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BIOLOGIA
10º Ano

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BIODIVERSIDADE

 Diversidade Biológica
Uma das originalidades da Terra em relação aos outros planetas do Sistema Solar é a existência de
vida. Esta diversificou-se de uma forma extraordinária, ocupando habitats que se estendem desde
as profundidades dos oceanos às cordilheiras mais altas da Terra.

Apesar da enorme diversidade de seres vivos, estes apresentam também características comuns
que dão unidade à vida.

A Biosfera

A Biosfera é um subsistema terrestre que inclui o conjunto de seres vivos que povoam a Terra e os
respetivos ambientes.

Organização Biológica

A célula é a unidade básica da vida.

Os seres constituídos por uma só célula designam-se unicelulares; os seres constituídos por
associações de células designam-se pluricelulares.

Os seres pluricelulares são formados por conjuntos de células semelhantes, interdependentes, que
realizam uma ou mais funções - tecidos. Diferentes tipos de tecidos associam-se entre si, formando
sistemas de órgãos. Diferentes sistemas de órgãos cooperam entre si, formando um organismo.

Organização hierárquica de um organismo.

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O conjunto de organismos da mesma espécie que vivem numa determinada área, num dado
período de tempo, forma uma população.

Populações de diferentes espécies que interatuam numa determinada área constituem uma
comunidade.

O conjunto da comunidade, do ambiente e das interações específicas que se estabelecem entre


eles forma um ecossistema.

O conjunto de ecossistemas do Mundo forma a Biosfera.

Em qualquer ecossistema, os seres vivos estabelecem relações tróficas entre eles e o meio, que
envolvem transferências de matéria e energia; estas relações constituem as cadeias alimentares.

As cadeias alimentares intercomunicam, originando as teias alimentares ou redes tróficas.

Nas redes tróficas existem três categorias de seres vivos:

 Produtores: organismos autotróficos capazes de sintetizarem matéria orgânica a partir de


matéria mineral, através do processo fotossintético. São exemplos as plantas, as algas e as
cianobactérias.

 Consumidores: seres heterotróficos que são incapazes de sintetizarem matéria orgânica a


partir de matéria inorgânica, e por isso, alimentam-se direta ou indiretamente dos produtores.
São exemplos os carnívoros e os herbívoros.

 Decompositores: grupo de seres vivos que decompõem a matéria orgânica, como


cadáveres e excrementos, em matéria mineral. São representados pelos fungos e por
bactérias.

Os produtores ocupam o primeiro nível trófico, os consumidores ocupam os níveis tróficos


seguintes e os decompositores são o último elo de transferência de energia entre os organismos de
uma cadeia alimentar.

Exemplo de teia alimentar.

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Conservação e Extinção

O ser humano é o principal responsável pelas alterações drásticas ocorridas nos ecossistemas e,
consequentemente, pela extinção de determinadas espécies vegetais e animais.

Por extinção entende-se a redução gradual do número de indivíduos de uma espécie até ao
momento em que a espécie deixa de existir.

As espécies podem ser ameaçadas ou extintas devido a diversos fatores:

 destruição de habitats;
 sobre-exploração de recursos naturais;
 poluição;
 introdução de espécies exóticas;
 interrupção de relações de mutualismo;
 alterações climáticas.

A tomada de consciência do Homem para o risco de extinção de espécies, com consequente perda
de diversidade biológica, fez com que este desenvolvesse esforços no sentido de preservar a
biodiversidade.

A preservação ou conservação de espécies inclui não só a sua proteção, mas, também, a proteção
dos respetivos habitats procedendo, por exemplo, à criação de áreas protegidas e à recuperação de
áreas degradadas.

 A Célula e os seus Constituintes


A descoberta da célula só foi possível quando o avanço técnico permitiu a construção de
microscópios óticos compostos. Essa descoberta revolucionou o conhecimento dos processos
biológicos, e permitiu formular a teoria unificadora da Biologia - Teoria Celular, que assenta nos
seguintes princípios:

 A célula é a unidade básica de estrutura e de função de todos os seres vivos.

 Todos os seres vivos, dos mais simples aos mais complexos, são constituídos por células.

 Todas as células provêm de células preexistentes.

 A célula é a unidade de reprodução, de desenvolvimento e de hereditariedade dos seres


vivos.

Apesar desta universalidade de estrutura e função, há diversidade celular no tamanho, forma e grau
de complexidade. As células podem classificar-se em células procarióticas e em células
eucarióticas.

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Células procarióticas:

 apresentam uma estrutura muito simples;

 não possuem núcleo individualizado, o material genético encontra-se disperso no citoplasma,


constituindo o nucleóide;

 apresentam um número muito reduzido de organitos celulares;

 as bactérias e as cianobactérias apresentam este nível estrutural celular.

Estrutura de uma célula procariótica.

Células eucarióticas:

 organização estrutural complexa;

 possuem núcleo individualizado, delimitado por um invólucro nuclear;

 apresentam um conjunto de organitos celulares;

 estão representadas em quase todos os grupos de seres vivos;

 existem dois tipos de células eucarióticas: as animais e as vegetais, que se podem


distinguir tendo como base a ausência/presença de determinados organitos.

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A célula eucariótica é um sistema complexo e organizado, os seus constituintes básicos são


a membrana celular, o citoplasma (massa semifluida - hialoplasma, onde se encontram dispersos
diversos organelos) e o núcleo, possuindo ainda uma diversidade de organitos celulares.

Exemplos de Células Eucarióticas

Constituintes químicos dos seres vivos

A unidade biológica manifesta-se ao nível das características estruturais e funcionais e também a


nível bioquímico.

A matéria viva é constituída por substâncias inorgânicas e por substâncias orgânicas.

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Substâncias inorgânicas:

o São compostos de origem mineral que provêm do meio físico externo.

o Incluem os sais minerais e a água.

ÁGUA:

– é vital para a vida na Terra, uma vez que é o constituinte básico de todas as células;

– a molécula de água é formada por um átomo de oxigénio e por dois átomos de hidrogénio;
é uma molécula polar, o que facilita a sua ligação, através de ligações hidrogénio, a outras
moléculas.

Molécula de água.

Substâncias orgânicas:

o São compostos em que existe carbono ligado covalentemente com o hidrogénio, podendo
existir também outro tipo de átomos.

o Todos os seres vivos, logo as suas células, são constituídos por moléculas orgânicas de
grandes dimensões - macromoléculas.

o Existem quatro grandes grupos de macromoléculas nas células: os prótidos, os glícidos, os


lípidos e os ácidos nucleicos; estas moléculas são polímeros, que são formados por
conjuntos de unidades básicas - os monómeros, unidos por ligações químicas.

Glícidos ou Hidratos de Carbono


São compostos orgânicos ternários, constituídos por C, O, H. Podem considerar-se três grupos de
glícidos: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

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Monossacarídeos:

 glícidos mais simples, não hidrolisáveis e redutores;

 são classificados segundo o número de átomos de carbono, os mais frequentes são as:

- pentoses (5C) - ribose e desoxirribose

- hexoses (6C) - glicose, frutose e galactose

Oligossacarídeos:

 resultam da ligação glicosídica de 2 a 10 monossacarídeos:

- dissacarídeos - ligação de dois monossacarídeos; por exemplo, a sacarose, a maltose


e a lactose.

- trissacarídeos - ligação de três monossacarídeos.

- oligossacarídeos - resultam da ligação entre quatro e dez monossacarídeos.

 são hidrolisáveis.

Polissacarídeos:

 resultam da ligação de um número superior a dez monossacarídeos.

 exemplo: celulose, amido e glicogénio.

IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DOS GLÍCIDOS:

 função energética;

 função estrutural.

Lípidos
Constituem um grupo de moléculas muito heterogéneas que apresentam uma característica
comum: fraca solubilidade em água e elevada solubilidade em solventes orgânicos como o
éter, benzeno e o clorofórmio.

Podem classificar-se em dois grupos: lípidos de reserva e lípidos estruturais.

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LÍPIDOS DE RESERVA:

 componentes básicos são o glicerol e os ácidos gordos.

Ácidos gordos:

 constituídos por uma cadeia linear de átomos de carbono, com um grupo terminal carboxilo
(COOH);

 podem ser insaturados, quando os carbonos estão ligados entre si por ligações duplas, ou
saturados, quando os carbonos estão ligados entre si por ligações simples.

Glicerol:

 álcool que contém três grupos hidroxilo (OH);

 liga-se aos ácidos gordos através de ligações éster, podendo formar monoglicerídeos (um
ácido gordo), diglicerídeos (dois ácidos gordos) e triglicerídeos (três ácidos gordos).

Formação de um triglicerídeo.

LÍPIDOS ESTRUTURAIS - fosfolípidos:

– são muito importantes, porque são os constituintes mais abundantes das membranas
celulares;

– possuem um grupo fosfato;

– são moléculas anfipáticas, isto é, possuem uma zona hidrofílica polar, constituída por moléculas
de álcool, grupo fosfato e um radical, é solúvel em água e uma zona hidrofóbica apolar, constituída
por cadeias hidrocarbonatadas de ácidos gordos, é insolúvel em água.

Representação

de um

fosfolípido.

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IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DOS LÍPIDOS:

– reserva energética;

– função estrutural;

– função protetora;

– função vitamínica e estrutural.

Prótidos
São compostos quaternários constituídos por C, H, O e N, em associação, por vezes, com outros
elementos como S, P, Mg, Fe, etc.

IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DOS PRÓTIDOS:

 função enzimática;

 função estrutural;

 função de transporte e motora;

 função hormonal e imunológica;

 reserva alimentar.

De acordo com a sua complexidade, os prótidos podem classificar-se em: aminoácidos, péptidos
e proteínas.

Aminoácidos:

 constituem as unidades estruturais dos péptidos e proteínas;

 existem cerca de 20 aminoácidos que entram na constituição dos prótidos de todas as


espécies de seres vivos;

 possuem um grupo amina (NH2), um grupo carboxilo (COOH) e um átomo de hidrogénio,


ligados a um átomo de carbono, ao qual está ainda ligado a um outro conjunto de átomos -
radical – cuja natureza varia de aminoácido para aminoácido.

Representação de um aminoácido.

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Péptidos:

Resultam da ligação de dois (dipéptido), três (tripéptido), ou vários, às vezes mais de cem
(polipéptidos) aminoácidos através de ligações peptídicas. A ligação peptídica estabelece-se entre
o grupo carboxilo de um aminoácido e o grupo amina de outro.

Proteínas:

– são macromoléculas constituídas por uma ou mais cadeias polipeptídicas que apresentam uma
conformação tridimensional definida.

– as proteínas podem ser simples, formadas apenas por aminoácidos ou conjugadas quando
contêm uma porção não proteica - grupo prostético.

– possuem vários níveis de organização: estrutura primária, estrutura secundária, estrutura


terciária, estrutura quaternária.

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Ácidos Nucleicos
São as biomoléculas mais importantes do controlo celular, uma vez que possuem a
informação genética.

Há dois tipos fundamentais de ácidos nucleicos: ácido desoxirribonucleico (DNA) e


o ácido ribonucleico (RNA), sendo ambos polímeros de nucleótidos.

Os nucleótidos são formados por:

 grupo fosfato, que lhes conferem características ácidas;

 bases azotadas:

– adenina (A), guanina(G)- bases púricas ou de anel duplo;

– timina (T), citosina (C) e uracilo (U) - bases pirimídicas ou de anel simples.

 pentose:

– ribose no caso do RNA;

– desoxirribose no caso do DNA.

Representação de um nucleótido.

As principais diferenças entre o RNA e o DNA são a nível estrutural e de composição.

IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DOS ÁCIDOS NUCLEICOS:

- O DNA é o suporte universal da informação hereditária, controlando a atividade celular;

- DNA e RNA intervêm na síntese de proteínas.

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OBTENÇÃO DE MATÉRIA

A vida na Terra mantém-se e desenvolve-se à custa de transferências permanentes de matéria e


energia.

A energia do Sol flui numa única direção ao longo de todos os organismos da biosfera:

 os seres produtores (autotróficos) transformam a energia luminosa em energia química, a


qual é acumulada nos compostos orgânicos que elaboram.

 através das cadeias alimentares, a energia química passa pelos diferentes níveis de
consumidores (heterotróficos), fluindo nos sistemas vivos.

Por sua vez, a matéria está permanentemente a ser reciclada, sob a forma de um ciclo que se
processa entre os componentes bióticos e os componentes abióticos dos ecossistemas.

Os seres heterotróficos não conseguem sintetizar o seu próprio alimento necessitando de obter
nutrientes do meio ambiente, que irão ser utilizados em várias reações químicas a nível celular.

Para entender os mecanismos que garantem a obtenção de matéria a nível celular, é necessário
conhecer as estruturas responsáveis por tal fenómeno.

 Membrana Celular
Ultra-estrutura da membrana plasmática:

A célula é um sistema biológico complexo e organizado, que se encontra delimitado do meio


externo pela membrana plasmática.

A membrana plasmática apresenta várias funções:

- mantém a integridade da célula;

- constitui uma barreira seletiva, através da qual se fazem as trocas de substâncias e


energia entre a célula e o meio exterior;

- delimita a fronteira entre o meio intracelular e o meio extracelular;

- deteta alterações externas, reconhece substâncias e recebe informações através de


recetores da membrana.

As membranas são constituídas, essencialmente, por lípidos e proteínas podendo conter


glícidos.

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Lípidos:

- fosfolípidos: são lípidos complexos que contêm um grupo fosfato, são moléculas anfipáticas;

- colesterol: lípidos complexos pertencente ao grupo dos esteróides;

- glicolípidos: glícidos associados a lípidos, também são moléculas anfipáticas.

Vários modelos surgiram numa tentativa de perceber a ultra-estrutura membranar, mas, atualmente,
o mais aceite é o Modelo de Mosaico Fluido (Singer e Nicholson, 1972).

Segundo este modelo, a membrana é uma estrutura dinâmica, fluida, basicamente constituída por
uma bicamada de fosfolípidos e por dois tipos de proteínas específicas: as proteínas intrínsecas,
e as proteínas extrínsecas. Na face externa da membrana encontram-se ligados, quer à cabeça
hidrofílica dos lípidos quer às proteínas, hidratos de carbono (glicolípidos e glicoproteínas) que se
pensa terem um papel importante no reconhecimento de substâncias.

Modelo de Mosaico Fluido (Modelo de Singer e Nicholson - 1972)

Bicamada de fosfolípidos:

– papel essencialmente estrutural;

– as cabeças polares dos fosfolípidos ocupam as duas superfícies intra e extracelular e as


caudas hidrofóbicas situam-se viradas umas para as outras;

– os lípidos da bicamada têm mobilidade mudando de posição com frequência dentro de


uma camada – movimentos laterais, ou saltando de uma camada para a outra - movimentos
em flip-flop.

Movimentos dos fosfolípidos.

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Proteínas:

– intrínsecas: total ou parcialmente embebidas na bicamada lipídica.

– extrínsecas: encontram-se ligados à superfície da membrana.

– as proteínas constituintes da membrana plasmática, além de terem uma função estrutural,


podem também funcionar como enzimas, proteínas transportadoras de substâncias,
proteínas recetoras de sinais do meio externo. As proteínas também podem ter mobilidade
lateral.

Diversidade de processos de transporte


A membrana plasmática tem permeabilidade seletiva, uma vez que apresenta maior permeabilidade
para umas substâncias do que para outras.

A passagem de substâncias através da membrana pode ocorrer através de vários mecanismos:

Transporte não mediado:

– a passagem de substâncias ocorre sem a intervenção de moléculas transportadoras;

– inclui os processos de osmose e difusão simples.

Transporte mediado:

– a passagem de substâncias é assegurada por proteínas membranares transportadoras;

– inclui os processos de difusão facilitada e transporte ativo.

Endocitose e exocitose:

– transporte de macromoléculas e elementos celulares.

OSMOSE:

- difusão de água, através da membrana plasmática, do meio com menor concentração


(hipotónico) em soluto, para o meio com maior concentração (hipertónico);

- não implica gasto de energia - transporte passivo;

- habitualmente, as células encontram-se num meio isotónico e a concentração do meio


extracelular é idêntica à do meio intracelular, havendo equilíbrio entre o fluxo de entrada e
saída de água;

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- quando uma célula é mergulhada num meio hipotónico, a água desloca-se para o meio
intracelular, provocando um aumento de volume - a célula fica túrgida;

- se a célula estiver mergulhada num meio hipertónico, a água desloca-se para o meio
extracelular ficando a célula plasmolisada;

- consoante se trata de uma célula animal ou vegetal, o comportamento celular em função


da concentração do meio apresenta diferenças, devido, principalmente, à presença de
parede celular nas células vegetais.

DIFUSÃO SIMPLES:

- deslocação de substâncias, como, por exemplo, gases, moléculas lipossolúveis e


pequenas moléculas sem carga, a favor do gradiente de concentração (do meio
hipertónico para o meio hipotónico);

- não há gasto de ATP - transporte passivo.

