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A biosfera

A biosfera é um subsistema terrestre que inclui o conjunto de seres vivos que povoam
a Terra e os respetivos ambientes.

Organização biológica

A célula é a unidade básica da vida.

Os seres constituídos por uma só célula designam-se unicelulares; os seres constituídos


por associações de células designam-se pluricelulares.

Os seres pluricelulares são formados por conjuntos de células semelhantes,


interdependentes, que realizam uma ou mais funções - tecidos. Diferentes tipos de
tecidos associam-se entre si, formando sistemas de órgãos. Diferentes sistemas de
órgãos cooperam entre si, formando um organismo.

Organização hierárquica de um organismo

O conjunto de organismos da mesma espécie que vivem numa determinada área, num
dado período de tempo, forma uma população.
Populações de diferentes espécies que interatuam numa determinada área constituem
uma comunidade.

O conjunto da comunidade, do ambiente e das interações específicas que se


estabelecem entre eles forma um ecossistema.

O conjunto de ecossistemas do Mundo forma a biosfera.

As cadeias alimentares intercomunicam, originando as teias alimentares ou redes


tróficas.

Nas redes tróficas existem três categorias de seres vivos:

 Produtores: organismos autotróficos capazes de sintetizarem matéria orgânica


a partir de matéria mineral, através do processo fotossintético. São exemplos
as plantas, as algas e as cianobactérias.

 Consumidores: seres heterotróficos que são incapazes de sintetizarem matéria


orgânica a partir de matéria inorgânica, e por isso, alimentam-se direta ou
indiretamente dos produtores. São exemplos os carnívoros e os herbívoros.

 Decompositores: grupo de seres vivos que decompõem a matéria orgânica,


como cadáveres e excrementos, em matéria mineral. São representados pelos
fungos e por bactérias.

Os produtores ocupam o primeiro nível trófico, os consumidores ocupam os níveis


tróficos seguintes e os decompositores são o último elo de transferência de energia
entre os organismos de uma cadeia alimentar.

Conservação e extinção

O ser humano é o principal responsável pelas alterações drásticas ocorridas nos


ecossistemas e, consequentemente, pela extinção de determinadas espécies vegetais
e animais.
Por extinção entende-se a redução gradual do número de indivíduos de uma espécie
até ao momento em que a espécie deixa de existir.

As espécies podem ser ameaçadas ou extintas devido a diversos fatores:

 destruição de habitats;
 sobre-exploração de recursos naturais;
 poluição;
 introdução de espécies exóticas;
 interrupção de relações de mutualismo;
 alterações climáticas.

Teoria Celular, que assenta nos seguintes princípios:

 A célula é a unidade básica de estrutura e de função de todos os seres vivos.

 Todos os seres vivos, dos mais simples aos mais complexos, são constituídos
por células.

 Todas as células provêm de células preexistentes.

 A célula é a unidade de reprodução, de desenvolvimento e de hereditariedade


dos seres vivos.

Apesar desta universalidade de estrutura e função, há diversidade celular no tamanho,


forma e grau de complexidade. As células podem classificar-se em células
procarióticas e em células eucarióticas.
Células procarióticas:

 apresentam uma estrutura muito simples;

 não possuem núcleo individualizado, o material genético encontra-se disperso


no citoplasma, constituindo o nucleóide;

 apresentam um número muito reduzido de organitos celulares;

 as bactérias e as cianobactérias apresentam este nível estrutural celular.

Células eucarióticas:

 organização estrutural complexa;

 possuem núcleo individualizado, delimitado por um invólucro nuclear;

 apresentam um conjunto de organitos celulares;

 estão representadas em quase todos os grupos de seres vivos;

 existem dois tipos de células eucarióticas: as animais e as vegetais, que se


podem distinguir tendo como base a ausência/presença de determinados
organitos.
A célula eucariótica é um sistema complexo e organizado, os seus constituintes básicos
são a membrana celular, o citoplasma (massa semifluida (hialoplasma) onde se
encontram dispersos diversos organelos) e o núcleo, possuindo ainda uma diversidade
de organitos celulares.
Constituintes químicos dos seres vivos

A unidade biológica manifesta-se ao nível das características estruturais e funcionais e


também a nível bioquímico.

