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Veterinária
MSc. Claudiane Marques Ferreira
Médica Veterinária
Aditivos utilizados
na produção animal
REGULAMENTO DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE
PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL – RIISPOA
A inspeção é privativa da Divisão da Inspeção de Produtos de
Origem Animal (D.I.P.O.A), do Departamento Nacional de
Origem Animal (D.N.P.A.), do Ministério da Agricultura
(M.A.), sempre que se tratar de produtos destinados ao
comércio interestadual ou internacional.
A inspeção pode ainda ser realizado pela Divisão de Defesa
Sanitária Animal (D.D.S.A.), do mesmo Departamento, nos
casos previstos neste Regulamento ou em instruções
especiais.
Aditivos
Probióticos
São microrganismos vivos em estado latente.
Para bovinos são usados as bactérias (Bacillus
cereus, Enterococcus faecium, Lactobacillus
acidophilus, Ruminobacter amylophilum, Ruminobacter
succinogenes e Succinovibrio dextrinosolvens) e também
leveduras (como Saccharomyces cerevisiae) que já fazem parte
da flora intestinal dos bovinos — mas que, por diversas razões,
encontram-se em pequenas quantidades.
Prebióticos
São fibras para alimentarem os microrganismos
Farmacologia
Veterinária
MSc. Claudiane Marques Ferreira
Médica Veterinária
Farmacologia
Veterinária
MSC. CLAUDIANE MARQUES FERREIRA
MÉDICA VETERINÁRIA
ANTIBIÓTICOS BACTERICIDAS
QUE INTERFEREM NA SÍNTESE
PROTEÍCA
AMINOGLICOSÍDIOS
Ligam-se irreversivelmente as
subunidades 30 S do ribossomo
bacteriano.
AMINOGLICOSÍDIOS
ANTIBIÓTICOS
BACTERIOSTÁTICOS QUE
INTERFEREM NA SÍNTESE DE
PROTEÍNAS
ANTIBIÓTICOS
Macrolídios
Lincosamidas
Pleuromutilinas
Estreptograminas
Tetraciclinas
Anfenicóis
LINCOSAMIDAS
PLEUROMUTILINAS
PLEUROMUTILINAS
TETRACICLINAS
ANFENICÓIS
CLORANFENICOL
Farmacologia
Veterinária
MSc. Claudiane Marques Ferreira
Médica Veterinária
ANTIBIÓTICOS INIBIDORES
DA PAREDE CELULAR
PRODUÇÃO
• Algas, líquens, animais e planta
• Fermentação
• Compostos semi-sintéticos
• Sintéticos
INIBIDORES DA PAREDE CELULAR
Betalactâmicos
Penicilinas
cefalosporinas
Penicilinas
Fermentação do fungo Penicillium
Cefalosporinas
Fermentação do fungo Cephalosporium acremonium
(atualmente Acremonium strictum)
Penicilinas
PENICILINAS
Penicilinas naturais
Benzilpenicilinas Aminopenicilinas
Procaína Ampicilinas
Benzatina Amidopenicilinas
Fenoximetilpenicilina Mecilinam
Isoxazolilpenicilinas Carboxipenicilinas
Oxacilina Carbenicilina
Cloxacilina Ticarcilina
Dicloxacilina
Flucloxacilina Ureidopenicilinas
Meticilina Azlocilina
Nafcilina Mezlocilina
Piperacilina
Cefalosporinas
Farmacologia
Veterinária
MSc. Claudiane Marques Ferreira
Médica Veterinária
ANTIBIÓTICOS QUE
INTERFEREM NA SÍNTESE DA
PAREDE CELULAR E DA
MEMBRANA PLASMÁTICA
CLASSES
Bacitracina
Glicopeptídios
Vancomicina
Teicoplanina
Fosfomicina
FOSFOMICINA
Goiânia, 2011
Duplas de Medicamentos
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Tontura; diarréia; vômito; Não Monitorar aumento dos efeitos tóxicos do tenofovir
Aciclovir Tenofovir Moderada
neuropatia especificado (tontura; diarréia; neuropatia; vômito).
Aciclovir Zidovudina Letargia e fadiga grave Moderada Rápido Observar a ocorrência de letargia e fadiga.
AINEs: Diclofenaco/
Amicacina/ Não Monitorar aumento dos efeitos nefrotóxicos dos
Ibuprofeno/ ↑ ocorrência de nefrotoxicidade Moderada
Gentamicina especificado aminoglicosídeos (amicacina/gentamicina).
Naproxeno
Amicacina/ Não Monitorar aumento dos efeitos nefrotóxicos dos
Cefalotina ↑ ocorrência de nefrotoxicidade Moderada
Gentamicina especificado aminoglicosídeos (amicacina/gentamicina).
Considerar modificação da terapia. Monitorar aumento
Bradcardia, parada sinusal e ↓ Não
Amiodarona Diltiazem/ Verapamil Grave dos efeitos terapêuticos da Amiodarona e sinais de
débito cardíaco especificado
toxicidade.
Atazanavir/ Arritmias cardíacas potencialmente Não
Amiodarona Grave Uso concomitante deve ser evitado.
Lopinavir/ Ritonavir letais especificado
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Propranolol/ Hipotensão arterial, bradcardia e Não Monitorar sinais e sintomas de bradcardia. Monitorar a
Amiodarona Grave
Metoprolol parada cardíaca especificado pressão arterial. Exceção: Atenolol.
↑ efeito terapêutico da ciclosporina Não
Amiodarona Ciclosporina Moderada Considerar modificação na terapia ou ajuste de dose.
(imunossupressão) especificado
Considerar modificação da terapia ou redução de um
Náusea, vômito e arritmia
Amiodarona Digoxina Moderada Demorado terço da dose da Digoxina. Monitorar efeitos tóxicos
(toxicidade pela digoxina)
(náusea, vômito e arritmia).
Não Monitorar aumento da toxicidade da Lidocaína
Amiodarona Lidocaína Crises convulsivas Moderada
especificado (convulsões).
