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Biologia

Diversidade biológica:
A terra é o único planeta onde reconhecemos a existência de vida, um fenómeno possível
graças à presença de água líquida.

Os seres vivos, bem como os ambientes onde se integram, constituem a biosfera.

Níveis de organização biológica:


A biosfera apresenta diferentes níveis de organização:

 Células- as células são as unidades estruturais e funcionais de todos os seres vivos.


 Tecidos- nos seres vivos multicelulares, os tecidos são constituídos por células que,
atuando de forma coordenada, permitem o desempenho de funções semelhantes.
 Órgãos- os órgãos são formados por diferentes tecidos que, no seu conjunto,
asseguram o desempenho de uma determinada tarefa.
 Sistema de órgãos- os órgãos que estão organizados em estreita interdependência
funcional constituem sistemas de órgãos.
 Organismo- os sistemas de órgãos permitem a constituição de um organismo como um
individuo independente. Nos seres unicelulares, o organismo é formado apenas por
uma célula.
 População- uma população corresponde ao conjunto de organismos da mesma espécie
que interagem numa dada área. Considera-se que pertencem a mesma espécie os
organismos capazes de se reproduzirem entre si, originando descendentes férteis.
 Comunidade- as diferentes populações, e as relações que estabelecem entre si numa
determinada área, formam uma comunidade.
 Ecossistema- uma comunidade encontra-se sempre em interação com os outros
fatores do meio ambiente, constituindo, em conjunto com estes, um ecossistema.

A totalidade dos ecossistemas corresponde a Biosfera.

Estrutura e dinâmica dos ecossistemas:

Os ecossistemas são constituídos por um componente biótico correspondente à comunidade,


e por um componente abiótico, correspondente à totalidade dos fatores físico-químicos do
meio como a água, a luz ou a temperatura. Estabelecem interações abióticas, determinam a
sua distribuição, influenciando a dinâmica dos ecossistemas .Estabelecem interações bióticas
que se estabelecem na comunidade, estas podem ser interações intraespecíficas ou
interespecíficas.
Interações intraespecíficas- entre indivíduos da mesma população (competição)

Interações interespecíficas- entre indivíduos de populações de espécies diferentes


(competição, parasitismo e predação)

As relações alimentares que os organismos das diferentes populações estabelecem entre si


definem a estrutura do ecossistema.

Produtores:

São organismos autotróficos, uma vez que são capazes de produzir a matéria orgânica que lhes
serve de alimento. Ocupam o primeiro nível trófico.

Consumidores:

são organismos heterotróficos que, como tal, necessitam de obter matéria orgânica a partir do
meio externo. Ocupam o segundo nível trófico ou os níveis tróficos seguintes.

Decompositores:

São organismos heterotróficos que degradam a matéria orgânica proveniente de todos os


níveis tróficos.

Cadeias alimentares:

As cadeias alimentares representam sequencias de organismos de diferentes níveis tróficos.


Nos ecossistemas, as cadeias alimentares não são sequencias isoladas, encontrando-se
interligadas entre si, formando uma teia alimentar.

Teias alimentares:

Nas teias alimentares estão geralmente representadas apenas as cadeias tróficas que se
iniciam nos produtores e terminam nos consumidores.

Habitualmente, uma parte significativa da biomassa de um nível trófico não é utilizada pelos
organismos do nível seguinte.

A luz solar é a fonte principal da energia que os seres produtores transferem para a matéria
orgânica que produzem.
Biodiversidade:

O termo biodiversidade, também conhecido por diversidade biológica, refere-se à variedade de


todas as formas de vida nos diferentes níveis da organização biológica. A biodiversidade pode
corresponder à variedade de espécies.

Extinção e conservação de espécies:


A extinção de uma espécie corresponde ao desaparecimento de todos os organismos das suas
populações. A extinção das espécies tem ocorrido de forma lenta e continua durante o tempo
geológico.

Apesar da extinção das espécies ser um fenómeno natural, o rápido aumento da população
humana tem contribuído, nos últimos seculos, para o agravamento da taxa de extinção.

Conservação da biodiversidade:
O equilíbrio dinâmico dos ecossistemas depende de uma complexa rede de interdependências
entre as populações que dele fazem parte. O desaparecimento de uma espécie pode ser
suficiente para colocar em risco esse equilíbrio, pelo que se torna necessário adotar medidas
de conservação da biodiversidade.

De entre essas medidas, destacam-se:

 Definição de áreas protegidas;


 Criação de leis que regulem a ocupação do espaço selvagem e que desincentivem a
caça furtiva e o comercio de espécies selvagens;
 Monitorização de espécies e de habitats em perigo sobretudo e regiões com a maior
concentração de diversidade, conhecidas como hot spots de biodiversidade;
 concentração dos governos das várias Nações como vista à criação de medidas e metas
globais de prevenção da biodiversidade, como, por exemplo, a Constituição de bancos
de sementes, para garantir a o armazenamento segura e a longo prazo de semente de
plantas de todo o mundo;
 criação de corredores ecológicos, ou seja, de faixas de terreno ligando diferentes áreas
naturais, que permitem diminuir os efeitos da fragmentação dos ecossistemas.