A matéria viva é constituída por substâncias inorgânicas e por substâncias orgânicas.

Substâncias inorgânicas:

o São compostos de origem mineral que provêm do meio físico externo.

o Incluem os sais minerais e a água.

o Água:

– é vital para a vida na Terra, uma vez que é o constituinte básico de todas as
células;

– a molécula de água é formada por um átomo de oxigénio e por dois átomos


de hidrogénio; é uma molécula polar, o que facilita a sua ligação, através de
ligações hidrogénio, a outras moléculas.

Molécula de água
Substâncias orgânicas:

o São compostos em que existe carbono ligado covalentemente com o


hidrogénio, podendo existir também outro tipo de átomos.

o Todos os seres vivos, logo as suas células, são constituídos por moléculas
orgânicas de grandes dimensões - macromoléculas.

o Existem quatro grandes grupos de macromoléculas nas células: os prótidos, os


glícidos, os lípidos e os ácidos nucleicos; estas moléculas são polímeros, que
são formados por conjuntos de unidades básicas - os monómeros, unidos por
ligações químicas.

Glícidos ou hidratos de carbono

São compostos orgânicos ternários, constituídos por C, O, H. Podem considerar-se três


grupos de glícidos: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

o Monossacarídeos:

 glícidos mais simples, não hidrolisáveis e redutores;

 são classificados segundo o número de átomos de carbono, os mais frequentes


são as:

pentoses (5C) - ribose e desoxirribose

hexoses (6C) - glicose, frutose e galactose

.
o Oligossacarídeos:

 resultam da ligação glicosídica de 2 a 10 monossacarídeos:

 dissacarídeos - ligação de dois monossacarídeos; por exemplo, a sacarose, a


maltose e a lactose.

 trissacarídeos - ligação de três monossacarídeos.

 oligossacarídeos - resultam da ligação entre quatro e dez monossacarídeos.

 são hidrolisáveis.

 Polissacarídeos:

 resultam da ligação de um número superior a dez monossacarídeos.

 exemplo: celulose, amido e glicogénio.

o Importância biológica dos glícidos:

 função energética;

 função estrutural.

Lípidos

Constituem um grupo de moléculas muito heterogéneas que apresentam uma


característica comum: fraca solubilidade em água e elevada solubilidade em solventes
orgânicos como o éter, benzeno e o clorofórmio.

Podem classificar-se em dois grupos: lípidos de reserva e lípidos estruturais.


o Lípidos de reserva:

 componentes básicos são o glicerol e os ácidos gordos.

 ácidos gordos:

 constituídos por uma cadeia linear de átomos de carbono, com um grupo


terminal carboxilo (COOH);

 podem ser insaturados, quando os carbonos estão ligados entre si por ligações
duplas, ou saturados, quando os carbonos estão ligados entre si por ligações
simples.

glicerol:

 álcool que contém três grupos hidroxilo (OH);

 liga-se aos ácidos gordos através de ligações éster, podendo formar


monoglicerídeos (um ácido gordo), diglicerídeos (dois ácidos gordos) e
triglicerídeos (três ácidos gordos).

Formação de um triglicerídeo.

Lípidos estruturais - fosfolípidos:

– são muito importantes porque são os constituintes mais abundantes das membranas
celulares;

– possuem um grupo fosfato;


– são moléculas anfipáticas, isto é, possuem:

– uma zona hidrofílica polar, constituída por moléculas de álcool, grupo fosfato e um
radical, é solúvel em água;

– uma zona hidrofóbica apolar, constituída por cadeias hidrocarbonatadas de ácidos


gordos, é insolúvel em água.

Representação de um fosfolípido.

o Importância biológica dos lípidos:

– reserva energética;

– função estrutural;

– função protectora;

– função vitamínica e estrutural


Prótidos

São compostos quaternários constituídos por C, H, O e N, em associação, por vezes,


com outros elementos como S, P, Mg, Fe, etc.

Importância biológica dos prótidos:

 função enzimática;

 função estrutural;

 função de transporte e motora;

 função hormonal e imunológica;

 reserva alimentar.

