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Um cão recebeu 80 mg de firocoxibe, fármaco ácido anti inflamatório não-esteroidal.

Desse
conteúdo houve um sequestro de 40% por scavengers de fármacos representado por
proteínas plasmáticas. Como estava muito inchado com retenção de líquido, perdeu mais
uns 15% das moléculas diluídas nos compartimentos aquosos do organismo. Esse
sequestramento das moléculas dos fármacos reduziu muito a curva da concentração
plasmática interferindo na posologia e na janela terapêutica do fármaco.

MECANISMOS DE INTRODUÇÃO

A via de administração é o percurso pelo qual um medicamento é levado ao


organismo para exercer o seu efeito.( MONTANHA; AZEVEDO; 2013)

Existem diversas vias de administração de fármacos, cada um com motivos específicos


pelos quais foram criados (KATZUNG, 2010). Dessa forma, deve-se considerar sempre
aspectos como a necessidade de efeito, sendo ele sistêmico ou localizado, o intervalo
esperado, podendo ser longo ou curto, além das características físico-químico. Todos esses
aspectos são necessários para a escolha da via adequada de administração de cada
fármaco (SPINOSA; GÓRNIAK; BERNARDI; 2011).

A escolha pela via de administração de uma droga é norteada pelos seguintes


fatores: Tipos de ação desejada, se é geral ou localizada; rapidez desejada; natureza da
droga, como os voláteis por via pulmonar, os que resistem ao sulco gástrico pela via oral,
se não resistem por via parenteral, se cáustico só deve ser dado por via intravenosa.
(SILVA, 1998).

As vias de administração principais são: Oral, sublingual, retal, superfícies epiteliais


(ex: pele, córnea, vagina e mucosa nasal), inalação, injeção (subcutânea, intramuscular,
intravenosa, intratecal e intravítrea) (RANGE & DALE, 2012).
● A administração oral os fármacos são aplicados pela boca e deglutidos, pois
até que o fármaco chegue ao intestino ocorre pouca absorção, é a forma
mais segura e econômica, porém possui algumas desvantagens devido a sua
propriedade física, que pode diminuir sua potência devido a solubilidade em
água (forma mais comumente utilizada ao se ingerir), pH gastrointestinal e
etc.
● A administração sublingual, é realizado quando se deseja um resultado
rápido, pois propicia uma rápida absorção devido à vasta vascularização
sanguínea e a pouca espessura da mucosa sublingual, permitindo a
absorção direta na corrente sanguínea (LIMA, 2008).
● A administração retal geralmente não é muito confiável, é mais utilizada para
produzir efeitos locais, mas pode produzir efeitos sistêmicos, é uma via
alternativa para pacientes impedidos de de tomar medicamentos pela via
oral.
● Administração na superfície epitelial é utilizada quando se pretende um efeito
local, mas sabe- se que pode haver uma boa absorção causando efeitos
sistêmicos(SPINOSA et al.,2011.).
● A administração por inalação tem no pulmão o órgão que serve como via de
absorção como de eliminação. Geralmente utilizada para os anestésicos
voláteis e gasosos. Estes agentes, são rapidamente absorvidos na
circulação sistêmica através do epitélio pulmonar e alveolar (ADAMS,2003.).
● A administração parenteral das drogas é uma alternativa para evitar-se o
trato gastrointestinal (JONES, 1983). A via parenteral inclui injeções
intravenosas, intramuscular, subcutâneas e, menos utilizadas mas
importantes as vias intradermal, intraperitoneal, intracardíaca, intratecal,
epidural e a via intra- articular (SPINOSA et al.. 2011)
A principal vantagem da via intravenosa é obtenção dos efeitos rapidamente,
administração de grandes volumes em infusão lenta; mas como desvantagem acarreta
riscos com infecções por contaminações, embolia, sendo impróprias para substâncias
oleosas ou insolúveis (SPINOSA et al, 2011.)
A via subcutânea é de eleição quando a necessidade que o medicamento seja
absorvido de forma lenta e contínua. Tem como desvantagem a absorção lenta para
suspensões e “pellets” e constante para soluções, mas tem como vantagem facilitar a
produção de sensibilização e, ainda, dor e necrose, quando utilizadas substâncias irritantes
(SPINOSA et al.,2011.).
A via intramuscular tem como vantagem a absorção relativamente rápida para
volumes moderados de veículos aquosos, oleosos, suspensão ou preparação de depósitos.
Como desvantagem o aparecimento de lesões musculares e a dor (SPINOSA et. al., 2008).
A injeção intra- Dérmica é utilizada principalmente para fins de diagnóstico, como a
prova de tuberculinização e os testes de alergia (LIMA, 2008.).

● A via intramamária é muito utilizada para tratamento de patologias nas


glândulas mamárias (MAGALHÃES et al. 1985).

DROGAS ÁCIDAS E ALCALINAS

Nas diferentes vias de administração o PH da droga é fundamental na absorção do


fármaco, com isso as drogas podem ser ácidas e alcalinas. Pois os fármacos por exemplo,
pela via oral passa por dois extremos de pH, passando do estômago (ácido) ao intestino
(alcalino) ficando claro que a influência do pH merece uma atenção maior.
Via de regra os fármacos são ácidos fracos ou bases fracas, logo existem na forma ionizada
e não ionizada no meio. Como vimos, a forma não ionizada do fármaco é mais apolar e
mais fácil de ser difundida pela membrana plasmática, diferente da forma ionizada, que
possui carga e uma polaridade elevada.