Diversidade celular:
A invenção do microscópio ótico, em finais do século XVI, v ao mostrar uma realidade antes
vedada ao olhar humano. Nos séculos seguintes, o aperfeiçoamento e a utilização deste
instrumento na observação de uma grande diversidade de materiais biológicos permitiram a
acumulação de evidências que estiveram na base do desenvolvimento da teoria celular.

A formação da teoria celular possibilitou enquadrar o conhecimento sobre os seres vivos,


numa perspetiva unificadora desconhecida até então. De acordo com essa teoria, todos os
seres vivos são constituídos por células.
A reduzida dimensão da maioria das células constitui um desafio ao estudo da sua estrutura e
do seu funcionamento. Os diferentes tipos de células variam entre si nas suas dimensões.

Todas as células, apesar da sua grande diversidade, possuem em comum:

 Membrana plasmática ou celular-delimita a célula e regula as trocas de materiais


entre o meio intercelular e o meio extracelular.
 Citoplasma-corresponde ao interior das células, executando o seu núcleo, quando
presente; a sua fração líquida corresponde ao citosol ou hialoplasma, constituído por
água, sais minerais e uma grande diversidade de compostos orgânicos necessário a
atividade celular;
 material genético (DNA)-constitui o suporte da informação necessária a produção de
moléculas indispensáveis à formação, ao funcionamento e a reprodução das células;
 ribossomas-estruturas não membranares, presentes no citoplasma, envolvidas na
síntese das proteínas.

As células procarióticas constituíam os organismos procariontes, de que são exemplo as


bactérias. São, geralmente, as células mais pequenas e com uma organização mais simples,
caracterizada pela ausência de núcleo e de organelos membranares.

As células eucarióticas, presentes nos organismos eucariontes, caracterizam-se pela presença


do núcleo, que é delimitado pelo involucro nuclear de natureza membranar e que contem a
quase totalidade do DNA da célula.

Existem dois tipos fundamentais de células eucarióticas: a célula eucariótica animal, presente
nos animais e em outros organismos mais simples, e a célula eucariótica vegetal, existe nas
plantas e nas algas.

Célula eucariótica animal:


Célula eucariótica vegetal:

Constituintes moleculares:

As células apresentam na sua constituição uma grande variedade de substancias inorgânicas e


orgânicas. Estas distinguem-se das inorgânicas por uma maior complexidade e pela existência
de carbono ligados a átomos de hidrogénio.

Constituintes inorgânicos:

Os principais compostos inorgânicos dos seres vivos são a água e os sais minerais.

Constituintes orgânicos:

Os compostos orgânicos são, geralmente, moléculas com maiores dimensões e com maior
massa molar do que os compostos inorgânicos, utilizando-se, por vezes, o termo biomoléculas
para as designar .
A dimensão e a complexidade das biomoléculas resultam, em muitos casos, de polimerização,
ou seja, da formação de cadeias- polímeros- através da ligação de moléculas mais pequenas-
monómeros. A polimerização ocorre atras de reações de síntese, ou de condensação. As
moléculas orgânicas podem também despolimerizar, por quebra de ligação entre os
monómeros em reações de hidrólise.

Apesar da existência de uma grande diversidade de biomoléculas, estas são normalmente


agrupadas em glícidos, lípidos, proteicos e ácidos nucleicos.

Glícidos:

Os glícidos, também designados por hidratos de carbono ou glúcidos, são compostos


ternários, isto é, constituídos, sobretudo, por carbono, hidrogénio e oxigénio. Estas moléculas
podem ser agrupadas em monossacarídeos, oligossacarídeos ou polissacarídeos.

Os monossacarídeos, ou oses, constituem os glícidos mais simples, os mais comuns são


formados por cadeias de 3 a 6 átomos.

Os oligossacarídeos são glícidos formados por dois ou mais monossacarídeos, unidos por
ligações glicosídicas, de natureza covalente. Os mais simples, como a sacarose e a lactose
resultam da ligação de duas oses, constituindo exemples de dissacarídeos.

Os polissacarídeos são longos polímeros, geralmente de moléculas de glicose unidas por


ligações glicosídicas.

