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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ

Águila Aline Ferreira Matias1; Andreza Mendonça2

PLANO DE MANEJO NÃO-MADEIREIRO SUSTENTÁVEL


EXTRAÇÃO DE RESINA DA ESPÉCIE: BREU (Protium)

Ji-Paraná, RO
2022

1
Discente do curso de Engenharia Florestal do IFRO, Campus Ji-Paraná, Rondônia, Email: aguila.aline@gmail.com
2
Professora do IFRO, Campus Ji-Paraná, Rondônia, e-mail: andreza.mendoca@ifro.edu.br
Sumário
1. INFORMAÇÕES GERAIS ...........................................................................................................3
1.1 Titularidade da floresta ......................................................................................................... 4
1.2 Tipo de vegetação predominante .......................................................................................... 4
1.3 Estado da floresta manejada ................................................................................................. 4
1.4 Categoria do Plano de Manejo Florestal .............................................................................. 4
2. OBJETIVOS DO MANEJO ..........................................................................................................5
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................ 5
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 5
3. ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA E PREPARAÇÃO DA EQUIPE DE TRABALHO ......5
4. CAPACITAÇÃO DA EQUIPE PARA A COLETA ...................................................................6
5. PLANO DE USO ............................................................................................................................6
6. PLANEJAMENTO DA COLETA (PROCEDIMENTOS) ........................................................6
7. PRÉ COLETA ................................................................................................................................7
7.1 ACESSO A ÁREA DE COLETA ..................................................................................... 13
7.2 ABERTURA DE TRILHAS ............................................................................................. 13
7.3 INFORMAÇÕES DO RECURSO FLORESTAL NÃO-MADEIREIRO ........................ 14
7.4 INVENTÁRIO FLORESTAL (AMOSTRAL) ................................................................. 14
7.8 MONITORAMENTO DAS ÁREAS INVENTARIADAS ............................................... 18
8. PROCEDIMENTOS DE COLETA ............................................................................................19
8.1 COLETA, BENEFICIAMENTO E TRANSPORTE ........................................................ 19
9. PÓS COLETA ..............................................................................................................................20
9.1 Tempo de exploração......................................................................................................... 21
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................21
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1. INFORMAÇÕES GERAIS
Aqui estão presentes todas as etapas do procedimento de realização do Manejo Florestal
Sustentável, da espécie Protium altsoni (breu branco) realizado na Terra Indígena do Kariuna,
no Estado de Rondônia. O projeto apresenta a seguinte metodologia: organização, orientação,
pré coleta, coleta e pós coleta. Orientações quanto ao inventário da área a ser manejada,
informações da espécie; as boas práticas de manejo da espécie explorada, parâmetros
ecológicos, o trato para com as comunidades locais (indígenas) e trabalhadores, entre outros. O
manejo sustentável da espécie indicada, baseia-se na Portaria Interinstitucional IBAMA –
IMAC N°01, de 12/08/2004, na qual, instrui normas para exploração econômica de produtos
florestais não de forma sustentável.
Com base no Plano de manejo extrativista sustentável orgânico, deve ser fundamentado
com base na Instrução Normativa Conjunta n° 17, de 28 de maio de 2009:

Art. 6° O Manejo Extrativista Sustentável Orgânico deve obedecer os seguintes


princípios:
I - conservação dos recursos naturais;
II - manutenção da estrutura dos ecossistemas e suas funções;
III - manutenção da diversidade biológica;
IV - desenvolvimento socioeconômico e ambiental local e regional;
V - respeito à singularidade cultural dos povos e comunidades tradicionais e
agricultores familiares;
VI - destinação adequada dos resíduos de produção, buscando ao máximo o seu
aproveitamento.
Uma forma viável de garantir a preservação da espécie escolhida para exploração, com
técnicas sustentáveis, por meio de boas práticas. Isto é, considera o respeito à comunidade local,
bem como suas formas produtivas-culturais, sociais e econômicas.

Conforme a Lei N 10.831, de 23 de dezembro de 2003:

Art.1 Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que


se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e
socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades
rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização
dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável,
empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em
contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos
geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de
4

produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a


proteção do meio ambiente.