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Difusão simples

DIFUSÃO FACILITADA:

- deslocação de substâncias, como moléculas polares, moléculas de grandes dimensões,


glicose e aminoácidos a favor do gradiente de concentração;

- não há gasto de ATP - transporte passivo;

- intervêm proteínas transportadoras - permeases, que possuem locais específicos a que


se ligam as moléculas ou iões a transportar.

Difusão facilitada

TRANSPORTE ATIVO:

- transporte de substâncias, como glicose, aminoácidos, iões, contra o gradiente de


concentração (do meio hipotónico para o meio hipertónico), através de proteínas
transportadoras específicas;

- implica gasto de ATP.

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Transporte ativo

Resumindo...

EXOCITOSE:

- transporte para o exterior da célula de produtos de excreção ou produtos de secreção


úteis ao organismo;

- implica a formação de uma vesícula secretora que se funde com a membrana celular.

Exocitose

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ENDOCITOSE:

- inclusão de macromoléculas ou de agregados moleculares por invaginação da


membrana plasmática, formando-se uma vesícula endocítica;

- existem vários tipos de endocitose:

 Fagocitose: a membrana plasmática engloba partículas de maiores dimensões, através da


emissão de prolongamentos de membrana denominados pseudópodes.

Fagocitose

 Pinocitose: inclusão na célula de partículas dissolvidas no fluido extracelular, com formação de


vesícula de endocitose.

Pinocitose

 Endocitose mediada por recetores: as macromoléculas são reconhecidas por recetores da


membrana, ligando-se a eles e formando uma vesícula endocítica.

Endocitose mediada por recetores.

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 Obtenção de Matéria pelos Seres Heterotróficos

Ingestão, digestão e absorção

O processamento dos alimentos de forma a serem aproveitados a nível celular implica uma série de
processos sequenciais: a ingestão, a digestão e a absorção.

- Ingestão: consiste na introdução dos alimentos no organismo.

- Digestão: processo através do qual moléculas complexas dos alimentos são desdobradas
com o auxílio de enzimas em moléculas mais simples, que podem ser absorvidas.

- Absorção: processo de passagem das substâncias resultantes da digestão para o meio


interno.

A digestão pode ser extracelular, quando ocorre em cavidades digestivas ou em órgãos


especializados; ou pode ser intracelular, quando a digestão ocorre no interior de células.

Digestão intracelular:

- A digestão intracelular é típica dos seres heterotróficos unicelulares.

- Implica uma relação funcional entre um conjunto de organelos do qual fazem parte
o retículo endoplasmático (RE), o complexo de Golgi e os lisossomas.

Ao nível do RE são sintetizadas proteínas enzimáticas, que são incorporadas em vesículas e


posteriormente transportadas para o complexo de Golgi. No complexo de Golgi as proteínas sofrem
transformações e acabam por ser transferidas para vesículas que se destacam do complexo de
Golgi dando origem aos lisossomas. Estes estão munidos de enzimas hidrolíticas e quando se
unem a vesículas de endocitose formam um vacúolo digestivo, onde se dá a decomposição de
moléculas complexas em moléculas mais simples.

Relação funcional entre o RE, o complexo de Golgi e os lisossomas.

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Digestão extracelular:

A digestão pode ser extracorporal, como no caso dos fungos onde as enzimas digestivas são
lançadas para o exterior do corpo, onde se realiza a digestão das moléculas complexas que são,
posteriormente, absorvidas; ou intracorporal quando ocorre no interior do organismo.

A digestão extracelular intracorporal confere aos organismos uma vantagem evolutiva, uma
vez que estes podem ingerir uma maior quantidade de alimento, que é armazenada e vai sendo
digerida durante um período de tempo, mais ou menos longo.

Nos animais, o tubo digestivo pode apresentar diferentes graus de complexidade:

- Tubo digestivo incompleto:

Os organismos mais simples, como a hidra e a planária, possuem uma cavidade digestiva
cavidade gastrovascular, com uma única abertura, que funciona simultaneamente como
boca e ânus. As partículas alimentares são semidigeridas na cavidade gastrovascular, sendo
depois fagocitadas por células da parede gastrovascular, onde ocorre nova digestão.

Portanto, nestes animais coexistem os dois tipos de digestão: a digestão extracelular


seguida da digestão intracelular.

Sistema digestivo da hidra.

Sistema digestivo da planária.

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- Tubo digestivo completo:

Os animais mais evoluídos possuem um tubo digestivo com duas aberturas - boca e o
ânus -,apresentando também um número cada vez maior de órgãos e uma maior
especialização destes; esta adaptação evolutiva permite uma digestão e absorção
sequenciais ao longo do tubo digestivo, havendo por isso um aproveitamento muito mais
eficaz dos alimentos.

A minhoca apresenta um sistema digestivo diferenciado em várias regiões especializadas.


Os alimentos entram pela boca, após terem sido sugados pela faringe, deslocando-se ao
longo do esófago até ao papo, onde são armazenados. Depois, vão para a moela, onde são
digeridos mecanicamente. A digestão química dá-se a nível do intestino. A absorção é
eficiente porque existe uma prega - tiflosole, que aumenta a superfície interna. Os resíduos
alimentares são excretados através do ânus.

Os Vertebrados possuem também um tubo digestivo completo, com duas glândulas


digestivas ligadas ao intestino (pâncreas e fígado), podendo possuir ainda outras glândulas,
como as salivares. A constituição e o funcionamento do sistema digestivo dos Vertebrados
são semelhantes em todas as classes, apresentando algumas variações relacionadas com o
regime alimentar.

No Homem, a digestão extracelular inicia-se na boca, logo após a ingestão do alimento,


continua no estômago e termina no intestino, com a absorção dos nutrientes e expulsão das
fezes através do ânus.

Sistema digestivo da minhoca e em corte transversal.

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Sistema digestivo do Homem.

A absorção dos nutrientes efetua-se, essencialmente, ao nível do intestino delgado, uma vez que
este apresenta especializações. A parede interna do intestino delgado possui pregas - válvulas
coniventes, que triplicam a superfície de contacto com os alimentos.

Estas válvulas estão recobertas por microvilosidades, que aumentam ainda mais a superfície de
absorção. Uma vez absorvidos, os nutrientes terão que ser transportados para todas as células do
organismo, através da corrente sanguínea e linfática.

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 Obtenção de Matéria pelos Seres Autotróficos


Os seres autotróficos produzem matéria orgânica a partir de compostos minerais.

A autotrofia pode envolver dois processos:

 Fotossíntese - realizada por organismos fotossintéticos, que utilizam a energia luminosa;

 Quimiossíntese - realizada pelos organismos quimiossintéticos, que utilizam energia


química resultante de reações de oxidação de substâncias inorgânicas.

ATP - principal transportador de energia na célula

O ATP (adenosina trifosfato) é a molécula responsável pelo armazenamento de energia química


diretamente utilizável pela célula.

Uma molécula de ATP é formada por:

 base azotada;

 açúcar com cinco átomos de carbono;

 três grupos fosfato: compostos inorgânicos.

Molécula de ATP

As moléculas de ATP estão constantemente a ser sintetizadas e hidrolisadas.

Por hidrólise de uma molécula de ATP liberta-se um grupo fosfato, formando ADP (adenosina
difosfato). Quando o ADP se hidrolisa, liberta-se um grupo fosfato e forma-se AMP (adenosina
monofosfato).

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FOTOSSÍNTESE:

- Processo a partir do qual os organismos fotossintéticos convertem a matéria mineral em


matéria orgânica, utilizando energia luminosa.

- Realizada por plantas, algas, bactérias e cianobactérias.

- A equação geral da fotossíntese traduz-se por:

A água, o dióxido de carbono e a luz são fornecidos pelo ambiente, enquanto as clorofilas e outras
moléculas implicadas no processo são sintetizadas pelas plantas.

As clorofilas - pigmentos fotossintéticos que captam a energia luminosa do Sol, encontram-se nas
membranas dos tilacoides dos cloroplastos.

Estrutura de um cloroplasto.

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Os principais pigmentos fotossintéticos são as clorofilas (a, b, c e d), mas existem, também, os
carotenoides e as ficobilinas. Os diferentes pigmentos fotossintéticos, como têm estruturas
diferentes, completam-se na captação de radiações com diferente comprimento de onda. As
radiações mais eficientes para a fotossíntese são as absorvidas pelos pigmentos nas faixas
vermelho-alaranjada e azul-violeta.

Espetro de absorção pelos pigmentos fotossintéticos.

A fotossíntese compreende duas fases sucessivas:

- Fase fotoquímica - dependente da luz;

- Fase química - não dependente da luz;

Fase fotoquímica:

- ocorre nos tilacoides;

- produtos utilizados nas reações: luz, água, ADP + Pi e NADP+;

- principais reações fotoquímicas:

 Fotólise da água - em presença da luz, a molécula de água dissocia-se em oxigénio e


hidrogénio. A água é o dador primário de eletrões.

 Oxidação da clorofila a - a clorofila a é excitada pela energia luminosa, emite eletrões, ficando
reduzida.

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 Fluxo de eletrões - os eletrões percorrem cadeias de transportadores onde ocorrem


transferências energéticas que permitem a fotofosforilação do ADP em ATP.

 Redução do NADP+ - os electrões vão reduzir o NADP+ a NAPH. O NADP+ é o aceitador final
de electrões.

Os produtos finais da fase fotoquímica são: oxigénio, ATP, NADPH e H+.

Reações fotoquímicas.

Fase química:

- ocorre no estroma;

- conjunto de reações não dependentes da luz; designa-se também por Ciclo de Calvin;

- produtos utilizados nas reações: ATP, NADPH, CO2;

- Ciclo de Calvin: o dióxido de carbono é fixado combinando-se com a ribulose difosfato (RuDP).
Os eletrões do NADPH e o ATP, produzidos na fase fotoquímica, são utilizados para produzir o
aldeído fosfoglicérico (PGAL). Este composto segue duas vias: intervém na regeneração de ribulose
difosfato e é utilizado na síntese de glicose.

Os produtos finais deste ciclo são: glicose, ADP + Pi, NADP+ e ribulose difosfato.

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Ciclo de Calvin

QUIMIOSSÍNTESE:

Processo através do qual os organismos quimiossintéticos produzem compostos orgânicos


através de matéria mineral utilizando energia química, diferindo portanto da fotossíntese
quanto à origem primária da energia necessária à formação de substâncias orgânicas.

Organismos quimiossintéticos: bactérias nitrificantes, bactérias ferrosas, bactérias sulfurosas.

É possível distinguir duas fases no processo quimiossintético:

– primeira fase: ocorre a oxidação de substratos minerais com formação de ATP e NADPH.

– segunda fase: ocorre a redução do dióxido de carbono, o que conduz à síntese de


substâncias orgânicas.

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Na quimiossíntese os dadores primários de eletrões são os compostos minerais, como, por exemplo,
o amoníaco e o sulfureto de hidrogénio.

Quimiossíntese

DISTRIBUIÇÃO DA MATÉRIA

Todos os organismos estabelecem intercâmbio de substâncias com o ambiente, dependendo desse


intercâmbio a sobrevivência das próprias células.

Nos organismos mais simples todas as suas células estão relativamente próximas do meio
externo, ocorrendo uma difusão direta entre esse meio e as células.

Nos organismos complexos, como as plantas e os animais, a maioria das células está bastante
afastada das superfícies através das quais se estabelecem as trocas com o meio exterior. Assim
sendo, são necessários sistemas especializados de transporte que apresentam diferentes graus de
complexidade.

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 Transporte nas Plantas


As plantas mais simples, como os musgos, não possuem sistemas de transporte; assim, o
movimento da água efetua-se por osmose e as substâncias dissolvidas movem-se por difusão de
célula a célula. Estas plantas designam-se de plantas avasculares.

As plantas que possuem sistemas de transporte especializados na condução e distribuição das


substâncias designam-se plantas vasculares.

Nas plantas vasculares existem dois tipos de tecidos de transporte: o xilema e o floema, que estão
localizados em todos os órgãos das plantas.

Xilema

- também designado por lenho ou tecido traqueano;

- especializado na condução de água e sais minerais desde a raiz até aos restantes órgãos
das plantas;

- transporta a seiva xilémica ou seiva bruta;

- constituído por quatro tipo de células:

 elementos condutores que são formados por elementos de vaso e traqueídos: são
células mortas com espessamentos nas paredes laterais de lenhina, o que lhes confere
rigidez. A sua principal função é a condução de água e sais minerais. Os elementos de
vaso distinguem-se dos traqueídos, por possuírem perfurações.

 fibras lenhosas: são células mortas muito longas e com paredes espessas. Têm função
de transporte.

 parênquima lenhoso: constituído por células vivas de paredes celulares finas. Têm
função de reserva.

Estrutura do xilema.

30
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Floema

- também designado por líber ou tecido crivoso;

- especializado no transporte de água e de substâncias orgânicas, resultantes da


fotossíntese, desde as folhas até aos outros órgãos das plantas;

- transporta a seiva floémica ou seiva elaborada;

- constituído por quatro tipos de células:

 células do tubo crivoso: células vivas muito especializadas; estas células ligam-se entre
si topo a topo, e as paredes transversais, com orifícios, constituem as placas crivosas. A
principal função é a condução de água e substâncias orgânicas.

 células de companhia: células vivas que se situam perto das células dos tubos crivosos,
com as quais estabelecem ligações citoplasmáticas.

 fibras liberinas: constituídas por células mortas com paredes espessas. A sua principal
função é a de suporte.

 parênquima liberino: constituído por células vivas de paredes finas pouco diferenciadas.
A sua função é de reserva.

Estrutura do floema.

31
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

É possível distinguir os diferentes órgãos das plantas pela disposição dos tecidos condutores. O
conjunto de células dos tecidos condutores denominam-se feixes condutores.

32
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Em cortes transversais de folhas, é possível distinguir uma região delimitada pelas


duas epidermes (superior e inferior), onde se situam os tecidos condutores e tecido clorofilino,
o mesófilo.

Corte transversal de uma folha.

A epiderme da folha possui estomas, que são constituídos por duas células labiais ou células
guarda, que delimitam uma abertura chamada ostíolo, que contacta com a câmara estomática.

Estrutura dos estomas.

Pelos estomas ocorrem as trocas indispensáveis à realização da fotossíntese e a evaporação de


grandes quantidades de água, que se designa transpiração.

33
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

ABSORÇÃO DE ÁGUA E DE SAIS MINERAIS

As plantas fazem a absorção de água e iões minerais, necessários para as várias atividades das
células, através do seu sistema radicular que apresenta pelos radiculares, que são extensões das
células epidérmicas que aumentam a área de absorção.

Absorção radicular

A água desloca-se por osmose do solo para a raiz da planta. Relativamente aos iões minerais, o
tipo de transporte depende da sua concentração na solução do solo, podendo ser por difusão
simples (a favor do gradiente de concentração) ou por transporte ativo (contra o gradiente de
concentração).

Transporte no Xilema

- A seiva xilémica é constituída por água e iões minerais e o seu pH é ácido.

- O transporte de seiva xilémica ao longo do xilema é um processo muito rápido. A água


movimentada através do xilema corresponde à água absorvida na raiz, sendo grande parte dela
perdida através da transpiração.

- O transporte no xilema pode ser explicado por duas teorias: teoria da pressão radicular e
a teoria da tensão-coesão-adesão.

34
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Teoria da Pressão Radicular:

A ascensão de água no xilema pode ser explicada por uma pressão que se desenvolve ao nível da
raiz – pressão radicular, graças à ocorrência de forças osmóticas. Essas forças resultam da
constante entrada de iões por transporte ativo do solo para as células da raiz, o que cria um
gradiente osmótico que leva à entrada de água.

O efeito da pressão radicular pode ser observado em dois fenómenos naturais: a exsudação e
a gutação.

Exsudação: saída de seiva xilémica que se verifica em zonas de corte de caules de certas plantas.

Gutação: libertação de seiva xilémica sob a forma líquida que ocorre ao nível das folhas.

Exsudação Gutação

Esta teoria apresenta algumas incongruências:

– a pressão radicular medida em diversas plantas não é suficiente para explicar a ascensão
de água até ao topo de certas árvores;

– determinadas árvores não apresentam pressão radicular;

– na maioria das árvores não são detetados fenómenos de exsudação e gutação.

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Teoria da Tensão-Coesão-Adesão:

A ascensão da seiva xilémica é explicada pela dinâmica criada por dois fenómenos relacionados: a
transpiração estomática a nível foliar e a absorção radicular.

- A energia solar é a principal responsável pela transpiração, pondo em movimento ascendente a


coluna de água e solutos.

- Na ascensão da seiva xilémica intervêm vários fenómenos sequenciais:

* perda de água por transpiração, ao nível das folhas, cria um défice de água o que
origina uma força de tensão que se transmite até ao xilema e a partir deste às
células da raiz e à solução do solo, o que determina a absorção de água na raiz;

* as moléculas de água unem-se por pontes de hidrogénio, devido a forças


de coesão, o que vai facilitar sua ascensão em coluna;

* as moléculas de água também estabelecem ligações com as paredes dos vasos


xilémicos, por ação de forças de adesão que vão facilitar, também, a ascensão em
coluna da água;

* a água ascende sob a forma de uma coluna contínua a que se chama corrente de
transpiração.

