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BOTÂNICA COSTEIRA
Um Resumo Didático de Autores e Temas
Claudio Urbano B. Pinheiro
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BOTÂNICA COSTEIRA
Um Resumo Didático de Autores e Temas
Prof. Dr. Claudio Urbano B. Pinheiro
SUMÁRIO
MÓDULO I
I. A ORIGEM DA VIDA
III. BOTÂNICA
V. APLICAÇÕES DA BOTÂNICA
MÓDULO II
IX. A COSTA DO BRASIL E SUA VEGETAÇÃO
XI. VEGETAÇÃO
MÓDULO III
XIV. MANGUEZAIS
(Ocorrência, Importância, Legislação, Ameaças, Principais Espécies)
XXI. ETNOBOTÂNICA
BIBLIOGRAFIA
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BOTÂNICA COSTEIRA
Um Resumo Didático de Autores e Temas
Prof. Dr. Claudio Urbano B. Pinheiro
MÓDULO I
(Origens, Conceitos, Classificações,
Aplicações, Organografia)
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I. A ORIGEM DA VIDA
Até o presente momento, a Teoria do Big Bang é utilizada para explicar o surgimento
da Terra. Acredita-se que nosso planeta se formou há 4,5 bilhões de anos e, durante
cerca de um bilhão de anos, sofreu processos importantes, como seu resfriamento,
viabilizando o surgimento da vida.
→ Abiogênese x Biogênese
Estudiosos mais antigos acreditavam que os seres vivos surgiam espontaneamente
da matéria bruta – a hipótese da geração espontânea, também chamada
de abiogênese. Entretanto, por meio de diversos experimentos executados por
cientistas, como Redi, Needham, Spallanzani e Pasteur,foi possível descartar essa
hipótese, adotando a biogênese, que afirma que os micro-organismos surgem a partir
de outros preexistentes.
→ Evolução química
Embora tenha respondido a uma grande questão, a biogênese não explica como
ocorre o processo de surgimento de uma espécie a partir de outra. Assim, existem
algumas explicações para tal, sendo a origem por evolução química a mais aceita
pela categoria científica. Essa teoria propõe que a vida surgiu a partir do arranjo entre
moléculas mais simples, arranjo esse aliado a condições ambientais peculiares, o que
resultou na formação de moléculas cada vez mais complexas até o surgimento de
estruturas dotadas de metabolismo e capazes de se autoduplicar, dando origem aos
primeiros seres vivos. Oparin, Haldane e Miller são os precursores dessa hipótese.
→ Hipótese autotrófica
Atualmente, acredita-se que o primeiro ser vivo era autotrófico. Dois motivos justificam
sua ampla aceitação:
1) até o surgimento da fotossíntese, o planeta provavelmente não apresentava
moléculas orgânicas suficientes para sustentar as multiplicações dos primeiros seres
vivos;
2) em razão da instabilidade do planeta, esses organismos só conseguiriam
sobreviver se estivessem em locais mais protegidos, como fontes termais submarinas
dos mares primitivos. Assim, a hipótese autotrófica sugere que os primeiros seres
vivos surgiram primeiramente em ambientes mais extremos, nutrindo-se a partir da
reação entre substâncias inorgânicas, processo esse denominado de quimiossíntese.
Essa hipótese sugere ainda que, a partir desses primeiros seres vivos, surgiram
aqueles capazes de realizar fermentação, depois os fotossintéticos e, por último, os
seres heterotróficos. Acredita-se que esses primeiros indivíduos eram procarióticos.
A célula eucariótica provavelmente surgiu há dois bilhões de anos.
Esta característica está diretamente ligada ao porte da planta, pois as briófitas, como
os musgos, por exemplo, não apresentam esses vasos e chegam a ter no máximo 10
cm, enquanto que as gimnospermas e angiospermas podem chegar a 100 m.
Agentes polinizadores
Outra adaptação ao ambiente terrestre está relacionada às sementes e sua dispersão.
O vegetal mais evoluído é aquele que apresenta sua semente protegida pelo fruto.
Sua disseminação ocorre, normalmente, através de agentes polinizadores, tais como,
os insetos, pássaros e morcegos, entre outros.
Uma outra adaptação necessária foi controlar a perda excessiva de água. Isso passou
a ocorrer através da abertura e fechamento dos estômatos - estruturas microscópicas
por meio das quais ocorrem as trocas gasosas entre a planta e a atmosfera. Da
mesma maneira, as plantas dispensaram a água durante o seu ciclo reprodutivo, uma
vez que seus gametas já não se encontravam num ambiente aquático.
Acredita-se que no período Denoviano (410 milhões de anos atrás) surgiram bosques
formados pelos ancestrais de musgos e samambaias. As plantas com sementes
desenvolveram-se neste período e se diversificaram no Carbonífero (355 milhões).
Encontram-se adaptadas ao meio terrestre até os dias atuais.
Gimnospermas e angiospermas
Em suma, seguindo a evolução de plantas terrestres, temos as briófitas, sem vasos
condutores de seiva, como é o caso dos musgos e das hepáticas, por exemplo. As
pteridófitas foram primeiras a apresentarem vasos condutores de seiva. Entre elas, as
mais comuns são as samambaias e avencas.
Até a metade do século XX, os seres vivos são classificados em apenas duas
categorias: reino animal e reino vegetal. Com o progresso da biologia, a classificação
se amplia para incluir organismos primitivos que não tem características especificas
só de animais ou de vegetais. -Mas, o que é classificar?
Carl Von Linée ou Lineu (1707-1778), um naturalista sueco, escolheu como principal
critério de classificação, o plano de organização corporal, isto é, a estrutura e a
anatomia dos seres vivos. Dessa forma, os animais foram agrupados de acordo com
as semelhanças de sua estrutura corporal, e as plantas, de acordo com a sua
anatomia e, principalmente, de acordo com a estrutura de suas folhas e frutos.
III. BOTÂNICA
A botânica é o ramo da biologia que se ocupa do estudo dos vegetais. Alguns ramos
desta ciência que estuda a “biologia das plantas” são: fisiologia, morfologia,
taxionomia e ecologia vegetal, química farmacêutica, fitogenética,
paleobotânica, fitopatologia e várias outras relacionadas ao estudo dos seres
classificados como pertencendo ao reino Plantae.
De modo geral, são considerados como sendo do reino vegetal (ou plantae), todos os
seres clorofilados, fotossintetizantes, dotados de embriões multicelulares envolvidos
por material materno e estágio sexuado em alguma parte de seu desenvolvimento,
além de outras características. Entretanto, sempre houve uma certa controvérsia no
meio científico quando o assunto é classificar os seres vivos em animal ou vegetal
quando se trata de organismos como os fungos, leveduras e alguns tipos de bactérias.
A botânica é o ramo da ciência que, através dos fósseis, tem os exemplares mais
antigos para estudo. Desde o início da história humana as plantas já eram usadas
como alimento, remédio e outras aplicações, tendo por isso se tornado desde sempre
um tema que desperta grande interesse nas pessoas. Mas foi só no século 16 que a
botânica começou a ficar mais parecida com ciência.
O alemão Otto Brunfels publicou por volta de 1530 o primeiro livro sobre botânica,
“Herbarium”, com diversas ilustrações e termos científicos sobre plantas. Junto com
Carl Von Linné (“Lineu”), que propôs no século XVIII uma classificação para as plantas
e uma nomenclatura binominal em latim (sendo por isso, também, considerado como
o pai da taxonomia), Otto é considerado o pai da botânica moderna ou científica.
Botânica Sistemática
Parte da botânica que trata da classificação dos vegetais, ordenando-os segundo as
famílias, gêneros e espécies, num esquema geral do reino vegetal, dito sistema;
taxonomia.
Botânica Aplicada
É a botânica que estuda as plantas sob o aspecto das relações que elas demonstram
ter com a vida humana, como, por exemplo, botânica agrícola, ligada às atividades da
agricultura; botânica farmacêutica, relacionada aos usos em medicina e em farmácia;
fitopatologia, que abrange pesquisas acerca das moléstias causadas nas plantas úteis
ao homem.
Botânica Econômica
Envolve estudos que permitem o conhecimento das matérias-primas vegetais e sua
viabilidade econômica, para utilização pelas sociedades modernas.
Etnobotânica
Estuda as relações entre o homem nas sociedades tradicionais (indígenas,
agricultores, pescadores, etc) e o seu ambiente vegetal.
V. APLICAÇÕES DA BOTÂNICA
Estudo das plantas - possibilita compreender a grande diversidade de plantas
presentes em nosso planeta, nos mais diversos ambientes – aquáticos e terrestres,
ou mesmo aéreos, como as epífitas, plantas que vivem sobre outras sem parasitá-las.
Trabalhos realizados com algumas espécies nativas de plantas com hábito epifítico e
terrestre têm demonstrado eficácia como bioindicadoras do ambiente, pois elas
reagem aos efeitos da poluição através de alguns “sinais” como necrose, queda de
suas folhas, diminuição do crescimento, danos de seus tecidos, etc.
Muitas dessas plantas chamam a nossa atenção pelo colorido exuberante de suas
flores e pela sua interação direta com certos animais.
que conduz açúcares tem as mesmas características que uma célula que sustenta o
corpo da planta?
Pode ser ainda por via da Agronomia, que regula praticamente os trabalhos do campo
para obter melhores rendimentos; da Botânica médica ou farmacêutica, que estuda
as propriedades medicinais dos vegetais; da Floricultura, que estuda as plantas
cultivadas com fins decorativos; da Silvicultura, que se ocupa das florestas, do
tratamento e utilização das mesmas, do repovoamento de terras não florestadas e do
aproveitamento da madeira e seus derivados.
*Filo (ramo): é a reunião de classes com características em comum, mesmo que muito
distintas entre si.
*Reino: é a maior das categorias taxionômicas, que reúne filos com as características
comuns a todos, mesmo que existam diferenças enormes entre eles.
• Grupos taxonômicos de qualquer categoria são tratados como taxa (singular: taxon);
• Os taxa são arranjados hierarquicamente, sendo a Espécie a unidade básica;
• As principais categorias dos taxa em sequência descendente são: Reino, Divisão,
Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie;
• As categorias secundárias em sequência descendente são: tribo (entre família e
gênero), seção e série (entre gênero e espécie) e variedade e forma (abaixo de
espécie);
• Caso um maior número de categorias de taxa seja necessário, basta acrescentar o
prefixo sub aos termos que indicam as categorias principais ou secundárias:
subclasse, subfamília, subgênero e subespécie;
• As seguintes terminações dos nomes designam as categorias taxonômicas em
Angiospermas:
a) Divisão: ophyta (ex.: Magnoliophyta)
b) Classe: opsida (ex.: Magnoliopsida)
c) Subclasse: idae (ex.: Rosidae)
d) Ordem: ales (ex.: Myrtales)
e) Família: aceae (ex.: Euphorbiaceae)
• Gênero e espécie não têm terminações fixas;
• Nomenclatura Binomial. Todo nome deve ser acompanhado pelo nome do autor
da espécie, e deve aparecer destacado no texto. Ex.: Erythroxylum coca Lam. ou
Erythroxylum coca Lam;
• Quando uma espécie muda de gênero, o nome do autor do basiônimo (primeiro
nome dado a uma espécie) deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome do
autor que fez a nova combinação. Ex.: Tabebuia alba (Cham.) Sadw.; basiônimo:
Tecoma alba Cham.
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Conceitos de Espécie
A exemplo dos animais, o organismo vegetal é constituído por células. Contudo, sua
organização é bastante diferente. Se seus órgãos têm funções paralelas às dos
sistemas animais, o mesmo não pode se dizer da sua estrutura. Em relação aos
animais falamos em sistemas digestório, respiratório, reprodutor, etc.; no que diz
respeito às plantas, tratamos de órgãos: a raiz, o caule, a folha, a flor, o fruto e a
semente.
Há vegetais que não possuem vasos condutores (musgos). Nesse caso, a distribuição
da seiva se faz de célula a célula. A maioria, porém, é dotada de vasos condutores.
Do caule partem ramos onde se prendem as folhas, levando a seiva bruta e trazendo
a seiva elaborada. As folhas são, portanto, a parte dos vegetais onde ocorre a
fotossíntese. A seiva elaborada por ela produzida é distribuída todas as partes do
vegetal, garantindo a sua sobrevivência.
Criptógamas
As criptógamas podem ser divididas, com base na organização do corpo, em
grupos menores:
1 - BRIÓFITAS
As briófitas são plantas de pequeno porte, sendo que na maioria não ultrapassa 20
cm de altura.
