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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

MED13MA
FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

Introdução a Farmacologia
Aula 01

Com o conhecimento decorrente da biologia molecular, o conceito de “chave-fechadura” para


fármacos caiu por terra, o que se sabe é que possuem receptores (célula, proteína, canal iônico).
Os efeitos adversos nada mais são do que a interação do fármaco com outros receptores além
do que é preferível inicialmente, pois ele não é específico apenas para um receptor.

É importante entender o mecanismo de ação do fármaco, a farmacologia anda de mãos dadas


com a fisiologia.
 Anti-hipertensivos: inibidores da ECA, BRA-2, antagonistas do canal de Ca++,
diuréticos, bloqueadores de ANG II.
 Salbutamol (agonista adrenérgico – adrenalina aumentando a PA e o DC ao nível
cardíaco e broncodilatação pulmonar): tremor e taquicardia são efeitos colaterais.

FARMACOCINÉTICA: tudo o que o organismo realiza com o fármaco – absorção (precisa


chegar à corrente sanguínea), distribuição (quando chega à corrente sanguínea e é distribuído –
existem alguns fatores que influenciam), metabolização e excreção. Normalmente a absorção é
por difusão passiva, para ser excretado a molécula precisa ser alterada. O rim é o principal órgão
de excreção, mas ela também ocorre pela pele, fezes (em menor quantidade), via biliar.

 Bloqueadores neuromusculares: diminuem a quantidade de sedativos necessária,


deixando o pcte mais confortável para a intubação (deixa de “brigar” com o tubo, já que o
normal é que o pulmão tente ainda assim assumir o controle da respiração, e justamente o
intuito da IOT é poupar este órgão de esforços).
FARMACOLOGIA: Estudo do modo pelo qual a função dos sistemas biológicos é alterada por
agentes químicos. O medicamento geralmente atua estimulando/inibindo alguma enzima.
Toda ação que um fármaco vai causar é em algo que já existe no organismo.
 Benzodiazepínicos: usados na indução do sono, atuam no receptor do GABA
(neurotransmissor inibitório), potencializando sua ação.
 AINE: dor de estômago, pois bloqueiam a COX.
Ciência nova (final do século XIX), entretanto, produtos com finalidades terapêuticas sempre
foram utilizados como conhecimento popular (ex.: comunidades indígenas).
Boticários (farmacêuticos/médicos preparavam e comercializavam).
Alemanha – grandes indústrias
Medicina natural - drogas
1920 – introdução de medicamentos sintéticos

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A partir do momento que se conheceu e isolou o princípio ativo do produto natural, a indústria
farmacêutica tomou robustez, à medida que os conhecimentos biomédico, fisiopatológico e da
biologia molecular também foram crescendo.

#VEÍCULO PARA TOMAR MEDICAÇÃO É ÁGUA: e não refrigerante, café, chá. As substâncias
presentes no chá, por exemplo, podem reduzir o efeito da medicação ou potencializar um efeito
tóxico e até mesmo do medicamento em si.
Para fim medicamentoso, o chá deve ser utilizado com muita cautela.
#Não é porque é natural que não faz mal.

A farmacologia é baseada na alopatia. Na farmacologia alopática a ação do fármaco é possível


devido às interações com o receptor, o fármaco liga-se a ele e desencadeia a resposta
farmacológica, em concentrações variadas de acordo com o tipo.
A homeopatia possui uma metodologia diferente, “semelhante cura semelhante”
#ALOPATIA: para a farmacologia: a ação das drogas no organismo é possível devido a
interações químicas convencionais; para esta ação também é necessária uma quantidade mínima
da droga (por menor que possa parecer).

#HOMEOPATIA: Método terapêutico que consiste em prescrever a um doente, sob uma forma
diluída e em pequeníssimas doses, uma substância que, em doses elevadas, é capaz de produzir
num indivíduo sadio sinais e sintomas semelhantes aos da doença que se pretende combater.
Semelhante cura semelhante, diluição e dinamização (agitação). “Memórias na água”, pela
elevada diluição.

 FÁRMACO: é uma substância que tem uma estrutura química já definida e tem como
finalidade o uso para um efeito benéfico no organismo.
 DROGA: droga é qualquer substância que cause alguma alteração no funcionamento do
organismo por ações químicas, com ou sem intenção benéfica.
Ou seja, a diferença entre ambos que é que o fármaco trará sempre um benefício, a droga nem
sempre.

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 MEDICAMENTO: forma farmacêutica constituída por um ou vários princípios ativos (o
fármaco em si) e excipientes. Podendo ser usado para fins terapêuticos, profiláticos
(vacinas, cefalexinas pré-cirúrgicas) e diagnósticos (contrastes).
 REMÉDIO: tem um conceito um pouco mais amplo, pois abrange qualquer coisa que faça
o indivíduo se sentir melhor, desde um medicamento até uma massagem ou uma
fisioterapia. Abrange fés e crenças. Água, massagem, caminhada.
Medicamento é o fármaco na forma farmacêutica, o conceito de remédio é amplo. Droga é
uma substância química que pode trazer efeitos benéficos ou não e o fármaco é a
substância química conhecida que traz alterações fisiológicas benéficas.

 Farmacocinética CINÉTICA = MOVIMENTO = MOVIMENTO DO FÁRMACO


É o caminho que o medicamento faz no organismo, todo o seu percurso até chegar ao local de
ação. Não estuda o mecanismo de ação, mas sim as etapas que a droga sofre desde a
administração até a excreção: absorção, distribuição (chega ao local de ação, liga-se ao
receptor e faz o seu efeito), biotransformação (voltou para a corrente sanguínea e sofreu
metabolização) e excreção. Etapas simultâneas, não significa dizer que todas as moléculas do
fármaco passarão por elas em sequência e completamente.

#Leite não trata dor no estômago, mas corrobora com ela, já que a gordura presente nele
estimula a produção do HCl-.
#Remédio não se toma com leite.

 A tetraciclina possui uma afinidade muito grande com cátions divalentes, principalmente o
Ca++ (o leite é rico em Ca++). Ao tomar este antibiótico com leite, será formado quelato,
macromoléculas que não serão absorvidas e serão eliminadas nas fezes.

 Farmacodinâmica: estuda os efeitos fisiológicos dos fármacos nos organismos. O


mecanismo de ação propriamente dito, relação entre concentração do fármaco e efeito
(curva dose-resposta), o efeito do fármaco nos tecidos.

 Farmacotécnica: estuda o preparo, trabalha a manipulação e a conservação dos


medicamentos. O desenvolvimento de novos produtos, relação com o meio biológico,
técnicas de manipulação, doses, formas farmacêuticas, interações físicas e químicas entre
os princípios ativos. Visando conseguir melhor aproveitamento dos seus efeitos benéficos
no organismo.

 A anfotericina B é um antifúngico injetável utilizada no meio hospitalar, presente em 3


apresentações: comum (não é amplamente absorvida, cerca de R$ 30,00), complexo
lipídico (melhor que convencional) e lipossomal (lipossoma é como uma microesfera de
lipídio estivesse englobando o fármaco, uma cápsula pequena facilitando sua absorção,
cerca de R$ 1000,00). É necessária uma maior quantidade de anfotericina B convencional
que lipossoma (fator primordial para a nefrotoxicidade).

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De modo geral, para que um medicamento chegue ao local de ação é necessário que ele seja
lipossolúvel, justamente pela bicamada de fosfolipídios presente na membrana plasmática das
células. Se o fármaco é hidrossolúvel, obviamente terá dificuldade de atravessar esta célula e
chegar ao seu local de ação.

#A sensação de frescor em cremes redutores de medidas é devido à presença de cânfora e


mentol.

 Farmacognosia: cuida da obtenção, identificação e isolamento de princípios ativos a partir


de produtos naturais de origem animal, vegetal (maioria) ou mineral, passíveis de uso
terapêutico.
 Farmacoterapêutica: refere-se ao uso de medicamentos para o tratamento de
enfermidades (farmacologia clínica).
#Terapêutica: envolve não só o uso de medicamentos, como também outros meios para
prevenção, diagnóstico e tratamento das enfermidades. Esses meios envolvem cirurgia,
radiação e outros.

 Imunofarmacologia: área nova que tem se desenvolvido muito graças à possibilidade de


se intervir, através do uso de drogas, na realização dos transplantes e de se utilizar com
fins terapêuticos substâncias normalmente participantes da resposta imunológica. Os
imunossupressores permitem que os pacientes recebam o órgão e não o rejeitem.
 Farmacoeconomia

Em síntese, a FARMACOCINÉTICA avalia o que o organismo faz com o fármaco, seu percurso
até o local de ação - absorção, distribuição, biotransformação, eliminação - determinam a rapidez
e o tempo levado para a droga aparecer no órgão alvo.
A FARMACODINÂMICA avalia o que o fármaco faz no organismo - mecanismo de ação, efeitos
bioquímicos e fisiológicos - a resposta e a sensibilidade determinam a magnitude do efeito dele
numa determinada concentração.

#Normalmente a dose está diretamente relacionada com a resposta, se usada uma dose
subterapêutica (abaixo do indicado) o efeito pode não acontecer, ou se for além do recomendado
pode haver toxicidade; a depender da janela terapêutica (o intervalo em concentração da
dose clínica/terapêutica para a dose tóxica), alguns possuem uma janela muito ampla ou muito
estreita (a dose clínica é muito próxima da tóxica).

 Ex.: Digoxina, janela estreita.

LIGAÇÃO DOS FÁRMACOS COM AS CÉLULAS


Para que haja o efeito farmacológico é necessária uma interação química entre o fármaco e a
célula. É necessário que as moléculas do fármaco fiquem tão próximas às moléculas celulares ao
ponto de alterar sua função.
 AAS: antiagregante plaquetário, inibe a formação de trombos. O AAS inibe a COX,
bloqueando a formação de Tromboxano A2. Ele se liga de forma irreversível, é mais fácil
que o organismo produza mais COX do que quebre esta ligação covalente (extremamente
forte). Em cirurgias é necessário suspender o uso cerca de 1 semana antes para que dê
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tempo o organismo produzir a quantidade de COX necessária para um melhor tempo de
coagulação.
#Normalmente as ligações de fármacos são fracas, pontes dissulfeto, hidrogênio. Um
fármaco que se liga de forma irreversível, normalmente é por ligação covalente.

Fármacos se ligam preferencialmente às proteínas e a DNA

– Principais proteínas-alvo: enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos.


– Receptor: é o local de ligação e interação do fármaco. Usado de forma geral para indicar
local de ligação do fármaco na célula, local de ligação de substâncias endógenas para
algum tipo de ativação.

 Fórmulas farmacêuticas:
Oficinais/Farmacopeicas - cuja fórmula e técnica se encontram inscritas e descritas na
farmacopeia ou em formulários. Ex.: Iodeto de Potássio.
Magistrais – manipulação; são aquelas cuja fórmula é da autoria do clínico e que o farmacêutico
prepara seguindo essas prescrições. O médico define a concentração, se será em
suspensão/solução/cápsula e o farmacêutico produz.
Especializadas – já preparadas e embaladas e que se apresentam sob um nome de fantasia ou
denominação (comum ou científica) da substância ativa que entra na sua composição.
Normalmente preparadas por laboratórios/ indústrias farmacêuticas.

 Formas farmacêuticas:
Forma física na qual o fármaco é administrado, estado final de apresentação que os princípios
ativos farmacêuticos possuem após uma ou mais operações farmacêuticas.

SÓLIDAS
Cápsula
Comprimidos
 Convencionais (neosaldina, dipirona)
 Mastigáveis (“luftal” = simeticona – ação tubo digestório; albendazol/secnidazol -
antiparasitários usados para helmintos, ao mastigar ocorre o aumento da superfície de
contato do medicamento com a parede intestinal, e normalmente os parasitas estão na luz
intestinal, fazendo com que ele possua uma maior área de abrangência).
 Revestidos (a depender do princípio ativo, ele pode ser instável no pH ácido estomacal,
por isso o revestimento para que ele seja protegido deste ácido ou é revestido até mesmo
para proteger o próprio estômago).
 Liberação controlada:
Liberação Sustentada • manter constante a concentração plasmática do fármaco por um
período, geralmente, de 8 a 12 horas, intervalo de tempo maior que a forma convencional. Vai
sendo liberado gradativamente, de forma contínua na corrente sanguínea.

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Liberação Retardada (Revestimento entérico) • As formas de liberação retardada prolongam o
período de latência, ou seja, o intervalo de tempo entre a administração e a detecção do fármaco
na corrente sanguínea. Só é liberado ao nível do intestino, o revestimento entérico protege que
seja degradado no estômago ou é justamente para proteger o estômago de sofrer ação corrosiva
farmacológica.
(1) proteger a mucosa gástrica da ação irritante do fármaco;
(2) proteger o fármaco da destruição pelo suco gástrico;
(3) proteger fármacos melhor absorvidos em regiões definidas do intestino – maioria são
intestinais.

Liberação repetida
Possibilitam a manutenção do efeito terapêutico por um maior período de tempo em relação à
forma convencional, substituindo uma nova administração do fármaco. O paciente não vai
precisar de novas administrações ao longo do dia.
Ocorre a liberação de uma dose individual logo após a sua administração, que se apresenta na
camada mais externa do comprimido, e uma segunda ou terceira doses liberadas de 4 a 6 horas
após a ingestão. É como se fosse um comprimido revestido por várias camadas, a externa logo é
liberada, as mais internas irão demorar, consequentemente o efeito será mais duradouro.

Liberação Prolongada • são disponibilizadas duas doses do fármaco, a primeira, chamada de


dose inicial de liberação imediata, necessária para produzir o efeito farmacológico desejado sem
causar danos ao organismo. A segunda, chamada dose de manutenção, é liberada de modo
gradual, com a finalidade de prolongar a extensão da resposta farmacológica.

#A liberação controlada está diretamente relacionada ao processo de adesão ao tratamento, é


mais fácil aderir a um tratamento medicamentoso de menores quantidades de comprimidos por
dia, diminuindo também o risco de esquecimentos.
CR: Liberação Controlada, DL: Desagregação Lenta, DURILES: Desintegração Equilibrada ,
L: Lenta, LP: Liberação Prolongada, OROS: Sistema Oral de Liberação Osmótica,
REPETABS: Tablete Duplo de Repetição, RETARD: Ação Retardada, SPANDETS:
Comprimido Especial de Liberação Controlada,SR: Liberação Lenta.

 Ex.: Diltiazem (utilizado para angina)


Diltazem Retard 90mg não é equivalente a 3x Diltiazem 30mg
Pois o de 30mg vai ser liberado rapidamente para a corrente sanguínea, 3x30mg seriam 90mg de
uma vez só. A liberação de um Diltiazem Retard de 90mg é gradativa ao longo do dia.
Adesivo
Supositórios
Anel
Óvulo
DIU
Pastilha
Granulado

Implantes (geralmente anticoncepcionais, reposições hormonais)
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LÍQUIDAS
Emulsão – possui gordura, óleo em pequenas gotículas
Solução
Suspensão – produto suspenso; necessário que agite para que as fases não estejam separadas.
Xarope – geralmente com base de açúcar e presença do princípio ativo
Elixir – solução hidroalcoólica
Esmalte
Colutório (gargarejo)
SEMI-SÓLIDAS
Pomada: mais oleosa que o creme
Creme: oleoso, mas é uma emulsão
Gel: normalmente são livres de óleo, Ex.: produtos faciais.
Pasta
Emplasto
Medicamentos ingeridos em solução possuem efeitos mais rápidos que comprimidos, cápsulas,
drágea (que precisam sofrer o processo de desintegração para chegar à forma de pó e sofrerem
dissolução para assim serem absorvidos, são etapas que uma solução não precisa passar).
Medicamentos injetáveis são os mais rápidos de todas as categorias.

