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Biologia de 10 ano

Diversidade na biosfera

Uma das originalidades da Terra em relação aos outros planetas do Sistema


Solar é a existência de vida. Esta diversificou-se de uma forma extraordinária,
ocupando habitats que se estendem desde as profundidades dos oceanos às
cordilheiras mais altas da Terra.
Apesar da enorme diversidade de seres vivos, estes apresentam também
características comuns que dão unidade à vida.

A biosfera

A biosfera é um subsistema terrestre que inclui o conjunto de seres vivos que


povoam a Terra e os respetivos ambientes.

Organização biológica

A célula é a unidade básica da vida.


Os seres constituídos por uma só célula designam-se unicelulares; os seres
constituídos por associações de células designam-se pluricelulares.
Os seres pluricelulares são formados por conjuntos de células semelhantes,
interdependentes, que realizam uma ou mais funções - tecidos. Diferentes tipos de
tecidos associam-se entre si, formando sistemas de órgãos. Diferentes sistemas de
órgãos cooperam entre si, formando um organismo.
O conjunto de organismos da mesma espécie que vivem numa determinada
área, num dado período de tempo, forma uma população.
Populações de diferentes espécies que interatuam numa determinada área
constituem uma comunidade.
O conjunto da comunidade, do ambiente e das interações específicas que se
estabelecem entre eles forma um ecossistema.
O conjunto de ecossistemas do Mundo forma a biosfera.

Em qualquer ecossistema, os seres vivos estabelecem relações tróficas entre


eles e o meio, que envolvem transferências de matéria e energia; estas relações
constituem as cadeias alimentares.
As cadeias alimentares são uma sequência de seres vivos que se relacionam
a nivel alimentar e as cadeias intercomunicam, originando as teias alimentares ou
redes tróficas.

Nas redes tróficas existem três categorias de seres vivos:

•Produtores: organismos autotróficos capazes de sintetizarem matéria orgânica


a partir de matéria mineral, através do processo fotossintético. São exemplos
as plantas, as algas e as cianobactérias.

•Consumidores: seres heterotróficos que são incapazes de sintetizarem


matéria orgânica a partir de matéria inorgânica, e por isso, alimentam-se direta
ou indiretamente dos produtores. São exemplos os carnívoros e os herbívoros.

•Decompositores: grupo de seres vivos que decompõem a matéria orgânica,


como cadáveres e excrementos, em matéria mineral. São representados pelos
fungos e por bactérias.
Os produtores ocupam o primeiro nível trófico, os consumidores ocupam os
níveis tróficos seguintes e os decompositores são o último elo de transferência de
energia entre os organismos de uma cadeia alimentar.

Conservação e extinção
O ser humano é o principal responsável pelas alterações drásticas ocorridas
nos ecossistemas e, consequentemente, pela extinção de determinadas espécies
vegetais e animais.
Por extinção entende-se a redução gradual do número de indivíduos de uma
espécie até ao momento em que a espécie deixa de existir.

As espécies podem ser ameaçadas ou extintas devido a diversos fatores:

•destruição de habitats;
•sobre-exploração de recursos naturais;
•poluição;
•introdução de espécies exóticas;
•interrupção de relações de mutualismo;
•alterações climáticas.

A tomada de consciência do Homem para o risco de extinção de espécies,


com consequente perda de diversidade biológica, fez com que este desenvolvesse
esforços no sentido de preservar a biodiversidade. A preservação ou conservação de
espécies inclui não só a sua proteção, mas, também, a proteção dos respetivos
habitats procedendo, por exemplo, à criação de áreas protegidas e à recuperação de
áreas degradadas.

A célula
A descoberta da célula só foi possível quando o avanço técnico permitiu a
construção de microscópios óticos compostos. Essa descoberta revolucionou o
conhecimento dos processos biológicos, e permitiu formular a teoria unificadora da
Biologia -Teoria Celular, que assenta nos seguintes princípios:

•A célula é a unidade básica de estrutura e de função de todos os seres vivos.


•Todos os seres vivos, dos mais simples aos mais complexos, são constituídos
por células.
•Todas as células provêm de células preexistentes.
•A célula é a unidade de reprodução, de desenvolvimento e de hereditariedade
dos seres vivos.
As células podem classificar-se em células procarióticas e em células
eucarióticas.

Células procarióticas:

•apresentam uma estrutura muito simples;


•não possuem núcleo individualizado, o material genético encontra-se disperso
no citoplasma, constituindo o nucleóide;
•apresentam um número muito reduzido de organitos celulares;
•as bactérias e as cianobactérias apresentam este nível estrutural celular.

Células eucarióticas:

• organização estrutural complexa;


• possuem núcleo individualizado, delimitado por um invólucro nuclear;
• apresentam um conjunto de organitos celulares;
• estão representadas em quase todos os grupos de seres vivos;
• existem dois tipos de células eucarióticas: as animais e as vegetais, que se
podem distinguir tendo como base a ausência/presença de determinados
organitos.
A célula eucariótica é um sistema complexo e organizado, os seus
constituintes básicos são:

• Membrana celular: limita exeteriormente o citoplasma, separando o meio


intracelular do meio extracelular, sendo responsável pela troca de susbtâncias
entre estes dois meios
• Núcleo: econtra-se delimitado por uma membrana com pores e tem como
função o controlo da atividade celular e o armazenamento da informação
genetica
• Mitocondrias: organelos que possuem uma membrana interna e estão
envolvidos em processos de obtenção de energia por parte da célula
( respiração aerobia ) e possuem DNA
• Váculos: organelos de tamanho variável, rodeado por uma membrana dupla
onde se encontram pigmentos envolvidos na fotossintese. Possuem DNA
• Parede celular: parede rigida que envolve as células vegetais e bacterianas
garantindo-lhes proteção e suporte
• Centriolos: aspecto cilindrico, constituido por microtúbulos e intervêm na
divisão celular
• Reticulo Endoplasmático: sistema de saculos e vesiculas, envolvido na
sintese de proteinas, lipidos e hormonas. Também intervêm no transporte de
proteinas e outras substâncias
• Aparelho ou Complexo de Golgi: conjunto de cisternas achtadas e de
vesiculas que intervêm em fenomenos de secreção e maturação. Formação
de lisossomas
• Lisossomas: estruturas esféricas, rodeadas por um membrana simples, que
contêm no seu interior enzimas, que intervêm na decomposição de moléculas
e estruturas celulares
• Ribossomas: pequenas estruturas, constituidos por duas porções, por vezes
associados ao reticulo endoplasmatic ( rugoso). São fundamentais para a
sintese de proteinas

Constituintes químicos dos seres vivos

A matéria viva é constituída por substâncias inorgânicas e por substâncias


orgânicas.

Substâncias inorgânicas:
• São compostos de origem mineral que provêm do meio físico externo.
• Incluem os sais minerais e a água.
Água
Caracteristicas:
– é vital para a vida na Terra, uma vez que é o constituinte básico de
todas as células;
– a molécula de água é uma molécula polar, o que facilita a sua ligação,
através de ligações hidrogénio, a outras moléculas.
- atua como reagente quimico em várias reações ( hidrolises, oxidações
e reduções),

Funções:
- Estrutural ( meio onde ocorrem todas as reações celulares);
- Transporte;
- Remoção de residuos ( urina );
- Regulação da temperatura ( suor )

Substâncias orgânicas:

•São compostos em que existe carbono ligado covalentemente com o


hidrogénio, podendo existir também outro tipo de átomos.
•Todos os seres vivos, logo as suas células, são constituídos por moléculas
orgânicas de grandes dimensões - macromoléculas.
•Existem quatro grandes grupos de macromoléculas nas células: os prótidos,
os glícidos ou hidratos de carbono, os lípidos e os ácidos nucleicos; estas
moléculas são polímeros, que são formados por conjuntos de unidades
básicas – os monómeros, unidos por ligações químicas.

Glícidos ou hidratos de carbono

São compostos orgânicos ternários, constituídos por C, O, H. Podem


considerar-se três grupos de glícidos: monossacarídeos, oligossacarídeos e
polissacarídeos.
Monossacarídeos:

•glícidos mais simples, não hidrolisáveis e redutores;


•são classificados segundo o número de átomos de carbono ( oses ), os mais
frequentes são as:

pentoses (5C) - ribose e desoxirribose


hexoses (6C) - glicose, frutose e galactose

Oligossacarídeos:

•resultam da ligação glicosídica de 2 a 10 monossacarídeos:


•dissacarídeos - ligação de dois monossacarídeos; por exemplo, a sacarose, a
maltose e a lactose.
•trissacarídeos - ligação de três monossacarídeos.
•oligossacarídeos - resultam da ligação entre quatro e dez monossacarídeos.
•são hidrolisáveis.

Polissacarídeos:

•resultam da ligação de um número superior a dez monossacarídeos.


•exemplo: celulose, amido e glicogénio.

Importância biológica dos glícidos:

•função energética( glicose);


•função estrutural ( celulose, quitina);
•função de eserva;
•crescimento.
Lípidos

Constituem um grupo de moléculas muito heterogéneas que apresentam uma


característica comum: fraca solubilidade em água e elevada solubilidade em
solventes orgânicos como o éter, benzeno e o clorofórmio.

Podem classificar-se em dois grupos: lípidos de reserva e lípidos estruturais.

Lípidos de reserva:

•componentes básicos são o glicerol e os ácidos gordos.

ácidos gordos:
•constituídos por uma cadeia linear de átomos de carbono, com um grupo
terminal carboxilo (COOH);
•podem ser insaturados, quando os carbonos estão ligados entre si por
ligações duplas, ou saturados, quando os carbonos estão ligados entre si por
ligações simples.

glicerol:
• álcool que contém três grupos hidroxilo (OH);
• liga-se aos ácidos gordos através de ligações éster, podendo formar
monoglicerídeos (um ácido gordo), diglicerídeos (dois ácidos gordos) e
triglicerídeos (três ácidos gordos).
Lípidos estruturais - fosfolípidos:

• são muito importantes porque são os constituintes mais abundantes das


membranas celulares;
• possuem um grupo fosfato;
• são moléculas anfipáticas, isto é, possuem uma zona hidrofílica polar,
constituída por moléculas de álcool, grupo fosfato e um radical, solúvel
em água; e uma zona hidrofóbica apolar, constituída por cadeias
hidrocarbonatadas de ácidos gordos, é insolúvel em água.

Importância biológica dos lípidos:

• reserva energética ( produção de calor );


• função estrutural ( fosfolipidos e colestrol da membrana celular);
• função protectora ( gordura subcutânea );
• função hormonal ( testosterona, progesterona );
• função vitamínica;
Prótidos

São compostos quaternários constituídos por C, H, O e N, em associação, por


vezes, com outros elementos como S, P, Mg, Fe, etc.

Importância biológica dos prótidos:

•função enzimática (enzimas);


•função estrutural ( proteinas da membrana celular);
•função de transporte ( hemoglobina);
•função motora ( proteina dos musculos);
•função hormonal (insulina);
•função imunologica ( anticorpos);
•reserva alimentar.

De acordo com a sua complexidade, os prótidos podem classificar-se em:


aminoácidos, péptidos e proteínas.

Aminoácidos:

•constituem as unidades estruturais dos péptidos e proteínas;


•possuem um grupo amina (NH2), um grupo carboxilo (COOH) e um átomo de
hidrogénio, ligados a um átomo de carbono, ao qual está ainda ligado a um
outro conjunto de átomos - radical – cuja natureza varia de aminoácido para
aminoácido.
Péptidos:

Resultam da ligação de dois (dipéptido), três (tripéptido), ou vários, às vezes


mais de cem (polipéptidos) aminoácidos através de ligações peptídicas. A ligação
peptídica estabelece-se entre o grupo carboxilo de um aminoácido e o grupo amina
de outro.

Proteínas:

• são macromoléculas constituídas por uma ou mais cadeias polipeptídicas que


apresentam uma conformação tridimensional definida.
• as proteínas podem ser simples, formadas apenas por aminoácidos ou
conjugadas quando contêm uma porção não proteica - grupo prostético.
• possuem vários níveis de organização: estrutura primária, estrutura
secundária, estrutura terciária, estrutura quaternária.
Ácidos nucleicos

São as biomoléculas mais importantes do controlo celular, uma vez que


possuem a informação genética.
Há dois tipos fundamentais de ácidos nucleicos: ácido desoxirribonucleico
(DNA) e o ácido ribonucleico (RNA), sendo ambos polímeros de nucleótidos.

Os nucleótidos são formados por:

•grupo fosfato, que lhes conferem características ácidas;


•bases azotadas: adenina (A), guanina(G)- bases púricas ou de anel duplo;
timina (T), citosina (C) e uracilo (U) - bases pirimídicas ou de anel simples.
•pentose: ribose no caso do RNA; desoxirribose no caso do DNA.

As principais diferenças entre o RNA e o DNA são a nível estrutural e de


composição.
Importância biológica dos ácidos nucleicos:

• O DNA é o suporte universal da informação hereditária, controlando a


atividade celular;
• DNA e RNA intervêm na síntese de proteínas.

Obtenção de matéria pelos seres heterotroficos

Os seres heterotroficos dependem, direta ou indiretamente dos seres


autotróficos pois não conseguem sintetizar o seu próprio alimento necessitando de
obter nutrientes que irão ser utilizados em várias reacções químicas a nível celular.
Para entender os mecanismos que garantem a obtenção de matéria a nível celular, é
necessário conhecer as estruturas responsáveis por tal fenómeno.

Ultra-estrutura da membrana plasmática:

A célula é um sistema biológico complexo e organizado, que se encontra


delimitado do meio externo pela membrana plasmática.

A membrana plasmática apresenta várias funções:

• mantém a integridade da célula;


• constitui uma barreira selectiva, através da qual se fazem as trocas de
substâncias e energia entre a célula e o meio exterior;
• delimita a fronteira entre o meio intracelular e o meio extracelular;
• detecta alterações externas, reconhece substâncias e recebe informações
através de receptores da membrana.

As membranas são constituídas, essencialmente, por lípidos e proteínas


podendo conter glícidos.

Lípidos:

• fosfolípidos: são lípidos complexos que contêm um grupo fosfato, são


moléculas anfipáticas;
• colesterol: lípidos complexos pertencente ao grupo dos esteróides;
• glicolípidos: glícidos associados a lípidos, também são moléculas anfipáticas.
Actualmente, o modelo mais aceite é o Modelo de mosaico fluido. Segundo
este modelo, a membrana é uma estrutura dinâmica, fluida, basicamente constituída
por uma bicamada de fosfolípidos e por dois tipos de proteínas específicas: as
proteínas intrínsecas, e as proteínas extrínsecas. Na face externa da membrana
encontram-se ligados, quer à cabeça hidrofílica dos lípidos quer às proteínas,
hidratos de carbono (glicolípidos e glicoproteínas) que se pensa terem um papel
importante no reconhecimento de substâncias.

Bicamada de fosfolípidos:

• papel essencialmente estrutural;


• as cabeças polares dos fosfolípidos ocupam as duas superfícies intra e
extracelular e as caudas hidrofóbicas situam-se viradas umas para as outras;
• os lípidos da bicamada têm mobilidade mudando de posição com frequência
dentro de uma camada – movimentos laterais, ou saltando de uma camada
para a outra - movimentos em flip-flop.
Proteínas:

• intrínsecas: total ou parcialmente embebidas na bicamada lipídica.


• extrínsecas: encontram-se ligados à superfície da membrana.
• as proteínas constituintes da membrana plasmática, além de terem uma
função estrutural, podem também funcionar como enzimas, proteínas
transportadoras de substâncias, proteínas receptoras de sinais do meio
externo. As proteínas também podem ter mobilidade lateral.

Movimentos através da membrana

A membrana plasmática tem permeabilidade selectiva, uma vez que apresenta


maior permeabilidade para umas substâncias do que para outras.

A passagem de substâncias através da membrana pode ocorrer através de


vários mecanismos:

Transporte não mediado:

• a passagem de substâncias ocorre sem a intervenção de moléculas


transportadoras;
• inclui os processos de osmose e difusão simples.

Transporte mediado:

• a passagem de substâncias é assegurada por proteínas membranares


transportadoras;
• inclui os processos de difusão facilitada e transporte activo.
Osmose:

• Difusão de água, através da membrana plasmática, do meio com menor


concentração (hipotónico) em soluto, para o meio com maior
concentração (hipertónico);
• é a favor do gradiente de concentração, não implica gasto de energia
( ATP) - transporte passivo;
• habitualmente, as células encontram-se num meio isotónico e a
concentração do meio extracelular é idêntica à do meio intracelular,
havendo equilíbrio entre o fluxo de entrada e saída de água;
• quando uma célula é mergulhada num meio hipotónico, a água desloca-
se para o meio intracelular, provocando um aumento de volume - a
célula fica túrgida;
• se a célula estiver mergulhada num meio hipertónico, a água desloca-se
para o meio extracelular ficando a célula plasmolisada;

Consoante se trata de uma célula animal ou vegetal, o comportamento celular


em função da concentração do meio apresenta diferenças, devido, principalmente, à
presença de parede celular nas células vegetais.
Numa situação de osmose, a partir do momento em que a água se começa a
movimentar, a velocidade osmótica vai diminuindo. No inicio como a diferença de
concentração é máxima a velocidade osmótica também é máxima, porém á medida
que as concentrações começam a ser mais próximas a velocidade diminui até que
se igualam e os meios se tormas isotónicos.

Difusão simples:

• deslocação de substâncias, como, por exemplo, gases, moléculas


lipossolúveis e pequenas moléculas sem carga, do meio onde a sua
concentração é mais elevada para onde a sua concentração é mais baixa( isto
é, a favor do gradiente de concentração);
• não há gasto de energia (ATP) - transporte passivo.

Difusão facilitada:

• deslocação de substâncias, como moléculas polares, moléculas de grandes


dimensões, glicose e aminoácidos a favor do gradiente de concentração;
• não há gasto de ATP - transporte passivo;
• intervêm proteínas transportadoras - permeases, que possuem locais
específicos a que se ligam as moléculas ou iões a transportar.
Processo de difusão facilitada efetua-se em três etapas:

1. ligação da molécula a transportar a permease;


2. alteração da permease, que permite a passagem da molécula através da
membrana e a sua separação da permease;
3. regresso da permease á sua forma inicial;

Transporte ativo:

• transporte de substâncias, como glicose, aminoácidos, iões, contra o


gradiente de concentração, através de proteínas transportadoras específicas;
• Implica gasto de energia ( ATP) ( ex: adenina trifosfato );
• Contra o gradiente ( isto é de um meio menos concentrado para um meio mais
concentrado );
• Transporte mediado

Um exemplo de transporte ativo é a bomba de sódio e potassio

Processo da bomba de sódio e potassio:


1. 3 iões de Na+ e 1 ATP ligam-se á ATPase ( a bomba encontra-se voltada para
o meio intracelular que é onde se encontra os Na+);
2. O ADP é libertado, provocando uma alteração conformacional na ATPase ( ou
seja a bomba muda de forma transportando os três iões de sódio ao longo da
membana );
3. 3 iões de Na+ são libertados, enquanto que 2 iões de K+ se ligam á ATPase
( aqui a bomba encontra-se voltada para o meio extracelular onde são
libertados os iões sódio);
4. O Pi ( grupo fosfato ) é libertado provocando uma alteração conformacional na
ATPase ( ou seja a bomba muda de forma transportando os três iões de
potássio ao longo da membana );
5. 2 iões K+ são libertados ( aqui a bomba encontra-se voltada para o meio
extracelular onde são libertados os iões potássio )

Transporte de particulas – endocitose e exocitose

Exocitose:

• transporte para o exterior da célula de produtos de excreção ou


produtos de secreção úteis ao organismo;
• implica a formação de uma vesícula secretora que se funde com a
membrana celular;
• É fundamental para a célula se livrar de residuos da digestão
intrecelular.
Endocitose:

• transporte para o interior da celula através da inclusão de


macromoléculas ou de agregados moleculares por invaginação da
membrana plasmática, formando-se uma vesícula endocítica;

Existem vários tipos de endocitose:

Fagocitose:

• a membrana plasmática engloba partículas de maiores dimensões,


através da emissão de prolongamentos de membrana denominados
pseudópodes, formando uma vesicula fagocitica que se destaca da
membrana para o interior do citoplasma.
• As vesiculas formadas fundem-se com lisossomas ( vesiculas que
contêm enzimas digestivas ), dando origem a vacúolos digestivos,
onde se dá a digestão das substancias fagocitadas
Pinocitose:

• constitui um processo semelhante á fagocitose no qual as


substâncias que entram na célula são substâncias dissolvidas ou
fluidos, pelo que as vesiculas são de menores dimensões;

Endocitose mediada por recetores:

• as macromoléculas são reconhecidas por recetores da membrana,


ligando-se a eles e formando uma vesícula endocítica.

Ingestão, digestão e absorção

O processamento dos alimentos de forma a serem aproveitados a nível celular


implica uma série de processos sequenciais: a ingestão, a digestão e a absorção.
Ingestão: consiste na introdução dos alimentos no organismo.

