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MANUAL 

MSD
Versão Saúde para a Família

Administração de medicamentos
Por Jennifer Le , PharmD, MAS, BCPS-ID, FIDSA, FCCP, FCSHP, Skaggs School of Pharmacy and
Pharmaceutical Sciences, University of California San Diego
Avaliação/revisão completa jun 2022
Os medicamentos são introduzidos no corpo por diversas vias. Eles podem ser

Tomados pela boca (via oral)

Administrados por injeção em uma veia (via intravenosa, IV), em um músculo (via intramuscular,
IM), no espaço ao redor da medula espinhal (via intratecal) ou sob a pele (via subcutânea, SC)

Aplicados sob a língua (via sublingual) ou entre a gengiva e a bochecha (via bucal)

Inseridos no reto (via retal) ou na vagina (via vaginal)

Aplicados nos olhos (por via ocular) ou ouvido (por via otológica)

Inalados pelo nariz e absorvidos através das membranas nasais (via nasal)

Aspirados até os pulmões, geralmente através da boca (por inalação) ou boca e nariz (por
nebulização)

Aplicados sob a pele (via cutânea) para um efeito local (tópico) ou em todo o corpo (sistêmico)

Aplicados na pele através de um adesivo (via transdérmica) para um efeito sistêmico

Cada via de administração tem vantagens, desvantagens e objetivos específicos.

(Consulte também Introdução à administração de medicamentos e farmacocinética.)

Via oral
  
Muitos medicamentos podem ser administrados oralmente como líquidos, cápsulas, comprimidos ou
comprimidos mastigáveis. Como a via oral é a mais conveniente e, geralmente, a mais segura e menos
dispendiosa, ela é a via utilizada mais frequentemente. No entanto, ela tem limitações devido ao
trajeto característico do medicamento ao longo do trato digestivo. No caso de medicamentos
administrados por via oral, a absorção pode começar na boca e no estômago. No entanto, a maioria
dos medicamentos geralmente é absorvida no intestino delgado. O medicamento passa pela parede
intestinal e chega ao fígado, antes de ser transportado pela corrente sanguínea até sua região-alvo. A
parede intestinal e o fígado alteram quimicamente (metabolizam) muitos medicamentos, diminuindo
a quantidade que chega à corrente sanguínea. Por isso, esses medicamentos geralmente são
administrados em doses menores quando injetados por via intravenosa para produzirem o mesmo
efeito.

Quando se toma um medicamento por via oral, alimentos e outros medicamentos no trato digestivo
podem afetar a quantidade e a rapidez com que este é absorvido. Dessa forma, alguns medicamentos
devem ser tomados com o estômago vazio, outros devem ser tomados com alimentos, outros não
podem ser tomados com certos medicamentos e, em alguns casos, a via oral é contraindicada.

Alguns medicamentos administrados por via oral irritam o trato digestivo. Por exemplo, a aspirina e a
maioria dos outros medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem danificar o
revestimento do estômago e do intestino delgado, podendo causar úlceras ou agravar úlceras
preexistentes. Outros medicamentos são absorvidos mal ou inadequadamente no trato digestivo ou
são destruídos pelo ácido e pelas enzimas digestivas no estômago.

Outras vias de administração são necessárias quando a via oral não pode ser utilizada, por exemplo:

Quando a pessoa não pode tomar nada pela boca

Quando o medicamento deve ser administrado rapidamente ou em uma dose precisa ou muito
elevada
Quando o medicamento é mal ou irregularmente absorvido pelo trato digestivo
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Vias injetáveis
  
A administração por injeção (administração parenteral) inclui as seguintes vias:

Subcutânea (sob a pele)

Intramuscular (no músculo)

Intravenosa (na veia)

Intratecal (ao redor da medula espinhal)

Um produto farmacêutico pode ser preparado ou fabricado de forma que sua absorção a partir do
local da injeção seja prolongada por horas, dias ou mais tempo. Tais produtos não precisam ser
administrados tão frequentemente quanto aqueles com absorção mais rápida.

