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Introdução à farmacologia

Farmacologia:
• Ciência que estuda as interações entre os medicamentos e os constituintes do organismo, bem como a aplicação
deste conhecimento à medicina.
• Tem uma relação estreita com outras áreas (Química, medicina, genética, fisiologia)

Perspetiva Histórica
Pré-história
• Feito por tentativa e erro
• Experiência própria ou observação de efeitos em animais

Exemplo: ingestão de plantas ou bagas, aplicação cutânea

China
Shennong - Pai da agricultura e da medicina chinesas
• identificou e descreveu centenas de plantas com valor medicinal → criou o Herbário

Antigo Egito
Papiro de Ebers : Registo médico/farmacológico mais antigo, incluindo diversos “remédios”
Remédios: alivia podendo não tratar, inclui fármacos/ medicamento/ chás …

Grécia Antiga
Hipócrates - Pai da medicina (ética médica)
Dioscórides - Escreveu “Da Matéria Médica”

Roma Antiga
Galeno - foi o pai da Farmácia galénica e um fisiologista experimental

Idade média
• Conhecimentos de Farmácia e Medicina estavam “preservados” nos mosteiros
• Surgem as primeiras farmácias de venda direta ao publico (Bagdade)

Itália, florença
Primeira Farmacopeia- contém muitas das receitas (indica como preparar preparações farmacológicas)
Medicamentos manipulados – medicamento prescrito individualmente pelo médico para um dado doente, tendo a
frente escrito a sigla FSA (Faça segundo a arte) indicando que deve consultar a farmacopeia
Paracelsus (Mt imp)
• A alteração do equilíbrio dos constituintes químicos do organismo leva à doença
• Conceito Dose-Resposta: “Todas as substâncias são venenosas; não há substância que não seja um veneno. A dose certa
diferencia um veneno de um remédio” (Maior dose→ maior resposta)

França
Claude Bernard
• Propôs o local de ação do fármaco (junção neuromuscular)
• Pai da medicina experimental moderna, uma vez que teve a necessidade de estudar o local de ação dos
fármacos e permitiu que se percebe-se como é que o medicamento atua

Paul Ehrlich
• Introduziu os conceitos “recetor” e “quimioterapia”
• Nobel (1908)
Stanislas Limousin
• Introduziu diversos dispositivos terapêuticos: conta-gotas, inalador de oxigénio, ampolas de vidro

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Alexander Fleming Placebo
• Descobriu a penicilina Não é um medicamento, é uma substância
• Devido a isto surgiram antibióticos inocula e inativa que é incapaz de se ligar a
um determinado alvo e ter uma resposta
Louis Lasagna fisiologica, mas que muitas vezes acaba por
• Pai da Farmacologia Clínica ter um efeito fisiológico positivo
• Conceito de “ensaio clínico controlado” e de “efeito placebo”

Conceitos fundamentais em Farmacologia


Sub-áreas da Farmacologia
Toxicologia (Farmacotoxicologia) - Efeitos adversos e efeitos de sobredosagem de fármacos (tóxicos)

Efeito tóxico Efeito/reação adverso


Surgem quando se toma doses mais elevadas do que Reações adversas podem ocorrer quando se toma a
o recomendado dose recomendada

Farmacocinética - Efeitos do organismo no fármaco (circuito do fármaco no organismo) ADME


Farmacodinâmica - efeitos do fármaco no organismo e os seus mecanismo de ação
Farmacogenética/ Farmacogenómica - diferença na resposta dos indivíduos aos fármacos, devido a genética

Fármaco /principio ou substancia ativa (Mt imp)

• Agente capaz de modificar/alterar as funções do organismo (não significa que corrija)


• Substância, diferente de um alimento ou de um artefacto (ex: placebo), que se utiliza para diagnóstico, alívio,
tratamento ou cura de doenças, assim como para a prevenção das mesmas (vacinas)

Origem:
• Natural (extraídos a partir de uma fonte animal, vegetal, mineral)
• Sintética (síntese química ou biotecnológica, ou seja, usando um organismo vivo como bactérias)
• Semi-sintética (uma parte é extraída e o fim da síntese é feita em lab)

Tipo:
• Biofármaco (medicamento biológico) – dimensões elevadas (ex: proteína, ác. nucleico)
• Pequena molécula (químico)

Medicamento (mt imp)

• Substância ou associação de substâncias, estranhas ao corpo, que possui propriedades curativas ou preventivas de
doenças e dos seus sintomas, atuando em alvos fisiológicos
• Pode ser usado para diagnóstico médico ou para restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas.
• Tem que poder ser utilizada ou administrada no ser humano
• Um medicamento pode conter um ou mais fármacos e excipientes, como tal tem as msm propriedades

Ex: aspirina ácido acetilsalicílico

Substância ativa: Toda a matéria de origem humana, animal, vegetal, química que isoladamente ou em combinação
com uma ou mais substâncias, desempenha a atividade pretendida para o medicamento.

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Excipiente: Qualquer matéria-prima que, incluída nas formas farmacêuticas, se junte às substâncias ativas para servir-
lhes de veículo, possibilitar a sua preparação ou estabilidade, modificar as suas propriedades organoléticas ou
determinar as propriedades físico-químicas e a sua biodisponibilidade.
Estão junto as substâncias ativas mas não interagem com alvos fisiológicos
Entidade reguladora: INFARMED (mais rigor para ser aprovado logo tem mais eficácia e segurança)
Nomenclatura (como se designam fármacos)
Mais usada
Nome químico do fármaco: formula química
DCI (denominação comum internacional) - designação adotada para substâncias ativas de medicamentos, de
acordo com regras definidas, que não pode ser objeto de registo de marca ou nome.
Nome do medicamento (nome comercial) - denominação pela qual o medicamento se encontra aprovado e que
consta da respetiva A.I.M.
Tipos de medicamento:
Uso:
• Humano Doente: paciente que esta realmente doente
• Veterinário Utente: paciente que não se encontra doente

Modo de ação
• Ação tópica – atua no local de aplicação (cremes e gotas oculares)
• Ação sistémica - atinge a corrente sanguínea e tem um efeito generalizado