A Lei nº 12.651 de 2012 dispõe que a coleta de produtos florestais não madeireiros é
livre, no entanto, deve-se observar técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de
indivíduos da espécie manejada.
O Plano de Manejo Florestal Simplificado (PMFS) da espécie Protium altsoni (breu
branco) realizado na Terra Indígena Karipuna, apresenta o objetivo de melhorar a qualidade de
vida da comunidade local, por meio de atividades extrativistas sustentáveis para promover a
conservação da variação biológica e natural.

1.1 Titularidade da floresta


Segundo o artigo 20, da legislação estabelece que as terras indígenas são bens da União,
dadas aos indígenas a posse permanente e a utilização exclusiva do solo, dos rios e dos lagos
nelas existentes. Pela Constituição, o Poder Público é obrigado a promover tal
reconhecimento. A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) deve promover a demarcação de
terras indígenas, assim como, protegê-las e fazer respeitar seus bens.

1.2 Tipo de vegetação predominante


Floresta Ombrófila aberta. Ecossistema antes conhecido como Floresta Pluvial. De
vegetação com folhas largas e perenes e por bastante chuvas; de transição entre a Floresta
Amazônica e as áreas extra-amazônicas. Possui um período seco de mais de 60 dias. Contendo
quatro (04) faciações: com cipós, palmeiras, sororoca e bambu.

1.3 Estado da floresta manejada


Floresta primária. Chamada também de floresta clímax ou mata virgem, é a floresta
intocada, sem alterações causadas pelo homem, nas suas formas originais de estrutura e de espécies.

1.4 Categoria do Plano de Manejo Florestal


Projeto extrativista sustentável orgânico, da Terra Indígena do Kariuna.
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2. OBJETIVOS DO MANEJO

2.1 OBJETIVO GERAL


Descrever o manejo florestal do produto Florestal não-madeireiro breu (Protium
altsoni) pela Terra indígena Karipuna, por meio de técnicas e procedimentos para melhoria da
produção e segurança dos trabalhadores na colheita da resina à longo prazo.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


• Geração de renda para a comunidade indígena
• Conciliar as atividades extrativistas por meio de técnicas científicas e
conhecimento local (cultural) das comunidades indígenas.
• Utilizar de boas práticas na extração da resina
• Realizar reuniões e debates a fim de gerar ações que visam a conservação do
produto explorado e a sustentabilidade florestal.

3. ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA E PREPARAÇÃO DA EQUIPE DE


TRABALHO
O primeiro passo é conhecer a comunidade indígena ali existente antes mesmo de iniciar
qualquer trabalho de manejo. É necessário realizar debates, ou mesmo, reuniões quanto ao que
se deseja fazer na área. E também, é preciso encorajar e preparar a equipe que será escolhida
para aquela atividade. Sempre respeitando às culturas locais, para um melhor desempenho das
atividades desejadas.

Assim, é preciso que, em relação aos tratos com os indígenas:


• Os direitos garantidos pelas terras indígenas devem ser respeitados pelos
operadores.

Em relação aos tratos com os trabalhadores:


• A equipe escolhida para trabalhar nas atividades do manejo, precisam ser
treinados e capacitados pelos operadores para as funções a serem desempenhadas;
principalmente no que se diz respeito a utilização de equipamentos e técnicas de segurança.
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Em relação aos tratos com os operadores:


• Os operadores precisam ter conhecimento da área a ser manejada
• Conhecimento e respeito pelas culturas locais
• Capacidade física e técnica para as atividades a serem executadas

4. CAPACITAÇÃO DA EQUIPE PARA A COLETA


Para essa etapa, é necessário organizar juntamente à equipe escolhida para o manejo,
ações de cunho preparativo através de cursos, a fim de proporcionar um melhor desempenho
nas atividades a serem exercidas e claro, uma melhor coleta do material extraído de forma a
não perder a qualidade do produto e reduzir os impactos causados nas espécies exploradas:
Sendo os cursos:
• Inventário
• Identificação botânica da espécie a ser explorada
• Boas práticas em relação à forma de coleta e armazenamento da rezina
• Tratos silviculturais
• Utilização de GPs
• Manuseio adequado de equipamentos de corte
• Armazenamento correto do produto coletado
• Carregamento e transporte adequado desse produto

5. PLANO DE USO
É preciso realizar um documento constando informações quanto a cada espécie a ser
manejada, de forma a destacar dados fundamentais.