Digestão: processo através do qual moléculas complexas dos alimentos são


desdobradas com o auxílio de enzimas em moléculas mais simples, que podem ser
absorvidas.

Absorção: processo de passagem das substâncias resultantes da digestão


para o meio interno.

A digestão pode ser extracelular, quando ocorre em cavidades digestivas ou


em órgãos especializados; ou pode ser intracelular, quando a digestão ocorre no
interior de células.

Digestão intracelular – Importância do sistema endomembranar

A digestão intracelular é típica dos seres heterotróficos unicelulares. Implica


uma relação funcional entre um conjunto de organelos do qual fazem parte o retículo
endoplasmático (RE), o complexo de Golgi e os lisossomas.

A membrana plasmática encontra-se em contacto com o complexo de Golgi, o


reticulo endoplasmático e a membrana do involucro nuclear formando sistemas de
membranas demoninado sistema endomembranar.

Reticulo endoplasmático:

• grande parte da superficie membranar interna das células é constituida


por uma extensa rede de membranas que se distribui por todo o
citoplasma e se denomina reticulo endoplasmático;
• Existem dois tipos de RE:
– o reticulo endoplasmático rugoso, que possui ribossomas
ligados á face externa das suas membranas que lhe confere um
aspeto rugoso e tem como função a sintese de proteinas;
- o reticulo endoplasmático liso, que não possui ribossomas
apresentando um aspeto liso e tem como função a sintese de
fosfolipidos e elaboração de novas membranas
- ao nível do RE são sintetizadas proteínas enzimáticas, que são
incorporadas em vesículas e posteriormente transportadas para o
complexo de Golgi
Complexo de Golgi:

• é o conjunto de todos os dictossomas de uma célula. Os dictossomas


têm uma face convexa ( face de formação ) e uma face côncava ( face
de maturação ) onde se formam vesiculas;
• no complexo de Golgi as proteínas sofrem transformações e acabam
por ser transferidas para vesículas que se destacam do complexo de
Golgi dando origem aos lisossomas.

Lisossomas:

• são pequenas vesiculas, delimitadas por uma membrana e que contêm


vários tipodes de enzimas principalmente hidrolases;
• estes são formados no complexo de Golgi e estão munidos de enzimas
hidrolíticas e quando se unem a vesículas de endocitose formam um
vacúolo digestivo, onde se dá a decomposição/digestão de moléculas
complexas em moléculas mais simples, sendo denominado este
processo por heterofagia;
• os lisossomas também participam na digestão dos próprios organelos
celulares formando-se para tal vesiculas autofágicos. Neste caso fala-se
em autofagia, este processo permite uma renovação da célula
Digestão extracelular:

• A digestão pode ser extracorporal quando ocorre em cavidades


digestivas que fazem parte no meio externo. Nestas cavidades são
lançados sucos digestivos que contêm enzimas digestivas que atuam
sobre os alimentos tranformando-os em substâncias mais simples
capaz de serem absorvidas; ou intracorporal quando ocorre no interior
do organismo.
• A digestão extracelular intracorporal confere aos organismos uma
vantagem evolutiva, uma vez que estes podem ingerir uma maior
quantidade de alimento, que é armazenada e vai sendo digerida
durante um período de tempo, mais ou menos longo.

Nos animais, o tubo digestivo pode apresentar diferentes graus de


complexidade:

Tubo digestivo incompleto/ Digestão num tubo digestivo incompleto:

• Os organismos mais simples, como a hidra e a planária, possuem uma


cavidade digestiva - cavidade gastrovascular, com uma única abertura,
que funciona simultaneamente como boca e ânus. As partículas
alimentares são semidigeridas na cavidade gastrovascular devido á
ação de enzimas que são por ai libertadas pelas células granulares,
sendo depois fagocitadas por células da parede gastrovascular
originando vacuolos digestivos ( digestão intracelular ). Os nutrientes
resultantes da digestão difundem-se destes vacúolos para o citoplasma
da célula e para outras células do corpo. As particulas não absorvidas e
as que são libertadas pela célula por exocitose são expulsas da
cavidade gastrovascular devido ás contrações das paredes do corpo do
animal. Portanto, nestes animais coexistem os dois tipos de digestão: a
digestão extracelular seguida da digestão intracelular.
Tubo digestivo completo:

• os animais mais evoluídos possuem um tubo digestivo com duas


aberturas - boca e o ânus -, apresentando também um número cada vez
maior de órgãos e uma maior especialização destes; esta adaptação
evolutiva permite uma digestão e absorção sequenciais ao longo do
tubo digestivo, havendo por isso um aproveitamento muito mais eficaz
dos alimentos.

Digestão num tubo digestivo completo:

• A minhoca apresenta um sistema digestivo diferenciado em várias


regiões especializadas.
• os alimentos entram pela boca, após terem sido sugados pela faringe,
deslocando-se ao longo do esófago até ao papo, onde são
armazenados.
• depois, vão para a moela, onde são digeridos mecanicamente
( triturados ). A digestão química dá-se a nível do intestino. por ação de
enzimas hidroliticas.
• De seguida a absorção é eficiente porque existe uma prega - tiflosole,
que aumenta a superfície interna.
• os resíduos alimentares são excretados através do ânus.

Os Vertebrados possuem também um tubo digestivo completo, com duas


glândulas digestivas ligadas ao intestino (pâncreas e fígado), podendo possuir ainda
outras glândulas, como as salivares. A constituição e o funcionamento do sistema
digestivo dos Vertebrados são semelhantes em todas as classes, apresentando
algumas variações relacionadas com o regime alimentar.

Digestão extracelular no Homem:

• No Homem, a digestão extracelular inicia-se na boca, logo após a


ingestão do alimento que é trituradopor mastigação e sofre a ação da
enzima amilase. O bolo alimentar assim formado é deglutido passando
através do esófago, para o estomago;
• No estomago a ação conjunta do ácido cloridrico , das enzimas e dos
movimentos peristálticos continua a digestão dos alimentos originando o
quimo que passa para o duodeno. Ao duodeno chegam ainda a bilis e o
suco pancreático;
• A bilis nos lipidos provoca a sua separação em porções pequenas
facilitando a sua digestão, o suco pancreático possui varias enzimas
que atuam sobre o quimo transformando-o em quilo;
• As moléculas simples, resultantes da digestão são então absorvidas.
Esta absorção é eficiente devido á enorme superficie intestinal que
resulta do grande comprimento do intestino e da existência de
vilosidades intestinais;
• Uma vez absorvidos, os nutrientes terão que ser transportados para
todas as células do organismo, através da corrente sanguínea e
linfática;
• Os residuos dos alimentos não absorvidos continuam o seu trajeto até
ao intestino grosso, formando-se assim as fezes, que são expulsas pelo
anús.

Obtenção de matéria pelos seres autotroficos

Os seres autotróficos produzem matéria orgânica a partir de compostos


minerais.

A autotrofia pode envolver dois processos:

•Fotossíntese - realizada por organismos fotossintéticos, que utilizam a


energia luminosa;
•Quimiossíntese- realizada pelos organismos quimiossintéticos, que utilizam
energia química resultante de reacções de oxidação de substâncias
inorgânicas ( substâncias minerais ).
Fotossíntese:

Processo a partir do qual os organismos fotossintéticos convertem a matéria


mineral em matéria orgânica, utilizando energia luminosa. Realizada por plantas,
algas, bactérias e cianobactérias.

A equação geral da fotossíntese traduz-se por:

6 CO2+ 12 H2O ---- Luz e clorofila ----------> C6H12O6+ 6 O2+ 6 H2O

A água, o dióxido de carbono e a luz são fornecidos pelo ambiente, enquanto


as clorofilas e outras moléculas implicadas no processo são sintetizadas pelas
plantas.

Onde se encontram os pigmentos fotossintéticos ?

Cloroplasto:

• Dupla membrana de constituição idêntica á da membrana celular;


• A membrana interior invagina-se para o interior originando vesiculas
achatadas – lamelas e tilacoides – é na membrana dos tilacoides que se
encontram os pigmentos;
• As clorofilas- pigmentos fotossintéticos que captam a energia luminosa do Sol,
encontram-se nas membranas dos tilacoides dos cloroplastos;
• Conjunto de tilacoides empilhados originam um Granum;
• Conjunto de ganum/s denomina-se Grana;
• Os intergrana são as lamelas que unem os grana;
• Ligações entre dois Granums denomina-se Tilacoide intergranar ou membrana
intergranar;
• Estroma: matriz que envolve os tilacoides onde podem existir particulas de
amido;
• É na membrana de cada tilocoide que se dá a fotossintese;
• Espaço vazio entre tilacoides designa-se Lumen;
• Possui algum DNA.
Como captam os pigmenos fotossintéticos a energia luminosa ?

Os principais pigmentos fotossintéticos são as clorofilas (a,b,c e d), mas


existem, também, os carotenoides e as ficobilinas. Os diferentes pigmentos
fotossintéticos, como têm estruturas diferentes, completam-se na captação de
radiações com diferente comprimento de onda. As radiações mais eficientes para a
fotossíntese são as absorvidas pelos pigmentos nas faixas vermelho-alaranjada e
azul-violeta.
A fotossíntese compreende duas fases sucessivas:

• fase fotoquímica - dependente da luz;


• fase química - não dependente da luz;

Fase fotoquímica/ clara – ocorre na membrana do tilacoide :

1. A clorofila capta energia luminosa, fazendo com que esta fique oxidada
e por isso perde eletrões, passando consequentemente a reduzida.
Com isto ela fica instável e graças á rutura da molécula da água
( hidrólise ), esta ganha eletrões e protões fazendo-a ficas estável;
2. De seguida os eletrões cedidos vão passar por uma cadeia
transportadora, onde vai ocorrer a fosforilação do ADP, tornando-se em
ATP;
3. Em outro fotossistema, outra corolofila vai captar energia luminosa
fazendo com que fique oxidada e perca eletrões. Com isto ela fica
instável e graças aos eletrões vindos da cadeia transportadora volta a
ficar estável. O NADP que está oxidado vai receber eletrões passando a
NADPH reduzido.
Fase química/ escura/ Ciclo de calvin – ocorreno estroma:

1. Uma pentose ( ribulose-difosfato ) ( 5 carbonos e 2 fosfatos ) une-se


com CO2, formando um composto intermédio ( 6 carbonos e 2 fosfatos )
instável, que se separa em dois compostos com 3 carbonos e 1 fostato;
2. O composto com 3 carbonos e 1 fosfato vai ser fosforilizado, passando
o ATP a ADP e por isso doando um fosfato, formando o ácido
fosfoglicérico ( 3 carbonos e 2 fosfatos );
3. O ácido fosfoglicérico vai ser reduzido pelo NADPH, passando a
NADP+, cedendo um fosfato e formando o aldeido fosfoglicérico ( 3
carbonos e 1 fosfato );
4. No final de 12 PGAL, 2 são armazenados, sendo que os restantes vão
ser utilizados na regeneração do RUDP.
Quimiossíntese:

• Processo através do qual os organismos quimiossintéticos produzem


compostos orgânicos através de matéria mineral utilizando energia
química, diferindo portanto da fotossíntese quanto à origem primária da
energia necessária à formação de substâncias orgânicas;

Organismos quimiossintéticos: bactérias nitrificantes, bactérias ferrosas,


bactérias sulfurosas.

É possível distinguir duas fases no processo quimiossintético:

1. Formação de ATP's e NADPH's :

• Como na quimiossintese não é utilizada a energia luminosa


como fonte de protões e eletrões, então é utilizada a oxidação
de compostos minerais que libertam eletrões e protões que
vão ser transportados ao longo de uma cadeia, ocorrendo
fosforilação de ATP e redução de NADP

2. Ciclo de Calvin
O transporte nas plantas

Nos organismos complexos, como as plantas e os animais, a maioria das


células está bastante afastada das superfícies através das quais se estabelecem as
trocas com o meio exterior. Assim sendo, são necessários sistemas especializados
de transporte que apresentam diferentes graus de complexidade.

Translocação: movimento de água e solutos no interior da planta através dos


tecidos condutores

As plantas mais simples, não possuem sistemas de transporte; assim, o


movimento da água efetua-se por osmose e as substâncias dissolvidas movem-se
por difusão de célula a célula. Estas plantas designam-se de plantas avasculares.

As plantas que possuem sistemas de transporte especializados na condução


e distribuição das substâncias designam-se plantas vasculares.

Nas plantas vasculares existem dois tipos de tecidos de transporte: o xilema e


o floema, que estão localizados em todos os órgãos das plantas.

Xilema:
• também designado por lenho ou tecido traqueano;
• especializado na condução de água e sais minerais desde a raiz até aos
restantes órgãos das plantas;
• transporta a seiva xilémica ou seiva bruta ( água e sais minerais ).

Constituído por três tipo de células:

• Elementos condutores que são formados por elementos de vaso e


traqueídos: são células mortas com espessamentos nas paredes
laterais de lenhina, o que lhes confere rigidez. A sua principal função é
a condução de água e sais minerais. Os elementos de vaso
distinguem-se dos traqueídos, por possuírem perfurações.
• Fibras lenhosas: são células mortas muito longas e com paredes
espessas devido á deposição de lenhina. Têm função de suporte.
• Parênquima lenhoso: constituído por células vivas de paredes
celulares finas. Têm função de reserva.
Floema:
• também designado por líber ou tecido crivoso;
• especializado no transporte de água e de substâncias orgânicas,
resultantes da fotossíntese, desde as folhas até aos outros órgãos das
plantas;
• transporta a seiva floémica ou seiva elaborada ( água e substâncias
orgânicas ).

Constituído por quatro tipos de células:

• Células dos tubos crivosos: células vivas muito especializadas; estas


células ligam-se entre si topo a topo, e as paredes transversais, com
orifícios, constituem as placas crivosas. A principal função é a condução
de água e substâncias orgânicas.
• Células de companhia: células vivas que se situam perto das células
dos tubos crivosos, com as quais estabelecem ligações citoplasmáticas.
• Fibras: constituídas por células mortas com paredes espessas. A sua
principal função é a de suporte.
• Parênquima: constituído por células vivas de paredes finas pouco
diferenciadas. A sua função é de reserva.

É possível distinguir os diferentes órgãos das plantas pela disposição dos


tecidos condutores. O conjunto de células dos tecidos condutores denominam-se
feixes condutores.
Em cortes transversais de folhas, é possível distinguir uma região delimitada
pelas duas epidermes (superior e inferior), onde se situam os tecidos condutores e
tecido clorofilino, o mesófilo.

A epiderme da folha possui estomas, que são constituídos por duas células
labiais ou células guarda, que delimitam uma abertura chamada ostíolo, que
contacta com a câmara estomática.
Pelos estomas ocorrem as trocas indispensáveis à realização da fotossíntese
e a evaporação de grandes quantidades de água, que se designa transpiração.

Como se dá a abertura dos estomas ?


1. Os iões entram para as células-guarda por transporte ativo
2. A água das células circundantes entra para as células-guarda por
osmose
3. As células guarda ficam turgidas devido ao aumento de volume, e a
água exerce pressão sobre a parede celular ( pressão de turgência )
4. A região deslgada
i da parede das células-guarda, distende-se mais do
que a zona mais espessa o que provoca a abertura do ostiolo
Absorção de água e solutos – Absorção radicular

As plantas fazem a absorção de água e iões minerais, necessários para as


várias atividades das células, através do seu sistema radicular que apresenta pelos
radiculares, que são extensões das células epidérmicas que aumentam a área de
absorção.
A água desloca-se por osmose do solo para a raiz da planta. Relativamente
aos iões minerais, o tipo de transporte depende da sua concentração na solução do
solo, podendo ser por difusão simples (a favor do gradiente de concentração) ou por
transporte ativo (contra o gradiente de concentração).

Niveis de transporte

Transporte a curtas distâncias/ Transporte no xilema


A deslocação de água e sais minerais da epiderme da raiz ao xilema faz-se
por duas vias:
• Via simplasto ou intracelular: movimento através dos citoplasmas das
células, segundo um continuo estabelecido ao longo das
plasmodesmas.
• Via apoplasto ou extracelular: movimento através da matriz formada
pelas paredes celulares e pelos espaços intercelulares. Esta via coloca
menor resistência á deslocação de soluções
A seiva xilémica é constituída por água e iões minerais e o seu pH é ácido.

O transporte de seiva xilémica ao longo do xilema é um processo muito


rápido. A água movimentada através do xilema corresponde à água absorvida na
raiz, sendo grande parte dela perdida através da transpiração.

O transporte no xilema pode ser explicado por duas teorias: teoria da pressão
radicular e a teoria da tensão-coesão-adesão.

Teoria da pressão radicular:

• Devido á necessidade de haver uma manutenção do gradiente de


concentração entre o solo e a raiz é provocada um pressão osmótica
que força a entrada pela raiz, isto porque a raiz está hipertónica
relativamente ao solo, pois contém sais que entram por transporte ativo.
Devido ao meio estar hipertónico vai haver entrada de água por
osmose, que vai provocar uma acumulação de água no tecido que vai
provocar uma pressão, forçando-a a subir no xilema por capilaridade.

O efeito da pressão radicular pode ser observado em dois fenómenos


naturais: a exsudação e a gutação.

Exsudação: saída de seiva xilémica que se verifica em zonas de corte de


caules de certas plantas;
Gutação:libertação de seiva xilémica sob a forma líquida que ocorre ao nível
das folhas

Esta teoria apresenta algumas incongruências:


• a pressão radicular medida em diversas plantas não é suficiente para
explicar a ascensão de água até ao topo de certas árvores;
• determinadas árvores não apresentam pressão radicular;
• na maioria das árvores não são detetados fenómenos de exsudação e
gutação.

Teoria da tensão-coesão-adesão:
• Devido á transpiração pelos estomas vai haver uma perda de água e
consequentemente um aumento da concentração nas células do
mesófilo. Devido ao défice de água, as células do mesófilo encontram-
se em relação ao xilema hipertónicas, criando uma pressão negativa
que se chama tensão, levando ao aparecimento de novas moléculas de
água nas células que por forças de coesão se mantêm ligadas umas as
outras e por forças de adesão aderem ás paredes do xilema. A
ascenção da água cria um défice de água nas raizes fazendo com que
aumente a absorção da água e quanto maior for a transpiração mais
rápida é a ascenção.
Controlo da transpiração

Os estomas podem controlar a quantidade de água perdida por transpiração,


através da sua abertura ou fecho.

O fecho e abertura dos estomas dependem das alterações de turgescência


das células-guarda:
• se as células-guarda estão túrgidas, o estoma abre;
• se as células-guarda estão plasmolisadas, o estoma fecha;
• Se a luz aumenta , o estoma abre;
• se o pH diminui, o estoma fecha.

Transporte no floema

No caso do fluido floémico, e como não é possivel o estudo directo, utilizam-se


estudos indirectos, tais como :
• a aplicação de materiais radioactivos na raiz das folhas;
• o uso de afideos ( insectos que se alimentam do fluido floémico);
• a remoção do anel de malpigi desde a casca até ao cilindro
central.

O modelo mais aceite para explicar este transporte designa-se por Hipotese
do fluxo de massa.
Hipotese do fluxo de massa:
• A glicose é convertida em sacarose e esta passa para o floema por
transporte ativo. Por causa da sacarose há um aumento da
concentração nos tubos crivosos levando á entrada de água vindo do
xilema por osmose ficando as células turgidas. Esta pressão de
turgência faz com que a solução atravesse as placas crivosas. A
sacarose é retirada do floema por transporte ativo para locais de
consumo ou reserva. Por fim há um aumento da concentração de
sacarose nas células envolventes provocando a saida de água e
diminuindo a pressão de turgência.

Esta hipótese apresenta, no entanto, alguns aspetos que não consegue


explicar:

•a existência de um fluxo ascendente e outro descendente, simultaneamente


no mesmo tubo crivoso, em determinadas alturas do ano;
•a baixa pressão no tubo crivoso se comparada com a pressão necessária
para a seiva floémica conseguir ultrapassar os poros das placas crivosas.

O transporte nos animais

Nos animais mais simples, não existe um sistema de transporte especializado.


As trocas de substâncias realizam-se por difusão simples.
Nos animais mais complexos, existe um sistema de transporte especializado -
sistema circulatório, que é constituído por:

• fluido circulante como, por exemplo, sangue e hemolinfa;


• conjunto de vasos ou lacunas por onde o fluido circula;
• órgão propulsor do sangue, geralmente o coração.

Existem dois grupos de sistemas de transporte nos animais: sistema de


transporte aberto e sistema de transporte fechado.

Sistema de transporte aberto:

•O fluido circulante, neste caso a hemolinfa, abandona os vasos


sanguíneos e passa para lacunas, banhando directamente as células.
•Este sistema é constituído por um vaso dorsal e por um coração tubular
em posição dorsal, que possui válvulas internas e orifícios laterais – os
ostíolos.
•A hemolinfa, que circula nas lacunas, entra no coração através dos
ostíolos. Os ostíolos fecham, o coração contrai e a hemolinfa é
impulsionada para a aorta dorsal, passando desta para as lacunas. O
vaso dorsal relaxa, os ostíolos abrem e a hemolinfa entra para o coração.
Sistema de transporte fechado:

•O sangue circula sempre no interior de vasos sanguíneos.