Na administração por via subcutânea, insere-se uma agulha no tecido adiposo logo abaixo da pele.
Após um medicamento ser injetado, ele se move para os pequenos vasos sanguíneos (capilares) e é
transportado pela corrente sanguínea. Alternativamente, um medicamento pode alcançar a corrente
sanguínea através dos vasos linfáticos (consulte a figura Sistema linfático: ajudando a proteger contra
infecções). Medicamentos que são proteínas grandes, como a insulina, costumam alcançar a corrente
sanguínea pelos vasos linfáticos, pois esses medicamentos movem-se lentamente dos tecidos para o
interior dos vasos capilares. A via subcutânea é a utilizada para muitos medicamentos proteicos, visto
que eles seriam destruídos no trato digestivo caso fossem tomados por via oral.

Alguns medicamentos (como a progesterona, utilizada no controle hormonal da natalidade) podem


ser administrados através da inserção de cápsulas de plástico sob a pele (implante). No entanto, essa
via é muito pouco utilizada. Sua principal vantagem é a de fornecer um efeito terapêutico de longo
prazo (por exemplo, o etonogestrel implantado para contracepção pode durar até três anos).

A via intramuscular é preferível à via subcutânea quando são necessárias maiores quantidades de
um produto farmacêutico. Como os músculos estão abaixo da pele e dos tecidos adiposos, utiliza-se
uma agulha mais longa. Os medicamentos geralmente são injetados em um músculo do braço, coxa
ou nádega. A rapidez com que o medicamento é absorvido na corrente sanguínea depende, em parte,
do suprimento de sangue para o músculo: Quanto menor for o suprimento de sangue, mais tempo o
medicamento demora para ser absorvido.

Na administração por via intravenosa, insere-se uma agulha diretamente na veia. Assim, a solução
que contém o medicamento pode ser administrada em doses únicas ou por infusão contínua. Em
caso de infusão, a solução é movida por gravidade (a partir de uma bolsa de plástico colabável) ou por
uma bomba infusora através de um tubo fino flexível (cateter) introduzido em uma veia, geralmente
no antebraço. A via intravenosa é a melhor maneira de disponibilizar uma dose precisa por todo o
corpo de forma rápida e bem controlada. Ela também é utilizada na administração de soluções
irritantes, que causariam dor ou danificariam os tecidos se fossem administradas por injeção
subcutânea ou intramuscular. Uma injeção intravenosa pode ser mais difícil de administrar do que
uma injeção subcutânea ou intramuscular, já que inserir uma agulha ou cateter em uma veia pode ser
difícil, especialmente se a pessoa for obesa.

Quando um medicamento é administrado por via intravenosa, ele chega imediatamente à corrente
sanguínea e tende a apresentar efeito mais rapidamente do que quando administrado por qualquer
outra via. Por isso, os médicos monitoram cuidadosamente as pessoas que recebem uma injeção
intravenosa quanto a sinais de que o medicamento está fazendo efeito ou está provocando efeitos
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colaterais indesejáveis. Porém, o efeito de um medicamento administrado por essa via costuma durar
menos tempo. Portanto, alguns medicamentos devem ser administrados por infusão contínua para
manter seu efeito constante.

Para a via intratecal, insere-se uma agulha entre duas vértebras na parte inferior da coluna vertebral
dentro do espaço ao redor da medula espinhal. Neste caso, o medicamento é injetado no canal
medular. Frequentemente é utilizada uma pequena quantidade de anestésico local para tornar a zona
da injeção insensível. Essa via é utilizada quando é necessário que um medicamento produza um
efeito rápido ou local no cérebro, medula espinhal ou tecido que os envolvem (meninges) — por
exemplo, para tratar infecções nessas estruturas. Algumas vezes, anestésicos e analgésicos (como
morfina) são administrados dessa maneira.

Através da pele

Algumas vezes, administra-se um medicamento através da pele utilizando-se uma agulha (vias
subcutânea, intramuscular ou intravenosa), adesivo (via transdérmica) ou implante.

Vias sublingual e bucal


  
Alguns medicamentos são colocados sob a língua (tomados via sublingual) ou entre a gengiva e os
dentes (via bucal) para que possam se dissolver e ser absorvidos diretamente pelos pequenos vasos
sanguíneos que ficam sob a língua. Esses medicamentos não são ingeridos. A via sublingual é
especialmente boa para nitroglicerina, que é utilizada para aliviar a angina, devido à sua absorção
rápida e ao fato de o medicamento entrar imediatamente na corrente sanguínea, sem necessidade de
passar primeiro pela parede intestinal e pelo fígado. No entanto, a maioria dos medicamentos não
pode ser administrada dessa forma, porque eles podem ser absorvidos de maneira incompleta ou
indevida.

