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Olá pessoal, nesta videoaula faremos um resumo das principais vias de administração de

fármacos.
A ingestão oral é o método mais usado para administrar fármacos, também é o mais
seguro, mais conveniente e econômico, mas apresenta algumas desvantagens. Pode ocorrer,
após administração oral, destruição de algumas moléculas de fármacos pelas enzimas digestivas
ou pelo pH gástrico baixo. Os fármacos presentes no trato gastrointestinal podem ser
metabolizados por enzimas da flora ou mucosa intestinais ou do fígado, antes que possam
alcançar a circulação sistêmica, ou seja, eles podem sofrer o efeito de primeira passagem o que
leva uma biodisponibilidade incompleta. A taxa de absorção pode sofrer interferência do
esvaziamento gástrico, qualquer fator que acelera o esvaziamento gástrico geralmente aumenta a
taxa de absorção do fármaco, enquanto qualquer fator que retarda o esvaziamento gástrico tem
efeito contrário. Podem sofrer ação de alimentos e também suas características podem influenciar
na taxa de absorção, por exemplo a hidrossolubilidade reduzida ou permeabilidade baixa das
membranas pode levar a abstração incompleta. Os fármacos podem causar vômitos quando
administrados pela via oral devido a irritação da mucosa gastrointestinal e, além disso, existe a
necessidade de contar com a colaboração do paciente.
A absorção pela mucosa oral quando se administram um fármaco por via sublingual tem
importância especial para alguns fármacos, apesar do fato de a superfície disponível para
absorção ser pequena. A drenagem venosa da boca é realizada pela veia cava superior que,
desse modo, faz um bypass da circulação porta. Por essa razão, um fármaco administrado por via
sublingual e absorvido neste local, é protegido do metabolismo rápido no intestino e na primeira
passagem pelo fígado, por exemplo a nitroglicerina sublingual administrada na angina do peito tem
ação imediata porque não é ionizada, tem lipossolubilidade alta e não está sujeita ao efeito de
primeira passagem antes de chegar ao coração e ao sistema arterial. Entretanto apresenta
desvantagens. Não é apropriada para o uso crônico, podendo causar irritação da mucosa.
Salivação excessiva, pode fazer com que o paciente engula o medicamento diminuindo, portanto,
sua absorção na mucosa oral e é imprópria para substâncias irritantes e de sabores
desagradáveis.
A via retal é uma opção para diminuir o efeito de primeira passagem. Cerca de 50% do
fármaco que é absorvido pelo reto não passa pelo fígado e assim o metabolismo de primeira
passagem é menor. A administração retal pode ser recomendável, por exemplo, para pacientes
com náuseas e vômitos, com dificuldade de engolir, pacientes sedados, pós-operatório e pacientes
pediátricos. Entretanto, absorção retal pode ser irregular e incompleta e alguns fármacos podem
causar irritação da mucosa retal.
A injeção por via subcutânea pode ser realizada apenas com fármacos que não causam
irritação dos tecidos, caso contrário pode provocar dor intensa, necrose e descamação dos
tecidos. São administrados pequenos volumes e podem ser suspensões pouco solúveis. A
absorção dos fármacos implantados sobre a pele na forma de pellets sólidos, ocorre lentamente
ao longo de semanas ou meses. Então alguns hormônios, por exemplo anticoncepcionais, são
administrados eficazmente dessa forma. Em geral, a taxa de absorção depois da injeção
subcutânea de um fármaco é suficientemente constante e lenta para produzir um efeito prolongado
em comparação às vias intravenosa e intramuscular. Uma outra vantagem é que pode ser usada
para auto medicação, mas dentre as desvantagens, podemos citar absorção prejudicada e falência
circulatória periférica e o uso crônico pode causar Lipodistrofia, que é uma inflamação do tecido
adiposo levando a uma absorção irregular. O efeito do fármaco pela via subcutânea pode ser
prolongado se usado sobre a forma relativamente insolúvel de liberação lenta, ou ainda utilizando-
se pellets com princípio ativo e os implantando subcutaneamente. Além disso é possível variar
intencionalmente o período durante o qual o fármaco é absorvido, por exemplo com injeção de
insulina usando variações do tamanho das partículas ou então variando o pH. O acréscimo de um
agente vasoconstritor em uma solução do fármaco a ser injetado por via subcutânea também
retarda absorção.