Vivem em ambientes úmidos e sombreados, uma vez que não são susceptíveis à
dessecação.
As briófitas apresentam estruturas chamadas rizóides, caulóides e filóides que
desempenham um papel semelhante ao da raiz, caule e folhas. No entanto, não têm
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Musgo
2 - PTERIDÓFITAS
As pteridófitas são as primeiras plantas a possuir vasos condutores de seiva. A
existência dos vasos possibilitou às plantas a conquista definitiva do ambiente
terrestre. Os vasos permitem o transporte rápido da água e sais minerais até as folhas
e de seiva elaborada para as demais partes da planta.
Os principais representantes do grupo são as samambaias e as avencas.
Samanbaia
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Fanerógamas
Nas fanerógamas os óvulos e o pólen são os gametas feminino e masculino,
respectivamente.
Uma flor pode ser definida, de maneira ampla, como um “ramo” modificado e adaptado
à reprodução. Sobre as folhas modificadas desse ramo é que se formam as estruturas
reprodutivas das plantas fanerógamas.
3 - GIMNOSPERMAS
As gimnospermas são as primeiras plantas a produzirem flores (inflorescências) e
sementes, porém não produzem frutos (grego = gymnos = nua, grego = sperma =
semente). Mais conhecidas são os pinheiros, ciprestes e sequoias. No Brasil uma
gimnosperma nativa é a araucária, também conhecida como pinheiro-do-paraná.
Pinheiro do Paraná
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4 - ANGIOSPERMAS
As angiospermas possuem como característica exclusiva, a semente contida no
interior de um fruto (grego angio = urna; sperma = semente). Por esse motivo são
conhecidas como plantas frutíferas.
Gimnospermas Angiospermas
Dicotiledônea Monocotiledônea
RAIZES Pivotante (sistema Pivotante (sistema Fasciculada
radicular) radicular) (sistema radicular)
CAULE Lenhoso e ramificado Ramificado Não ramificado
(sistema monopodial)
FOLHAS Forma, tamanho e Nervação reticulada Nervação paralela
inervação variáveis.
FLOR Unissexuais e Trímeras
aperiantadas Dímeras, tetrâmeras
Femininas: carpelos e pentâmeras.
abertos e óvulos
expostos.
Masculino: folhas
estaminais com
sacos polínicos.
FRUTOS Não produzem frutos Com 2, 4 ou 5 lojas Numero de lojas 2 a
3 - Ou seu múltiplo
SEMENTES 2 ou mais cotilédone 2 cotilédones 1 cotilédone
(EMBRIÃO)
A formação da semente
Nas angiospermas a fecundação se dá quando o núcleo masculino (proveniente do
grão de pólen) e o núcleo feminino (oosfera, proveniente do óvulo) se encontram,
formando o zigoto, ainda no ovário da flor.
O zigoto, uma célula simples, sofre então muitas divisões celulares e dá origem a um
pequeno embrião, pluricelular.
1. RAIZ
A raiz tem a função de fixar o vegetal ao solo, absorver e conduzir a água e os sais
minerais. Ela também é muito importante, pois pode armazenar substâncias, sendo
usada como alimento, como a cenoura, batata-doce, beterraba entre outras. Muitas
raízes são usadas como medicinais, não só pela população, como também na
medicina.
Morfologia
No esquema abaixo as partes de uma raiz:
A raiz primária da planta tem origem no embrião da semente, mas há raízes que se
originam, posteriormente, de diversas partes do caule, sendo chamadas de
adventícias.
Classificação
A maioria das raízes é subterrânea (se desenvolvem sob a terra), mas existem as
aéreas e as aquáticas. Assim, podemos classificar a raiz quanto ao habitat, ou seja, o
ambiente em que elas se encontram, em aéreas, aquáticas e subterrâneas.
Raízes Aéreas
1. Grampiformes: são raízes adventícias, que fixam a planta em substratos como
muros, paredes ou mesmo outras plantas, como ocorre com a espécie Hedera helix
(hera), família Araliaceae.
2. Estranguladora ou cintura: conhecidas como matapau, essas raízes adventícias
se desenvolvem ao redor de outra planta, que lhe serve como suporte ou substrato
inicial, sufocando-a e matando-a.
Raízes Aquáticas
São aquelas que se desenvolvem no ambiente aquático, como o aguapé.
Raízes Subterrâneas
As raízes subterrâneas são a maioria que conhecemos e, obviamente, seu habitat é
sob o solo. Existem alguns tipos de raízes subterrâneas e podemos começar com a
raiz axial ou pivotante; este tipo de raiz é típica de dicotiledôneas, como a maioria
das árvores, e, devido ao seu porte, precisam de um suporte maior do que as
gramíneas, por exemplo. Assim sendo, suas raízes são, em geral, axiais,
apresentando uma raiz principal bem desenvolvida, cheia de ramificações
secundárias.
Raiz Tuberosa
A raiz tuberosa é uma adaptação para reservas nutritivas como a cenoura, beterraba,
rabanete, entre muitos outros; ela é dilatada pelo acúmulo de reservas nutritivas.
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Síntese
· A raiz é um órgão geralmente subterrâneo, que fixa a planta ao solo, absorve água
e sais minerais, além de reservar alimentos.
· Apresenta, em geral, geotropismo positivo e fototropismo negativo, aclorofiladas e
crescimento subterminal.
· Morfologicamente, observam-se quatro zonas:
coifa, zona de crescimento ou lisa, zona pilífera, e zona suberosa ou de ramificação.
· Também encontramos uma região de transição entre a raiz e o caule, chamada colo
ou coleto.
· Quanto à origem, podemos dizer que as normais são as originárias da radícula do
embrião da semente e as adventícias as formadas por partes aéreas ou caules
subterrâneos.
· Quanto ao habitat, podemos classificá-las em:
aéreas, aquáticas ou subterrâneas.
· Podemos classificar as aéreas em: estranguladoras, grampiformes, respiratórias,
sugadoras, suportes e tabulares.
· Podemos classificar as subterrâneas em: axial, fasciculada, ramificada e tuberosa.
· As dicotiledôneas apresentam raízes axiais e as monocotiledôneas fasciculadas.
2. CAULE
É um eixo que cresce em direção contrária ao solo, apresentando geotropismo
negativo e fototropismo positivo, ou seja, crescendo em direção à luz, e que se
ramifica. Tem a importante função de sustentar folhas, flores, frutos e sementes, além
de conduzir substâncias alimentares, crescimento e propagação vegetativa; mais
raramente fazem a fotossíntese e reservam alimentos. Também é importante para o
homem, porque é utilizado no alimento, na indústria, comercialmente e até medicina,
como o gengibre.
Morfologia Externa
Nó - região geralmente dilatada onde saem as folhas.
Entrenó - região entre dois nós.
Gema terminal - no ápice, com escamas, ponto vegetativo e primórdios foliares.
Pode produzir ramo
folioso ou flor e promove crescimento. Há gemas nuas.
Gema lateral - semelhante à anterior produz ramo folioso ou flor nas axilas das
folhas. Muitas vezes, permanece dormente.
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Classificações:
Podemos classificar os caules sob alguns aspectos como o habitat, desenvolvimento
e ramificação.
3. Estipe – Fibroso, resistente, sem ramificação, com capitel de folhas no ápice. Ex.:
palmeiras, mamão.
4. Colmo - Silicoso, com nós e entrenós bem marcados, com folhas invaginantes.
Podem ser cheios como na canade-
açúcar, ocos ou fistuloso, como na espécie de bambu.
Rastejantes ou Prostrados
São paralelos ao solo, incapazes de permanecer ereto, com ou sem raízes de trechos
em trechos. Ex.: Abóbora e melancia.
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Trepadores
São os que sobem em um suporte com ou sem elementos de fixação. Ex: hera, chuchu
(gavinhas).
São chamados volúveis quando apenas se enroscam, sem órgãos de fixação. Ex:
enrola-semana. São chamados escandentes quando apresentam órgão de fixação
como gavinhas ou raízes como verificado em videira e chuchu.
Subterrâneos
De um modo geral, os caules são aéreos, mas há os que se desenvolvem de forma
diferente, como os subterrâneos, que se desenvolvem sob o solo e apresentam alguns
tipos bem distintos:
1. Rizoma - Caule horizontal, emitindo brotos aéreos de pontos em pontos, com nós
e entrenós, gemas e escamas como na espada-de-são-jorge e na bananeira. Nesta
última planta o “caule aéreo” é um pseudocaule, formado pelas bainhas das folhas
que se originam do rizoma.
2. Tubérculo - com reservas nutritivas, tem aspecto hipertrofiado, formato
arredondado ou ovóide. Pode apresentar folhas reduzidas escamiformes e gemas
laterais. Verifica-se na batata-inglesa.
3. Bulbo – é um eixo cônico que constitui o caule, chamado também de prato, do qual
se originam folhas também subterrâneas. Pode se subdividir em quatro tipos: bulbo
tunicado – com folhas largas e grossas, umas recobrindo as outras mais internas, e
com função de reserva, como na cebola; bulbo sólido - prato mais desenvolvido, com
reservas nutritivas, com folhas reduzidas e escamiformes, como no açafrão; bulbo
escamoso - folhas mais desenvolvidas que o prato, imbricadas, rodeando-o. Ex: lírio;
e bulbo composto - um grande número de pequenos bulbos. Ex: alho, trevo.
Aquáticos
São os que se desenvolvem na água. Exemplo: plantas aquáticas.
Adaptações do Caule
São modificações dos caules normais, como consequência das funções que
exercem ou pela influência do meio. Podemos observar alguns tipos:
1. Cladódio ou filocládio - caule carnoso, verde, achatado, lembrando folhas que
estão ausentes ou rudimentares. Ex: cactos, Homalocladium.
2. Gavinhas - ramos filamentosos, axilares, aptos a trepar, enrolando-se em hélice
em suportes. Ex: maracujá.
3. Espinhos caulinares - órgãos endurecidos e pontiagudos. Ex: limão.
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RAIZ CAULE
Síntese
• O caule é geralmente aéreo, que conduz a seiva, sustenta as folhas, flores, frutos e
sementes.
• Apresenta geotropismo negativo e fototropismo positivo.
• O caule tem nó, entrenó, gema lateral e terminal.
• Tem origem na gêmula do caulículo do embrião da semente e exógena nas gemas.
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3. FOLHA
É uma expansão laminar lateral do caule, com simetria bilateral e crescimento
limitado, constituindo-se num órgão vegetativo, com gemas axilares, com funções
metabólicas importantes.
O Limbo se classifica quanto ao número em: folha simples (limbo inteiro) ou folha
composta (limbo dividido em folíolos). Foliolo são partes individuais de um limbo de
folha composta.
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Nomenclatura Foliar
De acordo com a presença ou ausência de estruturas, podemos observar:
Folha peciolada - com pecíolo.
Folha séssil - sem pecíolo.
Folha amplexicaule - base do limbo abraça o caule, “serralha”.
Folha perfoliada - base do limbo circunda o caule, como perfurada, Specularia sp.
Folha adunada - é oposta, séssil, soldada pela base do limbo, como perfuradas
pelo caule. Ex.: barbasco.
Folhas fenestradas - limbo com perfurações. Ex.:costela-de-adão - Araceae .
Folhas invaginantes - bainha envolve o caule em grande extensão como
Gramínea.
Filódio - pecíolo dilatado e achatado semelhante a um limbo, em geral ausente.
Acacia sp.
Pecíolo alado - com expansões aliformes laterais, como a “laranjeira”.
Heterofilia - é o polimorfismo de folhas normais, ou seja, no mesmo indivíduo
encontramos folhas de diversas formas, como cabomba, eucalipto e macaé.
Peciólulo - é o pecíolo dos folíolos das folhas compostas, como espatódea e
carrapicho.
Pseudocaule - falso caule, formado pelas bainhas foliares superpostas. Ex.:
bananeira.
Pulvínulo - espessamento na base foliar que provoca movimento de curvatura
(nastias). Ex.: sensitiva e carrapicho.
Folhas Reduzidas
São as que têm um grau menor de organização se comparadas com as normais.
1. CATÁFILOS - folhas reduzidas nas partes inferiores, aclorofiladas, escamiformes.
2. COTILÉDONES - primeira(s) folha(s) do embrião, também chamada de folha
primordial.
3. HIPSÓFILO - folhas reduzidas entre folhas e flores na parte superior do vegetal,
especialmente brácteas e bractéolas (três-marias).