Esquema explicativo da teoria da tensão-coesão-adesão.

36
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

A coluna de água tem de se manter contínua. Quando isso não acontece, por interposição de
bolhas de ar, a ascensão deixa de se verificar, só podendo ser reposta graças à pressão radicular.

A teoria da tensão-coesão-adesão constitui um dos modelos mais aceites para explicar o


transporte de seiva xilémica.

Controlo da transpiração

Os estomas podem controlar a quantidade de água perdida por transpiração, através da sua
abertura ou fecho.

O fecho e abertura dos estomas dependem das alterações de turgescência das células-guarda:

– se as células-guarda estão túrgidas, o estoma abre;

– se as células-guarda estão plasmolisadas, o estoma fecha.

Estomas

Transporte no Floema

- A seiva elaborada é constituída por água, matéria orgânica como açúcares, aminoácidos,
nucleótidos, iões orgânicos e hormonas; apresenta pH alcalino.

- A hipótese de fluxo de massa ou fluxo de pressão, formulada por Münch, é uma das mais
aceites relativamente ao transporte da seiva elaborada.

Esta hipótese admite que:

 o transporte floémico ocorre devido a um gradiente nas concentrações de sacarose, que se


estabelece entre uma fonte, onde a sacarose é produzida, e o local de consumo ou de
reserva;

37
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 a glicose resultante do processo fotossintético realizado nas folhas é convertida em sacarose


antes de entrar no floema;

 a sacarose passa, por transporte ativo, para as células de companhia do floema e destas para
os tubos crivosos, através de ligações citoplasmáticas;

 o aumento de concentração de sacarose nos tubos crivosos faz aumentar a pressão osmótica,
o que leva à entrada de água. Esta entrada de água provoca o aumento da pressão de
turgescência que desencadeia um fluxo em massa (água e soluto), de célula para célula,
ao longo das células condutoras do floema. Ocorre, assim, um movimento de regiões de
alta pressão osmótica para regiões de baixa pressão osmótica. A sacarose é retirada do floema
para os locais de consumo, por transporte ativo.

Esta hipótese apresenta, no entanto, alguns aspetos que não consegue explicar:

 a existência de um fluxo ascendente e outro descendente, simultaneamente no mesmo tubo


crivoso, em determinadas alturas do ano;

 a baixa pressão no tubo crivoso se comparada com a pressão necessária para a seiva
floémica conseguir ultrapassar os poros das placas crivosas.

 Transporte nos Animais


Todos os organismos estabelecem intercâmbio de substâncias com o ambiente, dependendo desse
intercâmbio a sobrevivência das próprias células.

Nos organismos mais simples todas as suas células estão relativamente próximas do meio
externo, ocorrendo uma difusão direta entre esse meio e as células.

Nos organismos complexos, como as plantas e os animais, a maioria das células está bastante
afastada das superfícies através das quais se estabelecem as trocas com o meio exterior. Assim
sendo, são necessários sistemas especializados de transporte que apresentam diferentes
graus de complexidade.

Nos animais mais simples, como os do filo Porífera ou Cnidária, não existe um sistema de
transporte especializado. As trocas de substâncias realizam-se por difusão simples.

38
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Nos animais mais complexos, existe um sistema de transporte especializado - sistema circulatório,
que é constituído por:

 fluido circulante como, por exemplo, sangue e hemolinfa;


 conjunto de vasos ou lacunas por onde o fluido circula;
 órgão propulsor do sangue, geralmente o coração.

O sistema de transporte deve assegurar:

 o transporte rápido de nutrientes e oxigénio às células;


 a remoção de produtos resultantes do metabolismo celular;
 a distribuição do calor metabólico no organismo;
 a defesa do organismo contra substâncias estranhas;
 o transporte de hormonas.

Existem dois grupos de sistemas de transporte nos animais: sistema de transporte


aberto e sistema de transporte fechado.

* Sistema de transporte aberto:

 O fluido abandona os vasos sanguíneos e passa para lacunas, banhando


diretamente as células.

 Típico de artrópodes e moluscos (exceto cefalópodes).

 Este sistema é constituído por um vaso dorsal e por um coração tubular em posição
dorsal, que possui válvulas internas e orifícios laterais - os ostíolos.

 A hemolinfa, que circula nas lacunas, entra no coração através dos ostíolos. Os
ostíolos fecham, o coração contrai e a hemolinfa é impulsionada para a aorta dorsal,
passando desta para as lacunas. O vaso dorsal relaxa, os ostíolos abrem e a
hemolinfa entra para o coração.

Sistema de transporte aberto dos Artrópodes.

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

* Sistema de transporte fechado:

 O sangue circula sempre no interior de vasos sanguíneos.

 Um ou mais corações bombeiam o sangue para grandes artérias, que se ramificam.

 Permite uma mais rápida e eficaz reposição e substituição de materiais.

 Típico, por exemplo, de Anelídeos e Vertebrados.

 O sistema circulatório da minhoca é constituído por dois vasos - um dorsal e


um ventral, que estão ligados por vasos laterais, que se ramificam constituindo uma
rede de capilares. O vaso dorsal funciona como um coração e existem ainda cinco
corações laterais que impulsionam o sangue do vaso dorsal para o vaso ventral.

Sistema de transporte fechado da minhoca.

O sistema fechado pode estar organizado de forma que a circulação seja simples ou dupla.

* Circulação simples: O sangue percorre um trajeto único, passando uma só vez no coração.

* Circulação dupla: O sangue percorre dois circuitos de circulação sanguínea.

 um do coração para os pulmões e de novo para o coração - circulação


pulmonar ou pequena circulação;

 outro do coração para todo o corpo e de novo para o coração - circulação


sistémica ou grande circulação.

40
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

A circulação dupla pode ser incompleta ou completa.

 Circulação dupla incompleta:

- Ocorre uma mistura parcial de sangue venoso e arterial no ventrículo.

- Coração com três cavidades - duas aurículas e um ventrículo.

 Circulação dupla completa:

- Não ocorre uma mistura de sangue venoso e arterial.

- Coração com quatro cavidades - duas aurículas e dois ventrículos.

Transporte nos Vertebrados:

Todos os vertebrados possuem um sistema circulatório fechado, que é constituído por:

 um coração em posição ventral, dividido em cavidades;

 uma rede de vasos sanguíneos por onde circula o sangue:

 artérias e arteríolas, que transportam o sangue para fora do coração;

 capilares, que efectuam as trocas de substâncias com as células;

 veias e vénulas, que transportam o sangue para o coração.

As artérias possuem uma parede espessa e elástica que permite o transporte de sangue a grande
pressão; as veias apresentam uma parede mais fina e possuem válvulas que impedem o recuo do
sangue; e os capilares são formados apenas por uma camada de células.

PEIXES:

 Circulação simples.

 Coração com duas cavidades (uma aurícula e um ventrículo), onde circula apenas sangue
venoso no coração. O sangue que entra na aurícula e sai pelo ventrículo vem das células do
animal e vai para as brânquias efetuar a sua oxigenação, direcionando-se seguidamente para
as células corporais.

41
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Sistema de transporte dos Peixes.

ANFÍBIOS:

 Circulação dupla incompleta.

 Coração com três cavidades (um ventrículo e duas aurículas), no qual pode ocorrer
mistura de sangue venoso com sangue arterial.

 O sangue venoso, vindo de todo o corpo, entra na aurícula direita, através do seio venoso,
passando, posteriormente, para o ventrículo. Quase simultaneamente, o sangue arterial vindo
dos pulmões e da pele, através das veias pulmonares, entra na aurícula esquerda passando
depois para o ventrículo. A mistura completa do sangue não ocorre devido à não
simultaneidade da contração das duas aurículas.

Sistema de transporte dos Anfíbios.

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

RÉPTEIS:

 Circulação dupla incompleta.

 Coração com três cavidades (duas aurículas e um ventrículo), no entanto, já apresenta um


septo interventricular incompleto. O coração dos crocodilos apresenta quatro cavidades.

 A mistura de sangue venoso com o arterial é mínima, devido à anatomia do coração e à não
simultaneidade na contração dos dois lados do ventrículo.

Sistema de transporte dos Répteis.

AVES E MAMÍFEROS:

 Circulação dupla completa.

 Coração com quatro cavidades (duas aurículas e dois ventrículos), o que impede a mistura
do sangue venoso com o sangue arterial.

Sistema de transporte das Aves e Mamíferos.

43
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Resumindo...

A função do coração é gerar pressão para impulsionar o sangue através dos vasos; o coração
apresenta válvulas que impedem o retrocesso do sangue.

O coração executa um Ciclo Cardíaco, que consiste num período de relaxamento


denominado diástole, durante o qual o coração se encha de sangue, e um período de contração
denominado sístole, que pode ser das aurículas – sístole auricular, ou dos ventrículos - sístole
ventricular.

44
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Ciclo Cardíaco:

 a diástole auricular provoca a entrada de sangue venoso, na aurícula direita e de


sangue arterial na aurícula esquerda;

 a sístole do ventrículo direito impulsiona o sangue venoso pela artéria pulmonar


para os pulmões, onde é oxigenado, regressando depois para a aurícula esquerda
pelas veias pulmonares;

 a sístole do ventrículo esquerdo impele o sangue arterial para a aorta, que


apresenta uma curvatura para a direita nas Aves e uma curvatura para a esquerda no
caso dos Mamíferos.

Ciclo Cardíaco

Fluidos Circulantes

Nos animais com sistema circulatório aberto, existe apenas um tipo de fluido circulante -
a hemolinfa.

Nos Vertebrados, existem dois tipos de fluidos circulantes - o sangue e a linfa, que fazem parte do
meio interno.

O sangue é constituído por elementos figurados - hemácias, leucócitos e plaquetas sanguíneas -


e plasma. O sangue circula no sistema circulatório sanguíneo.

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

A linfa circula no sistema circulatório linfático, que é formado por:

 vasos linfáticos, que transportam a linfa;

 órgãos linfóides, que têm um papel importante na defesa do organismo.

A linfa que é constituída, essencialmente, por plasma e por leucócitos e que banha directamente as
células designa-se linfa intersticial. Quando a linfa é recolhida para dentro dos vasos linfáticos
designa-se linfa circulante.

Circulação linfática

Os fluidos circulantes permitem o intercâmbio de substâncias entre as células e o meio.

Através dos fluidos circulantes as células recebem nutrientes e oxigénio e lançam para o exterior,
produtos resultantes do metabolismo.

46
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TRANSFORMAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE ENERGIA PELOS SERES VIVOS

 Produção de Energia nas Células


A vida é regida por processos bioenergéticos complexos, que implicam uma disponibilidade
constante de matéria e energia.

O composto energético intermédio mais comum nas células é o ATP.

A energia é necessária para inúmeros processos biológicos, como, por exemplo, a troca de
substâncias com o meio, o movimento e a manutenção da própria organização celular.

Metabolismo Celular

O metabolismo celular é o conjunto de reações químicas que se efetuam nas células. Nestas
reações podem considerar-se dois processos: o anabolismo e o catabolismo.

 Por anabolismo entende-se o conjunto de reações onde ocorre a formação de moléculas


complexas a partir de moléculas simples.

 Por catabolismo entende-se o conjunto de reações em que moléculas complexas são


degradadas em moléculas mais simples, ocorrendo libertação de energia.

47
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Processos de Produção de Energia nas Células

Existem duas vias catabólicas responsáveis pela transferência de energia de compostos orgânicos
para moléculas de ATP: a Fermentação e a Respiração Aeróbia, consoante as condições sejam
de anaerobiose (ausência de oxigénio) e aerobiose (presença de oxigénio), respetivamente.

Fermentação e Respiração Aeróbia

A primeira etapa de degradação dos compostos orgânicos é comum à fermentação e à respiração e


designa-se glicólise.

GLICÓLISE:

 engloba o conjunto de reações de degradação da glicose até ácido pirúvico;

 ocorre no hialoplasma;

É possível definir duas fases:

– fase da ativação: inicia-se com a ativação da molécula de glicose, por duas moléculas de
ATP, e termina com a formação de duas moléculas de aldeído fosfoglicérico (PGAL);

– fase de rendimento: inicia-se com a oxidação do PGAL, que perde dois hidrogénios que
vão ser utilizados para reduzir a molécula de NAD+, formando-se NADH e H+, e termina com
a formação de quatro moléculas de ATP e de duas moléculas de ácido pirúvico.

Glicólise

48
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 No final da glicólise restam:

– duas moléculas de ácido pirúvico;

– duas moléculas de NADH;

– duas moléculas de ATP (formam-se quatro, mas dois são gastos na ativação da glicose).

FERMENTAÇÃO

A fermentação ocorre no hialoplasma e compreende duas etapas: a glicólise e a redução do


ácido pirúvico.

REDUÇÃO DO ÁCIDO PIRÚVICO:

 O ácido pirúvico em condições de anaerobiose é reduzido pelo NADH (formado durante a


glicólise) formando diferentes produtos, consoante o tipo de fermentação. Os dois tipos mais
frequentes de fermentação são a alcoólica e a lática.

 Na fermentação alcoólica, o ácido pirúvico é descarboxilado (perde CO2), originando


aldeído acético. Este é reduzido pelo NADH, formando álcool etílico.

 Na fermentação lática, não se verifica a descarboxilação do ácido pirúvico. Este é reduzido


pelo NADH, formando ácido lático.

Comparação entre a fermentação alcoólica e a fermentação láctica.

49
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Na fermentação não há uma degradação completa dos compostos orgânicos e, consequentemente,


o rendimento energético é reduzido (2 ATP). O álcool etílico e o ácido láctico são moléculas ricas
em energia.

RESPIRAÇÃO AERÓBIA

 A respiração aeróbia processa-se em quatro etapas: a glicólise, a formação da acetil-CoA,


o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa.

FORMAÇÃO DA ACETIL-CoA:

– desenvolve-se na matriz mitocondrial;

– ocorre a descarboxilação e oxidação do ácido pirúvico (resultante da glicólise) a acetil-


CoA.

– há formação de CO2;

– redução do NAD+ que passa a NADH e H+;

Mitocôndria

 Produtos finais (por molécula de glicose):

– duas moléculas de acetil-CoA;

– 2 NADH e H+;

– 2 CO2.

CICLO DE KREBS:

– desenvolve-se na matriz mitocondrial;

– inclui uma série de reações enzimáticas cíclicas, que permitem a oxidação do grupo acetil
a CO2, devido a desidrogenações e descarboxilações;

– há formação de CO2;

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

– há produção de ATP por fosforilação a nível do substrato;

– os hidrogénios libertados são aceites pelo NAD+ e FAD;

 Produtos finais (por molécula de glicose):

– 2 ATP;

– 6 NADH e H+;

– 2 FADH2;

– 4 CO2.

FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA:

– ocorre nas cristas mitocondriais da membrana interna;

– cedência dos eletrões do NADH e do FADH2 a uma cadeia transportadora de eletrões,


ordenados de acordo com o seu potencial redox;

– produção de ATP, por fosforilação oxidativa;

– formação de H2O por aceitação dos eletrões e dos protões (iões de hidrogénio), pelo
oxigénio (último aceitador de eletrões da cadeia respiratória);

 Produtos finais (por molécula de glicose):

– H2O;

– 32 ou 34 ATP;

– calor.

Na respiração aeróbia os compostos orgânicos são degradados até compostos inorgânicos muito
simples, H2O e CO2, o rendimento energético, é portanto elevado.

A equação geral da respiração aeróbia traduz-se por:

C6H12O6 + 36Pi + 36ADP 6 CO2 + 36ATP + 42 H2O

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Etapas da respiração aeróbia.

 Trocas Gasosas nos Seres Multicelulares


Nos seres multicelulares com respiração aeróbia ocorre um fluxo constante de oxigénio para as
células e uma remoção do dióxido de carbono para o meio externo.

Trocas Gasosas nas Plantas

Nas plantas, as trocas gasosas com o exterior ocorrem, especialmente, ao nível dos estomas.

O movimento de abertura e fecho dos estomas é condicionado por alterações na turgescência das
células estomáticas. A variação de turgescência destas células depende de vários factores, como,
por exemplo: concentração de iões, intensidade luminosa, concentração de CO2 e pH.

52
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Trocas gasosas nas plantas.

Trocas Gasosas nos Animais

Nos animais, as trocas de gases com o meio externo realizam-se em superfícies respiratórias.
Estas dependem das características do organismo, assim como do ambiente em que vive.

As trocas gasosas podem realizar-se através de uma difusão direta ou de uma difusão indireta:

 difusão direta: ocorre quando existe uma troca de gases diretamente entre o ar e o meio.
Surge, por exemplo, nos insetos.

 difusão indireta: ocorre quando as trocas se realizam entre as células e um fluido circulante.
É o caso da minhoca e dos vertebrados.

Na difusão indireta, o intercâmbio de gases que se verifica nas superfícies respiratórias designa-
se hematose.

