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FARMACOLOGIA

MÓDULO II
GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
Secretaria Estadual de Educação e Cultura
Superintendência de Ensino
Núcleo de Gestor do PRONATEC/PI

CURSO: TÉCNICO EM ENFERMAGEM


DISCIPLINA: FARMACOLOGIA
CARGA HORÁRIA: 40 HORAS/AULA (20 h/a-Teórico / 20 h/a-Prático)
PERÍODO LETIVO: 2014.1

PLANO DE CURSO

1 EMENTA
Conceitos e princípios básicos em Farmacologia. Absorção, distribuição, metabolização e eliminação de drogas no
organismo. Fármacos que atuam no sistema autônomo e no sistema cardiovascular. Farmacologia do processo
inflamatório e drogas antiinflamatórias. Interações medicamentosas. Cálculos e fracionamento de doses de fármacos.
Farmacologia na urgência/emergência.

2 OBJETIVOS
2.1 Geral
 Proporcionar ao aluno do Curso Técnico em Enfermagem, a formação necessária ao desenvolvimento de suas
potencialidades com um conhecimento do conteúdo teórico da Farmacologia, e simultaneamente com outras
disciplinas integrando-o, educando-o, preparando-o e tendo a habilidade de observação e pesquisa para um bom
desempenho no processo de promoção, recuperação e manutenção da saúde da comunidade em conjunto com as
equipes de Saúde. Trazendo o hábito de procurar na literatura e na aplicação dos conhecimentos sobre
Farmacologia uma condição indispensável a uma atuação eficaz na área da Saúde.
2.2 Específicos
 Conhecer os princípios da farmacologia, bem como conceitos de dose, farmacocinética, farmacodinâmica, absorção
e eliminação.
 Conhecer os principais grupos farmacológicos e suas indicações.
 Conhecer as diferentes vias de administração.
 Identificar a ação dos fármacos no organismo.
 Saber o efeito e a ação dos principais fármacos utilizados.

4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Capítulo 1 - Introdução à farmacologia.
Capítulo 2 – Noções de farmacocinética e farmacodinâmica.
Capítulo 3 - Noções sobre medicamentos.
Capítulo 4 - Administração de medicamentos.
Capítulo 5 - Interações medicamentosas.
Capítulo 6 - Erros de medicação.
Capítulo 7 - Cálculos básicos.
Capítulo 8 - Cálculos aplicados.
Capítulo 9 - Fracionamento de medicamentos.
Capítulo 10 - Dosagem de medicamentos para criança.
Capítulo 11 - Farmacologia do sistema nervoso autônomo.
Capítulo 12 - Farmacologia do sistema cardiovascular.
Capítulo 13 - Farmacologia do processo antiinflamatório.
Capítulo 14 - Farmacologia na urgência / emergência.

5 METODOLOGIA DE ENSINO
Aulas teóricas e expositivas. Atividades individuais ou em grupos. Grupos de discussão (GD). Estudos dirigidos (ED).
Trabalhos de revisão bibliográfica. Seminários.

6 RECURSOS
Quadro acrílico. Pincéis. Data-show. Livro texto. Artigos. Internet.

7 SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO
A avaliação da aprendizagem ocorrerá na dimensão diagnóstica, formativa e sistemática. Esta avaliação será feita com
base nos dados coletados através de relatórios, provas orais e escritas, aulas práticas, entrevistas, seminários, debates,
bem como, da apresentação de trabalhos em grupos ou individuais. Os resultados das avaliações serão registrados em
menções, na escala de 0 (zero) a 10 (dez), considerando aprovado o aluno que obtiver nota igual ou superior a 6 (seis) e
freqüência mínima de 75% do total das horas trabalhadas no módulo. Os instrumentos de avaliação formal compõem o
valor máximo de 05 (cinco) pontos e terão um complemento de 05 (cinco) pontos considerando aspectos qualitativos.

8 BIBLIOGRAFIA
8.1 Básica
ASPERHEIM, M.K. Farmacologia para enfermagem. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 256p.
BRUNTON, L.L.; CHABNER, B.A.; KNOLLMANN, B.C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman &
Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 2080p.
SILVA, P. Farmacologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

8.2 Complementar
HARVEY, R.A.; CHAMPE, P.C. Farmacologia ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
HOWLAND, R.D.;MYCEK, M.J. Farmacologia ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 560p.
KATZUNG, B.G. Farmacologia básica e clínica. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. 1060p.
LIMA, I.L.; Liégio, E.M.M. Manual do Técnico e auxiliar de Enfermagem. 6. ed. rev. ampl. Goiânia: AB, 2000.
PAGE, C.P. Farmacologia integrada. 2. ed. São Paulo: Manole, 1999.
RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M.; FLOWER, R.J. Rang & Dale - Farmacologia. 6. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007. 829p.
ZANINI, A.C. Farmacologia aplicada. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 1989.
GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
Secretaria Estadual de Educação e Cultura
Superintendência de Ensino
Núcleo de Gestor do PRONATEC/PI

CURSO: TÉCNICO EM ENFERMAGEM


DISCIPLINA: FARMACOLOGIA
CARGA HORÁRIA: 40 HORAS/AULA (20 h/a-Teórico / 20 h/a-Prático)
PERÍODO LETIVO: 2014.1

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROGRAMA

DATA C/H CONTEÚDO / ATIVIDADE


______ / _______ 02hs/a Capítulo 1 - Introdução à farmacologia.
______ / _______ 02hs/a Capítulo 2 - Noções de farmacocinética e farmacodinâmica.
______ / _______ 02hs/a Capítulo 3 - Noções sobre medicamentos.
______ / _______ 02hs/a Capítulo 4 - Administração de medicamentos.
______ / _______ 02hs/a 1ª AVALIAÇÃO TEÓRICA
______ / _______ 02hs/a Capítulo 5 - Interações medicamentosas.
______ / _______ 02hs/a Capítulo 6 - Erros de medicação.
______ / _______ 02hs/a Capítulo 7 - Cálculos básicos.
______ / _______ 02hs/a 2ª AVALIAÇÃO TEÓRICA
______ / _______ 02hs/a Capítulo 8 - Cálculos aplicados
______ / _______ 02hs/a Capítulo 9 - Fracionamento de medicamentos.
______ / _______ 02hs/a Capítulo 10 - Dosagem de medicamentos para criança.
______ / _______ 02hs/a 3ª AVALIAÇÃO TEÓRICA
______ / _______ 02hs/a Capítulo 11 - Farmacologia do sistema nervoso autônomo.
______ / _______ 02hs/a Capítulo 12 - Farmacologia do sistema cardiovascular.
______ / _______ 02hs/a Capítulo 13 - Farmacologia do processo antiinflamatório.
______ / _______ 02hs/a Capítulo 14 - Farmacologia na urgência / emergência.
______ / _______ 02hs/a 4ª AVALIAÇÃO TEÓRICA
______ / _______ 02hs/a PROVA FINAL
______ / _______ 02hs/a ENTREGA DE RESULTADOS
TOTAL 40hs/a
SUMÁRIO

Capítulo 1 - Introdução à farmacologia .............................................................................. 06


Capítulo 2 - Noções de farmacocinética e farmacodinâmica .............................................. 09
Capítulo 3 - Noções sobre medicamentos ........................................................................... 13
Capítulo 4 - Administração de medicamentos .................................................................... 19
Capítulo 5 - Interações medicamentosas ............................................................................. 25
Capítulo 6 - Erros de medicação ......................................................................................... 29
Capítulo 7 - Cálculos básicos .............................................................................................. 34
Capítulo 8 - Cálculos aplicados .......................................................................................... 49
Capítulo 9 - Fracionamento de medicamentos .................................................................... 55
Capítulo 10 - Dosagem de medicamentos para criança ...................................................... 61
Capítulo 11 - Farmacologia do sistema nervoso autônomo ................................................ 66
Capítulo 12 - Farmacologia do sistema cardiovascular ...................................................... 71
Capítulo 13 - Farmacologia do processo antiinflamatório .................................................. 74
Capítulo 14 - Farmacologia na urgência / emergência ....................................................... 76
Referências .......................................................................................................................... 81
Introdução à farmacologia 1

HISTÓRIA DA FARMACOLOGIA
Nos primórdios da civilização utilizavam-se remédios à base de plantas
medicinais, escreveram farmacopéias, e o mercado dos boticários desenvolveu-
se, porém esta terapêutica não se parecia com os fundamentos científicos. A China
e o Egito foram os primeiros países a listarem registros escritos sobre vários tipos Farmacopéia: livro
de remédios; alguns utilizados atualmente como fármacos e outros, na maioria, que ensina a arte e a
eram inúteis ou nocivos à saúde. Há 1.500 anos, houve várias tentativas sem técnica de preparar
sucesso em inserir métodos racionais na medicina, devido à difusão de idéias medicamentos.
bizarras tais como “curar feridas aplicando bálsamo na arma que provocou a
ferida”, e outras. Boticário: termo
utilizado no passado
Próximo ao final do século XVII os métodos da observação e para referir-se ao
experimentação começaram a serem aplicados na medicina. Uma vez que o farmacêutico.
impulso da farmacologia deu-se a partir da necessidade de melhorar os efeitos dos
tratamentos terapêuticos pelos médicos, que na época eram aptos na observação
clínica e no diagnóstico, mas, no geral, ineficazes na terapêutica.
No final do século XVIII e início do XIX, os cientistas François Magendie e Claude Bernard
desenvolveram os métodos da fisiologia e farmacologia animal experimental. Ainda neste período houve
avanços na química e na compreensão do funcionamento dos fármacos a nível orgânico e tecidual. Assim,
somente por volta do século XIX, a farmacologia nasce como uma nova ciência biomédica baseada nos
princípios da experimentação. Também, algumas substâncias químicas ganharam grande importância
farmacológica, tais como o óxido nitroso e o éter dietílico que foram introduzidos como agentes anestésicos.

Figura 1.1-François Magendie Figura 1.2- Claude Bernard

No século XX, a química sintética começou a revolucionar as indústrias farmacêuticas e,


conseqüentemente, a ciência da farmacologia. Antes disso, a farmacologia se relacionava com o que era
compreendido dos tratamentos de substâncias naturais (extratos botânicos) e algumas substâncias químicas
tóxicas como o mercúrio e o arsênio.
A farmacologia, como mostra a Figura 1, é uma disciplina que se desenvolveu a partir de uma
terapêutica pré-científica, com o comércio dos fármacos no séc. XVII e que passou a assumir caráter
científico em meados do séc. XIX. Atualmente, grande parte das pesquisas farmacológicas existe por
motivações comerciais, como diz Rang e Dale (2007).

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Figura 1.3- Desenvolvimento da farmacologia (Rang & Dale, 2007).

FARMACOLOGIA
A etimologia da palavra farmacologia vem do grego pharmakon, significa drogas, e logos, significa
ciência. Esta área estuda os fármacos que interagem no organismo através de processos químicos.
A farmacologia hoje está estruturada em vários compartimentos que se interligam a esta área e a
outros campos das ciências biomédicas, tais como:
 Biotecnologia: envolve o uso de células vivas para fabricar fármacos.
 Farmacoepidemiologia: estuda os efeitos dos fármacos em nível populacional.
 Farmacogenética: estuda as influências genéticas sobre a resposta dos fármacos.
 Farmacogenômica: usa a informação genética para definir uma terapêutica individual.
 Farmacognosia: trata da obtenção, identificação e isolamento de princípios ativos dos produtos naturais
(animal, vegetal ou mineral) para uso terapêutico.
 Farmacotécnica: estuda o preparo, a manipulação e a conservação dos medicamentos objetivando
melhor aplicabilidade dos seus efeitos positivos ao organismo.
 Farmacovigilância: ciência e as atividades relativas à detecção, avaliação, compreensão e prevenção de
efeitos adversos ou outros problemas relacionados a medicamentos.
 Toxicologia: estuda os efeitos nocivos que decorrem das interações das substâncias químicas sob o
organismo em exposição.

CONCEITOS BÁSICOS
Ao estudar a farmacologia é importante que se observe alguns conceitos básicos bastante utilizados e
que se faça distinção entre eles para compreender os aspectos relativos ao conteúdo em questão. Segundo a
Anvisa, vejamos alguns conceitos importantes:
 Antagonismo: efeito combinado de dois fármacos que é menor que o efeito de um deles usado
isoladamente.
 Antídoto: agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de substâncias.
 Diagnóstico: ato de determinar a natureza da doença de um paciente.
 Dosagem: inclui a dose, frequência de administração e duração do tratamento.
 Dose: quantidade capaz de provocar uma resposta terapêutica desejada no paciente de preferência sem
outra ação no organismo.

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 Droga: toda substância capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico,
utilizada com ou sem intenção de benefício do organismo receptor.
 Drogaria: estabelecimentos de saúde que comercializam e orientam sobre o uso de medicamentos
industriais.
 Efeito adverso: ação diferente do efeito planejado.
 Efeito colateral: efeito imprevisível que não está relacionado à principal ação do fármaco.
 Farmácia: estabelecimentos de saúde que comercializam e orientam sobre o uso de medicamentos
industriais e manipulados.
 Fórmula farmacêutica: descrição do produto farmacêutico, isto é, discriminação dos princípios ativos
que o compõem e de suas respectivas dosagens. Uma fórmula farmacêutica compõe de: princípio ativo,
coadjuvante, corretivo, veículo e excipiente.
 Posologia: estuda a dosagem do medicamento para fins terapêuticos.
 Produto farmacêutico: produto que contem um ou mais princípios ativos convenientemente
manufaturados.
 Profilático: medida usada para evitar doenças.
 Substâncias químicas: substâncias que podem ser produzidas sinteticamente.
 Terapêutica: tratamento da doença.
 Veneno: substância química, ou mistura de substâncias químicas, que provoca a intoxicação ou a morte
com baixas doses.

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Associe as duas colunas com base nos fatos principais que marcaram a história da farmacologia no
mundo.
A) Século XVII C) Século XIX
B) Século XVIII D) Século XX
( ) Os métodos da observação e experimentação começaram a serem aplicados na medicina.
( ) A química sintética começou a revolucionar as indústrias farmacêuticas e a ciência da farmacologia.
( ) A farmacologia nasce como uma nova ciência biomédica com base princípios da experimentação.
( ) Os cientistas François Magendie e Claude Bernard desenvolveram os métodos da fisiologia e
farmacologia animal experimental.
2) Qual a etimologia do termo Farmacologia?
3) Defina Farmacologia.
4) Conceitue farmacopéia e boticário.
5) Defina as subáreas da farmacologia: Farmacognosia, Farmacovigilância e Farmacotécnica.
6) Qual a diferença entre efeito colateral e efeito adverso.
7) Diferencie dosagem, dose e posologia.
8) Descreva a distinção entre farmácia e drogaria.
9) Pesquise um exemplo de veveno e um de antídoto.
10) Cite e descreva sobre os componentes de uma fórmula farmacêutica (Pesquise).ma

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Noções de farmacocinética e farmacodinâmica 2

FARMACOCINÉTICA
A palavra farmacocinética, etimologicamente, do grego knetós, significa móvel. Assim, a
farmacocinética estuda a atividade do fármaco no interior do organismo a partir dos parâmetros de
velocidade da absorção, distribuição e eliminação do fármaco e de seus metabólitos. Com os conhecimentos
de farmacocinética e das características da patologia, é possível adequar a posologia, a via de administração
e, o intervalo entre cada dose, visando melhorar o resultado terapêutico e, ao mesmo tempo, reduzir a
probabilidade de desenvolver efeitos tóxicos potenciais.
Um fármaco para ter ação eficaz precisa atravessar as barreiras fisiológicas (físicas, químicas e
biológicas) do organismo. Dessa forma, vários mecanismos foram desenvolvidos para romper essas barreiras
a fim de contribuir para a absorção dos fármacos. Após esta etapa, o fármaco se distribui no organismo
através dos vasos sanguíneos e linfáticos para alcançar seu órgão-alvo. Mas o processo de distribuição pode
ser limitado pela inativação do fármaco através da degradação enzimática (metabolismo) e pela eliminação
do corpo (excreção).

A) Absorção de fármacos
A absorção é o transporte de um fármaco do seu local de administração (oral, retal, sublingual,
subcutânea etc) para a corrente sanguínea. A via de administração exerce grande influência na velocidade e
na eficiência da absorção. No caso da via IV, a absorção é completa, ou seja, toda a dose do fármaco alcança
a circulação sistêmica. Já nas outras vias, a absorção é parcial, pois a dose se depara com as barreiras
fisiológicas.
A biodisponibilidade é determinada pela fração do fármaco administrado que alcança seus locais de
ação moleculares e celulares através da circulação sistêmica. Em termos quantitativos, a biodisponibilidade é
expressa pela seguinte equação:

Quantidade de fármaco que alcança a circulação sistêmica


BIODISPONIBILIDADE =
Quantidade de fármaco administrado

Existem fatores que podem influenciar na biodisponibilidade dos fármacos como:


 Fármacos absorvidos pelo TGI que passam primeiramente pelo fígado, reduzindo a quantidade que vai
para a circulação sistêmica.
 Fármacos muito hidrofílicos (interagem com água) que são pouco absorvidos ao atravessar as
membranas celulares lipídicas. Ou muito hidrofóbicos (não se dissolve em água) que não têm acesso à
superfície das células.
 Fármacos que são instáveis a substâncias químicas do organismo, como o pH gástrico e as enzimas.
 Fármacos cuja formulação podem alterar a velocidade de absorção.
Quando dois fármacos se relacionam no organismo mostrando biodisponibilidades comparáveis e
tempos similares para alcançar a ação terapêutica significam que são bioequivalentes. Esses fármacos podem
oferecer eficácia e segurança comparáveis.

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B) Distribuição de fármacos
A distribuição de fármacos consiste no processo em que o fármaco deixa a circulação sistêmica e
entra no líquido extracelular e/ou nas células dos tecidos. A distribuição ocorre primeiramente no sistema
circulatório e assim alcançar qualquer órgão-alvo. Os órgãos e os tecidos variam quanto à capacidade de
captar diferentes fármacos, assim como o fluxo de sangue que varia entre os sistemas de órgãos, como
fígado, rins e cérebro que recebem o maior fluxo.

C) Biotransformação
Nessa etapa os fármacos são eliminados por biotransformação através de reações enzimáticas.O
fígado, por conter a maior diversidade e quantidade de enzimas, é o principal sítio de biotransformação.
Porém, alguns fármacos podem ser biotransformados em outros órgãos como: rins, TGI, pulmões, pele e
outros, que contribuem para o metabolismo sistêmico dos fármacos.

D) Eliminação de fármacos
A saída dos fármacos do organismo pode ocorrer através de diversas vias, sendo a principal os rins
pela urina. A excreção renal desempenha um papel na depuração de numerosos fármacos; a vancomicina, o
atenolol e a ampicilina estão entre os numerosos exemplos de fármacos em que os rins constituem a principal
via de excreção. Outras vias como a bile, os intestinos, os pulmões e o leite nas lactantes podem, também,
realizar a eliminação de fármacos. Certos fármacos, como os hormônios esteróides, a digoxina e alguns
agentes quimioterápicos para o câncer, são excretados, em grande parte, na bile.

FARMACODINÂMICA
A palavra farmacodinâmica, etimologicamente, do grego dýnamis, significa força. Desse modo, a
farmacodinâmica estuda o mecanismo de ação dos fármacos, as teorias e conceitos relativos ao receptor
farmacológico, a interação droga-receptor, bem como os mecanismos moleculares relativos ao acoplamento
entre a interação da droga com o tecido alvo e o efeito farmacológico.

A) Ligação fármaco-receptor
A maioria dos fármacos exerce sua ação desejada ou indesejada relacionando-se com os receptores
existentes dentro ou fora das células. Por receptores, entende-se como qualquer molécula biológica à qual o
fármaco se liga para produzir uma resposta significativa. Os receptores ligam-se aos fármacos e medeiam
suas ações farmacológicas. Os fármacos relacionam-se com enzimas (substâncias orgânicas catalisadoras),
ácidos nucléicos (compostos químicos contendo informação genética) ou receptores de membrana (proteínas
que desencadeiam reações químicas no interior da célula).

Figura 2.1- Ligação fármaco-receptor.

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B) Relação dose-resposta
O grau de ação de um fármaco resulta da sua concentração no sítio do receptor, que é determinado
pela dose do fármaco e sua farmacocinética. Ou seja, a farmacodinâmica de um fármaco pode ser
quantificada pela relação entre a dose (concentração) do fármaco e a resposta do organismo (do paciente) a
este fármaco. Assim, a relação dose-resposta está intimamente ligada a relação de ligação fármaco-receptor,
e pode-se constatar nas muitas combinações entre fármaco-receptor. Existem dois tipos principais de
relações dose-resposta - gradual e quantal.
A relação dose-resposta gradual refere-se a ação de várias doses de um fármaco sobre o indivíduo.
Enquanto, a relação dose-resposta quantal aponta a ação de várias doses de um fármaco sobre uma população
de indivíduos.

C) Interação fármaco-receptor
Vários receptores de fármacos podem se apresentar em estado ativo ou inativo, sendo que muitos
fármacos agem como ligantes desses receptores e podem interferir em suas características, fazendo-os
assumir um dos dois estado de conformação. Se um fármaco se liga ao receptor ativando-os, denominamos
de agonista; porém, se outro fármaco inativa o receptor designamos como antagonista.
Quando um fármaco se liga ao receptor e apresenta uma resposta biológica que imita a resposta,
denominamos de agonista. Assim, um agonista é uma molécula que se liga a um receptor e o estabiliza
numa determinada conformação (habitualmente na conformação ativa). Por exemplo, a fenillefrina
(descongestionante nasal) produz os mesmos efeitos da norepinefrina (influencia no humor, ansiedade, sono
etc).
Porém, quando há fármacos que diminuem as ações de outro fármaco, chamamos de antagonista.
Ou seja, os antagonistas bloqueiam a atividade dos agonistas. Desse modo, um antagonista é uma molécula
que inibe a ação de um agonista, mas que não exerce nenhum efeito na ausência do agonista. Por exemplo, a
protamina (anticoagulante) quando se liga a heparina (anticoagulante) inativa a ação anticoagulante dessa.

