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FARMACOCINÉTICA

• Administração de medicamentos
• Absorção, distribuição, biotransformação, excreção
• Tempo de meia vida;
• Cinética das terapias medicamentosas

Prof. Ludmila A. Mannarino 1


FARMACOCINÉTICA Prof. Ludmila A. Mannarino

É o estudo dos mecanismos de


– Absorção  passagem do local de administração para o sangue
– Distribuição  passagem do sangue para os tecidos
– Biotransformação  modificação da estrutura química da substância
– Excreção  retirada do organismo, da substância e seus metabólitos

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Administração da Droga Prof. Ludmila A. Mannarino

• Efeito local ou sistêmico


• Local  produz efeito no local da aplicação
• Sistêmica  depende da corrente sanguínea
para levá-la até o tecido alvo  não vai
apenas para o local desejável
Escolha da via • Velocidade de ação
de • Ação rápida  sublingual, endovenosa, retal e
administração vaginal
• Em relação ao paciente
• Idade, condições (colaborativo ou não),
obediência ao regime terapêutico
• Cada forma farmacêutica tem a(s) via(s) de
administração que deve(m) ser respeitada(s)

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Vias de Administração Prof. Ludmila A. Mannarino

Vias enterais •Oral


 pelo trato •Sublingual
gastrintestinal •Retal

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Vias de Administração Prof. Ludmila A. Mannarino

Via oral (VO):


• Efeito local (TGI) ou sistêmico
• Absorção
• Estômago e intestino delgado
• A presença ou ausência de alimento pode interferir
• A maior parte da droga absorvida faz metabolismo hepático de primeira passagem
sofre biotransformação  diminui a biodisponibilidade (fração que chega até a
circulação sistêmica inalterada)
• É a via mais comum
• Vantagens:
• Permite auto-administração
• Baixo custo
• Maior segurança  induzir o vômito
• Desvantagens:
• Gosto desagradável
• Depende da colaboração do paciente
• Podem interferir na fisiologia gastrintestinal
• Incompatíveis em caos de vômito e paciente inconsciente
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Vias de Administração Prof. Ludmila A. Mannarino

Via sublingual:
• Rápida absorção pelos capilares da mucosa sublingual
• Vantagens:
• Permite auto-administração
• Não faz passagem pelo estômago, intestinos e fígado
• Desvantagens:
• Substâncias irritantes e de sabor desagradável  pouca aceitabilidade

Via retal
• Efeito local ou sistêmico
• Absorção pelos capilares da mucosa retal
• Vantagens:
• Evita passagem pelo fígado (50%), estômago e intestino
• Indicados em casos de perda de consciência e vômitos
• Mais fácil em crianças
• Desvantagem :
• Absorção variável
• Incômodo na administração
• Possibilidade de irritação na mucosa 6
Vias de Administração Prof. Ludmila A. Mannarino

• Administração por meio de injetáveis


• Vantagens
• Ação rápida
• Utilizadas em casos de emergência
Vias • Não depende da colaboração do paciente
• Desvantagens
parenterais • Alto custo
diretas • Alto risco
• Inconveniente e desconfortável
• Endovenosa , intra-arterial, intramuscular, subcutânea,
intradémica, intracardíaca, intratecal, peridural, intra-
articular

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Vias de Administração Prof. Ludmila A. Mannarino

Via intravenosa (IV)


• Não tem absorção  direto na corrente sanguínea  100% de biodisponibilidade
• Vantagens:
• Ação mais rápida  útil em emergências
• Pode ser utilizado em paciente inconsciente
• Comporta grandes volumes
• Pode utilizar substancias que seriam irritantes por outras vias  cuidado para
não extravasar do vaso  necrose tecidual
• Desvantagens:
• Drogas insolúveis não podem ser administradas por essa via
• Não podem ser removidas
• Podem causar hemólise e choque anafilático

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Vias de Administração Prof. Ludmila A. Mannarino

Via intramuscular (IM)


• Absorção: capilares musculares
• É mais rápida em veículos aquosos do que oleosos
• pH  7,4 (pH dos tecidos)  se for diferente pode ocorrer necrose tecidual
• Volume máximo de 10 ml
• Pode ser auto administrada