•Um ou mais corações bombeiam o sangue para grandes artérias, que se
ramificam.
•Permite uma mais rápida e eficaz reposição e substituição de materiais.
•O sistema circulatório da minhoca é constituído por dois vasos – um
dorsal e um ventral, que estão ligados por vasos laterais, que se
ramificam constituindo uma rede de capilares. O vaso dorsal funciona
como um coração e existem ainda cinco corações laterais que
impulsionam o sangue do vaso dorsal para o vaso ventral.

O sistema fechado pode estar organizado de forma que a circulação seja


simples ou dupla.

Circulação simples: O sangue percorre um trajecto único, passando uma só vez no


coração.

Circulação dupla: O sangue percorre dois circuitos de circulação sanguínea:


• um do coração para os pulmões e de novo para o coração - circulação
pulmonar ou pequena circulação;
• outro do coração para todo o corpo e de novo para o coração -
circulação sistémica ou grande circulação.
A circulação dupla pode ser incompleta ou completa.

Circulação dupla incompleta:


• Ocorre uma mistura parcial de sangue venoso e arterial no ventrículo.
• Coração com três cavidades - duas aurículas e um ventrículo.

Circulação dupla completa:


• Não ocorre uma mistura de sangue venoso e arterial.
• Coração com quatro cavidades - duas aurículas e dois ventrículos.

Transporte nos Vertebrados:

Todos os vertebrados possuem um sistema circulatório fechado, que é


constituído por:

•um coração em posição ventral, dividido em cavidades;


•uma rede de vasos sanguíneos por onde circula o sangue:
•artérias e arteríolas, que transportam o sangue para fora do coração;
•capilares, que efectuam as trocas de substâncias com as células;
•veias e vénulas, que transportam o sangue para o coração.

As artérias possuem uma parede espessa e elástica que permite o transporte


de sangue a grande pressão; as veias apresentam uma parede mais fina e possuem
válvulas que impedem o recuo do sangue; e os capilares são formados apenas por
uma camada de células.

Peixes:
• Circulação simples.
• Coração com duas cavidades (uma aurícula e um ventrículo), onde
circula apenas sangue venoso no coração
• O sangue venose entra na auricula através de uma pequena dilatação
( seio venoso). A auricula contrai-se e o sangue impele para o
ventriculo. Por sua vez o ventriculo contrai e impulsiona o sangue para
fora do coração até atingit as brânquias. Nas branquias efetuam-se
trocas gasosas, sendo o sangue recolhido na artéria aorta que se
ramifica, conduzindo o sangue por todo o corpo.
Anfíbios:

•Circulação dupla incompleta.


•Coração com três cavidades (um ventrículo e duas aurículas), no qual pode
ocorrer mistura de sangue venoso com sangue arterial.
•A mistura completa do sangue não ocorre devido à não simultaneidade da
contração das duas aurículas.

Circulação pulmonar:
• Começa no ventriculo. O sangue passa do ventriculo para a artéria
pulmunar, até chegar aos pulmões. Nos pulmões o sangue é
oxigenado tranformando-se em sangue arterial. Volta para a auricula
esquerda pelas veias pulmonares

Circulação sistémica:
• Começa no ventriculo. Do ventriculo o sangue é bombeado para os
diferentes orgãos. Nos tecidos desses orgão o sangue passa de arterial
a venoso. No fim regressa as veias que terminam no seio venoso,
dando entrada na auricula direita
Répteis:

• Circulação dupla incompleta.


• Coração com três cavidades (duas aurículas e um ventrículo), no
entanto, já apresenta um septo interventricular incompleto. O coração
dos crocodilos apresenta quatro cavidades.
• A mistura de sangue venoso com o arterial é mínima, devido à anatomia
do coração e à não simultaneidade na contracção dos dois lados do
ventrículo.
Aves e mamíferos:

•Circulação dupla completa.


•Coração com quatro cavidades (duas aurículas e dois ventrículos), o que
impede a mistura do sangue venoso com o sangue arterial.
•A função do coração é gerar pressão para impulsionar o sangue através dos
vasos; o coração apresenta válvulas que impedem o retrocesso do sangue.

O coração executa um ciclo cardíaco, que consiste num período de


relaxamento denominado diástole, durante o qual o coração se encha de sangue, e
um período de contracção denominado sístole, que pode ser das aurículas – sístole
auricular, ou dos ventrículos - sístole ventricular.

Ciclo cardiaco:
1. Relaxamento das auriculas para a entrada de sangue
2. Contração das auriculas para a condução de sangue para cada um
dos ventriculos, sendo que a metade direita do coração é
atravessada com sangue venoso e a esquerda com sangue arterial

Circulação pulmonar:
3. Devido á contração do ventriculo direito o sangue é impulsionado para
os pulões através da artéria pulmonar;
4. Nos pulmões o sangue, neste caso venoso, percorre arteriolas e
capilares pulmonares onde ocorrem trocas gasosas e onde tornam o
sangue rico em oxigénio, passando a sangue arterial;
5. O sangue agora arterial pelas veias pulmonares regressa á auricula
esquerda.

Circulação sistémica:
3. Devido á contração do ventriculo esquerdo o sangue é impulsionado
para a artéria aorta;
4. Da artéria aorta derivam varios ramos que se ramificam e levam o
sangue para os restantes orgãos;
5. Na passagem por esses orgãos fazem-se trocas de substâncias, onde
também é consumido o oxigénio, passando de sangue arterial a
venoso;
6. O sangue agora venoso, pelas veias cavas regressa á auricula direita
Fluidos circulantes

Nos animais com sistema circulatório aberto, existe apenas um tipo de fluido
circulante – a hemolinfa.
Nos Vertebrados, existem dois tipos de fluidos circulantes - o sangue e a linfa,
que fazem parte do meio interno.

O sangue é constituído por elementos figurados - hemácias, leucócitos e


plaquetas sanguíneas – e plasma. O sangue circula no sistema circulatório
sanguíneo.

A linfa circula no sistema circulatório linfático, que é formado por:

•vasos linfáticos, que transportam a linfa;


•órgãos linfoides, que têm um papel importante na defesa do organismo.

A linfa que é constituída, essencialmente, por plasma e por leucócitos e que


banha directamente as células designa-se linfa intersticial. Quando a linfa é
recolhida para dentro dos vasos linfáticos designa-se linfa circulante.

Os fluidos circulantes permitem o intercâmbio de substâncias entre as células


e o meio.
Através dos fluidos circulantes:
• as células recebem nutrientes e oxigénio e lançam para o exterior,
produtos resultantes do metabolismo;
• ocorre a distribuição de calor para diferentes zonas do corpo, como
forma de regular a temperatura corporal;
• dá-se a remoção do dioxido de carbono, resultante da respiração celular
• o transporte de substâncias de celulas e anticorpos do sistema
imunitário, responsáveis pela defesa do organismo

Obtenção de energia

A energia é necessária para inúmeros processos biológicos, como, por


exemplo, a troca de substâncias com o meio, o movimento e a manutenção da
própria organização celular.

O metabolismo celular é o conjunto de reacções químicas que se efectuam


nas células. Nestas reacções podem considerar-se dois processos: o anabolismo e
o catabolismo.

Anabolismo: entende-se por o conjunto de reacções onde ocorre a formação de


moléculas complexas a partir de moléculas simples.

Catabolismo: entende-se por o conjunto de reacções em que moléculas complexas


são degradadas em moléculas mais simples, ocorrendo libertação de energia.
Existem duas vias catabólicas responsáveis pela transferência de energia de
compostos orgânicos para moléculas de ATP: a fermentação e a respiração aeróbia,
consoante as condições sejam de anaerobias (ausência de oxigénio) e aerobias
(presença de oxigénio), respectivamente.

Fermentação:

A primeira etapa de designa-se glicólise

Glicólise – dá-se no citoplasma:

Fase de ativação:
1. Inicia-se com a ativação da molécula da glicose, por duas moléculas de
ATP que vão doar 2 fosfatos, passando a ADP ( fosforilação );
2. É formado um composto intermédio instável ( 6 carbonos e 2 fosfatos –
frutose-difosfato ), que se separa em dois compostos, designados por
Aldeidos fosfoglicéricos ( 3 carbonos e um fosfato );
Fase de rendimento:
3. O aldeido é oxidado pelo NAD o que vai fazer com que ele perca
elatrões e esses vão servir para reduzir o NAD+;
4. De seguida dá-se a desfosforilação do ADP em ATP, havendo perda do
fosfato, sendo assim criado o Ácido piruvico ( 3 carbonos ).
No final da glicólise restam:
• duas moléculas de ácido pirúvico;
• duas moléculas de NADH;
• duas moléculas de ATP (formam-se quatro, mas dois são gastos na
activação da glicose).

A segunda etapa da ferentação designa-se por redução do piruvato

Redução do piruvato:

O ácido pirúvico em condições de anaerobias é reduzido pelo NADH (formado


durante a glicólise) formando diferentes produtos, consoante o tipo de fermentação.
Os dois tipos mais frequentes de fermentação são a alcoólica e a láctica.

• Na fermentação alcoólica, o ácido pirúvico é descarboxilado (perde


CO2), originando aldeído acético. Este é reduzido pelo NADH, formando
álcool etílico.
• Na fermentação láctica, não se verifica a descarboxilação do ácido
pirúvico. Este é reduzido pelo NADH, formando ácido láctico.

Na fermentação não há uma degradação completa dos compostos orgânicos


e, consequentemente, o rendimento energético é reduzido (2 ATP). O álcool etílico e
o ácido láctico são moléculas ricas em energia.
Respiração aeróbia:

A respiração aeróbia processa-se em quatro etapas: a glicólise, a formação da


acetil-CoA, o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa e cadeia transportadora de
eletrões

Glicólise : ver a cima.

Formação de acetil-CoA – dá-se na matriz mitocondrial:


1. O ácido pirúvico proveniente da glicólise é descarboxilado e oxidade
( perda de CO2 e H+ );
2. A coenzima-A adere ao acetil, e o NAD é reduzido pelo H+ passadno a
NADH+, sendo assim formado a Acetil-coenzima-A.

Produtos finais (por molécula de glicose):


• duas moléculas de acetil-CoA;
• 2 NADH e H+;
• 2 CO2.
Ciclo de Krebs – dá-se na matriz mitocondrial
1. União entre a acetil-coenzima-A com o ácido oxaloacético e “ retirada “
da coenzima A, formando-se o ácido citrico ( 6 carbonos )
2. O ácido citrico é descarboxilado e oxidado pelo NAD, libertando um H
que vai reduzir o NAD passando a NADH+, ( formando um composto
com 5 carbonos );
3. O composto é descarboxilado e oxidade pelo NAD, libertando um H que
vai reduzir o NAD passando a NADH+ ( formando um composto com 4
carbonos );
4. Dá-se a fosforilação do ADP passando a ATP, e o composto é oxidado
pelo FAD, libertando dois H's que vão reduzir o FAD passando a
FADH2;
5. O composto é oxidado pelo NAD, livertando um H que vai reduzir o
NAD, passando a NADH+, formando-se assim de novo o ácido
oxaloacético.

Produtos finais (por molécula de glicose):


• 2 ATP;
• 6 NADH e H+;
• 2 FADH2
• 4 CO2.
Fosforilação oxidativa e cadeia transportadora de eletrões – dá-se nas
cristas da mitocôndria:
• cedência dos electrões do NADH e do FADH2 a uma cadeia
transportadora de electrões, ordenados de acordo com o seu potencial
• produção de ATP, por fosforilação oxidativa;
• formação de H2O por aceitação dos electrões e dos protões (iões de
hidrogénio), pelo oxigénio (último aceitador de electrões da cadeia
respiratória);

Produtos finais (por molécula de glicose):


• H2O;

• 32 ou 34 ATP;
• calor.
Na respiração aeróbia os compostos orgânicos são degradados até
compostos inorgânicos muito simples, H2O e CO2, o rendimento energético, é
portanto elevado.

A equação geral da respiração aeróbia traduz-se por:

C6H12O6 + 36Pi + 36ADP à 6 CO2 + 36ATP + 42 H2O

Trocas gasosas nas plantas

Nas plantas, as trocas gasosas com o exterior ocorrem, especialmente, ao


nível dos estomas.
O movimento de abertura e fecho dos estomas é condicionado por alterações
na turgescência das células estomáticas. A variação de turgescência destas células
depende de vários factores, como, por exemplo: concentração de iões, intensidade
luminosa, concentração de CO2 e pH.

Trocas gasosas nos animais

Nos animais, as trocas de gases com o meio externo realizam-se em


superfícies respiratórias. Estas dependem das características do organismo, assim
como do ambiente em que vive.
As trocas gasosas podem realizar-se através de uma difusão directa ou de
uma difusão indirecta:

•difusão directa: ocorre quando existe uma troca de gases directamente


entre o ar e o meio. Surge, por exemplo, nos insectos.
•difusão indirecta: ocorre quando as trocas se realizam entre as células e um
fluido circulante. É o caso da minhoca e dos vertebrados.

Na difusão indirecta, o intercâmbio de gases que se verifica nas superfícies


respiratórias designa-se hematose.

As superfícies respiratórias apresentam um conjunto de características


comuns, que facilitam a difusão:

• superfícies húmidas, o que possibilita a troca de gases;


• estruturas finas, geralmente formadas por uma única camada de
células;
• apresentam-se muito vascularizadas, no caso de difusão indirecta;
• possuem uma morfologia que permite uma grande área de contacto
entre o meio interno e o meio externo.

Os organismos apresentam diferentes superfícies respiratórias: tegumento,


brânquias, traqueia e pulmões.

Tegumento:
• as trocas gasosas ocorrem pela superfície de corpo;
• em animais simples, como a planária e a hidra, o intercâmbio de gases
respiratórios entre o organismo e o meio é realizado por difusão directa;
• em animais de maiores dimensões, como a minhoca, a difusão de
gases é indirecta.
Brânquias:
• são órgãos respiratórios especializados dos animais aquáticos,
formados a partir de evaginações da superfície do corpo;
• as brânquias são constituídas por arcos branquiais, onde se localizam
numerosos filamentos branquiais, nos quais se distinguem as lamelas
branquiais. No caso dos peixes ósseos, as brânquias estão protegidas
por um opérculo;
• a hematose branquial é um mecanismo de difusão indirecta, em que a
água e o sangue circulam em contracorrente. A água entra pela boca do
peixe, passa por entre as lamelas branquiais, cruzando-se em sentido
contrário com o sangue, que circula nos capilares sanguíneos; a água
sai, posteriormente, pelas fendas operculares;
• as brânquias são estruturas típicas de animais aquáticos, como, por
exemplo, peixes, moluscos e crustáceos.
Traqueias:
• são um conjunto de tubos ocos que atravessam internamente o corpo
do animal;
• o ar entra nas traqueias pelos espiráculos - aberturas na superfície
corporal do animal; as traqueias terminam em estreitos canais,
chamados traquíolas, que se encontram em contacto directo com as
células;
• as traqueias surgem nos insectos onde ocorre difusão directa entre o
epitélio das traquíolas e as células.

Pulmões:
• superfícies respiratórias internas muito vascularizadas, resultantes de
invaginações da superfície do corpo;
• a difusão de gases a nível pulmonar é indirecta;
• típicos dos vertebrados terrestres, que apresentam diferentes graus de
complexidade. Assim nos:

Anfíbios:
• pulmões em forma de saco, pouco desenvolvidos;
• também efectuam trocas gasosas através da pele.
Répteis:
• pulmões revelam um maior grau de complexidade relativamente aos
pulmões dos anfíbios.

Mamíferos:
• pulmões mais complexos formados por uma enorme rede de alvéolos,
dispostos em cacho à volta dos bronquíolos.
• a hematose pulmonar ocorre ao nível dos alvéolos, que estão rodeados
por vasos capilares sanguíneos, o que facilita e torna mais rápido o
intercâmbio de gases.

Aves:
• para além dos pulmões, possuem sacos aéreos localizados por todo o
corpo;
• os sacos aéreos, para além de constituírem reservatórios de ar, facilitam
o voo das aves, pois tornam-nas mais leves;
• a hematose pulmonar ocorre nos parabrônquios - são finos canais,
abertos nas duas extremidades que se localizam nos pulmões.
Regulação nos seres vivos

Todos os organismos interagem com o seu meio ambiente através de trocas


de matéria e energia, constituindo assim sistemas abertos.
As alterações que constantemente ocorrem no meio podem provocar
desequilíbrios no sistema que podem pôr em risco a sobrevivência do organismo. A
conservação do equilíbrio do sistema consegue-se através da atuação de
mecanismos de regulação.
A manutenção das condições do meio interno dentro de limites compatíveis
com a vida designa-se por homeostasia, que é coordenada pelo sistema nervoso e
pelo sistema hormonal.

Regulação nervosa e hormonal em animais

Sistema nervoso:

A unidade básica do sistema nervoso é o neurónio, que é constituído por:

• corpo celular: onde se localiza o núcleo e a maior parte do citoplasma;


• dendrites: prolongamentos citoplasmáticos curtos, que recebem e
conduzem os estímulos em direcção ao corpo celular;
• axónio: prolongamento citoplasmático longo cuja função é transmitir os
impulsos nervosos provenientes do corpo celular.
As dendrites e os axónios quando rodeados por bainhas envolventes
constituem as fibras nervosas. As fibras nervosas reunidas em feixes e envolvidas
por uma capa de tecido conjuntivo constituem os nervos.
A informação que circula ao longo dos neurónios designa-se por impulso
nervoso ou influxo nervoso. A transmissão do impulso nervoso é devida ao
movimento de iões positivos e iões negativos.
Na ausência de qualquer estímulo, a célula encontra-se carregada
negativamente na superfície interna da membrana e positivamente na superfície
externa da membrana encontrando-se em potencial de repouso.

Quando a polaridade da membrana é trocada, devido à passagem do impulso


nervoso, a célula passa a estar em potencial de acção.

Bomba de sódio e potássio no sistema nervoso:

• Os neurónios apresentam diferenças de concentrações de iões entre a


face interna e a face externa da sua membrana citoplasmática
• O fluido extracelular apreseta elevadas concentrações de Na+, mas
baixa concentração de K+
• No meio intracelular existe uma elevada concentração de K+, mas baixa
concentração de Na+
• A superficie interna da membrana apresenta carga eletrica negativa
enquanto que a face externa apresenta carga eletrica positiva
• Gera-se então uma diferença de potencial eletrico entre as duas faces
da membrana – potencial de membrana – que quando o neurónio não
estáa a transmitir impulsos é da ordem dos – 70 milivolts – potencial de
repouso
• O potencial de repouso deve-se á diferença de concentração de iões
Na+ e K+ dentro e fora da celula. Esta diferença mantém-se devido ao
funcionamento de bombas de sódio e potássio que bombeiam sódio
para o meio externo e potássio para o meio interno
• Como a bomba de sódio e potássio transporta 3 Na+ por cada 2 K+ , a
quantidade que sai da célula ( por transporte passivo ) supera a
quantidade de iões Na+ que entra na célula

Processo:
1. Quando o neurónio é atingido por um determinado estímulo, os canais
de Na+ abrem-se, conduzindo a uma rápida entrada de Na+ para a
célula. Esta brusca entrada de iões positivos faz com que o potencial de
membrana passe de – 70 mV para + 35 mV. Esta alteração de diferença
de potencial designa-se despolarização. Esta rápida alteração de
potencial eletrico, que ocorre durante a despolarização designa-se
potencial de ação
2. A despolarização de um determinado ponto ocorre, sensivelmente
durante 1,5 milésimos se segundo, pois quando o potencial de ação
atinge o seu pico, aumenta a permeabilidade da membrana ao K+,
enquanto que a permeabilidade dos canais Na+ volta ao normal. Assim
verifica-se uma queda de potencial da membrana, até se atingir o seu
valor de repouso – repolarização.
O impulso nervoso propaga-se numa só direcção, das dendrites para o corpo
celular e deste para o axónio, que o distribui ao neurónio seguinte ao nível de uma
sinapse.

Sinapse:
• Na região sináptica existe uma membrana pré-sináptica, uma fenda
sináptica e uma membrana pós-sináptica;
• Quando o impulso nervoso atinge a membrana pré-sináptica verifica-se
a libertação de neurotransmissores (substâncias químicas) para a fenda
sináptica. Estas substâncias ligam-se a receptores ( saiem da
membrana pré-sináptica por extocitose ) da membrana pós-sináptica
permitindo assim a transmissão de informação.

