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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E FARMACOLOGIA
DISCIPLINA: FARMACOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
PROFESSORA: Drª. FERNANDA REGINA DE CASTRO
ALMEIDA
Drª. Mª ZENAIDE DE LIMA CHAGAS MORENO FERNANDES

SARAH ÂNGELO DINIZ MELO

RELATÓRIO DE VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS FÁRMACOS

TERESINA
2022
SARAH ÂNGELO DINIZ MELO

RELATÓRIO DE VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS FÁRMACOS

TERESINA
2022
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4
METODOLOGIA ...................................................................................................... 7
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 8
CONCLUSÃO ........................................................................................................ 11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 12
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INTRODUÇÃO
Para a melhor compreensão do teste de vias de administração, é imperioso
entender os processos que permeiam a farmacocinética e sua relação com as
melhorias na aplicação dos fármacos. Segundo Whalen, Finkel e Panavelil (2016), a
farmacocinética pode ser definida como o estudo da ação fisiológica sob a droga
introduzida no organismo até a sua excreção. Assim, foi-se dividido em quatro
importantes etapas: absorção, distribuição, biotransformação e eliminação.
O trajeto percorrido por um fármaco inicia-se com a absorção que possibilita a
entrada da droga (direta ou indiretamente) no plasma. Em seguida, a distribuição do
medicamento é realizada através de sua passagem da corrente sanguínea para o
líquido intersticial e intracelular. Logo após, o fármaco pode ser biotransformado no
fígado ou em outros tecidos, processo denominado de biotransformação. E por fim,
os fármacos e seus metabólitos são excretados do organismo na urina, na bile ou nas
fezes (eliminação) (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016).
As vias de administração (sítios onde são incorporados os fármacos)
exploradas no teste com camundongos foram: oral, subcutânea, intramuscular e
intraperitoneal. A via oral constitui a modalidade mais conveniente para a
administração de fármacos, a absorção dos medicamentos pode suceder-se na boca
(mucosa sublingual e bucal), intestino delgado – melhor absorção -, no reto e, em
menor proporção, no intestino grosso e no estômago e, por isso, é caracterizada como
variável (SILVA, 2010). Além disso, Gilman (2012) expõe que a maior taxa de
absorção no intestino delgado se dá pela riqueza de vasos capilares aumentam o fluxo
sanguíneo no local de filtração e pela extensa superfície de absorção que a mucosa
intestinal apresenta (200 m2), dotada de vilosidades e dobras. A administração da via
oral é econômica e segura, entretanto necessita da colaboração do paciente, o qual
pode encontrar-se em estado fisiopatológico (quadros de disfagia, náuseas, vômitos).
E por sofrer metabolizações no fígado e na parede do intestino, debilitando o efeito do
fármaco no local de filtração, ou seja, a biodisponibilidade da via oral é incompleta.
Os fármacos administrados por via subcutânea são filtrados pelo tecido
adiposo, o tecido subcutâneo (composto por conexões densas e tecido adiposo) é rico
em vasos sanguíneos, linfáticos, glândulas e nervos, que aumentam o fluxo sanguíneo
na região de absorção e, histologicamente, é constituído de tecido frouxo, o que
permite a maior movimentação da pele. Tal contexto torna a via subcutânea favorável
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para a administração de medicamentos, porque são absorvidos e transportados em


direção macrocirculação. A absorção no tecido subcutâneo transcorre por difusão
simples com destinação aos capilares sanguíneos e aos vasos linfáticos, através da
atuação de forças hidrostáticas e osmóticas que possibilitam a solução atingir o
espaço intravascular. A aplicação do fármaco por essa via pode ser feita na região
superior dos braços, região anterior das coxas, abdome e região superior do dorso.
Ademais, tal método apresenta como vantagem: baixo custo, simplicidade de inserção
do cateter periférico e possibilidade de interrupção da infusão – reduzindo os riscos
de trombose e acesso disfuncional -. As desvantagens dessa via são: limitação na
velocidade de infusão e no volume máximo a ser infundido por local de punção
(GOMES et al., 2017).
Segundo Silva (2010), as injeções feitas via intramuscular, assim como a via
subcutânea são caracterizadas como parenterais, ou seja, não são realizadas de
modo oral e de modo enteral. Tal administração atinge profundamente os músculos
esqueléticos e distancia nervos e vasos sanguíneos essenciais, sendo os locais de
aplicação: região dos glúteos, deltoide e lateral da coxa. A absorção da droga por via
intramuscular pode variar em razão das propriedades da droga, formulações variáveis
e fatores fisiológicos, porém, é usualmente, completa. A via intramuscular apresenta
como vantagens: facilidade de visualização e acesso muscular, menor custo
comparada à endovenosa. Já as desvantagens são: requer profissional capacitado e
é considerado um procedimento invasivo.
Consoante Turner, Brabb, Pekow e Vasbinder (2011), a absorção via
intraperitoneal também foi explorada durante o teste. Nesse viés científico, é ideal
para grandes volumes de fluido com segurança e a absorção é cometida nos vasos
mesentéricos, os quais drenam para a veia porta e passam pelo fígado, podendo
sofrer metabolismo no fígado antes de atingir a circulação sistêmica. A administração
por essa via é bastante utilizada em experimentações animais, em roedores a
aplicação da seringa é feita no quadrante abdominal inferior direito, distante da linha
média, para dirimir injeção inadvertida na bexiga urinária ou no ceco. Ademais,
substâncias irritantes podem induzir íleo doloroso e peritonite nos animais, com
subsequentes aderências.
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O objetivo do teste de vias de administração foi de relacionar as vias de


