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Profa. Dra.

Celia Regina de Gouveia Souza


• Instituto Geológico-SIMA/SP
• Programa de Pós-Graduação em
Geografia Física-FFLCH/USP
celia@sp.gov.br; celiagouveia@gmail.com
Ementa do Minicurso
➢Conceitos sobre Praias e Erosão Costeira
➢Consequências da Erosão Costeira
➢Serviços Ecossistêmicos de Praias
➢Risco à Erosão Costeira e Indicadores de
Erosão Costeira Crônica
➢Mapa de Risco à Erosão Costeira para SP
➢Causas da Erosão Costeira em SP e no
Brasil
➢O que Fazer?...
SISTEMA PRAIA-DUNA

Souza et al. (2005)


PRAIAS ARENOSAS OCEÂNICAS
Características físicas (granulometria e mineralogia
das areias, morfologia) e bióticas (fauna e flora)

Condicionantes Condicionantes
Geológicos e Oceanográficos e
Geomorfológicos Meteorológicos
Características Clima de ondas; Marés e
fisiográficas da planície Variações do NM; Ventos
costeira/continente e da (dinâmica climática
plataforma continental regional e global)

Intervenções
Antrópicas
ESCALAS ESPACIAL E TEMPORAL DOS PROCESSOS COSTEIROS
PRINCIPAIS TIPOS DE TRANSPORTE
DE SEDIMENTOS NA PRAIA:

Correntes de Deriva Litorânea

Transporte longitudinal (deriva litorânea)


Transportes costa-dentro e costa-afora
7

PRINCIPAIS TIPOS
DE TRANSPORTE
DE SEDIMENTOS NA
PRAIA:

Correntes de Retorno

Enseada - Guarujá
8

PRINCIPAIS TIPOS
DE TRANSPORTE
DE SEDIMENTOS NA
PRAIA:

Correntes de Retorno

(Massaguaçu)
9
PRINCIPAIS TIPOS DE TRANSPORTE
DE SEDIMENTOS NA PRAIA:

Transporte Transversal Costa Adentro-Costa Afora


Estados
Morfodinâmicos
Classificação dos Estados
Morfodinâmicos de praias
arenosas segundo Short (1999),
Masselink & Short (1993) e
Masselink & Turner (1999)
(fonte: Souza et al., 2005)

E S T A D O M O R F O D I N Â M I C O
PARÂMETROS DISSIPATIVO INTERMEDIÁRIO REFLEXIVO
ONDAS
Tipo de Quebra deslizante deslizante/mergulhante mergulhante/frontal
Número de Quebras 3 1-3 1
Refletividade baixa - alta
Nível Relativo de Energia alto médio baixo
Ângulo de Incidência normal à costa médio (0-10o) oblíquo (10-45o)
CORRENTES
Horizontais grandes giros pequenos giros unidirecional
Costa afora correntes de retorno intensas correntes de retorno médias fluxo rumo sotamar
MORFOLOGIA Classificação dos Estados
Barras múltiplas, paralelas em crescente sem barras Morfodinâmicos de praias
Declividade média  2o 2-4 o  4o
Cúspides e irregularidades embaíamentos rítmicos / cúspides de surfe cúspides de espraiamento arenosas segundo Sazaki(1980)
da linha de costa aperiódicos (fonte: Souza, 1997).
Perfil Praial plano Transicional (berma) em degraus (berma)
TRANSPORTE DE SEDIMENTOS
Longitudinal baixo médio alto
Costa-adentro / Costa-afora alto médio baixo
Modo Dominante suspensão misto carga de fundo
Granulometria fina média grossa
Atividade Eólica alta média baixa
Erosão Costeira ou Praial
A Erosão Costeira/Praial é um processo natural da dinâmica sedimentar
da praia, mas se torna perigosa quando o passa a predominar a maior
parte do tempo, evidenciando um Balanço Sedimentar Negativo.

Souza (2012)
Erosão Costeira e Inundação Costeira

✓ Perigos em qualquer linha de costa, em especial quando


o nível relativo do mar está subindo e em condições de
aquecimento global (aumento da frequência, intensidade
e duração de eventos meteorológicos-oceanográficos
extremos).