Existem dois tipos de sinapses:


• Sinpase elétrica: permitem que o impulso nervoso se propague muito
rapidamente de um neurónio para o outro. Neste caso o potencial de
ação propaga-se diretamente do neurónio pré-sinaptico para o pós-
sinaptico, sem intervenção de neurotransmissores.
• Sinpase quimica: exitem entre as terminações dos axónios e as
células musculares. Nestas sinapses, o neurónio liberta um
neurotransmissor chamado acetilcolina, que é responsável pela
contração muscular.
Sistema endócrino – regulação hormonal:

Existe outro sistema de comunicação que permte efetuar respostas


desencadeadas por determinados estímulos designado sistema endócrino. Este é
constituido por glândulas secretoras de mensageiros quimicos – hormonas – que
são lançados na corrente sanguinea atingindo células-alvo que , assim, efetuam
uma determinada resposta.
Embora as hormonas sejam lançadas no meio interno, atuam apenas nas
células-alvo que possuem recetores capazes de detetar a presença destes
mensageiros quimicos. Desta forma, é possivel garantir uma resposta especifica de
determinadas células, perante um determinado sinal e, assim, contribuir de forma
eficaz para a manutenção do equilibrio dinâmico do organismo ( homeostasia ).

Interação Sistema Nervoso – Sistema Endócrino

Os dois sistemas interagem no entido de regularem os mecanismos


homeostáticos.
Grande parte da atividade endócrina é controlada, pelo hipotálamo. Esta
região do cérebro estabelece a ligação entre o sistema nervoso e o sistema
hormonal.
O hipotálamo recebe diversos estímulos, quer de outras áreas do cérebro,
quer de hormonas que o atingem através da corrente sanguinea. Em resposta a
estes estímulos, os neurónios hipotalámicos produzem neuro-hormonas que atingem
a hipófise.
A hipófise é uma glândula que se enconra próxima do hipotálamo e que é
formada por duas regiões : lóbulo anterior e o lóbulo posterior.
Algumas hormonas produzidas pelo hipotálamo são encaminhadas até ao
lóbulo posterior da hipófise, sendo ai lançadas para a corrente sanguinea, atingindo
as células-alvo.
Outras hormonas hipotalámicas atuam sobre o lóbulo anterior da hipófise,
estimulando ou inibindo a produção e libertação de hormonas hipofisárias que vão
controlar o funcionamento de diversos tecidos do organismo.

Mecanismos homeostáticos

São diversos os mecanismos que permitem a manutenção da homeostasia,


entre os quais se destacam a termorregulação e a osmorregulação.
A regulação dos mecanismos homeostáticos faz-se, na maioria dos casos, por
retroacção negativa ou feedback negativo.

Feedback negativo: uma alteração variável áciona uma resposta que


contraria o sentido da mudança, de modo a estabilizar o sistema.

Feedback positivo: a resposta amplifica os efeitos da modificação variável


destabilizando ainda mais o sistema.
Termorregulação
A termorregulação é o conjunto de mecanismos que permitem manter a
temperatura do meio interno, dentro de valores compatíveis com a vida, quando há
variação da temperatura do meio externo.

Os animais podem ser classificados, de acordo com a forma como respondem


às alterações da temperatura do meio, em:
• Homeotérmicos ou endotérmicos: a sua temperatura corporal interna
permanece constante, independentemente das alterações da
temperatura do meio externo. Esta regulação da temperatura é devida a
processos metabólicos. As aves e os mamíferos constituem um
exemplo deste tipo de animais.
• Ectotérmicos ou poiquilotérmicos: a sua temperatura interna varia em
função da temperatura do meio exterior. Dependem largamente das
fontes de calor externas. Os répteis são um exemplo deste tipo de
animais.

Exemplo:
Os animais endotérmicos apresentam uma faixa de termoneutralidade.
Imaginemos que um respetivo animal tem de temperatura basal entre 27 e 32 graus.
Abaixo dos 27 graus, verifica-se um aumento da taxa metabólica no sentido
de manter a temperatura corporal constante. Contudo, se a temperatura descer para
valores muito baixos ( inferiores a 0 graus ), o calor produzido pela atividade
metabólica não consegue compensar esta descidae a temperatura começa a
diminuir.
Quando a temperatura ultrapassa os 32 graus, o animal inicia processos
ativos de perda de calor, produzindo suor ou tornando-se ofegante. Esta resosta
ativa exige energia, o que conduz a um aumento da taxa metabólica.

Nota: a temperatura é um fator limitante que condiciona a vida dos animais, pois
esta só é possivel dentro de determinados valores.

Os mecanismos de termorregulação são regulados pelos hipotálamo. O


hipotálamo é, também, responsável pela regulação da temperatura corporal,
funcionando como um termostáto.
Na pele, existem células termossensoriais, que funcionam como recetores do
calor e do frio. Quando estimuladas, estas células geram impulsos nervosos que são
conduzidos pelos nervos sensitivos e pela medula espinal até ao hipotalamo.
O hipotálamo está ligado ao centro vasomotor localizado no bolbo raquidiano,
cuja função é provocar a dilatação dos vasos sanguineos – vasodilatação – ou a sua
contração – vasoconstrição.
A dilatação dos vasos sanguineos da pele – vasodilatação periferica – permite
o aumento da perda de calor. Por outro lado, a vasoconstrição periférica diminui
essas perdas, pois as trocas de calor são menores, contribuindo, assim, para o
retorno da temperatura para o nivel normal.

Assim se há um aumento da temperatura corporar verifica-se:


• vasodilatação: os vasos sanguineos da pele são intensamente
dilatados, o que pode aumentar o ritmo de trnaferência de calor para a
pele até oito vezes, no caso dos humanos;
• sudurese: as glândulas sudoriparas são estimuladas a libertar suor
para a superficie da pele, cuja evaporação contribui fortemente para a
perda de calor;
• redução da produção de calor : as tremuras e as reações catabólicas
geradoras de calor são fortemente inibidas ( diminuição da taxa
metabólica ).

Por outro lado, se há diminuição da temperatura corporal verifica-se:


• vasoconstrição: o hipotálamo envia sinais no sentido de haver uma
constrição, sobetudo periférica dos vasos sanguineos;
• ereção dos pelos: os músculos eretores dos pelos são estimulados no
sentido de os colocar numa posição mais vertical. A projeção vertical
dos pelos permite criar uma camada de ar isolante junto á pele,
diminuindo, assim, a perda de caor para o meio;
• aumento da produção de calor: verifica-se um aumento da taxa
metabólica, que se traduz por tremuras e o aumento das reações
catabólicas geradoras de calor.
Osmorregulação

A osmorregulação inclui o conjunto de mecanismos que permitem manter a


pressão osmótica do meio interno dentro de valores compatíveis com a vida.
Os seres vivos apresentam diferentes adaptações conforme vivam na água do
mar, água doce ou meio terrestre. Podendo classificar-se em osmoconformantes ou
osmorreguladores.

•Osmoconformantes: são seres vivos cuja pressão osmótica varia conforme


a pressão osmótica do meio externo.
•Osmorreguladores: são seres vivos que mantêm a pressão osmótica
interna, independentemente das variações da pressão osmótica do meio
exterior.

Os mecanismos de osmorregulação nos animais envolvem o sistema excretor


e outros órgãos. O sistema excretor apresenta uma dupla função, elimina as
substâncias tóxicas e controla o volume de água e sais minerais nos animais, o que
realiza através da produção e eliminação da urina.

Osmorregulação no meio aquático

Água doce:

Os peixes de água doce apresentam um meio interno hipertónico,


relativamente à água. Assim, a água entra por osmose e os sais são perdidos por
difusão.

Mecanismos de osmorregulação:
• os peixes não ingerem água;
• produzem grandes quantidades de urina diluída ( hipotónica ) como
resultado da grande excreção de água e reabsorção de sais pelos rins
( glomérulos de grandes dimensões );
• executam o transporte activo de sais para o meio interno, através das
brânquias.
Água salgada:

Os peixes de água salgada vivem num um meio hipertónico em relação aos


seus fluidos corporais, pelo que tendem a perder água e a ganhar sais por difusão.

Mecanismos de osmorregulação:
• os peixes bebem grandes quantidades de água salgada
• excretam, por transporte activo, o excesso de sal através das
brânquias;
• produzem pequenas quantidades de urina ( rins reduzidos com
glomérulos pouco desenvolvidos para diminuir as perdas de água por
filtração );
• excreção de sais pelos rins, com produção de urina muito concentrada (
hipertónica ).
As aves têm elevadas taxas metabólicas, devido á elevada quantidade de
energia despendida no voo. Este elevado nivél metabólico conduz a grandes perdas
de água que são compensadas com a produção de urina muito concentrada, quando
comparada com fluidos internos.
As aves marinhas ingerem água salgada juntamente com o alimento. Como
os seus rins não sao suficientes para manter o equilibrio interno, estes animais
escretam ativamente o excesso de sal através de glandulas nasais

Mecanismos de osmorregulação:
• a excreção de sal é feita por transporte activo através de glândulas
nasais - glândulas do sal.

Osmorregulação no meio terrestre

Os animais terrestres perdem água por evaporação, através das superfícies


respiratórias e da pele e através dos fenómenos de excreção urinária e eliminação
de fezes.

Os mecanismos de osmorregulação efectuados pelos animais incluem: a


ingestão de grandes quantidades de água e produção de urina hipertónica através
de um sistema excretor eficiente.

Sistemas excretores:
• A minhoca possui um par de órgãos excretores em cada segmento do
corpo denominados nefrídios. A urina produzida é muito diluída,
verificando-se perdas de água significativas, que são compensadas pela
entrada de elevadas quantidades de água através da pele, devido a
fenómenos osmóticos.
Nos insetos e outros artrópodes terrestres os órgãos excretores são
constituídos por túbulos de Malpighi associados a glândulas rectais. Como estes
animais vivem em ambientes muito secos, têm tendência a perder água; assim,
produzem urina hipertónica em que grande parte da água foi reabsorvida.
Os tubulos de Malpighi desempenham o papel de orgão excretor, estando
ligado á porção posterior do intestino, estando as extremidades ospostas
mergulhadas no hemocélio. A filtração ocorre através das paredes desses tubos,
sendo o filtrado lançado no intestino e conduzido para o recto.

Os Vertebrados apresentam como órgãos de excreção os rins, que possuem


diferentes graus de complexidade nos diversos grupos de vertebrados.
Rim dos mamíferos

No rim dos mamíferos podem distinguir-se três zonas:


• zona cortical - camada exterior com aspecto granuloso;
• zona medular - camada interna que apresenta massas cónicas -
pirâmides de Malpighi;
• bacinete - zona central que é contínua com o uréter.

O nefrónio é a unidade básica do rim e é constituído por um tubo urinífero e


por vasos sanguíneos.

O tubo urinífero é formado pela cápsula de Bowman, pelo tubo contornado


proximal, pela ansa de Henle e pelo tubo contornado distal, que desemboca no tubo
colector.
Existem duas redes de capilares que acompanham o tubo urinífero: o
glomérulo de Malpighi, localizado na cápsula de Bowman, é um grupo de capilares
provenientes da arteríola aferente e o capilares peritubulares que rodeiam o resto do
tubo urinífero e que são o resultado da capilarização da arteríola eferente.
Ao longo do tubo urinífero, ocorrem três fenómenos que levam à formação da
urina: filtração, reabsorção e secreção.

•Filtração: passagem de diversas substâncias (água, aminoácidos, glicose,


vitaminas) dos capilares do glomérulo para a cápsula de Bowman. Estas
substâncias constituem o filtrado glomerular que, em termos de composição, é
idêntico ao plasma (exceptuando macromoléculas, como, por exemplo,
proteínas e alguns lípidos).

•Reabsorção: ocorre ao nível dos tubos contornados e da ansa de Henle. A


água do filtrado glomerular passa para o sangue por osmose e as restantes
substâncias por difusão ou transporte activo.

•Secreção: ocorre ao mesmo tempo que a reabsorção mas em sentido oposto


substâncias. Células das paredes dos tubos transportam, seletivamente e de
forma ativa, substâncias dos capilares peritubulares para o filtrado
Controlo dos mecanismos de osmorregulação no Homem

A regulação da pressão osmótica é conseguida à custa de mecanismos de


feedback negativo em que intervêm o hipotálamo e a hormona antidiurética (ADH).

Quando se verifica desidratação , devido a perdas de água:


• ocorre uma diminuição do volume sanguineo e o aumento da pressão
osmótica no sangue ;
• consequentemente, os osmorrecetores do hipotálamo detetam esse
aumento e produzem mais ADH que é libertada na corrente sanguinea,
• A ADH actua nos tubos coletores aumentando a sua permeabilidade.
Ocorre assim uma maior reabsorção de água para o sangue,
produzindo-se uma urina hipertónica e então menos perda de água
• Por fim , há um aumento do volume sanguineo e diminuição da pressão
osmótica.

Quando se verifica grandes quantidades de água, por ingestão em


abundância de água:
• ocorre um aumento do volume sanguineo e a diminuição da pressão
osmótica no sangue;
• consequentemente; os osmorrecetores do hipotálamo inibem a
libertação de ADH;
• provoca então uma diminuição da permeabilidade dos tubos coletores e
consequente produção de urina diluída e então perda de água
• Por fim, há uma diminuição do volume sanguineo e aumento da pressão
osmótica.

Hormonas Vegetais

O crescimento e o desenvolvimento das plantas são influenciados por diversos


estímulos como, por exemplo, a luz, a gravidade, o contacto com outras plantas, a
temperatura ou o fotoperíodo.

Esses estímulos podem provocar diferentes respostas como, por exemplo, o


movimento. Estes movimentos podem ser de tropismo ou movimentos násticos
( nastias).
Tropismos: movimento das plantas que envolve crescimento na direcção de
um estímulo ambiental (tropismo positivo) ou na direcção oposta a esse estímulo
(tropismo negativo).

Exemplos de tropismo:
• fototropismo ( luz );
• gravitropismo ( gravidade );
• tigmotropismo ( toque );
• termotropismo ( temperatura );
• Quimiotropismo ( quimico );
• Hidrotropismo ( água ).

Movimentos násticos ou nastias: movimentos que não envolvem


crescimento direccionado relativamente ao estímulo.

Exemplos de nastias:
• fotonastia ( luz );
• tigmonastia ( toque );
• termonastia ( luz );
• quimionasta ( quimico );
• hidronastia ( água ).

As respostas aos estímulos ambientais podem ser mediadas por hormonas


vegetais, também designadas por fito-hormonas.

As hormonas vegetais são substâncias químicas mensageiras, produzidas em


pequenas quantidades numa região da planta e transportadas para outros locais,
onde regulam as reacções de desenvolvimento e crescimento das plantas.

Existem cinco importantes grupos de fito-hormonas : auxinas, giberelinas,


citoquininas, etileno e o ácido abscísico.
As hormonas interactuam para controlar reacções fisiológicas e a sua
actividade está dependente de factores extrínsecos como a luz, temperatura e
humidade.

Os reguladores de crescimento são substâncias semelhantes às fito-


hormonas que são utilizadas em diversos sectores ligados à produção,
armazenamento e distribuição de alimentos de natureza vegetal. Intervêm, por
exemplo, na floração, amadurecimento de frutos e germinação.

Processos de floração

A floração nas plantas superiores está relacionada com o fotoperíodo (número


de horas de iluminação diária).

As plantas podem ser classificadas, consoante a resposta dada em relação ao


fotoperíodo, em:

•plantas de dia longo ou de noite curta- florescem quando as noites se tornam


menores do que o período diurno;

•plantas de dia curto ou de noite longa- a floração ocorre quando o período


nocturno é maior que o período diurno;

•plantas indiferentes- a floração apresenta uma grande tolerância em relação


ao fotoperíodo.
Geologia de 10 ano
A terra e os seus substistemas em interação

Ao longo dos tempos geológicos, ecossistemas inteiros entraram em


desiquilibrio, provocando a drástica diminuição da biodiversidade. Houve, assim,
várias extinções em massa.

São várias as causas apontas para justificar a ocorrência de tais


acontecimentos:
• causas geológicas
• causas cosmológicas ou astronómicas

Causas geológicas:

• transgressões e regressões marinhas;


• atividade vulcânica;
• disposição dos continentes – tectónica de placas.

Causas comsmológicas ou astronómicas:

• impactos cósmicos;
• ciclos de atividade solar
• explosão de uma supernova

Sistemas e subsistemas

Um sistema é uma porção limitada do Universo onde se verifica a interação de


vários componentes de um modo organizado. A fronteira entre o sistema e o meio
envolvente designa-se parede do sistema.

Um sistema diz-se composto, se nele existirem outros subsistemas mais


pequenos que estabelecem relações entre si.

Na Natureza, podem considerar-se três tipos de sistemas: sistemas abertos,


sistemas fechados e sistemas isolados.
O planeta terra constitui um sistema composto e fechado, que troca energia
com o seu meio envolvente.

O facto do sistema terra ser considerado fechado tem três implicações


principais:
1. A quantidade de matéria neste sistema é finita e limitado, recusros
naturais finitos;

2. Os materiais poluentes resultam da atividade humana e acumulam-se


no interior do sistema provocando danos;

3. Quando ocorrem alterações num do subsistemas da terra, as


consequências dessas alterações podem afetar os outros subsistemas.

No sistema terrestre, há a considerar duas fontes principais de energia,


responsáveis por toda a dinâmica: o sol ( fonte externa ) e a energia térmica
proveniente do interior da terra ( fonte interna ).

A energia solar é importante para desencadear determinadas reações, como ,


por exemplo a fotossintese e ativar o ciclo hidrológico.

A energia térmica proveniente do interior da terra é o principal motor dos


movimentos das placas tectónicas e do ciclo das rochas.

O sistema Terra é um sistema composto formado por quatro grandes


subsistemas, abertos e dinâmicos, que interagem entre si: a geosfera, a hidrosfera,
a atmosfera e a biosfera.
Subsistemas terrestres:

Geosfera:
• representa a parte sólida, quer superficial quer profunda da Terra;
• inclui as grandes massas continentais e as bases dos oceanos;
• serve de suporte a muitos seres vivos.

Hidrosfera:
• compreende os reservatórios de água da Terra;
• inclui oceanos, rios, lagos, glaciares e águas subterrâneas;
• a água é a substância comum a todos os subsistemas terrestres;
• as grandes massas de água que se encontram no estado sólido
constituem outr subsistema da terra designado criosfera
• a água movimenta-se na Natureza formando o ciclo hidrológico.

Ciclo hidrológico: movimento de água entre reservatórios, movido pela energia


solar e força gravitica.

Atmosfera:
• formada pela camada gasosa que envolve a Terra;
• constituída por uma mistura de gases: azoto, oxigénio, árgon, dióxido de
carbono, vapor de água em quantidades variáveis e outros gases.

Biosfera:
• corresponde ao conjunto de seres vivos que povoam a Terra e no qual
se inclui o Homem;
• os seres vivos distribuem-se pela geosfera, hidrosfera e atmosfera.

Os diferentes subsistemas interagem entre si e estão relacionados uns com os


outros, encontrando-se em equilíbrio dinâmico. A alteração das condições de
equilíbrio de um deles pode ter repercussões em todos os outros.
As rochas – arquivos que relatam a história da terra

Na crosta terrestre existe uma grande diversidade de rochas, que representam


arquivos de acontecimentos que ocorreram durante a história da Terra.

Tendo em conta as características e as condições de formação, consideram-se três


categorias de rochas: rochas sedimentares, rochas metamorficas e rochas magmáticas.

Rochas: agregados naturais constiuidos por um ou mais minerais.

Mineral: natural, sólido, homogéneo, inorgânico, composição quimica bem definida ou


variável, estrutura cristalina.

Rochas sedimentares

As rochas sedimentares são formadas à superfície da Terra, ou próximo dela, a


partir da deposição de sedimentos oriundos de rochas preexistentes ou de material
resultante da atividade dos seres vivos.
A génese das rochas sedimentares envolve duas fases : a sedimentogénese e a
diagénse.

Sedimentogénese:

• engloba os processos de meteorização, transporte e sedimentação;

• na meteorização ocorre a alteração química e/ou física originando partículas


ou fragmentos de dimensões variadas, designados por detritos ou clastos;

• os materiais resultantes da meteorização são transportados pelos agentes


erosivos, nomeadamente, a água, o vento e a ação da gravidade;

• em condições propícias, os materiais transportados depositam-se,


constituindo os sedimentos;

• o processo de deposição denomina-se sedimentação e é determinado pela


força gravítica; a ordem de sedimentação dos sedimentos é condicionada
pelas dimensões e densidade dos materiais; ocorre quando o agente
transportador perde energia;

• a contínua deposição de sedimentos vai originando camadas - os estratos,


que se apresentam originalmente em posição horizontal, podendo,
posteriormente, sofrer deformações.

• o estrato é delimitado pelo teto (limite superior da camada) e pelo muro


(limite inferior da camada).
Diagénese:
• ocorre um conjunto de processos químicos e físicos que provocam a
alteração dos sedimentos:
1. ocorre a compactação que é a saida de ar e água dos espaços
vazios e compressão dos sedimentos;
2. de seguida, dá-se a cimentação, ou seja, o preenchimento de
espaços vazios por substâncias precipitadas
3. por vezes ocorre a recrestalização;
4. são assim originanadas rochas sedimentares consolidadas,
com diferentes graus de evolução e com diferente
composição, consoante a natureza dos sedimentos.
As rochas sedimentares apresentam estratificação e são normalmente ricas em
fósseis, contribuindo, desta forma, para o desvendar dos mistérios da história da Terra e
da vida.

