produção, os municípios com
1146 participações que somam 20% da produção, são aqueles considerados de atuação de
1147 prioridade alta, totalizando a representatividade de 80% da produção do estado;
1148 iii) Em ordem decrescente dos percentuais do valor de produção, os municípios com
1149 participações que somam 10% da produção, são aqueles considerados de atuação de
1150 prioridade média, totalizando a representatividade de 90% da produção do estado;
54

1151 iv) Em ordem decrescente dos percentuais do valor de produção, os municípios com
1152 participações que somam 10% da produção, são aqueles considerados de atuação de
1153 prioridade baixa, totalizando a representatividade de 100% da produção do estado;
1154 v) Municípios sem nenhum registro de produção.
1155 6.2 Critério 2 - Municípios de importância econômica na produção de produtos cultivados
1156 da biodiversidade

1157 A produção de produtos da biodiversidade em sistemas de cultivo vem apresentando constante


1158 expansão no estado do Pará, como é o caso do açaí cultivado e do cacau. Um dos riscos
1159 associados a tal expansão consiste em se consolidar sistemas de monocultivo que gerem
1160 intensificação do uso da terra, aumento de demanda por insumos agroquímicos, perda de
1161 biodiversidade e desmatamento para aproveitamento econômico da terra, ou ainda, o
1162 deslocamento das atividades de áreas já abertas para outras áreas de floresta nativa
1163 empurrando assim desmatamento. Ademais, outro impacto potencial de tais sistemas, consiste
1164 na redução drástica de preços em decorrência do aumento da oferta e da competitividade,
1165 impactando sobremaneira a renda dos produtores agroextrativista. Nesse sentido, a proposta
1166 de priorização, a partir da identificação dos municípios com maior relevância na produção
1167 desses produtos, visa orientar as ações do PlanBio voltadas ao incentivo da diversificação
1168 produtiva em sistemas de cultivo de produtos da biodiversidade, por exemplo, através do
1169 fortalecimento de Sistemas Agroflorestais e Agroecológicos.

1170 Dentre os produtos cultivados da biodiversidade considerados na análise de priorização estão:


1171 abacaxi, açaí, cacau, mandioca, urucum e mel. Para o cálculo da priorização e definição dos níveis
1172 de priorização, iremos adotar a mesma metodologia do critério 1. No entanto, utilizando como
1173 fontes a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) e da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), essa última
1174 para obtenção de dados de produção de mel.

1175 6.3 Critério 3 - Índice de Desenvolvimento Humano

1176 Embora o estado do Pará possua importantes áreas de conservação da floresta e contribua na
1177 geração de serviços ambientais para o território paraense e para o mundo, as populações
1178 carecem de investimento em serviços públicos e em infraestrutura, o que implica baixos Índices
1179 de Desenvolvimento Humano (IDH) e indicadores sociais de elevada vulnerabilidade social. Para
1180 realização do grau de priorização social a partir do IDH, pretende-se adotar os dados do Censo
1181 Demográfico 2010 (IBGE) por município, aplicando os seguintes níveis de priorização:
55

1182 i) Municípios com IDH abaixo de 0,550 são considerados de atuação de prioridade muito alta.
1183 ii) Municípios com IDH de 0,550 a 0,699 são considerados de atuação de prioridade alta.
1184 iii) Municípios com IDH de 0,700 a 0,799 são considerados de atuação de prioridade média.
1185 iv) Municípios com IDH acima de 0,800 são considerados de atuação de prioridade baixa

1186 6.4 Critério 4 - Conservação da floresta em territórios de PIQCT&UC-US

1187 Os territórios coletivos dos PIQCT e as Unidades de Conservação de Uso Sustentável


1188 (PIQCT&UCUS) possuem populações com práticas de produção agroextrativista e um modo de
1189 viver compatível com a manutenção e conservação da floresta em pé, conforme foi apresentado
1190 no diagnóstico desse PlanBio.

1191 Para o grau de priorização das ações sobre os territórios coletivos e unidades de conservação
1192 pretende-se calcular a participação da área total dos territórios de PIQCT&UCUS por município
1193 em relação à área total do município, a partir da base de dados Unidades territoriais 2019 (TNC,
1194 2020) e, em seguida, aplicar uma ponderação da área do município em relação ao estado.

1195 Pretende-se adotar quatro níveis de priorização:

1196 i) Os municípios que possuem mais de 70% de sua área territorial com a presença de
1197 territórios de PIQCT&UCUS.
1198 ii) Os municípios que possuem de 50% a 70% de sua área territorial com a presença de
1199 territórios de PIQCT&UCUS.
1200 iii) Os municípios que possuem de 20% a 50% de sua área territorial com a presença de
1201 territórios de PIQCT&UCUS.
1202 iv) Os municípios que possuem até 20% de sua área territorial com a presença de territórios
1203 de PIQCT&UCUS.

1204 6.5 Critério 5 - Floresta em áreas excedentes de Reserva Legal de Imóveis Rurais com
1205 pressão por desmatamento

1206 Os excedentes florestais de Reserva Legal (RL) são ativos florestais de grande importância para
1207 conservação de estoques de carbono e proteção da biodiversidade passíveis de geração de fluxo
1208 de renda de grande montante, logo, são reservas de ativos fundamentais para a bioeconomia
1209 do estado do Pará. Embora estas áreas gerem serviços ambientais, as mesmas estão sujeitas à
1210 supressão de vegetação legal. Considerando a crescente pressão internacional pela
1211 rastreabilidade de produtos com produção agropecuária livre de desmatamento, as áreas de
1212 excedente de RL com grande pressão de desmatamento requerem instrumentos de governança
56

1213 e econômicos que orientem os agentes econômicos à mudança de comportamento, levando-os


1214 à manutenção do excedente florestal para além do cumprimento legal.

1215 Para realização do grau de priorização dessas ações, pretende-se adotar dois subcritérios, quais
1216 sejam, a participação da área de excedente florestal de RL por município em relação à área total
1217 de excedente de RL do estado do Pará, e a participação da área de desmatamento acumulado
1218 até 2021 do município em relação à área total de desmatamento acumulado do estado do Pará.
1219 Para tal, iremos utilizar a base de dados do Termômetro do Código Florestal (Observatório do
1220 Código Florestal, acessado em junho, 2022) e os dados de desmatamento do Prodes (INPE).

1221 Pretende-se adotar quatro níveis de priorização:

1222 i) Em ordem decrescente, os municípios que possuem imóveis rurais que representam de
1223 forma acumulada até 40% da área de excedente de RL do estado do Pará e uma
1224 participação de até 50% do desmatamento acumulado do estado do Pará, são
1225 considerados de atuação de prioridade muito alta.
1226 ii) Em ordem decrescente, os municípios que possuem imóveis rurais que representam de
1227 forma acumulada de 40% a 70% da área de excedente de RL do estado do Pará e uma
1228 participação de 50 a 60% do desmatamento acumulado do estado do Pará, são
1229 considerados de atuação de prioridade alta.
1230 iii) Em ordem decrescente, os municípios que possuem imóveis rurais que representam de
1231 forma acumulada de 70% a 90% da área de excedente de RL do estado do Pará e que
1232 possuem uma participação de 60% a 80% do desmatamento acumulado do estado do
1233 Pará, são considerados de atuação de prioridade média.
1234 iv) Em ordem decrescente, os municípios que possuem imóveis rurais que representam de
1235 forma acumulada de 90% a 100% da área de excedente de RL do estado do Pará e que
1236 possuem uma participação de 80% a 100% do desmatamento acumulado do estado do
1237 Pará, são considerados de atuação de prioridade baixa.

1238 6.6 Critério 6 - Áreas com passivo de APP e RL com potencial de restauração

1239 Recuperar as funções ecológicas relacionadas à biodiversidade e à regulação hídrica, controle


1240 de erosão e conservação de rios e nascentes, a recuperação das áreas desmatadas em Reserva
1241 Legal (RL) e Áreas de Preservação Permanente (APP) constitui uma estratégia de ação
1242 fundamental para compor o PlanBio. Nesse contexto, ações voltadas à regularização ambiental
1243 através de restauração florestal, tais como recuperação via Sistemas Agroflorestais ou
1244 Agroecológicas, ou mesmo a restauração ecológica, são possibilidades que se inserem com
1245 finalidade de aproveitamento econômico, cuja implantação promoverá a geração de emprego e
57

1246 renda local, além de contribuir com a remoção de carbono da atmosfera, somando-se assim aos
1247 objetivos do Pará de tornar-se um estado carbono neutro até 2036.

1248 Para o grau de priorização municipal dessas ações, iremos considerar a participação dos
1249 municípios em termos de área de passivo de RL e APP em relação à área total de passivo de RL
1250 e APP do estado do Pará. Pretende-se adotar quatro níveis de priorização:

1251 i) Em ordem decrescente, os municípios que possuem imóveis rurais que representam de
1252 forma acumulada até 40% da área de passivo de RL e APP são considerados de atuação
1253 de prioridade muito alta.
1254 ii) Em ordem decrescente, os municípios que possuem imóveis rurais que representam de
1255 forma acumulada de 40% a 70% da área de passivo de RL e APP do estado do Pará são
1256 considerados de atuação de prioridade alta.
1257 iii) Em ordem decrescente, os municípios que possuem imóveis rurais que representam de
1258 forma acumulada de 70% a 90% da área de passivo de RL e APP do estado do Pará são
1259 considerados de atuação de prioridade média.
1260 iv) Em ordem decrescente, os municípios que possuem imóveis rurais que representam de
1261 forma acumulada de 90% a 100% da área de passivo de RL e APP do são considerados de
1262 atuação de prioridade baixa.

