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BACTERIOPLÂNCTON

As bactérias marinhas são abundantes na superfície do mar e decrescem em


número com o aumento da profundidade. Em sua maioria encontram-se associadas
a partículas orgânicas ou organismos do zooplâncton como substrato (RAVEN et al.,
1996).
São geralmente móveis e gram-negativas, podem ter forma de cocus, espiral
ou bastão. São importantes na cadeia trófica marinha por servirem de alimento para
organismos maiores, além de ajudarem na transformação e decomposição na
matéria orgânica (RAVEN et al., 1996).
A Classe Cyanophyceae, chamadas de cianobactérias ou algas azuis, são
abundantes nos trópicos, onde ocorrem de forma solitária ou formam agregados
(Figura 14) de filamementos ou em cadeia, gerando um odor desagradável.
Quando as cianobactérias formam grandes agregados, podem dar coloração
ao local onde estão. Tal fato ocorre no Mar Vermelho, que recebe o nome pela
floração de grande quantidade de cianobactérias que possuem predominantemente
ficoeritina, como mostra na imagem acima.

FIGURA – MARÉ VERMELHA CAUSADA PELA CIANOBACTÉRIAS

FONTE: Maré vermelha. Disponível em: <http://www.infoescola.com/ecologia/mare-vermelha/>.


Acesso em: 13 out. 2013.
FITOPLÂNCTON

O fitoplâncton é composto por algas microscópicas, ou parte vegetal do


plâncton, que são autótrofas e produzem matéria orgânica no ambiente marinho.
Portanto, a luz é um fator limitante para esses organismos, que só habitam a zona
fótica marinha. São representados pelos grupos Bacillariophyta, Dinophyta,
Euglenophyta, Chlorophyta e Cyanophyta (SANT’ANNA et al., 2006). São
compostos por indivíduos clorofilados, o que indica que são fonte de oxigênio e
energia para os demais níveis tróficos.
Sua distribuição espacial e temporal é dependente dos fatores ambientais,
como radiação solar, temperatura, salinidade e outros, que serão determinantes na
biomassa e produção primária. Estes organismos são extremamente sensíveis às
mudanças ambientais, logo se tornam um bom indicador de qualidade da água
(BUFORD, 1997).

Classe Bacillariophyceae
São popularmente conhecidas como diatomáceas (Figura 15) e ocorrem em
ambientes marinhos, salobros, dulcícolas e hipersalino. Podem ser planctônicas e
bentônicas, unicelulares ou coloniais e medir cerca de 1 mm.
FIGURA – EXEMPLO DE DIATOMÁCEA DA ESPECIA Pinnularia virilis

FONTES: Pinnularia virilis. Disponível em:


<http://protist.i.hosei.ac.jp/pdb/images/heterokontophyta/Raphidineae/Pinnularia/viridis/viridis9.html>.
Acesso: 13 out. 2013.

Sua morfologia é característica, pois possui duas carapaças denominadas


frústulas, são compostas de sílica e se encaixam (Figuras). A frústula maior se
chama epiteca e a menor hipoteca. Podem ser ornamentadas de poros, perfurações
e estrias compostas de sílica que formam desenhos. As estrias são importantes em
estudos microscópicos para identificação das espécies.
FIGURA – RERODUÇÃO E DIVISÃO DAS DIATOMÁCEAS

FONTE: Bonecker et al. (2002).

As diatomáceas se reproduzem por fissão binária, onde uma valva


desenvolve outra valva filha maior. Dessa maneira, após sucessivas divisões, o
tamanho tende a crescer e para que ela volte ao seu tamanho, desenvolve-se o
auxósporo, que é a célula sem valvas que irá desenvolver um novo par de valvas e
recomeçar o ciclo (Figura ).
Outras espécies de diatomáceas se reproduzem de forma sexuada por
oogamia (com gameta masculino flagelado) e isogamia (com gameta feminino e
masculino flagelados).

Classe Dinophyceae

Conhecidos como dinoflagelados, são unicelulares e raramente formam


cadeiras. São autotrófagos e possuem dois flagelos para movimentação. Podem
apresentar placas de celulose para revestir a célula (Figura ). Possuem pigmentos
de clorofila, caroteno e/ou xantofila.
FIGURA – EXEMPLO DE DINOFLOGELADO

FONTE: Disponível em: <http://www.io-warnemuende.de/falk-pollehne-projekte.html>.


Acesso em: 13 out. 2013.