Alvo terapêutico
• Organotrópico – atua no organismo humano
>IMP.
• Etiotrópico - atua no agente patógeno

Prescrição (feita por médicos ou médicos dentistas)


• Medicamento sujeito a receita médica (MSRM) – só são vendidos em farmácias e parafarmácias se
houver receita para proteger o utente, uma vez que a receita é uma justificação medica para o uso
do medicamento
• Medicamento não sujeito a receita médica (MNSRM) = OTC (over-the-counter), encontram-se em
farmácias, parafarmácias, supermercados

Dispensa
• Ambulatório- ocorre fora do hospital (farmácia comunitária)
• Exclusivo hospitalar (farmácia hospitalar)

Comparticipação
• Comparticipado - fração do preço dos medicamentos de uso humano, financiada pelo SNS ou outros
subsistemas de Saúde
• Não comparticipado
Nem sempre um MSRM é comparticipado

Medicamento vs cosmético:
O que é um produto cosmético?
Qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as partes externas do corpo humano
(epiderme, sistema capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo como
objetivo limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou corrigir os
odores corporais.
Os produtos destinados a serem ingeridos, inalados, injetados ou implantados no corpo humano não são considerados
cosméticos.

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Medicamentos vs suplementos alimentares

Suplementos alimentares são géneros alimentícios que se destinam a complementar o regime alimentar normal e que
constituem fontes concentradas de nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico, comercializadas em
forma doseada e tomados em quantidade reduzida.
Entidade reguladora: DGAV (direção geral de agricultura e
veterinária)
Medicamento: por norma tem doses mais elevadas e na
função fisiológica
Os Suplementos Alimentares devem são consumidos com a
finalidade de manter, apoiar ou otimizar os processos
fisiológicos normais, ou seja, a homeostasia, sem alterar ou
bloquear essas funções.

Os Medicamentos destinam-se a ser tomados para que as funções voltem a homeostasia


quando estas se afastam da normalidade, originando uma situação patológica, e também
para prevenir doenças.

Dispositivos médicos

• Engloba um vasto conjunto de produtos, para fins comuns aos dos medicamentos, tais como prevenir, diagnosticar
ou tratar uma doença humana.
• No entanto, os dispositivos médicos devem atingir os seus fins através de mecanismos que não se traduzem em
ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas.
• Ex: mascara, luvas, seringas

Tipos de medicamentos:

Especialidade farmacêutica: Medicamento preparado antecipadamente e introduzido no mercado com


denominação e acondicionamento próprio.
Manipulado: Medicamento preparado numa farmácia comunitária ou serviço farmacêutico hospitalar

• Fórmula magistral: preparado segundo uma receita médica e destinado a um doente específico.
• Preparado oficial: Preparado segundo as indicações compendiais de uma farmacopeia ou de um formulário
oficial

Medicamentos genéricos (Produtos essencialmente similares aos originais)

Todos os medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa


em substâncias ativas, sob a mesma forma farmacêutica e para os quais foi
demonstrada bioequivalência com base em estudos de biodisponibilidade
Para aprovação, é necessário:

• Terem caducado os direitos de propriedade industrial (patente) relativos


às substâncias ativas ou processos de fabrico
• Não se invoquem indicações terapêuticas diferentes das do medicamento
de referência já autorizado

Identificação: DCI das substâncias ativas + nome do titular de AIM + dosagem + forma farmacêutica + sigla MG

Bioequivalência : Atua de forma igual/tem o msm efeito em diferentes organismos, para isso tem que se garantir
que no mesmo intervalo de tempo se liberta a mesma quantidade de principio ativo

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Medicamento à base de plantas

• Qualquer medicamento que tenha só substâncias ativas derivadas de extratos de plantas


• usados sem supervisão de um médico e que não sejam administrados por injeção.
• Tem que ser usado há mais de 30 anos e há pelo menos 15 na UE

Características dos fármacos/medicamentos


• Eficácia → Capacidade do medicamento em produzir um efeito terapêutico
• Segurança → capacidade de não induzir possíveis efeitos secundários (relação risco-benefício)
• Indicações terapêuticas → Patologias ou situações para as quais o uso do medicamento está aprovado
• Utilização off-label → Utilização dos medicamentos para uma situação diferente das indicações terapêuticas
• Reações adversas medicamentosa (R.A.M.) → Reação nociva e involuntária a um medicamento que ocorra nas
doses recomedndadas
• Efeitos secundários → efeitos causados pelo medicamento na dose indicada que não contribuem para a melhoria
da situação patológica. Podem ser RAM ou não necessariamente associados a sintomas indesejáveis. Adver do medicam. Mas

não tem

Pode-se usar um medicamento off-label pelos seus efeitos secundarios efeitos


nocivos.

• Toxicidade por sobredosagem → Reações tóxicas, muitas vezes graves, que ocorrem em doses superiores às
terapêuticas.
• acidental (erro do médico, farmacêutico ou doente)
• intencional (homicídio ou suicídio)
• Contraindicações → Estado ou doença que torna desaconselhável um determinado tratamento
• absoluta (Não se deve msm tomar)
• relativa (precaução)
• Interações → Efeito de um fármaco ou alimento na efetividade ou segurança de outro fármaco.
• Posologia → Quantidade (dose) de um medicamento que deve ser fornecida ao doente por determinada via, com
intervalo de tempo e duração do tratamento, para alívio de um sintoma ou tratamento de uma doença.
Ex: 1 comprimido de 10 mg, por via oral, de 12 em 12 h, durante 7
dias

• Forma farmacêutica → Estado final que as substâncias ativas e


excipientes apresentam depois de submetidas às operações
farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua administração e
obter o maior efeito terapêutico desejado.