As superfícies respiratórias apresentam um conjunto de características comuns, que facilitam a


difusão:

 superfícies húmidas, o que possibilita a troca de gases;


 estruturas finas, geralmente formadas por uma única camada de células;
 apresentam-se muito vascularizadas, no caso de difusão indireta;
 possuem uma morfologia que permite uma grande área de contacto entre o meio interno e o
meio externo.

53
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Os organismos apresentam diferentes superfícies respiratórias: tegumento, brânquias, traqueia e


pulmões.

* Tegumento:

- as trocas gasosas ocorrem pela superfície de corpo;

- em animais simples, como a planária e a hidra, o intercâmbio de gases respiratórios


entre o organismo e o meio é realizado por difusão direta;

- em animais de maiores dimensões, como a minhoca, a difusão de gases é indireta.

Hematose cutânea da minhoca.

* Brânquias:

- são órgãos respiratórios especializados dos animais aquáticos, formados a partir de


evaginações (projeção da membrana celular para fora da célula) da superfície do corpo;

- as brânquias são constituídas por arcos branquiais, onde se localizam


numerosos filamentos branquiais, nos quais se distinguem as lamelas branquiais. No
caso dos peixes ósseos, as brânquias estão protegidas por um opérculo;

- a hematose branquial é um mecanismo de difusão indireta, em que a água e o sangue


circulam em contracorrente. A água entra pela boca do peixe, passa por entre as lamelas
branquiais, cruzando-se em sentido contrário com o sangue, que circula nos capilares
sanguíneos; a água sai, posteriormente, pelas fendas operculares;

- as brânquias são estruturas típicas de animais aquáticos, como, por exemplo, peixes,
moluscos e crustáceos.

Hematose branquial dos Peixes.

54
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

* Traqueias:

- são um conjunto de tubos ocos que atravessam internamente o corpo do animal;

- o ar entra nas traqueias pelos espiráculos - aberturas na superfície corporal do animal; as


traqueias terminam em estreitos canais, chamados traquíolas, que se encontram em
contacto direto com as células;

- as traqueias surgem nos insetos onde ocorre difusão direta entre o epitélio das traquíolas
e as células.

Estruturas respiratórias dos Insetos.

* Pulmões:

- superfícies respiratórias internas muito vascularizadas, resultantes de invaginações da


superfície do corpo;

- a difusão de gases a nível pulmonar é indireta;

- típicos dos vertebrados terrestres, que apresentam diferentes graus de complexidade.

Assim nos:

 Anfíbios:

– pulmões em forma de saco, pouco desenvolvidos;

– também efetuam trocas gasosas através da pele.

 Répteis:

– pulmões revelam um maior grau de complexidade relativamente aos pulmões dos


anfíbios.

55
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 Mamíferos:

– pulmões mais complexos formados por uma enorme rede de alvéolos, dispostos
em cacho à volta dos bronquíolos.

– a hematose pulmonar ocorre ao nível dos alvéolos, que estão rodeados por vasos
capilares sanguíneos, o que facilita e torna mais rápido o intercâmbio de gases.

 Aves:

– para além dos pulmões, possuem sacos aéreos localizados por todo o corpo;

– os sacos aéreos, para além de constituírem reservatórios de ar, facilitam o voo das
aves, pois tornam-nas mais leves;

– a hematose pulmonar ocorre nos parabrônquios - são finos canais, abertos nas
duas extremidades que se localizam nos pulmões.

Tipos de pulmões nos diferentes grupos de vertebrados terrestres.

56
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

BIOLOGIA
11º Ano

57
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

CRESCIMENTO, RENOVAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR

 Expressão da Informação Genética


A célula, unidade básica estrutural e funcional comum a todos os organismos vivos, sintetiza
moléculas específicas que garantem o crescimento e a renovação celular.

Para que esta síntese ocorra, a célula utiliza a informação genética contida no DNA e transforma-a
em moléculas essenciais à vida, como as proteínas e os aminoácidos, indispensáveis à
manifestação das características genéticas dos seres vivos.

DNA e Síntese de Proteínas (I)

O DNA e o RNA, também designados ácidos nucleicos por manifestarem propriedades ácidas,
estão contidos nas células.

A unidade básica constituinte dos ácidos nucleicos é o nucleótido, que é composto por três
constituintes fundamentais:

 o ácido fosfórico ou grupo fosfato, que confere as propriedades ácidas aos ácidos
nucleicos;

 a pentose, que é um açúcar e pode ser ribose ou desoxirribose, conforme se trate de RNA
ou DNA, respetivamente;

 as bases azotadas, que podem ser:

- pirimídicas como a timina, a citosina e o uracilo, que apresentam uma


estrutura molecular de anel simples;

- púricas, como a adenina e a guanina, que apresentam uma estrutura


molecular de anel duplo.

Componentes dos ácidos nucleicos

58
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

O DNA ou ácido desoxirribonucleico é o suporte químico da informação genética:

 contém os genes que determinam as características de todos os seres vivos e são os


responsáveis pela sua transmissão;

 intervém na síntese de numerosas proteínas distintas que:

– controlam os processos químicos das células;

– são constituintes estruturais das células;

– são indispensáveis à manifestação das características genéticas dos


seres vivos.

 contém as “instruções” para a síntese de mRNA;

 tem a capacidade e a função de se autoduplicar, através da replicação, assegurando a


manutenção das características genéticas;

 garante a unidade da estrutura celular e a diversidade do seu funcionamento;

 apesar da estrutura do DNA ser comum a todas as espécies e de ser universal no


mundo vivo, existem algumas diferenças entre o material genético dos eucariontes e
dos procariontes.

59
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

O núcleo é um organelo celular característico das células eucarióticas que contém cerca de 99%
do material genético:

 é formado por uma membrana dupla – o invólucro nuclear com poros que permitem
comunicar com o citoplasma;

 contém o nucleoplasma, onde se encontra a cromatina:

– que é material constituído por filamentos de DNA associado a


proteínas;

– cuja unidade morfológica e fisiológica é o cromossoma.

 nele podem existir um ou mais nucléolos, que são estruturas com ácidos nucleicos e
proteínas na sua constituição.

Composição e estrutura do DNA:

 o DNA é uma molécula formada por duas cadeias antiparalelas de nucleótidos enrolados em
hélice.

 os nucleótidos do DNA são formados por:

– um grupo fosfato;

– a desoxirribose ( C5H10O4 ), que é uma pentose com menos um oxigénio do que a


ribose;

– as bases azotadas, que neste caso são a adenina e a guanina, bem como
a citosina e a timina.

 para se formarem nucleótidos, ocorrem reacções de condensação que estabelecem


ligações químicas entre o grupo fosfato e o carbono 5´ da pentose e o carbono 1´ da
pentose e a base azotada;

Nucleótido

60
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 para se formarem cadeias polinucleotídicas, também se verificam reações


de condensação que favorecem a ligação grupo fosfato de um nucleótido e o carbono
3´ da pentose

Ligação entre dois nucleótidos

 o processo repete-se na direção 5´- 3´, ficando sempre um carbono 3´ livre para se poder
ligar um novo nucleótido, pelo que a cadeia polinucleotídica cresce sempre neste sentido;

Fragmento de uma cadeia polinucleotídica

61
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 a sequência nucleotídica, que é dada pelo número e pela ordem dos nucleótidos, é onde
se encontra codificada a informação genética que define as características de cada indivíduo.

O modelo e a estrutura do DNA foram construídos através do contributo de vários dados. Seguem-
-se os que mais contribuíram para a sua compreensão:

 Na determinação da composição quantitativa aproximada em bases azotadas no DNA de


várias espécies, verificou-se que os valores de adenina são próximos dos de timina, assim
como os de guanina se aproximam dos de citosina, pelo que a relação A + G/T + C se
aproxima da unidade.

 Pela interpretação de radiogramas de difração de raiosX através de DNA cristalizado,


Rosalind Franklin e Maurice Wilkins concluíram que a molécula de DNA tem uma estrutura
helicoidal.

 O uso do microscópio eletrónico permitiu verificar que a espessura de uma molécula de DNA
é dupla da de uma cadeia polinucleotídica.

 Watson e Crick apresentam uma proposta de um modelo de dupla hélice para explicar a
estrutura do DNA, resultando o seguinte:

– o DNA é constituído por duas longas cadeias polinucleotídicas enroladas em hélice


– dupla hélice – em torno de um eixo central;

– as bandas laterais da hélice são formadas por moléculas de fosfato (grupo fosfato
de cada nucleótido) que alternam com moléculas de desoxirribose;

– a ligação entre as cadeias faz-se por pontes de hidrogénio que se estabelecem


entre os pares de bases;

– verifica-se especificidade nas ligações e, devido à complementaridade das bases,


a adenina liga-se à timina por duas ligações de hidrogénio(A=T), enquanto a guanina
se liga à citosina por três ligações de hidrogénio(G≡CG≡C);

– as cadeias da dupla hélice são antiparalelas, ou seja, dispõem-se em sentido


oposto uma em relação à outra e cada uma das cadeias inicia-se numa extremidade
5´e termina numa ponta 3´ livre;

– a formação das cadeias ocorre sempre de 5´ para 3´ e, à extremidade 5´ de uma


cadeia corresponde sempre a extremidade 3´ da cadeia complementar.

Em suma:

 a estrutura do DNA é a mesma em todas as espécies e é universal nos seres vivos;

 a grande variedade e diversidade de moléculas deve-se às diferentes ordenações possíveis


dos quatro nucleótidos do DNA, que podem variar em ordem e em número;

62
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 os genes são segmentos de DNA com uma sequência nucleotídica própria que contém uma
determinada informação;

 o genoma é a informação genética de um indivíduo, ou seja, o seu conjunto de genes;

 universalidade e variabilidade são então características do DNA.

Estrutura e organização do DNA

Replicação do DNA

As células sofrem divisões para darem origem a novas células. As células-filhas possuem o mesmo
património genético das células que lhes deram origem. Para assegurar a preservação desse
património genético, o DNA tem a capacidade de se autoduplicar. Este fenómeno ocorre através
da replicação, que garante a transmissão da informação genética às células-filhas.

Até 1958 existiam três hipóteses para explicar a replicação:

– hipótese semiconservativa;

– hipótese conservativa;

– hipótese dispersiva.

63
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Meselson e Stahal realizaram experiências importantes com bactérias, cujos resultados apoiaram o
modelo de replicação semiconservativa que ocorre segundo a regra de complementaridade de
bases.

Este modelo permite explicar a transmissão do património genético e a relativa constância da


composição do DNA durante as divisões celulares. Passou então a utilizar-se este modelo para
explicar a replicação do DNA.

Replicação semiconservativa do DNA:

 as duas cadeias da molécula de DNA, na presença da DNA polimerase, afastam-se por


ruptura das pontes de hidrogénio que unem as bases azotadas;

 nucleótidos de DNA que se encontram livres na célula encaixam nos filamentos que se vão
afastando, através de ligações que obedecem à regra da complementaridade das bases – a
citosina liga-se à guanina e a timina à adenina;

 quando os filamentos de DNA que serviram de molde estão inteiramente preenchidos pelos
novos nucleótidos, formam-se duas novas moléculas de DNA;

 as novas moléculas de DNA, idênticas entre si, são complementares das cadeias originais e
cada uma delas é antiparalela relativamente à cadeia que lhe serviu de molde;

 cada molécula de DNA formada é idêntica à molécula original e é portadora de uma cadeia
antiga (metade da molécula-mãe) e de uma cadeia recém-formada, daí a designação de
semiconservativa.

Replicação semiconservtiva do DNA

64
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Composição e estrutura do RNA:

 o RNA ou ácido ribonucleico é um polímero de nucleótidos, geralmente formado por uma


cadeia simples, podendo apresentar formas estruturais diferentes de acordo com a função que
desempenha;

 os nucleótidos do RNA são formados por:

– um grupo fosfato;

– a ribose (C5H10O5), que é uma pentose;

– as bases azotadas, que neste caso são a adenina e a guanina, bem como a citosina e
o uracilo.

Constituintes do RNA

Existem três tipos de RNA:

– RNA mensageiro ou mRNA – que transporta a mensagem contida no DNA do núcleo para
o citoplasma;

– RNA de transferência ou tRNA – que transporta os aminoácidos dispersos no citoplasma


para os locais de síntese de proteínas, os ribossomas;

– RNA ribossómico ou rRNA – que juntamente com algumas proteínas forma o ribossoma.

 o RNA encontra-se no nucléolo, no citoplasma, nas mitocôndrias e nos cloroplastos.

65
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Comparação entre DNA e RNA

Expressão da informação genética - Biossíntese de proteínas


Na molécula de DNA é possível delimitar vários segmentos, os genes, cuja informação conduz à
síntese de proteínas que são indispensáveis à manifestação das características genéticas dos
seres vivos.

O DNA e as proteínas são macromoléculas sequenciadas de monómeros que são as suas


unidades básicas constituintes. Os monómeros:

– no DNA são os nucleótidos;

– nas proteínas são os aminoácidos.

 A sequência de aminoácidos numa proteína, ou seja, o número e a ordem como se dispõem,


é muito importante, pois:

 É a estrutura das proteínas que condiciona a sua função


biológica.

 É nos genes que está contida a informação para a ordenação e


colocação dos aminoácidos nas cadeias polipeptídicas das
proteínas.

66
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 No DNA a “linguagem” é de quatro letras – as bases azotadas


presentes nos nucleótidos, nas proteínas a “linguagem” é de
cerca de 22 letras – os aminoácidos comuns a todos os
organismos.

 Tem que haver a transformação da linguagem codificada do DNA (sequência de nucleótidos)


para a linguagem de proteínas (sequência de aminoácidos), existindo um código – o código
genético – cujos símbolos são as bases dos nucleótidos. Como o DNA se localiza no
núcleo das células e a síntese de proteínas ocorre nos ribossomas que se localizam no
citoplasma, torna-se necessária a transferência de informação.

Basicamente, no núcleo das células ocorre a síntese de uma molécula de RNA que é complementar
de uma porção do DNA que contém a informação. Este RNA transporta a mensagem em código
para os ribossomas. Aí, a mensagem vai ser traduzida e os aminoácidos que vão formar as
proteínas vão ser selecionados, ordenados e ligados de acordo com a ordem que estava
determinada no DNA.

Expressão genética

Código Genético

A síntese proteica é condicionada pelo código genético.

Este código envolve a codificação de cerca de 22 aminoácidos a partir de quatro nucleótidos


diferentes.

Determinou-se que o sistema de codificação mais simples utilizado pelas células seria uma
sequência de três nucleótidos para codificarem um aminoácido.

67
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

O código genético pode traduzir-se num quadro de correspondências entre 64 codões possíveis de
nucleótidos e os 22 aminoácidos existentes.

Código genético

Um codão é um tripleto de mRNA, complementar de um codogene, que codifica um determinado


aminoácido ou o início ou o fim da síntese de proteínas.

 Existem:

- codões sinónimos (codificam o mesmo aminoácido);

- codões STOP (indicam o fim da síntese de proteínas);

- codões de iniciação (determinam o início da síntese de proteínas).

Os codões são consecutivos e não sobrepostos, isto é, sucedem-se sem qualquer separação ou
sobreposição de nucleótidos.

O codogene é um tripleto (três nucleótidos consecutivos de DNA) que representa a mais pequena
unidade de mensagem genética necessária à codificação de um aminoácido.

As diferentes sequências de tripletos vão permitir codificar a ordenação de séries de aminoácidos


que caracterizam diversas proteínas.

68
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

As características do código genético são as seguintes:

– é universal – a linguagem do código genético é aproximadamente a mesma em todos os


organismos, ou seja, o mesmo codão codifica o mesmo aminoácido;

– não é ambíguo – a um tripleto de nucleótidos corresponde um e só um aminoácido;

– é redundante – vários codões são sinónimos, ou seja, podem codificar o mesmo


aminoácido. A maioria dos sinónimos difere apenas no último nucleótido. Este fenómeno é
também designado por degenerescência do código genético, pelo que se pode caracterizar
como sendo degenerado;

– o terceiro nucleótido de cada codão não é tão específico como os dois primeiros –
por exemplo, os codões CGU, CGC, CGA e CGG são sinónimos na codificação da arginina;

– o tripleto AUG tem dupla função – este tripleto codifica a metionina e é um codão de
iniciação da síntese de proteínas;

– os tripletos UAA, UAG e UGA são codões STOP ou de finalização – estes codões, que
não codificam nenhum aminoácido, representam sinais de fim de síntese de proteínas.

DNA e síntese de proteínas (II)

MECANISMO DA SÍNTESE DE PROTEÍNAS

A síntese de proteínas é um processo muito complexo que ocorre com a participação de enzimas,
ATP, mRNA, tRNA, DNA e ribossomas, que leva à formação de cadeias de aminoácidos – as
proteínas, cuja sequência foi determinada pelos tripletos do DNA.

Este processo implica que haja:

 um fluxo de informação genética entre o DNA e o RNA e entre a sequência de nucleótidos


de mRNA e a sequência de aminoácidos das proteínas;

 um fluxo de materiais entre o núcleo e o citoplasma (mRNA e ribossomas) e entre o


citoplasma e o meio extracelular (aminoácidos);

 um fluxo enzimático e energético.

