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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

BOTÂNICA COSTEIRA
Um Resumo Didático de Autores e Temas
Claudio Urbano B. Pinheiro
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BOTÂNICA COSTEIRA
Um Resumo Didático de Autores e Temas
Prof. Dr. Claudio Urbano B. Pinheiro

SUMÁRIO

MÓDULO I
I. A ORIGEM DA VIDA

II. CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS

III. BOTÂNICA

IV. SUBDIVISÕES DA BOTÂNICA

V. APLICAÇÕES DA BOTÂNICA

VI. SISTEMÁTICA VEGETAL

VII. REINO PLANTAE

VIII. ORGANOGRAFIA DE FANERÓGAMAS


(Raiz, Caule, Folha, Flor, Fruto e Semente)

MÓDULO II
IX. A COSTA DO BRASIL E SUA VEGETAÇÃO

X. FORMAS DE VIDA (CRESCIMENTO DOS VEGETAIS)

XI. VEGETAÇÃO

XII. MATAS SECUNDÁRIAS

XIII. FORMAÇÕES COSTEIRAS


(Matas Ciliares, Restingas, Apicuns, Marismas, Macrófitas Aquáticas) )
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MÓDULO III
XIV. MANGUEZAIS
(Ocorrência, Importância, Legislação, Ameaças, Principais Espécies)

XV. PLANTAS INVASORAS

XVI. COLETA BOTÂNICA E HERBORIZAÇÃO DE PLANTAS

XVII. FITOSSOCIOLOGIA / AMOSTRAGEM FITOSSOCIOLÓGICA

XVIII. ADAPTAÇÕES ESTRUTURAIS DAS PLANTAS AO AMBIENTE

IXX. CONHECIMENTO TRADICIONAL E ETNOBOTÂNICA

XX. PERGUNTAS CENTRAIS PARA ESTUDOS ETNOBIOLÓGICOS

XXI. ETNOBOTÂNICA

XXII. MÉTODOS EM ETNOBOTÂNICA

BIBLIOGRAFIA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

BOTÂNICA COSTEIRA
Um Resumo Didático de Autores e Temas
Prof. Dr. Claudio Urbano B. Pinheiro

MÓDULO I
(Origens, Conceitos, Classificações,
Aplicações, Organografia)
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I. A ORIGEM DA VIDA

Até o presente momento, a Teoria do Big Bang é utilizada para explicar o surgimento
da Terra. Acredita-se que nosso planeta se formou há 4,5 bilhões de anos e, durante
cerca de um bilhão de anos, sofreu processos importantes, como seu resfriamento,
viabilizando o surgimento da vida.

→ Abiogênese x Biogênese
Estudiosos mais antigos acreditavam que os seres vivos surgiam espontaneamente
da matéria bruta – a hipótese da geração espontânea, também chamada
de abiogênese. Entretanto, por meio de diversos experimentos executados por
cientistas, como Redi, Needham, Spallanzani e Pasteur,foi possível descartar essa
hipótese, adotando a biogênese, que afirma que os micro-organismos surgem a partir
de outros preexistentes.

→ Evolução química
Embora tenha respondido a uma grande questão, a biogênese não explica como
ocorre o processo de surgimento de uma espécie a partir de outra. Assim, existem
algumas explicações para tal, sendo a origem por evolução química a mais aceita
pela categoria científica. Essa teoria propõe que a vida surgiu a partir do arranjo entre
moléculas mais simples, arranjo esse aliado a condições ambientais peculiares, o que
resultou na formação de moléculas cada vez mais complexas até o surgimento de
estruturas dotadas de metabolismo e capazes de se autoduplicar, dando origem aos
primeiros seres vivos. Oparin, Haldane e Miller são os precursores dessa hipótese.

→ Hipótese autotrófica
Atualmente, acredita-se que o primeiro ser vivo era autotrófico. Dois motivos justificam
sua ampla aceitação:
1) até o surgimento da fotossíntese, o planeta provavelmente não apresentava
moléculas orgânicas suficientes para sustentar as multiplicações dos primeiros seres
vivos;
2) em razão da instabilidade do planeta, esses organismos só conseguiriam
sobreviver se estivessem em locais mais protegidos, como fontes termais submarinas
dos mares primitivos. Assim, a hipótese autotrófica sugere que os primeiros seres
vivos surgiram primeiramente em ambientes mais extremos, nutrindo-se a partir da
reação entre substâncias inorgânicas, processo esse denominado de quimiossíntese.
Essa hipótese sugere ainda que, a partir desses primeiros seres vivos, surgiram
aqueles capazes de realizar fermentação, depois os fotossintéticos e, por último, os
seres heterotróficos. Acredita-se que esses primeiros indivíduos eram procarióticos.
A célula eucariótica provavelmente surgiu há dois bilhões de anos.

A ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS VEGETAIS


As algas marinhas de 500 milhões de anos atrás, deram origem aos vegetais. A Terra
passou por um período de seca e muitas modificações (período Siluriano, há 435
milhões de anos) que pode ter sido um fator de seleção natural.

Para conquistarem o novo ambiente, as plantas precisaram se adaptar às suas novas


condições de vida. Assim, desenvolveram vasos condutores de seiva, que garantem
a distribuição das seivas bruta e elaborada pela planta.
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Esta característica está diretamente ligada ao porte da planta, pois as briófitas, como
os musgos, por exemplo, não apresentam esses vasos e chegam a ter no máximo 10
cm, enquanto que as gimnospermas e angiospermas podem chegar a 100 m.

Agentes polinizadores
Outra adaptação ao ambiente terrestre está relacionada às sementes e sua dispersão.
O vegetal mais evoluído é aquele que apresenta sua semente protegida pelo fruto.
Sua disseminação ocorre, normalmente, através de agentes polinizadores, tais como,
os insetos, pássaros e morcegos, entre outros.

Uma outra adaptação necessária foi controlar a perda excessiva de água. Isso passou
a ocorrer através da abertura e fechamento dos estômatos - estruturas microscópicas
por meio das quais ocorrem as trocas gasosas entre a planta e a atmosfera. Da
mesma maneira, as plantas dispensaram a água durante o seu ciclo reprodutivo, uma
vez que seus gametas já não se encontravam num ambiente aquático.

Acredita-se que no período Denoviano (410 milhões de anos atrás) surgiram bosques
formados pelos ancestrais de musgos e samambaias. As plantas com sementes
desenvolveram-se neste período e se diversificaram no Carbonífero (355 milhões).
Encontram-se adaptadas ao meio terrestre até os dias atuais.

Gimnospermas e angiospermas
Em suma, seguindo a evolução de plantas terrestres, temos as briófitas, sem vasos
condutores de seiva, como é o caso dos musgos e das hepáticas, por exemplo. As
pteridófitas foram primeiras a apresentarem vasos condutores de seiva. Entre elas, as
mais comuns são as samambaias e avencas.

As gimnospermas, representadas pelos pinheiros, apresentam sementes nuas (um


exemplo típico é o pinhão) e, por fim, vêm as angiospermas. São as mais evoluídas,
pois apresentam flor, fruto e semente protegida pelo fruto.

Cotilédone é o nome que se dá à folha ou folhas primordiais que se formam no


embrião das gimnospermas e das angiospermas. Existem vários cotilédones
naquelas, mas nestas últimas são apenas um ou dois, por isso as angiospermas se
subdividem em duas classes: monocotiledônea e dicotiledônea.
As monocotiledôneas apresentam nervuras paralelas nas folhas, raiz cabeleira
(fascicular), e flores trímeras (três pétalas e três sépalas). Pertencem a esta classe
plantas tão diferentes quanto as orquídeas e o milho.

Já as dicotiledôneas apresentam nervuras irregulares pelas folhas, raiz principal,


flores tetrâmeras ou pentâmeras. São elas a maioria das árvores (exceto os pinheiros)
e plantas herbáceas.
Quando o vegetal invadiu o meio terrestre, foram muitas as adaptações morfológicas
necessárias:
1. eficiente mecanismo de absorção da água do solo (raiz).
2. mecanismo rápido de condução de água e nutrientes até as células mais distantes
dos centros de absorção.
3. eficiente mecanismo de impermeabilização das superfícies expostas, o que evita a
perda excessiva de água.
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4. eficiente mecanismo de trocas gasosas que permita o ingresso de gás carbônico,


facilitando a ocorrência de fotossíntese.
5. eficiente mecanismo de sustentação do corpo por meio de tecidos rígidos, já que o
ar, pouco denso, é incapaz de exercer essa tarefa.
6. possibilidade de reprodução, mesmo na ausência de água, embora as primeiras
plantas com vasos condutores ainda dependam da água para o deslocamento dos
gametas.
7. adaptação ao meio terrestre, por meio da produção de sementes. O embrião fica
dentro de um meio desidratado, rico em alimento e envolvido por um revestimento
protetor.

II. CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS

Até a metade do século XX, os seres vivos são classificados em apenas duas
categorias: reino animal e reino vegetal. Com o progresso da biologia, a classificação
se amplia para incluir organismos primitivos que não tem características especificas
só de animais ou de vegetais. -Mas, o que é classificar?

Classificar é agrupar coisas de acordo com suas semelhanças e diferenças. Por


exemplo, podem-se classificar selos agrupando-os de acordo com diversos critérios:
o país de origem, o ano de sua emissão ou o motivo de sua estampa (flores, animais,
personagens históricos, etc.). Nos supermercados os produtos são classificados e
distribuídos de acordo com o tipo (latarias, produto de limpeza, bebidas, verduras,
etc.). A semelhança é o ponto de partida de todas as classificações, mas é necessário
escolher características realmente importantes, pois muitas semelhanças são
apenas superficiais ou inadequadas à classificação. O local aonde vivem os
organismos, por exemplo, não pode ser usado como critério principal de
classificação, porque existem animais aéreos tão díspares como uma mosca, uma
gaivota e um morcego.

Carl Von Linée ou Lineu (1707-1778), um naturalista sueco, escolheu como principal
critério de classificação, o plano de organização corporal, isto é, a estrutura e a
anatomia dos seres vivos. Dessa forma, os animais foram agrupados de acordo com
as semelhanças de sua estrutura corporal, e as plantas, de acordo com a sua
anatomia e, principalmente, de acordo com a estrutura de suas folhas e frutos.

No sistema atual de classificação, além das semelhanças estruturais, hoje


examinadas até níveis microscópicos, também são estudadas as semelhanças e
diferenças na composição química das proteínas e dos genes que constituem os
seres vivos.

A partir da década de 60, o critério internacionalmente aceito divide os organismos


em cinco reinos:
1) Moneras: Seres unicelulares (formados por uma única célula) procariontes
(células sem núcleo organizado) como as bactérias e as cianobactérias. O material
hereditário é constituído por ácido nucleio no citoplasma. São as bactérias e as
cianófitas (algas azuis), antes consideradas vegetais primitivas.
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2) Protistas: seres unicelulares eucariontes (que possuem núcleo individualizado).


Seu material genético está organizado nos cromossomos, dentro do núcleo.
Representados por protozoários, como a ameba, o tripanossomo (causador do mal
de Chagas), o plasmódio (agente da malária) e as algas.

3) Fungos: Ser eucariontes uni e pluricelulares como as leveduras, o mofo e os


cogumelos. Já foi classificado como vegetais, mas sua membrana possui quitina,
molécula típica dos insetos e que não se encontra entre as plantas. São heterótrofos,
por não possuírem clorofila.

4) Plantas: São os vegetais, desde as algas verdes até as plantas superiores.


Caracterizam-se por ter as células revestidas por uma membrana. Existem cerca de
300 mil espécies de vegetais classificados.

5) Animais: São organismos multicelulares e heterótrofos (não produzem seu próprio


alimento). Englobam desde as esponjas marinhas até o homem, cujo nome cientifico
é Homo Sapiens. O Reino Animal reúne organismos heterótrofos multicelulares que
possuem tecidos corporais bem definidos. A origem dos animais ainda é obscura,
mas tudo indica que eles surgiram a partir de primitivos protozoários coloniais,
provavelmente flagelados.

A Importância das Plantas


As plantas são a base de sustentação da vida na Terra. São elas que, juntamente com
as algas, produzem o oxigênio necessário à respiração dos seres vivos. Ao
transformarem a matéria mineral em matéria orgânica, através da fotossíntese, as
plantas estão na base das cadeias alimentares. De uma forma direta ou indireta
fornecem o alimento aos animais (incluindo o Homem).
As plantas são simplesmente os seres mais importantes, porque sem elas os animais
herbívoros não teriam o que comer e consequentemente os carnívoros morreriam
também. Elas participam da fixação do nitrogénio através do mutualismo que exercem
com certas bactérias e por fim renovam nosso ar apesar desse papel ser melhor
desempenhado pelas algas microscópicas, essas enquadradas no reino dos
protozoários e não dos vegetais. Elas transformam matéria inorgânica em orgânica
através da fotossíntese. Os humanos são onívoros, ou seja, comem animais e
vegetais.
Além de constituírem uma fonte de alimento para os seres vivos, as plantas são uma
fonte de matérias primas para as mais variadas indústrias. O algodoeiro e o linho são
exemplos de plantas essenciais para a indústria têxtil.
A madeira das árvores é utilizada em múltiplas aplicações: construção de casas,
barcos, mobiliário e muitos outros utensílios domésticos. A cortiça, extraída do
sobreiro, é utilizada não só no fabrico de rolhas, mas também de embalagens e na
construção civil.
Há uma infinidade de outras importantes utilizações das plantas pelo homem que
poderiam ser referidas. Uma das mais importantes está relacionada com a indústria
farmacêutica, uma vez que muitas espécies têm importantes propriedades medicinais.
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III. BOTÂNICA

A botânica é o ramo da biologia que se ocupa do estudo dos vegetais. Alguns ramos
desta ciência que estuda a “biologia das plantas” são: fisiologia, morfologia,
taxionomia e ecologia vegetal, química farmacêutica, fitogenética,
paleobotânica, fitopatologia e várias outras relacionadas ao estudo dos seres
classificados como pertencendo ao reino Plantae.

De modo geral, são considerados como sendo do reino vegetal (ou plantae), todos os
seres clorofilados, fotossintetizantes, dotados de embriões multicelulares envolvidos
por material materno e estágio sexuado em alguma parte de seu desenvolvimento,
além de outras características. Entretanto, sempre houve uma certa controvérsia no
meio científico quando o assunto é classificar os seres vivos em animal ou vegetal
quando se trata de organismos como os fungos, leveduras e alguns tipos de bactérias.

A botânica surgiu ainda na antiguidade quando o filósofo grego Theophrastus (-


371/287), discípulo de Aristóteles (que criara duas classificações para as plantas:
plantas com flores e sem flores) classificou pela primeira vez os vegetais ainda no
século 370 a.C. Outros filósofos como ele (Plínio, o Velho e Dioscórides por exemplo)
foram os responsáveis pelo início do estudo dos vegetais, sua classificação, efeitos
sobre o organismo, fisiologia, fitossociologia, corologia e etc. Claro que a relação entre
o homem e os vegetais vem de muito antes.

A botânica é o ramo da ciência que, através dos fósseis, tem os exemplares mais
antigos para estudo. Desde o início da história humana as plantas já eram usadas
como alimento, remédio e outras aplicações, tendo por isso se tornado desde sempre
um tema que desperta grande interesse nas pessoas. Mas foi só no século 16 que a
botânica começou a ficar mais parecida com ciência.
O alemão Otto Brunfels publicou por volta de 1530 o primeiro livro sobre botânica,
“Herbarium”, com diversas ilustrações e termos científicos sobre plantas. Junto com
Carl Von Linné (“Lineu”), que propôs no século XVIII uma classificação para as plantas
e uma nomenclatura binominal em latim (sendo por isso, também, considerado como
o pai da taxonomia), Otto é considerado o pai da botânica moderna ou científica.

No Brasil a botânica chegou junto com os portugueses, mas só ganhou importância


por volta de 1808 com a vinda da corte para o Brasil e a fundação, naquele mesmo
ano, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, até hoje considerado como um dos mais
importantes do país.

IV. SUBDIVISÕES DA BOTÂNICA


Botânica Geral
Grande subdivisão da botânica, que se ocupa dos aspectos gerais do estudo das
plantas quanto a: forma (morfologia), função (fisiologia) e desenvolvimento desde a
fecundação (embriologia). Cada uma dessas partes, contudo, compreende múltiplos
ramos de âmbito menor e especializados: a palinologia, por exemplo, interessa-se
pelos grãos de pólen, vindo a ser, portanto, um ramo ou disciplina da morfologia.
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Botânica Sistemática
Parte da botânica que trata da classificação dos vegetais, ordenando-os segundo as
famílias, gêneros e espécies, num esquema geral do reino vegetal, dito sistema;
taxonomia.

Botânica Aplicada
É a botânica que estuda as plantas sob o aspecto das relações que elas demonstram
ter com a vida humana, como, por exemplo, botânica agrícola, ligada às atividades da
agricultura; botânica farmacêutica, relacionada aos usos em medicina e em farmácia;
fitopatologia, que abrange pesquisas acerca das moléstias causadas nas plantas úteis
ao homem.

Botânica Econômica
Envolve estudos que permitem o conhecimento das matérias-primas vegetais e sua
viabilidade econômica, para utilização pelas sociedades modernas.

Etnobotânica
Estuda as relações entre o homem nas sociedades tradicionais (indígenas,
agricultores, pescadores, etc) e o seu ambiente vegetal.

V. APLICAÇÕES DA BOTÂNICA
Estudo das plantas - possibilita compreender a grande diversidade de plantas
presentes em nosso planeta, nos mais diversos ambientes – aquáticos e terrestres,
ou mesmo aéreos, como as epífitas, plantas que vivem sobre outras sem parasitá-las.
Trabalhos realizados com algumas espécies nativas de plantas com hábito epifítico e
terrestre têm demonstrado eficácia como bioindicadoras do ambiente, pois elas
reagem aos efeitos da poluição através de alguns “sinais” como necrose, queda de
suas folhas, diminuição do crescimento, danos de seus tecidos, etc.

Muitas dessas plantas chamam a nossa atenção pelo colorido exuberante de suas
flores e pela sua interação direta com certos animais.

A botânica abrange diversas áreas: morfologia vegetal, anatomia vegetal, fisiologia


vegetal, sistemática vegetal, taxonomia vegetal, botânica econômica, etc. Os estudos
podem ser realizados no campo ou em laboratório específico, ou até mesmo unindo
campo com laboratório.

A morfologia estuda a estrutura externa das plantas, por meio da investigação


descritiva e comparativa. Qual a cor da flor de uma planta? Como é a flor? Como é a
sua folha? E as características externas de sua raiz e caule?

Já a anatomia estuda a estrutura interna dos vegetais, desde as características de


suas células, os tecidos e órgãos, podendo ser descritiva, ecológica, com aplicações
à taxonomia, etc. Por exemplo, qual é a característica de uma célula que conduz água
e sais minerais, considerando que a absorção ocorre nas células das raízes e tem que
chegar até as células das folhas? Será que estas células são resistentes? Quem dá
essa resistência à célula? Qual o componente químico presente? Será que uma célula
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que conduz açúcares tem as mesmas características que uma célula que sustenta o
corpo da planta?

A fisiologia preocupa-se em explicar o funcionamento dos vegetais, o funcionamento


dos órgãos das plantas, o seu metabolismo, crescimento e reprodução. Como a
planta conduz água e sais minerais? Como ocorre a fotossíntese? Como ocorre a
absorção de nutrientes pelas plantas?

A sistemática vegetal, por sua vez, dedica-se em inventariar e descrever a


biodiversidade e compreender as relações que ocorrem entre os organismos. Inclui a
taxonomia, que elabora as leis da classificação das espécies, com suas normas e
princípios.

Adicionalmente, a fitogeografia, estuda a distribuição das espécies vegetais; a


fitopatologia, que estuda as doenças das plantas, os seus agentes causadores e o
modo de as combater; a paleobotânica, que investiga a história geológica do reino
vegetal.

A Botânica Aplicada estuda as relações entre as espécies vegetais e a vida humana e


as aplicações práticas dos resultados desse estudo. Pode ser por via da Etnobotânica
e da Botânica Econômica estudam as partes ou produtos químicos extraídos das
plantas que são utilizados por comunidades tradicionais (etnobotânica) ou
comercialmente (botânica econômica), quer seja na indústria farmacêutica, têxtil,
alimentícia, para produção de cosméticos, dentre outros. A borracha, por exemplo, é
produzida através do látex que é extraído da Hevea brasilienses (Seringueira). Outras
plantas são produtoras de óleos e gorduras, outras são aromáticas, outras são
medicinais, etc. Dessa forma, verifica-se que para compreender uma planta é
necessário relacionar todas as áreas da botânica.

Pode ser ainda por via da Agronomia, que regula praticamente os trabalhos do campo
para obter melhores rendimentos; da Botânica médica ou farmacêutica, que estuda
as propriedades medicinais dos vegetais; da Floricultura, que estuda as plantas
cultivadas com fins decorativos; da Silvicultura, que se ocupa das florestas, do
tratamento e utilização das mesmas, do repovoamento de terras não florestadas e do
aproveitamento da madeira e seus derivados.

VI. SISTEMÁTICA VEGETAL

A Sistemática ou Taxonomia Vegetal é um ramo da Biologia Vegetal que estuda a


diversidade das plantas com base na variação morfológica e nas relações
evolutivas, produzindo um sistema de classificação, o qual permite estabelecer
uma identificação ideal para as plantas (SOUZA & LORENZI, 2005).

Para um entendimento da funcionalidade das divisões taxionômicas dos seres, é


necessário o conhecimento de conceitos básicos, que estão inseridos em um conjunto
maior e mais abrangente. Estes conceitos são em ordem crescente:

*Espécie (do latim “species” tipo) é um agrupamento de indivíduos com profundas


semelhanças morfológicas e fisiológicas entre si, mostrando grandes similaridades
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bioquímicas, com capacidade de se cruzarem naturalmente, originando descendentes


férteis.

*Gênero: é o conjunto de espécies que apresentam semelhanças, embora não sejam


idênticas.

*Família: é o conjunto de gêneros afins, isto é, muito próximos ou parecidos, embora


possuam diferenças mais significativas do que a divisão em gêneros.

*Ordem: é um agrupamento de famílias que tem semelhanças.


*Classe: é a reunião de ordens que possuem fatores distintos de outras, mas comuns
às ordens que a ela pertencem.

*Filo (ramo): é a reunião de classes com características em comum, mesmo que muito
distintas entre si.

*Reino: é a maior das categorias taxionômicas, que reúne filos com as características
comuns a todos, mesmo que existam diferenças enormes entre eles.

Regras de Nomenclatura (Código Internacional de Nomenclatura)

• Grupos taxonômicos de qualquer categoria são tratados como taxa (singular: taxon);
• Os taxa são arranjados hierarquicamente, sendo a Espécie a unidade básica;
• As principais categorias dos taxa em sequência descendente são: Reino, Divisão,
Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie;
• As categorias secundárias em sequência descendente são: tribo (entre família e
gênero), seção e série (entre gênero e espécie) e variedade e forma (abaixo de
espécie);
• Caso um maior número de categorias de taxa seja necessário, basta acrescentar o
prefixo sub aos termos que indicam as categorias principais ou secundárias:
subclasse, subfamília, subgênero e subespécie;
• As seguintes terminações dos nomes designam as categorias taxonômicas em
Angiospermas:
a) Divisão: ophyta (ex.: Magnoliophyta)
b) Classe: opsida (ex.: Magnoliopsida)
c) Subclasse: idae (ex.: Rosidae)
d) Ordem: ales (ex.: Myrtales)
e) Família: aceae (ex.: Euphorbiaceae)
• Gênero e espécie não têm terminações fixas;

• Nomenclatura Binomial. Todo nome deve ser acompanhado pelo nome do autor
da espécie, e deve aparecer destacado no texto. Ex.: Erythroxylum coca Lam. ou
Erythroxylum coca Lam;
• Quando uma espécie muda de gênero, o nome do autor do basiônimo (primeiro
nome dado a uma espécie) deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome do
autor que fez a nova combinação. Ex.: Tabebuia alba (Cham.) Sadw.; basiônimo:
Tecoma alba Cham.
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Regras de Nomenclatura (Código Internacional de Nomenclatura)

. O nome do organismo - escrito em latim ou latinizado: Mangifera indica.


. Deve ter, pelo menos, dois nomes, o primeiro referente ao gênero e o segundo à
espécie - sistema binominal de Linnaeus: Anacardium ocidentale.
. O nome do gênero deve ser escrito com inicial maiúscula e o nome da espécie deve
ser escrito com inicial minúscula: Cecropia peltata.
. Quando a espécie tem nome de pessoa, pode-se utilizar inicial maiúscula ou
minúscula. Trypanosoma Cruzi ou Trypanosoma cruzi.
. O nome deve ser em destaque (itálico ou sublinhado).: Cecropia peltata, ou Cecropia
peltata.
. Depois do nome da espécie, coloca-se o nome do autor que a descreveu; se houve
modificação na descrição original de uma espécie, autor e ano aparecem entre
parênteses: Euterpe oleracea Martius

. abreviado: Euterpe oleracea Martius ou abreviado Mart.


. se outro autor modifica: Euterpe oleracea (Mart.) Claudio Urbano

Conceitos de Espécie

.Tipológico: modelo mental, um tipo (forma, essência da filosofia de Platão).


Exemplo: "cachorro" (nem todos são idênticos, mas há numerosos caracteres em
comum).

. Morfológico: origina-se do conceito tipológico; morfoespécie - espécie tipológica


reconhecida apenas pela. Na prática, o mais utilizado pelos sistematas.

. Biológico: agrupamento de populações naturais capazes de se intercruzarem e que


são reprodutivamente isoladas de outras populações.
Restrições:
1. exclusiva para reprodução biparental.
2. atinge apenas populações simpátridas.

. Evolutivo: linhagem única de populações formadas de ancestrais e descendentes,


que mantêm sua identidade em relação às outras linhagens e que apresenta suas
próprias tendências evolutivas.
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VII. REINO PLANTAE

O Reino Plantae compreende seres eucariontes, pluricelulares, autotróficos, que


realizam fotossíntese.

A exemplo dos animais, o organismo vegetal é constituído por células. Contudo, sua
organização é bastante diferente. Se seus órgãos têm funções paralelas às dos
sistemas animais, o mesmo não pode se dizer da sua estrutura. Em relação aos
animais falamos em sistemas digestório, respiratório, reprodutor, etc.; no que diz
respeito às plantas, tratamos de órgãos: a raiz, o caule, a folha, a flor, o fruto e a
semente.

A classificação dos vegetais possui ligeiras diferenças em relação à classificação


animal. Ao invés de usar o termo Filo, usa-se o termo Divisão.

As plantas são divididas em dois grandes grupos:

. CRIPTÓGAMAS (KRIPTO, ESCONDIDO)


Plantas que possuem as estruturas produtoras de gametas pouco evidentes

. FANERÓGAMAS (PHANERO, EVIDENTE)


Possuem as estruturas produtoras de gametas bem visíveis.

Os órgãos e suas funções


A raiz tem por função fixar a planta ao solo e retirar dele água e sais minerais,
essenciais à vida vegetal. O caule mantém a planta ereta. Em seu interior encontram-
se vasos condutores de seiva. Por seiva entende-se o líquido absorvido pelas raízes
(seiva bruta) e as substâncias produzidas pela fotossíntese (seiva elaborada).

Há vegetais que não possuem vasos condutores (musgos). Nesse caso, a distribuição
da seiva se faz de célula a célula. A maioria, porém, é dotada de vasos condutores.
Do caule partem ramos onde se prendem as folhas, levando a seiva bruta e trazendo
a seiva elaborada. As folhas são, portanto, a parte dos vegetais onde ocorre a
fotossíntese. A seiva elaborada por ela produzida é distribuída todas as partes do
vegetal, garantindo a sua sobrevivência.

Nas folhas também acontecem os processos de respiração e transpiração vegetal.


Flores e sementes são órgãos que se relacionam com a reprodução vegetal.

Criptógamas
As criptógamas podem ser divididas, com base na organização do corpo, em
grupos menores:

1 - BRIÓFITAS
As briófitas são plantas de pequeno porte, sendo que na maioria não ultrapassa 20
cm de altura.
Vivem em ambientes úmidos e sombreados, uma vez que não são susceptíveis à
dessecação.
As briófitas apresentam estruturas chamadas rizóides, caulóides e filóides que
desempenham um papel semelhante ao da raiz, caule e folhas. No entanto, não têm
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vasos condutores de seiva; tanto a seiva elaborada quanto a bruta passam


diretamente de uma célula para outra, através de suas paredes.
O grupo das briófitas tem os musgos como principal representante.

Musgo

2 - PTERIDÓFITAS
As pteridófitas são as primeiras plantas a possuir vasos condutores de seiva. A
existência dos vasos possibilitou às plantas a conquista definitiva do ambiente
terrestre. Os vasos permitem o transporte rápido da água e sais minerais até as folhas
e de seiva elaborada para as demais partes da planta.
Os principais representantes do grupo são as samambaias e as avencas.

Samanbaia
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Nas pteridófitas as folhas se desenrolam a partir do centro da planta.


A reprodução é feita por meio de esporos, que frequentemente são produzidos em
soros localizados na parte de baixo das folhas (são aqueles pontinhos alaranjados
que vemos às vezes nas samambaias). Ocorre alternância de gerações, sendo o
vegetal adulto produtor de esporos que, uma vez no chão, dão origem a uma plantinha
parecida com um coração (protalo) e que produz os gametas. Esses se unem e vão
dar origem a uma nova planta.

Fanerógamas
Nas fanerógamas os óvulos e o pólen são os gametas feminino e masculino,
respectivamente.

Dentre as fanerógamas temos as Gimnospermas, que produzem estróbilos como


estruturas reprodutoras, que são erradamente denominados flores; e as
Angiospermas, que produzem flores.

Uma flor pode ser definida, de maneira ampla, como um “ramo” modificado e adaptado
à reprodução. Sobre as folhas modificadas desse ramo é que se formam as estruturas
reprodutivas das plantas fanerógamas.

A semente é uma estrutura que contém em seu interior um pequeno embrião em


repouso, além de grande quantidade de células e material nutritivo para garantir a
germinação. As sementes têm origem a partir dos óvulos, formados nas flores.

As fanerógamas são divididas em dois grandes grupos:

3 - GIMNOSPERMAS
As gimnospermas são as primeiras plantas a produzirem flores (inflorescências) e
sementes, porém não produzem frutos (grego = gymnos = nua, grego = sperma =
semente). Mais conhecidas são os pinheiros, ciprestes e sequoias. No Brasil uma
gimnosperma nativa é a araucária, também conhecida como pinheiro-do-paraná.

Pinheiro do Paraná
16

As flores da gimnosperma são chamadas de cones ou estróbilos. Essas flores são de


um só sexo, masculino ou feminino.

As gimnospermas estão mais adaptadas às regiões temperadas. Chegam a formar


vegetações como as taigas no Hemisfério Norte e a mata de araucária no sul do Brasil.
As sequoias são gimnospermas de grande porte e ocorrem na Califórnia (Estados
Unidos). Essas plantas chegam a atingir 120 metros de altura e seus troncos podem
chegar a ter diâmetro de 12 metros.

Estima-se que as sequoias atuais tenham aproximadamente 4000 anos de idade.

4 - ANGIOSPERMAS
As angiospermas possuem como característica exclusiva, a semente contida no
interior de um fruto (grego angio = urna; sperma = semente). Por esse motivo são
conhecidas como plantas frutíferas.

As angiospermas correspondem ao grupo de plantas com maior número de espécies


sobre a Terra. Ocorrem em ampla diversidade de hábitats, existindo desde espécies
aquáticas até plantas adaptadas a ambientes áridos, como os cactos.
Economicamente, as angiospermas representam uma fonte de inestimável
importância para o homem. Seus órgãos, como raiz, caule, folhas, flores, sementes e
frutos, podem servir de alimento para a população humana. Além disso, servem,
também como fontes de matéria-prima para as mais diversas atividades humanas e
industriais.

As angiospermas são divididas em dois grandes grupos: o das monocotiledôneas e o


das dicotiledôneas.

A principal característica que permite distinguir esses dois grupos é o número de


cotilédones presentes na semente. Os cotilédones são folhas modificadas que fazem
parte do corpo do embrião e que podem armazenar nutrientes que serão fornecidos a
ele durante os estágios iniciais de desenvolvimento. Como o próprio nome diz, nas
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monocotiledôneas há apenas um cotilédone por semente, enquanto nas


dicotiledôneas há dois cotilédones por semente.

São exemplos de monocotiledôneas: Alho, cebola, aspargo, abacaxi, bambu, grama,


arroz, trigo, aveia, cana-de-açúcar, milho, gengibre e palmeiras em geral: coco-da-
baía, babaçu, etc.

São exemplos de dicotiledôneas: Vitória-régia, eucalipto, abacate, rosa, morango,


pera, maçã, feijão, ervilha, goiaba, jabuticaba, algodão, cacau, limão, maracujá, cacto,
mamona, mandioca, seringueira, batata, mate, tomate, jacarandá, café, abóbora,
melancia, etc.

Gimnospermas Angiospermas
Dicotiledônea Monocotiledônea
RAIZES Pivotante (sistema Pivotante (sistema Fasciculada
radicular) radicular) (sistema radicular)
CAULE Lenhoso e ramificado Ramificado Não ramificado
(sistema monopodial)
FOLHAS Forma, tamanho e Nervação reticulada Nervação paralela
inervação variáveis.
FLOR Unissexuais e Trímeras
aperiantadas Dímeras, tetrâmeras
Femininas: carpelos e pentâmeras.
abertos e óvulos
expostos.
Masculino: folhas
estaminais com
sacos polínicos.
FRUTOS Não produzem frutos Com 2, 4 ou 5 lojas Numero de lojas 2 a
3 - Ou seu múltiplo
SEMENTES 2 ou mais cotilédone 2 cotilédones 1 cotilédone
(EMBRIÃO)

A formação da semente
Nas angiospermas a fecundação se dá quando o núcleo masculino (proveniente do
grão de pólen) e o núcleo feminino (oosfera, proveniente do óvulo) se encontram,
formando o zigoto, ainda no ovário da flor.

O zigoto, uma célula simples, sofre então muitas divisões celulares e dá origem a um
pequeno embrião, pluricelular.

O óvulo fecundado desenvolve-se formando então uma semente. Ela contém um


embrião e substâncias nutritivas que o alimentarão quando a semente germinar.