 Amido- formado por monómeros de glicose, podendo apresentar estrutura ramificada;


constitui a principal substância de reserva das plantas e das algas verdes;
 Glicogénio- é também constituído por monómeros de glicose que formam uma
estrutura mais ramificada que a do amido. Sendo único glícidos de reserva dos animais,
acumula-se nos músculos e no fígado. Pode estar presente nos fungos, também como
substância de reserva;
 Celulose-constituída por monómeros de glicose ligados em longas cadeias; forma fibras
que constituem as paredes celulares das células vegetais, desempenhando, assim, uma
função estrutural essencial nas plantas;
 Quitina-polissacarídeo com função estrutural, constituinte as paredes celulares de
alguns fungos e dos exoesqueletos de alguns animais, como os insetos.

lípidos:
Os lípidos são compostos ternários constituídos por carbono, oxigénio e hidrogénio, podendo,
no entanto, integrar outros elementos. Incluem as gorduras, os fosfolípidos, os esteroides e
outras moléculas insolúveis em água.
As gorduras, ou triglicerídeos, são construídas constituídas por um álcool.

As gorduras encontram-se armazenadas nas células de tecido adiposo dos animais ou em


vários órgãos vegetais, como as sementes ou os frutos.

Os fosfolípidos resultam da ligação de uma molécula de glicerol e dois ácidos gordos e a um


grupo fosfato. São classificados em moléculas anfipáticas.

Os fosfolípidos têm um papel estrutural fundamental nos seres vivos, na medida em que fazem
parte das membranas celulares, ou plasmáticas.

Os esteroides apresentam uma estrutura química muito diferente dos lípidos anteriores.
Dentro deste grupo destaca-se o colesterol.

Prótidos:
Os prótidos constituem um grupo de compostos orgânicos quaternários, uma vez que possuem
carbono, oxigénio, hidrogénio e nitrogénio. As moléculas mais simples deste grupo são os
aminoácidos.

A ligação entre dois aminoácidos origina um dipéptido. Nesta reação de síntese estabelece
uma ligação peptídica entre o grupo carboxilo de um aminoácido e o grupo Amina de outro,
com a libertação de uma molécula de água.

As proteínas constituem os prótidos mais complexos. Cada um destes polímeros é constituído


por um número definido de aminoácidos, ligados por ligações peptídicas numa sequência
especifica que corresponde à estrutura primaria.

A estrutura secundaria resulta do arranjo da cadeia primaria que se organiza em hélice, em


folha pregueada ou em ambas.

A estrutura terciaria das proteínas forma-se a partir do dobramento das estruturas


secundarias, devido a ligações químicas que se estabelecem entre vários locais da proteína,
originando, frequentemente, estruturas globulares.

Algumas proteínas, como a hemoglobina, possuem uma estrutura quaternária caracterizada


pela associação de duas ou mais cadeias polipeptídicas, que passam a constituir as
subunidades dessas proteínas.

A grande diversidade estrutural das proteínas permite que as mesmas desempenhem uma
multiplicidade de funções nos organismos.

 Estrutural- queratina, presente no cabelo, unhas e penas.


 Defesa- anticorpos, envolvidos na proteção contra agentes infeciosos.
 Hormonal- insulina produzida no pâncreas, regula os níveis de glicose no sangue.
 Motora- actina e miosina de células musculares, permitem a contração dos músculos,
possibilitando o movimento.
 Transporte- hemoglobina, presente nos glóbulos vermelhos, esta envolvida no
transporte de gases no sangue.
 Enzimática- amílase salivar, existente na saliva, é responsável pela digestão do amido
na boca.
De entre as funções das proteínas, a ação enzimática constitui a mais relevante no
metabolismo celular. As enzimas funcionam como catalisadores biológicos, promovendo as
inúmeras reações químicas, que ocorrem tanto no exterior das células como no interior,
durante o metabolismo celular.

Ácidos nucleicos:
Os ácidos nucleicos são as biomoléculas envolvidas no armazenamento, transferência e
expressão de informação genética.

O DNA é formado por nucleóticos contendo, cada um deles, desoxirribose ligada a um grupo
fosfato e a uma das seguintes bases nitrogenadas: adenina, timina, citosina ou guarina.

A molécula de DNA é formada por duas cadeias de nucleótidos.

O RNA corresponde, geralmente, a moléculas mais curtas do que as de DNA. A pentose


presente nos nucleótidos de RNA é a ribose, que se encontra ligada a um grupo de fosfato e a
uma das seguintes bases nitrogenadas: adenina, uracilo, citosina ou guanina.

A maioria das moléculas de RNA apresenta-se em cadeias simples, podendo, no entanto,


ocorrer a formação de ligações de hidrogénio.

Estrutura da membrana celular:


Os seres vivos são sistemas abertos cujo equilíbrio dinâmico depende das trocas que realizam
com o meio externo. Grande parte dessas trocas está relacionada com a obtenção de matéria
necessária aos processos metabólicos que decorrem nas células e com a libertação de
substâncias resultantes desses processos, esse intercambio é sempre feito através das
membranas celulares ou plasmáticas.

