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Bioquímica - 1º teste

Fundamentos de Bioquímica

BIG BANG: Modelo do Universo segundo o qual toda a matéria, espaço e


tempo se expandiram a partir de um estado inicial de densidade e pressão muito
elevadas.

 Génese das moléculas orgânicas por evolução química


o Carbono (C)
Caldo primordial
o Hidrogénio (H)
o Oxigénio (O) 
o Azoto (N)
mistura teórica de compostos
o Fósforo (P)
orgânicos que podem ter dado
o Enxofre (S)
origem à vida na Terra.

 Produção abiótica de biomoléculas

Experiência de Urey – Miller: as moléculas necessárias à vida foram formadas a


partir de uma mistura de gases que se acreditava representar a atmosfera
primordial da Terra.
Partiram do pressuposto de que a atmosfera primordial deveria ser livre de
oxigênio e teria uma composição parecida com a de Júpiter, formada
principalmente por H2, CH4 e NH3,
além de vapor d’água: uma atmosfera
redutora. Das principais fontes de
energia - radiação solar, relâmpagos
e atividade vulcânica - os dois
cientistas simularam inicialmente
apenas os relâmpagos, utilizando
descargas elétricas na mistura dos
gases. O resultado foi a produção de
todos os 20 tipos de aminoácidos,
além de hidroxiácidos, pequenos
ácidos alifáticos, uréia e outras
moléculas orgânicas - todas importantes Figura 1 - Experiência de Urey-Miller

para a vida.

 Um possível cenário de “RNA World”

O “RNA World” é o estágio hipotético na história


evolutiva da vida na Terra, em que moléculas de RNA
autorreplicantes proliferaram antes da evolução do
DNA e das proteínas.

↳ No entanto outros cientistas afirmam que a


molécula de RNA pode não ter sido a primeira vida a
existir!
O que é a Vida?
Podemos considerar que a vida é qualquer sistema com a capacidade de
autorreplicação e de evolução.
Entre estas duas características e os “sete pilares” propostos por Leashland:
o programa (informação codificada pelo DNA);
o improvisação (mutação);
o individualização (invólucro);
o energia (metabolismo);
o regeneração (turnover molecular);
o adaptabilidade (feedback entre o organismo e o ambiente);
o compartimentalização

Os 3 domínios da vida:

→ As relações filogenéticas são frequentemente ilustradas por uma


árvore filogenética deste tipo. Quantos menos pontos de ramificação
entre 2 organismos, mais próxima será a sua relação evolutiva.

Figura 2 - Filogenia dos 3 domínios da vida


Classificação dos organismos de acordo a sua fonte de energia e
carbono

Hierarquia estrutural na organização molecular da célula

→ Nível 1: Monómeros (nucleótidos; aminoácidos…)


→ Nível 2: Macromoléculas (DNA; proteínas…)
→ Nível 3: Complexos Supramoleculares ( cromossomas; membrana
plasmática…)
→ Nível 4: A célula e os seus organelos
Evolução dos eucariontes – teoria endossimbiótica

Esta hipótese defende que as mitocôndrias – procarionte heterotrófico


aeróbio e os cloroplastos – procarionte autotrófico, tiveram origem em
seres autónomos, no entanto, admitem mesmo assim, que a célula apresentava
sistemas endomembranares e núcleo formados por invaginações da membrana.

Algumas células de maiores dimensões – células hospedeiras, terão


capturado células mais pequenas, estabelecendo relações de simbiose.

→ As 1ªs relações de simbiose, foram estabelecidas com os ancestrais


das mitocôndrias, que tinham a capacidade de produzir energia (de
forma rentável) utilizando oxigénio para a degradação dos compostos
orgânicos.
→ As 2ªs relações de simbiose, foram estabelecidas com os ancestrais
dos cloroplastos, que apresentavam a capacidade de produzir
compostos orgânicos, utilizando a luz como fonte de energia.

Assim, estes procariontes autónomos, estabeleceram relações de simbiose,


mutuamente vantajosas com a célula hospedeira, beneficiando a mesma com o
processo de respiração celular (mitocôndria) e fotossíntese (cloroplasto), e
a célula hospedeira fornecia proteção e nutrientes.

➔ Esta teoria sustenta que o DNA vem do núcleo e que as


mitocôndrias e cloroplastos são seres independentes!
 Mas quem é a bioquímica?
A Bioquímica é, como o próprio nome indica, a química da vida.

É o ramo da ciência que faz a ponte entre a Química – estudo das estruturas e
interações entre átomos e moléculas, e a Biologia – estudo das estruturas e
interações das células e organismos vivos.

Visto que todos os seres são constituídos por moléculas "inanimadas", a vida é
no seu nível mais básico um fenómeno bioquímico.

A Bioquímica é um campo altamente interdisciplinar, que já há muito deixou de


ser apenas os estudos de séries de reações na célula, no entanto podem-se
definir alguns pontos importantes do seu estudo:

→ Vias de síntese e degradação das biomoléculas;


→ Determinação das propriedades químicas e estrutura tridimensional das
biomoléculas;
→ Mecanismos de regulação das inúmeras reações que ocorrem em
simultâneo na célula e no organismo;
→ Funções das proteínas: mecanismos moleculares da catálise enzimática;
reconhecimento e ligação pelos recetores celulares, seu mecanismo intra
e intermolecular; formas como a informação é comunicada em vias de
transdução de sinal;
→ Expressão da informação genética, sua transmissão e atualmente, na era
pós-genómica, da sequência genética à função (proteómica)
Introdução
 Lógica Molecular

Matéria Viva: composta por moléculas intrinsecamente inanimadas tal como a


matéria não viva.