Figura 2.2- Relação dose-resposta.

No entanto, o conhecimento prático da farmacocinética e da farmacodinâmica é essencial em todos


os casos em que é necessário estabelecer a dose apropriada de um fármaco para um paciente específico.

QUESTÕES DE REVISÃO
1) O que estuda a farmacocinética?
2) Quais barreiras fisiológicas são necessárias para ação dos fármacos?
3) Descreva sobre os processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos.

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4) Diferencie biodisponibilidade de bioequivalência?
5) Quais fatores podem influenciar na biodisponibilidade dos fármacos?
6) O que estuda a farmacodinâmica?
7) Quais são as etapas da farmacodinâmica?
8) Defina receptores. E cite os tipos de receptores.
9) Diferencie relação dose-resposta gradual da relação dose-resposta quantal.
10) Conceitue fármaco agonista e fármaco antagonista. Exemplificando-os.

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Noções sobre medicamentos 3

O QUE SÃO MEDICAMENTOS?


Os medicamentos são produtos farmacêuticos tecnicamente obtidos ou elaborados com finalidades
profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnósticos. A ação dos medicamentos se deve a uma ou mais
substâncias com propriedades terapêuticas cientificamente comprovadas, que fazem parte da composição do
produto.
Os medicamentos servem para diminuir ou eliminar sintomas sem atuar nas causas; eliminar as
causas de determinadas enfermidades; corrigir a função corporal deficiente de nutrientes ou hormônios;
auxiliar o organismo a se proteger de determinadas doenças; auxiliar na detecção de determinadas doenças;
avaliar o funcionamento de órgãos e outros.

TIPOS DE MEDICAMENTOS
Segundo a Anvisa, os medicamentos podem ser:
 Medicamento de Referência (ou Inovador, de Marca ou Original): produto inovador registrado no
órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e
qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do
registro.
 Medicamento Similar: aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos apresenta a mesma
concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou
diagnóstica, do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância
sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de
validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome
comercial ou marca.
 Medicamento Genérico: medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende
ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária
ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado
pela Descrição Comum Brasileira (DCB) ou, na sua ausência, pela Descrição Comum Internacional
(DCI).
 Medicamento Alopático: medicamento capaz de produzir no organismo do doente uma reação contrária
aos sintomas que ele apresenta, a fim de diminuí-los ou neutralizá-los. Por exemplo, se o paciente tem
febre, o médico receita um remédio que faz baixar a temperatura, se tem dor, um analgésico. A Alopatia
é a medicina tradicional e seus principais problemas são os seus efeitos colaterais e a sua toxicidade. Os
medicamentos alopáticos são produzidos nas indústrias em larga escala, ou em farmácias de manipulação
de acordo com a prescrição médica. São os principais produtos farmacêuticos vendidos nas farmácias e
drogarias.
 Medicamento Fitoterápico: medicamento industrializado obtido a partir de plantas medicinais.
Exemplos: camomila, boldo-do-chile, alecrim, alho, arnica, carqueja, erva-cidreira, malva, e sálvia. Os
medicamentos fitoterápicos podem causar, também, diversas reações como intoxicações, enjôos,
irritações, edemas (inchaços) e até a morte, como qualquer outro medicamento. Esses medicamentos
devem seguir todas as normas sanitárias e os cuidados para o seu uso, e possuir registro na Anvisa.
 Medicamento Homeopático: medicamento não agressivo que estimula o organismo a reagir,
fortalecendo seus mecanismos de defesa naturais. Esse medicamento pode ser utilizado com segurança
em qualquer idade, de recém-nascidos a idosos, com acompanhamento do clínico homeopata. A palavra
homeopatia vem de origem grega, que significa doença ou sofrimento semelhante. Este método
científico focaliza no tratamento e na prevenção de doenças agudas e crônicas. O medicamento

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homeopático é preparado em um processo que consiste na diluição sucessiva da substância, devendo
seguir todas as normas sanitárias e os cuidados para o seu uso, como qualquer outro medicamento.

FORMAS FARMACÊUTICAS
As formas farmacêuticas são diferentes formas físicas que os medicamentos podem ser apresentados,
para possibilitar o seu uso pelo paciente. Essas formas são diferentes porque servem para facilitar a
administração e a ingestão da substância ativa, garantir a precisão da dose e a presença no local de ação,
proteger a substância durante o percurso pelo organismo. As formas farmacêuticas podem ser sólidas, semi-
sólidas ou pastosas, líquidas ou gasosas.
A) Formas farmacêuticas sólidas.
 Adesivo: sistema destinado a produzir um efeito sistêmico pela difusão
do(s) princípio(s) ativo(s) numa velocidade constante, por um período de
tempo prolongado. Difusão: movimento
livre de partículas
 Ex.: Norelgestromina 6 mg + etinilestradiol 0,6 mg / Evra®. contidas em uma
 Cápsula: forma farmacêutica contendo uma dose única de um ou mais solução.
princípios ativos, apresentada em um invólucro solúvel duro ou mole, de
formatos e tamanhos variados. Geralmente é formada de gelatina, de amido ou de outras substâncias.
Alguns tipos de cápsula: dura ou mole.
Ex.: Omeprazol 20 mg / Novoprazol®.
 Comprimido: forma farmacêutica contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, obtida pela
compressão de volumes uniformes de partículas. Pode ser de vários tamanhos e formatos, ser revestido
ou não e apresentar marcações na superfície. Alguns tipos de comprimido: efervescente, mastigável, para
solução, para suspensão, revestido.
Ex.: Cetoprofeno 100 mg / Profenid®.
 Dispositivo intra-uterino: sistema para ser inserido no útero para prevenir a concepção efetiva a partir
da liberação do princípio ativo a uma velocidade constante, por um período de tempo prolongado.
Ex.: Levonorgestrel 52 mg / Mirena®.
 Drágea: forma farmacêutica contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos. O núcleo contém
o medicamento, e é revestido por goma-laca, açúcar e corante. As drágeas têm liberação entérica (boa
absorção pelo intestino).
Ex.: Dipirona 300 mg + mucato de isometepteno 30 mg + cafeína 30 mg / Neosaldina®.
 Goma de mascar: forma farmacêutica sólida de dose única contendo um ou mais princípios ativos, que
consiste de material plástico insolúvel, doce e saboroso. Quando mastigada, libera o princípio ativo na
cavidade oral. Destinada à administração pela boca. Não deve ser deglutida.
Ex.: Nicotina 21 mg / NiQuitin®.
 Granulado: forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com
ou sem excipientes. Consiste de agregados sólidos e secos de volumes uniformes de partículas de pó
resistentes ao manuseio. Algumas formas de granulado: efervescente, para solução, para suspensão,
revestido.
Ex.: Pantoprazol sódico sesqui-hidratado 40 mg / Pantozol® grânulos.
 Óvulo: forma farmacêutica sólida de dose única que pode ter vários formatos, mas que é usualmente
ovóide. Contém um ou mais princípios ativos dispersos ou dissolvidos em uma base adequada. Adaptado
para introdução no orifício vaginal funde-se, derretem ou dissolvem na temperatura do corpo.
Ex.: Nitrato de fenticonazol 600mg / Fentizol®.
 Pastilha: forma farmacêutica contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, preparada por
moldagem ou por compressão, contem uma base adocicada e com sabor agradável. É utilizada para
dissolução ou desintegração lenta na boca. Algumas formas de pastilha: dura, gomosa.

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Ex.: Cloridrato de difenidramina 5 mg + Citrato de sódio 10 mg + Cloreto de amônio 50 mg / Benalet®.
 Pó: forma farmacêutica contendo o(s) princípio(s) ativo(s) seco(s) e com tamanho de
partícula reduzido, com ou sem excipientes. Algumas formas de pó: aerossol,
efervescente, liofilizado, para solução, para suspensão.
Ex.: benzocaína 0,006 g + bicarbonato sódio 0,884 g + clorato de potássio Liofilização: processo
0,11g / Albicon®. que envolve a
 Sabonete: forma farmacêutica contendo uma dose única de um ou mais remoção de água dos
produtos pelo
princípios ativos, de forma variável derivada da ação de uma solução de álcali congelamento a
em gorduras ou óleos de origem animal ou vegetal. Destinado à aplicação na pressões
superfície cutânea. extremamente baixas.
Ex.: Triclosan 1% / Soapex®.
Goma-laca: resina
 Supositório: forma farmacêutica contendo uma dose única de um ou mais secretada pelo inseto
princípios ativos, de vários tamanhos e formatos, adaptada para introdução no Kerria lacca, depois
orifício retal, vaginal ou uretral do corpo humano, contendo o(s) princípio(s) refinada para diversas
ativo(s) dissolvido(s) ou disperso(s) numa base adequada. Os supositórios finalidades.
fundem-se, derretem ou dissolvem na temperatura do corpo.
Ex.: Glicerol 2,392 g / Glicerin.
B) Formas farmacêuticas líquidas
 Emulsão: forma farmacêutica contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos. Consiste de um
sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis e na qual um líquido é disperso
na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) através de outro líquido (fase externa ou contínua).
Normalmente é estabilizada através de um ou mais agentes emulsificantes. Alguns tipos de emulsão:
aerossol, gotas, injetável, para infusão, spray.
Ex.: Picossulfato de sódio 0,334 mg/ml + óleo mineral 282,25 mg/ml + agar-agar 2,72 mg/ml / Agarol®.
 Óleo: líquido gorduroso solúvel em éter e insolúvel em água.
Ex.: Óleo mineral 100%.
 Sabonete Líquido: solução para aplicação na superfície cutânea.
Ex.: Ácido salicílico / Actine®.
 Solução: forma farmacêutica límpida e homogênea, que contém o(s) princípio(s) ativo(s) dissolvido(s)
em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. Alguns tipos de solução: elixir,
aerossol, gotas, injetável, para diluição, para infusão, spray.
Ex.: Fosfato dissódico de dexametasona 2 mg / solução injetável / Decadron®.
 Suspensão: forma farmacêutica que contém partículas sólidas dispersas em um veículo líquido, no qual
as partículas não são solúveis. Alguns tipos de suspensão: aerossol, gotas, injetável, spray.
Ex.: Nistatina 100.000 UI por dose de 1 ml / Micostatin®.
 Xampu: solução ou suspensão para aplicação na superfície do couro cabeludo.
Ex.: Cetoconazol 20 mg / Nizoral®.
 Xarope: forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que apresenta não menos que
45% de sacarose ou outros açúcares na sua composição. Os xaropes geralmente contêm agentes
flavorizantes.
Ex.: Betametasona 0,25 mg + maleato de dexclorfeniramina 2 mg / Celestamine®.
C) Formas farmacêuticas semi-sólidas (pastosas)
 Creme: forma farmacêutica que consiste de uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase
aquosa. Contém o(s) princípio(s) ativo(s) dissolvido(s) ou disperso(s) em uma base apropriada e é
utilizado normalmente para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas.
Ex.: Clotrimazol 1,0 g + neomicina 0,5 g + dexametasona 0,04 g / Baycuten® N.

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 Emplasto: forma farmacêutica semi-sólida para aplicação externa. Consiste de uma base adesiva
contendo o(s) princípio(s) ativo(s) distribuído(s) em uma camada uniforme num suporte apropriado feito
de material sintético ou natural. Destinado a manter o princípio ativo em contato com a pele, atuando
como protetor ou como agente queratolítico.
Ex.: Salicilato de metila 36,04 mg + associação / Salonpas®.
 Gel: forma farmacêutica com o(s) princípio(s) ativo(s), que contém um agente gelificante para fornecer
firmeza a uma solução ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimensão coloidal –
tipicamente entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uniformemente através do líquido). Um gel pode
conter partículas suspensas.
Ex.: Peróxido de benzoíla 50 mg/g / Clindoxyl® Control.
 Pomada: forma farmacêutica para aplicação na pele ou nas membranas mucosas, que consiste de
solução ou dispersão do(s) princípio(s) ativo(s) em baixas proporções em uma base adequada.
Ex.: Dipropionato de betametasona 0,5 mg + ácido salicílico 30 mg / Diprosalic®.
 Pasta: pomada contendo grande quantidade de sólidos em dispersão (pelo menos 25%).
Ex.: Óxido de zinco 25% / Pasta d’água.
D) Formas farmacêuticas gasosas
 Gás: preparação gasosa utilizada com fins medicinais.
Ex.: Óxido nitroso 50% + oxigênio 50% / gás inalante.

EMBALAGENS E ACESSÓRIOS
A padronização das embalagens segue nessa ordem: o material que está em contato com a forma
farmacêutica e o material que está em contato com o meio externo.
A) Embalagens primárias
 Ampola: recipiente fechado hermeticamente, destinado ao armazenamento de líquidos estéreis para uso
por via parenteral e cujo conteúdo é utilizado em dose única.
 Aplicador preenchido: dispositivo com êmbolo, preenchido com o medicamento, para administração de
dose única.
 Bisnaga: recipiente flexível, achatado e dobrado ou lacrado de um lado, com uma abertura removível do
outro lado. Utilizado para o acondicionamento de medicamentos semi-sólidos.
 Blíster: recipiente que consiste de uma bandeja moldada com cavidades dentro das quais as formas
farmacêuticas são armazenadas, normalmente com uma cobertura de material laminado selada à parte
moldada, que deve ser aberta ou rompida para acessar o conteúdo.
 Envelope: recipiente de material flexível formado por duas lâminas seladas contendo o medicamento.
 Flaconete: recipiente para o acondicionamento de líquidos para administração em dose única.
 Frasco: recipiente normalmente de formato tubular, com um gargalo estreito e de fundo plano ou
côncavo.
 Frasco-ampola: recipiente normalmente de formato tubular, para o acondicionamento de medicamentos
administrados por via parenteral, lacrados com material flexível que deve ser perfurado para a
administração do medicamento.
 Frasco aplicador: recipiente normalmente de formato tubular, com um gargalo estreito, de fundo plano
ou côncavo. Possui um dispositivo para administração de um medicamento num local determinado do
organismo.
 Frasco gotejador: recipiente normalmente de formato tubular, com um gargalo estreito e de fundo plano
ou côncavo. Possui um dispositivo especificamente destinado para a aplicação de um líquido na forma de
gota.

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 Frasco spray: recipiente normalmente de formato tubular, com um gargalo estreito e de fundo plano ou
côncavo. Possui um dispositivo que expele o medicamento finamente dividido e carreado pelo ar. Não é
utilizado para acondicionar aerossóis, somente frasco de alumínio.
 Seringa preenchida: dispositivo cilíndrico, com adaptador em forma de cânula, com ou sem agulha
prefixada e com êmbolo.
B) Embalagens secundárias
 Caixas, cartuchos e envelopes.
C) Acessórios
 Agulha: dispositivo cilíndrico oco de fixação destinado à administração de formas farmacêuticas
líquidas.
 Aplicador: dispositivo para administração dirigida de um medicamento.
 Colher-medida: dispositivo no formato de colher, utilizado para dosagem e administração de um
medicamento.
 Conta-gotas: dispositivo destinado à aplicação de um líquido gota por gota.
 Copo dosador: dispositivo no formato de copo, utilizado para dosagem e administração de um
medicamento.
 Diluente: líquido utilizado na reconstituição e/ou diluição de um medicamento.
 Inalador: dispositivo por meio do qual um medicamento pode ser administrado por inspiração através
do nariz ou da boca.
 Seringa: dispositivo cilíndrico, com adaptador em forma de cânula, com ou sem agulha prefixada e com
êmbolo, para administração por via parenteral de uma dose de um medicamento.
 Seringa dosadora: dispositivo cilíndrico, com adaptador em forma de cânula e com êmbolo, para
administração de um medicamento.

CONCEITOS BÁSICOS
 Coadjuvante: toda substância utilizada junto com o princípio ativo.
 Corretivo: todo ingrediente que visa corrigir o produto final em suas propriedades organolépticas.
 Denominação genérica: nome de aceitação universal, usado para distinguir um princípio ativo não
amparado por marca comercial.
 Embalagem primária: embalagem que mantém contato direto com o medicamento.
 Embalagem secundária: embalagem externa do produto, que está em contato com a embalagem
primária ou envoltório intermediário, podendo conter uma ou mais embalagens primárias.
 Excipiente: ingredientes inertes que misturados ao princípio ativo, servem para dar volume e peso ao
medicamento.
 Fármaco: substância principal da formulação do medicamento, responsável pelo efeito terapêutico.
Composto químico obtido por extração, purificação, síntese ou semi-síntese.
 Nome de marca: nome de registro do produto. Propriedade privada do fabricante, que possui direitos de
patente sobre a sua comercialização. Razão social utilizada para diferenciação dos competidores do
mercado.
 Nome químico: denominação empregada para indicar a estrutura química do fármaco, segundo as regras
da IUPAC.
 Patente: título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo
estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a
criação.
 Princípio ativo: componente responsável pelas ações farmacológicas.

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 Profilático: medicamento que atua como medida preventiva de enfermidades.
 Remédio: tudo aquilo que cura ou evita as enfermidades. Pode ser tanto substância química quanto
alguns agentes físicos (Ex.: massagem).
 Veículo: parte líquida na qual estão dissolvidos os demais componentes.

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Defina medicamentos.
2) Cite 04 utilidades dos medicamentos.
3) Conceitue:
a) Medicamento de referência
b) Medicamento similar
c) Medicamento genérico
d) Medicamento alopático
e) Medicamento fitoterápico
f) Medicamento homeopático
4) O que são formas farmacêuticas? E como são classificadas?
5) Descreva sobre as seguintes formas farmacêuticas sólidas:
a) Adesivo
b) Comprimido
c) Pó
6) Descreva sobre as seguintes formas farmacêuticas líquidas:
a) Emulsão
b) Solução
c) Suspensão
7) Descreva sobre as seguintes formas farmacêuticas líquidas:
a) Creme
b) Gel
c) Pasta
8) Conceitue embalagem primária e secundária e cite exemplos de cada.
9) Relacione as colunas abaixo:

a) Embalagem primária ( ) Blíster


b) Embalagem secundária ( ) Caixa
c) Acessórios ( ) Aplicador
( ) Frasco spray
( ) Cartucho
( ) Seringa dosadora

10) Diferencie nome químico de nome de marca.

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Administração de medicamentos 4

A administração de medicamentos é o processo de preparação e introdução de medicamentos no


organismo humano, visando obter ações terapêuticas. O processo de organização e controle durante a
administração de medicamentos segue normas e rotinas que padronizam o trabalho em todas as unidades de
internação. Os profissionais de enfermagem para administrar medicamentos de forma mais segura têm que
utilizar a Regra dos Cinco Certos:
 Medicamento Certo: conferir o nome do medicamento com o que está na prescrição. Conferir se o
paciente é alérgico ao medicamento e associações prescrito, identificando-o de forma diferenciada.
 Dose Certa: conferir atentamente a dose prescrita para o medicamento, com redobrada atenção. E em
caso de dúvidas conferir com o prescritor (médico).
 Paciente Certo: examinar o nome completo do paciente e utilizar no mínimo dois identificadores para
confirmação. Em casos de baixo nível de consciência do paciente, conferir o nome do paciente descrito
na prescrição com a pulseira de identificação.
 Via Certa: identificar a via de administração prescrita. Verificar o diluente e equipamentos adequados
para administração do medicamento. Realizar os protocolos de antissepsia. E em caso de duvidar
recorrer o prescritor (médico).
 Hora Certa: preparar a medicação de acordo com as recomendações do fabricante, e para que sua
administração seja realizada no horário correto, a fim de garantir adequada resposta terapêutica.
Durante o processo de preparo e administração de medicamento, o profissional de enfermagem deve
estar atento para evitar erros, oferecendo segurança máxima ao paciente com uma medicação correta.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS


A princípio, as vias de administração de medicamentos são determinadas pelas propriedades do
fármaco e pelas finalidades terapêuticas. Assim, existem duas vias principais de administração de fármacos:
a enteral e a parenteral. A administração enteral é usada para administrar fármacos nas formas sólidas,
semi-sólidas ou líquidas que exigem do paciente a ingestão do medicamento. A absorção ocorre no trato
gastrintestinal (TGI), iniciando-se na boca ou no estômago ou no intestino.
 Oral (VO): essa via de administração pela boca é a mais comum e a mais variável, pois envolve um
longo caminho até os tecidos. A metabolização do fármaco em passagem pelo fígado ou pelo intestino
limita a eficácia do mesmo, pois quando administrado via oral ocorre a destruição de parte da substância
pelas enzimas intestinais ou pelo baixo pH do estômago. Também, a ingestão de fármacos com
alimentos pode influenciar na absorção, uma vez que a presença de alimento no estômago retarda o
esvaziamento gástrico de forma que o fármaco destruído pelo ácido se torna indisponível para a
absorção.
 Sublingual: essa via de administração sob a língua deixa o fármaco se dispersar nos vasos capilares e
entrar diretamente na grande circulação. A vantagem desse tipo de via consiste em impedir que as
substâncias passem por alterações químicas no organismo.
 Retal: essa via de administração minimiza a biotransformação dos fármacos pelo fígado e pelo intestino.
Sua vantagem está em evitar a destruição do fármaco pelas reações químicas. A via retal é útil em casos
de reações adversas pela administração via oral e é muito usada na administração de fármacos que
aliviam enjôo, náuseas e vômitos.
A administração parenteral é utilizada para fármacos pouco absorvidos pelo TGI e aqueles que são
instáveis nesse sistema. Essa via é utilizada quando se deseja uma ação mais imediata da substância ou

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quando as outras vias não são indicadas. Além, de garantir melhor controle a dose certa de um fármaco
administrado ao organismo. A via parenteral pode ser de dois tipos: direta e indireta.
A via parenteral direta consiste na administração do fármaco no organismo, de forma que não seja
pelo TGI e por meio de injeção. Esse modo de administração de medicamentos necessita de dispositivos
como seringas, cateteres, agulhas e equipos de infusão. As vias parenterais diretas mais comumente
utilizadas são:
 Intravascular (IV): a administração intravenosa (IV) ou endovenosa (EV) consiste na introdução do
fármaco diretamente na corrente sanguínea, e por ser administrada diretamente no plasma sua ação é
imediata. É comumente usada para esta finalidade e tem como vantagem evitar a biotransformação da
substância pelo fígado. A via intravenosa pode ser prejudicial em casos de contaminação por bactérias no
local da injeção, ou destruição dos eritrócitos do sangue ou, ainda, causa de algumas reações adversas
por concentrações elevadas do fármaco no sangue. Por isso devem-se controlar cuidadosamente todas as
etapas de administração por esta via. As formas de infusão endovenosa podem ser:
 Direta: administração de medicamento por meio de um ponto de injeção no cateter. Pode ser
denominada de bolus, quando o tempo e a duração da administração for de menos de 1 minuto. E de
EV lenta, quando durar de 3 a 10 minutos.
 Perfusão iminente: administração de medicamentos injetáveis diluídos por meio de sistema de
perfusão. Usada para volumes entre 50-100 mL à velocidade de 120-210 mL/h.
 Perfusão contínua: administração de medicamentos injetáveis diluídos por meio de sistema de
perfusão regulada por bombas infusoras. Usada para volumes acima de 500 mL em velocidades
variáveis.
 Venóclise: administração EV por gotejamento controlado da solução aquosa num período de tempo
determinado. Esse procedimento deve ter trocas do conjunto de equipo a cada 40-72 horas, se
necessário.
AGULHA
LOCAL DE APLICAÇÃO
PREPARAÇÃO INDICAÇÕES
CALIBRE ÂNGULO
REGIÃO VEIAS / ARTÉRIAS
Solução aquosa Para ação Cefálica e Veia temporal superficial, auricular, 18G, 25G, Entre 15°
(pH neutro entre imediata ou cervical occipital, jugular externa e interna. 26G, 30G. a 30°.
6,0-7,5; inserir grandes Braço e Veia cefálica, cefálica acessória,
isotônicas e sem volumes de antebraço basílica, mediana do cotovelo,
pirogênios). soluções intermédia do antebraço.
aquosas. Mão Veia cefálica, basílica, dorsal
Suspensão e metacarpio, dorsal digital, dorsal
emulsão superficial, venoso dorsal.
(partículas < 7 Coxa e Veia safena interna e externa, ilíaca,
micras, em perna femural, poplítea, tibial.
pequenos Pé Arco venoso dorsal, safena magna.
volumes).