Via subcutânea (SC)


• Injetada ou implantada abaixo da derme (tecido adiposo ou conjuntivo)
e absorvida pelos capilares teciduais
• Pode ser associada a vasoconstritor (adrenalina): menor absorção 
maior efeito local  anestésicos locais
• Restrita a substâncias não irritantes
• Volume menor que 2ml

Via intra-arterial (IA)


• Pouco utilizada em rotina terapêutica
• Mais utilizada para atingir áreas específicas, contrastes, agentes
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neoplásicos
Vias de Administração Prof. Ludmila A. Mannarino

• Administração não enteral, não injetável


Vias • Efeito
• Local  aplicação tópica
parenterais • Sistêmico  absorção pela pele ou mucosas
indiretas • Cutânea, respiratória, conjuntival,
genitourinária

Transdérmica
• Aplicação de emplastros que infiltram pela pele e são absorvidos pelos
capilares

Inalatória ou pulmonar
• Em geral tem rápida absorção pelos capilares pulmonares
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Absorção Prof. Ludmila A. Mannarino

É a fase da • Ocorre para todas as vias de


farmacocinética administração  exceto a endovenosa
em que ocorre a • Não é necessária em todas as via de
passagem do administração para promover o efeito 
fármaco do local aplicação tópica para efeito local
de administração • Quanto maior a velocidade de absorção
para a corrente maior a quantidade do fármaco no
sangue  maior intensidade do efeito
sanguínea

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Absorção Prof. Ludmila A. Mannarino

Biodisponibilidade
• É a fração do fármaco administrado que chega a circulação sistêmica,
quimicamente inalterado
• Via intravascular  100% de biodisponibilidade
• Via oral  metabolismo hepático de 1ª passagem  diminui a
biodisponibilidade
Bioequivalência
• Quando dois fármacos correlatos atingem a mesma concentração máxima no
mesmo tempo máximo  mesma disponibilidade, no mesmo tempo

Biodisponibilidade de medicamentos similares


Bioequivalentes / Não bioequivalentes 12
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Fatores que interferem na absorção

Estado de ionização
• Não ionizadas  melhor absorvida

Solubilidade
• Lipofílicas  maior dissolução em pelas
membranas

Via de administração

Forma farmacêutica
• Solução > comprimido

Área de superfície
• Quanto maior  mais rápida absorção

Concentração no local de aplicação


• Quanto maior  mais rápida absorção
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Distribuição

É a fase da • Drogas absorvidas ou injetadas na corrente


farmacocinética sanguínea  distribuídas através do sangue
para liquido intersticial e/ou célula do tecido
que ocorre na • Reversível  redistribuição ocorre por
corrente diferença de gradiente de concentração da
sanguínea substância

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Fatores que interferem na distribuição Prof. Ludmila A. Mannarino

Fluxo sanguíneo

• Cérebro, fígado, rins > músculo esquelético > tecido adiposo

Permeabilidade capilar: estrutura capilar x química do fármaco


• Estrutura capilar  fendas entre as células do endotélio
• Barreira hemato-encefálica: não existem fendas
• Fígado e baço: grandes fenestrações
• Química do fármaco
• Lipossolúvel  maior difusão no tecido

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Fatores que interferem na distribuição Prof. Ludmila A. Mannarino

Ligação do fármaco à proteína plasmática:

• É a forma que não difunde do compartimento vascular


• Quando ligada  funciona como reservatório
• Demora mais para produzir efeito
•  proteina plasmática   concentração de fármaco livre   efeito
• Associação entre dois fármacos  podem competir pela proteína
• Principal proteína transportadora: albumina

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Distribuição Prof. Ludmila A. Mannarino

Volume de distribuição aparente (Vd)


• Reflete um equilíbrio entre a distribuição da substância nos tecidos e sua concentração
plasmática
• Volume aparente maior: mais concentrada no tecido  menor concentração
plasmática
• Volume aparente menor: ligada às proteínas plasmáticas  menor distribuição no
tecido
Reservatórios
• Proteínas plasmáticas  quando estão ligadas
• Celular  quando ligadas de forma reversível a componentes celulares
• Fosfolipídios, nucleotídeos
• Tecido adiposo  importante para substancias lipossolúveis
• É bastante estável   fluxo sangüíneo
• Ossos  acumulam alguns antibióticos e metais pesados
• Ciclo entero-hepático
• Intestino  fígado  circulação sistêmica 
fígado (bile)  intestino  novamente absorvido