A reprodução pode ser por fissão binária, onde cada célula filha retém metade
da carapaça original e forma uma nova parte, sem perder seu tamanho original.
Outra forma é a reprodução sexual por isogamia ou anisogamia.
Alguns gêneros de dinoflagelados formam as marés vermelhas (Figura ),
quando a água está rica em nutrientes, podendo ser potencialmente tóxicos
(produzem neurotoxinas) e causar morte de peixes. Estes gêneros são Gonyaulax,
Protogonyaulax, Gymnodium, Prorocentrum, Alexandrium e Scripsiella. Outros são
bioluminescentes pela oxidação da substância luciferina, como os Noctiluca (RAVEN
et al., 1996).

Outros organismos do fitoplâncton


As outras classes são pouco encontradas no ambiente marinho, sua maioria é
dulcícola. As clorofíceas são raramente vistas nos oceanos, podem dominar a
comunidade fitoplanctônica dos estuários. O mesmo ocorre com as criptofíceas, que
são encontradas predominantemente no fitoplâncton de estuários e lagoas costeiras.
Já os cocolitoforídeos são protistas unicelulares e autótrofos componentes do
fitoplancton pelágico tropical. Conhecidos como a maior fonte de produção primária
nos oceanos. Existem também os silicoflagelados que são algas unicelulares
encontradas no fitoplânctons em águas oceânicas (SANT’ANNA et al. 2006).

ZOOPLÂNCTON

Seja como meroplâncton ou holoplâncton, a maioria dos filos animais


possuem representantes no zooplâncton marinho (Tabela). Por possuir essa
diversidade de espécies, no item zooplâncton será dada ênfase nos aspectos
descritivos e ecológicos baseados nos trabalhos de Brusca & Brusca (1990) e
Ruppert et al. (2005).
O termo zooplâncton tem origem nas palavras gregas zoon = animal e
planktos = a deriva, logo os zooplânctons são animais dispersos na coluna d’água
com meio de locomoção nulo ou limitado.
O zooplâncton é importante na cadeia trófica devido à condução do fluxo de
energia dos produtores para os consumidores subsequentes. Portanto, são
responsáveis pela produção secundária e têm o papel de fonte alimentar essencial.

TABELA – INTERGRANTES POR FILOS DO ZOOPLÂNCTON MARINHO

Filo Representantes
Dinoflagelados Zooflagelados
Foramíniferos Radiolários Ciliados
Acantários
Protozoa

Hidromedusas Sifonóforos
Cnidaria Sifomedusas
Ctenophora Ctenóforos
Mollusca Heteropoda
Pteropoda
Polychaeta Poliquetas
Cladócera Ostrácoda Copépoda
Misidacea Anfípoda
Eufasiácea
Crustacea (subfilo)

Chaetognatha Quetognatos
Apendiculárias Salpas
Pirosomatídeos
Chordata Peixes (ovos e larvas)

FONTE: Elaborado pelo autor.

Protistas

Os principais representantes são dos filos Sarcomastigophora e Ciliophora,


que são os foraminíferos (Figura 18, a), radiolários (b), acantários (d) e ciliados (c).
Possuem pequeno porte, com tamanho de 3 μm a 1 cm. No filo Sarcomastigophora,
ocorre a presença de carapaças de carbonato de cálcio, sílica ou sulfato de
estrôncio, que se depositam no fundo dos oceanos, formando importantes depósitos.
Já os ciliados pelágicos apresentam forma de taça, revestido por um tegumento
proteico (lórica) que frequentemente é proveniente de material detrítico.
Tais organismos vivem de forma livre, são parasitas ou mutualistas de
animais. São considerados a maior parte da biomassa zooplanctônica, juntamente
com os crustáceos e rotíferos.
Seus hábitos alimentares são diversificados, sendo bacteriófagos, detritívoros,
herbívoros e carnívoros. Muitas espécies podem produzir cistos de resistência a
condições adversas do ambiente.

FIGURA – REPRESENTANTE DOS PROTISTAS PLANCTÔNICOS

a b

c d

FONTE: Adaptação de Protistas. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA4- cAK/aula-


protistas>. Acessado em: 13 out. 2013

Cnidários

Os cnidários são potencialmente perigosos ao homem, pois possuem


nematocistos, células urticantes que servem para imobilizar presas e facilitar a
ingestão. São representantes os indivíduos das ordens Sinphonophora (Figura),
Scyphozoa (b) e Hydrozoa (c), são os sinfonóforos, sifomedusas e higromedusas
(figura seguinte).
Sua reprodução ocorre por alternância de geração. As hidromedusas
apresentam fase assexuada bentônica e sexuada planctônica, já os sinfonóforos são
holoplanctônicos e as sifomedusas somente a fase sexuada planctônica, quando
assexuada rudimentar ou ausente.
FIGURA – REPRESENTANTE DOS CNIDÁRIOS

a c

A- Sinphonophora; B- Scyphozoa; C- Hydrozoa. FONTE: Adaptação de Cnidários. Disponível em:


<http://www.vistaalmar.es/especies-marinas/medusas.html?start=32>. Acesso em: 13. out. 2013.