↳ Diferença entre a matéria viva e não viva: Complexidade e


Organização

 Os organismos vivos

o Cada uma de suas partes tem um propósito ou função específica, seja


uma estrutura complexa como um órgão ou aparelho, estruturas sub
moleculares ou mesmo moléculas individuais.
o São capazes de extrair e utilizar energia do seu ambiente, seja na forma
de nutrientes orgânicos, seja na forma de luz solar.

o São capazes de se auto-duplicar, gerando uma descendência que


perpetua o estado vital.

Princípio – macromoléculas orgânicas

Há uma simplicidade básica na estrutura das macromoléculas, apesar de serem,


por exemplo, cerca de 10𝑥1011 os tipos de proteínas existentes em 10 milhões de
espécies de seres vivos.

Todos os organismos vivos são formados pelas mesmas espécies de moléculas


fundamentais e, portanto, parecem ter um ancestral comum.
Princípio – Energia & Matéria

→ Mantém suas estruturas organizadas e complexas extraindo,


transformando e utilizando energia do seu ambiente;
→ As células vivas são máquinas químicas muito complexas e organizadas,
que funcionam a base de energia química. A energia de todo ser vivo
vem, direta ou indiretamente, do Sol;
→ Os organismos vivos fabricam substâncias capazes de regular todo o seu
conjunto complexo de reações químicas;
→ As Enzimas são proteínas especializadas, capazes de realizar e controlar
todos os processos bioquímicos que caracterizam um organismo vivo;

→ Os processos metabólicos são regulados para operar no princípio da


economia máxima.

Princípio – Reprodução

→ São capazes de se reproduzir com incrível precisão ao longo de


milhares de gerações, através de um sistema de replicação auto-
reparável.
→ Toda a informação necessária para a construção de um novo ser vivo está
armazenada e codificada no DNA de todas as células que o compõe.

→ Esta informação cabe em 6𝑥10−12 g de DNA, para a célula do ser


humano.
 “Química da vida”

O conjunto de reações químicas que ocorrem dentro da célula, está organizado


de forma a minimizar as perdas energéticas e maximizar o benefício
biológico.

Todos os seres vivos nascem, crescem, reproduzem e morrem devido a reações


químicas que dependem de:

o Fatores próprios ao indivíduo;


o Ambiente (temperatura, etc…);
o A quantidade e qualidade dos substratos para essas reações;
o A forma de obtenção e armazenamento de alimentos, etc…

Dentro de uma lógica molecular, a vida tenta organizar o caos natural do


universo.

 Composição da matéria viva

→ Possui características muito especiais, se comparada à matéria


inanimada;
→ Possui muitas características em comum, se comparamos entre si,
animais e vegetais, diferentes espécies e géneros;
→ As moléculas que participam na estrutura e no funcionamento da matéria
viva são chamadas Biomoléculas.

Biomoléculas

Na sua maioria compostos de carbono, cujas massas são formadas (~99 %) por
C, H, O e N.

Em percentagem do peso seco da célula, temos: Carbono: 50 a 60 %;


Oxigénio: 25 a 30 %; Azoto: 8 a 10 % e Hidrogénio: 3 a 4 %
Muitas biomoléculas são assimétricas, ou seja, possuem centros quirais ou de
assimetria (átomos de carbono com quatro ligantes diferentes).

A principal biomolécula, responsável por 70 % do peso total de uma célula, é a


ÁGUA.

Do peso seco da célula, cerca de 27 % é formado por uma classe especial de


biomoléculas, as MACROMOLÉCULAS.

O restante da célula é formado por sais inorgânicos e outras pequenas


biomoléculas (como os precursores das macromoléculas, por exemplo).

Macromoléculas

São biomoléculas de alto peso molecular, muito grandes e de estrutura química


e espacial complexas;

São sempre formadas a partir de "unidades fundamentais" (moléculas menores


e muito mais simples que funcionam como matéria-prima para a construção das
macromoléculas).

Macromolécula Unidade % Peso


Fundamental Total
Célula

Proteínas → constituem a maior fração da matéria viva, são as Aminoácidos 15


macromoléculas mais complexas, possuem inúmeras funções na
célula.

Ácidos nucleicos → são as maiores macromoléculas da célula, Nucleótidos 7


são os responsáveis pelo armazenamento e transmissão da
informação genética.

Glícidos (hidratos de carbono) → são os principais Monossacarídeos 3


combustíveis celulares, possuem também função estrutural e
participam dos processos de reconhecimento celular.

Lípidos → formam nossa principal fonte de armazenamento de Ácidos Gordos 2


energia assim como desempenham importante função na estrutura
das membranas biológicas, são biomoléculas hidrofóbicas.
A água
Principal constituinte da célula, desempenha um papel fundamental na
definição de suas estruturas e funções;

É o meio ideal para a maioria das reações bioquímicas;

Fator primário de definição das estruturas espaciais das macromoléculas;

A estrutura ou a função de uma biomolécula depende de suas características de


afinidade com a água, a saber:

o Molécula Hidrofílica (afinidade c/ a água) Molécula anfipática: apresenta


características hidrofílicas e
o Molécula Hidrofóbicas (s/ afinidade c/ água)
hidrofóbicas

 Relações entre matéria e vida

A evolução das espécies apoia-se em novas maneiras de se obter energia das


mais variadas fontes para assim melhor aproveitar as matérias-primas que a
natureza oferece aos seres vivos.