De acordo com a sua complexidade, os prótidos podem classificar-se em: aminoácidos,


péptidos e proteínas.

Aminoácidos:

 constituem as unidades estruturais dos péptidos e proteínas;

 existem cerca de 20 aminoácidos que entram na constituição dos prótidos de


todas as espécies de seres vivos;

 possuem um grupo amina (NH2), um grupo carboxilo (COOH) e um átomo de


hidrogénio, ligados a um átomo de carbono, ao qual está ainda ligado a um
outro conjunto de átomos - radical – cuja natureza varia de aminoácido para
aminoácido.
Representação de um aminoácido.

Péptidos:

Resultam da ligação de dois (dipéptido), três (tripéptido), ou vários, às vezes mais de


cem (polipéptidos) aminoácidos através de ligações peptídicas. A ligação peptídica
estabelece-se entre o grupo carboxilo de um aminoácido e o grupo amina de outro.

Proteínas:

– são macromoléculas constituídas por uma ou mais cadeias polipeptídicas que


apresentam uma conformação tridimensional definida.

– as proteínas podem ser simples, formadas apenas por aminoácidos ou conjugadas


quando contêm uma porção não proteica - grupo prostético.

– possuem vários níveis de organização: estrutura primária, estrutura secundária,


estrutura terciária, estrutura quaternária.
Ácidos nucleicos

São as biomoléculas mais importantes do controlo celular, uma vez que possuem a
informação genética.

Há dois tipos fundamentais de ácidos nucleicos: ácido desoxirribonucleico (DNA) e


o ácido ribonucleico (RNA), sendo ambos polímeros de nucleótidos.

Os nucleótidos são formados por:

 grupo fosfato, que lhes conferem características ácidas;

 bases azotadas:

– adenina (A), guanina(G)- bases púricas ou de anel duplo;

– timina (T), citosina (C) e uracilo (U) - bases pirimídicas ou de anel simples.
Pentose:

– ribose no caso do RNA;

– desoxirribose no caso do DNA.

As principais diferenças entre o RNA e o DNA são a nível estrutural e de composição.

Importância biológica dos ácidos nucleicos:

O DNA é o suporte universal da informação hereditária, controlando a atividade


celular;

DNA e RNA intervêm na síntese de proteínas.


Ultra-estrutura da membrana plasmática:

A célula é um sistema biológico complexo e organizado, que se encontra delimitado do


meio externo pela membrana plasmática.

A membrana plasmática apresenta várias funções:

 mantém a integridade da célula;


 constitui uma barreira selectiva, através da qual se fazem as trocas de
substâncias e energia entre a célula e o meio exterior;
 delimita a fronteira entre o meio intracelular e o meio extracelular;
 detecta alterações externas, reconhece substâncias e recebe informações
através de receptores da membrana.
 As membranas são constituídas, essencialmente, por lípidos e proteínas
podendo conter glícidos.

Lípidos:

fosfolípidos: são lípidos complexos que contêm um grupo fosfato, são moléculas
anfipáticas;

colesterol: lípidos complexos pertencente ao grupo dos esteróides;

glicolípidos: glícidos associados a lípidos, também são moléculas anfipáticas.


Vários modelos surgiram numa tentativa de perceber a ultra-estrutura membranar, mas,
actualmente, o mais aceite é o Modelo de mosaico fluido (Singer e Nicholson, 1972).

Segundo este modelo, a membrana é uma estrutura dinâmica, fluida, basicamente


constituída por uma bicamada de fosfolípidos e por dois tipos de proteínas
específicas: as proteínas intrínsecas, e as proteínas extrínsecas. Na face externa da
membrana encontram-se ligados, quer à cabeça hidrofílica dos lípidos quer às
proteínas, hidratos de carbono (glicolípidos e glicoproteínas) que se pensa terem um
papel importante no reconhecimento de substâncias.

Bicamada de fosfolípidos:

– papel essencialmente estrutural;

– as cabeças polares dos fosfolípidos ocupam as duas superfícies intra e


extracelular e as caudas hidrofóbicas situam-se viradas umas para as outras;

– os lípidos da bicamada têm mobilidade mudando de posição com frequência


dentro de uma camada – movimentos laterais, ou saltando de uma camada para
a outra - movimentos em flip-flop.

