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Conceito
Os fungos (do latim “fungus” que significa “cogumelo”) são seres vivos eucariontes e
heterotróficos com nutrição absortiva e reserva energética de glicogénio. Estes podem ser
unicelulares ou pluricelulares e aeróbicos ou anaeróbicos.
Durante muito tempo, os fungos foram considerados como integrantes do reino Plantae e,
somente a partir de 1969, passaram a ser classificados em um reino à parte.
Ocorrência e distribuição
Além de fonte de matéria orgânica, os fungos dependem de água líquida para o seu
crescimento, essencial para todo o processo vital. A maioria depende de oxigénio para a
respiração, sendo, portanto, aeróbios. Alguns podem ser anaeróbios facultativos, pois
respiram na presença de O2 e fermentam na sua ausência.
Devido a grande diversidade do grupo, existe uma variação nos factores que influenciam a
vida de fungos. Assim, temperaturas entre 20 °C e 30 °C são ideais para o crescimento da
maioria dos fungos, mas muitos crescem ou pelo menos sobrevivem em temperaturas
extrema. O pH ligeiramente ácido, ao redor de 6, é ideal para a grande parte dos
representantes do grupo.
Muitas espécies fúngicas exigem luz para seu desenvolvimento; outras são inibidas por ela e
outras ainda mostram-se indiferentes a este agente. Em geral, a luz solar directa, devido à
radiação ultravioleta, é elemento fungicida.
Os fungos são ubíquos, encontrando-se no solo, na água, nos vegetais, em animais, no homem
e em detritos, em geral. O vento age como importante veículo de dispersão de seus propágulos
e fragmentos de hifa.
Morfologia
Os fungos são caracterizados por uma estrutura somática geralmente constituída de filamentos
alongados microscópicos, denominadas hifas. O conjunto de hifas que compõe o corpo do
fungo é chamado micélio, que pode formar estruturas reprodutivas macroscópicas
morfologicamente complexas.
Ao microscópio óptico, as hifas são muito simples, são tubos com parede celular e citoplasma.
As hifas podem ser cenocítica ou septadas.
Hifas septadas
São filamentos ramificados com paredes transversais chamadas septos que “delimitam” cada
célula. Esses septos não isolam completamente as células, permitindo assim a comunicação
intracelular. Algumas hifas podem ainda apresentar dois núcleos (dicariótica) em cada célula,
dependendo do estágio sexual do organismo, ou um núcleo apenas (monocariótica).
Hifas cenocíticas
Filamentos contínuos, sem paredes transversais (septos) separando cada célula e com os
núcleos espalhados pela grande massa citoplasmática.
As hifas promovem a fixação do fungo no solo e nos estágios reprodutivos podem brotar do
solo formando uma estrutura de frutificação que são popularmente conhecidas como
cogumelos (presentes apenas nos basidiomicetos), que também apresentam estruturas
específicas.
Parede celular
Nutrição
A nutrição dos fungos é heterotrófica, ou seja, eles são incapazes de sintetizar o seu próprio
alimento. Esses seres vivos, geralmente, liberam enzimas como como lipases, invertases,
lactases, proteinases e amílases, que hidrolisam o alimento tornando-o assimilável através de
transporte activo e passivo. Essas enzimas, chamadas exoenzimas, agem digerindo as
substâncias orgânicas presentes no solo para que o fungo possa absorver apenas os produtos
dessa digestão. Como os processos digestivos ocorrem fora do organismo, a digestão é
conhecida como digestão extracorpórea.
O composto orgânico utilizado como alimentos pelo fungo permite caracterizar a forma de
nutrição em:
Para além destes tipos de alimentação, existe a simbiose que ocorre quando os fungos
estabelecem relações simbióticas com seres autotróficos (algas e plantas), tornando-os mais
eficientes na colonização de habitats pouco hospitaleiros. São exemplo disso os líquenes
(associação de cionobactérias ou de algas clorofitas com hifas de fungos). Neste caso, as
células autotróficas (de clorófitas ou de cianobactérias) ficam protegidas por uma camada de
hifas, que forma quase uma epiderme. Dado que a alga não se pode deslocar, o fungo fornece-
lhe os nutrientes minerais de que necessita para a fotossíntese e protege-a das alterações
ambientais, recebendo em troca compostos orgânicos.
Outra importante associação simbiótica dos fungos são as micorrizas, associações entre as
hifas e as raízes de árvores.
Reprodução
Nos fungos, assim como nas algas e em vários outros organismos, ocorrem dois tipos de
reprodução: a reprodução assexuada (envolvendo apenas a mitose) e a sexuada (resultado da
plasmogamia, cariogamia e meiose).