Autotróficos: o ser vivo produz o seu próprio alimento utilizando a luz como
fonte de energia. É capaz de produzir moléculas orgânicas que lhe servem de
alimento a partir de substâncias inorgânicas que ele retira do meio em que vive.

Heterotróficos: é aquela em que o ser vivo necessita de obter matéria


orgânica do meio externo, ou seja, não é capaz de produzi-la.

Decompositores: devolvem a matéria ao meio.

Existem, também, algumas moléculas indispensáveis para o funcionamento das


células vivas que só são sintetizadas pelos autotróficos, como alguns
aminoácidos e as vitaminas.

Os autotróficos, por sua vez, também necessitam de matéria-prima derivada dos


heterotróficos como o gás carbónico e os produtos da decomposição de seus
tecidos.
De qualquer forma, esta relação, que nasce da tentativa das espécies em se auto
preservar, forma um elo indissolúvel entre os produtores (autotróficos),
consumidores (heterotróficos) e os decompositores, construindo uma complexa
teia alimentar que faz com que a Terra funcione como um gigantesco ser vivo e
prossiga, lentamente, seus passos evolutivos.

O ato de obter substratos para as reações orgânicas básicas que ocorrem no


interior das células dos seres vivos, constitui a alimentação.

Apesar de as relações bioenergéticas entre as biomoléculas serem fundamentais


para a biologia celular, biomoléculas que não produzem energia de forma direta
possuem funções chaves neste processo.

Basicamente, os nutrientes de origem alimentar são fornecidos pelos hidratos


de carbono (açúcares), lípidos (gorduras) e proteínas que possuem como função
primordial a produção de energia a nível celular.

Outros nutrientes fundamentais à vida são as vitaminas, os minerais e as fibras.

A água corresponde ao elemento químico em maior quantidade nos seres vivos


(cerca de 70% do peso total) e é o solvente dos demais compostos químicos
celulares. É, portanto, indispensável na alimentação.
Classificação dos alimentos

Podemos classificar os alimentos de várias formas (composição, consistência,


modo de preparação, etc.).

Do ponto de vista bioquímico, a melhor classificação diz respeito às suas


propriedades biológicas:

o Energéticos;
o Estruturais;
o Reguladores.

Energéticos

Fornecem substratos para a manutenção da temperatura corpórea a nível


celular, libertando energia para as reações bioquímicas.

Hidratos de carbono → são os alimentos energéticos por excelência (4,1


kcal/g), pois são diretamente sintetizados na fotossíntese dos autotróficos e
todos os seres vivos possuem as enzimas necessárias para sua degradação.

Lípidos → são os principais elementos de reserva energética uma vez que são
primariamente armazenados nos adipócitos antes da metabolização hepática.

Os lípidos e as proteínas, apesar de possuírem poder energético igual ou


mesmo superior aos hidratos de carbono, têm outras funções no organismo e
são absorvidos após a absorção dos hidratos de carbono, sendo utilizados,
secundariamente, como produtores de energia, apesar do alto poder calorífico
(9,3 kcal/g dos lípidos e 4,65 kcal das proteínas).
Estruturais e reguladores

Atuam no crescimento, desenvolvimento e reparação de tecidos lesados,


mantendo a forma ou protegendo o corpo. São as proteínas, minerais, lípidos e
água (funções estruturais).

Aceleram os processos orgânicos, sendo indispensáveis ao ser humano: são as


vitaminas, aminoácidos e lípidos essenciais, minerais e fibras (funções
reguladoras).

Figura 3 – Relações Energéticas


entre vias Catabólicas e Anabólicas
 Necessidade dos alimentos

Em condições normais, a energia absorvida diariamente deve ser igual a energia


gasta pelo indivíduo.

A alimentação deve conter uma quantidade tal de alimentos das três classes
(energéticos, estruturais e reguladores) que possibilite as atividades metabólicas
básicas do organismo sem carências ou excessos caloríficos.

O gasto de energia varia de acordo com o ambiente, com tipo de alimentação e a


taxa basal metabólica (quantidade de energia necessária para a manutenção das
funções fisiológicas básicas)

A TBM é proporcional ao peso corpóreo, à área corporal e ao sexo (nos homens


e nos jovens é maior que nas mulheres e idosos em virtude de suas atividades
metabólicas serem diferentes).

 Fatores que influenciam as categorias metabólicas dos animais

Fator Resposta da Taxa Metabólica

Exercendo maiores efeitos

Nível de atividade física (ex: corrida) ↑ c/ aumento do nível de atividade

Temperatura Ambiente Mamíferos e outros homeotérmicos:

↓ na zona termoneutra;

↑ abaixo da zona termoneutra;

↑ acima da zona termoneutra;

Peixes e outros poiquilotérmicos:

↑ c/ aumento temperatura

↓ c/ diminuição temperatura
Exercendo menores efeitos

Ingestão de uma refeição (particularmente ↑ por várias a muitas horas após a ingestão
rica em proteína)

Tamanho do corpo taxa específica de peso ↑ conforme o tamanho


Idade Variável; Humanos: taxa específica de peso ↑


até puberdade, depois ↓

Género Variável; Humanos: ↑ nos homens

Nível do O2 do Ambiente Frequentemente ↓ conforme o O2 ↓ abaixo do


limite, não afetado acima do limite

Estado Hormonal Variável; Ex: ↑ por secreções excessivas da


tiroide em mamíferos.