Classificação farmacoterapêutica

• Classifica os medicamentos de acordo com a sua indicação terapêutica


e identidade Desvantagens xarope:
• Não tem quantidade especifica de susbt ativa
• 20 grupos de medicamentos com sub-grupos • Menos pratico para transportar

Circuito do medicamento
Fases

1. Investigação e desenvolvimento (farmacologia


experimental)
2. Ensaios clínicos
3. Autorização
4. Fabrico
5. Distribuição por grosso
6. Prescrição
7. Dispensa
8. Utilização

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Autorização de Introdução no Mercado (AIM)
• Concedida por uma agência reguladora (Infarmed, agência do medicamento de outro Estado Membro da UE ou a
Agência Europeia do Medicamento-EMA)
• Rege-se pelas normas do Sistema Europeu de Regulação, e visa garantir a qualidade, a segurança e a eficácia
dos medicamentos.
• Pedida entre a fase 3 e 4 dos ensaios clínicos

Ensaios clínicos – estudo em humanos


• Fase 1 (ocorre se a investigação for bem sucedida na fase pré-clínica e pretende apenas avaliar a segurança, ou
seja, se não é toxico) Até dano
• Fase 2 (avalia dose em pacientes com a doença) - 2
• Fase 3 (so passa para a seguinte se verificar eficácia, qualidade e segurança) 2 - 3

• Fase 4/fase de farmacovilância

Farmacovigilância
• Visa garantir a monitorização contínua da segurança dos medicamentos existentes no mercado, permitindo
identificar potenciais reações adversas novas (RAM), quantificar e/ou melhor caracterizar reações adversas
previamente identificadas e implementar medidas que permitam minimizar o risco da sua ocorrência.

Fabrico (etapa 4)
• Tem que garantir boas práticas de produção que são fiscalizadas pelo INFARMED (qualidade, custos, segurança e
ambiente)

Lançamento e distribuição (etapa 5)


• As farmácias não compram diretamente ao fabricante, há empresas que fazem a distribuição
• A empresa tem que ter em conta as condições de armazenamento do medicamento

Prescrição e dispensa
Os medicamentos são receitados pelo médico (ou médico dentista), preferencialmente por via eletrónica.
Receita Médica

• Convencional
• Renovável (tem três vias)
• Especial: quando pode ser viciante (ex: Estupefacientes ou psicotrópicos)
• Restrita (ex: uso exclusivo hospital)

A dispensa dos medicamento pode ser feita por:

• Farmacêuticos
• Técnicos de saúde/farmácias

Utilização
• Só devemos usar o medicamento quando nós for
prescrito e estritamente necessário

Farmacologia experimental

Objetivos
‐ Descobrir novos agentes terapêuticos/fármacos
‐ Estudar os mecanismos de ação
‐ Estudar a toxicidade dos medicamentos
‐ Avaliar a segurança, a qualidade e a eficácia

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Tipos de estudo
Devem ocorrer por esta ordem cronológica

Estudos «in silico»


•Compara-se a estrutura molecular em termos de eficácia e segurança com outros compostos que já conhecemos
•Feito com um software preditivo

Estudos «in vitro»


• Ensaios bioquímicos (estudos em tubos de ensaio)
• Culturas celulares (usam-se células todas iguais entre si num meio de cultura)

Utilidade na investigação de novos fármacos:


Estudos preliminares de eficácia e segurança
Estudos do metabolismo e mecanismo de ação
• Enzimas, organitos celulares, células isoladas ou órgãos em perfusão
Avaliação e estudo dos mecanismos de toxicidade
• Células isoladas, tecidos e fluidos biológicos se são mortas ou não (é bom matar as tumorais e não mata as outras)

Estudos «in vitro» ‐ Culturas celulares


Conjunto de técnicas que permitem cultivar e/ou manter células isoladas fora do seu organismo de origem, mantendo
as suas características.
Cultura de órgãos – Manutenção ou crescimento de órgãos ou partes de órgãos in vitro, de forma a permitir a
diferenciação e a preservação da arquitectura e função
Cultura de células – Implica desagregação do tecido origina

Tipos de culturas:
 Culturas primárias (recolhidas diretamente dos órgãos, mas degradam-se e isso altera resultados)
 Linhas celulares(imortaliza-se as células e ficam congeladas)
 Aderentes (fim do frasco de cultura)
 Em suspensão
Aplicações em Farmacologia / Terapêutica
Desenvolvimento de novos fármacos
a) Identificaçao de alvos terapêutivos
b) Comprovação de uma atividade farmacológica
c) Optimização de novos fármacos
d) Avaliação pré-clínica da segurança (ex: cito- e genotoxicidade)
e) Avaliação preliminar da ADME (ex: absorção intestinal, biotransformação)
Produção de biofármacos (produzido através de organismos vivos)
a) Necessidade de folding e modificações pós-translacionais para obtenção de
proteínas ativas
b) Produção de vacinas (RNA e vírus inativados)
Terapia celular
a) Identificação de novos alvos terapêuticos

• Extração de Acidos nucleicos: avalia expressão genética


• Sobrenadante: o que se deposita no topo do meio de cultura e permite avaliar proteinas secretadas pelas células
d) Avaliação pré‐clínica da segurança

• Estudos de citotoxicidade em diferentes tipos de células, para ver se há capacidade de a matar ou não
• Estudos de genotoxicidade (ver se não é toxico para o genoma humano, para não causar cancro)
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Vantagens
• Meios mais simples, económicos e sem questões éticas
• Permitem estudar eficazmente mecanismos celulares
• Permitem a avaliação de efeitos específicos em determinadas células/tecidos;
• Condições ambientais controladas
Garantem o acesso direto dos compostos às células
Desvantagens
• Não existem modelos celulares para todos os órgãos e tecidos – seleção do modelo representativo;
• Ausência dos mecanismos de ADME, porque so é possível em seres vivos
• Risco de contaminações
• Elevado gasto de material (custos económicos e ambientais).