A formação de uma ou mais sementes no interior de um ovário provoca o seu


desenvolvimento e ele, crescendo muito origina um fruto, enquanto murcham todas
as demais partes da flor.
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VIII. ORGANOGRAFIA DE FANERÓGAMAS

A organografia é o estudo da morfologia externa dos vegetais, isto é, uma análise do


aspecto externo, dos órgãos vegetais: raiz, caule, folhas, flor, fruto e semente. Essas
estruturas serão analisadas e estudadas conforme suas características morfológicas
externas.

1. RAIZ

Na maioria das plantas, a raiz é um órgão subterrâneo e, portanto, não facilmente


visível, crescendo em sentido oposto ao do caule. Possui, geralmente, geotropismo
positivo e fototropismo negativo, ou seja, cresce em sentido do solo, contrário à luz.

A raiz tem a função de fixar o vegetal ao solo, absorver e conduzir a água e os sais
minerais. Ela também é muito importante, pois pode armazenar substâncias, sendo
usada como alimento, como a cenoura, batata-doce, beterraba entre outras. Muitas
raízes são usadas como medicinais, não só pela população, como também na
medicina.

A raiz apresenta, também, uma série de características como ausência de folhas e


gemas, sem segmentos de nós e entre-nós; em geral são aclorofiladas (excetos as
aéreas como as orquídeas). Apresenta coifa e pelos radiculares, além de um
crescimento subterminal, ou seja, as células meristemáticas, que promovem o
crescimento longitudinal da raiz, estão envolvidas por mais uma camada de células,
chamada coifa, que protegem contra a transpiração excessiva e o atrito com o solo.

Morfologia
No esquema abaixo as partes de uma raiz:

Podemos observar que, morfologicamente, a raiz tem 4 partes. A zona suberosa,


também chamada de zona de ramificação, onde ocorrem as ramificações da raiz
primária; a zona pilífera ou de absorção tem a função de absorver água e sais e
apresenta inúmeros pelos absorventes, daí o seu nome; a zona lisa ou de
alongamento, como o nome já diz, tem a função de promover o crescimento da raiz,
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que é subterminal; é onde encontramos as células meristemáticas; e a coifa, também


chamada de caliptra, tem a forma de um dedal e protege contra o atrito e transpiração
excessiva, sobretudo a região meristemática na zona lisa. A região que fica entre a
raiz e o caule é conhecida como colo ou coleto.

A raiz primária da planta tem origem no embrião da semente, mas há raízes que se
originam, posteriormente, de diversas partes do caule, sendo chamadas de
adventícias.

Classificação

A maioria das raízes é subterrânea (se desenvolvem sob a terra), mas existem as
aéreas e as aquáticas. Assim, podemos classificar a raiz quanto ao habitat, ou seja, o
ambiente em que elas se encontram, em aéreas, aquáticas e subterrâneas.

Raízes Aéreas
1. Grampiformes: são raízes adventícias, que fixam a planta em substratos como
muros, paredes ou mesmo outras plantas, como ocorre com a espécie Hedera helix
(hera), família Araliaceae.
2. Estranguladora ou cintura: conhecidas como matapau, essas raízes adventícias
se desenvolvem ao redor de outra planta, que lhe serve como suporte ou substrato
inicial, sufocando-a e matando-a.

3. Respiratórias ou pneumatóforos: são raízes adventícias, que crescem em


sentido contrário, ou seja, apresentam geotropismo negativo; elas apresentam
pequenos orifícios chamados pneumatódios (lenticelas), com a função de fornecer
oxigênio às partes submersas, geralmente em plantas de mangues.
4. Haustórios ou sugadoras: são adventícias, apresentam órgãos de contato
chamado apressórios, dentro dos quais encontramos os haustórios, que são raízes
finas que penetram em outro vegetal para parasitá-lo.
5. Suportes ou escoras: são adventícias partindo de diversos pontos do caule e se
fixam no solo, auxiliando na sustentação do vegetal como o milho.
6.Tabulares: atingem um desenvolvimento espetacular, tomando o aspecto de
enormes tábuas ou pranchas perpendiculares ao solo, com a função de aumentar a
estabilidade do vegetal, já que são, em geral, árvores gigantescas como as figueiras.
20

Raízes Aquáticas
São aquelas que se desenvolvem no ambiente aquático, como o aguapé.

Raízes Subterrâneas
As raízes subterrâneas são a maioria que conhecemos e, obviamente, seu habitat é
sob o solo. Existem alguns tipos de raízes subterrâneas e podemos começar com a
raiz axial ou pivotante; este tipo de raiz é típica de dicotiledôneas, como a maioria
das árvores, e, devido ao seu porte, precisam de um suporte maior do que as
gramíneas, por exemplo. Assim sendo, suas raízes são, em geral, axiais,
apresentando uma raiz principal bem desenvolvida, cheia de ramificações
secundárias.

Também podemos citar as raízes fasciculadas, típicas de monocotiledôneas, como


o “capim pé-de-galinha” ou a “grama” de um modo geral, que apresentam um feixe de
raízes sem a principal (que se atrofiou) com um aspecto de “cabeleira”.

Raiz Tuberosa
A raiz tuberosa é uma adaptação para reservas nutritivas como a cenoura, beterraba,
rabanete, entre muitos outros; ela é dilatada pelo acúmulo de reservas nutritivas.
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Síntese

· A raiz é um órgão geralmente subterrâneo, que fixa a planta ao solo, absorve água
e sais minerais, além de reservar alimentos.
· Apresenta, em geral, geotropismo positivo e fototropismo negativo, aclorofiladas e
crescimento subterminal.
· Morfologicamente, observam-se quatro zonas:
coifa, zona de crescimento ou lisa, zona pilífera, e zona suberosa ou de ramificação.
· Também encontramos uma região de transição entre a raiz e o caule, chamada colo
ou coleto.
· Quanto à origem, podemos dizer que as normais são as originárias da radícula do
embrião da semente e as adventícias as formadas por partes aéreas ou caules
subterrâneos.
· Quanto ao habitat, podemos classificá-las em:
aéreas, aquáticas ou subterrâneas.
· Podemos classificar as aéreas em: estranguladoras, grampiformes, respiratórias,
sugadoras, suportes e tabulares.
· Podemos classificar as subterrâneas em: axial, fasciculada, ramificada e tuberosa.
· As dicotiledôneas apresentam raízes axiais e as monocotiledôneas fasciculadas.

2. CAULE
É um eixo que cresce em direção contrária ao solo, apresentando geotropismo
negativo e fototropismo positivo, ou seja, crescendo em direção à luz, e que se
ramifica. Tem a importante função de sustentar folhas, flores, frutos e sementes, além
de conduzir substâncias alimentares, crescimento e propagação vegetativa; mais
raramente fazem a fotossíntese e reservam alimentos. Também é importante para o
homem, porque é utilizado no alimento, na indústria, comercialmente e até medicina,
como o gengibre.

O caule apresenta como características mais importantes: o corpo dividido em nós e


entre-nós; em geral, presença de folhas e botões vegetativos geralmente aclorofilados
(exceto os herbáceos) e aéreos (excetos bulbos, rizomas etc.). O meristema apical do
sistema caulinar é uma estrutura dinâmica que, além de adicionar células ao corpo
primário da planta, produz repetitivamente primórdios foliares e primórdios de gemas,
resultando em uma sucessão de unidades repetidas denominadas fitômeros.

O caule tem origem na gêmula do caulículo no embrião da semente e exógena, nas


gemas caulinares.

Morfologia Externa
Nó - região geralmente dilatada onde saem as folhas.
Entrenó - região entre dois nós.
Gema terminal - no ápice, com escamas, ponto vegetativo e primórdios foliares.
Pode produzir ramo
folioso ou flor e promove crescimento. Há gemas nuas.
Gema lateral - semelhante à anterior produz ramo folioso ou flor nas axilas das
folhas. Muitas vezes, permanece dormente.
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Classificações:
Podemos classificar os caules sob alguns aspectos como o habitat, desenvolvimento
e ramificação.

Quanto ao Habitat, podemos classificá-los em Aéreos, Subterrâneos e Aquáticos.


Caules Aéreos
São os que se desenvolvem acima do solo, podendo ser eretos quando se
desenvolvem perpendiculares ao solo, ou seja, em sentido vertical (ereto);
rastejantes que se desenvolvem paralelos ao solo e sobre ele; e os trepadores, que
crescem sobre outro suporte.

ERETOS - Crescem verticalmente.

1.Tronco- de grande dimensão, lenhoso, resistente, ramificado. Ex: árvores e


arbustos.

2. Haste - Herbáceo, verde, pouco lenhoso e desenvolvido, às vezes com entrenós


muito curtos.
Ex.: ervas e subarbustos.

3. Estipe – Fibroso, resistente, sem ramificação, com capitel de folhas no ápice. Ex.:
palmeiras, mamão.

4. Colmo - Silicoso, com nós e entrenós bem marcados, com folhas invaginantes.
Podem ser cheios como na canade-
açúcar, ocos ou fistuloso, como na espécie de bambu.

5. Escapo - O que sai do rizoma ou bulbo, não ramificado e sustenta flores na


extremidade. Ex.: Margarida.
Podemos classificar os caules sob alguns aspectos como o habitat, desenvolvimento
e ramificação.

Rastejantes ou Prostrados
São paralelos ao solo, incapazes de permanecer ereto, com ou sem raízes de trechos
em trechos. Ex.: Abóbora e melancia.
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Trepadores
São os que sobem em um suporte com ou sem elementos de fixação. Ex: hera, chuchu
(gavinhas).

São chamados volúveis quando apenas se enroscam, sem órgãos de fixação. Ex:
enrola-semana. São chamados escandentes quando apresentam órgão de fixação
como gavinhas ou raízes como verificado em videira e chuchu.

Subterrâneos
De um modo geral, os caules são aéreos, mas há os que se desenvolvem de forma
diferente, como os subterrâneos, que se desenvolvem sob o solo e apresentam alguns
tipos bem distintos:
1. Rizoma - Caule horizontal, emitindo brotos aéreos de pontos em pontos, com nós
e entrenós, gemas e escamas como na espada-de-são-jorge e na bananeira. Nesta
última planta o “caule aéreo” é um pseudocaule, formado pelas bainhas das folhas
que se originam do rizoma.
2. Tubérculo - com reservas nutritivas, tem aspecto hipertrofiado, formato
arredondado ou ovóide. Pode apresentar folhas reduzidas escamiformes e gemas
laterais. Verifica-se na batata-inglesa.
3. Bulbo – é um eixo cônico que constitui o caule, chamado também de prato, do qual
se originam folhas também subterrâneas. Pode se subdividir em quatro tipos: bulbo
tunicado – com folhas largas e grossas, umas recobrindo as outras mais internas, e
com função de reserva, como na cebola; bulbo sólido - prato mais desenvolvido, com
reservas nutritivas, com folhas reduzidas e escamiformes, como no açafrão; bulbo
escamoso - folhas mais desenvolvidas que o prato, imbricadas, rodeando-o. Ex: lírio;
e bulbo composto - um grande número de pequenos bulbos. Ex: alho, trevo.

Aquáticos
São os que se desenvolvem na água. Exemplo: plantas aquáticas.

Podemos classificar o caule também quanto ao seu desenvolvimento, assim temos:


as ervas, que são pouco desenvolvidas, e de pequena consistência, como o botão-
de-ouro; os subarbustos, que crescem até 1 metro de altura, têm base lenhosa e
restante herbáceo; os arbustos, com até 5 metros aproximadamente, base lenhosa,
tenro superior, sem tronco. Já as árvores atingem altura superior a 5 metros, com
tronco. A parte ramificada forma copa (parte das folhas); As lianas são os que
conhecemos como cipó; trata-se de um trepador sarmentoso, com vários metros de
comprimento, como cipó-de-são joão.
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De acordo com a ramificação que apresentam, existem os INDIVISOS (sem


ramificação) e os RAMIFICADOS (que são os que se ramificam).

Existem três tipos de ramificações:

Monopodial em que a Simpodial, gema terminal Dicásio, onde as duas gemas


gema terminal é persistente. substituída pela lateral laterais crescem mais que a
(Pinheiro e Palmeira) (árvores em geral) terminal (típico de plantas
inferiores)

Podemos classificar o caule quanto à consistência:


Herbáceo - não lenhificado, com aspecto de erva (botão de ouro);
Sublenhoso - base lenhificada e ápice tenro (crista-de-galo);
Lenhoso - resistente, consistente, lenhificado (árvores).

Adaptações do Caule
São modificações dos caules normais, como consequência das funções que
exercem ou pela influência do meio. Podemos observar alguns tipos:
1. Cladódio ou filocládio - caule carnoso, verde, achatado, lembrando folhas que
estão ausentes ou rudimentares. Ex: cactos, Homalocladium.
2. Gavinhas - ramos filamentosos, axilares, aptos a trepar, enrolando-se em hélice
em suportes. Ex: maracujá.
3. Espinhos caulinares - órgãos endurecidos e pontiagudos. Ex: limão.
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Diferenças entre as raízes e caules:

RAIZ CAULE

Embrionárias Gêmula do caulículo


(origem) radícula do embrião do embrião

sem coifa, com


Morfológicas com coifa, sem gemas, gemas,
com pêlos sem pêlos
absorventes, absorventes,
sem folhas, flores, com folhas, flores e
frutos, frutos
sem nós e entrenós. com nós e entrenós.

Fisiológicas absorção da seiva; condução da seiva;


crescimento crescimento terminal;
subterminal;
geotropismo
geotropismo positivo;
negativo;
fototropismo negativo; fototropismo positivo;
fixação da planta ao sustentação de
solo. elementos
da gêmula.

Síntese
• O caule é geralmente aéreo, que conduz a seiva, sustenta as folhas, flores, frutos e
sementes.
• Apresenta geotropismo negativo e fototropismo positivo.
• O caule tem nó, entrenó, gema lateral e terminal.
• Tem origem na gêmula do caulículo do embrião da semente e exógena nas gemas.
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3. FOLHA
É uma expansão laminar lateral do caule, com simetria bilateral e crescimento
limitado, constituindo-se num órgão vegetativo, com gemas axilares, com funções
metabólicas importantes.

A folha também é importante para a purificação do ar, na alimentação, como


medicinal, industrial, na adubação etc. Mas a função mais importante da folha é a
fotossíntese, além da respiração e transpiração, da condução e distribuição da seiva.
A folha tem origem na gêmula ou plúmula do embrião da semente e também pode ser
exógena, com expansões laterais dos caules.

Morfologia da Folha Completa

. Limbo - parte laminar e bilateral.


. Pecíolo - haste sustentadora do limbo.
. Bainha - é a base alargada da folha que abraça o caule.

Folhas incompletas: quando falta uma das partes constituintes.

O Limbo se classifica quanto ao número em: folha simples (limbo inteiro) ou folha
composta (limbo dividido em folíolos). Foliolo são partes individuais de um limbo de
folha composta.
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Nomenclatura Foliar
De acordo com a presença ou ausência de estruturas, podemos observar:
Folha peciolada - com pecíolo.
Folha séssil - sem pecíolo.
Folha amplexicaule - base do limbo abraça o caule, “serralha”.
Folha perfoliada - base do limbo circunda o caule, como perfurada, Specularia sp.
Folha adunada - é oposta, séssil, soldada pela base do limbo, como perfuradas
pelo caule. Ex.: barbasco.
Folhas fenestradas - limbo com perfurações. Ex.:costela-de-adão - Araceae .
Folhas invaginantes - bainha envolve o caule em grande extensão como
Gramínea.
Filódio - pecíolo dilatado e achatado semelhante a um limbo, em geral ausente.
Acacia sp.
Pecíolo alado - com expansões aliformes laterais, como a “laranjeira”.
Heterofilia - é o polimorfismo de folhas normais, ou seja, no mesmo indivíduo
encontramos folhas de diversas formas, como cabomba, eucalipto e macaé.
Peciólulo - é o pecíolo dos folíolos das folhas compostas, como espatódea e
carrapicho.
Pseudocaule - falso caule, formado pelas bainhas foliares superpostas. Ex.:
bananeira.
Pulvínulo - espessamento na base foliar que provoca movimento de curvatura
(nastias). Ex.: sensitiva e carrapicho.

Folhas Reduzidas
São as que têm um grau menor de organização se comparadas com as normais.
1. CATÁFILOS - folhas reduzidas nas partes inferiores, aclorofiladas, escamiformes.
2. COTILÉDONES - primeira(s) folha(s) do embrião, também chamada de folha
primordial.
3. HIPSÓFILO - folhas reduzidas entre folhas e flores na parte superior do vegetal,
especialmente brácteas e bractéolas (três-marias).
4- ESTÍPULAS -são apêndices que se formam de cada lado da base foliar.
5. ESTIPÉLULAS - são estípulas dos folíolos.
6. LÍGULA- apêndice membranoso situado entre limbo e bainha (graminea).
7. ÓCREA - conjunto de 2 estípulas concrescentes, circundando o caule com uma
bainha (erva-de-bicho).

Folhas Modificadas
São modificações em conseqüência das suas funções ou influência do meio físico.
1. INSETÍVORAS - Folhas que aprisionam e digerem pequenos animais, com pêlos
glandulares (Drosera).
Compreendem os tipos:
a) ASCÍDIOS - órgão urceolado com suco digestivo (Nepenthes)
b) UTRÍCULOS - com vesículas adaptadas para digerir pequenos animais aquáticos
(Utricularia).
2. ESPINHOS - folhas ou partes foliares modificadas como a raque e as estípulas.
Têm formato pontiagudo e consistência rígida. Ocorrem, por exemplo, nas espécies
da família Cactaceae.
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3. GAVINHAS - órgão de fixação que a planta utiliza para trepar em algum suporte.
Podem ser observadas no chuchu e no cipó-de-são-joão.
4. HETEROFILIA - polimorfismo das folhas normais (eucalipto, cabomba).

Classificações
Quanto à nervação:
Uninérvea - com única nervura (sagu-de-jardim).
Paralelinérvea - com nervuras secundárias paralelas a principal (gramínea).
Peninérveas - com nervuras secundárias ao longo da principal (vinca).
Palminérvea ou digitinérvea - nervuras saem do mesmo ponto e divergem em
várias direções (mamoeiro, brinco-de-princesa).
Curvinérveas - nervuras secundárias curvas (língua-de-vaca).
Peltinérveas - Nervura das folhas peltadas (chagas).

Quanto à filotaxia, podemos classificar basicamente em:

Alterna-parte uma folha de Opostas - partem duas folhas Verticilada - de um nó surgem


cada nó foliar, alternadamente. opostas do mesmo nó, uma em várias folhas que se cruzam,
frente à outra. formando um verticilo foliar.

Quanto à margem podemos classificar basicamente em:

Inteira Serrada Dentada Crenada


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Quanto à forma básica, de acordo com Rizzini (1977), podemos classificar em:
Orbiculares - arredondadas.
Ovadas - a base é mais larga que o ápice.
Obovadas - o ápice é mais largo que a base.
Oblongas - ápice e base são iguais.
Lanceoladas - o meio do limbo é mais largo.
Assimétricas - um lado é diferente do outro.

Orbiculares Ovadas Obovadas Oblongas


Lanceoladas

Quanto ao ápice, podemos classificar em:


Acuminado: ápice formado por pequena ponta que se prolonga.
Obtuso: em segmento de círculo.
Agudo: quando termina em ponta não prolongada.
Retuso: com pequena reentrância.
Cuspidado: com ponta prolongada.

Acuminado Obtuso Agudo Retuso Cuspidado

Quanto à base podemos classificar, principalmente,em:


Arredondada: amplo segmento em círculo.
Aguda: em forma de cunha.
Obtusa: termina em ângulo obtuso.
Truncada: base parecendo ter sido cortada em plano transversal.
Cordada: base reentrante, com lóbulos arredondados.
Decorrente: terminando em planos assimétricos.

Arredondada Aguda Truncada Cordada Decorrente


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Em relação à superfície foliar podem ser classificadas em folha glabra, aquela que
não apresenta tricomas na superfície foliar, e folha pilosa quando apresentar
tricomas.

Síntese
• A folha é uma expansão lateral do caule, com função de fotossíntese, respiração,
transpiração, condução e distribuição da seiva.
• Tem origem na plúmula do embrião da semente ou exógena, nas gemas
caulinares.
• A folha apresenta limbo, pecíolo, bainha ou estípulas, podendo faltar qualquer uma
das partes.

4. FLOR

A flor tem função de reprodução sexual nas angiospermas e são importantes para
botânicos na classificação das plantas; têm importância industrial, medicinal e também
são utilizadas como ornamentais.

A flor é constituída de folhas modificadas, sendo originada pela metamorfose foliar


progressiva, e está presente nos vegetais superiores. Morfologicamente pode
apresentar brácteas (folhas modificadas com funções específicas), pedúnculo (haste
que sustenta a flor), receptáculo (é a parte mais larga no ápice do pedúnculo onde
estão presas as demais peças), verticilos florais protetores: cálice (estrutura abaixo
das pétalas, geralmente verde, composto por sépalas) e corola (formada pelas
pétalas, geralmente coloridas) e verticilos reprodutores: androceu (aparelho
reprodutor masculino formado por estames) e gineceu
(aparelho reprodutor feminino).

Nomenclatura Floral
De acordo com a presença ou ausência de estruturas, pode-se classificar a flor
como mostrado a seguir.

Quanto ao pedúnculo:
Pedunculada (com pedúnculo).
séssil (sem pedúnculo).
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Nº de peças:
Aclamídea (sem cálice e corola).
Monoclamídea (com cálice ou corola).
Diclamídea (com cálice e corola).

Homogeneidade:
Homoclamídea - com cálice e corola iguais em forma e
cor, sendo chamadas de tépalas, como no lírio.
Heteroclamídea - cálice e corola diferentes em forma e cor, como a rosa.

Sexo:
Unissexual masculina - quando apresentar apenas estames.
Unissexual feminina - quando apresentar apenas o gineceu.
Estéril - ausência do androceu ou gineceu.
Hermafrodita - quando apresentar os dois sexos.

Número de estames:
Oligostêmones - número de estames menor que o
número de pétalas.
Isostêmones - número de estames igual ao número de pétalas.
Diplostêmones - número de estames em dobro ao de pétalas.
Polistêmones - número de estames maior do que o dobro.

Posição do gineceu:
Hipógina - flor com ovário acima da inserção de todas as peças florais. O ovário é
súpero.
Perígina - flor com ovário semi-ínfero.
Epígina - flor com ovário abaixo da inserção de todas as peças florais. Ovário é
ínfero.

Quanto à disposição das peças florais:


Cíclica - peças florais em círculos, formando os verticilos.
Espiralada - peças florais em espiral no receptáculo floral.
Quanto ao número de sépalas ou pétalas:
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Trímero - quando tiver 3 ou seus múltiplos, caracterizando a classe das


monocotiledôneas.
Tetrâmero com 4 e pentâmero com 5 ou seus múltiplos - caracterizando a classe das
eudicotiledôneas.

Quanto à simetria:
Actinomorfo, quando permitir vários planos de simetria, isto é, pode-se cortar de
várias maneiras e obter dois lados exatamente iguais.
Zigomorfo, quando permitir apenas um plano de simetria.
Assimétrico, quando não permitir nenhum plano de simetria.

Simetria actinomorfa Simetria zigomorfa

Quanto à concrescência:
O cálice é gamossépalo, quando as sépalas estiverem unidas e dialissépalo,
quando apresentarem sépalas livres. E a corola é gamopétala, quando as pétalas
forem unidas e, dialipétala quando estiverem livres.

Androceu

O androceu é o aparelho
reprodutor masculino composto
de estames. Cada estame tem
três partes que são antera, filete
e conectivo. O conectivo é o que
prende o filete na antera.
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Podemos classificar o androceu como a seguir:

Quanto ao tamanho:
Heterodínamo - estames de tamanhos diferentes.
Didínamo - quatro estames, onde dois são maiores e dois menores.
Tetradínamo - seis estames, quatro maiores e dois menores.

Quanto à soldadura:
Dialistêmones - estames livres.
Gamostêmones - estames unidos formando uma adelfia.

Quanto à soldadura dos filetes:


Monadelfo - filetes formando tubo.
Diadelfo- dois feixes de filetes.
Triadelfo - três feixes de filetes.
Poliadelfo - vários feixes de filetes.

Quanto à soldadura das anteras:


Livres - anteras livres entre si.
Sinanteros - anteras soldadas e filetes livres.
Coniventes - anteras encostam umas nas outras.

Quanto à posição:
Incluso - estames dentro da corola, não aparecem na extremidade da corola.
Exerto - estames que aparecem na extremidade da corola.
Epipétalos - estames presos às pétalas.
Estaminóides: estames estéreis.

Inserção da antera:
Apicefixa - filete preso ao ápice da antera.
Dorsifixa - filete preso ao dorso da antera.
Basifixa- filete preso a base da antera.
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Deiscência ou abertura da antera:


– Rimosa - abertura ao longo da antera.
– Poricida - por poros apicais.
– Valvar - por valvas.

Rimosa Poricida Valvar

Número de tecas (cada lado da antera):


– Monoteca - com uma teca.
– Biteca - com duas tecas.
– Tetrateca - com quatro tecas.

Grãos de pólen: formam-se no interior da antera e desenvolve-se a partir das


células-mãe, que são conhecidas como microsporócito.
35

Gineceu

O gineceu é formado por um ou mais pistilos. O


pistilo, que é a unidade morfológica do gineceu, é
constituído por uma ou mais unidades estruturais
denominadas carpelos, que são folhas férteis
modificadas. Cada pistilo pode apresentar ovário,
estilete e estigma. O gineceu pode ser dialicarpelar
(livre) ou gamocarpelar (unido).

Podemos classificar o gineceu quanto:

Número de carpelos:
– Unicarpelar- 1 carpelo.
– Bicarpelar- 2 carpelos.
– Tricarpelar -3 carpelos.
– Pluricarpelar- vários carpelos.
36

Inserção do estilete:
Terminal - estilete inserido no ápice do ovário.
Lateral - inserção lateral.
Ginobásico - inserido na base do ovário.
Número de lóculos (cavidade onde se encontram os óvulos):
Unilocular - um lóculo no ovário.
Bilocular - dois lóculos.
Trilocular - três lóculos.
Plurilocular - vários lóculos.

Posição do ovário:
Súpero - ovário acima das peças florais.
Ínfero - ovário abaixo das peças florais.
Semi-ínfero - verticilos em torno do ovário.

Estrutura do óvulo:
Funículo - cordão que liga o óvulo à placenta.
Hilo - inserção do funículo ao óvulo.
Integumentos - primina e secundina.

Nucela - região de união dos integumentos na base, denominada calaza. No seu


interior encontramos o saco embrionário com várias células (uma oosfera, duas
sinérgidas, três antípodas e uma célula central com dois núcleos polares).
37

Tipos de óvulo:
Ortótropo: micrópila, saco embrionário, hilo e calaza acham-se no prolongamento
da mesma linha reta.
Anátropo: micrópila se aproxima da placenta, ficando no extremo oposto ao da
chalaza.
Campilótropo: eixo da nucela e integumentos curvam-se em ferradura.
Anfítropo: eixo reto, mas paralelo à placenta, o funículo, encurvado junto ao óvulo,
parece inserido na sua parte média.

Ortótropo Campilótropo

Inflorescência
É um conjunto de flores organizadas nos seus ramos, pois, algumas vezes, as flores
estão isoladas no seu ramo, como o brinco-de-princesa e outras em grupos, formando
o que chamamos de inflorescência. A inflorescência pode ser axilar, quando situada
na axila da folha, ou terminal, quando a inflorescência está situada no fim do ramo.
38

Tipos

RACIMOSA OU INDEFINIDA OU MONOPODIAL: as flores se abrem de baixo para


cima ou da periferia para o centro.
39

CIMOSA OU DEFINIDA OU SIMPODIAL – quando o pedúnculo principal termina


em uma flor, que é a primeira a se abrir, idem para os outros eixos. Ou ainda,
quando as flores se abrem do centro para a periferia.

Além dos tipos de inflorescências citados, existem outras que são misturas de
inflorescências, como a coroa-de-cristo, que é um dicásio de ciátios. Então, quando
você for analisar um vegetal, observe cada segmento da inflorescência.
40

Polinização
É considerada como a transferência dos grãos de pólen das anteras para o estigma
das flores. Nas plantas, podem ocorrer dois tipos de polinização:
Autogâmica ou autopolinização: ocorre no interior da mesma flor.
Alogâmica ou polinização cruzada: grãos de pólen de uma flor é levado para o
estigma de outra flor.

Distinguem-se os seguintes subtipos de alogamia:


geitonogamia (duas flores diferentes na mesma planta) e xenogamia (flores de
plantas diferentes).

Fatores que Favorecem a Alogamia


• Monoicia - Flores unissexuais sobre o mesmo indivíduo.
• Dioicia - Flores unissexuais sobre indivíduos diferentes.
• Dicogamia - Os órgãos sexuais amadurecem em tempos diferentes. Podem ser:
• Protandria - Androceu amadurece primeiro (Asteraceae).
•Protoginia - Gineceu amadurece primeiro (Aristolochia sp).
• Ercogamia - Quando há uma barreira que impede a polinização direta.
• Heterostilia -Flores com estames e pistilos com tamanhos diferentes.Tipos:
• Brevestilia - estilete curto e filete longo.
• Longestilia - estilete longo e filete curto.
•Autoesterilidade - As flores polinizadas por seu próprio pólen não são fecundadas.

Agentes da Polinização
A polinização pode ser feita por diferentes agentes ou vetores, podendo ser origem
animal ou uma força física inanimada. Portanto, os agentes podem ser abióticos como
vento e a água, e bióticos, como os insetos, pássaros, morcegos e o próprio homem.
Para caracterizar a polinização e seu agente, usam-se termos que identificam o
agente, seguidos do sufixo filia, que significa “amor, apego, afinidade”. Cada tipo de
polinização envolve características diferentes nos vegetais, que se adaptaram de
acordo com o seu
agente polinizador, como você pode ver a seguir:
41

Fecundação
Após o processo de polinização, no qual o grão de pólen é transportado até o estigma
do gineceu, inicia-se o processo de fecundação, que pode ser dividido em três etapas:
transporte, formação do tubo polínico e singamia. Apresentam uma redução
acentuada do megagametófito, nelas denominado saco embrionário.

Ao chegarem ao estigma de outra flor, os grãos de pólen começam a produzir o tubo


polínico, que cresce através do estilete até o ovário, atravessa a micrópila do óvulo,
lançando em seu interior, duas células espermáticas; uma se funde com a oosfera,
originando o zigoto e a outra se une aos núcleos polares, formando um tecido triplóide,
o endosperma, que frequentemente acumula grande quantidade de reservas nutritivas
(amido, óleo, açúcares etc.). O embrião é formado após sucessivas divisões do zigoto,
nutrindo-se do endosperma.
42

5. FRUTO

O fruto é o resultado do amadurecimento do ovário, garantindo a proteção e auxiliando


a dispersão das sementes surgidas após a fecundação. Ocorre exclusivamente nas
Angiospermas.

No sentido morfológico, não apenas aquelas estruturas conhecidas como frutas


(maçã, laranja, etc.), mas também as conhecidas como “legumes” (feijão, ervilha, etc.)
e cereais (arroz, milho, etc.) são frutos.

Os frutos são importantes na classificação botânica por possuírem uma estrutura


muito constante.

Formação: A partir da fecundação, inicia-se o desenvolvimento da semente, através


de uma série de transformações no saco embrionário e outros tecidos do óvulo. A
parede do ovário desenvolve-se em PERICARPO, o qual é formado por três camadas:
epicarpo, mesocarpo e endocarpo. Alguns frutos, como a banana (Musa) e o abacaxi
(Ananas comosus) podem formar-se sem fecundação prévia e, portanto, nesse caso,
não possuem sementes. São chamados frutos PARTENOCÁRPICOS.

O fruto apresenta o pericarpo e a semente. Acompanhe o quadro a seguir:

Tipos

1. Quanto ao número de sementes:


• Monospérmicos - uma semente.
• Dispérmicos - duas sementes.
• Trispérmicos - três sementes.
• Polispérmicos - várias sementes.

2. Quanto à deiscência:
• Deiscentes - se abrem quando maduros.
• Indeiscentes - não se abrem.

3. Quanto ao número de carpelos:


• Monocárpicos - um carpelo.
• Apocárpicos - dialicarpelar.
• Sincárpicos - gamocarpelar.
43

Classificação
Podemos classificar os frutos que conhecemos da seguinte maneira:
1. Simples - resultam de um ovário de uma flor. Ex: legume.
2. Múltiplo ou agregado - resultam de uma flor dialicarpelar (Morango, framboesa).
3. Composto ou infrutescência – concrescência dos ovários de uma
inflorescência. Ex: abacaxi.
4. Complexo ou pseudofruto - quando outras partes da flor participam da
constituição do mesmo. Ex: caju, pêra.
Os frutos simples podem ser subdivididos e classificados como a seguir:
44
45
46

Fruto Múltiplo ou Agregado


Proveniente de uma flor dialicarpelar, súpero. Rosa (poliaquênio), framboesa
(polidrupa).

Frutos Compostos ou Infrutescências


Provenientes de inflorescência, são originados de ovários, de outras partes florais e
do eixo da inflorescência. Alguns têm nomes especiais:
SOROSE - ovário e demais peças são carnosas (Abacaxi)
SICÔNIO - receptáculo carnoso e oco, dentro tem os frutos (figo)

Frutos Complexos ou Pseudofrutos


Provenientes de ovário ínfero, indeicente, outras partes da flor participam da
constituição. São eles:
POMO - onde a parte carnosa é o receptáculo (maçã, pêra).
BALAÚSTA - a parte comestível é o episperma das sementes, que é suculento
(romã).
47

6. SEMENTE

É o óvulo maduro fecundado e consta de três partes:


o embrião, o endosperma (às vezes ausente) e a casca (testa + tegmen).

Funções
a. proteção ao embrião (contra insetos, microrganismos, dissecação etc.).
b. dispersão. Suas características morfológicas, biológicas e bioquímicas
desempenham importante papel no sucesso da plântula. Podem apresentar grande
diversidade estrutural. As orquídeas apresentam sementes de 2 x 10-6g, enquanto
Mora oleífera (Moraceae) possui sementes de até 1 Kg!

O endosperma geralmente passa, em sua formação, da fase nuclear para a celular,


mas pode permanecer nuclear (coco). O endosperma é absorvido durante o
desenvolvimento. As sementes podem ser ALBUMINOSAS (endospermadas),
quando o endosperma persiste durante todo o desenvolvimento do embrião (Ricinus)
ou EXALBUMINOSAS (exospermadas), quando o endosperma não é consumido no
início do desenvolvimento do embrião; nesse caso, as reservas vão para os
cotilédones. As reservas podem ser amido
(feijão), óleo (amendoim), proteína (soja) etc.