Hora do dia Variável; Humanos: ↑ durante o dia

Salinidade da água (animais aquáticos) Variável; em caranguejos marinhos de


osmorregulação, ↑ na água diluída

 Temperaturas efetivas ambientais


Pode-se medir a TBM de um indivíduo colocando-o em uma câmara isolada
para medir perdas de calor e produtos excretados em relação à alimentação e o
consumo de oxigénio.

Normalmente, um litro de oxigénio consumido equivale a, aproximadamente,


4,83 kcal de energia gasta. Naturalmente não é possível realizar este teste para
cada um de nós, porém conhecendo-se a necessidade média por grupo etário,
sexo e atividade física, podem ser sugeridas as necessidades calóricas mínimas.

Deve-se levar em consideração o efeito termogénico dos alimentos, onde cerca


de 5 a 10% da energia total que pode ser fornecida pelo alimento, é gasta para
ser digerida. Esta taxa varia de acordo com o alimento, dependendo da sua
digestibilidade.

 Absorção de energia recomendada para homens e mulheres


Hidratos de Carbono

 Os hidratos de carbono
→ São as biomoléculas mais abundantes na terra.
→ Anualmente os processos fotossintéticos convertem mais de 100.000
milhões de toneladas de CO2 e de H2O em celulose e outros produtos
vegetais.
→ Certos hidratos de carbono (açúcar e amido) são a base da alimentação
em várias partes do globo e a oxidação dos hidratos de carbono é a
principal via de produção de energia das células não-fotossintéticas.
→ Polímeros insolúveis de hidratos de carbono funcionam como elemento
estrutural e protetor nas paredes celulares das bactérias e plantas e nos
tecidos conjuntivos dos animais.
→ Outros polímeros de hidratos de carbono funcionam como lubrificante
nas articulações e junções esqueléticas e participam nos processos de
reconhecimento e adesão entre células.
→ Outros polímeros mais complexos encontram-se associados
covalentemente com lípidos ou proteínas formando compostos
denominados glicoconjugados.
→ Este capítulo pretende introduzir as principais classes de hidratos de
carbono e fornecer alguns exemplos sobre sua função e estrutura

Estrutura química

Também chamados sacáridos, glúcidos, oses, hidratos de carbono ou açúcares,


são definidos, quimicamente, como:

o Poli-hidróxi-cetonas (cetoses)
o Poli-hidróxi-aldeídos (aldoses)
Compostos orgânicos com pelo menos três carbonos onde todos os carbonos
possuem uma hidroxila, com exceção de um, que possui o carbonilo primário
(grupo aldeídico) ou o carbonilo secundário (grupo cetónico);

Possuem fórmula empírica: Cn (H2O)m;


Desde os mais simples monossacáridos (onde n = m) até os maiores (com peso
molecular de até milhões de daltons;
Alguns hidratos de carbono, possuem na sua estrutura azoto, fósforo ou enxofre
não se adequando, portanto, à fórmula geral;
A grande informação contida nessa fórmula geral é a origem fotossintética dos
hidratos de carbono;
Podendo-se dizer que o hidrato de carbono contém na sua molécula a água, o
CO2 e a energia luminosa que foram utilizados em sua síntese;
A conversão da energia luminosa em energia química faz com que esses
compostos fotos sintetizados funcionem como verdadeiro combustível celular,
libertando uma grande quantidade de energia térmica devido ao rompimento
das ligações dos carbonos das suas moléculas, libertando, também, a água e o
CO2 presentes;
A relação entre a fotossíntese e a função energética dos hidratos de carbono é
indiscutível;
A clorofila presente nas células vegetais é a única molécula da natureza que não
emite energia em forma de calor após ter tido seus eletrões excitados pela luz;
Ela utiliza esta energia para unir os átomos de carbono do CO2 absorvido,
"armazenando-a" nas moléculas de glucose sintetizadas durante o processo
fotossintético;
➔Os vegetais são autossuficientes na produção de hidratos de carbono. Os
animais precisam alimentar-se de células vegetais (ou de animais herbívoros)
para obter glucose e O2 para produzir energia para suas reações metabólicas.

Classificação

→ Os hidratos de carbono mais simples são denominados monossacarídeos.


→ Possuem pelo menos um átomo de carbono assimétrico que caracteriza a
região denominada “centro quiral”, pois fornece isómeros óticos.
→ Possuem de 3 a 8 carbonos, sendo denominados, respetivamente, trioses,
tetroses, pentoses, hexoses, heptoses e octoses.
→ Os monossacáridos de ocorrência natural mais comum, como a ribose
(5C), glucose (6C), frutose (6C) e manose (6C), existem como hemiacetais
de cadeia cíclica (e não na forma linear), quer nas formas de furanose
(um anel de 5 elementos, menos estável) ou de piranose (um anel de 6
elementos, mais estável).
→ Esta forma cíclica (hemiacetal), resulta da reação intramolecular entre o
grupo funcional (C1 nas aldoses e C2 nas cetoses) e um dos carbonos
hidroxilados do restante da molécula (C4 na furanose e C5 na piranose),
ocorrendo nas formas isoméricas  e  (cis ou trans), conforme a posição
da hidroxila do C2 em relação à hidroxila do C1
→ Tais formas são interconvertidas através do fenómeno da mutarrotação.
→ Os hidratos de carbono formam compostos pela união de duas ou mais
moléculas de monossacáridos.
→ São então classificados como Di, Oligo e Polissacáridos.  Nesses
compostos, quando o carbono C1 apresenta a hidroxila livre (ou seja, não
está envolvido na ligação com outros monossacáridos) o hidrato de
carbono apresenta poder redutor quando aquecido.
→ Esta característica é utilizada, frequentemente, em reações de
identificação.