1263 A adoção desses critérios objetivos de maneira conjunta a partir de fontes de informação oficiais
1264 e mensuráveis, como apresentados anteriormente, permitirá a criação de um mapa de
1265 territórios prioritários conforme seu potencial de catalisar e alavancar as transformações
1266 almejadas pelo PlanBio, assim como apoiará os processos de monitoramento, avaliação, reporte
1267 e revisão periódica necessários ao contínuo processo de aprimoramento do Plano.

7 Financiamento e instrumentos econômico-financeiros

1268 Visando a sustentabilidade financeira do Plano Estadual de Bioeconomia, uma série de


1269 instrumentos e mecanismos econômico-financeiros merecem destaque como de factível
1270 atuação na implementação das ações destacadas nos eixos de pesquisa, desenvolvimento e
1271 inovação, patrimônio cultural e patrimônio genético, e cadeias produtivas e negócios
1272 sustentáveis. Iniciativas público-privadas ganham especial destaque frente à construção de um
1273 ecossistema de financiamento inovador, já em desenvolvimento no estado do Pará e que possui
1274 ampla sinergia com o fomento e desenvolvimento da bioeconomia no âmbito das ações
1275 destacadas no PlanBio.
58

1276 Dentre ações do eixo de pesquisa, desenvolvimento e inovação cabe ressaltar para além das
1277 alternativas do financiamento público federal, a relevância e importância dos crescentes
1278 investimentos empenhados pela FAPESPA para destinação de recursos majoritariamente para
1279 concessão de bolsas de pesquisa. Entre janeiro de 2022 e setembro de 2022, a FAPESPA
1280 desembolsou mais de R$26 milhões de reais em amparo a pesquisa, montante cerca de 1,7x
1281 mais expressivo quando comparado ao mesmo período em 2019 e cerca de 2,1x maior quando
1282 comparado ao mesmo período em 2018. Tais dados indicam um expressivo investimento em
1283 pesquisa, desenvolvimento e inovação desembolsado pela FAPESPA nos últimos 4 anos.

1284 Entretanto, há ainda uma ampla necessidade de destinação de recursos para pesquisa e
1285 desenvolvimento, principalmente para iniciativas prioritárias do eixo de bioeconomia que
1286 valorizem o patrimônio cultural e patrimônio genético. Cabe notar a importância e relevância
1287 de atores privados dedicados ao setor e a oportunidade de angariar fundos em iniciativas
1288 público-privadas. Iniciativas como o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), na Amazônia
1289 Ocidental, que conta em seus primeiros três anos de operação com R$30 milhões aportados em
1290 26 projetos por decorrência do apoio de 24 empresas investidoras e o Centro de Formação dos
1291 Povos da Floresta, no Acre, podem servir de inspiração para construção de um programa de
1292 financiamento público-privado destinado a pesquisa e desenvolvimento da bioeconomia da
1293 sociobiodiversidade no estado do Pará.

1294 Fomentar o acesso a investimentos em cadeias produtivas e negócios sustentáveis para


1295 produtores locais de modo a estabelecer ou adaptar o acesso a linhas de crédito elaboradas com
1296 o foco na peculiaridade de culturas da bioeconomia, como sistemas agroflorestais, é um esforço
1297 contínuo. A linha de crédito Banpará-Bio visa ser uma alternativa de financiamento para
1298 produtores da bioeconomia por contar com solicitações de documental flexível, podendo ser
1299 financiado, entre outros, a regularização ambiental da propriedade solicitante através de
1300 sistemas agroflorestais, exploração extrativista ecologicamente sustentável, recomposição e
1301 manutenção de áreas de proteção permanente, reserva legal e recuperação de áreas
1302 degradadas e o plantio de espécies florestais nativas do bioma para o enriquecimento da
1303 cobertura florestal. Ao longo do ano, a linha Banpará-Bio tem sido uma solução disponível no
1304 mercado principalmente de recursos de investimento para sistemas agroflorestais por contar
1305 com um limite de financiamento de R$200 mil e incluir, dentre seu público-alvo financiável,
1306 cooperativas de produtores. A linha de crédito é operada pelo Banpará, banco com agências
1307 espalhadas por todo o território paraense. Além disso, a linha conta com um fundo garantidor
59

1308 de R$40 milhões gerido pela SEMAS que tem por objetivo cobrir as necessidades de garantia de
1309 solicitantes que não possuem garantia física tendo como grupos prioritários de atendimento
1310 povos e comunidades tradicionais, mulheres e agricultores familiares.

1311 Similar à linha de crédito Banpará-Bio, produtores da bioeconomia também tem acesso às linhas
1312 de crédito Pronaf ABC+ Floresta, Pronaf ABC+ Bioeconomia e Pronaf ABC+ Agroecologia, que
1313 têm por finalidade financiar atividades referentes a sistemas agroflorestais, exploração
1314 extrativista ecologicamente sustentável, recomposição e manutenção de áreas de proteção
1315 permanente, reserva legal e recuperação de áreas degradadas e o plantio de espécies florestais
1316 nativas do bioma para o enriquecimento da cobertura florestal. A linha de crédito do Pronaf
1317 Floresta é acessível pelo Banco da Amazônia e conta com um limite de financiamento de até
1318 R$60 mil, porém com um grande período de carência e largo prazo para pagamento variando
1319 entre 8 e 12 anos de período de carência, a depender do enquadramento de beneficiários, e 12
1320 a 20 anos de prazo para pagamento.

1321 Finalmente, para projetos que exijam capital catalítico, sem a necessidade de reembolso, o
1322 financiamento através do Fundo da Amazônia Oriental (FAO)25 é hoje no estado a maior
1323 alternativa. O Fundo da Amazônia Oriental é um veículo gerido por uma entidade privada,
1324 atualmente o Funbio, porém com a finalidade pública de prover o financiamento de longo prazo
1325 aos objetivos do Plano Estadual Amazônia Agora. O FAO é um veículo de investimento público-
1326 privado para suprir uma lacuna institucional: receber, administrar e desembolsar recursos
1327 públicos e privados para projetos e iniciativas relacionadas aos outros três pilares estratégicos.
1328 Exemplos de investimentos incluem: (i) fomento de cadeias de valor de baixo carbono (por
1329 exemplo, bioeconomia e pecuária sustentável); (ii) fortalecer a capacidade do estado de
1330 processar dados fundiários e ambientais com o uso de tecnologia inovadora; e (iii) os principais
1331 investimentos em infraestrutura verde necessários para liberar o potencial da bioeconomia da
1332 Amazônia.

1333 Atuando hoje como um fundo de primeiro piso com projetos finais, há uma oportunidade de
1334 atuação do FAO como um fundo de segundo piso, destinando recursos a fundos comunitários
1335 liderados por povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, podendo ser uma
1336 solução para um mecanismo de repartição de benefício robusto e intermédio de esquemas de
1337 Pagamentos por Serviços Ambientais atrelados a pagamentos por resultados em desmatamento

25
Fundo da Amazônia Oriental - https://www.semas.pa.gov.br/legislacao/normas/view/1953
60

1338 evitado e incremento de biomassa através das atividades de restauração. Alguns exemplos de
1339 fundos comunitários são o Fundo Podáali, Fundo Dema, Fundo Indígena do Rio Negro, Fundo
1340 Puxirum, Fundo Babaçu, entre outros. Tais fundos, podem ser uma alternativa de financiamento,
1341 por si, para produtores da sociobiodiversidade, tendo em vista que os mesmos podem captar
1342 recursos de doações e, no caso do Fundo Dema, gerir recursos fiduciários que promovem a
1343 autonomia na alocação em projetos por parte de suas organizações gestoras.

8 Salvaguardas

1344 O sucesso do Plano Estadual de Bioeconomia do Pará depende da gestão de riscos em sua
1345 execução e da definição de salvaguardas. Neste sentido, descrevem-se a seguir riscos e medidas
1346 mitigadoras a serem consideradas ao longo do processo de implementação do PlanBio, sendo
1347 que algumas já estão sendo consideradas e até implementadas na própria elaboração do Plano.
1348 Os riscos identificados para execução do PlanBio foram divididos em cinco grupos, os quais
1349 visam agregar adversidades inerentes à implementação de uma política pública. Além disso,
1350 estes foram classificados em relação ao seu potencial impacto (baixo, médio e alto), e para os
1351 quais foram propostas salvaguardas com o objetivo não só de mitigá-los como também de
1352 potencializar os impactos positivos que a implantação do PlanBio possa alcançar ao longo sua
1353 implementação resguardando sua eficiência e o alcance de seus objetivos.

1354 A síntese dos riscos e salvaguardas apresentada a seguir representa uma proposta inicial do
1355 setor público quanto as medidas iniciais a serem implantadas com foco no PlanBio,
1356 considerando as ações previstas até este momento de sua elaboração, sem prejuízo de novas
1357 medidas consideradas necessárias ao longo de seu processo de elaboração e/ou revisões
1358 periódicas.

1359 Tabela 3 - Síntese dos riscos do PlanBio

Grupo Relação Nível

Governança, coordenação e compromisso político


Riscos de engajamento Baixo
para com o Plano

Harmonia entre desenho, implementação de ações


Riscos de adequação Intermediário
e os objetivos acordados no Plano
61

Eventuais efeitos socioambientais adversos


Riscos socioambientais Intermediário
resultantes da implementação do Plano

Riscos de provisão de
Provisão dos meios para a sua consecução Alto
recursos

Riscos de gênero e
Protagonismo de jovens e mulheres Alto
intergeracional

1360

1361 a) Riscos de engajamento

1362 O sucesso de qualquer política pública passa pela liderança e engajamento dos agentes públicos
1363 tomadores de decisão e pela materialização do seu compromisso e vontade política. O
1364 descompasso das distintas instâncias do governo com o Plano, que pode ser expresso pelo baixo
1365 engajamento de suas instâncias decisórias, falta de monitoramento, baixa execução, falta de
1366 priorização e não-adesão pelos órgãos de governo (secretarias, departamentos etc.), poderia
1367 representar um risco aos objetivos estabelecidos, ainda que as ações previstas sejam adequadas
1368 aos públicos beneficiários e que recursos humanos, materiais e financeiros estejam disponíveis.
1369 Para isso faz-se necessário uma coordenação política e técnica.