ABSORÇÃO

A absorção de um fármaco está relacionado diretamente com a biodisponibilidade, ou seja,


o quanto dessa substância administrada conseguirá escapar dos sequestradores
(metabolizadores) orgânicos e irá chegar ao seu local de ação, e isso pode estar associado
com a dose e/ou ainda pelas propriedades físico-químicas do mesmo. Após o primeiro
momento de absorção o débito cardíaco, a corrente sanguínea e o volume tecidual são
responsáveis pela distribuição pelos tecidos, dessa forma o fármaco se distribui pelo
organismo inicialmente pelos tecidos mais vascularizados, como por exemplo pelo
metabolismo hepático, esse processo inativa e desvia boa parte antes que chegue ao
sistema alvo.
As proteínas plasmáticas, também chamadas de scavengers, são outro fator importante na
distribuição do fármaco pelo organismo, sua ligação é determinada pela afinidade entre o
pH dessa com a substância, sendo a albumina a principal fonte de ligação com as
moléculas ácidas e alfa-1-glicopreteínaácida ácida com as alcalinas. As partículas ligadas
nas proteínas são guardadas como reserva e serão liberadas conforme as partículas livres
no sangue forem sendo usadas e metabolizadas, dessa forma seu desempenho nos tecidos
e local de ação é limitada.

DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS NO ORGANISMO

Os principais compartimentos líquidos de distribuição de fármacos são:


-Plasma (5% do peso corporal)
-Líquido intersticial (16%)
-Líquido intracelular (35%)
-Líquido transcelular (2%)
-Gordura(20%) (RANG & DALE,2007)
A distribuição dos fármacos entre os compartimentos depende da permeabilidade através
das barreiras teciduais, da ligação dentro dos compartimentos, partição pelo pH e partição
óleo e água. Para uma fármaco passar de um compartimentos extracelulares para os
transcelulares, será necessário atravessar uma barreira celular como por exemplo a barreira
hematoencefálica.
O conceito da barreira hematoencefálica foi introduzida por Paul Ehrlich, na tentativa de
explicar sua observação de que com um corante administrado por via intravenosa, era
capaz de atingir a maior parte dos tecidos, mas não o cérebro. (RANG & DALE, 2007). O
cérebro é inacessível para a maioria dos fármacos, incluindo muitos antineoplásicos e
alguns antibióticos como os aminoglicosídeos, e isto é devido a sua lipossolubilidade ser
insuficiente para permitir sua passagem pela barreira hematoencefálica. Hiperhidratação,
com muita diluição, prejudica a absorção e eliminação do fármaco.**

JANELA TERAPÊUTICA
A janela terapêutica vai ser a diferença de concentração entre a dose mínima e a dose
máxima do fármaco. Portanto corresponde a uma dose a uma faixa plasmática aceitável
nos quais os resultados terapêuticos são positivos, ou seja, é o limite de concentração do
fármaco no organismo em que este exerça a ação almejada, sendo que a segurança na
utilização das substâncias é proporcional ao tamanho desse intervalo. Índices superiores
da margem aumentariam a probabilidade de ocorrência ou intensificaram os efeitos
adversos, e valores abaixo não seriam suficientes para obtenção da resposta pretendida
(REZENDE, 2003.).
O tamanho da janela terapêutica e a velocidade de eliminação que irão determinar a
dose de manutenção e a frequência de administração dos fármacos (GOUVEIA, 2009).

POSOLOGIA
Do grego pósos = quanto, mais lógos = estudo, estuda as dosagens das drogas
com fins terapêuticos. A dose atribui a quantia de medicamento necessário para viabilizar a
resposta terapêutica, no entanto a dosagem faz uma referência da dose e a frequência de
administração, e a duração do tratamento.
À posologia pode variar entre as diversas espécies animais e, em alguns casos
apresentar contra indicações para determinadas espécies, por isso o médico deve estar
sempre atento.

REZENDE, J.M. Apnéia na sala de recuperação pós-anestésica. Relato de caso, Revista


Brasileira de Anestesiologia, Rio de Janeiro, v. 53, n. 3, p. 377-381, 2003.

RANG, H.P.; DALE, M,M. RANG & DALE FARMACOLOGIA. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier.
2007.

GOUVEIA, N. Farmacogenómica/Farmacogenética: Realidades e Perspectivas na Prática


Clínica. 2009. 149 f. Dissertação ( Mestrado em Tecnologias do Medicamento) - Faculdade
de Farmácia, Universidade de Coimbra, Coimbra.

SPINOSA, H. S.; GORNIAK, S. I.; BERNARDI, M. M. Farmacologia Aplicada à Medicina


veterinária, - 5ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2011.

MONTANHA, F. P.; AZEVEDO M.G.P. Administração Medicamentosa: Vantagens e


Desvantagens das Diferentes Vias. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária
e Zootecnia de Garça, Ed. FAEF, Garça, São Paulo, Janeiro de 2013.

SILVA, P. Absorção das drogas. Farmacologia. 5ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
1998.

ADAMS, H.R. Farmacologia e terapêutica em veterinária. 8ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan. 203.

JONES, L.M. Farmacologia e terapêutica veterinária. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan. 1983.

MAGALHÃES, H. M.; BOELTER, R.; SILVA, A. M. Elementos de farmacologia


veterinária. 3 ed. Porto Alegre: Sulina. 1985.

LIMA, M.F. Formação e administração de medicamentos. Disponível em:


<www.farmaciamarques.com/Imgs/content/page-87/formação%20em%20administração
%20de%20medicamentos.pdf>

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