Dissacarídeos

Os dissacáridos são formados por dois monossacáridos unidos por ligação


covalente.

Os dissacáridos são formados por dois monossacáridos unidos por ligação


covalente:

o Trealose = glucose + glucose (1-1);


o Celobiose = -glucose + -glucose (1- 4);
o Maltose (1 - 4) e a Iso-maltose  (1 - 6) – duas moléculas de glucose
e estão presentes no malte (maltose) e são subproduto da digestão do
amido e glicogénio (iso-maltose);
o Lactose = glucose + galactose (1- 4) – é o principal hidrato de carbono
do leite;
o Sacarose: glucose + frutose (1 - 2) – a forma mais comum de açúcar,
obtida da cana-de-açúcar.

Polissacarídeos

Também chamados de glicanas, são polímeros de hexoses unidos por ligação


glicosídica na forma  ou .

Alguns funcionam como reserva de hidratos de carbono, outros atuam na


morfologia celular.
Os polissacáridos de reserva mais importante são o amido e o glicogénio, ambos
de alto peso molecular e polímeros da glucose em ligações (1- 4) nas cadeias
principais e ligações (1- 6) nos pontos de ramificação, sendo o glicogénio mais
compacto por apresentar mais ramificações em sua molécula.

o Apenas a forma de amilose do amido não é ramificada, pois possui


somente ligações do tipo (1 - 4);
o A forma amilopectina do amido é semelhante à molécula de glicogénio
(ramificada).

Outros polissacáridos possuem papel estrutural nas paredes celulares. A


celulose é formada por moléculas de glucose unidas por ligações (1- 4) e é o
principal constituinte estrutural da parede celular dos vegetais, responsável pela
resistência observada em alguns caules.

Apresenta-se impregnada por outras substâncias poliméricas, não sendo


digerida pelos animais, que não apresentam enzimas para quebrar as ligações
do tipo , a exceção de animais herbívoros, que possuem bactérias e
protozoários simbióticos que digerem a celulose em seus aparelhos digestivos.

As paredes porosas e rígidas das bactérias possuem peptidoglicanas –


polissacáridos lineares formados por unidades alternadas de ácido N-acetil-
murâmico e Nacetil-glicosamina (derivados de hidratos de carbono)
interligados por cadeias polipeptídicas curtas.

As células animais têm um revestimento externo (glicocálix) macio e flexível


formado por cadeias oligossacarídicas ligadas a lípidos e proteínas
(glicoproteínas).
As glicoproteínas possuem um ou mais hidratos de carbono em sua composição
molecular sendo que a maioria das proteínas da superfície celular são
glicoproteínas.

Os tecidos conjuntivos dos animais possuem vários mucos polissacarídeos


ácidos (p.ex.: o ácido hialurónico), formados por unidades de açúcar alternadas,
uma das quais contém o grupo ácido.

Estas estruturas, nas quais a porção polissacarídea predomina, são chamadas


proteoglicanas.

Outro polissacárido ácido importante é a heparina, que possui função


anticoagulante nos vasos sanguíneos dos animais; é formada por glucosamina +
ácido urónico + os aminoácidos serina ou glicina.

 Os hidratos de carbono e os animais


Os animais não são capazes de sintetizar hidratos de carbono a partir de
substratos simples não energéticos.

No processo de utilização dos HC produzem CO2 (excretado para a atmosfera),


água e energia (utilizados nas reações intracelulares).

Produção de hidratos de carbono nos animais


Gliconeogénese – corresponde à síntese de glucose a partir de precursores
não glucídicos (nomeadamente aminoácidos, glicerol, lactato…)

Glicogénese – síntese de glicogénio no fígado e músculos através de processos


de polimerização de moléculas de glucose.

Glicogenólise – processo de produção de glucose endógena a partir da quebra


das moléculas de glicogénio armazenado.
Figura 4 & 5 - síntese de carboidratos a partir de precursores simples

➔ A via de fosfoenolpiruvato para a glicose-6-fosfato é comum para a


conversão biossintética de muitos percursores diferentes de carboidratos em
animais e plantas. Plantas e bactérias fotossintéticas são excecionalmente
capazes de converter CO em carboidratos.

Glicogénese

Corresponde a síntese de glicogénio que ocorre no fígado e músculos (os


músculos apresentam cerca de 4 vezes mais glicogénio do que o fígado em razão
de sua grande massa).
O glicogénio é uma fonte imediata de glucose para os músculos quando há a
diminuição da glucose sanguínea (hipoglicémia).

A primeira reação do processo é a formação de glucose-6-fosfato (G6P) a


partir da fosforilação da glucose.

