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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA
ECOLOGIA GERAL

Esterphane Teixeira Pires

Transição de técnicas tradicionais para captura do caranguejo-uçá (Ucides


cordatus) pela “redinha” em comunidades entorno da Bacia do Rio Paciência
Maranhão

São Luís – MA
2020
1. Introdução

Os manguezais são ecossistemas costeiros situados em zonas tropicais e


subtropicais que apresenta uma combinação complexa intrínseca de aspectos
bioecológicos. A importância biológica dos manguezais, sem dúvidas, está no fato de que
esses ecossistemas abrigam muitas plantas, invertebrados (moluscos, crustáceos e
outros) e vertebrados, que usam essa área para reprodução, alimentação e moradia
durante parte de seu ciclo de vida (Hatcher et al. 1989; Robertson et. al 1992; Twilley et.
al. 1996).
No Brasil os manguezais cobrem uma área aproximadamente de 13000 km². Os
estados do Maranhão, Pará e Amapá, inseridos na Amazônia legal brasileira, depende
cerca de 50% da área de manguezais do país, onde as principais áreas de ocorrência e
produção de caranguejos estão concentradas nas regiões norte e nordeste, as quais
contribuem com 70% da produção nacional.
A fauna e a flora dos manguezais constitui uma complexa teia alimentar, O que é
fundamental para a saúde dos ecossistemas costeiros, bem como para o mar adjacente,
esse ecossistema também é utilizado por um grande número de pescadores de
subsistência. (Odum&Heal 1972). Muitas comunidades costeiras em todo o mundo
dependem dos manguezais para a sua subsistência (Walters et al. 2008). Apesar de
serem ambientes de elevada produtividade, que beneficiam direta e indiretamente uma
vasta gama de organismos e pessoas que deles se utilizam, os manguezais têm sido alvo
de inúmeras agressões decorrentes de ações antrópicas. Diante disso, se faz necessário
estudos sobre esses ecossistemas e espécies a eles relacionadas são fundamentais, uma
vez que podem fornecer subsídios para o estabelecimento de medidas que busquem a
sua conservação.
A exploração inadequada dos recursos dos manguezais pode causar grandes
ameaças a esse ecossistema, por isso se faz necessário o uso de técnicas de capturas
inovadoras, pois se apresentam muito mais eficientes e exigem menos esforço físico para
explorar um determinado recurso natural (Botelho et.al. 2000). Técnicas extras que
podem intensificar a captura, combinado com a menor seletividade em relação as
técnicas tradicionais, levando a diminuição e consequentemente, ameaçando a
sobrevivência das próprias comunidades tradicionais que dependem dele.
2. Objetivos

2.1 Objetivo Geral

• Avaliar as vantagens e desvantagens das técnicas de captura do caranguejo-uçá


(Ucides cordatus).

2.2 Objetivos específicos

• Observar como cada tipo de técnica influencia na produção.

• Mostrar os eventuais do uso da técnica de “redinha” para os catadores e para o


ecossistema.
3. Questão/Hipótese

3.1 Questão
• O uso majoritário da técnica redinha, em decorrência da rápida substituição das
técnicas anteriormente utilizadas, é uma ameaça à extinção definitiva das técnicas
tradicionais?

3.2 Hipótese
• Sim, poucos são catadores que usam as técnicas tradicionais, pois, caranguejeiros
foram influenciados a mudar de técnica(s), principalmente pela maior produção
obtida através da redinha.

4. Materiais e Métodos
4.1 Área de estudo
O trabalho será realizado com catadores de caranguejo em torno da bacia do rio
Paciência (Mapa 1) que se localiza na parte nordeste da ilha de São Luís, compreendida
entre os paralelos 2° 23’ 05"S a 2° 36’ 42" S e entre os meridianos 44° 02’ 49" W a
44º15’49" W, drenando uma área de aproximadamente 171,74 km2 , distribuindo-se pelos
quatro municípios integrantes da ilha de São Luís: Paço do Lumiar, Raposa, São José de
Ribamar e São Luís.

Mapa 1 - Estado do Maranhão com destaque aos limites da Bacia do Rio Paciência, Ilha de São Luís. Fonte:
Imagem Landsat.