 Drágea: comprimido que foi revestido com camada de açúcar. Normalmente o processo de
drageamento é feito para mascarar o sabor do princípio ativo. (Ex.: neosaldina)

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Farmacocinética - Absorção
Aula 02

Só se considera que o medicamento foi absorvido quando ele chegou à corrente


sanguínea. Só o fato de tê-lo ingerido não significa dizer que foi absorvido.

#A via de administração oral não necessita de ciência, diferentemente de outras vias como
a peritoneal, além de ser confortável.
Na via intravenosa não ocorre absorção, esta fase é pulada, pois o medicamento já foi
diretamente à corrente sanguínea, os fatores que interferem na absorção não afetam o
medicamento quando administrado por via intravenosa (pH ácido ou alcalino, molécula ionizada
ou não).
O comprimido foi ingerido, sofreu o processo de liberação (dissociação, dissolução) e foi
absorvido (saiu do TGI e foi à corrente sanguínea). Ao chegar à corrente sanguínea,
compartimento central, este fármaco irá se distribuir. A distribuição e os reservatórios teciduais
dependem da sua característica.
 Tetraciclina possui alta afinidade por Ca++ (cátions divalentes), sendo distribuída
principalmente no tecido ósseo.
 Anticoncepcionais e corticoides possuem alta afinidade pelo tecido adiposo.

Existe a fração que se liga às proteínas plasmáticas (ex.: albumina) e o fármaco livre (efetivo), o
fármaco quando ligado, seja ele com proteínas plasmáticas ou no reservatório tecidual, é inerte.
Só é ativado quando está em sua forma livre, o qual possui a capacidade de chegar ao seu local
de ação terapêutica (em receptores), ou chegar ao local de ação inesperada (efeito adverso),
pode sofrer metabolização e a partir dela ser excretado e eliminado.
Quando o fármaco é livre, ele está em equilíbrio com a fração ligada à proteína plasmática
e também à que está presa aos reservatórios teciduais. A partir do momento em que a fração
livre é metabolizada e excretada, o fármaco ligado é solto, até o momento em que a concentração
sofra decaimento e seja zerada. Estas frações ligadas são importantes para a manutenção da
ação do medicamento no corpo.

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AV1 Em casos de emagrecimentos doentios, as doses medicamentosas devem ser dadas em
reduzidas para evitar intoxicações, já que possuem um número reduzido de proteínas
plasmáticas e de reservatório tecidual (adiposo, por exemplo). O peso do paciente é
importante de ser considerado. Havendo uma maior quantidade de fármaco livre, ele está
exposto para ser metabolizado e excretado, nesse caso, haverá um pico de ação e o efeito
cai rapidamente. Ao estar ligado não faz o efeito, mas também é protegido da
metabolização e excreção.
Dessa forma, essas ligações às proteínas plasmáticas e aos reservatórios teciduais
promovem um maior tempo de ação deste fármaco. Quem está livre liga-se ao receptor
fazendo o efeito, depois é solto, metabolizado e excretado. Ao ser excretado, as frações antes
ligadas às proteínas plasmáticas irão sendo liberadas para ficarem livres e as dos reservatórios
se ligam às proteínas.
A ligação do fármaco à proteína plasmática é como um reservatório itinerante no organismo, mas
não promove ação até ser liberado.
O fármaco livre é o que vai promover o efeito, ser metabolizado chegando aos hepatócitos,
conseguir passar pela filtração glomerular e ser excretado. A fração livre vai sendo excretada
e a ligada (de manutenção) vai sendo liberada, mantendo uma concentração plasmática por
um maior período de tempo.
 Varfarina: anticoagulante, possui alta afinidade à proteína plasmática (98% fica ligada);
rico de hemorragia caso se tome a fenilbutazona (AINE), pois ela possui uma maior
afinidade pela proteína plasmática. Significa dizer que se ambos os fármacos forem
ingeridos juntos, a fenilbutazona irá deslocar a varfarina para sua fração livre; podendo
ocorrer hemorragias, pois mais varfarina (antagonista da vitamina K) estará livre realizando
efeito.
 Fenobarbital: antiepilético (gardenal), utilizado em convulsões. Vai atuar no fígado
aumentando a metabolização de outros medicamentos. Um exemplo disso são mulheres
que fazem uso do fenobarbital, as quais não possuem indicação para utilizar
anticoncepcionais orais ou injetáveis, pois o fenobarbital estimula o fígado a metabolizar o
anticoncepcional mais rápido que o normal, em vez de 24h.
O fármaco livre fica mais susceptível a ter não só o seu efeito aumentado, mas de ser
metabolizado também.
 Glibenclamida: antiglicemiante oral para diabéticos tipo II que atua no organismo como
um secretagogo de insulina (estimula o pâncreas a liberar insulina), aumentando o nível de
insulina circulante e reduzindo a glicemia. A fenilbutazona possui uma afinidade maior à
proteína plasmática que a glibenclamida, deixando-a livre. O paciente apresentará
hipoglicemia, pois haverá uma maior fração livre de glibenclamida na corrente sanguínea,
sendo assim, mais insulina foi liberada reduzindo de forma significativa a glicemia. Após
isso, apresentou hiperglicemia, pois após o pico, esta glibenclamida foi rapidamente
metabolizada, justamente por estar na forma livre.
O fígado metaboliza e o rim excreta. Pacientes normais metabolizam no tempo esperado
conforme prescrito no medicamento;
Se o fármaco é ácido, em um meio básico estará hidrossolúvel. Ácidos e bases fortes são
incompatíveis com a vida.

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 A farmacocinética estuda o trajeto do fármaco desde sua introdução até a absorção,
distribuição, metabolização e a eliminação do fármaco.

Nem todas as moléculas do medicamento passarão pelas vias de absorção, distribuição,


biotransformação e excreção. Ex.: A via intravenosa já pula a etapa da absorção.

ABSORÇÃO
É a passagem de uma substância de seu local de administração para o plasma/ dentro da
corrente sanguínea.
#BIODISPONIBILIDADE: fração do medicamento (inalterada) que chega à corrente sanguínea.
A via intravenosa, como já pula a absorção, possui uma biodisponibilidade de 100%.
Por via oral, raramente haverá 100% de biodisponibilidade, existirão perdas no processo. Alguns
possuem apenas 30%, 80%.

MECANISMOS PARA PASSAGEM PELAS BARREIRAS (Ex.: Hematoencefálica, placentária)

 1ª barreira: membrana plasmática, formada por bicamada de fosfolipídios


Um medicamento para atravessar esta membrana para chegar à corrente sanguínea, passando
pelas células do TGI, utiliza-se de transportes. O organismo é altamente econômico
energeticamente, preferindo sempre os processos passivos.

TRANSPORTES PASSIVOS:
Paracelular - pelos espaços entre células, são estreitos e poucos fármacos conseguem passar
por eles.
Difusão passiva - maioria dos fármacos, preferível pelo organismo. Alguns pré-requisitos são
necessários a isso.
Difusão facilitada
Canais - proteínas transmembranares

TRANSPORTE ATIVO: com gasto de energia, não preferível pelo organismo, pequena
quantidade de fármacos.

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ABSORÇÃO DOS FÁRMACOS: depende de uma associação de tais fatores
Moléculas de baixo peso molecular
Moléculas com transportadores (proteínas
Transmembranares)
Moléculas lipossolúveis
Moléculas não ionizadas (ionizadas possuem
cargas, o fármaco carregado eletricamente
não consegue atravessar a membrana, visto
que moléculas carregadas estão em uma
forma mais hidrossolúvel).

MECANISMO PARA PASSAGEM PELAS BARREIRAS

• Difusão pelos lipídeos – maioria dos fármacos

• Difusão por poros aquosos – minoria dos fármacos (tamanho do poro é menor que
o tamanho do fármaco)

• Proteínas transportadoras (glicoproteínas, difusão facilitada) – captação


ou expulsão de fármacos

• Pinocitose – macromoléculas (Ex.: Insulina no SNC)


#Medicamentos que conseguem chegar ao SNC possuem características mais específicas,
pois a barreira hematoencefálica “veda”, impedindo que a maioria dos medicamentos
chegue a ele.

Fármacos hidrossolúveis só conseguem passar se algo facilitar esta passagem. Na difusão


facilitada não há gasto, mas existem limitações (como saturação proteica, por exemplo).

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TRANSPORTE MEDIADO POR TRANSPORTADORES
Uma proteína transmembranar, que se liga a uma ou mais moléculas ou íons, modifica sua
conformação espacial e os libera no outro lado da membrana.
Glicoproteínas possuem um importante papel na distribuição, absorção e eliminação de
medicamentos.

Principais locais no corpo:


Excreção de medicamentos ao nível desses dois
Túbulo renal
Trato biliar

Barreira hematoencefálica: a depender da quantidade de glicoproteínas, a distribuição deste


fármaco pode ser de uma maneira mais ampla, fazendo com que ele chegue ao SNC ao passar
por esta barreira (pelo auxílio de glicoproteínas)

Trato gastrointestinal: glicoproteínas que interferem na absorção, favorecendo ou prejudicando.


Ex.: alguns antitumorais.
Glicoproteína P: importante papel na absorção, distribuição e eliminação de vários fármacos.
• codificada por um gene de resistência a múltiplos fármacos (antitumorais); trata-
se de uma resistência natural a este antitumoral.
• Limita a absorção oral, pois expulsa os compostos já absorvidos de volta para o
TGI. Influencia na resposta a fármacos dependendo de variações genéticas individuais;

#O intestino é o órgão por excelência de absorção, por suas microvilosidades e aumento


da superfície de contato.

DIFUSÃO ATRAVÉS DE LIPÍDIOS


Substâncias na forma não carregada (não-ionizada ou não- polares) atravessam membranas mais
facilmente através de difusão passiva.
Quando o medicamento está na forma molecular está com uma lipossolubilidade maior e
atravessa a membrana com maior facilidade.
 Difusibilidade é a capacidade que o medicamento vai possuir de atravessar e se
solubilizar no meio lipídico.
Dois fatores físico-químicos contribuem para a permeabilidade (solubilidade) na membrana:
Coeficiente de partição óleo-água – SOLUBILIDADE (para a substância distribuída entre a

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fase da membrana e o ambiente aquoso).
Quanto maior o coeficiente de partição, mais lipossolúvel é a substância, maior a fração do
medicamento no meio oleoso e menor no meio aquoso,
Quanto menor o coeficiente de partição (menor que 1), mais hidrossolúvel é a substância, maior
fração do medicamento na fase aquosa e menor na fase oleosa.

Coeficiente de difusão – DIFUSIBILIDADE (medida da mobilidade das moléculas no interior


do lipídio).

FATORES ENOLVIDOS NO TRANSPORTE DE FÁRMACOS – precisam estar em harmonia


 Peso molecular: moléculas grandes e fármacos pesados não conseguem atravessar por
difusão.
 Grau de ionização: moléculas com cargas interagem com a membrana e não passam,
estando ionizados os fármacos são hidrossolúveis (algo incompatível com absorção por
difusão passiva).
 Lipossolubilidade: a difusão passiva só acontece se o fármaco for lipossolúvel.

EFEITO DO PH NA DIFUSÃO DE FÁRMACOS


A maioria dos fármacos são ácidos ou bases fracas, podendo existir na forma ionizada ou não
ionizada, variando a razão entre as duas formas com o pH.
 O AAS é ácido, então ele é mais facilmente absorvido em um meio ácido. “Semelhantes se
atraem”
Medicamento ácido será melhor absorvido em meio ácido, medicamento básico será
melhor absorvido em meio básico.
+
Os fármacos ácidos (HA) liberam H causando formação de um ânion, carregado negativamente
- + -
(A ): HA ⇄ H + A
+ +
As bases fracas (BH ) também podem liberar H , entretanto a forma protonizada dos fármacos
básicos é carregada, e a perda de um próton libera a base neutra (B):
+ +
BH ⇄ B + H

Um fármaco atravessa membranas mais facilmente se estiver na forma não-carregada (não-


ionizada).
-
Ácido: forma HÁ não-ionizada pode permear membranas e A não. Quando o meio é ácido e o
fármaco é acido, no meio terão muito H+ disponíveis, se o fármaco já é ácido, a tendência é
sempre o equilíbrio; então ele tende a ficar na sua forma molecular, não ionizada. A forma
molecular atravessa a membrana plasmática e é absorvida.

+
Base fraca: forma não-carregada B atravessa a membrana celular, mas não a forma BH .

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AV1 + -
Então: a espécie ionizada (BH ou A possui lipossolubilidade muito baixa, sendo praticamente
)
incapaz de atravessar as membranas, exceto quando existe um mecanismo de transporte
específico.
A presença de cargas torna as moléculas mais hidrossolúveis.

 pKa (constante de dissociação): é a medida da força da interação de um composto com um


próton. Quanto mais baixo o valor do pKa de um fármaco mais forte é o ácido.
Inversamente, quanto mais alto o pKa, mais forte abase
Quando o fármaco estará 50% em sua forma ionizada e 50% de forma neutra;

Ex.: Dopamina: em um meio com Ph 9: vai estar 50% dissociada e 50% na forma molecular. O
pKa é o equilíbrio.
Aspirina: é ácida, num pKa de aproximadamente 3,5; 50% dissociada e 50% molecular,
absorvida melhor no meio ácido -se colocada num meio básico será dissociada totalmente e não
absorvida. Melhor absorvida na porção inicial do intestino delgado.
Cloroquina: pKa em torno de 10,8; base forte e melhor absorvida no intestino; no estômago será
dissociada e não absorvida.
Medicamentos se comportam de formas diferentes de acordo com o meio em que estão.
Ácidos serão melhores absorvidos em meios ácidos, básicos serão melhores absorvidos em
meios básicos.
Mesmo o pH do estômago sendo ácido, a aspirina será melhor absorvida no intestino, na
porção inicial dele, devido suas microvilosidades e maior superfície de contato.

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FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
 Exemplo de medicamento ácido: quando colocado no suco gástrico vai deslocar o
equilíbrio e tender para sua forma molecular, pois o meio já possui um elevado número de
H+. É justamente essa forma molecular que é capaz de atravessar a membrana e chegar
ao sangue. Chegando ao plasma estará encontrando um meio básico (neutro tendendo pro
alcalino). No meio básico não existe a presença do H+, tendendo a neutralizar (ácido e
base formam sal e água), neutralizam o meio, estando agora em sua forma
ionizada/dissociada.
Na forma dissociada não consegue atravessar a membrana. Nesse caso já foi absorvido, pois
estava na forma molecular anteriormente. Ao chegar ao sangue o Ph mudou, isso é importante
para o aprisionamento iônico, o pH básico do sangue não permite que o medicamento retorne ou
fique transitando de um meio para outro.