De acordo com o tipo de reprodução realizada, os fungos podem ser divididos em três grupos:
Esta forma de reprodução também é denominada de somática ou vegetativa, pois não envolve
a fusão de gâmetas, é a chamada fase anamórfica (fase assexual). Como não há mistura de
material genético, na reprodução assexuada não observamos a variabilidade genética, sendo
produzidos indivíduos idênticos geneticamente aos que os originaram. Como os indivíduos
formados são idênticos, diz-se que ocorreu formação de clones. Podem ocorrer mudanças
genéticas nos descendentes caso ocorram mutações. A reprodução assexuada pode ocorrer por
diferentes procedimentos:
Fragmentação
É um tipo de reprodução assexuada muito simples que ocorre em certas espécies de fungos.
Nesse tipo de reprodução, o micélio se quebra, graças a factores bióticos ou abióticos, dando
origem a dois novos micélios.
Brotamento ou gemulação:
Nesta divisão, a célula-mãe se divide em duas células de tamanhos iguais de tamanhos iguais,
de forma semelhante ao que ocorre com as bactérias.
Esporulação
Os fungos do Filo Ascomycota têm suas hifas especiais chamadas de conidióforos e seus
esporos chamados de conídios. Já os fungos do Filo Cythridiomycota, que são, em sua
maioria, fungos aquáticos, formam esporos chamados de zoósporos, que são dotados de um
flagelo para melhor dispersão na água.
Conídios são esporos exógenos imóveis localizados nas extremidades nas hifas. Os esporos
dos fungos normalmente são imóveis (aplanósporos). Apenas um grupo, os quitrídios
produzem zoósporos.
Reprodução sexuada
Plasmogamia: nessa etapa, ocorre a fusão dos citoplasmas de dois micélios. Como em muitas
espécies os núcleos não se fundem imediatamente, os dois núcleos haplóides permanecem aos
pares na célula. Esse micélio é denominado de dicariótico. Com o passar do tempo, esses
núcleos passam a dividir-se sem que haja a fusão;
Cariogamia: Aqui ocorre a fusão dos núcleos haplóides, o que forma células diplóides. No
ciclo de vida dos fungos, apenas o zigoto é uma fase diplóide.
Filo Chytridiomycota
Este filo representa o grupo mais antigo de fungos. Os quitridiomicetos, ou quitrídios são
fungos tipicamente unicelulares ou com cadeias de células anexadas ao substrato através de
rizóides. São microscópicos. Alguns são cenocíticos, sem septos dividindo as células. São
predominantemente aquáticos, o que significa que os fungos provavelmente surgiram na água.
Entretanto, alguns quitrídios são também encontrados em ambientes terrestres.
Existe neste grupo uma grande variação ecológica, alguns são habitantes de água doce, alguns
marinhos, enquanto outros vivem em plantas ou animais em decomposição.
A reprodução sexuada ocorre através da fusão de gâmetas móveis que são morfologicamente
similares, mas diferentes fisiologicamente. Desta fusão ocorre a formação de um zigoto,
também móvel. Algumas espécies possuem talos femininos (oogônio) e masculinos
(anterídio). O anterídio libera gâmetas móveis que nadam até encontrar um oogônio ao qual se
fundem.
Filo Zygomycota
Filo Ascomycota
Candida é uma espécie assexual e, assim como vários outros ascomicetes, o ciclo sexual não é
conhecido. Estes fungos eram anteriormente classificados separadamente como
“Deuteromycota” devido à falta de caracteres morfológicos sexuais para sua identificação. No
entanto, estudos genéticos do DNA combinados com as características morfológicas
assexuais, permitiram o reconhecimento destes fungos dentro de Ascomycota. Deuteromycota
não é mais reconhecido como uma categoria taxonómica válida e os fungos onde a fase sexual
não é conhecida são denominados de fungos anamórficos.
A reprodução assexuada ocorre através de esporos mitóticos chamados de conídios, que são
geneticamente idênticos ao micélio do qual se originou, mas haplóides. Os conídios são
formados na extremidade de hifas especializadas, os conidióforos. A produção de esporos
sexuais é um acontecimento relativamente comum neste filo.
Filo Basidiomycota
Este filo corresponde a 37% das espécies de Fungos descritas até hoje. Os Basidiomycota
mais conhecidos são os que apresentam estruturas macroscópicas, como os cogumelos e
orelhas de pau, que são as estruturas reprodutivas responsáveis por produzir e dispersar os
esporos sexuais. Embora em menor número, existem neste grupo espécies unicelulares
(leveduras) e assexuais (fungos anamórficos). A característica diagnóstica do filo
Basidiomycota é a produção de células chamadas basídios, onde são produzidos os esporos
sexuais.
A reprodução sexual dos Basidiomycota é caracterizada pela presença do basídio, uma célula
em formato de clava de onde emergem, na extremidade, os esporos sexuais, denominados
basidiósporos. Ao contrário do que ocorre nos ascos, os basidiósporos são formados fora da
célula reprodutiva (basídio) e emergem a partir de prolongamentos chamados de esterigmas.