Tipos de rochas sedimentares:


• detriticas: brechas, conglomerado, argilite, arenito, areia
• biogénicas: carvão, calcário conquifero
• quimiogénicas: estalactite, calcário, halite

Rochas magmáticas

As rochas magmáticas resultam do arrefecimento e consolidação, no interior ou à


superfície da Terra, do magma. O magma é uma mistura de minerais e gases em estado
de fusão que se encontra no interior da Terra.

Atendendo às condições da consolidação do magma, consideram-se dois grandes


grupos de rochas magmáticas: intrusivas ou plutonicas e as extrusivas ou vulcânicas.

Rochas intrusivas ou plutónicas:

• o magma consolida no interior da crusta;


• resultam de um arrefecimento lento;
• as rochas apresentam minerais bem desenvolvidos, visíveis à vista
desarmada;
• o granito, o gabro e o diorito constituem exemplos de rochas intrusivas.

Rochas extrusivas ou vulcânicas:

• o magma consolida à superfície ou próximo dela;


• resultam de um arrefecimento rápido;
• rochas apresentam minerais de pequenas dimensões;
• o basalto, o riólito e o andesito são exemplos de rochas extrusivas.

As rochas magmáticas ainda podem ser classificadas quanto á cor:


• leucocratas: termo usado para descrever uma rocha ígnea de cor
clara. ( ex: granito, riolito)
• mesocratas: termo usado para descrever rochas ígneas de cor
escura. No entanto são rochas de cor mais clara que as
melanocratas ( ex: diorito, sienito )
• melanocratas: termo usado para descrever uma rocha ígnea de
cor escura, ou seja mais escura do que os mesocratas e assim
também mais escura do que os leucocratas. ( ex: basalto, gabro )
Rochas metamórficas

As rochas metamórficas são o resultado da ação de fatores de metamorfismo sobre


rochas pré-existentes. Os principais fatores de metamorfismo são: calor, pressão, os
fluidos de circulação e o tempo.
Em situações extremas, quando a pressão e a temperatura atingem valores
elevados, as rochas entram num processo de fusão e, consequentemente, passam para o
dominio das rochas magmáticas.
O mármore, o xisto, o gnaisse, mármore, quartezito, corneana, ardósia e o filito são
algumas rochas metamórficas.

Ciclo das rochas

A formação e transformação das rochas constituintes da litosfera é um processo


contínuo e cíclico, dependente dos agentes internos e modeladores do globo terrestre,
constituindo assim o ciclo litológico ou o ciclo das rochas.

As rochas da litosfera transformam-se praticamente umas nas outras ao longo do


tempo. Os materiais resultantes da alteração e da erosão das rochas superficiais são
transportados e depositados, sofrendo, posteriormente, diagénese dando origem a rochas
sedimentares. Estas, quando aprofundam na crosta, encontram condições diferentes de
pressão e temperatura, experimentam grandes transformações mineralógicas e
estruturais originando rochas metamórficas. Em profundidade, o calor interno pode ser
suficiente para fundir parcial ou totalmente as rochas, convertendo-as em magmas. Estes
magmas podem então solidificar em profundidade ou movimentar-se e ascender através
da crosta, onde consolidam, dando origem, em ambos os casos, a rochas magmáticas.
A medida do tempo geológico e a idade da terra

É possível determinar a idade de diversos acontecimentos geológicos,


recorrendo a dois tipos de métodos: datação relativa e datação absoluta ou
radiométrica.

Datação relativa: permite avaliar a idade de formações geológicas


relativamente a outras, ou seja, funciona por comparações não nos dando uma
idade em concreto sendo então pouco precisa.

Datação relativa – Principios de estratigrafia

Princípio da horizontalidade: a deposição de sedimentos, provenientes da ação


da geodinâmica externa sobre as rochas, obedece a um plano horizontal na
formação inicial dos estratos. Qualquer fenómeno que altere a horizontalidade das
camadas é sempre posterior á sedimentação

Princípio da sobreposição: um estrato sedimentar, que não tenha sofrido


alterações na sua posição será mais recene que o estranho inferior e mais antigo
que o estrato superior.

Excepções do principio de sobreposição:


• séries sedimentares deformadas ( falhas e dobras ),
• terraços,
• intrusões magmáticas,
• depósitos subterraneos
Principio da continuidade: estabelece que as camadas que em séries
idênticas se corresponderem são continuação uma das outras e, consequentemente,
da mesma idade

Principo da inclusão: fragmentos de rochas incorporadas ou incluidas numa


rocha são mais antigas do que rocha que os engloba.

Principio da interseção: toda a estrutura que intersecta a outra é mais


recente do que ela.

Princípio da identidade paleontológica: admite que estratos que possuam o


mesmo conjunto de fósseis, pode ser atribuída a mesma idade.

A datação relativa baseia-se, portanto, na presença de fósseis nas rochas


e/ou na posição relativa das formações geológicas.

Existem dois tipos de fosseis, fosseis de fáceis e fosseis de idade.

Fosseis de fáceis:
• evolução lenta
• pequena distribuição gráfica
• grande distribuição estratigráfica
• bons indicadores de idade das rochas
• ex: corais

Fosseis de idade:
• evolução rápida
• grande distribuição gráfica
• pequena distribuição estratigráfica
• bons indicadoresde idade das rochas
• ex: trilobites e amonites

Os fósseis que permitem inferir a datação de determinado acontecimento


geológico são os fosseis de idade.
Tipos de fossilização:
• conservação – mumificação;
• moldagem – moldes internos, moldes externos;
• mineralização;
• marcas – fezes, ovos, pegadas;
• impressão;
• incarbonização .

Datação absoluta: permite atribuir uma idade numérica às formações


geológicas, baseada na desintegração regular de isótopos radioativos naturais.

Decaimento radioativo: consiste na transformação de um átomo noutro com a


libertação de energia. Cada átomo tem a sua prórpia constante de decaimento que é
ultilizada nos cálculos para a determinação da idade das rochas. O decaimento é
irreverssivel, ou seja, o isótopo depois de se desintegrar não volta a adquirir as
propriedades iniciais.

Quando uma rocha se forma adquire sempre uma certa quantidade de


isótopos radioativos integrados nos seus mineirais. Com o passar do tempo estes
vão-se desintegrando a uma velocidade que é função de constante decaimento
transformando-seem átomos estáveis.

Isótopos instáveis: isótopos-pai


Isótopos estáveis: isótopos que resultam da desintegração dos isótopos-pai -
isótopos-filho.

Tempo de semivida: é o tempo necessário para que metade dos isótopo-pai


se tranformem em isótopo-filho.

A datação absoluta só funciona nas rochas magmáticas, pois esta forma-se


diretamente do magma da terra e não sofre alterações.
Ao contrário das rochas sedimentares são conjuntas de várias rochas que já
sofreram imensas transformações e as rochas metamórficas vêm de outras rochas
pré-existentes da qal se desconhece a idade.
Memória dos tempos geológicos

A história da Terra pode ser dividida em intervalos temporais de duração


variável, sendo possível construir uma escala de tempo geológico.
Esta escala baseia-se em acontecimentos que marcaram a história da Terra,
desde a génese até aos nossos dias, como, por exemplo, a ocorrência de mudanças
climáticas acentuadas, bem como grandes alterações no mundo vegetal e animal,
com extinções em massa ou desenvolvimento súbito de determinado grupo de seres
vivos.
A escala de tempo geológica ou estratigráfica divide o tempo geológico em
Eons, em Eras e estas em Períodos.
A Terra, um planeta em mudança

Principios básicos do raciocinio geológico

A história da Terra é marcada por grandes modificações geológicas e


biológicas, que podem ser interpretadas à luz de várias teorias: catastrofismo,
uniformitarismo e neocatastrofismo.

Catastrofismo:
• principal defensor: Georges Cuvier;
• segundo esta teoria, as alterações que ocorreram na Terra foram
provocadas por fenómenos catastróficos,
• provocando assim a existência de camadas sedimentares ricas em
fosseis devido as mortes causadas pelos fenómenos catastróficos.

Uniformitarismo:
• atribuído a James Hutton;
• postula que os diferentes aspetos geológicos podem ser interpretados
segundo processos naturais semelhantes aos que se observam
atualmente, processando-se, geralmente, de forma lenta e gradual;

Assenta em três princípios:

•Princípio do atualismo ou das causas atuais: as causas que provocaram


determinados fenómenos no passado são idênticas às que provocam o
mesmo tipo de fenómenos no presente.

•Princípio do gradualismo: a maior parte das mudanças que ocorrem na


Terra desenvolvem-se de uma forma lenta e gradual.

•As leis naturais são constantes no espaço e no tempo.

Neocatastrofismo:
• combina os princípios do uniformitarismo com a possibilidade de
ocorrência de fenómenos catastróficos ocasionais como importantes
modeladoresda vida e da geodinâmica terreste.
Mobilismo geológico. As placas tectónicas e os seus movimentos

As alterações observadas, ao longo dos tempos, na configuração dos oceanos


e dos continentes revelam o dinamismo da Terra levando à formulação da Teoria da
tectónica das placas, que admite que a superfície da Terra está dividida em
diferentes placas litosféricas, que se movimentam umas em relação às outras.
As placas litosféricas são constituídas por crusta e pela parte mais externa do
manto e estão assentes sobre uma camada com propriedades plásticas - a
astenosfera.

Principais consequências da tectónica de placas:


• formação de cadeias montanhosas;
• abertura de oceanos
• deformação dos materiais
• distribuição dos seres vivos

Fixismo: a posição actual dos continentes é a mesma que eles terão ocupado
desde o inicio da formação da terra
Mobilismo: a posição atual dos continentes é diferente da posição que ocupavam
no passado e será diferente da que ocuparão no futuro.

Teoria da deriva dos continentes


As massas continentais pouco densas flutuam sobre as massas oceânicas
mais densas, de modo idêntico ao dos icebergs sobre a água. Há cerca de 245 M.a
havia um supercontinente ( pangeia ) rodeado por um único oceano ( pantalassa ), a
pangeia começou a fragmentar há certa de 180 M.a, formando novos continentes.
Os limites das placas litosféricas, marcados por intensa atividade geológica,
podem ser de diversos tipos: divergentes, convergentes e conservativos.

Limites divergentes/ construtivos

As placas deslocam-se em sentido contrário, afastando-se uma da outra.


Situam-se nas zonas de rifte das dorsais oceânicas, onde se verifica a ascensão de
magma e consequente formação de nova litosfera.

Limites convergentes/destrutivos

Zona de colisão de placas, o sentido do movimento relativo das duas placas


faz com que elas se aproximem. Localizam-se, geralmente, em zonas de fossas
oceânicas - zonas de subducção, onde se verifica a destruição da placa litosférica,
que mergulha.
Limites conservativos/ transformantes

Zonas onde não se verifica formação nem destruição de litosfera. O sentido do


movimento relativo entre as duas placas litosféricas faz com que haja apenas a
deslizamento de uma placa em relação à outra. Situam-se em determinadas falhas -
falhas transformantes.

Formação do Sistema Solar

As galáxias são unidades básicas que definem a estrutura do Universo. A


galáxia que inclui o Sistema Solar designa-se Via Láctea.
Numa tentativa de explicação sobre a origem do Sistema Solar várias teorias
foram surgindo. Atualmente, aquela que reúne maior consenso entre a comunidade
científica é a teoria nebular reformulada.

Teoria nebular:
1. Contração da nebular por ação gravitica, aumentando, assim a sua
velocidade de rotação e o aumento de temperatura do seu núcleo;
2. Achatamento da nuvem, que adquiriu uma forma de disco, com uma
massa luminosa e densa em posição central, o proto-sol;
3. Arrefecimento, zonamento mineralógico e aglutinação de poeiras
nebulares, em agregádos sólidos em torno do proto-sol com formação
de planetesimais;
4. Atração e aglutinação de corpos sólidos de menores dimensões pelos
panetesimais com formação de protoplanetas e posteriormente de
planetas devido a continuidade de crescimento por causa da
acumulação gradual de particulas, fenomeno conhecido por acreção.
Constituição do Sistema Solar

As condições inerentes à formação dos planetas permite classificá-los em dois


grandes grupos: os planetas telúricos e os planetas gasos ou gigantes.

Plutão não está incluído em nenhum destes grupos, uma vez que apresenta
características comuns a ambos.

Todos os planetas do nosso sitema solar realizam dois movimetos:


• movimentos de translação: em torno do sol
• movimento de rotação: em torno de si mesmo
Para além dos planetas e do Sol, existem outros corpos no Sistema Solar:
asteroides, cometas e os meteoroides.

Asteroides: os asteroides seguem as leis gerais do movimento dos planetas.


São corpos rochosos de fora irregular.

De acordo com a sua órbita, os asteroides podem ser agrupados em vários


grupos, dos quais se destacam:
• os asteroides que pertencem á cintura de asteroides, que se encontra
entre as órbitas de Marte e Júpiter;
• os asteroides proximos da terra, podendo entrar em colisão com a terra;
• os asteroides troianos que se movimentam ao longo da orbita de jupiter;
• os asteroides de centauros que orbitam na zona externa do sistema
solar.

Cometas: corpos celestes primitivos constituídos por poeiras e gases,


possuem órbitas muito excêntricas e só são visíveis quando se aproximam do Sol,
apresentando nessa altura um núcleo, cabeleira e cauda.

Meteoroides: fragmentos rochosos de origem interplanetária resultantes,


geralmente, de cometas ou asteroides. Os meteoroides quando atingem a superfície
terrestre designam-se meteoritos. No caso de haver uma entrada destas particulas
na nossa atmosfera e estas durante a entrada o meteoroide sofrer um aquecimento
devido ao atrito torna-se incandescente deixando um rasto luminoso chamado
meteoro ou estrela cadente.
Terra - acreção e diferenciação

A Terra, tal como os outros corpos do Sistema Solar, originou-se a partir da


acreção de materiais da nébula solar por ação da força gravítica, seguida de um
processo de diferenciação.
O calor resultante do impacto de planetesimais, da compressão dos materiais
constituintes e da desintegração radioativa foi o principal causador da diferenciação.
A Terra diferenciou-se em diferentes camadas concêntricas. Os materiais mais
densos, como o ferro e o níquel, afundaram-se para o interior do planeta, dando
origem ao núcleo. Os Materiais menos densos, como os silicatos, emergiram para a
superfície do planeta, originando a crusta. Os materiais de densidade intermédia
ocupam também uma posição intermédia, entre o núcleo e a crusta, formando o
manto.
A diferenciação da Terra permitiu, também, a formação da atmosfera e
hidrosfera.

Os planetas telúricos e a face da Terra

Os planetas telúricos foram criados, simultaneamente, a partir de uma mesma


nébula primitiva, apresentando por isso características comuns, mas têm, contudo,
diferenças significativas.

A atividade geológica dos planetas é uma característica que permite distinguir


os vários planetas telúricos. Esta revela-se de formas muito diversas, podendo ser
de origem interna ou de origem externa.

Origem interna: a energia necessária para a atividade geológica interna


provém do calor remanescente, resultante da acreção do planeta, da contração
gravitacional e da radioatividade resultante do impacto meteorítico.
Origem externa: por sua vez, a energia necessária para a atividade geológica
externa provém do calor irradiado pelo Sol e da energia cinética resultante do
impacto dos meteoritos.

Os planetas telúricos podem ser classificados como sendo geologicamente ativos e


geologicamente inativos.

A Terra é um planeta bastante ativo, do ponto de vista geológico, e também


Vénus parece apresentar alguma atividade vulcânica e sísmica, apesar de diferente
da terrestre. Mercúrio e Marte são considerados planetas geologicamente mortos; no
entanto, é de referir que no passado já apresentaram fenómenos geológicos
Manifestações da atividade geológica

Métodos utilizados na geologia planetária

Os parâmetros mais estudados pela geologia planetária são:


• a estrutura interna dos planetas, mediante estudos de densidade,
campos gravitacional e magnético, sismologia, temperatura e
meteoritos;
• a cartografia, com o recurso a fotografias, imagens de radar,
comparação com estruturas da Terra e albedo;
• a composição, fazendo uso de análises laboratoriais diretas e análises
espetrais remotas;
• a cronologia relativa, e se possivel absoluta, com utilização de métodos
radiométricos.

O estudo das formas e morfologias presentes nos planetas é feito através de


um processo de comparação com estruturas existentes no planeta. Conhecendo as
estruturas, é possivel inferir os processos que as originaram. Assim foram definidos
três tipos de estruturas:

Estruturas endógenas: resultam da ação de processos e forças que atuam


no interior dos planetas, como dobras, falhas, fissuras, cones vulcânicos, filões entre
outras

Estruturas exóticas: têm uma origem exterior ao planeta, como é o caso de


crateras de impacto de meteoritos

Estruturas exógenas: são originados por processos que ocorrem á superficie


da terra, tais como rios, dunas e ravinamentos

Sistema Terra - Lua

A Terra e a Lua atuam como um corpo único, existindo entre elas uma forte
ligação gravitacional. Afetam-se fortemente e cada um destes planetas contém
vestígios que nos auxiliam a elucidar a história do outro.
A Lua é o único satélite da Terra e apresenta as seguintes características:
• dimensões pequenas;
• baixa força gravítica;
• ausência de atmosfera e hidrosfera;
• geologicamente inativa;
• morfologia lunar marcada por crateras resultantes de impactos
meteoríticos.

A superfície lunar apresenta dois tipos de relevo, os 'continentes' e os 'mares'.

Continentes:
• predominam na face oculta da lua
• ocupam 2/3 da lua
• apresentam zonas montanhosas acidentadas
• possuem rochas de cor clara, os anortitos, que refletem a luz
solar.
• têm cerca de 18 % de luz incidente
• é constituida por rochas mais antigas
• apresentam um número grande de crateras de impacto.
Mares:
• predominam na face visivel
• ocupam 1/3 da lua
• apresentam zonas aplanadas, lisas e baixas
• a sua superfície é plana e escura, devido á presença de basaltos
que refletem pouca luz;
• têm cerca de 6 a 7 % de luz incidente
• estas rochas são mais recentes que as dos continentes.
• possuem poucas crateras de impacto.

A Terra, um planeta único a proteger

A face da Terra - continentes e fundos oceânicos

Na superfície terrestre consideram-se dois tipos de unidades - as áreas


continentais e os fundos oceânicos.

Áreas continentais:
• Representam cerca de 36% da superfície terrestre.
• A crosta continental é muito antiga, sendo formada por vários tipos de
rochas; possui espessura elevada e densidade reduzida.
• Apesar de a geologia e a morfologia dos continentes apresentarem um
elevado grau de complexidade, é possível definir três unidades básicas:
escudos ou cratões, plataformas e as cadeias montanhosas.

Escudos: correspondem a extensas áreas continentais, com rochas


intensamente dobradas e metamorfizadas e com muitas intrusões
predominantemente granitos.

Plataformas: sequências sedimentares de origem marinha e que ainda


apresentam as caracteristicas da sua deposição original. Os cratões são regiões
aplanadas que podem estar cobrtas por estas plataformas

Cadeias montanhosas: são estruturas que resultam de processos que


envolvem fenómenos de colisão entre placas litosféricas, atividade magmática e
metamorfica que, no seu conjunto se designam orogenia

Fundos oceânicos:
• A crosta oceânica possui basaltos relativamente recentes, apresenta
uma densidade elevada e é pouco espessa.
• As principais áreas que constituem o fundo dos oceanos são: a
plataforma continental, o talude continental, a planície abissal e a dorsal
média oceânica.
Dominio continental

Plataforma continental: prolongamento submerso da região litoral

Talude continental: declive acentuado que se segue á plataforma continental

Dominio oceanico

Planicies abissais: região plana situada de um e de outro lado da dorsal


media oceânica

Dorsal media oceânica: cadeia montanhosa alinhada de um e de outro lado


do rift

Fossas oceânicas: depressão profunda e prolongada no fundo oceânico


muitas vezes paralela ao bordo do continente

Intervenção do Homem nos subsistemas terrestres

Impactes na geosfera
A população humana tem crescido de forma explosiva nos últimos três
séculos, levando à exploração, não sustentada, dos recursos naturais, à crescente
produção e acumulação dos resíduos e ao aumento de catástrofes devidas à
ocupação de áreas de risco.
Exploração dos recursos naturais
Por recursos naturais ou geológicos entendem-se as matérias-primas que o
Homem extrai da Terra, para uso próprio, no sentido de permitir a sua sobrevivência
e o desenvolvimento económico e tecnológico da civilização.

Os recursos naturais podem ser renováveis ou não renováveis.

Renováveis
• recursos em que os ciclos de renovação ocorrem num período de tempo
cuja duração é compatível com a da vida humana.
• Exemplos: sol, vento, ondas do mar, etc.