Aspirina é um ácido fraco, pKa de 2,5 (50% dissociada e 50% molecular). Num Ph 3,0, haverá
menos moléculas de aspirina ionizadas e assim conseguem atravessar a barreira chegando ao
sangue num pH alcalino, aumentando a ionização. Na urina o AAS se dissocia completamente,
pois a urina é aquosa e tem um pH 8, isso é importante para sua excreção. Já a meperidina é
uma base fraca de pKa 8,6 possui um comportamento oposto. Num pH ácido estará totalmente
ionizada e não sera absorvida, indo ao pH alcalino ficará em sua forma molecular, significa que
ela pra poder sair precisará sofrer metabolização hepática (o papel do fígado é transformá-la em
algo hidrossolúvel.

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Absorção - Continuação
Aula 03

Existe absorção por transporte ativo, entretanto, o quantitativo absorvido é pouco. Normalmente
será por difusão passiva, para isso o fármaco precisa ser lipossolúvel (atravessar a bicamada de
fosfolipídios) e ser debaixo peso molecular. O pH vai definir se o fármaco é
lipossolúvel/hidrossolúvel. Por via oral só se consegue administrar ácidos e bases fracas (fortes
são incompatível com a vida), por via intravenosa pode-se administrar um ácido ou base forte
(não alterarão o pH sanguíneo, pela sua diluição própria e diluição no volume sanguíneo. Se
estiver ionizado (com cargas) será hidrossolúvel, já se estiver na forma molecular (neutro) será
lipossolúvel – o grau de ionização está diretamente ligado à lipossolubilidade. Um medicamento
ácido num meio ácido estará na forma molecular (sem necessidade de ionização, o meio já está
acidificado); medicamento no meio básico permanece na sua forma molecular, apolar/sem carga,
perdendo o H+ e liberando sua base neutra, justamente esta forma que disponibiliza a
lipossolubilidade.
- pKa é a constante de dissociação do equilíbrio, em que o fármaco estará 50% dissociado
e 50% em forma molecular.
#Pessoas que possuem lesão renal e usam AINES, podem ter o agravamento desta lesão.
Uma porção inicial do intestino é mais acidificada, existirão variações.

Efeito do pH na difusão de fármacos:


Não há uma total impermeabilidade às formas ionizadas, entretanto, a permeabilidade é muito
reduzida. O pH é importante, mas não é o fator determinante para que a absorção aconteça.
 A superfície de contato é tão importante quanto o pH, além do tempo em que este
medicamento ficará em contato (se a motilidade estiver acelerada devido diarreia,
a absorção não irá acontecer)
 Diarreias próximas ao momento em que o medicamento foi ingerido, a absorção do
medicamento ficou comprometida pelo peristaltismo acelerado. Da mesma forma
ocorre com o vômito. Além disso, um paciente constipado pode ter uma absorção
acentuada de medicamentos.
Absorção do AAS tem sua absorção preferencialmente no intestino, mesmo estando menos
ionizado no pH estomacal.
ABSORÇÃO DE FÁRMACOS
É a transferência de um fármaco desde o seu local de administração até a corrente circulatória.
A rapidez de ação do fármaco depende da velocidade de absorção.
Velocidade de absorção varia com as formas, conforme a via oral (na via intravenosa, a
farmacocinética inicia pela distribuição, pulando a absorção).
Soluções
Suspensões

Cápsula
Comprimido
Drágea

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Intramuscular existe a propagação até a corrente sanguinea, pois o pH tecidual não sofre tanta
variação, não existe muita discrepância de pH.
A via oral é rápida no que se refere à adminstração, maior adesão do paciente, além do menor
curto.
O periodo de latência do fármaco é variado na via oral. O periodo de latência é o intervalo de
tempo desde o momento de administração até os primeiros efeitos surgirem.
Uma drágea necessitará de mais tempo, pois precisa que sua camada externa de carboidrato
seja primeiro digerida, para que assim o comprimido seja exposto e sofra dissolução e
solubilização. A drágea possui um período de latência maior.
As soluções já estão prontas para serem absorvidas, sem precisar da etapa de dissolução e
solubilização. A cápsula gelatinosa do luftal já libera uma solução para ser absorvida, sendo mais
rápido que o comprimido, ficando equivalente a uma solução. Cápsula gelatinosa fica entre
suspensão e solução, entre pó e comprimido são as que possuem o pó dentro.
A suspensão e o pó ficam próximos no tempo de absorção. A solução é a forma mais rápida de
absorção por via oral.

VIAS DE ABSORÇÃO:
 Gastrointestinal: bucal, gástrica, intestinal, retal – todo o tubo digestório. A diferença
da via oral é que ela se refere à deglutição/engolir, já por via bucal o local de
administração é na boca (um antisséptico, sublingual – importante especificar), via
nasogástrica ou nasoenteral, retal (supositórios, enemas). A vantagem da via
sublingual é a rapidez de ação, já que já vai para a corrente sanguínea sendo distribuído
pela circulação sistêmica, diferentemente da via oral em que ele ainda vai passar pelo
sistema porta-hepático para só então ser distribuído pela circulação sistêmica (todo
medicamento por via oral passa pelo fígado e muitas vezes já sofre metabolização logo na
primeira passagem, havendo perda na biodisponibilidade, fração do medicamento
inalterado ao nível sistêmico, igual ao que foi administrado). A finalidade do fígado é
transformar quem é lipossolúvel em hidrossolúvel, por vezes, durante esse processo o
fármaco pode ser inativado (pró-fármacos são inativos e ao passarem pelo fígado
serão ativados). A biodisponibilidade permitida pela via oral é altamente variável (a
depender do veículo, ex.: tetraciclina com leite, que possui alta afinidade por cátions
divalentes, formando quelatos, sendo excretados pelas fezes), levotiroxina se tomada
com o estômago cheio se perde 40% (necessário ser tomada em jejum, 1h antes da
refeição), vitaminas lipossolúveis são melhores absorvidas em refeições mais ricas em
gordura (almoço), em ascites (no edema o fluxo sanguíneo está reduzido, a absorção está
comprometida não somente pelo comprometimento hepático, mas o excesso de líquido no
abdômen dificulta a circulação ao nível intestinal local).
 Via intravenosa: 100% de biodisponibilidade e não existe etapa de absorção.
 Respiratória: brônquica, alveolar, nasal, traqueal
 Subcutânea
 Intramuscular
 Cutânea
 Conjuntival
 Peritoneal
 Geniturinária: vagal, uretral.
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A via oral é ótima na administração, mas existem alguns fatores que interferem na
absorção.

O medicamento foi administrado chegando ao suco gástrico, ocorrendo a dissolução (a menos


que seja protegido do Ph), a absorção ocorre ao nível do duodeno. O esvaziamento gástrico é um
dos fatores que irá contriuir no período de latência do medicamento (intervalo da hora que foi
administrado até os primeiros efeitos surgirem). Caso o estômago esteja cheio, demorará um
tempo maior para que esse medicamento chegue ao intestino. O esvaziamento interfere no
período de latência, se ele demora a chegar ao intestino, consequentemente demora a ser
absorvido. Para cafés da manhã em torno de 9h, em almoço o melhor horário será depois das
14:30h. Chegando ao intestino, ganha a circulação porta, passando para a circulação hepática e
por fim na circulação sistêmica. Todo medicamento que é administrado por via oral passa pelo
fígado, sofrendo ação com essa primeira passagem hepática.

Fatores que afetam a absorção gastrointestinal (ligados ao organismo):


• Motilidade gastrointestinal;
Quadros diarreicos promovem uma redução na absorção medicamentosa. Ex.: anticoncepcionais
por via oral e posterior diarreia, pode não ter sido absorvido em quantidade suficiente para seu
efeito, por isso, é indicado o horário da noite. Nos primeiros 3 meses o organismo estranha,
náuseas e vômitos são comuns no turno da manhã (o problema está nas 4 primeiras horas depois
da ingestão). Em constipações, ocorre o aumento dessa absorção (não há riscos elevados de
intoxicação).
• Fluxo sanguíneo; no edema existe diminuição da absorção, cardiopatas também
possuem absorção reduzida.
• Velocidade de esvaziamento gástrico; quanto mais rápido chega ao intestino, mais rápida
será sua absorção.

ABSORÇÃO X ALIMENTOS
É importante evitar o uso de medicamentos junto a refeições (a menos que seja sugerido em
bulas)
A água é o veículo de administração por via oral, pois é inerte e não interage com as moléculas
do medicamento, o volume ideal é em torno de 250ml.

A ABSORÇÃO É MAIS RÁPIDA QUANDO O FÁRMACO É ADMINISTRADO EM JEJUM COM


QUANTIDADE; FÁRMACOS MUITO LIPOSSOLÚVEIS QUANDO INGERIDOS COM
REFEIÇÕES GORDUROSAS TEM ABSORÇÃO AUMENTADA;

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A absorção é diminuída ou pelo menos retardada devido à diminuição na velocidade de
esvaziamento gástrico.

Fatores que influenciam a Absorção de Fármacos:

BIODISPONIBILIDADE É expressa como a fração do fármaco administrado que tem acesso à


circulação sistêmica. Quantidade de fármaco disponível no organismo para utilização.
Pacientes hepatopatas: metabolismo aumentado - a biodisponibilidade vai cair, metabolismo lento
– maior biodisponibilidade. Em disfunção hepática ocorre o aumento da biodisponibilidade.
Em ICC existe uma congestão ao nível circulatório, não existe um bombeamento eficaz do
sangue. O rim não interfere na biodisponibilidade, mas sim na excreção (final da
farmacocinética).
Absorção adequada não garante biodisponibilidade, devido alguns fármacos serem
biotransformados no fígado antes de atingirem a circulação geral (metabolismo de primeira
passagem).
#Não ter uma boa biodisponibilidade não significa não ter uma boa efetividade do
medicamento.
#A metabolização não deixa o medicamento necessariamente inativo.
 O diazepam é classificado como um benzodiazepínico de ação longa e vai sofrer
metabolização hepática, mas seus metabólitos serão ativos, não perdendo sua efetividade.
 Captopril por via sublingual possui efeito rápido, diminui rapidamente a pressão arterial,
usado em emergências. Já o enalapril (fármaco IECA preferível) não é administrado por
via sublingual por se tratar de um pró-fármaco/ é inativo, sofre metabolização hepática e se
transforma em enalaprilato (forma ativa). Biodisponibilidade não é garantia de efetividade.
O captopril é utilizado por via sublingual, pois já está em sua forma ativa.
Influencia: Resposta clínica, escolha de doses e vias de administração.

FATORES QUE INTERFEREM NA BIODISPONIBILIDADE


Metabolismo hepático de primeira passagem, distribuição com perdas (na via intravenosa já vai
para a circulação sistêmica, não existe metabolização hepática de primeira passagem, sendo logo
distribuído).
Solubilidade do fármaco
Instabilidade química:
 Bezentacil intramuscular: as penicilinas de primeira geração são instáveis em meio
ácido (por isso não existe bezentacil de via oral, seu pH é diferente do tecido e ocorre dor,
além de ser oleosa).
Natureza da formulação do medicamento
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Absorção – Continuação e Vias de Administração


Aula 04

BIOEQUIVALÊNCIA
Dois fármacos correlatos (com mesmos ingredientes ativos) são considerados bioequivalentes se
apresentam biodisponibilidades comparáveis e tempos para alcançar picos de
concentração sanguínea semelhantes. O comportamento de ambos ao nível sanguíneo é
semelhante. Equivalentes terapêuticos. Quando ocorre diferença significativa na
biodisponibilidade são chamados de não- bioequivalentes.

ABSORÇÃO DE FÁRMACOS
A absorção influencia
determinantes o início
de escolha e a de
de vias magnitude do efeito
administração farmacológico
e doses. e é um dos
Quando um fármaco é inadequadamente absorvido, seus efeitos sistêmicos inexistem.
Terminada a absorção, o fármaco é distribuído.
Se a absorção do medicamento tiver uma latência curta, o seu efeito farmacológico acontece
também mais rápido, fator primordial à escolha da via.
Latência: período em que se administra um medicamento e os efeitos passam a surgir.
A dose é o que define a magnitude da ação.

EQUIVALÊNCIA TERAPÊUTICA
Dois fármacos similares são terapeuticamente equivalentes se apresentarem eficácia e
segurança comparáveis.
 Medicamentos referência, Medicamentos genéricos, Medicamentos similares.
MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA
Intercambiável com o medicamento genérico; medicamentos inovadores. Possuem eficácia,
segurança e qualidade comprovadas cientificamente.
Encontram-se há bastante tempo no mercado e tem uma marca comercial conhecida. Patente.
Apresenta registro junto ao ministério da saúde, através da Anvisa.
#O laboratório que investiu, trouxe o medicamento para o mercado, possui o direito de ser
o único produzindo por 8 anos. É o medicamento que foi lançado primeiro no mercado. A partir
dele é que todos os outros serão comparados.

Ex.: o primeiro paracetam de referência é o Tylenol.

MEDICAMENTO
Intercambiável com o medicamento de referência. Testes de bioequivalência, em que se observa
o tempo de dissolução, ação; não há diferença na curva de concentração citoplasmática.
#Contém o mesmo fármaco (princípio ativo), mesma dose, mesma forma farmacêutica,
administrado pela mesma via e a mesma indicação terapêutica do medicamento de
referência.

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Apresenta registro junto ao ministério da saúde, através da Anvisa.
O genérico traz garantia que tem semelhança ao de referência; se é drágea, o genérico deve ser
drágea, mesma concentração, mesma dosagem, mesma via, mesma indicação terapêutica.
Obrigatoriamente possui um “G” na caixa. A lei foi de 1988 para reduzir os custos, mas sem
perder a qualidade. Geralmente possui 50% do valor de referência.
Haverá alguma variação para mais ou para menos na concentração plasmática, mas que fica
dentro de uma faixa. Cerca de 20%. Os genéricos são intercambiáveis com a referência, não com
outros genéricos, justamente por causa destas variações percentuais.