 Intramuscular (IM): via de administração direta de medicamento pelo músculo estriado devido sua alta
vascularização e pouca inervação sensitiva. Dessa forma, o medicamento é facilmente absorvido e a
administração é menos dolorosa. Mas nos casos em que as injeções IM são dolorosas, algumas fórmulas
contêm anestésicos locais, por exemplo, o álcool benzílico (Dormium®) ou o clorobutanol
(Syntocinon®). Os volumes de solução administrados variam entre 1-5 mL, e não ultrapassam 10 mL.
AGULHA
PERFIL
PREPARAÇÃO INDICAÇÕES LOCAL DE
CORPÓREO COMPRIMENTO ÂNGULO
APLICAÇÃO
Solução aquosa e Injeção de Adulto normal Deltóide, glúteo, 30 mm 90°
oleosa; medicamentos e/ou > peso ventro glúteo
Suspensão. irritantes. Vasto lateral 25 mm
Adolescente e Glúteo, ventro glúteo 30 mm
adulto magro Deltóide, vasto lateral 25 mm
Crianças > 2 anos, Vasto lateral e glúteo 25 mm

20
normal
Crianças ≥ 2 anos, Vasto lateral e glúteo 20 mm
magro
Crianças < 2 anos Vasto lateral 20 mm

 Intradérmica (ID): via de administração de medicamentos na derme (entre a derme e o tecido


subcutâneo). Essa via é comumente utilizada para testes alérgicos, diagnósticos e aplicar a vacina da
BCG. Os efeitos adversos da injeção ID são decorrentes da falha na administração da vacina como
aplicação profunda, da dosagem incorreta e da contaminação.
AGULHA
PREPARAÇÃO INDICAÇÃO
LOCAL DE APLICAÇÃO TAMANHO ÂNGULO
Solução em pequeno Vacina BCG Região deltóide do braço direito. 10 X 5 Entre 10° a
volume (0,06 a 0,18 Testes-diagnóstico e Região escapular, face interna do 13 X 4,5 15°.
mL). de sensibilidade antebraço.

 Subcutânea (SB): nesta via os medicamentos são administrados na região subcutânea, isto é, na
hipoderme (tecido adiposo abaixo da pele) no tecido subcutâneo. Esta via é utilizada principalmente para
substâncias que necessitam de absorção lenta e contínua. Os locais de injeções devem ser alternados e
com uma distância mínima de 2 cm da última injeção. Também, é contra-indicado administrar em locais
próximos as articulações, nervos e grandes vasos sanguíneos. A vantagem da injeção SC consiste na
minimização dos riscos associados a injeção IV.
LOCAL DE PERFIL TAMANHO ÂNGULO DA
PREPARAÇÃO INDICAÇÃO
APLICAÇÃO CORPÓREO DA AGULHA AGULHA
Solução em Vacina anti- Parede abdominal Crianças 13 x 4,5 Reto de 90º
volume de 0,5 a rábica, (hipocôndrio direito ou eutróficas e 25 x 6 45º
1,0 mL. hormônios esquerdo); face anterior e obesas
(insulina), externa da coxa; face Criança 13 x 4,5 30º ou 2/3 da
anticoagulantes anterior e externa do hipotrófica agulha
(heparina) e braço; região glútea; introduzida
outros. região dorsal, abaixo da
cintura.

 Intra-raquídea (IR): via de administração de medicamento pelo canal raquidiano. Pode ser por via
subaracnóidea ou intratecal e por via epidural ou peridural. A via intra-raquídea é utilizada devido à
difícil passagem do fármaco do sangue para o tecido nervoso, em especial a região do encéfalo. Os
medicamentos administrados não devem ter conservantes germicidas, pois podem lesar o tecido nervoso.
Porém com o pequeno volume e a lentidão de movimento do líquido céfalo-raquidiano (LCR), essas
substâncias devem apresentar pH e tonicidade próximos dos valores fisiológicos. A via subaracnóidea é
usada para fármacos que não atravessam a barreira hemato-encefálica e requer técnicas especializadas,
uma vez que não é isenta de riscos. A via epidural é a via alternativa para a via intratecal para anestesia
de medula espinhal e raízes nervosas.
VIAS DE LOCAL DE TIPO DE
PREPARAÇÃO INDICAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO APLICAÇÃO AGULHA
Soluções aquosa Anestésicos e Subaracnóidea Entre a pia-máter e
neutras, isotônicas, analgésicos. a aracnóidea.
rigorosamente estéreis Epidural Entre a dura-máter Agulha de
e apirogênicas. e a parede do canal punção lombar
raquidiano

A via parenteral indireta consiste na administração do fármaco no organismo, de forma “paralela”


ao TGI, sem o uso de injeção. A vantagem dessa via está em agir diretamente no local do seu sítio de ação,
sem a necessidade da biotransformação de primeira passagem, o que resulta em pouca quantidade, mas
efetiva, do fármaco sendo utilizada. As vias parenterais indiretas mais comumente utilizadas são:

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 Geniturinária: via de administração de medicamentos introduzidos diretamente nesse aparelho a fim de
exercer apenas atividade local. Essa via proporciona efeitos sistêmicos no organismo, pela aplicação do
fármaco na mucosa que poderá facilitar o processo de absorção. No aparelho genital feminino, por
exemplo, essa via é muito utilizada nos tratamentos das infecções vaginais causadas por cândidas e
trichomonas.
 Respiratória (Inalação): via de administração de medicamentos que consiste na rápida oferta de
fármaco pela mucosa broco-pulmonar, produzindo um efeito tão rápido quanto ao efeito da via IV. Essa
via é utilizada para administrar fármacos na forma de gases (ex., alguns anestésicos) ou dispersos em
aerossol ou em nebulizadores. Ainda, para pacientes com problemas respiratórios, essa via proporciona
uma oferta de fármaco diretamente no local de ação, minimizando os efeitos sistêmicos.
 Oftálmica: via de administração de medicamentos que consiste na aplicação de pomada ou colírio na
conjuntiva ocular com a finalidade de tratar infecções, proteger a córnea, dilatar pupila ou contraí-la e
anestesiar. Recomenda-se administrar por essa via, medicação de uso individual e limpeza com soro
fisiológico antes da medicação.
 Otológica: via de administração de medicamentos por meio do canal auditivo para fins terapêuticos,
como amolecimento de cera e tratamento de processos inflamatórios.
 Tópica: via de administração de medicamentos sobre a pele, de vários modos e formas farmacêuticas
diferentes, com a finalidade de exercer ações locais. O processo completo de absorção do fármaco
depende das condições da pele, bem como do modo de uso e da forma do medicamento (aquoso, oleoso
ou alcoólico; creme, pomada ou pasta).
 Transdermal: via de administração de medicamentos que proporciona efeitos sistêmicos pela aplicação
do fármaco na pele, por meio de um adesivo cutâneo. A velocidade de absorção está associada às
características físicas da pele no local da aplicação. Freqüentemente, usa-se essa via para uma oferta
prolongada de fármacos.

ASPECTOS LEGAIS NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS


 Código de Ética do Profissional de Enfermagem
Das relações com a pessoa, família e coletividade. Responsabilidades e deveres. Art. 12 - Assegurar à
pessoa, família e coletividade assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia,
negligência ou imprudência. Art. 18 - Respeitar, reconhecer e realizar ações que garantam o direito da pessoa
ou de seu representante legal, de tomar decisões sobre sua saúde, tratamento, conforto e bem estar.
Proibições. Art. 30 - Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da
possibilidade dos riscos.
Das relações com os trabalhadores de enfermagem, saúde e outros. Responsabilidades e deveres. Art. 41 -
Prestar informações, escritas e verbais, completas e fidedignas necessárias para assegurar a continuidade da
assistência.
Proibições. Art. 42 - Assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como permitir que suas ações
sejam assinadas por outro profissional.
 RDC/ANVISA n° 45/2003 - Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Utilização
das Soluções Parenterais (SP) em Serviços de Saúde.
3.1.1. A responsabilidade pelo preparo das SP pode ser uma atividade individual ou conjunta do enfermeiro e
do farmacêutico.
3.2.2. O enfermeiro é o responsável pela administração das SP e prescrição dos cuidados de enfermagem em
âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar.
3.2.3. A equipe de enfermagem envolvida na administração da SP é formada pelo enfermeiro, técnico e ou
auxiliar de enfermagem, tendo cada profissional suas atribuições específicas em conformidade com a
legislação vigente.

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3.2.15. O paciente, sua família ou responsável legal devem ser orientados quanto à terapia que será
implementada, objetivos, riscos, vias de administração e possíveis intercorrências que possam advir.
3.2.30. É da responsabilidade do enfermeiro assegurar que todas as ocorrências e dados referentes ao
paciente e seu tratamento sejam registrados de forma correta, garantindo a disponibilidade de informações
necessárias à avaliação do paciente, eficácia do tratamento e rastreamento em caso de eventos adversos.
 Resolução COFEN-210/1998 - Dispõe sobre a atuação dos profissionais de Enfermagem que
trabalham com quimioterápico antineoplásico.
5- Competência do profissional de nível médio de Enfermagem em serviços de quimioterapia antineoplásica:
“Executar ações de Enfermagem a clientes submetidos ao tratamento quimioterápico antineoplásico, sob a
supervisão do Enfermeiro”.
 Resolução COFEN-257/2001 - Acrescenta dispositivo ao Regulamento aprovado pela Resolução
COFEN Nº 210/98, facultando ao Enfermeiro o preparo de drogas Quimioterápica...
Alínea r - “É facultado ao Enfermeiro o preparo de drogas quimioterápicas antineoplásicas, onde não haja a
presença do farmacêutico”.
 Decreto-Lei 94.406/84, no artigo 8º, inciso I, alíneas g e h: A administração de medicamentos, por
meio de port-cath e do Cateter Central de Inserção Periférica (PICC), ou por punção de veia jugular,
são procedimentos de responsabilidade exclusiva de enfermeiros capacitados, pois envolvem alto
risco e complexidade, que exigem conhecimento técnico e decisão imediata.
 Resolução COFEN-390/2011: “Normatiza a execução, pelo enfermeiro, da punção arterial tanto
para fins de gasometria como para monitorização de pressão arterial invasiva”.

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Defina administração de medicamentos.
2) Qual é a regra dos "Cinco Certos"?
3) Cite e descreva sobre os dois tipos de via de administração de medicamentos.
4) Qual é o órgão do corpo utilizado para administrar medicamentos pelas seguintes vias?
a) Oral
b) Sublingual
c) Retal
5) Cite e descreva sobre as formas de infusão da via endovenosa.
6) Associe as colunas abaixo:
a) Veia cefálica
b) Glúteo
c) Via epidural
d) Região deltóide do braço direito
e) Parede abdominal
7) Diferencie a via parenteral direta da indireta.
8) Qual via representa cada órgão:
a) Aparelho reprodutor
b) Mucosa bronco-pulmonar
c) Derme
d) Canal auditivo
e) Conjuntiva ocular

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9) O que estabelece o Código de Ética do Profissional de Enfermagem quanto a administração de
medicamento?
10) Cite e descreva sobre uma legislação a respeito da administração de medicamentos.

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Interações medicamentosas 5

A interação medicamentosa é um caso clínico em que a ação de um medicamento pode ser alterada
pela presença de outro fármaco, de alimento, de bebida ou de algum agente químico. As interações são as
principais causas de problemas relacionados a medicamentos. Por isso, é muito importante se informar sobre
o uso correto do medicamento com o médico ou o farmacêutico.
Em síntese, as interações entre os medicamentos estão relacionadas às interferências que ocorrem
quando dois ou mais medicamentos administrados ao mesmo tempo, podem causar a diminuição ou o
aumento do efeito esperado, ou ainda o surgimento de efeitos indesejados.
Por exemplo:
 Redução do efeito do anticoncepcional quando consumido com um antibiótico.
 Inibição da resposta dos anticoagulantes orais com vitamina K.
 Diminuição da absorção dos medicamentos antiinflamatórios com antiácido.
 Diminuição do efeito terapêutico dos antibióticos (tetraciclina) quando engolidos com antiácido.
 Os anticoagulantes podem causar hemorragia se utilizados com alguns antiinflamatórios (ácido
acetilsalicílico - AAS).
As interações medicamentosas podem ser classificadas em: físico-químicas, terapêuticas e com
alimentos.
IMPORTANTE: Para evitar que um medicamento altere as propriedades do outro, o paciente deve informar
sempre o médico e o farmacêutico sobre todos os medicamentos que estiver usando.

INTERAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS
Essas interações ocorrem fora do organismo do paciente, ou seja, na seringa, no copo, no frasco de
soro etc. Quando é recomendado o uso de um medicamento diluído em solução glicosada (SG) e não em
solução fisiológica (SF), significa que entre o medicamento e a SF há uma interação físico-química, não
podendo, então, ser usado este solvente. Nesse caso, por exemplo, pode-se usar a anfotericina B, que só é
solúvel em SG. Outro exemplo é a diferença de pH. Substâncias ácidas e básicas, não podem ser misturadas,
pois dessa mistura resulta um sal, que é uma substância distinta das originais.

EXEMPLOS DE SUBSTÂNCIAS ÁCIDAS EXEMPLOS DE SUBSTÂNCIAS BÁSICAS


Vancomicina pH 2,4 a 4,5 Aminofilina pH 7 a 9,5
Petidina pH 5 Furosemida pH 9
Protamina pH 3 Fenobarbital sódico pH 9,5
Complexo B pH 4,5

As bebidas alcoólicas quando associadas aos medicamentos podem induzir a efeitos indesejados
graves, inclusive com risco de morte. O álcool tem a capacidade de potencializar os efeitos de um
medicamento ou neutralizá-los. Portanto, é importante ter especial atenção no uso de álcool com
medicamentos principalmente os seguintes:
 Analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios: podem causar perturbações no TGI como úlceras e
hemorragias.
 Antidepressivos: diminuem os efeitos, podendo aumentar a pressão sanguínea.
 Antibióticos: podem causar náuseas, vômitos, dores de cabeça e até convulsões.

25
 Antidiabéticos: podem causar severa hipoglicemia (baixa glicose).
 Anti-histamínicos, tranqüilizantes, sedativos: podem intensificar o efeito de sonolência e causar
vertigens.
 Antiepilépticos: a proteção contra ataques epilépticos é significativamente reduzida.
 Medicamentos cardiovasculares: podem provocar vertigens ou desfalecimento, bem como redução do
efeito terapêutico.

INTERAÇÕES TERAPÊUTICAS
Estas interações ocorrem dentro do organismo do paciente logo após a administração do
medicamento. Elas têm a capacidade de antagonizar efeitos de altas doses, prevenir efeitos tóxicos ou atuar
como antídotos. Essas interações podem ser: farmacocinéticas ou farmacodinâmicas.
Por interações terapêuticas farmacocinéticas entende-se as que acontecem durante a absorção,
distribuição, biotransformação e eliminação do medicamento do organismo do paciente. Por exemplo,
metoclopramida acelera o esvaziamento gástrico. Assim, se um medicamento for absorvido no estômago terá
sua absorção diminuída, como a tetraciclina, o propranolol e a digoxina, entre outros.
As interações terapêuticas farmacodinâmicas acontecem durante a ação dos medicamentos. Esse tipo
de interações pode ocorrer por sinergismo ou por antagonismo. Por sinergismo, quando dois fármacos
exercem a mesma ação, como, por exemplo, o ácido acetilsalicílico (AAS) e a dipirona. E por antagonismo,
quando dois fármacos têm ação contrária, como, por exemplo, um antitussígeno e um expectorante.

INTERAÇÕES COM ALIMENTOS


Os alimentos contêm substâncias químicas, que podem induzir a interações medicamentosas. Desse
modo, podem ocorrer alterações na ingestão de alimentos quanto na ação dos medicamentos. Por exemplo,
as alterações na ingestão de alimentos causadas quando um medicamento que provoca como efeito colateral
náuseas e vômitos naturalmente levará o paciente a se alimentar mal. É o caso dos antineoplásicos.
Nos casos de alterações na ação dos medicamentos, temos como exemplo, dietas com baixa
concentração de sódio podendo causar reabsorção de lítio, o qual pode atingir níveis tóxicos. Portanto, é
fundamental que não ofereça alimentos ao paciente sem a autorização do médico ou do nutricionista.
Em suma, na maioria das situações, os medicamentos que interagem com alimentos, podem
comprometer seriamente o tratamento, potencializando reações adversas ou diminuindo as ações terapêuticas
dos medicamentos, conduzindo a diversos danos à saúde do consumidor. Temos como exemplos as seguintes
interações:
 Leite: pode anular o efeito da tetraciclinas.
 Os antiinflamatórios causam irritação no estômago, por isso devem ser administrados junto com as
refeições.
 Alimentos gordurosos: favorecem a dissolução da griseofulvina (antifúngico), aumentando sua absorção.
 Açúcares em excesso: dificulta ou impedi a ação dos antidiabéticos em pacientes que fazem uso.
 Sal: deve ser reduzido por pacientes hipertensos (pressão alta).
IMPORTANTE: Recomenda-se sempre tomar o medicamento com água, a menos que o médico dê outra
orientação.
Assim, a importância do profissional de enfermagem na interação medicamentosa está no seu
contato com o paciente. É ele quem prepara, administra o medicamento e acompanha o paciente, observando
possíveis reações adversas ao medicamento.

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EXEMPLOS DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS DE ALGUNS FÁRMACOS.
MEDICAMENTOS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Ácido acetilsalicílico Pode acentuar o efeito hemorrágico sobre a mucosa gástrica com anticoagulantes.
Pode ter sua ação aumentada por cimetidina e outros. Pode ter sua eliminação aumentada
Aminofilina
por fenitoína e outros.
Pode aumentar a ação de digitálicos. Pode sofrer ou provocar aumento das reações adversas
Anfotericina B com corticosteróides e outros. Pode aumentar a chance de anemia com radioterapia. Pode
causar grave diminuição de potássio no sangue com corticosteróides, digitálicos e outros.
Pode aumentar o risco de arritmias cardíacas com simpatominéticos. Pode ter sua
Complexo B
concentração aumentada por digoxina.
Pode aumentar o risco de toxicidade com corticóides. Pode ter níveis reduzidos com
Digoxina
antiácidos.
Pode diminuir a ação de ciclosporina. Pode sofrer ou provocar aumento das reações
Dipirona
adversas com clorpromazina.
Pode ter sua ação aumentada por ácido valpróico e outros. Pode diminuir a ação de
Fenobarbital sódico
anticoagulante oral.
Pode aumentar os riscos de toxicidade nos ouvidos ou nos rins com anfotricina B. Ação
Furosemida
aumentada de anticoagulantes pode aumentar o risco de problemas renais.
Metoclopramida Pode ser antagozizada por analgésico opióide.
Pode aumentar os riscos de hábito e de depressão do SNC com álcool e outros
Petidina
medicamentos. Pode ter sua ação diminuída por fenitoína e outros.
Pode reduzir sua absorção intestinal com gel de hidróxido de alumínio. Pode diminuir a
Propranolol
velocidade de absorção com álcool etílico.
Protamina Não associar com antibióticos na mesma injeção, pois pode ocorrer precipitação.
Por ser um quelato, não deve ser administrada com alimentos ou medicamentos que os
Tetraciclina contenham, essencialmente leite e seus derivados e medicamentos que contenham ferro,
alumínio ou magnésio.
Pode aumentar o bloqueio neuromuscular de anestésicos etc. Pode aumentar os riscos de
Vancomicina
reações tóxicas nos ouvidos e nos rins com anfotericina B, furosemida e outros.