A membrana celular constitui uma barreira entre o ambiente citoplasmático e o ambiente


exterior as células, contribuindo para a integridade da célula e a manutenção das suas
condições internas.

Apesar dos avanços recentes no conhecimento das membranas biológicas , o modelo de Singer
e Nicolson, conhecido como modelo de mosaico fluido, continua a ser valido para a explicação
dos aspetos essenciais da estrutura, da função e da dinâmica da membrana celular, neste
modelo a membrana celular é constituída fundamentalmente por uma bicamada de
fosfolípidos onde se encontram distribuídas as proteínas.

A organização dos fosfolípidos na membrana deve-se à sua natureza anfipática, ou seja, ao


facto de possuírem uma região polar ( hidrofílica) e uma região apolar (hidrofóbica).

As proteínas da membrana podem associar-se de forma diferente na bicamada lipídica.


Enquanto as proteínas periféricas, ou extrínsecas, estão ligadas apenas às superfícies interna e
externa, as proteínas integradas, intrínsecas, mergulham na bicamada lipídica, podendo
atravessar as duas camadas da membrana, como é o caso das proteínas transmembranares.
Para alem destas moléculas fundamentais, as membranas podem apresentar outros
constituintes, como o colesterol, um lípido essencial para a manutenção da integridade da
estrutura das membranas, uma vez que afeta a sua fluidez.

Na face da membrana, existem glícidos ligados as proteínas e aos fosfolípidos, constituindo,


respetivamente, glicoproteínas e glicolípidos.

O modelo do mosaico fluido assume a fluidez como uma característica fundamental das
membranas. A fluidez esta relacionada com a possibilidade de os fosfolípidos e as proteínas
poderem mudar de posição na bicamada, permitindo os reajustamentos necessários aos
processos dinâmicos da membrana.

Processos de transporte transmembranar:


As características da membrana celular controlam de substâncias, sendo por isso considerada
semipermeável, ou seja, apresenta permeabilidade seletiva às substâncias que existem tanto
no interior como no exterior da célula.

A forma como cada substância atravessa a membrana celular e a velocidade desse movimento
dependem, essencialmente, da dimensão das suas partículas, iões ou moléculas, e da sua
polaridade. Os gases, as moléculas lipossolúveis e outras polares de reduzida dimensão
atravessam diretamente a membrana pela bicamada de fosfolípidos.

Os diferentes transportes transmembranares podem ser classificados em processos passivos,


sempre que esse movimento é feito sem consumo de energia metabólica, ou em processos
ativos, se o movimento requerer gasto de energia na forma de ATP.

Osmose:
A osmose é um processo passivo que corresponde à difusão de água através de membranas
semipermeáveis. Esse movimento ocorre de regiões de maior potencial hídrico para regiões
onde esse potencial é menor.

O potencial hídrico é fortemente influenciado pela concentração de solutos existente no meio.


Dessa forma, numa situação em que dois meios estejam sujeitos à mesma pressão hidrostática,
a água tende a deslocar-se de meios com menor concentração de solutos- hipotónicos- para
meios de maior concentração -hipertónicos- ou seja, entre meios em que existe uma diferença
correspondente a um gradiente de concentração. Se os dois meios forem isotónicos, isto é, se
apresentarem a mesma concentração tende a ocorrer um fluxo idêntico de moléculas de água
entre os dois meios nos dois sentidos.

Num dispositivo experimentais é possível verificar o movimento da água entre dois meios com
diferente concentração. A pressão que terá de ser aplicada para contrariar o movimento de
água em direção ao meio hipertónico corresponde à pressão osmótica, podendo, por isso,
considerar-se que quanto maior for o gradiente de concentração entre dois meios maior será a
pressão osmótica do meio hipertónico.
A colocação de células num meio hipertónico conduz à saída de água, de que resulta a
diminuição do volume do citoplasma, ou seja, a plasmólise da célula. Por outro lado, a
colocação de células num meio hipotónico tem como consequência a entrada de água,
provocando a sua turgescência, ou seja, o aumento do volume do citoplasma.

Difusão simples:
Muitas moléculas apolares de pequenas dimensões, como o O2 e o CO2, atravessam a
membrana celular por difusão simples. Este movimento passivo ocorre através da bicamada
fosfolipídica, de meios com maior concentração para meios com menor concentração, sem
gasto de energia metabólica para a célula.

A difusão simples depende apenas da concentração da substância que está a difundir-se.

Difusão facilitada:
Certos iões e moléculas polares são transportados, através de proteínas transmembranares, a
favor do seu gradiente de concentração. Este tipo de transporte, designado por difusão
facilitada, tem um caracter passivo, uma vez que ocorre sem gasto de energia metabólica.
Existem vários tipos de proteínas envolvidas neste tipo de transporte mediado, das quais se
destacam as permeases, os canais iónicos e as aquaporinas.