Carúncula: estrutura carnosa existente em sementes de muitas plantas.


Euphorbiaceae – atua na dispersão (por ser adocicada, atrai formigas) e atua na
germinação, por ser higroscópica.

Morfologia da Semente

• Arilo: Surge do funículo (pedúnculo do óvulo) e envolve o óvulo parcial ou


totalmente, após a fecundação. Na semente madura, atrai dispersores.
• Sarcotesta: quando a testa da semente se torna pulposa e comestível (mamão,
ingá).
• Hilo: cicatriz deixada pelo funículo.
• Rafe: parte do hilo que permanece unida ao tegumento, em óvulos anátropos (que
se curvam).
• Cicatriz da micrópila: visível ou não; deixada pela micrópila do óvulo.
48

Chamamos de plântula, o embrião já desenvolvido, em consequência da germinação


da semente, ou “planta recém-nascida”.

Disseminação de Frutos e Sementes


Processo pelos quais os frutos e sementes são transportados ou lançados a maior ou
menor distância da planta que a originou.

Agentes de Dispersão

1- ANIMAIS (zoocoria)

A - Répteis (SAUROZOOCORIA): Ex.: jacarés e iguanas comem, no mangue, frutos


de Annona glabra, realizando a dispersão. Os répteis são sensíveis às cores laranja
e vermelho e têm olfato desenvolvido.

B -Peixes (ICTIOCORIA): Ex.: pacu e piranjuba comem frutos de Inga (Leguminosae),


dispersando as semente.

C - Pássaros (ORNITOCORIA): aqui, a epizoocoria é rara, acontecendo por exemplo


com Pisonia, uma árvore com fruto pegajoso. A sinzoocoria ocorre em Araucaria
angustifolia, da qual a gralha azul carrega os pinhões para vários locais. Os pássaros
têm olfato fraco, não têm dentes, mas podem trepar e voar. Características dos
diásporos (em ornitocoria): parte comestível atrativa dos frutos verdes ou ácidos
contra deglutição prematura contra a digestão da semente: endocarpo pétreo e/ou
substâncias amargas, permanência na planta-mãe. É comum a existência de
mimetismo, como a presença de arilo em sementes de testa dura, atraindo os
pássaros. Ex.: Adenantherapavonina.

D - Mamíferos (MAMALIOCORIA): comum em regiões tropicais. Diásporos


semelhantes aos dos pássaros. Aqui, a epizoocoria é representada pela presença de
carrapichos, – Bidens pilosa (picão), ganchos – Xanthium e substâncias viscosas, –
Desmodium. A sinzoocoria ocorre em Berthalettia excelsa (Castanha-do-Pará), onde
o fruto, uma cápsula pixidiária, é aberto por roedores que comem o arilo e enterram
as sementes. A endozoocoria pode ser acidental ou adaptativa e, neste caso, os
mamíferos têm olfato desenvolvido e dentes, mas não enxergam cores.
Características: casca resistente – proteção da semente (substância tóxica ou
amarga) –, odor * mamíferos dispersores: A– Morcegos (QUIROPTEROCORIA)
noturnos não enxergam cores, mas têm olfato aguçado e apreciam odores como o de
mofo. Comem apenas a parte macia do fruto, jogando fora as sementes. Exemplos de
frutos dispersos por morcegos: jaca, sapoti (Achras), manga (Mangifera), goiaba
(Psidium) B – Primatas: macacos enxergam cores e são pouco olfativos. Exemplo:
macacos gigantes da América do Sul comem a polpa de frutos gigantes de Cassia
(leguminosae), livrando-se das sementes.

E- Formigas (MIRMECORIA): as formigas preferem as sementes contendo óleos).


Ex.: a carúncula das sementes de mamona (Ricinus comunis).
49

2- VENTO (Anemocoria)
A- VOADORES: – diásporos-poeira: em plantas micófitas, saprófitas e parasitas.
Ex.: Orchidaceae, Balanophoraceae. – balões: quando há uma parte inflada. Ex.:
Colutea arborescens (legumes inflados).
- diásporos plumosos: geralmente ocorrem em plantas de lugares abertos. Ex.:
Asteraceae, com cápsulas peludas (dente-de-leão).
B- ROLADORES: rolam, soprados pelo vento. Podem ser grandes partes da planta.
Ex.: nos desertos norte-africanos, a Rosa-de-Jericó (Anastatica hierochuntia)
percorre grandes distâncias.
C- LANÇADORES (anemobalísticos): a balística é efetuada pelo vento. Ex.:
Papaves somniferum, lança seus diásporos até 15m de distância.

3- ÁGUA (Hidrocoria)
A) das chuvas - enxurradas - pluviobalísticos (em regiões secas, onde a umidade
provoca a balística).
B) correntes de água - transporte submerso, onde a correnteza atua sobre estruturas
como pelos (Pepis) ou arilóides (Nymphaea alba). – diásporos flutuantes: com peso
específico baixo, devido à leveza do endosperma, espaços aéreos internos ou
tecidos suberosos. Em água salgada, os diásporos são mais pesados. Ex. coco da
Bahia (Cocus nucifera).
Características: endocarpo duro protege o embrião; mesocarpo fibroso serve para
flutuação; endosperma líquido é a provisão nutritiva.

Síntese

. A semente é o óvulo desenvolvido após a fecundação, contém a casca e a amêndoa.


· Na amêndoa encontra-se o embrião e com ou sem reserva nutritiva.
· Plântula é planta recém-nascida.
· As monocotiledôneas apresentam apenas um cotilédone e as dicotiledôneas dois.
· Disseminação das sementes é um processo onde elas ou os frutos são transportados
ou lançados a distâncias. Cada vegetal tem adaptações para este fim, caracterizando
um tipo de disseminação.
50

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

BOTÂNICA COSTEIRA
Prof. Dr. Claudio Urbano B. Pinheiro

MÓDULO II
(Zona Costeira, Vegetação, Formas de Vida,
Principais Grupos Vegetais Costeiros)
51

IX. A COSTA DO BRASIL E SUA VEGETAÇÃO

4As regiões costeiras constituem menos de 20% da superfície do planeta, mas


acomodam mais de 45% da população humana, hospedando 75% das grandes
cidades com mais de 10 milhões de habitantes (produzindo cerca de 90% da pesca
global. Constituem também importante zona de produção de alimentos por meio de
atividades como agropecuária, pesca e aquicultura. Além disso, é foco de
desenvolvimento industrial e de transporte e fonte significativa de recursos minerais,
incluindo petróleo e gás natural. Constitui também o principal destino turístico em
todos os continentes, além de abundante reservatório natural, do qual depende o
funcionamento do planeta. Em resumo, a zona costeira caracteriza-se pela
complexidade das atividades que abriga e pela sensibilidade dos seus ecossistemas.

Devido a sua riqueza biológica, os ecossistemas costeiros constituem os grandes


berçários naturais para as espécies características desses ambientes e para as
espécies pelágicas, bem como para muitas espécies animais que migram para as
áreas costeiras durante a fase reprodutiva. Fauna e flora associadas a esses
ecossistemas constituem significativa fonte de alimentos para as populações
humanas. Os estoques de peixes, moluscos, crustáceos e aves aquáticas formam
expressiva biomassa. Os recursos costeiros caracterizam-se como importante fonte
de divisas para muitos países.

A fauna e a flora da zona costeira compõem um sistema biológico complexo e


sensível, que abriga extraordinária interrelação de processos e pressões, exercendo
um papel fundamental na maior parte dos mecanismos reguladores costeiros. Os
ecossistemas que compõem esse sistema são responsáveis por ampla gama de
“funções ecológicas”, tais como a prevenção de inundações, a intrusão salina e da
erosão costeira; a proteção contra tempestades; a reciclagem de nutrientes e
substâncias poluidoras; e a provisão de habitats e recursos para uma variedade de
espécies exploradas, direta ou indiretamente.

A Zona Costeira Brasileira é uma unidade territorial definida em legislação para efeitos
de gestão ambiental, que se estende por 17 estados do Brasil e acomoda mais de 400
municípios distribuídos do norte equatorial ao sul temperado do país. Ocupa cerca de
3,5 milhões de quilômetros quadrados e corresponde a 41% da área emersa do país,
com cerca de 8.500 km de litoral. No litoral brasileiro, são classicamente reconhecidas
quatro regiões fisiográficas, definidas principalmente por elementos geológicos,
oceanográficos e climáticos. Embora seja uma divisão bastante genérica e
abrangente, pode ser assim resumida: Costa Norte (amazônica ou equatorial); Costa
Nordeste; Costa Central; Costa Sul (ou subtropical).
52

Zonas Costeiras do Brasil (modificado de Coutinho, 1995).

A vegetação constitui um dos elementos mais importantes dos ambientes costeiros,


mas tem recebido tratamento heterogêneo dos pesquisadores que atuaram ou atuam
nestas regiões, manifestado nas abordagens dos estudos realizados, muitas vezes de
abrangência geográfica restrita.

Os diferentes tipos de vegetação ocorrentes nas principais formações costeiras


brasileiras (ou restingas, como simplificam alguns) variam desde formações
herbáceas, passando por formações arbustivas, abertas ou fechadas, chegando a
florestas cujo dossel varia em altura, geralmente não ultrapassando os 20m. Em
muitas áreas de restinga no Brasil, ocorrem períodos de inundação do solo, fator de
influência na distribuição de algumas formações vegetacionais. Concorrem para a
inundação dessas áreas, a topografia do terreno, a profundidade do lençol freático e
a proximidade de corpos d’água (rios ou lagoas), o que pode resultar em um mosaico
de formações inundáveis e não inundáveis, com fisionomias variadas, justificando a
denominação de “complexo”, empregada para designar as restingas.

As formações herbáceas ocorrem principalmente nas faixas de praia e antedunas, em


locais que eventualmente podem ser atingidos pelas marés mais altas, ou então em
depressões alagáveis, situação em que são denominadas de “brejos” ou “banhados”.
Nas zonas de praia, antedunas e dunas mais próximas ao mar predominam espécies
herbáceas (rizomatosas, cespitosas e reptantes), em alguns casos com pequenos
arbustos e árvores, que ocorrem tanto de forma isolada, como formando
agrupamentos mais densos, com variações nas suas respectivas fisionomias,
composições e graus de cobertura.

As formações arbustivas das planícies litorâneas, que para muitos autores constituem
a restinga propriamente dita, são os tipos vegetacionais que mais chamam a atenção
no litoral brasileiro, tanto pelo seu aspecto peculiar, com fisionomia variando desde
densos emaranhados de arbustos misturados a trepadeiras, bromélias terrícolas e
53

cactáceas, até moitas com extensão e altura variáveis, intercaladas por áreas abertas
que em muitas locais expõem diretamente a areia.
As formações florestais na planície litorânea do Brasil são muito variáveis ao longo da
costa, considerando os aspectos florísticos e estruturais. As variações registradas são
geralmente atribuídas às influências florísticas das formações vegetacionais
adjacentes, bem como às características do substrato, principalmente quanto à
origem, composição e condições de drenagem.

As formações florestais podem variar desde altura do estrato superior a partir de 5m,
em geral livres de inundações periódicas decorrentes da ascensão do lençol freático
durante os períodos mais chuvosos, até formações mais desenvolvidas, com alturas
em torno de 15-20m.

Em geral, estas formações florestais acompanham as variações topográficas


decorrentes da justaposição dos cordões litorâneos. Em locais situados mais para o
interior da planície costeira, geralmente em terrenos mais deprimidos, onde os solos
são saturados hidricamente e têm camada orgânica superficial, ocorrem florestas mais
desenvolvidas.

A Costa Norte do Brasil é, em sua maior extensão, coberta por uma contínua faixa de
manguezais, embora estejam presentes também as restingas em suas variações
desde a vegetação de praias e dunas até as formações florestais. Os manguezais são
florestas costeiras dos litorais tropicais e subtropicais. Apresentam espécies arbóreas
com a capacidade de sobreviver em ambiente salino e restritivo, sob a influência das
marés. Manguezais oferecem uma variedade de recursos economicamente
importantes para as populações humanas costeiras e são importantes como berçários
para peixes, bem como para proteção costeira. A produção primária dos manguezais
é fundamental para as cadeias estuarinas e costeiras.

Na zona costeira do Nordeste do Brasil, muitas das formações vegetacionais que se


desenvolvem nas planícies arenosas originadas sobre a formação geológica
Barreiras, constituem comunidades marginais relacionadas com a Mata Atlântica, com
o Cerrado e com formações costeiras específicas. A flora desses ecossistemas é
ainda pouco conhecida.

As florestas costeiras do nordeste brasileiro ocorrem com diferentes grupos florísticos


relacionados com condições ecológicas diversas. Autores sugerem também que a
flora dos tabuleiros arenosos é formada de uma mistura de espécies de cerrado com
espécies costeiras. Além disso, quando os tabuleiros arenosos ocorrem mais
próximos da costa, onde se desenvolve a vegetação de restinga, as duas
comunidades podem formar um continuum de vegetação de difícil delimitação por
ocorrerem em solos arenosos, compartilhando diversas espécies.

A Zona Costeira do Maranhão ganha espaço especial entre as regiões Norte e


Nordeste do Brasil, pela sua extensão (entre as bocas dos rios Gurupi e Parnaíba) e
constitui a segunda mais extensa do Brasil, depois da Bahia. Nestas condições abriga
um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental. Ao longo desta costa,
alternam-se manguezais, restingas, marismas, planícies inundáveis, dunas, estuários,
recifes de corais e outros ambientes ecologicamente importantes.
54

A extensa área costeira maranhense representa a diversidade ambiental, em especial


vegetacional, de grande parte do aís, pela sua extensão e posição geográfica entre o
Norte e o Nordeste da costa do Brasil. Tal qual o resto do território estadual, a costa
do Maranhão apresenta os aspectos transicionais em seus ecossistemas que unem
as regiões brasileiras Nordeste e Amazônia.

No Maranhão, os estudos da vegetação costeira tornam-se cruciais como base para


o ensino e a pesquisa a partir dos cursos de Oceanografia (graduação e pós-
graduação) implantados recentemente pela UFMA, pelos avanços do
desenvolvimento na costa maranhense que incluem zona portuária, crescimento
urbano e outras influências humanas. Conhecer a vegetação nesta região é crucial
para a sua conservação e dos demais recursos relacionados com a vegetação.

Faixa Terrestre da Zona Costeira do Maranhão (ZCM, 2003).


55

X. FORMAS DE VIDA (CRESCIMENTO DOS VEGETAIS)

Ao invadirem o ambiente terrestre, as plantas especializaram-se em diferentes formas


de vida. Algumas se tornaram cada vez mais independentes do meio aquático,
chegando a colonizar o próprio ar, como as epífitas. Outras foram menos ousadas
nesta conquista e chegaram até a voltar integralmente ao ambiente aquático.
Tamanha variação mostrou-se extremamente útil para a montagem de sistemas
gerais de classificação das plantas em formas de vida.

Uma das mais antigas classificações em formas de vida utilizava basicamente dois
parâmetros associados: lenhosidade e grau de ramificação. Em primeiro lugar, a
lenhosidade é considerada. Sua ausência definiria uma erva. Já a presença da
lenhosidade nos levaria confirmar se o vegetal é autossustentado. Caso não seja,
temos uma liana ou cipó. Convém ressaltar que o termo cipó tem uso ambíguo, sendo
também utilizado para plantas escandentes, volúveis, etc. Para caules lenhosos e
capazes de autossustentação, o grau de ramificações deveria ser observado. Se o
tronco visível é formado na base da planta, temos uma árvore. A ausência deste
configuraria um arbusto.

Erva Arbusto Árvore Trepadeira

Algumas formas de vida são características de formações tropicais. As epífitas


crescem sobre outras plantas vivas, utilizando-as como suporte. Tais plantas
perderam completamente a conexão com o solo. Já as hemiepífitas também vivem
sobre outras plantas vivas, mas sempre mantendo conexão com o solo por meio de
raízes alimentadoras.

Dois tipos de hemiepífitas são conhecidos:


As hemiepífitas primárias iniciam sua vida como plantas epífitas, germinando sobre
outras plantas. Posteriormente, tais plantas enviam raízes alimentadoras ao solo para
complementar sua nutrição.
As hemiepífitas secundárias germinam no solo, mas buscam um suporte e passam
a crescer sobre ele. Posteriormente, a porção do caule que liga a planta ao solo
apodrece, desconectando-a. Neste momento (ou mesmo antes da perda da conexão
caulinar), raízes alimentadoras são enviadas ao solo e restabelecem a nutrição.
56

Uma adaptação extrema nas plantas é o parasitismo. Normalmente, plantas são


organismos autótrofos e obtêm sua água do ambiente. Entretanto, algumas plantas
passaram a retirar sua água do xilema de plantas hospedeiras, tornando-se
hemiparasitas. Outro grupo foi além: além da água obtida no xilema, tais plantas
passaram a usurpar também produtos de fotossíntese, como açúcares e aminoácidos.
Isso gerou a evolução de grupos de plantas parasitas, tendo algumas perdido a
capacidade fotossintética.

Um último grupo a ser considerado é o grupo das plantas saprófitas, que aproveitam
a intensa decomposição da camada de matéria orgânica sobre o solo e absorvem daí
seus nutrientes. È notável que tanto parasitas quanto saprófitas tornaram-se
heterotróficas, revertendo milhões de nos de evolução autotrófica.

XI. VEGETAÇÃO

Consiste de todas as espécies vegetais em uma região (a flora) e as formas em que


esta vegetação está espacialmente distribuída ou temporalmente distribuída. Se a
região é extensa, sua vegetação consiste de diversas comunidades vegetais
proeminentes.

Cada tipo de vegetação é caracterizado pela forma de crescimento de suas plantas


dominantes (as maiores, mais abundantes e características). Exemplos de formas de
crescimento incluem ervas, árvores (incluindo as palmeiras), arbustos e trepadeiras.

As formas de crescimento podem incluir qualquer uma ou todas as características a


seguir, dependendo do contexto:
• tamanho, longevidade e lenhosidade de um táxon; por exemplo, erva, anual,
perene, herbácea perene, lenhosa perene, arbusto, árvore ou trepadeira;
• o grau de independência de um táxon, por exemplo, verde e enraizada no solo,
parasita, saprófita ou epífita;
• a morfologia de um táxon, por exemplo, de caule suculento, folha suculenta,
forma de roseta, pubescente;
• aspectos foliares de um táxon, por exemplo, grande, pequena, esclerófila,
sempre-verde, decídua de inverno, decídua de seca, folha larga;
• fenologia, a época dos eventos dos ciclos vitais em relação aos fatores
ambientais.

. A vegetação é também caracterizada pela arquitetura das camadas das camadas da


copa. A arquitetura e a forma de vida contribuem para a fisionomia (aparência exterior)
da vegetação e cada tipo de vegetação tem suas próprias características fisionômicas.

. Um tipo de vegetação que se estende por uma extensa região é chamada de uma
formação. Por exemplo, uma floresta tropical úmida é uma formação dominada por
árvores sempre-verdes de folhas largas e é característica de milhares de quilômetros
quadrados em regiões tropicais úmidas em vários continentes.
57

. As formações podem ser divididas em associações. Uma associação é o conjunto


de todas as populações vegetais coexistindo em um dado habitat.
Uma associação tem os seguintes atributos:
• tem uma composição florística relativamente fixa;
• exibe uma fisionomia relativamente uniforme;
• ocorre em um tipo de habitat relativamente consistente.

As mesmas espécies tendem a ocorrer juntas onde um tipo particular de habitat se


repete. As associações são geralmente conhecidas pelos taxa mais dominantes ou
característicos.

Uma população é um grupo de indivíduos da mesma espécie ocupando um habitat


pequeno o bastante para permitir cruzamentos entre os membros do grupo. Algumas
populações não cruzam, sendo autopolinizadas ou reproduzindo somente
assexuadamente, mas ocorrem em um habitat pequeno o bastante para permitir troca
de genes.

Algumas espécies muito restritas, limitadas a pequenas áreas, podem consistir de


somente uma única população, mas muitas espécies incluem muitas populações.
Consequentemente, os termos espécie e população não são usualmente sinônimos.
Muitas associações podem pertencer a mesma a mesma formação, todas
compartilhando uma fisionomia similar, mas diferindo qualitativamente ou
quantitativamente na composição de espécies. Pode haver similaridade de tipos de
vegetação em macroambientes similares espalhados pelo mundo.

XII. MATAS SECUNDÁRIAS


Sucessão ecológica é o nome dado à sequência de comunidades, desde a
colonização até a comunidade clímax, de determinado ecossistema. Estas
comunidades vão sofrendo mudanças ordenadas e graduais.

Sucessão Vegetal
Processo de modificação progressiva na proporção e composição dos indivíduos de
uma comunidade vegetal até que esta atinja um estado de equilíbrio dinâmico com o
ambiente.

A Floresta Primária e as Florestas Secundárias


A floresta primária, também conhecida como floresta clímax ou mata virgem, é a
floresta intocada ou aquela em que a ação humana não provocou significativas
alterações das suas características originais de estrutura e de espécies.

As florestas secundárias são aquelas resultantes de um processo natural de


regeneração da vegetação, em áreas onde no passado houve corte raso da floresta
primária. Nesses casos, quase sempre as terras foram temporariamente usadas para
agricultura ou pastagem e a floresta ressurge espontaneamente após o abandono
destas atividades.
58

Também são consideradas secundárias as florestas descaracterizadas por


exploração madeireira irracional ou por causas naturais, mesmo que nunca tenha
havido corte raso e que ainda ocorram árvores remanescentes da vegetação primária.

Sucessão Vegetal Secundária


Processo de regeneração natural da vegetação original após distúrbio
(desmatamento, queimada, etc.) com a ocupação de espécies que se sucedem no
tempo e no espaço da área em sucessão.

Resultado da Sucessão - formação de diferentes grupos de espécies fisiologicamente


adaptadas a condições ecológicas diferentes a cada fase do processo de sucessão.
Os grupos ecofisiológicos de espécies vegetais são:
1) Pioneiras
2) Secundárias Iniciais
3) Secundárias Tardias
4) Espécies de Clímax (ou Climácicas)

Na linguagem popular – formação de “capoeiras” (tupi-guarani “kaapoer” – matas de


segunda aparição).

Capoeira Jovem
A capoeira jovem ou capoeirinha surge logo após o abandono de uma área agrícola
ou de uma pastagem. Esse estágio geralmente vai até seis anos, podendo em alguns
casos durar até dez anos em função do grau de degradação do solo ou da escassez
de sementes.

Predominam quantidades de exemplares de árvores pioneiras de poucas espécies. A


altura média das árvores em geral não passa dos 4 metros e o diâmetro de 8
centímetros.

Capoeira Média
A vegetação em regeneração natural geralmente alcança o estágio médio depois dos
seis anos de idade, durante até os 15 anos. Nesse estágio, as árvores atingem altura
média de 12 metros e diâmetro de 15 centímetros.

Nas capoeiras a diversidade biológica aumenta, mas ainda há predominância de


espécies de árvores pioneiras.

Capoeirão ou Estágio Avançado da Sucessão


Inicia-se geralmente depois dos 15 anos de regeneração natural da vegetação,
podendo levar de 60 a 200 anos para alcançar novamente o estágio semelhante à
floresta primária.

A diversidade biológica aumenta gradualmente à medida que o tempo passa e desde


que existam remanescentes primários para fornecer sementes. A altura média das
árvores é superior a 12 metros e o diâmetro médio é superior a 14 centímetros.
59

XIII. FORMAÇÕES COSTEIRAS

MATAS CILIARES

Muitos termos são empregados na designação das formações vegetais que margeiam
os corpos hídricos. Os mais encontrados na literatura são: florestas ripárias, florestas
ripícolas, florestas ribeirinhas, matas ciliares e matas de galeria. Apesar dessa
complexidade nomenclatural, para efeitos práticos em termos de recuperação e
legislação, o termo mata/floresta ciliar tem sido amplamente usado para designar de
uma forma genérica e popular todos os tipos de formações florestais ocorrentes ao
longo dos cursos d’água, independentemente do regime de elevação do rio ou do
lençol freático e do tipo de vegetação de interflúvio.

Segundo Oliveira-Filho (1994), as matas ciliares são formações vegetais do tipo


florestal que se encontram associadas aos corpos d'água, ao longo dos quais podem
se estender por dezenas de metros a partir das margens e apresentar marcantes
variações na composição florística e na estrutura da comunidade, dependendo das
interações que se estabelecem entre o ecossistema aquático e o ambiente terrestre
adjacente.

De acordo com Rodrigues & Gandolfi (1998) as formações ciliares exercem um


variado número de funções hidrológicas, ecológicas e limnológicas, sendo, portanto,
de grande importância pelos múltiplos benefícios que produzem, entre os quais:
a) estabilização das ribanceiras (proteção estrutural), pelo desenvolvimento e
manutenção de um emaranhado radicular que produz sustentação mecânica;
b) tamponamento e filtragem, entre os terrenos mais altos e o ecossistema aquático,
com controle do ciclo de nutrientes na bacia hidrográfica, através de ação tanto do
escoamento superficial quanto da absorção de nutrientes do escoamento
subsuperficial pela vegetação ciliar;
c) diminuição e filtragem do escoamento superficial impedindo ou dificultando o
carreamento de sedimentos para o sistema aquático (e o seu assoareamento),
contribuindo, dessa forma, para a manutenção da qualidade da água nas bacias
hidrográficas;
d) contribuição para a integração com a superfície da água, proporcionando cobertura
e alimentação para peixes e outros componentes da fauna aquática, aves e grande
número de mamíferos;
e) interceptação e absorção da radiação solar, por meio das suas copas, contribuindo
para a estabilidade térmica dos cursos d'água, especialmente dos pequenos;
f) fornecimento de matéria orgânica e substrato de fixação para algas e perifíton.

Adicionalmente, representam uma valiosa área de preservação de recursos genéticos


de espécies nativas. Por outro lado, a fauna ictiológica contribui com a vegetação
quando funciona como dispersora de sementes (ictiocoria).

Nesse contexto funcional geral, deve-se ter em perspectiva que o que se tem que
proteger ou recuperar é o ecossistema ciliar, em toda sua integridade e não apenas
elementos isolados deste complexo. Neste sentido, a alteração da vegetação ciliar,
como por exemplo, uma mudança em sua estrutura, certamente pode desencadear
mudanças nos processos ecossistêmicos ciliares, e, portanto, em seus serviços
ambientais (Lima, 2002).
60

Apesar da reconhecida importância ecológica, ainda mais evidente nesta virada de


século e de milênio, em que a água vem sendo considerada o recurso natural mais
importante para a humanidade, as florestas ciliares continuam sendo eliminadas,
cedendo lugar para a especulação imobiliária, para a agricultura e a pecuária e, na
maioria dos casos, sendo transformadas em áreas degradadas ou em processo de
degradação, sem produção que justifique ou amenize os estragos causados.

Desde 1965 o Código Florestal (Lei n.° 4.771/65) inclui as matas ciliares na categoria
de áreas de preservação permanente. Assim, toda a vegetação natural presente ao
longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios deve ser
preservada. Em seu Artigo 2°, é estabelecido que a largura da faixa de mata ciliar a
ser preservada está relacionada com a largura do curso d'água.

Adicionalmente, várias resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente -


CONAMA – são diretamente ou indiretamente relacionadas com as matas ciliares,
regulamentando a proteção desses ambientes, sendo as principais:
• Resolução CONAMA No. 303, de 20/03/2002 – dispõe sobre parâmetros,
definições e limites de APPs.
• Resolução CONAMA No. 369, de 28/03/2006 – dispõe sobre os casos
excepcionais de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que
possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em APPs.
• Resolução CONAMA No. 429, de 28/02/2011 – dispõe sobre a metodologia de
recuperação de APPs.

A partir de maio de 2012, entrou em vigor o novo Código Florestal do Brasil (Lei no. 12651
de 25/05/2012) e alterado pela Lei no. 12.727 de 17/10/2012. Apesar da definição
praticamente idêntica àquela do antigo Código Florestal (Lei no. 4.771/1965), há mudanças
significativas na nova Lei em relação à anterior, no que se relaciona com as áreas
consideradas de preservação permanente. Dentre essas mudanças, destaca-se a
definição de nascentes, que agora com o novo código, passa a terá natureza de
perenidade, uma vez que de acordo como o inciso IV do artigo 4º, as nascentes
intermitentes deixam de ser consideradas de preservação permanente.

Além disso, de acordo com a mesma Lei, será admitida em áreas rurais consideradas
consolidadas, a manutenção de atividades agrosilvopastoris, de ecoturismo ou de turismo
rural no entorno desses corpos d’água, sendo obrigatória a recomposição de raio mínimo
de 15 (quinze) metros.

Apesar da aparente proteção da legislação, a prática é na realidade diferente. Além


do desrespeito à legislação, vários problemas ambientais têm sido registrados com
frequência alarmante, exigindo em muitos casos, ações para recuperação que em
geral são caras e demoradas em seus efeitos.

. Degradação e Recuperação de Matas Ciliares


Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de
recuperação natural após distúrbios, ou seja, perde a sua resiliência. Dependendo
da intensidade do distúrbio, fatores essenciais para a manutenção da resiliência
61

como, banco de plântulas e de sementes no solo, capacidade de rebrotação das


espécies, chuva de sementes, dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o
processo de regeneração natural ou tornando-o extremamente lento.
Uma floresta ciliar está sujeita a distúrbios naturais como queda de árvores,
deslizamentos de terra, raios, etc., que resultam em clareiras, ou seja, aberturas no
dossel, que são cicatrizadas através da colonização por espécies pioneiras
seguidas de espécies secundárias até o estágio final de clímax.

Distúrbios provocados por atividades humanas têm, na maioria das vezes, maior
intensidade do que os naturais, comprometendo a sucessão secundária na área
afetada. As principais causas de degradação das matas ciliares são o
desmatamento para extensão da área cultivada nas propriedades rurais, para
expansão de áreas urbanas, para a extração de madeira, os incêndios, a extração
de areia nos rios, os empreendimentos turísticos mal planejados, entre outros.

Em muitas áreas ciliares, o processo de degradação é antigo, tendo iniciado com


o desmatamento para transformação da área em campo de cultivo ou em
pastagem. Com o passar do tempo e, dependendo da intensidade de uso, a
degradação pode ser agravada através da redução da fertilidade do solo pela
exportação de nutrientes por cultivos ou ainda pela prática das queimadas para fins
agrícolas (roças e pastagens); a compactação e a erosão do solo podem vir por
caminhos diversos, como o pisoteio do gado e o trânsito de máquinas agrícolas.

O conhecimento dos aspectos hidrológicos da área é de suma importância no


planejamento da recuperação de matas ciliares. A menor unidade de estudo a ser
adotada é a microbacia hidrográfica, definida como aquela cuja área é tão pequena
que a sensibilidade a chuvas de alta intensidade e às diferenças de uso do solo
não seja suprimida pelas características da rede de drenagem. Em nível de
microbacia hidrográfica é possível identificar a extensão das áreas que são
inundadas periodicamente pelo regime de cheias dos rios e a duração do período
de inundação.

Estas informações são extremamente importantes na seleção das espécies a


serem plantadas, já que muitas espécies não se adaptam a condições de solo
encharcado, ao passo que outras só sobrevivem nestas condições.

Vale destacar que, apesar do grande desenvolvimento recente das metodologias de


recuperação de matas ciliares, muitos avanços devem ainda ocorrer para o acúmulo
de conhecimento científico, que possibilite a construção de modelos de recuperação
realmente efetivos e duradouros, além de menos onerosos.

A motivação no sentido de preservar ou conservar espécies, paisagens e


ecossistemas ainda é predominantemente ligada a seu valor antropocêntrico, muitas
vezes, econômico. Muito raramente ela é movida por razões morais, que reconhecem
nos ambientes um valor intrínseco, desvinculado de interesses humanos. Para
convencer a sociedade e as autoridades da importância de preservar espécies e
ecossistemas, os pesquisadores precisam de argumentos novos, que contemplem a
satisfação dos interesses humanos.
62

Estudos recentes (e.g. Pinheiro, 2007, 2008) mostram que embora a noção de
conservação possa ser fortalecida entre as comunidades ribeirinhas a partir da
educação ambiental e de experiências de produção e plantio de mudas nas áreas
ciliares, esta noção e estas experiências não se tornam práticas rotineiras nas vidas
dessas comunidades e suas populações porque não se consolidam no interesse de
uso e manejo das espécies e dos ambientes. Muitas espécies, de interesse ecológico,
importantes para os ambientes ciliares em suas interações com a fauna e a flora, ou
como componentes estruturais das matas ciliares, ou ainda como fontes de alimento
para a fauna ictiológica, ou de abrigo e de reprodução, são entendidos como
importantes, mas não o suficiente para impedir a sua extração quando a necessidade
se apresenta.

Muitas vezes, para o sucesso de um empreendimento de recuperação em que se


espere o interesse público no processo, pode ser fundamental a seleção de espécies
de reconhecido valor utilitário e/ou econômico, bem como de comprovado papel
ecológico, que recebam atenção e lugar em programas pontuais de recuperação de
matas ciliares.

. Diferenciações Conceituais, Terminologia e Classificação


Uma interação complexa de fatores dependentes das condições ambientais
(características geológicas, geomorfológicas, climáticas, hidrológicas e hidrográficas)
define as características vegetacionais das matas ciliares de cursos dágua e
nascentes. Entre os fatores hidrológicos: o volume de água superficial, a profundidade
do lençol freático, o acúmulo de vapor d'água e o fluxo de água (solapamento e
deposição). Entre os geológicos: a· natureza da rocha matriz, a composição física,
química e biológica do solo e a natureza dos aluviões. Entre os fatores topográficos:
a altitude, a inclinação do relevo e o ângulo de abertura dos vales (Rodrigues, 2001).

Os fatores atuam no ambiente ribeirinho com frequências e intensidades variáveis no


espaço e no tempo, o que resulta na heterogeneidade dos ambientes marginais de
cursos d’água, formando um mosaico de condições ecológicas distintas, com
particularidades fisionômicas, florísticas e/ou estruturais. Estas variações podem ser
assim definidas:
a) pela variação espacial, a heterogeneidade vegetacional pode decorrer do gradiente
topográfico típico do ambiente ribeirinho, o que acaba por definir também um gradiente
de umidade, de fertilidade, de constituição física do solo (Rodrigues, 1992; Durigan &
Leitão Filho, 1995; Felfile, 1998);
b) pela variação temporal, a heterogeneidade vegetacional pode resultar da
fragmentação antrópica desses ambientes, em função das perturbações antigas e
atuais (Lima, 1989).