Dentro do basídio ocorre a fusão nuclear e em seguida, a meiose. Depois disso os núcleos
migram para a extremidade do basídio e então amadurecem para dar origem aos
basidiósporos.
As doenças causadas por fungos são conhecidas como micoses. As micoses podem ocorrer ao
nível do aparelho respiratório, olhos, unhas, cabelo, pele. Os esporos produzidos por alguns
fungos podem produzir alergias. A sua forma de contágio se dá por meio da inalação, ingestão
ou inoculação directa desses microorganismos. Dessa forma, as infecções fúngicas podem
afectar uma área delimitada (localizada) ou comprometer amplamente o organismo
(sistémicas).
As micoses podem ser classificadas atendendo aos tecidos que são inicialmente afectados, em:
a) Micoses superficiais
São infecções frequentes que se caracterizam por comprometerem a pele, cabelo e unhas. Por
exemplo, a Tinea versicolor, que provoca manchas escuras na pele.
b) Micoses cutâneas
Acometem a epiderme mais profunda e incluem doenças que invadem o cabelo e unhas. As
micoses cutâneas podem provocar resposta imune do hospedeiro, com mudanças patológicas
nas áreas afectadas. Por exemplo, a Tinea pedis que causa pé-de-atleta.
c) Micoses subcutâneas
d) Micoses sistémicas
Patógenos oportunistas.
Dermatófitos
Tinea corporis, é a tinha mais frequente no ser humano. Afecta as partes sem pelo do
corpo. Normalmente as lesões são anéis vermelhos que rodeiam uma zona central de
aspecto normal.
Tinea pedis, também chamada “pé de atleta”. Começa normalmente nos espaços
interdigitais, estendendo depois para o resto do pé.
Tinea cruris, lesões escamosas avermelhadas localizadas nas zonas inguinais. As vezes
estendem-se a zona perianal e aos glúteos.
Tinea capitis, caracteriza-se por lesões crostosas com lesões claras (hipopigmentadas),
com descamação. Os cabelos são infectados, quebrando-se na sua base. Provoca queda do
cabelo com alopecia definitiva.
Tinea unguium, também chamada por onicomicose. São lesões que ocorrem nas unhas, de
aspecto variável, desde manchas esbranquiçadas a destruição da lâmina ungueal.
Cândidas
As cândidas são um género de leveduras, que vivem em simbiose com animais, incluindo os
seres humanos. Várias espécies são integrantes das floras normais no intestino e na vagina.
As infecções por Cândida, ou candidíases, podem ter apresentações clínicas muito diferentes,
desde infecções superficiais na boca e na vagina até infecções sistémicas potencialmente
fatais. Estas últimas estão limitadas a indivíduos com imunodeficiência grave (por exemplo,
em indivíduos HIV positivos).
Vulvovaginite por cândida. É a infecção das membranas mucosas da vagina. Produz irritação
e ardor, com secreção esbranquiçada espessa. É questionável se esta infecção é ou não
infecção de transmissão sexual. A vulvovaginite por cândida persistente é típica na infecção
pelo HIV. No homem pode-se produzir também infecção genital, com irritação e inchaço da
glande e prepúcio.
Candidíase cutânea. É a infecção da pele em áreas localizadas, especialmente nas zonas com
muita humidade, como virilhas ou pregas abdominais.
Micoses sistemáticas
Pneumocystis jirovecii
Cryptococcus neoformans
O Cryptococcus pode ser visualizado em LCR ou escarro com coloração com tinta de China.
Aspergillus spp
Histoplasma capsulatum
Para além do benefício ecológico, existem diversas aplicações para o benefício humano.
Algumas espécies de fungos como o Agaricus campestris e o Lentinus edodes, conhecidos
respectivamente como champignon e shitake, são amplamente utilizados no preparo de
diversos pratos da gastronomia. Além desses fungos, há os que são utilizados na fabricação de
queijos, como o Penicillium roqueforti, utilizado na produção do queijo roquefort, e o
Penicillium camembertii, utilizado na fabricação do queijo camembert.
Já as leveduras, como o Saccharomyces cerevisae, são empregadas na fabricação de alimentos
como cerveja, pães e queijos. Elas são utilizadas como fermento, pois conferem à massa
leveza e maciez. Em bebidas alcoólicas, como a cerveja e o uísque, o Saccharomyces
cerevisae também é empregado, mas na produção de vinho, o fungo utilizado é o
Saccharomyces ellipsoideus.
GUERRA, R. A. T. et al. (2011). Ciências biológicas. 2 ed. Editora Universitária: São Paulo.
MORAES, P. L. (s.d.). A importância dos fungos para os seres humanos: Brasil Escola.
Recuperado em https://brasilescola.uol.com.br/biologia/a-importancia-dos-fungos-
para-os-seres-humanos.htm