Regulação glicémica

Após a absorção dos hidratos de carbono nos intestinos, a veia porta hepática
fornece ao fígado uma quantidade enorme de glucose que vai ser libertada para
o sangue de forma a suprir as necessidades energéticas de todas as células do
organismo.

As concentrações normais de glucose plasmática (glicémia) situam-se em torno


de 70 - 110 mg/dl, sendo que situações de hiperglicemia tornam o sangue
concentrado alterando os mecanismos de troca da água do LIC com o LEC, além
de ter efeitos degenerativos no SNC.

Sendo assim, um sistema hormonal muito eficiente entra em ação para evitar
que o aporte sanguíneo de glucose exceda os limites de normalidade.

As hormonas pancreáticas insulina e glucagon possuem ação reguladora sobre a


glicemia plasmática. Não são os únicos envolvidos no metabolismo dos hidratos
de carbono (as hormonas sexuais, epinefrina, glicocorticoides, tireoidianos, GH
e outros também têm influenciam a glicemia), porém, sem dúvida, são os mais
importantes.

A insulina é produzida nas células  das ilhotas de Langerhans e é armazenada


em vesículas do Aparelho de Golgi em uma forma inativa (pró-insulina).

Nessas células existem recetores celulares que detetam níveis de glucose


plasmática (hiperglicemia) após uma alimentação rica em hidratos de carbono.

Há a ativação da insulina com a retirada do péptido C de ligação, com a


liberação da insulina na circulação sanguínea.
Como efeito imediato, a insulina possui três ações principais:

1. Estimula a captação de glucose pelas células (com excepção dos


neurónios e hepatócitos);
2. Estimula o armazenamento de glicogénio hepático e muscular
(glicogénese);
3. Estimula o armazenamento de aminoácidos (fígado e músculos) e ácidos
gordos (adipócitos).

Como resultado dessas ações, há a queda gradual da glicemia


(hipoglicémia) que estimula as células -pancreáticas a liberar o
glucagon. Esta hormona possui acção antagónica à insulina, com
três efeitos básicos:

1. Estimula a mobilização dos depósitos de aminoácidos e ácidos gordos;


2. Estimula a Glicogenólise;
3. Estimula a neoglicogénese.

→ Esses efeitos hiperglicemiantes possibilitam nova ação insulínica, o que


deixa a glicemia de um indivíduo normal em torno dos níveis normais de
70 - 110 mg/dl.
→ A captação de glucose pela célula dá-se pelo encaixe da insulina com o
recetor celular para insulina.
→ Esse complexo sofre endocitose, permitindo a entrada de glucose,
eletrólitos e água para a célula; a glucose é metabolizada (através da
glicólise e Ciclo dos ácidos tricarboxílicos), a insulina degradada por
enzimas intracelulares e o recetor é regenerado, reiniciando o processo.
→ Quanto mais complexo insulina/recetor é endocitado, mais glucose entra
na célula, até que o plasma fique hipoglicémico.
→ Esta hipoglicemia, entretanto, não é imediata, pois a regeneração do
recetor é limitante da entrada de glucose na célula, de forma a
possibilitar somente a quantidade de glucose necessária evitando, assim,
excesso de glucose intracelular.
→ Nos músculos, a glucose em excesso é convertida em glicogénio, assim
como a glucose que retorna ao fígado.
→ A grande maioria das células do organismo são dependentes da insulina
para captar glucose (os neurónios e os hepatócitos são exceções, pois não
tem recetores para insulina, sendo a glucose absorvida por difusão).
→ A deficiência na produção ou ausência total de insulina ou dos recetores
caracteriza uma das doenças metabólicas mais comuns: o diabetes
mellitus.
Aminoácidos péptidos e proteínas

 Aminoácidos

→ São as unidades fundamentais das PROTEÍNAS.


→ Todas as proteínas são formadas a partir da ligação em sequência de
apenas 20 aminoácidos .

→ Existem, além destes 20 aminoácidos principais, alguns aminoácidos


especiais, que só aparecem em alguns tipos de proteínas.

Estrutura química geral:

Os 20 aminoácidos possuem características estruturais em comum,


tais como:

1. A presença de um carbono central  , quase sempre assimétrico; nas


proteínas encontramos apenas "L" aminoácidos;
2. Ligados a este carbono central, um grupo carboxílico, um grupo amina e
um átomo de hidrogénio;
3. O quarto ligante é um radical chamado genericamente de "R",
responsável pela diferenciação entre os 20 AA. É a cadeia lateral dos AA.

É o radical "R" que define uma série de características dos AA, tais como a
polaridade e o grau de ionização em solução aquosa.

É a polaridade do radical "R" que permite a classificação dos


aminoácidos em 3 classes:

1. Aminoácidos com Radical "R" Apolar;


2. Aminoácidos com Radical "R" Polar Não-Carregado;
3. Aminoácidos com Radical "R" Polar Carregado.
 Aminoácidos com radical "r" apolar

Possuem radical "R" geralmente formado exclusivamente por carbono e


hidrogénio - grupamentos alquila.