1370 Salvaguardas

1371 ● Objetivos, resultados, ações e metas do Plano Estadual de Bioeconomia, incluindo suas
1372 revisões, adotados como parte integrante dos planos de governo e seus relatórios de
1373 execução periódica;

1374 ● Ações propostas no PlanBio com orçamento previsto no Plano Plurianual a partir do PPA
1375 2024-2027 e revisões com investimentos associados monitoráveis, mensuráveis e
1376 verificáveis;

1377 ● Equipes, responsabilidades e fluxos para o monitoramento, avaliação e gestão de risco


1378 periódica da implementação do PlanBio, em especial do processo de governança
1379 participativa estabelecidos;

1380 ● Redes de intercâmbio e assistência estabelecidas entre as secretarias para melhor execução
1381 do PlanBio;
62

1382 ● Equipe de liderança e agentes públicos responsáveis pela execução do PlanBio estabelecida
1383 e capacitada, incluindo servidores de carreira, com formação para atuação em matéria
1384 envolvendo sensibilidade cultural, resolução de conflitos, promoção da equidade de
1385 gênero, raça e etnia.

1386 b) Risco de adequação

1387 É possível que as ações previstas no plano não atendam às expectativas e reivindicações,
1388 gerando baixa adesão e desinteresse dos públicos beneficiários. Ainda que exista compromisso
1389 público com a agenda, e que sejam mobilizados os recursos humanos, orçamentário e de
1390 infraestrutura necessários, se as ações previstas no PlanBio não estiverem alinhadas à realidade,
1391 demandas e expectativas de seu público-alvo, há riscos de uma baixa efetividade e de não
1392 alcançarem os objetivos desejados.

1393 Salvaguardas

1394 ● Governança participativa, paritária e transparente dos processos de tomada de decisão do


1395 PlanBio (implementação, monitoramento, avaliação, gestão de risco e revisão periódica)
1396 estabelecida, com participação das diferentes partes interessadas, de forma integrada às
1397 demais instâncias de governança do Sistema Estadual de Mudanças Climáticas;

1398 ● Tornar o GTPlanBio um mecanismo de governança participativa para monitoramento,


1399 avaliação e gestão de risco periódico da implementação do plano.

1400 ● Mecanismo de monitoramento e consulta permanente do PlanBio estabelecido com vistas


1401 ao aprimoramento de sua implementação, provendo um canal direto de comunicação
1402 entre tomadores de decisão, gestores, servidores e seu público beneficiário,
1403 particularmente e de modo apropriado, com PIQCTS e AFs - garantindo a participação de
1404 mulheres e jovens;

1405 ● Mecanismo de resolução de queixas referente à implantação do PlanBio implementado de


1406 forma integrada ao Sistema Estadual de Mudanças Climáticas com informações
1407 disponibilizadas em linguagem clara e adequada às diferentes partes interessadas.

1408 c) Riscos socioambientais

1409 Impactos socioambientais adversos podem surgir em decorrência da implementação do plano.


1410 Segundo a Estratégia Estadual de Bioeconomia, “devido aos grandes mercados paraenses, as
63

1411 comunidades tradicionais do estado e o meio ambiente ficam muito suscetíveis ao contexto
1412 econômico e político destes mercados estratégicos. Logo, o crescimento atual da economia
1413 estadual traz externalidades, que se refletem no desmatamento e na poluição dos recursos
1414 ambientais e hídricos, e afetam diretamente as populações locais”.

1415 Uma vez que o PlanBio aborda ações visando promover a proteção, o uso sustentável e a
1416 repartição de benefícios resultantes do patrimônio genético e cultural paraense e de suas
1417 coletividades (Eixo 2 da Estratégia), neste incluídos os conhecimentos tradicionais associados ao
1418 patrimônio genético (CTA), convém considerar os riscos à deterioração do referido patrimônio
1419 cultural resultantes de atividades estimuladas por este plano.

1420 Também, há o risco potencial de apropriação indevida de CTA, seu uso sem o devido
1421 consentimento livre, esclarecido e prévio, bem como sua exploração sem o estabelecimento de
1422 termos mutuamente acordados com os povos e comunidades que os detêm, na forma da Lei nº
1423 13.123 de 2015, que regula o acesso e a repartição de benefícios oriundos da utilização do
1424 patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado.

1425 Nesse sentido, convém recordar que o CTA integra o patrimônio cultural brasileiro (Art.
1426 8/Capítulo III - Lei 13.123 de 2015), e, portanto, é passível de proteção por meio dos
1427 instrumentos listados na Constituição Federal (Art. 216), entre outros que venham a ser
1428 identificados e instituídos, como o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), do
1429 Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), instituído pelo Decreto Federal
1430 nº 3.551, de 4 de agosto de 2000. Segundo o IPHAN, a promoção da salvaguarda de bens
1431 culturais imateriais deve ocorrer por meio do apoio às condições materiais que propiciam a
1432 existência desses bens e pela ampliação do acesso aos benefícios gerados por essa preservação,
1433 e com a criação de mecanismos de proteção efetiva dos bens culturais imateriais em situação
1434 de risco.

1435 Salvaguardas

1436 ● Consolidação de um robusto arcabouço legislativo26 voltado mitigação dos riscos


1437 socioambientais associados à sua transição para uma economia de baixo carbono e que se

26
Política Estadual sobre Mudanças Climáticas (PEMC); Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA); Programa
Territórios Sustentáveis, podem ser mencionados como os principais.
64

1438 somam a outros, inclusive em nível federal e internacional, que podem reforçar as medidas
1439 de mitigação aqui identificadas e outras que se avizinhem;

1440 ● Sistema de Informações sobre Salvaguardas Socioambientais estabelecido e integrado ao


1441 Sistema Estadual de Mudanças Climáticas e seus instrumentos, com informações
1442 disponibilizadas em formato acessível à todas as partes interessadas, incluindo PIQCT e AF;

1443 ● Mecanismos de rastreabilidade e certificação público privados estabelecidos;

1444
1445 d) Riscos de provisão de recursos

1446 A falta ou a mobilização insuficiente de recursos humanos, recursos materiais (carência de


1447 infraestrutura apropriada, inclusive digital, emprego de logística ineficiente) e recursos
1448 financeiros (orçamentários, doação e de outras fontes) para a implementação dos objetivos do
1449 PlanBio ameaçam seu sucesso.

1450 Desta forma, para além da existência de compromisso e coordenação política, ações
1451 sintonizadas e adequadas ao público beneficiário, é imprescindível que o Plano conte com
1452 recursos específicos, apropriados, permanentes e destinados efetivamente para o alcance de
1453 seus objetivos, sendo a garantia destes recursos uma busca permanente para a administração
1454 pública em sua função de executora da política pública.

1455 Salvaguardas

1456 ● Recursos iniciais para as ações do Plano em 2023, identificados e destinados via LOA,
1457 tomando como base as ações e programas já existentes no PPA em vigor - em especial
1458 aquelas já identificadas na seção deste documento que trata do diagnóstico da
1459 bioeconomia no estado;

1460 ● Programa temático específico no PPA 2024-2027 com ações voltadas a implementar o
1461 plano instituído ou objetivos e ações incorporadas de modo transversal nos demais
1462 programas temáticos do PPA, estabelecendo indexadores adequados para o
1463 acompanhamento transparente dos investimentos públicos na implementação do PlanBio;

1464 ● Implementar núcleo na administração estadual para:

1465 o Captar recursos financeiros (fontes orçamentárias e não orçamentárias) voltadas a


1466 instituir mecanismo permanente de financiamento do Plano;
65

1467 o Apoiar os esforços do Estado em acessar as oportunidades de financiamento


1468 extraorçamentário para ações, iniciativas, projetos e atividades de bioeconomia no Pará
1469 decorrentes da Lei 13.123 de 2015, particularmente, o acesso a recursos financeiros na
1470 forma de projetos de repartição de benefícios não-monetários ou diretamente do Fundo
1471 Nacional de Repartição de Benefícios; e

1472 o Apoiar os esforços do Estado em acessar as oportunidades oferecidas por instrumentos


1473 internacionais no âmbito da UNFCCC e da CDB, particularmente as decorrentes da
1474 ratificação do Protocolo de Nagoya, tais como treinamentos, cooperação técnica,
1475 transferência de tecnologias e acesso a financiamento para atividades no âmbito deste
1476 plano que se enquadrem entre as elegíveis para tanto.

1477 ● Estratégia de comunicação, sensibilização e divulgação do PlanBio e sua implementação


1478 visando a sua difusão e conhecimento juntos diferentes setores envolvidos com especial
1479 atenção às estratégias de alcance junto aos seus beneficiários.