Movimentos dos lípidos.


Proteínas:

– intrínsecas: total ou parcialmente embebidas na bicamada lipídica.

– extrínsecas: encontram-se ligados à superfície da membrana.

– as proteínas constituintes da membrana plasmática, além de terem uma função


estrutural, podem também funcionar como enzimas, proteínas transportadoras
de substâncias, proteínas receptoras de sinais do meio externo. As proteínas
também podem ter mobilidade lateral.

Diversidade de processos de transporte

A membrana plasmática tem permeabilidade selectiva, uma vez que apresenta maior
permeabilidade para umas substâncias do que para outras.

A passagem de substâncias através da membrana pode ocorrer através de vários


mecanismos:

Transporte não mediado:

– a passagem de substâncias ocorre sem a intervenção de moléculas


transportadoras;

– inclui os processos de osmose e difusão simples.

Transporte mediado:

– a passagem de substâncias é assegurada por proteínas membranares


transportadoras;

– inclui os processos de difusão facilitada e transporte activo.


Endocitose e exocitose:

– transporte de macromoléculas e elementos celulares.

Osmose:

difusão de água, através da membrana plasmática, do meio com menor concentração


(hipotónico) em soluto, para o meio com maior concentração (hipertónico);

é a favor do gradiente de concentração, não implica gasto de energia - transporte


passivo;

habitualmente, as células encontram-se num meio isotónico e a concentração do


meio extracelular é idêntica à do meio intracelular, havendo equilíbrio entre o fluxo de
entrada e saída de água;

quando uma célula é mergulhada num meio hipotónico, a água desloca-se para o
meio intracelular, provocando um aumento de volume - a célula fica túrgida;

se a célula estiver mergulhada num meio hipertónico, a água desloca-se para o meio
extracelular ficando a célula plasmolisada;

consoante se trata de uma célula animal ou vegetal, o comportamento celular em


função da concentração do meio apresenta diferenças, devido, principalmente, à
presença de parede celular nas células vegetais.
Difusão simples:

deslocação de substâncias, como, por exemplo, gases, moléculas lipossolúveis e


pequenas moléculas sem carga, a favor do gradiente de concentração;

não há gasto de ATP - transporte passivo.


Difusão simples

Difusão facilitada:

deslocação de substâncias, como moléculas polares, moléculas de grandes


dimensões, glicose e aminoácidos a favor do gradiente de concentração;

não há gasto de ATP - transporte passivo;

intervêm proteínas transportadoras - permeases, que possuem locais específicos a


que se ligam as moléculas ou iões a transportar.

Difusão facilitada
Transporte ativo:

transporte de substâncias, como glicose, aminoácidos, iões, contra o gradiente de


concentração, através de proteínas transportadoras específicas;

implica gasto de ATP.

Exocitose:

transporte para o exterior da célula de produtos de excreção ou produtos de secreção


úteis ao organismo;

implica a formação de uma vesícula secretora que se funde com a membrana celular.

Endocitose e exocitose
Endocitose: inclusão de macromoléculas ou de agregados moleculares por
invaginação da membrana plasmática, formando-se uma vesícula endocítica;

existem vários tipos de endocitose:

– Fagocitose: a membrana plasmática engloba partículas de maiores


dimensões, através da emissão de prolongamentos de membrana
denominados pseudópodes.

Fagocitose

– Pinocitose: inclusão na célula de partículas dissolvidas no fluido extracelular,


com formação de vesícula de endocitose.

Pinocitose
– Endocitose mediada por recetores: as macromoléculas são reconhecidas
por recetores da membrana, ligando-se a eles e formando uma vesícula
endocítica.

Endocitose mediada por recetores.

Ingestão, digestão e absorção

O processamento dos alimentos de forma a serem aproveitados a nível celular implica


uma série de processos sequenciais: a ingestão, a digestão e a absorção.

Ingestão: consiste na introdução dos alimentos no organismo.

Digestão: processo através do qual moléculas complexas dos alimentos são


desdobradas com o auxílio de enzimas em moléculas mais simples, que podem ser
absorvidas.