Via retal
  
Muitos dos medicamentos que são administrados por via oral também podem ser administrados por
via retal em forma de supositório. Nesse formato, o medicamento é misturado com uma substância
cerosa, que se dissolve ou liquefaz depois de ter sido introduzida no reto. A absorção do
medicamento é rápida, uma vez que o revestimento do reto é fino e a irrigação sanguínea é
abundante. Prescrevem-se supositórios quando alguém não pode tomar um medicamento por via
oral devido a náuseas impossibilidade de deglutir ou restrições alimentares como acontece antes e
oral devido a náuseas, impossibilidade de deglutir ou restrições alimentares, como acontece antes e
depois de muitas intervenções cirúrgicas. Os medicamentos que podem ser administrados por via
retal incluem acetaminofeno (para a febre), diazepam (para convulsões) e laxantes (para a
constipação). Medicamentos que são irritantes em forma de supositório geralmente precisam ser
administrados por injeção.

Via vaginal
  
Alguns medicamentos podem ser administrados a mulheres por via vaginal na forma de solução,
comprimido, creme, gel, supositório ou anel. O medicamento é lentamente absorvido pela parede
vaginal. Esta via é usada com frequência para administrar estrogênio a mulheres durante a
menopausa para aliviar sintomas vaginais, como secura, dor e vermelhidão.

Via ocular
  
Os medicamentos utilizados para tratar os problemas oculares (como glaucoma, conjuntivite e lesões)
podem ser misturados com substâncias inativas para produção de um líquido, gel ou pomada para
serem aplicados no olho. Colírios em forma líquida são de uso relativamente fácil, mas podem sair
dos olhos muito rapidamente, impedindo uma boa absorção. Fórmulas em gel e pomada mantêm o
medicamento em contato com a superfície do olho durante mais tempo, mas podem embaçar a visão.
Também estão disponíveis apresentações sólidas para inserção ocular, que liberam o medicamento
de forma contínua e lenta, mas esses produtos podem ser de difícil aplicação e manutenção no local
exato.

Os medicamentos oculares são utilizados quase sempre devido a seus efeitos locais. Por exemplo,
lágrimas artificiais são utilizadas para aliviar a secura dos olhos. Outros medicamentos (por exemplo,
os utilizados para tratar glaucoma [veja a tabela Medicamentos usados para tratar glaucoma], como
acetazolamida e betaxolol, e os que são utilizados para dilatar as pupilas, como fenilefrina e
tropicamida) produzem um efeito local (agindo diretamente nos olhos) depois de serem absorvidos
através da córnea e conjuntiva. Alguns desses medicamentos entram na corrente sanguínea e podem
causar efeitos colaterais indesejáveis em outras partes do corpo.

Via otológica
  
Medicamentos usados para tratar inflamação e infecção de ouvido podem ser aplicados diretamente
nos ouvidos afetados. Gotas para ouvidos contendo soluções ou suspensões são tipicamente
aplicadas apenas no canal auricular externo. Antes de aplicar gotas para ouvidos, as pessoas devem
limpar cuidadosamente os ouvidos com um pano úmido e secá-los. A menos que os medicamentos
sejam utilizados por um longo período ou utilizados em excesso, uma pequena quantidade de
medicamento entra na corrente sanguínea, logo, os efeitos colaterais generalizados são ausentes ou
mínimos. Os medicamentos que podem ser administrados por via otológica incluem hidrocortisona
(para aliviar a inflamação), ciprofloxacino (para tratar infecção), e benzocaína (para insensibilizar os
ouvidos).

Via nasal
  
Caso um medicamento deva ser inalado e absorvido através da fina membrana mucosa que reveste
as fossas nasais, ele precisa ser transformado em pequenas gotículas no ar (atomizado). Uma vez
absorvido, o medicamento entra na corrente sanguínea. Medicamentos administrados por essa via
costumam atuar rapidamente. Alguns deles irritam as vias nasais. Os medicamentos que podem ser
administrados por via nasal incluem nicotina (para deixar de fumar), calcitonina (para osteoporose),
sumatriptana (para enxaqueca) e corticosteroides (para alergias).

