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CICLOS DE VIDA DE INVERTEBRADOS MARINHOS

O clico de vida de um organismo corresponde aos padrões e estratégias


reprodutivas, desenvolvimento e distribuição geográfica. O entendimento de tais
características é importante para o conhecimento, manejo e conservação dos
invertebrados marinhos.

REPRODUÇÃO

Os modos de reprodução dos invertebrados são diretamente determinados


pelos ambientes em que vivem. Existe um padrão geral de reprodução, com
fertilização externa e desenvolvimento de larvas livre-nadantes.
Existem dois tipos de reprodução entre os invertebrados marinhos, a
assexuada e a sexuada. Na reprodução assexuada, não ocorre recombinação de
material genético, geralmente ocorre em certas épocas do ano e de maneira cíclica.
São exemplos: o brotamento, a fissão e a fragmentação, feitos pelas esponjas,
pepinos do mar e anêmonas. Ainda existem espécies que sofrem alternância de
gerações, como alguns cnidários, que na forma de pólipo apresentam reprodução
assexuada e na forma de medusa a reprodução é sexuada (VENTURA & PIRES,
2002).
A reprodução sexuada envolve a produção meiótica de gametas e produz
uma progênie diversa e geneticamente capaz de dispersar e adaptar-se a habitats
distintos. Assim, possui vantagem seletiva pela criação da diversidade genotípica.
Em alguns poliquetas, cnidários e esponjas a reprodução sexuada se dá pela
gônada temporária que pode crescer e regredir durante a gametogênese. Também
existem espécies que possuem os dois sexos no mesmo indivíduo e são
denominadas hermafroditas, monoicas e bissexuais. Já as que possuem macho e
fêmea são consideradas unissexuais, dioicas e gonocóricas (VENTURA & PIRES,
2002).
Estratégias reprodutivas são fundamentais para o sucesso das espécies. A
quantidade de gameta produzido é influenciada pela disponibilidade de alimento e
temperatura, quanto maior a quantidade, maior a possibilidade de que um
invertebrado marinho torne-se um adulto, pois a maioria dos invertebrados é
consumida antes do estágio juvenil. O número de vezes de reprodução também é
uma estratégia, existem invertebrados iteróparos, que assumem a estratégia de se
reproduzir várias vezes em toda sua vida e os semélparos, que se reproduzem
apenas uma vez e morrem em seguida. A sincronia na liberação dos gametas é
outra estratégia, na qual uma espécie culmina na liberação conjunta de gametas ou
da forma larval com uma sincronia de local e ao mesmo tempo, aumentando o
sucesso de fertilização (RUPPERT et al., 2005).

DISTRIBUIÇÃO

Como já foi possível observar, os fatores físicos, químicos, geológicos e


biológicos, variam de acordo com o habitat e exercem pressões seletivas sobre os
organismos.
Em relação à distribuição dos organismos marinhos de forma vertical (tanto
invertebrados como vertebrados), podemos classificar os ambientes marinhos
(Figura 4) em: zona intertidal; zona sublitoral (0 – 200m); zona batial (200 - 2000m);
zona abissal (2000 – 6000m); zona hadal (>6000 m).
A zona intertidal é também denominada costões rochosos e zona entre
mares, sofrendo influência direta das marés. Inclui as zonas litoral e sublitoral,
caracterizadas como zonas neríticas (que compreendem a plataforma continental).
Possui três subdivisões: supralitoral, faixa de areia e rochas superiores do litoral,
raramente submersa; mediolitoral é sujeito ao efeito das marés com frequentes
poças de água e infralitoral, que fica descoberta por poucos períodos, durante as
marés muito baixas (VENTURA & PIRES, 2002).
A zona batial, assim como as zonas abissal e hadal, são zonas afóticas,
onde a luz não alcança; os organismos que residem nessa zona não são

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autotróficos e utilizam outras formas para adquirir alimento. A zona batial ocupa a
talude continental, já a abissal é de maior profundidade, as fossas abissais.

FIGURA – CLASSIFICAÇÃO DAS ZONAS MARINHAS, ATIVIDADE DE


ORGANISMOS E LUMINOSIDADE NO AMBIENTE MARINHO

FONTE: Classificação dos Ambientes marinhos. Disponível em:


<http://oficinaexperimental.wikispaces.com/file/view/classificacao_ambientes_marinhos.pdf>.
Acesso em: 22 set. 2013.

Os indivíduos sobrenadantes (espécies que vivem no plâncton marinho)


da região oceânica também podem ser subdivididos de acordo com a
profundidade de atividade (Figura 4). São classificados em epipelágicos (até
200m), mesopelágicos (até 1.000m), batipelágicos (até 2.000m),
habissalpelágicos (até 6.000m) e hadalpelágicos (mais de 6.000m).