QUESTÓES DE REVISÃO
1) Conceitue interações medicamentosas e cite 02 exemplos.
2) Classifique as interações medicamentosas.
3) Defina interações medicamentosas físico-químicas. Exemplifique.
4) Qual(is) a(s) interação(ões) entre bebidas alcoólicas e os medicamentos abaixo:
a) Antidepressivos
b) Antibióticos
c) Antidiabéticos
5) O que são interações medicamentosas terapêuticas?
6) Diferencie interação terapêutica farmacocinética da farmacodinâmica. Exemplifique cada.
7) O que você entende por interação medicamentosa com alimentos?
8) Qual(is) a(s) interação(ões) provocadas pelos seguintes alimentos:
a) Leite
b) Alimentos gordurosos
c) Sal
9) Desreva as interações dos seguintes medicamentos:
a) AAS
b) Tetraciclina
c) Dipirona

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10) Associe as colunas abaixo:

a) Complexo B ( ) Diminui a velocidade de absorção com álcool etílico.


b) Vancomicina ( ) Aumenta o ritmo de arritmias cardíacas.
c) Digoxina ( ) Acentua o efeito hemorrágico sobre a mucosa gástrica.
d) Propanolol ( ) Níveis reduzidos com antiácidos.

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Erros de medicação 6

Os eventos adversos relacionados a medicamentos podem levar a importantes agravos à saúde dos
pacientes, com relevantes repercussões econômicas e sociais. Dentre eles, os erros de medicação são
ocorrências comuns e podem assumir dimensões clinicamente significativas e impor custos relevantes ao
sistema de saúde. Sendo, os erros de prescrição os mais sérios dentre os que ocorrem na utilização de
medicamentos.
Os erros de medicação estão relacionados aos acontecimentos que podem ser evitados, mas estão
ligados ao uso inadequado de medicamentos. Este conceito nos remete ao fato de que o uso inadequado pode
ou não lesar o paciente, mesmo que o medicamento esteja sob controle de profissionais da saúde, do paciente
ou do consumidor. O erro pode estar relacionado a uma série de fatores que serão abordados adiante.

CAUSAS DOS ERROS DE MEDICAÇÃO


Estudos realizados pelas instituições FDA e USP-ISMP mostraram que as causas dos erros advêm de
vários fatores e muitos deles relacionados fatos similares. Dentre as principais causas estão:

1. Informação relacionada ao paciente. 6. Aquisição, uso e monitoramento de dispositivos para


administração dos medicamentos.
2. Informação relacionada ao medicamento.
7. Fatores ambientais.
3. Comunicação relacionada aos medicamentos.
8. Educação e competência dos profissionais
4. Rotulagem, embalagem e nome dos medicamentos.
9. Educação do paciente.
5. Dispensação, armazenamento e padronização dos
medicamentos. 10. Gerenciamento de risco e processos de qualidade.

TIPOS DE ERROS DE MEDICAÇÃO


A) Erros de prescrição: definido como erro de redação ou decisão, não intencional, que pode reduzir a
eficácia do tratamento e aumentar os riscos de lesão ao paciente.
TIPOS DE ERROS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
Escolha incorreta: - Padronizar as prescrições de medicamentos: evitar
- Do medicamento; abreviações, evitar uso de casas decimais, usar
- Da dose do medicamento; sistema eletrônico e outros.
- Da via de administração do medicamento; - Incluir farmacêutico na equipe multidisciplinar.
- Da velocidade de infusão do medicamento; - Não interpretar letras incompreensíveis.
- Da forma de apresentação do medicamento. - Não executar prescrições rasuradas.
Prescrição ilegível e incompleta.

B) Erros de dispensação: definido como erro durante a distribuição incorreta do medicamento prescrito ao
paciente. Esses erros, ainda, estão relacionados às divergências entre a prescrição e o atendimento e aos
erros por funcionários da farmácia.
Estratégias de prevenção:
 Adotar sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária.
 Disponibilizar local adequado para dispensação de medicamentos.
 Padronizar armazenamento adequado.
 Incluir um farmacêutico clínico na equipe multidisciplinar.

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 Conhecer os rótulos dos medicamentos e verificá-los com a prescrição.

C) Erros de omissão: número de doses dispensadas menor que o prescrito ou nenhuma dose dispensada do
medicamento prescrito.
TIPOS DE ERROS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
- Não administração de um - Implementar a prática de verificação dos 05 certos da terapia
medicamento prescrito para o medicamentosa.
paciente. - Seguir os protocolos de administração de medicamentos.
- Ausência de registro da - Registrar corretamente a administração do medicamento.
execução da medicação. - Preparar e administrar medicamentos sob a supervisão de enfermeiro.
- Atentar para o preparo de pacientes para exames ou jejum que possam
interferir na administração do medicamento.

D) Erros de horário: administração do medicamento fora do intervalo de tempo estabelecido na prescrição.


Estratégias de prevenção:
 Implementar a prática de verificação dos 05 certos da terapia medicamentosa.
 Seguir os protocolos de administração de medicamentos.
 Registrar corretamente a administração do medicamento.
 Preparar e administrar medicamentos sob a supervisão de enfermeiro.
 Atentar para o preparo de pacientes para exames ou jejum que possam interferir na administração do
medicamento.
 Adequar os horários de administração dos medicamentos e rotina de uso já estabelecida pelo paciente.

E) Erro de administração não autorizada de medicamento


TIPOS DE ERROS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
Administração de medicamento: - Padronizar o armazenamento adequado e a identificação completa e
clara de todos os medicamentos utilizados na instituição.
- Não prescrito;
- Identificar e destacar a concentração de um mesmo medicamento de
- Ao paciente errado;
diferentes fabricantes.
- Errado;
- Utilizar sistemas de identificação do paciente e do leito.
- Não autorizado pelo médico.
- Medicamentos prescritos “se necessário” devem ter clara sua
Utilização de prescrição desatualizada. indicação.

F) Erros de dose
TIPOS DE ERROS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
- Administração de uma dose - Instituir a prática de dupla checagem, por dois profissionais, dos cálculos de
maior ou menor que a prescrita. diluição e administração de medicamentos de alto risco.
- Administração de uma dose - Ter habilidade na realização de cálculos e medir doses com exatidão.
extra do medicamento.
- Disponibilizar local adequado para o preparo de medicamentos.
- Administração de dose
- Utilizar instrumentos de medida padrão no preparo de medicamentos (copos
duplicada do medicamento.
graduados, seringas milimetradas) para medir doses com exatidão.

G) Erros de apresentação: consiste na administração de um medicamento em apresentação diferente da


prescrita.
Estratégias de Prevenção:
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 Buscar orientação com outros profissionais e consultar guias, bulas de medicamentos e protocolos em
caso de dúvidas acerca do nome do medicamento, posologia, indicações, contra-indicações, precauções
de uso, preparo e administração.
 Utilizar preparações de medicamentos específicas para a via de administração prescrita.

H) Erros de preparo
TIPOS DE ERROS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
- Medicamento incorretamente formulado ou - Identificar corretamente os medicamentos preparados e os
manipulado antes da administração. frascos de medicamentos que serão armazenados.
- Armazenamento inadequado do medicamento. - Realizar o preparo do medicamento imediatamente antes
da administração, a não ser que haja recomendação
- Falha na técnica de assepsia.
diferente do fabricante.
- Identificação incorreta do fármaco.
- Adquirir conhecimentos fundamentais sobre
- Escolha inapropriada dos acessórios de infusão. farmacologia.

I) Erros de administração
TIPOS DE ERROS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
- Falha na técnica de assepsia ou de - Padronizar equipamentos tecnológicos (como bombas de infusão) na
administração do medicamento unidade, limitando a variedade de opções.
- Administração do medicamento por - Realizar prescrição de enfermagem para o uso de bombas de infusão
via diferente da prescrita, em local para administração segura de fármacos.
errado, em velocidade de infusão
- No horário de administração do medicamento, levar ao local de
incorreta ou prescrito incorretamente.
administração apenas o que se designa ao paciente específico, não
- Associação de medicamentos física ou fazendo uso de bandeja contendo diversos medicamentos para
quimicamente incompatíveis diferentes pacientes.
- Falha nos equipamentos ou problemas - Utilizar materiais e técnicas estéreis para administrar medicamentos
com acessórios da terapia de infusão por via intravenosa.

J) Erros com medicamentos deteriorados


TIPOS DE ERROS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
- Administração de medicamento - Supervisionar o controle da temperatura da geladeira de acondicionamento
com data de validade expirada de medicamentos, definindo parâmetro mínimo e máximo.
ou com integridade físico-
- Identificar corretamente os frascos de medicamentos manipulados que serão
química comprometida.
armazenados (com data e horário da manipulação, concentração do
medicamento, iniciais do responsável pelo preparo).

K) Erros de monitoração
TIPOS DE ERROS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
- Falha em rever um esquema prescrito para - Desenvolver e implementar programas de educação centrados
devida adequação ou detecção de problemas. nos princípios gerais da segurança do paciente que incluam
informações sobre uso de novos medicamentos e treinamento
- Falha em monitorar dados clínicos e
da equipe multiprofissional nas diferentes etapas do sistema de
laboratoriais antes, durante e após a
medicação.
administração de um medicamento, para
avaliar a resposta do paciente à terapia - Informar ao paciente e família sobre eventuais reações
prescrita. adversas aos medicamentos e como relatar à equipe de saúde.

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L) Erros em razão da não aderência do paciente e da família: considera-se erro o comportamento
inadequado do paciente ou cuidador quanto a sua participação na proposta terapêutica.
Estratégias de prevenção:
 Orientar paciente e família quanto à terapia medicamentosa (objetivos da terapia, ações e efeitos
esperados, reações adversas, cuidados no preparo e administração do medicamento).

MEDICAMENTOS POTENCIALMENTE PERIGOSOS – MPP’s


Os medicamentos potencialmente perigosos são medicamentos que apresentam maior potencial de
provocar lesão grave nos pacientes quando ocorre falha em seu processo de utilização. Essa definição não
indica que os erros com esses medicamentos sejam mais frequentes, mas que sua ocorrência pode provocar
lesões permanentes ou fatais. No quadro abaixo, estão relacionados os principais MPP’s, conforme lista
atualizada do ISMP de 2008.
MEDICAMENTOS POTENCIALMENTE PERIGOSOS
CLASSES TERAPÊUTICAS
 Agonistas adrenérgicos intravenosos (ex. epinefrina, fenilefrina, norepinefrina);
 Anestésicos gerais, inalatórios e intravenosos (ex. propofol, cetamina);
 Antagonistas adrenérgicos intravenosos (ex. propranolol, metoprolol);
 Antiarrítmicos intravenosos (ex. lidocaína, amiodarona);
 Antitrombóticos (anticoagulantes):
- Varfarina;
- Heparinas não-fracionada e de baixo peso molecular (ex. enoxaparina, dalteparina);
- Fator de coagulação Xá;
- tombolíticos (ex. alteplase, tenecteplase);
- Inibidores da glicoproteína IIb/IIIa (ex. eptifibatide, tirofibana).
 Bloqueadores neuromusculares (ex. suxametônio, rocurônio, vecurônio);
 Contrastes radiológicos intravenosos;
 Hipoglicemiantes de uso oral;
 Inotrópicos intravenosos (ex. digoxina);
 Medicamentos administrados por via epidural ou intratecal;
 Medicamentos na forma lipossomal (ex. anfotericina B lipossomal);
 Analgésicos opióides intravenosos, transdérmicos, e de uso oral (incluindo líquidos concentrados e
formulações de liberação imediata ou prolongada);
 Quimioterápicos de uso parenteral e oral;
 Sedativos moderados de uso oral em crianças (ex. hidrato de cloral);
 Sedativos moderados intravenosos (ex. midazolam);
 Solução cardioplégica;
 Soluções de diálise peritoneal e hemodiálise;
 Soluções de nutrição parenteral total.
MEDICAMENTOS ESPECÍFICOS
 Água estéril injetável, para inalação e irrigação em embalagens de 100 mL ou volume superior;
 Cloreto de potássio concentrado injetável;
 Cloreto de sódio hipertônico injetável (concentração maior que 0.9%);
 Fosfato de potássio injetável;
 Glicose hipertônica (concentração maior ou igual a 20%);
 Insulina subcutânea e intravenosa;
 Lidocaína intravenosa;
 Metotrexato de uso oral (uso não oncológico);
 Nitroprussiato de sódio injetável;
 Oxitocina intravenosa;
 Prometazina intravenosa;
 Sulfato de magnésio injetável;
 Tintura de ópio.

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CONCEITOS BÁSICOS
 Reação adversa: resposta nociva a uma droga, não intencional, que ocorre nas doses usais para
profilaxia, terapêutica, tratamento ou para modificação de função fisiológica.
 Eventos adversos: são considerados como qualquer dano ou injúria causado ao paciente pela
intervenção médica relacionada aos medicamentos.

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Descreva sobre erros de medicação.
2) Cite 05 causas dos erros de medicação.
3) Escreva três tipos de erros de medicação.
4) Defina erros de prescrição e erros de dispensação.
5) Cite 03 estratégias de prevenção para os erros de omissão.
6) Cite 03 estratégias de prevenção para os erros de horário.
7) Quais são os tipos de erros de dose?
8) Defina medicamentos potencialmente perigosos.
9) Cite 05 classes terapêuticas e 05 medicamentos específicos dos MPPs.
10) Diferencie reação adversa de efeito adverso.

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Cálculos básicos 7

A terapia medicamentosa tornou-se uma das formas mais comuns de intervenção no cuidado ao
paciente, utilizada ao longo dos anos na cura de doenças. Cerca de 88% dos pacientes que procuram
atendimento à saúde recebem prescrições de medicamentos. A correta administração requer conhecimento
pleno dos integrantes da equipe de enfermagem envolvidos no cuidado ao paciente. Uma das maiores
responsabilidades atribuídas ao profissional de saúde é o preparo e a administração de medicamentos.
Qualquer erro pode trazer consequências fatais para o paciente. Por isso, é indispensável que os profissionais
dessa área tenham muito conhecimento, consciência e uma atuação extremamente cuidadosa.
Todo profissional da saúde deve conhecer os princípios básicos da terapêutica medicamentosa
cotidiana, que compreende: ação, doses diárias, vias de administração e efeitos colaterais. Deve ainda ter
uma capacidade de observação aguçada e conhecer as noções básicas sobre as patologias em geral, sobre a
terapêutica medicamentosa referente às diversas patologias, sobre interação dos medicamentos e intolerância
individual. Além de conseguir interpretar e adequadamente calcular os valores correspondentes em
prescrições médicas. Toda prescrição médica deve conter: nome do medicamento (genérico e/ou comercial);
dose/dia; forma; via.
É extremamente arriscado fazer prescrições verbais para o profissional de Enfermagem, o que deve
ser evitado, exceto em casos de absoluta urgência. Nessas situações emergenciais, o profissional deve anotar
os procedimentos necessários na folha de prescrição do paciente, detalhando a medicação prescrita, o horário
de administração dos medicamentos, as doses a serem administradas, as vias de administração e o nome do
médico responsável pelo paciente. Feito isso, logo que possível, ele deverá obter a prescrição por escrito e
efetuar os cálculos necessários para o fracionamento e administração do medicamento prescrito.
A terapêutica medicamentosa, devido a complexidade do sistema de saúde, tem sido exercida em
ambientes cada vez mais especializados e dinâmicos, e muitas vezes sob condições que contribuem para a
ocorrência de erros. Estudos realizados ao longo dos últimos anos têm evidenciado a presença de erros
durante o tratamento medicamentoso. Os erros relacionados à utilização de medicamentos podem resultar em
sérias consequências para o paciente e sua família, como gerar incapacidades, prolongar o tempo de
internação e de recuperação, expor o paciente a um maior número de procedimentos e medidas terapêuticas,
atrasar ou impedir que reassuma suas funções sociais, e até mesmo a morte. Tendo em vista o grande número
de intervenções às quais o paciente é submetido durante a internação hospitalar, a incidência de uma alta taxa
de erros é uma possibilidade, caso não existam medidas que visem sua prevenção, detecção e intervenção.
Conhecer e aplicar adequadamente os fundamentos da aritmética e da matemática auxilia o profissional de
saúde na prevenção de erros relacionados ao preparo, a dosagem e ou à administração de medicamentos.

UM POUCO DE SISTEMA DE NUMERAÇÃO


A origem do sistema de numeração que é atualmente utilizado na maioria das culturas
contemporâneas do Ocidente é muito antiga. Surgiu na Ásia, há muitos séculos, no vale do rio Indo, onde
hoje é o Paquistão. Até que fosse desenvolvida a numeração decimal, com a introdução do valor posicional e
a utilização do zero, ainda se passariam alguns séculos. Provavelmente, essas modificações tenham sido
introduzidas na índia por volta do século V a.C.
Vale lembrar que o sistema decimal posicional desenvolvido pelos indianos recebeu influências de
diferentes povos, já que o princípio posicional era utilizado pelos mesopotâmicos. A base dez era usada pelos
egípcios e chineses e, quanto ao zero, têm-se indícios de que já era utilizado pelos mesopotâmicos, na fase
final de sua civilização. Assim, deve-se o mérito da estruturação do sistema de numeração decimal aos
indianos, que foram os que reuniram essas diferentes características num mesmo sistema numérico.
A denominação indo-arábico, para o nosso sistema de numeração, deve-se ao fato de seus símbolos e
suas regras terem sido desenvolvidos pelo antigo povo indiano, mas aperfeiçoados e divulgados pelos árabes.

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Nosso sistema atual de numeração é o Sistema de Numeração Decimal e os algarismos são conhecidos
como indo-arábicos.
Existem operações fundamentais que identificam a adição e a subtração (juntar/separar;
aumentar/diminuir) e estas são consideradas elementares, sendo trabalhadas simultaneamente com as noções
que contribuem para a concepção numérica. Ao mesmo tempo existem operações elementares do tipo
reúne/separa, estas se classificam, segundo critérios como operações de produto e razão
(expandir/multiplicar, fracionar/dividir) a partir de características comuns a dois subconjuntos; existem
operações que também realizam seriações e reconhece padrões.

TABUADA
Há diversas maneiras de construir uma tabuada, mas confira um modo simplificado de realizar as
tabuadas do 6, 7, 8, 9 e 10 - chamada "tabuada dos dedos". Para isso, deve-se dar aos dedos, de ambas as
mãos, os seguintes valores: o dedo mínimo vale a 6, o dedo anelar vale a 7 o dedo médio vale a 8, o dedo
indicador vale a 9 e o dedo polegar vale 10.

Após enumerá-los siga os seguintes passos: una os dedos que correspondem aos números que se
deseja multiplicar, por exemplo, 7 x 8.

Cada dedo unido e os dedos abaixo deles "valem" 10 unidades (uma dezena) e devem ser somados.
Na figura abaixo, as dezenas estão dentro do círculo vermelho.

Os dedos acima da união valem 1 (uma unidade) e o total de cada mão deverá ser multiplicado. Na
figura abaixo, as unidades estão dentro do retângulo azul.

Pode-se ver os dedos que correspondem ao 7 e 8 estão unidos, e abaixo deles há mais 3 dedos,
portanto temos 5 dezenas ou 50 unidades; Acima há 3 dedos de um dos lados e 2 dedos do outro, portanto 3
x 2 é igual a 6, mais 50 igual a 56.

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Após revisar a tabuada pode-se, tranquilamente, falar de multiplicação e divisão:

OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS NO CÁLCULO DE MEDICAÇÕES


A) SOMA: operação que combina dois números, ou termos, em um único número ou soma. Tem como
símbolo o sinal “+” (mais).
a+b=c
a = termo, soma ou parcelas / b = termo, soma ou parcelas / c = soma
Para realizar as operações devemos:
 Os números devem ser alinhados um embaixo do outro, dispostos de maneira que unidade fique embaixo
de unidade, dezena embaixo de dezena, centena embaixo de centena e assim por diante.
 Se em um, ou todos os números houver vírgula, alinhar os números embaixo do outro; de maneira que
fique vírgula debaixo de vírgula, inteiro com inteiro, décimo com décimo, centésimo com centésimo e
assim por diante.
 Onde não há nenhum algarismo, preencher com zero (para igualar o número de casas decimais).

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B) SUBTRAÇÃO: operação que indica quanto é um valor se dele for retirado outro valor através de uma
operação de diminuição. Tem como símbolo o sinal “–“ (menos).
a-b=c
a = minuendo / b = subtraendo / c = diferença ou resto
Como na soma, para realizar as operações, deve-se:
 Alinhar os números um embaixo do outro de maneira que fique unidade embaixo de unidade, dezena
embaixo de dezena, centena embaixo de centena e assim por diante.
 Se em um dos números ou todos os números houver vírgula, colocá-los um embaixo de maneira que
fique vírgula debaixo de vírgula, inteiro com inteiro, décimo com décimo, centésimo com centésimo e
assim por diante.
 Quando não há nenhum algarismo, preencher com zero (para igualar o número de casas decimais).

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C) MULTIPLICAÇÃO: Forma simples de se adicionar uma quantidade finita de números iguais. Têm-se
como símbolos da multiplicação os sinais “.” ou “x”.
a . b = c ou a x b = c
a = multiplicando ou fator / b = multiplicador ou fator / c = produto

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39
Lembre-se:
 Vírgula na frente de qualquer número só se "sustenta" quando coloca-se um zero à sua frente.
 Ao multiplicar um número inteiro por 10, acrescenta-se ao seu resultado um zero; ao multiplicar por 100,
acrescenta-se 02 zeros; por 1000, acrescenta-se 3 zeros e assim por diante.