✓ Portanto, qualquer elemento presente na linha de costa


oceânica (a própria praia, no sentido ambiental e
estético; as pessoas em relação ao turismo e às
atividades de lazer; as propriedades e bens; as
atividades econômicas etc.) será vulnerável e estará em
risco.
Erosão Costeira ou Praial
Pode ser classificada como Crônica ou Aguda (e.g. Mangor
et al. 2017).
✓Erosão Crônica: normalmente
se desenvolve de forma
progressiva e constante ao longo
dos anos e se dá devido ao
déficite no balanço sedimentar
em determinada célula costeira.
Praia da Juréia - Praia da Enseada - Guarujá 09/06/2020
Iguape
✓Erosão Aguda: resultado de
eventos meteo-oceanográficos
intenso/extremos, como Ressacas
do mar e Marés Meteorológicas
positivas (sobrelevações do nível
do mar de curto período).
Eventos Meteorológicos-Oceanográficos Intensos e
Extremos (Ressacas e Marés Altas Anômalas)
 A magnitude dos efeitos gerados na costa dependerão de:
intensidade da agitação marítima; sobrelevação total do
nível do mar (maré astronômica + maré meteorológica); e
do “estado erosivo” da praia.
Canal 4 (Santos)

Mongaguá (29/10/2016)
08/09/2009
Praia da Enseada (Guarujá)

Erosão Erosão
Aguda Crônica

Praia da Juréia (Iguape)


09/06/2020
Dê um exemplo de um tipo de Consequência da
Erosão Costeira ou Praial...

(Mentimeter – QR code ou link:


https://www.menti.com/f25jiut23o
Resultados
mentimeter -
https://www.mentimeter.co
m/s/b9d18b67106a8b21fd7
7d349b99146ac/e02fb746c
2e0
Erosão Costeira: Consequências (1)
✓ Redução na largura da praia, desaparecimento da zona de
pós-praia e até da própria praia
✓ Erosão na porção jusante dos sistemas fluviais-estuarinos,
com possível alteração da circulação estuarina
✓ Perda e desequilíbrio de hábitats naturais (destruição de
dunas, manguezais, florestas de restinga etc.)
✓ Perda dos Serviços Ecossistêmicos
✓ Aumento na frequência e intensidade das inundações
costeiras
✓ Aumento da intrusão da cunha salina
✓ Diminuição da balneabilidade das águas costeiras
✓ Perda de recursos pesqueiros
✓ Perda do valor paisagístico da praia e da região costeira
Erosão Costeira: Consequências (2)
✓ Destruição de estruturas urbanas e obras de engenharia
costeira
✓ Perda de bens e propriedades
✓ Perda do valor imobiliário das habitações costeiras
✓ Perda do potencial turístico
✓ Problemas e até colapso dos sistemas de esgotamento
sanitário (obras enterradas e emissários submarinos)
✓ Prejuízo nas atividades socioeconômicas ligadas ao turismo,
lazer e esportes na praia
✓ Artificialização da linha de costa (obras de “proteção”
costeira)
✓ Gastos astronômicos com a recuperação de praias e a
reconstrução da orla marítima
Serviços Ecossistêmicos
SEco: consistem em fluxos de SEco: são condições e processos
materiais, energia e que fornecem real suporte à vida...
informações de estoques de através dos quais ecossistemas
capital natural,... para produzir naturais e as espécies que os
bem-estar humano (Constanza, compõem, sustentam e atendem a
1997) vida humana (Daily, 1997)

SEco: são os benefícios que as pessoas e a sociedade


obtêm dos ecossistemas (Millenium Ecosystem
Assessment, 2005; UK NEA 2011).
São Paulo:
Lei n° 13.798 de 2009, regulamentada pelo Decreto n° 55.947, de
2010, que dispõe sobre a Política Estadual de Mudanças Climáticas...
Artigo 4°: Serviços ecossistêmicos são os benefícios que as
pessoas obtêm dos ecossistemas, e serviços ambientais são os
serviços ecossistêmicos que têm impactos positivos além da área
onde são gerados.
Serviços Ecossistêmicos
Geralmente são classificados em serviços de:
• Suporte: necessários à manutenção de todos os SEco; são
processos e funções (criam condições ideais para a manutenção da
vida, como a fotossíntese; formação de solos, sedimentos,
ciclagem de nutrientes, produção primária etc.).
• Provisão ou abastecimento: produtos obtidos dos ecossistemas
(alimentação, água, materiais etc).
• Regulação: benefícios obtidos da regulação de processos
ecossistêmicos (controle de enchentes, erosão, doenças; regulação
climática, da água, armazenamento de carbono, purificação da
água etc).
• Culturais: benefícios intangíveis obtidos dos ecossistemas,
proporcionam o bem-estar físico, mental e espiritual (valor
estético, turismo, lazer, recreação, esporte, religião, espiritual,
herança cultural e arqueológica, pesquisa científica etc.).
Serviços
Ecossistêmicos
/ Benefícios à
Sociedade
prestados
pelos
Ambientes
Costeiros