MEDICAMENTO SIMILAR
Possui o mesmo fármaco (princípio ativo), a mesma concentração, forma farmacêutica, posologia,
via de administração e indicação terapêutica do medicamento de referencia, mas não há garantia
de intercambialidade entre eles; não há garantia de bioequivalência.
Também não são intercambiáveis com os genéricos e vice-versa;

São identificados por um nome de marca, mas não foi o primeiroa ser lançado no mercado;
Não são bioequivalentes com genérico e referência; Geralmente possui 30% do valor de
referência. Atenção com o laboratório e preços baixos absurdos. Já que não há teste de
bioequivalência é preciso que se confie na marca.
Apresenta registro junto ao ministério da saúde, através da Anvisa; não vai ser equivalente
ou intercambiável a nenhum.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO

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A via de administração é o local onde o medicamento será administrado e dali
chegará à corrente sanguínea, a maioria das vias vai ter acesso à corrente
sanguínea.
A grande maioria dos medicamentos será excretada pela via renal, mas também uma parte pelas
fezes, mamas (por isso em mulheres que estão amamentando alguns medicamentos são
contraindicados), suor (suor característico de fumantes). (#Comprimido de perfume, lavanda, suor
agradável), a placenta (por isso, gestantes são restritas a certos medicamentos pelo menos nos três
primeiros meses justamente para evitar o risco de má formação fetal). Quando se faz um
medicamento por inalação ele será excretado também pela via pulmonar.
ESSE PRIMEIRO CONTATO, SALVO PARA FÁRMACOS DE AÇÃO LOCAL, SE
PROCESSA LONGE DO EFETOR, ÓRGÃO OU TECIDO QUE SEDIA O SÍTIO DE AÇÃO.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO: SÃO ESTRUTURAS ORGÂNICAS COM AS QUAIS O FÁRMACO


ENTRA EM CONTATO PARA SER ABSORVIDO
Existe a via oral
Via parenteral direta: uso de agulhas para administrar medicamentos.
Via parenteral indireta:
#Nutrição parenteral: diretamente na corrente sanguínea, quando o paciente não é capaz de
absorver os nutrientes pelo TGI.
#Nutrição enteral: no TGI.
CRITÉRIO PARA ESCOLHA DA VIA
Quanto ao paciente – “Compliance” (consentimento, assentimento e concordância)
Patologias existentes – Ex: insulina intravenosa, casos de dislipidemias graves.
Nível de consciência – Ex.: consciência para via sublingual.
Impedimento físico de acesso
Quanto ao medicamento:
– Propriedades físico-químicas: Ex: insulina não possui estabilidade química para ser
administrada por via oral, além disso, ela se trata de uma proteína e seria degradada em
aminoácidos para ser absorvida.
Solubilidade, Estabilidade em meio ácido, pKa
Benzilpenicilina (bezentacil): não é possível via oral, pois é extremamente instável em ambiente
ácido.
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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO
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– Propriedades : sabor, dificuldade principalmente na pediatria.
– Farmacocinéti
– Quanto ao efeito
Sistêmico ou localizado
Latência: intervalo entre a hora que se administra o medicamento e o início dos efeitos. Ex:
Rápido (intravenoso), mais lento (oral).
Duração do efeito: Ex: anticoncepcionais subcutâneos com viabilidade de 3 anos.

FATORES QUE DETERMINAM A ESCOLHA DA VIA


Tipo de ação desejada: sistêmica ou local
Rapidez de ação desejada: sistêmica rápida ou não
Natureza do medicamento: Ex.: bezentacil

LOCAIS DE ABSORÇÃO DE MEDICAMENTOS


• Trato gastrintestinal
mucosa bucal, mucosa gástrica, mucosa do intestino delgado, mucosa retal
• Trato respiratório
mucosa nasal, mucosa traqueal e brônquica, alvéolos pulmonares
• Pele
• Regiões subcutânea, intramuscular e endovenosa
• Mucosa geniturinária
mucosa vaginal
mucosa uretr
• Mucosa conjuntival
PRINCIPAIS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
VIAS ENTERAIS: DENOMINAM-SE ENTERAIS QUANDO O FÁRMACO ENTRA EM CONTATO
COM QUALQUER SEGMENTO DO TRATO DIGESTÓRIO: Quando usa o TGI, o que vai desde
boca até o reto.
 VIA SUBLINGUAL: tipo de via bucal, região específica onde vai acontecer a
absorção, via de emergência.
 BUCAL: local não específico da boca (antissépticos)
 ORAL: “engole” o comprimido
 RETAL
AS DEMAIS VIAS SÃO DESIGNADAS PARENTERAIS, JÁ QUE NÃO UTILIZAM O TUBO
DIGESTÓRIO:
VIAS PARENTERAIS DIRETAS COMPREENDEM AS VIAS ACESSADAS POR INJEÇÕES
(INTRAVENOSA, INTRAMUSCULAR, SUBCUTÂNEA E OUTRAS). Precisam perfurar a pele para
administrar o medicamento.

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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
VIAS PARENTERAIS INDIRETAS: TODAS AS VIAS PELA QUAIS NÃO HÁ NECESSIDADE DE
LESÃO DA PELE (INJETÁVEL). O que não furar a pele e não usar o TGI.

Via parenteral direta:


É a administração de drogas ou nutrientes pelas vias intradérmica (ID),
subcutânea (SC), intramuscular (IM), intravenosa (IV) ou endovenosa (EV).
Exclusiva de médicos: intraóssea, intra-arterial, intracardíaca intrapleural.
Embora mais raramente e reservadas aos médicos, utilizam-se também as vias
intra-arterial, intraóssea, intratecal, intraperitonial, intrapleural e intracardíaca.
Vantagens:
Absorção mais rápida e completa (insulina regular é mais rápida, insulina MPH
mais lenta).
 Maior precisão em determinar a dose desejada.
 Obtenção de resultados mais seguros.
 Possibilidade de administrar determinadas drogas que são destruídas pelos
sucos digestivos.
Desvantagens:
 Dor, geralmente causada pela picada da agulha ou pela irritação da droga.
 Em casos de engano pode provocar lesão considerável, não é possível reversão.
 Devido ao rompimento da pele, pode ocorrer o risco de adquirir infecção.
 Uma vez administrada a droga, impossível retirá-la.
Parenterais diretas são mais caras, no mínimo agulha e seringa, pessoa capacitada;

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FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS (V.O.,
INSTALAÇÃO, VIA RETAL E TÓPICA)

Via Oral (V.O.)


Esta é a via mais utilizada porque é um método simples, econômico, com menor risco de
contaminação para o paciente, e na alta hospitalar facilita a compreensão para o autocuidado,
porém pode apresentar sabor desagradável, provoca irritação gástrica, efeitos sobre o esmalte
dos dentes. (#Custos: medicamentos injetáveis precisam ser formulados numa sala com
pressão negativa, total esterilidade).

Vantagens:
Via de administração mais comum.
Distribuição do fármaco é lenta, evita-se a ocorrência de níveis sanguíneos elevados de uma
forma rápida.
 Plazil – metacropamida: anti-emético que por via intravenosa causa reação de fuga, um
efeito colateral do injetável; por via intravenosa a concentração não vai gradualmente à
corrente sanguínea, na oral sai do nada e vai subindo a concentração gradativamente.M
Menor probabilidade de efeitos
adversos Autoadministração,
econômica, fácil:
Confortável, Indolor
Possibilidade de remover o medicamento (carvão ativado,
lavagem) Efeitos locais e sistêmicos
Formas farmacêuticas: cápsulas, comprimidos, etc...

Desvantagens:
absorção variável (ineficiente)
período de latência médio a longo
ação dos sucos digestivos
Interação com alimentos
pacientes não colaboradores (inconscientes)
sabor
Fenômeno de primeira passagem
pH do trato gastrintestinal

Contra-indicação:
Náuseas e vômitos, diarreias, pacientes com dificuldades para engolir.

Medicamentos que devem ser tomados com o estômago vazio: Necessitam do ambiente
mais ácido do estômago paramelhor absorção - estômago vazio é considerado quando se
está em jejum, ou 1 hora antes ou 2 depois das refeições.
Norfloxacino, Captopril, Omeprazol, Cefalexina, Cefadroxila, Azitromicina, Doxiciclina, Loratadina,
Sulfato ferroso, Rifampicina, Ciprofloxacino (pode ser tomado com refeições leves, desde que não
contenham leite e derivados).
Tomou o medicamento, esperar 30min no mínimo para que ele seja absorvido.
25
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Medicamentos que devem ser tomados com alimentos (estômago cheio), geralmente
medicamentos lipossolúveis: – Cetoconazol, Itraconazol, Hidralazina, Pentoxifilina, Prednisona,
Valproato de sódio, Carbamazepina
Medicamentos que podem ser tomados com o estômago cheio ou vazio: – Alopurinol,
Amoxicilina, Amiodarona, Diclofenaco.

VIA SUBLINGUAL

Na via sublingual medicamento é absorvido de forma rápida, não sofre efeito da primeira
passagem hepática, pois já é distribuído primeiramente. Sua ação é rápida, usada como via de
emergência.
Sua absorção é através dos capilares sob a língua e tem ação mais rápida que a administrada por
V.O. Os medicamentos são colocados debaixo da língua para serem absorvidos diretamente
pelos pequenos vasos sanguíneos ali situados.
• O medicamento difunde-se para a trama capilar e passa diretamente à circulação
sistêmica. Produz efeitos terapêuticos em poucos minutos após administração. Não
apresenta o efeito de primeira passagem. A maioria dos medicamentos não pode ser
administrada por essa via, porque a absorção é, em geral, incompleta e errática.

VANTAGENS DA VIA SUBLINGUAL:


Fácil acesso e aplicação, ideal para fármacos que possuem instabilidade química.
Elevada taxa metabólica (meia-vida curta).
Permite Redução das Dosagens de ½ a 1/4 (dosagem confiável, redução de custos);
Circulação sistêmica
Latência curta
Emergência
Formas farmacêuticas: comprimidos, pastilhas

Por isso se reduz a dosagem por via sublingual. Permite a redução das dosagens. Ex.:
clonazepam por 0,25mg, equivalente a um de via oral por 0,5mg.

DESVANTAGENS:
Pacientes inconscientes: não é possível
Irritação da mucosa
Dificuldade em pediatria
Poucos fármacos são adequadamente absorvidos
26
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
VIA NASAL

MUCOSA BRÔNQUICA E ALVÉOLO

ADMINISTRAÇÃO POR PELE E MUCOSA

Via Tópica ou por Administração Epidérmica – Aplicação de substâncias ativas


diretamente na pele ou mucosa, ou em áreas de superfície de feridas, com efeito local.
Aplicações Vaginais: Usa-se medicamento em forma sólida (óvulos) e semissólido
(pomadas ou cremes).
Aplicação Retal: Usa-se a medicação em forma de supositório.

VIA CUTÂNEA
É a aplicação de medicamentos na pele, direta
A pele apresenta efetiva barreira à passagem de substâncias.
No entanto, medicamentos podem ser administrados por via cutânea para obtenção
fundamentalmente de efeitos tópicos (local).
Adesivos transdérmicos, depende da área, lipossolubilidade (organofosforados são altamente
lipossolúveis);
Sob certas circunstâncias produzem efeitos sistêmicos, terapêuticos ou tóxicos
(Transdérmica).
A absorção depende de área de exposição, difusão do fármaco na derme (alta lipossolibilidade),
temperatura e estado de hidratação da pele.
As formas farmacêuticas comumente empregadas: – Soluções, cremes, pomadas, óleos,
loções, unguentos, geleias.

Adesivos transdérmicos, esses destinados à absorção transcutânea para obtenção de efeitos


sistêmicos.

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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
VANTAGENS:
Minimiza a ocorrência de efeitos adversos sistêmicos (Uso Tópico). Evita o efeito de
primeira passagem.
DESVANTAGENS
Absorção pobre e errática. Irritação local e alergias. Fotossensibilidade - expostos à luz
perdem sua estabilidade quimica.

Via Transdérmica (Uso Sistêmico)


Alguns medicamentos podem ser administrados pela aplicação de um emplasto à pele.
Essas substâncias, às vezes misturadas a um agente químico que facilita a penetração cutânea,
atravessam a pele e chegam à corrente sanguínea.
A via transdérmica permite que o medicamento seja fornecido de forma lenta e
contínua, durante muitas horas ou dias, ou mesmo por mais tempo.
Limitada pela velocidade com que a substância pode atravessar a pele. Apenas
medicamentos que devem ser administrados em doses diárias relativamente pequenas
podem ser dados por via transdérmica. Via de liberação longa e contínua.

VIA RETAL
É a introdução de medicamento no reto, em forma de supositórios e enemas.
Empregada para administração de ação local ou sistêmica
O revestimento fino do reto e a irrigação sanguínea abundante permitem uma absorção
rápida do fármaco.
#50% do fluxo venoso retal tem acesso à circulação porta.
Um supositório pode ter ação mecânica, local e sistêmica
Ação mecânica – desperta o reflexo de defecação devido à presença de um corpo estranho no
reto;
Ação local – ação anti-hemorroidal e anti-parasitária (oxiúros)
Ação sistêmica – princípio ativo passa para a corrente sanguínea

VANTAGENS:
Boa opção para uso pediátrico. Não produz irritação gástrica. Circulação sistêmica
Pacientes não colaboradores (semi-conscientes, vômitos). Impossibilidade da via oral,
impossibilidade da via parenteral.
Formas farmacêuticas: supositórios e enemas(líquidos)

DESVANTAGENS

Lesão da mucosa, incômodo, expulsão. Absorção irregular


e incompleta, pode irritar a mucosa anal, desencadear o
reflexo de defecação. Muitos pacientes tem aversão por esta via.

2
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

Vias de Adminitração - Continuação


Aula 05

VIA INTRAMUSCULAR

O volume administrado deve ir de acordo com o músculo escolhido;


Região do deltoide – 3mL
Região glútea – 3 - 5 mL
Região anterolateral da coxa – 3 mL
Região ventroglútea – até 5 Ml

VANTAGENS:
Fácil aplicação (comparável à IV)
Efeito rápido com segurança
Via de depósito ou efeitos sustentados (anticoncepcionais)
 Decanoato de haloperidol na forma intramuscular possui um efeito de 30 dias (a forma
intravenosa do haloperidol possui apenas algumas horas). Usado em pacientes que
resistem ao tratamento
DESVANTAGENS:
Dolorosa (a depender da natureza do medicamento, sendo oleosa ele precisa de um
espaço no músculo causando dor, quando é aquoso possui maior facilidade de
difusão). Ex.: bezentacil (natureza oleosa) e anticoncepcionais (natureza aquosa).
Substâncias irritantes ou com pH diferente. O pH da pele é levemente ácido puxando
para o neutro, pHs extremos podem levar a lesões.
Não suporta grandes volumes, limite de 5ml a depender do músculo (acima disso
pode haver necrose, extravasamento e lesões teciduais)
Absorção relacionada com tipo de substância
Formas farmacêuticas: injeções – aquosas se difundem melhor no músculo
Solução ou suspensão ( não se pode fazer, porque pode causar obstrução no
vaso) Músculos: deltóide, glúteo, vasto lateral

COMPLICAÇÕES CAUSADAS POR INJEÇÕES INTRAMUSCULARES


O excesso de volume prejudica absorção; formação de abcesso; possível necrose pela diferença
de pH. O ideal é cumprir a quantidade correta.

29
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
VIA INTRAVENOSA OU ENDOVENOSA
Via de acesso diretamente na veia. Não existe limitação de volume na via intravenosa, quem
limita é o paciente. 2L. A via de grandes volumes é a intravenosa.
Pode ter acesso periférico ou acesso central

 Acesso Periférico:
Veias Cefálicas (Mediana e Acessória), Basílica (Mediana), Mediana, Metacarpianas (Dorsal),
Jugular, Femoral, Pedial.
 Acesso central:
Na veia cava são restritos a acessos centrais
Medicamentos vasoativos geralmente são para vasoconstrições, paciente em choque
(hipotensão), a fim de aumentar o aumento da PA. Por isso no acesso central.
Em pacientes que necessitam de uma quantidade elevada de drogas vasoativas é comum
ocorrência de necrose tecidual nas extremidades; alta vasão de noradrenalina. Por isso fazer via
central, pois a vasoconstrição a partir das extremidades afeta a distribuição do fármaco e já inicia
a necrose desde então. Catéter central, triplo lumen. Inserção direta na veia cava.