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 Ao multiplicar um número decimal por 10, deve-se mover a vírgula uma posição para a direita, quando
multiplica-se por 100 a vírgula move-se para direita duas posições, e assim por diante.
D) DIVISÃO: operação matemática que "divide" um determinado número em partes iguais. As propriedades
da divisão são inversas da multiplicação. Tem como símbolos os sinais “÷”, “:” , “/” ou “_” (dividido).
a ÷ b = c ; a : b = c ; a / b = c;

Legenda:
A = dividendo; B = divisor e C = quociente. Lembre-se que na
divisão pode "sobrar" algum valor, chamado de resto que é
representado aqui pelo símbolo "?".

Quando o resto não for zero, deve-se continuar a divisão acrescentando uma vírgula no quociente e
zero no resto. Para melhor entendimento veja com detalhes uma divisão.

41
42
Observação: Matematicamente é prevista a possibilidade de "arredondamento" de resultados
(quociente); com isso o resultado é considerado "aproximado" (representado pelo símbolo ≈). Para maior
precisão deve-se continuar a divisão, após a vírgula, pelo menos 2 casas. Ou seja: 250 ÷ 12 é igual a 20,83 ou
≈ 21. Há casos em que o divisor é menor que o dividendo.

Quando realiza-se a divisão de dois números decimais e os números de casas decimais forem
diferentes, deve-se igualar o número de casas decimais e efetuar a divisão normalmente.

43
Ao dividir um número inteiro por 10 pode-se "andar" com a vírgula à esquerda uma casa; ao dividir
por 100 a vírgula deve "andar" duas casas à esquerda e assim por diante, ou seja, o número de zeros dita o
número de casas que deve-se "andar".

FRAÇÕES
Uma fração indica uma divisão e expressa o número em partes iguais em que o todo foi dividido. Se
o todo é dividido em um número de partes iguais, então uma ou mais partes desse número de partes iguais é
denominado Fração. Exemplo: A fração 3/8 significa 3 de 8 partes iguais. Isso também poderia ser escrito 3
÷ 8 porque indica a divisão em 8 partes iguais.

Os números 3 e 8 são os “Termos da Fração”. O número inferior de uma fração é chamado de


denominador, ou divisor, e indica em quantas partes a unidade é dividida. O número superior da fração é
denominado numerador, ou dividendo, e indica quantas partes foram tomadas da unidade.

A) TIPOS DE FRAÇÕES
 Frações próprias: Algumas vezes chamada de fração comum, ou apenas “fração“, ela possui um
numerador menor que o denominador e designa um valor menor que a unidade. Exemplo: 1/3; 2/5; 3/17.
 Fração imprópria: Esta é uma fração na qual o numerador é maior que o denominador e designa um
valor maior que a unidade.

 Número misto: Consiste em um número inteiro e uma fração. Exemplo:


 Fração complexa: Tanto o numerador quanto o denominador (ou apenas um destes) estão na forma de
fração.

Uma fração é dita reduzida aos seus termos mais simples quando o numerador e o denominador não
podem ser divididos de forma exata pelo mesmo número (exceto o número 1). Exemplo: 6/8 – Esta fração
não é reduzida porque tanto o numerador quanto o denominador podem ser divididos por 2

OPERAÇÕES COM FRAÇÕES


Caso você tenha dúvidas quanto às operações aritméticas fundamentais, trabalhando com números
inteiros ou decimais, tal como a realização de divisões com muitos algarismos no divisor ou com casas

44
decimais, você pode retornar ao tópico 7.2, onde cada uma delas é detalhada, com informações em detalhes
de como realizar cada uma destas quatro operações aritméticas fundamentais: Adição, subtração,
multiplicação e divisão.
A) SOMA DE FRAÇÕES: essa operação requer que todas as frações envolvidas possuam o mesmo
denominador. Se inicialmente todas as frações já possuírem um denominador comum, basta que realizemos a
soma de todos os numeradores e mantenhamos este denominador comum. No exemplo abaixo, podemos
observar que todas elas possuem o denominador 7. Neste caso a fração final terá como numerador a soma
dos números 1, 2 e 3, assim como terá o mesmo denominador 7.

Vejamos agora este outro exemplo:

Neste caso não podemos simplesmente realizar a soma dos numeradores. Primeiramente devemos
converter todas as frações ao mesmo denominador. O denominador escolhido será o mínimo múltiplo
comum dos denominadores. Será o MMC (3, 5, 13). Como sabemos, o MMC (3, 5, 13) = 195. Logo todas as
frações terão o denominador comum 195. O novo numerador de cada uma delas será apurado, simplesmente
dividindo-se 195 pelo seu denominador atual e em seguida multiplicando-se o produto encontrado pelo
numerador original:
 Para 1/3 temos que: 195: 3 x 1 = 65, logo: 1/3 = 65/195;
 Para 2/5 temos que: 195: 5 x 2 = 78, logo: 2/5 = 78/195;
 Para 3/13 temos que: 195: 13 x 3 = 45, logo: 3/13 = 45/195.
Obtemos assim, três frações equivalentes às frações originais sendo que todas contendo o
denominador 195. Agora resta-nos proceder como no primeiro exemplo:

No caso de adição de frações mistas devemos colocar a parte fracionária toda com o mesmo
denominador e depois realizarmos separadamente a soma das partes inteiras e das partes fracionárias:

B) SUBTRAÇÃO
A diferença ou subtração de frações, assim como a adição, também requer que todas as frações
contenham um denominador comum. Quando as frações possuírem um mesmo denominador, temos apenas
que subtrair um numerador do outro, mantendo-se este denominador comum.
Vejamos o exemplo:

Observamos que todas as frações possuem o denominador 9. Neste caso a fração final terá como
numerador a diferença dos numeradores, assim como irá manter o denominador 9:

Observemos este outro exemplo:

Como as frações não possuem todas o mesmo denominador, primeiramente devemos a apurar o
MMC (9, 3, 7) para utilizá-lo como denominador comum.
Sabemos que o MMC (9, 3, 7) = 63. Logo utilizaremos 63 como o denominador comum.
Como já visto, para encontrarmos as frações equivalentes às do exemplo, que possuam o
denominador igual a 63, para cada uma delas iremos dividir 63 pelo seu denominador e em seguida
multiplicaremos o resultado pelo seu numerador:

45
 Para 8/9 temos que: 63 : 9 x 8 = 56, logo: 8/9 = 56/63
 Para 1/3 temos que: 63 : 3 x 1 = 21, logo: 1/3 = 21/63
 Para 2/7 temos que: 63 : 7 x 2 = 18, logo: 2/7 = 18/63
Finalmente podemos realizar a subtração:

Assim como na adição, no caso da subtração de frações mistas também devemos colocar a parte
fracionária toda com o mesmo denominador e depois realizarmos separadamente a subtração das partes
inteiras e das partes fracionárias:

C) MULTIPLICAÇÃO
Ao menos conceitualmente, a multiplicação ou produto de frações, talvez seja a mais simples das
operações aritméticas que as envolvem. Diferentemente da adição e da subtração, a multiplicação não requer
que tenhamos um denominador comum. Para realizarmos o produto de frações, basta que multipliquemos os
seus numerados entre si, fazendo-se o mesmo em relação aos seus denominadores.
Vejamos o exemplo abaixo:

Independentemente de os denominadores serem todos iguais ou não, iremos realizar a multiplicação


conforme mostrado abaixo:

A multiplicação de frações mistas deve ser precedida da conversão das mesmas em frações
impróprias:

D) DIVISÃO
A divisão de frações resume-se a inversão das frações divisoras, trocando-se o seu numerador pelo
seu denominador e realizando-se então a multiplicação das novas frações.
Vejamos como realizar a divisão abaixo:

Realizando-se a inversão das divisoras e mudando-se de divisão para multiplicação teremos:

Realizando-se a multiplicação teremos:

MÚLTIPLAS OPERAÇÕES
Assim como nas operações aritméticas com números naturais, nas operações aritméticas com
frações, a multiplicação e a divisão têm precedência sobre a adição e a subtração, por isto em expressões
compostas que envolvam múltiplas operações, devemos primeiro realizar as operações de multiplicação e de
divisão e por último as operações de soma e subtração.

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Vejamos a expressão a seguir:

A sequência para a sua resolução é a seguinte:


Primeiramente executamos a multiplicação:

Em seguida executamos a divisão, invertendo a fração e transformando a divisão em uma multiplicação:

Agora podemos utilizar o MMC (3, 35, 77) = 1155 como o denominador comum das frações e realizarmos a
soma e a subtração:

Finalmente obtemos o resultado da expressão:

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Calcule o valor das seguintes expressões:
a) 2 (5 + 3) – 4 (2 + 1) =
b) 4 (3 – 2) – 3 (4 – 3) =
c) 4 (3 – 1) – 2 (3 – 2) =
d) 5 (5 + 5) – 3 (5 + 3) =
2) Qual é maior?
a) 5/6 ou 5/8
b) 3/4 ou 1/3
c) 0,75 ou 0,749
d) 0,25 ou 0,255
3) Transforme as frações abaixo em números inteiros ou mistos:
a) 12/8
b) 25/8
c) 17/9
d) 410/100
4) Transforme as frações abaixo em frações impróprias:
a) 1 ⅓
b) 9 ⅛
c) 2 ⅛

47
d) 4 ½
5) Transforme as frações abaixo em frações que tenham o mesmo denominador comum:
a) 7/12 e 3/6
b) 1/8 e 8/24
c) 2/3, ½ e 3/4
d) 1 ⅓, 3/6 e ¼
6) Some os seguintes números:
a) 1/12, 2/3 e 4/9
b) 7 ¼, 6 2/8 e 4 5/6
c) 3 ½, 2 3/10 e 5 2/5
d) 24 3/8, 12 6/7 e 5/14
7) Efetue as seguintes subtrações:
a) 8/18 – 3/18
b) 7/8 – ¼
c) 4 2/8 – 2 7/8
d) 3 10/15 – 7/15
8) Efetuar as seguintes Multiplicações:
a) 7/8 X 5/9
b) 3 1/3 X 1 1/5
c) 1/3 X 4/12 X 4/6
d) 1 ½ X 2 5/6 X 3 1/3
9) Efetuar as seguintes divisões:
a) 3/5 ÷ 7/8
b) 3 ÷ ½
c) 2/3 ÷ 4
d) 3 ½ ÷ 1 ¾
10) Calcule as seguintes frações decimais:
a) 2100,75 + 21,50 + 0,0021 =
b) 350,21 – 349,20 =
c) 1,75 X 0,007 =
d) 382,93 ÷ 23,1 =

48
Cálculos aplicados 8

REGRA DE TRÊS E PROPORÇÕES


A regra de três permite de forma simples, estruturar o problema obtendo sua solução. Pode ser direta
ou inversa. Na regra de três direta ao aumentar um fator, aumenta-se também o outro; como no exemplo
abaixo ao aumentar o número de ampolas aumenta-se o total de “mL”. Já na regra de três inversa ocorre
uma situação diferente; um exemplo fácil de perceber esta situação é quando 6 pedreiros fazem um muro em
10 dias. Ao dobrar-se o número de pedreiros trabalhando pode-se deduzir que o total de dias trabalhados
diminuirá, portanto é uma regra de três inversa. Vale a pena salientar que em nossa realidade profissional,
utiliza-se a regra de três direta. Importante observar que a regra de três só se faz necessária, quando não se
consegue resolver o problema de maneira direta.
EXEMPLO:
Tenho ampolas de dipirona com 2 mL de solução. Quantos mL existem em três ampolas?
Resposta: Forma direta: 2 mL x 3 ampolas = 6 mL nas três ampolas.
Como estruturar uma regra de três:
1) Verificar se a regra é direta ou inversa: Neste caso é uma regra de três direta, pois ao aumentar a
quantidade de ampolas a quantidade relativa ao volume também aumentará.
2) Deve-se colocar na mesma fila as grandezas iguais, no caso abaixo, optou-se por escrever na mesma
coluna as grandezas iguais.
3) Na primeira linha coloca-se o que se sabe. Na segunda linha coloca-se o que se precisa descobrir,
substituindo o valor que falta e o que se procura por x (conhecido como Incógnita).
OBSERVAÇÃO: O mesmo exemplo anterior, por regra de três:

Uma proporção mostra a relação entre duas razões iguais. Uma proporção pode ser escrita como:
8 : 16 : : 1: 2
ou
8 : 16 = 1 : 2
O primeiro e o quarto termos de uma proporção são chamados de extremos, e o segundo e o terceiro
termos são os meios. Numa proporção, o produto dos meios é igual ao produto dos extremos.
Procedimento:
1° Multiplicar os meios e os extremos, chamando o termo desconhecido de “x”.
2° Dividir o produto conhecido pelo coeficiente de “x” para encontrar o termo desconhecido.
Exemplo:
3 : 5 = x : 10 → 5x = 30 → x = 30/5 = 6

PORCENTAGEM
Representada pelo símbolo “%” (por cento), pode ser "traduzido" como partes de cem, então quando
diz-se 45% isso significa que tem-se 45 partes de um total de cem. Também pode-se escrever: 45% ou
45/100 ou ainda 0,45; porque ao dividir 45 por 100 tem-se 0,45.
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EXEMPLO: Eritromicina a 2% - significa que, a cada 100 mL de solução temos 2g de eritromicina.

UNIDADES DE PESO, MEDIDA E TEMPO


O sistema métrico decimal e de tempo utilizado em hospitais tem como unidades básicas o metro, o
litro, o grama e o segundo.
 O metro(m) é a unidade básica de comprimento.
 O litro (l) é a unidade básica de volume.
 O grama (g) é a unidade básica do peso.
 O segundo (seg) é a unidade básica de tempo.
Na enfermagem usam-se rotineiramente as unidades de medidas litro e grama divididas por 1000.
EXEMPLO:
1 mL = 1000 mililitros 1 h = 60 minutos
1 g = 1000 miligramas 1min = 60 segundos

TRANSFORMAÇÃO
Lembre-se na multiplicação por (mil) 1.000 a VÍRGULA anda para a DIREITA conforme o número
de ZEROS.
Gramas / Miligramas Litros / Mililitros
1g = 1000 mg 2L = 2000 mL
0,8g = 800 mg 0,6L = 600 mL
0,5g = 500 mg 0,15L = 150 mL
0,2g = 200 mg 3,2L = 3200 mL
0,1g = 100 mg 0,52L= 520 mL

A escada é a melhor maneira de simplificar operações envolvendo operações com múltiplos de 10


(10, 100, 1000). Pode-se utilizá-la para realizar as transformações de grama para miligrama, de miligrama
para grama; de litro para mililitro e de mililitro para litro. Ao subir cada degrau divide-se o número que está
no patamar por dez, no caso de números decimais é só andar com a vírgula para esquerda a cada degrau; e,
quando não houver mais algarismos completa-se com "zero", pois a vírgula não se sustenta sem o zero.
No caso de descer os degraus, ao invés de dividir basta multiplicar da mesma forma por dez. E, em
caso de números decimais, a vírgula andará para direita, além de acrescentar um zero à direita.

Em caso de número decimal, ao descer cada degrau deve-se andar com a vírgula da esquerda para
direita. Quando não houver mais possibilidade de andar com a vírgula, basta acrescentar "zero" à direita do
número para então fechar o processo. No modo tradicional teríamos que aplicar a regra de três, ou seja:

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FORMAS DE MEDIDAS
Para colher-medida os valores precisam ser verificados em cada utensílio, pois podem variar
conforme o fabricante. Para gotejamento os valores são padronizados, entretanto quando for para
medicamentos em frasco-gotas também precisam ser verificados, pois podem variar de acordo com o
medicamento.
Medidas Observação 01 Observação 02
- 1 colher de sopa corresponde a Para transformar gotas em mL ou vice- Estas conversões apenas são
15 mL. versa, basta utilizar a regra de três. Para válidas no Brasil. Em outros países
- 1 colher de sobremesa compor ou montar uma equação (regra de pode haver diferenças como, por
corresponde a 10 mL. três), coloque sempre do mesmo lado as exemplo, nos EUA, segundo
- 1 colher de chá corresponde a igualdades ou unidades de medida Boyer, 2010, 1 mL equivale a 10,
5 mL. também conhecidas por Grandezas: 15 ou 20 gotas dependendo do
- 1 colher de café corresponde a volume, medidas e peso. fabricante do equipo gotejador; há
2,5 ou 3 mL*. EXEMPLO: mg em baixo de mg / gotas também algumas medicações que
- 1 ml possui 20 gotas. em baixo de gotas / mL em baixo de mL / fogem deste padrão, como por
- 1 ml possui 60 microgotas; litros em baixo de litros / horas em baixo exemplo, o Tramal® que 1 mL tem
- 1 gota possui 3 microgotas. de horas 40 gotas.
- 1 gota é igual a 1 macrogota.
*As colheres de café antigas eram menores que as atuais, isto justifica esta diferença.

DILUIÇÃO
Diluir significa dissolver, tornar menos concentrado; ou seja, temos um soluto (pó / cristal) e deve-se
dissolver com um solvente (água destilada / água bidestilada / água de injeção / soros).
A) Preparo de medicação com a concentração definida ou já dissolvida
Será necessário para o seu preparo usar apenas a regra de três:
EXEMPLO 01:
Prescrição Médica – 120 mg de Aminofilina
Disponível: ampola de Aminofilina. 10 mL c/ 240 mg (240mg/10mL)

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EXEMPLO 02:
Prescrição Médica – Decadron 8mg
Disponível: Frasco – ampola de Decadron de 2,5 mL (4 mg/mL)

B) Quando se trabalha com comprimidos

Na ausência de um comprimido na concentração desejada, deve-se calcular a dosagem,


a partir da concentração do comprimido disponível.

EXEMPLO 01:
Prescrição Médica – Captopril 25mg
Disponível – Captopril 12,5mg

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EXEMPLO 02:
Prescrição Médica – 250mg de Quemicetina
Disponível – Quemicetina – cp 1000mg

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Calcule as regras de três abaixo:
a) Tenho ampolas de dipirona com 2 mL de solução. Quantos mL tenho em três ampolas?
b) Tem um soro de 500 ml para correr em 6 horas. Quantas macrogotas deverão correr?
c) Tem um soro de 1000 ml para correr em 18 horas. Quantas microgotas deverão correr?
d) Tem um soro de 0,95 com 200 ml para correr em 40 minutos. Quantas gotas deverão correr?
2) Completar:
Alternativas Fração Decimal Percentagem

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a) 1/8
b) 1,25
c) 75%
d) 6/1000
3) Calcular as porcentagens abaixo:
a) 6% de 300
b) 8% de 2700
c) 1/3% de 360
d)5 ½% de 2500
4) Resolver as proporções abaixo para “x”:
a) 2 : x : : 10 : 20
b) 10 : 15 : : x : 30
c) x : 300 : : 2 : 60
d) 2,5 : x : : 50 : 60
5) fazer as conversões abaixo:
a) 10 mL = ________________ colheres de chá
b) 0,1g = ________________ mg
c) 1500mg = ________________ kg
d) 2 ½ quartos = ________________ mL
6) Quantos gramas de permanganato de potássio são necessários para preparar 250 mL de solução a 2%?
7) Quantos mL de água destilada são necessários para diluir 80 mg de gentamicina e obter 20mg em 0,5 mL?
8) Quantos gramas de glicose têm 500ml de SG5%?
9) Prescrição médica: administrar 8ml de glicose 10% (EV). Apresentação: ampola de 20 mL de glicose
50%. Quanto deverei aspirar (em mL) de glicose 50% para cumprir a prescrição?
10) Prescrição médica 3 mL/h de soro fisiológico 0,95. Como transformar em gotas por minuto?

54
Fracionamento de medicamentos 9

Fracionamento é o procedimento capaz de promover o uso racional de medicamentos por meio da


dispensação de unidades farmacotécnicas ao usuário, na quantidade estabelecida pela prescrição médica,
odontológica ou necessária ao tratamento correspondente, nos casos dos medicamentos isentos de prescrição,
sob orientação e responsabilidade do farmacêutico. Isso ocorre a partir da subdivisão da embalagem de um
medicamento em partes individualizadas, suficientes para atender ao tratamento clínico prescrito ou às
necessidades terapêuticas do consumidor e usuário de medicamentos, quando estão isentos de prescrição. Por
exemplo, se você tem que tomar 5 comprimidos, não vai precisar mais comprar caixa com 8.

PASSOS PARA O FRACIONAMENTO


O fracionamento inicia com a avaliação da prescrição e termina com a dispensação, percorrendo os
seguintes passos:
 Avaliação da prescrição.
 Subdivisão da embalagem em frações menores.
 Acondicionamento das unidades fracionadas na embalagem da própria farmácia ou drogaria.
 Retorno das unidades à embalagem original.
 Rotulagem da embalagem.
 Registro das operações de dispensação de medicamentos na forma fracionada.
 Restituição da receita ao usuário devidamente carimbada pelo farmacêutico.
 Dispensação do medicamento fracionado.
IMPORTANTE: O fracionamento e a dispensação de medicamentos devem ser realizados no mesmo
estabelecimento, sendo vedada a captação de prescrições oriundas de qualquer outro estabelecimento, ainda
que da mesma empresa.

PROFISSIONAL RESPONSÁVEL
O fracionamento deve ser realizado sob a supervisão e responsabilidade do farmacêutico, segundo as
Boas Práticas para Fracionamento estabelecidas pela RDC nº 80/2006.
IMPORTANTE: A avaliação da prescrição e a dispensação dos medicamentos fracionados são atos que só o
farmacêutico pode realizar. A delegação dos demais atos não exclui a responsabilidade do farmacêutico.

QUAIS MEDICAMENTOS PODEM SER FRACIONADOS?


Os medicamentos nas apresentações de bisnaga monodose, frasco-ampola, ampola, seringa
preenchida, flaconete, sachê, envelope, blíster e strip podem ser fracionados e dispensados de forma
fracionada. Também são passíveis de fracionamento os medicamentos que se apresentam nas formas
farmacêuticas de comprimidos, cápsulas, óvulos vaginais, drágeas, adesivos transdérmicos e supositórios.
IMPORTANTE: Os medicamentos sujeitos ao controle especial de que trata a Portaria nº 344, de 12 de
maio de 1998, e suas posteriores atualizações, não podem ser fracionados.