Na passagem da linguagem polinucleotídica do DNA para a linguagem polipeptídica das proteínas,


consideram-se duas fases:

* Transcrição – segmentos de DNA codificam a produção de RNA;

* Tradução – o mRNA codifica a produção de proteínas.

69
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Transcrição da mensagem genética

Esta fase, que nas células eucarióticas ocorre no núcleo, caracteriza-se pela síntese de mRNA a
partir de uma cadeia de DNA que contém a informação que lhe serve de molde. Processa-se da
seguinte forma:

- A síntese de mRNA inicia-se na presença da RNA-polimerase, que é um complexo


enzimático catalisador das reações. Este complexo tem as seguintes funções:

 reconhecer no DNA os codões de iniciação e de finalização;

 abrir a molécula de DNA quebrando as ligações de hidrogénio que


unem as duas cadeias;

 a polimerização dos nucleótidos que vão formar o mRNA.

 durante a transcrição, só uma das cadeias de DNA é que é utilizada


como molde;

 a polimerização de nucleótidos que vão formar o mRNA ocorre


obedecendo à ordem imposta pela complementaridade das bases que
se estabelece entre os nucleótidos da cadeia de DNA e os nucleótidos
do mRNA;

 o complexo enzimático fixa-se sobre uma determinada sequência de


DNA e vai deslizando, o que provoca a abertura da dupla hélice e a
quebra das pontes de hidrogénio entre as bases complementares;

 inicia-se a transcrição da informação – os nucleótidos livres no núcleo


da célula, por complementaridade, ligam-se a uma das cadeias livres
de DNA no sentido 5´- 3´,sintetizando uma molécula de RNA
complementar;

 depois da passagem da RNA-polimerase, a molécula de DNA


reconstitui-se e voltam a estabelecer-se as pontes de hidrogénio entre
as bases complementares das duas cadeias;

70
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Transcrição da mensagem genética

A transcrição de um segmento de DNA forma um RNA pré-mensageiro que vai


sofrer processamento ou maturação:

– a molécula de DNA é constituída por sequências de nucleótidos que não codificam


informação – os intrões, intercalados com sequências que codificam – os exões;

– o processamento consiste na eliminação de certas porções de RNA – enzimas específicas


removem os intrões do RNA pré-mensageiro e, posteriormente, há união dos exões,
formando-se o mRNA funcional ou ativo;

– o mRNA funcional migra para o citoplasma, fixando-se nos ribossomas.

Transição e processamento do mRNA

71
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Tradução da mensagem genética

Nesta fase, a mensagem em código contida no mRNA vai ser descodificada nos ribossomas, sendo
transformada na sequência de aminoácidos que constituem a cadeia polipeptídica das proteínas.

Os ribossomas são organelos celulares que se podem encontrar livres no citoplasma ou


associados às membranas do retículo endoplasmático:

 formam-se nos nucléolos e migram para o citoplasma;


 possuem RNA ribossómico e proteínas na sua constituição;
 são formados por duas subunidades de tamanho diferente, que podem estar unidas
ou separadas;
 neles ocorre a formação das proteínas.

Ribossoma

 A tradução tem início quando o mRNA se liga à subunidade menor do ribossoma.

 Intervém o tRNA – RNA de transferência que seleciona e transporta os aminoácidos para os


ribossomas, onde vão ser ordenados de acordo com o código expresso no mRNA.

 A cadeia simples de tRNA dobra-se e em cada molécula forma-se uma zona especial que
corresponde à sequência de três nucleótidos, designada anticodão. O anticodão é
complementar de um dos codões do mRNA.

Molécula de tRNA e relação entre codão e anticodão.

72
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 À extremidade 3´ da molécula de tRNA liga-se o aminoácido correspondente, através de


ligações catalisadas por enzimas em que há transferência de energia.

 Como o código genético é degenerado, a diferentes codões pode corresponder o mesmo


aminoácido, pelo que, em alguns casos, existe mais do que um tRNA com a mesma
informação.

 A mesma cadeia de mRNA pode ser traduzida várias vezes, formando proteínas idênticas.

 O processo de tradução compreende três etapas fundamentais: a iniciação do processo,


o alongamento da cadeia polipeptídica e a finalização, que coincide com o fim da
incorporação de aminoácidos.

73
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Aspetos comparativos entre transcrição e tradução

CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DA BIOSSÍNTESE DE PROTEÍNAS:

 Complexidade – é um processo que envolve grande consumo de energia e a intervenção


de vários agentes, como as enzimas e os ribossomas.

 Rapidez – apesar de complexo, o processo é extremamente rápido. Por exemplo, uma


célula eucariótica pode juntar 140 aminoácidos em 2 ou 3 minutos.

 Amplificação – a mesma zona de DNA pode ser transcrita várias vezes, formando várias
moléculas de mRNA idênticas. Por sua vez, o mesmo filamento de mRNA é descodificado
simultaneamente por vários ribossomas. Desta forma originam-se várias cadeias
polipeptídicas idênticas e a atividades do mRNA, que tem uma duração muito curta, é
amplificada.

74
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Depois de sintetizadas, as proteínas podem não possuir atividades biológica, podendo sofrer
diversas alterações. Elas determinam a forma e a estrutura das células e condicionam todo o
metabolismo celular.

As proteínas podem:

 ter função enzimática (ex.: protease) ou de transporte (ex.: hemoglobina);

 ser integradas em estruturas celulares – membrana plasmática, lisossomas, mitocôndrias


e núcleo;

 ser exportadas para o meio extracelular, como as enzimas digestivas ou as hormonas


proteicas.

Atividades das proteínas a nível celular.

Alterações do material genético

O material genético de um indivíduo não permanece estático, por exemplo, durante os fenómenos
de replicação ou de transcrição, pode sofrer alterações que originam anomalias mais ou menos
graves.

Quando as alterações são bruscas designam-se por mutações.

75
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Os efeitos provocados por essas alterações podem ser:

 tão pequenos que nem se evidenciam;

 tão significativos que levam à morte da célula ou do organismo;

 nulos, se provocarem mutações que não alteram as proteínas devido a:

– haver redundância do código genético – o codão mutado pode codificar o mesmo


aminoácido;

– o novo aminoácido ter propriedades semelhantes às do que foi substituído;

– ter ocorrido substituição numa zona da proteína que não é determinante para a sua
função.

Se as alterações ocorrerem na sequência de bases da molécula de DNA, podem verificar-se


mudanças nas proteínas produzidas e, quando estas desempenham funções importantes no
organismo, as anomalias podem estar na origem de determinada doença.

Alguns exemplos de mutações devidas a alterações do material genético são:

 o albinismo – que é uma hipopigmentação devida à ausência de melanina;

 a hemofilia – que decorre de uma anomalia na formação de uma proteína sanguínea,


levando a graves dificuldades na coagulação do sangue;

 a anemia falciforme – que é provocada pela formação de hemoglobina anormal,


hemoglobina S.

As alterações ambientais que têm vindo a ocorrer levaram a um aumento dos fatores que
conduzem a alterações do DNA, bem como ao aumento da frequência de mutações. Os agentes
mutagénicos podem ser físicos ou químicos:

 agentes mutagénicos físicos – os principais são:

– raios X;

– raios gama;

– radiações ultravioleta;

– calor.

76
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 agentes mutagénicos químicos– são substâncias químicas como:

– corantes alimentares;

– conservantes alimentares;

– componentes do fumo dos cigarros.

A ocorrência de mutações não é exclusivamente nefasta. Pode levar à formação de proteínas


diferentes, com novas capacidades que podem ser a base do sucesso evolutivo dos
organismos que as sintetizam – as mutações são verdadeiros fatores de evolução.

Atualmente, no contexto da reprodução, alimentação e saúde, realizam-se numerosas experiências


de manipulação genética que se baseiam precisamente na seleção, substituição e alteração do
material genético.

 Ciclo Celular
O desenvolvimento dos seres vivos inclui períodos de crescimento celular e períodos de divisão
celular que ocorrem num processo cíclico.

O ciclo celular é o conjunto de transformações que decorrem desde que uma célula é formada até
que essa célula inicia o processo de divisão, para originar células-filhas.

De forma simplificada, pode dizer-se que as células crescem, aumentam o seu conteúdo celular e
dividem-se, originando duas células-filhas geneticamente semelhantes e com o mesmo conjunto de
cromossomas da célula-mãe. As células filhas crescem, podendo tornar-se células-mãe. Durante a
divisão celular, os organelos são distribuídos pelas células filhas, assim como o DNA que se auto
duplicou. As células-filhas asseguram, deste modo, a continuidade genética da vida.

Divisão celular

77
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Através da divisão celular, uma célula – célula-mãe – origina, normalmente, duas células-filhas
geneticamente semelhantes à célula que as originou, que vão crescer até atingirem a maturidade
celular.

- Nas células eucarióticas, a divisão celular assegura a transmissão quase exata da informação
genética às células filhas.

- Nos seres unicelulares, cada divisão celular corresponde à reprodução, pois, a partir de uma
célula, formam-se duas ou mais células independentes, perpetuando-se assim a espécie.

- Nos seres multicelulares as divisões celulares sucessivas são necessárias para que a célula-ovo
se transforme no indivíduo, ou seja, possibilitam a passagem do estado unicelular ao estado
pluricelular.

- A divisão celular é constante e contínua, de forma a assegurar a manutenção da integridade física


dos indivíduos e, em suma, a sua sobrevivência.

Assim, a divisão celular é fundamental para:

* a reprodução e consequente perpetuação das espécies;

* o crescimento do organismo;

* a manutenção do organismo, garantindo a renovação celular e a substituição


das células que morrem nos tecidos;

* a regeneração e cicatrização de tecidos ou órgãos;

* a estabilidade genética das espécies, assegurando a existência de igual


conjunto de cromossomas nas células resultantes dessa divisão;

* os processos de clonagem, pois o clone é um conjunto de células


geneticamente idênticas, que são todas descendentes de uma só célula
somática que sofreu divisões sucessivas.

DIVISÃO CELULAR EM PROCARIONTES

Nas células procarióticas:

 geralmente, apenas existe uma só molécula de DNA não associado a proteínas;

 a molécula de DNA é circular e está dispersa no citoplasma;

 a divisão celular é um processo muito simples que ocorre imediatamente a seguir à


replicação do DNA:

– o DNA inicia o processo de replicação num ponto único e este


fenómeno prossegue em dois sentidos;

78
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

– depois de duplicado, as duas cadeias circulares de DNA destacam-


-se e separam-se;

– a célula divide-se formando duas células-filhas, cada uma com uma


cadeia de DNA;

– porque são unicelulares, quando ocorre divisão celular está a


verificar-se reprodução, originando-se dois indivíduos geralmente
idênticos entre si e idênticos à célula-mãe.

Divisão celular em procariontes

Estrutura dos cromossomas das células eucarióticas

Os cromossomas, nas células eucarióticas, são estruturas filamentosas complexas formadas por
DNA associado a proteínas (histonas). Nessas estruturas:

 o DNA contém a informação genética;

 as proteínas são as responsáveis pela sua forma física e regulam a atividade do DNA;

 o DNA enrolado em torno das histonas forma uma cadeia polinucleossomática.

Os cromossomas:

 designam a unidade morfológica e fisiológica da cromatina, que contém a informação


genética;

 podem encontrar-se na forma dispersa ou na forma condensada;

 podem conter:

– um só cromatídio, se for constituído por uma só molécula de DNA;

ou

– dois cromatídios, se na sua constituição possuir duas moléculas de DNA


associadas a proteínas. Esta estrutura dupla dos cromossomas, que se deve à
duplicação do material genético, verifica-se na interfase:

79
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Os cromatídios apresentam-se ligados por uma estrutura sólida e resistente – o centrómero;

O centrómero corresponde a uma zona de constrição do cromossoma, com uma sequência de DNA
específica, à qual se liga um disco proteico.

Estrutura do cromossoma

O conjunto de cromossomas que existe numa célula determina o CARIÓTIPO, que:

 é característico de cada espécie, sendo constante nas células de indivíduos da mesma


espécie;

 varia de espécie para espécie.

Fases do ciclo celular


- O ciclo celular corresponde à alternância de fases de crescimento com fases de divisão celular,
com o objetivo final de originar novas células.

- Algumas células mantêm a capacidade de se dividirem continuamente; outras perdem essa


capacidade quando atingem a maturidade. Assim, a periodicidade com que ocorrem os ciclos
celulares depende de vários fatores, como, por exemplo, o tipo de célula.

- Em qualquer caso, o ritmo de divisão permite responder às necessidades do organismo, pois só


assim se mantém a vida.

- O ciclo celular compreende dois períodos ou fases, a Interfase e a Fase Mitótica ou de divisão
celular:

80
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Fases do ciclo celular

INTERFASE

 corresponde ao período compreendido entre o fim de uma divisão celular e o início da


divisão seguinte;

 é, normalmente, o período mais longo do ciclo celular – a maioria das células passa cerca
de 90% do ciclo celular em interfase;

 nesta fase, os cromossomas não são visíveis ao microscópio ótico;

 compreende três períodos ou subfases designadas por período G1 ou pós-


mitótico, período S ou de síntese de DNA e período G2 ou pré-mitótico, cuja duração é
variável dependendo da espécie, do tecido ou do estádio de desenvolvimento:

 caracteriza-se por ser um período de intensa atividade biossintética, em que ocorre


crescimento e duplicação do conteúdo celular, nomeadamente:

– duplicação da componente cromossómica numa das suas fases, ou


seja, duplicação do DNA;

81
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Nas células animais, ocorre duplicação dos centríolos:

– centríolos são estruturas cilíndricas constituídas por microtúbulos, altamente


organizados, possuindo cada centríolo nove conjuntos de três microtúbulos.

82
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

FASE MITÓTICA OU DE DIVISÃO CELULAR

 corresponde a uma etapa final do ciclo celular;

 é visível ao microscópio ótico;

 nesta fase, ocorre a separação (divisão) das unidades moleculares anteriormente


duplicadas (na interfase);

 caracteriza-se pela divisão celular;

 porque as células têm que sofrer divisão do núcleo e do citoplasma, nesta fase consideram-
se duas etapas, a mitose ou cariocinese e a citocinese:

MITOSE

– corresponde à cariocinese ou divisão nuclear, ou seja, é o conjunto de


transformações durante as quais o núcleo das células eucarióticas se divide;

– apesar deste processo ser contínuo, podem distinguir-se quatro subfases –


a profase, a metafase, a anafase e a telofase:

83
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Embora seja idêntica nas células animais e vegetais, a mitose apresenta algumas diferenças,
relacionadas, principalmente, com a presença de centríolos:

(2) áster – estrutura radial originada

pelos microfilamentos proteicos

que se forma à volta dos centríolos.

84
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

CITOCINESE

– corresponde à divisão do citoplasma e individualização das duas novas células-filhas;

– existem algumas diferenças na citocinese das células animais e vegetais:

Regulação do ciclo celular


 o ciclo celular é regulado por rigorosos mecanismos de controlo;

 o ritmo das divisões celulares é muito variável e depende de vários fatores, como por
exemplo, as condições ambientais;

 os mecanismos de regulação atuam, principalmente, no final de G1 e de G2:

85
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 no final de G1, as células podem não iniciar um novo ciclo celular e permanecem num
estádio de “pausa” designado G0:

– o tempo que as células permanecem em G0 depende do tipo de células e das


condições do meio;

– as células que não sofrem divisão permanecem em G0 até morrerem (ex.:


neurónios e fibras musculares).

 no final de G2 há novo controlo antes de se iniciar a mitose e...

– ou o ciclo prossegue normalmente;

– ou o ciclo interrompe, por exemplo, se ocorreram anomalias na replicação do DNA.

Regulação do ciclo celular (pontos de controlo)

Estabilidade do programa genético

Durante a divisão celular, as células apresentam a capacidade de transmitir a informação genética


de uma geração para outra, mantendo igual conjunto de cromossomas nas células-filhas. Este
fenómeno verifica-se porque, ao longo do ciclo celular, a quantidade de DNA, que duplicou no
período S da interfase, durante a mitose, volta ao valor inicial em cada célula-filha.

86
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Evolução da quantidade de DNA nas diferentes fases do ciclo celular.

Assim, na interfase:

 no período G1 a célula possui uma só cadeia de DNA;

 no período S ocorre a replicação semiconservativa do DNA e os cromossomas ficam


constituídos por dois cromatídios ligados pelo centrómero – a informação genética duplica;

 cada um dos cromatídios de cada cromossoma-irmão é idêntico ao cromossoma inicial da


fase G1, mas não há alteração do número de cromossomas;

 no período G2 vai-se manter essa quantidade de DNA.

Durante a mitose:

 na prófase e na metafase a quantidade de DNA continua a ser dupla e o número de


cromossomas não alterou;

 na anafase, depois de ocorrer a clivagem dos centrómeros, cada um dos cromossomas-


irmãos migra para os pólos da célula, pelo que se verifica a distribuição equitativa dos
cromossomas e a consequente redução para metade do teor de DNA; o número de
cromossomas mantém-se;

 nesta altura, cada nova célula possui a mesma quantidade de DNA que a célula-mãe
possuía em G1;

 a telofase não altera o teor de DNA nem o número de cromossomas.