São hidrofóbicos e em número de 8:

o Alanina
o Valina
o Leucina
o Isoleucina
o Prolina - Forma anel imina
o Fenilalanina
o Triptofano
o Metionina - "R" contém enxofre

 Aminoácidos com radical "r" polar não carregado

São aminoácidos com radicais "R" contendo hidroxilas, sulfidrilas e grupos


amida;
São hidrofílicos e em número de 7:

o Glicina - o mais simples dos AA


o Serina - "R" com função alcoólica
o Treonina - "R" com função alcoólica
o Cisteína - possui um radical sulfídrica
o Tirosina - "R" com grupamento fenol
o Asparagina - "R" com função amida
o Glutamina - "R" com função amida

 Aminoácidos com radical "r" polar carregado

"R" Carregado Positivamente

São AA diamino e monocarboxílicos, em número de 3:

o Lisina
o Arginina
o Histidina

"R" Carregado Negativamente

São AA monoamino e dicarboxílicos, em número de 2:

o Ácido Aspártico
o Ácido Glutâmico
 Aminoácidos em solução aquosa – propriedades químicas e elétricas

Os aminoácidos são ANFÓTEROS;

Em solução aquosa, comportam-se como ácido e como base, formando IÕES


DIPOLARES, a saber:

o O grupo carboxilo ioniza-se em solução aquosa libertando protão, e


adquirindo carga negativa;
o O grupo amina ioniza-se em solução aquosa aceitando protão e
adquirindo carga positiva.

Este comportamento depende do pH do meio aquoso em que o aminoácido se


encontra:

o Em meio ácido, os AA tendem a aceitar protões, comportando-se como


base e adquirindo carga positiva – ionizam-se em seus radicais amina
o Em meio básico, os AA tendem a doar protões, comportando-se como
ácidos e adquirindo carga negativa - ionizam-se em seus radicais
carboxilo.

O valor de pH onde as cargas elétricas do aminoácido se igualam e se anulam


chama-se PONTO ISOELÉCTRICO, ou pH ISOELÉCTRICO.

 Curva de titulação de um aminoácido

Ao titularmos um aminoácido monoamino e monocarboxílico, temos o seguinte


comportamento:

Ponto 1: +NH3CHRCOOH = AA totalmente protonado

Ponto 2: [+NH3CHRCOOH] = [+NH3CHRCOO- ]


Ponto 3: +NH3CHRCOO- = Ponto Isoeléctrico = Ião Dipolar ou
"Zwitterião".

Ponto 4: [+NH3CHRCOO- ] = [NH2CHRCOO- ]

Ponto 5: NH2CHRCOO- = AA totalmente desprotonado

 Proteínas

→ São as macromoléculas mais importantes e possuem as estruturas mais


complexas e desempenham inúmeras funções.
→ Pertencem à classe dos péptidos pois são formadas por aminoácidos
ligados entre si por ligações peptídicas.

→ Entre os péptidos, formam a subclasse dos polipéptidos, pois são


macromoléculas formadas por sequências de 200 ou mais resíduos de
aminoácidos.
A ligação peptídica

Ocorre entre os grupos amina e carboxílico ligados ao carbono alfa dos


aminoácidos, com a saída de uma molécula de água.

As ligações peptídicas possuem propriedades especiais, tais como um carácter


de dupla ligação parcial, rígida e planar, e configuração quase sempre "TRANS".

Apesar disso, o péptido tem grande mobilidade rotacional, pois as ligações entre
o carbono alfa do resíduo do aminoácido e seus radicais carboxilo e amina
possuem giro livre sobre seus eixos:

o Ligação  (psi) → Entre o carbono alfa e o carbono do carbonilo


o Ligação  (phi) → Entre o carbono alfa e o nitrogénio do grupo amina

Funções das proteínas

As proteínas exercem na célula uma grande variedade de funções, que podem


ser divididas em 2 grupos:

Dinâmicas → Transporte, defesa, catálise de reações, controle do


metabolismo e contração, por exemplo

Estruturais → Proteínas como o colagénio e elastina, por exemplo, que


promovem a sustentação estrutural da célula e dos tecidos

Classificação das proteínas

➢ Quanto a Composição
➢ Quanto ao Número de Cadeias Polipeptídicas
➢ Quanto à Forma
Composição

Proteínas Simples → Por hidrólise libertam apenas aminoácidos

Proteínas Conjugadas → Por hidrólise libertam aminoácidos mais um


radical não peptídico, denominado grupo prostético. Ex.: Metaloproteínas,
hemeproteínas, Lipoproteínas, Glicoproteínas, etc.

Número de cadeias

Proteínas Monoméricas → Formadas por apenas uma cadeia polipeptídica

Proteínas Oligoméricas → Formadas por mais de uma cadeia polipeptídica;


são as proteínas de estrutura e função mais complexa

Forma

Proteínas Fibrosas → De estrutura espacial mais simples

Proteínas Globulares → De estrutura espacial mais complexa

Proteínas homólogas

São proteínas que desempenham a mesma função em tecidos ou em espécies


diferentes.

Estas proteínas possuem pequenas diferenças estruturais, reconhecíveis


imunologicamente.
"SEGMENTOS VARIÁVEIS“ - geralmente não participam diretamente da
atividade da proteína.

"SEGMENTOS FIXOS“ - são fundamentais para o funcionamento


bioquímico da proteína.

Organização estrutural das proteínas

As proteínas possuem complexas estruturas espaciais, que podem ser


organizadas em 4 níveis, crescentes em complexidade:

o Estrutura primária;
o Estrutura secundária;
o Estrutura terciária;
o Estrutura quaternária.