Absorção: processo de passagem das substâncias resultantes da digestão para o


meio interno.

A digestão pode ser extracelular, quando ocorre em cavidades digestivas ou em


órgãos especializados; ou pode ser intracelular, quando a digestão ocorre no interior
de células.
Digestão intracelular:

A digestão intracelular é típica dos seres heterotróficos unicelulares.

Implica uma relação funcional entre um conjunto de organelos do qual fazem parte
o retículo endoplasmático (RE), o complexo de Golgi e os lisossomas.

Ao nível do RE são sintetizadas proteínas enzimáticas, que são incorporadas em


vesículas e posteriormente transportadas para o complexo de Golgi. No complexo de
Golgi as proteínas sofrem transformações e acabam por ser transferidas para
vesículas que se destacam do complexo de Golgi dando origem aos lisossomas. Estes
estão munidos de enzimas hidrolíticas e quando se unem a vesículas de endocitose
formam um vacúolo digestivo, onde se dá a decomposição de moléculas complexas
em moléculas mais simples.

Relação funcional entre o RE, o complexo de Golgi e os lisossomas.

Digestão extracelular:

A digestão pode ser extracorporal, como no caso dos fungos onde as enzimas
digestivas são lançadas para o exterior do corpo, onde se realiza a digestão das
moléculas complexas que são, posteriormente, absorvidas; ou intracorporal quando
ocorre no interior do organismo.

A digestão extracelular intracorporal confere aos organismos uma vantagem evolutiva,


uma vez que estes podem ingerir uma maior quantidade de alimento, que é
armazenada e vai sendo digerida durante um período de tempo, mais ou menos longo.
Nos animais, o tubo digestivo pode apresentar diferentes graus de complexidade:

tubo digestivo incompleto:

os organismos mais simples, como a hidra e a planária, possuem uma cavidade


digestiva - cavidade gastrovascular, com uma única abertura, que funciona
simultaneamente como boca e ânus. As partículas alimentares são semidigeridas na
cavidade gastrovascular, sendo depois fagocitadas por células da parede
gastrovascular, onde ocorre nova digestão. Portanto, nestes animais coexistem os
dois tipos de digestão: a digestão extracelular seguida da digestão intracelular.

Sistema digestivo da hidra.

Sistema digestivo da planária.


tubo digestivo completo:

os animais mais evoluídos possuem um tubo digestivo com duas aberturas - boca e o
ânus -, apresentando também um número cada vez maior de órgãos e uma maior
especialização destes; esta adaptação evolutiva permite uma digestão e absorção
sequenciais ao longo do tubo digestivo, havendo por isso um aproveitamento muito
mais eficaz dos alimentos.

A minhoca apresenta um sistema digestivo diferenciado em várias regiões


especializadas. Os alimentos entram pela boca, após terem sido sugados pela faringe,
deslocando-se ao longo do esófago até ao papo, onde são armazenados. Depois, vão
para a moela, onde são digeridos mecanicamente. A digestão química dá-se a nível do
intestino. A absorção é eficiente porque existe uma prega - tiflosole, que aumenta a
superfície interna. Os resíduos alimentares são excretados através do ânus.

Os Vertebrados possuem também um tubo digestivo completo, com duas glândulas


digestivas ligadas ao intestino (pâncreas e fígado), podendo possuir ainda outras
glândulas, como as salivares. A constituição e o funcionamento do sistema digestivo
dos Vertebrados são semelhantes em todas as classes, apresentando algumas
variações relacionadas com o regime alimentar.

No Homem, a digestão extracelular inicia-se na boca, logo após a ingestão do


alimento, continua no estômago e termina no intestino, com a absorção dos nutrientes
e expulsão das fezes através do ânus.

A absorção dos nutrientes efetua-se, essencialmente, ao nível do intestino delgado,


uma vez que este apresenta especializações. A parede interna do intestino delgado
possui pregas - válvulas coniventes, que triplicam a superfície de contacto com os
alimentos.