Esteves, L. (2014) –
Managed Realignment
Book
Percepção dos SEco em Praias:
Associação entre as Funções da Praia
e as Categorias de SEco

(Quiz 12 perguntas – Kahoot)

https://kahoot.it/
RISCO À EROSÃO COSTEIRA
NO BRASIL E EM SÃO PAULO

Barra da Tijuca – 28/05/2020


Erosão Costeira no Brasil
De forma muito generalizada (MMA, 2018 – Panorama da Erosão Costeira no Brasil)
(métodos diferentes de análise
e interpretação) os resultados
do levantamento de
mobilidade da linha de costa
expressa em porcentagem em
relação ao comprimento total
da linha de costa de cada
estado:
Região N: PA e AP 60-65%, MA
e PI 10-11%;
Região NE: RN 60%; CE e PI 45-
47%; demais estados 20-38%;
Região SE: 12-16% (porém, é
uma costa muito recortada e
segmentada por afloramentos
de embasamento);
Região S: PR e SC 13-15%, RS
49%.
Praias com Erosão Costeira e Setores Morfodinâmicos
(monitoramento desde 1992)

(Souza & Suguio, 1996)


Programa de Monitoramento de Erosão Costeira nas Praias de
São Paulo (desde 1992)
Mapa de Risco à Erosão Costeira (Souza, 2017)

MA = 28,3%
A = 23,2%
M = 26,3%
B = 21,2%
MB = 1%

Considerando que o NmM está subindo, NÃO HÁ PRAIAS SEM RISCO!


38
Indicadores de erosão costeira (baseado em Souza, 1997, 2001b;
Souza & Suguio, 2002)

INDICADORES DE EROSÃO COSTEIRA


Pós-praia muito estreita ou inexistente devido à inundação
I
pelas preamares de sizígia (praias urbanizadas ou não)
Recuo geral da linha de costa nas últimas décadas, com franca
II diminuição da largura da praia, em toda a sua extensão ou mais
acentuadamente em determinados locais dela (praias
urbanizadas ou não)
III Erosão progressiva de depósitos marinhos e/ou eólicos
pleistocênicos a atuais que bordejam as praias, sem o
desenvolvimento de falésias/escarps (praias urbanizadas ou
não)
Intensa erosão de rochas sedimentares mesozóicas e
IV sedimentos terciários (Formação Barreiras), de arenitos de praia
holocênicos e de depósitos marinhos e/ou eólicos pleistocênicos
a atuais que bordejam as praias, provocando o desenvolvimento
de falésias e escarpas (praias urbanizadas ou não)
Destruição de faixas frontais de vegetação de restinga ou de
V manguezal, presença de raízes e troncos em posição de vida
soterrados na praia, devido à erosão e/ou ao soterramento
causado pelo recuo/migração da linha de costa
Exumação e erosão de depósitos paleolagunares, turfeiras,
VI arenitos de praia ou terraços marinhos holocênicos e
pleistocênicos, sobre o estirâncio e/ou a face litorânea atuais,
devido à remoção das areias praiais por erosão costeira e déficit
sedimentar extremamente negativo (praias urbanizadas ou não)

(Souza et al., 2005; Souza, 2012)