Não renováveis
• tipo de recursos cujas reservas, quando exploradas e consumidas a um
ritmo acelerado, não podem ser repostas num período de tempo
compatível com a duração da vida humana.
• Exemplos: petróleo, gás natural, carvão, minerais, etc.

Produção de resíduos
As atividades humanas conduzem à produção de resíduos que contaminam
os vários subsistemas;
Os resíduos podem ser biodegradáveis, quando são transformados por
microrganismo em substâncias novamente utilizáveis, ou não degradáveis, como é o
caso dos plásticos, vidros, latas, que se acumulam no ambiente.

Catástrofes naturais e a ocupação de áreas de risco


O crescimento populacional da espécie humana obriga à ocupação de áreas
com elevado risco geológico;
Esse risco geológico traduz-se na possibilidade de ocorrência de um
acontecimento prejudicial à sociedade, como, por exemplo, erupções vulcânicas,
deslizamentos de terrenos, inundações, sismos, etc.

Proteção ambiental e desenvolvimento sustentável

O comportamento humano pode contribuir, de uma forma muito significativa,


para uma melhor gestão dos recursos do nosso planeta, de modo a permitir um
desenvolvimento sustentável das sociedades.
Por desenvolvimento sustentável entende-se a forma de crescimento
económico que satisfaz as necessidades básicas da população e não compromete
as necessidades básicas das gerações futuras. Para o conseguir, é necessária a
aplicação de um conjunto de medidas eficazes, como:

•ordenamento de território, que consiste na utilização do ambiente de acordo


com as suas potencialidades, evitando assim situações de risco;

•recuperação de áreas degradadas;

•conservação do património geológico;

•redução dos impactes ambientais negativos, através do tratamento de


resíduos sólidos e tratamento de águas residuais. No tratamento dos resíduos
sólidos, destaca-se a utilização de aterros sanitários, a incineração e a
reciclagem, sendo esta última de grande importância, uma vez que permite a
transformação de materiais residuais em matérias reaproveitáveis verificando-
se, assim, uma redução na utilização das reservas naturais desses materiais.

Metodos para o estudo do interior da terra

Nos trabalhos mineiros, durante a realização de sondagens, o Homem


defronta-se com um problema: o aumento fa temperatura em profundidade.
Este aumento de temperatura resulta do facto de a terra ter energia no seu
interior, que se manifesta através da sua geodinâmica interna.
O estudo da formação e do desenvolvimento desta energia é do âmbito da
Geotermia.

Gradiente geotérmico: taxa de aumento de emperatura com a profundidade,


mantém-se constante numa região mas varia de região para região.

Grau geotérmico: corresponde ao número de metros que é necessário


percorrer para que a temperatura aumente 1 grau.

Fluxo geotérmico: transferência de calor do interior para o exterior da terra.

Hotspots: locais com grande fluxo térmico


Pontos frios: locais com menor fluxo térmico

O calor interno da terra tem três origens:


• energia (calor) primitiva do planeta ( acreção );
• compressão das camadas;
• da energia termica resultante da desintegração de elementos
radioativos;

O conhecimento da estrutura interna da Terra baseia-se em métodos de


estudo muito diversificados, que podem ser diretos ou indiretos.

Métodos diretos:

O estudo direto das zonas profundas da Terra limita-se a uma película


delgada, quando comparada com o diâmetro terrestre. Para este conhecimento
contribuem:

• perfurações dos continentes ou dos fundos oceânicos;


• exploração de jazigos minerais;
• sondagens
• análise de magmas e xenólitos ( o estudo dos magmas e das rochas
encaixantes libertadas aquando de uma erupção vulcânica- xenólitos,
fornecem indicações sobre as condições do ambiente em que foram
gerados )

Métodos indiretos:

• dados da paleontologia e da astrogeologia


• dados da geofisica ( densidade, gravimetria, sismologia, geotermia,
geomagnetismo )

Geomagnetismo

A terra tem um campo magnético invisivel ( magnetosfera ) que faz sentir a


sua ação ( ex: orientação da agulha da bussola ).
Como se gera o campo magnético ?

Hipotese mais aceite:

O material constituiente do núcleo externo, no estado liquido, encontra-se em


movimento de roação criando uma corrente elétrica, a qual, por sua vez estará na
origem do campo magnético terrestre.
O núcleo deverá ser composto por um material condutor de eletricidade –
composição metálica.

Paleomagnetismo

Polaridade normal: rochas com polaridade idêntica á atual ( polo norte


magnético próximo do polo norte geográfico )

Polaridade inversa: rochas com polaridade inversa á normal ( polo norte


magnético proximo do polo sul geográfico )

Vulcanologia

O vulcanismo é uma manifestação da geodinâmica da Terra, segundo a qual


grandes quantidades de matéria e energia são transferidas do interior da Terra para
a superfície.

Podemos distinguir dois tipos principais de vulcanismo: o vulcanismo primário


e o vulcanismo secundário ou residual.

Vulcanismo primário

O vulcanismo primário pode ser, essencialmente, de dois tipos: o vulcanismo


central e o vulcanismo fissural.
Vulcanismo central

É caracterizado pela presença de um aparelho vulcânico - vulcão, que é


constituído por:

Câmara magmática: local situado no interior da terra onde se acumula


material rochoso fundido e que constitui a bolsada magmática

Chaminé vulcânica: canal no interior do aparelho vulcânico que estabelece a


comunicação entre a camara magmática e o exterior

Cone vulcânico: estrutura cónica resultante da acumulação dos materiais


expelidos durante a erupção vulcânica.

Cratera vulcânica: abertura do cone vulcânico que se localiza no topo da


chaminé vulcânica, formado por explosão ou por colpso da chaminé

Como resultado de fortes erupções vulcânicas, por vezes, formam-se


caldeiras - depressões circulares de grandes dimensões que surgiram como
resultado do colapso do cone vulcânico. Estas estruturas podem, posteriormente,
transformar-se em lagoas quando preenchidas por água.
Vulcanismo fissural

Os materiais vulcânicos são expulsos através de fraturas da superfície


terrestre - fissuras, que, por vezes, atingem quilómetros de comprimento.

Materiais expelidos durante uma erupção vulcânica:


Durante uma erupção vulcânica podem libertar-se vários tipos de materiais,
em diferentes estados físicos: gases, piroclastos e lava.

Gases: predomina o vapor de água, mas o monóxido de carbono, o dióxido de


carbono, o hidrogénio, o azoto, o ácido clorídrico e compostos de enxofre são
também lançados na atmosfera.

Piroclastos: fragmentos sólidos de origem lávica ou da rocha encaixante


expelidos pelos vulcões. Podem ser classificados segundo as suas dimensões
em:
• Cinzas -fragmentos muito finos, com diâmetro inferior a 2 mm que podem ser
facilmene transportados pelo vento
• Lapilli ou bagacina – fragmentos angulosos arredondados, com diâmetro
entre 2 mm e 50 mm que podem ser explidos em estado sólido ou plástico,
isto é, semifundido
• Bombas vulcânicas - fragmentos grosseiros de forma arredondada, que
podem apresentar grandes dimensões.

Lava: material rochoso resultante de magma parcialmente desgaseificado.

As lavas podem ser classificadas, quanto à percentagem de sílica, em:


básicas, intermédias e ácidas.

Lavas ácidas:
• percentagem de sílica superior a 65%;
• viscosas;
• ricas em gases, que têm dificuldade em libertar-se;
• temperaturas variam entre 800 °C e 1000 °C.
Lavas básicas:
• percentagem de sílica menor que 52% ;
• fluidas;
• pobres em gases, que se libertam facilmente;
• temperaturas variam entre 1100 °C e 1200 °C.

Lavas intermédias
• como o próprio nome indica, apresentam características intermédias
entre as lavas básicas e as ácidas;
• o teor em sílica está compreendido entre 52% e 65%.

A solidificação das lavas assume formas características das paisagens


vulcânicas.

As lavas fluidas originam:

•Lavas encordoadas ou pahoehoe – são lavas muito fluidas, que se


deslocam com grande facilidade. Após a sua solidificação, originam
superfícies lisas ou com aspeto semelhante a cordas.

•Lavas escoriáceas ou aa – são lavas menos fluidas que as pahoehoe que


se deslcam lentamente. Após a sua solidificação, originam superfícies
ásperas, irregulares e formadas por fragmentos porosos devido á rápida perda
de gases

•Lava em almofada ou pillow lavas – são lavas fluidas que arrefecem dentro
de água, ficando com aspecto de travesseiros sobrepostos uns em cima das
outras.

As lavas viscosas originam:

•Domas ou cúpulas - estrutura arredondada resultante da solidificação de


lavas viscosas dentro da própria cratera.
•Agulhas vulcânicas - formação vulcânica resultante da consolidação de
lavas, muito viscosas, dentro da chaminé vulcânica.

•Nuvens ardentes - massas de gases e cinzas incandescentes expelidas nas


erupções vulcânicas explosivas dotadas de grande mobilidade

Existem três tipos de erupções vulcânicas, a explosiva, a mista e a efusiva,


que dependem de vários fatores, nomeadamente da composição e temperatura do
magma, que determinam a sua viscosidade.

Explosiva
•lavas viscosas e ácidas;
•as lavas fluem com dificuldade e impedem a libertação dos gases;
•erupções muito explosivas com emissão de piroclastos;
•formação de domas ou cúpulas, agulhas vulcânicas e de nuvens ardentes;
•cone vulcânico alto e com vertentes íngremes.

Efusiva
•lavas fluidas e básicas;
•formam correntes de lavas ou mantos de lava e a libertação de gases é fácil;
•erupção calma;
•cones vulcânicos baixos;
•não ocorre emissão de piroclastos.

Mista
•formação de cones mistos, em que alternam camadas de lavas com camadas
de piroclastos;
•alternância de emissões de lava fluida com emissões de lava viscosa.

Vulcanismo secundário
Conjunto de manifestações vulcânicas menos espectaculares, como a
libertação de gases e/ou água a elevadas temperaturas, com origem no interior da
Terra. Estas manifestações podem ocorrer de várias formas:

•Fumarolas: formam-se devido á não mistura de água fria com as águas


termias. As águas termais ao encontrarem uma abertura, começam a ferver
devido á diminuição da pressão, libertando vapor de água. Quando abundam
os compostos de enxofre designam-se de sulfataras, se predomina o dióxido
de carbono chamam-se de mofetas.
•Geiseres: são jatos de água quente e vapor projetados para o exterior sob a
forma de repuxos intermitentes através de fraturas

•Nascentes ou fontes termais: são fontes de água corrente, a elevada


temperatura, que libertam vapor de água e dióxido de carbono e contêm,
dissolvidas, substâncias minerais.

• Águas magmáticas ou juvenis: águas libertadas resultantes do


arrefecimento e consequente condensação do vapor de água que se liberta do
magma

Vulcões e tectónica de placas

Convergência de placas tectónicas – vulcanismo de subducção


A colisão de duas placas oceânica →← oceânica ou oceânica →← continental
, obriga ao mergulho da placa mais densa, originando-se uma zona de subducção. A
partir de certa profundidade, as condições de pressão e de temperatura induzem a
fusão da placa em subducção formando-se magma. Este tipo de magma origina,
esrupções do tipo explosiva.

Divergência de placas tectónicas – vulcanismo de vale de rifte


O afastamento de placas téctónicas oceânica ←→ oceânica ou continental ←
→ continental, originam sistemas de fissuras na crusra, com milhares de quilometros,
através dos quais o magma ascende á superficie. Estes magmas, originam
normalmente erupções do tipo não explosivo.

Interplacas – vulcanismo intraplaca


Este tipo de vulcanismo explica a existência de ilhas no interior de placas
ocânicas e de alguns vulcões isolados no interior dos continentes. Neste caso, os
magmas cuja origem se pressupõe em zonas mais profundas do manto,
desencadeiam, geralmente, erupções de tipo não explosiva.

Distribuição geográfica dos vulcões


As zonas do globo onde ocorre a atividade vulcânica coincidem, de modo
geral, comas zonas de elevada sismicidade. Grande parte desta atividade ocorre na
fronteira da placa do pacifico com outras placas continentais ou oceânicas. Por isso,
é designado “ anel de fogo “.
Minimização de riscos vulcânicos - previsão e prevenção

O vulcanismo primário ativo constitui um risco natural para o Homem que com
ele coabita. Assim, a previsão e prevenção permite minimizar os riscos vulcânicos.
A previsão de erupções vulcânicas é baseada na identificação de alguns
acontecimentos que são considerados sinais precursores de uma erupção vulcânica,
como, por exemplo a deteção de anomalias físicas e químicas, como deformações
no cone, variação da temperatura da água e do solo nas proximidades dos vulcões,
alteração da composição dos gases emanados e a deteção de atividade sísmica.
Outro passo fundamental na previsão é a elaboração de mapas de zonas de
risco que se baseiam na história eruptiva do vulcão. Para além da previsão, a
sensibilização e educação das populações para uma situação de risco pode ajudar a
salvar muitas vidas.

Sismologia

A Sismologia é um ramo da Geofísica que tem como objeto de estudo os


sismos e os seus efeitos.
Um sismo é um movimento vibratório de curta duração da crosta terrestre, em
consequência da libertação de energia.
Os sismos naturais apresentam várias designações que se relacionam com os
mecanismos que os geram, como:

Sismos de colapso - são o resultado do abatimento de grutas ou do


resvalamento de massas rochosas.
Sismos vulcânicos- associados a deslocamentos de magma aquando de
uma erupção vulcânica.

Sismos tectónicos- são originados por movimentos de origem tectónica, que


são provocados por diferentes tipos de forças:
• Compressivas - os materiais são comprimidos;
• Distensivas - os materiais sofrem estiramento e alongamento;
• Cisalhamento - os materiais são submetidos a pressões que provocam
movimentos horizontais, experimentando alongamento na direção do
movimento e estreitamento na direção perpendicular ao alongamento.
A teoria do ressalto elástico, formulado por Reid, permite compreender o
mecanismo fundamental da geração dos sismos devido à atuação das forças
tectónicas. Segundo esta teoria, as forças tectónicas levam ao acumular de tensões
energéticas que provocam a deformação das rochas, quando o material atinge o seu
limite de plasticidade, entra em rutura e dá-se a libertação de energia. Se a rutura
das rochas é acompanhada pela deslocação dos blocos rochosos denomina-se
falha.

Conceitos básicos de sismologia

Os sismos são frequentemente precedidos de abalos de fraca intensidade -


abalos premonitórios - e seguidos por outros mais pequenos – as réplicas.

Se o epicentro do sismo estiver situado no oceano, produz-se uma agitação


violenta das águas, dando origem a um maremoto ou tsunami.

O ponto do interior do Globo onde se inicia o sismo denomina-se foco sísmico


ou hipocentro.

O local à superfície da Terra mais próximo do hipocentro, ou seja, que fica na


vertical em relação ao foco, designa-se epicentro.

A distância entre o foco e o epicêntro designa-se por profundidade local.

Após a geração do sismo, a energia libertada propaga-se em todas as


direções sob a forma de ondas elásticas, vulgarmente designadas por ondas
sísmicas. A frente da onda é a superfície que separa as partículas que já entraram
em vibração daquelas que ainda o não fizeram. A trajetória perpendicular à frente de
onda chama-se raio sísmico.
As ondas sísmicas classificam-se em dois tipos principais: as que se
propagam no interior - ondas volumétricas ou profundas ou internas, e as que se
transmitem superficialmente - ondas superficiais.

A velocidade das ondas varia com :


• Rigidez: maior rigidez, maior velocidade
• Densidade: maior densidade, menor velocidade
Os movimentos do solo provocados pelas ondas sísmicas podem ser
registados pelos sismógrafos, e o registo obtido designa-se sismograma. O estudo
dos sismogramas permite localizar o epicentro, calcular a profundidade do foco e a
magnitude de um sismo.

Distância epicentral: é a distância entre o hepicentro e a estação sismica, e


determina-se pela diferença entre a chegada das ondas P e das ondas S á estação
sismográfica.

Intensidade sísmica e magnitude

Um sismo pode ser avaliado pela sua intensidade ou pela magnitude.

Intensidade:
• é um parâmetro de avaliação da vibração das ondas sísmicas sentidas
num certo local, baseado nos efeitos sobre as populações e na
destruição causada, é portanto subjetiva;
• é expressa na escala de Mercalli modificada ou escala internacional,
que é constituída por doze graus baseados na perceção e em
acontecimentos qualitativos;
• uma vez estimada a intensidade de um sismo é possível traçar
isossistas - linhas curvas em torno do epicentro e que delimitam áreas
em que o sismo atinge a mesma intensidade, de forma a construir uma
carta de isossistas.

Magnitude:
• é calculada a partir de um sismograma e expressa a quantidade de
energia libertada pelo foco sísmico, constituindo este um parâmetro
muito objetivo;
• é expressa na escala de Richter, que é uma escala logarítmica sem
limites; no entanto, o valor máximo registado foi de 8,9.

Sismos e a tectónica de placas

A distribuição geográfica da maior parte dos sismos coincide com zonas de


fronteiras de placas litosféricas, nomeadamente, fronteiras convergentes,
divergentes e transformantes - sismos interplacas. Os sismos também podem ter
origem em falhas ativas no interior das placas - sismos intraplacas.
Minimização de riscos sísmicos - previsão e prevenção

Na atualidade, ainda não é possível fazer-se a previsão sísmica com


segurança. No entanto, parâmetros físicos, como, por exemplo, deformação e
inclinação na zona epicentral, variação no campo geomagnético e geoeléctrico,
modificação nas propriedades físicas das rochas e até mesmo análise do
comportamento de animais poderão ser indicadores de uma possível atividade
sísmica.

Independentemente da possibilidade de uma previsão sísmica, mais ou


menos fiável, deve investir-se o máximo na prevenção. Adotando as seguintes
medidas:

•construção de edifícios que obedecem a regras antissísmicas;


•estudo da estrutura e litologia dos terrenos antes da construção de obras de
construção civil;
•formação de pessoal especializado para situações de emergência;
•elaboração de planos de evacuação;
•informar a população das normas de conduta a seguir em caso de sismo.

Ondas sísmicas e a estrutura interna da Terra

A velocidade e a direção das ondas P e S são condicionadas pela densidade,


compressibilidade e rigidez dos materiais que atravessam. A velocidade das ondas
sísmicas aumenta com a rigidez dos materiais e diminui proporcionalmente à sua
densidade.
Variações bruscas da velocidade, ao serem atingidas determinadas
profundidades, permitem detetar superfícies, no interior da Terra, que separam
materiais com diferentes composições e propriedades, designadas por superfícies
de descontinuidade.

Descontinuidade de Mohorovicic:
• delimita duas zonas distintas: uma superior, denominada por crusta, e
uma inferior designada por manto;
• situa-se a uma profundidade média de 35 a 40 km;
• verifica-se um aumento da velocidade das ondas P e S.
Descontinuidade de Gutenberg:
• situa-se a 2900 km, de profundidade;
• separa o manto do núcleo externo;
• aos 2900 km a velocidade das ondas P sofre uma redução acentuada,
enquanto que as ondas S deixam de se propagar o que parece indicar
uma natureza fluida do núcleo externo.

Descontinuidade de Weichert/Lehmann:
• situa-se a uma profundidade de 5140 km e separa o núcleo externo do
núcleo interno;
• a partir dos 5140 km a velocidade das ondas P sofre um aumento
significativo, o que permite inferir que o núcleo externo se deve
encontrar no estado sólido.

Quando ocorre um sismo verifica-se a existência de uma zona sobre a


superfície da Terra, variável conforme a localização do epicentro de um sismo, em
que as ondas P e S diretas não são registadas. Essa zona situa-se entre os 103º e
os 143º a partir do epicentro e designa-se zona de sombra sísmica.

No manto, entre os 100 e os 350 km, a velocidade das ondas P sofre uma
ligeira descida, o que leva a admitir que, embora a composição seja idêntica, o
material deve estar parcialmente fundido. Esta zona do manto, menos rígida, é
chamada astenosfera e é uma zona de baixa velocidade. A partir desta zona, a
velocidade das ondas P começa a aumentar ligeiramente.
Estrutura interna da geosgera

Os modelos sobre a estrutura interna do globo baseiam-se em dois critérios


diferentes, relativos aos materiais constituintes:
• composição química;
• propriedades físicas.

Modelo segundo a composição química

A Terra é constituída por três unidades estruturais concêntricas – crusta, manto e núcleo,
separadas por superfícies de descontinuidade.

Crusta:

➢ zona mais superficial do globo terrestre;


➢ pode ser dividida em crusta continental e crusta oceânica;

Crusta continental:

• espessura média de 35 a 40 km;


• constituída por rochas metamórficas, graníticas e por algumas rochas
sedimentares; ( silicio e aluminio – sial )
• densidade média de 2,7.

Crusta oceânica:

• espessura média de 5 a 10 km;


• natureza basáltica ( silicio e magnésio – sima )
• densidade média de 3.