PICLINE: acesso central de inserção periférica, acesso na veia cava mas a inserção é
perifericamente. Usado em pacientes que precisam de administração prolongada de
medicamentos. Alta durabilidade, até 6 meses, permitindo conforto.

VANTAGENS DA VIA ENDOVENOSA:


Efeito farmacológico imediato: o período de latência da via intravenosa é quase que imediato.
Controle da dose: se consegue saber exatamente, garantia da dose.
Admite grandes volumes: quem limita o volume é o paciente (pacientes renais são mais limitados)
Permite substâncias com pH diferente da Neutralidade (o pH do sangue é levemente alcalino),
devido a alta diluição que o volume de sangue permite.

DESVANTAGENS DA VIA ENDOVENOSA:


Efeito farmacológico imediato: não é possível reversão da administração
Ex.: tramadol injetável (opioide), usa-se também um anti-emético, pois é comum o vômito como
efeito colateral. Por via oral é mais difícil, pois a concentração sérica crescerá de forma gradual.
O efeito esperado é imediato assim como os efeitos colaterais também.
30
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Metoclopramida (plasil): o plasil injetável causa uma reação de fuga. Em gotas por via oral isso
não ocorre. Por via IV os efeitos colaterais são imediatos também.

Material esterilizado; via cara.


Pessoal competente
Irritação no local da aplicação
Facilidade de intoxicação
Acidente tromboembólico (só se pode fazer solução, a fase sólida de suspensões se
administradas na veia do paciente elas podem causar esse acidente tromboembolítico).

VIA ENDOVENOSA – COMPLICAÇÕES


Flebites, tromboflebites (inflamações na região de administração) acidentes embólicos
Infecções
Extravasamento: se extravasar ocorre necrose tecidual (pH diferente na veia não há problema,
mas com o contato com o tecido sim)
Necrose
Sobrecarga circulatória
Choque pirogênico - reação febril devido à presença de pirógenos e contaminação de soluções e
material utilizados na administração por via endovenosa
Reações alérgicas - dependendo disso pode haver um choque anafilático, por isso não é indicado
que façam administrações em farmácias comerciais, exceto anticoncepcionais.

VIA SUBCUTÂNEA
Volume máximo: 1,0 ml – insulina, heparina e enoxieparina
• Absorção constante e lenta
• Implante de Pellets (sobre a pele)
• Substâncias não irritantes (terminais nervosos)
Insulina: absorção mais rápida é na barriga
Prega cutânea para garantir segurança

VIA INTRADÉRMICA
Fácil acesso, mais superficial que subcutânea. Ângulo de cerca de 45º.
Até 0,5ml. Ações locais e sistêmicas.
Ex.: Vacinas e testes alérgenos.

31
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
VIA EPIDURAL (PERIDURAL) E INTRATECAL:

Bom alcance do SNC. A epidural é no canal medular, a intratecal/raquidural é no espaço


subaracnoideo. Via de exclusividade

32
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

Distribuição
Aula 06

#Após absorvido, o medicamento vai chegar à


corrente sanguínea e começar sua
distribuição pelo corpo. Saindo da corrente e
indo aos seus alvos, realizando assim seu
efeito
para posteriormente ser metabolizado
e excretado.
A partir da corrente sanguínea o fármaco
será distribuído aos tecidos, atravessando
os vasos. Existe o equilíbrio da concentração
do medicamento no sangue e no tecido.

Tecidos Suscetíveis: aqueles que sofrem ação farmacológica. A região, o sítio


farmacológico.
Tecidos Ativos: aqueles que metabolizam o fármaco. Normalmente fígado.
Tecidos Indiferentes: funcionam como reservatório temporário. Não possui
nenhuma atividade farmacológica ao se ligar neles. Ex.: tetraciclina nos
ossos (afinidade pelo cálcio), tiopental tecido adiposo.
Emunctórios: aqueles que eliminam o fármaco. Normalmente rins. Excreção: rim,
pulmões, fezes, secreção biliar, suor, lágrimas, saliva e leite materno.

• Depende de fatores fisiológicos e físico-químicos específicos:


Permeabilidade capilar/ Fluxo sanguíneo/ Volume tecidual

• PERMEABILIDADE CAPILAR: é determinada pela estrutura do capilar e pela


natureza química do fármaco. A organização do endotélio do capilar sanguíneo
obedece basicamente a 2 conformações. É a possibilidade de o medicamento
passar por este capilar. Se o medicamento consegue passar, ele é permeável. Isso

33
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1 depende da natureza do fármaco e de como ele se comporta.

34
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

• Capilares periféricos: passagem de substâncias hidrofílicas e/ou de baixo PM,


pelas fenestras entre as células. Substâncias lipossolúveis atravessam as
membranas. Ou seja, ele permite a passagem de ambas as naturezas.
• Capilares centrais (BHE): passagem de partículas extremamente lipossolúveis e
em raros casos, de pequeníssimo PM. Por não possuir fenestras, as substâncias
hidrossolúveis não conseguem passar. São mais restritos. Por isso um medicamento
por vezes não chega ao nível central.
#Anti-hipertensivos, em sua maioria, não chegam ao nível do SNC, dessa forma não
há risco de dependência química.

PERMEABILIDADE CAPILAR
Grande superfície para transporte: área extensa
Levam e captam muitas substâncias para os tecidos
Permeabilidade seletiva, principalmente ao nível central
Através dos capilares há transporte transcelular e intercelular
Diferenças de permeabilidade dos diversos tecidos

POSSIBILIDADE DE MOVIMENTO DOS FÁRMACOS


Do compartimento intravascular para o extravascular (intersticial)
Do compartimento plasmático para o cefalorraquidiano
Do compartimento plasmático para o placentário
Do compartimento plasmático para o tubular renal

PERMEABILIDADE CAPILAR

O endotélio periférico possui as frestas que


permitem a passagem de hidrossolúveis,
e os lipossolúveis atravessam pela
própria membrana. Uma célula endotelial
ao nível central é mais contínua, somente
lipossolúveis são capazes de passar ou
hidrossolúveis de um peso molecular
MUITO reduzido.

fluxo sanguíneo x perfusão


Fluxo sanguíneo: quantidade de sangue que passa por uma secção transversal de um vaso, por
unidade de tempo.
Perfusão: é a razão entre a quantidade de sangue que entra e a quantidade de sangue que sai
de um determinado órgão, tecido ou local. ”Banhar do órgão”.
FLUXO SANGUÍNEO E PERFUSÃO DO TECIDO ALVO: quanto maior o fluxo sanguíneo e a
perfusão do tecido, melhor será a distribuição do fármaco. Para tal devemos contar com uma boa
vascularização.

35
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO #FIQUEI EM DÚVIDA: É o volume líquido no qual o fármaco deve
se dissolver para que todo o fármaco presente no corpo esteja na mesma concentração que no
corpo/plasma. A concentração do fármaco que está no sangue precisa estar em equilíbrio no
tecido. Quanto será necessário do medicamento para que ele consiga chegar ao equilíbrio
entre a corrente sanguínea e o tecido

A distribuição do fármaco está diretamente relacionada com a perfusão. Os 3 órgãos mais


perfundidos e com uma distribuição mais acentuada são o cérebro, fígado e rim. Entretanto, o
cérebro possui a limitação para medicamentos hidrossolúveis que não ultrapassam a barreira
hematoencefálica.

VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS


• Volume real de distribuição = toda a água presente no
organismo (Homem de 70 kg - ~40 L de água)
• Tecidos com maior perfusão = maior quantidade de fármaco
• A tendência é que as concentrações do fármaco no plasma eno
tecido se igualem
• Se o fármaco tiver a capacidade de atravessar as
membranas celulares, então ele também se diluirá no líquido
intracelular, sendo um volume de distribuição maior.

35
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Fármacos lipossolúveis possuem uma tendência a serem distribuídos no tecido adiposo (de
reservatório), atinge o equilíbrio quando estiver igual à corrente sanguínea.

Quando o medicamento está no sangue, ele está em equilíbrio entre fração livre e fração ligada à
proteína plasmática. A albumina possui uma extrema importância na distribuição. No momento
em que a fração livre começa a diminuir, a fração ligada começa a se soltar.
O que está preso no tecido também vai repor a perda.

Somente quem é ativo é o fármaco na fração livre (se o medicamento estiver ligado no
reservatório tecidual ou na proteína plasmática, ele está “inerte”, não realiza efeito, mas também
não é metabolizado e nem excretado).
A fração livre é a que vai fazer o efeito ao ligar-se ao receptor, livre para passar no fígado e ser
metabolizada e nos rins e ser excretada.
Ocorre a queda da fração livre, os que estão com a proteína plasmática serão liberados para
manter o equilíbrio com essa fração livre, o reservatório tecidual vai liberar para manter o
equilíbrio com a porção plasmática.

Ex.: A Varfarina é um anticoagulante (risco de trombose). Possui interações com medicamentos


e alimentos. Antagonista da Vit K. Se ingeridos alimentos ricos em Vit K, haverá competição e o
seu efeito será diminuído. 98% da varfarina sanguínea está presa à proteína plasmática, 2% está
livre no compartimento sanguíneo.
Cetoprofeno (anti-inflamatório) possui uma afinidade maior com a proteína plasmática; sendo
essa afinidade maior, haverá competição e deslocamento do equilíbrio, ficando livre uma
quantidade maior de proteína plasmática para fazer efeito. As petéquias visíveis são justamente
pela ação anticoagulante exacerbada.

Outro fator que pode elevar este efeito é a baixa de quantidade de proteínas plasmáticas, por
desnutrição, visto que a quantidade de fármaco livre será maior e sua ação será tóxica. Esta
ligação permite o controle de liberação para manter-se o equilíbrio.

Idade: o envelhecimento traz mais desidratação, a média é de 70Kg mas deve ser ajustado
à altura;

36
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

Distribuição dos Fármacos


Aula 07

Quanto mais lipossolúvel o medicamento, maior será o seu volume de distribuição.


Conseguindo ser distribuído tanto na região central quanto periférica.
Reservatórios de FÁRMACOS:
 Fígado (quinacrina)
 Gordura (tiopental)
 Osso (tetraciclina, afinidade pelo cálcio)

 Tiopental: classe dos anticonvulsivantes (também consegue agir como sedativo)


Muito utilizado na indução de anestesia. Normalmente no proceso de anestesia é utilizado um
coquetel. Perde o efeito muito rápido: devido sua distribuição.
Os órgãos que são mais irrigados recebem a maior quantidade (encéfalo, rim e figado, por
isso mairo concentração). Com o passar do tempo, isso muda, lozalizando-se mais na parte
periférica (musculos e tecido adiposo). Com 8h, a sua acumulação é no tecido adiposo em maior
quantidade. Essa demora é justamente por causa da irrigação de cada órgão, os mais
perfundidos recebem essa chegada inicial.
O tecido adiposo é pouco irrigado, dessa forma, a distriuição é mais lenta.
37
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
LIGAÇÃO DOS FÁRMACOS AOS TECIDOS
O tecido adiposo é um importante local de ligação de fármacos lipossolúveis; porém, é pouco
irrigado.
O suprimento sanguíneo limita o acúmulo e também a saída de fármaco do tecido adiposo;
#Por vezes, ocorre redistribuição possibilitando que ainda o efeito farmacológico do
medicamento mesmo depois de interromper sua administração.

Anticoncepcionais injetáveis:
O acúmulo de anticoncepcionais por via oral é muito pequena.
Anticoncepcionais injetáveis são de dose maior, a dificuldade de engravidar após a interrupção de
seu uso é devido à distribuição. São administrados por via intramuscular e bastante lipossolúveis,
a dificuldade de engravidar é decorrente do seu acúmulo no tecido adiposo. As mulheres que
usam os trimestrais injetáveis possuirão dificuldades de até mesmo 2 anos.
#Exame de dopping: detecção pelo acúmulo também no tecido adiposo.

Demais exemplos: Benzodiazepinicos, hidroxicloroquina, amiodarona. Ao estar circulando, não


necessariamente pode estar fazendo efeito.
Uso contínuo de alguns medicamentos pode levar ao acúmulo no tecido – BZDs
Os ossos também são alvo do acúmulo de fármacos – Tetraciclina (antibiótico de afinidade com
o cálcio). Alguns bebês podem nascer com má formação óssea devido ao uso de tetraciclina por
gestantes. Crianças com colorações amarronzadas na dentição. No adulto, o uso prolongado
pode amarelar os dentes.
Normalmente com substâncias muito lipossolúveis, o tecido de maior afinidade é o tecido
adiposo. Podem levar ao prolongamento da ação por recirculação do fármaco ou retorno do efeito
após algum tempo.

DISTRIBUIÇÃO
Órgãos mais bem irrigados recebem maiores quantidades de fármacos
A distribuição em tecidos pouco irrigados pode demorar de minutos a várias horas (pele,
músculos, tecido adiposo)
A velocidade de distribuição costuma ser maior que a de metabolização e de excreção, isso
permite que se tenha o pico de concentração plasmática. Se a velocidade fosse acompanhada,
não seria possível o medicamento chegar ao seu local de ação. Importante para o efeito
farmacológico.

38
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
O medicamento lipossolúvel ao chegar à corrente sanguínea já é direcionado ao SNC por ser
altamente irrigado. Depois chega ao sistema musculoesquelético e outros órgãos menos
irrigados, a concentração sobe de maneira mais lenta (algumas horas), pois a irrigação é menor.
Já no tecido adiposo, a concentração sobe de forma lenta, mas já de modo a possibilitar o seu
acúmulo, a queda ocorre muito tardiamente.
#A amiodarona passa 100 dias para ser eliminada.

DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO ORGANISMO

DISTRIBUIÇÃO

Quando o medicamento se distribui, a fração que está no tecido de reserva estará em equilíbrio
com a fração da corrente sanguínea. O que está na corrente sanguínea fica em equilíbrio com o
que está ligado à proteína plasmática. Quem está ligado ao tecido adiposo está em equilíbrio com
o interstício e com a corrente sanguínea. A fração ligada à proteína plasmática vai estar em
equilíbrio com a fração livre do medicamento. O efeito farmacológico ocorre somente pela fração
livre do fármaco, o restante está inerte, somente depois que as moléculas livres são
metabolizadas e excretadas haverá a liberação de outras frações. Como um EQUILÍBRIO
DINÂMICO.
Quem é hidrossolúvel precisa de algo que facilite a passagem. Só sofre metabolização e
excreção o fármaco que estiver na sua forma livre.
39
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
 Desnutrição: pela diminuição de proteínas plasmáticas (como albumina), a dosagem do
fármaco deve ser relacionada ao peso, sendo menor pelo alto risco de intoxicação, pelo
fato de ter muito medicamento na fração livre. Já em obesos deve ser maior.
Além disso, é necessário que se tenha o compartimento de reserva para que não esteja todo em
fração livre na corrente sanguínea. Essa alta dosagem também aumenta a quantidade de efeitos
adversos, e efeito terapêutico é mais rápido, e a metabolização e excreção também.