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ALGAS MARINHAS

As algas são seres eucarióticos ou multicelulares que apresentam parede


celular formada principalmente de celulose, ágar, carragenina, carbonato de cálcio e
outros. As algas multicelulares (Figura ) possuem em seu corpo filamentos, lâminas
ou estruturas que lembram caules e folhas (FRANCESCHINI et al., 2010).
Além do ambiente marinho, as algas podem ser encontradas nos rios, sobre
pedras, em troncos de árvores ou outras superfícies úmidas. Elas podem ser
encontradas em toda zona fótica do ambiente marinho formando colônias ou apenas
um indivíduo.

FIGURA – EXEMPLOS DE ALGAS MARINHAS

a c

FONTE: Algas marinhas. Disponível em:


(a)<http://www.jonolavsakvarium.com/blog/200708/blog200708.html>.(b)
http://www.johnsbooks.org/photo/photography1.htm> e
(c)<http://cfb.unh.edu/phycokey/Choices/Fucophyceae/LAMINARIA/Laminaria_Image_page.htm>.Acesso em: 12
out. 2013.

Estes organismos marinhos são fotossintetizantes, ou seja, capazes de


sintetizar moléculas orgânicas a partir de substâncias inorgânicas e da energia da
radiação solar. Elas apresentam clorofila, pigmento responsável pela realização da
fotossíntese, que podem ser dos tipos a, b, c, d ou e (PIRES-VANIN, 2009).
Podem possuir diversas colorações determinadas pela predominância de um
pigmento. A coloração esverdeada é dada pela presença de clorofila, vermelha pela
predominância de ficoeritrina e marrom pela fucoxantina (PIRES-VANIN, 2009).
As clorofíceas, algas verdes, pertencem a um grupo bem diversificado de
espécies. Como exemplo, temos as do gênero Ulva ou alfaces do mar (Figura). Já

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as rodofíceas, algas vermelhas, também possuem clorofila, mas a ficoeritrina é
predominante. Geralmente são macroalgas marinhas, como as que são comestíveis
do gênero Porphyra (Figura). Por fim, as feofíceas ou algas pardas também são
macroalgas marinhas e podem alcançar mais de 50 metros de comprimento. As
espécies do gênero Laminaria (Figura) são exemplos de algas pardas e são
consumidas em grande escala pelos povos orientais (PIRES-VANIN, 2009).

CICLO DE VIDA DE ALGAS MARINHAS

Para assegurarem o sucesso de sua descendência, as algas pluricelulares


marinhas desenvolveram e mantiveram uma diversidade de processos reprodutivos,
realizando reprodução molecular, celular e do organismo.
A reprodução molecular se distingue pelo aumento celular, síntese, acúmulo
de substâncias (água, enzima, ADN, ARN) e divisão dos Eucariotos em duas etapas,
divisão nuclear e divisão citoplasmática (FRANCESCHINI et al., 2010).
Já a reprodução celular é marcada pela mitose e meiose, dois tipos de divisão
celular. Na mitose ou fissão, a célula mãe duplica seus cromossomos, em seguida
faz a divisão e dá origens a duas células filhas idênticas geneticamente. Na meiose,
a célula mãe diploide (2n) sofre duas divisões, originando quatro células filhas
haploides (n), como demonstrado a seguir. Após o período de crescimento pelas
reproduções moleculares e celulares o organismo se reproduz, podendo ser de
forma vegetativa, assexuada e sexuada (FRANCESCHINI et al., 2010).

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FIGURA – REPRESENTAÇÃO DA REPRODUÇÃO CELULAR DAS ALGAS
MARINHAS

FONTE: Elaborado pelo autor.

REPRODUÇÃO VEGETATIVA

A reprodução vegetativa se dá pela simples fragmentação de um propágulo


do indivíduo “materno”, onde o indivíduo dá origem a um novo por um fragmento de
seu corpo. Podem ser propágulo indiferenciado, quando um talo vegetativo se
fragmenta; ou diferenciado, quando são estruturas multicelulares formadas por um
ramo especial (FRANCESCHINI et al., 2010).
Exemplos de reprodução vegetativa por propágulo diferenciado são as algas
pardas do gênero Sphacelaria (Figura 8, a), com a formação de uma estrutura
específica que se destaca posteriormente, além da espécie Hypnea cornuta (Figura
8, b). Já os exemplos por propágulo indiferenciado são as espécies de Sargassum e
Dictyota pardalis (Figura 8, c e d).