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Biotransformação Prof. Ludmila A. Mannarino

É a fase da farmacocinética
• Local principal  fígado
em que ocorre a
• Outros  plasma, rins,
transformação da estrutura pulmões, mucosa intestinal
química do fármaco, por
reação enzimática

Biotransformação
FÁRMACO NO TECIDO METABÓLITOS NOS TECIDOS

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Biotransformação Prof. Ludmila A. Mannarino

Fase I:
• Oxidação, redução e/ou hidrólise
• Principal sistema oxidativo : Citocromo P450 (CIP450)

Fase II:
• Conjugação com ac. glicurônico, ác. sulfídrico, ác. Acético

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Biotransformação Prof. Ludmila A. Mannarino

• Ativa  metabólito inativo ou ativo


Consequência:
• *nativa (pró-farmaco)  ativa

Predinisolina  biotransformação  predinisolona

A biotransformação torna a substancia • Favorece a excreção do


pouco polar (+ lipossolúvel) em uma fármaco
mais polar (- lipossolúvel) permitindo • Principalmente os
que sejam eliminadas lipossolúveis

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Fatores que interferem na biotransformação Prof. Ludmila A. Mannarino

Doenças hepáticas:

• Podem prejudicar o processo de biotransformação do fármaco


• Inativação e eliminação da droga são mais lentas

Diferenças genéticas:

• Variação na velocidade de metabolização para determinadas substancia


• Suxametonio  paralisia temporária da musculatura voluntária  algumas
famílias  falta destas enzimas  paralisia prolongada

Indução enzimática (CIP450)

• Ocorre com drogas que são administradas repetidamente


• Processo de inativação pode tornar-se mais eficiente  tornam-se necessárias
doses maiores para produzir o mesmo efeito.

Inibição enzimática (CIP450)

• Algumas substâncias podem inibir o CIP450 diminui a biotransformação de


outros fármacos
• Consequência  aumenta o tempo de permanência no plasma 21
Fatores que interferem na biotransformação Prof. Ludmila A. Mannarino

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Fatores que interferem na biotransformação Prof. Ludmila A. Mannarino

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Excreção Prof. Ludmila A. Mannarino

É a fase da
farmacocinética
em que ocorre a
saída dos • ELIMINAÇÃO = BIOTRANSFORMAÇÃO E EXCREÇÃO
medicamentos do
organismo In
natura ou após
metabolização

Os fármacos • Inalterados  substâncias hidrofílicas não


necessitam ser metabolizadas
podem ser • Metabólitos ativos
excretados: • Metabólitos inativos

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Excreção Prof. Ludmila A. Mannarino

Classificação • Organodepositários: tendem a acumular no


organismo
quanto a • Organodecursores: tendem a ser eliminados
excreção: rapidamente

Principais vias • Outras: pulmões, intestino, glândula


de excreção: mamaria, salivar, sudorípara
• Cada medicamento tem a via preferencial
rins (pela para ser excretado
urina) e fígado • Quando bloqueada o organismo utiliza uma
via acessória (via vigária ou vigariante)
(pela bile)
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Excreção Prof. Ludmila A. Mannarino

Excreção renal
• Filtração glomerular: ocorre para as substâncias não ligadas a proteínas
• Secreção ativa: possui baixa especificidade
• Reabsorção tubular: substância lipossolúvel quando atinge uma concentração
menor no espaço intersticial  tem que ser metabolizado
• Fatores que interferem: concentração sanguínea, idade, nefropatias, pH urinário
• Ex.: Iodetos, brometos, xantinas, salicilatos, sulfas

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Excreção Prof. Ludmila A. Mannarino