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A alternância entre a replicação do DNA, com a separação dos dois cromatídios de cada
cromossoma, garante a identidade genética ao longo das gerações.

Excecionalmente podem ocorrer erros – mutações – que podem alterar quer o conteúdo genético
dos cromossomas, quer o número de cromossomas e, desta forma, a estabilidade genética das
populações.

Diferenciação celular, regeneração e crescimento


Todos os fenómenos de multiplicação, crescimento e renovação celular e, também, de reprodução
assexuada estão associados ao processo mitótico. Dependem dele para que seja possível, a partir
de uma célula, formarem-se duas células geneticamente idênticas entre si e idênticas à progenitora.

O ciclo celular pode repetir-se inúmeras vezes, permitindo formar um organismo pluricelular, que
resultou de sucessivas divisões de uma célula única – o ovo.

Mas embora possuam a mesma informação genética, as células dos organismos pluricelulares
são de diferentes tipos e apresentam diferentes funções, organizando-se em tecidos que
formam órgãos e sistemas.

Esta diversidade de formas e funções resulta de complexos mecanismos de regulação genética,


que ativam seletivamente diferentes porções de DNA – genes – em diferentes células.

Então, os genes que estão ativos num determinado tecido podem não ser os mesmos que estão
ativos num outro, determinando as diferenças que se verificam entre eles.

Para que a partir de uma célula inicial se obtenha uma grande variedade de células especializadas
em diversas funções, é necessário que ocorra um processo de diferenciação celular.

François Jacob e Jacques Monod realizaram importantes trabalhos com a bactéria Escherichia
coli com o objectivo de esclarecer a expressividade seletiva dos genes no metabolismo da lactose.
Com este trabalho procuraram compreender porque é que parte da informação genética se pode
expressar, enquanto outra parte pode ser inibida.

Permitiram concluir que, nos eucariontes:

 as potencialidades genéticas dos indivíduos superam as características que eles expressam;

 muitos dos genes que constituem o património genético dos indivíduos apenas se destinam
a regular o funcionamento de outros genes;

 os genes que se expressam num determinado contexto dependem das relações que se
estabelecem entre o DNA e o ambiente que caracteriza esse contexto;

 muitas das potencialidades genéticas das células diferenciadas encontram-se inibidas e


nunca chegam a expressar-se.

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As células que, como o ovo ou zigoto, possuem a capacidade de originar todas as outras células,
designam-se, totipotentes. As primeiras divisões do ovo originam células indiferenciadas que se
vão continuar a dividir até que, à medida que prossegue o ciclo celular, iniciam um processo de
diferenciação, tornando-se células especializadas.

A maioria dos tecidos de um organismo no estado adulto possui algumas células estaminais, que
são células que apresentam um grau de diferenciação menor do que as restantes células.

Nas plantas, nos tecidos adultos existem células indiferenciadas, agrupadas em tecidos
chamados meristemas.

A capacidade que uma célula tem de originar outras células especializadas é, geralmente, tanto
maior quanto menor for a sua diferenciação.

Em determinadas circunstâncias, as células diferenciadas podem perder especialização, tornando-


se indiferenciadas, e readquirem a capacidade de originar novos tecidos, voltando a ser
totipotentes.

A clonagem consiste na produção de um ou mais indivíduos geneticamente idênticos – os clones, a


partir de células somáticas que se dividem sucessivas vezes.

O controlo da expressividade genética pode ocorrer na transcrição ou na tradução e é sensível a


elementos provenientes do ambiente que podem ativar ou reprimir essa atividade. É por isso que
certas substâncias químicas podem ser potencialmente perigosas para a saúde.

As radiações, certas substâncias tóxicas e até determinados vírus podem ser responsáveis pelas
alterações do património genético das células.

A perda dos mecanismos de regulação celular pode ser uma das consequências da alteração do
património genético das células, levando ao aparecimento de cancro. As células cancerosas
dividem-se de forma descontrolada e podem adquirir características de malignidade, produzindo
tumores. Podem invadir tecidos e órgãos e podem espalhar-se por várias partes do organismo –
metastização.

Evolução de um cancro intestinal.

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REPRODUÇÃO​
A Reprodução é uma função característica dos seres vivos que permite o aparecimento de novos
indivíduos, através da divisão celular. Esta função permite aos seres vivos darem origem a seres
semelhantes, perpetuando, assim, as espécies ao longo do tempo.

Apesar de haver diversos processos reprodutivos, para que ocorra reprodução tem que se verificar
uma sequência de fenómenos a nível celular, tais como a replicação de DNA, que é comum à
generalidade dos seres vivos e que permite que a informação genética passe de geração em
geração.

A grande variedade de processos reprodutivos que existe pode sistematizar-se em dois tipos
fundamentais: a reprodução assexuada e a reprodução sexuada.

 Na reprodução assexuada formam-se novos indivíduos a partir de um só progenitor, não


havendo formação de gâmetas. Este processo está associado à divisão celular mitótica.

 Na reprodução sexuada os novos indivíduos são originados através da união de duas células
especializadas – os gâmetas, formados através de um tipo de divisão celular
denominado meiose.

 Reprodução Assexuada
A reprodução assexuada é um processo que se verifica nos procariontes e na maioria dos
unicelulares eucariontes; também ocorre em seres multicelulares, mas com baixo nível de
diferenciação tecidular.

Na reprodução assexuada:

– apenas intervém um progenitor, que origina um conjunto de indivíduos;

– não há participação de células reprodutoras ou gâmetas;

– não há fecundação nem meiose;

– ocorrem mitoses sucessivas (divisões que mantêm o número de cromossomas)


responsáveis pelo crescimento e pelo aumento do número de indivíduos;

– se não se verificarem mutações, os descendentes são geneticamente idênticos entre si e


aos progenitores, sendo um processo que não contribui para a variabilidade genética das
populações;

– a descendência é numerosa e o processo é rápido;

– como normalmente não se verifica variabilidade genética, os indivíduos não se adaptam às


alterações ambientais com tanta facilidade, logo, este processo só é vantajoso para a
sobrevivência das populações quando o ambiente não está em mudança, ocorrendo
normalmente em condições favoráveis.

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Apesar destes aspetos comuns, existe uma grande diversidade de processos reprodutivos
assexuados, sendo os fundamentais a bipartição, a gemulação, a divisão múltipla,
a esporulação, a fragmentação, a multiplicação vegetativa e a partenogénese.

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Multiplicação Vegetativa Natural

Dependendo da espécie podem-se originar novas plantas a partir de várias partes da planta-mãe.
Os processos de multiplicação podem ser por folhas (Bryophillum), estolhos (morangueiro), rizomas
(lírio e feto), tubérculos (batata) e raízes tuberculosas (batata doce), bolbos (cebola) e bolbilhos
(alho).

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Multiplicação Vegetativa Artificial

Os métodos artificiais de multiplicação vegetativa são usados no sector agroflorestal com o intuito
de rapidamente produzir novas plantas. Estas técnicas têm elevado interesse económico já que
permitem preservar as características genéticas das plantas. Destaca-se o método da estaca, a
mergulhia e a enxertia.

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Como os organismos geneticamente idênticos constituem clones, então, podem considerar-se os


processos de reprodução assexuada como processos de clonagem. Mas aos processos tradicionais
de propagação, natural ou artificial, de espécies com interesse económico, juntaram-se técnicas de
cultura in vitro para mais eficientemente garantir a preservação de certas características genéticas
dessas espécies.

Nos últimos anos, o termo clonagem tem vindo a ser aplicado a situações mais específicas:

 a clonagem é o processo de obtenção, em laboratório, de indivíduos geneticamente iguais


através de técnicas de manipulação de células e de tecidos;

 um tipo de clonagem pode fazer-se obtendo in vitro embriões com a mesma informação
genética a partir de células do mesmo ovo, que se implantam em mães portadoras. Este
processo de clonagem baseia-se na existência de gémeos verdadeiros.

 outro tipo de clonagem – a clonagem por transferência de núcleos – pode explicar-se


simplificadamente como a junção de um núcleo de uma célula do indivíduo que se pretende
clonar com uma célula-ovo sem núcleo de um outro indivíduo. A fusão ocorre devido a uma
pequena descarga elétrica e a célula-ovo formada desenvolve-se de acordo com a
informação genética do núcleo implantado;

Clonagem da ovelha Dolly

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- o clone é um conjunto de células geneticamente idênticas descendentes de uma única célula


ancestral e que, em condições apropriadas, pode originar um grande número de organismos iguais
entre si;

- os processos de clonagem tornam-se possíveis devido à totipotência – as células perdem a sua


especialização e adquirem a capacidade de originar um indivíduo completo através de divisões
sucessivas;

- a clonagem é um processo muito utilizado em floricultura e fruticultura sendo muito vantajoso uma
vez que se produz grande número de indivíduos a custos baixos e se originam culturas em ótimo
estado sanitário; outra vantagem é a recuperação de espécies vegetais ameaçadas de extinção.

 Reprodução Sexuada
A reprodução sexuada é o tipo de reprodução mais comum no mundo vivo; é o processo
reprodutivo quase exclusivo dos animais superiores e é usual nas plantas superiores. A maioria dos
seres com reprodução assexuada, em certas condições, também se reproduz sexuadamente.

Na reprodução sexuada:

 intervêm dois progenitores, que produzem células reprodutoras especializadas – os gâmetas;

 ocorre fusão dos dois gâmetas – um masculino e um feminino –, ou seja, ocorre fecundação. A
reprodução sexuada depende da fecundação;

 durante a fecundação ocorre cariogamia (fusão dos núcleos dos gâmetas) que leva à
formação do ovo ou zigoto;

 o ovo é a primeira célula do futuro ser vivo. Por mitoses sucessivas, vai originar um indivíduo
com características resultantes da combinação genética dos gâmetas dos progenitores;

 os indivíduos das sucessivas gerações que vão sendo originados, apesar de terem algumas
características comuns, apresentam diferenças mais ou menos acentuadas entre eles e em
relação aos progenitores – verifica-se, assim, variabilidade genética nas populações;

 a descendência é, normalmente, reduzida e o processo é lento;

 como se verifica variabilidade genética, os indivíduos suportam as alterações do meio com


alguma facilidade, estando aptos a sobreviver em ambientes em mudança. A seleção natural
elimina os menos aptos e os mais aptos vão ser selecionados.

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Para a formação dos gâmetas ocorre um processo de divisão celular – a meiose – que permite a
redução do número de cromossomas de uma célula. A reprodução sexuada depende da meiose.

O ovo resulta da união dos gâmetas que ocorre durante a fecundação. Assim, os cromossomas
presentes no núcleo do ovo são pares de cromossomas do mesmo tipo que provieram metade de
cada gâmeta. Designam-se cromossomas homólogos e possuem forma e estrutura idênticas,
sendo portadores de genes correspondentes.

Quanto ao número de cromossomas que possuem, as células podem classificar-se


em haploides e diploides:

 Haploides – são células que possuem um só cromossoma para cada par de homólogos,
representam-se simbolicamente por n. Exemplos destas células são os gâmetas que se
formaram por meiose;

 Diploides – são células que possuem dois pares de cromossomas homólogos e


representam-se simbolicamente por 2n. Exemplos destas células são o ovo que resultou da
fecundação e todas as células somáticas.

A fecundação implica uma duplicação cromossómica mas o número de cromossomas


característico de cada espécie mantém-se constante. A meiose, por sua vez, garante a passagem
da diploidia para a haploidia.

Assim, pela existência alternada destes dois fenómenos indispensáveis para que ocorra
reprodução sexual, está garantida a constância do número de cromossomas de geração em
geração.

Alternância da fecundação e da meiose na reprodução sexuada.

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MEIOSE – redução cromossómica

A meiose é um processo de divisão celular que leva à formação de quatro células haploides
semelhantes entre si e com metade do número de cromossomas da célula que lhes deu origem.
Como este fenómeno implica a passagem de um estado diploide para um estado haploide, pode ser
designado por redução cromossómica.

A meiose inclui duas divisões sequenciais e inseparáveis, a divisão I e a divisão II.

Divisão I e II da meiose

Divisão I:
– é precedida pela interfase onde, no período S ocorre a replicação do DNA, constituinte dos
cromossomas;

– no início da meiose cada cromossoma é constituído por dois cromatídios;

– a separação dos cromossomas homólogos de cada par reduz para metade o número de
cromossomas da célula diploide;

– são originados dois núcleos haploides, ou seja, com metade do número de cromossomas
do núcleo da célula que lhes deu origem;

– porque reduz o número de cromossomas, é uma divisão reducional.

98
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Divisão II:
– os dois núcleos haploides dividem-se e formam-se quatro núcleos, também haploides;

– porque os cromossomas são igualmente distribuídos pelos novos núcleos, é uma divisão
equacional;

– no final, formam-se quatro células haploides, contendo, cada uma, um cromossoma de


cada par de homólogos;

– é uma divisão idêntica à mitose.

As divisões I e II da meiose, embora tenham fenómenos exclusivos, incluem sequências de


estádios com características idênticas às que ocorrem na mitose. Por este facto, os estádios têm o
mesmo nome – prófase, metáfase, anáfase e telófase:

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

100
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Mitose e meiose – aspetos comparativos


Nos processos de reprodução assexuada, a divisão celular é feita por mitose.

Na reprodução sexuada, para além da mitose ser fundamental para que se verifique o crescimento
dos novos indivíduos, a meiose é também necessária, como processo de divisão que compensa a
duplicação de cromossomas que se verifica na fecundação.

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Assim, existem algumas diferenças bem significativas entre estes dois processos:

Esquema da mitose Esquema da meiose

102
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Reprodução Sexuada e Variabilidade Genética


Na reprodução sexuada, a meiose e a fecundação, que são dois mecanismos compensatórios,
asseguram a manutenção do número de cromossomas característico de cada espécie, de geração
em geração. Estes dois fenómenos são igualmente responsáveis pela variabilidade genética que
se verifica entre indivíduos da mesma espécie.

103
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Diversidade de Estratégias na Reprodução Sexuada


Tal como na reprodução assexuada, em que se verificam estratégias reprodutivas variadas, na
reprodução sexuada as soluções reprodutivas são também diversas.

As estratégias mais representativas estão relacionadas com a reprodução sexuada nas plantas e
nos animais.

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Em ambos os casos, os gâmetas – células reprodutoras cuja união leva à formação de um novo
indivíduo – são formados em estruturas especializadas.

Para que ocorra fecundação, os gâmetas masculinos e femininos têm que se encontrar no mesmo
local, ao mesmo tempo.

FECUNDAÇÃO NOS ANIMAIS

Nos animais há duas estratégias de reprodução, o hermafroditismo e o unissexualismo:

 Hermafroditismo:

– ocorre principalmente em espécies que têm dificuldades de dispersão geográfica, ou vivem


mesmo isolados;

– é comum nos seres invertebrados;

– um indivíduo possui simultaneamente o sexo masculino e o sexo feminino;

– podem verificar-se dois tipos de comportamento distinto – o hermafroditismo suficiente e


o hermafroditismo insuficiente.

1. Hermafroditismo suficiente – ocorre por autofecundação, um só indivíduo pode originar


descendentes. Verifica-se, por exemplo, na ténia.

Hermafroditismo na ténia.

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2. Hermafroditismo insuficiente – não se verifica a autofecundação, como nos unissexuais


tem que haver fecundação cruzada. Ocorre na minhoca e no caracol, por exemplo.

Hermafroditismo na minhoca

 Unissexualismo:

– ocorre na maioria das espécies;

– há um indivíduo do sexo masculino – macho – e um do sexo feminino – fêmea;

– a reprodução, neste caso, exige a contribuição de dois indivíduos, um de cada sexo, sendo
estas espécies dioicas;

– a união dos gâmetas efetua-se de diversos modos que dependem da mobilidade dos
animais e do habitat.

De acordo com o local onde ocorre, a fecundação pode ser externa ou interna:

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FECUNDAÇÃO NAS PLANTAS

Nas plantas, as estratégias reprodutivas são bastante diversas. Também os gametângios são muito
variados e característicos dos diferentes tipos de plantas e, como tal, também os processos de
fecundação são diferentes:

 nos musgos e nos fetos a fecundação é dependente da água, só assim é que os


anterozoides podem alcançar as oosferas que se encontram dentro dos arquegónios;

 nas Gimnospérmicas, como os pinheiros, os gametângios são estruturas especializadas –


os cones masculinos, onde se produzem os grãos de pólen, e os cones femininos (as pinhas),
onde se produzem os óvulos. A fecundação não depende da água, revelando melhor
adaptação ao ambiente terrestre;

 as Angiospérmicas caracterizam-se por possuírem flor, que é o órgão reprodutor nestas


plantas e, portanto, onde se formam os gâmetas. A fecundação é independente da água.

Flores

 São constituídas por:

 Produzem os gâmetas que são:

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 Podem ser:

– hermafroditas – os estames e os carpelos estão na mesma flor;

– unissexuais – há flores só com estames – flores unissexuais masculinas; e há


flores só com carpelos – flores unissexuais femininas.