6. PLANEJAMENTO DA COLETA (PROCEDIMENTOS)


Os procedimentos estão classificados em: Pré-Coleta, Coleta e Pós-Coleta.
Foi preciso ter um controle sobre as espécies de interesse econômico, uma vez que foi
necessário informar uma porcentagem de 30% das espécies para regeneração natural e também,
para utilização de animais silvestres. O cálculo utilizado para as 5 parcelas citadas é o de: Nº
de árvores x Produção Média por Árvore = Capacidade de Produção da área.
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7. PRÉ COLETA
• Croqui da área (LOCALIZAÇÃO)

Fonte: autoria própria, CROQUI Terra indígena Karipuna – 2022 - AUTOCAD.


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Imagem GOOGLE EARTH

Fonte: Google Earth, Terra indígena Karipuna – 2022.

• Área de Localização (INFORMAÇÃO)


A Terra Indígena de Karipuna está situada entre os municípios de Porto Velho e Nova
Mamoré; na aldeia Panorama. Os limites naturais da TI (Terra indígena) são: “os rios Jacy-
Paraná e seu afluente pela margem esquerda, o rio Formoso (a leste); os igarapés Fortaleza (ao
norte), do Juiz e Água Azul (a oeste) e uma linha seca ao sul, ligando este último igarapé às
cabeceiras do Formoso” (LEÃO; AZANHA, 2021).
Benamour Fontes em 1978, propôs à Funai a interdição de uma área com cerca de 202
mil hectares, para a garantia do território dos Karipuna, sendo esta a primeira medida oficial.
Em 1981 foi criado um Grupo de Trabalho (Portarias nº 1.106/E de 15/09/81 e 1.141/E de
9/11/81) para identificar a Terra Indígena para a demarcação. “A Terra Indígena Karipuna foi
demarcada em 1997 com 152.930 hectares e se encontra homologada REG CRI E SPU (Decreto
s/nº de 09/09/1998) e registrada nos cartórios de registro de imóveis de Guajará-Mirim e Porto
Velho” (LEÃO; AZANHA, 2021).
• Caracterização da população indígena (Karipuna)
Os indígenas fizeram os primeiros contatos com segmentos da sociedade, sendo eles, os
seringueiros, que em suas atividades começaram a penetrar os afluentes do alto rio Madeira,
para a extração da borracha, nas primeiras décadas do século XX.
A Família linguística: Tupi-Guarani. Com população, segundo de acordo com a
Secretaria Especial de Saúde Indígena (Siasi/Sesai), de 55 pessoas em 2014.
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• CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA

➢ CLIMA
O clima é equatorial quente e úmido. Dois (2) meses de seca. Calor e chuva com
temperatura média de 25 graus. Friagem atípico – junho e agosto chegando até 10 graus.
Chuvas: de setembro a abril. Os índices pluviométricos anuais entre 1.800 a 2.400 mm.

➢ SOLOS
O tipo de solo encontrado na área indígena KARIPUNA é: Argilossolo vermelho-
amarelo e Latossolo vermelho-amarelo.
➢ Argilossolo vermelho-amarelo: Segundo a EMBRAPA (2021), são solos
originados do “Grupo Barreiras de rochas cristalinas ou sob influência destas. Apresentam
horizonte de acumulação de argila, B textural (Bt), com cores vermelho-amareladas devido à
presença da mistura dos óxidos de ferro hematita e goethita”.
➢ Latossolo vermelho-amarelo: Segundo a EMBRAPA (2021), “são
identificados em extensas áreas dispersas em todo o território nacional associados aos relevos,
plano, suave ondulado ou ondulado. Ocorrem em ambientes bem drenados, sendo muito
profundos e uniformes em características de cor, textura e estrutura em profundidade”.

Fonte: autoria própria – mapa de solos TERRA INDÍGENA KARIPUNA – QGIS - 2022.
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➢ VEGETAÇÃO
O mapa de vegetação da área está representado no gráfico abaixo. Feito por meio do
QGIS 3.16. O mapa compreende as informações do IBGE – Vegetação, e dados da Terra
Indígena. A vegetação predominante é de Floresta Ombrófila Aberta.

Fonte: autoria própria. Vegetação Terra Indígena Karipuna – Ombrófila Aberta. QGIS – 2022.

➢ HIDROGRAFIA
Bacia do Rio Madeira. Compreende os rios Jacy-Paraná e seu afluente pela margem
esquerda, o rio Formoso (a leste); os igarapés Fortaleza (ao norte), do Juiz e Água Azul (a oeste)
e uma linha seca ao sul, ligando este último igarapé às cabeceiras do Formoso” (LEÃO;
AZANHA, 2021).