4- ESTÍPULAS -são apêndices que se formam de cada lado da base foliar.
5. ESTIPÉLULAS - são estípulas dos folíolos.
6. LÍGULA- apêndice membranoso situado entre limbo e bainha (graminea).
7. ÓCREA - conjunto de 2 estípulas concrescentes, circundando o caule com uma
bainha (erva-de-bicho).
Folhas Modificadas
São modificações em conseqüência das suas funções ou influência do meio físico.
1. INSETÍVORAS - Folhas que aprisionam e digerem pequenos animais, com pêlos
glandulares (Drosera).
Compreendem os tipos:
a) ASCÍDIOS - órgão urceolado com suco digestivo (Nepenthes)
b) UTRÍCULOS - com vesículas adaptadas para digerir pequenos animais aquáticos
(Utricularia).
2. ESPINHOS - folhas ou partes foliares modificadas como a raque e as estípulas.
Têm formato pontiagudo e consistência rígida. Ocorrem, por exemplo, nas espécies
da família Cactaceae.
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3. GAVINHAS - órgão de fixação que a planta utiliza para trepar em algum suporte.
Podem ser observadas no chuchu e no cipó-de-são-joão.
4. HETEROFILIA - polimorfismo das folhas normais (eucalipto, cabomba).
Classificações
Quanto à nervação:
Uninérvea - com única nervura (sagu-de-jardim).
Paralelinérvea - com nervuras secundárias paralelas a principal (gramínea).
Peninérveas - com nervuras secundárias ao longo da principal (vinca).
Palminérvea ou digitinérvea - nervuras saem do mesmo ponto e divergem em
várias direções (mamoeiro, brinco-de-princesa).
Curvinérveas - nervuras secundárias curvas (língua-de-vaca).
Peltinérveas - Nervura das folhas peltadas (chagas).
Quanto à forma básica, de acordo com Rizzini (1977), podemos classificar em:
Orbiculares - arredondadas.
Ovadas - a base é mais larga que o ápice.
Obovadas - o ápice é mais largo que a base.
Oblongas - ápice e base são iguais.
Lanceoladas - o meio do limbo é mais largo.
Assimétricas - um lado é diferente do outro.
Em relação à superfície foliar podem ser classificadas em folha glabra, aquela que
não apresenta tricomas na superfície foliar, e folha pilosa quando apresentar
tricomas.
Síntese
• A folha é uma expansão lateral do caule, com função de fotossíntese, respiração,
transpiração, condução e distribuição da seiva.
• Tem origem na plúmula do embrião da semente ou exógena, nas gemas
caulinares.
• A folha apresenta limbo, pecíolo, bainha ou estípulas, podendo faltar qualquer uma
das partes.
4. FLOR
A flor tem função de reprodução sexual nas angiospermas e são importantes para
botânicos na classificação das plantas; têm importância industrial, medicinal e também
são utilizadas como ornamentais.
Nomenclatura Floral
De acordo com a presença ou ausência de estruturas, pode-se classificar a flor
como mostrado a seguir.
Quanto ao pedúnculo:
Pedunculada (com pedúnculo).
séssil (sem pedúnculo).
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Nº de peças:
Aclamídea (sem cálice e corola).
Monoclamídea (com cálice ou corola).
Diclamídea (com cálice e corola).
Homogeneidade:
Homoclamídea - com cálice e corola iguais em forma e
cor, sendo chamadas de tépalas, como no lírio.
Heteroclamídea - cálice e corola diferentes em forma e cor, como a rosa.
Sexo:
Unissexual masculina - quando apresentar apenas estames.
Unissexual feminina - quando apresentar apenas o gineceu.
Estéril - ausência do androceu ou gineceu.
Hermafrodita - quando apresentar os dois sexos.
Número de estames:
Oligostêmones - número de estames menor que o
número de pétalas.
Isostêmones - número de estames igual ao número de pétalas.
Diplostêmones - número de estames em dobro ao de pétalas.
Polistêmones - número de estames maior do que o dobro.
Posição do gineceu:
Hipógina - flor com ovário acima da inserção de todas as peças florais. O ovário é
súpero.
Perígina - flor com ovário semi-ínfero.
Epígina - flor com ovário abaixo da inserção de todas as peças florais. Ovário é
ínfero.
Quanto à simetria:
Actinomorfo, quando permitir vários planos de simetria, isto é, pode-se cortar de
várias maneiras e obter dois lados exatamente iguais.
Zigomorfo, quando permitir apenas um plano de simetria.
Assimétrico, quando não permitir nenhum plano de simetria.
Quanto à concrescência:
O cálice é gamossépalo, quando as sépalas estiverem unidas e dialissépalo,
quando apresentarem sépalas livres. E a corola é gamopétala, quando as pétalas
forem unidas e, dialipétala quando estiverem livres.
Androceu
O androceu é o aparelho
reprodutor masculino composto
de estames. Cada estame tem
três partes que são antera, filete
e conectivo. O conectivo é o que
prende o filete na antera.
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Quanto ao tamanho:
Heterodínamo - estames de tamanhos diferentes.
Didínamo - quatro estames, onde dois são maiores e dois menores.
Tetradínamo - seis estames, quatro maiores e dois menores.
Quanto à soldadura:
Dialistêmones - estames livres.
Gamostêmones - estames unidos formando uma adelfia.
Quanto à posição:
Incluso - estames dentro da corola, não aparecem na extremidade da corola.
Exerto - estames que aparecem na extremidade da corola.
Epipétalos - estames presos às pétalas.
Estaminóides: estames estéreis.
Inserção da antera:
Apicefixa - filete preso ao ápice da antera.
Dorsifixa - filete preso ao dorso da antera.
Basifixa- filete preso a base da antera.
34
Gineceu
Número de carpelos:
– Unicarpelar- 1 carpelo.
– Bicarpelar- 2 carpelos.
– Tricarpelar -3 carpelos.
– Pluricarpelar- vários carpelos.
36
Inserção do estilete:
Terminal - estilete inserido no ápice do ovário.
Lateral - inserção lateral.
Ginobásico - inserido na base do ovário.
Número de lóculos (cavidade onde se encontram os óvulos):
Unilocular - um lóculo no ovário.
Bilocular - dois lóculos.
Trilocular - três lóculos.
Plurilocular - vários lóculos.
Posição do ovário:
Súpero - ovário acima das peças florais.
Ínfero - ovário abaixo das peças florais.
Semi-ínfero - verticilos em torno do ovário.
Estrutura do óvulo:
Funículo - cordão que liga o óvulo à placenta.
Hilo - inserção do funículo ao óvulo.
Integumentos - primina e secundina.
Tipos de óvulo:
Ortótropo: micrópila, saco embrionário, hilo e calaza acham-se no prolongamento
da mesma linha reta.
Anátropo: micrópila se aproxima da placenta, ficando no extremo oposto ao da
chalaza.
Campilótropo: eixo da nucela e integumentos curvam-se em ferradura.
Anfítropo: eixo reto, mas paralelo à placenta, o funículo, encurvado junto ao óvulo,
parece inserido na sua parte média.
Ortótropo Campilótropo
Inflorescência
É um conjunto de flores organizadas nos seus ramos, pois, algumas vezes, as flores
estão isoladas no seu ramo, como o brinco-de-princesa e outras em grupos, formando
o que chamamos de inflorescência. A inflorescência pode ser axilar, quando situada
na axila da folha, ou terminal, quando a inflorescência está situada no fim do ramo.
38
Tipos
Além dos tipos de inflorescências citados, existem outras que são misturas de
inflorescências, como a coroa-de-cristo, que é um dicásio de ciátios. Então, quando
você for analisar um vegetal, observe cada segmento da inflorescência.
40
Polinização
É considerada como a transferência dos grãos de pólen das anteras para o estigma
das flores. Nas plantas, podem ocorrer dois tipos de polinização:
Autogâmica ou autopolinização: ocorre no interior da mesma flor.
Alogâmica ou polinização cruzada: grãos de pólen de uma flor é levado para o
estigma de outra flor.
Agentes da Polinização
A polinização pode ser feita por diferentes agentes ou vetores, podendo ser origem
animal ou uma força física inanimada. Portanto, os agentes podem ser abióticos como
vento e a água, e bióticos, como os insetos, pássaros, morcegos e o próprio homem.
Para caracterizar a polinização e seu agente, usam-se termos que identificam o
agente, seguidos do sufixo filia, que significa “amor, apego, afinidade”. Cada tipo de
polinização envolve características diferentes nos vegetais, que se adaptaram de
acordo com o seu
agente polinizador, como você pode ver a seguir:
41
Fecundação
Após o processo de polinização, no qual o grão de pólen é transportado até o estigma
do gineceu, inicia-se o processo de fecundação, que pode ser dividido em três etapas:
transporte, formação do tubo polínico e singamia. Apresentam uma redução
acentuada do megagametófito, nelas denominado saco embrionário.
5. FRUTO
Tipos
2. Quanto à deiscência:
• Deiscentes - se abrem quando maduros.
• Indeiscentes - não se abrem.
Classificação
Podemos classificar os frutos que conhecemos da seguinte maneira:
1. Simples - resultam de um ovário de uma flor. Ex: legume.
2. Múltiplo ou agregado - resultam de uma flor dialicarpelar (Morango, framboesa).
3. Composto ou infrutescência – concrescência dos ovários de uma
inflorescência. Ex: abacaxi.
4. Complexo ou pseudofruto - quando outras partes da flor participam da
constituição do mesmo. Ex: caju, pêra.
Os frutos simples podem ser subdivididos e classificados como a seguir:
44
45
46
6. SEMENTE
Funções
a. proteção ao embrião (contra insetos, microrganismos, dissecação etc.).
b. dispersão. Suas características morfológicas, biológicas e bioquímicas
desempenham importante papel no sucesso da plântula. Podem apresentar grande
diversidade estrutural. As orquídeas apresentam sementes de 2 x 10-6g, enquanto
Mora oleífera (Moraceae) possui sementes de até 1 Kg!
Morfologia da Semente
Agentes de Dispersão
1- ANIMAIS (zoocoria)
2- VENTO (Anemocoria)
A- VOADORES: – diásporos-poeira: em plantas micófitas, saprófitas e parasitas.
Ex.: Orchidaceae, Balanophoraceae. – balões: quando há uma parte inflada. Ex.:
Colutea arborescens (legumes inflados).
- diásporos plumosos: geralmente ocorrem em plantas de lugares abertos. Ex.:
Asteraceae, com cápsulas peludas (dente-de-leão).
B- ROLADORES: rolam, soprados pelo vento. Podem ser grandes partes da planta.
Ex.: nos desertos norte-africanos, a Rosa-de-Jericó (Anastatica hierochuntia)
percorre grandes distâncias.
C- LANÇADORES (anemobalísticos): a balística é efetuada pelo vento. Ex.:
Papaves somniferum, lança seus diásporos até 15m de distância.
3- ÁGUA (Hidrocoria)
A) das chuvas - enxurradas - pluviobalísticos (em regiões secas, onde a umidade
provoca a balística).
B) correntes de água - transporte submerso, onde a correnteza atua sobre estruturas
como pelos (Pepis) ou arilóides (Nymphaea alba). – diásporos flutuantes: com peso
específico baixo, devido à leveza do endosperma, espaços aéreos internos ou
tecidos suberosos. Em água salgada, os diásporos são mais pesados. Ex. coco da
Bahia (Cocus nucifera).
Características: endocarpo duro protege o embrião; mesocarpo fibroso serve para
flutuação; endosperma líquido é a provisão nutritiva.
Síntese
BOTÂNICA COSTEIRA
Prof. Dr. Claudio Urbano B. Pinheiro
MÓDULO II
(Zona Costeira, Vegetação, Formas de Vida,
Principais Grupos Vegetais Costeiros)
51
A Zona Costeira Brasileira é uma unidade territorial definida em legislação para efeitos
de gestão ambiental, que se estende por 17 estados do Brasil e acomoda mais de 400
municípios distribuídos do norte equatorial ao sul temperado do país. Ocupa cerca de
3,5 milhões de quilômetros quadrados e corresponde a 41% da área emersa do país,
com cerca de 8.500 km de litoral. No litoral brasileiro, são classicamente reconhecidas
quatro regiões fisiográficas, definidas principalmente por elementos geológicos,
oceanográficos e climáticos. Embora seja uma divisão bastante genérica e
abrangente, pode ser assim resumida: Costa Norte (amazônica ou equatorial); Costa
Nordeste; Costa Central; Costa Sul (ou subtropical).