Moléculas polares, como a glicose ou alguns aminoácidos, deslocam-se fundamentalmente


devido à ação de proteínas transportadores designadas por permeases.

Alguns solutos eletricamente carregados, como os iões K+ e Na+, atravessam a membrana


através de canais iónicos, formados também por proteínas transmembranares. Neste caso, e
ao contrário do que acontece com as permeases, os solutos não estabelecem ligação com a
proteína que forma o canal nem provocam nela mudanças na sua conformação.

Nas membranas das células de muitos tecidos animais e vegetais, água pode difundir-se de
forma facilitada através de proteínas transmembranares. Estas proteínas, designadas por
aquaporinas, formam canais através dos quais a água se pode movimentar de forma rápida.

Transporte ativo:
As células necessitam de estabelecer gradientes de concentração de determinadas substâncias
com o meio extracelular.

Estas diferenças de concentração são mantidas pelo transporte ativa de substâncias através da
membrana celular, do meio onde estão menos concentradas para onde a sua concentração é
mais elevada. Esta movimento ocorre, portanto, contra o gradiente de concentração, com
consumo de energia metabólica.

O transporte ativo constitui uma forma de transporte mediado, uma vez que as moléculas ou
iões se ligam a proteínas transportadoras da membrana. Estas proteínas transmembranares, as
ATPases, consomem energia, na forma de ATP, necessária ao processo de transporte.
Endocitose e exocitose:
As células são capazes também de transferir macromoléculas ou partículas cuja dimensão
elevada não lhes permite atravessar as membranas celulares. A transferência desses materiais
faz-se através de vesiculas que se formam a partir da membrana plasmática, em direção ao
interior da célula- endocitose-, ou de vesiculas que se fudem com a membrana celular,
libertando o seu conteúdo no exterior da célula- exocitose.

Através da exocitose, as células libertam para o meio extracelular materiais residuais e outras
grandes moléculas, tais como proteínas com funções enzimáticas ou hormonais. Estes
materiais são transportados, em vesiculas exocíticas, ate a membrana celular, fundindo-se com
ela e expulsando o seu conteúdo para o meio extracelular.

Transporte transmembranar e impulso nervoso:


O transporte através das membranas celulares esta na base de muitos processos vitais, como a
origem e a programação do impulso nervoso nos animais, ao longo dos neurónios que
constituem a maior parte do tecido nervoso. Estas células são constituídas por um corpo
celular, onde se situa a maior parte do citoplasma, e por um prolongamento- o axónio-, cuja
terminação é ramificada.

Em repouso, a membrana do neurónio encontra-se polarizada, verificando-se uma diferença


de potencial elétrico entre o seu interior e o exterior. Este potencial de repouso,
correspondente a cerca de- 70 mil volts, resulta, sobretudo, de uma concentração desigual de
iões de Na+ e de K+ no interior e no exterior dos neurónios.

Se uma célula nervosa for sujeita a estímulos de natureza física ou química, poderá ser
desencadeada uma rápida alteração do seu potencial, originando o impulso nervoso. Este
processo é conhecido como potencial de ação e integra uma fase de despolarização e outra de
repolarização. O início da despolarização é desencadeado pela abertura de canais de sódio que
possibilita a entrada de Na+, por difusão facilitada, para a célula. Este movimento faz com que
o interior da célula fique mais positivo do que o exterior, atingindo-se um valor máximo de
despolarização, correspondente ao pico de potencial de ação. Este pico de potencial de ação
provoca o fecho dos canais de Na+ e a abertura dos canais de K+, o que promove a difusão
facilitada destes iões para o exterior, levando repolarização da membrana do neurónio.

A ocorrência do potencial de ação, em determinado local da membrana, leva à abertura de


canais de sódio vizinhos, fazendo com que o potencial de ação se propague através do axónio
até às suas terminações.

Sinapse:
Os neurónios não contactam diretamente entre si, estabelecendo-se entre eles ligações
funcionais conhecidas por sinapses. Nessa ligação, o neurónio pré-sinaptico está separado do
neurónio pós-sináptico pela fenda sináptica, um espaço extracelular que interrompe a
programação do sinal elétrico entre as membranas dessas células. Ao nível da sinapse, o
impulso nervoso é transmitido por neurotransmissores.
Obtenção de matéria pelos seres heterotróficos:

Os seres heterotróficos necessitam de obter do meio externo matéria orgânica que garanta a
produção de energia e a síntese de novos constituintes celulares.

Uma vez que a maioria da matéria orgânica presente nos alimentos é constituída por moléculas
complexas, a maior parte dos organismos heterotróficos necessita de realizar a sua digestão.
Deste processo resultam moléculas orgânicas mais simples que sofrem absorção, ou seja, são
transportadas, por processos transmembranares, para o meio interno.

