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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DO HUAMBO

ISCED-HUAMBO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
SECTOR DE BIOLOGIA

Trabalho Grupal de Talophytas

Curso: Ensino Da Biologia


Ano curricular: 2º
Regime: Regular
Grupo nº: 6

O Professor
______________________________
PhD. Juarês Bongo Manico

HUAMBO/2022
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DO HUAMBO
ISCED-HUAMBO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
SECTOR DE BIOLOGIA

Trabalho Grupal de Talophytas

Integrantes do grupo:

Albertino Cândido Domingos

Celestina Maria Calassola

Eufrates Vavahalula Lourenço Capangue


Curso: Biologia
Ano curricular: 2º Francisca Jamba Manuel
Regime: Regular
Grupo nº: 6 Jaúca Maria Canepa Dumbo

Mário Albano Alexandre Gonjo

Míriam Baldina Henriques

O Professor
______________________________
PhD. Juarês Bongo Manico

HUAMBO/2022
Sumário
Introdução ...................................................................................................................... 1
A Simbiose liquénica .................................................................................................... 2
Morfologia Dos Líquens ............................................................................................... 3
Habitat ............................................................................................................................ 5
Reprodução Dos Líquens ............................................................................................. 5
Ecologia Dos Líquens ................................................................................................... 5
Importância Ecológica E Econômica........................................................................... 6
Conclusão ...................................................................................................................... 7
Referências Bibliográficas ........................................................................................... 8
Introdução

Cerca de 20% das espécies de fungos conhecidas são encontradas na natureza


em associação com algas e cianobactérias (Marcelli 2006). Por tratar-se de fungos que
dependem da fotossíntese realizada pelo fotobionte da associação, os liquens
apresentam uma ecologia totalmente vegetal, dependendo de luz, água e gás carbônico,
atuando no ecossistema como produtores e não como decompositores, como os demais
fungos (Marcelli 1998a).

De acordo com o Código Internacional de Nomenclatura Botânica, o nome dado ao


líquen é referente ao seu micobionte. Cerca de 98% dos fungos liquenizados pertencem
ao grupo dos ascomicetos, sendo que 45% dos ascomicetos são liquenizados (Marcelli
1996, Nash III 2008). Há também poucas espécies de basidiomicetos liquenizados
(Marcelli 2006).

O presente trabalho sobre os liquens, faz referência aos aspectos ligados à simbiose,
morfologia, habitat, reprodução, ecologia e importância dos liquens, com vista a melhorar
nossa percepção em torno deste grupo de fungos.

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A Simbiose liquénica
Um líquen é uma associação simbiótica mutualista entre um componente fungico
e uma população de algas unicelulares ou filamentosas, ou de cianobactérias
(Raven,1996).

Nos líquens, a alga, que é autótrofa, realiza fotossíntese e assim, produz alimento
para ela e o fungo. O fungo, que é heterótrofo, oferece proteção á alga, além de reter
sais e umidade, necessários a ambos.
Ocorrem em vários tipos de substratos e ambientes, podendo se desenvolver sobre
troncos e ramificações de árvores (corticícolas), sobre rochas (saxícolas) ou folhas
(folícolas) e, ainda, sobre o solo (terrícolas). Eles podem ser encontrados em ambiente
luminosos, denominados heliófitos, como por exemplo, muitos grupos de foliosos com as
algas verdes, e em ambientes sombrios, liquens caracterizados com umbrófitos, como
as formas foliosas com algas azuis, esquamulosos e filamentosos (Hawksworth, 1975;
Marcelli, 1987).
Os líquens quando portadores de algas verdes, a maioria dos talos tem coloração entre
o branco e o cinza, com um toque verde dado pela clorofila. Os fungos liquênicos podem
variar do preto, marrom e cinza-chumbo, que ocorrem naqueles portadores de
cianobactérias, e alguns produzem substâncias coloridas, normalmente interpretadas
como defesa contra o excesso de iluminação dos ambientes expostos em que vivem e
que poderia causar degradação da clorofila.
Além de excelentes bioindicadores da qualidade e das alterações ambientais, os fungos
liquenizados são produtores de uma grande quantidade de substâncias biológicamente
ativas, que são restritas a grupos taxonômicos e ou áreas geográficas, e cujo estudo da
estrutura e síntese em laboratório deverá ser de grande importância num futuro próximo
(Marcelli 1997).