52
As formações arbustivas das planícies litorâneas, que para muitos autores constituem
a restinga propriamente dita, são os tipos vegetacionais que mais chamam a atenção
no litoral brasileiro, tanto pelo seu aspecto peculiar, com fisionomia variando desde
densos emaranhados de arbustos misturados a trepadeiras, bromélias terrícolas e
53
cactáceas, até moitas com extensão e altura variáveis, intercaladas por áreas abertas
que em muitas locais expõem diretamente a areia.
As formações florestais na planície litorânea do Brasil são muito variáveis ao longo da
costa, considerando os aspectos florísticos e estruturais. As variações registradas são
geralmente atribuídas às influências florísticas das formações vegetacionais
adjacentes, bem como às características do substrato, principalmente quanto à
origem, composição e condições de drenagem.
As formações florestais podem variar desde altura do estrato superior a partir de 5m,
em geral livres de inundações periódicas decorrentes da ascensão do lençol freático
durante os períodos mais chuvosos, até formações mais desenvolvidas, com alturas
em torno de 15-20m.
A Costa Norte do Brasil é, em sua maior extensão, coberta por uma contínua faixa de
manguezais, embora estejam presentes também as restingas em suas variações
desde a vegetação de praias e dunas até as formações florestais. Os manguezais são
florestas costeiras dos litorais tropicais e subtropicais. Apresentam espécies arbóreas
com a capacidade de sobreviver em ambiente salino e restritivo, sob a influência das
marés. Manguezais oferecem uma variedade de recursos economicamente
importantes para as populações humanas costeiras e são importantes como berçários
para peixes, bem como para proteção costeira. A produção primária dos manguezais
é fundamental para as cadeias estuarinas e costeiras.
Uma das mais antigas classificações em formas de vida utilizava basicamente dois
parâmetros associados: lenhosidade e grau de ramificação. Em primeiro lugar, a
lenhosidade é considerada. Sua ausência definiria uma erva. Já a presença da
lenhosidade nos levaria confirmar se o vegetal é autossustentado. Caso não seja,
temos uma liana ou cipó. Convém ressaltar que o termo cipó tem uso ambíguo, sendo
também utilizado para plantas escandentes, volúveis, etc. Para caules lenhosos e
capazes de autossustentação, o grau de ramificações deveria ser observado. Se o
tronco visível é formado na base da planta, temos uma árvore. A ausência deste
configuraria um arbusto.
Um último grupo a ser considerado é o grupo das plantas saprófitas, que aproveitam
a intensa decomposição da camada de matéria orgânica sobre o solo e absorvem daí
seus nutrientes. È notável que tanto parasitas quanto saprófitas tornaram-se
heterotróficas, revertendo milhões de nos de evolução autotrófica.
XI. VEGETAÇÃO
. Um tipo de vegetação que se estende por uma extensa região é chamada de uma
formação. Por exemplo, uma floresta tropical úmida é uma formação dominada por
árvores sempre-verdes de folhas largas e é característica de milhares de quilômetros
quadrados em regiões tropicais úmidas em vários continentes.
57
Sucessão Vegetal
Processo de modificação progressiva na proporção e composição dos indivíduos de
uma comunidade vegetal até que esta atinja um estado de equilíbrio dinâmico com o
ambiente.
Capoeira Jovem
A capoeira jovem ou capoeirinha surge logo após o abandono de uma área agrícola
ou de uma pastagem. Esse estágio geralmente vai até seis anos, podendo em alguns
casos durar até dez anos em função do grau de degradação do solo ou da escassez
de sementes.
Capoeira Média
A vegetação em regeneração natural geralmente alcança o estágio médio depois dos
seis anos de idade, durante até os 15 anos. Nesse estágio, as árvores atingem altura
média de 12 metros e diâmetro de 15 centímetros.
MATAS CILIARES
Muitos termos são empregados na designação das formações vegetais que margeiam
os corpos hídricos. Os mais encontrados na literatura são: florestas ripárias, florestas
ripícolas, florestas ribeirinhas, matas ciliares e matas de galeria. Apesar dessa
complexidade nomenclatural, para efeitos práticos em termos de recuperação e
legislação, o termo mata/floresta ciliar tem sido amplamente usado para designar de
uma forma genérica e popular todos os tipos de formações florestais ocorrentes ao
longo dos cursos d’água, independentemente do regime de elevação do rio ou do
lençol freático e do tipo de vegetação de interflúvio.
Nesse contexto funcional geral, deve-se ter em perspectiva que o que se tem que
proteger ou recuperar é o ecossistema ciliar, em toda sua integridade e não apenas
elementos isolados deste complexo. Neste sentido, a alteração da vegetação ciliar,
como por exemplo, uma mudança em sua estrutura, certamente pode desencadear
mudanças nos processos ecossistêmicos ciliares, e, portanto, em seus serviços
ambientais (Lima, 2002).
60
Desde 1965 o Código Florestal (Lei n.° 4.771/65) inclui as matas ciliares na categoria
de áreas de preservação permanente. Assim, toda a vegetação natural presente ao
longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios deve ser
preservada. Em seu Artigo 2°, é estabelecido que a largura da faixa de mata ciliar a
ser preservada está relacionada com a largura do curso d'água.
A partir de maio de 2012, entrou em vigor o novo Código Florestal do Brasil (Lei no. 12651
de 25/05/2012) e alterado pela Lei no. 12.727 de 17/10/2012. Apesar da definição
praticamente idêntica àquela do antigo Código Florestal (Lei no. 4.771/1965), há mudanças
significativas na nova Lei em relação à anterior, no que se relaciona com as áreas
consideradas de preservação permanente. Dentre essas mudanças, destaca-se a
definição de nascentes, que agora com o novo código, passa a terá natureza de
perenidade, uma vez que de acordo como o inciso IV do artigo 4º, as nascentes
intermitentes deixam de ser consideradas de preservação permanente.
Além disso, de acordo com a mesma Lei, será admitida em áreas rurais consideradas
consolidadas, a manutenção de atividades agrosilvopastoris, de ecoturismo ou de turismo
rural no entorno desses corpos d’água, sendo obrigatória a recomposição de raio mínimo
de 15 (quinze) metros.
Distúrbios provocados por atividades humanas têm, na maioria das vezes, maior
intensidade do que os naturais, comprometendo a sucessão secundária na área
afetada. As principais causas de degradação das matas ciliares são o
desmatamento para extensão da área cultivada nas propriedades rurais, para
expansão de áreas urbanas, para a extração de madeira, os incêndios, a extração
de areia nos rios, os empreendimentos turísticos mal planejados, entre outros.
Estudos recentes (e.g. Pinheiro, 2007, 2008) mostram que embora a noção de
conservação possa ser fortalecida entre as comunidades ribeirinhas a partir da
educação ambiental e de experiências de produção e plantio de mudas nas áreas
ciliares, esta noção e estas experiências não se tornam práticas rotineiras nas vidas
dessas comunidades e suas populações porque não se consolidam no interesse de
uso e manejo das espécies e dos ambientes. Muitas espécies, de interesse ecológico,
importantes para os ambientes ciliares em suas interações com a fauna e a flora, ou
como componentes estruturais das matas ciliares, ou ainda como fontes de alimento
para a fauna ictiológica, ou de abrigo e de reprodução, são entendidos como
importantes, mas não o suficiente para impedir a sua extração quando a necessidade
se apresenta.
Por outro lado, a dinâmica sucessional dessas formações ribeirinhas pode contribuir
para o aumento da complexidade, por apresentar particularidades advindas das
alterações vegetacionais resultantes da elevação do curso d’água e/ou lençol freático.
Em consequência, disto decorre a deposição de sedimentos, soterramento ou retirada
da serapilheira e do banco de sementes, além das diferenças inerentes às espécies e
suas adaptações ao encharcamento e/ou inundação, que resultam também como
elementos naturais de perturbação nas áreas ciliares.
63
Uma vez que a heterogeneidade ambiental define padrões fisionômicos distintos, com
reflexos visíveis ou não na florística e estrutura da vegetação, os termos usualmente
utilizados para designar essas formações sempre buscaram uma associação da
fisionomia vegetacional com a paisagem regional. Disto resultou o uso de termos
populares, variáveis segundo a região, que não expressavam necessariamente a
condição ecológica dominante.
As características edáficas de uma determinada região também tem tido uso comum,
designando-se as formações ribeirinhas como floresta de brejo, floresta de várzea,
floresta aluvial, etc. Algumas designações populares também serviram de uso nessa
terminologia, designando as formações pela abundância de alguma espécie ou de
várias espécies na fisionomia e estrutura de uma comunidade ribeirinha, como os
carandazais, os buritizais, os juçarais (ou açaizais), os paratudais, etc.
Uma vez que as formações ribeirinhas não constituem um tipo vegetacional único, já
que representam fisionomias distintas, condições ecológicas muito heterogêneas e
composições florísticas diversas, tendo em comum apenas o fato de ocorrerem na
margem de um curso d’água, Rodrigues (2001) recomenda a sinonimização dos
termos de uso popular, tais como floresta/mata ciliar, floresta/mata de galeria, floresta
ripária e floresta de brejo, entre outros.
A B
C D
Figura 44. Matas Ciliares Não Inundáveis - Aspectos de Formações em Margens de Cursos
D’água.
A B
C D
67
E F
Figura 45. Matas de Galeria: A) Formação em Margem de Estrada Vicinal; B) Interior de Mata
de Galeria; C) Matas de Galeria em Área de Nascente – Início de Fluxo Dágua; D) Mata de
Galeria em Área de Nascente do Tipo Difusa; E) Aspecto da Formação de Galeria em Margem
de Pequeno Curso D’água; F) Interior de Mata de Galeria com Vegetação Herbácea.
No caso da classificação proposta por Rodrigues (2001), que ele chamou formação
ribeirinha com influência fluvial permanente, se à esta classificação for substituído o
termo fluvial por flúvio-marinha, pode-se incluir os Manguezais e os Campos Salinos,
bem como as Matas de Várzea, dentro de um tipo denominado formação ribeirinha
com influência flúvio-marinha permanente.
68
A B
C D
Figura 46. Aspectos de Matas de Várzea: A) e B) Fisionomia Geral; C) e D) Aspectos da
Composição Mesclada de Espécies de Água Doce (Juçara) com Água Salgada (Mangue).
2. Matas de Igapó – tipo de vegetação das margens dos corpos d’água (rios, riachos,
lagos) de áreas de planícies, inundadas por um período longo de tempo (meses) a
cada ano, durante o período chuvoso. São ambientes caracterizados pela influência
anual do nível das águas, pois são áreas planas sobre solos com deficiência de
drenagem, sujeitas a inundações por períodos de até seis meses anuais, o que
contribui para selecionar espécies de plantas e animais adaptadas à inundação.
(Miq.) Radlk.; Sapotaceae), entre outras. As Matas de Igapó são ambientes de intensa
produção de biomassa, constituindo assim ambientes de grande fertilidade natural,
locais de abrigo, reprodução e alimentação de muitas espécies de peixes.
A B
C D
Figura 47. Aspectos Gerais de Matas de Igapó: A) Exterior; B) Formação Marcada pela Linha
D’água de Inundação; C) Interior de Igapó; D) Igapó com Entorno de Campo Herbáceo.
A B
C D
Figura 48. A) Área de Aterrados no Entorno do Lago Formoso, Baixada Maranhense; B)
Aspecto Externo de Aterrado; C) Interior de Aterrado; Aterrado do Tipo Flutuante.
Geralmente associa-se o termo Mata Ciliar para a vegetação marginal dos corpos
d’água como rios lagoas e lagos, portanto sem a presença de salinidade. As principais
diferenças entre os Manguezais e vegetação ripária típica estão nas composições
florísticas, no solo e na presença de salinidade.
71
B
Figura 49. A) Mata Ciliar de Curso de Água Doce; B) Mata Ciliar de Formação de Mangue.
72
tem sido reconhecida como uma única família, com três subfamílias
(Papilionoideae ou Faboideae, Casalpinioideae e Mimosoideae), exceto por
Cronquist (1988) e outros autores que preferiram reconhecer três famílias distintas
(Fabaceae, Casalpiniaceae e Mimosaceae).
Arborização
. Senna spp.
. Acacia spp.
Madeira
. Jatobá (Hymenaea courbaril)
. Sucupira (Bowdichia virgilioides)
. Jacarandá (Dalbergia nigra)
. Pau-Brasil (Caesalpinia echinata)
. Algaroba (Prosopis juliflora)
1.2. Melastomataceae
Formas de Crescimento: ervas, arbustos ou árvores, menos frequentemente
epífitas ou lianas.