• CARACTERIZAÇÃO DA ESPÉCIE
O Protium altsoni (Breu) é da família Burseraceae, ordem Sapindales, classe
Magnoliopsida, das Magnoliophyta. Bastante encontrado na região amazônica, o óleo-resina é
conhecido como “breu” (SILVA, 2006).
As espécies de Burseraceae são conhecidas por exsudar resinas armazenadas em dutos
ou cavidades. Com traços de látex branco resinoso, em ramos e em formas de gotículas na
casca. Os ferimentos direcionados nos troncos são embranquecidos, por conta da rápida
secagem e a resina é aromática. A saída da resina ocorre de forma natural por conta da ação de
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insetos. Sendo uma fonte botânica muito atrativa de compostos aromáticos, comercialmente
(Silva, 2006).
Nomes populares: breu branco verdadeiro, cicantaá-inua, almecegueira, breu branco do campo,
pau de mosquito, almescla, amescla, incenso, almácega, almesca, almá-cega brava, a. cheirosa, aimescia, breu
almácega, eIemi, eIemIeira, ibiracica, pau de breu, tacaá-macá, almiscar, animé, árvore do incenso, erva
feiticeira, icaríba, curacal, tacamahaco. haiawa, kurokai, ulu, encens gris, gommier, mesclão e breu preto
(PORTAL DA AMAZÔNIA, 2020).
Ecologia: A liberação de resina aromática no tronco formando pelotas é a sua
característica principal. Após a aplicação de um corte no tronco, a árvore libera a resina ou pode
ser encontrada naturalmente ao longo do tronco, por insetos.

Fonte: Google imagens. Breu Branco. Portal da Amazônia. 2020.

➢ Número de árvores com Rezina (Produtoras)


É importante informar as espécies que serão extraídas, quanto ao seu diâmetro (DAP),
Altura e volume; localização. Inventário da Espécie. Para melhor acesso à espécie e controle de
material coletado.

➢ Época de Coleta
É preciso entender antes de tudo, o tempo ideal para a coleta da rezina, bem como suas
características fenológicas (floração e frutificação), que podem interferir na qualidade e
quantidade da rezina extraída.
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MÊS Floração Frutificação


JAN X
FEV X
MAR X
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET X
OUT X
NOV X
DEZ
Fonte: autoria própria. Tabela de Floração e Frutificação do Protium altsoni (Breu).

➢ Quantidades máximas permissíveis


No inventário, serão utilizadas as espécies com circunferência de ≥ 10 cm para a coleta
de rezina. A medição de árvores ≤ de 10 cm só serão recomendadas para extrações futuras.

• Utilização de mão de obra da comunidade indígena


Foram utilizadas da mão de obra dos indígenas, de forma a conciliar ambos os
conhecimentos das técnicas de coleta; por meio de palestras e reuniões para melhores práticas
de manejo da resina. Compartilhamento de informações quanto às boas práticas na coleta da
resina; sempre respeitando as formas de trabalho e conhecimentos dos indígenas.

Fonte: A aldeia Karipuna no rio Jaci-Paraná. Foto: Gilberto Azanha, 2004.


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➢ Penalidades (Infrações de Regras)


A equipe trabalhadora uma vez que não seguir as regras sugeridas quanto às boas
práticas, e uso de EPI’s, deve ser submetida a uma advertência. Essas advertências quando não
respeitadas, o colaborador deve ser afastado das atividades a fim de não prejudicar a operação.

➢ Monitoramento das atividades


Para este procedimento, foi montado um grupo com 3 integrantes com o objetivo de
avaliar, ou mesmo, monitorar as atividades decorrentes do manejo. A equipe avaliará os
trabalhadores em relação a utilização correta dos equipamentos de segurança (EPI’s), bem
como às práticas de campo na coleta e armazenamento do produto.

➢ Práticas Tradicionais
Como dito, essas práticas devem ser respeitadas conforme a cultura local.

➢ Estudos e Pesquisas científicas


O conhecimento técnico deve ser respeitado e utilizado em harmonia às práticas
tradicionalistas da comunidade, uma vez que juntas podem beneficiar a operação.