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EMBALAGENS REGISTRADAS PELA ANVISA
O fracionamento requer uma embalagem especial, que seja desenvolvida e registrada para esse fim,
de modo a assegurar as condições necessárias para a manutenção da qualidade do medicamento no
atendimento individualizado da prescrição. É oportuno destacar as seguintes características das embalagens
relacionadas com o fracionamento:

EMBALAGEM ORIGINAL PARA FRACIONÁVEIS


Sua identificação se dá pela inscrição “EMBALAGEM
FRACIONÁVEL”, em caixa alta e na cor vermelha, localizada logo
acima da faixa de restrição de venda ou posição equivalente, no
caso de sua inexistência. Para os Medicamentos Genéricos, essa
inscrição será localizada logo acima da faixa amarela que contém o
logotipo definido pela legislação específica.
IMPORTANTE: Após a ruptura do lacre ou selo de segurança, as
embalagens que contêm os medicamentos fracionáveis devem ser
armazenadas separadamente das demais, ainda que permaneçam no
mesmo local de estocagem. Também é permitida a guarda de
embalagens fracionáveis na área de fracionamento, desde que
asseguradas as características indispensáveis de organização e de
segurança.

EMBALAGEM PRIMÁRIA FRACIONÁVEL

Contém mecanismos adequados à subdivisão da embalagem em frações


individualizadas para viabilizar a dispensação de unidades farmacotécnicas ao usuário,
sem contato do medicamento com o meio externo e em quantidade suficiente para atender
ao tratamento prescrito.
IMPORTANTE: Após o fracionamento, as embalagens primárias fracionáveis
remanescentes devem retornar para a embalagem original correspondente.

EMBALAGEM PRIMÁRIA FRACIONADA

É a menor unidade da embalagem obtida a partir da


embalagem primária fracionável, sem qualquer contato do
medicamento com o meio externo.
Os dados e informações contidos em cada embalagem
primária fracionada são essenciais para o uso adequado do
medicamento e para a rastreabilidade do produto.

Cada embalagem primária fracionada registrada pela Anvisa deve conter as seguintes informações:
 Nome comercial do medicamento.
 Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, Denominação Comum Internacional (DCI).
 Concentração da substância ativa por unidade posológica.

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 Nome do titular do registro ou logomarca.
 Número do registro, número do lote e data de validade (mês/ano).
 Via de administração, quando restritiva.
 A expressão “Medicamento genérico Lei nº 9.787, de 1999” ou o logotipo caracterizado pela letra “G”
estilizada e as palavras “Medicamento” e “Genérico” quando for o caso.
 A expressão “Exija a bula”.

EMBALAGENS UTILIZADAS PELAS FARMÁCIAS PARA A DISPENSAÇÃO DE


MEDICAMENTOS DE FORMA FRACIONADA
As embalagens secundárias para fracionados devem assegurar a
manutenção das características originais do produto, conter uma bula do
medicamento correspondente e serem rotuladas com as seguintes informações:
 Razão social e endereço da farmácia ou drogaria onde foram realizados o
fracionamento e a dispensação.
 Nome do farmacêutico que efetuou o fracionamento e sua respectiva
inscrição no CRF.
 Nome comercial do medicamento.
 Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, Denominação Comum Internacional (DCI).
 Concentração, posologia e via de administração do medicamento.
 Número(s) do(s) lote(s) ou partida(s), com a(s) data(s) de fabricação e de validade (mês/ano) do
medicamento.
 Advertências complementares presentes na embalagem original para fracionáveis.
 Nome da empresa titular do registro e respectivo número de telefone do Serviço de Atendimento ao
Consumidor (SAC).
 Quando se tratar de medicamento genérico, a embalagem secundária para fracionados deve conter a
expressão “Medicamento genérico Lei nº 9.787, de 1999”.
A rotulagem das embalagens secundárias pode ser aplicada por decalco ou impressa diretamente
sobre essa embalagem, contendo informações padronizadas e campos para preenchimento manual ou
informatizado. O estabelecimento farmacêutico é responsável por disponibilizar a bula ao consumidor e
usuário do medicamento de modo a lhe assegurar o acesso à informação adequada, independente das
orientações e recomendações inerentes à atenção farmacêutica.

ESTABELECIMENTO QUE PODE REALIZAR O FRACIONAMENTO


O fracionamento de medicamentos a partir das embalagens especialmente desenvolvidas para essa
finalidade pode ser realizado em qualquer farmácia ou drogaria que esteja funcionando regularmente perante
os órgãos de Vigilância Sanitária competentes, desde que disponham de instalações adequadas ao
procedimento e atendam às condições técnicas e operacionais estabelecidas na RDC n° 80/2006 e seus
anexos.

CARACTERÍSTICAS PARA FARMÁCIAS E DROGARIAS


REALIZAR O FRACIONAMENTO
Além das condições sanitárias normalmente exigidas para o
funcionamento regular de uma farmácia ou drogaria, elas devem possuir as
seguintes características:
 Área para o fracionamento (identificada e visível para o usuário).

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 Placa com identificação do nome completo do farmacêutico e do horário de sua atuação no
estabelecimento, de forma legível e ostensiva para o público.
 Indicação, em local visível para o público, contendo informações legíveis e ostensivas de que o
fracionamento deve ser realizado sob a responsabilidade do farmacêutico.
 Documentos comprobatórios quanto à regularidade de funcionamento do estabelecimento.
 Identificação do farmacêutico, de modo que o usuário possa.
 Capacidade e equipamentos apropriados.
 Local adequado para o armazenamento das embalagens fracionáveis.

CARACTERÍSTICAS QUE A PRESCRIÇÃO DO MEDICAMENTO DEVE APRESENTAR


PARA FINS DE FRACIONAMENTO
Os seguintes itens devem ser considerados pelo farmacêutico na avaliação da prescrição para fins de
fracionamento:
 Legibilidade e ausência de rasuras e emendas.
 Identificação do prescritor.
 Nome do paciente.
 Nome comercial do medicamento, quando não se tratar de medicamento genérico isento de registro,
homeopático isento de registro e imunoterápico;
 Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, Denominação Comum Internacional (DCI).
 Concentração, forma farmacêutica, quantidades e respectivas unidades e posologia, de acordo com a
duração do tratamento.
 Modo de usar.
 Local e data de emissão.
 Assinatura e carimbo do prescritor.
IMPORTANTE: Se a prescrição estiver de acordo com a DCB ou, na sua falta, com a DCI, e não houver
manifestação expressa do profissional prescritor pela manipulação do medicamento, deve ser realizada a
dispensação do medicamento industrializado.

SUBDIVISÃO DA EMBALAGEM PRIMÁRIA FRACIONÁVEL


A subdivisão da embalagem primária fracionável em frações menores deve ser realizada na área de
fracionamento, após a avaliação da prescrição e a partir da embalagem original para fracionáveis. Tal
procedimento ocorrerá com o auxílio de material adequado para a separação das unidades, conforme a
delimitação estabelecida pelo fabricante (picote, pontilhado etc.), quando existente, de modo a proteger o
medicamento de qualquer contato com o ambiente externo.
IMPORTANTE: Como a subdivisão do medicamento somente poderá ser realizada a partir da embalagem
original apropriada ao fracionamento (embalagem original para fracionáveis) e considerando que não haverá
violação da embalagem primária, não há necessidade do uso de luvas ou de utensílios de proteção específicos
para a execução desse ato.

ÁREA DE FRACIONAMENTO
A área de fracionamento deve ser um espaço destinado às operações relacionadas ao fracionamento,
contendo, no mínimo, bancada(s) revestida(s) de material liso e resistente e equipamentos adequados para a
execução das atividades (instrumentos cortantes, lixeira com tampa, pedal, saco plástico etc.), apresentando
as seguintes características:

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 Identificação.
 Visibilidade para o usuário.
IMPORTANTE: É na área de fracionamento que ficarão os equipamentos
apropriados a essa atividade, tais como instrumentos cortantes, lixeira,
materiais de embalagem e de rotulagem.

LOCA PARA ARMAZENAR EMBALAGENS DE MEDICAMENTOS FRACIONÁVEIS


As embalagens que contêm medicamentos fracionáveis devem ser
armazenadas de forma organizada, em local que, além das características
comuns à estocagem de medicamentos, deve estar identificado de forma
legível e ostensiva com a indicação “Embalagens Fracionáveis”, permitindo
fácil distinção com relação às embalagens comuns (não fracionáveis).
IMPORTANTE: Após a ruptura do lacre ou selo de segurança, as
embalagens que contêm os medicamentos fracionáveis devem ser
armazenadas separadamente. É permitida a guarda de embalagens
fracionáveis na área de fracionamento, desde que isto não comprometa as
operações de fracionamento e que sejam asseguradas as características
indispensáveis de organização e segurança de estocagem.

FRACIONADOS COM MESMO PRINCÍPIO ATIVO E FABRICANTE, E LOTES


DIFERENTES
É permitido juntar lotes diferentes de um mesmo medicamento, com o mesmo princípio ativo e do
mesmo fabricante, para completar ou totalizar o número de unidades farmacotécnicas necessárias para
atender à prescrição. Nesse caso, é fundamental que essa operação seja detalhada no momento de registro
das operações e que as informações a respeito do lote, do prazo de validade e da data de fabricação sejam
incluídas na rotulagem da embalagem secundária para fracionados, disponibilizada pela farmácia ou
drogaria, sem prejuízo das demais informações exigidas pela RDC nº 80/2006. Além disso, o usuário do
medicamento deve ser devidamente orientado quanto à utilização do produto.
IMPORTANTE: A junção de lotes diferentes para totalizar o número de unidades prescritas para um
medicamento é o único tipo de dispensação diferenciada, uma vez que não se pode fazer outro tipo de
junção. Por exemplo, não é permitido dispensar unidades de um medicamento de referência com unidades de
um medicamento genérico ou similar para atender ao mesmo item da prescrição, ainda que esses
medicamentos sejam do mesmo fabricante.

REGISTRO DA DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS FRACIONADOS


A RDC nº 80/2006 determina que as farmácias e drogarias mantenham registro de todas as operações
relacionadas com a dispensação de medicamentos na forma fracionada de modo a garantir o rastreamento do
produto. Além disso, é útil esclarecer que esses registros deverão ser legíveis, sem rasuras ou emendas,
mantidos atualizados e permanecer à disposição das autoridades sanitárias por um período de cinco anos,
contendo, no mínimo, as seguintes informações:
 Data da dispensação.
 Nome completo e endereço do paciente.
 Medicamento, posologia e quantidade prescritos, de acordo com o sistema de pesos e medidas oficiais.
 Nome do titular do registro do medicamento.
 Número do registro no órgão competente da vigilância sanitária, contendo os treze dígitos.
 Número(s) do(s) lote(s), data(s) de validade e de fabricação do medicamento fracionado.
 Data da prescrição.

59
 Nome do prescritor, número de inscrição no respectivo conselho profissional, nome e endereço completo
do seu consultório ou da instituição de saúde a que pertence.
ATENÇÃO: Após esse registro, a prescrição deve ser restituída ao usuário, devidamente assinada pelo
farmacêutico e carimbada em cada item dispensado, contendo a data da dispensação, o nome do
farmacêutico, o número de sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia e a indicação da razão social da
farmácia ou drogaria.

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Defina fracionamento de medicamento.
2) Cite 05 passos para o fracionamento.
3) Quais medicamentos podem ser fracionados?
4) Diferencie embalagem primária fracionável de embalagem primária fracionada.
5) Quais informações devem conter nas embalagens secundárias? Cite 05 tipos.
6) Que estabelecimentos podem realizar o fracionamento?
7) Cite 02 características para farmácias e drogarias realizar o fracionamento.
8) Enumere 03 características apresentadas na prescrição do medicamento.
9) Descreva a área de fracionamento.
10) Quais informações devem conter no registro da dispensação de medicamentos fracionados.

60
Dosagem para criança 10

O sucesso terapêutico do tratamento de doenças em humanos depende de bases farmacológicas que


permitam a escolha do medicamento correto, de forma científica e racional. Mais do que escolher o fármaco
adequado ("certo") visando reverter, atenuar ou prevenir um determinado processo patológico; o clínico, ao
prescrever, também precisa selecionar o mais adequado às características fisiopatológicas, idade, sexo, peso
corporal e raça do paciente. Como a intensidade dos efeitos, terapêuticos ou tóxicos, dos medicamentos
depende da concentração alcançada em seu sítio de ação, é necessário garantir que o medicamento escolhido
atinja, em concentrações adequadas, o órgão ou sistema suscetível ao efeito benéfico requerido. Para tal é
necessário escolher doses que garantam a chegada e a manutenção das concentrações terapêuticas junto aos
sítios moleculares de reconhecimento no organismo, também denominados sítios receptores. Se quantidades
insuficientes estão presentes no sítio receptor, o medicamento pode parecer ser ineficaz mesmo sendo o
"certo", falsificando, assim, a eficácia do fármaco escolhido; em uma situação como esta, o fármaco pode ser
descartado erroneamente, sendo que o sucesso terapêutico poderia ser alcançado se a dose e/ou o intervalo de
administração (posologia) corretos fossem prescritos. Do mesmo modo, esquemas posológicos inapropriados
podem produzir concentrações excessivas no sítio receptor, o que acarretaria a produção de toxicidade e,
mais uma vez, o medicamento "certo" pode erroneamente ser descartado, por apresentar excessivas
concentrações no organismo.
A concentração terapêutica situa-se entre as concentrações geradoras de efeito mínimo eficaz (limite
mínimo) e efeito tóxico (concentração máxima tolerada, limite máximo). A relação entra as concentrações
terapêuticas e tóxicas é chamada índice terapêutico (I.T.) do fármaco; medicamentos com amplo I.T.
apresentam uma ampla faixa de concentração que leva ao efeito requerido, pois as concentrações
potencialmente tóxicas excedem nitidamente as terapêuticas, esta faixa de concentração é denominada
"janela terapêutica". Infelizmente, muitos fármacos apresentam uma estreita janela terapêutica (I.T. < 10),
por apresentarem uma pequena diferença entre as concentrações terapêuticas e tóxicas. Nestes casos, há a
necessidade de cuidadosa monitoração da dose, dos efeitos clínicos e mesmo das concentrações sangüíneas
destes fármacos, visando assegurar eficácia sem toxicidade.

CONCEITO DE DOSAGEM
Dosagem é a quantidade de medicamento ou agente prescrito para um determinado paciente ou
condição e Dose é a porção medida do medicamento tomada de cada vez. Também existem fatores que
influenciam a dosagem de medicamentos dentro os quais levam em consideração variados parâmetros como
idade, peso e outros. A dosagem é prescrita por um prescritor, médico ou dentista, que são profissionais de
saúde credenciados para definir o medicamento a ser usado.

FATORES DE INFLUÊNCIA
Os fatores de influência podem ser descritos de vários tipos:
 Idade do paciente: afeta sua resposta aos medicamentos. As crianças e os idosos necessitam de doses
menores que a dose habitual do adulto.
 Sexo do paciente: afeta algumas vezes a resposta aos medicamentos. As mulheres são mais susceptíveis
à ação de alguns fármacos e geralmente recebem doses menores. A administração de medicamentos à
mulheres nas primeiras semanas de gravidez pode causar danos ao feto. Durante o 3º trimestre há a
possibilidade de trabalho de parto prematuro causado por fármacos que podem estimular as contrações
musculares.
 Condição do paciente: indicação de doses menores quando a resistência do paciente está diminuída. O
comprometimento da função renal e hepática pode causar acúmulo dos fármacos em níveis tóxicos.

61
 Fatores psicológicos: a personalidade de uma pessoa frequentemente é importante em sua resposta a
determinado fármaco.
 Fatores ambientais: o efeito dos medicamentos administrados pode ser influenciado pelo ambiente e
pela atitude do enfermeiro que os administra.
 Temperatura: outros fatores como calor e frio podem afetar as respostas aos medicamentos. Sendo
necessário diminuir a dosagem de alguns fármacos durante o período de calor.
 Método de administração: prescrição de doses maiores de um medicamento administrado por via oral
ou retal, e doses menores para uso via parenteral.
 Fatores genéticos: a idiossincrasia a drogas é uma susceptibilidade anormal de alguns indivíduos que os
faz reagir de forma diferente da maioria das pessoas a um fármaco. Acredita-se que esta intolerância a
pequenas quantidades de alguns fármacos seja devida a fatores genéticos.
 Peso corporal: influencia a dosagem de alguns fármacos potentes e frequentemente é calculada com
base na razão entre miligramas do fármaco e quilogramas de peso corporal do paciente. Quanto maior o
peso de uma pessoa, mais diluída será, e uma menor quantidade irá acumular-se nos tecidos. Por outro
lado, quanto menor o peso de uma pessoa, maior é o acúmulo nos tecidos, e mais potente é o efeito
produzido.

GRAUS DE DOSAGEM DOS FÁRMACOS


Vários termos são usados para descrever dosagens e também são importantes para o profissional de
enfermagem conhecê-los, entre eles estão:
 Dose Média: quantidade de medicamentos que provou ser mais eficaz, com um mínimo de efeitos
tóxicos, em números médio de pacientes.
 Dose Inicial: a primeira dose.
 Dose de Manutenção: dose dada depois que a dose inicial alcançou o efeito desejado.
 Dose Máxima: maior quantidade de medicação que pode ser dada ao paciente sem perigo ou
possibilidade de letalidade.
 Dose Letal: dosagem que poderá matar o paciente.

DOSAGEM PADRONIZADA
A dosagem padronizada não constitui problema para o profissional de enfermagem, uma vez que
cada dose individual foi medida e rotulada pelo farmacêutico ou pelo fabricante. Entretanto, se a dose
prescrita for maior do que a dosagem padronizada, o profissional de enfermagem deverá determinar o
múltiplo apropriado, de acordo com a receita. Por exemplo, se a dosagem padronizada é de 15 mg de
fenorbital e se foi receitada uma dose de 45 mg, administra-se apenas 03 comprimidos de 15 mg.
Se a dosagem receitada for menor do que a dose padronizada, será necessário determinar
corretamente a proporção. Se o comprimido tiver um sulco no meio, é fácil partir o comprimido no lugar do
sulco para administrar meio comprimido. Entretanto, se o comprimido não tiver um sulco, não se deve tentar
parti-lo para dar ao paciente um pedacinho do comprimido. Procure obter o medicamento numa outra forma
(comprimido de dosagem menor, preparação líquida, etc.) que permita medir exatamente a dosagem.

CONCEITOS BÁSICOS
 Dose de ataque ou inicial: dose de determinado fármaco que deve ser administrada no início do
tratamento, com o objetivo de atingir rapidamente a concentração efetiva (concentração-alvo).
 Dose de manutenção: dose necessária para que se mantenha uma concentração plasmática
efetiva. Utilizada na terapia de dose múltipla, para que se mantenha a concentração no estado de
equilíbrio estável.

62
 Posologia: descreve a dose de um medicamento, os intervalos entre as administrações e a
duração do tratamento.
 Terapia de dose única: consiste na administração da dose seguinte quando toda a dose anterior é
eliminada. Ou seja, o intervalo entre as doses deve ser num tempo suficiente para que o organismo
elimine totalmente a dose anterior (em geral, um tempo maior que 10 meias-vidas). Dessa forma, não há
acúmulo de fármaco na circulação.
 Terapia de dose múltipla: ao contrário do que ocorre em doses únicas, o intervalo entre doses é menor
do que aquele necessário para a eliminação da dose anterior. Por isso, ocorre acúmulo da droga no
sangue, até que se atinja o equilíbrio.

FRASCOS E EMBALAGENS HOSPITALARES


A dose de um medicamento líquido acondicionado em frascos é geralmente receitada em medidas
caseiras, como, por exemplo, uma colher de chá ou uma colher de sopa. O médico sabe que existe variação
no tamanho das colheres e na quantidade de medicamento que se coloca nelas. Nos casos em que a dose a
administrar deve ser uma quantidade exata, o médico poderá pedir que a dosagem seja medida com conta-
gotas calibrados ou com copinhos graduados.
As embalagens hospitalares contêm grandes quantidades de um medicamento. Elas são preparadas
desta maneira porque, ao comprar uma grande quantidade, pode-se reduzir o custo dos medicamentos. O
rótulo do vidro dirá a concentração da solução, ou a quantidade de medicamentos por centímetro cúbico, por
mililitro ou por unidade. Por exemplo, o rótulo de um vidro de solução medicamentosa pode conter a
indicação: 1 mL = 0,5 mg. O auxiliar de enfermagem utilizará o método das proporções por regra de três,
explicado no capítulo 7, para determinar a quantidade correta de solução a ser utilizada.

PRESCRIÇÃO
A prescrição provavelmente é tão antiga quanto a história escrita da Papiro de Ebers:
humanidade. A primeira forma literal real sobre farmácia foi um papiro, denominado tratados médicos
Papiro de Ebers, que incluía métodos para fazer desaparecer doenças e também listas escritos no Antigo
Egito de
de medicamentos e métodos de mistura.
aproximadamente
Uma prescrição é uma ordem escrita por um profissional para ser preparada 1550 a.C., contêm
por um farmacêutico, indicando a medicação que o paciente necessita e contendo mais de 700
todas as orientações necessárias para o farmacêutico e o paciente. fórmulas mágicas e
remédios populares
além de uma
descrição precisa do
PARTES DE UM PEDIDO OU RECEITA sistema circulatório.
Um médico, dentista ou outro profissional qualificado escreve o pedido ou
receita para a administração de medicamentos. Um enfermeiro ou auxiliar de enfermagem que administra
medicamentos deve conhecer bem a legislação que regulamenta o exercício de sua profissão e as normas da
instituição.
Um pedido ou receita completa de um fármaco contém o nome do fármaco, a dosagem, quando deve
ser administrado, quantas vezes deve ser administrado, a data do pedido ou receita e a assinatura do médico
que escreveu.
Os antibióticos e os narcóticos são exemplos de medicamentos que têm uma norma automática de
controle. É necessário um novo pedido ou receita para que o medicamento seja continuado após um período
específico estabelecido pela instituição.