Descontinuidade de Mohorovicic

Manto:

➢ situa-se desde a base da crosta até à profundidade de 2900 km;


➢ constituído por peridotitos - rochas ultrabásicas constituídas por minerais
ferromagnesianos; ( ferro e magnésio – fema )
➢ densidade varia entre os 3,3 e os 5,5;
➢ pode ser dividido em manto superior (até aos 700 km) e manto inferior (700
km aos 2900 km).
Descontinuidade de Gutenberg

Núcleo:
➢ situa-se a partir dos 2900 km;
➢ constituído por ferro e níquel, que são materiais que apresentam elevada
densidade;
➢ pode ser dividido em núcleo externo e núcleo interno, que são separados
pela descontinuidade de Lehmann.

Modelo segundo as propriedades físicas

O globo terrestre é constituído pelas seguintes regiões: litosfera, astenosfera,


mesosfera e endosfera.

Litosfera:
➢ compreende a crosta e a parte mais externa do manto superior;
➢ é sólida e rígida.

Astenosfera:
➢ compreendida desde a base da litosfera até à profundidade de 350 km;
➢ zona de baixa rigidez e parcialmente liquida.

Mesosfera:
➢ estende-se desde a base da astenosfera até à fronteira do manto com o
núcleo;
➢ é rígida e sólida

Endosfera:

Pode ser dividida em:


• Endosfera externa - é líquida.
• Endosfera interna- é sólida.
Biologia de 11 ano
Crescimento e renovação celular

A célula, unidade básica estrutural e funcional comum a todos os organismos


vivos, sintetiza moléculas específicas que garantem o crescimento e a renovação
celular.

Para que esta síntese ocorra, a célula utiliza a informação genética contida no
DNA e transforma-a em moléculas essenciais à vida, como as proteínas e os
aminoácidos, indispensáveis à manifestação das características genéticas dos seres
vivos.

DNA e síntese de proteínas

O DNA e o RNA, também designados ácidos nucleicos por manifestarem


propriedades ácidas, estão contidos nas células.
A unidade básica constituinte dos ácidos nucleicos é o nucleótido, que é
composto por três constituintes fundamentais:

•o ácido fosfórico ou grupo fosfato, que confere as propriedades ácidas aos


ácidos nucleicos;
•a pentose, que é um açúcar e pode ser ribose ou desoxirribose, conforme se
trate de RNA ou DNA, respectivamente;
•as bases azotadas
Estrutura do DNA:
• o DNA é uma molécula formada por duas cadeias antiparalelas de
nucleótidos enrolados em hélice
• os nucleótidos do DNA são formados por:
→ um grupo fosfato;
→ a desoxirribose;
→ as bases azotadas ( timina,
guanina, adenina, citosina )

Regra de Chargoff:

Na quantidade de bases no DNA de vários organismos o número de timinas é


aproximadamete igual ao número de adeninas e o número de guaninas é
aproximadamente igual ao número de citosinas, então o número total de purinas é
aproximadamente igual ao número total de pirimidinas

Caracteristicas do DNA:

• É composta por uma dupla cadeia polinucleotidica que se dispõem em


sentidos inversos, designando-se por isso antiparalelas;
• As bases azotadas situam-se em planos perpendiculares relativamente
ao açucar e ao grupo fosfato, que por sua vez se dispõem em planos
paralelos ao eixo da molécula;
• As bases estabelecem facilmente entre si pontes de hidrogénio;
• As bases têm carácter hidrofóbico
• A disoxirribose ( pentose ) e os grupos fosfato têm carácter hidrofilico.

Ligações entre nucleotideos

• Os nucleótidos que formam uma cadeia polinucleotidica ligam-se entre


si através de ligações covalentes ( do tipo fosfodiester ), que se
estabelecem entre o grupo fosfato e os carbonos 3' e 5' das pentoses.
• Cada cadeia de nucleótidos apresenta nas extremidades uma ponta
livre, umadesignada 3' e a outra 5'. Cada cadeia desenvolve-se em
sentidos opostos, iniciando-se na extremidade 5' e terminando na
extremidade 3'
• O processo repete-se na direcção 5´- 3´, ficando sempre um carbono 3´
livre para se poder ligar um novo nucleótido, pelo que a cadeia
polinucleotídica cresce sempre neste sentido;

• A sequência nucleotídica, que é dada pelo número e pela ordem dos


nucleótidos, é onde se encontra codificada a informação genética que
define as características de cada indivíduo.
• Entre a base Adenina ( A ) e a Timina ( T ) existem duas pontes de
hidrogénio entre as bases Guanina ( G ) e Citosina ( C ) existem três
pontes de hidrogénio.

Estrutura do RNA:
• O RNA é formado por uma cadeia simples de nucleótidos;
• A pentose é uma ribose e tem como bases azotadas a adenina,
citosina,guanina e o uracilo;
• O RNA encontra-se no núcleo e no citoplasma.

Função do RNA:

As informações codificadas no DNA são transcritas em RNA para que as


proteinas possam ser sintetizadas. Após isso o RNA construido pode passar por um
conhecido como tradução, que resultará na sintese das proteinas. Nesse sentido,
essas proteinas são formadas por aminoácidos. E por fim, cada um desses
aminoácidos é contruido a partir de um codão, que se trata basicamente de um
trecho de RNA com uma sequência de três nucleótidos.

Existem três tipos de RNA:

• RNA mensageiro ou mRNA – o RNA mensageiro é formado no núcleo e


contém a “ mensagem “ - o codigo transcrito através do DNA – para a
sintese de proteinas. Cada conjunto de nucleótidos no RNAm é
chamado de codão
• RNA ribossómico ou RNAr – o RNA ribossómico faz parte da estrutura
dos ribossomas e participa no processo de tradução dos codões para
sintese de proteinas.
• RNA transferência ou RNAt – o RNA transferência está presene no
citoplasma e é responsável pelo transporte dos aminoácidos até aos
ribossomas para a sintese proteica. No RNAt existe uma sequência de
nucleotideos correspondente ao codão, chamado anti-codão

Cromossoma

• Cromossoma: unidade morfológica e fisiologica de cromatina. Os


cromossomas por condensação da cromatina tornam-se visiveis
aquando da divisão da célula. Este é uma longa sequência de DNA que
contém vários genes.
• Cromatina: agregados filamentosos de DNA e proteinas presentes nos
núcleos interfásicos das células. As princiais proteinas da cromatina são
as histonas.
• Histonas: têm um papel importante na regulação dos genes
• Gene: segmento de DNA com uma certa sequência nucleotidica,
podendo atingir milhares de bases correspondente a determinada
informação.
• Genoma: conjunto de genes correspondente á informação genética de
um individuo.
Replicação do DNA

As células sofrem divisões para darem origem a novas células. As células-


filhas possuem o mesmo património genético das células que lhes deram origem.
Para assegurar a preservação desse património genético, o DNA tem a capacidade
de se autoduplicar. Este fenómeno ocorre através da replicação, que garante a
transmissão da informação genética às células-filhas.

Existem três hipóteses para explicar a replicação:

• Hipotese dispersiva: admitia que cada molécula-filha seria formada


por porções da molécula inicial e por regiões sintetizadas de novo, a
partir dos nucleótids presentes na célula.
• Hipotese conservativa: admitia que a molécula de DNA progenitora se
mantinha integra, servindo apenas de molde para a formação da
molécula-filha, a qual seria formado por duas novas cadeias de
nucleotideos.
• Hipotese semiconservativa: cada uma das cadeias serviria de molde
para uma nova cadeia e, consequentemente cada uma das moléculas
de DNA seria formada por uma cadeia antiga e uma cadeia nova.
Mecanismo de replicação do DNA

• Para que o processo de replicação se inicie é necessária a atuação de


uma enzima, a DNA-helicase. A enzima liga-se à cadeia de DNA e
desliza sobre esta, quebrando as ligações entre as duas cadeias de
nucleótidos – ligações de hidrogénio - ficando então as duas cadeias de
DNA separadas.
• Ao mesmo tempo em que a helicase vai abrindo a molécula de DNA,
outra enzima chamada DNA-polimerase liga um grupo de nucleotídeos
livres existentes no núcleo, que se pareiam com os nucleotídeos da
molécula-mãe, seguindo a ordem A – T , G – C.

Código genético
As moléculas de DNA e as proteinas são constituidas por monómeros ou
unidades básicas. Os monómeros dos ácidos nucleicos são os nucleótidos, euqnato
que os monómeros das proteinas são os aminoácidos.

Quantos nucleótidos são necessários para codificar um aminoácido ?

• É necessário uma sequência de 3 nucleótidos para codificar um


aminoácido
• Portanto o codigo genético assenta numa sequência de três
nucleotidos consecutivos , os quais formam um tripleto
• O facto de a sequência de três nucleótidos do mRNA codificar um
aminoácido valeu-lhe a designação de codão. Cada codão resulta por
complementariedade, de um tripleto de nucleótidos do DNA, que alguns
designam de codogene
Caracteristicas do código genético

• é universal – a linguagem do código genético é aproximadamente a


mesma em todos os organismos, ou seja, o mesmo codão codifica o
mesmo aminoácido;

• não é ambíguo – a um tripleto de nucleótidos corresponde um e só um


aminoácido;

• é redundante – vários codões são sinónimos, ou seja, podem codificar o


mesmo aminoácido. A maioria dos sinónimos difere apenas no último
nucleótido. Este fenómeno é também designado por degenerescência
do código genético, pelo que se pode caracterizar como sendo
degenerado;

• o terceiro nucleótido de cada codão não é tão específico como os dois


primeiros – por exemplo, os codões CGU, CGC, CGA e CGG, pois varia
mais que os dois primeiros
• o tripleto AUG tem dupla função – este tripleto codifica a metionina e é
um codão de iniciação da síntese de proteínas;

• os tripletos UAA, UAG e UGA são codões de finalização– estes codões,


que não codificam nenhum aminoácido, representam sinais de fim de
síntese de proteínas.

DNA e síntese de proteínas

Mecanismo da síntese de proteínas

Para que a sintese de proteinas ocorra, é necessario que a informação


genética contida na molécula de DNA seja inicialmente copiada para uma molécula
de RNA, num processo designado transcrição. Esta molécula de RNA forma-se por
complementaridade com uma determinada porção da molécula de DNA.
Seguidamente, essa informação, agora veiculada pelo RNA será utilizada para
sintetizar proteinas num processo designado tradução.
Transcrição – ocorre no núcleo:

• A enzima RNA-polimerase abre a dupla hélice o DNA rompendo as


pontes de hidrogénio;
• Os ribonucleotideos livres são ligados a uma cadeia de DNA ( molde )
no sentido 5' → 3' para sintese de mRNA;
• No final da transcrição o RNA-polimerase desliga-se do DNA e a
molécula de RNA pré-mensageiro é libertado

• O RNA pré-mensageiro vai sofrer processamento ou maturação:

→ a molécula de RNA pré-mensageiro é constituída por sequências de


nucleótidos que não codificam informação – os intrões, intercalados
com sequências que codificam – os exões. O processamento consiste
na eliminação de certas porções de RNA – enzimas específicas
removem os intrões do RNA pré-mensageiro e, posteriormente, há
união dos exões, formando-se o mRNA funcional ou ativo. O mRNA
funcional migra para o citoplasma, fixando-se nos ribossomas.
Nota: O processamento apenas ocorre nos seres eucariontes, nos seres
procariontes a molécula de RNA transcrita é a molécula de RNA traduzida

Tradução da mensagem genética

O processo de tradução compreende três etapas fundamentais: a iniciação do


processo, o alongamento da cadeia polipeptídica e a finalização, que coincide com o
fim da incorporação de aminoácidos.

Iniciação

• A subinidade menor do ribossoma liga-se á extremidade 5' do mRNA;


• A subunidade menor do ribossoma desliza ao longo da molécula de
mRNA até encontrar o codão de iniciação;
• O tRNA que transporta um aminoácido especifico liga-se por
complementariedade á subunidade menos do ribossoma.
Alongamento

• Um segundo tRNA transporta um aminoácido especifico, ligando-se ao


codão;
• Estabelece-se uma ligação peptidica entre o aminoácido recém-chegado
e o anterior;
• O ribossoma avança três bases ao longo do mRNA no sentido 5' → 3' ;
• O processo repete-se ao longo da molécula de mRNA, sendo que os
tRNA se tinham ligado inicialmente se desprendem.

Finalização

• O ribossoma encontra um codão de finalização ( UAA, UAG, UGA ).


Como a este codões não corresponde nenhum tRNA, o alongamento
termina;
• O último tRNA abandona o ribossoa;
• As subnidades do ribossoma separam-se podendo ser recicladas;
• O péptido é libertado.
Caracteristicas da sintese de proteinas:

• Complexidade – é um processo que envolve grande consumo de energia e a


intervenção de vários agentes, como as enzimas e os ribossomas.
• Rapidez – apesar de complexo, o processo é extremamente rápido.
• Amplificação – a mesma zona de DNA pode ser transcrita várias vezes,
formando várias moléculas de mRNA idênticas. Por sua vez, o mesmo
filamento de mRNA é descodificado simultaneamente por vários ribossomas.
Desta forma originam-se várias cadeias polipeptídicas idênticas e a atividades
do mRNA, que tem uma duração muito curta, é amplificada.

Alterações do material genético

O material genético de um indivíduo não permanece estático, por exemplo,


durante os fenómenos de replicação ou de transcrição, pode sofrer alterações que
originam anomalias mais ou menos graves.

Quando as alterações são bruscas designam-se por mutações.


As mutações podem ser:

• Espontâneas: erros no processo de duplicação de DNA ou na


formação de gametas.
• Induzidas: por exposição a determinadas ações ( raio-x, raios gama,
raios U.V, etc ) ou substâncias quimicas – agentes mutagénicos.
• Génicos: alteração num único gene devido a pequenas mudanças nos
nucleótidos ( silenciosa, sem sentido, perda de sentido, alterações do
modo de leitura ).
• Cromossómicos: alteração da estrutura do cromossoma ou do seu
número, alterando muitos genes ( estruturais, numéricas ).

Ciclo celular

O desenvolvimento dos seres vivos inclui períodos de crescimento celular e


períodos de divisão celular que ocorrem num processo cíclico.
O ciclo celular é o conjunto de transformações que decorrem desde que uma
célula é formada até que essa célula inicia o processo de divisão, para originar
células-filhas.
De forma simplificada, pode dizer-se que as células crescem, aumentam o seu
conteúdo celular e dividem-se, originando duas células-filhas geneticamente
semelhantes e com o mesmo conjunto de cromossomas da célula-mãe. As células
filhas crescem, podendo tornar-se células-mãe. Durante a divisão celular, os
organelos são distribuídos pelas células filhas, assim como o DNA que se auto
duplicou. As células-filhas asseguram, deste modo, a continuidade genética da vida.
Divisão celular em procariontes

A maioria dos seres procariontes apresenta uma só molécula de DNA que não
está associada a proteinas e se encontra dispersa no hialoplasma. Neste caso a
divisão celular pode ocorrer assim que a molécula de DNA se tenha replicado

A divisão celular é um processo muito simples que ocorre imediatamente a


seguir à replicação do DNA:

• o DNA inicia o processo de replicação num ponto único e este


fenómeno prossegue em dois sentidos;
• depois de duplicado, as duas cadeias circulares de DNA destacam-se e
separam-se;
• a célula divide-se formando duas células-filhas, cada uma com uma
cadeia de DNA;
• porque são unicelulares, quando ocorre divisão celular está a verificar-
se reprodução, originando-se dois indivíduos geralmente idênticos entre
si e idênticos à célula-mãe.
Estrutura dos cromossomas das células eucarióticas

Os organismos eucariontes são bem mais complexos. A informação genética


nestes organismos encontra-se distribuida por várias moléculas de DNA ás quais
estão associadas proteinas designadas histonas ( conferem estabilidade ao DNA e
são responsáveis pelo processo de condensação ).

Cada porção do DNA, associado ás histonas, constitui um filamento de


cromatina. Estes filamentos encontram-se, na maior parte do tempo, dispersos no
núcleo da célula.
Quando a célula está em divisão, estes filamentos sofrem um processo
progressivo de condensação, originando filamentos curtos e espessos designados
cromossomas

Na fase de condensação, cada cromossoma é constituido por dois


cromatideos que resultam de uma duplicação do filamento inicial de cromatina.

Os cromatideos de um cromossoma encontram-se unidos por um centrómero.

Fases do ciclo celular

O ciclo celular corresponde à alternância de fases de crescimento com fases


de divisão celular, com o objectivo final de originar novas células.
O ciclo celular compreende dois períodos ou fases, a interfase e a fase
mitótica ou divisão celular.
Interfase: ocorre a duplicação do material genético, biomuléculas , organitos.

Fase mitótica: divisão do núcleo ( mitose ) e do citoplasma ( citocinese)

A interfase compreende 3 etapas:

Periodo/Intervalo G1: Biossintese de RNA e outras biomuléculas; formação


de organitos; crescimento celular.

Periodo/Fase S: Replicação do DNA e sintese de histonas; filamentos de


cromatina com estrutura dupla.

Periodo/Intervalo G2: Biossintese de RNA e outras biomuléculas; duplicação


do centrossoma; crescimento celular.

Etapas da mitose

Profase
• Etapa mais longa da mitose;
• Os cromossomas enrolam-se tornando-se progressivamente mais
condensados, curtos e grossos;
• Os centrossomas ( dois pares de centriolos ) afastam-se para polos
opostos, formando entre eles um fuso acromático.
Metafase
• Os cromossomas apresentam a máxima condensação;
• Os cromossomas, ligados ao fuso acromático, dispõem-se no plano
equatorial da célula formando a placa equatorial. Os centrómeros
encontram-se voltados para o centro do plano equatorial, enquanto que
os braços dos cromossomas voltam-se para fora deste plano.

Anáfase
• Verifica-se o rompimento do centrómero, separando-se os dois
cromatideos que constituiam cada cromossoma;
• Os cromossomas iniciam a ascensão polar ao longo das fibrilas dos
microtúbulos;
• No final da anafase, cada polo da célula possui um conjunto de
cromossomas exatamente igual.
Telofase
• Inicia-se a organização dos núcleos-filhos;
• Forma-se um invólucro nuclear em torno dos cromossomas de cada
núcleo-filho;
• Os cromossomas iniciam um processo de descondensação;
• As fibrilas do fuso acromático desorganizam-se
• A mitose termina. A célula possui agora dois núcleos.

Citocinese
Corresponde à divisão do citoplasma e individualização das duas novas
células-filhas;
Existem algumas diferenças na citocinese das células animais e vegetais:

Citocinese das células animais

Nas células animais, o inicio da citocinese é marcado pelo surgimento de um


estrangulamento da membrana citoplasmática na zona equatorial da célula. Este
estrangulamento deve-se á progressiva contração de microfibrilas proteicas, que
conduzem á divisão da célula-mãe em duas células-filhas.

Citocinese das células vegetais

Nas células vegetais, a existência de paredes esqueléticas não permite a


citocinese por estrangulamento. Assim, verifica-se que vesiculas resultantes do
complexo de Golgi, outros polissacarideos e proteinas são depositados na região
equatorial. Á medida que as vesiculas golgianas se vão fundindo, origina-se ua
membrana celular que acaba por dividir a célula em duas
Estabilidade do programa genético

Durante a divisão celular, as células apresentam a capacidade de transmitir a


informação genética de uma geração para outra, mantendo igual conjunto de
cromossomas nas células-filhas. Este fenómeno verifica-se porque, ao longo do ciclo
celular, a quantidade de DNA, que duplicou no período S da interfase, durante a
mitose, volta ao valor inicial em cada célula-filha.
Assim, na interfase:
• no período G1 a célula possui uma só cadeia de DNA;
• no período S ocorre a replicação semiconservativa do DNA e os
cromossomas ficam constituídos por dois cromatídios ligados pelo
centrómero – a informação genética duplica e consequentemente a
quantidade DNA aumenta.
• No período G2 vai-se manter essa quantidade de DNA.

Durante a mitose:
• na prófase e na metafase a quantidade de DNA continua a ser dupla e o
número de cromossomas não alterou;
• na anafase, depois de ocorrer a clivagem dos centrómeros, cada um
dos cromossomas-irmãos migra para os pólos da célula, pelo que se
verifica a distribuição equitativa dos cromossomas e a consequente
redução para metade do teor de DNA; o número de cromossomas
mantém-se;
• a telofase não altera o teor de DNA nem o número de cromossomas.

Diferenciação Celular

Para se compreender o processo de diferenciação nos organismos


multicelulares, é necessário conhecer as caracteristicas das células que são
responsáveis pela construção do corpo das plantas e dos animais. Estas células são
designadas células estaminais.

Células estaminais:
• Embrionárias : totipotentes e pluripotentes
• Adultas: multipotentes e unipotentes

Células totipotentes: têm todas as potencialidades para originar todas as outras


células ( ex: ovo ou zigoto )

Células pluripotentes: apresentam elevado potencial de diferenciação, mas, já não


conseguem originar sozinhas a totalidade do organismo ( ex: bastocisto- embrião )
Células unipotentes: originam células filhas que são capazes de se diferenciarem
apenas num tipo de células ( ex: espermatogónias, espermatozoides )

Células multipotentes: são capazes de se diferenciarem em diferentes tipos de


células, embora de tecidos semelhantes ( células estaminais hematoieticas –
diferentes tipos de células sanguineas ).