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Morfologia Dos Líquens
O corpo do líquen (o conjunto de fungo e alga) é tradicionalmente denominado talo, pois
é destituído de caules e folhas. A morfologia do talo liquénico é determinada
principalmente pelo micobionte (cerca de 95% do volume do líquen). No entanto, a
contribuição do fotobionte(com cerca de 5% do talo ) para a morfogénese do líquene é
importante, dado que apenas após o estabelecimento da simbiose é que se forma um
talo liquénico característico (Marcelli 2006).
Segundo Hale (1983) tanto o micobionte quanto o fotobionte (algas ou cianobactérias)
perdem sua identidade morfológica e anatômica, podendo ser reconhecidos somente
quando o talo é seccionado e analisado ao microscópio de luz ou eletrônico.
Existem dois tipos de estruturas do talo dos líquenes: talos homómeros e talos
heterómeros. Nos primeiros, o fotobionte está uniformemente distribuído, na totalidade
ou quase totalidade do talo. Nos líquenes com estrutura heterómera, o fotobionte forma
uma camada bem diferenciada entre as camadas do micobionte.
Os líquens estratificados(heterómeros) podem ser classificados em:

 Folioso ou Foliáceo: assemelha-se a folhas. Apresenta camadas bem definidas.


Sua estrutura é formada pelo córtex superior que funciona como uma superfície
de proteção, por uma camada de fotobionte, e pela medula, com hifas
frouxamente organizadas e poucas algas dispersas, e por uma camada inferior
denominada córtex inferior, o qual pode apresentar estruturas chamadas rizinas
e/ou tomento, que proporcionam a aderência do talo ao substrato. O talo follioso
na maioria das espécies, pode ser retirado com facilidade do substrato (Hale
1979)

 Crostoso: achatado e firmemente aderido ao substrato. O talo crostoso


apresenta-se intimamente ligado ao substrato pela medula e pode estar ou não
bem delimitado no substrato. Neste tipo não há córtex inferior (Carlile et al. 2001).

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 Fruticoso: apresentam um desenvolvimento em três dimensões, podendo
assumir formas pendentes, erectas ou prostradas. Os lobos dos talos dos líquenes
fruticulosos podem ser filamentosos e mais ou menos cilíndricos ou em forma de
tira. Destacam-se sempre da superfície do substrato, ao qual se fixam por um
pequeno disco. Em alguns géneros como em Usnea, existem espécies que, em
climas tropicais, podem atingir vários metros de comprimento. No género
Cladonia, forma-se inicialmente um talo primário e, posteriormente um talo
secundário onde se desenvolvem pedúnculos que suportam os apotécios, os
podécios, podendo designar-se por líquenes compostos. Os líquenes fruticulosos
ramificados possuem uma razão superfície/volume elevada, a qual contribui para
uma tomada e perda de água mais rápida comparativamente aos outros líquenes.
(Os líquenes, Graham et. al. Capítulos 9.3 e 24)

 O talo esquamuloso é formado a partir de pequenos lóbulos ou escamas com


cerca de 1,0 cm. Possui a mesma estrutura do tipo folioso, com exceção da
ausência de rizinas no córtex inferior. E está fixado no substrato através de uma
porção central do córtex inferior.

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 Alguns autores ainda estabelecem mais um tipo de talo denominado dimórfico,
onde o líquen passa por dois tipos de talos até chegar à forma madura,
combinando-se entre os tipos crostoso-fruticoso ou esquamuloso-fruticoso, como
ocorre no gênero Normandina (Goward et al. 1994; Brodo 2001).

Habitat
Os líquens possuem ampla distribuição e habitam as mais diferentes regiões.
Normalmente os liquens são organismos pioneiros em um local, pois sobrevivem em
locais de grande estresse ecológico. Podem viver em locais como superfícies de rochas,
folhas, no solo, nos troncos de árvores, picos alpinos, etc. Existem liquens que são
substratos para outros liquens.

A capacidade do liquen de viver em locais de alto estresse ecológico deve-se a sua alta
capacidade de dessecação. Quando um líquen desseca, a fotossíntese é interrompida e
ele não sofre pela alta iluminação, escassez de água ou altas temperaturas. Por conta
desta baixa na taxa de fotossíntese, os liquens apresentam baixa taxa de crescimento.

Reprodução Dos Líquens


Os fungos liquenizados não apresentam reprodução sexuada e a reprodução assexuada
pode ocorrer de várias formas:

1. Por esporos formados pelo fungo que germinam quando encontram uma alga;
2. Por fragmentação do talo;
3. Por propágulos(Sorédios) que possuem tanto células das algas quanto hifas de
fungos
4. Por isídios que são projeções do talo.