Por outro lado, a dinâmica sucessional dessas formações ribeirinhas pode contribuir
para o aumento da complexidade, por apresentar particularidades advindas das
alterações vegetacionais resultantes da elevação do curso d’água e/ou lençol freático.
Em consequência, disto decorre a deposição de sedimentos, soterramento ou retirada
da serapilheira e do banco de sementes, além das diferenças inerentes às espécies e
suas adaptações ao encharcamento e/ou inundação, que resultam também como
elementos naturais de perturbação nas áreas ciliares.
63

Portanto, as características vegetacionais das formações ciliares refletem as


características de um mosaico ambiental de condições ecológicas distintas, resultante
da atuação histórica e atual não só dos fatores físico/climáticos do ambiente, mas
também dos biológicos.

Uma vez que a heterogeneidade ambiental define padrões fisionômicos distintos, com
reflexos visíveis ou não na florística e estrutura da vegetação, os termos usualmente
utilizados para designar essas formações sempre buscaram uma associação da
fisionomia vegetacional com a paisagem regional. Disto resultou o uso de termos
populares, variáveis segundo a região, que não expressavam necessariamente a
condição ecológica dominante.

É variada a aplicação da terminologia na designação das formações ribeirinhas. Do


início de uso do termo ciliar não se tem registro temporal; contudo, o significado do
termo ciliar faz analogia à função de proteção dos olhos desempenhada pelos cílios.
A vegetação de um curso d’água é o cílio, sendo o curso d’água, o olho.

Em estudos de vegetação, o uso do termo mata ciliar iniciou na designação das


formações marginais de planícies, em faixas estreitas de vegetação, geralmente
isoladas da condição de interflúvio por extensas faixas de vegetação herbácea
higrófila (Rodrigues, 2001). Muitos outros termos, entretanto, têm sido usados na
designação dessas formações vegetacionais. Nos campos sulinos, as formações
florestais ciliares regionais foram designadas de matas de anteparo; na região do
cerrado, estas formações têm sido designadas florestas ou matas de galeria. Por
outro lado, as formações localizadas em fundos de vales ou de grotões tem recebido
a denominação de florestas de condensação, por conta da neblina nessas áreas.

As características edáficas de uma determinada região também tem tido uso comum,
designando-se as formações ribeirinhas como floresta de brejo, floresta de várzea,
floresta aluvial, etc. Algumas designações populares também serviram de uso nessa
terminologia, designando as formações pela abundância de alguma espécie ou de
várias espécies na fisionomia e estrutura de uma comunidade ribeirinha, como os
carandazais, os buritizais, os juçarais (ou açaizais), os paratudais, etc.

Vários já foram os tratamentos de classificação das formações florestais ribeirinhas


no Brasil, sempre gerando discussões e discordâncias, por razões variadas, entre elas
os critérios utilizados na classificação, sem consenso entre os pesquisadores em
diversos aspectos relacionados. Em geral, o tratamento da característica fisionômica
sobressai em relação às características do ambiente (edáficas, climáticas,
topográficas, entre outras), sendo estas variáveis e muitas vezes específicas da região
onde ocorrem.

Em última instância, a composição florística constitui a expressão da interação dos


processos que definem essa composição, incluindo as variações climáticas, a seleção
de espécies pelo ambiente pela presença permanente ou sazonal da água, as
variações edáficas, as interações com a vegetação do entorno, etc. Contudo, o
insuficiente conhecimento florístico e ecológico relacionado com essas formações,
limitam ainda o uso de critérios que permitam uma classificação satisfatória dessas
formações vegetais.
64

Uma vez que as formações ribeirinhas não constituem um tipo vegetacional único, já
que representam fisionomias distintas, condições ecológicas muito heterogêneas e
composições florísticas diversas, tendo em comum apenas o fato de ocorrerem na
margem de um curso d’água, Rodrigues (2001) recomenda a sinonimização dos
termos de uso popular, tais como floresta/mata ciliar, floresta/mata de galeria, floresta
ripária e floresta de brejo, entre outros.

Na legislação brasileira, o termo mata ciliar aparece de forma genérica, para


designação de qualquer formação florestal ocorrente na margem de cursos d’água,
englobando assim todas as tipologias possíveis. Rodrigues (2001) recomenda o uso
do termo ribeirinho, cuja origem vem de “rivus”, como definição de “vivendo nas
margens de rios”. Esse autor considera esse termo mais esclarecedor do ambiente de
ocorrência dessas formações (margens de corpos d’água), que seria a característica
geográfica comum para os vários tipos vegetacionais nessa condição.

Tipologias Vegetacionais Ciliares


Neste livro, adotamos uma terminologia que, embora tenha sua base nas
classificações populares, se enquadra perfeitamente nas classificações técnico-
científicas propostas, especialmente aquela proposta por Rodrigues (2001). O termo
Matas Ciliares será aqui utilizado como termo genérico, que abrigará as diferentes
tipologias vegetacionais de margens de cursos d’água (ribeirinhas), o que, de uma
forma direta, seguirá o sentido mais abrangente adotado para o termo pela legislação
ambiental brasileira, em particular aquela que trata das matas ciliares como áreas de
preservação permanente.

Dessa forma, para distinção e discussão das formações ciliares (especialmente


aquelas do estado do Maranhão), utilizamos a classificação para Matas Ciliares, que
compreende as tipologias Matas Ciliares Não Inundáveis, Matas de Igapó, Matas
de Galeria, Matas de Várzea, além de uma tipologia mais incomum, as Matas de
Aterrado, descritas a seguir.

1. Matas Ciliares Não Inundáveis – tipologias vegetacionais marginais aos lagos e


rios, em ambientes de terra firme, não inundáveis (nesta condição, consideradas as
áreas sujeitas à cobertura de fina lâmina d’água por curto período de tempo – menos
de 1 mês), sem periodicidade definida. Nesta tipologia, são comuns muitas espécies
de Leguminosae, conhecidas como Faveiras (Albizia sp., Cassia sp., Dimorphandra
sp.) e Ingás (Inga spp.), o Criviri (Mouriri guianensis Aub.; Melastomataceae), o Trapiá
(Crataeva tapia L.; Caparidaceae), o Tarumã (Vitex cymosa Bert.; Verbenaceae), o
Bacupari (Rheedia sp.; Clusiaceae), o Camucá (Plinia edulis (Vell.) Sobral;
Myrtaceae), o Cajazeiro (Spondias mombin L.; Anacardiaceae), entre outras.

Esta tipologia corresponde ao tipo proposto por Rodrigues (2001), denominado


formação ribeirinha sem influência fluvial – assim designadas as formações
ribeirinhas que apesar de estarem às margens de cursos d’água, não são diretamente
influenciadas pela água do rio ou do lençol freático, como as formações quer ocorrem
em áreas marginais com grande desnível para o curso d’água que não são
diretamente influenciadas pela água ou se isso ocorre por tempo muito reduzido e
com periodicidade não definida. Nessas condições, normalmente as particularidades
florísticas são muito tênues ou inexistentes, sendo mais comuns as particularidades
estruturais. Essas particularidades são normalmente determinadas por outros fatores
65

que não a água, como parâmetros climáticos, região fitoecológica precursora ou do


entorno, condição de ponte e/ou refúgio biótico dessas áreas, etc.
(Figura 44).

A B

C D
Figura 44. Matas Ciliares Não Inundáveis - Aspectos de Formações em Margens de Cursos
D’água.

2. Matas de Galeria – vegetação característica das margens de pequenos cursos


d’água, nascentes, áreas pantanosas, caracterizando-se por manterem umidade
mesmo no verão, com vegetação higrófila característica, como o Buriti (Mauritia
flexuosa L. f.; Palmae), a Juçara (Euterpe oleracea Mart.; Palmae), o Guarimã
(Ischnosiphon arouma (Aublet) Koern.; Marantaceae), várias espécies de Araceae,
Heliconiaceae, Musaceae, entre outras.

As Matas de Galeria, como aqui entendidas, correspondem à classificação


denominada formação ribeirinha com influência fluvial permanente por Rodrigues
(2001). Esta designação diz respeito às formações ribeirinhas cujas características
vegetacionais apesar de estarem claramente relacionadas com a região fitoecológica,
apresentam particularidades em função de estarem sobre solo permanentemente
encharcado, com água superficial geralmente em movimento. Esse tipo vegetacional
tem ocorrência típica nas grandes planícies de inundação ou sobre nascentes ou
olhos d’água (Figura 45).
66

A B

C D
67

E F
Figura 45. Matas de Galeria: A) Formação em Margem de Estrada Vicinal; B) Interior de Mata
de Galeria; C) Matas de Galeria em Área de Nascente – Início de Fluxo Dágua; D) Mata de
Galeria em Área de Nascente do Tipo Difusa; E) Aspecto da Formação de Galeria em Margem
de Pequeno Curso D’água; F) Interior de Mata de Galeria com Vegetação Herbácea.

3. Matas de Várzea - tipo de vegetação em ambientes inundados por períodos curtos


e frequentes, sob a influência de marés. O Guanandi (Symphonia globulifera L.;
Clusiaceae) e o Mamuí (Pachira aquatica Aubl.; Bombacaceae), são espécies
vegetais deste tipo de vegetação. Ocorrem em áreas marginais de cursos d’água,
especialmente em regiões estuarinas, sujeitas à influência das marés, que provocam
inundações periódicas desses ambientes, ao empurrar a água do estuário de volta ao
curso do rio nos períodos de marés altas. Além dos pulsos de inundação seguintes às
marés, a salinização dos ambientes marginais, constitui também um fator de seleção
de espécies adaptadas a estas condições.

Este termo é mais comumente encontrado associado à região amazônica, dizendo-se


daquele ambiente correspondente à parte da floresta que fica inundada somente na
época da cheia dos rios. Nesse entendimento, seriam formações menos variadas e
com árvores mais altas que as Matas de Igapó; florestas que se estabelecem em áreas
um pouco mais elevadas que as planícies, sofrendo, dessa forma, inundações
ocasionais (Figura 46).

No caso da classificação proposta por Rodrigues (2001), que ele chamou formação
ribeirinha com influência fluvial permanente, se à esta classificação for substituído o
termo fluvial por flúvio-marinha, pode-se incluir os Manguezais e os Campos Salinos,
bem como as Matas de Várzea, dentro de um tipo denominado formação ribeirinha
com influência flúvio-marinha permanente.
68

A B

C D
Figura 46. Aspectos de Matas de Várzea: A) e B) Fisionomia Geral; C) e D) Aspectos da
Composição Mesclada de Espécies de Água Doce (Juçara) com Água Salgada (Mangue).

2. Matas de Igapó – tipo de vegetação das margens dos corpos d’água (rios, riachos,
lagos) de áreas de planícies, inundadas por um período longo de tempo (meses) a
cada ano, durante o período chuvoso. São ambientes caracterizados pela influência
anual do nível das águas, pois são áreas planas sobre solos com deficiência de
drenagem, sujeitas a inundações por períodos de até seis meses anuais, o que
contribui para selecionar espécies de plantas e animais adaptadas à inundação.

Nas Matas de Igapó há predominante ocorrência de árvores baixas, com médias de


altura em torno de 6-10 metros e que, em geral não ultrapassam os 20 metros,
convivendo com cipós, epífitas e plantas aquáticas. São espécies características
deste tipo de ambiente, a Arariba (Symmeria paniculata Benth.; Polygonaceae), o
Tachipé (Triplaris sp.; Polygonaceae), o Marajá (Bactris brongniartii Mart.; Palmae), a
Popoca (Coccoloba ovata Benth.; Polygonaceae), a Titara (Desmoncus sp.; Palmae),
o Jiquiri (Mimosa pigra L.; Leguminosae), o Tuturubá do Campo (Pouteria glomerata
69

(Miq.) Radlk.; Sapotaceae), entre outras. As Matas de Igapó são ambientes de intensa
produção de biomassa, constituindo assim ambientes de grande fertilidade natural,
locais de abrigo, reprodução e alimentação de muitas espécies de peixes.

As Matas de Igapó se enquadram na classificação de formação ribeirinha com


influência fluvial sazonal (Rodrigues, 2001), utilizada para designar formações
ribeirinhas diretamente influenciadas pela água, mas de forma claramente sazonal,
sendo que a influência da água pode ser através da elevação do rio ou do lençol
freático, proporcionando, por exemplo, o soterramento ou retirada da serapilheira e do
banco de sementes do solo nos terraços fluviais, a formação dos lagos sazonais nos
trechos de embaciamento, etc. (Figura 47).

A B

C D
Figura 47. Aspectos Gerais de Matas de Igapó: A) Exterior; B) Formação Marcada pela Linha
D’água de Inundação; C) Interior de Igapó; D) Igapó com Entorno de Campo Herbáceo.

Matas de Aterrado – Os Aterrados são ambientes peculiares de áreas específicas


(como a região da Baixada Maranhense), que dão formação às Matas de Aterrado,
tipo de vegetação presente em áreas onde ocorrem águas lênticas, pantanosas. Os
Aterrrados são criados gradativamente por camadas de capins e outras plantas
aquáticas de menor porte que se superpõem em longos períodos de tempo; em
consequência, de substrato em substrato, camadas de plantas decompostas vão se
acumulando. Com a morte de muitas espécies que não conseguem adaptar-se ao
substrato, acumula-se ainda mais à matéria orgânica, aumentando com o tempo,
ainda mais a espessura. São substratos tipicamente úmidos, com lençol freático alto
e camada orgânica de, no mínimo, 40 cm de espessura, podendo, entretanto, chegar
70

a mais de 2 metros. Estão presentes na região lacustre de Penalva, município da


mesorregião Norte Maranhense, na área do lago Formoso, bem como na região do
alto rio Pericumã e em outras poucas áreas da Baixada Maranhense (Figura 48). Na
proposta de classificação de Rodrigues (2001) as Matas de Aterrado podem ser
enquadradas como formação ribeirinha com influência fluvial permanente.

A B

C D
Figura 48. A) Área de Aterrados no Entorno do Lago Formoso, Baixada Maranhense; B)
Aspecto Externo de Aterrado; C) Interior de Aterrado; Aterrado do Tipo Flutuante.

E OS MANGUEZAIS, SÃO MATAS CILIARES?

Manguezal é um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestres e


marinhos, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das
marés. É constituído por espécies vegetais lenhosas típicas, além de micro e
macroalgas, adaptadas à flutuação de salinidade e caracterizadas por colonizarem
sedimentos lodosos, com baixos teores de oxigênio. O Manguezal apresenta flora de
aspecto peculiar, devido às adaptações e pouca diversidade de espécies.

Geralmente associa-se o termo Mata Ciliar para a vegetação marginal dos corpos
d’água como rios lagoas e lagos, portanto sem a presença de salinidade. As principais
diferenças entre os Manguezais e vegetação ripária típica estão nas composições
florísticas, no solo e na presença de salinidade.
71

A associação entre os termos Mata Ciliar e Manguezais acontece devido ao


enquadramento de ambos no Código Florestal (Lei 4771, de 1965) como áreas de
Preservação Permanente; e também devido às similaridades em suas funções.
Manguezais e Matas Ciliares desempenham funções semelhantes para o meio
ambiente, entre elas, a estabilização e controle da erosão das margens de corpos
d’água e da linha de costa; a função tampão; habitat e berçário para animais
aquáticos; além de fonte de recursos pesqueiros.

Em conclusão, com base principalmente nas funções exercidas e seu enquadramento


legal como áreas de preservação permanente, embora com composições florísticas
completamente distintas, podem-se enquadrar também as formações vegetacionais
dos Manguezais como Matas Ciliares, tal qual as Matas de Várzea já discutidas, na
condição de formação ribeirinha com influência flúvio-marinha permanente.
(Figura 49).

B
Figura 49. A) Mata Ciliar de Curso de Água Doce; B) Mata Ciliar de Formação de Mangue.
72

PRINCIPAIS FAMÍLIAS VEGETAIS

As maiores famílias vegetais, dentre as Dicotiledôneas são:

1) Asteraceae – possui distribuição cosmopolita, sendo a maior família de


Dicotiledôneas, com aproximadamente 1600 gêneros e 23000 espécies. No Brasil, a
família está bem representada, ocorrendo aproximadamente 300 gêneros e 2000
espécies. Espécies nesta família são me geral ervas, subarbustos, menos
frequentemente arbustos, pequenas árvores ou lianas.
Exemplos de espécies de Asteraceae:
Ornamentais, Medicinais, Alimentos
. Crisântemo (Chrysanthemum spp.)
. Margarida (Leucanthemum vulgare)
. Girassol (Helianthus annuus)
. Alface (Lactuca sativa)
. Camomila (Matricaria recutita)

2) Orchidaceae – apresenta distribuição cosmopolita, incluindo cerca de 850


gêneros e 20.000 espécies (excluindo híbridos artificiais), sendo a maior família de
Angiospermas em número de espécies. No Brasil ocorrem cerca de 200 gêneros e
2.500 espécies. São em geral, ervas terestres, epífitas, ocasionalmente saprófitas ou
lianas.
Inúmeros gêneros são ornamentais – Cattleya, Oncidium, Epidendrum, Dendrobium,
etc. Do fruto da Vanilla se extrai a baunilha.

3) Leguminosae (Fabaceae) - possui distribuição cosmopolita, incluindo cerca de 650


gêneros e aproximadamente 18.000 espécies, representando uma das maiores
famílias de Angiospermas e também uma das principais do ponto de vista econômico.
No Brasil, ocorrem cerca de 200 gêneros e 1.500 espécies.

FORMAÇÕES VEGETAIS COSTEIRAS (1) (Matas Ciliares)

1. Matas Ciliares Não Inundáveis

1.1. Leguminosae (Fabaceae)


Formas de crescimento: Ervas, arbustos, árvores ou lianas.
Folhas alternas, muito raramente opostas, geralmente compostas, com estípulas,
às vezes transformadas em espinhos, frequentemente com nectários extraflorais,
ocasionalmente com pontuações translúcidas.
Inflorescência geralmente racemosa; flores vistosas ou não, geralmente
bissexuadas, actinomorfas ou zigomorfas, diclamídeas ou raramente monoclamídeas;
cálice geralmente pentâmero, dialissépalo ou gamossépalo; corola geralmente
pentâmera, dialipétala ou gamopétala; estames geralmente em número duplo ao das
pétalas, mas ocasionalmente em número menor, livres ou unidos entre si, anteras
rimosas ou raramente poricidas; ovário súpero, unicarpelar, óvulos 1 a numerosos.
Fruto geralmente do tipo legume, mas também outros tipos, incluindo drupa,
sâmara, craspédio ou lomento.
A circunscrição da Leguminosae (Fabaceae) e sua divisão em famílias ou subfamílias
distintas tem sido alvo de divergências entre os diferentes autores. Tradicionalmente
73

tem sido reconhecida como uma única família, com três subfamílias
(Papilionoideae ou Faboideae, Casalpinioideae e Mimosoideae), exceto por
Cronquist (1988) e outros autores que preferiram reconhecer três famílias distintas
(Fabaceae, Casalpiniaceae e Mimosaceae).

Algumas espécies importantes de Leguminosae:


Grãos
.Feijão (Phaseolus vulgaris)
. Soja (Glycine max)
. Amendoim (Arachis hypogaea)
. Ervilha (Pisum sativum)

Arborização
. Senna spp.
. Acacia spp.

Madeira
. Jatobá (Hymenaea courbaril)
. Sucupira (Bowdichia virgilioides)
. Jacarandá (Dalbergia nigra)
. Pau-Brasil (Caesalpinia echinata)
. Algaroba (Prosopis juliflora)

1.2. Melastomataceae
Formas de Crescimento: ervas, arbustos ou árvores, menos frequentemente
epífitas ou lianas.
Folhas opostas, simples, geralmente sem estípulas, geralmente curvinérveas
(exceção Mouriri e Votomita), margem inteira ou serreada, às vezes com base
vesiculosa (Tococa).
Inflorescência cimosa ou paniculada, às vezes reduzida a uma única flor; flores
vistosas, geralmente bissexuadas, actinomorfas, diclamídeas; cálice 4-5-mero,
dialissépalo ou gamossépalo; corola 4-5-mera, dialipétala; estames em número
duplo ou raramente igual ao das pétalas, frequentemente exertos e vistosos; anteras
poricidas, raramente rimosas. Conectivo geralmente bem desenvolvido a
apendiculado; disco nectarífero ausente; ovário súpero ou ínfero, 3-5-locular.
Fruto cápsula ou baga.

Melastomataceae possui distribuição pantropical, incluindo cerca de 200 gêneros e


5.000 espécies. No Brasil ocorrem cerca de 70 gêneros e 1.000 espécies.

Uso econômico com espécies ornamentais, como a Quaresmeira (Schizocentron


elegans). Nas matas ciliares, a espécie mais freqüente e importante é o Criviri (Mouriri
guianensis). Espécies de Tococa são comuns também em ambientes ciliares.

O gênero Tococa caracteriza-se por apresentar estruturas modificadas


localizada na base das folhas, utilizadas como abrigo para formigas (e.g. Tococa
guianensis), conhecido como domáceas. Essas associações entre plantas e
formigas, em geral, são interações mutualísticas obrigatórias. Geralmente, as plantas
fornecem vantagens às formigas, tais como abrigo e alimento em troca de proteção
contra a herbivoria. As formigas que abrigam plantas mirmecófitas são geralmente
74

muito agressivas e possuem comportamento de recrutamento em massa muito efetivo


contra herbívoros.

2. Matas de Várzea

2.1. Clusiaceae (Guttiferae)


Formas de Crescimento: Arbustos ou árvores, raramente epífitas (algumas
Clusia), com látex de coloração variada.
Folhas opostas, raramente alternas ou verticiladas, simples, sem estípulas,
margem inteira, frequentemente carnosas ou coriáceas.
Inflorescência cimosa, raramente reduzida a uma única flor, geralmente terminal;
flores geralmente vistosas, bissexuadas ou unissexuadas (nesse caso geralmente
dióicas), actinomorfas, diclamídeas ou raramente monoclamídeas; cálice 2-5-
mero, dialissépalo; corola 4-5mera, dialipétala, raramente gamopétala; estames
numerosos, raramente em número igual ou duplo ao da corola, às vezes, epipétalos,
anteras rimosas ou raramente poricidas; disco nectarífero gralmente ausente; ovário
súpero, 3-15 carpelar, 3-15 locular ou unilocular.
Fruto drupa ou cápsula ou baga.
Clusiaceae possui distribuição pantropical, incluindo cerca de 30 gêneros e 1.000
espécies. No Brasil ocorrem 18 gêneros e cerca de 150 espécies.

A madeira de algumas espécies de Clusiaceae é considerada de boa qualidade. Os


frutos de algumas espécies são comestíveis. Exemplos: Mangostão (Garcinia
mangostana), o Bacurizinho (Rheedia spp.), o Bacuri (Platonia insignis). O Guanandi
(Symphonia globulifera) é muito comum em áreas alagáveis de matas ciliares de rios,
córregos e nascentes.

2.2. Bombacaceae (atualmente incluída na Malvaceae, pelo APG)


Formas de Crescimento: plantas arbóreas, freqüentemente com tronco muito
engrossado pelas reservas de água. No caule encontram-se freqüentemente
espinhos.
Folhas grandes, digitadas ou inteiras, alternas e com estipulas.
Flores grandes, vistosas, cíclicas e axilares, em geral pentâmeras, diclamídeas e
hermafroditas, apresentando a simetria radial.
Frutos com sementes oleaginosas são envoltas por pelos, o que auxilia a
dispersão pelo vento.

A família das Bombacaceae agrupa 30 gêneros e cerca de 225 espécies tropicais,


tendo o maior centro de dispersão a América. São originadas do Brasil 18 gêneros e
cerca de 100 espécies.

São destaques os Baobás africanos (Adansonia sp.); as Paineiras brasileiras (Chorisia


sp.), que florecem de março a julho; o Durião-asiático, com frutos comestíveis (Durio
sp.); a Barrigudeira ou Sumaúma, uma das gigantes da Amazônia (Ceiba sp.).
75

3. Matas de Igapó

3.1. Myrtaceae
Formas de Crescimento: Árvores ou arbustos, tronco com córtex esfoliante.
Folhas opostas ou menos frequentemente alternas, raramente verticiladas, simples,
estípulas vestigiais ou ausentes, margem inteira, geralmente coriáceas ou
subcoriáceas, com pontuações translúcidas e peninérveas, geralmente com nervura
marginal coletora.

Inflorescência geralmente cimosa, às vezes reduzida a uma única flor; flores


vistosas, geralmente com coloração geral branca, bissexuada ou raramente
unisessexuadas, actinomorfas, diclamídeas ou muito raramente monoclamídeas;
cálice (3-)4-5(-6)-mero, em geral dialissépalo; corola geralmente (3-)4-5(-6)-mera,
dialipétala; estames longamente exertos e vistosos, numerosos, muito raramente em
número igual ou duplo ao das pétalas, livres ou menos frequentemente unidos na
base, anteras rimosas, raramente poricidas; disco nectarífero presente; ovário ínfero
(2-5-16)-locular, lóculos bi a pluriovulados, estilete único.
Fruto baga, drupa, cápsula ou núcula.

Myrtaceae possui distribuição pantropical e subtropical, concentrada na região


neotropical e na Austrália. A família inclui cerca de 130 gêneros e 4.000 espécies.
Representa uma das maiores famílias da flora brasileira, com 23 gêneros e
aproximadamente 1.000 espécies. O grande número de espécies e poucos estudos
fazem desta família uma das mais complexas da flora brasileira.

Do ponto de vista econômico, destaca-se o Eucalipto (Eucalyptus spp.), utilizado na


atualidade, principalmente, para a produção de papel e celulose. Como espécie
frutíferas e ornamentais, destacam-se o Jambo (Syzigium jambolanum), o Jambolão
ou Azeitona Preta (Syzigium cumini) a Goiaba (Psidium guajava), a Acerola, a
Guabiroba (Campomanesia spp.). Nas matas ciliares inundáveis destaca-se o
Camucá (Plinia edulis).

3.2. Polygonaceae
Formas de Crescimento: Ervas, arbustos, árvores ou lianas, caule às vezes
achatado e com função fotossintetizante.
Folhas geralmente alternas, simples, com estípulas conspícuas, conadas e
formando um tubo que envolve o caule (ócrea).
Inflorescência cimosa ou racemosa; flores pouco vistosas, bissexuadas ou
unissexuadas (geralmente dióicas), actinomorfas, monoclamídeas ou diclamídeas;
cálice trímero, dialissépalo ou gamossépalo; corola trímera, dialipétala ou gamopétala;
estames 6-9; ovário súpero, 3-4-carpelar, unilocular, uniovulado.
Fruto aquênio ou núcula, frequentemente trigonal ou com cálice persistente.

Polygonaceae possui distribuição quase cosmopolita, concentrada no Hemisfèrio


Norte, incluindo cerca de 40 gêneros e 1.100 espécies. No Brasil ocorrem 7 gêneros
e aproximadamente 100 espécies.

. Podem ser ornamentais.


. Frequentemente encontrada em locais alagáveis.
76

. Nas Matas de Igapó do Maranhão, são comuns a Arariba (Symmeria paniculata), a


Popoca (Coccoloba ovata), o Tachipé (Triplaris sp.). Em áreas perturbadas, são
comuns o Croaçu da Folha Mole (Coccoloba mollis) e o Croaçu da Folha Grossa
(Coccoloba latifolia).

4. Matas de Galeria

4.1. Araceae
Formas de Crescimento: Ervas, frequentemente escandentes ou epífitas, às vezes
aquáticas flutuantes (Lemna, Pistia), ocasionalmente com látex; ramos simpodiais ou
raramente monopodiais.
Folhas alternas espiraladas ou dísticas, às vezes pinatissectas ou palmatissectas,
peniparalelinérveas, peninérveas ou paralelinérveas.

Inflorescência do tipo espádice simples, subtendido por uma bráctea (espata),


comumente vistosa; flores pouco vistosas, bissexuadas ou unisessexuadas (plantas
geralmente monóicas), actinomorfas, aclamídeas ou monoclamídeas; cálice 4-6(-
8)-mero, gamossépalo ou dialissépalo; estames (1-)4-8(-12), livres ou unidos entre si;
anteras poricidas ou rimosas; gineceu gamocarpelar, ovário súpero, 2-3(-pluri)-
carpelar, 1-3(-pluri)-locular, lóculos uni a pluriovulados.
Fruto baga, raramente utrículo ou drupa, às vezes concrescido e formando um
sincarpo.

Araceae possui distribuição cosmopolita, incluindo cerca de 100 gêneros e 3.000


espécies. No Brasil ocorrem 35 gêneros e cerca de 400 espécies. Recentemente
foram incluídos gêneros da Lemnaceae (aquáticas).

Do ponto de vista econômico, destacam-se espécies utilizadas como ornamentais,


principalmente pela folhagem e pelas brácteas vistosas. Exemplos: Antúrio (Anthurium
andraeanum), os Filodendros (Philodendron spp.), a Jibóia (Epipremnum aureum),
entre outras. Algumas espécies tem sistemas subterrâneos que acumulam amido (e.g.
Taioba, Xanthosoma sagittifolium; o Inhame, Colocasia esculenta).

A presença de ráfides de oxalato de cálcio faz com que as folhas de muitas


espécies de Araceae sejam venenosas, o que se traduz no nome popular do
Comigo-Ninguém-Pode (Dieffenbachia amoena). Espécies de Philodendron se
comportam como hemiepífitas, uma vez que após um certo grau de desenvolvimento
a planta emite raízes muito longas que ao atingirem o solo permitem uma fonte
adicional de nutrientes para o seu desenvolvimento.

Em áreas inundáveis, margens de rios e lagos, destaca-se a Aninga (Montrichardia


arborescens), planta robusta que forma grandes aglomerados.

Em locais com água parada ocorrem espécies flutuantes dos gêneros Pistia (Alface
D’água) e Lemna (Lentilha D’água), estas últimas as menores Angiospermas.
77

4.2. Marantaceae
Formas de Crescimento: Ervas rizomatosas, rizomas com crescimento simpodial,
partes aéreas com crescimento monopodial ou simpodial, perenes.
Folhas alternas dísticas, peniparalelinérveas com pulvino e bainha, ocasionalmente
variegadas.
Inflorescência cimosa, geralmente espiciforme ou paniculada; flores vistosas,
bissexuadas, assimétricas, diclamídeas e heteroclamídeas; cálice trímero,
dialissépalo; corola trímera, em geral com uma pétala ligeiramente maior que as
demais, gamopétala; estame 1, com antera com uma das tecas fértil e a outra estéril;
androceu unido às pétalas, anteras rimosas; gineceu gamocarpelar, ovário ínfero,
tricarpelar, trilocular, uniovulados.
Fruto cápsula com sementes com arilo ou baga.

Marantaceae possui distribuição pantropical, concentrada nas Américas, incluindo


cerca de 30 gêneros e 350 espécies, a maioria pertencente ao gênero Calathea. No
Brasil ocorrem 12 gêneros e cerca de 150 espécies.

Diversas espécies de Marantaceae são utilizadas como ornamentais. Destacam-


se as dos gêneros Calathea e Malanta.

4.3. Strelitiziaceae
Formas de Crescimento: Ervas rizomatosas ou plantas arborescentes
(Phenakospermum, Ravenala), com crescimento simpodial.
Folhas alternas dísticas, uninérveas ou peniparalelinérveas.
Inflorescência cimosa, subtendida por uma bráctea naviculada, geralmente vistosa;
flores vistosas, bissexuadas, zigomorfas, diclamídeas e heteroclamídeas; cálice
trímero, gamossépalo; corola trímera, gamopétala ou apenas duas pétalas unidas
entre si e aon androceu e a terceira livre; estames 5 ou 6, unidos ao redor do estilete,
anteras rimosas; gineceu gamocarpelar, ovário ínfero, trilocular, pluriovulado.
Fruto cápsula; sementes com arilo.

Strelitziaceae inclui três gêneros e sete espécies. Ravenala e Phenakospermum são


monoespecíficos e nativos respectivamente de Madagascar e da Amazônia, ao passo
que Strelitzia possui cinco espécies, nativas do sul da África. Alguns autores incluíam
a mioria das espécies na família Musaceae. Phenakospermum guyannense é a única
espécie desta família nativa do Brasil, conhecida por Sororoca, freqüente em matas
alagáveis.

4.4. Myristicaceae
Formas de Crescimento: Árvores, raramente arbustos, frequentemente com
látex avermelhado.
Folhas alternas, geralmente dísticas, simples, sem estípulas, margem inteira,
frequentemente aromáticas.
Inflorescência cimosa, racemosa ou paniculada; flores pouco vistosas,
unissexuadas (plantas monóicas ou mais frequentemente dióicas), actinomorfas,
monoclamídeas; cálice (2-)3(-5)-mero, gamossépalo; estames 2-numerosos, unidos
pelos filetes, anteras livres entre si ou ocasionalmente unidas, rimosas; ovário súpero,
unicarpelar, uniovulado.
Fruto folículo ou baga carnosa ou sublenhosa, com semente envolvida por arilo
carnoso, vistoso.
78

Myristicaceae é uma família com distribuição pantropical, que inclui cerca de 20


gêneros e 500 espécies. No Brasil ocorrem seis gêneros cerca de 60 espécies, a
grande maioria na região amazônica. O gênero com maior número de espécies no
Brasil é Virola, destacando-se nas matas ciliares do Maranhão, V. surinamensis.

4.5. Palmae (Arecaceae)


Formas de Crescimento: Palmeiras, com estipe lenhoso, simples, raramente
ramificado, frequentemente com espinhos, às vezes com caule subterrâneo,
raramente lianas.
Folhas simples, frequentemente profundamente pinatipartidas (confundidas
como compostas) ou flabeliformes, alternas espiraladas ou raramente dísticas,
paralelinérveas ou palminérveas, agrupadas no ápice dos ramos.
Inflorescência do tipo espádice, subtendida por uma bráctea (espata),
comumente lenhosa; flores geralmente pouco vistosas, unissexuadas (plantas
geralmente monóicas) ou raramente bissexuadas, actinomorfas, geralmente
diclamídeas e heteroclamídeas; cálice (2-)3-mero, gamossépalo ou dialissépalo;
corola (2-)3-mera, gamopétala ou dialipétala; estames (-)6-numerosos, livres ou
unidos entre si, anteras rimosas; gineceu geralmente gamocarpelar, ovário súpero 3(-
10)-carpelar, 3(-10)-locular; nectários às vezes presentes.
Fruto drupa ou raramente baga, geralmente com uma única semente.