1480 e) Riscos de gênero e intergeracional

1481 A Política Estadual de Mudanças Climáticas prevê em seu artigo 4° “XVI - implementação de
1482 ações que promovam a equidade de gênero e a participação de jovens nos processos de
1483 implementação desta Política, com a adoção de medidas e instrumentos para o monitoramento
1484 e avaliação dos avanços alcançados nos diferentes níveis”, enquanto o Plano Estadual Amazônia
1485 Agora estabelece em seu Art. 6º que buscará a concretização dos Objetivos do Desenvolvimento
1486 Sustentável (ODS) em ambiente rural, especialmente, considerando entre outros ODS a
1487 Igualdade de gênero (ODS-5). Estas diretrizes demonstram de forma geral a sensibilidade quanto
1488 a relevância dos temas associados a gênero e juventude no âmbito das políticas públicas
1489 estaduais, ao mesmo passo que exigem a construção de espaços de gestão e governança que
1490 apoiem a sua concretização efetiva gerando impactos positivos para a população.

1491 Todo plano que se pretende como política de estado deve levar em conta a necessidade de
1492 envolvimento e protagonismo de jovens e mulheres, não só por uma questão de justiça e
1493 equidade, mas por conta do papel estratégico dessas coletividades para o sucesso de modelos
1494 econômicos baseados na natureza. As juventudes (15-29 anos) representam 23% da população,
1495 contabilizando mais de 47 milhões de pessoas (IBGE, 2020). O estado do Pará possui o 7º maior
1496 contingente de juventudes do Brasil (Atlas da Juventude, 2021). O envolvimento qualificado e
1497 protagonista das juventudes na implementação e no monitoramento do Plano é condição para
66

1498 seu sucesso no médio e longo prazo, pois dessas juventudes surgirão os futuros gestores,
1499 empresários, pesquisadores e detentores de conhecimento tradicional associado, sejam
1500 indígenas, tradicionais ou não, os quais deverão encampar e legitimar o PlanBio, bem como se
1501 beneficiar dos resultados por ele proporcionado.

1502 Além disso, as juventudes, enquanto consumidores exigentes, podem desempenhar papel
1503 fundamental para o sucesso do plano, pois segundo estudo da União para o BioComércio Ético
1504 - UEBT (Union for Ethical Biotrade) (UEBT, 2018), os consumidores, sobretudo os mais jovens,
1505 têm cobrado do setor privado a comprovação da responsabilidade socioambiental em seu
1506 processo produtivo. O crescimento da conscientização social e da valorização mercadológica
1507 quanto à sustentabilidade ambiental é um fenômeno global. Sensibilizar, envolver e dar
1508 protagonismo às juventudes e às mulheres certamente contribuirão para o sucesso deste plano.

1509 Salvaguardas

1510 ● Agentes públicos responsáveis pela implementação das ações do PlanBio engajados e
1511 capacitados para a promoção da equidade de gênero e raça e integração das juventudes de
1512 forma ativa, contínua e permanente;

1513 ● Objetivos e ações específicas voltadas para a promoção da equidade de gênero e raça e
1514 integração das juventudes estabelecidos no âmbito do PlanBio, considerando as
1515 necessidades específicas de mulheres e jovens para que sejam adequadamente envolvidos
1516 e beneficiados pelas ações previstas pelo Plano;

1517 ● Ações voltadas para o empoderamento e inclusão das mulheres e das juventudes, nas
1518 estruturas de governança participativa do PlanBio, com direito a voz e voto implementadas,
1519 assegurando o avanço contínuo da equidade de gênero e intergeracional em tais processos;

1520 ● Implementação paralelamente de ações no escopo de outras Políticas, Planos e Programas


1521 do estado do Pará, em especial aquelas relacionadas ao PlanBio (PEMC/PA, PEAA) , voltadas
1522 a mitigar riscos de gênero e intergeracional.

1523
9 Plano de Ações

1524 O Plano de Ações para o PlanBio é resultado do processo de construção apresentado


1525 anteriormente, que contou com um levantamento prévio de problemas e causas relacionadas à
1526 bioeconomia a partir de documentos de referência, entrevistas com stakeholders e oficinas com
67

1527 os representantes do GT-PlanBio. Também foram levadas em consideração as ações propostas


1528 na Estratégia, as quais foram refinadas durante as oficinas e em reuniões bilaterais com as
1529 secretarias de governo.

1530 A seguir é apresentado o Plano de Ações para cada um dos eixos que compõe o PlanBio (como
1531 previstos na Estratégia), contendo os objetivos específicos, as metas estratégicas, os resultados
1532 esperados, impactos almejados, e a lista final de ações.

1533 9.1 Eixo 1 – Pesquisa, desenvolvimento e inovação

1534 Objetivos específicos:

1535 ● Promover e aplicar o conhecimento científico e a pesquisa tecnológica para a valorização e


1536 produção de inovações, de forma inclusiva e com benefícios sociais, econômicos e
1537 ambientais integrados;

1538 ● Identificar e mapear o conhecimento sobre a bioeconomia Paraense, contido nas diversas
1539 instituições de pesquisa do Estado, a fim de incentivar a pesquisa aplicada, e transformá-la
1540 em novas tecnologias, capacitações e ferramentas capazes de garantir a melhoria da
1541 produção local.

1542 Metas estratégicas:

1543 ● Expansão dos investimentos em pesquisas de prospecção sobre as potencialidades das


1544 cadeias produtivas de bioprodutos inovadores, com fomento as startups de inovação para
1545 o aproveitamento do conhecimento científico e tecnológico aplicado aos bionegócios
1546 paraenses;

1547 ● Implementação do Plano de investimentos em P&D, com ênfase em tecnologias sociais e de


1548 baixo impacto e na formação de capacidades (intercâmbios, cursos de capacitação,
1549 seminários e oficinas), de forma a valorizar e inovar a bioeconomia paraense, integrando
1550 benefícios sociais, econômicos e ambientais a população urbana e da floresta.

1551 Resultados esperados:

1552 ● Desenvolvimento da pesquisa e da inovação aplicada ao aprimoramento das cadeias


1553 produtivas da Bioeconomia, com repartição justa de benefícios para a dos povos indígenas,
1554 quilombolas, comunidades tradicionais e da agricultura familiar – PIQCT&AF.

1555 Impactos almejados:

1556 ● Desenvolvimento das capacidades humanas com C&T para a inovação paraense;

1557 ● Desenvolvimento da biotecnologia


68

1558

Eixo 1: Pesquisa, desenvolvimento e inovação

Iniciativa Responsável Parceiros Indicadores Vinculação com o PPA

1.1 Contratação de bolsista para sistematizar dados para criação FAPESPA SECTET e PRODEPA Número de relatórios (boletins 8697-Concessão de
de Big Data de Bioeconomia da Amazônia informativos) gerados Bolsas de Pesquisa
Número de sistemas de dados
integrados

1.2 Levantamento da infraestrutura necessária para implantar FAPESPA PRODEPA Infraestrutura do Big Date Não se aplica
uma big data de Bioeconomia da Amazônia

1.3 Criação de um Big Data de Bioeconomia da Amazônia FAPESPA PRODEPA Big Data criado 8238 - Gestão de tecnologia da
informação e comunicação

1.4 Publicação de 4 editais para promover o desenvolvimento e FAPESPA SEMAS, SEDAP e Número de editais publicados 8698-Fomento à Pesquisa,
implementação de tecnologias sociais e de baixo impacto SECTET Número de pesquisas Iniciativa Científica, Tecnológica e
ambiental contratadas Inovação
Número de tecnologias
identificadas

1.5 Publicação de 2 editais para prospecção das potencialidades FAPESPA SEMAS, IDEFLOR e Número de pesquisas 8897-Elaboração e Divulgação de
de novos bioprodutos e suas diversas utilizações SECTET contratadas Estudos e Pesquisas
Número de bioprodutos 8697-Concessão de Bolsas de
Número de projetos Pesquisa
Número de bolsas 8698-Fomento à Pesquisa,
Número de publicações Iniciativa Científica, Tecnológica e
Inovação

1.6 Publicação de 2 editais para concessão de bolsas de estudos FAPESPA N/A Número de bolsistas de 8697-Concessão de Bolsas de
específicas para PIQCTs (graduação e pós-graduação) graduação Pesquisa
Número de bolsistas de
mestrado
69

Número de bolsista de
doutorado
Número de bolsista de pós-
doutorado

1.7 Fomentar a integração de PIQCTs nos grupos de pesquisa em FAPESPA ICTS Número de PIQCTs em Grupos 8698-Fomento à Pesquisa,
ICTs de pesquisa certificados Iniciativa Científica, Tecnológica e
Inovação

1.8 Contratação de 10 projetos de pesquisa em bioeconomia FAPESPA Projeto de pesquisa contratado 8698-Fomento à Pesquisa,
Iniciativa Científica, Tecnológica e
Inovação
8697-Concessão de Bolsas de
Pesquisa

1.9 Criação de um observatório sobre Bioeconomia para gerar SECTET FAPESPA Plataforma construída Projeto-Atividade 8698 - Fomento
informações de pesquisas, desenvolvimento e inovação à Pesquisa, Iniciativa Científica,
Tecnológica e Inovação

1.10 Criar o Projeto Aldeias Conectadas para implantar internet e SECTET PRODEPA Número de tecnologias Projeto-Atividade 8703 -
outras tecnologias sociais em comunidades de PIQCTS, para implantadas Promoção ao Acesso Público a
fortalecer os negócios da sociobiodiversidade Número de comunidades Internet
beneficiadas

1.11 Fomento às startups de inovação em bioprodutos e SECTET FAPESPA Número de Editais Publicados; Projeto-Atividade 8701 -
bionegócios - novas chamadas públicas; Número de empresas apoiadas Desenvolvimento de Empresas
Volume de recursos aplicados Inovadoras - Startup
Número de novos bioprodutos Pará