Estudos «in vivo» (Modelos animais)


‐ Avaliação da segurança e farmacocinética em organismos vivos
‐ Avaliação da eficácia terapêutica em organismos vivos
‐ Definição do intervalo ou janela terapêutica (doses eficazes e doses tóxicas)

Animais usados

Escolhe-se o animal com o tecido/órgão em estudo mais parecido com o humano


• Rat=rato grande e Mouse= morganho (pequeno)
• Anuros (rãs): SNC
Critérios de seleção

-Número de animais
‐ Sexo
‐ Idade
‐ Tempo da gestação
‐ Doses
‐ Via e frequência de administração
‐ Alimentação e manutenção em laboratório
‐ Custos
Vantagens

• A exposição à substância/fármaco e as condições ambientais são controladas;


• Permitem avaliar a farmacocinética (ADME);
• Investigação pré‐clínica antes da administração em humanos
Desvantagens

• Diferenças interespécies (extrapolação para a espécie humana);´


• Custos e Ética

Ética: Princípio dos 3 R’s


1. Redução (usar o numero min de animais)
2. Refinamento (causar o menor sofrimento possivel ao animal)
3. Substituição (substituir sempre que possivel por estudo in vitro)

Ensaios clínicos

usam placebo para comparação com os resultados obtidos com a subts ativa, para servir de grupo de controlo
Classificações

Os ensaios clínicos podem ser realizados de diferentes formas, dependendo dos objetivos e das metodologias
definidas para cada substância.
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Ensaio clínico Aleatorizado/Randomizado
Estudo em que todos os doentes são distribuídos ao acaso por grupos.
Ensaio clínico Multicêntrico ou Multinacional
Estudo definido por um único protocolo e que decorre em mais do que um centro de ensaios clínicos e/ou em mais do
que um país/nacionalidade (pode ser ao mesmo tempo)
Ensaio clínico Aberto
Estudo em que tanto o investigador como o doente sabem qual a substância administrada.
Ensaio clínico em ocultação simples (cego)
Estudo em que o investigador sabe qual a substância administrada, mas o doente não tem acesso a essa informação.
Ensaio clínico em dupla ocultação (duplamente cego)
Nem o investigador nem o doente sabem qual a substância administrada, evita sobre/sub desvalorização
Dependente do objetivo do ensaio clínico, podemos ainda classificá‐los como:
Ensaio Comparativo
Estudo em que se comparam duas ou mais substâncias, com diferentes objetivos (ex compara com placebo)
Ensaio de Equivalência
Pretende demonstrar a resposta semelhante de duas ou mais substâncias
Ensaio de Superioridade
Pretende demonstrar a eficácia superior de uma substância relativamente a um placebo ou a outra substância ativa
Ensaio de Não‐Inferioridade
Estudo em que se compara a substância a investigar com outra substância/tratamento de referência, de forma a
demonstrar que a eficácia desta nova não é inferior à existente

Fontes de Informação
Fontes de Informação - Classificação

Fontes Primárias Fontes Secundárias Fontes Terciárias


"matéria-prima" Bases de dados-acesso a fontes Resumem a informação proveniente das
de informação primárias fontes de informação primárias
Artigos, ensaios
clínicos, estudos Pubmed livros
epidemiológicos

Prontuário terapêutico Base de dados

• Conjunto de orientações para a utilização terapêutica dos Medicamentos.


• Medicamentos organizados pelo Grupo Terapêutico
Conteúdo
• Indicação Terapêutica
• Reações Adversas
• Contraindicações e Precauções (profilaxia)
• Interações
• Posologia
• Anexos (situações específicas)

INFOMED - Infarmed
Base de dados de medicamentos de uso humano com informação detalhada semelhante à apresentada no Prontuário

• Folheto Informativo (FI) - Informação que acompanha o medicamento e que tem linguagem menos técnica
destinada aos utentes
• Resumo das Caracteristicas do Medicamento (RCM): Informação relevante mais detalhada para uma utilização
segura e eficiente do medicamento-destinada aos profissionais de saúde

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Vias de administração de fármacos
Vias de administração
• Forma através da qual um fármaco entra em contacto com o organismo
• Tem grande impacto na velocidade do efeito e na eficiência do fármaco

efeito Tópica

• Efeito no local de administração


• Ex: administração cutânea, ocular, auricular

efeito Sistémica

• Efeito generalizado
• Via entérica: Absorção através do trato gastrointestinal → Via oral, sublingual e rectal
• Via parentérica: Absorção fora do trato GI ou não há absorção (diretamente em vasos sanguíneos)→ Via
endovenosa, intramuscular, subcutânea

Via ORAL / per os / p.o


• Via mais comum
• Formas farmacêuticas: comprimidos, cápsulas, drageias (comprimidos com revestimento), pós, comprimidos
efervescentes, formas gastro‐resistentes, xaropes, suspensões orais.

Vantagens
• Cómoda Desvantagens
• Doses exatas (de princípio ativo) • Necessidade de colaboração do doente
• Preparações retard (é possível atrasar a sua • Absorção pode ser lenta e irregular (alimentos,
libertação) alteração de pH)
• Possibilidade de interações
• Segura (porque não entra logo na corrente
• Metabolização hepática (efeito de 1ª passagem)
snaguinea) • Reações adversas
• Económica • Não indicada para situações de emergência (efeito
lento)

Absorção = passagem do fármaco para a corrente sanguínea, depende de fatores externos

Via sublingual
• Medicamento colocado debaixo da língua (não pode ser usada em todos os fármacos)
• Absorção por pequenos vasos sanguíneos (pequena espessura do epitélio e ↑ vascularização)
Ex: nitroglicerina, nicotina
Vantagens Desvantagens
• Absorção rápida (usado em emergência) • Necessidade de manter o medicamento na boca
• Evita o efeito de primeira passagem porque é logo • Apenas permite doses baixas
absorvido (> biodisponibilidade)
• > estabilidade do fármaco (pH neutro)

Efeito de primeira passagem


• o fármaco é absorvido no intestino e levado para o fígado pela circulação portal (veia-porta) onde é metabolizado
(destruição) pelo fígado
+efeito de primeira passagem = + metabolização= - quantidade de fármaco que chega à circulação sistémica = -biodisponibilidade

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Via rectal
• Formas farmacêuticas: supositórios e enemas (laxantes)

Vantagens
• Útil em doentes incapazes de tomar p.o.
Desvantagens
• Evita o efeito de primeira passagem (~50%), porque
• Absorção incompleta e irregular
uma parte é logo abs e outra vai para o fígado
• Má aceitação pelo doente
• Evita degradação do fármaco por enzimas ou pH
• Contraindicado para fármacos irritant
• Permite também ação local (laxantes)

Vias PARENTÉRICAS (entra pela corrente sanguínea logo)

• Via endovenosa (EV) / intravenosa (IV)