7.1 ACESSO A ÁREA DE COLETA


O local de coleta deverá estar situado a uma distância apropriada de qualquer
propriedade agrícola convencional, longe de poluição urbana e de indústrias; e também de
fontes que possam poluir a água, solo ou ar.
Dessa forma, a área de coleta deverá ser representada por meio de mapas e croquis;
O operador deve obter os registros de todos os coletores da resina.

7.2 ABERTURA DE TRILHAS

É interessante o uso das estradas/trilhas já existentes no local de exploração. Sempre


com orientação do mapa antes elaborado da área a fim de conhecimento prévio do local e
localização das espécies procurando a melhor forma de direcionamento da equipe a fim de não
elevar o custo do transporte no manejo e também, facilitar o desempenho das atividades de
coleta.
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7.3 INFORMAÇÕES DO RECURSO FLORESTAL NÃO-MADEIREIRO


É por meio desse Inventário Amostral que podemos entender ou mesmo ter a base de
lucratividade do manejo a ser realizado. Isto é, determinando se o projeto é viável ou não.
➢ Apontou-se os limites da área indígena (mapa mental ou georreferenciado).
➢ Por meio da contagem das árvores, definindo os limites das coletas (quantidade
de árvores produtoras).
➢ Utilização de GPS, bússola, lápis e caderno de anotações pela equipe de coleta.
➢ Utilização do mapa (em mãos) a fim de garantir a orientação quanto a
localização das espécies.
➢ Mapa com as seguintes informações: Cursos d’água, usos, acessos, APP’s,
limites da área, entre outros.

7.4 INVENTÁRIO FLORESTAL (AMOSTRAL)


A utilização desse método se dá na intenção de obter informações quanto a estimativa
do potencial de produção da espécie de Protium spp (breu) na área desejada. Procurou-se
escolher pontos aleatórios no local de coleta com o propósito de entender a
ocorrência/distribuição dessas espécies no local. Onde foram divididas em cinco (05) parcelas.
E não somente a espécie em si escolhida para a extração de resina, mas a determinação de outras
espécies de interesse econômico que podem ser utilizadas para o manejo de produtos não-
madeireiros. A execução da atividade foi realizada por uma equipe multidisciplinar, treinada.
Para este procedimento é necessário a utilização de:

Fichas Pranchetas Trena (50m) Trena (10) Fita métrica


Lápis Borracha Plaquetas de Pregos Terçado 128 –
alumínio facão
(identificação
da árvore)
Lima Tinta óleo EPI’S –
vermelho ou Capacete, botas,
amarelo camisas de
(piquetes) manga longa,
perneiras e
calça.
Fonte: autoria própria. Tabela informativa – materiais para o Inventário Amostral.

➢ A equipe técnica utilizada para o inventário amostral foi dividida da seguinte


forma: 05 a 06 membros.
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1º Membro 2º Membro 3º Membro 4º 5º Membro 6º Membro


Membro
Fixar a placa de Medir as distâncias das Identificar e medir as Anotar os
identificação árvores em relação às trilhas árvores de interesse dados
Fonte: autoria própria. Tabela informativa – equipe e funções para o Inventário Amostral.

➢ A equipe realizou a medição do CAP (circunferência a altura do peito – 1,30m


do solo); feita por um integrante da equipe.
➢ Foram anatadas todas as informações importantes da espécie: qualidade da
espécie, presença de cipós, presença de parasitas, altura, danos no tronco ou copa, entre
outros).
➢ Foram feitas classificações quanto à qualidade da espécie com tipos e grau de
defeitos a fim de ter dados específicos para melhor entendimento e escolha da árvore a ser
explorada.
➢ Tratos silviculturais: foi preciso ter cuidado com as árvores exploradas; fazendo
a limpeza dos cipós existente na árvore, entre outros. O objetivo é conservar aquela espécie
para coletas futuras.

• Estudo florístico e fitossociológico (FITOPAC)


As pesquisas florísticas e fitossociológicas das florestas são fundamentais para a
conservação da diversidade porque apresenta dados atualizados de uma área e recursos para
projetos de recuperação ambiental. A metodologia utilizada foi de cinco (05) parcelas fixas, a
quantidade de indivíduos identificados foi de 454 indivíduos; os dados foram retirados da tabela
no software EXCEL, foram processados dados referentes ao Diâmetro à Altura do Peito (DAP),
indivíduos, nome científico, família, altura, parâmetros Estatísticos Avaliados e Potencial
Produtivo.
➢ Resultados do Inventário Amostral
A maioria apresentou um Diâmetro à Altura do Peito (DAP entre 10cm a 20cm, os
resultados foram realizados pelo Software FITOPAC e o Microsoft Excel, para determinação
de parâmetros fitossociológicos: área basal (AB), densidade relativa (DR), frequência absoluta
(FA), frequência relativa (FR), dominância relativa (DoR), índice de valor de importância (IVI).
Com dados gerais (FITOPAC) disponível na Tabela (01, 02 e 03):
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Parâmetros Valor Máximo Mínimo d.p. LC95inf LC95sup Obs.