1.12 Ofertar novos cursos técnicos nas EETEPAs voltados para a SECTET Escolas Técnicas, Número de Cursos Ofertados; Projeto-Atividade 8822 -
cadeia da bioeconomia (gastronomia, turismo, bionegócios, Conselho Estadual Número de Alunos Concluintes Implementação da Educação
produção agroalimentar, etc.) e educação ambiental de Educação Profissional
70

1.13 Ofertar cursos de graduação e de especialização com foco na SECTET UEPA, UFPA, Número de Cursos Ofertados; Projeto-Atividade 8866 -
bioeconomia, equilíbrio de gênero e desenvolvimento UFOPA, UFRA, Número de Alunos Concluintes; Implementação de Cursos de
sustentável (criar um perfil da bioeconomia no âmbito do UNIFESSPA E Número de Parcerias Celebradas Graduação
Programa Forma Pará); SEMAS

1.14 Articular com a UEPA a criação de cursos de formação SECTET UEPA Número de Cursos Criados; Projeto-Atividade 8866 -
voltados à bioeconomia Número de Alunos Matriculados Implementação de Cursos de
Graduação

1.15 Integração do Observatório do Turismo ao Observatório da SETUR FAPESPA Sistema de informação 8790- Realização de Estudos e
Bioeconomia integrado Pesquisas Regional, Nacional e
Internacional

1.16 Implantar Escola de Saber da Floresta nos municípios SEMAS SECTET, SEDUC, Número de escolas implantadas
prioritários do PlanBio SEJUDH

1.17 Implantar o Museu da Bioeconomia SECULT SEMAS Museu da Bioeconomia


implantado

1.18 Implantar o Parque de Bioeconomia e Inovação do Pará - SEMAS SECTET, FAPESPA, Parque de Bioeconomia
Amazônia SEDEME, SEBRAE e implantado
IES

1.19 Implantar o Museu da Bioeconomia SECULT SEMAS Museu da Bioeconomia


implantado

1.20 Implantar o Parque de Bioeconomia e Inovação do Pará - SEMAS SECTET, FAPESPA, Parque de Bioeconomia
Amazônia SEDEME, SEBRAE e implantado
IES
1559
71

1560 9.2 Eixo 2 – Patrimônio cultural e patrimônio genético

1561 Objetivos específicos:

1562 ● Reconhecer as práticas tradicionais, protegê-las e valorizá-las, integrando à política de


1563 desenvolvimento socioeconômico de baixas emissões do Estado do Pará, com salvaguardas
1564 socioambientais e garantias ao patrimônio genético associado ao conhecimento tradicional
1565 e a biodiversidade;

1566 ● Garantir direitos às populações locais e de PIQCT&AF, oportunizar alternativas sustentáveis


1567 de desenvolvimento, capacitações e integridade socioambiental.

1568 Metas estratégicas:

1569 ● Identificação, por meio de pesquisas participativas sobre o reconhecimento das práticas
1570 tradicionais que integram à política de desenvolvimento socioeconômico de baixas
1571 emissões do Estado do Pará, a fim de, protegê-las, divulgá-las e valorizá-las, com
1572 salvaguardas socioambientais garantidas ao patrimônio genético associado e ao
1573 conhecimento tradicional para a sustentabilidade da biodiversidade paraense;

1574 ● Estabelecimento a médio prazo, de regulamentação específica sobre o acesso ao patrimônio


1575 genético paraense, de forma a agregar valor ao uso econômico deste patrimônio e dos
1576 conhecimentos e das práticas tradicionais associadas ao mesmo, a fim de estruturar um
1577 sistema de repartição de benefícios e de salvaguardas justo e equitativo.

1578 Resultados esperados:

1579 ● Conhecimentos tradicionais associados à patrimônio genético protegidos e valorizados;

1580 ● Povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais com acesso à repartição de


1581 benefícios justa e equitativa;

1582 ● Pesquisas sobre patrimônio genético e conhecimento tradicional associado fomentadas,


1583 garantindo o respeito aos direitos dos povos indígenas, quilombolas e comunidades
1584 tradicionais à repartição justa e equitativa de benefícios.

1585 Impactos almejados:

1586 ● Resgate e difusão do conhecimento tradicional amazônico;

1587 ● Garantia dos direitos dos povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais e locais;

1588 ● Integridade socioambiental.


72

1589
Eixo 2: Patrimônio cultural e patrimônio genético

Iniciativa Responsável Parceiros Indicadores Vinculação com o PPA

2.1 Criar grupo de trabalho para propor estrutura estadual para IDEFLOR-Bio SEPLAD, SEMAS, GT criado 8780-Apoio ao Manejo
implementar PG e CTA integrado à Política Estadual de SEJUDH Proposta elaborada Florestal Comunitário Familiar e
Socioeconomia e ao Plano Estadual de Bioeconomia IDEFLOR-Bio, de Produtos da
SECTET, SEDEME e Sociobiodiversidade
SEDAP

2.2 Promover a capacitação em Patrimônio Genético e IDEFLOR-Bio SEMAS 200 pessoas capacitadas 8887-Capacitação de Agentes
Conhecimento Tradicional Associado para os setores público e nas regiões de integração; Públicos
privado, academia, PIQCTs & AFs 02 oficinas/cursos 8780-Apoio ao Manejo
realizados por ano por Florestal Comunitário Familiar e
região de integração de Produtos da
Sociobiodiversidade

2.3 Fomentar a realização de pesquisa científica (projetos) IDEFLOR-Bio FAPESPA Volume de recurso 8780-Apoio ao Manejo
associada ao Patrimônio Genético e Conhecimento Tradicional SECTET aplicado Florestal Comunitário Familiar e
Associado à biodiversidade UEPA 04 projetos contratados de Produtos da
Número de publicações e Sociobiodiversidade
citações 8364-Elaboração de Estudo e
Instrumento Legal para
Conservação e Monitoramento
da Biodiversidade

2.4 Publicar 2 editais para fomentar a realização de pesquisa FAPESPA 8698-Fomento à Pesquisa,
científica associada ao Patrimônio Genético e Conhecimento Volume de recurso Iniciativa Científica, Tecnológica
Tradicional Associado aplicado e Inovação
Número de projetos
contratados
73

2.5 Elaborar indicadores específicos de salvaguardas e repartição SEMAS


de benefícios relacionados ao acesso ao Patrimônio Genético e
Conhecimento Tradicional Associado

2.6 Criar um banco de projetos para repartição de benefícios não SEMAS


monetários do estado do Pará.
1590
74

1591 9.3 Eixo 3 – Cadeias produtivas e negócios sustentáveis

1592 Objetivos específicos:

1593 ● Valorizar os bioprodutos da biodiversidade do território, de forma a agregar especificidades


1594 da região aos produtos locais, através de certificações, proteção de cultivares, identificação
1595 geográfica, dentre outras estratégias de agregação de valor;

1596 ● Investir no estabelecimento de ambientes de investimentos atrativos as cadeias produtivas


1597 e aos novos negócios da sociobidiversidade, fortalecendo e verticalizando a produção, com
1598 geração de desenvolvimento local, emprego e renda e distribuição dos benefícios de forma
1599 justa e equitativa.

1600 Metas estratégicas:

1601 ● Elaboração de estratégias e mecanismos de comunicação e marketing para divulgação dos


1602 novos mercados da bioeconomia, com o fortalecimento da identidade amazônica
1603 nacionalmente e internacionalmente;

1604 ● Criação de ambientes de investimentos atrativos às cadeias produtivas e aos novos


1605 negócios da sociobidiversidade amazônica, fortalecidas e verticalizadas, com geração de
1606 desenvolvimento local, emprego, renda, capacitação e distribuição dos benefícios de forma
1607 justa e equitativa;

1608 ● Mapeamento, territorialização e promoção do potencial das cadeias produtivas e novos


1609 negócios da bioeconomia, para o desenvolvimento de arranjos pré-competitivos, com
1610 atração de investimentos privados;

1611 ● Elaboração ao médio prazo, de marco regulatório para promoção de incentivos fiscais a
1612 produção da bioeconomia e a geração de tecnologias inovadoras de transformação de
1613 recursos biológicos em produtos sustentáveis.

1614 Resultados esperados:

1615 ● Ampliação da área florestal do Estado;

1616 ● Expansão dos sistemas produtivos agroflorestais e regenerativos;

1617 ● Aumento e diversificação da matriz produtiva da Bioeconomia;

1618 ● Agregação de valor, aumento da comercialização e ampliação dos mercados e dos créditos
1619 voltados à Bioeconomia.

1620 Impactos almejados

1621 ● Conservação da Biodiversidade Amazônica do Pará;

1622 ● Redução de desmatamento e dos gases do efeito estufa (GEEs)/ Neutralidade climática

1623 ● Garantia de Segurança Alimentar às comunidades tradicionais e locais;

1624 ● Melhoria da qualidade de vida;

1625 ● Aumento do emprego e renda.