Estas válvulas estão recobertas por microvilosidades, que aumentam ainda mais a
superfície de absorção. Uma vez absorvidos, os nutrientes terão que ser transportados
para todas as células do organismo, através da corrente sanguínea e linfática.
Sistema digestivo da minhoca e em corte transversal.
Os seres autotróficos produzem matéria orgânica a partir de compostos
minerais.

A autotrofia pode envolver dois processos:

 Fotossíntese - realizada por organismos fotossintéticos, que utilizam a


energia luminosa;

 Quimiossíntese - realizada pelos organismos quimiossintéticos, que


utilizam energia química resultante de reacções de oxidação de
substâncias inorgânicas.

ATP - principal transportador de energia na célula

O ATP (adenosina trifosfato) é a molécula responsável pelo armazenamento


de energia química directamente utilizável pela célula.

Uma molécula de ATP é formada por:

 : base azotada;

 : açúcar com cinco átomos de carbono;

 três grupos fosfato: compostos inorgânicos.

As moléculas de ATP estão constantemente a ser sintetizadas e hidrolisadas.


Por hidrólise de uma molécula de ATP liberta-se um grupo fosfato,
formando ADP (adenosina difosfato). Quando o ADP se hidrolisa, liberta-se um
grupo fosfato e forma-se AMP (adenosina monofosfato).
Molécula de ATP

Fotossíntese:

Processo a partir do qual os organismos fotossintéticos convertem a matéria mineral


em matéria orgânica, utilizando energia luminosa.

Realizada por plantas, algas, bactérias e cianobactérias.

A equação geral da fotossíntese traduz-se por:

A água, o dióxido de carbono e a luz são fornecidos pelo ambiente, enquanto


as clorofilas e outras moléculas implicadas no processo são sintetizadas pelas
plantas.
As clorofilas - pigmentos fotossintéticos que captam a energia luminosa do
Sol, encontram-se nas membranas dos tilacoides dos cloroplastos.

A fotossíntese compreende duas fases sucessivas:

fase fotoquímica - dependente da luz;

fase química - não dependente da luz;

Fase fotoquímica:

ocorre nos tilacoides;

produtos utilizados nas reacções: luz, água, ADP + Pi e NADP+;

principais reacções fotoquímicas:

Fotólise da água - em presença da luz, a molécula de água dissocia-se


em oxigénio e hidrogénio. A água é o dador primário de electrões.
Oxidação da clorofila a - a clorofila a é excitada pela energia luminosa,
emite electrões, ficando reduzida.

Fluxo de electrões - os electrões percorrem cadeias de


transportadores onde ocorrem transferências energéticas que
permitem a fotofosforilação do ADP em ATP.

Redução do NADP+ - os electrões vão reduzir o NADP+ a NAPH. O


NADP+ é o aceitador final de electrões.

Os produtos finais da fase fotoquímica são: oxigénio, ATP, NADPH e H+.

Reacções fotoquímicas

Fase química:

ocorre no estroma;

conjunto de reacções não dependentes da luz; designa-se também


por ciclo de Calvin;

produtos utilizados nas reacções: ATP, NADPH, CO2;


ciclo de Calvin:

o dióxido de carbono é fixado combinando-se com a ribulose difosfato


(RuDP). Os electrões do NADPH e o ATP, produzidos na fase
fotoquímica, são utilizados para produzir o aldeído fosfoglicérico (PGAL).
Este composto segue duas vias: intervém na regeneração de ribulose
difosfato e é utilizado na síntese de glicose.

os produtos finais deste ciclo são: glicose, ADP + Pi, NADP+ e ribulose
difosfato.

Ciclo de Calvin
Quimiossíntese:

Processo através do qual os organismos quimiossintéticos produzem compostos


orgânicos através de matéria mineral utilizando energia química, diferindo portanto da
fotossíntese quanto à origem primária da energia necessária à formação de
substâncias orgânicas.

Organismos quimiossintéticos: bactérias nitrificantes, bactérias ferrosas, bactérias


sulfurosas.

É possível distinguir duas fases no processo quimiossintético:

– primeira fase: ocorre a oxidação de substratos minerais com


formação de ATP e NADPH.

– segunda fase: ocorre a redução do dióxido de carbono, o que conduz


à síntese de substâncias orgânicas.