DISTRIBUIÇÃO PEDIÁTRICA

As proteínas plasmáticas estão mais reduzidas em crianças. No idoso a quantidade é normal,


mas a afinidade é reduzida. Tecido adiposo no idoso é maior, em crianças é menor.

VELOCIDADE E EXTENSÃO DE DISTRIBUIÇÃO DEPENDEM:


Fluxo sanguíneo tecidual; o mais perfundido a velocidade é maior;
Propriedades físico-químicas; lipossolúvel atravessa com mais facilidade;
Características da membrana de transporte;
Ligação a proteínas plasmáticas.
Algumas substâncias podem ser levadas ao seu local de ação ligadas às proteínas, devido a
sua baixa solubilidade no plasma (Exs.: Vit A, Vit E, corticosteróides). Quando chega ao local de
ação se desliga. Essa proteína ajuda no transporte e distribuição.
LIGAÇÃO DOS FÁRMACOS ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS

A albumina é alcalina e possui maior afinidade para drogas ácidas. Normalmente as ligações
são de acordo com a característica do fármaco. Isso depende da concentração e afinidade.
Mesmo que um fármaco possua maior afinidade, o fármaco que estiver em maior concentração
vai ter uma maior facilidade para se ligar.

40
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

O tempo de meia vida do fármaco é aumentado quando ele estiver ligado à proteína
plasmática.

1) Quando o máximo de concentração plasmática acontece rapidamente, efeito do fármaco é


mais rápido, mas também ele é logo metabolizado e excretado.
2) Quando está preso na proteína plasmática, a concentração livre é menor também. O que
sairá para ser biotransformado e excretado é também uma concentração menor. A fração
que está presa à proteína plasmática passará um período maior. Seu efeito é mais
contínuo. Quando está na proteína é como se estivesse inerte, não faz efeito, não sendo
nem metabolizado nem excretado até o momento em que se solte e fique na fração livre.
Essa ligação permite que ele permaneça na corrente sanguínea por mais tempo e sua
ação seja contínua.
Fármacos encontram-se preferencialmente ligados a proteínas (concentração
terapêutica já inclui essa ligação)
Varfarina: anticoagulante oral, antagonista de vitamina K (cuidado com alimentos).
INR - normal é até 1, abaixo de 1 é risco de trombose, maior que 1 é risco de hemorragia.
A varfarina possui afinidade de mais 90% com a proteína plasmática. Apenas de 5-2% estão na
fração livre fazendo o efeito de anticoagulação de fato.
Uso do cetoprofeno: AINE, afinidade com o mesmo sítio de ligação com a proteína plasmática;
eles competem pelo mesmo lugar com a proteína plasmática. Nesse caso, por sua afinidade e
concentração maior, a varfarina é deslocada ficando uma maior concentração livre na circulação
plasmática, aumentando sua ação farmacológica, risco de hemorragia.
Quem perde o espaço com a proteína plasmática possui seu efeito
farmacológico aumentado.
O cetoprofeno possui uma maior afinidade à proteína plasmática. A intoxicação ocorre por
interação medicamentosa.
#A enoxeparina é uma heparina de baixo peso molecular, consequentemente, sua ação é mais
reduzida e só atua no fator X da cascata de coagulação. Uma varfarina possui mais sítios de
ligação. A enoxeparina é mais cara, injetável.

41
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Albumina – é básica e se liga a fármacos ácidos (Ex.: sulfonamidas)
Glicoproteína ácida α1- fármacos básicos (Ex.: amitriptilina)
A quantidade de fármaco ligado às proteínas depende:
Da concentração de fármaco livre, normalmente está em equilíbrio com a proteína, da
concentração da proteína plasmática (hipoalbuminemia e risco de intoxicação) e da afinidade
pelos sítios de ligação.

• As ligações são normalmente reversíveis; se ele se ligasse de forma irreversível o


efeito farmacológico não seria possível.

• A ligação de um fármaco às proteínas limita sua concentração nos tecidos e em seu


local de ação;

• A concentração para obter um efeito clínico é inferior à quantidade necessária para a


saturação das proteínas;

• Alguns fármacos atuam em concentrações plasmáticas nas quais a ligação às


proteínas aproxima-se da saturação. Não é obrigatório que todas as proteínas
plasmáticas estejam ligadas ao fármaco.

Fração livre (responsável pelo efeito farmacológico) aumenta com:


Hipoalbuminemia (cirrose, síndrome nefrótica, desnutrição grave) - medicamentos ácidos ficarão
em maior quantidade na forma livre aumentando seu efeito e consequentemente os efeitos
colaterais também.
Velhice (↓capacidade de ligação) – com o aumento da idade se diminui a capacidade de o
medicamento ser ligado à proteína plasmática. Uma afinidade mais reduzida.

Ex.: deslocamento por interação medicamentosa - O cetoprofeno possui uma maior afinidade
pela proteína plasmática do que a varfarina, competindo com ela pelo mesmo sítio de ligação,
ocorrendo o deslocamento da concentração de varfarina e aumento de sua fração livre,
consequentemente, aumento do seu efeito e riscos de hemorragias.
DESLOCAMENTO POR AFINIDADE À PROTEÍNA PLASMÁTICA

42
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
a) Dose menor e maioria do fármaco ligado à proteína. Baixa fração livre. Afinidade alta com
proteína plasmática. Atinge-se a ação farmacológica sem saturar a proteína plasmática.
Ex.: varfarina.
b) Dose terapêutica de fármaco maior que a quantidade de proteínas plasmáticas disponíveis.
Saturaram-se as proteínas. A fração livre é maior. Ex.: cetoprofeno.
c) Mistura medicamentosa: ocorre deslocamento do equilíbrio. Risco de intoxicação pelo
aumento da fração livre do medicamento (sua ação normal ocorre em baixos níveis).
Ex.: varfarina+cetoprofeno.
DESLOCAMENTO POR AFINIDADE À PROTEÍNA PLASMÁTICA
DEVE-SE EVITAR USO CONCOMITANTE
FENILBUTAZONA: atua deslocando a varfarina
VARFARINA + FENILBUTAZONA/AAS: do seu sítio de ligação à proteína plasmática, risco de
HEMORRAGIA
hemorragia.
SULFAMETOXAZOL + GLIBENCLAMIDA:
SULFAMETOXAZOL (antibiótico)
HIPOGLICEMIA DIGOXINA GLIBENCLAMIDA (secretagoga, atua aumentando a secreção de insulina,
+ VERAPAMIL:
hipoglicemiante), o uso dos dois leva à hipoglicemia. O sulfa desloca a glibenclamida da proteína
INTOXICAÇÃO DIGITÁLICA
plasmática, aumentando sua fração livre e consequentemente o seu efeito hipoglicemiante será
acentuado. A hiperglicemia seguinte foi devido a pico de glibenclamida e seu efeito hipoglicemiante
acentuado, posteriormente cai de forma mais rápida, sendo logo metabolizada e excretada.
DIGOXINA (cardiotônico, gera força de contração para as fibras cardíacas) + VERAPAMIL (antiarrítmico) –
risco de intoxicação digitálica – excesso de digoxina. Fármacos de via oral, a margem de segurança da
digoxina é muito estreita. O aumento da fração livre de digoxina leva a essa intoxicação, sua dose clínica é
muito próxima da dose tóxica, medicamento de alta vigilância, risco de PC.
FENITOÍNA (anticonvulsivante) + FENILBUTAZONA (AINE, alta afinidade pela albumina, gera risco de
intoxicação por aumentar o efeito farmacológico do medicamento que está sendo administrado
concomitantemente a ela ) - AUMENTO DEPRESSÃO CENTRAL. Fenitoína atua nos receptores do GABA
(receptor inibitório), potencializa seu efeito; atua no receptor, deixando ele mais tempo aberto para
entrada maior de cloreto (inibidor ao nível central). Usados juntos, a fenilbutazona vai deslocar a fenitoína
para uma maior concentração livre e há risco de gerar depressão central, podendo levar até mesmo a uma
PCR.
Pequenas alterações na fração de medicamento ligada podem temporariamente dobrar ou
triplicar a concentração de droga livre no sangue, aumentando a atividade farmacológica
até que o reequilíbrio ocorra. A amplitude desta compensação vai depender da
biotransformação da droga e/ou sua eliminação.
1) Quanto maior for sua concentração livre, maior será o
efeito como também sua metabolização excreção. Pico de
ação e decai rapidamente.
2) O fármaco livre atua e sua concentração cai
gradativamente, por isso o tempo de meia vida é
aumentado. 43
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

Distribuição dos Fármacos – continuação e Metabolização


Aula 08

Barreira hematoencefálica: não chegam fármacos hidrossolúveis


Barreira placentária: é mais uma barreira anatômica do que farmacológica Leite materno

BARREIRAS BIOLÓGICAS

A barreira hematoencefálica é uma barreira lipídica, impede fármacos hidrossolúveis. É uma


barreira farmacológica. Ao nível do SNC apenas quem passa é quem tem lipossolubilidade ou
hidrossolúveis com transportadores.
#Em inflamações, penicilina pode ser administrada por via intravenosa e consegue chegar
porque devido à inflamação ocorreu o rompimento da barreira hematoencefálica, favorecendo a
passagem do fármaco. Em casos não inflamatórios, a administração seria por via intratecal.

DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS NO SNC

Os espaços deixados pelas células de defesa favorecem a passagem do fármaco.

44
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Células endoteliais dos capilares com junções de oclusão contínuas:
Transporte transcelular

Fármacos ionizados, por estarem na forma hidrofílica, não ultrapassam a barreira. Ficando
restritos na corrente sanguínea. Enquanto fármacos lipossolúveis passam por difusão passiva ou
aqueles que possuem mediadores também conseguem.

FÁRMACOS X PENETRAÇÃO NO SNC


Drogas apolares / Lipossolúveis
Tamanho molecular reduzido (álcool) – atinge o SNC por ser pequeno também
Elevado coeficiente de partição óleo/água (barbitúricos e anestésicos gerais)

PROPRIEDADES DE FÁRMACOS E PERMEABILIDADE A BHE

Quanto maior o coeficiente de partição, maior será a permeabilidade.


Exceto Vimblastina e Vincristina: apesar do alto coeficiente de partição, esses antitumorais
possuem um peso molecular muito grande.

DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS NO SNC


• Glicoprotéina P presente na barreira hematoencefálica (BHE) –
45
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
dificulta entrada de fármacos: ela expulsa o medicamento depois de ter passado.
• Acontece com antiretrovirais e loperamida (opióide) – administração com
inibidores da glicoproteína alteram a absorção (quinidina e ritonavir)
• Permeabilidade alterada pela inflamação (meningite) e isquemia
• Muitos antibióticos são rapidamente expulsos do SNC, pela glicoproteína P
• O estresse extremo pode alterar a permeabilidade a algumas drogas
APRISIONAMENTO IÔNICO – se consegue restringir o fármaco em alguma região de acordo
com o seu pH.
A ionização de fármacos explica vários fatos clínicos como, por exemplo, o motivo pelo qual existe
uma diminuição de efeitos sedativos dos antagonistas histamínicos (H1) de segunda geração.
A primeira geração sempre vai ser um fármaco recém-descoberto, apresentando ainda inúmeros
efeitos colaterais (bruto). Fármacos anti-histamínicos de primeira geração trazem a ação
bloqueadora da histamina, principalmente alérgica, mas traz efeitos colaterais como o sono e
aumento do peso. A histamina ao nível central atua no estado de vigília e também atenua o
apetite. Um de primeira geração vai possuir efeito central, porque normalmente se encontram na
forma não ionizada, atravessando a membrana de forma mais fácil.
Os fármacos Antagonistas histamínicos (H1) de segunda geração encontram-se ionizados (forma
hidrofílica) no plasma sanguíneo fisiológico ocasionando uma diminuição da difusão através da
barreira hematoencefálica, diminuindo assim a interação com o sistema nervoso central. Ficando
aprisionados na corrente sanguínea, sem conseguir atravessar.
Já os de primeira geração encontram-se não ionizados no plasma, logo, são mais apolares e
possuem um nível de difusão membranar elevado, podendo alcançar o sistema nervoso central
com mais facilidade. Por isso um alegra não dá tão sono quanto um fernegam, por exemplo. Pelo
aprisionamento iônico, já que não atravessa as membranas celulares do SNC.

BARREIRAS BIOLÓGICAS

Ao nível farmacológico a placenta não é uma barreira tão eficaz. O que vai definir a passagem
do fármaco à placenta está relacionado ao peso molecular do fármaco. Um fármaco pequeno

46
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
consegue atravessar facilmente a barreira placentária e atingir consequentemente o feto, a
chegada até ele é muito fácil porque a parede do capilar do cordão umbilical é muito fina.
Alguns transportadores placentários também pode auxiliar a passagem.
A glicoproteína P ajuda na eliminação de fármacos, servindo como barreira, conseguindo expulsar
o fármaco de dentro da placenta.

Gestantes são muito restritas aos medicamentos:


O retardo permite que numa cesariana, a raquianestesia não atinja o feto. O momento em que se
administra o fármaco até a retirada do RN é rápido, por isso ele não é anestesiado.
Existe também aprisionamento iônico no feto. O plasma fetal possui um pH neutro ligeiramente
mais ácido que o pH materno (o plasma sanguíneo é mais alcalino cerca de 7,4), podendo ocorrer
aprisionamento de fármacos mais básicos, ficando em sua forma ionizada, restrito nessa região.

BARREIRA PLACENTÁRIA

Vasos sanguíneos do feto – revestidos por uma única camada de célula;


Velocidade pequena de transferência; Difusão passiva
Difusão limitada a fármacos hidrossolúveis; Equilíbrio mãe-feto – 10-15 min

A losartana traz efeito de teratogenicidade em coelhos, não sendo indicada para mulheres em
idade reprodutiva. Os três primeiros meses são os mais arriscados para malformações. O
uso de álcool e drogas passa para o feto, por isso uma maior irritabilidade, choro.
Talidomida: potencial antiemético, teratogênica. Membros curtos. Ainda é utilizada contra a
hanseníase, porém, mulheres em idade reprodutiva devem levar testes de gravidez negativos,
assinar termos até depois de 6 meses, no mínimo depois do tratamento concluído.

DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS PELA PLACENTA


Glicoproteína P presente na placenta – limitar a exposição fetal
Fármacos administrados a mãe podem chegar ao feto, desde que tenham condições
adequadas
Álcool, antibióticos, morfina, heroína – atravessam a placenta
Placenta pode metabolizar substâncias – metabólitos mais ou menos tóxicos
Tragédia da Talidomida

47
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
POSSIBILIDADE DE MELHORA NO TRANSPORTE DE FÁRMACOS
Pró-fármacos – precursores inativos metabolizados a metabólitos ativos, normalmente se usa um
pró-fármaco quando o fármaco ativo não possui uma boa absorção e distribuição. O pró-fármaco
chegando ao nível hepático sofre metabolização e se transforma em um fármaco ativo.
Normalmente pró-fármaco são mais lipossolúveis.
Ex.: enalapril, o fármaco ativo é o enalaprilato. A absorção e distribuição do Enalaprilato
não seriam tão boas.