Alguns organismos parasitas e também alguns simbiontes heterotróficos não realizam digestão.

Obtenção de matéria por absorção:

Muitas bactérias e fungos desempenham a função nos ecossistemas o papel de


decompositores, ou microconsumidores. Estes organismos heterotróficos são capazes de
produzir enzimas digestivas que lançam para o meio ambiente, realizando a digestão química
da matéria orgânica no exterior, um processo designado por digestão extracorporal. Como
ocorre fora das células, este processo também é classificado de digestão extracelular. As
moléculas orgânicas simples resultantes da digestão sofrem posteriormente absorção,
atravessando as membranas celulares para o citoplasma.

Obtenção de matéria por ingestão:

Muitos seres eucariontes obtêm o seu alimento por ingestão.

Os seres mais simples que se alimentam por ingestão são protozoários, estes organismos
ingerem o alimento por fagocitose ocorrendo despois digestão intracelular.

Na digestão intracelular intervêm diversos organelos do sistema endomembranar. Este


sistema, de que fazem parte o reticulo endoplasmático, o complexo de golgi, os lisossomas e os
vacúolos digestivos.

Nos animais, o processo de obtenção de matéria inicia-se pela ingestão de alimento, através da
boca, para o interior de um tubo digestivo. Após a digestão, os nutrientes são absorvidos,
sendo depois distribuídos por todas as células do organismo.

Alguns animais possuem tubo digestivo incompleto, com apenas uma abertura, que permite
tanto a ingestão como a egestão. No entanto, a maioria dos animais possui um tubo digestivo
completo, com duas aberturas, uma servindo de boca e outra de ânus.
Nos animais invertebrados mais simples, com tubo digestivo incompleto, o alimento é ingerido
através da boca para o interior da cavidade gastrovascular. Nesta cavidade , o alimento sofre
digestão extracelular através da ação de enzimas digestivas libertadas pelas células secretoras
do tecido que reveste esta cavidade. As partículas de alimento resultantes da digestão parcial
são, de seguida, fagocitadas por células digestivas, onde ocorre a digestão intracelular. Após a
digestão, os nutrientes difundem-se pelas restantes células do organismo.

Os invertebrados mais evoluídos, apresentam um tubo digestivo completo.

Nestes animais, toda a digestão ocorre no tubo digestivo, pelo que se considera que que neles
há apenas digestão extracelular.

O aparecimento de tubo digestivo completo nos animais aumentou a eficácia dos processos de
digestão e de absorção. De entre as vantagens associadas a esse sistema digestivo destacam-
se:

 O movimento dos alimentos num só sentido ao longo do tubo digestivo, sem mistura
de alimentos digeridos com não digeridos. Este movimento unidirecional permite uma
digestão e absorção sequenciais e, consequentemente, o processamento de uma
maior quantidade de alimento;
 A especialização de órgãos onde ocorrem processos de digestão mecânica e/ou
química com diferentes enzimas, que possibilitam uma maior eficácia digestiva;
 A existência de áreas especializadas de absorção, que aumentam a eficácia desse
processo.

Nos vertebrados verifica-se uma maior especialização e com partimentação do tubo digestivo
completo relativamente aos invertebrados. Nos vertebrados mais evoluídos, para alem da foca
e da faringe, o tubo digestivo encontra-se subdividido em regiões anatómica e funcionalmente
distintas, que incluem tipicamente, o esófago, o estomago , o intestino delgado e o intestino
grosso.

Os sistemas digestivos dos diferentes grupos de vertebrados possuem adaptações que podem
ser relacionadas com o seu regime alimentar.

No ser humano, apesar da digestão química do amido e das proteínas se iniciar na boca e no
esófago, respetivamente, é no primeiro segmento do intestino delgado que se verifica a maior
parte da digestão química com a hidrolise completa da quase totalidade das macromoléculas aí
presentes.

No processo de digestão química, no intestino delgado, intervêm não só as enzimas segregadas


pelas glândulas da parede intestinal, mas também as enzimas do suco pancreático, que é
lançado na parte inicial do intestino delgado.

No intestino delgado, sobretudo no segmento intermedio, ocorre a maior parte da absorção de


nutrientes orgânicos para o sistema circulatório e linfático.

A maioria dos nutrientes é absorvida, através das células epiteliais que revestem as vilosidades
intestinais, para os capilares sanguíneos que existem no seu interior.