– Na quimiossíntese os dadores primários de electrões são os


compostos minerais, como, por exemplo, o amoníaco e o sulfureto de
hidrogénio.

Quimiossíntese
Transporte plantas

plantas avasculares - plantas mais simples, como os musgos, não possuem


sistemas de transporte; assim, o movimento da água efetua-se por
osmose e as substâncias dissolvidas movem-se por difusão de célula a
célula.

plantas vasculares- plantas que possuem sistemas de transporte


especializados na condução e distribuição das substâncias

Nas plantas vasculares existem dois tipos de tecidos de transporte:


o xilema e o floema, que estão localizados em todos os órgãos das
plantas.

Xilema - também designado por lenho ou tecido traqueano;

especializado na condução de água e sais minerais desde a raiz até aos


restantes órgãos das plantas;

transporta a seiva xilémica ou seiva bruta;

constituído por quatro tipo de células:

– elementos condutores que são formados por elementos de


vaso e traqueídos: são células mortas com espessamentos nas
paredes laterais de lenhina, o que lhes confere rigidez. A sua
principal função é a condução de água e sais minerais. Os
elementos de vaso distinguem-se dos traqueídos, por possuírem
perfurações.
– fibras lenhosas: são células mortas muito longas e com paredes
espessas. Têm função de transporte.

– parênquima lenhoso: constituído por células vivas de paredes


celulares finas. Têm função de reserva.

Estrutura do xilema.
Floema - também designado por líber ou tecido crivoso;

especializado no transporte de água e de substâncias orgânicas, resultantes da fotossíntese,


desde as folhas até aos outros órgãos das plantas;

transporta a seiva floémica ou seiva elaborada;

constituído por quatro tipos de células:

– células do tubo crivoso: células vivas muito especializadas; estas células ligam-se
entre si topo a topo, e as paredes transversais, com orifícios, constituem as placas
crivosas. A principal função é a condução de água e substâncias orgânicas.

– células de companhia: células vivas que se situam perto das células dos tubos
crivosos, com as quais estabelecem ligações citoplasmáticas.

– fibras liberinas: constituídas por células mortas com paredes espessas. A sua
principal função é a de suporte.

– parênquima liberino: constituído por células vivas de paredes finas pouco


diferenciadas. A sua função é de reserva.

Estrutura do floema.

É possível distinguir os diferentes órgãos das plantas pela disposição dos tecidos condutores. O
conjunto de células dos tecidos condutores denominam-se feixes condutores.
Em cortes transversais de folhas, é possível distinguir uma região delimitada pelas
duas epidermes (superior e inferior), onde se situam os tecidos condutores e tecido clorofilino,
o mesófilo.
Corte transversal de uma folha.

A epiderme da folha possui estomas, que são constituídos por duas células labiais ou células
guarda, que delimitam uma abertura chamada ostíolo, que contacta com a câmara estomática.

Estrutura dos estomas.

Pelos estomas ocorrem as trocas indispensáveis à realização da fotossíntese e a evaporação de


grandes quantidades de água, que se designa transpiração.
Absorção de água e solutos

As plantas fazem a absorção de água e iões minerais, necessários para as várias atividades das
células, através do seu sistema radicular que apresenta pelos radiculares, que são extensões das
células epidérmicas que aumentam a área de absorção.

Absorção radicular

A água desloca-se por osmose do solo para a raiz da planta. Relativamente aos iões minerais, o
tipo de transporte depende da sua concentração na solução do solo, podendo ser por difusão
simples (a favor do gradiente de concentração) ou por transporte ativo (contra o gradiente de
concentração).

Transporte no xilema

A seiva xilémica é constituída por água e iões minerais e o seu pH é ácido.

O transporte de seiva xilémica ao longo do xilema é um processo muito rápido. A água


movimentada através do xilema corresponde à água absorvida na raiz, sendo grande parte dela
perdida através da transpiração.

O transporte no xilema pode ser explicado por duas teorias: teoria da pressão radicular e
a teoria da tensão-coesão-adesão.
Teoria da pressão radicular:

A ascensão de água no xilema pode ser explicada por uma pressão que se desenvolve ao nível
da raiz – pressão radicular, graças à ocorrência de forças osmóticas. Essas forças resultam da
constante entrada de iões por transporte ativo do solo para as células da raiz, o que cria um
gradiente osmótico que leva à entrada de água.