39
Indicadores de erosão costeira (baseado em Souza, 1997, 2001b;
Souza & Suguio, 2002)

INDICADORES DE EROSÃO COSTEIRA


Freqüente exposição de “terraços ou falésias artificiais”,
VII apresentando pacotes de espessura até métrica, formados por
camadas sucessivas de aterros erodidos soterradas por camadas
de areias praiais/dunares (contato entre a praia e a área
urbanizada)
VIII Destruição de estruturas artificiais construídas sobre os
depósitos marinhos ou eólicos holocênicos, a pós-praia, o
estirâncio, a face litorânea e/ou a zona de surfe
Retomada erosiva de antigas plataformas de abrasão marinha,
elevadas de +2 a +6 m, formadas sobre rochas do
IX embasamento ígneo-metamórfico précambriano a mesozóico,
rochas sedimentares mesozóicas, sedimentos terciários
(Formação Barreiras) ou arenitos praiais pleistocênicos, em
épocas em que o nível do mar encontrava-se acima do atual,
durante o Holoceno e o final do Pleistoceno (praias urbanizadas
ou não)
Presença de concentrações de minerais pesados em
X
determinados trechos da praia, em associação com outras
evidências erosivas (praias urbanizadas ou não)
Desenvolvimento de embaíamentos formados pela presença de
XI correntes de retorno concentradas e de zona de barlamar ou
centros de divergência de células de deriva litorânea localizados
em local(s) mais ou menos fixo(s) da linha de costa
(Souza et al., 2005; Souza, 2012)
Indicadores de Erosão Costeira

Pós-praia muito estreita ou


inexistente devido à inundação
I pelas preamares de sizígia
(praias urbanizadas ou não)
Indicadores de Erosão Costeira
Recuo geral da linha de costa nas últimas décadas, com
II diminuição da largura da praia, e migração da linha de
costa sobre a planície costeira
Taxas de Recuo/Retração de algumas Praias de São Paulo, entre
1962 e 2001

Praia Grande (Ubatuba): 1,9 m/ano


Praia da Barra Seca: 0,78 m/ano
Praia do Gonzaguinha: 0,64 m/ano
Praia do Estaleiro: 0,36 m/ano
Praia de Ubatumirim: 0,25 m/ano
Praia de Massaguaçu: 0,23 m/ano
Praia de Maranduba: 0,17 m/ano
Praia de Tabatinga: 0,02 m/ano
Erosão progressiva de depósitos
marinhos e/ou eólicos pleistocênicos
III a atuais que bordejam as praias, sem
o desenvolvimento de falésias (praias
urbanizadas ou não)
Intensa erosão de depósitos
marinhos e/ou eólicos pleistocênicos
a atuais que bordejam as praias,
IV provocando o desenvolvimento de
falésias com alturas de até dezenas
de metros (praias urbanizadas ou
não)

Tenório
Praia da Juréia -
Iguape

Destruição de faixas frontais de


vegetação de restinga ou de
V manguezal, presença de raízes
e troncos em posição de vida
soterrados na praia
Exumação e erosão de terraços
marinhos holocênicos e
VI pleistocênicos, depósitos
paleolagunares sobre o
estirâncio e/ou a face
litorânea atuais
Frequente exposição de
“terraços ou falésias artificiais”,
apresentando pacotes de
VII espessura até métrica, formados
por camadas sucessivas de
aterros erodidos soterradas por
camadas de areias
praiais/dunares
Massaguaçu
Destruição de estruturas artificiais (31/10/2019)

construídas sobre os depósitos


VIII marinhos ou eólicos holocênicos, a
pós-praia, o estirâncio, a face
litorânea e/ou a zona de surfe
Indicadores de Erosão Costeira
Retomada erosiva de antigas plataformas de abrasão marinha,
elevadas de +2 a +6 m, formadas sobre rochas do
IX embasamento ígneo-metamórfico précambriano a mesozóico,
em épocas em que o nível do mar encontrava-se acima do
atual, durante o Holoceno e o final do Pleistoceno
Indicadores de Erosão
Costeira

Presença de concentrações de
minerais pesados em
X determinados trechos da praia, em
associação com outras evidências
erosivas
Indicadores de Erosão Costeira

Desenvolvimento de embaíamentos formados


pela presença de correntes de retorno
XI concentradas e de zona de barlamar ou centros
de divergência de células de deriva litorânea
localizados em local(s) mais ou menos fixo(s) da
linha de costa

Após fortes ressacas em 2007


Apresentação da Dinâmica
do Trabalho e da Ficha de
“Campo”
CAUSAS DA EROSÃO COSTEIRA