Arecaceae apresenta distribuição pantropical, incluindo cerca de 200 gêneros e 2.000


espécies, sendo que no Brasil ocorrem cerca de 40 gêneros e 200 espécies. São
frequentes em muitos ambientes diferentes, desde áreas de terra firme até as áreas
inundáveis, em matas ciliares, em áreas litorâneas, nascentes, florestas tropicais
úmidas, cerrado, caatinga; são, portanto, de grande importância ecológica na
composição ambiental.

Em Matas Ciliares de rios, lagos e nascentes destacam-se a Juçara (Euterpe


oleracea) e o Buriti (Mauritia flexuosa), em Matas de Galeria; o Marajá (Bactris
brongniartii), em Matas de Igapó.

Do ponto de vista econômico, destacam-se em muitas utilidades:


. Ornamentais
. Alimentação (Coco, Juçara, Buriti, Dendê)
. Material de construção rural (quase todas as espécies)
. Ceras (Carnáuba)
. Fibras
79

FORMAÇÕES VEGETAIS COSTEIRAS (2)

5. Restingas

Entende-se por Vegetação de Restinga (resolução CONAMA No. 07/1996), o conjunto


de comunidades vegetais fisionomicamente distintas, sob influencia marinha e flúvio-
marinha.

Acumulação arenosa litorânea, paralela à linha da costa, de forma geralmente


alongada, produzida por sedimentos transportados pelo mar, onde se encontram
associações vegetais mistas.

Ecologicamente, as restingas são ecossistemas costeiros, fisicamente determinados


pelas condições edáficas. As restingas começaram a surgir há milhares de anos, com
o recuo do mar e ainda estão sob dinâmico processo de montagem-desmontagem.

Na formação das restingas, entram quatro fatores básicos:


. oferta de sedimentos
. correntes de deriva
. obstáculos retentores
. variação do mar.

Seu solo arenoso é muito pobre, contudo, sua vegetação serve de suporte vital para
todo esse ecossistema. A preservação do solo arenoso também é importante, pois,
sendo altamente poroso, a água da chuva infiltra-se nele com facilidade, reduzindo os
riscos de enchentes e os custos com obras de drenagem. Quando essa vegetação é
destruída, o solo sofre intensa erosão pelo vento, o que ocasiona a formação de dunas
móveis com riscos para o ambiente costeiro e para a população.

A vegetação de restinga é o conjunto de comunidades vegetais, distribuídas em


mosaico, associado aos depósitos arenosos costeiros recentes (quaternário) e aos
ambientes rochosos litorâneos – também consideradas comunidades edáficas – por
dependerem mais da natureza do solo do que do clima, encontradas nos ambientes
de praias, cordões arenosos, dunas, depressões e transições para ambientes
adjacentes, podendo apresentar, de acordo com a fitofisionomia predominante,
estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado. As restingas
estão localizadas ao longo de todo o litoral brasileiro, desde a latitude 4º N até 34º S,
e suas maiores extensões se dão no litoral do Rio Grande do Sul e nos deltas dos
maiores rios das regiões Sudeste e Nordeste.

Devido a presença de areais, correntes litorâneas, alteração do nível do mar e aporte


de sedimentos, essa vegetação é adaptada a ventos fortes e solos pobres em
nutrientes. A restinga faz a transição entre o ecossistema marinho e o terrestre,
exercendo a função de fixadora de areia e estabilizadora de ecossistemas costeiros,
como os mangues.

A vegetação das restingas apresenta áreas bem definidas onde ocorrem em mosaico
ou numa certa zonação, aumentando a diversidade de espécies, a lenhosidade e a
altura da vegetação, à medida que cresce a distância do oceano e diminui a influência
da salinidade. Assim, para obter a sucessão natural e a reabilitação dessas áreas de
80

restingas, devem ser observadas e selecionadas as espécies vegetais que estão


inseridas naquelas fitofisionomias e adaptadas a suas respectivas condições
ambientais.

Formadas principais por plantas herbáceas de caules longos e flexíveis que se


transformam em árvores cada vez mais altas na medida em que se afastam do mar.

Vegetação de Restingas

Em áreas mais secas


Vegetação de praias e dunas - localiza-se próxima ao mar sobre areia seca, onde se
encontra vegetação rasteira e alguns arbustos.
Vegetação sobre cordões arenosos (escrube) - seguindo em direção à serra, nas
partes mais altas das ondulações dos cordões encontram-se moitas e arbustos com
ramos retorcidos.
Floresta baixa de restinga - localiza-se mais para o interior e a vegetação é mais alta,
com arbustos e arvoretas, presença de bromélias, trepadeiras e orquídeas.
Floresta alta de restinga- com árvores mais altas (cerca de 10 a 15 m) e com copas
que se tocam.

Em áreas mais úmidas


Entre cordões arenosos - o solo é sempre encharcado e a vegetação é de pequeno
porte (herbáceo-arbustivo).
Brejo de restinga - permanentemente inundado, sua vegetação é herbácea.
Floresta paludosa- menos fechada, inundada com predominância de caixeta ou
guanandi.
Transição restinga/ encosta - é uma vegetação densa com árvores de cerca de 18 m
de altura e onde encontramos com frequência o palmito e animais de grande porte
como macacos bugios e onças.

PRINCIPAIS FAMÍLIAS VEGETAIS DAS RESTINGAS

5.1. CHRYSOBALANACEAE
Formas de Crescimento: Arbustos, árvores ou lianas.
Folhas alternas, simples, com estípulas, margem inteira.
Inflorescência racemosa, paniculada ou cimosa; flores frequentemente vistosas,
bissexuadas, actinomorfas ou zigomorfas, diclamídeas ou raramente monoclamídeas;
cálice (4-)5-mero, dialissépalo ou gamossépalo; corola (4-)5-mera, dialipétala, ;
estames (2-)5-numerosos, livres ou unidos entre si, anteras rimosas; ovário súpero,
bi-tri-carpelar, uniovulados.
Fruto drupa.

Chrysobalanaceae tem distribuição pantropical, com cerca de 20 gêneros e 500


espécies. No Brasil ocorrem 7 gêneros e cerca de 250 espécies, a maioria na
Amazônia.

O Oiti (Licania tomentosa) é conhecida pelo seu uso em arborização de cidades.


Diversas espécies produzem frutos comestíveis, como Guajiru (Chrysobalanus icaco).
81

5.2. MALPIGHIACEAE
Formas de Crescimento: Ervas, arbustos, árvores ou lianas.
Folhas opostas, simples, estípulas frequentemente presentes, às vezes
intrapeciolares (Byrsonima) ou interpeciolares (Peixotoa), margem inteira, nectários
extraflorais comumente presentes.
Inflorescência cimosa ou racemosa; flores vistosas, geralmente bissexuadas,
actinomorfas ou zigomorfas; cálice pentâmero, geralmente dialissépalo; nectários na
base das sépalas; corola pentâmera, dialipétala, pétalas geralmente unguiculadas e
com margem franjada, frequentemente com uma (labelo) diferente das demais;
estames geralmente 10, livres ou unidos na base, anteras rimosas, raramente
poricidas; ovário súpero, bi-tri-penta-locular, uniovulados.
Fruto geralmente esquizocárpico, frequentemente alado, ocasionalmente baga ou
drupa. Indumento geralmente formado por tricomas simples intercalados com tricomas
em forma de T (tricomas malpighiáceos).

Malpighiaceae possui distribuição tropical e subtropical, incluindo cerca de 70 gêneros


e 1.200 espécies. No Brasil ocorrem 38 gêneros e cerca de 300 espécies. A família é
facilmente reconhecida pela presença de nectários extraflorais dispostos aos pares
nas bases das sépalas da quase totalidade das espécies. Esta é uma das famílias
mais comuns na maioria das formações vegetais: nas restingas e no cerrado, várias
espécies de Byrsonima (Murici), além de outras espécies nas florestas e bordas de
florestas.

Do ponto de vista econômico, destaca-se a Acerola (Malpighia glabra), nativa da


América Central e já bastante popular no Brasil. O Murici (Byrsonima spp.) também
possui frutos comestíveis muito apreciados. As plantas desta família possuem
também potencial como ornamentais.

5.3. ANACARDIACEAE
Formas de Crescimento: Arbustos ou árvores, raramente lianas ou ervas,
aromáticos.
Folhas geralmente alternas, compostas ou menos frequentemente simples
(Anacardium, Mangifera), sem estípulas, margem inteira ou serreada.
Inflorescência geralmente cimosa; flores pouco vistosas, geralmente unissexuadas
(plantas monóicas, dióicas ou poligâmicas), actinomorfas, diclamídeas; cálice
geralmente pentâmero, dialissépalo ou gamossépalo; corola geralmente pentâmera,
dialipétala ou gamopétala; estames em número igual ou duplo ao das pétalas,
geralmente livres entre si, anteras rimosas; disco nectarífero presente; gineceu
gamocarpelar, ovário súpero, 1-12-carpelar, 1-12-locular, uniovulados.
Fruto em geral drupa ou sâmara.

Anacardiaceae possui distribuição tropical e subtropical, com cerca de 70 gêneros e


700 espécies. No Brasil ocorrem 15 gêneros e cerca de 70 espécies. Diversas
anacardiáceas apresentam frutos ou pseudofrutos comestíveis, como o Caju
(Anacardium occidentale), sendo o fruto a castanha e o pseudofruto, a parte carnosa.
Outras frutas incluem a Manga (Mangifera indica), o Cajazinho (Spondias mombin), a
Siriguela (Spondias purpurea). Algumas espécies são utilizadas em arborização,
como a Aroeira (Myracrodruon urundeuva), entre outras. Nas Restingas, espécies de
Caju silvestre são comuns (Anacardium spp.).
82

5.4. CONVOLVULACEAE
Formas de Crescimento: Ervas, subarbutos ou mais frequentemente lianas sem
gavinhas, raramente holoparasitas afilas (Cuscuta) ou árvores ou arbustos, às vezes
latescentes.
Folhas alternas, simples, sem estípulas, margem inteira.
Inflorescência cimosa, às vezes reduzida a uma única flor; flores geralmente
vistosas, bissexuadas, actinomorfas, diclamídeas; cálice (3-)5-mero, dialissépalo ou
raramente gamossépalo; corola (3-)5-mera, gamopétala, plicada; estames em número
igual ao das pétalas, frequentemente desiguais, epipétalos, anteras rimosas; disco
nectarífero geralmente presente; ovário súpero, bicarpelar, bilocular; óvulos 1 ou 2.
Fruto cápsula.

Convolvulaceae possui distribuição cosmopolita, incluindo aproximadamente 50


gêneros e 2.000 espécies. No Brasil ocorrem 18 gêneros e cerca de 300 espécies.

Entre as espécies de interesse econômico estão a Batata Doce (Ipomoea batatas) e


muitas ornamentais. Há pelo menos duas espécies importantes caracaterísticas de
dunas litorâneas, Ipomoea pes-caprae e Ipomoea litorallis, a primeira com folhas
partidas e flores róseas e a segunda com folhas inteiras e flores brancas.

5.5. POACEAE
Formas de Crescimento: Ervas geralmente rizomatosas, às vezes lenhosas
(bambus), perenes ou anuais; caule cilíndrico ou achatado.
Folhas alternas dísticas ou muito raramente espiraladas, bainha geralmente aberta,
paralelinérveas, com lígula entre a bainha e o limbo.
Inflorescência básica do tipo espigueta, subtendida na base por um par de brácteas
(glumas), reunida em diversos tipos de inflorescência; flores (flósculos), subtendidas
por um par de brácteas (glumelas, sendo a inferior e mais externa denominada lema
e a superior, mais interna, denominada pálea), não vistosas, bissexuadas ou
raramente unissexuadas (Zea), aclamídeas; estames (1-)3-6 ou numerosos
(Bambusoideae), anteras rimosas; nectários ausentes; gineceu gamocarpelar, ovário
súpero, bicarpelar e ou tricarpelar, unilocular, uniovulado, estigma geralmente
plumoso.
Fruto cariopse, com semente, em geral, completamente aderida à parede interna do
fruto.
Poaceae possui distribuição cosmopolita, incluindo cerca de 650 gêneros e 9.000
espécies, sendo que no Brasil ocorrem cerca de 180 gêneros e 1.500 espécies.

Esta é, indubitavelmente, a principal família de Angiospermas, do ponto de vista


econômico, não apenas pelo número de espécies utilizadas pelo homem, mas
também pela importância de algumas delas. Na alimentação, os cereais: arroz (Oryza
sativa), o trigo (Triticum aestivum), o milho (Zea mays), o centeio (Secale cereale), a
cevada (Hordeum vulgare), o sorgo (Sorghum bicolor), além da cana de açúcar
(Saccharum officinarum).

As Poaceae representam o principal componente das formações campestres em todo


a mundo. No Brasil, os gêneros Paspalum e Panicum se destacam entre os mais
comuns. São raras no interior de formações florestais. Nas Restingas, destaca-se
Spartina alterniflora, o capim Paturá, como uma das espécies mais importantes,
componente da vegetação de praias e dunas.
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FORMAÇÔES VEGETAIS COSTEIRAS (3)

6. APICUNS E MARISMAS

Apicuns

Apicum é um termo de origem tupi que significa língua; brejo de água salgada à beira
mar. São ambientes caracterizados por elevada quantidade de sais), o que impede ou
limita o desenvolvimento vegetal. São ecossistemas marinhos ecótonos, que agem
como zonas de transição associadas aos manguezais.

Um apicum é tecnicamente conceituado como área desprovida de vegetação vascular


situada na região entre-marés superior, inundada apenas pelas marés de lua nova e
cheia (sizígias). Esta frequência quinzenal de inundação, associada com climas secos
ou sazonalmente secos e a uma baixa declividade do terreno, é responsável pela
hipersalinização do solo, erradicando a vegetação vascular. As concentrações salinas
geralmente superam 150 partes por mil (água oceânica tem 35 partes por mil).

Os apicuns ocorrem entre manguezais ou no interior de manguezais, podendo ser


desprovidos de cobertura vegetal ou abrigar vegetação herbácea. Em geral, não
possuem espécies faunísticas residentes, visto que a salinidade influencia e limita a
distribuição dos organismos nesse tipo de ecossistema. O limite de ocorrência de um
apicum é definido pelo nível médio das preamares de sizígia e o nível das preamares
equinociais (Maciel, 1991; Schaeffer-Novelly, 1999).

Apicuns são encontrados em regiões intertropicais em todo o mundo. Estão presentes


em Madagascar, Senegal, Índia, Austrália, Honduras, Papua-Nova Guiné, Nicarágua,
Equador, Nova Caledônia e México (Marius, 1985; Dukem 2006; Lebigre, 2007).

As referências relativas à origem dos apicuns no Brasil baseiam-se em estudos da


década de 40, que afirma que, estando o manguezal em constante modificação,
“durante as enchentes de preamar são depositados, sobre os manguezais, areias
finíssimas [...]. Tais areias assim depositadas, tornam o banco de manguezal cada
vez mais arenoso provocando a morte do mangue” (BIGARELLA, 2001, p. 74). Ucha
et al.(2004), definindo apicuns como planícies arenosas hipersalinas, concordam com
Bigarella ao afirmar que os apicuns são formas naturais de destruição do mangue,
porém discordam no que se refere ao processo de origem. Afirmam que a formação
dos apicuns deve-se à deposição de materiais siliciclásticos originários das
adjacências que sofrem erosão, sendo a preamar responsável pela distribuição,
seleção e transporte de argilas e silte para fora dos apicuns, restando o material
arenoso no local. Essa deposição seria, assim, responsável pela morte do mangue
original, o qual se torna incapaz de resistir às novas condições de elevada salinidade
e aridez temporária.

Os apicuns em geral podem se localizar em bordas dos manguezais, sendo estes


mais frequentes; ou dentro dos manguezais (apicuns inclusos). A vegetação de um
apicum reflete as condições climáticas anuais, estando associado à maior ou menor
salinidade encontrada no apicum decorrente do menor ou maior aporte de água pluvial
no ambiente.
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Os apicuns, em relação à vegetação, podem ocorrer como:


. apicum herbáceo: coberto por vegetação herbácea rasa; localmente, e menos
frequentemente, pode ocorrer vegetação lenhosa.
. apicum pulverulento: coberto por sais, sem vegetação.

Os apicuns raramente têm sido alvo específico de pesquisas nas áreas costeiras, e
conhecimentos sobre eles estão geralmente associados a estudos de manguezais ou
a mapeamento de zonas costeiras. Paralelamente, os apicuns constituem foco de
discussões ambientais devido, principalmente, à implantação de atividades
econômicas, sobretudo a carcinicultura.

O perfil típico dos solos encontrados nos apicuns é caracterizado por uma camada
com aproximadamente 60 cm de profundidade formada por areia em superfície que
pode passar a areno-argilosa em profundidade; há raízes mortas de mangue e/ou
conchas de ostras entre 20 e 50 cm, ou sobre sedimentos de manguezal. A cor varia
entre bruno claro acinzentado e cinza muito escuro, com aparecimento de
mosqueados devido a flutuação do lençol freático em torno dos 50 cm de
profundidade. Pedologicamente trata-se de um perfil de solo enterrado, com perfeita
identificação do antigo solum e visualização do soterramento posterior.

Marismas

São popularmente conhecidos como salgados. Tecnicamente são classificados como


marismas tropicais hipersalinos. O marisma, ou “salt marsh” em inglês, é um
ecossistema que, como o mangue, se desenvolve na zona entremarés, composto por
vegetais terrestres que possuem adaptações para suportar as variações de salinidade
e de maré, em geral, vegetação herbácea, predominantemente, gramíneas.

Nos marismas, as salinidades de solo variam entre 100 e 150 partes por mil, com
inundação intermediária entre sizígia (lua nova e lua cheia) e quadratura (quarto
crescente e minguante). Nos trópicos, o marisma pode coexistir com o manguezal,
formando as franjas desse ecossistema; em regiões temperadas e subtropicais, o
manguezal é completamente substituído pelo marisma.

Apicuns, Salgado e Manguezais

Apicuns e salgados são diferentes de manguezais em muitos aspectos. Têm, por


exemplo, uma distribuição geográfica mais ampla, ocorrendo em regiões subtropicais
e temperadas, ocupando posições altimétricas distintas na região entre marés.
Diferem também pela salinidade do solo e pela ausência de vegetação vascular e/ou
dominância de vegetação herbácea específica.

Alguns autores têm difundido a ideia de que apicuns e salgados fazem parte da
sucessão do sistema manguezal. Outros, contudo, têm opiniões contrárias a esta
ideia, que se tornou difundida pelas observações de que áreas de apicum e salgado
foram um dia floresta de mangue, em situações de elevação e redução de nível de
mar. Nesse contexto, a ideia defende que uma situação potencial de elevação do nível
do mar, apicuns e salgados podem se tornar manguezal. Autores contrários a esta
noção, entendem que é um conceito de difícil aplicação prática, com base na
possibilidade de que este possa acontecer.
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Apicuns e salgados são hipersalinos porque são inundados apenas algumas vezes
por mês pelas marés. Em climas secos ou sazonalmente secos, no intervalo entre
inundações ocorre evaporação da água salgada e concentração dos sais no solo. è
defendido que o acúmulo de sais não se restringe só à superfície, mas que também,
a partir de difusão e migração por gravidade, a água e solo subsuperficiais também
são salinizados. Durante a estação chuvosa, muitas vezes uma pequena camada
superficial é dessalinizada (alguns centímetros), e observa-se crescimento de
vegetação herbácea, que pode até ter ciperáceas de água doce e plântulas de
mangue. Contudo, alguns autores entendem que, mesmo na época de chuva, não
ocorre a dessalinização das camadas mais profundas e, desse modo, a cobertura
vegetal em crescimento estimulada pela dessalinização superficial é eliminada logo
após cessar a estação chuvosa, ou ainda, quando as raízes das plantas atingirem a
camada hipersalina mais profunda. Em síntese, a colonização de apicuns e salgados
por vegetação de mangue ou por outro tipo de vegetação, está na eliminação da
camada hipersalina subsuperficial profunda.

Apicuns, Salgados e a Legislação de Proteção

Pelo Código Floresta Brasileiro, apicuns e salgados não são Áreas de Preservação
Permanente (APPs); no entanto, um projeto tramita no congresso para inclusão como
tal. A Resolução CONAMA 312, por outro lado, permite que os estados definam quais
sistemas adjacentes aos manguezais deveriam ser considerados como APP, sob a
ótica de suas realidades regionais. Por esta noção legal, em algumas regiões, apicuns
e salgados mereceriam o status de Área de Preservação Permanente, e em outras
não. Como exemplos da interpretação e aplicação da Resolução CONAMA 312,
podemos citar: 1) o estado de Pernambuco protege os apicuns e salgados totalmente
cercados de mangue, e utiliza somente aqueles que fazem limite com terra firme; b)
os estados de Sergipe e Paraíba consideram todos como APP; c) a Bahia e Rio
Grande do Norte permitem o uso direto em todas as situações. Contudo, é defendido
como noção principal nesses casos, que possibilidade de uso direto não implica no
desaparecimento de apicuns e salgados; as resoluções estaduais que permitem uso
direto exigem a manutenção de uma reserva legal de 20%. Em síntese, em algumas
regiões, apicuns e salgados mereceram o status de Área de Preservação
Permanente, em outras não. Do ponto de vista da exploração comercial para a
carcinicultura marinha é preconizado que transformação de apicuns e salgados em
APPs comprometeria a expansão da atividade e colocaria na ilegalidade parte dos
empreendimentos legalmente em funcionamento na atualidade.
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FAMÍLIAS VEGETAIS MAIS COMUNS EM APICUNS E MARISMAS

6.1. POACEAE
Já apresentada em Restingas.

6.2. AIZOACEAE
Formas de Crescimento: Ervas suculentas.
Folhas alternas ou opostas, simples, raramente com estípulas.
Inflorescência cimosa, frequentemente reduzida a uma única flor; flores geralmente
não vistosas, actinomorfas, monoclamídeas, com brácteas formando um conjunto
semelhante a um cálice; cálice (3-)5(-8)-mero, geralmente gamossépalo; estames em
número igual ao das sépalas ou numerosos, livres ou unidos entre si, frequentemente
petalóides;disco nectarífero às vezes presente; ovário súpero ou ínfero, 2-5-carpelar,
1-5-locular, uni a pluriovulado.
Fruto cápsula, menos frequentemente drupa.

Aizoaceae possui distribuição predominantemente tropical, incluindo cerca de 130


gêneros e aproximadamente 2.500 espécies, sendo pouco representada no Brasil,
onde ocorre somente Sezuvium portulacastrum, nas dunas, apicuns e marismas
liltorâneos. Espécies de Aizoaceae são cultivadas como ornamentais.

6.3. BATACEAE (BATIDACEAE)


Formas de Crescimento: Ervas ou arbustos.
Folhas opostas, simples, sésseis, margem inteira, suculentas, com estípulas
rudimentares, decíduas.
Inflorescência espiciforme, estrobiliforme; flores não vistosas, unissexuadas
(plantas monóicas ou dióicas), actinomorfas, monoclamídeas (flores estaminadas) ou
aclamídeas (flores pistiladas), bractéolas 2, na base da flor, semelhantes a um cálice;
cálice tetrâmero, dialissépalo, sépalas ungüiculadas; estames 4, alternissépalos,
livres entre si, anteras rimosas; ovário súpero, bicarpelar, óvulos 2 por carpelo,
estigmas sésseis.
Fruto drupa.

Bataceae é uma pequena família constituída por um único gênero e uma ou duas
espécies, com distribuição pantropical, concentrada próximo ao litoral. No Brasil
ocorre apenas uma espécie, relativamente rara, Batis maritima, proveniente das
dunas litorâneas da região Nordeste, e de ocorrência também em apicuns e marismas.
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FORMAÇÕES VEGETAIS COSTEIRAS (4)

7. MACRÓFITAS AQUÁTICAS

As plantas aquáticas são conhecidas pelos pesquisadores como macrófitas aquáticas


(macro = grande, fita = planta). São vegetais que habitam desde brejos até ambientes
totalmente submersos (isto é, debaixo d'água).

As macrófitas aquáticas são, em sua grande maioria, vegetais terrestres que ao longo
de seu processo evolutivo, se adaptaram ao ambiente aquático, por isso apresentam
algumas características de vegetais terrestres e uma grande capacidade de
adaptação a diferentes tipos de ambientes (o que torna sua ocorrência muito ampla.

Terminologia
A terminologia utilizada para descrever o conjunto de vegetais adaptados ao ambiente
aquático é muito variada. Na literatura especializada podem ser encontrados termos
como: hidrófitas, helófitas, euhidrófitas, limnófitos, plantas aquáticas,
macrófitas, entre outros.

O termo macrófitas aquáticas (em inglês aquatic macrophytes ou simplesmente


macrophytes) pode ser considerado de uso mais corrente.

Do ponto de vista taxonômico 42 famílias de dicotiledôneas, 30 de monocotiledôneas,


17 de briófitas e 6 de pteridófitas apresentam exemplares de plantas aquáticas.

MACRÓFITAS AQUÁTICAS (Características)


. Plantas adaptadas ao ecossistema aquático.
. Apresentam características de vegetais terrestres, porém necessitam de maior
quantidade de água para sua melhor sobrevivência, apesar de suportar períodos de
estiagem.
. Possuem grande facilidade em se adaptar a diversos ambientes desde água doce,
salobra e salgada.
. Desenvolvem-se rapidamente sendo que alguns tipos podem dobrar de tamanho em
uma semana.
. Grande produção primária servindo de alimento a muitos animais.
. Retiram da água os nutrientes para seu desenvolvimento. Por isso, algumas
espécies tem sido usada para tratamento de efluentes, pela grande capacidade em
retirar da água matéria orgânica na forma de nitrogênio e fósforo e ainda podem
assimilar metais pesados.
. Podem viver em simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio que completam a
ciclagem.
. O aerênquima das plantas flutuantes forma um microambiente muito mais rico em
oxigênio, que atrai peixes e é substrato de alimento para alevinos.
. São hospedeiras para perifíton (algas), que alimento de plâncton (inclusive
ictioplancton, ou formas larvais de peixes), insetos aquáticos, moluscos, etc.
. Fornecem constantemente material orgânico para a cadeia de detritos, em que
reinicia a ciclagem de nutrientes.
. Capacidade filtradora e despoluidora - visível ao observar como a água sai barrenta
do rio e retorna transparente, após passar por campos de macrófitas.
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. Capazes de descontaminar a água de germes de doenças, através de antibióticos e


bactérias simbióticas (que matam patógenos) existentes nas raízes.
Em seu relacionamento com os microorganismos associados às raízes e partes
submersas - microorganismos degradam moléculas orgânicas, enquanto as plantas
absorvem os produtos da decomposição, junto com o N, P e outros elementos, e
fornecem substâncias e oxigênio aos de compositores.

Por constituírem um grupo muito grande, são geralmente classificadas em 5 grupos


ecológicos, baseados em seu modo de vida (biotipo) no ambiente aquático (Figura ).
Esses grupos são:

A) Macrófitas aquáticas emersas: enraizadas no sedimento, porém as folhas


crescem para fora da água. Ex: Junco, Taboa.

B) Macrófitas aquáticas com folhas flutuantes: enraizadas no sedimento e com


folhas flutuando na superfície da água. Ex: Vitória-régia.

C) Macrófitas aquáticas submersas enraizadas: enraizadas, crescendo totalmente


debaixo d'água. Ex: Cabomba.

D) Macrófitas aquáticas submersas livres: Permanecem flutuando debaixo d'água.


Podem se prender a pecíolos e caules de outras macrófitas. Ex: Utricularia.

E) Macrófitas aquáticas flutuantes: Flutuam livremente na superfície da água. Ex:


Alface d'água, Salvinia.
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As macrófitas aquáticas, principalmente as enraizadas, têm a habilidade de assimilar


os nutrientes presentes no sedimento. Durante a decomposição ou mediante a
excreção de compostos orgânicos podem liberá-los para a coluna de água. Desta
forma, o nutriente que anteriormente ficaria preso, através do efeito de bombeamento
do sedimento para a coluna de água, por intermédio da macrófita aquática,
rapidamente retorna ao ecossistema aquático.

Também constituem em importante microhabitat para muitos organismos, sendo local


de desova, proteção, alimentação, etc.

Em virtude do intenso crescimento as macrófitas aquáticas flutuantes podem ser os


principais produtores de matéria orgânica do sistema. Podem crescer, em condições
ótimas de luz e nutrientes, cerca de 5% ao dia com a potencialidade de cobrir boa
parte do espelho de água causando inúmeros problemas ambientais e na qualidade
da água como: prejuízos ao abastecimento de água, à navegação, aos usos múltiplos
dos reservatórios, entre outros.

BACEIROS DE MACRÓFITAS
Grupos flutuantes de macrófitas ao sabor das correntes vem corpos d’água.
Na Baixada Maranhense: Balsedos ou Bacedos

Decomposição
As macrófitas aquáticas contribuem com nutrientes e matéria orgânica para a água
através da mineralização de detritos alóctones presos na planta, o perifíton e a planta
secretam nutrientes e matéria orgânica para a água, e a macrófita aquática
senescente libera nutrientes durante sua decomposição.

PRINCIPAIS FAMÍLIAS E ESPÉCIES DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS

7.1. MARSILEACEAE

Marsilea crotophora D. M. Johnston (Trevo de Quatro Folhas)

Distribuição: México, Nicarágua, Venezuela, Amazônia, Bolívia, Paraguai e Oeste do


Brasil.
Hábito: Erva flutuante fixa, de folha emersa, de 10 a 20 cm de altura, estolonífera;
folhas glaucas, que se fecham à noite; esporocarpos pilosos próximos à metade do
pecíolo. É uma samambaia.
Ecologia: Diminui na sucessão, por sombreamento de macrófitas maiores, como E.
crassipes com a qual está frequentemente associada. Propaga-se vegetativamente
por divisão de plantas.
Ocorrência: margens de rios, lagoas, meandros, em solos argilosos.
Utilização: Ornamental. Plantas do gênero são usadas como trevo da sorte.
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7.2. PARKERIACEAE

Ceratopteris pteridoides (Hook.) Hieron (Couve D’água)

Distribuição: América Tropical, dos Estados Unidos à América do Sul; no Brasil, na


Amazônia e Centro-Oeste.
Hábito: Erva flutuante livre, podendo enraizar quando baixam as águas; anual;tem
dois tipos de folha – as estéreis são largas e fendidas, as férteis ou reprodutivas são
partidas, com enrolamento das margens protegendo os esporãngios. O tamanho varia
de 20 a 40 cm de altura.
Ecologia: Pioneira, junto com Salvinia e Lemnaceae, em águas ricas em nutrientes. É
invasora potencial de lagos artificiais.
Ocorrência: Abundante em áreas argilosas, rara em arenosas.
Utilização: Ornamental; usada em aquário é apropriada para desova de peixes.
Forrageira para peixes e aves aquáticas. Em ilhas do Pacífico, as folhas são utilizadas
como verdura, cultivada em arrozal.

7.3. SALVINIACEAE

Salvinia auriculata Aubl. (Orelha de Onça)

Distribuição: América Central e do Sul, de Cuba ao paraguai; em todo o Brasi.


Hábito: Erva aquática flutuante livre, anula ou perene; folha mede de 2,5 x 2,0 cm (ou
apenas 1 cm, quando jovem, confundindo com S. minima); as raízes partem de uma
estrutura em forma de U; esporocarpos com pedúnculo (1 cm) entre as raízes.
Ecologia: Folhas com pelos que repelem água, assim a superfície não se molha. As
raízes são folhas modificadas que, ao contrário, seguram água como uma esponja, e
sedimentos. Rápida proliferação. B Pioneira na sucessão em locais perturbado,
podendo cobrir totalmente a superfície da água. Invasora.
Ocorrência: Abundante no Pantanal, às vezes dominante.
Utilização: Ornamental, em aquários e jardins aquáticos. Útil para purificação e
oxigenação da água, mas a sua decomposição dimuniu o oxigênio. Serve de habitats
para organismos aquáticos. Pode servir como biofertilizante e/ou cobertura morta em
hortas, jardins e pomares.

Salvinia minima Bak, (Orelha de Onça)

Distribuição: Ampla nas Américas, nos Estados Unidos (Flórida), do México ao


Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil (Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Amazônia,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).
Hábito: Erva aquática flutuante livre, de até 8 cm de comprimento; folha arredondada
de 1,2 cm x 0,6 cm, com pelos abertos (aspecto de pé de galinha; pecíolo pequeno;
raízes piloso-brilhosas castanho, saindo de um mesmo ponto; esporocarpos (1mm )
ao longo de um eixo.
Ecologia: Pode ocorre com S. auriculata e Pistia stratiotes.
Ocorrência: Frequente em lagoas em planícies de inundação.
Utilização: Ornamental. Aquário.
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7.4. CABOMBACEAE

Cabomba furcata Schult. & Schult.f. (Samambaia)

Distribuição: América Central e do Sul até o rio Amazonas, Piauí, Minas Gerais, Mato
Grosso, mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul.
Hábito: Erva aquática submersa fixa, salvo as folhas flotantes de 1 cm de
comprimento, sagitadas (forma de ponta de flecha) que mantém a flor fora d’água; das
submersas, há três folhas por verticilo ou nó; caule delicado e quebradiço, às vezes
de cor avermelhada.
Ecologia: Água parada ou pouco corrente.
Ocorrência: Abundante no Pantanal e na Baixa Maranhense, em enseadas, em águas
transparentes.
Utilização: Apícola. Alimento de aves aquáticas, abrigo de invertebrados (insetos
aquáticos, caramujos), substrato para perifíton e microfauna. Abrigo e comida oe
peixes. Ornamental em aquário, jardins aquáticos e parques. Folha medicinal,
adstringente, contra disenteria e hemorroidas.

7.5. LENTIBULARIACEAE

Utricularia (foliosa L) (Samambaia)

Distribuição: Ampla, pantropical.


Hábito: Erva submersa livre, com flutuadores. Folhas jovens gelatinosas, envoltas por
muco protetor. Utrículos (daí o nome), com cerca de 1mm, que são pequenas bolsas,
onde são aprisionados e digeridos pequenos animais aquáticos, sugados quando
tocam nos pelos. Este suplemento nutricional compensa a baixa fotossíntese e a falta
de raízes.
Ecologia: Água parada ou de fluxo lento; perene. O fruto flutua, mas a semente afunda.
Ocorrência: Lagos e lagoas; campos inundáveis; solos arenosos e argilosos.
Utilização: Ornamental, para lagos e jardins. Alimento de peixes e aves aquáticas.
Abrigo de peixes e invertebrados aquáticos.