CÁLCULOS DE DOSAGEM PARA LACTANTES E CRIANÇAS


As crianças não são capazes de tolerar as doses de medicamentos administradas a adultos. Há várias
fórmulas para graduar a dosagem de acordo com a idade e o peso. A dosagem recomendada por quilograma
ou libra de peso corporal é mais precisa que a dosagem calculada de acordo com a idade. Outros fatores,

63
além da idade e do peso, são considerados no cálculo da dosagem para crianças. Por essa razão, alguns
médicos usam o método da “área da superfície corporal” para estimular a dosagem para crianças. Existem
tabelas para determinar a área de superfície corporal e metros quadrados, de acordo com a altura e o peso.
Geralmente é responsabilidade apenas do médico calcular a dose de um medicamento para crianças,
embora as fórmulas apresentadas adiante mostrem o método geral usado. Os fabricantes de medicamentos,
após considerável pesquisa, apresentarão as doses específicas de medicamentos administrados a crianças, e
estas devem ser cuidadosamente conferidas na literatura atualizada sobre o medicamento ou na bula. Muitos
medicamentos não são recomendados para crianças devido ao potencial de efeitos colaterais prejudiciais na
criança em crescimento, ou porque não foram suficientemente testados em crianças para se apresentar uma
faixa de dosagem recomendada.
As três fórmulas apresentadas adiante são úteis no cálculo da dosagem para lactentes e crianças:
A) Regra de Young: esta regra não é valida após os 12 anos de idade. Se a criança for suficiente pequena
para indicar uma dose reduzida após os 12 anos de idade, a redução deve ser calculada tendo por base a regra
de Clark.

B) Regra de Clark:
Cálculo em libra

Cálculo em grama

C) Regra de Fried, que algumas vezes é usada no cálculo das dosagens para lactantes com menos de 02
anos, emprega a fórmula.

Pode-se usar qualquer unidade de medida nestas fórmulas. A resposta será dada na mesma unidade
usada. Se for desejada outra unidade, pode ser feita a conversão conforme ilustrado antes. Exemplos:
a) Determinar a dose de fenorbital para uma criança de 4 anos (dose para adulto: 30mg).

b) Determinar a dose de cortisona para um lactante de 14kg (dose para adulto: 100mg).

c) Se o auxiliar de enfermagem coloca 2mL de acetaminofen 120mg/5 mL em uma seringa de administração


oral, a dose contém _________ mg de acetaminofen.

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NOMOGRAMA DE ÁREA DE SUPERFÍCIE CORPORAL
O nomograma de área de superfície corporal é usado para calcular doses pediátricas por metro
quadrado de superfície corporal. O retângulo central mostra os metros quadrados por peso em libras somente
para crianças de altura e pesos normais. Para crianças magras ou obesas, pode-se usar uma linha reta que une
a altura e o peso nas duas escalas externas para se determinar a superfície corporal em metros quadrados.

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Conceitue dosagem.
2) Quais fatores podem influenciar na dosagem.
3) Defina os graus de dosagem de fármacos citados abaixo:
a) Dose média
b) Dose inicial
c) Dose de manutenção
d) Dose máxima
e) Dose letal
4) Diferencie terapia de dose única de terapia de dose múltipla.
5) O que significa o Papiro de Ebers?
6) Cite as 03 fórmulas para determinar a dosagem para lactantes e crianças. E suas respectivas fórmulas.
7) Descreva sobre o nomograma de área de superfície corporal.
8) Calcule: Se a dose de sulfato de codeína para adulto é de 30 mg, qual é a dose para uma criança de 3 anos?
9) Determine: O frasco indica conter Demerol 100 mg/mL. A prescrição é de 60 mg. Quanto será
administrado?
10) Resolva: Determine a dose diária total de azatioprina para uma criança com 1 m de altura e 27 kg de
peso.

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Farmacologia do sistema nervoso autônomo 11

O SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso controla e coordena as funções de todos os sistemas do organismo e ainda é capaz
de interpretá-los e desencadear, eventualmente, respostas adequadas a estes estímulos. Também responde por
fenômenos psíquicos altamente elaborados.
Anatomicamente, o sistema nervoso está dividido da seguinte forma:

Cérebro
Encéfalo Cerebelo Mesencéfalo
Sistema nervoso central Tronco encefálico Bulbo
Medula Ponte
Sistema nervoso
Nervos
Sistema nervoso periférico Gânglios
Terminações nervosas

Do modo funcional, o sistema nervoso está dividido em


Sistema Nervoso Somático e Sistema Nervoso Visceral, cuja
divisão apresenta uma parte aferente e outra parte eferente.
Porém daremos maior destaque à parte eferente do SN visceral
que, também, denomina-se Sistema nervoso autônomo (SNA).
Neste sistema, os impulsos nervosos que seguem por ele,
terminam em músculo estriado cardíaco, músculo liso ou
glândulas. Assim, o SN autônomo é involuntário.
O SN autônomo tem dois neurônios unindo o SN central
ao órgão efetuador, essa junção denomina-se sinapse. Um dos
neurônios tem o corpo dentro do SN central (medula espinhal) e
outro no SN periférico. Os corpos dos neurônios localizados fora
da medula se agrupam e formam o que chamamos de gânglios.
Desse modo, os corpos dos neurônios situados em gânglios são
denominados neurônios pós-ganglionares, e os que têm seus
corpos situados dentro do SN central são denominados
neurônios pré-ganglionares.

Conforme Langley, o SN autônomo divide-se em SN Figura 11.1- Sistema nervoso autônomo.


simpático e SN parassimpático que diferenciam entre si conforme
os aspectos anatômicos farmacológicos e fisiológicos.
a) Diferenças do ponto de vista anatômico: O SN simpático é tóraco-lombar porque nele os neurônios
pré-ganglionares se situam na medula torácica e lombar. Já no SN parassimpático esses neurônios se
situam no tronco encefálico (crânio) e na medula sacral, por isso o SN parassimpático é crânio-sacral. Os
neurônios pós-ganglionares, no SN simpático localizam-se próximo da coluna vertebral, formando o que
chamamos de gânglios para-vertebrais e pré-vertebrais. No SN parassimpático, esses neurônios
localizam-se perto ou dentro das vísceras. Quanto ao tamanho das fibras, no SN simpático a fibra pré-

66
ganglionar é curta e a pós-ganglionar é longa. Já no SN
parassimpático, a fibra pré-ganglionar é longa e a pós-
ganglionar é curta.
b) Diferenças do ponto de vista farmacológico: As drogas
podem atuar de quatro formas no SNA: estimulam ou inibem
o SN simpático, ou estimulam ou inibem o SN
parassimpático. As drogas como adrenalina e
Figura 11.2- Sinapse dos neurônios. noradrenalina têm efeitos semelhantes aos obtidos por ação
do SN simpático, por isso são denominadas
simpaticomiméticas. Já a droga acetilcolina que imita as ações
do parassimpático chama-se parassimpaticomimética. Com a descoberta dos mediadores químicos pode
explicar o modo de ação e as diferenças entre essas drogas. Sendo a acetilcolina e a noradrenalina os
mais importantes mediadores químicos. Assim, as fibras nervosas que liberam a acetilcolina são as
colinérgicas e as que liberam a noradrenalina são as adrenérgicas. No que se refere à disposição das
fibras, as fibras pré-ganglionares simpáticas e parassimpáticas e as fibras pós-ganglionares
parassimpáticas são colinérgicas, e as fibras pós-ganglionares simpáticas são adrenérgicas, com exceção
das fibras das glândulas sudoríparas.
c) Diferenças do ponto de vista fisiológico: O SN simpático tem ação antagônica à do parassimpático em
um determinado órgão. Mas a ação destes dois sistemas depende do modo de determinação das fibras
pós-ganglionares.
No quadro a seguir podem-se ver alguns dos principais efeitos dos dois sistemas. Nota-se que o SN
simpático é o mecanismo de defesa do organismo em casos de emergência, enquanto o SN parassimpático
relaciona-se com a manutenção da homeostasia normal do organismo.
EFEITOS SIMPÁTICOS EFEITOS PARASSIMPÁTICOS
Aumento da freqüência e do débito cardíaco. Diminuição da freqüência e do débito cardíaco.
Constricção dos vasos sanguíneos na pele e nas vísceras. Dilatação pouco acentuada destes vasos sanguíneos.
Elevação da pressão arterial. Diminuição da pressão arterial.
Elevação da glicemia. Não há efeito sobre a glicemia.
Relaxamento da musculatura lisa brônquica. Constricção da musculatura lisa brônquica.
Diminuição da peristalse. Aumento da peristalse.
Contração dos esfíncteres. Relaxamento dos esfíncteres.
Promoção de retenção urinária. Diminuição da retenção urinária.
Dilatação das pupilas. Constricção das pupilas.

AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS


Os agonistas colinérgicos imitam o efeito de estimulação do SN parassimpático. Todos os fármacos
colinérgicos têm efeitos mais prolongados que a acetilcolina. Vejamos os principais fármacos agonistas
colinérgicos.
DOSAGEM
NOME INDICAÇÃO
ADULTO VIAS CRIANÇA VIAS
Nitrato de Glaucoma. 3-4 gts da solução a Óptico Mesma dose e via dos
pilocarpina 1% adultos
Cloreto de Distensão abdominal pós- 10-30 mg; Oral; - -
betanecol operatória; retenção urinária e 2,5-5 mg SC
gástrica.
Metilsulfato de Glaucoma. 1-2 gts da solução a Óptico; 1-2 gts da Óptico
neostigmina 5%; solução a
0,25-0,5 mg Oral, IV 5%
Cloreto de Aumenta o tônus muscular. 10 mg IM, IV 1-5 mg IM, IV
edrofônio
Iodeto de Glaucoma 1-2 gts da solução a Óptico Mesma dose e via dos
ecotiopato 0,06%-0,25% adultos

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Os antagonistas colinérgicos opõem-se ou anulam o efeito de estimulação do SN parassimpático.
Assim, estes fármacos têm o mesmo efeito estimulante do SN simpático. Do fármaco Beladona obtêm-se três
alcalóides: atropina, hiosciamina e escopolamina. Vejamos alguns fármacos antagonistas colinérgicos.
DOSAGEM
NOME INDICAÇÃO
ADULTO VIAS CRIANÇA VIAS
Sulfato de atropina Antiespasmódico. Relaxamento da 0,5-0,6 mg SC - -
musculatura lisa brônquica.
Diminuição de secreção do nariz,
da faringe e dos brônquicos.
Brometo de propantelina Incontinência urinária. 15 mg Oral - -
Instabilidade detrusora.
Brometo de clidínio 2,5 mg Colite espástica. Úlcera péptica. 1 cápsula Oral - -
+ clordiazepóxio 5 mg
Maleato de proclorperazina Colite espástica. Controle da 1 cápsula Oral - -
10 mg + iodeto de hiperêmese.
isopropamida 5 mg

AGONISTAS E ANTAGONISTAS ADERNÉRGICOS


Os fármacos agonistas adrenérgicos produzem ou imitam os efeitos de estimulação do SN simpático.
DOSAGEM
NOME INDICAÇÃO
ADULTO VIAS CRIANÇA VIAS
Cloridrato de Asma brônquica aguda. Reações 0,3 mg SC 0,01 mg SC
adrenalina alérgicas graves.
Bitartarato de Hipotensão. Choque. 1-2 µg/min. IV - -
levarterenol diluídos em 1000
ml de solução.
Bitartarato de Hipotensão. 0,5-5 mg IV, IM - -
metaraminol
Cloridrato de Congestão nasal. Solução de 0,5%- Nasal Mesma dose e via dos
fenilefrina 1%. adultos

Os fármacos antagonistas adrenérgicos opõem-se ou anulam os efeitos de estimulação do SN


simpático. Seu efeito é semelhante ao obtido após estimulação do SN parassimpático. Essas substâncias são
classificadas de acordo com seus receptores específicos - os receptores alfa e beta. Uma substância alfa-
bloqueadora impediria os receptores alfa, e um beta-bloqueador impediria os receptores beta.
DOSAGEM
NOME INDICAÇÃO
ADULTO VIAS CRIANÇA VIAS
Metildopa Hipertensão moderada persistente 500 mg-2 g/dia Oral - -
Aldoril Pressão arterial 2-4 comp. ao dia Oral - -
Cloridrato de Hipertensão moderada a grave 80-240 mg/dia Oral 0,2-4 mg/kg/dia Oral
propranolol Angina pectoris 10-20 mg, 3-4x/dia 10-20 µg/kg IV
Arritmias 10-30 mg, 3-4x/dia
0,5-3 mg IV
Cloridrato de Hipertensão 0,1-1,2 mg, 2x/dia Oral - -
clonida
Diazóxido Hipertensão maligna. Crise 3 mg/kg/dia em 3 Oral Mesma dose e vias dos
hipertensiva. Hipoglicemia. doses adultos
300 mg IV
Cloridrato de Hipertensão. 1-15 mg, 3x/dia Oral - -
prazosina
Tartarato de Redução da pressão arterial sistólica. 100-450 mg/dia Oral - -
metoprolol
Nadolol Hipertensão. Angina pectoris. 40-240 mg/dia Oral - -
Atenolol Hipertensão. 50-100 mg/dia Oral - -
Tartarato de Enxaquecas. 2 mg, 1-2x/dia Oral - -
ergotamina

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Maleato de Enxaquecas. 2 mg, 3x/dia Oral - -
metisergida

BLOQUEADORES GANGLIONARES E NEUROMUSCULARES


Os fármacos bloqueadores ganglionares impedem a transferência de impulsos através dos primeiros
gânglios do SNA.
DOSAGEM
NOME INDICAÇÃO
ADULTO VIAS CRIANÇA VIAS
Cloridrato de Hipertensão grave. 2,5-25 mg Oral - -
mecamilamina

Os fármacos bloqueadores neuromusculares interrompem ou simulam a transmissão dos impulsos


nervosos na junção neuromuscular esquelética, causando paralisia dos músculos esqueléticos afetados.
DOSAGEM
NOME INDICAÇÃO
ADULTO VIAS CRIANÇA VIAS
Brometo de Relaxamento da musculatura esquelética 0,04-0,1 IV Mesma dose e via dos
pancurônio de curta duração, durante intubação mg/kg/dose adultos
endotraqueal, exames endoscópicos,
terapia ventilatória ou cirurgia.
Brometo de vecurônio Semelhante ao brometo de pancurônio. 0,08-0,1 IV Mesma dose e via dos
mg/kg adultos
Cloreto de Semelhante ao brometo de pancurônio. 0,1 mg/kg IV Mesma dose e via dos
succinilcolina adultos

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Esquematize a divisão do sistema nervoso.
2) Defina sinapse e gânglios.
3) Os impulsos nervosos que seguem pelo SN autônomo terminam em:
a. Músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso.
b. Músculo estriado esquelético, vísceras e glândulas.
c. Músculo estriado cardíaco, vísceras e músculo liso.
d. Músculo estriado cardíaco, músculo liso e glândulas.
e. Músculo liso, gânglios e vísceras.
4) Descreva as diferenças entre o SN simpático e o SN parassimpático do ponto de vista anatômico,
farmacológico e fisiológico.
5) Enumere os efeitos abaixo conforme a estimulação simpática ou parassimpática:
(S) Simpático (P) Parassimpático
( ) Aumento da freqüência e do débito cardíaco.
( ) Relaxamento dos esfíncteres.
( ) Constricção dos vasos sanguíneos na pele e nas vísceras.
( ) Diminuição da retenção urinária.
( ) Elevação da pressão arterial.
( ) Constricção das pupilas.
( ) Elevação da glicemia.
( ) Relaxamento da musculatura lisa brônquica.

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( ) Aumento da peristalse.
6) Diferencie agonista e antagonista colinérgicos.
7) Cite dois fármacos agonista colinérgicos e dois antagonistas colinérgicos.
8) O fármaco de escolha para o tratamento da asma brônquica aguda é:
a. Cloridrato de adrenalina
b. Bitartarato de levarterenol
c. Sulfato de atropina
d. Iodeto de ecotiopato
e. Cloridrato de clonida
9) Discorra sobre os fármacos antagonistas adrenérgicos. Cite exemplos.
10) Pesquise quais as reações adversas do cloridrato de mecamilamina, um bloqueador ganglionar.

70
Farmacologia do sistema cardiovascular 12

O sistema circulatório é um sistema fechado, sem


comunicação com o exterior, constituído por vasos, no interior dos
quais passam o sangue e a linfa (denominado humores). O coração
funciona como uma bomba contrátil-propulsora, movimentando
os humores. As trocas entre os tecidos e o sangue ocorrem através
dos capilares – rede de vasos de calibre reduzido e de paredes
muitos finas.
Na circulação sanguínea normal, o sangue rico em
oxigênio entra no átrio esquerdo (AE) vindo dos pulmões e segue
para o ventrículo esquerdo (VE) à contração do átrio. O VE
contrai logo após o AE e o sangue é forçado a entrar na aorta, que
se ramifica em outras grandes artérias. O sangue então é
transportado para o trato grastrointestinal, fígado e leitos capilares
no circuito sistêmico. Nesta região capilar a circulação alcança
seus objetivos: oxigênio e nutrientes são transportados para os
tecidos; dióxido de carbono e resíduos são removidos. Os
capilares venosos fundem-se para formar veias maiores; o sangue
retorna para o coração através da veia cava e entra no átrio direito
(AD). A contração do átrio força o sangue a entrar no ventrículo
direito (VD); a contração ventricular subsequente força a entrada
do sangue nos pulmões, onde é oxigenado; depois o sangue
retorna ao AE para reiniciar o ciclo.
Os fármacos para os problemas cardiovasulares podem afetar a
frequência cardíaca, o ritmo cardíaco, a quantidade de sangue ejetado Figura 12.1- Sistema circulatório.
ou a força da contração. Porém, os medicamentos cardiovasculares são,
geralmente, usados nos casos de insuficiência cardíaca e arritmias.

FÁRMACOS ANTI-HIPERTENSIVOS
A hipertensão arterial (HA) ou pressão alta é a elevação dos níveis de pressão sanguínea nas artérias.
Ela é considerada alta quando atinge valores acima de 12 por 8 (120 por 80 mmHg). As principais causas da
HÁ são: consumo excessivo de álcool, cigarro e sódio (sal), sedentarismo e excesso de peso. Ela é uma
doença silenciosa, pois não apresenta sintomas específicos. Embora, seja fácil o acesso a equipamentos de
medição de pressão, o diagnóstico e as orientações de tratamento devem ser sempre feitos pelo médico, que é
habilitado para identificar o grau da hipertensão e outros fatores associados que devem ser considerados para
tratar as alterações de pressão. Quando não ou mal tratada, a hipertensão pode trazer sérios riscos à saúde,
afetando órgãos importantes como cérebro, coração e rim e causando doenças como insuficiência cardíaca,
acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio, insuficiência renal e doença cardiovascular geral.
Por isso, o controle dos níveis de pressão arterial e a adoção de hábitos saudáveis – alimentação balanceada,
exercícios físicos regulares, cessação do tabagismo e redução do consumo de álcool-, são fundamentais para
a saúde.
Os principais fármacos anti-hipertensivos estão listados no quadro abaixo:
DIURÉTICOS (Fármacos de 1ª escolha)
AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Reduzir a pressão arterial; Tratamento de pacientes Depleção de letr´litos Bumetanida / Furosemida
Remover o excesso de negros e idosos. (potássio), tontura, fraqueza, / Hidroclorotiazida /
sódio do organismo; cãibras nas pernas, icterícia, Espironolactona /
Reduzir o volume vascular. vômito e confusão. Triantereno

71
BETA-BLOQUEADORES (Fármacos de 1ª escolha)
AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Reduzir a pressão arterial. Maior eficácia em Fadiga, letargia, insônia, Atenolol / Labetalol /
pacientes brancos a negros alucinações, desregula o Metoprolol / Nadolol /
e jovens a idosos. metabolismo lipídico. Propanolol / Timolol
Somente adultos.

INIBIDORES DA ECA (Enzima conservadora de angiotensina)


AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Reduzir a pressão arterial. Pacientes hipertensos Tosse seca, exantema, Benazepril / Captopril /
brancos e jovens. febre, alteração do paladar, Enalapril / Fosinopril /
Pacientes após infarto do hipotensão, aumento dos Lisinopril / Moexipril /
miocárdio. níveis séricos do potássio. Quinapril / Ramipril

ANTAGONISTA DE RECEPTORES DE ANGIOTENSINA II


AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Reduzir a pressão arterial. Pacientes diabéticos Tosse seca, exantema, Losartana
Diminuir a retenção de hipertensivos. febre, alteração do paladar,
água e sal. hipotensão, aumento dos
níveis séricos do potássio.

BLOQUEADORES DE CANAIS DE Ca2+


AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Bloquear os canais de Ca2+ Pacientes hipertensos com Hipotensão, tontura, Anlodipino / Diltiazem /
relaxando o músculo liso asma, diabetes, angina e náusea, bradicardia, Felodipino / Isradipino /
vascular e dilatando as doença vascular periférica. constipação e bloqueio Nicardipino / Nifedipino /
arteríolas, e diminuindo a Pacientes negros cardíaco. Nisoldipino / Verapamil
presão arterial. hipertensos.