Não Uso concomitante deve ser feito com cautela. Observar
Amiodarona Amitriptilina Arritmias ventriculares Grave
especificado risco-benefício. Monitorar ocorrÊncia de arritmias.
Levofloxacino/ Não Uso concomitante deve ser feito com cautela. Observar
Amiodarona Arritmias ventriculares Grave
Moxifloxacino especificado risco-benefício. Monitorar ocorrÊncia de arritmias.
Anlodipino/
Nifedipino/ AINEs: Diclofenaco/ ↓ efeito anti-hipertensivo dos Não
Leve Monitorar pressão arterial.
Nimodipino/ Ibuprofeno/ bloqueadores de canal de cálcio especificado
Diltiazem/ Verapamil Naproxeno
Anlodipino/
Nifedipino/ ↓ efeito anti-hipertensivo dos Não
Carbonato de Cálcio Moderada Monitorar pressão arterial.
Nimodipino/ bloqueadores de canal de cálcio especificado
Diltiazem/ Verapamil
Anlodipino/
Monitorar o aumento dos efeitos terapêuticos
Nifedipino/ ↑ efeitos terapêuticos e tóxicos dos Não
Fluconazol Moderada (hipotensão arterial) e tóxicos (fadiga; edema; alterações
Nimodipino/ bloqueadores de canal de cálcio especificado
do ritmo cardíaco).
Diltiazem/ Verapamil
Anlodipino/
Nifedipino/ Nitroprussiato de ↑ efeito hipotensor do Usar com cautela. Redução da dose de Nitroprussiato
Moderada Rápido
Nimodipino/ sódio Nitroprussiato pode ser necessária para controle pressórico adequado.
Diltiazem/ Verapamil
Anlodipino/
Nifedipino/ ↓ efeito anti-hipertensivo dos Não
Rifampicina Moderada Monitorar pressão arterial.
Nimodipino/ bloqueadores de canal de cálcio especificado
Diltiazem/ Verapamil
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Anlodipino/
Nifedipino/ Não Monitorar ocorrência de efeitos tóxicos (depressão do
Fenitoína ↑ efeitos tóxicos da Fenitoína Moderada
Nimodipino/ especificado SNC, nistagmo, vertigem, sonolência, ataxia).
Diltiazem/ Verapamil
Antiácidos
(Carbonato de
Não Monitorar pressão arterial.
Captopril/ Enalapril Cálcio/ Bicarbonato ↓ resposta anti-hipertensiva; Moderada
especificado Administrar com intervalo de no mínimo 2 horas.
de sódio/ Hidróxido
de alumínio)
↑ risco de reações alérgicas ao Observar evidências de hipersensibilidade ao alopurinol
Captopril/ Enalapril Alopurinol Grave Rápido
alopurinol por no mínimo 5 semanas.
↑ efeito neutropênicos da Não Monitorar aumento de efeitos tóxicos da Azatioprina
Captopril/ Enalapril Azatioprina Moderada
Azatioprina especificado (neutropenia).
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Monitorar função renal. Manter hidratação adequada
Captopril/ Enalapril Ciclosporina ↑ efeito nefrotóxico da ciclosporina Grave Demorado
(Cautela quanto ao uso de diuréticos)
↑ efeito hipercalêmico dos IECA Não Monitorar níveis séricos de potássio (principalmente na
Captopril/ Enalapril Espironolactona Moderada
(Captopril/Enalapril) especificado ICC).
Hipotensão postural; ↑ Observar evidências de hipotensão postural no início do
Não
Captopril/ Enalapril Hidroclorotiazida efeito nefrotóxico dos IECA Moderada tratamento.Observar sinais e sintomas de disfunção
especificado
(Captopril/Enalapril) renal.
Hidróxido de ferro ↑ efeitos adversos/tóxicos dos sais
Não Observar o desenvolvimento desses efeitos adversos
Captopril/ Enalapril polimaltosado de ferro (náusea; vômito e Moderada
especificado durante administração intrevenosa dos sais de ferro.
(Noripurum®) hipotensão arterial)
↑ efeitos adversos/tóxicos da Não Monitorar efeitos tóxicos (ataxia, sonolência, fadiga,
Carbamazepina Diltiazem/ Verapamil Moderada
Carbamazepina especificado leucopenia, trombocitopenia, outros).
Cetoconazol/
Miconazol/ ↑ efeitos adversos/tóxicos da Não Monitorar efeitos tóxicos (ataxia, sonolência, fadiga,
Carbamazepina Moderada
Itraconazol/ Carbamazepina especificado leucopenia, trombocitopenia, outros).
Voriconazol
↑ efeitos adversos/tóxicos da Monitorar efeitos tóxicos (ataxia, sonolência, fadiga,
Carbamazepina Alopurinol Moderada Demorado
Carbamazepina leucopenia, trombocitopenia, outros).
↑ efeitos adversos/tóxicos da Monitorar efeitos tóxicos (ataxia, sonolência, fadiga,
Carbamazepina Isoniazida Moderada Rápido
Carbamazepina leucopenia, trombocitopenia, outros).
Atazanavir/ ↑ efeitos adversos/tóxicos da Não Monitorar efeitos tóxicos (ataxia, sonolência, fadiga,
Carbamazepina Moderada
Lopinavir/ Ritonavir Carbamazepina especificado leucopenia, trombocitopenia, outros).
↓ efeito terapêutico da
Não Monitorar a diminuição dos efeitos terapêuticos (efeito
Carbamazepina Amitriptilina Amitriptilina (efeito antidepressivo Moderada
especificado antidepressivo e propriedades sedativas).
e propriedades sedativas)
Ceftriaxona/
Não Monitorar tempo de protrombina (TAP) e aumento das
Cefalotina/ Varfarina ↑ risco hemorrágico Moderada
especificado evidências de sangramento. Exceção: Cefepime
Cefoxitina/ Cefazolina
Hipopotassemia e hipomagnesemia.