• Via intramuscular (IM)
• Via subcutânea (SC)
• Via intra‐arterial
• Via intracardíaca (em paragens cardíacas)
• Via intraperitoneal
• Via intradérmica
• Via intra‐óssea
• Via intratecal (medula espinhal)

Vias intravasculares: endovenosa/intravenosa (EV/IV) ou intra-arterial (IA)

Vantagens
• Dose exata Desvantagens
• Início de ação imediato (+ v = irrigação por vasos) • Administração por técnico especializado
• Adequado a situações de emergência • Risco de embolismo (bolhas de ar entupir vasos)
• 100% biodisponibilidade • Maior risco de reações adversas (concentrações
• Maior controlo na administração de medicamentos elevadas obtidas rapidamente; reações anafiláticas)
com baixa margem terapêutica (pequeno intervalo em • Limitada a soluções aquosas
que pode ser tomado para ter efeito sem ser toxico)

Via intramuscular (IM) – administração no músculo esquelético (90º)

Vantagens
• Adaptável a soluções aquosas (absorção rápida), Desvantagens
bem como a suspensões e emulsões (libertação • Potencial dor e irritação no local de injeção
prolongada) • Impossibilidade de auto‐administração
•O musculo vai servir como deposito, porque vai • Limitada a pequenos volumes
havendo libertação lenta (absorção)

Via subcutânea (SC) – semelhante à via IM; absorção mais lenta (45º)

Vantagens Desvantagens
• Permite auto‐administração (ex: insulina) • Potencial dor e necrose por substâncias irritantes
• Limitada a pequenos volumes
• Absorção depende do fluxo sanguíneo (problemas
circulatórios, fármacos vasoconstritores/ dilatadores

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Via INALATÓRIA
• Gases, agentes voláteis e aerossoles (partículas sólidas ou líquidas dispersas num gás)
• Administração na mucosa brônquica e membranas alveolares
• Local de deposição depende do tamanho das partículas
• Grande superfície de absorção e irrigação

Vantagens Desvantagens
• Absorção rápida • Dificuldade na regulação da dosagem exata
• Evita o efeito de primeira passagem • Possível dificuldade na utilização dos inaladores
• Efeito local (ex: broncodilatadores) ou sistémico (ex: • Apenas uma fração do fármaco contacta com o trato
anestésicos) respiratório

Via TRANSDÉRMICA
• Absorção através da pele
• Efeito sistémico
• Forma farmacêutica = adesivo (patch)
Vantagens
• Libertação prolongada Desvantagens
• Não invasivo • Limitado a fármacos lipofílicos e potentes (ter efeito
• Evita o efeito de primeira passagem em pequena quantidade)
• Não permite ajuste da dose

Vias TÓPICAS
• Aplicação na pele ou mucosas
• Efeito essencialmente local (mas pode haver absorção sistémica)
• Cutânea (ex: pomadas, cremes, pós)
• Ocular (ex: gotas, pomadas oftálmicas)
• Auricular (ex: gotas, sprays)
• Intranasal (ex: gotas, sprays)
• Vaginal (ex: óvulos, comprimidos, cremes)

Início de ação
• IV (< 1 min)
• Oral (30-90 min)
• Transdérmica (variável min- horas)

A concentração máxima da subst depende da biodisponibilidade

Preparações de Libertação Modificada (LM) ou prolongada (LP)


• Formuladas para terem um efeito prolongado
• Administração (+ frequente): Oral e IM
Vantagens
• Absorção uniforme e mais prolongada
• Minimiza picos / vales de concentração
• Efeito durante a noite
• Melhor adesão à terapêutica

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Conclusão
A via de administração depende de:
• Características físicas do fármaco
• Velocidade de libertação e absorção do fármaco
• Necessidade de ultrapassar o efeito de 1ª passagem
• Necessidade de atingir concentrações elevadas em determinados órgãos

Não há uma via ideal para todos os fármacos e todas as circunstâncias!

Farmacologia Experimental

Farmacologia: do grego «pharmakon» ‐ medicamento e «logos» ‐ estudo


A Farmacologia Experimental estuda os agentes terapêuticos nas diferentes fases do seu
desenvolvimento, utilizando para isso modelos celulares e animais

Objetivos:
‐ Descobrir novos agentes terapêuticos
‐ Estudar os mecanismos de ação
‐ Estudar a toxicidade dos medicamentos
‐ Avaliar a segurança, a qualidade e a efic

Farmacocinética

Farmacocinética (PK)
• Estuda o(s) efeito(s) do organismo no fármaco ou o movimento do fármaco pelo organismo
(ADME)
• Condicionantes: início de ação (da absorção), a intensidade e a duração do efeito.

ADME
1) Absorção (passagem para a corrente sanguínea)
2) Distribuição
3) Metabolização
4) Excreção

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Ciclo dinâmico: as etapas podem ocorrer em simultâneo
0.libertação (L): No caso de formas sólidas, requer a desintegração e a
dissolução do fármaco no fluido GI, logo demora mais a ser absorvido
1.Absorção

• Passagem de um fármaco para a corrente sanguínea.


• A velocidade e a eficiência da absorção dependem da via de
administração:
→ Completa: 100% biodisponibilidade (via i.v. em que não há
absorção)
→ Parcial: menos de 100% biodisponibilidade (restantes vias)

Biodisponibilidade
• Fração do fármaco administrado que atinge a circulação sanguínea
• Velocidade e o grau com que uma substância ativa é absorvida a partir de um medicamento se torna disponível no
local de ação.
• Depende: forma farmacêutica, via de administração, absorção e efeito de 1ª passagem.
A absorção implica a passagem do fármaco pelas membranas das células do epitélio GI, sendo beneficiada por:
• + Área de contato com o fármaco
• + Tempo de contato com o fármaco
• - Espessura da superfície
• + Irrigação (vasos sanguíneos)
• + Lipossolubilidade do fármaco
• pH (depende do fármaco)
• - Presença de alimentos
• Patologias (ex: diarreia)