A erosão costeira é, em geral,


multicausal!
(Souza et al., 2005; Souza, 2012)
CAUSAS ANTRÓPICAS DA
CAUSAS NATURAIS DA EROSÃO COSTEIRA EROSÃO COSTEIRA
1 Dinâmica de circulação 7 Inversões da deriva litorânea 14 Urbanização da orla
costeira resultante causadas por fenômenos (destruição de dunas;
(centros de divergência de climáticos-meteorológicos impermeabilização de
células de deriva litorânea - (ciclones extratropicais/ressacas; “El terraços marinhos; ocupação
efeito “foco estável”) Niño/La Niña”) da pós-praia)
2 Morfodinâmica praial 8 Elevação do nível relativo do mar 15 Implantação de estruturas
(mobilidade e suscetibilidade à de curto período rígidas ou flexíveis,
erosão costeira: intermediárias (tempestades e marés meteorológicas; paralelas ou transversais
> reflectivas > dissipativas) efeitos esteáricos )
3 Aporte de sedimentos 9 Efeitos atuais da elevação do nível 16 Armadilhas de sedimentos
naturalmente ineficiente relativo do mar durante o último associadas à implantação de
(continente, praia e fundo marinho século (0,20 m) estruturas artificiais
adjacente)

4 Presença de irregularidades 10 Efeitos secundários da elevação de 17 Retirada de areia de praia


na linha de costa nível do mar de longo período – (mineração e/ou limpeza
(promontórios rochosos e cabos; “Regra de Bruun” pública)
ilhas; rios – “molhe hidráulico”)
5 Presença de amplas zonas 11 Evolução quaternária das planícies 18 Extração de areias fluviais e
de transporte ou trânsito de costeiras (balanço sedimentar de longo dragagens em canais de
sedimentos (by-pass) prazo negativo; circulação costeira) maré e na plataforma
continental
6 Armadilhas de sedimentos 12 Balanço sedimentar atual negativo 19 Conversão de terrenos
(desembocaduras lagunares e por processos naturais individuais naturais em urbanizados
fluviais – migração, barras; ou combinados (mudanças na drenagem e no
ilhas, parcéis; arenitos de praia
aporte sedimentar)
e recifes; baías )
13 Fatores tectônicos 20 Balanço sedimentar negativo
por intervenções antrópicas
(1) Dinâmica de Circulação Costeira e (7) Inversões da
Deriva Litorânea (eventos anômalos e mudanças climáticas)

Células de Deriva
Litorânea (Zona de
Divergência de 2
células > erosão)

Correntes de Deriva
Litorânea
Programa de Monitoramento do Perfil Praial (jan/2010-
fev/2014 - mensal): Impactos das Obras de Dragagem de
Aprofundamentoe Alargamento do Canal do Porto de Santos

SANTOS

364000

366000
Comportamento Histórico da Largura da Praia
1962 a 2009 (Retroanálise a
partir de produtos
de sensoriamento
remoto)

Stos-03: Mega-
C1 C2 C3 C4 C5 C6
corrente de
retorno.
Stos-23: Erosão
costeira desde o
final da década
2010 a 2014 de 1930.

C1 C2 C3 C4 C5 C6
Matriz de Comparação para Identificação
de Células de Deriva Litorânea
Método de Souza, 1997/2007

Emiss.

C1

C2

C3

C4

C5

C6

P. Praia
* Amostragem: terço inferior do estirâncio
Processos Sedimentares e Transporte Resultante:
Resultados Mensais e Anuais (jan/2010 a fev/2014)
2010 2011

2013 2014
Espacialização das Células de Deriva Litorânea

2010 2010

2011 2011
Espacialização das Células de Deriva Litorânea

2013

2013-2014
2010 a 2014

C1 C2 C3 C4 C5 C6

Síntese do
Comportamento
dos Processos
Sedimentares
nos Perfis
C6
C5
C4
C2
C1

C3
Síntese dos Resultados

Maior Ocorrência Maior Ocorrência


de EROSÃO de DEPOSIÇÃO
(1) Dinâmica de Circulação
Costeira

Correntes de Retorno

Após fortes ressacas em 2007


63
(2) Morfodinâmica Praial
(Intermediária>Reflexiva>Dissipativa)
Praia de Ilha Praia de
Comprida: Barequeçaba:
micromaré, micromaré,
dissipativa de alta dissipativa de baixa
energia, com energia
desenvolvimento de
correntes de retorno
concentradas e
barras de deriva
litorânea contínuas
Praia de Praia de Iperoig:
Massaguaçu: micromaré,
micromaré, reflexiva reflexiva de baixa
de alta energia, com energia, com berma
cúspides bem pouco desenvolvido
desenvolvidas e dois e sem feições
níveis de bermas