Folhas opostas, simples, geralmente sem estípulas, geralmente curvinérveas
(exceção Mouriri e Votomita), margem inteira ou serreada, às vezes com base
vesiculosa (Tococa).
Inflorescência cimosa ou paniculada, às vezes reduzida a uma única flor; flores
vistosas, geralmente bissexuadas, actinomorfas, diclamídeas; cálice 4-5-mero,
dialissépalo ou gamossépalo; corola 4-5-mera, dialipétala; estames em número
duplo ou raramente igual ao das pétalas, frequentemente exertos e vistosos; anteras
poricidas, raramente rimosas. Conectivo geralmente bem desenvolvido a
apendiculado; disco nectarífero ausente; ovário súpero ou ínfero, 3-5-locular.
Fruto cápsula ou baga.
2. Matas de Várzea
3. Matas de Igapó
3.1. Myrtaceae
Formas de Crescimento: Árvores ou arbustos, tronco com córtex esfoliante.
Folhas opostas ou menos frequentemente alternas, raramente verticiladas, simples,
estípulas vestigiais ou ausentes, margem inteira, geralmente coriáceas ou
subcoriáceas, com pontuações translúcidas e peninérveas, geralmente com nervura
marginal coletora.
3.2. Polygonaceae
Formas de Crescimento: Ervas, arbustos, árvores ou lianas, caule às vezes
achatado e com função fotossintetizante.
Folhas geralmente alternas, simples, com estípulas conspícuas, conadas e
formando um tubo que envolve o caule (ócrea).
Inflorescência cimosa ou racemosa; flores pouco vistosas, bissexuadas ou
unissexuadas (geralmente dióicas), actinomorfas, monoclamídeas ou diclamídeas;
cálice trímero, dialissépalo ou gamossépalo; corola trímera, dialipétala ou gamopétala;
estames 6-9; ovário súpero, 3-4-carpelar, unilocular, uniovulado.
Fruto aquênio ou núcula, frequentemente trigonal ou com cálice persistente.
4. Matas de Galeria
4.1. Araceae
Formas de Crescimento: Ervas, frequentemente escandentes ou epífitas, às vezes
aquáticas flutuantes (Lemna, Pistia), ocasionalmente com látex; ramos simpodiais ou
raramente monopodiais.
Folhas alternas espiraladas ou dísticas, às vezes pinatissectas ou palmatissectas,
peniparalelinérveas, peninérveas ou paralelinérveas.
Em locais com água parada ocorrem espécies flutuantes dos gêneros Pistia (Alface
D’água) e Lemna (Lentilha D’água), estas últimas as menores Angiospermas.
77
4.2. Marantaceae
Formas de Crescimento: Ervas rizomatosas, rizomas com crescimento simpodial,
partes aéreas com crescimento monopodial ou simpodial, perenes.
Folhas alternas dísticas, peniparalelinérveas com pulvino e bainha, ocasionalmente
variegadas.
Inflorescência cimosa, geralmente espiciforme ou paniculada; flores vistosas,
bissexuadas, assimétricas, diclamídeas e heteroclamídeas; cálice trímero,
dialissépalo; corola trímera, em geral com uma pétala ligeiramente maior que as
demais, gamopétala; estame 1, com antera com uma das tecas fértil e a outra estéril;
androceu unido às pétalas, anteras rimosas; gineceu gamocarpelar, ovário ínfero,
tricarpelar, trilocular, uniovulados.
Fruto cápsula com sementes com arilo ou baga.
4.3. Strelitiziaceae
Formas de Crescimento: Ervas rizomatosas ou plantas arborescentes
(Phenakospermum, Ravenala), com crescimento simpodial.
Folhas alternas dísticas, uninérveas ou peniparalelinérveas.
Inflorescência cimosa, subtendida por uma bráctea naviculada, geralmente vistosa;
flores vistosas, bissexuadas, zigomorfas, diclamídeas e heteroclamídeas; cálice
trímero, gamossépalo; corola trímera, gamopétala ou apenas duas pétalas unidas
entre si e aon androceu e a terceira livre; estames 5 ou 6, unidos ao redor do estilete,
anteras rimosas; gineceu gamocarpelar, ovário ínfero, trilocular, pluriovulado.
Fruto cápsula; sementes com arilo.
4.4. Myristicaceae
Formas de Crescimento: Árvores, raramente arbustos, frequentemente com
látex avermelhado.
Folhas alternas, geralmente dísticas, simples, sem estípulas, margem inteira,
frequentemente aromáticas.
Inflorescência cimosa, racemosa ou paniculada; flores pouco vistosas,
unissexuadas (plantas monóicas ou mais frequentemente dióicas), actinomorfas,
monoclamídeas; cálice (2-)3(-5)-mero, gamossépalo; estames 2-numerosos, unidos
pelos filetes, anteras livres entre si ou ocasionalmente unidas, rimosas; ovário súpero,
unicarpelar, uniovulado.
Fruto folículo ou baga carnosa ou sublenhosa, com semente envolvida por arilo
carnoso, vistoso.
78
5. Restingas
Seu solo arenoso é muito pobre, contudo, sua vegetação serve de suporte vital para
todo esse ecossistema. A preservação do solo arenoso também é importante, pois,
sendo altamente poroso, a água da chuva infiltra-se nele com facilidade, reduzindo os
riscos de enchentes e os custos com obras de drenagem. Quando essa vegetação é
destruída, o solo sofre intensa erosão pelo vento, o que ocasiona a formação de dunas
móveis com riscos para o ambiente costeiro e para a população.
A vegetação das restingas apresenta áreas bem definidas onde ocorrem em mosaico
ou numa certa zonação, aumentando a diversidade de espécies, a lenhosidade e a
altura da vegetação, à medida que cresce a distância do oceano e diminui a influência
da salinidade. Assim, para obter a sucessão natural e a reabilitação dessas áreas de
80
Vegetação de Restingas
5.1. CHRYSOBALANACEAE
Formas de Crescimento: Arbustos, árvores ou lianas.
Folhas alternas, simples, com estípulas, margem inteira.
Inflorescência racemosa, paniculada ou cimosa; flores frequentemente vistosas,
bissexuadas, actinomorfas ou zigomorfas, diclamídeas ou raramente monoclamídeas;
cálice (4-)5-mero, dialissépalo ou gamossépalo; corola (4-)5-mera, dialipétala, ;
estames (2-)5-numerosos, livres ou unidos entre si, anteras rimosas; ovário súpero,
bi-tri-carpelar, uniovulados.
Fruto drupa.
5.2. MALPIGHIACEAE
Formas de Crescimento: Ervas, arbustos, árvores ou lianas.
Folhas opostas, simples, estípulas frequentemente presentes, às vezes
intrapeciolares (Byrsonima) ou interpeciolares (Peixotoa), margem inteira, nectários
extraflorais comumente presentes.
Inflorescência cimosa ou racemosa; flores vistosas, geralmente bissexuadas,
actinomorfas ou zigomorfas; cálice pentâmero, geralmente dialissépalo; nectários na
base das sépalas; corola pentâmera, dialipétala, pétalas geralmente unguiculadas e
com margem franjada, frequentemente com uma (labelo) diferente das demais;
estames geralmente 10, livres ou unidos na base, anteras rimosas, raramente
poricidas; ovário súpero, bi-tri-penta-locular, uniovulados.
Fruto geralmente esquizocárpico, frequentemente alado, ocasionalmente baga ou
drupa. Indumento geralmente formado por tricomas simples intercalados com tricomas
em forma de T (tricomas malpighiáceos).
5.3. ANACARDIACEAE
Formas de Crescimento: Arbustos ou árvores, raramente lianas ou ervas,
aromáticos.
Folhas geralmente alternas, compostas ou menos frequentemente simples
(Anacardium, Mangifera), sem estípulas, margem inteira ou serreada.
Inflorescência geralmente cimosa; flores pouco vistosas, geralmente unissexuadas
(plantas monóicas, dióicas ou poligâmicas), actinomorfas, diclamídeas; cálice
geralmente pentâmero, dialissépalo ou gamossépalo; corola geralmente pentâmera,
dialipétala ou gamopétala; estames em número igual ou duplo ao das pétalas,
geralmente livres entre si, anteras rimosas; disco nectarífero presente; gineceu
gamocarpelar, ovário súpero, 1-12-carpelar, 1-12-locular, uniovulados.
Fruto em geral drupa ou sâmara.
5.4. CONVOLVULACEAE
Formas de Crescimento: Ervas, subarbutos ou mais frequentemente lianas sem
gavinhas, raramente holoparasitas afilas (Cuscuta) ou árvores ou arbustos, às vezes
latescentes.
Folhas alternas, simples, sem estípulas, margem inteira.
Inflorescência cimosa, às vezes reduzida a uma única flor; flores geralmente
vistosas, bissexuadas, actinomorfas, diclamídeas; cálice (3-)5-mero, dialissépalo ou
raramente gamossépalo; corola (3-)5-mera, gamopétala, plicada; estames em número
igual ao das pétalas, frequentemente desiguais, epipétalos, anteras rimosas; disco
nectarífero geralmente presente; ovário súpero, bicarpelar, bilocular; óvulos 1 ou 2.
Fruto cápsula.
5.5. POACEAE
Formas de Crescimento: Ervas geralmente rizomatosas, às vezes lenhosas
(bambus), perenes ou anuais; caule cilíndrico ou achatado.
Folhas alternas dísticas ou muito raramente espiraladas, bainha geralmente aberta,
paralelinérveas, com lígula entre a bainha e o limbo.
Inflorescência básica do tipo espigueta, subtendida na base por um par de brácteas
(glumas), reunida em diversos tipos de inflorescência; flores (flósculos), subtendidas
por um par de brácteas (glumelas, sendo a inferior e mais externa denominada lema
e a superior, mais interna, denominada pálea), não vistosas, bissexuadas ou
raramente unissexuadas (Zea), aclamídeas; estames (1-)3-6 ou numerosos
(Bambusoideae), anteras rimosas; nectários ausentes; gineceu gamocarpelar, ovário
súpero, bicarpelar e ou tricarpelar, unilocular, uniovulado, estigma geralmente
plumoso.
Fruto cariopse, com semente, em geral, completamente aderida à parede interna do
fruto.
Poaceae possui distribuição cosmopolita, incluindo cerca de 650 gêneros e 9.000
espécies, sendo que no Brasil ocorrem cerca de 180 gêneros e 1.500 espécies.
6. APICUNS E MARISMAS
Apicuns
Apicum é um termo de origem tupi que significa língua; brejo de água salgada à beira
mar. São ambientes caracterizados por elevada quantidade de sais), o que impede ou
limita o desenvolvimento vegetal. São ecossistemas marinhos ecótonos, que agem
como zonas de transição associadas aos manguezais.
Os apicuns raramente têm sido alvo específico de pesquisas nas áreas costeiras, e
conhecimentos sobre eles estão geralmente associados a estudos de manguezais ou
a mapeamento de zonas costeiras. Paralelamente, os apicuns constituem foco de
discussões ambientais devido, principalmente, à implantação de atividades
econômicas, sobretudo a carcinicultura.
O perfil típico dos solos encontrados nos apicuns é caracterizado por uma camada
com aproximadamente 60 cm de profundidade formada por areia em superfície que
pode passar a areno-argilosa em profundidade; há raízes mortas de mangue e/ou
conchas de ostras entre 20 e 50 cm, ou sobre sedimentos de manguezal. A cor varia
entre bruno claro acinzentado e cinza muito escuro, com aparecimento de
mosqueados devido a flutuação do lençol freático em torno dos 50 cm de
profundidade. Pedologicamente trata-se de um perfil de solo enterrado, com perfeita
identificação do antigo solum e visualização do soterramento posterior.
Marismas
Nos marismas, as salinidades de solo variam entre 100 e 150 partes por mil, com
inundação intermediária entre sizígia (lua nova e lua cheia) e quadratura (quarto
crescente e minguante). Nos trópicos, o marisma pode coexistir com o manguezal,
formando as franjas desse ecossistema; em regiões temperadas e subtropicais, o
manguezal é completamente substituído pelo marisma.
Alguns autores têm difundido a ideia de que apicuns e salgados fazem parte da
sucessão do sistema manguezal. Outros, contudo, têm opiniões contrárias a esta
ideia, que se tornou difundida pelas observações de que áreas de apicum e salgado
foram um dia floresta de mangue, em situações de elevação e redução de nível de
mar. Nesse contexto, a ideia defende que uma situação potencial de elevação do nível
do mar, apicuns e salgados podem se tornar manguezal. Autores contrários a esta
noção, entendem que é um conceito de difícil aplicação prática, com base na
possibilidade de que este possa acontecer.