O efeito da pressão radicular pode ser observado em dois fenómenos naturais: a exsudação e
a gutação.

Exsudação: saída de seiva xilémica que se verifica em zonas de corte de caules de certas
plantas

Gutação: libertação de seiva xilémica sob a forma líquida que ocorre ao nível das folhas

Esta teoria apresenta algumas incongruências:

– a pressão radicular medida em diversas plantas não é suficiente para explicar a


ascensão de água até ao topo de certas árvores;

– determinadas árvores não apresentam pressão radicular;

– na maioria das árvores não são detetados fenómenos de exsudação e gutação.

Teoria da tensão-coesão-adesão:

A ascensão da seiva xilémica é explicada pela dinâmica criada por dois fenómenos
relacionados: a transpiração estomática a nível foliar e a absorção radicular.

A energia solar é a principal responsável pela transpiração, pondo em movimento ascendente a


coluna de água e solutos.

Na ascensão da seiva xilémica intervêm vários fenómenos sequenciais:


perda de água por transpiração, ao nível das folhas, cria um défice de água o que origina uma
força de tensão que se transmite até ao xilema e a partir deste às células da raiz e à solução do
solo, o que determina a absorção de água na raiz;

as moléculas de água unem-se por pontes de hidrogénio, devido a forças de coesão, o que vai
facilitar sua ascensão em coluna;

as moléculas de água também estabelecem ligações com as paredes dos vasos xilémicos, por
ação de forças de adesão que vão facilitar, também, a ascensão em coluna da água;

a água ascende sob a forma de uma coluna contínua a que se chama corrente de transpiração.

Esquema explicativo da teoria da tensão-coesão-adesão.

A coluna de água tem de se manter contínua. Quando isso não acontece, por interposição de
bolhas de ar, a ascensão deixa de se verificar, só podendo ser reposta graças à pressão radicular.

A teoria da tensão-coesão-adesão constitui um dos modelos mais aceites para explicar o


transporte de seiva xilémica.
Controlo da transpiração

Os estomas podem controlar a quantidade de água perdida por transpiração, através da sua
abertura ou fecho.

O fecho e abertura dos estomas dependem das alterações de turgescência das células-guarda:

– se as células-guarda estão túrgidas, o estoma abre;

– se as células-guarda estão plasmolisadas, o estoma fecha.

Transporte no floema

A seiva elaborada é constituída por água, matéria orgânica como açúcares, aminoácidos,
nucleótidos, iões orgânicos e hormonas; apresenta pH alcalino.

A hipótese de fluxo de massa ou fluxo de pressão, formulada por Münch, é uma das mais
aceites relativamente ao transporte da seiva elaborada. Esta hipótese admite que:

o transporte floémico ocorre devido a um gradiente nas concentrações de sacarose, que se


estabelece entre uma fonte, onde a sacarose é produzida, e o local de consumo ou de reserva;

a glicose resultante do processo fotossintético realizado nas folhas é convertida em sacarose


antes de entrar no floema;

a sacarose passa, por transporte activo, para as células de companhia do floema e destas para os
tubos crivosos, através de ligações citoplasmáticas;

o aumento de concentração de sacarose nos tubos crivosos faz aumentar a pressão osmótica, o
que leva à entrada de água. Esta entrada de água provoca o aumento da pressão de turgescência
que desencadeia um fluxo em massa (água e soluto), de célula para célula, ao longo das células
condutoras do floema. Ocorre, assim, um movimento de regiões de alta pressão osmótica para
regiões de baixa pressão osmótica. A sacarose é retirada do floema para os locais de consumo,
por transporte ativo.
Esta hipótese apresenta, no entanto, alguns aspetos que não consegue explicar:

 a existência de um fluxo ascendente e outro descendente, simultaneamente no


mesmo tubo crivoso, em determinadas alturas do ano;

 a baixa pressão no tubo crivoso se comparada com a pressão necessária para a


seiva floémica conseguir ultrapassar os poros das placas crivosas.

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