Para que haja fecundação tem que ocorrer a polinização:

– é o transporte de grãos de pólen para os órgãos femininos da flor;

– pode ser direta ou cruzada

direta – quando há polinização na mesma flor. Nesta situação a


variabilidade genética é reduzida;

cruzada – quando a polinização se efetua entre flores de plantas


distintas, mas da mesma espécie. Esta estratégia propicia grande
variabilidade genética;

– faz-se por agentes polinizadores como o vento, os insetos e as aves. As


características das flores estão intimamente relacionadas com o agente específico
que as poliniza.

Depois de ocorrer a fecundação no interior dos óvulos, a flor vai desaparecer e originar o fruto:

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Vantagens e Desvantagens dos Tipos de Reprodução


Alguns seres vivos podem apresentar os dois tipos de reprodução, conseguindo mudar de
estratégia reprodutiva de acordo com as condições do meio, de modo a maximizar as vantagens
oferecidas por cada processo. Esta situação é vulgar em espécies como os afídios, vulgarmente
designados por pulgões.

As principais vantagens e desvantagens destes dois tipos de reprodução são:

CICLOS DE VIDA
O ciclo de vida de um ser vivo corresponde à sequência de acontecimentos que ocorrem na vida
de um organismo desde que foi concebido até que produz a sua própria descendência. O ciclo de
vida de uma espécie repete-se de geração em geração.

Quando a reprodução é assexuada existe estabilidade genética e, como tal, não há alteração
do número de cromossomas de cada espécie.

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Quando a reprodução é sexuada, a duplicação do número de cromossomas que resulta da


fecundação é compensada pela redução de cromossomas que ocorre na meiose,
possibilitando a manutenção de um número de cromossomas constante em cada espécie.

Da alternância entre estes dois fenómenos resulta sempre uma alternância de fases nucleares
características:

 a haplofase ou fase haploide – está compreendida entre a meiose e a fecundação, inicia-


se na célula que resultou da meiose e que possui n cromossomas;

 a diplofase ou fase diploide – está compreendida entre a fecundação e a meiose, inicia-se


no ovo, célula que resultou da fecundação e que possui 2n cromossomas.

A ocorrência da fecundação e da meiose, embora comum a todos os seres vivos com reprodução
sexuada, pode dar-se em momentos diferentes do ciclo de vida do organismo. Tendo em conta
esse momento, estabeleceram-se, então, diferentes tipos de meiose – a meiose pós-zigótica, a
meiose pré-gamética e a meiose pré-espórica:

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Atendendo ao desenvolvimento relativo das duas fases nucleares, determinadas pelo momento em
que ocorre a meiose, gera-se alguma diversidade nos ciclos de vida dos seres vivos que se podem
classificar em:

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Ciclo de Vida de uma Alga – espirogira (Spirogyra sp.)


A espirogira:

– é uma alga pluricelular verde brilhante;

– vive em água doce, principalmente em charcos e regatos;

– forma agregados filamentosos constituídos por células cilíndricas dispostas topo a topo;

– apresenta reprodução assexuada por fragmentação – quando as condições são


favoráveis, podem destacar-se dos filamentos fragmentos que crescem e originam novos
indivíduos;

– tem reprodução sexuada quando as condições do meio são desfavoráveis, garantindo a


possibilidade de se formarem indivíduos com características que podem ser vantajosas
nesses ambientes.

Reprodução sexuada na espirogira.

112
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Ciclo de vida da espirogira.

Esquema do ciclo de vida

da espirogira.

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Ciclo de Vida de um Mamífero


Os mamíferos:

– têm uma grande dispersão geográfica;

– são um grupo com um elevado número de espécies, nos quais se inclui a espécie
humana;

– caracterizam-se por apresentarem glândulas mamárias e por se alimentarem de


leite nos primeiros tempos de vida;

– apenas se reproduzem sexuadamente;

– existe unissexualismo, os sexos estão separados havendo representantes


masculinos e femininos;

– as espécies são dióicas, para ocorrer fecundação têm que intervir os dois
representantes de ambos os sexos;

– a produção de espermatozoides – gâmetas masculinos – e de óvulos – gâmetas


femininos – ocorre nas gónadas, testículos e ovários, respetivamente;

– a fecundação é interna e o desenvolvimento embrionário, em quase todas as


espécies ocorre no útero da fêmea – espécies vivíparas;

– para se formarem gâmetas tem que se verificar meiose.

Etapas da reprodução no Homem:

 a meiose ocorre durante a formação dos gâmetas, em células presentes nas gónadas
masculinas (testículos) e nas gónadas femininas (ovários).

 os gâmetas – espermatozóides e óvulos – são células unicelulares haploides que se unem


durante a fecundação;

 resulta um ovo ou zigoto diploide que sofre divisões mitóticas sucessivas originando um
novo indivíduo pluricelular

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Ciclo de vida do ser humano

Ciclo de Vida de uma Planta – polipódio (Polypodium sp.)


O polipódio:

– é um feto comum que forma, normalmente, tufos;

– é uma planta vascular que não produz sementes;

– habita locais húmidos, tais como zonas arborizadas, troncos de árvores e muros
velhos;

– tem o corpo constituído por um caule subterrâneo – o rizoma, de onde emergem


raízes e folhas;

– as folhas pinuladas, designadas megáfilos, são muito desenvolvidas e o seu limbo


é extremamente recortado;

– apresenta reprodução sexuada e assexuada por fragmentação vegetativa do


rizoma e por esporulação.

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Etapas da reprodução no polipódio:

 na época reprodutiva, na página inferior das folhas, formam-se soros que são grupos de
esporângios que, quando jovens, contêm as células-mãe dos esporos;

 as células-mãe dos esporos sofrem meiose, originando esporos haploides que, quando estão
maduros, são libertados;

 se caírem em solo favorável, cada esporo germina e origina uma estrutura laminar,
fotossintética de vida independente – o protalo;

 na face inferior do protalo, que é um gametófito pluricelular, formam-se


os gametângios:

– anterídios – gametângios masculinos que produzem os anterozoides

– arquegónios – gametângios femininos que produzem a oosfera

 os anterozoides, quando a água no solo é suficiente, nadam até aos arquegónios onde se
fundem com a oosfera;

 desta fecundação, dependente da água, resulta um zigoto diploide que vai iniciar o seu
desenvolvimento sobre o protalo, originando uma nova planta adulta – novo esporófito de vida
independente.

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

Ciclo de vida do polipódio

OS CICLOS DE VIDA...

117
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EVOLUÇÃO BIOLÓGICA
Desde tempos remotos que o Homem tenta explicar a origem e a diversidade das espécies. Várias
teorias surgiram, enquadradas em dois grandes grupos: teorias fixistas e teorias evolucionistas.

Fixismo:
– foi a primeira tentativa de explicação da grande diversidade de seres vivos
existentes na Terra;

– foi aceite durante muitos séculos, principalmente porque era apoiada pela
observação de gerações sucessivas de seres vivos que eram sempre semelhantes;

– admite que as espécies surgiram tal como se conhecem atualmente e, que se


mantiveram fixas e imutáveis ao longo do tempo;

– as espécies foram criadas independentemente umas das outras;

– as principais teorias fixistas são o criacionismo, o espontaneísmo e


o catastrofismo:

118
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Evolucionismo:
– admite que as espécies se alteram de forma lenta e progressiva ao longo do tempo,
dando origem a novas espécies;

– as espécies são originadas a partir de ancestrais comuns;

– o ambiente intelectual em que o evolucionismo se estabeleceu foi influenciado


pelas ideias de mudança que surgiram, ao mesmo tempo, em todas as áreas do
conhecimento;

– construiu-se com o contributo e a colaboração de várias ciências e, em particular,


da Geologia.

As principais evidências geológicas que abalaram o modelo fixista foram:

– a idade da Terra ser muito superior à admitida até então;

– o aparecimento de fósseis de espécies muito diferentes das que se conheciam.

O Evolucionismo foi dificilmente aceite pela comunidade científica e a sua implantação definitiva
decorreu do aparecimento de mecanismos explicativos muito bem fundamentados e apoiados por
argumentos válidos.

As duas teorias evolucionistas mais marcantes são o Lamarckismo e o Darwinismo.

 LAMARCKISMO:

– foi a primeira teoria explicativa sobre o mecanismo de evolução dos seres vivos,
formulada e defendida por um naturalista francês, o cavaleiro de Lamarck;

– esta teoria assentava em duas leis fundamentais – a Lei do uso e do desuso e a


Lei da herança dos carateres adquiridos;

– nesta teoria, a adaptação é definida como sendo a capacidade dos seres vivos
desenvolverem características que lhes permitam sobreviver e reproduzir-se num
determinado ambiente;

– o ambiente é considerado o principal agente responsável pela evolução;

– admite, ainda, uma progressão lenta e gradual dos organismos mais simples para
os mais complexos.

119
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

O Lamarckismo sofreu grande contestação porque:

– atribui à evolução uma intenção ou objetivo, ao afirmar que as alterações ocorrem devido à
necessidade de as espécies procurarem a perfeição, o que não se conseguiu provar
cientificamente;

– a herança dos carateres adquiridos não se verifica experimentalmente.

Esta teoria não vingou e o evolucionismo foi, temporariamente, posto de parte. Na altura em que
surgiu era impossível testar, cientificamente, alguns dos seus pontos e, por outro lado, as ideias
fixistas ainda estavam bem enraizadas.

120
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

 DARWINISMO:

– Charles Darwin, naturalista inglês, apresentou a teoria evolucionista como


explicação para a biodiversidade;

– Darwin baseou-se num conjunto de dados e informações recolhidos ao longo de


mais de 20 anos, destacando-se os recolhidos na viagem à volta do Mundo no
Beagle;

– os fundamentos desta teoria são os dados geológicos, os dados biogeográficos,


o Malthusianismo, a seleção artificial e a variabilidade intraespecífica:

121
BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

O mecanismo essencial que dirige a evolução é a seleção natural: só os mais aptos sobrevivem e
transmitem as características mais favoráveis porque o ambiente não possui os recursos essenciais
para a sobrevivência de todos os que nascem;

 Esta teoria pode enunciar-se da seguinte forma:

– todas as espécies apresentam indivíduos com pequenas variações nas suas


características;

– as populações tendem a crescer em progressão geométrica, originando mais


descendentes do que aqueles que podem sobreviver;

– o número de indivíduos de uma espécie não se altera significativamente de


geração em geração;

– em cada geração, uma parte dos indivíduos é naturalmente eliminada na luta pela
sobrevivência;

– sobrevivem os indivíduos que estiverem mais bem adaptados a um determinado


meio, por possuírem características mais vantajosas relativamente aos restantes;

– a seleção natural, feita pela Natureza, privilegia os indivíduos mais bem dotados e
elimina os menos aptos relativamente a determinadas condições do ambiente –
sobrevivência do mais apto;

– os mais aptos, portadores das variações favoráveis, vivem durante mais tempo e
reproduzem-se mais e, como tal, transmitem as suas características aos
descendentes por reprodução diferencial;

– a acumulação de pequenas variações ao longo das gerações determina, a longo


prazo, a transformação e o aparecimento de novas espécies.

A principal crítica a esta teoria é o facto de não conseguir explicar as causas das variações
existentes nas populações.

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Confronto entre Lamarckismo e Darwinismo


O Lamarckismo e o Darwinismo explicam a diversidade de espécies existente através de processos
evolutivos. Contudo, embora ambos valorizem o papel do meio e da adaptação, os mecanismos de
explicação que apresentam são diferentes:

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Argumentos a favor do evolucionismo


Apesar de haver lacunas nas explicações lamarckistas e darwinistas, a perspetiva evolucionista foi
tendo cada vez maior aceitação. Para apoiar o evolucionismo foram utilizados diversos argumentos,
sendo os mais importantes os argumentos de anatomia comparada, os argumentos da
paleontologia e os argumentos da citologia:

 Argumentos de Anatomia Comparada


– a anatomia comparada baseia-se no estudo comparativo das formas e das estruturas dos
organismos, ou seja, no estabelecimento de semelhanças e diferenças entre os carateres
morfológicos;

– tem como objetivo estabelecer possíveis relações de parentesco entre seres vivos de
diferentes grupos taxonómicos;

– a existência de relações filogenéticas entre diferentes espécies é apoiada pela presença


de estruturas homólogas, análogas e vestigiais.

ESTRUTURAS HOMÓLOGAS

– são órgãos com um plano estrutural semelhante e com origem embrionária semelhante;

– por evolução divergente podem desempenhar diferentes funções;

– são o resultado da atuação da seleção natural sobre os mesmos indivíduos em


diferentes meios; os indivíduos que possuem estruturas que lhes conferem vantagem
num determinado habitat são selecionados em detrimento de outros;

– exemplos: os bicos dos tentilhões das Galápagos ou os órgãos anteriores dos


Vertebrados.

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Estruturas homólogas em Vertebrados.

– permitem construir séries filogenéticas: séries que traduzem a evolução de estruturas


homólogas em diferentes organismos. Podem ser progressivas ou regressivas:

Séries filogenéticas progressivas:

- A evolução verifica-se a partir de um órgão simples que se vai tornando gradualmente mais
complexo.

- Por exemplo, o estudo do coração dos vertebrados é um exemplo de evolução progressiva.

Série filogenética progressiva.

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Séries filogenéticas regressivas:

- Um órgão que era mais complexo vai evoluindo no sentido de se tornar mais simples, regredindo.

- Por exemplo, a redução dos membros dos répteis.

Série filogenética regressiva.

No caso particular dos mamíferos ocorreu um tipo particular de evolução divergente,


designada radiação adaptativa.

Radiação adaptativa

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ESTRUTURAS ANÁLOGAS

– são órgãos com estrutura e origem embrionária diferentes;

– por evolução convergente, estes órgãos desempenham a mesma função,


resultado de adaptação ao mesmo ambiente.

– resultam da atuação da seleção natural sobre indivíduos com origens distintas que
conquistaram meios semelhantes; os que possuem estruturas que desempenham
funções semelhantes são selecionados em detrimento de outros;

– exemplos: a cauda da baleia e a barbatana caudal dos peixes ou as asas de


insetos e as das aves.

Estruturas análogas nos insetos e nas aves.

ESTRUTURAS VESTIGIAIS

– são estruturas atrofiadas que não possuem significado fisiológico em determinados


grupos de seres vivos mas que, noutros grupos são desenvolvidas e funcionais;

– uma vez que eram órgãos desenvolvidos e funcionais em espécies ancestrais,


constituem importantes evidências anatómicas a favor do evolucionismo;

– a seleção natural pode exercer pressões seletivas que favoreçam indivíduos com
determinado órgão desenvolvido mas, noutro meio, esse órgão pode ser
desnecessário;

– são evidentes em séries filogenéticas regressivas;

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– existem vários exemplos: é o caso do apêndice intestinal, das vértebras do cóccix e


os dentes do siso no Homem.

Estruturas vestigiais no Homem e na baleia.

 Argumentos Paleontológicos
– o estudo do registo fóssil fornece
dados que apoiam o evolucionismo;

– os fósseis de animais já extintos


puseram em causa a ideia de
imutabilidade defendida nas teorias
fixistas, permitindo concluir que na Terra
já existiram seres vivos muito diferentes
daqueles que conhecemos atualmente;

– quando o registo fóssil é mais


completo, permite definir percursos
evolutivos de determinados grupos,
partindo de um ancestral até às formas
atuais – as séries ortogenéticas –
através do levantamento das
modificações que se foram registando
ao longo do tempo.

- Uma série que se encontra definida é a


da evolução dos cavalos:

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– existem fósseis que permitem documentar relações de parentesco (filogenéticas) entre espécies
atualmente muito afastadas e que não foram independentes quanto à sua origem – estes fósseis
designam-se de formas sintéticas ou fósseis de transição:

 Argumentos Citológicos
– referem-se ao estudo das células, objeto de estudo da Citologia.

Baseiam-se na Teoria Celular, que enuncia que:

* todos os seres vivos, apesar da grande diversidade que apresentam, são


constituídos por células;

* a célula é a unidade básica estrutural e funcional comum a todos os seres vivos.

– apoiam fortemente o evolucionismo porque:

* se há uniformidade na constituição dos seres vivos, então, a sua origem deve


ter sido comum;

* os processos e mecanismos celulares são também semelhantes, constituindo


um forte argumento a favor da origem comum. Por exemplo, a mitose e a meiose
são idênticas nas células animais e vegetais.

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Para reconstituir o processo evolutivo é necessário recorrer a vários tipos de argumentos que são
analisados em conjunto. Para além da Anatomia comparada, da Paleontologia e da Citologia, os
cientistas recorrem à Embriologia, à Bioquímica e à Biogeografia para recolherem o maior
número possível de dados das diferentes áreas do conhecimento e, assim, tentarem esclarecer
melhor o processo evolutivo.