Excreção intestinal e secreção biliar


• Ocorre para substancias não absorvidas pela via oral
e metabólitos excretados via bile (que não foram
reabsorvidos pelo intestino)
• Ex.: substâncias fenólicas e metais pesados 
• Cloranfenicol, eritromicina, clortetraciclina, morfina

Pulmões
• Ocorre para substancias gasosas e voláteis
• Eucaliptol, cânfora, etanol, benzeno, anestésicos voláteis

Leite
• Importante para o lactante
• Anticoagulantes, anticoncepcionais, aspirina, corticosteróide,
fenobarbital
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Meia-vida Prof. Ludmila A. Mannarino

Corresponde ao tempo gasto para que a concentração


plasmática atinja 50% da biodisponibilidade inicial esperada

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Fatores que afetam a meia-vida Prof. Ludmila A. Mannarino

biotransformação e excreção
Adição de uma segunda
substância que desloque a • Livre   volume de distribuição  mais
primeira de sua ligação à facilmente metabolizado e excretado  ↓T1/2
proteína plasmática

Diminuição do • Inibição da biotransformação   T1/2


metabolismo • Insuficiência hepática  ou ↓ T1/2

Diminuição do fluxo
plasmático renal
• Diminui a taxa de filtração renal  T1/2

Nefropatias e hepatopatias •  ou ↓ T1/2


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Cinética das terapias medicamentosas Prof. Ludmila A. Mannarino

É o estudo das alterações da concentração plasmática e corporal após a


administração do fármaco
• É baseado em um modelo simplificado de que o fármaco administrado distribui-se em
um único compartimento corporal

• Quantidade de um medicamento a ser administrado ao paciente, de cada vez ou


em um determinado período de tempo, necessário para produzir efeito
Dose: terapêutico
• 30 mg / dia

Dosagem: • É o ato de dosar  inclui a quantidade e a regularidade da dose


• Comprimidos de 10mg , 3 vezes por dia = 30mg / dia (dose)

• É o estudo das doses  o modo como vão ser administradas


Posologia: • Dose + via de administração + intervalo entre dose + duração do tratamento  1
comprimido (de 10mg), via oral, a cada 08h, durante 5 dias
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Cinética das terapias medicamentosas Prof. Ludmila A. Mannarino

Cinética da infusão intravenosa contínua

• Inicia a infusão (entrada do fármaco no corpo é constante)  conforme aumenta a


concentração plasmática (CP) aumenta a taxa de eliminação (TE)
• Concentração do estado de equilíbrio (Cee)  infusão x TE
• Concentração plasmática (CP)
• = zero no inicio da infusão
• É máxima no seu estado de equilíbrio
• É constante enquanto continua a infusão

Fatores que alteram a CP no estado de equilíbrio

• Se dobrar a velocidade da taxa de infusão  dobra CP no estado de equilíbrio


• Se  taxa de depuração (doenças hepáticas ou renais)   CP no estado de equilíbrio

Dose de ataque (sobrecarga)

• Quando é injetada de uma só vez uma dose elevada para que se atinja mais rápido o
equilíbrio e depois inicia a infusão com dose de manutenção
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Cinética das terapias medicamentosas Prof. Ludmila A. Mannarino

Injeção intravenosa única


100

• T1/2 não depende da dose administrada


[] Plasmática
50

0
T1/2 Tempo

Injeção intravenosa múltiplas


• Quando se administra a 2ª dose ainda existe algo da 1ª dose  acumulo do fármaco 
equilíbrio entre a administração e a eliminação do fármaco  atinge o estado de
equilíbrio
• Frequência da dose
• CP oscila em torno da média, independente da frequência, mantendo a dose
constante
• Doses menores em intervalos mais curtos   oscilação na CP
3
[] Infusão contínua
Plasmática (2 unidades/ dia)
em 2 - 1x/dia
unidade - 2x/dia
arbitrária
1

Dias
1 2 3

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Cinética das terapias medicamentosas Prof. Ludmila A. Mannarino

Fármacos administrados via oral


• Maioria das prescrições são por via oral em intervalo de tempo fixo
• A absorção é mais lenta
• Fatores que interferem: absorção x eliminação

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CINÉTICA DAS TERAPIAS MEDICAMENTOSAS

Prof. Ludmila A. Mannarino 34

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