7.6. CONVOLVULACEAE

Ipomoea fistulosa (Mart. ex Choisy) D.F. Austin


Ipomoea carnea Jacq. subsp. fistulosa (Mart. ex Choisy) D.F. Austin
(Algodão Brabo)
Distribuição:
Hábito: Arbisto aquático emergente e tipicamente anfíbio (ou semi-aquático), perene,
ereto ou quase deitado, de 1 a 4m de altura; caule cheio de raízes na cheia; produz
flor e fruto quase o ano todo.
Ecologia: Invasora de campos, podendo ser dominante; aumenta com excesso de
pastejo e pisoteio. Os ramos acompanham a subida da água (em lâminas d’águ ade
até 4m ou mais) e depois da cheia caem no solo e enraízam (tática de guerrilha).
Semente com pelos (daí algodão), um mecanismos para flutuação e dispersão pela
água, germina em três dias e afunda. Plântula vigorosa, com dois cotilédones de 2,5
cm, os quais tem a forma de dois “V” opostos. Estabelece-se onde a cheia deixou o
solo descoberto. Adulta, com raiz em amido, rebrota após o corte, não sendo
controlada por fogo.
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Ocorrência: Áreas argilosas do Pantanal e Baixada Maranhense.


Utilização: América tropical, da Argentina aos Estados Unidos em todo o Brasil.
Tóxica (síndrome tremorgênica, ou treme-treme) para bovinos e ovinos; bubalinos e
caprinos parecem ser menos sensíveis à intoxicação.

7.7. CYPERACEAE

Eleocharis interstincta Roem. & Schult. (Junco)

Distribuição: América Tropical, dos Estados Unidos ao Rio Grande do Sul.


Hábito: Erva aquática, emergente, cespitosa, rizomatosa, perene, de 50 a 90 cm de
altura; caule 8 mm de diâmetro.
Ecologia: Aumenta via vegetativa, às vezes tornando-se dominante. Ocorrência:
Abundante principalmente em bordas de lago e lagoas, campos inundáveis.
Utilização: A semente é alimento de aves aquáticas. Dos caules, são feitas mantas
para proteção da costa de cavalo, com uso de selas e cangalhas.

Eleocharis minima Kunth (Barba de Bode)

Distribuição: América Tropical, dos Estados Unidos, México, América Central e do


Sul; no Brasil, até o Rio Grande do Sul.
Hábito: Erva aquática, submersa filamentosa; emergente e anfíbia terrestre em águas
baixas; perene ou de comportamento anual, 15-25cm de altura (submersa); 5-10cm
(fora d’água). Variável em seu aspecto, se submersa ou não; terrestre é cespitosa.
Ecologia: Aumenta com a perturbação. Na cheia, forma um emaranhado submerso.
Tem muito perífiton (algas). Ao secar, forma uma camada de lodo sobre o campo.
Ocorrência: Abundante em lagoas em águas rasas e campos inundáveis.
Utilização: Submersa, é habitat de organismos aquáticos.

Eleocharis acutangula (Roxb.) Steud. (Junco Triangular)

Distribuição: Ampla, cosmopolita – em todo o mundo.


Hábito: Erva aquática emergente, perene, rizomatosa, de 10 a 80 cm de altura
(conforme a profundidade da água).
Ecologia: Sobrevive como rizoma durante a seca, rebrota no início das chuvas,
acompanhando a subida das águas nos campos; floresce na baixa da água.
Ocorrência: Frequente a dominante em solos arenosos e argilosos.
Utilização: Forrageira para animais. Alimento de aves aquáticas. Também dos seus
caules podem ser feitas mantas e esteiras, como E. interstincta.

Typha domingensis (Pers.) (Taboa)

Distribuição natural ampla (regiões temperadas, subtropicais e tropicais nos dois


hemisférios): por vezes, dominante em várzeas pantanosas e outras áreas úmidas.
Planta perene, herbácea, cerca de 2,5m, que, com espigas da cor café contendo
milhões de sementes que se espalham com o vento.
Altamente adaptável, encontra-se por todo o mundo; espécie invasora.
Fibra durável e resistente, pode ser utilizada como matéria-prima para papel, cartões,
pastas, envelopes, cestas, bolsas e outros itens de artesanato.
93

Eficaz em reduzir contaminação bacteriana (até 98% da concentração de


enterobactérias); depuradora de águas poluídas, absorvendo metais pesados.

7.8. LEGUMINOSAE

Aeschynomene sensitiva Sw. (Cortiça)

Distribuição: México, América Central e do Sul e África.


Hábito: Arbusto ou subarbusto aquático emergente;de 1 a 3 m de altura, perene, com
uma quatro caules engrossados (esponjosos ou com aerênquima) na metade inferior,
saindo da base subterrânea com algumas raízes escoras; caule avermelhado, ramos
verdes ou de aspecto azulado. Folha sensitiva.
Ecologia: Pode germinar e começara a crescer na água rasa ou em solo encharcado.
Também é ribeirinha. Pode ser anual, bianual, ou trianual. O fruto se quebra em
artículos que flutuam, disseminados pela água.
Ocorrência: Frequente no Pantanal e na Baixada Maranhense; em solos arenosos e
argilosos, em faixas de bordas rasas de lagoas e brejos, beira de rios e campos
inundáveis.
Utilização: A semente é alimento de aves. Apícola. O caule pode ser usado como
rolha. Fixadora de nitrogênio. Ornamental.

Neptunia oleracea Lour. (Tripa de Vaca)

Distribuição: Ampla, pantropical, América Central e do Sul, Ásia e África.


Hábito: Erva aquática flutuante livre ou fixa, perene; folhas sem glândulas no primeiro
par de folíolos; fruto com ponta em forma de foice, com até cinco sementes.
Ecologia: Água parada ou lenta; pode sobreviver em solo úmido; multiplica facilmente,
até quando cortada por barcos.
Ocorrência: Frequente em bordas de lagoas e rios, planícies de inundação.
Utilização: Apícola. Comestível. Cultivada na Ásia como hortaliça (folhas e brotos
tenros, além das vagens são comidas cozidas ou cruas).

7.9. ARACEAE

Pistia stratiotes L. (Alface D’água)

Distribuição: Cosmopolita tropical e subtropical; Brasil todo.


Hábito: Erva Aquática flutuante livre, estolonífera, anual ou perene; folha esponjosa;
tamanho variado, conforme o ambiente. Única espécie do gênero.
Ecologia: Água parada ou pouco corrente. Sobrevive semi-enraizada em solo úmido.
Polinizada por insetos. A semente é dispersa por água, germinando ao afundar, daí a
planta vem à tona. Pioneira, aumenta após ano seco, na água nova com nutrientes de
material orgânico decomposto, portanto, indicadora de eutrofização. Boa
colonizadora, principalmente em água poluída; invasora; praga em ambientes
aquáticos.
Ocorrência: Em todo o Pantanal; Baixada Maranhense; às vezes dominante nesses
ambientes inundáveis.
Utilização: Ornamental. Em piscicultura, usada para sombra e desova de peixes nas
raízes. Abrigo e comida para organismos aquáticos. Tem grande capacidade
94

despoluidora. Cristais de oxalato de cálcio podem ser eliminados com cozimento,


sendo usadas como alimento na África.

Lemna aequinoctialis Welw. (Lentilha D’água), consideradas as menores


Angiospermas.

Distribuição: Cosmopolita, pantropical, América do Norte e do Sul, Europa, África e


Ásia.
Hábito: Erva aquática flutuante livre, anual, de 2 a 3 mm de comprimento, com três
nervuras.
Ecologia: Ocorre em populações quase puras. Pode sobreviver vários dias em solo
úmido. O banco de sementes, deixado na seca, germina na enchente, em explosão
de plântulas que cobrem o corpo d’água, podendo formar uma camada de 1 cm,
ocultando espelho d’água.
Ocorrência: Esparsa a muito frequente, principalmente em água parada; locais
antropizados.
Utilização: Usada em despoluição de água, como filtro biológico (retenção de
coliformes e metais pesados e excesso de nutrientes, como fosfatos). Alimento de
insetos e aves aquáticas. Ornamental em aquário.

7.10. MARANTACEAE

Thalia geniculata L. (Guarimã do Campo)

Distribuição: América tropical, dos estados Unidos e Amazõnia à Argentina e África.


Hábito: Erva aquática emergente (ou anfíbia), perene, rizomatosa, em touceira, ereta,
de 1 a 3 m de altura. Base com muito aerênquima. O lado de baixo da folha tem
cerosidade (pó branco). Produz flor (com duas pétalas brancas e duas roxas). Podem
ter folhas mais largas e mais estreitas, conforme o solo.
Ecologia: AS sementes são espalhadas pela água. À noite as folhas ficam na vertical
e fecham-se. A parte aérea geralmente seca e morre após a cheia. O rizoma sobrevive
à seca e ao fogo. Forma grandes populações. Pode se tornar invasora.
Ocorrência: Comum no Pantanal e Na Baixada Maranhense; em lagoas, brejos,
campos inundáveis.
Utilização: Forrageira de animais. Rizoma com amido comestível, cozido, mas de
pouco sabor. Apícola. Semente é alimento de aves, especialmente a Jaçanã. Caule
tem boa fibra para usos variados.

7.11. MENYANTHACEAE

Nymphoides indica L. (Gapeua)

Distribuição: Cosmopolita pantropical, América Central e do Sul, tropical e subtropical


até a Argentina e o sul do Brasil.
Hábito: Erva flutuante fixa, perene, com glândulas em baixo da folha; produz flor em
grande parte do ano.
Ecologia: Cada flor dura um dia. O fruto submerge e madurece na água. A planta
acompanha a subida da água na cheia, crescendo 30 cm por dia, até 3,5-4m de
profundidade, daí morre. Pode se tornar invasora em área perturbadas.
95

Ocorrência: Solos argilosos, de áreas inundáveis; margens de lagos e lagoas.


Utilização: Utilização apícola. Forrageira para gado. Ornamental. Vermífuga. Na África
serve para fazer sal.

7.12. NYMPHAEACEAE

Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. (Gapeua Grande)

Distribuição: Ampla na América tropical, do México e Guianas ao Paraná.


Hábito: Erva aquática flutuante fixa, perene (enquanto tiver água).
Ecologia: Típica de corpos d’água de águas paradas; totalmente aquáticas (sem água
morrem). A folha tem superfície encerada que repele água, para não bloquear os
estômatos. A folha juvenil é submersa. A flor abre duas noites; o dor de éter ou
acetona atrai besouros polinizadores; depois a flor submerge para frutificação. As
sementes maduras são esguichadas do fruto e se espalham na água. A semente é
envolta em massa mucilaginosa, revestida de membrana com ar, que o vento leva.
Ocorrência: Abundante no Pantanal, na Baixada Maranhense; água parada ou pouco
corrente de lagos, lagoas, campos inundáveis, brejos.
Utilização: Flor e sementes comidas por aves; animais aquáticos desovam nas folhas.
Ornamental.

7.13. ONAGRACEAE

Ludwigia helmintorrhiza (Mart.) Hara (Agrião D’água)

Distribuição: Pantropical, cosmopolita, do sul dos Estados Unidos e México ao Peru,


Paraguai e Brasil (Pernanbuco, Ceará, Piauí, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro,
Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul); Europa.
Hábito: Erva aquática flutuante livre, com flutuadores esponjosos (raízes esponjosas
ou pneumatóforos), passando a fixa e porte subereto quando a água baixa ou se
estiver na borda; perene; flor branca.
Ecologia: Água parada. Sobrevive em solo úmido, mas morre quando seca; produz
muitas flores e sementes.
Ocorrência: Frequente em vegetação flutuante em planícies de inundação, lagoas.
Utilização: Apícola. Forrageira. Sementes são alimento de aves aquáticas. Os
flutuadores são alimento para insetos e peixes. Ornamental de aquário.

Ludwigia sedoides (H.B.K.) Hara (Sem Nome Comum)

Distribuição: Ampla, do México e América Central ao Brasil (Roraima, Acre,


Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo), Bolívia e Paraguai.
Hábito: Erva aquática flutuante fixa, perene; caule não esponjoso; as folhas são
avermelhadas na face inferior e dispostas em uma espécie de roseta geométrica, com
várias séries helicoidais na superfície da água.
Ecologia: Prefere água permanente, entre 0,5 a 1,5 m de profundidade; sobrevive em
solo úmido; desaparece se a área secar, até a próxima cheia.
Ocorrência: Frequente em planícies de inundação; em lagoas e vazantes, água
parada ou pouco corrente, solos arenosos ou argilosos.
Utilização: Ornamental. Apícola. Forrageira eventual.
96

7.14. POACEAE

Echinochloa polystcahia (H. B. K.) Hitchc. (Canarana)

Distribuição: Ampla, desde os Estados Unidos até a Argentina; no Brasil, mais


frequente na região amazônica.
Hábito: Erva anfíbia ou emergente ou semiflutuante ou flutuante fixa ou livre, perene,
de 0,5 a 1,5 m de altura e vários metros de comprimento.
Ecologia: Rápida na cheia na colonização de áreas; sobrevive na seca, diminuindo
tamanho; não tem rizomas, somente gemas aéreas, por isso não aguenta fogo.
Invasora de lagos, lagoas, represas e canais.
Ocorrência: Planícies de inundação; campos inundáveis, baceiros, vazantes, canais,
beira de rios, lagos e lagoas.
Utilização: Forrageira (principalmente cavalos, daí Echinochloa). Sementes comidas
por aves; na Baixada, alimento da Jaçanã; ao cair na água, são alimento de peixes.

Paspalum repens Berg. (Capim Boiador)

Distribuição: América tropical, do sul dos Estados Unidos, México e norte da América
do Sul à Argentina.
Hábito: Erva flutuante fixa ou flutuante em baceiros; embora enraizada, seus ramos
crescem a grande distância para dentro d’água, eventualmente desprendem-se e
formam ilhas flutuantes. Estolonífera; reconhece-se pelas pintas roxas na bainha da
folha.
Ecologia: A semente é espalhada pela água e por peixes; componente de baceiros,
tornam-se móveis, flutuantes; rebrota rapidamente no início da cheia.
Ocorrência: Frequente em rios, meandros, lagoas, canais.
Utilização: Forrageira. Sementes são alimento de peixes e aves.

7.15. PONTEDERIACEAE

Eichhornia crassipes (Mart.) Solms. (Mururu)

Distribuição: Nativa da América do Sul tropical; presente atualmente em todos os


continentes.
Hábito: Erva aquática flutuante fixa, perene, estolonífera. Hábito e tamanho (15 a 80
cm de altura) podem variar; distingue-se por pétalas de bordas lisas.
Ecologia: O eixo floral se inverte na frutificação, liberando a semente na água, que a
carrega. A semente afunda, sobrevive submersa, germinando na seca (pode ficar
dormente por muitos anos, germinando com água). Temida invasora aquática. Duplica
de biomassa a cada duas semanas (200t/ha/ano).
Ocorrência: Abundante em rios, planícies de inundação, campos, lagos e lagoas.
Utilização: Apícola. Forrageira de aves, peixes, porcos (dá sabor à carne). Não é
pastada pelos cristais de oxalato de cálcio. Das cinzas, fazia-se sal, por índios. Fibras
usadas em artesanato no Pantanal. Ornamental.
97

PALMEIRAS
Se uma pessoa identifica uma planta como pertencente à família das palmeiras
(Palmae ou, alternativamente, Arecaceae), essa pessoa pode imediatamente inferir
um grande número de informações a respeito dessa planta - sua morfologia e
anatomia floral peculiares, sua semente com uma estrutura única e muitas outras
características anatômicas, citológicas e químicas.

Essas inferências provavelmente serão provadas verdadeiras, mesmo para uma


palmeira qualquer ainda não estudada, porque virtualmente, todas as palmeiras
possuem uma uniformidade básica que se aplica tanto àquelas conhecidas quanto
àquelas ainda não estudadas. Dessa forma, a afirmação de que uma planta pertence
a família Palmae, se correta, automaticamente prevê muitos caracteres que serão
aplicáveis àquela planta.

Uma classificação que permite esse tipo de previsão é chamada de classificação


previsível e os grupos delimitados por esse tipo de classificação são chamados grupos
naturais. As palmeiras constituem um grupo natural, primeiro reconhecido por
Linnaeus (1753) e depois por todos os outros naturalistas envolvidos com a
classificação das palmeiras.

Posição taxonômica hoje (Uhl & Dransfield, 1987):


Ordem: Arecales / Principes

Palmae foi publicado pela primeira vez como um nome válido para a família por
Jussieu em 1789. O nome Arecaceae foi publicado por Schultz-Schultzenstein em
1832. O nome Principes foi usado por Linnaeus para a Ordem, em 1753.

As palmeiras começaram a ser apresentadas à ciência através do estabelecimento


holandês no Oriente. O crescente interesse em botânica tornou-se tão disseminado
que alcançou um alto administrador, Heinrich Van Rheede tot Draakenstein,
Governador das Possessões holandesas em Malabar, na India, que custeou a
publicação de 12 volumes do Hortus Malabaricus (1678-1703), sob a supervisão de
Jan Commelin, um professor de botânica de Amsterdã. Este estudo seria melhor
classificado como botânica econômica, porque traz descrição de cultivo, usos, nomes
vernaculares, estórias e lendas das palmeiras mais comuns que tinham já estado em
cultivo por muito tempo. Foi, de qualquer forma, como a botânica de palmeiras
começou, embora para nenhuma das palmeiras tenha sido um nome botânico.

As fundações para a nomenclatura e classificação modernas de plantas foram


estabelecidas por Linnaeus (1753), quando escreveu o “Species Plantarum”; nesta
obra, Linnaeus deu nome a apenas 10 espécies de palmeiras. As palmeiras foram
reconhecidas, então, como um grupo distinto de plantas.

LIMITES CLIMÁTICOS DAS PALMEIRAS


As palmeiras são encontradas por toda a extensão dos trópicos úmidos e subtrópicos,
mas estão ausentes nos desertos e semidesertos, exceto onde a água superficial
encontra-se próxima à superfície. Somente um número muito pequeno de palmeiras
ocorre em regiões temperadas.
98

Os requisitos de clima têm feito as palmeiras particularmente vulneráveis a mudanças


drásticas. A precariedade de palmeiras na África pode ser em parte devido a
mudanças súbitas no clima, especialmente de precipitação pluviométrica, o que é de
conhecimento de vários autores ter ocorrido durante o Pleistoceno.

MORFOLOGIA DAS PALMEIRAS


A Folha
A folha é o órgão das palmeiras mais evidente e distintivo. A folha da palmeira tem
estrutura e desenvolvimento unificado. Entretanto, torna-se mais facilmente descrita
em termos de um eixo distinto e uma lâmina. O eixo por sua vez, consiste de dois
componentes: o pecíolo (incluindo o raque e uma bainha basal). Em termos
biomecânicos, estas três regiões (lâmina, pecíolo e bainha) são distintas, já que cada
uma é construída de modo muito diferente.

1. Lâmina da folha - Uma superfície corrugada, que embora de grande área total, é
mecanicamente mais forte do que uma superfície plana. Isto porque, mecanicamente,
a carga é concentrada nas ondulações de um modo que o stress do material em cada
lado é contrabalançado; a nervação ao longo dessas regiões adiciona ainda mais
resistência. Nas palmeiras, o plissamento permite o desenvolvimento de folhas
maiores do que em qualquer outro grupo de plantas terrestres, tanto em comprimento
quanto em área foliar. A segmentação da lâmina está relacionada com a expansão
da lâmina e com a redução da resistência ao vento.
2. Pecíolo e raque. O eixo da folha está inserido somente de um lado e suporta a
folha distalmente, ou seja, funciona como uma viga, em termo de engenharia.
3. Bainha foliar tubular. Este órgão desenvolve-se primeiro como um tubo fechado
que passa por considerável modificação durante toda a vida da folha.

Divisão esquemática geral da folha em palmeiras.


99

Descrição Geral
Em seu método de desenvolvimento, a folha das palmeiras mostra características
únicas entre as plantas vasculares. (Moore, 1973).

Tamanho - As folhas das palmeiras diferem enormemente em tamanho quando na


maturidade. Entre as menores estão as lâminas bífidas ou não-divididas com lâminas
algumas vezes com menos de 15 cm de comprimento; em contraste, existem as
lâminas com comprimento de até 25 metros, as maiores do reino vegetal. Muitas
espécies tem folhas com comprimento médio de 7-8 metros. As folhas também
diferem marcadamente em tamanho e forma em progressão da primeira folha com
lâmina das plântulas até a lâmina madura.

Plissamento - A lâmina é sempre dobrada.

Divisão - As lâminas das palmeiras maduras podem ser inteiras ou bífidas no ápice,
ou mais comumente, divididas regularmente ou irregularmente em um segmento ou
vários segmentos. Essas divisões são chamadas segmentos em folhas palmadas e
costapalmadas e folíolos ou pinnae em folhas pinadas. Em outros gêneros há uma
aproximação da condição bipinada por folíolos primários que se dividem
longitudinalmente.

Pinada

Variação em formas de folhas de palmeiras. (modificado de Uhl & Dransfield, 1987;


Tomlinson, 1990).
100

A Folha Pinada - Diferentes formas de folhas pinadas ocorrem. A lâmina pinada, em


grandes grupos tais como das tribos Calameae, Areceae e Cocoeae, exibem quase
toda a variação, que vai da segmentação até as folhas não divididas, regularmente
pinadas. Os folíolos podem ser de grupos em um plano, ou de grupos em vários
planos.

Dística, paripinada Bijugada Folíolos agrupados

Trijugada Imparipinada Folíolos subopostos

Variações de folhas pinadas de palmeiras. (modificado de Blombery & Rodd, 1982;


Uhl & Dransfield, 1987).

Os folíolos distais são modificados em ganchos retos ou recurvados nas espécies


trepadeiras (no Maranhão, em duas espécies do gênero Desmoncus). Outra
modificação interessante nas espécies trepadeiras consiste na extensão distal do
raque além dos folíolos como um órgão especializado de subida (cirros), dotado de
espinhos recurvados.
101

cirros
Estruturas foliares especiais em palmeiras. (modificado de Tomlinson, 1990).

A Folha Bipinada - A folha duplamente composta de Caryota é distinta entre as


Angiospermas. As folhas podem chegar até 10 metros de comprimento nas espécies
maiores. O raque primário é composto de uma série de raquíolos secundários, cada
um dos quais com um número de folíolos muito característicos, na forma de rabos de
peixe.

Folha bipinada (Caryota)


102

AS PALMEIRAS NO BRASIL E NO MARANHÃO


Nenhuma outra área da superfície da Terra pode ser comparada ao Brasil, no que se
refere às palmeiras, com a ocorrência de mais de 500 espécies. Da floresta equatorial
úmida no extremo norte até as planícies do extremo sul, as palmeiras ocorrem em
abundância e, em algumas áreas, as formações de espécies palmáceas se estendem
por milhares de quilometros.

Em muitas regiões brasileiras, as palmeiras são a vida do povo. A variedade de gêneros


e espécies proporciona também uma considerável variedade de usos, diferindo em
intensidade, no grau de aproveitamento e até na dependência das pessoas às palmeiras,
em função das condições econômicas e sociais das áreas de ocorrência.

As palmeiras no Brasil constituem um fator importante na economia de vários estados,


além de constituir uma característica ornamental no país inteiro. O que se tem sobre as
nossas palmeiras é muito pouco, como é pouco o que se tem racionalmente explorado
das palmáceas brasileiras, caracterizando o extrativismo, praticamente como a única
alternativa utilizada na exploração. Os estudos são insuficientes e descontinuados, com
resultados obtidos por pesquisadores isolados.

O estado do Maranhão com uma extensão territorial de 328.663 km² apresenta uma
diversificada condição ecológica e revestimento florístico, onde se acentua a floresta de
Babaçu (Orbignya phalerata Martius), com uma área mapeada de 10,3 milhões de
hectares (MIC/STI, 1982). A palmeira Babaçu tem múltiplas utilizações, que envolvem
as folhas, o estipe e os frutos.

Além do Babaçu (Orbignya phalerata), pelo menos outras vinte e cinco espécies de
palmeiras ocorrem naturalmente no Maranhão: a Piaçava (Orbignya eichleri Dr.), a
Piaçava Alta (Orbignya teixeirana Bond.), um híbrido natural entre o Babaçu e a Piaçava;
a Macaúba (Acrocomia aculeata), a Pupunha (Bactris gasipaes), o Tucum (Astrocaryum
vulgare; A. gynacanthum; A. campestre), a Bacaba (Oenocarpus distichus), a Juçara ou
Açaí (Euterpe oleracea), o Anajá (Maximiliana maripa), o Perinão (Markleya
dahlgreniana), outro híbrido natural, desta vez entre o Babaçu e o Anajá; a Carnaúba
(Copernicia prunifera), o Marajá (Bactris brongniarti; e pelo menos outras duas
espécies), o Buriti (Mauritia flexuosa), a Titara (Desmoncus orthacanthos; D.
polyacanthos.), o Ubi (Geonoma baculifera), a Buritirana (Mauritiela armata), a Paxiba
ou Pirinã (Scheelea phalerata), o Ariri (Syagrus cocoides; S. comosa e S. inajai), e o
Coco de Chapada (Allagoptera leucocalyx).

Estas palmeiras representam regionalmente papéis importantes na vida das


comunidades rurais maranhenses. Entretanto, da exploração extrativista variada resulta
a má utilização e as ameaças às espécies. A pesquisa existente com palmeiras no
Maranhão diz respeito, quase que exclusivamente ao Babaçu; há necessidade, então,
de estudar as outras espécies, conhecer suas áreas de ocorrência, tamanho das
populações, número de espécies por gênero, ecologia, condições de aproveitamento e
manejo e sua relação com o homem que as explora.
103

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

BOTÂNICA COSTEIRA
Prof. Dr. Claudio Urbano B. Pinheiro

MÓDULO III
(Manguezais, Plantas Invasoras,
Coleta Botânica, Fitossociologia,
Adaptações Vegetais, Etnobotânica)
104

IXV. MANGUEZAIS

O manguezal é considerado um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes


terrestre e marinho. Característico de regiões tropicais e subtropicais, está sujeito ao
regime das marés, dominado por espécies vegetais típicas, às quais se associam a
outros componentes vegetais e animais.

O ecossistema manguezal está associado às margens de baías, barras, enseadas,


desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de
águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. A cobertura
vegetal, ao contrário do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, instala-se em
substratos de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob a ação diária
das marés de água salgada, ou pelo menos, salobra.

A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam os
grandes "berçários" naturais, tanto para as espécies características desses
ambientes, como para peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras
durante, pelo menos, uma fase do ciclo de sua vida.

No mundo são conhecidas 51 espécies de mangue. A maioria – 43 – é encontrada no


Oriente: na Ásia, Austrália e na costa leste do continente africano. No Ocidente, o
bioma se distribui na costa oeste da África e na costa leste do continente americano,
incluindo o Brasil. O País conta com seis espécies, das quais quatro ocorrem no
Nordeste.

Localização dos Manguezais no Brasil

No mundo existem cerca de 162.000 km2 manguezais. No Brasil, existem cerca de


25.000 km2 de florestas de mangue, que representam mais de 12% dos manguezais
do mundo inteiro. No Maranhão existem cerca de 5.000 km 2 manguezais.

Os manguezais estão distribuídos desde o Amapá até Laguna, em Santa Catarina, no


litoral brasileiro, nos estuários de vários rios, apresentando solos alagados e instáveis,
ricos em matéria orgânica e pouco oxigenados e são áreas de reprodução de diversas
espécies marinhas.

Os manguezais são ecossistemas costeiros típicos de regiões com sedimento limoso,


que sofrem imundações periódicas durante a maré alta, de tal forma que apresentam
solo alagado, movediço, pouco arejado e com alta salinidade. Com base no texto
anterior, cite duas adaptações das plantas que permitem o seu desenvolvimento
nesse tipo de ambiente, justificando o porquê de cada uma.
105

O manguezal é um ambiente sujeito a processos marinhos, estuarino e lagunar,


podendo ser alterado representativamente pela modificação de processos
hidrológicos e hidrodinâmicos, interagentes de sedimentação e de "sistemas
vizinhos".

Os bosques de manguezal variam segundo a latitude, o meio físico, a hidrografia e a


atmosfera, garantindo a variedade botânica e zoológica. São cerca de 60 tipos de
árvores diferentes e outras 20 associações oferecendo suporte a mais de 200
espécies animais em todo o mundo.

O estabelecimento do ecossistema, onde se instalam árvores e arbustos


característicos dos mangues, está vinculado à existência de redutores de
sedimentação fina que formam um solo fluido e pouco compactado, dificultando a
sustentação, um solo pouco oxigenado na superfície e desprovido de oxigênio abaixo
dela.

O substrato é retido pelas raízes e troncos das árvores, absorvendo a matéria orgânica
produzida por cada unidade.

Mangue ou Manguezal?
Mangue é apenas a vegetação.
Manguezal é o ecossistema, que engloba toda a fauna e flora do lugar.

Espécies dos Manguezais Brasileiros

. Rhizophora mangle (Mangue Vermelho),


. Laguncularia racemosa (Mangue Branco),
. Avicennia germinans (Mangue Preto, Siriba),
. Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke (Tinguí, Siriúba)
. Conocarpus erectus (Mangue de Botão).
106

Locais de Ocorrência das Espécies


A existência de zonas monoespecíficas nos manguezais onde Laguncularia
racemosa L. e Rhizophora mangle L. em geral ocupam locais sob maior influência da
maré e Avicennia germinans L. está restrita a locais de salinidade mais baixa.

Parâmetros físicos e químicos do sedimento e suas relações com a concentração dos


nutrientes foliares podem estar associados à distribuição das espécies: A.
germinans domina sítios com menores valores de pH, de salinidade, de carga de troca
catiônica e de silte e alto teor de argila, quando comparada às outras duas espécies.

Devido à pouca oxigenação do solo, desenvolvem raízes aéreas de geotropismo


negativo (pneumatóforos), assim, durante a maré cheia parte delas permanecem
expostas ao ar para absorver o oxigênio que não encontram na água. É o caso
da Laguncularia racemosa (L.) Gaertn f. (mangue-branco) e da Avicennia
schaueriana Stapf & Leechman (mangue-preto, siriúba ou mangue-siriúba).

Para resistir às oscilações da maré e à instabilidade do solo lodoso, elas possuem


caules suportes para melhor sustentação, os rizóforos, como a Rhizophora
mangle Linnaeus (mangue-vermelho ou mangue-charuto).

Paraíso das Aves


Uma ave, de cor vermelha intensa se destaca entre o verde da mata dos
manguezais: o guará (Eudocimus ruber).

Esse colorido exuberante que ele apresenta em seu habitat natural se deve ao
pigmento de alguns crustáceos de sua alimentação, a cataxantina, que transforma
suas penas brancas em vermelho púrpura. Em cativeiro sua cor é esmaecida pela
falta desta substância.

No Zoológico de São Paulo se adiciona um corante artificial em sua alimentação,


buscando manter a coloração da espécie o mais próxima possível da natural.

Os Manguezais e os Animais
107

Milhares de peixes vivem dentro da água escura dos manguezais. Olhando a


superfície vemos o movimento de cardumes e de vários peixes saltando fora da água
fugindo de seus predadores. Os manguezais abrigam animais provenientes de
ambientes marinhos como peixes, crustáceos e moluscos. Nos ecossistemas
agregados em água doce encontramos o pitu e vários peixes.

Alguns animais passam toda sua vida no mangue, outros apenas uma fase. A tainha
(Mugil sp) desova nos mangues e volta para o mar, alguns camarões nascem no mar
e ficam no mangue até atingir o estágio juvenil. Aves migratórias descansam e se
reproduzem no mangue. Mamíferos como o guaxinim ou mão-pelada (Procyon
cancrivorous) e a lontra (Lutra longicaudis) o visitam a procura de alimento.

Caranguejos
Um deles pode ser observado no tronco das árvores e na sua copa. Ele é conhecido
como xexéu ou aratu (Aratus pisonii) e tem uma capacidade incrível de se locomover
com o corpo colado à casca da árvore. Alimenta-se de tecidos vegetais, algas e
pequenos animais.

Outro caranguejo bastante frequente é o uçá (Ucides cordatus), que é comestível e


explorado comercialmente. Ele chega a ter cerca de 15 cm, suas patas são roxas e a
carapaça esverdeada. Durante a caminhada é frequente deparar com os catadores
de caranguejos buscando-os na lama e em suas tocas.

Pode-se acompanhar luta entre machos de chamamaré (Uca rapax). Eles possuem
garras de tamanhos distintos e se agarram por elas como um tradicional braço de ferro
em câmera lenta.
108

Futuro de Mangue Depende de Mosca


Ao contrário da maioria das plantas, que têm na abelha seu principal polinizador, o
mangue depende de uma mosca para se reproduzir. É o que mostra pesquisa da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que analisou durante quatro anos a
floração de um manguezal em Catuama, município de Goiana, na Zona da Mata Norte.

A mosca, da espécie Palpada albifrons, tem menos de dois centímetros e corpo preto
e vermelho. O inseto busca o néctar das flores de três dos quatro tipos de mangue
encontrados no local: o Mangue Preto, o Mangue Branco e o Mangue de Botão. Ao
se alimentar do recurso, o inseto entra em contato com o pólen, e acaba transportando
involuntariamente os grãos de uma para outra flor.

No pólen, produzido no estame, estão os gametas masculinos das plantas. Os


femininos ficam nos óvulos que se encontram no interior da flor, num órgão
denominado gineceu.

O único tipo de mangue que não precisa do inseto para se multiplicar é o Mangue
Vermelho. Os pesquisadores identificaram que, no caso dessa espécie, é o vento, e
não um animal, que se encarrega de levar o pólen - anemofilia.

Além da mosca, o mangue conta com abelhas, borboletas, mariposas e vespas para
se perpetuar. “Mas a mosca é o principal polinizador”, atesta a botânica Tarcila Correia
de Lima Nadia. Professora do campus da UFPE em Vitória de Santo Antão, Tarcila
realizou a pesquisa para a tese de doutorado em biologia vegetal da UFPE.

O trabalho foi concluído em 2009 na UFPE. As abelhas predominam como


polinizadoras no Cerrado, na mata atlântica e na caatinga. O mangue foge à regra dos
ecossistemas brasileiros - atesta a pesquisadora.

Os resultados são fundamentais para traçar estratégias de conservação do


manguezal. Trata-se de um dos ecossistemas que, embora protegidos por lei, mais
sofrem pressão urbana, por se encontrarem na zona costeira.
109

Principais Fatores de Degradação


. Aterro e Desmatamento
. Queimadas
. Deposição de Lixo
. Lançamento de Esgoto
. Lançamento de Efluentes Industriais
. Dragagens
. Construção de Marinas
. Pesca Predatória

Os mais graves efeitos provocados pela superutilização humana dos manguezais são
os que acarretam um desmatamento em larga escala. Há destruição total das árvores
para uso de lenha e carvão. Se o processo de desmatamento se associar ao uso de
máquinas e ao aterramento, remove-se e a terra (com sementes e plântulas) e a
recolonização da área se torna praticamente impossível.