Praia de Maresias: Praia da Enseada-


micromaré, São Sebastião:
intermediária, com micromaré,
cúspides e correntes ultradissipativa, de
de retornos perfil muito plano e
sem feições
64
(3) Aporte Ineficiente de Sedimentos

Baía de S.
Vicente Baía de
Santos
(4) Irregularidades da Linha de Costa, Molhe Hidráulico
(5) Zonas de By-Passing (Trânsito de Sedimentos)
(4) Molhe
Hidráulico

(6) Armadilhas
Naturais de
Sedimentos
(7) Inversões da Deriva Litorânea
(eventos anômalos/extremos e
mudanças climáticas)

26/05/2021

26/05/2021

Praia da Tabatinga
(Caraguatatuba)
Rotação Praial

26/05/2021
Praia da Mocoóca (Caraguatatuba)

Pr. Tabatinga
(8, 9,10) Elevação do NM de Curto e
Longo Período (Regra de Bruun) e
Efeitos Secundários

Ilha Comprida

Gonzaguinha (S. Vicente)


(9,10) Elevação do NM de Longo Período:
Efeitos Secundários – Regra de Bruun
(Variação das Isóbatas - cartas naúticas 1938-9, 1972, 1993-4)

(Souza, 1997 – Tese de Doutorado)


Banco de Dados de eventos intensos/extremos de “Ressacas” e “Marés
Altas anômalas (marés meteorológicas)”,
a partir de método hemerográfico para a RMBS

238 eventos
extremos
Eventos conjugados (os de maior magnitude): 50 eventos
(1928-2016)
1 na década de 1960 (nenhum antes de 1960), 3 na de 1970, 10 na década de 1980, 3 na
década de 1990, 19 na década de 2000 e 14 entre 2010-2016. Portanto, o número de
eventos muito fortes aumentou a partir da década de 2000!!

Distribution by Century
90 88
Number of Events

80
70 65
60 58
50
40
30 27
20
10
0
XX (1928-1999) XXI (2000-2016)
Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá e Praia Grande

(11) Evolução
Quaternária das
Planícies Costeiras
(balanço sedimentar
negativo e circulação
costeira)
(14) Urbanização da Orla (destruição de dunas,
impermeabilização, ocupação da pós-praia)
Praia Itanhaém
Grande

Juréia-Iguape
Mongaguá

Tabatinga-Caraguatatuba
Góes

Guarujá Bertioga
(15, 16) Estruturas
Rígidas, Armadilhas
de Sedimentos
(15, 16) Estruturas Rígidas, Armadilhas de Sedimentos
Implantação de estruturas rígidas em
Massaguaçu (erosão começou a ser “notada” no
final da década de 1990)

T7

2000

(T9) 2001 T7

T7

Jan/2017 2000

Out/2019 (erosão
avançando para sul)

~T11

Out/2019
Novo enrocamento sobre
a obra colapsada)

Posição do novo muro,


recuado e com defletor
de ondas
26/05/2021
(17) Retirada de Areia das Praias
(desassoramento de canais, limpeza pública)
(18, 19, 20) Mineração e Dragagem de Areias,
Alterações na Rede de Drenagem
(alteração do balanço sedimentar)
O QUE PODEMOS
FAZER PARA
MINIMIZAR OS
IMPACTOS ???
11/06/2020
Motores da Elevação do NM e Eventos Extremos, Perigos Associados, Elementos Expostos,
Vulnerabilidade, Impactos e os Riscos Relacionados, as Respostas, os Desafios de Governança
e as Práticas e Ferramentas que possibilitem as escolhas da Sociedade
(IPCC, 2019, Cap. 4, p. 4-8)
O Que Fazer?? → GERENCIAMENTO DE RISCO

 CLASSES DE RISCO X AÇÕES/RECOMENDAÇÕES:

✓ Muito Alto e Alto: praias particularmente


vulneráveis e sob forte ameaça, requerendo
ações imediatas (realocações, remoções,
recuperação de praias e dunas frontais).

✓ Médio: praias que requerem atenção; impedir a


piora do estado (recuperação de praias e dunas
frontais).