 NEODARWINISMO- Teoria Sintética da Evolução:

Tal como foi enunciada por Darwin, a teoria da evolução apresentava alguns pontos que não foram
totalmente esclarecidos, como:

- os mecanismos responsáveis pelas variações existentes nos


indivíduos de uma espécie;

- a forma como as variações são transmitidas de geração em geração.

O desenvolvimento da tecnologia e da ciência, principalmente no âmbito da Genética, forneceu os


conhecimentos necessários para colmatar estas lacunas.

Surgiram, então, duas novas ideias fundamentais:

 mutações – são uma evidência que permite explicar as variações dos seres vivos;

 a Teoria da Hereditariedade de Mendel – que explica a transmissão das características de


geração em geração.

Com estes novos dados, a Teoria de Darwin é revista e surge uma nova teoria –
o Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução.

Para explicar os mecanismos evolutivos, esta teoria apresenta duas ideias fundamentais,
a variabilidade genética e a seleção natural:

 a seleção natural atua sobre a diversidade, que é gerada pela variabilidade genética;

 a variabilidade genética resulta de mutações e da recombinação genética.

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 Mutações

– são alterações bruscas do património genético de um indivíduo;

– podem ocorrer ao nível dos genes – mutações genéticas – ou envolver porções


significativas de cromossomas – mutações cromossómicas;

– são a fonte primária da variabilidade, porque introduzem novos genes nas


populações;

– podem ser letais para os seus portadores e levarem ao seu desaparecimento, ou


podem ser favoráveis, conferindo vantagens aos indivíduos que as possuem. Neste
caso, os indivíduos sobrevivem e reproduzem-se mais e transmitem esta mutação
aos seus descendentes, modificando os genes da população.

 Recombinação genética

– é a fonte mais próxima da variabilidade genética;

– ocorre através da reprodução sexuada e da meiose, no crossing-over e na


separação independente dos cromossomas homólogos;

– introduz variabilidade genética, porque favorece o aparecimento de uma


multiplicidade de diferentes combinações de genes.

De acordo com o Neodarwinismo:


 as populações são as unidades evolutivas, pois apresentam a variabilidade sobre a qual
a seleção natural vai atuar;

 cada conjunto génico confere potencialidades adaptativas aos indivíduos, num determinado
meio;

 as populações são conjuntos de indivíduos da mesma espécie que, num dado momento,
ocupam uma determinada área;

 quanto maior for a diversidade, maior é a probabilidade de uma população se adaptar às


mudanças que ocorram no meio ambiente.

Atualmente define-se evolução como uma mudança no fundo genético das populações, como
resultado da seleção natural.

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O fundo genético de uma população:

 é o conjunto de todos os genes presentes nos indivíduos da população, num dado momento;

 pode ter genes mais frequentes do que outros;

 num ambiente em mudança pode alterar-se, porque o conjunto de genes mais favorável
pode deixar de o ser:

– alguns genes tornam-se mais frequentes, outros vão sendo


progressivamente eliminados;

– as populações vão ficando cada vez mais adaptadas ao meio;

– os indivíduos com o conjunto génico que os torna mais aptos reproduzem-


- se mais e estes genes tornam-se mais frequentes na população;

– o fundo genético da população alterou-se, determinadas características


foram eliminadas da população, ocorreu evolução.

ORIGEM DAS CÉLULAS EUCARIÓTICAS

 Atualmente, os seres vivos ocupam todo o tipo de habitats, desde as zonas mais profundas dos
fundos oceânicos às cordilheiras mais altas do nosso planeta.

 A diversidade das formas de vida existentes é evidente, desde os organismos simples e


unicelulares, até aos organismos multicelulares mais complexos que coabitam nos
ecossistemas, mantendo-os em equilíbrio. Mas nem sempre foi assim!

 Os seres vivos podem agrupar-se em dois grandes grupos, os seres procariontes e os seres
eucariontes. Esta classificação é apoiada pelo registo fóssil que testemunha a existência
destes dois tipos de seres no passado.

 Pensa-se que foram os procariontes que estiveram na origem da diversidade de formas de vida
existentes atualmente, devido:

– à sua simplicidade estrutural (a evolução processar-se-ia de seres mais simples


para mais complexos);

– ao registo fóssil existente: os dados fósseis sugerem que os seres eucariontes


surgiram 2000 milhões de anos depois dos organismos procariontes.

 Alguns grupos de procariontes terão evoluído e aumentado a sua complexidade e terão estado,
provavelmente, na origem dos organismos eucariontes.

 Para explicar o aparecimento de células eucarióticas a partir da evolução de células


procarióticas, existem duas hipóteses: a Hipótese Autogénica e a Hipótese Endossimbiótica.

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Argumentos a favor da hipótese endossimbiótica:


- as mitocôndrias e os cloroplastos são muito semelhantes a bactérias (seres procariontes), na
forma, no tamanho e nas estruturas membranares;

- estes organelos produzem as suas próprias membranas, as suas divisões são independentes das
da célula e são semelhantes à divisão binária das bactérias, contêm um DNA próprio semelhante ao
das bactérias – uma molécula circular, geralmente, não associada a histonas;

- os ribossomas das mitocôndrias e dos cloroplastos são semelhantes aos dos procariontes, quer
no tamanho, quer nas suas características bioquímicas;

- atualmente, podem encontrar-se associações simbióticas entre bactérias e alguns eucariontes.

Pontos fracos da hipótese endossimbiótica:


- esta hipótese não explica a origem do núcleo das células eucarióticas;

- não esclarece como é que o DNA nuclear comanda o funcionamento dos cloroplastos e das
mitocôndrias.

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MULTICELULARIDADE

 Depois do aparecimento das células eucarióticas, a vida na Terra apresentava já grande


diversidade.

 Os organismos eucariontes, que desenvolveram capacidade de predação, começaram


a aumentar de tamanho, o que favoreceu:

– a captura mais eficiente de outras células;

– a deslocação que, sendo mais rápida, facilita a fuga e a alimentação;

– o aumento do metabolismo.

À medida que as dimensões da célula aumentam, a razão entre a área da célula e o seu volume
diminui, porque o crescimento celular não pode ser indefinido. Então, como o metabolismo se torna
mais ativo mas a superfície membranar que contacta com o exterior não tem um aumento
proporcional, as trocas com o meio tornam-se menos eficientes e não são capazes de dar resposta
às necessidades das células.

Assim, para indivíduos com dimensões superiores a 1mm sobreviverem só têm duas possibilidades:
ou são unicelulares, mas com um metabolismo muito baixo ou, para darem resposta às
necessidades metabólicas, têm de ser multicelulares.

Embora ainda não esteja bem esclarecida, pois o registo fóssil não é suficiente, pensa-se que a
multicelularidade tenha resultado de associações vantajosas entre eucariontes unicelulares que
foram evoluindo:

– inicialmente, todas as células desempenhariam a mesma função;

– posteriormente, algumas células ter-se-iam especializado em determinadas


funções, ocorrendo diferenciação celular;

– a diferenciação celular, em que se verifica interdependência estrutural e funcional


das células, ter-se-á acentuado, originando verdadeiros seres multicelulares.

Atualmente, verifica-se a existência de agregados de seres eucariontes unicelulares da mesma


espécie que estabelecem ligações estruturais entre si, formando colónias ou agregados coloniais.

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Volvox não é considerado um ser pluricelular, pois, embora seja constituído por células
estruturalmente independentes, sob o ponto de vista funcional, a sua diferenciação é ainda muito
incipiente, confinando-se exclusivamente às células reprodutoras. Contudo, este exemplo é
bastante útil para se compreender que organismos coloniais semelhantes tenham evoluído no
sentido de maior organização e diferenciação estrutural e funcional e, como tal, da verdadeira
multicelularidade.

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Pensa-se que:

– os seres coloniais possam ter estado na origem de algas verdes pluricelulares,


algumas das quais evoluíram mais tarde para plantas;

– este dado é apoiado pela existência de clorofila a e b nas algas verdes e nas
plantas e, também, pela presença de amido como substância de reserva em ambas;

– os diferentes tipos de células, já com especialização, originaram tecidos que


levaram ao aparecimento de órgãos e de sistemas de órgãos, havendo uma
crescente especialização e diferenciação celulares.

VANTAGENS EVOLUTIVAS DA MULTICELULARIDADE PARA OS ORGANISMOS:

 permite que os organismos tenham maiores dimensões, mantendo a relação área/volume


ideal para a realização de trocas com o meio;

 possibilita maior diversidade, proporcionando uma melhor adaptação a diferentes ambientes;

 diminuição da taxa metabólica, como resultado da especialização celular que permitiu uma
utilização de energia de forma mais eficaz;

 maior independência relativamente ao meio ambiente, devido a uma eficaz homeostasia


(equilíbrio dinâmico do meio interno) que resulta da interdependência entre os vários sistemas
de órgãos.

Em suma, pode dizer-se de forma muito simples que a evolução das formas de vida se
processou dos procariontes para os eucariontes unicelulares e dos seres coloniais para os
pluricelulares.

A especialização crescente gerou a grande diversidade de seres vivos existentes ao longo da


História da Terra. Atualmente, estima-se que existam entre 30 e 50 milhões de espécies diferentes.

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SISTEMÁTICA DOS SERES VIVOS

 Classificação Biológica

Categorias taxonómicas
À medida que o conhecimento biológico se foi desenvolvendo, aumentou também a variedade de
características utilizadas em Taxonomia.

Estabeleceu-se, assim, uma hierarquia taxonómica – o sistema hierárquico de classificação:

 foi proposto por Lineu que, pelo seu contributo nesta área, foi considerado o “pai da
Taxonomia”;

 corresponde a um modo de ordenação dos seres vivos, numa série ascendente;

 a espécie é a unidade básica de classificação;

 as espécies semelhantes agrupam-se em géneros, os géneros agrupam-se em famílias,


as famílias em ordens e as ordens em classes.

Posteriormente, foram criados grupos taxonómicos superiores à classe como:

– o filo – na Zoologia

– a divisão – na Botânica

– o reino.

Cada categoria taxonómica é um táxon e os taxa principais são sete:

Espécie, Género, Família, Ordem, Classe, Filo, Reino.

Podem existir categorias intermédias que são indicadas com os prefixos: super, sub e infra.

Da espécie para o reino vai aumentando o número de organismos incluídos em cada nível, mas vai
diminuindo o grau de parentesco entre eles.

De acordo com o conceito biológico, a espécie é um grupo natural constituído por indivíduos com o
mesmo fundo genético, morfologicamente semelhantes e que se podem cruzar entre si originando
descendentes férteis. Os organismos da mesma espécie estão isolados reprodutivamente dos
indivíduos de outras espécies, pelo que é a única categoria taxonómica natural. Todas as outras
são agrupamentos feitos pelo Homem.

Com a aceitação das ideias evolutivas, os agrupamentos taxonómicos formados passaram a


representar linhagens evolutivas. Assim, considera-se que dois seres vivos são tanto mais próximos
quanto maior for o número de taxa comuns a que pertencem.

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Nomenclatura – regras básicas

A nomenclatura:

– consiste na atribuição de um nome científico aos diferentes grupos taxonómicos;

– surgiu para tentar uniformizar os nomes que eram dados aos seres vivos: popularmente os
organismos são conhecidos por nomes muito diferentes, que até podem variar de região
para região;

– é atribuída de acordo com regras específicas com o objetivo de criar uma nomenclatura
internacional.

As regras básicas de nomenclatura são:

 a designação dos taxa é feita em Latim, porque:

– esta língua já era usada desde a Idade Média havendo já muitos nomes atribuídos, pelo
que não seria necessário alterá-los;

– o Latim é uma língua morta, como não evolui, o significado das palavras não se altera.

 para designar a espécie utiliza-se um sistema de nomenclatura binomial:

– foi proposto por Lineu;

– são duas palavras em latim: a primeira diz respeito ao género a que a espécie pertence e
é um substantivo escrito com inicial maiúscula; a segunda corresponde
ao restritivo ou epíteto específico, é normalmente um adjetivo escrito com inicial minúscula
e identifica uma espécie dentro do género a que pertence.

 os grupos superiores à espécie são uninominais, formados por uma só palavra, que é
um substantivo escrito com inicial maiúscula;

 a nomenclatura das famílias constrói-se acrescentando uma terminação à raiz do


nome de um dos géneros: nos animais acrescenta-se idae; nas plantas a terminação
é aceae. Existem exceções.

 quando as espécies têm subespécies, a nomenclatura é trinominal, consiste no nome da


espécie seguido do restritivo ou epíteto subespecífico;

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 depois da espécie deve escrever-se o nome ou a abreviatura do taxonomista que, pela


primeira vez a partir de 1758, atribuiu o nome científico;

 a data da publicação do nome da espécie também pode ser citada, neste caso coloca-se
depois do nome do autor, separada por uma vírgula.

Pela utilização das regras de nomenclatura, uniformizaram-se os nomes das categorias


taxonómicas facilitando a comunicação científica, pois estes nomes são os mesmos no mundo
inteiro.

Sistemas de Classificação
No nosso planeta existe uma grande diversidade de seres vivos, pelo que o seu estudo se torna,
muitas vezes, difícil.

Os cientistas sentiram, ao longo do tempo, a necessidade de agrupar e classificar os seres vivos.


Assim, ordenar ou classificar os organismos vivos, atribuindo-lhes um nome (nomenclatura),
tornou-se uma tarefa necessária para referenciar os grupos de seres vivos de forma a melhor se
compreender e conhecer a diversidade das espécies existentes na Terra.

Com os avanços da Ciência e da Tecnologia, os conhecimentos sobre os seres vivos foram


evoluindo. Assim, os critérios utilizados nas classificações e os próprios sistemas de classificação
também se foram alterando e evoluindo ao longo do tempo.

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

As classificações existentes podem distribuir-se por três períodos distintos:

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

OS REINOS DA VIDA

O reino é a categoria taxonómica mais ampla, inclui maior número de espécies que as restantes
categorias e as semelhanças entre elas são menores.

Os sistemas de classificação correspondem a formas de organização de dados respeitantes aos


seres vivos que se pretende classificar. À medida que vão surgindo novos dados sobre os seres e
que os critérios de classificação vão sendo revistos, as classificações podem ser alteradas. Por
exemplo, a classificação dos seres vivos em reinos sofreu diversas modificações:

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

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BG - PREPARAÇÃO PARA EXAME|Resumos

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Sistema de classificação de Whittaker


 O sistema de classificação em cinco reinos é bastante coerente, pois permite sistematizar as
características mais importantes dos principais grupos de organismos.

 As modificações propostas por Whittaker verificaram-se, principalmente, no reino Protista, que


passou a incluir os fungos flagelados e as algas, quer sejam unicelulares, quer sejam
multicelulares.

 Vários critérios estão subjacentes a esta classificação, sendo os principais o nível de


organização estrutural, os tipos de nutrição e as interações nos ecossistemas:

 organização estrutural

– diz respeito ao tipo de célula, se é procariótica ou eucariótica, e se os seres são unicelulares


ou pluricelulares.

 tipos de nutrição

– tem como base o processo de obtenção de alimento, os seres podem ser autotróficos
fotossintéticos ou quimiossintéticos ou podem ser heterotróficos, obtendo o alimento por
ingestão ou por absorção.

 interações nos ecossistemas

– são as interações alimentares que os organismos estabelecem no ecossistema, estão


relacionadas com o modo de nutrição. Assim, consideram-se:

– os produtores, que são seres autotróficos;

– os macroconsumidores, que são heterotróficos e que obtêm os alimentos por


ingestão;

– os microconsumidores, são heterotróficos decompositores que obtêm o alimento


por absorção da matéria decomposta.

Sistema de classificação de Whittaker modificado


Devido às limitações do seu sistema de classificação, Whittaker apresentou uma versão modificada
do mesmo – o sistema de classificação de Whittaker modificado:

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Outros Sistemas de Classificação


Apesar da grande aceitação do sistema de classificação de Whittaker, continuam a realizar-se
pesquisas na área da classificação. Foram surgindo novos dados e a interpretação desses dados
tem demonstrado diferentes perspetivas.

Assim, atualmente, há propostas de novos sistemas de classificação:

 Um sistema propõe a existência de seis reinos:

– baseia-se no facto de existirem duas linhagens diferentes de organismos


procariontes;

– propõe a extinção do reino Monera e que, em seu lugar, surjam dois novos reinos –
o das Arqueobactérias e o das Eubactérias.

 um sistema de classificação com dois super-reinos:

– foi proposto em 1980 por Margulis e Schwartz;

– basearam-se em dados morfológicos, de desenvolvimento e em dados moleculares;

– agruparam os cinco reinos de Whittaker em dois super-reinos:

 um sistema de classificação em três domínios:

– proposto por Woese e seus colaboradores;

– baseia-se na filogenia molecular, principalmente na comparação de sequências


nucleotídicas de RNA-ribossómico;

– que são:

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Sistema de classificação em três domínios.

Este sistema tem sido muito criticado, porque se baseia apenas em dados moleculares como
critério de classificação.

Conclui-se que a Taxonomia é uma ciência em constante evolução. Mas, apesar das
novas propostas apresentadas, o sistema de classificação de Whittaker em cinco
reinos continua a ser um dos mais consensuais.

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