Os materiais não digeridos, como as fibras vegetais, ricas em celulose, deslocam-se para o
intestino grosso, onde ocorre a absorção da água e a formação das fezes, que aí são
armazenadas antes de passarem pelo reto e de serem expulsas pelo ânus.
Fotossíntese:
Em qualquer ecossistema, os seres autotróficos destacam-se dos restantes organismos pela sua
capacidade de produzir compostos orgânicos a partir de carbono orgânico. Esta capacidade faz
com que estes organismos ocupem o primeiro nível trófico.

A maioria dos seres autotróficos são fotoautotróficos, uma vez que utilizam a luz solar como
fonte de energia para a produção de matéria orgânica. Essa produção ocorre através da
fotossíntese , um processo metabólico dependente da existência de pigmentos fotossintéticos.

Nas plantas e nas algas, a fotossíntese ocorre em estruturas especializadas- os cloroplastos-,


particularmente abundantes nas células das folhas.

A energia luminosa proveniente do sol tem um papel fundamental neste processo de síntese.
Ao ser absorvida pelos pigmentos fotossintéticos, existentes nos cloroplastos, a energia
luminosa é convertida em energia química.

No final do verão, nas arvores de folha caduca, a produção de clorofila é interrompida. O


desaparecimento da clorofila torna evidente a presença dos carotenoides e das xantofilas, que
conferem diferentes tonalidades à folhagem.

A radiação solar é constituída por um amplo espetro de radiações eletromagnéticas,


fundamental para a fotossíntese. Entre os 380 e os 760 nm é luz visível.

A fotossíntese é um processo metabólico complexo cujo esclarecimento se deveu aos esforços


de gerações de investigadores ao longo de vários seculos.

Etapas da fotossíntese:
Nas plantas e nas algas, a fotossíntese decorre no interior dos cloroplastos ao longo de duas
fases sequenciais: a fase fotoquímica, diretamente dependente da luz, correspondente às
reações que ocorrem nas membranas dos tilacoides; e a fase química, correspondente às
reações que ocorrem no estroma.

Fase fotoquímica:
 Ocorre na membrana interna dos cloroplastos(tilacoides), onde estão localizados os
pigmentos fotossintéticos, como as clorofilas e os carotenoides. A luz intervém nestas
reações, pelo que se considera que esta fase é diretamente dependente da luz. Nesta
etapa é produzido 02, que é libertado, bem como ATP e NADPH, que serão consumidos
na fase seguinte.

Fase química:
 Nesta etapa, a luz não intervém diretamente. Ocorre a fixação do CO2 e a sua redução
em moléculas orgânicas, como a glicose. Estas reações químicas constituem o ciclo de
Calvin, que inclui a fixação de CO2, a redução desta molécula a compostos orgânicos e
a regeneração do composto responsável pela fixação do CO2.
Tecidos condutores:
Na maioria das plantas, a distribuição de matéria, como a água ou as substâncias orgânicas
resultantes da fotossíntese, é feita através de tecidos vasculares ou condutores. Em plantas
mais simples, nas quais os tecidos vasculares estão ausentes a distribuição de substâncias faz-
se sempre através de processos como a osmose ou a difusão.

O aparecimento de tecidos especializados de transporte, durante o processo evolutivo das


plantas vasculares, pode ser relacionado com a capacidade de adaptação ao ambiente
terrestre. Enquanto as plantas avasculares estão confinadas a ambientes mais húmidos , as
plantas vasculares têm uma maior independência relativamente a água.

O sistema de transporte das plantas vasculares é constituído por dois tipos de tecidos: o xilema
e o floema. O xilema conduz a seiva bruta, ou xilémica, constituída, fundamentalmente, por
água e sais minerais, enquanto o floema conduz a seiva elaborada, ou floémica, constituída
por água, sacarose, aminoácidos e outras moléculas orgânicas.

O xilema é um tecido complexo, ou seja, formado por vários tipos de células, onde se destacam
os elementos de vaso e os traqueídeos, responsáveis pelo transporte da seiva bruta. Para além
da parede celulósica inicial, estas células desenvolvem espessamentos internos de lenhina,
uma substância que lhes confere rigidez e impermeabilidade.

O floema é igualmente um tecido complexo, constituído principalmente por células de


companhia e por células do tubo crivoso, onde circula a seiva floémica. As paredes de topo
constituem placas crivosas, cujas perfurações permitem ligações citoplasmáticas entre células
vizinhas.

Absorção de água e de sais minerais:


A maioria das plantas absorve do solo, através das raízes, a água e os sais minerais nela
dissolvidos. A seiva xilémica segue depois para os caules, onde se desloca numa trajetória
unidirecional.

O percurso da água e dos sais minerais, desde o solo até ao xilema, inicia-se com a absorção
destas substâncias para as células da epiderme, que reveste a superfície das raízes mais finas.
Estas células apresentam frequentemente expansões- os pelos radiculares-, que contribuem
para um aumento significativo da área de absorção.