Aparecimento de sinais de Monitorar níveis séricos de potássio e magnésio.
toxicidade da digoxina Não Hipopotassemia e hipomagnesemia devem ser tratados
Hidroclorotiazida Digoxina Moderada
(letargia,fraqueza, dores especificado adequadamente. Ajustes de dose da digoxina pode ser
musculares, náuseas, batimentos necessária.
cardíacos irregulares)
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Hidrocortisona/
Risco de hipocalemia (fraqueza,
Dexametasona/ Não Monitorar níveis séricos de potássio. Suplementação de
Hidroclorotiazida letargia e dores musculares ou Moderada
Metilprednisolona/ especificado potássio pode ser necessária
cãibras).
Betametasona
Aumento do risco de hipocalemia
devido a efeitos aditivos. Ocorrência Não Monitorar níveis séricos de potássio.Suplementação de
Hidroclorotiazida Anfotericina B Moderada
de fraqueza, letargia e dores especificado potássio pode ser necessária
musculares ou cãibras.
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Aumento do risco de hipocalemia
devido a efeitos aditivos. Ocorrência
de fraqueza, letargia e dores Monitorar bloqueio neuromuscular prolongado.
Não
Hidroclorotiazida Succilcolina musculares ou cãibras. E ainda, Moderada Reposição de potássio quando indicado, e o ajuste da
especificado
prolongamento do efeito de dose do bloqueador neuromuscular pode ser necessário.
bloqueio neuromuscular da
succilcolina.
Hiperglicemia e hipertrigliceridemia
em alguns pacientes, especialmente
em pacientes com diabetes ou o
diabetes latente. Ocorrência de Não Monitorar níveis séricos de potássio, pressão arterial e
Hidroclorotiazida Atenolol Moderada
sinais como: tonturas, fraqueza, especificado glicemia.
desmaios, batimentos cardíacos
rápidos ou irregulares, ou perda do
controle da glicose no sangue.
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Ocorrência de sinais e sintomas de
hipercalcemia, tais como tonturas,
Carbonato de Cálcio/ Não Monitorar níveis séricos de potássio, pressão arterial e
Hidroclorotiazida fraqueza, letargia, cefaléia, mialgia, Moderada
Vitamina D especificado glicemia.
anorexia , náuseas, vômitos e
convulsões.
Ocorrência de hiponatremia, com
sinais característicos tais como Monitorar paciente clinicamente em relação ao seu
Não
Hidroclorotiazida Carbamazepina náusea, vômito, letargia, fraqueza, Moderada estado mental. Monitorar periodicamente níveis séricos
especificado
cãibras musculares, espasmos, de sódio.
confusão mental e convulsões.
Monitorar glicemia. Da mesma forma, os pacientes
devem ser observados para hipoglicemia quando estes
medicamentos são retirados do seu regime terapêutico.
Hiperglicemia, intolerância à glicose, Paciente deve ser monitorado devido a possíveis sinais de
Hidroclorotiazida/ diabetes mellitus de início recente, Não acidose láctica (como mal-estar, mialgias, dificuldade
Metformina Moderada
Furosemida e / ou exacerbação de diabetes pré- especificado respiratória, hiperventilação, lenta ou batimentos
existente. cardíacos irregulares, sonolência, mal-estar abdominal)
ou a perda do controle glicêmico .Os ajustes da dose do
hipoglicemiante pode ser necessária.
Hidrocortisona/
Dexametasona/ Observar ocorrência de efeitos tóxicos (edema por
↑ efeitos terapêuticos e tóxicos dos Não
Metilprednisolona/ Fluconazol Moderada retenção de líquidos, cicatrização prejudicada de feridas,
corticosteróides especificado
Betametasona/ petéquias e equimoses).
Prednisona
Hidrocortisona/
Observar ocorrência de efeitos tóxicos (edema por
Dexametasona/
↑ efeitos terapêuticos e tóxicos dos Não retenção de líquidos, cicatrização prejudicada de feridas,
Metilprednisolona/ Claritromicina Moderada
corticosteróides especificado petéquias e equimoses).
Betametasona/
OBS.: Azitromicina não apresenta interação.
Prednisona
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Hidrocortisona/
Dexametasona/ Observar ocorrência de efeitos tóxicos (edema por
↑ efeitos terapêuticos e tóxicos dos Não
Metilprednisolona/ Diltiazem/ Verapamil Moderada retenção de líquidos, cicatrização prejudicada de feridas,
corticosteróides especificado
Betametasona/ petéquias e equimoses).
Prednisona
Hidrocortisona/
Dexametasona/ Observar ocorrência de efeitos tóxicos (edema por
↑ efeitos terapêuticos e tóxicos dos Não
Metilprednisolona/ Ciclosporina Moderada retenção de líquidos, cicatrização prejudicada de feridas,
corticosteróides especificado
Betametasona/ petéquias e equimoses).
Prednisona
Hidrocortisona/
↑ ulcerações e sangramentos
Dexametasona/ Monitorar terapia. Redução gradativa da dose do AAS
gastrintestinais. Não
Metilprednisolona/ AAS Moderada juntamente com a redução gradativa dos
↓ filtração glomerular especificado
Betametasona/ corticosteróides.
↑metabolismo do AAS
Prednisona
Hidrocortisona/
Dexametasona/
↓ efeito terapêutico dos Não
Metilprednisolona/ Fenobarbital Moderada Monitorar terapia.
corticosteróides especificado
Betametasona/
Prednisona
↑ efeitos neurotóxicos (ocorrência Monitorar paciente para toxicidade do sistema nervoso
Imipenem+ Não
Ciclosporina de tremor, confusão, afasia, Moderada central (SNC) (observar ocorrência de tremor, agitação e
Cilastatina especificado
agitação) confusão mental).
Risco de convulsões generalizadas, e
possível ocorrência de por
Imipenem+ Não O uso concomitante deve ser evitado. Avaliar risco-
Ganciclovir tremores, alterações do estado Moderada
Cilastatina especificado benefício.
mental ou convulsões.
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Imipenem+ Precaução ao administrar tramadol com imipenem +
Não
Cilastatina / Tramadol ↑ risco de convulsões Grave cilastatina. Monitorar paciente para os sintomas (crises
especificado
Meropenem convulsivas).