administração e suas características de absorção com início, intensidade e efeito de
um fármaco administrado na mesma dosagem em camundongos machos.
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METODOLOGIA
A prática foi realizada de forma virtual, por intermédio de um vídeo elucidativo
sobre as vias de administração farmacológicas, disponibilzado na plataforma Youtube
pelo canal Innovatio Laboratório de Artes e Tecnologias para Educação.
Primeiramente, foi explicada aos telespectadores uma introdução sobre os conceitos
farmacocinéticos e o objetivo da prática.
Em seguida, foi utilizado 30mg/kg de Tiopental a 30 mg/ml e introduzido por
quatro diferentes vias de administração (via oral, via subcutânea, via intramuscular,
intraperitoneal) em quatro diferentes camundongos machos. A partir disso, foi
observado o grau de depressão em cada camundongo. No primeiro camundongo o
tempo de observação foi de 10 minutos, no segundo, terceiro e quarto camundongo
foi de 5 minutos (resultados fisiológicos mais expressivos).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Resultados da aplicação de fármaco em diferentes vias de administração.
Teresina, 2022.

VIA DE TEMPO DE GRAU DE


ADMINISTRAÇÃO OBSERVAÇÃO DEPRESSÃO

Oral 10 MINUTOS Grau 00


Subcutânea 5 MINUTOS Grau 01
Intramuscular 5 MINUTOS Grau 02
Intraperitoneal 5 MINUTOS Grau 05

Fonte: Youtube.

Ao analisar o teste de vias de administração nos camundongos é possível


observar que o rato 1 (o qual recebeu o fármaco por via oral), após 10 minutos da
aplicação da droga, apresentou comportamento normal, ou seja, grau de depressão
00. De acordo com Gilman (2012), a absorção do fármaco por via oral é caracterizada
como variável, pois pode ser realizada por diferentes órgãos, mas, em sua maioria, a
transcorre nos vasos capilares do intestino delgado, propiciado pela extensa área da
mucosa intestinal. Entretanto, a via oral obteve menor efeito fisiológico do que os
efeitos relatados pelo mesmo fármaco administrado por outras vias de administração.
Isso se deve em razão do trajeto realizado pela droga no organismo do camundongo,
a medicação aplicada por via oral é metabolizada pelo fígado e pelas substâncias
químicas liberadas pela parede intestinal, ocasionando uma biodisponibilidade
incompleta (cerca 5 a < 100%) (KATZUNG, 2010). Apesar do menor efeito fisiológico
em maior tempo do que as demais vias, a via oral é a mais conveniente e econômica,
mais segura.
O rato 2 (o qual recebeu administração via subcutânea), após 5 minutos da
aplicação do fármaco, apresentou comportamento destoante do rato 1, uma vez que
houve uma perda de coordenação motora ao caminhar, ou seja, grau de depressão
01. Segundo Rang et al. (2011), a absorção subcutânea ou também conhecida como
hipodérmica, é realizada no tecido adiposo e, geralmente, a injeção de fármacos por
via subcutânea produz um efeito mais rápido que a administração oral, mas a
velocidade de absorção também depende de outros fatores como: local da injeção e
do fluxo sanguíneo local. Conforme Pontalti, et al. (2012), a taxa de absorção de
fármacos por via subcutânea é uniforme e lenta, no entanto reduz o período de
latência do medicamento quando comparada à via oral, já que o trajeto realizado pelo
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fármaco não sofre metabolizações intestinais e hepáticas, ocasionando maior