A absorção de água deve-se à existência de um gradiente de potencial de água, ou hídrico,


entre o solo e a raiz. Por outro lado, no interior do xilema, o potencial de água é geralmente
mais baixo, em virtude da diminuição da pressão da água, como resultado do seu fluxo em
direção as folhas. Este gradiente de potencial é a principal causa da entrada de água por
osmose na raiz.

Ao nível da raiz dá-se também a absorção de iões para o seu interior. Este movimento está
associado, normalmente, ao transporte ativo, uma vez que az solução do solo tende a ser
muito diluída.
Transporte no xilema:

No interior do xilema, a água e os sais minerais passam a constituir a seiva bruta, ou seiva
xilémica. Uma vez que os vasos do xilema são constituídos por células mortas, a ascensão de
água no interior deste tecido não envolve gasto de energia metabólica.

Hipótese da pressão radicular:

Algumas plantas, em determinadas circunstâncias, apresentam valores elevados de pressão de


água na raiz- pressão radicular-, que poderão explicar o movimento ascendente da seiva bruta
no xilema. Esse processo inicia-se com a acumulação de iões no interior da raiz, por transporte
ativo, o que provoca a entrada de água por osmose.

Alguns processos podem ser interpretados como consequências da pressão radicular. Certas
plantas de pequeno porte libertam, sob pressão, gotas de água pelo bordo das folhas, um
fenómeno conhecido por gutação. A exsudação de seiva bruta, através de superfícies de corte
em caules, pode também ser interpretada como consequência dessa pressão.

Os valores mais elevados de pressão radicular ocorrem no início da primavera. No verão,


quando as perdas de vapor de água através das folhas são elevadas, não é detetada pressão
radicular.

Hipótese da adesão-coesão-tensão:

Desde o seculo XVIII, têm sido reunidas evidências experimentais que sugerem que a
transpiração- perda de água na forma de vapor através das folhas- é a principal causa do
movimento da água no interior das plantas.

De acordo com a hipótese da adesão-coesão-tensão, o movimento de água no interior das


plantas vasculares resulta da ação de três forças fundamentais: a tensão, resultante da perda
de água por transpiração, ao nível das folhas; a coesão entre as moléculas da água, decorrente
das ligações de hidrogénio existentes entre ela; e a adesão das moléculas de água às paredes
dos vasos condutores.

Na atmosfera, p potencial de água é geralmente inferior ao que se verifica no interior das


folhas, o que determina a saída de água através dos estomas por difusão. Este fenómeno é
responsável pela tensão exercida sobre a água existente no mesófilo e pelo seu movimento em
direção aos estomas.

A manutenção deste fluxo depende da forte coesão entre as moléculas de água e é favorecida
pelas forças de adesão entre a água e as paredes dos vasos do xilema.

Quando a tensão no interior do xilema se torna excessiva, pode haver formação de bolhas de
ar que interrompem a corrente de água em movimento nos elementos vasculares.
Apesar de alguns aspetos do mecanismo de transporte de água não estarem ainda totalmente
esclarecidos pela hipótese da adesão-coesão-tensão, esta é aceite como a explicação mais
consistente para explicar a subida de seiva xilémica nas plantas vasculares.

Transporte no floema:
A seiva floémica é um fluido de natureza aquosa onde se encontram substâncias orgânicas que
são translocadas nas plantas. Este movimento verifica-se, principalmente, desde os órgãos
fotossintéticos onde há a produção de glícidos, até aos locais onde estes são consumidos ou
armazenados, tais como frutos, caules ou raízes.

A descoberta da composição química da seiva floémica ficou a dever-se sobretudo, ao uso de


afídios. Estes pequenos insetos parasitas, ao alimentarem-se, inserem os estiletes bucais nos
elementos do tubo crivoso, ingerindo os fluidos que ai circulam.

Hipótese do fluxo de massa:

O mecanismo de transporte da seiva elaborada pode ser explicado com base na hipótese do
fluxo da massa, inicialmente proposta, em 1927, por Ernst Munch.

Sistemas de transporte:
Os animais necessitam de realizar trocas com o meio ambiente de forma a manterem o
funcionamento das suas células.

Animais sem sistema circulatório:


Nos animais invertebrados mais simples, verifica-se uma grande proximidade das células com o
meio aquático. Nestes animais não existem sistemas de transporte, ocorrendo a troca direta de
substâncias entre as células e o meio.

Animais com sistema circulatório:


Nestes animais, a distribuição da matéria é garantida por sistemas especializados de
transporte. Estes sistemas possuem sempre três componentes:

 Fluido circulante, que garante o transporte de substâncias;


 Órgão propulsor, constituído essencialmente por tecido muscular, destinado a
impulsionar o fluido circulante;
 Sistema vascular, formado por uma rede de vasos que permite a circulação do fluido
circulante pelo corpo do animal

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