POSSIBILIDADE DE MELHORA NO TRANSPORTE DE FÁRMACOS

O pró-fármaco consegue chegar em maior quantidade à corrente sanguínea, havendo


potencialização do efeito.
Ex.: Levodopa – pode ser administrada por via oral para ser transformada em Dopamina
no cérebro. Geralmente é usada em Packinson.

Quando o paciente tem Parkinson, a característica principal é a redução de dopamina ao


nível central. Redução da substância negra. Não se usa dopamina porque ela não atravessa a
barreira hematoencefálica, dopamina central fica na região central e a periférica fica na região
periférica, não há troca. Além disso, ela é vasoativa havendo efeito cardiovascular, seria
necessário acesso central (não existe comprimido de dopamina). Levodopa não possui proteção,
se for usada pura, a concentração de dopamina central será muito pequena pois existe a enzima
em todos os locais, sendo convertida em dopamina apenas periférica, havendo aumento dos
efeitos cardiovasculares e menos efeitos dopaminérgicos ao nível central.
A levodopa é usada com Carbidopa. A carbidopa apenas inibe a dopa descarboxilase,
consequentemente protege a levodopa na periferia. Levodopa atravessa a barreira
hematoencefálica, a carbidopa não. Concentrando levodopa na região central, sendo convertida
em dopamina e aumentando sua concentração ali. Menos efeitos adversos cardiovasculares e
efeito farmacológico maior devido a essa associação.
48
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Pró-fármacos – precursores inativos metabolizados a metabólitos ativos.
Ex. Zidovudina – antiviral usada no tratamento do HIV, fosforilada à forma ativa apenas em
células que contêm Transcriptase Reversa. Para que ela se transforme em fármaco ativo, ela
precisa sofrer essa fosforilação, transformando-se em trifosfato de zidovudina. Atua bloqueando a
síntese viral.

PRÓ-FÁRMACOS RECÍPROCOS: Caracterizam-se por seu transportador, diferentemente dos


pró-fármacos clássicos, também possuir atividade terapêutica. Dessa forma, pode-se obter pró-
fármaco com atividades terapêuticas diferentes ou semelhantes, atuando por mecanismos da
ação diferentes ou iguais; é como se fosse uma associação entre dois pró-fármacos associados a
um transportador.
Transportador é quebrado,
restando dois fármacos.
Uma molécula é absorvida
e dentro será quebrada para agir.

Conjugados anticorpo-droga – tentativa de terapia seletiva para o câncer

Drogas antitumorais associadas a anticorpos. Especificidade para o medicamento,


restringindo. As células tumorais sinalizam algo de errado. Essa associação permite uma
seletividade maior dos antitumorais, diminuindo a sua citotoxicidade.

49
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
METABOLIZAÇÃO/ BIOTRANSFORMAÇÃO
A metabolização existe com a finalidade justamente de excretar, ajudar na eliminação. Na
metabolização inicia-se o processo de eliminação.

LOCAL DE BIOTRANSFORMAÇÃO DE FÁRMACOS


Ocorre principalmente no fígado (mais de 90%) por este possuir um complexo enzimático
bastante eficiente para tal (REL e microssomas). Outros locais: rim, epitélio gastrintestinal,
pulmões e plasma.
É essencial para a eliminação do fármaco do organismo e cessação da sua atividade
biológica e farmacológica. Em geral o fármaco fica na forma mais hidrofílica, facilitando sua
eliminação.

A função de metabolizar não é INATIVAR o medicamento, é certo que a maioria sofre inativação.
Quando o fígado vai metabolizar é pegar um fármaco que é lipossolúvel e transformá-lo em
hidrossolúvel. Por isso que na metabolização já se inicia o processo de eliminação, pois é
necessário pegar o fármaco que é lipossolúvel e transformá-lo em hidrossolúvel para que seja
eliminado pela urina. Não serão eliminadas substâncias lipossolúveis na urina. Nesse processo,
pode acontecer a perda do efeito a depender do fármaco e tipo de ação que será realizada.
Ex.: O pró-fármaco é um fármaco inativo que sofre metabolização e se converte em um fármaco
ativo.
Metabolização é para transformar quem é lipofílico em hidrofílico. Não é regra ser inativado,
mas a maioria será. Pró-fármacos: alguns se tornam mais ativos, outros mais tóxicos.
Não necessariamente a molécula que foi biotransformada perdeu seu efeito farmacológico.

Ex.: o enalapril é mais lipossolúvel, mas a sua forma ativa que é o enalaprilato é mais
hidrossolúvel e consegue se ligar ao seu receptor na ECA e bloqueá-la.

Inativação: maioria dos fármacos são inativados ou transformados em metabólitos


menos ativos.
Exs.: Morfina, cloranfenicol, propranolol

Metabólito ativo a partir de fármaco ativo: o fármaco


ativo é metabolizado a metabólito ativo
Exs.: fenacetina (se converte em paracetamol),
codeína (vai ser convertido em morfina,
seu efeito analgésico é pronlongado).
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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Ativação do fármaco inativo: pró fármacos precisam ser metabolizados para serem ativados
Exs.: prednisona (fármaco ativo: prednisolona), bacampicilina (ampicilina)

FÁRMACOS ATIVOS – METABÓLITOS ATIVO

Diazepam: benzodiazepínico de ação longa, seus metabólitos permanecem com ação no SNC.

Ausência de metabolismo: alguns fármacos são excretados na forma inalterada, sem sofrer
metabolização.
Exs.: penicilinas, pois possui característica hidrofílica.

Os medicamentos possuem certas características (lipofilicidade, pouca ionização em pH


fisiológico, ligação com proteínas plasmáticas) que levam a uma baixa excreção renal e a um
longo tempo de ação no organismo, necessitando, portanto serem biotransformados.
Fármacos hidrossolúveis não necessitam de biotransformação para serem eliminados e são
excretados normalmente intactos (in natura), já os lipossolúveis conseguem retornar à corrente
sanguínea quando passam pelos rins. Hidrofílicos já são eliminados.
Fármacos lipossolúveis são mais passíveis de sofrer biotransformação por atravessarem mais
facilmente a membrana celular.
#Quando o fármaco consegue entrar com facilidade, pra sair terá dificuldade. Lipossolúveis são
absorvidos por difusão passiva, para serem excretados precisarão passar por biotransformação.
Já hidrofílicos que têm dificuldade para entrar e necessitam de transportadores, por exemplo,
saem rapidamente.

QUAL É O OBJETIVO DA BIOTRANSFORMAÇÃO?


Deixar o fármaco mais hidrossolúvel (polar) para poder aumentar a taxa de excreção renal e
diminuir o seu volume de distribuição (quanto mais hidrofílico, menos consegue se distribuir no
corpo). A biotransformação existe não para deixar o composto menos tóxico, mas para deixá-lo
mais fácil de ser eliminado do organismo.
Os sistemas enzimáticos muito diferentes entre as diferentes espécies; isso dificulta estudo em
animais para prever o metabolismo em humanos, o que não é toxico para um pode ser tóxico
para outro. A maior quantidade de enzimas metabolizadoras está no fígado, intestino
delgado e intestino grosso.
Envolve dois tipos de reação bioquímica:
Reações de fase I: oxidação, hidrólise... Um fármaco pode sofrer o mesmo tipo de reação de fase
I várias vezes. Mesmo assim pode não conseguir ser eliminado, sendo necessárias reações de
fase II.

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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Reações de fase II: Geralmente ocorrem sequencialmente. Ambas as etapas diminuem a
lipossolubilidade, aumentando, assim, a eliminação renal da droga.

FASES DO METABOLISMO DO FÁRMACO

AAS: sofre reação de fase 1, se converte em ácido salicílico, reação de fase II é anabólica,
um conjugado vai se unir com o fármaco para conseguir ser excretado. O substrato é o que
vai ajudar o fármaco ser eliminado. Sozinho não atinge a hidrossolubilidade.
REAÇÕES DE FASE 1: CATABÓLICAS
As reações de fase 1 quebram a molécula em estruturas mais simples podendo levar a
inativação, ativação ou potencialização das ações farmacológicas.

 O Citocromo P450 é muito importante no metabolismo. É um conjunto enzimático


responsável pela metabolização hepática em geral.
Reações não sintéticas ou catabólicas
Oxidação, Redução, Hidrólise

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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Resultam em produtos, em geral, mais reativos quimicamente e, portanto algumas vezes
mais tóxicos ou carcinogênicos do que a droga original.
Preparam a droga para sofrer a reação de fase II.
Uma das principais enzimas responsáveis pela oxidação é superfamília do citocromo P450
(hemoproteína)
Monoxigenases que contêm flavina (FMOs)
Enzimas hidrolíticas – hidrolisam, principalmente, os metabólitos gerados pelo Cit P450;
estão presas ao citocromo.

CITOCROMO P450
Existe uma variedade dessas enzimas – diferem na sequência de aminoácidos e no
substrato alvo
Mais de 50 enzimas CYP identificadas em humanos, apenas 12 são responsáveis pelos
medicamentos. Presentes no retículo endoplasmático liso.

Existem substâncias que serão metabolizadas por vários tipos de citocromos, e existem enzimas
de citocromo que vão metabolizar várias outras substâncias.
São responsáveis também pela síntese de compostos endógenos (prostaglandinas, esteróides).
Polimorfismos podem alterar alguma enzima – interferência no metabolismo: asiáticos
possuem dificuldade para metabolizar álcool devido diferenças nas suas enzimas dos citocromos.
São encontradas principalmente no fígado (90 a 95%), mas também no TGI, pulmões, rins e até
mesmo SNC.
Embora existam muitas, apenas 12 CYP seriam suficientes para metabolizar quase todos os
fármacos.
Variações no padrão de expressão do CYP influenciam diretamente o metabolismo do fármaco.
Fatores genéticos como polimorfismo ou fatores ambientais como abuso de substâncias podem
alterar o padrão de expressão de CYP.

Algumas substâncias competem pelo sítio ativo do CitP450 mas não são substratos, dessa forma
53
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
causando sua inibição enzimática.
(Cetoconazol: inibe um tipo de CYP, comprometendo o metabolismo de alguns antivirais,
principalmente se eles forem um pró-fármaco)
Outros fármacos são indutores de CYP e podem aumentar seu próprio metabolismo e de
outras drogas. (Hormônios esteroides e erva-de-são-joão)
Fenobarbital (gadernal, não se recomenda o uso dele com anticoncepcionais) – indutor
enzimático, responsável por estimular as enzimas do citocromo a aumentarem a sua
metabolização enzimática. Ocorre aumento na ação das enzimas, metabolizando tanto ele quanto
anticoncepcionais por exemplo.
As CYP relacionadas ao metabolismo de substâncias endógenas são mais específicas que
aquelas para substâncias exógenas.
Terfenadina – era um pró-fármaco que dependia da metabolização hepática para sua forma
ativa Antigo anti-histamínico.

Pró-fármaco dependente da metabolização por uma CYP para formar molécula ativa
Eritromicina (antibiótico) e cetoconazol inibem esta CYP40 que ativa a terfernadina e a
transforma em fexofenadina.
Diminuição do seu metabolismo e consequente aumento da forma livre no sangue
Toxicidade – arritmia potencialmente fatal. Retirada do mercado
Comercialização de seu metabólito ativo – Fexofenadina (Alegra)

Normalmente um fármaco indutor também induz seu próprio metabolismo também.


Não é indicado que mulheres que fazem uso de anticonvulsivantes usem
anticoncepcionais. Isso porque, normalmente os anticoncepcionais orais possuem uma
durabilidade de 24h. Quando se usa carbamazepina, fenobarbital (anticonvulsivantes), eles são
indutores enzimáticos, o metabolismo dos anticoncepcionais fica mais rápido e a duração ficará
diminuída, favorecendo gravidez.
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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
MONOXIGENASES QUE CONTÊM FLAVINA (fmo), atuam na fase 1 e estão ao nível hepático.
• Outra super-família de enzimas de fase I
• Expressas em altos níveis no fígado
• A FMO3 é a mais abundante – metabolismo da nicotina, anti-histamínicos H2
Sua deficiência genética causa a síndrome do odor de peixe - Incapacidade de
metabolizar a trimetilamina.

REAÇÃO DE FASE II
• Reações sintéticas ou anabólicas ou de conjugação
• Resulta em “compostos inativos”
• Existem algumas exceções (por ex: minoxidil, um ativador dos canais de
potássio, utilizado no tratamento da hipertensão). – Torna-se ativo.
• Metabólito oriundo da fase I conjuga-se com uma substância endógena
• Geralmente derivada de carboidrato ou aminoácidos
• Formação de uma substância mais polar, para facilitar a excreção pela urina.

O citocromo gerando reação de hidroxilação, após isso ocorre conjugação com UDP, isso com
sulfonação ocorre a liberação de 50% na urina.
Sofrer fase 1 e fase 2.
Reações que exigem energia
Tipos:
Glicorunidação
Acetilação
Metilação
Sulfatação
Conjugação com glutationa

Acontecem no citosol – exceção à glicuronidação (RE)


São reações rápidas

SUBSTRATOS:
Ácido glicuronico: fármacos ácidos, básicos, fenóis, álcool, glicuronídeos altamente polares e
excretados como conjugados. Ex: Esteróides, morfina, cloranfenicol, salicilatos, propofol.
Sulfato: cloranfenicol, fenóis, esteroides sexuais;
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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Acetato: sulfas, clonazepam, isoniazida
Glutationa: ácido etacrínico, bromobenzeno
Glicina/glutamina: ácido salicílico, ácido benzoico, ácido nicotínico

56
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

Metabolização

Aula 09

As reações de fase 2 normalmente são de conjugação, sendo necessário um substrato que


liga-se ao fármaco para poder favorecer sua excreção. Dentre essas substâncias está o ácido
glicurônico, acetilcoenzima A.

GLICURONIDAÇÃO
Catalisada pela ENZIMA UDP-glicuroniltransferase (UGT)
Catalisam a transferência do glicuronil para um substrato- formação do glicuronídeo, dessa
forma, o conjunto “fármaco-glicuronídeo” consegue se excretado.

Existem 19 genes que codificam UGT - diversidade


UGTA1 – responsável metabolismo da bilirrubina (é hidrofóbica e precisa ser excretada)
Problemas genéticos e alguns fármacos (antibióticos como cloranfenicol, gentamicina) podem
comprometer esse metabolismo da bilirrubina – causando a hiperbilirrubinemia ou icterícia.
Para que a bilirrubina seja excretada, ela precisa sofrer conjugação com o ácido
glicurônico, quando essa UGTA1 não é produzida, ocorre icterícia.

SULFATAÇÃO

Catalisadas pelas enzimas Sulfotransferases (SULT)


Acontecem no citosol
Substratos endógenos e exógenos
Responsáveis pela catálise do colesterol na pele
Possui 11 isoforma de SULFT
Geralmente, resulta em fármacos ativos

A tendência é de que os metabólitos produzidos nas reações de fase I sejam ativos e os de


fase II sejam produzidos metabólitos inativos.
Entretanto, alguns fármacos podem ser ativados com a conjugação (ex.: minoxidil). Quando
ocorre essa ativação por conjugação, normalmente é pela sulfatação.