No. de indivíduos 454,000 - - - - -
No. de Espécies 1,000 - - - - -
No. de Famílias 1,000 - - - - -
No. de Amostras 5,000 - - - - -
Densidade 22,700 - - 3,314 18,566 26,834
Freqüência total 100,000 - - - - -
Freqüência total das famílias 100,000 - - - - -
Área Basal total 94,486 - - - - -
Dominância Absoluta 4,724 - - - - -
Volume total 1250,136 - - - - -
Área total da amostra 20,000 - - - - -
Diâmetro - média 50,398 127,324 35,014 10,494 49,430 51,366
Altura - média 13,152 81,000 2,000 4,128 12,771 13,533
Volume - média 2,754 14,445 0,193 1,508 2,615 2,893
Razão Variância/Média + "p" 1,935 0,102 - - - -
chi quadrado. Variância/Média 7,740 - - - 0,449 11,128
Idelta de Morisita 1,008 - - - 0,992 1,016
Morisita estandardizado (Ip) 0,262 - - - - -
Índice Shannon-Wiener 0 - - - - -
Índice Simpson 0 - - - - -
Fonte: Tabela (01), espécie Protium Altsoni. FITOPAC. 2022.

Amostras NInd AbsDe RelDe AbsDo MinAlt MaxAlt MédAlt dpAlt MinDia MaxDia MédDia dpDia
1 107 26,8 23,57 6,53 8,00 81,00 12,59 7,06 38,20 127,32 54,41 12,23
2 98 24,5 21,59 5,66 8,00 18,00 12,14 1,90 35,01 127,32 53,20 10,57
3 74 18,5 16,30 3,88 8,00 21,00 14,04 2,92 35,01 93,58 50,71 9,85
4 81 20,3 17,84 3,34 2,00 21,00 13,35 3,08 35,01 63,66 45,24 7,14
5 94 23,5 20,70 4,22 10,00 20,00 13,98 2,19 35,01 63,66 47,10 8,26
Fonte: Tabela (02), espécie Protium Altsoni. FITOPAC. 2022.

Amostras Vol AbsVol RelVol MinVol MaxVol MédVol dpVol NSpp AreaBas
1 323,34 80,83 25,86 1,146 12,73 3,022 1,808 1 26,13
2 276,02 69,01 22,08 0,917 12,73 2,817 1,390 1 22,64
3 226,29 56,57 18,10 0,917 14,44 3,058 1,872 1 15,50
4 183,66 45,92 14,69 0,193 6,68 2,267 1,064 1 13,34
5 240,83 60,21 19,26 0,963 5,41 2,562 1,096 1 16,87
Fonte: Tabela (03), espécie Protium Altsoni. FITOPAC. 2022.
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➢ Altura: Os dados foram retirados entre 5 amostras de parcelas existente no local, na


qual a média de altura da grande maioria das espécies de Protium spp. de 13,15m,
conforme o gráfico abaixo:

Fonte: Gráfico dados altura - FITOPAC. Espécie Protium Altsoni.

➢ Diâmetro: As informações quanto aos dados referentes ao diâmetro, a média de


diâmetro da grande maioria das espécies de Protium Altsoni. de 50,40cm,
conforme o gráfico abaixo:

Fonte: Gráfico dados diâmetro - FITOPAC. Espécie Protium Altsoni.


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➢ Volume: As informações quanto aos dados referentes ao volume; a média de


volume da grande maioria das espécies de Protium Altsoni. De 2,75 cm3,
conforme o gráfico abaixo:

Fonte: Gráfico dados volume - FITOPAC. Espécie Protium spp.