75

1626
Eixo 3: Cadeias produtivas e negócios sustentáveis

Iniciativa Responsável Parceiros Indicador Vinculação com o PPA

Ampliar a divulgação e a capacitação relacionada as ADEPARÁ EMATER, SEDAP Número de servidores capacitados Programa Agropecuária e
3.1 regras sanitárias para empreendimentos da Número de produtores capacitados Pesca - Ações de Educação
bioeconomia da sociobiodiversidade, com foco no selo Número de materiais de divulgação Sanitária
Artesanal (Programa Educação Sanitária) publicados (cartilhas, vídeos, folder,
palestras, APP etc)

Apoiar os produtores da bioeconomia, em especial da ADEPARÁ EMATER e SEDAP Número de produtores com selo Programa Agropecuária e
sociobiodiversidade, para acesso ao registro artesanal artesanal Pesca - Promoção da cadeia
(selo artesanal) visando agregação de valor e acesso à artesanal vegetal
mercados diferenciados

3.2 Criar um Comitê Gestor para o Selo Artesanal com o ADEPARÁ, SEMAS, UEPA, Comitê Gestor criado Programa Agropecuária e
objetivo de integrar as organizações e dinamizar o EMATER e SEDAP UFPA, OCB e Número de reuniões realizadas Pesca - Ações de Educação
acesso ao Selo SEBRAE Padronização das ações Sanitária
Atas das reuniões

3.3 Construir uma política de ATER voltada ao SEDAP EMATER, IDEFLOR- Programa com diretrizes para ATER ProCacau
desenvolvimento sustentável da sociobidiversidade Bio e ICMBio Sociobiodiversidade construído
Programa de
desenvolvimento da cadeia
do açaí (pró-açaí)

Territórios Sustentáveis –
Programa Amazônia Agora

Projeto com base no Plano


“ABC”, na agroecologia, na
produção orgânica e na
sociobodiversidade
76

Projetos da Agricultura
Urbana e Periurbana

Plano de Desenvolvimento
da Aquicultura no Pará

Plano de Desenvolvimento
da Pesca no Pará

3.4 Fomentar agroindústrias locais com produtos diversos SEDAP SEDEME, EMATER, Número de cluster formado no ProCacau
da bioeconomia, através de uma política que fortaleça ADEPARA, SEMAS e estado;
as cadeias de valor local. BANPARA Número de agroindústrias da Programa de
bioeconomia fomentadas; Desenvolvimento da Cadeia
Número de famílias envolvidas no do Açaí (`Pró-Açaí)
processo de agroindustrialização
Territórios Sustentáveis –
Programa Amazônia Agora

Plano de Desenvolvimento
da Aquicultura no Pará

Plano de Desenvolvimento
da Pesca no Pará

3.5 Ampliar e fortalecer as organizações sociais voltadas às SEDAP SEDEME, BANPARA, Número de organizações criadas; Territórios Sustentáveis –
cadeias de valor da bioeconomia, em especial da EMATER Número de organizações reativadas; Programa Amazônia Agora
sociobiodiversidade. Número de Associações ou
cooperativas atendidas; Plano de Desenvolvimento
Número de organizações com a da Aquicultura no Pará
documentação em dia;
Número de organizações com apoio Plano de Desenvolvimento
creditício; da Pesca no Pará
77

Número de organizações com apoio


da OCB;

3.6 Criar ambientes de negócio nacional e internacional, SEDAP SEDEME Participação em eventos nacionais e ProCacau
fortalecendo os produtos da bioeconomia e seus internacionais;
arranjos locais Negócios fechados com produtos da Programa de
bioeconomia; desenvolvimento da cadeia
do açaí (pró-açaí)

Territórios Sustentáveis –
Programa Amazônia Agora

Projeto com base no Plano


“ABC”, na agroecologia, na
produção orgânica e na
sociobodiversidade

Projetos da Agricultura
Urbana e Periurbana

Plano de Desenvolvimento
da Aquicultura no Pará

Plano de Desenvolvimento
da Pesca no Pará

3.7 Organizar rodadas de discussão e experimentação SEDAP SECULT, SEBRAE e Organização de eventos; Projeto com base no Plano
(feiras gastronômicas) com atores dos processos de SETUR Número de participantes; “ABC”, na agroecologia, na
utilização de PANC’s e produtos orgânicos e da Negócios Fechados; produção orgânica e na
sociobiodiversidade (Academia, Gastrônomos, sociobodiversidade
Nutricionistas, Produtores e outros)

3.8 Adequar e formular com base nas legislações federais e SEDAP ADEPARA , MAPA, Instrumentos legais publicados ProCacau
estadual regras para adequação sanitária de produtos SESPA e ANVISA
78

animais e vegetais, provenientes da sociobidiversidade, Programa de


observado o contexto local e as exigências sanitárias desenvolvimento da cadeia
nacionais e internacionais. do açaí (pró-açaí)

Territórios Sustentáveis –
Programa Amazônia Agora

Projeto com base no Plano


“ABC”, na agroecologia, na
produção orgânica e na
sociobodiversidade

Projetos da Agricultura
Urbana e Periurbana

Plano de Desenvolvimento
da Aquicultura no Pará

Plano de Desenvolvimento
da Pesca no Pará

3.9 Realizar campanhas de cadastramento de atores e SEDAP EMATER Número de propriedades ProCacau
propriedades que atuam na sociobiodiverididade. cadastrados; Número de produtos
acompanhados. Programa de
desenvolvimento da cadeia
do açaí (pró-açaí)

Territórios Sustentáveis –
Programa Amazônia Agora

Projeto com base no Plano


“ABC”, na agroecologia, na
produção orgânica e na
sociobodiversidade
79

Projetos da Agricultura
Urbana e Periurbana

Plano de Desenvolvimento
da Aquicultura no Pará

Plano de Desenvolvimento
da Pesca no Pará

3.10 Capacitar as organizações sociais produtivas SEDAP EMATER, SEBRAE, Número de organizações capacitadas ProCacau
(associações e cooperativas) dos povos indígenas, OCB e SENAR Número de cursos ofertados
quilombolas e comunidades tradicionais em gestão. Número de vagas oferecidas Programa de
Número de pessoas capacitadas desenvolvimento da cadeia
do açaí (pró-açaí)

Territórios Sustentáveis –
Programa Amazônia Agora

Projeto com base no Plano


“ABC”, na agroecologia, na
produção orgânica e na
sociobodiversidade

Projetos da Agricultura
Urbana e Periurbana

Plano de Desenvolvimento
da Aquicultura no Pará

Plano de Desenvolvimento
da Pesca no Pará
80

3.11 Garantir política de ordenamento pesqueiro estadual SEDAP SEMAS, IDEFLOR- Estatística por espécie; Plano de Desenvolvimento
com estatística e regulação dos passivos da atividade, Bio e ICMBio Normativos regulatórios; da Pesca no Pará
através de manejo da pesca participativo Acompanhamento produtivo;
Km² de áreas sob manejo;
Número de acordos de pesca
publicados;
Número de atores participando;

3.12 Criar uma política estadual de subsídio para atividade SEDAP SEDEME Política criada Plano de Desenvolvimento
da pesca artesanal, balizada pela estatística pesqueira Volume de subsídio pago por produto da Pesca no Pará

3.13 Criar linha de crédito específico para pesca artesanal e SEDAP BANPARÁ Linhas de crédito criadas Plano de Desenvolvimento
aquicultura no Banpará-Bio, custeio e investimentos Valor disponibilizado da Aquicultura no Pará
Número de contratos
Plano de Desenvolvimento
da Pesca no Pará

3.14 Apoiar aos arranjos produtivos locais da pesca e SEDAP SEDEME Formação de arranjos produtivos; Plano de Desenvolvimento
aquicultura , nos municípios prioritários do PlanBio Número de cluster formados; da Aquicultura no Pará
Número de atores;
Número de empreendimentos; Plano de Desenvolvimento
da Pesca no Pará

3.15 Promover política fomento para aquicultura destinada SEDAP EMATER Número de municípios contemplados Plano de Desenvolvimento
a auxílio e incentivo a atividade (doação de alevinos; com maquinários; da Aquicultura no Pará
doação de equipamentos ou maquinários; construção e Número de municípios contemplados
reforma de estações de aquicultura de peixes com estações de aquicultura; Plano de Desenvolvimento
amazônicos nos territórios de desenvolvimento do Número de atores que receberam da Pesca no Pará
estado do Pará ) doação de alevinos;
Número de atores que receberam
equipamentos;
Estimativa de aumento da produção
aquícola com espécies amazônicas
81

3.16 Fomentar e estruturar a cadeia produtiva do pirarucu SEDAP EMATER Número de laboratórios de alevinos Plano de Desenvolvimento
(Arapaima gigas) visando apoio aos laboratórios de implantados; da Aquicultura no Pará
alevinos, produção e cadeia de transformação da carne Números de laboratórios com
e subprodutos. matrizes chipadas;
Número de laboratórios com
programa de melhoramento genético;
Número de produtores cadastrados
no fomento;
Produção de pirarucu;
Produção de subprodutos do
pirarucu.
Produtores de pirarucu contemplados
com crédito rural;

3.17 Fomentar o ordenamento e manejo comunitário da SEDAP EMATER Número de locais de pesca Plano de Desenvolvimento
pesca do camarão amazônico (Macrobrachium manejados; da Pesca no Pará
amazonicum), nas comunidades pesqueiras da região Número de pescadores ou
do Marajó e região do rio Tocantins e rio Guamá. extrativistas contemplados;
Produção de camarão de áreas
manejadas;
Número de pescadores contemplados
com fomento;
Número de pescadores contemplados
com crédito.

3.18 Criar selo verde de garantia para produtos pesqueiros SEDAP EMATER ADEPARÁ Locais com selo; Plano de Desenvolvimento
capturado em áreas manejadas e garantir a Pescadores contemplados. da Pesca no Pará
rastreabilidade do mesmo.