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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
CONJUGAÇÃO COM GLUTATIONA
Glutationa-S-transferase (GST)
Catalisa a transferência de glutationa
A concentração de glutationa nas células é geralmente muitoalta

#Chineses e coreanos podem não expressar algumas GSTs: pode estar relacionado ao
desenvolvimento de alguns cânceres e à gravidade dos efeitos tóxicos de alguns
fármacos, justamente os que seriam excretados por elas.

#GSTs podem inibir cinases ativadas por quimioterápicos em células tumorais: excesso de
GSTs está associado à resistência a certos antitumorais

Normalmente, para que os antitumorais atuem eles devem alterar a reprodução celular. A ação
dos antitumorais é “enganar” as células, normalmente são análogos a substâncias necessárias à
síntese proteica de uma determinada célula. A maioria dos antitumorais análogos precisam ser
ativados, como se fossem pró-drogas, quem realiza esta ativação são justamente as cinases
(ligam a molécula ao trifosfato), pois o antitumoral sozinho não consegue ser absorvido. As
pessoas que têm grande quantidade de Glutationa-S-transferase, a tendência é que as cinases
sejam inibidas. São essas cinases que ativam os antitumorais, nesse caso de hiperprodução
dessas enzimas, ocorre resistência pelo fato de os antitumorais não serem ativados e
consequentemente não serem absorvidos pelas células.

N-ACETILAÇÃO
N-acetiltransferases (NATS)
Distribuídas por vários tecidos
Acetil proveniente da acetilcoenzima A
Deficiência de NATs – efeitos tóxicos da isoniazida (antibiótico usado na tuberculose, excretada
pela n-acetilação)

58
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
METABOLISMO DO PARACETAMOL

A tendência de metabolização normal do paracetamol é 90% ser transformado em metabólitos


sulfatados e glucoronizados, ou seja, sofrem o processo de glicoronização e sulfatação.
Apenas 8-10% irão ser metabolizados pelo CITOCROMOP450 do tipo 2E1 e 1A2, por essa
metabolização será formada a benzoquinona, sendo a responsável pela hepatotoxicidade.
Mesmo sendo produzida, a glutationa é capaz de transformá-la em ácido mercaptúrico,
consequentemente neutraliza a hepatotoxicidade.
Dessa forma, a possibilidade de uma hepatotoxicidade ser gerada por quantidades pequenas de
paracetamol, desde que o indivíduo esteja em condições normais de alimentação e sem ingestão
de álcool, é muito reduzida.
 Na dengue, a febre é intensa, e, por vezes, o paciente não respeita o intervalo entre as
doses do paracetamol (6h – 6h) além de permanecer várias horas em jejum. Nesses
casos, em vez do paracetamol ser metabolizado por glicoronização e sulfatação, ele tende
a ser metabolizado pelo citocromo, pois o jejum e o excesso bloqueiam a rota que levam
aos metabólitos inativos, havendo elevada produção de benzoquinona. Numa alimentação
normal, a glutationa advinda da alimentação poderia gerar o ácido mercaptúrico e não
haver hepatotoxicidade.
O jejum prolongado traz deficiência da glutationa, pois ela é oriunda da alimentação e seria
necessária à formação do ácido mercaptúrico.
A isoniazida faz parte do tratamento da tuberculose
 O álcool usado de forma crônica inibe o efeito do medicamento, pois estimula o
citocromoP450, dessa forma, todos os medicamentos que forem usados a tendência é que
sejam metabolizados mais rapidamente “perdendo o seu efeito”. No caso do paracetamol,
o aumento da atividade do citocromo leva à intoxicação por benzoquinona.

59
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
O álcool usado de forma aguda leva ao risco de intoxicação, porque bloqueia
a metabolização hepática do medicamento.
 N-acetil-cisteína é um xarope que se liga à benzoquinona e produz conjugados
cisteínicos. Mesmo no jejum, essa associação da N-acetil-cisteína ao paracetamol, seria o
substrato para benzoquinona se converter em conjugados cisteínicos, e o risco de
hepatotoxicidade por paracetamol seria diminuído. A proteção hepática é justamente pela
associação da N-acetil-cisteína à benzoquinona, formando conjugados cisteínicos. N-
acetil-cisteína é um antídoto para a hepatotoxicidade do paracetamol.

FATORES QUE MODIFICAM A METABOLIZAÇÃO DE FÁRMACOS


Idade: RN não possui maturidade hepática, não realizam conjugação necessária à eliminação
do fármaco, levando à intoxicação por acúmulo dele.
Doença: hepatopatas e nefropatas, se não tiver uma metabolização não haverá excreção
renal, já que a metabolização existe para pegar o medicamento que é lipossolúvel e
transformá-lo em hidrossolúvel. O rim só consegue excretar se o fígado tiver metabolizado. Se
O rim também não estiver excretando, haverá acúmulo de metabólitos na corrente sanguínea.
Genética: Ex.:síndrome do odor do peixe podre.
Ambientais: indução ou inibição enzimática ao nível do fígado.

INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: FÁRMACO X FÁRMACOS

a) Indução enzimática: é o aumento da atividade das enzimas hepáticas e, portanto,


aumentodaatividadedebiotransformação das substâncias e consequentemente
excreção. Isto faz com que haja um aumento da depuração plasmática e diminuição do
tempo de ação farmacológica do(s) fármaco(s). Isso pode levar à diminuição da
concentração plasmática do fármaco. Como consequência, existe a perda ação deste
medicamento. O efeito farmacológico é reduzido e a eliminação ocorre de forma mais
rápida, devido a uma maior transformação do que é lipossolúvel em hidrossolúvel.

Se o metabólito na indução for transformado em algo ativo, o efeito farmacológico não será
muito alterado. Mas se a metabolização o transformar em algo inativo, o efeito farmacológico
será reduzido.

Esta situação pode ocasionar acúmulo de metabólitos tóxicos no organismo, que ainda não
tiveram tempo de ser excretados.

Ex: Uso de anticonvulsivantes (carbamazepina, fenobarbital) com anticoncepcionais orais. A


maioria dos anticoncepcionais orais é utilizada apenas 1x por dia, isso significa que eles possuem
um tempo de cobertura por 24h, que será perdido pelo aumento do metabolismo devido o uso dos
anticonvulsivantes. Por isso não e recomendado que mulheres que usam anticonvulsivantes
como a carbamazepina e o fenobarbital fazerem uso de anticoncepcionais orais, pelo risco maior
de gravidez.
Etanol crônico, inseticida DDT, etc.

60
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
O indutor enzimático leva ao aumento não apenas do outro fármaco associado, mas
também dele mesmo.

b) Inibição enzimática: É a redução da atividade das enzimas e, portanto, diminuição


atividade de biotransformação das substâncias. Ocorre o aumento do tempo de ação
farmacológica do(s) fármaco(s), levando ao risco de intoxicação. Inibição leva ao risco de
intoxicação, se as enzimas hepáticas estão inibidas, o fármaco não vai ser metabolizado,
ficando mais tempo circulando. Se a transformação da substância lipossolúvel em
hidrossolúvel não ocorre, ela será reabsorvida ao nível renal não sendo eliminada. Mais
tempo circulando = risco de intoxicação.

Ex: omeprazol (atua como inibidor enzimático, mas também como indutor) X varfarina
(anticoagulante). Outros: cimetidina, cloranfenicol (antibiótico), etc

 O omeprazol bloqueia a metabolização da varfarina, aumentando o risco de hemorragia


devido o acúmulo dela no organismo, já que o seu metabolismo não vai ocorrer no tempo
previsto. Ação prolongada e risco de hemorragia.
 Obs.: o omeprazol atua em grupamentos enzimáticos, inibindo ou estimulando-
os.

O cetoconazol (antifúngico inibitório)

#Pró-fármacos: precisam sofrer metabolização para sofrerem efeito. Se for usado um


inibidor enzimático, o efeito farmacológico não vai ocorrer.

 O omeprazol atua como inibidor enzimático na relação com o clopidogrel. Quando o


paciente usa essa associação, o clopidogrel não realiza sua ação de antiagregante
plaquetário, já que ele é um pró-fármaco e as enzimas que o ativariam são inibidas. Por
isso a indicação de uso do pantoprazol como protetor gástrico, pois ele não interfere na
metabolização do clopidogrel.

61
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

ENZIMAS QUE SOFREM INTERFERÊNCIA DE INDUTORES E INIBIDORES ENZIMÁTICOS

MAO – metabolizam aminas

INDUÇÃO ENIZMÁTICA
Aumenta a velocidade de biotransformação hepática dos fármacos

Consequênias:
• Diminui a meia-vida sérica do fármaco
• Diminui os efeitos farmacológicos se os metabólitos
forem inativos (se forem ativos, esses efeitos não serão tão
reduzidos);
• Aumenta a toxicidade se os metabólitos forem tóxicos. Ex.
paracetamol (benzoquinona).
• Citocromo P450 é rapidamente
induzido por muitos fármacos.
• Geralmente os agentes indutores são o próprio substrato
para a enzima;
• Pode aumentar a atividade do metabolismo de fase II.
• Pode aumentar a toxicidade de um fármaco devido à produção
de um metabólito tóxico.
• Ex: etanol e barbitúricos aceleram a biotransformação do Paracetamol.

62
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
Acetaminofeno (paracetamol)
Ciclofosfamida (antitumoral)
Propofol (anestésico)
Rifampicina (antibiótico - tuberculose, endocardite)
O fenoparbital e rifampicina são os principais representantes da indução enzimática

INIBIÇÃO ENZIMÁTICA

• Aumenta a meia vida do fármaco

• Aumenta os efeitos farmacológicos se os


metabólitos forem inativos;

• Perda do efeito se o metabólito for ativo (pró-fármacos),


já que precisam da metabolização para serem ativados
(o pouco que consegue é uma dose subterapêutica,
incapaz de realizar efeito)

Álcool de forma crônica induz, de forma aguda inibe a metabolização.


 Álcool com o diazepam (depressores do SNC) é uma interação perigosa. O álcool se
usado de forma aguda com o diazepam, além da depressão central, ele diminui a
metabolização do diazepam (que já possui um efeito prolongado). Nesse uso, a depressão
do SNC pode ser tão intensa ao ponto de gerar uma deficiência cardiorrespiratória e o
paciente vir a óbito.

63
Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1
INTERAÇÃO FARMACOCINÉTICA: METABOLISMO

No normal o medicamento mantém-se numa concentração constante no organismo. Quando é


usado um inibidor enzimático, ocorre aumento da concentração do fármaco na corrente
sanguínea e consequentemente levar a picos máximos tóxicos.
No caso de um indutor, a concentração plasmática é tão diminuída que o máximo que consegue
atingir refere-se ao mínimo do normal antes da indução.

INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: ÁLCOOL X FÁRMACOS


Ingestão crônica = faz aumentar o metabolismo de fármacos em aumento ao teor hepático de
enzimas como a MAO e a citocromo P-450, acelerando a depuração plasmática dos fármacos -
indução enzimática.
Ingestão aguda = faz inibir o metabolismo dos fármacos, prolongando e intensificando seus
efeitos (especialmente no caso de depressores do SNC) - inibição enzimática.

FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR A BIOTRANSFORMAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Idade: Indivíduos neonatos (deficientes em realizar a glicuronilação, pela imaturidade hepática) e


idosos têm diminuição de quantidade / atividade de enzimas, diminuindo com isto a velocidade de
biotransformação (fármaco circula por mais tempo) e se tornando mais susceptíveis a efeitos
tóxicos, pois não metabolizam e excretam no mesmo tempo que um adulto jovem.

Ex: síndrome do bebê cinzento, causada pelo uso de cloranfenicol (antibiótico), que
pode culminar em depressão respiratória, colapso cardiovascular, cianose e morte.
Antibióticos de modo geral são muito específicos para bactéria. O cloranfenicol interfere a
síntese proteica da bactéria e atua na subunidade de cromossomos bacterianos, em um RN,
o cloranfenicol não era metabolizado e acumulado no organismo, em grandes quantidades
passou a se ligar não somente aos ribossomos bacterianos, mas também nos ribossomos
humanos, principalmente aos mitocondriais, levando à morte das mitocôndrias, havendo
queda na respiração celular (quadro clínico de depressão respiratória e consequente
cianose).
Adultos normais metabolizam normalmente o cloranfenicol, não havendo interação com o
cromossomo humano e mitocôndrias.
Fatores Genéticos: Ocorrência de polimorfismos, onde indivíduos podem ter maior ou menor
quantidade de certas enzimas metabolizadoras no organismo, afetando com isto a velocidade de
biotransformação.
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Odontologia – UNINASSAU 3º PERIODO

FARMACOLOGIA GERAL –
AV1

Orientais não conseguem metabolizar o álcool da mesma forma que as demais populações.
Normalmente o álcool sofre metabolização tanto ao nível de peroxissomo, quanto catalase e pela
enzima álcool desidrogenase. Esses 3 mecanismos levam à produção de um acetaldeído, ele é
extremamente tóxico (justamente responsável pela ressaca, mal-estar, vômito) quando
acumulado. A ezima aldeído desidrogenase (presente na mitocôndria) o converte em acetado,
que é eliminado sem grandes problemas. Orientais possuem deficiência na enzima aldeído
desidrogenase, sendo mais susceptíveis à intoxicação pelo álcool pelo acúmulo da forma tóxica
acetaldeído.
Existem 2 tipos de alelo para o ALDH, o 2*1 e o 2*2. Somente o alelo ALDH2*2 está presente em
aproximadamente 50% dos descendentes de Japoneses e Chineses. Normalmente a população
em geral apresenta esses alelos pareados, tanto o 2*1 quanto o 2*2.
Pessoas que contém este gene tendem a acumular quantidades tóxicas de acetaldeído mesmo
após um uso moderado do álcool. Os sintomas deste acúmulo são: rubor facial, aumento da
pressão arterial, taquicardia, dores de cabeça, náuseas e vômitos. Consequentemente estas
pessoas criam uma aversão ao álcool.
Pessoas em que o alelo ALDH 2*1 está pareado com o alelo ALDH2*2 apresentam uma resposta
mais amena para estes efeitos

INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: REAÇÃO TIPO DISSULFIRAM


Dissulfiram é um fármaco utilizado contra o alcoolismo. Ele vai bloquear a aldeído desidrogenase.
Interação entre álcool e dissulfiram: Caracterizada por rubefação, cefaléia, náuseas e vômitos, e
taquicardia (REAÇÃO TIPO DISSULFIRAM).
Baseado nisso, dissulfiram tem sido usado no manejo de pacientes com dependência
alcoólica. Dissulfiram interfere no metabolismo do álcool por meio da inibição irreversível da
enzima acetaldeído desidrogenase, levando ao aumento de acetaldeído, responsável pelos
sintomas desagradáveis.
#Deve ser utilizado com cautela e mediante consciência. A depender da quantidade de álcool que
é ingerida concomitantemente, pode haver necessidade de hospitalização.
Fármacos indutores de reações do tipo dissulfiram na presença de álcool:

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