85
Apicuns e salgados são hipersalinos porque são inundados apenas algumas vezes
por mês pelas marés. Em climas secos ou sazonalmente secos, no intervalo entre
inundações ocorre evaporação da água salgada e concentração dos sais no solo. è
defendido que o acúmulo de sais não se restringe só à superfície, mas que também,
a partir de difusão e migração por gravidade, a água e solo subsuperficiais também
são salinizados. Durante a estação chuvosa, muitas vezes uma pequena camada
superficial é dessalinizada (alguns centímetros), e observa-se crescimento de
vegetação herbácea, que pode até ter ciperáceas de água doce e plântulas de
mangue. Contudo, alguns autores entendem que, mesmo na época de chuva, não
ocorre a dessalinização das camadas mais profundas e, desse modo, a cobertura
vegetal em crescimento estimulada pela dessalinização superficial é eliminada logo
após cessar a estação chuvosa, ou ainda, quando as raízes das plantas atingirem a
camada hipersalina mais profunda. Em síntese, a colonização de apicuns e salgados
por vegetação de mangue ou por outro tipo de vegetação, está na eliminação da
camada hipersalina subsuperficial profunda.
Pelo Código Floresta Brasileiro, apicuns e salgados não são Áreas de Preservação
Permanente (APPs); no entanto, um projeto tramita no congresso para inclusão como
tal. A Resolução CONAMA 312, por outro lado, permite que os estados definam quais
sistemas adjacentes aos manguezais deveriam ser considerados como APP, sob a
ótica de suas realidades regionais. Por esta noção legal, em algumas regiões, apicuns
e salgados mereceriam o status de Área de Preservação Permanente, e em outras
não. Como exemplos da interpretação e aplicação da Resolução CONAMA 312,
podemos citar: 1) o estado de Pernambuco protege os apicuns e salgados totalmente
cercados de mangue, e utiliza somente aqueles que fazem limite com terra firme; b)
os estados de Sergipe e Paraíba consideram todos como APP; c) a Bahia e Rio
Grande do Norte permitem o uso direto em todas as situações. Contudo, é defendido
como noção principal nesses casos, que possibilidade de uso direto não implica no
desaparecimento de apicuns e salgados; as resoluções estaduais que permitem uso
direto exigem a manutenção de uma reserva legal de 20%. Em síntese, em algumas
regiões, apicuns e salgados mereceram o status de Área de Preservação
Permanente, em outras não. Do ponto de vista da exploração comercial para a
carcinicultura marinha é preconizado que transformação de apicuns e salgados em
APPs comprometeria a expansão da atividade e colocaria na ilegalidade parte dos
empreendimentos legalmente em funcionamento na atualidade.
86
6.1. POACEAE
Já apresentada em Restingas.
6.2. AIZOACEAE
Formas de Crescimento: Ervas suculentas.
Folhas alternas ou opostas, simples, raramente com estípulas.
Inflorescência cimosa, frequentemente reduzida a uma única flor; flores geralmente
não vistosas, actinomorfas, monoclamídeas, com brácteas formando um conjunto
semelhante a um cálice; cálice (3-)5(-8)-mero, geralmente gamossépalo; estames em
número igual ao das sépalas ou numerosos, livres ou unidos entre si, frequentemente
petalóides;disco nectarífero às vezes presente; ovário súpero ou ínfero, 2-5-carpelar,
1-5-locular, uni a pluriovulado.
Fruto cápsula, menos frequentemente drupa.
Bataceae é uma pequena família constituída por um único gênero e uma ou duas
espécies, com distribuição pantropical, concentrada próximo ao litoral. No Brasil
ocorre apenas uma espécie, relativamente rara, Batis maritima, proveniente das
dunas litorâneas da região Nordeste, e de ocorrência também em apicuns e marismas.
87
7. MACRÓFITAS AQUÁTICAS
As macrófitas aquáticas são, em sua grande maioria, vegetais terrestres que ao longo
de seu processo evolutivo, se adaptaram ao ambiente aquático, por isso apresentam
algumas características de vegetais terrestres e uma grande capacidade de
adaptação a diferentes tipos de ambientes (o que torna sua ocorrência muito ampla.
Terminologia
A terminologia utilizada para descrever o conjunto de vegetais adaptados ao ambiente
aquático é muito variada. Na literatura especializada podem ser encontrados termos
como: hidrófitas, helófitas, euhidrófitas, limnófitos, plantas aquáticas,
macrófitas, entre outros.
BACEIROS DE MACRÓFITAS
Grupos flutuantes de macrófitas ao sabor das correntes vem corpos d’água.
Na Baixada Maranhense: Balsedos ou Bacedos
Decomposição
As macrófitas aquáticas contribuem com nutrientes e matéria orgânica para a água
através da mineralização de detritos alóctones presos na planta, o perifíton e a planta
secretam nutrientes e matéria orgânica para a água, e a macrófita aquática
senescente libera nutrientes durante sua decomposição.
7.1. MARSILEACEAE
7.2. PARKERIACEAE
7.3. SALVINIACEAE
7.4. CABOMBACEAE
Distribuição: América Central e do Sul até o rio Amazonas, Piauí, Minas Gerais, Mato
Grosso, mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul.
Hábito: Erva aquática submersa fixa, salvo as folhas flotantes de 1 cm de
comprimento, sagitadas (forma de ponta de flecha) que mantém a flor fora d’água; das
submersas, há três folhas por verticilo ou nó; caule delicado e quebradiço, às vezes
de cor avermelhada.
Ecologia: Água parada ou pouco corrente.
Ocorrência: Abundante no Pantanal e na Baixa Maranhense, em enseadas, em águas
transparentes.
Utilização: Apícola. Alimento de aves aquáticas, abrigo de invertebrados (insetos
aquáticos, caramujos), substrato para perifíton e microfauna. Abrigo e comida oe
peixes. Ornamental em aquário, jardins aquáticos e parques. Folha medicinal,
adstringente, contra disenteria e hemorroidas.
7.5. LENTIBULARIACEAE
7.6. CONVOLVULACEAE
7.7. CYPERACEAE
7.8. LEGUMINOSAE
7.9. ARACEAE
7.10. MARANTACEAE
7.11. MENYANTHACEAE
7.12. NYMPHAEACEAE
7.13. ONAGRACEAE
7.14. POACEAE
Distribuição: América tropical, do sul dos Estados Unidos, México e norte da América
do Sul à Argentina.
Hábito: Erva flutuante fixa ou flutuante em baceiros; embora enraizada, seus ramos
crescem a grande distância para dentro d’água, eventualmente desprendem-se e
formam ilhas flutuantes. Estolonífera; reconhece-se pelas pintas roxas na bainha da
folha.
Ecologia: A semente é espalhada pela água e por peixes; componente de baceiros,
tornam-se móveis, flutuantes; rebrota rapidamente no início da cheia.
Ocorrência: Frequente em rios, meandros, lagoas, canais.
Utilização: Forrageira. Sementes são alimento de peixes e aves.
7.15. PONTEDERIACEAE
PALMEIRAS
Se uma pessoa identifica uma planta como pertencente à família das palmeiras
(Palmae ou, alternativamente, Arecaceae), essa pessoa pode imediatamente inferir
um grande número de informações a respeito dessa planta - sua morfologia e
anatomia floral peculiares, sua semente com uma estrutura única e muitas outras
características anatômicas, citológicas e químicas.
Palmae foi publicado pela primeira vez como um nome válido para a família por
Jussieu em 1789. O nome Arecaceae foi publicado por Schultz-Schultzenstein em
1832. O nome Principes foi usado por Linnaeus para a Ordem, em 1753.
1. Lâmina da folha - Uma superfície corrugada, que embora de grande área total, é
mecanicamente mais forte do que uma superfície plana. Isto porque, mecanicamente,
a carga é concentrada nas ondulações de um modo que o stress do material em cada
lado é contrabalançado; a nervação ao longo dessas regiões adiciona ainda mais
resistência. Nas palmeiras, o plissamento permite o desenvolvimento de folhas
maiores do que em qualquer outro grupo de plantas terrestres, tanto em comprimento
quanto em área foliar. A segmentação da lâmina está relacionada com a expansão
da lâmina e com a redução da resistência ao vento.
2. Pecíolo e raque. O eixo da folha está inserido somente de um lado e suporta a
folha distalmente, ou seja, funciona como uma viga, em termo de engenharia.
3. Bainha foliar tubular. Este órgão desenvolve-se primeiro como um tubo fechado
que passa por considerável modificação durante toda a vida da folha.
Descrição Geral
Em seu método de desenvolvimento, a folha das palmeiras mostra características
únicas entre as plantas vasculares. (Moore, 1973).
Divisão - As lâminas das palmeiras maduras podem ser inteiras ou bífidas no ápice,
ou mais comumente, divididas regularmente ou irregularmente em um segmento ou
vários segmentos. Essas divisões são chamadas segmentos em folhas palmadas e
costapalmadas e folíolos ou pinnae em folhas pinadas. Em outros gêneros há uma
aproximação da condição bipinada por folíolos primários que se dividem
longitudinalmente.
Pinada
cirros
Estruturas foliares especiais em palmeiras. (modificado de Tomlinson, 1990).
O estado do Maranhão com uma extensão territorial de 328.663 km² apresenta uma
diversificada condição ecológica e revestimento florístico, onde se acentua a floresta de
Babaçu (Orbignya phalerata Martius), com uma área mapeada de 10,3 milhões de
hectares (MIC/STI, 1982). A palmeira Babaçu tem múltiplas utilizações, que envolvem
as folhas, o estipe e os frutos.
Além do Babaçu (Orbignya phalerata), pelo menos outras vinte e cinco espécies de
palmeiras ocorrem naturalmente no Maranhão: a Piaçava (Orbignya eichleri Dr.), a
Piaçava Alta (Orbignya teixeirana Bond.), um híbrido natural entre o Babaçu e a Piaçava;
a Macaúba (Acrocomia aculeata), a Pupunha (Bactris gasipaes), o Tucum (Astrocaryum
vulgare; A. gynacanthum; A. campestre), a Bacaba (Oenocarpus distichus), a Juçara ou
Açaí (Euterpe oleracea), o Anajá (Maximiliana maripa), o Perinão (Markleya
dahlgreniana), outro híbrido natural, desta vez entre o Babaçu e o Anajá; a Carnaúba
(Copernicia prunifera), o Marajá (Bactris brongniarti; e pelo menos outras duas
espécies), o Buriti (Mauritia flexuosa), a Titara (Desmoncus orthacanthos; D.
polyacanthos.), o Ubi (Geonoma baculifera), a Buritirana (Mauritiela armata), a Paxiba
ou Pirinã (Scheelea phalerata), o Ariri (Syagrus cocoides; S. comosa e S. inajai), e o
Coco de Chapada (Allagoptera leucocalyx).
BOTÂNICA COSTEIRA
Prof. Dr. Claudio Urbano B. Pinheiro
MÓDULO III
(Manguezais, Plantas Invasoras,
Coleta Botânica, Fitossociologia,
Adaptações Vegetais, Etnobotânica)
104
IXV. MANGUEZAIS
A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam os
grandes "berçários" naturais, tanto para as espécies características desses
ambientes, como para peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras
durante, pelo menos, uma fase do ciclo de sua vida.
O substrato é retido pelas raízes e troncos das árvores, absorvendo a matéria orgânica
produzida por cada unidade.
Mangue ou Manguezal?
Mangue é apenas a vegetação.
Manguezal é o ecossistema, que engloba toda a fauna e flora do lugar.
Esse colorido exuberante que ele apresenta em seu habitat natural se deve ao
pigmento de alguns crustáceos de sua alimentação, a cataxantina, que transforma
suas penas brancas em vermelho púrpura. Em cativeiro sua cor é esmaecida pela
falta desta substância.
Os Manguezais e os Animais
107
Alguns animais passam toda sua vida no mangue, outros apenas uma fase. A tainha
(Mugil sp) desova nos mangues e volta para o mar, alguns camarões nascem no mar
e ficam no mangue até atingir o estágio juvenil. Aves migratórias descansam e se
reproduzem no mangue. Mamíferos como o guaxinim ou mão-pelada (Procyon
cancrivorous) e a lontra (Lutra longicaudis) o visitam a procura de alimento.