Imipenem+ ↓ efeitos terapêuticos do ácido Evitar uso concomitante. Considerar utilização de
Não
Cilastatina/ Ácido valpróico valpróico (aumenta risco de Grave antibióticos ou anticonvulsivantes alternativos
especificado
Meropenem convulsões e crises epilépticas) (carbamazepina).
Utilizar com cautela em Diabéticos; Monitorar sinais e
Propranolol/ Hipoglicemia prolongada e
Insulina Moderada Rápido sintomas de hipoglicemia; Preferir betabloqueadores
Carvedilol mascaramento dos sintomas
seletivos (Atenolol; Metoprolol).
↑ efeito hipoglicimiante (pode
ocorrer cefaléia, tontura,
Não Monitorar glicemia. A dose de insulina pode necessitar de
Insulina Captopril sonolência, náuseas, fome, Moderada
especificado ajuste se uma interação é suspeita.
tremores, fraqueza, sudorese,
palpitações)
↑ efeito hipoglicimiante (pode
ocorrer cefaléia, tontura,
Não Monitorar glicemia. A dose de insulina pode necessitar de
Insulina Cloreto de Potássio sonolência, náuseas, fome, Moderada
especificado ajuste se uma interação é suspeita.
tremores, fraqueza, sudorese,
palpitações)
↑ efeito hipoglicimiante (pode
ocorrer cefaléia, tontura,
Não Monitorar glicemia. A dose de insulina pode necessitar de
Insulina Paracetamol sonolência, náuseas, fome, Moderada
especificado ajuste se uma interação é suspeita.
tremores, fraqueza, sudorese,
palpitações)
↑ efeito hipoglicimiante (pode
ocorrer cefaléia, tontura,
Não Monitorar glicemia. A dose de insulina pode necessitar de
Insulina Varfarina sonolência, náuseas, fome, Moderada
especificado ajuste se uma interação é suspeita.
tremores, fraqueza, sudorese,
palpitações)
Grau da
Medicamento Interage com Efeito Clínico Início de Ação Recomendação
interação
Risco de hiperglicemia, intolerância
à glicose, diabetes mellitus de início Não Monitorar glicemia. A dose de insulina pode necessitar de
Insulina Dopamina Moderada
recente, e / ou exacerbação de especificado ajuste se uma interação é suspeita.
diabetes pré-existente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. BACHMANN, K. A. et al. Interações Medicamentosas. 2 ed. São Paulo: Manole, 2008.
2. Drugs Interaction Checker. Disponível em: <http://www.drugs.com/drug_interactions.php>. Acesso em: Junho de 2011.
3. Healthcare Series Micromedex, USA, 2010.
4.BERGAMASCHI. Cristiane de Cássia et al. Interações medicamentosas: analgésicos, antiinflamatórios e antibióticos (Parte II). Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-fac.
Camaragibe: 2007, v.7, n.2, p. 9.
5.UFC (Universidade Federal do Ceará). GRUPO DE PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE MEDICAMENTOS. Manual de Interação Medicamentosa na UTI materna. 2008.
Rafael Almeida da Silva1, Beatriz Nascimento Lins de Oliveira1, Luiza Pinheiro Alves da Silva2,
Maria Auxiliadora Oliveira1, Gabriela Costa Chaves1
DOI: 10.1590/0103-1104202012602
RESUMO A Resistência a Antimicrobianos (AMR) tem se revelado como um dos maiores problemas
para a saúde pública no nível global. O objetivo deste artigo foi analisar a formulação da resposta à AMR
negociada no âmbito da Organização Mundial da Saúde (OMS) por seus Estados-Membros. Foram
analisados os relatórios e resoluções produzidos na Assembleia Mundial da Saúde no período de 1998
a 2019. Os achados indicam que, a partir de 2014, foram estabelecidas condições de possibilidade para a
aprovação do Plano de Ação Global em AMR de forma mais robusta, abrangendo o conceito de Saúde Única
e envolvendo outras instâncias internacionais (FAO, OIE, OMC e PNUMA). A análise dos conteúdos e o
uso de diferentes referenciais analíticos, considerando dois setores econômicos – agropecuária e indús-
tria farmacêutica –, mostraram-se relevantes para ilustrar a complexidade da temática, reforçando sua
relevância global, reconhecendo a dimensão do uso de antibióticos em animais e as lacunas em inovação
tecnológica. Como a OMS, além de ser um importante agente mobilizador para a resposta à AMR no nível
global, tem garantido orçamento para ações nessa área mesmo em um contexto de desfinanciamento,
conclui-se que a perspectiva da saúde pública deve prevalecer na resposta à AMR.
ABSTRACT Antimicrobial Resistance (AMR) has proved to be a major public health problem at the global
level. This paper examined the formulation of the response to AMR negotiated through the World Health
Organization (WHO) by its Member States. Related WHO reports and resolutions from 1998 to 2019 were
analysed. The findings indicate that, from 2014 on, more robust conditions were established for approval of
a Global Action Plan on AMR, encompassing the concept of One Health and involving other international
entities (FAO, OIE, WTO and Unep). Content analysis and various analytical frameworks, considering two
economic sectors (the livestock and pharmaceutical industries), proved relevant to illustrating the complexity
of the issue, reinforcing its global importance and acknowledging the extent of antibiotic use in animals and
the gaps in technological innovation. As the WHO is not only an important agent for mobilizing the response
1 Fundação Oswaldo Cruz to AMR at the global level, but – despite a context of de-funding – has guaranteed a budget for action in this
(Fiocruz), Escola Nacional
area, it is concluded that the public health perspective should prevail in the response to AMR.
de Saúde Pública Sergio
Arouca (Ensp) – Rio de
Janeiro (RJ), Brasil.
rafaelalmmeida@gmail.com
KEYWORDS Global health. Drug resistance, microbial. One Health. Livestock industry. Orphan drug
production.
2 Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG)
– Belo Horizonte (MG),
Brasil.