Os fármacos podem ser absorvidos ao longo de todo o TGI, havendo zonas mais especificas. O intestino apresenta
mais características benéficas a absorção do que o estômago.
Mecanismos de absorção intestinal de fármacos:
O tipo de mecanismo usado depende da solubilidade do fármaco

a) Permeabilidade passiva transcelular (fármacos lipossolúveis)


b) Transporte mediado por transportadores (com ou sem necessidade de
energia; fármacos hidrossolúveis)
c) Permeabilidade passiva paracelular (entre células)

Mecanismos que contrariam a absorção intestinal de fármacos:

d) Bombas de efluxo (ex: P‐gp): expulsa xenobióticos


e) Enzimas metabólicas que degradem o fármaco intracelularmente (útil na defesa do corpo mas mau para o fármaco
que é logo metabolizado antes da absorção)

Xenbióticos
• Substâncias estranhas ao organismo
• Ex: substancias toxicas, fármacos, toxinas

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Influência do pH na absorção
pKa

• pH do meio no qual 50% das moléculas estão na forma


ionizada e 50% na forma não ionizada(sem carga)
• constante de dissociação(equilíbrio) ou constante de acidez
• Varia para cada fármaco

Um fármaco atravessa membranas mais rapidamente se não possuir


carga, ou seja, se não for ionizado é mais lipossolúvel
HA (forma protonada) - acido uma vez que dá protões
B – base que recebe protões (h+)

• O HA atravessa a membrana por difusão passiva, mas depois


transforma-se em A- e como tem carga não consegue voltar a passar
a membrana
• O B como n tem carga atravessa, mas o BH+ (forma protonada) já
não consegue

Equação de Henderson‐Hasselbalch
Meio acido

• Rico em H+
• Assim sendo há muitas formas protonadas e por isso há mais AH e BH+
• Dai ácidos fracos serem melhor absorvidos em meio acido

Ácidos e bases

• Ácidos fracos
o o grau de ionização é maior a pH elevado e menor a pH baixo, logo há maior absorção a pH baixo
o pH gástrico (1‐1,5) – favorece a absorção de ácidos fracos
• Bases fracas
o o grau de ionização é maior a pH baixo e menor a pH elevado,
logo maior absorção a pH elevado
o pH intestinal (~6‐8) – favorece a absorção de bases fracas

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1.No estomago há menos forma
ionizada porque A- é um numero
mt pequeno, logo existe mais da
forma absorvível

No sangue existe mais forma


ionizada, logo tem mais
dificuldade em entrar para dentro
das células

2. No estomago há um número
muito pequeno de B (forma não
ionizada)
No intestino a forma não ionizada
é maior que no estomago, logo no
intestino existe mais absorção
Tomar este fármaco de forma oral
não seria bom, uma vez que a
quantidade absorvível neste dois
órgãos é pequena. Solução seria
aumentar a dose ou mudar a via
de administração (trasndermica e
endovenosa)
3.
a- pequena forma ionizada
b- grande forma não ionizada
c- grande forma ionizada

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2.Distribuição

• Processo reversível pelo qual um fármaco deixa a corrente sanguínea para entrar no fluido intersticial e/ou nas
células dos tecidos.
Depende de:
A. Fluxo sanguíneo
B. Permeabilidade dos capilares
C. Grau de ligação às proteínas plasmáticas e aos tecidos
A. Influência do fluxo sanguíneo
• Elevado: recebem os fármacos mais rapidamente (cérebro, fígado e rins)
• Reduzido: recebem os fármacos mais lentamente (músculo esquelético e tecido adiposo)
O fluxo aumenta a chegada de fármaco, mas também o ira remover mais rapidamente
B. Influência da permeabilidade dos capilares
Estrutura do vaso
• Descontínua no fígado e baço
•Contínua no SNC – Barreira hemato‐encefálica (apenas entram fármacos lipossolúveis ou transportados por
transportadores específicos)

Natureza química do fármaco:


• Fármacos hidrofóbicos atravessam membranas facilmente – distribuição depende essencialmente do fluxo sanguíneo
• Fármacos hidrofílicos ‐ distribuição mais dependente da estrutura dos capilares
C. Grau de ligação às proteínas plasmáticas e aos tecidos
Ligação às proteínas plasmáticas:
• Fármacos ligados a proteínas plasmáticas não são farmacologicamente ativos
•As proteínas são não‐seletivas, ou seja, podem transportar diferentes tipos de fármacos
• Quando a concentração plasmática do fármaco livre decresce (por metabolização ou excreção), há dissociação do
fármaco da proteína para mantear a % de fármaco livre no plasma.
Redistribuição
Salvo raras exceções, os fármacos não se mantêm nos mesmos tecidos e órgãos
3.Metabolização / Biotransformação
Alterações bioquímicas nos fármacos que ocorrem no organismo, geralmente mediadas por enzimas específicas, que
convertem os fármacos lipofílicos em compostos hidrofílicos/hidrossoluveis (+ polar), mais facilmente excretáveis pela
urina que é rica em água

Metabolitos (compostos resultantes da metabolização):


‐ Inativos (o fármaco perde o efeito): é o mais comum
‐ Igualmente ativos ou menos ativos que o fármaco inicial
‐ Mais ativos que o fármaco inicial (pró-farmaco)
‐ Tóxicos

✧ Pró‐fármaco
Composto administrado que é inativo (ou parcialmente ativo), e que se torna ativo ou mais após biotransformação
Fases metabolização
Fase 1

• Conjunto de reações em que há adição de grupos hidrossolúveis (Oxidação/redução/hidrolise)


• Originam metabolitos mais hidrossolúveis ou mais suscetíveis de sofrer conjugação com substratos hidrossolúveis.
• Pode originar metabolitos ativos ou inativos.