Caranguejos
Um deles pode ser observado no tronco das árvores e na sua copa. Ele é conhecido
como xexéu ou aratu (Aratus pisonii) e tem uma capacidade incrível de se locomover
com o corpo colado à casca da árvore. Alimenta-se de tecidos vegetais, algas e
pequenos animais.
Pode-se acompanhar luta entre machos de chamamaré (Uca rapax). Eles possuem
garras de tamanhos distintos e se agarram por elas como um tradicional braço de ferro
em câmera lenta.
108
A mosca, da espécie Palpada albifrons, tem menos de dois centímetros e corpo preto
e vermelho. O inseto busca o néctar das flores de três dos quatro tipos de mangue
encontrados no local: o Mangue Preto, o Mangue Branco e o Mangue de Botão. Ao
se alimentar do recurso, o inseto entra em contato com o pólen, e acaba transportando
involuntariamente os grãos de uma para outra flor.
O único tipo de mangue que não precisa do inseto para se multiplicar é o Mangue
Vermelho. Os pesquisadores identificaram que, no caso dessa espécie, é o vento, e
não um animal, que se encarrega de levar o pólen - anemofilia.
Além da mosca, o mangue conta com abelhas, borboletas, mariposas e vespas para
se perpetuar. “Mas a mosca é o principal polinizador”, atesta a botânica Tarcila Correia
de Lima Nadia. Professora do campus da UFPE em Vitória de Santo Antão, Tarcila
realizou a pesquisa para a tese de doutorado em biologia vegetal da UFPE.
Os mais graves efeitos provocados pela superutilização humana dos manguezais são
os que acarretam um desmatamento em larga escala. Há destruição total das árvores
para uso de lenha e carvão. Se o processo de desmatamento se associar ao uso de
máquinas e ao aterramento, remove-se e a terra (com sementes e plântulas) e a
recolonização da área se torna praticamente impossível.
Os mangues produzem mais de 95% do alimento que o home captura no mar. Sua
manutenção é vital para manutenção das comunidades pesqueiras em seu entorno.
Os Manguezais no Maranhão
Os estados do Maranhão, Pará e Amapá, inseridos na Amazônia Legal Brasileira,
detêm cerca de 50% da área de manguezais do país (Mochel, 2002). As espécies
ocorrentes nas florestas de mangue do litoral maranhense: o Mangue Vermelho,
(Rhizophora mangle) o Mangue Branco (Laguncularia racemosa) e o Mangue Preto
ou Siriba (Avicennia germinans), além do Mangue Tinguí ou Siriúba (Avicennia
schaueriana) e o Mangue de Botâo (Conocarpus erectus).
Aproximadamente 80% dos manguezais do país estão nas regiões Norte e Nordeste,
especialmente nos estados do Amapá, Pará e Maranhão. Este último possui cerca de
500 mil hectares de mangue. No Maranhão, são registradas grandes marés, de até 8
metros de altura, com grande penetração no continente. Por isso, há tantos
manguezais no Maranhão.
Legislação de Proteção
O manguezal é enquadrado no Brasil como área de preservação permanente, incluído
em diversos dispositivos constitucionais - impõe ordenações do uso e/ou de ações em
áreas de manguezais.
Legislação relacionada:
. Constituição Federal de 1988, artigo 25
. Lei Federal no 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
. Código Florestal – Lei no 4771/1965
. Novo Código Florestal Brasileiro - Lei no. 12651 de 25/05/2012; alterada pela Lei no.
12.727 de 17/10/2012).
. Lei Estadual No. 5.405 de 08.04.92
. Resolução CONAMA no 04/1985
, Resolução CONAMA No. 303, de 20 de março de 2002).
Os manguezais são protegidos pela Constituição Federal. Por fazer parte da zona
costeira, esse ecossistema é, segundo o parágrafo 4º, do artigo 225, 'patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da Lei, dentro de condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais'. A própria Constituição do Maranhão inclui os manguezais entre as Áreas de
Preservação Permanente (APP).
A legislação também prevê que, em caso de supressão da vegetação, deve ser feito
replantio de área de igual tamanho ou compensação ambiental, que pode envolver
atividades de conservação de matas nativas.
112
1) FAMÍLIA RHIZOPHORACEAE
Características Morfológicas
Planta pioneira, que ocupa regiões de transição (entre o ambiente marinho e a
desembocadura de rios de água doce), capaz de se desenvolver em solo bastante
lodoso, instável e rico em matéria orgânica em decomposição.
O nome Mangue Vermelho diz respeito a cor da casca ao ser raspada. Essa planta é
rica em tanino, utilizado para tingir roupas ou como medicamento.
Além disso, os rizóforos têm outro papel importante: eles possuem lenticelas, cuja
função é permitir a troca gasosa (CO2 e O2), mesmo quando o solo está encharcado.
Altura de 5-10m, com copa rala, com tronco tortuoso, revestido de casca fina e
rugosa.
Folhas com lâminas elíptico-ovaladas, de ápice obtuso e base cuneada, coriácea,
discolor, glabras em ambas as faces.
Inflorescências axilares, com flores muito pequenas.
Fruto baga, com uma única semente que germina no fruto, sendo que a radícula, ao
se desprender da planta, se enterra no lodo.
Ocorrência
Apesar de ser uma espécie nativa do Brasil, também é amplamente encontrada em
outras partes do mundo, como a África. No Brasil, ocorre do Amapá até Santa
Catarina, nos mangues de estuários, baías e enseadas.
Utilidade
A madeira serve para vigas, caibros, esteios, obras imersas (é quase imputrescível),
lenha e carvão. A casca contém 31% de tanino, sendo muito empregada em curtumes
e na medicina caseira como adstringente.
Ameaças:
. destruição dos manguezais (que cobrem mais de um terço da costa brasileira),
. exploração da madeira (como lenha).
3) FAMÍLIA COMBRETACEAE
Espécies conhecidas:
Em São Paulo ocorre nos mangues de todo o litoral, sul e norte, e está ameaçada
devido à destruição destes.
4) FAMÍLIA COMBRETACEAE
Conocarpus erectus L.
Principais Consequências:
- perda da biodiversidade;
- modificação dos ciclos e características naturais dos ecossistemas;
- alteração fisionômica da paisagem natural, com consequências econômicas.
Países com melhor documentação dos processos de invasão: África do Sul, Nova
Zelândia, Austrália e Estados Unidos.
H E R B Á R I O
CONCEITOS
• Dá-se o nome de HERBÁRIO a uma coleção de espécimes vegetais
mortos ou parte deles que, após serem prensados, secos, montados
e identificados, são mantidos ordenadamente em instalações
apropriadas para a conservação permanente
• É uma coleção de plantas secas ou de partes destas, técnica e
cientificamente preparadas para ulteriores estudos comparativos
históricos e documentários da Flora de uma Região ou País.
• É um Centro de Documentação sobre categorias vegetais, seus
caracteres e suas áreas de distribuição.
COLETA, COLETAR
Amostra da planta para determinado(s) estudo(s)
COLEÇÃO BOTÂNICA
- Conjunto de amostras de plantas.
- Ramos floríferos ou frutíferos (ou pl. inteira), que são desidratados e
acondicionados em armários especiais
Ex. de Coleções:
da mata do Campus da UESC; do Município de Ilhéus;
de todo o Campus da UESC; do Sul da Bahia;
do Estado da Bahia... ... ...
Portanto, o conhecimento acurado das comunidades naturais é obtido através de coleções botânicas,
que são bancos de dados que possibilitam o acesso aos mais diversos tipos de informações
TIPOS DE HERBÁRIOS
a. DIDÁTICO
escolas, instituições locais, universidades
b. DIDÁTICO-CIENTÍFICO
universidades, instituições privadas, públicas
c. CIENTÍFICO
instituições de pesquisa
OS GRANDES HERBÁRIOS
‘Kew Garden (K)
Museu Nac. de História Natural (P)
Jardim Botânico de NY (NY)
Missouri Botanical Garden (MO)
Instituto Smithsonian (US)
Field Museum (F)
Jardim Botânico do RJ (RB)
Museu Nacional do RJ (R)
Museu Bot. Municipal Curitiba (MBM)
Instituto de Botânica (SP)
Museu Paraense Emilio Goeldi (IPA)
Instituto Nacional de Pesq da Amazônia
126
Introdução
Equipamentos de Campo
- Prensas provisórias de trabalho (papelão);
- Cintas para amarração das prensas (cordão grosso, cintas, tiras de borracha, entre
outros);
- Papel jornal (de preferência folhas simples);
- Etiquetas de papel em branco (aproveitamento de papel já utilizado) para compor as
etiquetas para anotações de campo tais como, nome popular, local, coletor, data de
coleta, etc.);
- Podão;
- Tesoura de poda manual;
- Escada de alumínio;
- Material de coleta alternativo (funda, estilingue, bodoque; laço, escalada);
- Envelopes de papel;
- Vidros ou recipientes plásticos para armazenar frutos ou outros;
- Mochila para carregar equipamentos;
- Fitas ou tinta para marcação da árvore;
- Sacos plásticos de lixo (50 litros) para guardar conjunto de pequenos sacos plásticos
contendo material botânico; alternativamente, pode-se confeccionar sacolas de
material resistente e impermeável para o armazenamento provisório das coletas; tais
sacolas podem ter alça e bolsos para guardar materiais com tesoura de poda,
caderneta de campo;
- Prensas de madeira para transferir material coletado das prensas provisórias
(papelão) no retorno;
- Caixa com elástico de prender dinheiro para sacos plásticos com material botânico;
- Álcool (preferencialmente o 96° - quanto menos água, maior a eficiência para evitar
aparecimento de fungos nas plantas em processo de secagem);
- Aparelho de GPS (coordenadas do local onde a planta se encontra);
- Máquina fotográfica; gravador (quando estiver junto de algum informante, se o
mesmo permitir). Considerações Básicas
- Se possível, deve-se dar prioridade à contratação de mateiros regionais para
participar da equipe de campo, pois geralmente estas pessoas dominam os nomes
populares das espécies, que mudam de região para região;
127
Procedimentos de Campo
- Os ramos devem ser obtidos cortando-se os galhos com tesouras de poda ou outro
instrumento cortante afiado, evitando-se quebrar manualmente, para evitar dano ao
material botânico ou perda de frutos ou flores pelo movimento brusco de coleta;
- Para coleta de ramos em partes mais altas, utiliza-se o podão com cabos encaixáveis
para aumentar a altura de coleta, que possui, normalmente, na sua extremidade
superior, uma lâmina cortante e uma pequena serra curva para serrar galhos de difícil
acesso. Para árvores altas, utilizam-se, também, ferramentas como linhas com pesos
presos nas extremidades (fundas), estilingues e escadas articuladas. Em certos
casos, somente a escalada das árvores com equipamentos próprios para esta prática
resolve o problema de coleta;
- Evitar coletar material muito úmido, para prevenir o ataque de fungos. Na coleta de
material úmido recomenda-se a troca mais frequente dos jornais;
- Plantas suculentas ou epífitas com folhas carnosas como, por exemplo, plantas das
famílias Orchidaceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Crassulaceae e Clusiaceae, entre
outras, devem ser aspergidas com álcool 70 % (diluído do álcool 96 %) e mantidas em
saco plástico fechado, para a conservação das flores e para evitar a desidratação das
folhas. Posteriormente são prensadas e secas;
- Plantas com folhas delicadas devem ser prensadas no campo no ato da coleta, para
evitar deformações, dobras ou quebras indesejáveis. Este procedimento deveria ser
o preferencial, utilizado para todas as plantas coletadas (mesmo sem terem folhas
delicadas), quando o fator tempo não for o limitante para o andamento dos trabalhos.
Assim se conservam melhor as características originais do material;
- Evitar coletar material botânico (flor, fruto, sementes) que estejam no chão ao pé da
árvore, pois podem não pertencer a essa planta;
- No retorno do campo, o material coletado deve ser preparado para a secagem, onde
adquirirá a forma definitiva de armazenamento. Por isso, nesta fase, deve-se dar
atenção para os procedimentos de manipulação do material com a finalidade de
melhorar o aspecto final, tais como: retirar do saco plástico (se for o caso), melhorar
o acondicionamento trocando as folhas de jornal inicialmente utilizadas em campo,
arrumar as folhas da planta para evitar que fiquem dobradas, retirar o excesso de
folhas, etiquetar com a identificação provisória adotada no campo;
129
- Os ramos coletados devem ser manipulados com cuidado, para que fiquem na
posição mais natural possível, sem dobras ou quebraduras, para que possam ser
observadas as suas formas e características próprias com melhor visibilidade. Pelo
menos duas folhas dos ramos devem ter seu verso virado para cima, para que possam
ser examinadas as características de pilosidade, presença ou ausência de glândulas,
domáceas, pontuações, etc., sem a necessidade de virá-las. Isso facilita a observação
do material que, depois de seco, corre o risco de quebrar (folha) ou cair do ramo).