As retificações de drenagem para evitar inundações locais alteram a rede de


drenagem, a jusante do mangue ou em seu interior, causando ressecamento. Em
áreas de desenvolvimento industrial e agrícola, metais pesados, petróleo e seus
derivados, pesticidas e herbicidas, quando atingem áreas estuarinas e costeiras a
elevadas concentrações, causam disfunções enzimáticas em animais e plantas,
causando a possível morte dos manguezais.

Apesar de ainda terem extensão relativamente grande no país e serem protegidas e


fiscalizados, as áreas de mangues brasileiras tiveram uma redução de cerca de 46,4%
num período de catorze anos.

Um artigo publicado em 2001 na revista American Bioscience, por pesquisadores da


Universidade de Boston, mostra um levantamento da destruição desse ecossistema,
baseado no Atlas Mundial de Manguezais, feito em 1997 a partir de fotos de satélites.
De acordo com o estudo, o Brasil tinha uma área de aproximadamente 25 mil
quilômetros quadrados de manguezais em 1983 e, segundo fotos de satélites, passou
a ter apenas 13,4 mil quilômetros quadrados em 1997.

As principais causas são a proliferação de fazendas para exploração do camarão e o


desmatamento para uso da lenha do mangue. Mas existem outros agentes de
degradação, como esgotos industriais e domésticos e acidentes envolvendo
derramamento de óleo nas águas costeiras do oceano.
110

Importância dos Manguezais


Desempenha importante papel como exportador de matéria orgânica para o estuário,
contribuindo para produtividade primária na zona costeira.

É no mangue que peixes, moluscos e crustáceos encontram as condições ideais para


reprodução, berçário, criadouro e abrigo para várias espécies de fauna aquática e
terrestre, de valor ecológico e econômico.

Os mangues produzem mais de 95% do alimento que o home captura no mar. Sua
manutenção é vital para manutenção das comunidades pesqueiras em seu entorno.

Os Manguezais no Maranhão
Os estados do Maranhão, Pará e Amapá, inseridos na Amazônia Legal Brasileira,
detêm cerca de 50% da área de manguezais do país (Mochel, 2002). As espécies
ocorrentes nas florestas de mangue do litoral maranhense: o Mangue Vermelho,
(Rhizophora mangle) o Mangue Branco (Laguncularia racemosa) e o Mangue Preto
ou Siriba (Avicennia germinans), além do Mangue Tinguí ou Siriúba (Avicennia
schaueriana) e o Mangue de Botâo (Conocarpus erectus).

Aproximadamente 80% dos manguezais do país estão nas regiões Norte e Nordeste,
especialmente nos estados do Amapá, Pará e Maranhão. Este último possui cerca de
500 mil hectares de mangue. No Maranhão, são registradas grandes marés, de até 8
metros de altura, com grande penetração no continente. Por isso, há tantos
manguezais no Maranhão.

Localização das Áreas de Manguezais na Ilha de São Luis

Fonte: Espig, Reis e Araújo (2007)


111

Legislação de Proteção
O manguezal é enquadrado no Brasil como área de preservação permanente, incluído
em diversos dispositivos constitucionais - impõe ordenações do uso e/ou de ações em
áreas de manguezais.

Legislação relacionada:
. Constituição Federal de 1988, artigo 25
. Lei Federal no 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
. Código Florestal – Lei no 4771/1965
. Novo Código Florestal Brasileiro - Lei no. 12651 de 25/05/2012; alterada pela Lei no.
12.727 de 17/10/2012).
. Lei Estadual No. 5.405 de 08.04.92
. Resolução CONAMA no 04/1985
, Resolução CONAMA No. 303, de 20 de março de 2002).

Os manguezais são protegidos pela Constituição Federal. Por fazer parte da zona
costeira, esse ecossistema é, segundo o parágrafo 4º, do artigo 225, 'patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da Lei, dentro de condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais'. A própria Constituição do Maranhão inclui os manguezais entre as Áreas de
Preservação Permanente (APP).

A Resolução N.º 369/2006, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama),


estabelece que as áreas de mangue não podem sofrer supressão de sua vegetação
ou qualquer tipo de intervenção, salvo em casos de utilidade pública ou relevante
interesse social. Nestas situações, o procedimento só pode ser feito mediante decreto
governamental.

A legislação também prevê que, em caso de supressão da vegetação, deve ser feito
replantio de área de igual tamanho ou compensação ambiental, que pode envolver
atividades de conservação de matas nativas.
112

FAMÍLIAS VEGETAIS NOS MANGUEZAIS

1) FAMÍLIA RHIZOPHORACEAE

Árvores ou arbustos, às vezes com rizóforos (Rhizophora).


Distribuição pantropical, incluindo 16 gêneros e cerca de 150 espécies.

No Brasil ocorrem três gêneros e cerca de 15 espécies.

Destaca-se o mangue Vermelho (Rhizophora mangle), árvore dominante na paisagem


dos manguezais nos neotrópicos, com estrturas denominadas rizóforos, que foram
por muito tempo interpretadas como sendo raízes escoras, mas que tem natureza
caulinar.

Os demais gêneros nativos ocorrem predominantemente na Amazônia:


. Cassipourea
. Rhizophora
. Sterigmapetalum

- Mangue Vermelho (Rhizophora mangle L.)

Características Morfológicas
Planta pioneira, que ocupa regiões de transição (entre o ambiente marinho e a
desembocadura de rios de água doce), capaz de se desenvolver em solo bastante
lodoso, instável e rico em matéria orgânica em decomposição.

O nome Mangue Vermelho diz respeito a cor da casca ao ser raspada. Essa planta é
rica em tanino, utilizado para tingir roupas ou como medicamento.

O Mangue Vermelho dispõe de estruturas auxiliares na sua sustentação, como ramos


laterais que saem diretamente do caule e prendem-se ao substrato. São chamadas
raízes escoras, embora estudos mais recentes demonstrem que não são raízes, mas
modificações do caule.

Presença de rizóforos (pequenos órgãos cilíndricos e alongados que brotam nas


bifurcações dos ramos folhosos), que auxiliam na sustentação da planta no sedimento
lodoso.

Além disso, os rizóforos têm outro papel importante: eles possuem lenticelas, cuja
função é permitir a troca gasosa (CO2 e O2), mesmo quando o solo está encharcado.

Para resistir às oscilações da maré e à instabilidade do solo lodoso, possuem caules


suportes para melhor sustentação, os rizóforos, como a Rhizophora mangle Linnaeus
(mangue-vermelho ou mangue-charuto).
113

Altura de 5-10m, com copa rala, com tronco tortuoso, revestido de casca fina e
rugosa.
Folhas com lâminas elíptico-ovaladas, de ápice obtuso e base cuneada, coriácea,
discolor, glabras em ambas as faces.
Inflorescências axilares, com flores muito pequenas.
Fruto baga, com uma única semente que germina no fruto, sendo que a radícula, ao
se desprender da planta, se enterra no lodo.

Semente do Mangue Vermelho geralmente começa a germinar ainda presa à planta


materna. Ao cair, enterra-se na lama por ocasião da maré baixa ou pode flutuar na
água até encontrar condições favoráveis para sua fixação e desenvolvimento.
114

Ocorrência
Apesar de ser uma espécie nativa do Brasil, também é amplamente encontrada em
outras partes do mundo, como a África. No Brasil, ocorre do Amapá até Santa
Catarina, nos mangues de estuários, baías e enseadas.

Utilidade
A madeira serve para vigas, caibros, esteios, obras imersas (é quase imputrescível),
lenha e carvão. A casca contém 31% de tanino, sendo muito empregada em curtumes
e na medicina caseira como adstringente.

Ecologia – perenifólia, heliófita, halófita e higrófita, em mangues de todo o litoral. Éa


espécie que mais avança para dentro do mar, crescendo até onde o terreno fica
descoberto nas marés baixas. Pode formar densas populações puras.
Nas partes mais rasas sofre a competição de Avicennia germinans e Laguncularia
racemosa.

Ameaças:
. destruição dos manguezais (que cobrem mais de um terço da costa brasileira),
. exploração da madeira (como lenha).

2) FAMÍLIA AVICENNIACEAE (ACANTHACEAE)


Gênero Avicennia – tradicionalmente incluído na família Avicenniaceae; depois do
APG, incluído em Acanthaceae.

2.1.) Avicennia germinans (L.) L.

Características morfológicas: altura de 3-20m, com copa mais ou menos irregular


e aberta, com tronco de casca lisa de cor acinzentada.
Folhas simples, opostas, glabras em ambas as faces.
Inflorescências axilares e terminais, em espigas eretas, com flores esbranquiçadas
e levemente perfumadas.
Frutos achatados, semente única que chega a germinar ainda na planta-mãe.
Ocorrência – áreas de manguezais da costa Atlântica brasileira, do Maranhão a
Santa Catarina.
Utilidade – madeira leve indicada apenas para tábuas em usos limitado.

Informações ecológicas – planta perenifólia, halófita, heliófiota e seletiva higrófita.


Apresenta dispersão ampla, mas descontínua e irregular.

Fenologia – floração de setembro a novembro; frutos amadurecem de janeiro a


março.
115

2.2.) Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke

Nomes Comuns: Siriúba, Tinguí, Mangue Amarelo

Características morfológicas: altura de 3-6m, com copa mais ou menos irregular e


aberta, com tronco de 20-35cm de diâmetro, revestido por casca lisa de cor
acinzentada.
Folhas simples, opostas, cartáceas, glabras em ambas as faces.
Inflorescências axilares e terminais, em espigas eretas, com flores esbranquiçadas e
levemente perfumadas.
Frutos unisseminados, achatados, de cor arroxeada; semente única que chega a
germinar ainda na planta-mãe.

Ocorrência – áreas de manguezais da costa Atlântica brasileira, de Santa Catarina


até o Maranhão.

Utilidade – a madeira leve é indicada para tábuas em confecção de embalagens em


geral.

Informações ecológicas – planta perenifólia, halófita, heliófiota e seletiva higrófita,


característica exclusiva da floresta costeira de manguezais. Apresenta dispersão
ampla, embora descontínua e irregular.

Fenologia – floresce a partir de setembro até novembro. Os frutos amadurecem de


janeiro a março.
116

3) FAMÍLIA COMBRETACEAE

Árvores, arbustos e lianas.

Possui distribuição pantropical, incluindo cerca de 20 gêneros e entre 400 e 500


espécies.

No Brasil – 6 gêneros e cerca de 60 espécies.

Espécies conhecidas:

- Amendoeira (Terminalia cattapa) – proveniente da Ásia; muito cultivada como


ornamental de sombra; pode tornar-se invasora.
- Mangue Branco (Laguncularia racemosa) – ocorre no interior dos manguezais
e na sua transição para restinga. Apresenta folhas com um par de glândulas
próximo à base e típicas raízes com geotropismo negativo e que portam
pneumatóforos, o que permite a oxigenação dos tecidos, mesmo no solo
alágavel do manguezal.
- Em algumas regiões, nas dunas litorâneas, especialmente próximo aos
manguezais, destaca-se Conocarpus erectus , com flores e frutos dispostos em
densos glomérulos.

Laguncularia racemosa (L.) C.F. Gaertn.

Nomes comuns – Mangue Branco, Tinteiro

Características morfológicas – altura de 3-5m, dotada de copa irregular e aberta,


com ramos glabros e tronco tortuoso, revestido por por casca grossa e profundamente
sulcada longitudinalmente, de cor acinzentada.
Folhas simples, com pecíolo geralmente arroxeado, com duas glândulas no ápice;
lâmina elíptica ou obovado-elíptica, coriácea e glabra.
Inflorescências em panículas terminais e axilares, com flores sedosas de cor branca.
Fruto densamente sedoso, do tipo cápsula.

Ocorrência – em toda a costa brasileira. Nos mangues da costa


oeste africana (do Senegal até Camarões), no Caribe e na costa atlântica americana
da Flórida até o sul do Brasil, na costa americana banhada
pelo Pacífico entre México e Peru, incluindo as Ilhas Galápagos.

Em São Paulo ocorre nos mangues de todo o litoral, sul e norte, e está ameaçada
devido à destruição destes.

Utilidade – madeira de média resistência mecânica, utilizada na construção civil para


esteios; também para mourões. A casca tem 14% de tanino, sendo por isso utilizada
juntamente com as folhas em curtumes. Adstringente e tônica é usada na medicina
popular contra disenteria, afta, febre e caspa. Com alto teor de tanino, tem
propriedades antitumorais.
117

Informações ecológicas – planta perenifólia, heliófita e essencialmente halófita, sob


influência direta ou indireta do mar. É facilmente disseminada pela água, cujas
sementes germinam ainda na planta mãe.

Fenologia – floresce continuamente de setembro a janeiro. Os frutos amadurecem de


fevereiro a maio.

Tolera altas taxas de salinidade, devido à presença de estruturas especializadas em


eliminar o sal absorvido pela planta, localizadas nos pecíolos, chamadas
de glândulas de sal. O fato do mangue-branco existir em costas de baixa salinidade
se deve ao fato de competir mais eficientemente em áreas de reduzido teor de sal.

A dispersão das sementes é por autocoria.


118

4) FAMÍLIA COMBRETACEAE

Conocarpus erectus L.

Nomes comuns: Mangue de Botão

Características morfológicas – altura de 3-7m, dotada de copa rala e irregular, com


folhagem semidecídua de reflexos prateados, com ramos e folhas novas prateado-
velutinas, de tronco tortuoso, revestido pr casca grossa e suberosa, sulcada
longitudinalmente com descascamento em placas estreitas e longas, de cor
pardacenta.

Folhas simples, lâmina membranácea, glabrascente.


Inflorescências axilares, em racemos de capítulos globosos, com flores pequenas de
cor brancacenta.

Frutos do tipo cápsula indeiscente de cor marrom avermelhada (aquênio), reunidos


em infrutescência globosa que lembra uma pequena pinha.

Ocorrência – do Maranhão ao Rio de Janeiro, em restingas e mangues da costa


Atlântica.

Utilidade – a madeira, pelas pequenas dimensões, para utensílios domésticos, lenha


e carvão.

Informações ecológicas – planta secundária, semidecídua, heliófita e higrófita,


característica exclusiva de restingas e manguezais da costa do Brasil, onde apresenta
dispersão ampla, embora com padrão de distribuição irregular.

Fenologia – floresce principalmente em junho e julho, com a planta parcialmente


desfolhada. Os frutos amadurecem em janeiro e fevereiro.
119

XV. PLANTAS INVASORAS

As plantas exóticas invasoras são atualmente consideradas a segunda maior


ameaça mundial à biodiversidade, perdendo apenas para a destruição de habitats
pela exploração humana direta - tamanho é o potencial de espécies exóticas de
modificar sistemas naturais.

Agravante dos processos de invasão - comparados à maioria dos problemas


ambientais - ao invés de serem absorvidos com o tempo e terem seus impactos
amenizados agravam-se à medida que as plantas exóticas invasoras ocupam o
espaço das nativas.

Principais Consequências:
- perda da biodiversidade;
- modificação dos ciclos e características naturais dos ecossistemas;
- alteração fisionômica da paisagem natural, com consequências econômicas.

ALGUNS EXEMPLOS HISTÓRICOS DE INVASÃO

- Primeiras translocações de espécies de uma região a outra do planeta -


intenção de suprir necessidades agrícolas, florestais e outras de uso direto.
- Em épocas mais recentes - comércio de plantas ornamentais. Grande número
de espécies se tornou invasora com o passar do tempo.
- Em 1865 - crescente ocupação por plantas daninhas oriundas da Europa, no
Parque Nacional de Yosemite, nos EUA.
- África do Sul - estima-se que das 491 espécies exóticas, a metade tenha sido
introduzida para fins ornamentais, seguidas de uso para barreiras (como quebra-
ventos), cobertura, agricultura, forragem e produção florestal. Quando as espécies
são usadas para mais de um fim, maior tende a ser a sua disseminação e maior,
por consequências, seu potencial de invasão.
- Austrália - estimativas de que 65% das plantas naturalizadas no país nos
últimos 25 anos tenham sido introduzidas para fins ornamentais.
- Nova Zelândia - cerca de 24 mil espécies introduzidas, mais de 70% para fins
ornamentais. - Cerca de 240 espécies se tornaram invasoras e calcula-se uma
taxa de aumento de quatro novas espécies invasoras por ano.
- Estados Unidos - estima-se a introdução de mais de 4.600 espécies exóticas
às ilhas havaianas, 1.045 à Califórnia e 1.180 à Flórida. Esses são os estados mais
atingidos justamente por apresentarem condições climáticas mais amenas, que
facilitam o estabelecimento de invasoras. Cerca de 31% dos parques nacionais
estadunidenses, que corresponde a 3,5 milhões de hectares, encontram-se hoje
invadidos por espécies exóticas.

CARACTERÍSTICAS DE ESPÉCIES INVASORAS

. produção de sementes de pequeno tamanho em grande quantidade,


. dispersão por ventos, maturação precoce,
. formação de banco de sementes com grande longevidade no solo,
. reprodução por sementes e por brotação,
. longos períodos de floração e frutificação,
. crescimento rápido, pioneirismo,
120

. adaptação a áreas degradadas,


. eficiência na dispersão de sementes e no sucesso reprodutivo,
. produção de toxinas biológicas que impedem o crescimento de plantas de outras
espécies nas imediações - alelopatia.
. ausência de inimigos naturais para facilitar a sua adaptação.

IMPACTOS CAUSADOS PELA INVASÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS

. propriedades ecológicas, e.g. ciclagem de nutrientes e produtividade vegetal,


. cadeias tróficas,
. estrutura,
. dominância,
. distribuição e funções de espécies num dado ecossistema,
. distribuição de biomassa,
. densidade de espécies,
. porte da vegetação,
. acúmulo de serrapilheira e de biomassa,
. taxas de decomposição,
. processos evolutivos e relações entre polinizadores e plantas.
. ciclo hidrológico e o regime de incêndios, levando a uma seleção das espécies
existentes e, de modo geral, ao empobrecimento dos ecossistemas.
. risco de que produzam híbridos a partir de espécies nativas, que podem ter ainda
maior potencial invasor.

Essas alterações colocam em risco atividades econômicas ligadas ao uso de


recursos naturais em ambientes estabilizados, gerando mudanças na matriz de
produção pretendida e, em geral, impactos economicamente negativos.

- Espécies invasoras de porte maior do que a vegetação nativa produzem os


maiores impactos, como no caso da invasão de formações herbáceo-arbustivas
por espécies arbóreas.

As relações de dominância nas comunidades são alteradas - também a fisionomia da


vegetação em função da entrada de novas formas de vida. Como consequência
principal tem-se a acelerada perda da diversidade natural.

Espécies de árvores já consagradas como invasoras no Brasil:


- Pinus elliottii (pinheiro)
- Pinus taeda (pinheiro)
- Casuarina equisetifolia, muito comum no litoral,
- Melia azedarach (cinamomo)
- Tecoma stans (amarelinho)
- Hovenia dulcis (uva-do-japão),
- Cassia mangium (acácia)
- Eriobothrya japonica (nêspera),
- Cotoneaster sp.,
- Ligustrum japonicum (alfeneiro), este usado largamente para fins ornamentais.
121

Entre as plantas menores - gênero Bracchiaria, capins introduzidos para pastagens,


é dos mais problemáticos.

- Rio Grande do Sul - Eragrostis spp. capim-anoni - ameaça os sistemas de


produção de gado nos campos naturais - perda da cobertura vegetal nativa,
composta de uma grande diversidade de espécies de gramíneas, leguminosas e
outras famílias importantes do ponto de vista alimentar.

- A gradativa perda em freqüência e qualidade dessas espécies nativas leva à


exaustão do modelo de pecuária sustentável, além da introdução de hábitos de
lavração e uso de herbicidas para controlar o avanço da invasora.

- Estima-se que, dos 15 milhões de hectares de campos naturais, 3 milhões


estejam sofrendo processo de invasão. O mesmo capim é encontrado nos campos
naturais dos estados de Santa Catarina e Paraná.

- Capim-gordura, Mellinis minutiflora e diversas espécies de Brachiaria, ameaça a


diversidade natural do cerrado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no
planalto central, sendo igualmente comum em muitas outras regiões.

- Plantas ornamentais - estão amplamente estabelecidas Impatiens walleriana


(maria-sem-vergonha) e Hedychium coronarium (lírio-do-brejo), entre outras.

Países com melhor documentação dos processos de invasão: África do Sul, Nova
Zelândia, Austrália e Estados Unidos.

Aqui em São Luis – invasoras arbóreas presentes:


- Amendoeira (Terminalia cattapa L.; Combretaceae) – matas ciliares; arborização.
- Leucaena leucocephala; Leguminosae – terrenos baldios; área perturbadas.
- Acacia mangium; Leguminosae – área reflorestadas.
- Urucurana (Croton urucurana; Euphorbiaceae) – áreas perturbadas.
- Azeitona Preta (Syzigium jambolanum: Myrtaceae) – ornamental; arborização.
122

XVI. COLETA BOTÂNICA E HERBORIZAÇÃO DE PLANTAS

• Na atualidade, temas como:


- Contaminação
- Destruição de habitats
- Manejo Sustentável
- Perda e Erosão de Recursos Genéticos
- Biodiversidade ...

tornaram-se lugar comum no dia-a-dia de


- Educadores
- Políticos
- Administradores
- Donas de Casa
- ... da comunidade em geral !!!

 Daí que as informações depositadas nas coleções botânicas são


reconhecidas hoje, por toda a Sociedade, e não apenas pelos
cientistas, como prioritárias para levar a cabo estudos de
biodiversidade, manejo sustentável dos recursos naturais e
programas de recuperação ambiental, ecoturismo e outros ...

 ... o desafio dos estudos florísticos e faunísticos em razão da


destruição acelerada dos ecossistemas tropicais.
123

H E R B Á R I O

CONCEITOS
• Dá-se o nome de HERBÁRIO a uma coleção de espécimes vegetais
mortos ou parte deles que, após serem prensados, secos, montados
e identificados, são mantidos ordenadamente em instalações
apropriadas para a conservação permanente
• É uma coleção de plantas secas ou de partes destas, técnica e
cientificamente preparadas para ulteriores estudos comparativos
históricos e documentários da Flora de uma Região ou País.
• É um Centro de Documentação sobre categorias vegetais, seus
caracteres e suas áreas de distribuição.

• Os HERBÁRIOS são os depositários do material científico de respaldo


das investigações que documentam a riqueza florística de um país.
✓ As informações dos herbários constituem-se na fonte fidedigna para
o desenvolvimento de trabalhos:
- Taxonômicos
- Evolutivos
- Fenológicos
- Ecológicos
- Biogeográficos
- Etnobotânicos
- Estudos da Biodiversidade
 Os HERBÁRIOS são ferramentas para muitas outras áreas e
importante fonte de dados para o planejamento do
desenvolvimento sustentável.
124

COLETA, COLETAR
Amostra da planta para determinado(s) estudo(s)
COLEÇÃO BOTÂNICA
- Conjunto de amostras de plantas.
- Ramos floríferos ou frutíferos (ou pl. inteira), que são desidratados e
acondicionados em armários especiais
Ex. de Coleções:
da mata do Campus da UESC; do Município de Ilhéus;
de todo o Campus da UESC; do Sul da Bahia;
do Estado da Bahia... ... ...
Portanto, o conhecimento acurado das comunidades naturais é obtido através de coleções botânicas,
que são bancos de dados que possibilitam o acesso aos mais diversos tipos de informações

AMOSTRAS, EXEMPLARES, ESPÉCIMES BOTÂNICOS


São plantas ou partes destas, depois de coletadas, independentes de terem
sido ou não submetidas a tratamento especial
EXSICATA
Amostra seca, colada em cartolina;
DUPLICATAS
Os demais exemplares de uma mesma coleta.
UNICATA
Quando se coleta apenas 1 exemplar da planta.
PRENSAGEM
Processo de preparação da amostra, a partir da coleta.
SECAGEM
Nivelamento e desidratação, através do calor, para preservar as estruturas vegetais.
125

TIPOS DE HERBÁRIOS

a. DIDÁTICO
escolas, instituições locais, universidades

b. DIDÁTICO-CIENTÍFICO
universidades, instituições privadas, públicas

c. CIENTÍFICO
instituições de pesquisa

OS GRANDES HERBÁRIOS
 ‘Kew Garden (K)
 Museu Nac. de História Natural (P)
 Jardim Botânico de NY (NY)
 Missouri Botanical Garden (MO)
 Instituto Smithsonian (US)
 Field Museum (F)
 Jardim Botânico do RJ (RB)
 Museu Nacional do RJ (R)
 Museu Bot. Municipal Curitiba (MBM)
 Instituto de Botânica (SP)
 Museu Paraense Emilio Goeldi (IPA)
 Instituto Nacional de Pesq da Amazônia
126

Manual de Prática de Coleta e Herborização de Material Botânico

Introdução

Este manual descreve os equipamentos, materiais e procedimentos de campo e de


laboratório a serem utilizados na coleta, armazenamento e preparação de material
botânico para sua identificação e a incorporação destas amostras de plantas em
herbários.

A descrição de metodologia de coleta e manuseio de material botânico tem como


objetivo a padronização da coleta e manuseio de plantas a fim de garantir a qualidade
do material coletado. Assegurar qualidade nas coletas é essencial para a correta
identificação de uma planta, além de possibilitar direta ou indiretamente estudos
taxonômicos, trabalhos científicos sobre a flora, garantir a qualidade de inventários
florestais, a correta identificação de plantas medicinais, dentre outros.

Equipamentos de Campo
- Prensas provisórias de trabalho (papelão);
- Cintas para amarração das prensas (cordão grosso, cintas, tiras de borracha, entre
outros);
- Papel jornal (de preferência folhas simples);
- Etiquetas de papel em branco (aproveitamento de papel já utilizado) para compor as
etiquetas para anotações de campo tais como, nome popular, local, coletor, data de
coleta, etc.);
- Podão;
- Tesoura de poda manual;
- Escada de alumínio;
- Material de coleta alternativo (funda, estilingue, bodoque; laço, escalada);
- Envelopes de papel;
- Vidros ou recipientes plásticos para armazenar frutos ou outros;
- Mochila para carregar equipamentos;
- Fitas ou tinta para marcação da árvore;
- Sacos plásticos de lixo (50 litros) para guardar conjunto de pequenos sacos plásticos
contendo material botânico; alternativamente, pode-se confeccionar sacolas de
material resistente e impermeável para o armazenamento provisório das coletas; tais
sacolas podem ter alça e bolsos para guardar materiais com tesoura de poda,
caderneta de campo;
- Prensas de madeira para transferir material coletado das prensas provisórias
(papelão) no retorno;
- Caixa com elástico de prender dinheiro para sacos plásticos com material botânico;
- Álcool (preferencialmente o 96° - quanto menos água, maior a eficiência para evitar
aparecimento de fungos nas plantas em processo de secagem);
- Aparelho de GPS (coordenadas do local onde a planta se encontra);
- Máquina fotográfica; gravador (quando estiver junto de algum informante, se o
mesmo permitir). Considerações Básicas
- Se possível, deve-se dar prioridade à contratação de mateiros regionais para
participar da equipe de campo, pois geralmente estas pessoas dominam os nomes
populares das espécies, que mudam de região para região;
127

Orientações para Coleta Botânica


- Coletar no mínimo cinco exemplares de cada espécie observada. Esse procedimento
é praxe entre os coletores, visando aos futuros passos da identificação botânica do
material, onde uma das coletas fica no acervo do especialista que procede à
identificação (instituição);

- O material botânico das espécies arbóreas, arvoretas, arbustivas ou herbáceas deve


conter, sempre que possível, folhas, flores, frutos, esporos ou estróbilos, dependendo
do organismo coletado. Este material fértil é indispensável para a identificação
confiável das espécies e fundamental para compor o acervo do herbário em que é
armazenado. Somente com material fértil esse material será registrado no herbário.
Caso não se obtenha nenhum tipo de material fértil (dependendo da época do
levantamento botânico em campo), deve-se coletar, assim mesmo, somente as folhas,
que se constituirão no herbário de trabalho, útil para as futuras coletas das mesmas
espécies (época em que estão florescendo ou frutificando) para o procedimento de
classificação botânica. Tais situações são comuns em inventários florestais já que não
necessariamente coincidem com as épocas de floração e/ou frutificação das espécies,
que podem variar entre as regiões de distribuição geográfica;

- Plantas como as pteridófitas, algumas epífitas, as herbáceas e rasteiras, além dos


líquens, devem ser preferencialmente coletadas inteiras, com as raízes e/ou substrato
no qual estão inseridas. Quando o material é maior que a cartolina, dobrar a
extremidade;

- Todos os cinco exemplares coletados de cada espécie devem receber a mesma


identificação de campo, seja o nome científico, nome popular dado pelo mateiro
regional ou a codificação provisória criada no caso de se desconhecer a espécie
observada (numeração, indeterminada 1, indeterminada 2, etc.);

- Sempre fazer anotações sobre as características gerais da planta assim como do


local de coleta. No caso do local de coleta, deve-se anotar a data e local de coleta
(localidade, município, estado e coordenadas geográficas), o nome do coletor, e as
características físicas do ambiente (como presença de encharcamento no solo,
declividade, exposição, proximidade de cursos d’água, etc.), hábito e porte da planta.
Já quanto às características da planta e da coleta propriamente dita, deve-se anotar:
hábito da planta (árvore, arbusto, herbácea, cipó, epífita), altura e DAP quando for o
caso. Ainda deve-se descrever o tronco (ex. reto, tortuoso), características da casca
(cor, aparência, desprendimento), ocorrência de raízes tabulares e de exsudados, cor
e textura de folhas, flores e frutos. Algumas destas características como presença de
espinhos, látex, odor das folhas ou casca, aspectos como textura, cor e descamação
da casca e outras características marcantes de fruto e flor enriquecem a descrição
específica e auxiliam na sua identificação botânica.

Vale lembrar que algumas características, principalmente coloração, se alteram no


processo de secagem, o que pode dificultar ou inviabilizar a identificação do material
botânico; - Para os trabalhos de campo, é suficiente e prático levar prensas
provisórias, constituídas de folhas de papelão, intercalado com folhas de jornal e
amarrado com barbante grosso, cordões ou cintas. São mais fáceis de transportar em
campo e perfeitamente funcionais para a ocasião. Podem ser montadas com as
laterais ou tampas de caixas de papelão. No caso de não se prensar provisoriamente
128

o material coletado no campo, pode-se reunir o material de cada espécie em sacos


plásticos individualizados por espécies e acondicioná-los dentro de um saco plástico
de 50 litros;

Procedimentos de Campo
- Os ramos devem ser obtidos cortando-se os galhos com tesouras de poda ou outro
instrumento cortante afiado, evitando-se quebrar manualmente, para evitar dano ao
material botânico ou perda de frutos ou flores pelo movimento brusco de coleta;

- Para coleta de ramos em partes mais altas, utiliza-se o podão com cabos encaixáveis
para aumentar a altura de coleta, que possui, normalmente, na sua extremidade
superior, uma lâmina cortante e uma pequena serra curva para serrar galhos de difícil
acesso. Para árvores altas, utilizam-se, também, ferramentas como linhas com pesos
presos nas extremidades (fundas), estilingues e escadas articuladas. Em certos
casos, somente a escalada das árvores com equipamentos próprios para esta prática
resolve o problema de coleta;

- Evitar coletar material muito úmido, para prevenir o ataque de fungos. Na coleta de
material úmido recomenda-se a troca mais frequente dos jornais;

- Plantas suculentas ou epífitas com folhas carnosas como, por exemplo, plantas das
famílias Orchidaceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Crassulaceae e Clusiaceae, entre
outras, devem ser aspergidas com álcool 70 % (diluído do álcool 96 %) e mantidas em
saco plástico fechado, para a conservação das flores e para evitar a desidratação das
folhas. Posteriormente são prensadas e secas;

- Plantas com folhas delicadas devem ser prensadas no campo no ato da coleta, para
evitar deformações, dobras ou quebras indesejáveis. Este procedimento deveria ser
o preferencial, utilizado para todas as plantas coletadas (mesmo sem terem folhas
delicadas), quando o fator tempo não for o limitante para o andamento dos trabalhos.
Assim se conservam melhor as características originais do material;

- Evitar coletar material botânico (flor, fruto, sementes) que estejam no chão ao pé da
árvore, pois podem não pertencer a essa planta;

- Os frutos que se destacam facilmente dos ramos devem ser imediatamente


recolhidos em envelopes de papel ou plástico, devidamente rotulados com a
identificação correspondente à da coleta da espécie;

- O material muito volumoso ou de grandes dimensões deve ser desbastado ou


diminuído para melhor visualização das características da espécie e enquadramento
nas prensas ou pastas de armazenamento no herbário;

- No retorno do campo, o material coletado deve ser preparado para a secagem, onde
adquirirá a forma definitiva de armazenamento. Por isso, nesta fase, deve-se dar
atenção para os procedimentos de manipulação do material com a finalidade de
melhorar o aspecto final, tais como: retirar do saco plástico (se for o caso), melhorar
o acondicionamento trocando as folhas de jornal inicialmente utilizadas em campo,
arrumar as folhas da planta para evitar que fiquem dobradas, retirar o excesso de
folhas, etiquetar com a identificação provisória adotada no campo;
129

- Os ramos coletados devem ser manipulados com cuidado, para que fiquem na
posição mais natural possível, sem dobras ou quebraduras, para que possam ser
observadas as suas formas e características próprias com melhor visibilidade. Pelo
menos duas folhas dos ramos devem ter seu verso virado para cima, para que possam
ser examinadas as características de pilosidade, presença ou ausência de glândulas,
domáceas, pontuações, etc., sem a necessidade de virá-las. Isso facilita a observação
do material que, depois de seco, corre o risco de quebrar (folha) ou cair do ramo).
Após a limpeza inicial do material botânico, os ramos são recolocados entre duas
folhas secas de jornal e empilhados em sequência, formando camadas da mesma
espécie. Cada espécie pode ser separada entre si por meio do papelão que confere
maior rigidez à prensa e, ao mesmo tempo, permite que o material fique arejado. Estas
prensas devem ser bem apertadas para que o material não enrugue nessa
desidratação prévia. Posteriormente, serão melhor manejadas em laboratório, na
secagem definitiva;

- Material botânico com frutos grandes, espinhos e estruturas que se salientam sobre
as demais podem deformar no processo de secagem devido às diferenças de volume.
Para contornar este problema, coloca-se ao lado dos frutos ou espinhos, e entre os
pequenos raminhos, folhas de jornal ou outro material enrolado para que, ao fechar a
pequena “pasta”, as capas fiquem niveladas. Esses rolos de papel devem ser
colocados sobre as folhas, auxiliando no processo de evitar que estas se enruguem;

- Caso não seja possível prensar as plantas no dia da coleta, deve-se mantê-las em
sacos plásticos fechados, sob refrigeração a aproximadamente 4 °C (temperatura
normal de conservação de alimentos), método que conserva a forma e consistência
das folhas por até 3 a 5 dias; - Outro método de prensagem provisório de coletas é o
acondicionamento em prensas com álcool. Neste método, as coletas são prensadas
individualmente e abundantemente borrifadas com álcool 96 %. Após a prensagem, a
prensa é fechada em saco de plástico hermeticamente fechado de forma a garantir a
não evaporação do álcool;

- Essa prensagem de campo deve ser bem criteriosa, principalmente se o período de


levantamento de campo for longo, considerando que a montagem definitiva do
material pode demorar a ser feita. Assim, todos os cuidados de manipulação inicial
devem ser tomados nesse momento, já que o material estará praticamente seco
quando chegar ao laboratório e então será inevitável manipulá-lo sem quebrar ou
prejudicar a amostra.