Via inalatória
  
Os medicamentos administrados por inalação pela boca devem ser atomizados em partículas
menores do que os administrados por via nasal, para que seja possível que o medicamento passe
pela traqueia e entre nos pulmões. A profundidade atingida pelo medicamento nos pulmões depende
do tamanho das gotículas. Gotículas menores alcançam maior profundidade, o que aumenta a
quantidade de medicamento absorvido. No interior dos pulmões, elas são absorvidas e entram na
corrente sanguínea.

Relativamente poucos medicamentos são administrados


dessa forma, pois a inalação deve ser controlada
Inaladores
cuidadosamente para que a pessoa receba a quantidade
correta de medicamento em um determinado período.
Além disso, pode ser necessário um equipamento VÍDEO
especializado para administrar o medicamento por essa via.
Geralmente, este método é utilizado para administrar
medicamentos que agem especificamente nos pulmões,
tais como aerosolized medicamentos antiasmáticos em
recipientes de doses controladas (chamados inaladores), e
para administrar gases utilizados para anestesia geral.

Via por nebulização


  
Administração de medicamentos
Similar à via inalatória, medicamentos administrados por
por inalação
nebulização devem ser aerossolizados em pequenas
partículas para alcançarem os pulmões. A nebulização
requer o uso de dispositivos especiais, geralmente sistemas A FOTO É CORTESIA DO DR. JUSTIN
ultrassônicos ou nebulizadores a jato. A utilização KAPLAN.
apropriada de um dispositivo ajuda a aumentar a
quantidade de medicamento liberado nos pulmões. Os
medicamentos que são nebulizados incluem tobramicina
(para fibrose cística), pentamidina (para pneumonia
provocada por Pneumocystis jirovecii) e albuterol (para ataques de asma).

Os efeitos colaterais podem incluir aqueles que ocorrem quando o medicamento é depositado
diretamente nos pulmões (tais como tosse, sibilos, falta de ar e irritação pulmonar), disseminação do
medicamento no meio ambiente (possivelmente afetando outras pessoas diferentes daquelas que
tomam o medicamento), e contaminação do dispositivo utilizado para nebulização (particularmente
quando o dispositivo é reutilizado e inadequadamente limpo). Utilizar o dispositivo adequadamente
ajuda a evitar efeitos colaterais.

Via cutânea
  
Os medicamentos aplicados na pele geralmente são utilizados por seus efeitos locais e, assim, são
mais comumente usados no tratamento de distúrbios da pele superficiais, como psoríase, eczema,
infecções de pele (virais, bacterianas e fúngicas), prurido e pele seca. O medicamento é misturado
com substâncias inativas. Dependendo da consistência dessas substâncias inativas, a formulação
pode ser uma pomada, um creme, uma loção, uma solução, um pó ou um gel (veja Preparados
pode ser uma pomada, um creme, uma loção, uma solução, um pó ou um gel (veja Preparados
tópicos).

Via transdérmica
  
Alguns medicamentos são disponibilizados no corpo todo através de um adesivo sobre a pele.
Algumas vezes, esses medicamentos são misturados a uma substância química (como o álcool) que
intensifica a penetração pela pele e entrada na corrente sanguínea sem uso de injeções. Através de
um adesivo, o medicamento pode ser administrado lentamente e de forma constante, durante muitas
horas, dias ou até mesmo mais tempo. Como resultado, os níveis do medicamento no sangue podem
ser mantidos relativamente constantes. Os adesivos são particularmente úteis no caso de
medicamentos que o organismo elimina com rapidez, pois, se os mesmos fossem administrados de
outras formas, teriam de ser tomados frequentemente. No entanto, os adesivos podem irritar a pele
de algumas pessoas. Além disso, os adesivos são limitados pela rapidez com que o medicamento
pode atravessar a pele. Apenas medicamentos que devem ser administrados em doses diárias
relativamente baixas podem ser administrados através de adesivos. Exemplos desses medicamentos
são: nitroglicerina (para dor torácica), escopolamina (para enjoo do movimento), nicotina (para deixar
de fumar), clonidina (para hipertensão arterial) e fentanila (para alívio da dor).

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