➢ Classificação de indivíduos
Seleção das Matrizes

Foi realizado a seleção das matrizes, entre as árvores aptas para manejo de extração de
rezina, para a regeneração das vegetações futuras. A escolha das matrizes se deu pelas
características fenotípicas superiores às outras, com fuste retilíneo, copa bem formada e com
características fitossanitárias adequadas. Dessa forma, o objetivo do manejo não-madeireiro é
a coleta da resina do breu branco. Foram contabilizadas 454 espécies produtivas e destas
produtivas 136 serão deixadas como matrizes, restando 318 indivíduos a serem explorados.

7.8 MONITORAMENTO DAS ÁREAS INVENTARIADAS

Não será permitida a queimada da superfície do solo. O monitoramento deve ser feito
na área de coleta de três (3) em três (3) anos.
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8. PROCEDIMENTOS DE COLETA

8.1 COLETA, BENEFICIAMENTO E TRANSPORTE

A coleta deverá seguir os seguintes comandos:

➢ Para a coleta foi preciso que, primeiramente, seja estendido no chão uma tela do tipo
sombrite, ou uma lona plástica em volta de toda a circunferência da árvore que será
explorada; com o objetivo de evitar qualquer contaminação e diminuição na perca de
material coletada.
➢ As pelotas de resinas no tronco devem ser coletadas com ajuda de um terçado ou uma
foice.
➢ Se a resina estiver na extremidade acima da árvore, o trabalhador deverá escalar com
técnicas de rapel ou peçonha (o profissional deverá possuir treinamento/capacitação e
utilizar de equipamentos de proteção individual – EPI para esta prática).
➢ Tempo de coleta: a prática da coleta pode ser feita o ano inteiro; porém, é indicado que
a resina seja coletada entre os períodos do verão ou seca – o índice de
umidade na resina é menor comparado ao período chuvoso.
➢ Não serão coletados: resinas de coloração escuras ou em decomposição; resinas com
encontradas em contato com o solo; e resinas com larvas de insetos.
➢ A coleta da resina pode ser realizada em árvores que estiverem caídas ou mortas
(cuidado com as impurezas).
➢ Separação: durante o procedimento de coleta, deve ser realizado a separação de acordo
com o tipo de resina; coloração, tipo de espécie (Breu branco, Breu amarelo, Breu
comum... entre outros), a fim de garantir a qualidade final do produto.
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9. PÓS COLETA
Os procedimentos de pós coleta que devem ser seguidos estão listados conforme a tabela
abaixo:

Processamento Máquinas e Local de Limpeza Empacotamento


Equipamentos estocagem
(Armazenamento)
Deverá ser Deverão estar Os produtos Limpar os Água, Álcool e Sabões
escolhido forma comprovadamente orgânicos deverão ser equipamentos de potássio e sódio;
de processamento livres de resíduos armazenados e que entram em intermediário ou
para limitar a de produtos não transportados de contato com final, somente será
quantidade de orgânicos. forma separada (por produtos permitido o uso de
aditivos e embalagem). orgânicos. vasilhames, sacaria ou
ingredientes recipientes/embalagens.
auxiliares. Não utilize os mesmos
recipientes (das resinas)
para outras finalidades
por conta do cheiro do
breu e pode contaminar
outros produtos.
Coloque em local Na Pese e armazene em
seco e arejado. comunidade, sacos limpos de fibra.
faça a limpeza O transporte das resinas
das resinas. da floresta para a
comunidade, deverá ser
feito em sacos
de ráfia (fibra natural ou
de nylon), paneiros ou
sacos plásticos limpos,
secos e arejados.
Caso não haver o Uso somente Identifique
transporte imediato, a de produtos os sacos (tipo de resina,
resina deve ser que não data
guardada em local contaminam o de coleta, área de coleta,
coberto, limpo, seco material quantidade por kg
e sem exposição à luz orgânico. e nome do coletor).
do sol. Os sacos deverão ser
identificados por lote
(por comunidade).

Fonte: Tabela pós coleta - Espécie Protium spp. 2022.


21

9.1 Tempo de exploração


A espécie explorada deve seguir o tempo mínimo de descanso de pelo menos dois (02)
anos até a próxima extração; ou pelo menos de um (01) ano e cinco (05) meses. Esse período
precisa ser respeitado para a recuperação da espécie e garantia de um manejo sustentável.