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative
Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer
meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado. SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 44, N. 126, P. 607-623, JUL-SET 2020
608 Silva RA, Oliveira BNL, Silva LPA, Oliveira MA, Chaves GC
Ano Documentos
1998 Relatório A51/915
Resolução WHA51.1716
Relatório Financeiro e Declarações Auditadas do período entre 1998-199917
2019 Follow-up to the high-level meetings of the United Nations General Assembly on health-related issues42
Resolution and decisions of Seventy-Second World Health Assembly. Antimicrobial resistance43
Relatório da Secretária Geral das Nações Unidas44:
‘No time to wait: Securing the future from drug-resistant infections’
Quadro 2. A dimensão institucional proposta por Sell e as funções do sistema de saúde global propostas Frenk&Moon
Dimensão Institucional
Escopo de instituições multilaterais (arenas políticas) que estabelecem leis vinculantes e não vinculantes, declarações e resoluções a respeito da
saúde global47.
Governança
A forma pela qual o sistema da saúde global é gerenciado. É composta por mecanismos formais ou informais utilizados por atores governamentais e
não governamentais para coordenar estratégias de resposta aos riscos à saúde da população mundial em fóruns multilaterais46.
Mobilização da solidariedade global46 Comprometimento da comunidade global com Apoio financeiro e técnico, capacitação profis-
a proteção de direitos de grupos minoritários. sional e assistência humanitária46
O objetivo é reduzir as desigualdades entre as
nações no que diz respeito à distribuição dos
problemas de saúde46
Gerenciamento de externalidades entre os Algumas situações ocorridas em um país Vigilância epidemiológica e compartilhamento
países46 podem gerar efeitos em outros. Esta função de informações e coordenação para a prepara-
propõe prevenir ou mitigar efeitos negativos ção e resposta46
promovidos à saúde no âmbito global46
Produção de bens públicos globais46 Conhecimento compartilhado pela comunidade Ferramentas de padronização internacional e
global46 orientações sobre melhores práticas.
Ex: Classificação internacional de doenças e
Lista de Medicamentos Essenciais46
Reconhecimento do problema e a
A nova formulação da resposta à AMR e um plano de implementação
primeira formulação de resposta à AMR
Lista de
GARDP** patógenos
resistentes** Relatório
IACG:
No time to
Diretrizes
Classificação wait**
para a produção
AWaRe**
animal **
diversos setores da sociedade, como médicos; órfãs; a cessão de exclusividade por tempo
médicos veterinários; farmacêuticos e outros limitado; e a proteção patentária adequada.
profissionais da saúde; produtores agropecu- As intervenções de combate à AMR devem ser
ários; indústria farmacêutica; sociedade civil; adotadas no nível global, atreladas ao conceito
governos e outros atores interessados18. Nesse de “bens públicos globais em saúde”18, e devem
documento, também foi proposta a adoção ser coordenadas de modo a evitar duplicação
de legislações para controlar o consumo de de esforços. Sugere-se, também, o estabeleci-
antibióticos na produção animal, tais como mento de uma base de dados internacional de
a obrigatoriedade da prescrição veterinária financiadores de pesquisa na área, criando,
para dispensação de antibióticos18. assim, um ponto de entrada único de projetos,
Sobre os aspectos relacionados à inovação o desenvolvimento de novos programas e o
tecnológica, o documento de 2001 reafirma que fortalecimento dos existentes18.
o risco de inexistência de terapias efetivas nos
próximos anos é causado por uma lacuna de PERÍODO DE 2002 A 2005: POUCA DISCUSSÃO
inovação para antimicrobianos. Essa lacuna é SOBRE A TEMÁTICA
justificada pela demorada e cara atividade de P&D
e pelo fato de que as restrições no uso de novos Entre os anos de 2002 e 2004, o tema da AMR
medicamentos, indicados como última opção não foi abordado nas AMS, provavelmente em
terapêutica, podem ter um impacto negativo nas função da aprovação da Estratégia Global, em
vendas. O documento reconhece que as empresas 2001, e pela expectativa de que os Estados-
devem recuperar seus gastos de P&D e lucrar com Membros estivessem formulando seus pró-
o produto. Deve-se, então, desenvolver novos prios planos de ação. Em 2005, a AMR volta a
antimicrobianos e vacinas para evitar o impacto ser mencionada na AMS, mas aspectos relacio-
futuro da resistência, mas são necessários incen- nados ao uso de antibióticos na agropecuária
tivos à P&D privada nessa área18. não foram discutidos20,21.
A Estratégia Global de 200118 alerta para Com relação à inovação, o Relatório
a existência de vieses em estudos de custo- (A58/14)20 ressalta novamente o alto preço dos
-efetividade, favorecendo novos agentes anti- antimicrobianos quando lançados no mercado,
microbianos, já que os antigos, não protegidos e são apresentadas propostas de soluções ao
por patentes, não são atrativos, e existe uma problema, como a redução de preços pela indús-
carência de estudos sobre o custo ou o impacto tria e o uso de alternativas genéricas. Todavia,
clínico da AMR. Somado a isso, o acesso aos a Resolução WHA58.2721, do mesmo ano, não
novos medicamentos é desigual, pois é limi- apresenta ações relacionadas a esse aspecto.
tado nos países menos desenvolvidos, sendo A menção da concorrência com medica-
necessárias soluções para ambientes com es- mentos genéricos para lidar com os preços
cassez de recursos. O aumento da interação altos indica uma modificação frente às solu-
entre indústria, governo e academia é citado ções propostas nos documentos anteriores,
como uma possível solução nesse contexto18. que apontam para o reforço do sistema de
Propõe-se o estabelecimento de redes propriedade intelectual. É provável que essa
internacionais de pesquisa e de cooperação mudança de orientação reflita o processo,
para proceder à harmonização de requisitos também em curso na OMS, no tema de saúde
regulatórios. É citada especificamente a inte- pública, inovação e propriedade intelectual
ração com a indústria, por meio de incentivos desencadeado principalmente com a apro-
inovadores, para que ela invista na P&D de vação, em 2003, da Resolução (WHA56.27)50
antimicrobianos. Algumas sugestões mencio- que estabeleceu a Comissão sobre Direitos de
nadas são um fast track regulatório ou a aplica- Propriedade Intelectual, Inovação e Saúde
ção de uma política semelhante à de doenças Pública (CIPIH)50.