Estrutura primária

Dada pela sequência de aminoácidos e ligações peptídicas da molécula;

É o nível estrutural mais simples e mais importante, pois dele deriva todo o
arranjo espacial da molécula;

Pode variar em 3 aspetos, definidos pela informação genética da célula:

o Número de AA
o Sequência de AA
o Natureza dos AA

Uma extremidade AMINO TERMINAL" e uma extremidade "CARBOXI


TERMINAL";

A estrutura primária de uma proteína é destruída por HIDRÓLISE química ou


enzimática das ligações peptídicas.
Estrutura secundária
É dada pelo arranjo espacial de aminoácidos próximos entre si na sequência
primária da proteína;

É o último nível de organização das proteínas fibrosas mais simples


estruturalmente;

Ocorre graças à possibilidade de rotação das ligações entre os carbonos a dos


aminoácidos e seus grupos amina e carboxilo;

O arranjo secundário de um polipéptido pode ocorrer de forma regular; isso


acontece quando os ângulos das ligações entre carbonos a e seus ligantes são
iguais e repetem-se ao longo de um segmento da molécula.

- Hélice
→ É a forma mais comum de estrutura secundária regular
→ Caracteriza-se por uma hélice em espiral formada por 3,6 resíduos
de aminoácidos por volta.
→ As cadeias laterais dos aminoácidos se distribuem para fora da
hélice, evitando assim o impedimento estérico.

→ A principal força de estabilização da  - Hélice é a ponte de


hidrogénio

Folha - 
→ Ou folha pregueada, ou ainda estrutura - 
→ Ao contrário da - Hélice, a folha -  envolve 2 ou mais segmentos
polipeptídicos da mesma molécula ou de moléculas diferentes,
arranjados em paralelo ou no sentido anti-paralelo
→ Os segmentos em folha -  da proteína adquirem um aspecto de
uma folha de papel dobrada em pregas
→ As pontes de hidrogénio mais uma vez são a força de estabilização
principal desta estrutura
Estrutura secundária não repetitiva:
→ Em média cerca de 50% da estrutura de uma proteína globular
está em a - hélice ou em folha - 
→ O restante da molécula assume uma estrutura secundária não
repetitiva, menos regular que as acima citadas

Estruturas super secundárias:


→ Estruturas que resultam da combinação de segmentos com arranjo
secundário em "MOTIVOS", longos padrões que se repetem ao
longo de uma proteína

→ São exemplos mais comuns de motivos super-secundários a "chave


grega", os segmentos hélice-volta-hélice, as unidades --, etc.

Estrutura terciária

Dada pelo arranjo espacial de aminoácidos distantes entre si na sequência


polipeptídica;

É a forma tridimensional como a proteína se "enrola";

Ocorre nas proteínas globulares, mais complexas estrutural e funcionalmente;

A estrutura terciária de uma proteína é determinada e estabilizada por fatores


primários como:

Resíduos de prolina → Interrompem estruturas secundárias


regulares, causando dobras na molécula

Impedimento estérico → cadeias laterais muito grandes que precisam


se "acomodar" no espaço
Pontes dissulfeto → Ligações covalentes entre radicais sulfidrilo de
resíduos de cisteína, formando um resíduo de CISTINA

Pontes de hidrogénio

Interações hidrofóbicas → Tendência dos AA com radical "R" apolar


de se acomodar no interior de uma estrutura dobrada, "fugindo" do contacto
com a água

Interações Iónicas → Forças de atração entre AA com radicais "R"


carregados com cargas opostas

Cadeias polipeptídicas muito longas podem ser organizadas em DOMÍNIOS,


regiões com estruturas terciárias semi-independentes ligadas entre si por
segmentos lineares da cadeia polipeptídica;

Os domínios são considerados as unidades funcionais e de estrutura


tridimensional de uma proteína.

Estrutura quaternária

Surge apenas nas proteínas oligoméricas;

Dada pela distribuição espacial de mais de uma cadeia polipeptídica no espaço,


as sub-unidades da molécula;

Estas sub-unidades se mantém unidas por forças covalentes, como pontes


dissulfeto, e ligações não covalentes, como pontes de hidrogénio, interações
hidrofóbicas, etc.

As sub-unidades podem atuar de forma independente ou cooperativamente no


desempenho da função bioquímica da proteína.
 Processo de enovelamento das proteínas

Quando estudamos a organização estrutural das proteínas, surge a dúvida:


“Como é regulado o processo de enovelamento da cadeia polipeptídica?”

Inicialmente foi aceite a explicação de que a estrutura tridimensional das


moléculas proteicas dependia exclusivamente das suas estruturas primárias.

Hoje sabemos que a explicação é mais complexa…

O enovelamento das proteínas é um processo que depende da participação de


outras proteínas muito especializadas, a saber:

Cis-Trans-Prolil Isomerases → Enzimas que catalisam a conversão


entre ligações cis e trans de resíduos de prolina, buscando uma configuração
adequada destas ligações .

Proteína-Dissulfeto Isomerases → Facilitam o arranjo ideal das


ligações dissulfeto, estabilizando-as.

Chaperonas → Proteínas que participam do processo de enovelamento


das cadeias polipeptídicas logo após a sua biossíntese no ribossoma.

O resultado da atuação destas proteínas e das forças de estabilização de


estrutura terciária já citados acima, garantem a formação de estruturas
espaciais estáveis, mas dinâmicas, essenciais para o desempenho funcional das
proteínas.

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