9.2 PLANO OPERACIONAL ANUAL (POA)

Pela Instrução normativa nº 5, 11/12/2006, deverá ser entregue ao órgão ambiental os


dados informativos sobre a diretrizes técnicas das atividades do plano no período de 12 meses.
Segue abaixo o modelo de Plano Operação Anual na tabela:
Mês Atividade
Janeiro Treinamento da equipe pra o Inventário
Fevereiro Inventário (100%)
Março Inventário (100%)
Abril Análise de dados
Maio Análise de dados
Junho Planejamento para a Coleta (pré-coleta)
Julho Coleta
Agosto Coleta
Setembro Coleta
Outubro Coleta
Novembro Beneficiamento da rezina
Dezembro Transporte dos Frutos
Fonte: tabela de Plano Operacional Anual. 2022.

Águila Aline Ferreira Matias


Eng. Florestal (Téc. Responsável)

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APREMAVI. Floresta Primária. Ver também: https://apremavi.org.br/mata-atlantica/estagios-


da
floresta/#:~:text=A%20floresta%20prim%C3%A1ria%2C%20tamb%C3%A9m%20conhecid
a,de%20estrutura%20e%20de%20esp%C3%A9cies.
22

CASTANHA-DO-BRASIL: boas práticas para o extrativismo sustentável orgânico /


Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural
Sustentável. Departamento de Extrativismo. – Brasília, DF: MMA, 2017.

FERREIRA, Manoel Rodrigues. A Ferrovia do Diabo. São Paulo : Companhia


Melhoramentos, 1982.

FONTES, Benamour. Relatórios ao SPI. Rio de Janeiro : Museu do Índio, 1976/1978.

HUGO, Vitor. Desbravadores, V.2. Manaus : Ed. Missão Salesiana de Humaitá, 1959

IBGE. Diagnóstico integrado e projetos identificados - subsídios ao Plano de Ordenação do


Território - área de influência da BR 364 trecho Porto Velho /Rio Branco. Brasília : IBGE,
1988.

LAGO, Nilde e LEÃO, Maria Auxiliadora. Avaliação “Ex-Post” do Programa Integrado de


Desenvolvimento do Noroeste do Brasil, Polonoroeste. Paraná : Seplan, 1989.

LEÃO, Maria Auxiliadora Cruz De Sá; AZANHA, Gilberto. KARIPUNA DE RONDÔNIA.


2021. Ver também: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Karipuna_de_Rond%C3%B4nia.

LIMA, Karina Ferreira; BATISTA, Marcio João Neves; SCHMAL, Barbara; SCHMAL,
Philippe. Manual de Boas Práticas de Manejo Florestal Não Madeireiro. © 2011 - Associação
Vida Verde da Amazônia – AVIVE

MEIRELES, Denise Maldi. Populações indígenas e a ocupação histórica de Rondônia.


Cuiabá : UFMT, 1983 (dissertação de mestrado).

MMA. Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa nº 5 de 11/12/2006. Disponível em:


<https://www.sedam.ro.gov.br/wp-
content/uploads/2020/02/IN_MMA_N__05_2006._Procedimentos_tecnicos_para_elaboracao
_de_PMFS_POA.pdf>. Acesso em: 08 dez. 2022.

PELLICO-NETTO, S.; BRENA, D. A. Forest inventory. 248 pp. Federal Univ. of Parana,
Federal Univ. of Santa, 1993. PINTO, Andréia et al. Boas Práticas para Manejo Florestal e
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Agroindustrial de produtos florestais não madeireiros: açaí, andiroba, babaçu, castanha-do-


brasil, copaíba e unha de-gato / Andréia Pinto; Paulo Amaral; Carolina Gaia; Wanderléia de
Oliveira – Belém, PA: Imazon; Manaus, AM: Sebrae-AM, 2010.

PORTAL DA AMAZÔNIA. Breu. 2020. Ver também: https://portalamazonia.com/amazonia-


az/letra-b/breu

SILVA, Érica Aparecida Souza. Estudos dos Óleos Essenciais extraídos de resinas de
espécies Protium spp. USP/IQSC-GQATP. SP. 2006.

SILVA, Francisco de A. Relatórios micro-filmados. Rio de Janeiro : Museu do Índio, 1977.

SUÇUARANA. Monik da Silveira. Floresta Ombrófila. Ver também:


https://www.infoescola.com/biomas/floresta-ombrofila/. Acesso em: 08/12/2022.

Terras Indígenas no Brasil. Terra Indígena Karipuna. 2022. Ver também:


https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3723

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