A administração de fármacos por via intramuscular os volumes são moderados, podendo
ser administradas por essa via suspensões oleosas e algumas substancias irritantes. É uma via de
administração confiável e previsível apropriada para formulações de depósito que levam absorção
lenta e prolongada. Absorção dos fármacos em solução aquosa, depois da injeção intramuscular,
depende da taxa de fluxo sanguíneo no local de injeção e pode ser relativamente rápida. É um
efeito mais rápido que a administração por via subcutânea. Quando o fármaco é injetado em
solução oleosa ou suspenso em vários outros veículos de depósito, a absorção resultante depois
da injeção intramuscular é constante. Pode ser uma via de administração útil em pacientes
inconscientes ou com vômitos. Dentre as desvantagens temos o fato de ser dolorosa e cuidado
precisa ser tomado com o veículo de diluição do fármaco. A absorção pode ser modulada até certo
ponto por aquecimento local, massagem ou exercício já que depende da taxa de fluxo sanguíneo
no local da injeção. Em geral, a taxa de absorção depois da injeção de uma preparação aquosa no
músculo deltoide é mais rápida do que quando a aplicação é no glúteo maior. A taxa é
especialmente mais lenta nas mulheres depois da injeção no glúteo maior, uma alteração
atribuída, possivelmente, é a distribuição variada de gordura subcutânea entre homens e mulheres
e porque a gordura é relativamente pouco irrigada.
Na via intravenosa, os fatores que limitam a absorção podem ser anulados pela injeção
dos fármacos em solução aquosa porque a biodisponibilidade é total, ou seja, o fator de
biodisponibilidade igual a 1 (100%) e a distribuição é rápida. Além disso, a liberação do fármaco é
controlada e assegurada com precisão e rapidez, o que não é possível qualquer outra via.
Algumas soluções irritantes podem ser administradas apenas por essa via porque quando o
fármaco é injetado lentamente o sangue circulante causa diluição acentuada existem vantagens e
desvantagens com administração intravenosa. O paciente pode ter reações indesejáveis porque o
fármaco pode atingir rapidamente concentrações altas no plasma e nos tecidos. Existem situações
terapêuticas nas quais é recomendado administrar um fármaco por injeção em bôlus e outras nas
quais a administração mais lenta e prolongada é desejável, por infusão. A infusão intravenosa dos
fármacos exige determinação cuidadosa da dose e monitoração rigorosa da reação do paciente.
Depois que o fármaco é injetado, geralmente não há como retirar. As injeções intravenosas
repetidas dependem da possibilidade de manter uma veia desobstruída. Os fármacos
administrados em veículo oleoso, os quais causam precipitação dos elementos sanguíneos ou
hemólise das hemácias e as combinações de fármacos que formam precipitados, não devem ser
administrados por via intravenosa. Os fármacos administrados na circulação sistêmica por
qualquer via, com exceção da intra-arterial, estão sujeitos a eliminação potencial na primeira
passagem pelos pulmões, antes da distribuição para o restante do corpo. Os pulmões também
atuam como filtros para partículas que podem ser administradas por via intravenosa e constituem
uma via de eliminação de substâncias voláteis. A assepsia deve ser assegurada e especialmente
quando os fármacos são administrados continuamente, por exemplo na infusão intravenosa.
Várias outras vias parenterais podem ser utilizadas embora com menor frequência e com
finalidades específicas. Podemos citar a intradermal, que tem sido usada para o diagnóstico e para
identificação de alergênicos. A intraperitoneal que é utilizado quando se necessita administrar
grandes volumes de solução isso porque esta via é constituída de grande superfície de absorção é
utilizada, por exemplo na diálise peritoneal. Além disso, essa via também tem utilidade para
administração de medicamentos à animais de laboratório. Intracardíaca é utilizada eventualmente
para eutanásia em animais de laboratório. Intratecal envolve a penetração de fármacos através de
membranas que revestem o sistema nervoso central. Quando se deseja efeito rápido, a barreira
hematoencefálica frequentemente impede ou retarda a entrada dos fármacos no sistema nervoso
central e isso reflete as atividades da glicoproteína P e de outros transportadores que realizam
efluxo, por essa razão quando é desejável obter efeitos locais rápidos dos fármacos nas meninges
ou no eixo cérebro espinhal, por exemplo anestesia espinhal, alguns fármacos são injetados
diretamente no espaço subaracnóideo medular. A assepsia deve ser assegurada para
administração de fármacos por via intratecal. A via intra-articular é utilizada quando se necessita
de efeito anti-inflamatório localizado em uma determinada articulação, por exemplo administração
de fármaco na artrite reumatoide. Intra-arterial é utilizada no tratamento de tumores hepáticos ou
cânceres de cabeça e pescoço. Ocasionalmente, alguns agentes diagnósticos são também
administrados por essa via, por exemplo albumina sérica humana marcada. Os fármacos
administrados por via intra-arterial não estão sujeitos a eliminação pelos pulmões antes da
distribuição para o restante do corpo, diferente das outras vias parenterais. E ainda há outras vias
como intravítrea e capilar.