Quadro 3. Exemplos que ilustram os chamados ‘bens públicos globais’55 no campo da AMR
Iniciativas desenvolvidas no âmbito global para solucionar o problema da ausência de pesquisa e desenvolvimento
de novos antibióticos
Iniciativa Descrição
Parceria global para pesquisa e desenvolvimento de Parceria entre a OMS e a Iniciativa Medicamentos Doenças
antibióticos (GARDP) Negligenciadas (DNDi, sigla em inglês), que têm como ob-
jetivo desenvolver novas classes terapêuticas de antibióticos
do medicamento55.
Lista de patógenos resistentes Lista de patógenos resistentes com prioridade para P&D de
novos antibióticos. Classifica os patógenos resistentes de
acordo com o risco de ameaça à saúde global com objetivo
de guiar o processo de P&D de novas classes terapêuticas de
antibióticos56.
Classificação ‘AWaRE’ dos antibióticos A OMS desenvolveu um banco de dados contendo 180 clas-
ses de antibióticos classificado de acordo o nível de resistên-
cia: ‘Access group’; ‘Watch group’; ‘Reserv Group’57. O banco de
dados é uma ferramenta que pode ser utilizada para guiar os
países no monitoramento do uso de antibióticos57.
Iniciativas desenvolvidas no âmbito da OMS para reduzir o consumo de antibióticos na produção animal
Diretrizes da OMS sobre o uso de antibióticos importantes para a saúde humana na produção animal39
Redução de todas as classes de antibióticos importan- Novos antibióticos desenvolvidos para o uso humano devem
tes para a saúde humana na produção animal39 ser considerados criticamente importantes para a saúde
humana39.
Os antibióticos importantes para a saúde humana não Medicamentos que são importantes para a saúde humana
devem ser utilizados para promover o crescimento e que não são utilizados na produção animal não devem ser
animal39 utilizados para este fim no futuro39.
A saúde global seria, portanto, o resultado do plano de enfrentamento da AMR, tais como
do processo da formulação de políticas em di- OMS, FAO, OIE, ONU, Organização Mundial do
versos espaços institucionais46. Considerando Comércio (OMC) e, posteriormente, o PNUMA
o conceito de dimensão institucional proposto (figura 2). Dessa forma, tem-se mais elementos
por Sell47, constatou-se a partir da análise dos para afirmar que o desenvolvimento do plano
documentos que diversas instituições multila- de resposta à AMR é resultado da articulação
terais participaram do processo de formulação entre organizações com perspectivas diferentes.
Figura 2. Imagem representativa da dimensão institucional da saúde global para o caso de AMR
ONU
PNUMA
*Sistema das FAO
Nações Unidas
OMS
OMC OIE
Para ilustrar essa articulação, aplicaram-se articulação entre a OMS e outros organismos
três das quatros subfunções de Stewardship multilaterais com o objetivo de defender os in-
(Liderança ou administração)46, quais sejam: teresses da saúde global em outras instituições
a defesa das causas da saúde em outras arenas que não são responsáveis por temas relacio-
políticas; a negociação e a construção de um nados à saúde, mas que podem influenciar o
consenso; a determinação de regras para ge- campo da saúde global.
renciar as dimensões intersetoriais da saúde. No que diz respeito à negociação e à constru-
Consta na resolução da 68ª AMS que a par- ção de um consenso sobre o uso de antibióticos
ceria com a ONU foi estabelecida para juntar na agropecuária, não foi identificada qualquer
esforços em busca de mecanismos eficientes menção ao banimento do uso de antibióticos
para implementar o plano de ação global por como promotores de crescimento na produção
todas as nações, considerando as necessidades animal, provavelmente por se tratar de um tema
dos países em desenvolvimento33. No caso da de tensão e dissenso entre os países. No nível
AMR, pode-se identificar o estabelecimento da nacional, alguns países adotaram diferentes
posicionamentos sobre o assunto com base em 1998, tendo sido aprovado um plano para
vários argumentos. Países da UE baniram os pro- seu enfrentamento em 2001, poucos foram
motores de crescimento desde 200659 e, recen- os avanços percebidos do ponto de vista da
temente (2018)60, restringiram o uso preventivo adoção por parte dos Estados-Membros da
de antibióticos na produção animal60. Já alguns OMS. Em 2014, com a adoção do conceito de
países em desenvolvimento, como o Brasil, per- Saúde Única, foram criadas as condições para
mitem o uso dos promotores de crescimento8,13. a adesão de outras instituições internacionais
A resolução de 2014 menciona que a par- (FAO, OIE e OMC) e aprovação do Plano de
ceria entre OMS, FAO e OIE foi estabelecida Ação Global em AMR.
para manejar conflitos de interesses e, assim, Dada a complexidade e a abrangência dos
viabilizar a implementação do plano de ação fatores relacionados à AMR, era de se esperar
global em AMR25. que o desenho de uma resposta global para seu
Com relação à opção entre ‘banir’ ou ‘não enfrentamento estaria imerso nessa complexi-
banir’ o uso de promotores do crescimento, o dade, principalmente porque as necessidades
IACG chegou a um ponto intermediário, em em saúde pública não só tangenciam setores
que recomendou que alguns antibióticos clas- econômicos sensíveis – agropecuária e indús-
sificados como criticamente importantes para a tria farmacêutica – como também reforçam
saúde humana deixassem de ser gradativamente assimetrias entre os países. Nessa perspectiva,
utilizados (‘phase out’)44 para aquela finalidade. foi fundamental a triangulação de múltiplos
Tal iniciativa foi considerada no relatório como referenciais analíticos que permitiram a com-
o primeiro passo em direção ao uso racional de preensão mais extensa do objeto em estudo,
antibióticos na produção animal44. Sendo assim, reforçando sua relevância global e reconhe-
acredita-se que o estabelecimento da força-tarefa cendo a dimensão do uso de antibióticos em
(FAO/OMS/OIE) foi fundamental para o estabe- animais e as lacunas em inovação tecnológica.