biodisponibilidade do medicamento. Ademais, a via subcutânea pode ser optada em
estados clínicos que o paciente apresenta náuseas, disfagia, obstrução intestinal e
não consegue ingerir o medicamento via oral e oferta vantagens em relação à
perfusão intravenosa, uma vez que contém poucos efeitos adversos, menos dolorosa
e de fácil manejo.
Já o rato 3 (o qual recebeu administração via intramuscular), 5 minutos após a
inserção da droga, evidenciou-se o reflexo de endireitamento bem sucedido, porém o
aspecto de perda da postura foi visível, ou seja, grau de depressão 02. Consoante
Silva (2010), as injeções intramusculares constituem um reservatório no músculo e,
geralmente, provocam início de ação mais lento e de maior duração de ação do que
a administração intravenosa. Dependendo do estado da matéria do fármaco, a
absorção pode ser rápida, lenta ou não ocorrer, assim, para substâncias aquosas -
tiopental usado no teste - é absorvido rapidamente pela via intramuscular
(GILMAN,2012). Nesse sentido, os efeitos fisiológicos da via intramuscular e
subcutânea se assemelharam, pois apresentam similaridade na margem de
biodisponibilidade, os dois possuem 75 a ≤ 100%. No teste, o grau de depressão do
fármaco intramuscular foi maior do que na via subcutânea e oral (KATZUNG, 2010).
O rato 4 (o qual recebeu administração via intraperitoneal), nos primeiros 2
minutos já apresentou diminuição da movimentação. Em 3 minutos, o mesmo
camundongo já entrou em grau de depressão 01, caracterizada pela perda de
coordenação motora. Segundos depois, já passou para o grau de depressão 02,
reconhecida pelo reflexo de endireitamento. Em instantes seguintes, atinge o grau de
depressão 03, reflexo de endireitamento presente, mas sem reflexo.
Instantaneamente, já se encontra em grau de depressão 04, ou seja, o camundongo
apresenta perda do reflexo de endireitamento. Após 5 minutos, o animal se encontra
em grau de depressão 05, ou seja, o camundongo não reage a compressão feito na
cauda. Conforme Turner, Brabb, Pekow e Vasbinder (2011), a progressão no grau de
depressão rápida se dá em razão da via intraperitoneal não possuir absorção,
destoando das outras vias (oral, subcutânea e intramuscular), ou seja, o local de
atuação do fármaco é o mesmo local que ele foi aplicado, possibilitando uma maior
biodisponibilidade do fármaco.
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A escolha do Tiopental foi estratégica para obter resultados rápidos das


diferenças entre a intensidade e efeito do fármaco no teste. Consoante Rang et al.
(2011), a excelente absorção do tiopental é decorrente do barbitúrico ser lipossolúvel,
substâncias com esse caráter são mais facilmente absorvidas pelo organismo. Além
disso, o medicamento causa depressão do Sistema Nervoso Central, podendo
ocasionar o óbito.
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CONCLUSÃO
Conclui-se que o tempo de instalação do fármaco e a duração da resposta
depende de uma série de fatores, entre eles, a superfície de absorção, o fluxo
sanguíneo no local de absorção, a influência da primeira passagem metabólica do
fármaco. Ademais, a intensidade e o efeito de um fármaco administrado na mesma
dosagem em camundongos machos foram evidenciados pelos diferentes graus de
depressão relatados, no teste a via oral, subcutânea, intramuscular e intraperitoneal
obtiveram da menor expressividade a maior, respectivamente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GILMAN, A.G. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12ª ed. Rio de Janeiro:
McGraw-Hill Interamericana, 2012.
GOMES N.S., SILVA A.M.B.D., ZAGO L.B., SILVA É.C.L.E., BARICHELLO E. Nursing
knowledge and practices regarding subcutaneous fluid administration. Rev Bras
Enferm. 2017;70(5):1096-1105. doi:10.1590/0034-7167-2016-0424.
INNOVATIO LABORATÓRIO DE ARTES E TECNOLOGIAS. P1 vias de
administração. Youtube, 4 de jul. de 2012. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=Inovsrh2vww&t=191s>.
KATZUNG, B.G. Farmacologia Básica e Clínica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.
PONTALTI, G.; RODRIGUES, E. S. A.; FIRMINO, F.; FABRIS, M.; STEIN, M. R.;
LONGARAY, V. K. Via subcutânea: segunda opção em cuidados paliativos. Clinical
and Biomedical Research, [S. l.], v. 32, n. 2, 2012. Disponível em:
https://www.seer.ufrgs.br/index.php/hcpa/article/view/26270. Acesso em: 4 dez. 2022.
RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M.; MOORE, P. K. Farmacologia. 8 ª ed., Rio
de Janeiro: Elsevier, 2011.
SILVA, P. Farmacologia. 8a . ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
TURNER, P.V.; BRABB, T.; PEKOW, C.; VASBINDER, M.A. Administration of
Substances to Laboratory Animals: Routes of Administration and Factors to Consider.
Journal of the American Association for Laboratory Animal Science, v. 50, n.5,
p. 600-613, 2011.
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2016.

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