Ctenophora
Indivíduos gelatinosos de forma globosa e achatada são holoplanctônicos
com pentes, estruturas de oito fileiras de cílios formando uma placa (Figura 20).
Possui coloblastos, células adesivas, como estratégia para captura da presa, pois
são carnívoros e apresentam bioluminescência.

FIGURA - CTENÓFORO

FONTE: Carambola do mar. Disponível em: <http://amigosdojoe.com/ctenoforos/>.


Acesso em: 13. out. 2013.
Mollusca

Possuem representantes holoplanctônicos, como a classe dos gastrópodes


(Pteropoda e Heteropoda) e também meroplanctânico, como as larvas de moluscos
bentônicos. Os pteropodos (Figura 21) são filtradores, herbívoros ou carnívoros e
podem ser encontrados em grandes grupos. Já os heteropodos, apresentam concha
que pode ser reduzida e ausente em algumas espécies.

FIGURA – REPRESENTANTE DOS PTERÓPODOS

FONTE: Glowing Underwater Creatures. Disponível em:


<http://illusion.scene360.com/art/16042/glowing-underwater-creatures/>. Acesso em: 13 out. 2013.

Polychaeta
Este filo apresenta a maioria dos indivíduos bentônicos e suas larvas
planctônicas, sendo muito comum nos estuários e zona costeira. Podem ter vida livre
ou sedentária, vivendo em tubos ou escavando o substrato. Possuem mais de oito
mil espécies e podem ser coloridos e iridescentes, como na figura abaixo. Há
registros de poliquetas de 2 milímetros a 3 metros de comprimento.
FIGURA – REPRESNTANTE DE POLYCHAETA

FONTE: Nereis succinea. Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro: Nereis_succinea_(epitoke).jpg>. Acesso em: 13 out. 2013.

Podem ser carnívoros, alimentar-se do material em suspensão ou para os


sedentários, matéria orgânica presa no sedimento.

Crustacea

São organismos dominantes no plâncton, representados pelos Entomostraca


e os Malacostraca (Figura). Os Entomostraca são holoplanctônicos e subdivididos
em ostrácodes, copépodos e cladóceros. Já os Malacostraca, são os principais
representados pelos siris, caranguejos, lagostas, lagostins e camarões. Os
organismos desse subfilo apresentam uma característica evolutiva dos artrópodes, o
corpo dividido em cabeça, tórax e abdome.
Os cladóceros apresentam carapaça recobrindo o corpo e a cabeça fica
externa, podem atingir até 3 mm. Nos ostrácodes a cabeça é incluída dentro da
carapaça bivalva, somente a ordem Myodocopida é planctônica e são numerosos na
profundidade, sendo predadores ativos e bioluminescentes. Por fim, os copépodos
possuem mais de 5.000 espécies descritas e são um dos mais importantes
componentes do zooplâncton.
FIGURA – REPRESENTANTES DE CRUSTÁCEOS FITOPLANCTÔNICOS

FONTE: Adaptação de crustáceos. Disponível em:


<https://www.google.com/search?q=Malacostraca&espv=210&es_sm=122&source=lnms&tbm=isch&s
a=X&ei=NwpcUpvbGoiDqQGqr4GQBA&ved=0CAkQ_AUoAQ&biw=1517&bih=714#facrc=0%3Bmaxill
opoda&imgdii=_&imgrc=_>. Acesso em: 13 out. 2013.

Dentro das espécies de copépodos podemos encontrar organismos herbívoros,


carnívoros, omnívoros e detritívoros. Não apresentam carapaça, possuem sexos
separados e fecundação cruzada. Apresentam ampla distribuição em todas as
profundidades. São fontes de energia para peixes que consomem o plâncton.
Os malacostraca apresentam corpo protegido por carapaça e peças bucais
bem desenvolvidas, algumas espécies são holoplanctônicas, mas a maioria é
meroplanctônica, com somente o estágio larval no plâncton.

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