✓ Baixo e Muito Baixo: praias comparativamente


mais seguras de danos; no mínimo conservar o
estado.
Estabelecer Regras, Recomendações, Regulamen-
tações e Disciplinamento para intervenções nas
praias e linhas de costa:
 Obras de engenharia e medidas de proteção
costeira – estudos prévios de impactos
ambientais, monitoramentos (processos costeiros
e dados meteo-oceanográficos) e projeções de
NM e eventos extremos (Guia de Diretrizes de
Prevenção e Proteção à Erosão Costeira – MMA,
2017);
 Coibir a retirada de areia de praias e dunas
(limpeza pública ou outros);
 Controlar obras de desassoreamento de canais
estuarinos e lagunares (estudos prévios);
 Indicar áreas restritas para atividades náuticas
(marinas, rotas para jet-sky e “banana-boat”),
não sujeitas a erosão.
ZONAS DE PROTEÇÃO/AMORTECIMENTO (Set baks)
✓ Faixa de terreno na planície costeira, paralela e contígua
à praia, que deve:
(i) ser mantida livre de qualquer ocupação antrópica;
(ii) largura mínima variável em função do grau de risco ou da
taxa de recuo da linha de costa;
(ii) ter restauradas as condições de permeabilidade original
do terreno, com a recuperação da duna frontal e da
vegetação original ou, não havendo esta possibilidade, ser
efetuado o plantio de espécies nativas de escrube ou dunas.
Exemplos de Zonas de Proteção no Mundo

Em alguns países da Europa (ex.: Espanha e


França), a ZP possui 100 m de largura contados a
partir do limite das águas. Não houve compensação
aos eventuais proprietários (França - Lei Litoral nº
86-2/1986; Espanha - Ley de Costas nº 22/1988).

Nos Estados Unidos, a ZP tem largura variável em


função da taxa de erosão da linha de costa para
intervalos de 10, 30 e 60 anos, definindo zonas nas
quais são estabelecidos diferentes tipos de uso e
ocupação.

Na Austrália, a faixa tem largura adequada à


recuperação da primeira duna frontal.
NRC (USA)

Miami Beach (2012) (USA) Ocean Shore Beach (2007)


(Australia)

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MEDIDAS DE ADAPTAÇÃO
Acomodação, Realocação, Fortificação
Estruturais
- Adaptações/melhoria das estruturas existentes (na
linha de costa e na planície costeira)
- Alimentação/engordamento artificial da praia
(necessidade de fontes sedimentares)
- Obras de proteção costeira, de preferência não
rígidas/construindo com a natureza (necessidade de
estudos aprofundados)

Não Estruturais
- Informação/conscientização
- Remoção completa de estruturas urbanas e obras
- Realocação de estruturas urbanas
- Recuperação de dunas frontais e de manguezais
- Estabelecimento de Zonas de Proteção/Amortecimento
Engordamento/Alimentação Artificial de Praias (Cuba)
Miami Beach:
Espigões X Engordamento Artificial
Exemplos de Medidas na Bx Santista (Boas Práticas!)
Pr Enseada – Bertioga: estrutura Itanhaém (nov/2016): conservação
p/ recuperação da duna (2001) vegetação de dunas

Pr Enseada – Bertioga: zona


de amortecimento atual

Pr Enseada – Guarujá (fev/2019) –


Remoção dos Quiosques e
Recuperação/Conservação das Dunas
Projeto “Resposta Morfodinâmica de Praias do SE
Brasileiro aos Efeitos da Elevação do NM e de
Eventos Meteorológicos-Oceanográficos Extremos
até 2100” (CAPES, 2017-2022)
Medida de
Praia da Enseada - Guarujá
Fevereiro/2020 Adaptação
sugerida e
implantada:
Recuperação
das Dunas
Frontais desde
o final de 2017

Após eventos intensos de abril/2020


E se não fizermos nada …

Ponta da Praia - 1967

Ponta da Praia – 2067 (NmM 0,3


m acima do nível de 2000)

Tomara que
esta praia
nunca
desapareça...
OBRIGADA!

♫♫
“Nada do que foi será
de novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará...
A vida vem em ondas como mar
do infinito ao finito
Tudo o que se vê não é
igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir,
nem mentir a si mesmo...”
Como uma onda no mar... ♫ ♫
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