Procedimentos Básicos de Laboratório


- No laboratório, será feita a secagem definitiva do material coletado, que será
encaminhado para a identificação botânica e servirá, também, para compor o acervo
do herbário da instituição, após montagem das exsicatas (material seco, prensado e
identificado botanicamente, fixado em cartolina ou similar);

- Nesta fase, deverá ser feita a limpeza final do material botânico, que consiste em
retirar o excesso de folhas e ramos secundários, as folhas danificadas e a operação
de virar pelo menos uma folha com a face inferior para cima, para que não seja
necessário mexer nas folhas na ocasião de se observar algumas características.
Serão, então, montadas as prensas de madeira;
130

- As prensas de madeira são encaminhadas às estufas de secagem, que possuem


características próprias para secagem de material botânico, sendo que as mais
comuns podem ser compostas por um jogo de 3 a 4 lâmpadas de 150 W. O processo
de secagem dura de 3 a 5 dias, podendo prolongar-se em função da umidade do ar;

- As lâmpadas fornecem o calor suficiente para secar suave e gradativamente o


material, para não prejudicar a cor das folhas e, se possível, das flores. Quanto mais
lenta for a secagem, mais estas características se mantêm inalteradas. Durante o
processo de secagem, é conveniente fazer pelo menos uma troca de jornais e o
acompanhamento da fase da secagem do material verde;

- O material pode ser considerado seco quando, ao se passar a mão, cuidadosamente,


pelo limbo das folhas, se constatar que estão meio quebradiças. Para plantas sem
estruturas muito suculentas e não coletadas em tempo úmido, leva-se três a quatro
dias para a secagem, outras plantas podem levar até uma semana. A partir daí, elas
são colocadas em pastas provisórias de armazenamento, protegidas por algum
processo de preservação da ação de fungos e insetos, e encaminhadas para a
determinação (identificação) por especialistas. Uma das amostras coletadas deverá
permanecer com o identificador, enquanto a outra retorna com a respectiva
identificação;

- O material seco será fixado em papel cartolina ou similar com dimensões


padronizadas pela instituição, normalmente com a colocação de pequenas tiras de
papel adesivo (com cola em um dos lados) sobre pontos estratégicos dos ramos, o
suficiente para fixar o ramo e não deixar extremidades livres que possam se quebrar
no manuseio cotidiano do material. Algum material solto, como sementes e/ou frutos,
podem ser armazenados em envelopes de papel, que são afixados na mesma
cartolina e recebem o mesmo código de identificação, já que se referem ao mesmo
material botânico. Sempre que possível, deve-se padronizar o local de colocação da
etiqueta de identificação, que deve ter um padrão próprio da instituição, após ter sido
identificado botanicamente.
131

XVII. FITOSSOCIOLOGIA / AMOSTRAGEM FITOSSOCIOLÓGICA

Fitossociologia – ramo da botânica que estuda características, classificação,


relações e distribuição de comunidades vegetais naturais em suas relações com
o meio.
Conhecer a estrutura da vegetação por meio de parâmetros fitossociológicos,
entendendo o arranjo, a densidade, a abundância, a uniformidade de espécies e
indivíduos, para permitir a definição de índices que auxiliam no planejamento do uso,
manejo e conservação das formações vegetais.

Possibilita conhecer a estrutura da vegetação por meio de parâmetros


fitossociológicos, entendendo o arranjo, a densidade, a abundância, a
uniformidade de espécies e indivíduos, para obtenção de índices que auxiliam
no planejamento do uso, manejo e conservação das formações vegetais.
Tipos de Amostragem Fitossociológica:
. Aleatória - deve ser a preferida quando não existem variações significativas
na comunidade - em comunidades mais homogêneas.
Sistemática - deve ser utilizada em áreas onde se encontra uma maior
variabilidade vegetal – em comunidades mais heterogêneas.

Amostragem Sistemática - Métodos:


1) Parcelas
2) Transecto
3) Ponto Quadrante (ou Centrado)

1) Método de Parcelas
. Estabelecimento de pequenas unidades amostrais distribuídas pela área de estudo,
para representação da diversidade local.
. Unidades amostrais devem possuir forma e tamanho predefinidos e adequados.
. Tamanho das parcelas deve ser adequado para a amostragem pretendida.
Brasil - normalmente parcelas quadradas de 10 × 10m.
Parcelas retangulares (10 x 20m) são também muito utilizadas.
132

AMOSTRAGEM/IDENTIFICAÇÃO
As plantas são identificadas inicialmente pelo nome comum local, por relato de
informante-chave. Posteriormente, é procedida a identificação botânica das mesmas,
utilizando-se espécimes botânicos, banco de dados já existentes e imagens digitais
das plantas no campo. Todos os locais de coleta devem ser georreferenciados.

2) Método de Transecto
Consiste em caminhar ao longo de uma linha (transecto), de preferência
predeterminada, registrando-se, em pontos equidistantes, as espécies mais próximas
desses pontos.
Comprimento do transecto e a distância entre os pontos amostrados, dependem dos
objetivos do estudo.

3) Método do Ponto Quadrante (ou Centrado)


Em cada ponto de amostragem quatro quadrantes são determinados.
Em cada quadrante mede-se a distância à planta mais próxima do ponto,
independente da espécie.
Anota-se a distância da planta, o nome da espécie, circunferência ou diâmetro à altura
do peito – 1,30m).
133

AMOSTRAGEM EM ÁREAS DE NASCENTES


A vegetação do entorno da nascente é amostrada em quatro quadrantes, cada um
com raio de 50 metros de extensão por 10 metros de largura, o que resulta em quatro
parcelas de 500m², cada. Desse modo, cada nascente é amostrada em sua vegetação
de entorno, em um total de 2.000 m² (1/5 de um hectare).

A vegetação é amostrada acima (raio superior), à direita (raio direito), à esquerda (raio
esquerdo) e abaixo (raio inferior) do inicio do corpo d’água. Os raios direito e esquerdo
são orientados pelo sentido do escoamento do córrego formado em cada nascente.

Amostragem em nascentes - parcelas com raios de 500m².

PLANILHA DE CAMPO PARA REGISTRO DOS DADOS DE AMOSTRAGEM


Ponto:
Localização: UP:
Unidade Vegetacional Principal:

No. Nome Comum Hab/Cresc. Altura CAP Est. Usos/Observações


Des.
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
134

METODOLOGIA ALTERNATIVA
1) amostragem em áreas de campos – usos de gabarito de 1m x 1m – levantando-
se todas as espécies de ocorrência, sem contabilização do número de indivíduos, por
serem espécies em geral, herbáceas.
2) relatos de informantes chaves – levantadas todas as espécies ditas de ocorrência
na área, utilizando-se as técnicas da Bola de Neve (Snow Ball) e Listagem Livre.
3) imagens aéreas – utilizadas para localizar e avaliar as formações vegetais nas
áreas.

. Classificação da Vegetação e Aplicação da Legislação Ambiental


Por falta de referência para o Maranhão, a classificação fitofisionômica da
vegetação - efetuada com base na Resolução CONAMA No. 010/1993, que
estabelece parâmetros básicos para análise de estágios de sucessão da Mata
Atlântica.
Adicionalmente: Resoluções No. 25/1994 e 26/1994, para os Estados do Ceará e
Piauí, respectivamente.
Para as Áreas de Preservação Permanente:
- Lei n° 12.651/2012 – Novo Código Florestal Brasileiro ,
- Lei Estadual No. 5.405 de 08/04/92,
- Resolução CONAMA No. 303, de 20/03/2002.
Para espécies protegidas - lista oficial do IBAMA (Portaria No 37-N, de 3 abril de
1992; Instrução Normativa s/n de Setembro/2008).
Para a palmeira Babaçu - legislação pertinente (Lei No. 4734, de 18/06/1986; Lei No.
7824 de 22/01/2003).

Análises Florísticas e Fitossocíológicas


Dados coletados nas parcelas de amostragem - processados e analisados com o uso
do programa JMP (SAS, 1995) e MATA NATIVA (Cientec, 2006).

. Índices de Diversidade
- Riqueza
- Índice de Diversidade de Shannon-Weaver
- Equabilidade de Pielou
- Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM)

. Parâmetros Fitossociológicos
- Área Basal
- Frequência
- Densidade
- Dominância
- Índice de Valor de Importância (VI)
- Índice de Valor de Cobertura (VC)
135

XVIII. ADAPTAÇÕES ESTRUTURAIS DAS PLANTAS AO AMBIENTE

1. AS ADAPTAÇÕES

Por adaptação entende-se a possível harmonia entre o organismo e o meio. Quando


as plantas estão naturalmente ajustadas às condições ambientais, todas as
características estruturais e funcionais capazes de atenderem a tal ajustamento serão
adaptativas. Adaptação é o conjunto de modificações provocadas na constituição de
um organismo pela ação contínua de um meio diferente daquele onde, inicialmente,
este se desenvolveu ou seus ascendentes.

Os fatores morfogenéticos são aqueles que influenciam a forma e a estrutura dos


vegetais. São, portanto, condições de clima e de solo capazes de determinarem ou
modificarem, mais ou menos visivelmente, a organização vegetal. Embora para cada
ser vivo haja um padrão de desenvolvimento estabelecido e comandado pelo seu
patrimônio genético (genótipo), os fatores abióticos atuam sobre os genes,
modificando a sua expressão em vários sentidos.

Durante a história evolutiva das plantas, diversas alterações ambientais drásticas


ocorreram no ambiente. Isso direcionou o desenvolvimento de caracteres adaptativos
a essas novas condições, eliminando as plantas que não apresentavam
características adaptadas a elas. Por força da seleção natural esses caracteres
adaptativos foram fixados geneticamente, de maneira que a forma atual é o produto
final da interação genótipo-ambiente, que a evolução apresentou nos habitats
naturais.

O resultado da adaptação fixada no genótipo é tão bem definido que pequenas


variações no ambiente não irão modificar o fenótipo da planta, como, por exemplo, os
exemplares da família Cactaceae que apresentam folhas transformadas em espinhos,
independente do ambiente em que se desenvolvem.

Por outro lado, existe a plasticidade fenotípica, que é a habilidade de um organismo


em alterar sua fisiologia/morfologia em resposta a mudanças nas condições
ambientais; habilidade particularmente importante para as plantas, cujo estilo de vida
estática requer que as mesmas lidem com as diferentes condições ambientais. Por
exemplo, uma mesma planta exibe, frequentemente, folhas morfologicamente
diferentes denominadas folhas de sol e de sombra, de acordo com o grau de
exposição a que estiveram sujeitas.

2. OS FATORES DE INFLUÊNCIA E AS ADAPTAÇÕES

2.1 O fator água


A água é um fator básico na vida de todos os seres vivos, em particular das plantas.
Sendo a água a base química da vida, nas plantas determina a circulação de
nutrientes entre o solo-planta e em parte, a distribuição e fisionomia da vegetação. As
fontes de água para as plantas podem ser mensuráveis (chuva, neve e granizo),
ocultas (nevoeiro, água freática e água de escorrimento) e compensatórias (umidade
atmosférica, nebulosidade e neblinas).
136

2.1.1 Estruturas adaptadas ao excesso de água


Em clima muito úmido, em solos muito encharcados ou elevada umidade atmosférica
as plantas têm que “forçar” a transpiração para absorverem os nutrientes. Nestas
situações as plantas desenvolveram adaptações anatômicas e/ou morfológicas,
designadamente:
√ aumento da superfície transpiratória
• aumento da superfície do limbo;
• aumento do nº de estômatos aeríferos;
• aumento do nº de tricomas que transpiram ativamente;
• posição superficial dos estômatos que podem inclusive estar salientes;
• folhas com superfície rugosa ou muito recortada;
√ eliminação da água no estado líquido (gutação) através de hidátodios;
√ morfologia da folha que facilita o escorrimento da água,
√ dimorfismo foliar em plantas aquáticas.

2.1.2. Estruturas adaptadas à aridez


Consideram-se áridos os territórios ou períodos de tempo em que as necessidades
hídricas das plantas não estão asseguradas pelo meio. As plantas com alterações
estruturais e adaptações à secura denominam-se xerófitas. Todavia, aquelas plantas
que evitam os déficits hídricos não são verdadeiros xerófitas, por exemplo, as que são
capazes de absorver água do lençol freático ou as que acumulam água – suculentas.

Entre as xerófitas podemos encontrar os seguintes tipos:


• plantas cujas folhas murcham nos períodos de seca, podendo inclusive cair;
• plantas lenhosas de folhas pequenas, duras e com tecidos de suporte (escleritos),
próprias de clima seco;
• plantas capazes de fechar os estômatos e não suspender a fotossíntese nos
períodos secos, com um metabolismo baixo até novas condições favoráveis.

Em resumo, podemos encontrar dois tipos de plantas de áreas secas: as que evitam
e as que toleram os déficits hídricos.

2.1.3 Mecanismos para evitar os déficits hídricos

i. Estratégias para escapar à seca:


• No espaço – obtêm água do lençol freático
• No tempo – anuais

ii. Conservação da água por redução da transpiração


- Adaptações Morfológicas
• folhas de forma arredondada
• diminuição do tamanho e do número de folhas
• cor verde claro ou brilhante - reflexão da luz
• folhas enroladas permanentemente
• libertação de substâncias voláteis (Eucalyptus)
• queda de folhas no período de seca - diminuição da área transpiratória
• ausência de folhas - caules clorofilinos
• presença de tricomas
• armazenamento de água - suculentas
- Adaptações histoanatômicas
137

• estômatos profundos
• superfícies epidérmicas irregulares com os estômatos nas cavidades formadas e
muitas vezes cobertos por tricomas
• fotossíntese C4, C3/C4, CAM
• fechamento estomático rápido e completo
• cutícula espessa e impermeável

- Manutenção da absorção da água


• hipertrofia do sistema radicular – com raízes superficiais estendendo-se por grandes
áreas, adaptadas a chuvas torrenciais
• raízes profundas – captam água do lençol freático
• células do xilema com paredes grossas

2.2 O fator vento


O vento tem importância principalmente nas zonas costeiras, planícies e cristas dos
montes porque influi na distribuição (transporte de diásporos) e na morfologia de
plantas e da vegetação.

A sua ação sobre as plantas pode ser de diversos tipos:


• ação fisiológica,
• física,
• anatômica e mecânica,
• dissecação,
• resfriamento,
• nanismo,
• deformação,
• prostração (gramíneas),
• erosão cuticular por fricção foliar e abrasão (poeiras, neve, sal, água salgada),
• desenterramento ou cobertura por areia.
Nas zonas costeiras, a maresia provoca a dessecação e plasmólise e interferências
na absorção radicular da água. Influi nos limites dos bosques ao dessecar os
meristemas apicais caulinares nos períodos frios.

2.3 Adaptações das plantas aos meios salinos e dunares


Nos meios salinos e dunares, as plantas enfrentam diversos problemas:

i) o efeito osmótico
- diminui o potencial hídrico do solo e consequentemente cria problemas fisiológicos;

ii) a excessiva concentração de Na e Cl


- altera a germinação e crescimento;
- os balanços iónicos também se alteram;
- o solo desenvolve uma estrutura asfixiante.

iii) a deposição de areia sobre a planta


- aptidão e capacidade para formar entrenós ou rizomas horizontais e verticais.
- na maior parte do ano apresentam as folhas reduzidas a uma roseta basilar só
emitindo um escapo floral num pequeno período do ano.
2.3.1 Principais adaptações das halófitas ao seu habitat
Adaptações Fisiológicas
138

• atraso na germinação e/ou maturação sob condições desfavoráveis;


• estação de crescimento mais curta (anuais);
• cutícula mais espessa para diminuir a transpiração;
• seletividade a íons específicos para compensar desequilíbrios.
- ou acumulam sais nos tecidos (absorção em alto grau de certos íons, como potássio,
na presença de elevadas concentrações de sódio no meio exterior – algas marinhas
- ou armazenam sais em estruturas especiais

Adaptações Morfológicas
• diminuição do tamanho da folha para reduzir a transpiração;
• caules e/ou folhas carnudos (acumulam e expelem sais para evitar a toxicidade e
compensar diferenças de pressão osmótica com o solo) com presença de parênquima
aquífero;
• redução do número de nervuras:
• redução do número de estômatos;
• tricomas e glândulas excretoras de sal
• raízes muito profundas para captar água em profundidade e/ou sistemas radiculares
superficiais de modo a recolher de imediato a água que chega ao solo e a
condensação do orvalho e neblinas nas épocas de maior secura; presença de
micorrizas nas raízes que ajudam a sobreviver as plântulas e posteriormente colonizar
as dunas; forma prostrada ou pulviniforme para resistir ao vento

Adaptações Fenológicas
• atraso na floração.

Adaptação das espécies vegetais a


climas tropicais e desérticos
Em regiões áridas, as plantas são
caracteristicamente espinhosas, mais resinosas ou
mais tóxicas, uma vez que estão expostas aos
predadores em condições de grande procura.
Adaptações morfológicas a diferentes climas são
conhecidas: por exemplo, os cactos e plantas
suculentas adaptam-se às condições de sol
abrasador no deserto, estendendo a área de solo
para absorção de água, reduzindo a perda de água
nas folhas, ou aumentando a quantidade de água armazenada em seus tecidos.
139

As plantas xerófitas - plantas que resistem bem a


condições de seca - apresentam grossas camadas de
cera para reduzir a perda de água.
Adaptações bioquímicas também são conhecidas. Para
reduzir a perda de umidade, as plantas fecham seus
estômatos (aberturas na epiderme de folhas e caule,
através das quais se efetuam as trocas gasosas
necessárias à vida das plantas).
O fechamento ou abertura de estômatos obedece a um
controle hormonal na planta.

Os troncos tortos neste tipo de vegetação podem ser


considerados como um efeito do fogo no crescimento dos
caules, impedindo-os de se tornarem retilíneos, pois pelas
mortes de sucessivas gemas terminais e brotamento de
gemas laterais, o caule acaba tomando uma aparência tortuosa.

A causa do surgimento deste tipo de vegetação é explicada por vários motivos,


conforme os autores: vão desde a pobreza do solo, normalmente muito ácido com
deficiência nutricional e alto teor de alumínio, passando pela irregularidade das
chuvas, com longos períodos de seca; até a frequência de queimadas.
No Cerrado, as queimadas são comuns em determinada época do ano, e surgem até
espontaneamente, devido principalmente a raios (que nesta região são também muito
frequentes), sem contar as provocadas pelo homem.

A espessa camada de súber (tecido formado por células mortas) que envolve
troncos e galhos no Cerrado é outra característica interpretada como uma adaptação
ao fogo. Agindo como isolante térmico, o súber impediria que as altas temperaturas
das labaredas atingissem os tecidos vivos mais internos dos caules.

Muitas plantas herbáceas têm órgãos subterrâneos, onde são armazenados água e
nutrientes. Cortiça grossa e estruturas subterrâneas podem ser interpretadas como
algumas das muitas adaptações desta vegetação, que lhe permite subsistir às secas
e às queimadas periódicas a que é submetida, protegendo as plantas da destruição e
capacitando-as para rebrotar após o período de estiagem e/ou após o fogo.
140

IXX. CONHECIMENTO TRADICIONAL E ETNOBOTÂNICA


Conhecimento Tradicional – Características
- local,
- difuso,
- subtendido,
- transmitido verbalmente ou pela imitação e demonstração,
- experimental e não teórico,
- aprendido pela repetição,
- ao mesmo tempo: produzido e reproduzido,, descoberto e perdido,
- sempre em constante mudança (não é estático).

Neste tipo de conhecimento - o fenômeno intelectual não acontece separado dos seus
propósitos práticos. É baseado nas conexões entre o Corpus e o Praxis.
. Corpus - procedimentos intelectuais - símbolos, conceitos e percepções da
natureza.
O locus do corpus é a mente e a memória das pessoas – transmissão do
conhecimento feita pela língua.
. Praxis - conjunto de operações práticas na apropriação da natureza.

Fontes do corpus:
a) experiência acumulada através da história e transmitida por gerações por uma dada
cultura;
b) as experiências socialmente compartilhadas por uma geração;
c) a experiência pessoal, particular de cada pessoa, alcançada pela repetição de
ciclos produtivos, enriquecida por variações e condições imprevistas associadas –
dinâmico.

(ETNOBOTÂNICA:
QUANDO A RELAÇÃO
É COM PLANTAS)
141

Etnobiologia

É o ramo da Biologia que estuda a relação entre as sociedades e os recursos


biológicos (plantas e animais) em seus ambientes. É o estudo científico da forma como
os seres vivos são tratados e/ou utilizados por diferentes culturas.

Processo de formação cumulativo e de longo prazo, envolvendo práticas,


conhecimentos empíricos, costumes e crenças acumuladas através da história e
transmitida entre indivíduos, de geração a geração.

Busca o entendimento de como as sociedades (culturas) percebem, classificam e


utilizam os recursos naturais, os inter-relacionamentos entre a natureza e a sociedade,
procurando a compreensão de como as sociedades influenciam a diversidade
biológica (durante a sua apropriação dos recursos naturais), a natureza, e como esta,
por outro lado, afeta a cultura humana.

Constitui patrimônio comum do grupo social e tem caráter difuso, pois não pertence a
este ou aquele indivíduo, mas a toda o grupo.

Informação - extraída do meio ambiente por meio de sistemas especiais de


cognição e percepção, que selecionam a informação mais útil e apropriada e as
adaptações de sucesso são conservadas, passando de geração a geração, por meios
orais ou empíricos.

CONHECIMENTO TRADICIONAL

Provém da interação entre os seres humanos com o meio ambiente e tem muitas
dimensões, que podem incluir a botânica, a zoologia, a ecologia, a agricultura, entre
outras.

– Esse conhecimento é organizado pela ciência em formas de nominar o saber


tradicional - A ETNOBIOLOGIA E SUAS ESPECIALIDADES:

. Etnobotânica
. Botânica Econômica
. Etnoecologia
. Etnofarmacologia
. Etnozoologia
. Outras Etnos (Etnoentomologia, Etnoornitologia,
Etnoictiologia, etc.)
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XX. PERGUNTAS CENTRAIS PARA ESTUDOS ETNOBIOLÓGICOS

1. Referentes a uma relação de uso de um recurso vegetal, animal ou físico.


- Para que usa
- Como usa
- Quando usa
- Que valor de uso tem ou pode ter

2. Referentes a uma relação indireta planta-homem.


- Percepção de participação em cadeias, com efeitos diretos ou indiretos sobre o
homem e/ou sobre os recursos vegetais que utiliza ou com os quais convive.
Exemplo: O que tinha, agora não tem e o que aconteceu com relação a esta
situação.

3. Referentes à percepção de mudanças relacionadas com os recursos vegetais.


- O que tinha, mas agora não tem
- O que não tinha, mas agora tem
- O que tinha mais e agora tem menos
- O que tinha menos e agora tem mais
- O que é mais sensível à mudanças
- O que é mais resistente à mudanças
Causas e efeitos dessas situações.
Exemplo: Plantas como indicadoras de mudanças ecológicas em ecossistemas.

4. Referentes à percepção de mudanças em relação ao meio ambiente.


- Por efeito de dinâmicas ambientais
- Impactos
- Mudanças
- Introduções
- Inovações
- Indicadores
- Conservação
Exemplos:
. Evolução da agricultura e seus efeitos sobre o ambiente e o homem em uma
determinada região.
. Dinâmica de inundação e uso de recursos vegetais.
. Efeitos de barragens sobre os recursos vegetais de uma região.

5. Referentes à percepção de mudanças em relação ao meio socioeconômico.


- Sistemas de exploração de recursos vegetais.
- Crescimento populacional e efeitos sobre a exploração dos recursos.
- Mudanças de hábitos.
- Mudanças culturais.
- Pressões externas.
- Organização social.
- Causas e efeitos sobre o ambiente, à sócioeconomia e ao próprio homem.
Exemplo:
- Percepção de trabalhadores rurais sobre as mudanças socioambientais em uma
na região.
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6. Referentes a efeitos futuros com base em indicações do passado e do presente.


- Projeções sobre situações potenciais, efeitos e consequências.
- Como uma sociedade (urbana ou rural) entende e se prepara (ou é preparada),
participa ou não da decisão de mudança que pode afetar seus recursos.

Exemplos:
. Estudo sobre os manguezais de Cururupu e advento do ecoturismo.
. Conhecimento, percepções e expectativas de populações residentes em Unidades
de Conservação (criadas ou a criar) e seus entornos.

7. Referentes a perguntas que exigem combinações teórico-metodológicas ----um


pouco de cada uma em uma construção mais ampla.

Exemplo:
- Avaliação das formas de uso e manejo de recursos vegetais na região ----
fitossociologia e etnobotânica para aferir estado de conservação e padrões de uso e
manejo.

8. A hipótese pode ser construída:


- a partir de indicações do conhecimento local e confirmada com métodos e técnicas
científicas.
- a partir de uma hipótese científica e confirmada com base no conhecimento local.

As especialidades da Etnobiologia:
. Etnobotânica
. Botânica Econômica
. Etnoecologia
. Etnozoologia
. Outras Etnos (Etnoentomologia, Etnoornitologia, Etnoictiologia, etc.)
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XXI. ETNOBOTÂNICA

Estuda as relações entre o homem e as plantas nas sociedades tradicionais.

Principais Enfoques Atuais na Etnobotânica


1) Utilitário – considera a utilidade de uso imediato como sua importância
principal.
2) Ecológico/Ambiental – considera principalmente o papel das plantas no
ambiente, nas cadeias, nos ciclos de vida.
3) Socioeconômico – considera principalmente o valor econômico e social das
plantas, seja como geração de renda, seja como fonte de matérias primas para
as atividades sociais e econômicas. Neste enfoque, superpõe-se com a
Botânica Econômica, quando esta é direcionada às sociedades modernas,
urbanas.

Enfoque Utilitário
Mais comum e praticado pelos etnobotânicos.
- levantamentos de usos de plantas em áreas geográficas localizadas.
- conclusões sobre o valor utilitário das plantas.

Enfoque Ecológico/Ambiental
Para responder questões, tais como:
- a diversidade de usos de plantas representa a diversidade de plantas disponível?

Enfoque Socioeconômico
Avalia-se a importância das plantas e seus usos em relação à mudanças sociais e
econômicas locais ou regionais e/ou como instrumentos de desenvolvimento
socioeconômico. Neste enfoque, a Etnobotânica aproxima-se da Botânica
Econômica!

Espécies isoladas ou grupos de espécies


. estudadas em seu papel sócioeconômico,
. identificando-se e aferindo-se os efeitos da sua exploração
. positivos ou negativos,
. atuais ou potenciais,
. sobre os indivíduos
. sobre a sociedade
. sobre a economia
. sobre o ambiente.
. Uso na Produção Artesanal
. Usos de Subsistência
. Espécies Economicamente Importantes
. Usos Culturais
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XXII. MÉTODOS EM ETNOBOTÂNICA

1. Observação Participante
Consiste em aprender a observar as pessoas estudadas formando parte da vida
cotidiana e interagindo com elas para ganhar sua confiança e desenvolver um trabalho
satisfatório. Exige participação efetiva, continuada no meio pesquisado.

2. Observação Direta
Observa-se diretamente a vida dos locais (aspectos ambientais, sociais, econômicos,
políticos e religiosos, etc.). Difere basicamente da Observação Participante no nível
de envolvimento de pesquisadores e informantes. Na Observação Direta as
participações e entrevistas são sistemáticas, mas menos freqüentes.

Tipos de Entrevistas:
1) Entrevistas informais - utilizadas mais intensivamente durante os estágios
iniciais da pesquisa, no processo de familiarização com o povo e a área de estudo;
2) Entrevistas semi-estruturadas - a entrevista consiste de um questionário (semi-
estrurado) com perguntas abertas e fechadas, na forma de um roteiro que pode variar.
3) Entrevistas estruturadas - conjunto de questões fechadas no formato de um
questionário (estruturado).

3. Técnica Bola de Neve (Snow Ball)


Uma amostra pequena pode converter-se em grande fonte de informação.
Princípio: localiza-se um ou mais informantes chaves aos quais são pedidos nomear
outros informantes que possam participar da pesquisa, fazendo-se amostragem
exaustiva.

Pessoas que mais conhecem um aspecto (e.g. plantas medicinais) e como se


reconhecem entre elas - facilita identificar grupos de elite em conhecimento.

4. Técnica Relato de 24 horas (24 Hours Recall)


Tem como base um questionário estruturado em que se pergunta às pessoas
entrevistadas que determinados fatos ocorreram (e.g. alimentos consumidos) nas
últimas 24 horas.

5. Técnica da Listagem Livre (Free Listing)


Aplica-se por meio de um questionário semi-estruturado para estudar domínios
discretos ligados a uma determinada coisa ou tema.
Proposta central - a cultura é conhecimento e reflete em cada indivíduo de uma
população como é aprendida e representada - implica que os nomes dos recursos
(plantas, animais, zonas ecológicas, etc.) que os informantes citem primeiro e
com maior freqüência são os que têm uma notável importância cultural.
Na prática, a amostra mínima que se recomenda para aplicar este questionário é de
20 a 30 informantes em cada 100.

6. Mapeamentos
- da terra; distribuição dos recursos
- mapas sociais: grupos humanos e uso dos recursos
- fluxo dos recursos produzidos
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7. Transectos e Caminhadas de Campo


Com colaboradores chaves para determinar como é composta a paisagem local, ou
seja, áreas agrícolas, de sucessão secundária ("capoeiras"), zonas de vegetação,
status de conservação, etc.

8. Linhas de Tempo
- identificação de eventos históricos pelos informantes; relação entre datas e fatos e
tendências históricas

9. Calendário Sazonal
- pesca; agricultura; extrativismo; eventos sociais; cultura

10. Matrizes (notas ou rankeamento)


- recursos; problemas; impactos; qualidades; defeitos; fatos

11. Diagramas de Venn


- círculos são usados para representar gente, grupos e instituições
- círculos mostram onde as percepções se superpõem
- linhas são desenhadas entre os diferentes círculos, mostrando as relações
(linhas mais fracas, relações fracas; linhas mais fortes, relações fortes)

12. Avaliação Ecológica Rápida (Rapid Ecological Assessment - REA)


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BIBLIOGRAFIA

Básica
BUCKUP, Ludwig. Botânica. 3. ED. Porto Alegre: Sagra. 2002. 176p.
NABORS, MURRAY W. Introdução à Botânica. Brasil: Roca. 2012. 680p.
PINHEIRO, C.U.B., ARAUJO, N. A. & AROUCHE. G. C. Plantas Úteis do Maranhão:
Região da Baixada Maranhense. São Luís: Gráfica e Editora Aquarela. 2010. 262p.
PINHEIRO, C. U. B. Botânica Costeira – Um Resumo de Autores e Temas (Apostila);
Disponível Impresso e arquivo pdf. 2020. 130p.

Complementar
PINHEIRO, C. U. B. Palmeiras do Maranhão (Onde Canta o Sabiá). São Luís, MA:
Aquarela, 2011, v.1. p.232.
PINHEIRO, C. U. B. Matas Ciliares: Recuperação e Conservação em Áreas Úmidas
do Maranhão. São Luís, MA. : Gráfica e Editora Aquarela, 2013, v.1. p.192.
MODESTO, Zulmira Maria Mota. Botânica. São Paulo: Epu, 1981. p 350.
PEREIRA, Cezio; AGAREZ, FERNANDO V. Botânica: Chaves para identificação de
famílias Taxonomia e organografia dos angiospermae. Rio de Janeiro: Interamericana,
1980. 190.
RAVEN, Peter H; EVERT, Ray F; EICHHORN, Susan E. Biologia vegetal. 8. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 856 p. ISBN: 9788527723623.
148

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
GRADUAÇÂO EM OCEANOGRAFIA

BOTÂNICA COSTEIRA
PROF.DR. CLAUDIO URBANO B. PINHEIRO

Atividade Complementar (1)

. Identificação / Classificação de Partes Vegetais

1) Folha

Colete duas (02) folhas de plantas diferentes, identifique as plantas e classifique as


folhas, quanto a:
. forma
. ápice
. base
. limbo (número)
. presença de estruturas específicas
. nervação
. filotaxia
. margem
. superfície (tricomas)

Cole ou grampeie ou costure as folhas das plantas em folhas individuais de papel,


escrevendo as informações solicitadas em cada uma delas. Identifique-se e identifique
as plantas de onde saíram as folhas.

Valor da atividade: 0-1,0 ponto; para uso na primeira nota.

Entrega: aula seguinte à primeira avaliação.


149

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

BOTÂNICA COSTEIRA
PROF.DR. CLAUDIO URBANO B. PINHEIRO

Atividade Complementar (2)

. Identificação/ Classificação de Partes Vegetais

2) Flor

Colete duas (02) flores de plantas diferentes – denomine os componentes e


classifique as partes florais quanto a:
. pedúnculo
. número de peças
. homogeneidade
. número de estames
. sexo
. número de sépalas
. número de pétalas
. simetria
. soldadura dos estames
. soldadura das anteras
. posição dos estames
. inserção das anteras
. deiscência da antera

Cole ou grampeie ou costure as flores das plantas em folhas individuais de papel,


escrevendo as informações solicitadas em cada uma delas. Identifique-se e identifique
as plantas de onde saíram as folhas.

Valor da atividade: 0-1,0 ponto; para uso na primeira nota.

Entrega: aula seguinte à primeira avaliação.


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