ALFA-BLOQUEADORES
AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Reduzir a pressão arterial. Somente adultos. Idem beta-bloqueadores Doxazosin / Prazosin /
Terazosin

OUTROS FÁRMACOS
EFEITOS
CLASSES AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EXEMPLOS
ADVERSOS
Adrenérgicos de Tratamento da Pacientes hipertensos com Sedação, ressecamento Clonidina /
ação central hipertensão leve a insuficiência renal. da mucosa nasal, Alfa-metildopa
moderada. Diminuição sonolência.
da pressão arterial.
Vasodilatadores (a) Tratamento de - (a) Cefaléia, náusea, Hidralazina (a)
hipertensão moderada. sudorese, arritmia. / Minoxidil (b).
(b) Tratamento de (b) Crescimento de
hipertensão grave a pelos no corpo.
maligna
Emergência Rápida redução da Paciente com pressão de 13 Hipotensão Diazóxido /
hipertensiva pressão arterial. ou >15 (>21). E/ou com (superdosagem). Labetalol /
encefalopatia, hemorragia Nitroprussiato
cerebral, insuficiência VE e de sódio.
esteanose aórtica.

72
GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS
A insuficiência cardíaca é o comprometimento da capacidade do coração de suprir as necessidades
do organismo, assim, o bombeamento de sangue para os outros órgãos é prejudicado. A doença acometa
todas as idades. Os sintomas apresentados são: cansaço após uma situação de esforço (principal, e na fase
avançada aparece mesmo em repouso), inchaço nas pernas, aumento do volume abdominal, dilatação do
coração e palpitações, palidez cutânea, sudorese fria, dificuldade para dormir com cabeceira baixa por conta
da falta de ar. Os principais fatores de risco são: fatores congênitos, a pressão alta, diabetes, anemia,
obesidade, consumo abusivo de álcool e drogas e disfunções cardíacas como doença arterial coronariana,
valvopatias, miocardiopatias e doenças reumáticas. Para o diagnóstico da doença é preciso de avaliação
clínica, exames laboratoriais e métodos gráficos. E quando diagnosticada precocemente, o tratamento com
medicamentos beta-bloqueadores, que diminuem a descarga de adrenalina, reduzindo a frequência de
contrações do coração, é bastante eficaz. Assim como, outras alternativas: procedimentos cirúrgicos, uso de
marca-passo biventricular ou uso de “coração artificial”.
Os glicosídeos cardiotônicos são compostos caracterizados pela ação altamente específica,
homogênea e potente que exercem sobre o músculo cardíaco. São medicamentos de escolha na insuficiência
cardíaca. São eles digoxina, dopamina, dobutamina e cloridrato de isoproterenol. Seus efeitos colaterais mais
comuns são náusea, vômito e distúrbios visuais.

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Defina sistema circulatório.
2) Quais estruturas fazem parte do sistema circulatório?
3) Descreva a circulação sanguínea.
4) Pesquise sobre
a) Frequência cardíaca
b) Ritmo cardíaco
5) Descreva sobre a hipertensão arterial.
6) Cite 03 anti-hipertensivos das seguintes classes:
a) Diuréticos
b) Beta-bloqueadores
c) Inibidores de ECA
d) Alfa-bloqueadores
7) Qual a principal ação dos anti-hipertensivos?
8) Descreva a insuficiência cardíaca.
9) Defina fármacos glicosídeos cardiotônicos.
10) Pesquise e cite 03 fármacos glicosídeos cardiotônicos.

73
Farmacologia do processo antiinflamatório 13

A inflamação é uma resposta normal de proteção às lesões teciduais causadas por trauma físico,
agentes químicos ou microbiológicos nocivos. A inflamação é a tentativa do organismo de inativar ou
destruir os organismos invasores, remover os irritantes e preparar o cenário para o reparo tecidual. Quando a
cura está completa, normalmente o processo inflamatório cessa. Entretanto algumas vezes a inflamação é
inapropriadamente desencadeada por um agente inócuo, como o pólen, ou por uma resposta auto-imune,
como a asma ou a artrite reumática. Nesses casos, as reações de defesa por si só podem causar lesões
teciduais progressivas, e podem ser necessários fármacos antiinflamatórios. Os principais fármacos
antiinflamatórios estão descritos nos quadros abaixo:

AINEs
USOS
AÇÕES EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
TERAPÊUTICOS
Reduzir a Gota, febre reumática, Irritação epigástrica, Ácido acetilsalicílico; Diflunisal;
inflamação (ação artrite reumatóide. náuseas, vômitos, depressão Diclofenaco; Etodolaco; Fenamatos;
antiinflamatória), a Calosidades, calos respiratória com acidose Fenoprofeno; Flubiprofeno;
dor (ação ósseos, erupções respiratória e metabólica, Ibuprofeno; Indometacina;
analgésica) e a febre causadas por fungos. hipersensibilidade (urticária, Cetoprofeno; Meloxicam;
(ação antipirética). Trombose da artéria bronoconstrição), síndrome Metilsalicilato; Nabumetona;
coronária. de Reye. Naproxina; Nimesulida; Oxaprazina;
Câncer colorretal. Piroxicam; Sulindaco; Tolmetina.

INIBIDORES DA COX-2
AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Reduzir a inflamação (ação Osteoartrite e artrite Dor abdominal, diarréia e Celecoxibe.
antiinflamatória). reumatóide. dispepsia.

OUTROS ANALGÉSICOS
AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Reduzir a dor (ação Problemas gástricos, - Paracetamol.
analgésica) e a febre (ação infecções virais ou
antipirética). varicela.

FÁRMACOS CONTRA ARTRITE


AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Reduzir a inflamação (ação Artrite reumatóide grave ou Ulcerações na mucosa, Adalimumabe; Anacinra;
antiinflamatória) e a dor não-responsiva. náuseas, cefaléia, diarréia. Cloroquina; Etanercepte;
(ação analgésica). Sais de ouro; Infliximabe;
Leflunomida; Metrotexato;
Penicilamina.

FÁRMACOS CONTRA GOTA


AÇÕES USOS TERAPÊUTICOS EFEITOS ADVERSOS EXEMPLOS
Reduzir a inflamação (ação Gota aguda ou crônica. Náuseas, vômito, dor Alopurinol; Colchicina;
antiinflamatória) e a dor abdominal, diarréia, Probenecida;
(ação analgésica). hipersensibilidade. Sulfinpirazona.

74
QUESTÕES DE REVISÃO
1) O que é inflamação?
2) Qual(is) o(s) objetivo(s) da inflamação no organismo?
3) Cite as principais classes de fármacos antiinflamatórios.
4) Pesquise o significado da sigla AINEs.
5) Descreva as principais ações, usos terapêuticos, reações adversas e fármacos dos AINEs.
6) Descreva as principais ações, usos terapêuticos, reações adversas e fármacos dos inibidores da COX-2.
7) Descreva as principais ações, usos terapêuticos e reações adversas do paracetamol.
8) Descreva as principais ações, usos terapêuticos, reações adversas e fármacos contra artrite.
9) Descreva as principais ações, usos terapêuticos, reações adversas e fármacos contra gota.
10) Pesquise sobre as seguintes doenças:
a) Artrite reumatóide.
b) Osteoartrite.
c) Gota.
d) Síndrome de Reye.

75
Farmacologia na urgência / emergência 14

O setor de urgência e emergência é uma área de alto risco para ocorrência de eventos indesejáveis,
devido à rotatividade e dinâmica de atendimento, pela grande demanda de pacientes com graus variados de
gravidade, pela deficiência quantitativa e qualitativa dos recursos humanos e materiais, sobrecarga de
trabalho e estresse profissional e ambiental. Frente às características clínicas dos pacientes atendidos na
unidade de urgência e emergência, a intervenção medicamentosa e administração de drogas com alto poder
de ação é frequente tornando uma aliada no processo de recuperação da saúde. Para tanto, a administração de
medicamentos exige um cuidado intenso e requer conhecimentos específicos e especializados, pois qualquer
falha durante esta atividade pode trazer conseqüências, tais como reações adversas, reações alérgicas e erros
de medicação, os quais podem ser irreversíveis e devastadores.

Quadro 14.1- Principais medicamentos usados na urgência e emergêcia.


MEDICAMENTO INDICAÇÃO CONTRA-INDICAÇÃO
Adrenalina ou Asma brônquica; choque anafilático; Glaucoma congestivo; choque; anestesias dos
epinfrina parada cardíaca. dedos das mãos e pés devido à vasoconstrição que
pode levar à gangrena; parto; pacientes com
dilatação cardíaca; insuficiência coronariana.
Aminofilina Asma brônquica; bronquites aguda e Gastrite ativa; úlcera péptica ativa ou história de
crônica; enfisema; DPOC (doença úlcera péptica; hipersensibilidade à aminofilina ou
pulmonar obstrutiva crônica); insuficiência teofilina.
cardíaca esquerda; insuficiência cardíaca
congestiva.
Ampicilina Infecções geniturinárias, respiratórias e do Pacientes com hipersensibilidade a penicilina.
TGI causadas por germes susceptíveis e Infecções causadas por microorganismos que
bactérias gram-positivas. produzem penicilinase.
Amiodarona Distúrbios graves do ritmo cardíaco; Hipersensibilidade ao iodo ou à amiodarona;
taquicardia ventricular documentada; bradicardia sinusal e bloqueio sino-auricular;
taquicardia supraventricular documentada; distúrbios graves de condução; doença sinusal;
alterações de ritmo associadas à síndrome doença tireoidiana presente ou anterior.
de Wolff-Parkinson-White.
Alteplase Infarto agudo do miocárdio; embolia Hipersensibilidade ao fármaco e associados; alto
pulmonar aguda maciça de difícil controle risco de hemorragia; histórico de danos do SNC
da pressão arterial; acidente vascular (tumor, aneurisma); cirurgia do crânio, ou na
cerebral isquêmico agudo. coluna; hemorragia cerebral; hipertensão arterial
grave não controlada; cirurgia de grande porte;
biópsia de fígado ou pulmão; trauma craniano;
procedimento de ressuscitação cardiopulmonar;
problemas graves do fígado (insuficiência
hepática, cirrose, varizes esofágicas e hepatite
ativa); úlcera gástrica ou duodenal ativa;
neoplasia; inflamação no pâncreas; AVC
hemorrágico ou isquêmico agudo; infarto cerebral
ou uma isquemia cerebral transitória; infarto
agudo do miocárdio e embolia pulmonar.
Atropina Bradicardia sinusal; assistolia; intoxicação Glaucoma de ângulo fechado; taquicardia; choque
por organofosforados, carbamatos e hemorrágico; obstrução gastrintestinal ou urinária;
cogumelos; inibir salivação e outras mistenia gravis.
secreções.
Bicarbonato de Tratamento de acidose metabólica e suas Alcalose metabólica ou respiratória; perda de
sódio manifestações; cetacidose diabética; cloreto por vômito ou drenagem gastrintestinal;
insuficiência renal; perturbações ácido- hipocalcemia; gravidez; crianças < 2 anos.
básica.
Brometo de Broncodilatador para broncoespasmo Hipersensibilidade ao fármaco e associados.

76
ipratrópio associado à doença pulmonar; DPOC
(bronquite crônica, enfisema e asma).
Captopril Hipertensão arterial; insuficiência cardíaca; Hipersensibilidade ao fármaco e associados.
disfunção ventricular esquerda.
Cefalexina Infecções causadas por estreptococos, Pacientes alérgicos a cefalosporinas, penicilinas,
estafilococos, S. pneumoniae, S. aureus, S. outros antibióticos beta-lactâmicos e/ou demais
pyogenes, H. influenzae, M. catarrhalis, P. componentes das formulações.
mirabilis, E. coli, e Klebsiella pneumoniae.
Clopidogrel Infarto agudo do miocárdio; AVC; morte Hipersensibilidade ao fármaco e associados; úlcera
vascular; Síndrome Coronária Aguda. péptica; hemorragia intracraniana.
Deslanósido Insuficiência cardíaca; taquicardia BAVT; BAV de 2º grau; bradicardia sinusal
paroxística; fibrilação e flutter excessiva; monitorizar níveis de potássio.
supraventriculares.
Dexametasona Comprimidos e elixir: nas afecções Hipersensibilidade ao fármaco e associados;
alérgicas (asma brônquica, rinite alérgica, tuberculose pulmonar ou cutânea; infecções virais
doença do soro), reumatológicas (artrite tópicas ou sistêmicas (vacínia, varicela, herpes
reumatóide, febre reumática, bursite), simples); insuficiência cardíaca; úlcera péptica;
hematológicas (anemia aplástica, púrpura osteoporose; diabete mellitus.
trombocitopênica idiopática, púrpura
alérgica), como tratamento paliativo nas
neoplasias (leucemia, linfomas,
carcinomas) e insuficiência adrenocortical.
Creme dermatológico: afecções bacterianas
inflamatórias da pele (dermatite esfoliativa,
dermatite herpetiforme bolhosa, dermatite
seborréica grave, pênfigo, psoríase grave,
dermatoses, ulcerações).
Diazepam Ansiedade; agitação; espasmo muscular; Hipersensibilidade ao fármaco e associados;
estado convulsivo; abstinência alcoólica. pacientes dependentes de outras drogas inclusive o
álcool; 1° trimestre de gravidez e lactação;
paciente que dirige veículos ou opera máquinas.
Diltiazem Angina do peito vasoespástica (de repouso, Hipersensibilidade ao fármaco e associados;
com elevação do ST, “angina de gravidez; hipotensão arterial severa (sistólica
Prinzmetal”); angina do peito crônica, <90mmHg); bloqueio atrioventricular de 2° e 3°
estável e de esforço; estados anginosos pós- graus sem marca-passo artificial funcionante;
infarto do miocárdio; coronariopatias doença do nó sinusal; infarto agudo do miocárdio;
isquêmicas com taquicardia; hipertensão congestão pulmonar.
arterial.
Dipirona sódica Dor e febre. Hipersensibilidade ao fármaco e associados.
Dobutamina Hipotensão e choque cardiogênico. Hipersensibilidade ao fármaco e associados;
miocárdiopatias obstrutivas.
Dopamina Choques séptico e cardiogênico; Feocromocitoma (tumor); taquiarritmias ou
insuficiência cardíaca e pré-renal. fibrilação ventricular.
Estreptoquinase Tromboembolismo pulmonar agudo; Terapia trombolítica; procedimentos cirúrgicos ou
streptase tromboembolismo arterial ou coronariano traumáticos; probabilidade de existência de doença
agudos; trombose venosa profunda; infarto cérebro-arterial; sangramento ativo; probabilidade
agudo do miocárdio; oclusão de artéria ou da existência de êmbolos cardíacos; terapia recente
veia central da retina; limpeza da cânula com Unitinase.
arteriovenosa e do cateter intravenoso.
Fentanil Anestesia geral (uso clínico em Hipersensibilidade ao fármaco e associados.
procedimentos de curta duração).
Fenitoína Convulsões. Bradicardia sinusal, bloqueio sinoatrial, BAV 2º-
3º graus e na síndrome de Adam-Stokes.
Haloperidol Como agente neuroléptico: em delírios e Estados comatosos, depressão do SNC devido a
alucinações na esquizofrenia aguda e bebidas alcoólicas ou outras drogas depressoras,
crônica. Na paranóia, na confusão mental Doença de Parkinson, hipersensibilidade ao
aguda e no alcoolismo (Síndrome de Haloperidol ou aos outros excipientes da formula,
Korsakoff). lesão nos gânglios de base. Afecções neurológicas
Como um agente anti-agitação psicomotor: acompanhadas de sintomas piramidais ou
mania, demência, alcoolismo, oligofrenia. extrapiramidais. Encefalopatia orgânica grave.
Agitação e agressividade no idoso. Formas graves de nefro e cardiopatia. Depressão
Distúrbios graves do comportamento e nas endógena. Primeiro trimestre de gestação.

77
psicoses infantis acompanhadas de
excitação psicomotora. Movimentos
coreiformes. Soluços, tiques, disartria.
Estados impulsivos e agressivos.
Síndrome de Gilles de la Tourette.
Como antiemético: náuseas e vômitos
incoercíveis de varias origens, quando
outras terapêuticas mais especificas não
foram suficientemente eficazes.
Lindocaína Anestesia local e regional; infarto do Síndrome de Adam-Stokes, Wolff-Parkinson-
miocárdio; arritmias ventriculares. White; graus severos de bloqueio da condução
cardíaca sem uso de marcapasso.
Manitol Edema cerebral; insuficiência renal aguda; Falência renal estabelecida; edema pulmonar;
intoxicação exógena. hemorragia intracraniana vigente; desidratação
severa.
Maleato de Todos os graus de hipertensão essencial, Hipersensibilidade ao fármaco e associados;
enalapril hipertensão renovascular e insuficiência pacientes com história de edema angioneurótico
cardíaca. tratados com inibidores ECA.
Midazolam Sedação; ventilação mecânica; ansiedade; Hipersensibilidade ao fármaco e associados.
convulsões.
Mononitrato de Insuficiência coronariana; edema pulmonar Miocardiopatia hipertrófica; infarto de ventrículo
isossorbida cardiogênico; ICC associada a IAM. direito.
Morfina Dor severa; edema pulmonar agudo; IAM.
Nifedipino Hipertensão arterial. · Doença arterial Hipersensibilidade à nifedipina. Infarto agudo do
coronária. Angina do peito crônica estável miocárdio, hipotensão arterial, insuficiência
(angina de esforço). cardíaca, doença do nó sinusal, estenose aórtica
avançada, angina instável e angina pós-infarto.
Gravidez. Porfiria.
Nistatina Tratamento da candidíase do trato Hipersensibilidade ao fármaco e associados.
digestivo.
Nitroglicerina Prevenção e tratamento da angina pectoris Hipersensibilidade ao fármaco e associados;
decorrente de doença coronariana. pressão intra-ocular aumentada; hipertensão intra-
craniana ou anemia grave; hipotensão grave ou
insuficiência do miocárdio por obstrução do fluxo
valvular ou ventricular esquerdo.
Nitroprussiato de Emergências hipertensivas. Insuficiência cardíaca de alto débito; coarctação de
sódio aorta; fístula arteriovenosa.
Noradrenalina ou Controle da pressão sanguínea em certos Procedimento anestésico com ciclopropano ou
norepinefrina estados hipotensivos agudos; tratamento da halotano devido ao risco de arritmias ventriculares.
parada cardíaca e hipotensão profunda;
choque severo não-hipovolêmico.
Omeprazol Úlcera duodenal, úlcera gástrica, esofagite Hipersensibilidade ao fármaco e associados.
de refluxo, síndrome de Zollinger-Ellison e
pacientes refratários a outros tratamentos.
Prometazina Todos os distúrbios no grupo das reações Hipersensibilidade ao fármaco e associados;
anafiláticas e alérgicas; prevenção de portadores de discrasias sanguíneas ou com
vômitos do pós-operatório e dos enjôos de antecedentes de agranulocitose com outros
viagens; utilizado na pré-anestesia e na fenotiazínicos; pacientes com risco de retenção
potencialização de analgésicos. urinária ligado a distúrbios uretroprostáticos;
pacientes com glaucoma, por fechadura do ângulo.
Succinilcolina Relaxamento muscular esquelético em História familiar ou pessoal de hipertermia
cirurgia ou procedimentos hospitalares maligna, miopatias associadas com CPK elevado,
(bloqueio neuromuscular para pequenos glaucoma de ângulo fechado, lesão ocular
procedimentos; ventilação mecânica). penetrante.
Sulfato de Convulsão na toxemia gravídica (eclâmpsia Insuficiência renal; bloqueio cardíaco ou dano no
magnésio e pré-eclâmpsia); hipomagnesemia. miocárdio; depressão respiratória.
Tirofiban Angina instável ou infarto do miocárdio; Hipersensibilidade ao fármaco e associados;
pacientes com síndromes coronárias hemorragia interna ativa, histórico de hemorragia
isquêmicas submetidos à angioplastia intracraniana, neoplasia intracraniana,
coronária ou aterectomia; malformação arteriovenosa ou aneurisma.
Tramadol Dor de intensidade moderada à severa, de Hipersensibilidade ao fármaco e associados;
caráter agudo, subagudo e crônico. intoxicações agudas por álcool, hipnóticos,

78
analgésicos e psicofármacos em geral; pacientes
em tratamento com: inibidores de MAO,
antidepressivos tricíclicos, antidepressivos
inibidores da recaptação da serotonina,
neurolépticos e drogas.
Verapamil Taquiarritmias supraventriculares; Pacientes em choque cardiogênico, insuficiência
tratamento de hipertensão essencial; ventricular esquerda, hipotensão arterial grave,
adjuvante no tratamento de cardiomiopatia insuficiência cardíaca congestiva, síndrome do
hipertrófica; tratamento de angina clássica nódulo sinusal, bloqueio AV de segundo e terceiro
e vasoespástica; profilaxia da enxaqueca. graus, flutter ou fibrilação atrial (síndrome de
Wolff-Parkinson-White) e hipersensibilidade ao
fármaco.

QUESTÕES DE REVISÃO
1) Pesquise o significado dos termos urgência e emergência.
2) 1) Pesquise o significado dos termos urgência e emergência.
2) Cite 05 tipos de medicamentos utilizados na urgência / emergência.
3) Enumere 03 indicações dos fármacos relacionados:
a) Bircabonato de sódio
b) Captopril
c) Diazepam
d) Manitol
e) Omeprazol
4) Cite 02 contra-indicações dosfármacos abaixo:
a) Lindocaína
b) Morfina
c) Dexametasona
d) Noradrenalina
e) Verapamil
5) Pesquise o significado de:
a) Hipocalcemia
b) Bradicardia
c) Alcidose
d) Alcalose
6) Pesquise sobre:
a) Síndrome de Wolff-Parkinson-White
b) Síndrome de Adam-Stokes
c) Síndrome de Korsakoff
d) Síndrome de Gilles de la Tourette
7) Quais fármacos são indicados para tratar o infarto agudo do miocárdio? Cite 05 fármacos.
8) Quais fármacos são contra-indicados para pacientes com hipersensibilidade ao fármaco e associados? Cite
05 fármacos.
9) O que representa as siglas:

79
a) AVC
b) DPOC
c) TGI
10) Você conhece algum medicamento utilizado na urgência / emergência? Cite-os.

80
Referências

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