3.19 Construir entrepostos pesqueiros nas comunidades SEDAP EMATER ADEPARÁ Agroindústrias construídas; Plano de Desenvolvimento
com programa de manejo comunitários visando Pescadores contemplados; da Pesca no Pará
garantir a rastreablidade dos produtos oriundos da Produção dos entrepostos;
pesca sustentável.
82

3.20 Desenvolver políticas para construção de áreas de SEDAP SETUR Municípios contemplados; Plano de Desenvolvimento
pesca esportiva destinada ao turismo ecológico; essa PARATUR Rotas turísticas construídas; da Pesca no Pará
construção deve ser balizada por estatísticas SEMAS Áreas destinadas a pesca esportivas;
socioambientais de melhoria das comunidades, que Investimento em hotelaria no
devem ser peça fundamental nesse processo. município contemplado;
Investimento em logísticas no
município contemplado;
Investimento em promoção e
marketing de áreas de pesca;
Pescadores capacitados em curso de
hotelaria;
Pescadores capacitados em curso de
turismo (Guia);
Pescadores com carteiras de Arrais
Profissional (Piloto);
Pescadores capacitados em primeiros
socorros;
Pescadores capacitados em cursos de
línguas estrangeiras;

3.21 Apoiar ações de ordenamento pesqueiro e melhoria da SEDAP EMATER ADEPARÁ Municípios contemplados; Plano de Desenvolvimento
qualidade de vida, de extrativistas que trabalham com Fomento inicial para melhoria de da Pesca no Pará
a pesca costeira de caranguejo e moluscos, no litoral pesca;
paraense. Fomento para garantia da qualidade
de produtos;
Famílias contempladas;
Produção;

3.22 Criar programa de incentivos aos modelos de SEDAP EMATER Número de municípios contemplados; ProCacau
Agricultura de Baixo Carbono – ABC; incentivando Número de atores cadastrados no
modelos e propostas de ILPF (Integração lavora, programa; Programa de
pecuária e floresta) para propriedades que Número de atores capacitados no desenvolvimento da cadeia
desenvolvam a criação de grandes e médios animais de sistema; do açaí (pró-açaí)
produção; e de Sistemas Agroflorestais – SAF’S para
83

propriedades que desenvolvam produções agrícola, Número de atores acompanhados em Territórios Sustentáveis –
referente à agricultura familiar. Além do incetivo ao seus sistemas; Programa Amazônia Agora
sistema de plantio direto. Área plantada com sistemas
florestais;

3.23 Criar unidades de observação, demonstração e SEDAP Número de municípios contemplados; Territórios Sustentáveis –
multiplicação de cultivares adaptadas as características EMATER Número de unidades de observação Programa Amazônia Agora
edafoclimáticas, sociais e culturais das regiões de EMBRAPA montados;
integração do estado, estas devem estar cadastradas Número de unidades demonstrativas
nos órgãos competentes para distribuição de genética e multiplicação montadas;
adaptável. Produção de sementes e propágulos
distribuídos.

3.24 Ordenar e contribuir com os processos de transição SEDAP EMATER Número de municípios contemplados Territórios Sustentáveis –
agroecologias, visando empoderamento das com o projeto; Programa Amazônia Agora
comunidades tradicionais amazônicas. Número de atores participando em
cada projeto;
Número de atores em processo de
transição agroecológica;
Número de atores em processo de
organização para implementação de
culturas orgânicas;
Número de atores com produção
orgânica;
Cultura utilizada em processo de
transição agroecológicas e orgânica;
Área das culturas em processo de
transição agroecológicas e orgânica.

3.25 Potencializar a produção de melíponas amazônicas SEDAP EMATER Caixa de abelha doadas Territórios Sustentáveis –
visando à polinização de culturas vegetais amazônicas e Produtores capacitados; Programa Amazônia Agora
proteção da espécie; Técnicos de ATER capacitados;
Produtores acompanhados com ATER;
Produção de mel anual;
84

3.26 Capacitar atores municipais nos processos de compras SEDAP EMATER Técnicos capacitados; Territórios Sustentáveis –
públicas relacionados ao PNAE e PAB, visando à compra Pregoeiros capacitados; Programa Amazônia Agora
de produtos da sociobiodiversidade. Nutricionistas capacitados;
Conselheiros de Alimentação escolar
capacitados;

3.27 Criar cardápio para os programas PNAE e PAB, com SEDAP Cartilhas prontas; Territórios Sustentáveis –
produtos sociobiodiversidade. Merendeiras capacitadas; Programa Amazônia Agora

3.28 Inclusão de produtos da bioeconomia na tabela de SEDAP SEFA Instrumento jurídicos; Territórios Sustentáveis –
códigos de receitas da SEFA-PARÁ e inclusão de política Produtos contemplados; Programa Amazônia Agora
de preço mínimos para esses produtos, visando o
entendimento das receitas oriundas de produtos
extraídos da floresta.

3.29 Realizar diagnóstico da produção agroextrativistas SEDAP EMATER Identificação das espécies vegetais Territórios Sustentáveis –
paraense SEFA nas regiões; Programa Amazônia Agora
Número de atores atendidos;
quantitativo de produção;
Situação da comercialização dos
produtos

3.30 Criar, ampliar, adequar e incentivar o acesso as linhas BANPARA EMATER, IDEFLOR- Número de projetos recebidos; 8785 - Concessão de crédito
de crédito do BanPará-Bio de forma a atender aos Bio, ICMBIO,FUNAI, Número de atores da para produtores rurais
PIQCTs e agricultores familiares nos diferentes elos da e SEMAS sociobioeconomia que recebem
cadeia crédito; Volume de crédito para
atores da sociobioeconomia

3.31 Difundir informações (cartilhas) sobre as regras de BANPARA EMATER, IDEFLOR- Cartilha elaborada 8785 - Concessão de crédito
acesso ao crédito para cooperativas e público em geral Bio, ICMBIO,FUNAI, Quantidade produzida para produtores rurais
relacionado à financiamento de atividades produtivas e SEMAS
em unidades de conservação de uso sustentável, terra
indígena e território quilombola
85

3.32 Criar linha de microcrédito individual para BANPARA SEMAS, SEDAP, Linha de microcrédito criada
empreendedores da bioeconomia da sociobiversidade, ADEPARÁ e EMATER Volume de recursos disponibilizados
com foco na adequação sanitária, via Banpará-Bio Número de contratos assinados
Volume contratado

3.33 Realizar o diagnóstico e valoração de bens e serviços da IDEFLOR-Bio Outras instituições 25% das florestas públicas 8370-Outorga e
floresta no Estado do Pará - Inventário Estadual de de Pesquisa, inventariadas Monitoramento de
Florestas Desenvolvimento e Número de bens e serviços valorados Florestas Públicas para
Inovação Produtos e Serviços
Florestais

3.34 Criar um Programa Estadual de Proteção da IDEFLOR-Bio SEMAS, MPEG, Programa criado e efetivado
Biodiversidade e de seus habitats, inibindo a Universidades Área de habitats protegida
vulnerabilidade territorial e as mudanças do uso do Nº de espécies protegidas
solo

3.35 Apoio ao Manejo Florestal Comunitário Familiar e de IDEFLOR-Bio IDEFLOR-Bio, Nº de Famílias beneficiadas 8780-Apoio ao Manejo
Produtos da Sociobiodiversidade ICMBio, IBAMA, Florestal Comunitário
Setor produtivo, Familiar e de Produtos da
Organizações da Sociobiodiversidade
Sociedade Civil

3.36 Precificação de Produtos da Sociobiodiversidade, IDEFLOR-Bio SEMAS, SEFA, Pelo menos 50 produtos com preço
incluindo o valor dos Serviços Ambientais - (exemplo SEDAP e SEDEME mínimo definido;
PGPMBio e Subvenção do Amazonas) - Pensar como Pelo menos 50 produtos com
essas iniciativas podem ser implantadas no Estado. incentivos fiscais

3.37 Desenvolver estudos para as cadeias produtivas, do IDEFLOR-Bio SEDEME; FAPESPA; Estudo publicado 8364-Elaboração de Estudo
ecoturismo e turismo de base comunitária em SEDAP; EMATER e Instrumento Legal para
municípios prioritários do PlanBio, visando promover Conservação e
valorização e comercialização dos produtos e serviços Monitoramento da
da sociobiodiversidade. Biodiversidade
86

3.38 Articular juntos com as instituições parceiras e demais SEDEME SEBRAE, Prefeitura Número de empresas apoiadas Apoio aos arranjos
órgãos de interesse e/ou apoio a implantação do Polo Municipal e Número de produtos promovidos produtivos locais; Apoio ao
de Biocosméticos e Fitoterápicos no município de SINQFARMA setor de indústria, comércio
Benevides e serviços; Apoio as micro e
pequenas empresas;
Promoção de produtos
paraenses no mercado
nacional e internacional

3.39 Promover cursos técnicos para biocomésticos e SEDEME SECTET Número de cursos técnicos Apoio aos arranjos
fitoterápicos no Polo de Benevides Número de alunos formadas produtivos locais; Apoio ao
% de inserção dos alunos no mercado setor de indústria, comércio
de trabalho e serviços

3.40 Ampliar incentivos para atrair empresas e negócios da SEDEME CODEC Número de empresas instaladas Apoio ao setor de indústria,
bioeconomia aos distritos e condomínios industriais do comércio e serviços
Estado e apoiar as Prefeituras Municipais em suas Empreendimento atendidos
gerencias

3.41 Ampliar a participação de cooperativas da SEDEME OCB/PA e SEBRAE Número de empresas da Apoio aos arranjos
sociobiodiversidade nos Arranjos Produtivas Locais - sociobiodiversidade apoiadas produtivos locais
APLs

3.42 Apoio ao cooperativismo dos produtores da SEDEME OCB/PA Cooperativas apoiadas Apoio aos arranjos
sociobiodiversidade nos municípios prioritários do produtivos locais
PlanBio