lecimento do consenso no que concerne ao uso Como a OMS, além de importante agente
de antibióticos para promoção do crescimento. mobilizador para a resposta à AMR no nível
Além da busca de consenso, os atores também global, tem garantido orçamento para ações
estão cogitando desenvolver novas regras ou nessa área mesmo em um contexto de desfinan-
instrumentos que gerenciem as questões en- ciamento, conclui-se que a perspectiva da saúde
volvendo AMR. Foi mencionado no relatório pública deve prevalecer na resposta à AMR.
de 2016 o status legal que as normas, diretrizes Resta pendente a análise do quão profunda
e os códigos de prática do Codex Alimentarius será a adoção no nível nacional das propostas
e da OIE têm no âmbito da OMC34. aprovadas multilateralmente para superar a
Quanto à subfunção da Stewardship deno- amplificação da AMR e, ao mesmo tempo, as-
minada ‘determinação de regras para gerenciar segurar que opções terapêuticas envolvendo
ações intersetoriais da saúde’, destaca-se como antimicrobianos existentes e novos possam
exemplo, no relatório do IACG, o processo estar disponíveis àqueles que precisarem.
ainda em curso entre os países sobre a adoção
de instrumentos vinculantes e não vinculantes
para as medidas em AMR44. Colaboradores
Silva RA (0000-0002-5049-9124)*, Oliveira
Conclusões BNL (0000-0002-2397-5244)*, Silva LPA
(0000-0002-3740-2973)*, Oliveira MA (0000-
Este estudo analisou a formulação da resposta 0003-2400-536X)*, Chaves GC (0000-0002-
à AMR no âmbito da OMS. Os achados indicam 8347-6164)* contribuiram igualmente para a *Orcid (Open Researcher
que, embora o tema esteja na agenda desde elaboração do manuscrito. s and Contributor ID).
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Recebido em 11/12/2019
Aprovado em 08/06/2020
Conflito de interesses: inexistente
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Suporte financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
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appropriate and specific antimicrobials for a particular use; Resistance monitoring aiming
to measure its worsen or control; Determination of epidemiological points, aiming at their
resolution; Adoption of hygienic sanitary measures to reduce cases of infection; Decreasing
the use of empirical therapy, thus reducing the use of antimicrobials inappropriately, or
sometimes, unnecessary are suggestions and strategies to reduce the occurrence of these
resistances. Since 2015, these strategies have been addressed in the Global Action Plan On
Antimicrobial Resistance.
Keywords: antibiotic, resistance, review, antimicrobial therapy
Introdução
Antibióticos são substâncias produzidas a partir de microrganismos ou sintéticos que podem atuar
como bactericida, eliminando a bactéria ou bacteriostático retardando o seu crescimento e a sua
multiplicação. O primeiro antibiótico descoberto foi a penicilina em 1928 por Alexander Fleming de
maneira acidental, sendo utilizado clinicamente a partir de 1940, principalmente em pacientes na
segunda guerra mundial, causando uma revolução no tratamento de muitas doenças em humanos e
animais. Após esse período, novos antibióticos foram descobertos, como estreptomicina, tetraciclinas,
cloranfenicol, neomicina, aminoglicosídeos tendo eles, além do uso para tratamento de doenças, também
a utilização como promotores de crescimento animal. No entanto, entre 1976 e 1980 houve início relatos
de resíduos de medicamentos nos tecidos de animais para alimentação, causando intoxicações em
humanos (Caselani, 2014).
A aplicação indiscriminada de antibióticos em humanos e animais gerou o surgimento de
microrganismos chamados de superbactérias, as quais são um grande problema atual para a saúde única.
Bactérias desenvolveram mecanismos para sobrevivência no hospedeiro que podem ser explicadas pela
seleção natural, dita por Charles Darwin, como transferência de genes, mutações e formação de
biofilmes (Hopman et al., 2019). Assim, em 1961 apareceram os primeiros casos de resistência a
penicilina, com o tempo a resistência a diferentes antibióticos foram surgindo. Atualmente, podemos
considerar a era do uso racional de antimicrobianos, com intensa atividade para encontrar alternativas
ao uso desses medicamentos (Prescott, 2017).
Portanto, o objetivo dessa revisão é resumir tópicos atuais e importantes referentes à resistência
antimicrobiana na medicina veterinária, e selecionar as principais estratégias para o controle desse
problema no mundo atual.
Mutação
As mutações são as formas mais comuns de adquirir-se resistência. Elas podem alterar a ação do
antibiótico pela produção de enzimas que vão inativar o antibiótico (Wilson, 2014), adição de moléculas
que vão alterar a sua estrutura química, desenvolvimento de barreiras que impedem a entrada de
antibiótico dentro da célula como, por exemplo, a resistência à vancomicina que não consegue penetrar
a membrana plasmática de bactérias gram-negativas, modificações do alvo antimicrobiano, por
exemplo, a resistência à meticilina em Staphylococcus aureus e ativação de bombas de efluxo, que são
capazes de retirar a molécula de antibiótico de dentro da bactéria, impedindo sua ação no meio
intracelular; mecanismo esse que afeta diversas classes de antibióticos, como as fluoroquinolonas, β-
lactamas, carbapenêmicos e polimixinas (Ramirez & Tolmasky, 2010).