A via respiratória é utilizada para administração nasal com sprays, por exemplo, ou
inalatória como aerossol e nebulizador. Fármacos gasosos voláteis podem ser inalados e
absorvidos através do epitélio pulmonar e das mucosas no trato respiratório sendo a absorção,
portanto, pulmonar. O acesso a circulação é rápido por essa via tendo em vista que a superfície
pulmonar é grande, além disso as soluções com fármacos podem ser atomizadas e as gotículas
minúsculas em suspensão no ar, aerossol, e inaladas pelo paciente. Tanto aplicação nasal como
inalatória, restringe no local de ação o fármaco. As vantagens da inalação incluem a absorção
praticamente instantânea de um fármaco para a corrente sanguínea, evitando a perda pela
primeira passagem e, nos pacientes com doença pulmonar, a aplicação do fármaco no local de
ação desejado, como é o caso de inalação de óxido nitroso para tratar hipertensão pulmonar de
lactentes prematuros e dos adultos. Dentro das desvantagens podemos comentar que pode
ocorrer irritação local, dificuldade em ajustar a dose e ainda pode ocorrer efeitos sistêmicos como
comentado. Embora essa via normalmente usada para ação local de fármacos, algumas vezes se
utiliza dessa via para se obter efeito sistêmico, como a administração de hormônios e insulina, e
ainda o uso não terapêutico de cocaína e heroína.
A via cutânea, ou seja, a aplicação tópica do fármaco na pele é bastante utilizada para se
ter um efeito local, mas apresenta como desvantagens o custo elevado de formas farmacêuticas
para aplicação na pele. As substâncias necessitam ser lipossolúveis e pode ocorrer efeitos
sistêmicos. A absorção dos fármacos que conseguem penetrar na pele intacto, depende da área
de superfície sobre a qual são aplicadas e de sua lipossolubilidade. A absorção sistêmica dos
fármacos é muito mais rápida quando há abrasões, queimaduras ou pele desnuda. A absorção
pela pele pode ser ampliada pela suspensão do fármaco em um veículo oleoso e pela fricção
desta preparação na pele. A hidratação da pele com um curativo oclusivo pode ser usada para
aumentar absorção, isso porque o processo de absorção pela pele depende da umidade. A
disponibilidade de adesivos transdérmicos tópicos de liberação controlada, os patchs, tem
aumentado, incluindo os de nicotina para tratar tabagismo, escopolamina para cinetose,
nitroglicerina para angina do peito, testosterona e estrogênio para tratamento de reposição
hormonal, vários de estrogênios e progestogênios utilizados como anticoncepcionais e fentanila
que é um analgésico opioide utilizado em analgesia. Neste gráfico, está demonstrado o efeito da
umidade relativa da pele de porco in vitro na absorção do Paration, importante inseticida
organofosforado. Observem que a absorção do fármaco pela pele depende da unidade dessa,
quanto maior a umidade da pele maior a taxa de absorção. Neste outro gráfico temos
demonstrado que a vasodilatação cutânea aumenta a absorção sistêmica. Aqui notamos que
ocorre aumento da absorção sistêmica em porcos quando a lidocaína transdérmica, que é um
anestésico local, é administrada em associação ao vaso dilatador a Tolazolina.
Os fármacos oftálmicos de aplicação tópica são usados principalmente por seus efeitos
locais. O uso de colírios e de lentes de contato impregnadas com fármacos e de implantes
oculares, permite que os fatos sejam aplicados onde eles precisam estar para que ocorra a
liberação direta. Mas pode ocorrer também efeitos sistêmicos.
Alguns fármacos são aplicados nas mucosas da orofaringe. Líquidos para cavidade oral
para colutórios, antissépticos bucais e gargarismos que vão agir na boca e garganta,
principalmente em decorrência de seus efeitos locais. Nas outras mucosas, também podem ser
utilizadas para administração de fármacos como a conjuntiva, nasofaringea, vagina, entre outros.
Pode ocorrer, também, efeitos adversos e efeitos sistêmicos. Em geral, a absorção desses locais é
excelente e o efeito sistêmico às vezes é desejado podendo ser vantajosa, por exemplo, na
imunoterapia. Bom pessoal ficamos por aqui, até nossa próxima aula e bons estudos.

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