3.43 Apoio aos Arranjos Produtivs Locais - APLs e SEDEME OCB/PA e SEBRAE Número de Apoio aos arranjos
Cooperativas nos territórios prioritários da empreendimentos/empreendedores produtivos locais
bioeconomia (cosméticos e fitoterápicos da RMB, moda apoiados
e designer da RMB, queijo do Marajó, turismo no
Marajó, Farinha de Bragança, Açaí Floresta, Açaí do
Nordeste Paraense, Açaí do Baixo Tocantins, Cacau e
Chocolate de Tomé Açú, Cacau e chocolate do Xingu,
87

cosméticos e fitoterápicos do Baixo Amazonas, Pimenta


de Tomé Açú, Cerâmica Icoaraci, Alimentos e Bebidas,
mel de São João de Pirabas, Fibras naturais, Floricultura
da Região Metropolitana de Belém, etc)

3.44 Ampliar as linhas de créditos específicas para os setores SEDEME BANPARÁ, BASA Montante de crédito contratado Operacionalização do
de bioeconomia do Estado crédito do Produtor

3.45 Desenvolver programas de acesso ao mercado regional, SEDEME SEDAP, FIEPA, OCB Promoção de produtos Paraense no Promoção de produtos
nacional e internacional para produtos da Pará e SEBRAE mercado regional, nacional e paraenses no mercado
socioeconomia e da sociobiodiversidade internacional; Empresa atendida nacional e internacional

3.46 Adequar a Política de Incentivos ao Desenvolvimento SEDEME Comissão da Política Empresas incentivadas Empresas incentivas e
Sócio-Econômico do Estado do Pará, as necessidades de Incentivos acompanhadas
das indústrias dos setores da sociobiodiversidade e da
sociobioeconomia

3.47 Implantar nos territórios prioritários, quando possível, SEDEME EQUATORIAL Famílias beneficiadas Articulação e
o Programa de Inclusão socioeconômico – PIS, por meio ENERGIA Acompanhamento de
das Obras de Energia Elétrica visando apoiar o Projetos Estruturantes
desenvolvimento biosocioeconômico do Estado

3.48 Articular a integração das representações SEDEME APEX-BRASIL, Número de empresas apoiadas Promoção de produtos
internacionais e o comércio exterior na adequação de BANCO DO BRASIL, paraenses no mercado
políticas públicas do Estado do Pará, que conservem e BANPARÁ, CIN nacional e internacional
estimulem um modelo de desenvolvimento que traga FIEPA, CODEC,
benefícios a socioeconomia e a sociobiodiversidade FAEPA, FUNDAÇÃO
para os negócios internacionais. GUAMÁ, SEBRAE,
SEDAP, UEPA, UFPA,
CORREIOS E
MINISTÉRIO DA
ECONOMIA,
FAPESPA E SECTET
88

3.49 Lançar Editais para fomentar o setor da economia SECULT SEBRAE Número de editais lançados 8424-Fomento à Economia
criativa de Bioeconomia através da realização de Feiras Número de feira realizadas Criativa
Criativas, para fortalecer e expandir o ambiente de Número de negócios fomentados
negócios locais e espaços de comercialização,
especialmente dos produtos da sociobiodiversidade

3.50 Ceder espaços públicos da SECULT para parceria e SECULT N/A Número de espaços públicos cedidos 8842-Dinamização de
apoio na realização de eventos voltados à bioeconomia Número de eventos realizados Espaços e Equipamentos
Culturais
8421-Realização de Eventos
Culturais

3.51 Disponibilizar a ferramenta Mapa Cultural do Pará para SECULT Prefeituras Número de pessoas cadastradas
identificar e cadastrar fazedores de cultura do municipais Número de organizações cadastradas
segmento de Bioeconomia no Pará, em especial da
sociobiodiversidade

3.52 Criar GT para elaborar proposta de criação de espaço SEMAS, SEASTER, GT criado (com participação de 8799 - Apoio as Conselhos
permanente de diálogo entre os povos indígenas, SEJUDH SEDAP, EMATER, representantes de PIQCTs) Representativos da
quilombolas e comunidades tradicionais com o governo ITERPA, SEASTER, Número de reuniões realizadas Sociedade Civil
estadual PARAPAIS, SESPA Proposta elaborada e enviada para
ETC publicação

3.53 Capacitar mulheres indígenas, quilombolas e SEJUDH ONU Mulheres Número de cursos realizados 8820- Empoderamento e
extrativistas para autonomia financeira- agenda Número de mulheres capacitadas Autonomia Financeira para
economia solidária Mulheres

3.54 Levar a iniciativa da Estação Cidadania para os SEJUDH N/A Número de territórios de PIQCTs 8805- Implementação da
territórios, com foco no atendimento dos povos atendidos Estação Cidadania
indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais Número de pessoas antendidas
Número de documentos emitidos (RG
e certidão de nascimento)

3.55 Criar campanha de comunicação e marketing para SECOM SETUR e SECULT


agregação de valor e fortalecimento da Marca
89

Amazônia, que contribua para a criação de mercados


no Brasil e no exterior, demonstrando os benefícios da
Bioeconomia paraense à sociedade brasileira;

3.56 Implantar um Centro de Referência da Biodidiversidade SECOM e SEMAS CDP


e da Bioeconomia da Amazônia Espaço definido
Projeto arquitetônico elaborado
Centro construído

3.57 Revisão da Política Estadual de Incentivos Fiscais em SEFA SEDEME A ser definido 8233 Edição e Publicação de
conformidade ao Plano Estadual de Bioeconomia Atos da Administração
Pública

3.58 Realizar mutirões com campanha de cadastramento SEFA JUCEPA, EMATER, Número de empreendedores 8873 Transparência,
dos empreendimentos relacionados aos produtos e ADEPARA, SEMA, formaliados (MEI, cooperativas, Cidadania e Conformidade
serviços da sociobiodiversidade nos territórios SEBRAE, SECULT, associações) Fiscal Aperfeiçoada
prioritários de Bioeconomia SEJUDH e
Prefeituras
munipais

3.59 Criar Plano Estadual de Turismo de Base Comunitária SETUR SEDEME, IDEFLOR Comunidades aptas para receber 8791- Apoio Técnico à
inclusivo e responsável (agroecológico, cultural, BIO, SEBRAE visitantes Estruturação de Produtos
gastronômico, ecoturismo) Turísticos

3.60 Realizar assistência técnica para os produtos com SETUR SEDAP, EMATER, Número de produtores atendidos 8791- Apoio Técnico à
cadeias produtivas já consolidadas de Indicação Embrapa, SECTET Estruturação de Produtos
Geográfica - IG (Cacau de Tomé-Açú, Farinha de Turísticos
Bragança e Queijo do Marajó)

3.61 Apoio e promoção à comercialização através de SETUR SEDEME Número de feiras e eventos; 8791- Apoio Técnico à
participação em eventos especializados na promoção Número de produtos apresentados; Estruturação de Produtos
de turismo e bioprodutos com IG (exemplo, roteiros Press trip Turísticos;
turísticos com base em produtos locais com IG) 8383- Promoção e
Divulgação de Produtos
Turísticos
90

3.62 Levantamento de produtos da sociobioeconomia SETUR SEBRAE, SEDAP, Número de novos produtos 8791- Apoio Técnico à
potenciais para Indicação Geográfica e marcas coletivas EMATER, Embrapa, catalogados Estruturação de Produtos
SECTET Turísticos

3.63 Diagnóstico dos gargalos de acesso aos mercados SEMAS SEDAP e SEDEME Diagnóstico de pelo menos 10
nacionais e internacionais das principais cadeias da produtos realizado
bioeconomia, especialmente da sociobiodiversidade

3.64 Promover arranjos pré competitivos para superação SEMAS SEDAP e SEDEME Variação do volume comercializado
dos gargalos de acesso aos mercados nacionais e nacionalmente e internacionalmente
internacionais das principais cadeias da bioeconomia,
especialmente da sociobiodiversidade

3.65 Criar uma plataforma de negócios sustentáveis da SEMAS SEDEME, SEBRAE Plataforma criada
bioeconomia, especialmente da sociobiodiversidade

3.66 Implantar espaços de inovação (incubação e SEMAS SEDEME, SEBRAE Número de espaços implantados
aceleração) e negócios sustentáveis da bioeconomia,
especialmente da sociobiodiversidade

3.67 Promover eventos regionais (feira, rodadas de negócios SEMAS SEDEME, SEBRAE Número de eventos realizados
e roadshow) de bioeconomia para dar visibilidade, Volume de negócios promovidos
atrair investimentos e promover os bionegócios,
especialmente da sociobiodiversidade

3.68 Apoiar a inserção de produtos da bioeconomia em SEMAS SEDEME, SEBRAE Número de produtos inseridos nas
plataformas de comercialização, especialmente dos plataformas
produtos da sociobiodiversidade

3.69 Lançar editais de apoio a estruturação de negócios da SEMAS FAPESPA Número de editais lançados
bioeconomia (capacitação, inovação, processamento Número de bionegócios apoiados
etc), especialmente da sociobiodiversidade

3.70 Plataforma de PSA lançada e beneficiários atendidos, SEMAS N/A Plataforma criada
especialmente PIQCT&AF Número de beneficiários atendidos
91

3.71 Criação do programa “Pro-Ambiente”, produtos SEM SEASTER SEDAP, EMATER, Número de Termos de Adesão
VENENO, visando promover uma Bioeconomia baseada BANPARÁ Número de créditos concedidos
na produção familiar rural praticada em formato de Volume de comercialização de
arranjos produtivos organizados em lotes de 500 produtos sem veneno
propriedades ou número tecnicamente ajustável,” O Circuito de comercialização coletivas
programa organiza o número de hectares preservados
(1000 famílias 25.000 ha) e organiza também a
produção e a comercialização de `”Produtos Limpos”
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