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Enzimas envolvidas na fase 1, sendo que não permanecem
ligadas

• Citocromo P450 (CYP)


• Desidrogenases
• Esterases
• Amidases
e
Conjugados com

Citocromos P450 uma


proteina

• Catalisam reações de oxidação associadas à oxidação do NADPH em NADP+


• Baixa seletividade com substratos (fármaco), ou seja, pode metabolizar vários fármacos o que permite que ocorra
saturação das enzimas e assim o fármaco consiga interagr
• (+) Indução
o O aumento do metabolismo de um fármaco leva a um decréscimo da sua concentração plasmática,
podendo resultar numa diminuição do efeito terapêutico
• (‐) Inibição
o Pode ocorrer por competição para a mesma isoenzima
o A inibição do metabolismo de um fármaco leva a um aumento da sua concentração plasmática, o que
pode exacerbar os seus efeitos terapêuticos e conduzir a efeitos tóxicos

Fase II Só existem interações entre fármacos se


eles forem metabolizados pela msm família
• Conjugação com enzimas formando complexos de enzimas
• Geram‐se metabolitos inativos ou de atividade reduzida
• Originam metabolitos mais polares, mais facilmente excretados
mi-vida
e
Hidrossolúveis
Conjugação com moléculas endógenas:
• Glucoronidos - Glucoronil‐transferases (UGT)
• Sulfatos - Sulfo‐transferases (ST)
•Acetilação- N‐acetil‐transferases (NAT)
• Metilação - Metil‐transferases (MT)
Fatores que influenciam a biotransformação:
 Administração de outros fármacos (indutores ou inibidores hepáticos)
 Dieta
 Fatores genéticos
 Patologias que afetam
->
figado
o

 Idade ->+ idade -


metabolizaçao
 Função hepática
4.Excreção renal
1. Filtração glomerular (ocorre devido a alta pressão sanguínea)
2. Secreção tubular (passar da corrente sanguínea diretamente para o tubo renal
por transporte ativo)
3. Reabsorção Tubular (voltam ao sangue aquilo que precisamos)
‐ Fármacos não ionizados / lipofílicos podem difundir passivamente do lúmen do
nefrónio para a circulaçã
‐ Depende do grau de ionização do fármaco logo, depende do pH da urina:

• A eliminação renal de ácidos fracos pode promover‐se por alcalinização da urina (ex: com bicarbonato), que
faz com que os ácidos não consigam passar a membrana
• A eliminação renal de bases fracas (ex: cocaína) pode promover‐se por acidificação da urina (ex: NH4 Cl)

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4.Eliminação biliar

- Ocorre quando não são possíveis de eliminar pela urina


‐ Requisitos para um fármaco sofrer eliminação biliar: elevado peso molecular e/ou grupos fortemente
polares/hidrossolúveis
‐ Frequente para eliminação de metabolitos de fase II (ex: glucoronidos)
‐ Os fármacos podem sofrer circulação entero‐hepática, permanecendo mais tempo no organismo

Parâmetros Farmacocinéticos
Clearance (deputação):

• Medida da capacidade do organismo em eliminar um


fármaco
• Clearence total: CL hepática + CL hepática + CL renal + CL
pulmonar

Tempo de Semi-vida (t1/2)


Tempo necessário para que a concentração de um determinado fármaco no organismo
seja reduzida para metade do seu valor original, sendo que o tempo de semivida é
independentemente da dose tomada.
AUC: area sob a curva de c plasmativa que
descreve o numero total de moleculas de farmaco
no plasma, fornecendo inf sobre a taxa de
absorçao. (+ area = + quantidade)
C max: pico de c do plasma no organismo
T max: tempo que demora a atingir o c max

Biodisponibilidade 3 Ex:Fármaco
genérico

• Permite saber a quantidade que chega intacta a corrente sanguínea


• BD= fármaco que chega ao sangue/fármaco ingerido

Bioequivalência

• Dois medicamentos são bioequivalentes se apresentam biodisponibilidade


comparável e tempos semelhantes para atingirem a concentração
plasmática máxima (80 e 120%)
• Além disso tem que ter também o msm tempo de semi-vida e AUC (80 e
120%)
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Farmacodinâmica

Farmacodinâmica
Como o fármaco atua no organismo e os mecanismos de ação do fármaco
Recetores
Recetores → São componentes macromoleculares (proteínas ou ácidos nucleicos), onde substâncias endógenas e
fármacos se ligam para desencadearem uma resposta biológica ou efeito terapêutico (alterar funções fisiológicas já
existentes)
Os fármacos têm uma estrutura molecular semelhante à dos ligandos endógenos e ligam‐se nos mesmos locais
específicos (recetores)
Interação Fármaco-Recetores

• Afinidade → Capacidade do fármaco em se ligar ao recetor


• Eficácia → Capacidade do fármaco em originar uma resposta fisiológica/produzir um efeito ( ≠ efeito
farmacológico)
• seletividade/Especificidade → Capacidade do fármaco em se ligar ao recetor pretendido, apesar de existirem
outros recetores.
o + seletivo = + seguro= - efeitos secundários (ocorrem porque a especificidade nunca é 100%)

• A ligação de um fármaco a um recetor pode ou não ativar esse recetor, ou seja, pode não ter eficácia
fisiologica

Tipo de Ligações entre os Ligandos e os Recetores

• Reversíveis → interações fracas, que não são permanentes e podem


ocorrer nos dois sentidos
• Irreversíveis → ligações covalentes e não covalentes de grande
afinidade, que são mais difíceis de quebrar

Funções dos recetores

• Ligação do ligando (endógeno ou exógeno)


• Propagação do sinal regulador → célula alvo

Ações mediadas pelos recetores

• Diretamente sobre os alvos celulares → proteínas


efetoras
• Usam uoléculas intermediárias da sinalização →
transdutores

Tipos de recetores
A)Canais iónicos
• São canais seletivos para iões presentes nas membranas
• Ocorre abertura ou fecho do canal
• Existem 3 subtipos de canais iónicos:
o Regulados por ligante, voltagem (carga) ou 2º
mensageiro

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• São proteínas com diversas subunidades, logo fármacos diferentes podem ligar-se ao msm recetor, mas em
subunidades diferentes
• Ex: Acetilcolina – neurotransmissor (SNC e SNP)

b)Recetores acoplados à proteína G


• Utilizam diferentes proteínas reguladoras da ligação ao GTP
1) Ligação do fármaco por afinidade ao recetor
2) Proteínas G (transdutores do sinal)
ativada
3) Ativa proteínas efetoras
4) Ativam 2º mensageiro
5) Desencadeia resposta
• Efetores: Adenilciclase, Fosfolipase C
• São muito utilizados como alvos terapêuticos,
porque a maioria dos fármacos liga-se a estes recetores

Segundos Mensageiros
São moléculas que são responsáveis pelo efeito final, não sendo as primeiras a ser ativadas

• AMPc
• Ca 2+

C)Proteinocinases

• São proteínas com atividade catalítica


transmembranar
• Se apresentarem muitos aa de tirosina podem
ser chamados de Tirosinocinases: (ex: Recetor da
insulina)
• As proteinocinases recetoras têm como alvo os
resíduos de tirosina, serina e treonina das
proteínas efetoras.