Os indivíduos também podem se reproduzir individualmente, a alga se reproduz


vegetativamente e os fungos através de esporos.

Ecologia Dos Líquens


A associação entre os fungos e as algas é mutualística. Os fungos não sintetizam o
próprio alimento, assim, utilizam os nutrientes fornecidos pelas algas. Já as algas são
favorecidas pelo fato de os fungos proporcionarem a elas um ambiente onde elas
poderão ter acesso a minerais e água, necessários para o seu desenvolvimento.
Até pouco tempo, acreditava-se que os fungos retinham umidade para a alga, mas, na
verdade, os líquens conseguem viver por tanto tempo e em ambientes tão hostis, como
desertos, graças à sua capacidade de dessecação. Quando o líquen desseca, cria uma

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camada em seu córtex bem espessa, a qual impede a passagem de luz e cessa a
fotossíntese, fazendo com que o líquen sobreviva por muito tempo em um
estágio latente diante de adversidades.

Importância Ecológica E Econômica


 Sucessão ecológica: os líquens são considerados seres pioneiros, pois são os
primeiros a se instalar em alguns ambientes, como as rochas. Os micobiontes
produzem um ácido que causa a desintegração dessas rochas, formando o solo e
permitindo, assim, a colonização desse ambiente por novos organismos;
 Fixação de nitrogênio: as cianobactérias presentes em alguns líquens são
capazes de realizar a fixação do nitrogênio. Esse processo consiste na
transformação do gás nitrogênio em amônia, que é incorporada a substâncias
orgânicas;
 Bioindicadores: como algumas espécies absorvem diversas substâncias
tóxicas, como o dióxido de carbono, e não conseguem excretá-las,
a ausência de líquens em determinados locais pode indicar poluição ambiental.
 Produção de medicamentos e cosméticos.

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Conclusão

Feitas as diversas consultas bibliográficas em torno do assunto líquens, constatamos


que:

 os fungos que formam liquens são, em sua grande maioria, ascomicetos (98%),
sendo o restante, basidiomicetos e que as algas envolvidas nesta associação são
as clorofíceas e cianobactérias. Os fungos desta associação recebem o nome de
micobionte e a alga, fotobionte, pois é o organismo fotossintetizante da
associação.

 A natureza dupla do liquen é facilmente demonstrada através do cultivo separado


de seus componentes. Na associação, os fungos tomam formas diferentes
daquelas que tinham quando isolados.

 Grande parte do talo liquénico é formado pelo fungo, razão pela qual são
usualmente classificados como fungos.

 Os líquens são seres vivos muito simples. Alguns taxonomistas os classificam na


sua própria divisão (Mycophycophyta), mas isto ignora o fato de que os seus
componentes pertencem a linhagens separadas.

 Podemos encontrá-los nos mais diversos habitats, de geleiras, rochas, árvores,


folhas, desertos e são excelentes colonizadores primários.

 Os liquens são bem conhecidos pelo grande número de substâncias químicas que
produzem e pela facilidade com que essas substâncias podem ser estudadas e
utilizadas em taxonomia. Muitas das substâncias liquênicas possuem importância
taxonômica e/ou econômica, sendo utilizadas na fabricação de antibióticos,
perfumaria, tinturas, etc.

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Referências Bibliográficas
Andreia Fernanda Grosmann, L. F. (2011). COMPOSIÇÃO E DIVERSIDADE DE
LIQUENS EM TRÊS DIFERENTES ÁREAS NO “MATO DO SILVA”,
CHIAPETTA, RS1.
Barbosa, S. B. (2009). Aplicabilidade Taxonímica de variações Anatómicas de fungos
liquenizados. Botucatu- SP.
Leite, A. B. (2013). Influência de factores ambientais na riqueza e composição de
espécies de líquens em área de Brejo de altitude e Caatinga. Sergipe- Brazil.
Santos, J. M. (2012). DIVERSIDADE DE LIQUENS EM LEGUMINOSAS DA RESERVA
BIOLÓGICA DE MOGI-GUAÇU, SP. Botucatu- São Paulo.
ZANETTI, C. A. (2014). Estudo taxonômico e anatômico em espécies de Canoparmelia
s.l. (Parmeliaceae, Ascomycota liquenizados). São Paulo: UNESP.

Liquens" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-


2022.em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos/biofungos4.php
(Ahmadjian 1987; http://www.anbg.gov.au/lichen/reproduction-dispersal.html)
Liquens.PDF (apoioescolar24horas.com.br)

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