Após a limpeza inicial do material botânico, os ramos são recolocados entre duas
folhas secas de jornal e empilhados em sequência, formando camadas da mesma
espécie. Cada espécie pode ser separada entre si por meio do papelão que confere
maior rigidez à prensa e, ao mesmo tempo, permite que o material fique arejado. Estas
prensas devem ser bem apertadas para que o material não enrugue nessa
desidratação prévia. Posteriormente, serão melhor manejadas em laboratório, na
secagem definitiva;
- Material botânico com frutos grandes, espinhos e estruturas que se salientam sobre
as demais podem deformar no processo de secagem devido às diferenças de volume.
Para contornar este problema, coloca-se ao lado dos frutos ou espinhos, e entre os
pequenos raminhos, folhas de jornal ou outro material enrolado para que, ao fechar a
pequena “pasta”, as capas fiquem niveladas. Esses rolos de papel devem ser
colocados sobre as folhas, auxiliando no processo de evitar que estas se enruguem;
- Caso não seja possível prensar as plantas no dia da coleta, deve-se mantê-las em
sacos plásticos fechados, sob refrigeração a aproximadamente 4 °C (temperatura
normal de conservação de alimentos), método que conserva a forma e consistência
das folhas por até 3 a 5 dias; - Outro método de prensagem provisório de coletas é o
acondicionamento em prensas com álcool. Neste método, as coletas são prensadas
individualmente e abundantemente borrifadas com álcool 96 %. Após a prensagem, a
prensa é fechada em saco de plástico hermeticamente fechado de forma a garantir a
não evaporação do álcool;
- Nesta fase, deverá ser feita a limpeza final do material botânico, que consiste em
retirar o excesso de folhas e ramos secundários, as folhas danificadas e a operação
de virar pelo menos uma folha com a face inferior para cima, para que não seja
necessário mexer nas folhas na ocasião de se observar algumas características.
Serão, então, montadas as prensas de madeira;
130
1) Método de Parcelas
. Estabelecimento de pequenas unidades amostrais distribuídas pela área de estudo,
para representação da diversidade local.
. Unidades amostrais devem possuir forma e tamanho predefinidos e adequados.
. Tamanho das parcelas deve ser adequado para a amostragem pretendida.
Brasil - normalmente parcelas quadradas de 10 × 10m.
Parcelas retangulares (10 x 20m) são também muito utilizadas.
132
AMOSTRAGEM/IDENTIFICAÇÃO
As plantas são identificadas inicialmente pelo nome comum local, por relato de
informante-chave. Posteriormente, é procedida a identificação botânica das mesmas,
utilizando-se espécimes botânicos, banco de dados já existentes e imagens digitais
das plantas no campo. Todos os locais de coleta devem ser georreferenciados.
2) Método de Transecto
Consiste em caminhar ao longo de uma linha (transecto), de preferência
predeterminada, registrando-se, em pontos equidistantes, as espécies mais próximas
desses pontos.
Comprimento do transecto e a distância entre os pontos amostrados, dependem dos
objetivos do estudo.
A vegetação é amostrada acima (raio superior), à direita (raio direito), à esquerda (raio
esquerdo) e abaixo (raio inferior) do inicio do corpo d’água. Os raios direito e esquerdo
são orientados pelo sentido do escoamento do córrego formado em cada nascente.
METODOLOGIA ALTERNATIVA
1) amostragem em áreas de campos – usos de gabarito de 1m x 1m – levantando-
se todas as espécies de ocorrência, sem contabilização do número de indivíduos, por
serem espécies em geral, herbáceas.
2) relatos de informantes chaves – levantadas todas as espécies ditas de ocorrência
na área, utilizando-se as técnicas da Bola de Neve (Snow Ball) e Listagem Livre.
3) imagens aéreas – utilizadas para localizar e avaliar as formações vegetais nas
áreas.
. Índices de Diversidade
- Riqueza
- Índice de Diversidade de Shannon-Weaver
- Equabilidade de Pielou
- Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM)
. Parâmetros Fitossociológicos
- Área Basal
- Frequência
- Densidade
- Dominância
- Índice de Valor de Importância (VI)
- Índice de Valor de Cobertura (VC)
135
1. AS ADAPTAÇÕES
Em resumo, podemos encontrar dois tipos de plantas de áreas secas: as que evitam
e as que toleram os déficits hídricos.
• estômatos profundos
• superfícies epidérmicas irregulares com os estômatos nas cavidades formadas e
muitas vezes cobertos por tricomas
• fotossíntese C4, C3/C4, CAM
• fechamento estomático rápido e completo
• cutícula espessa e impermeável
i) o efeito osmótico
- diminui o potencial hídrico do solo e consequentemente cria problemas fisiológicos;
Adaptações Morfológicas
• diminuição do tamanho da folha para reduzir a transpiração;
• caules e/ou folhas carnudos (acumulam e expelem sais para evitar a toxicidade e
compensar diferenças de pressão osmótica com o solo) com presença de parênquima
aquífero;
• redução do número de nervuras:
• redução do número de estômatos;
• tricomas e glândulas excretoras de sal
• raízes muito profundas para captar água em profundidade e/ou sistemas radiculares
superficiais de modo a recolher de imediato a água que chega ao solo e a
condensação do orvalho e neblinas nas épocas de maior secura; presença de
micorrizas nas raízes que ajudam a sobreviver as plântulas e posteriormente colonizar
as dunas; forma prostrada ou pulviniforme para resistir ao vento
Adaptações Fenológicas
• atraso na floração.
A espessa camada de súber (tecido formado por células mortas) que envolve
troncos e galhos no Cerrado é outra característica interpretada como uma adaptação
ao fogo. Agindo como isolante térmico, o súber impediria que as altas temperaturas
das labaredas atingissem os tecidos vivos mais internos dos caules.
Muitas plantas herbáceas têm órgãos subterrâneos, onde são armazenados água e
nutrientes. Cortiça grossa e estruturas subterrâneas podem ser interpretadas como
algumas das muitas adaptações desta vegetação, que lhe permite subsistir às secas
e às queimadas periódicas a que é submetida, protegendo as plantas da destruição e
capacitando-as para rebrotar após o período de estiagem e/ou após o fogo.
140
Neste tipo de conhecimento - o fenômeno intelectual não acontece separado dos seus
propósitos práticos. É baseado nas conexões entre o Corpus e o Praxis.
. Corpus - procedimentos intelectuais - símbolos, conceitos e percepções da
natureza.
O locus do corpus é a mente e a memória das pessoas – transmissão do
conhecimento feita pela língua.
. Praxis - conjunto de operações práticas na apropriação da natureza.
Fontes do corpus:
a) experiência acumulada através da história e transmitida por gerações por uma dada
cultura;
b) as experiências socialmente compartilhadas por uma geração;
c) a experiência pessoal, particular de cada pessoa, alcançada pela repetição de
ciclos produtivos, enriquecida por variações e condições imprevistas associadas –
dinâmico.
(ETNOBOTÂNICA:
QUANDO A RELAÇÃO
É COM PLANTAS)
141
Etnobiologia
Constitui patrimônio comum do grupo social e tem caráter difuso, pois não pertence a
este ou aquele indivíduo, mas a toda o grupo.
CONHECIMENTO TRADICIONAL
Provém da interação entre os seres humanos com o meio ambiente e tem muitas
dimensões, que podem incluir a botânica, a zoologia, a ecologia, a agricultura, entre
outras.
. Etnobotânica
. Botânica Econômica
. Etnoecologia
. Etnofarmacologia
. Etnozoologia
. Outras Etnos (Etnoentomologia, Etnoornitologia,
Etnoictiologia, etc.)
142
Exemplos:
. Estudo sobre os manguezais de Cururupu e advento do ecoturismo.
. Conhecimento, percepções e expectativas de populações residentes em Unidades
de Conservação (criadas ou a criar) e seus entornos.
Exemplo:
- Avaliação das formas de uso e manejo de recursos vegetais na região ----
fitossociologia e etnobotânica para aferir estado de conservação e padrões de uso e
manejo.
As especialidades da Etnobiologia:
. Etnobotânica
. Botânica Econômica
. Etnoecologia
. Etnozoologia
. Outras Etnos (Etnoentomologia, Etnoornitologia, Etnoictiologia, etc.)
144
XXI. ETNOBOTÂNICA
Enfoque Utilitário
Mais comum e praticado pelos etnobotânicos.
- levantamentos de usos de plantas em áreas geográficas localizadas.
- conclusões sobre o valor utilitário das plantas.
Enfoque Ecológico/Ambiental
Para responder questões, tais como:
- a diversidade de usos de plantas representa a diversidade de plantas disponível?
Enfoque Socioeconômico
Avalia-se a importância das plantas e seus usos em relação à mudanças sociais e
econômicas locais ou regionais e/ou como instrumentos de desenvolvimento
socioeconômico. Neste enfoque, a Etnobotânica aproxima-se da Botânica
Econômica!
1. Observação Participante
Consiste em aprender a observar as pessoas estudadas formando parte da vida
cotidiana e interagindo com elas para ganhar sua confiança e desenvolver um trabalho
satisfatório. Exige participação efetiva, continuada no meio pesquisado.
2. Observação Direta
Observa-se diretamente a vida dos locais (aspectos ambientais, sociais, econômicos,
políticos e religiosos, etc.). Difere basicamente da Observação Participante no nível
de envolvimento de pesquisadores e informantes. Na Observação Direta as
participações e entrevistas são sistemáticas, mas menos freqüentes.
Tipos de Entrevistas:
1) Entrevistas informais - utilizadas mais intensivamente durante os estágios
iniciais da pesquisa, no processo de familiarização com o povo e a área de estudo;
2) Entrevistas semi-estruturadas - a entrevista consiste de um questionário (semi-
estrurado) com perguntas abertas e fechadas, na forma de um roteiro que pode variar.
3) Entrevistas estruturadas - conjunto de questões fechadas no formato de um
questionário (estruturado).
6. Mapeamentos
- da terra; distribuição dos recursos
- mapas sociais: grupos humanos e uso dos recursos
- fluxo dos recursos produzidos
146
8. Linhas de Tempo
- identificação de eventos históricos pelos informantes; relação entre datas e fatos e
tendências históricas
9. Calendário Sazonal
- pesca; agricultura; extrativismo; eventos sociais; cultura
BIBLIOGRAFIA
Básica
BUCKUP, Ludwig. Botânica. 3. ED. Porto Alegre: Sagra. 2002. 176p.
NABORS, MURRAY W. Introdução à Botânica. Brasil: Roca. 2012. 680p.
PINHEIRO, C.U.B., ARAUJO, N. A. & AROUCHE. G. C. Plantas Úteis do Maranhão:
Região da Baixada Maranhense. São Luís: Gráfica e Editora Aquarela. 2010. 262p.
PINHEIRO, C. U. B. Botânica Costeira – Um Resumo de Autores e Temas (Apostila);
Disponível Impresso e arquivo pdf. 2020. 130p.
Complementar
PINHEIRO, C. U. B. Palmeiras do Maranhão (Onde Canta o Sabiá). São Luís, MA:
Aquarela, 2011, v.1. p.232.
PINHEIRO, C. U. B. Matas Ciliares: Recuperação e Conservação em Áreas Úmidas
do Maranhão. São Luís, MA. : Gráfica e Editora Aquarela, 2013, v.1. p.192.
MODESTO, Zulmira Maria Mota. Botânica. São Paulo: Epu, 1981. p 350.
PEREIRA, Cezio; AGAREZ, FERNANDO V. Botânica: Chaves para identificação de
famílias Taxonomia e organografia dos angiospermae. Rio de Janeiro: Interamericana,
1980. 190.
RAVEN, Peter H; EVERT, Ray F; EICHHORN, Susan E. Biologia vegetal. 8. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 856 p. ISBN: 9788527723623.
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BOTÂNICA COSTEIRA
PROF.DR. CLAUDIO URBANO B. PINHEIRO
1) Folha
BOTÂNICA COSTEIRA
PROF.DR. CLAUDIO URBANO B. PINHEIRO
2) Flor