1) A ligação da insulina às subunidades α resulta numa mudança na conformação das


subunidades β adjacentes (intracelulares)
2) Ocorre a fosforilação de proteínas efetoras (ligam-se P)
3) sinais enviados dentre da célula
4) resposta (captação da glucose para os tecidos)

D) Recetores intracelulares

1) Os ligandos lipossolúveis e de pequeno tamanho atravessam a membrana celular e ligam‐se aos recetores
proteicos no interior da célula, formando complexo fármaco-recetor
2) O complexo ativado atravessa a membrana nuclear e liga‐se a uma sequência específica do ADN e regula a
transcrição (ribossomas) de genes específicos
3) resposta
• Os fármacos que se ligam a recetores intracelulares produzem o seu efeito terapêutico apenas ao fim de pelo
menos 30 min e pode persistir durante alguns dias após a suspensão da terapêutica, uma vez que as proteínas
sintetizadas mantêm‐se ativas (precisam de desmame)

Outros Recetores
Enzimas extracelulares: Envolvidas na regulação de processos fisiológicos como a vasoconstrição e a neurotransmissão.
Ex: acetilcolinesterase
Recetores de adesão de superfície celular: Medeiam as interações célula‐célula.
Ex: Integrinas.

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Fármacos que não se enquadram no modelo fármaco‐recetor

• Atuam por mecanismos não mediados por recetores.


• Ex: Antiácidos (reação ácido‐base) e Diuréticos osmóticos (modificação direta da osmolaridade do nefrónio).

Classificar fármacos
Agonista total → elevada afinidade e resposta máxima
Agonista parcial → menor afinidade que o agonista total e a resposta máx
é < 100%
Antagonista/bloqueador → afinidade para o recetor e não desencadeia
resposta

• São muitas vezes usados na dependência, para competir com outro


fármaco que estava a causar efeitos negativos
• Efeito zero
Agonista inverso → afinidade para o recetor e resposta contrária à do
agonista

Curvas Ligante‐Recetor / Dose‐Resposta


Usa-se o termo concentração em células e o termo dose/peso em animais ou
pessoas
L – ligante (fármaco)
R – recetor
LR – complexo L‐R

• Constante de dissociação em equilíbrio (Kd) = R0/LR


• Kd depende do fármaco e indica a afinidade
• + kd= + dissociação = - afinidade (fármaco B)
• - Kd = + afinidade L‐R (farmaco A)
• Existe uma fase de platô quando todos os recetores já estão ocupados com
fármaco

Curvas dose‐resposta
A Farmacodinâmica de um fármaco pode ser
quantificada pela relação entre a dose
(concentração) do fármaco e a resposta do
organismo (do paciente) a este fármaco.
EC50 ‐ é a dose/concentração efetiva do
fármaco que origina 50% da resposta.

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Potência e Eficácia ‐ Agonistas + Afinidade e + Potência e -Dose necessária → efeito

(eixo xx) = Afinidade/Potência


• Capacidade do fármaco para ter efeito em menor dose
• Quanto maior a potência de um fármaco, menor a dose necessária
para alcançar a mesma eficácia.
• + esquerda= + afinidade/potencia
Amplitude(eixo y) → Atividade intrínseca/eficácia

• Quando mais alto maior a eficácia


Inclinação/declive = Velocidade interação L‐R

• Quando maior o declive ( + inclinada) liga-se com + v

Tipos de Antagonismo

Sitio ativo: ligam-se no msm local


Alostérica: ligam-se em locais
próximos e por isso influenciam-se

Com recetor
Competitivo

• os dois fármacos competem para o mesmo recetor.


• Efeito sobre a potência, mas não sobre a eficácia!

Não competitivo

• os dois fármacos não atuam no mesmo local no recetor só num sitio perto ou liga-
se um ao outro aumentado a metabolização (indutor)
• Efeito sobre a eficácia do agonista!

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Sem recetor

I. Químico →Um antagonista químico inativa o agonista específico ao modificá‐lo ou sequestrá‐lo, de modo a que o
agonista não seja mais capaz de ligar‐se ao recetor e de o ativar.
II. Fisiológico/ Funcional → Tratam‐se de substâncias com funções opostas, tendo recetores diferentes em locais
diferentes.

Janela Terapêutica (mt imp)

A janela terapêutica é o intervalo entre a concentração/dose


min eficaz e a min toxica

• E- feito D- dose T- toxicidade L-letal


• ED 50 é a dose do fármaco que tem efeito em 50% da
população. (-ED= + potencia)
• TD 50 é a dose do fármaco que produz uma resposta
tóxica em 50% da população.
• LD 50 é a dose do fármaco que é letal para 50% da
população.

A janela terapêutica pode ser quantificada pelo índice


terapêutico (IT):

• IT elevado → janela terapêutica elevada/larga (> margem de segurança)


• IT reduzido → janela terapêutica estreita (< segurança) → Monitorização e
uso exclusivo hospitalar

Interação Fármaco‐Recetor

• Podem acontecer interações fármaco‐fármaco (medicamentosas) ou fármaco‐alimento, pela ligação aos mesmos
recetores.
• Os efeitos de um determinado fármaco são alterados na presença de outro fármaco, químico, bebida ou alimento
(PK ou PD).

Interações Farmacodinâmicas

• Acontecem quando dois ou mais fármacos atuam no(s) mesmo(s) recetor(es) → alteração do efeito
terapêutico
• Aumento do(s) efeito(s) terapêutico(s).

‐ Adição → AB = A + B (mesmo mecanismo de ação)


‐ Sinergismo → A + B <AB (mecanismos de ação diferentes)
‐ Potenciação → A (+B) > A
- Antagonismo → A + B >AB (Diminuição ou cessação do(s) efeito(s) terapêutico(s))

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