Biofilme
Outra forma relevante de resistência é a formação de biofilme, como exemplo cotidiano da rotina clínica
tem a formação de placas dentárias bacterianas, que tornam difícil a penetração de antibióticos. Pseudomonas
spp e outras bactérias gram-negativas são grandes formadoras de biofilmes, tendo estas maiores capacidades
de resistir ao sistema imune do hospedeiro e ao antimicrobiano, por isso, consideradas de complicada
eliminação (Marsh, 2004). De acordo com Boothe (2006) a capacidade de resistência varia para cada
microrganismo de acordo com classe e gênero. Por exemplo, muitos microrganismos ainda são
previsivelmente suscetíveis aos antibióticos, como Brucella spp e Clamydia spp, enquanto outros
desenvolvem rapidamente mecanismos de resistência contra até mesmo novos antibióticos como, por
exemplo, E. coli, Klebsiella pneumoniae, Salmonella spp, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus
aureus. Sendo, este último, o mais complicado entre os citados, pois são intrinsecamente virulentos, capazes
de se adaptar a diversas circunstâncias ambientais, associados a infecções com elevado perigo de vida, tanto
para os homens, quanto aos animais (Fluit & Schmitz, 2004).
Conscientização da população
Estabelecer medidas para conscientizar a população a respeito da resistência antimicrobiana, pela
promoção do ensino escolar, campanhas de conscientização, palestras educacionais, treinamentos e
cursos para profissionais da área de saúde. Segundo Guardabassi & Prescott (2015) uma educação
adequada reduz o uso inadequado de antimicrobianos e aprimora o entendimento e a aceitação das
estratégias de administração.
Intensificação de pesquisas
Intensificar o conhecimento a respeito de informações sobre os microrganismos resistentes,
entendendo cada vez mais vez como desenvolvem mecanismos de resistência e a difusão entre as
pessoas, os animais e o meio ambiente. Podendo ser feito por pesquisas, que envolve governos nacionais,
organizações intergovernamentais, agências, organizações profissionais, organizações não
governamentais, indústria e academia. Associado ao aumento de pesquisas é importante aumentar o
investimento em novos medicamentos, ferramentas de diagnóstico, vacinas e outras intervenções No
entanto, de acordo com o Plano de Ação Global para o Enfrentamento à Resistência aos
Antimicrobianos, concebido pela OMS, muitas empresas interromperam os estudos, porque pesquisas e
investimentos nessa área não são tão atrativos comparado a outros conteúdos (Estrela, 2018).
Apesar de estar avançando na medicina humana, estudos a respeito da otimização de doses ainda
devem avançar na medicina veterinária, seguindo, por exemplo, Rairat et al. (2019) que estabeleceram
um modelo farmacocinético-farmacodinâmico (PK-PD) para definir um regime ideal de dosagem
antimicrobiana em peixes utilizando florfenicol, para isso, levou em consideração a farmacocinética
dependente da temperatura e a suscetibilidade antimicrobiana do patógeno. Fernández-Varón et al.
(2016) estabeleceram que o perfil sérico de concentração-tempo para o ceftiofur em cabras em lactação
em diferentes formulações. Cao et al. (2015) avaliaram atividade antimicrobiana in vivo da
marbofloxacina contra Pasteurella multocida, usando tecidos implantados subcutaneamente em
bezerros, o que a partir de métodos de PK/PD in vivo do antibiótico mostraram a vantagem de avaliação
da atividade antimicrobiana e da otimização do regime de dosagem de antibióticos na presença das
defesas do hospedeiro, principalmente em animais alvo de interesse veterinário.
Monitoramento de resistência:
A forma de monitorar a AMR (resistência antimicrobiana) se deu por diferentes métodos em cada
país envolvido no Plano de Ação Global de 2015, sendo realizadas adequações segundo condições
tecnológicas e financeiras locais. Segundo o Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da
Resistencia aos Antimicrobianos no Âmbito da Saúde Única (PAN-BR), publicado pelo Ministério da
Saúde em 2018, o monitoramento da resistência no Brasil se dará a partir do estabelecimento de uma
rede nacional de informação integrada para a vigilância e monitoramento da AMR no âmbito da saúde
humana por meio de metodologias e modelos de vigilância laboratorial, orientando protocolos clínicos
para tratamento e avaliando tendências epidemiológicas.
No âmbito da saúde animal se pretende a implementação de programa de vigilância da resistência
aos antimicrobianos em bactérias isoladas de frangos de corte em granjas, na indústria de produtos de
origem animal e na indústria da alimentação animal, criando-se uma rede nacional de laboratórios
agropecuários para o monitoramento da qualidade de antimicrobianos de uso veterinário e resíduos de
antimicrobianos em alimentos disponíveis no comércio. Além disso, o PAN-BR determinou a
implantação do BRGLASS (Brazilian Global Antimicrobial Resistance Surveillance System) para
desenvolver a gestão e a interoperabilidade entre os sistemas de informação do Ministério da Saúde com
o sistema nacional de monitoramento da AMR com os de Organismos Internacionais.
uso diminuiu entre os anos de 2012 e 2014, no entanto, ainda representou 7,7% do total em 2014. Com
base nesses dados, deve-se destacar a importância da elaboração de diretrizes a respeito do uso de
antibióticos, objetivando diminuir o uso desnecessário de antibióticos de segunda e terceira escolha.
Figura 3. Classificação de antimicrobianos segundo prioridade de gerenciamento de risco de resistência antimicrobiana para saúde
humana (Adaptado de Critically Important Antimicrobials for Human Medicine – World Health Organization, WHO, 2018).
Considerações finais
O uso indiscriminado de antibióticos na medicina humana e veterinária acarretou um grande
problema para a saúde mundial, o surgimento de superbactérias (bactérias resistentes aos
antimicrobianos utilizados hoje em dia). Portanto há uma justa necessidade de o poder público e as
autoridades em saúde intervirem, de forma mais enérgica e assertiva, com estratégias e políticas públicas
que tenham como objetivo minimizar a ocorrência do surgimento de novas bactérias resistentes e buscar
meios para controlar e combater as já existentes, fazendo-se cumprir as instruções do Plano de Ação
Global Contra a Resistência Antimicrobiana de 2015. Estratégias essas, que estão atreladas a
necessidade de ajustes financeiros e elevação do investimento na área.
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Recebido: 8 de abril, 2020.
Aprovado: 21 de maio, 2020.
Disponível online: 13 de agosto, 2020.
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