Várias são as técnicas usadas pelos caranguejeiros para capturar os U. cordatus,


como o braceamento, onde a coleta é feita de forma manual, com os catadores
introduzindo o braço nas galerias, onde os animais se abrigam, para retirá-los após
imobilizados. O tapamento que consiste na obstrução de certo número de tocas com
sedimentos do mangue que são empurrados para o seu interior com o auxílio dos pés. A
ratoeira que consiste em armadilhas construídas com latas de óleo ou similares, das quais
se uma das tampas que, reforçada com pedaços de madeira, é novamente fixada à lata
por meio de um pedaço de borracha, que funciona como dobradiça e a redinha que
consiste em uma armadilha formada por fios de sacos plásticos amarrados, que é
colocada nas aberturas das tocas, fixada com o auxílio de duas metades de “raiz” de R.
mangle; ao tentarem sair, os caranguejos ficam presos, sendo então capturados.

4.2 Métodos

Sendo realizadas em campo de forma mensal, dividido em duas etapas, onde a


primeira vai consistir em levantamentos para selecionar os informantes, e a segunda
utilizando técnicas para obtenção de dados, ou seja, serão realizadas entrevistas abertas
e semi-estruturadas, entrevistas estas selecionadas a partir da técnica de Snowball (Bola
de Neve) (Biernacki&Waldorf 1981), que vai consistir em seguir indicações dos primeiros
entrevistados para assim localizar os demais alvos da pesquisa, obtendo uma validade
das informações por meio das técnicas de controle de dados com entrevistas em
situações sincrônicas e diacrônicas.
As entrevistas serão de fundamental importância, para se obter informações sobre
quais técnicas são mais utilizadas pelos catadores, quais dão mais produção, suas
vantagens e desvantagens, identificando assim os motivos da transição de técnicas.
Avaliando os perigos para ecossistema manguezal e aos próprios catadores, analisando a
possibilidade de acidente de trabalhos e doenças adquiridas a partir das atividades de
captura por conta da transição das técnicas, buscando assim saídas para resolver a
problemática, visando o bem do ecossistema e dessas comunidades que necessitam do
mesmo.

5. Resultados Esperados

Espera-se saber de acordo com as entrevistas, as diferentes colocações da


comunidade, assim como as suas principais dificuldades enfrentadas para a captura
desses organismos, levando em consideração as doenças adquiridas no trabalho, o
benefício de cada técnica, assim como os malefícios. Compreender como e por que os
caranguejeiros capturam o caranguejo-uçá e como os padrões de uso afetam o
manguezal, a espécie e a eles próprios. Esses pontos se mostram fundamentais para
uma gestão efetiva e participativa da comunidade, para propor soluções adequadas à
realidade da captura de cada região, pois, a rápida transição pode ser preocupante no
ponto de vista da conservação, porque a redinha é geradora de vários impactos
ambientais, tidos como potenciais ameaças ao ecossistema manguezal e ao estoque
populacional do caranguejo-uçá (Ucides cordatus). Deste modo, torna-se importante
realizar estudos que busquem uma saída para esse problema que é não somente
ambiental, como também social, visto que as técnicas tradicionais são menos rentáveis
que a redinha e que esta surgiu para facilitar o trabalho do catador e aumentar a sua
renda.
6. Referências bibliográficas

• caranguejo_uca_CAPA.indd (aterpesca.org.br) ;

• Alves, R.R.N & Nishida, A.K. 2002. A ecdise do caranguejo-uçá, Ucides cordatus
(Crustacea, Decapoda, Brachyura) na visão dos caranguejeiros. Interciencia 27:
110–117.
• Alves, R.R.N & Nishida, A.K. 2003. Aspectos socioeconômicos e percepção
ambiental dos catadores de caranguejo-uçá Ucides cordatus cordatus (L. 1763)
(Decapoda, Brachyura) do estuário do rio Mamanguape, Nordeste do Brasil.
Interciencia 28: 36–43.
• Botelho, E.R.O; Santos, M.C. & Pontes, A.C.P. 2000. Algumas considerações
sobre o uso da redinha na captura do caranguejouçá, Ucides cordatus (Linnaeus,
1763), no litoral sul de Pernambuco – Brasil. Boletim Técnico- Científico do
CEPENE 8:
55–71.

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