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FIGURA – EXEMPLOS DE PROPÁGULOS DIFERENCIADOS (a E b) E
INDIFERENCIADOS (c E d)

c d
b

FONTE: YONESHIGUE-VALENTIN, 2002.

REPRODUÇÃO ASSEXUADA

Como o próprio nome diz, na reprodução assexuada não ocorre a troca de


gametas e sim a formação de esporos a partir de uma ou mais células de
esporângios. Dá-se quando o conteúdo citoplasmático das células do esporângio é
divido por mitose (formando polisporângio) ou meiose (formando meiósporos), que
são liberados para o meio externo com a dissolução da parede (FRANCESCHINI et
al., 2010). Dependendo do número de divisões e células internas, recebe o nome de
monosporângio (Figura 9 a), tetrasporângio (b,c, d) e polisporângio (e).
FIGURA – REPRODUÇÃO ESPÓRICA OU ASSEXUADA

a - Monosporângio; b,c E d - Tetrasporângio; e - Polisporângio.FONTE: YONESHIGUE-VALENTIN,


2002.

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Quanto à mobilidade do esporo, podem ser imóveis ou móveis. Quando
móveis, formam o zoósporo, estrutura que pode variar de forma, tamanho e
apresentar flagelos. A maioria dos meióporos de algas verdes e paradas são
zoósporos, já das algas vermelhas são imóveis e dispersos passivamente
(YONESHIGUE-VALENTIN, 2002).

FIGURA – REPRODUÇÃO ASSEXUADA POR MEIO DE ZOÓSPORO

FONTE: Simões. Disponível em: <http://www.pauloferraz.com.br/trab_reproducaodasplantas.htm>.


Acesso em: 12 out. 2013.

REPRODUÇÃO SEXUADA

A reprodução sexuada implica no encontro de duas células especializadas


denominadas gametas. Em algas marinhas a união dos gametas origina um zigoto
que passará por um curto período de dormência e sofrerá meiose zigótica (fase de
zigoto), dando origem a quatro zoósporos (YONESHIGUE-VALENTIN, 2002). Cada
célula originará um indivíduo haplobionte, ou seja, adulto haploide (Figura).
FIGURA – REPRODUÇÃO SEXUADA

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos/bioprotista5.php>.


Acesso em: 13 out. 2013.

Outra maneira de reprodução das algas é quando o indivíduo adulto


diplobionte (diploide) produz gametas por meiose (denominada meiose gamética),
que se fundem e formam o zigoto, que origina um novo adulto também diploide.
Na maioria das algas ocorre a reprodução com alternância de geração,
indivíduos haploides e em seguida diploides, chamado de ciclo haplodiplobionte.
Demonstrado na figura seguinte.
FIGURA – CICLO REPRODUTIVO HAPLODIPLOBIONTE

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos/bioprotista5.php>.


Acesso em: 13 out. 2013.

Quanto à fusão gamética, podem ser: isogâmica e heterogâmica. Na primeira,


os gametas que se fusionam são móveis e morfologicamente idênticos e na segunda,
os gametas são distintos morfologicamente, sendo de dois tipos: na anisogamia, os
gametas possuem mesma forma e flagelo, mas um é maior que outro e na oogamia
existem um microgameta masculino móvel e um macrogameta feminino imóvel e
distinto um do outro (YONESHIGUE-VALENTIN, 2002).
Já em algumas algas filamentosas, predominantemente de água doce, ocorre a
reprodução em conjunção (Figura ). Duas células haploides se pareiam, através de
um canal de comunicação e formam o zigoto. O zigoto se divide por meiose e cada
célula forma um novo indivíduo haploide.
FIGURA – CICLO REPRODUTIVO EM CONJUNÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.pauloferraz.com.br/trab_reproducaodasplantas.htm>.


Acesso em: 13 out. 2013.

PLÂNCTON MARINHO

O plâncton marinho é composto por uma comunidade de organismos que


vivem passivamente transportados pelas correntes ou movimento da água. Pode ser
classificado quanto ao tamanho, habitat e tempo de permanência no ambiente
pelágico. Ecologicamente se dividem em bacterioplâncton, fitoplâncton, zooplâncton,
ictioplâncton e mixoplâncton.
A divisão quanto ao tamanho é feita com base na malha da rede de captura
utilizada. Quanto ao habitat, podem ser classificados como marinho, estuarino ou
dulcícula. Os indivíduos que passam o ciclo de vida no plâncton são chamados de
holoplâncton, enquanto os que passam somente um estágio da vida são
meroplâncton e os que vão ocasionalmente, são ticoplâncton (YONESHIGUE-
VALENTIN, 2002).

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