Células indiferenciadas: são células muito semelhantes entre si e semelhantes á


célula que lhe deu origem.

Meristemas: células indeferênciadas de tecidos vegetais que são capazes de se


dividirem , levando ao crescimento de orgãos ou á renovação de zonas lesadas

Caracteristicas das células estaminais:


• células indiferenciadas;
• têm capacidade de divisão e diferenciação;
• têm capacidade de auto-renovação.

Diferenciação celular – clonagem

A capacidade que uma célula tem de originar outros tipos de células


especializadas é tanto maior quanto menor for o seu grau de diferenciação.

Nos últimos anos, o termo clonagem tem vindo a ser aplicado a situações
mais específicas:
• a clonagem é o processo de obtenção, em laboratório, de indivíduos
geneticamente iguais através de técnicas de manipulação de células e
de tecidos;
• um tipo de clonagem pode fazer-se obtendo in vitro embriões com a
mesma informação genética a partir de células do mesmo ovo, que se
implantam em mães portadoras. Este processo de clonagem baseia-se
na existência de gémeos verdadeiros.
• outro tipo de clonagem – a clonagem por transferência de núcleos –
pode explicar-se simplificadamente como a junção de um núcleo de
uma célula do indivíduo que se pretende clonar com uma célula-ovo
sem núcleo de um outro indivíduo. A fusão ocorre devido a uma
pequena descarga eléctrica e a célula-ovo formada desenvolve-se de
acordo com a informação genética do núcleo implantado;
Diferênciação celular e cancro

Duante os prcessos de divisão e diferenciação celulares, ocorrem por vezes


erros que conduzem á produção de células cancerosas.
Uma das mais preocupantes alterações que ocorrem nas células é a perda
dos mecanismos de regulação celular, resultantes da alteração na expressão dos
genes. Estas alterações podem traduzir-se por um aumento da proliferação
( aumento do número de células por divisão ) ou por uma diminuição da apoptose.

Morte das células


• Necrose: anoxia ( falta do oxigenio), falta de nutrientes, produtos
toxicos, inflamação.
• Apoptose : morte celular programada.

Regulação do ciclo celular

Os mecanismos de regulação do ciclo celular actuam fundamentalmente em


três pontos: no final de G1, durante a mitose e no final de G2

Controlo em G1: neste ponto de controlo do ciclo celular a célula pode entrar em
G0 ou então desencadear-se-á a apoptose ou morte celular se o DNA se apresentar
danificado e não puder ser reparado.

Controlo durante a mitose: a mitose é interrompida se os cromossomas não se


alinham de forma adequada ou não se istribuem de forma equitativa.

Controlo em G2: o ciclo celular prossegue se o DNA se auto-replicou de forma


apropriada. Caso contrário ocorre a apoptsoe celular.

Divisão celular descontrolada – Tumores

A perda dos mecanismos de regulação celular pode ser uma das


consequências da alteração do património genético das células, levando ao
aparecimento de cancro. As células cancerosas dividem-se de forma descontrolada
e podem adquirir características de malignidade, produzindo tumores. Podem invadir
tecidos e órgãos e podem espalhar-se por várias partes do organismo –
metastização.
Tumores benignos: a massa de células anormais que os constituem permanece no
local onde é formada ( cancro in situ ).

Tumores malignos: formados por células com capacidade invasiva que metastizam
formando novos tumores. A migração de células depende de vários fatores ( ex:

alteração de proteinas mebranares de adesão – caderinas e integrinas )

Reprodução assexuada

A reprodução assexuada é um processo que se verifica nos procariontes e na


maioria dos unicelulares eucariontes; também ocorre em seres multicelulares, mas
com baixo nível de diferenciação tecidular.

Na reprodução assexuada:
• apenas intervém um progenitor, que origina um conjunto de indivíduos;
• não há participação de células reprodutoras ou gâmetas;
• não há fecundação nem meiose;
• ocorrem mitoses sucessivas (divisões que mantêm o número de
cromossomas) responsáveis pelo crescimento e pelo aumento do
número de indivíduos;
• se não se verificarem mutações, os descendentes são geneticamente
idênticos entre si e aos progenitores, sendo um processo que não
contribui para a variabilidade genética das populações;
• a descendência é numerosa e o processo é rápido;
• como normalmente não se verifica variabilidade genética, os indivíduos
não se adaptam às alterações ambientais com tanta facilidade, logo,
este processo só é vantajoso para a sobrevivência das populações
quando o ambiente não está em mudança, ocorrendo normalmente em
condições favoráveis.
Existe uma grande diversidade de processos reprodutivos assexuados, sendo
os fundamentais a bipartição, a gemulação, a divisão múltipla, a esporulação, a
fragmentação, a multiplicação vegetativa e a partenogénese.
Dentro da multiplicação vegetativa existem dois tipos:

Multiplicação vegetativa natural

Dependendo da espécie podem-se originar novas plantas a partir de várias


partes da planta-mãe. Os processos de multiplicação podem ser por folhas ,
estolhos, rizomas , tubérculos, bolbos.
Multiplicação vegetativa artificial

Os métodos artificiais de multiplicação vegetativa são usados no sector


agroflorestal com o intuito de rapidamente produzir novas plantas. Estas técnicas
têm elevado interesse económico já que permitem preservar as características
genéticas das plantas. Destaca-se o método da estaca, a mergulhia e a enxertia.
Reprodução sexuada

A reprodução sexuada é o tipo de reprodução mais comum no mundo vivo; é o


processo reprodutivo quase exclusivo dos animais superiores e é usual nas plantas
superiores. A maioria dos seres com reprodução assexuada, em certas condições,
também se reproduz sexuadamente.
Na reprodução sexuada:
• intervêm dois progenitores, que produzem células reprodutoras
especializadas – os gâmetas e formam-se nas gónadas;
• ocorre fusão dos dois gâmetas – um masculino e um feminino –, ou
seja, ocorre fecundação;
• durante a fecundação ocorre cariogamia (fusão dos núcleos dos
gâmetas) que leva à formação do ovo ou zigoto;
• o ovo é a primeira célula do futuro ser vivo. Por mitoses sucessivas, vai
originar um indivíduo com características resultantes da combinação
genética dos gâmetas dos progenitores;
• os indivíduos das sucessivas gerações que vão sendo originados,
apesar de terem algumas características comuns, apresentam
diferenças mais ou menos acentuadas entre eles e em relação aos
progenitores – verifica-se, assim, variabilidade genética nas populações;
• a descendência é, normalmente, reduzida e o processo é lento;
• como se verifica variabilidade genética, os indivíduos suportam as
alterações do meio com alguma facilidade, estando aptos a sobreviver
em ambientes em mudança. A seleção natural elimina os menos aptos e
os mais aptos vão ser selecionados;
• para a formação dos gâmetas ocorre um processo de divisão celular – a
meiose – que permite a redução do número de cromossomas de uma
célula.

O ovo resulta da união dos gâmetas que ocorre durante a fecundação. Assim,
os cromossomas presentes no núcleo do ovo são pares de cromossomas do mesmo
tipo que provieram metade de cada gâmeta. Designam-se cromossomas homólogos
e possuem forma e estrutura idênticas, sendo portadores de genes correspondentes.

Quanto ao número de cromossomas que possuem, as células podem


classificar-se em haploides e diploides:

•Haploides – são células que possuem um só cromossoma para cada par de


homólogos, representam-se simbolicamente por n. Exemplos destas células
são os gâmetas que se formaram por meiose;

•Diploides – são células que possuem dois pares de cromossomas


hómologos e representam-se simbolicamente por 2n. Exemplos destas células
são o ovo que resultou da fecundação e todas as células somáticas.
A fecundação implica uma duplicação cromossómica mas o número de
cromossomas característico de cada espécie mantém-se constante. A meiose, por
sua vez, garante a passagem da diploidia para a haploidia. Assim, pela existência
alternada destes dois fenómenos indispensáveis para que ocorra reprodução sexual,
está garantida a constância do número de cromossomas de geração em geração.

Meiose – redução cromossómica

A meiose é um processo de divisão celular que leva à formação de quatro


células haploides semelhantes entre si e com metade do número de cromossomas
da célula que lhes deu origem. Como este fenómeno implica a passagem de um
estado diplóide para um estado haploide, pode ser designado por redução
cromossómica.

A meiose inclui duas divisões sequenciais e inseparáveis, a divisão I e a


divisão II.

Divisão I:
• é precedida pela interfase onde, no período S ocorre a replicação do
DNA, constituinte dos cromossomas;
• no início da meiose cada cromossoma é constituído por dois
cromatídios;
• a separação dos cromossomas homólogos de cada par reduz para
metade o número de cromossomas da célula diploide;
• são originados dois núcleos haploides, ou seja, com metade do número
de cromossomas do núcleo da célula que lhes deu origem;
• porque reduz o número de cromossomas, é uma divisão reducional.
Divisão II:
• os dois núcleos haploides dividem-se e formam-se quatro núcleos,
também haploides;
• porque os cromossomas são igualmente distribuídos pelos novos
núcleos, é uma divisão equacional;
• no final, formam-se quatro células haploides, contendo, cada uma, um
cromossoma de cada par de homólogos;
• é uma divisão idêntica à mitose.

As divisões I e II da meiose, embora tenham fenómenos exclusivos, incluem


sequências de estádios com características idênticas às que ocorrem na mitose. Por
este facto, os estádios têm o mesmo nome – profase, metafase, anáfase e telofase.

Divisão I da meiose

Profase I :
• É a fase mais longa da meiose. No inicio desta fase, o núcleo aumenta
de volume;
• Os cromossomas sofrem uma espiralização, a qual faz com que se
tornem mais grossos, curtos e visivéis;
• Os cromossomas homólogos emparelham, num processo denominado
sinapse. Estes pares de cromossomas designam-se bivalentes e
apresentam quatro cromatideos. Entre os cromatideos bivalentes
ocorrem sobrecruzamentos em vários pontos, estes designados pontos
de quiasma.
• Nos pontos de quiasma pode ocorrer troca de informação entre os
cromatideos de cromossomas homólogos. Este fenómeno designa-se
sobrecruzamento ou crossing-over ( responsável pela variabilidade
genética)
• Ainda nesta, a membrana núclear e o núcleo desorganizam-se
progressivamente.
Metáfase I :
• Os cromossomas homólogos de cada bivalente dispõem-se
aleatóriamente na placa equatorial, equidistantes dos polos presos
pelos centrómeros ás fitbras do fuso acromático;
• Os pontos de quiasma localizam-se no plano equatorial do fuso
acromático.

Anafase I :
• Os cromossomas homólogos separam-se aleatóriamente ( redução
cromática ) e afastam-se para polos opostos ( rompimento dos pontos
de quiasma existentes ). Esta ascensão polar ocorre devido á retração
das fibras do fuso acromático;
• Cada um dos dois conjuntos cromossómicos que se separam e
ascendem aos polos, para além de serem haploides e constituidos por
metade do número de cromossomas ( n ), possuem informações
genéticas diferentes. Este facto contribui para a variabilidade genética
de novos cúcleos que se irão formar.

Telofase I :
• Após chegarem aos polos, os cromossomas começam a sua
despiralização, tornando-se finos e longos;
• Desorganizam-se o fuso acromático e diferenciam-se os nucléolos e as
membranas nucleares, formando-se dois núcleos haploides;
• Em certas células, ocorre citocinese, originando duas células.
Divisão II da meiose

Profase II :
• Os cromossomas com dois cromatideos condensam-se. O fuso
acromático forma-se após a divisão do controssoma;
• Os cromossomas dirigem-se para a placa equatorial, presos pelo
centrómero ás fibrar do fuso acromático.

Metáfase II :
• Os cromossomas dispõem-se na placa equatoial, equidistantes dos
polos e sempre pressos pelo centrómero ás fibras do fuso acromático.

Anáfase II :
• Ocorre a divisão do centrómero e dá-se a ascensão polar, isto é, os
cromatideos do mesmo cromossoma separam-se para polos opostos.
Os dois conjuntos de cromossomas que acabam de se separar são
hapoloides.
Telofase II :
• Os cromossomas atingem os polos e iniciam a sua desespiralização,
tornando-se finos, longos e invisivéis ao microscópio;
• Desorganiza-se o fuso acromático e diferenciam-se os nucléolos e as
membranas nucleares, formando-se quatro núcleos haploides;
• Caso não tenha ocorrido citocinese na telófase I, o citoplasma divi-se
agora, originando quatro células-filhas haploides.

As mutações podem ocorrer:


• Na divisão I da meiose, pela não separação de cromossomas
homólogos;
• Na divisão II, pela não divisão de cromatideos irmãos;
• No crossing-over devido a uma permuta anormal de segmentos entre
cromatideos de cromossomas homologos
Mutações cromossómicas numéricas: o número de cromossomas é alterado
devido a mutações

Euploidias: envolvem genomas inteiros; alterações do conjunto de cromossomas.


ex: ( monoploidia ( n ), triploidia ( 3n ), poliploidia ( 4n, 5n ).

Aneuploidia: envolve a diminuição ou aumento de 1 ou mais cromossomas. ex:


( monossomia ( 2n-1), trissomia ( 2n+1), polissomia ( 2n+2, +3, +4 , etc )).

Reprodução sexuada e variabilidade genética

Na reprodução sexuada, a meiose e a fecundação, que são dois mecanismos


compensatórios, asseguram a manutenção do número de cromossomas
característico de cada espécie, de geração em geração. Estes dois fenómenos são
igualmente responsáveis pela variabilidade genética que se verifica entre indivíduos
da mesma espécie.
Diversidade de estratégias na reprodução sexuada

Tal como na reprodução assexuada, em que se verificam estratégias


reprodutivas variadas, na reprodução sexuada as soluções reprodutivas são também
diversas.
As estratégias mais representativas estão relacionadas com a reprodução
sexuada nas plantas e nos animais.
Em ambos os casos, os gâmetas – células reprodutoras cuja união leva à
formação de um novo indivíduo – são formados em estruturas especializadas.

Fecundação nos animais


Nos animais há duas estratégias de reprodução, o hermafroditismo ou seres
monoicos e o unissexualismo ou seres gonocoricos:

Hermafroditismo:
• ocorre principalmente em espécies que têm dificuldades de dispersão
geográfica, ou vivem mesmo isolados;
•é comum nos seres invertebrados;
•um indivíduo possui simultaneamente o sexo masculino e o sexo feminino;
•podem verificar-se dois tipos de comportamento distinto – o hermafroditismo
suficiente e o hermafroditismo insuficiente.

Hermafroditismo suficiente– a fecundação efectua-se entre gâmetas produzidos


pelo próprio individuo, ocorrendo autofecundação. Verifica-se, por exemplo, na ténia.
Hermafroditismo insuficiente– a fecundação ocorre entre wspermatozoides e
ovulos produzidos em organismos diferentes. Ocorre na minhoca e no caracol, por
exemplo.

Unissexualismo:
• ocorre na maioria das espécies;
• há um indivíduo do sexo masculino – macho – e um do sexo feminino –
fêmea;
• a reprodução, neste caso, exige a contribuição de dois indivíduos, um
de cada sexo, sendo estas espécies dioicas;
• a união dos gâmetas efetua-se de diversos modos que dependem da
mobilidade dos animais e do habitat.

De acordo com o local onde ocorre, a fecundação pode ser externa ou interna:
Fecundação nas plantas

Criptogomas ( sem semente ):


• Avasculares → Briófitos ( ex: musgos )
• Vasculares → Pteridófitos ( ex: fetos )

Fanerógomas ( com semente ):


• Com fruto → Angiospérmicas ( ex: planta com flor, semente, fruto, etc )
→ monocotiledoneas ( milho ), dicotiledoneas ( feijão ).
• Sem fruto → Gimnospérmicas ( ex: pinheiro com semente ).

Gametângios: tecidos que se dividem por meiose e originam gâmetas.


Esporângios: tecidos que se dividem por meiose e originam esporos.

Flores:

Existe uma grande variedade que se distingue pela:


• posição na planta;
• forma;
• coloração do perianto.

É constituída por:
Produzem os gâmetas que são:

Podem ser:
• hermafroditas: os estames e os carpelos estão na mesma flor;
• unissexuais: há flores só com estames - flores unissexuais masculinas;
e há flores só com carpelos – flores unissexuais femininas.
Para que haja fecundação tem que ocorrer a polinização:
• é o transporte de grãos de pólen para os órgãos femininos da flor;
• pode ser direta ou cruzada.

Direta: quando há polinização na mesma flor. Nesta situação a variabilidade


genética é reduzida;
Cruzada: quando a polinização se efetua entre flores de plantas distintas, mas
da mesma espécie. Esta estratégia propicia grande variabilidade genética;

A polinização faz-se por agentes polinizadores como o vento, os insetos e as


aves. As características das flores estão intimamente relacionadas com o agente
específico que as poliniza.

Vantagens e desvantagens dos tipos de reprodução

Alguns seres vivos podem apresentar os dois tipos de reprodução, conseguindo


mudar de estratégia reprodutiva de acordo com as condições do meio, de modo a
maximizar as vantagens oferecidas por cada processo. Esta situação é vulgar em
espécies como os afídios, vulgarmente designados por pulgões.
As principais vantagens e desvantagens destes dois tipos de reprodução são:
Ciclo de vida: Unidade e diversidade

O ciclo de vida de um ser vivo corresponde à sequência de acontecimentos


que ocorrem na vida de um organismo desde que foi concebido até que produz a
sua própria descendência. O ciclo de vida de uma espécie repete-se de geração em
geração.

Quando a reprodução é assexuada existe estabilidade genética e, como tal,


não há alteração do número de cromossomas de cada espécie.
Quando a reprodução é sexuada, a duplicação do número de cromossomas
que resulta da fecundação é compensada pela redução de cromossomas que ocorre
na meiose, possibilitando a manutenção de um número de cromossomas constante
em cada espécie.

Da alternância entre estes dois fenómenos resulta sempre uma alternância de


fases nucleares características:
• haplofase ou fase haploide – está compreendida entre a meiose e a
fecundação, inicia-se na célula que resultou da meiose e que possui n
cromossomas;
• diplofase ou fase diploide – está compreendida entre a fecundação e
a meiose, inicia-se no ovo, célula que resultou da fecundação e que
possui 2n cromossomas.

A ocorrência da fecundação e da meiose, embora comum a todos os seres


vivos com reprodução sexuada, pode dar-se em momentos diferentes do ciclo de
vida do organismo. Tendo em conta esse momento, estabeleceram-se, então,
diferentes tipos de meiose – a meiose pós-zigótica, a meiose pré-gamética e a
meiose pré-espórica:
Atendendo ao desenvolvimento relativo das duas fases nucleares,
determinadas pelo momento em que ocorre a meiose, gera-se alguma diversidade
nos ciclos de vida dos seres vivos que se podem classificar em:
Ciclo de vida haplonte – exemplo da espirogira

A espirogira:
• é uma alga pluricelular;
• vive em água doce;
• forma agregados filamentosos constituídos por células cilíndricas
dispostas topo a topo;
• apresenta reprodução assexuada por fragmentação – quando as
condições são favoráveis, podem destacar-se dos filamentos
fragmentos que crescem e originam novos indivíduos;
• tem reprodução sexuada quando as condições do meio são
desfavoráveis, garantindo a possibilidade de se formarem indivíduos
com características que podem ser vantajosas nesses ambientes.
Ciclo de vida da espirogira

Esquema do ciclo de vida da espirogira


Ciclo de vida Diplonte – Exemplo do Homem

Etapas da reprodução no homem:


• na espécie humana, a meiose ocorre durante a formação dos gâmetas
que são haploides ( meiose pré-gamética ), que, quando se unem
( fecundação ), dão origem a um zigoto diploide, que se divide
mitoticamente, originando um individuo pluricelular diplonte.

Ciclo de vida Haplodiplonte – exemplo do polipódio

O polipódio:
• é um feto comum;
• é uma planta vascular que não produz sementes;
• habita locais húmidos,
• tem o corpo constituído por um caule subterrâneo – o rizoma, de onde
emergem raízes e folhas;
• apresenta reprodução sexuada e assexuada por fragmentação
vegetativa do rizoma e por esporulação.
Etapas da reprodução no polipódio:
• na época reprodutiva, na página inferior das folhas, formam-se soros
que são grupos de esporângios que, quando jovens, contêm as células-
mãe dos esporos;
• as células-mãe dos esporos sofrem meiose, originando esporos
haploides que, quando estão maduros, são libertados;
• se caírem em solo favorável, cada esporo germina e origina uma
estrutura laminar, fotossintética de vida independente – o protalo;
• na face inferior do protalo, que é um gametófito pluricelular, formam-se
os gametângios:
– anterídios: gametângios masculinos que produzem os anterozoides
– arquegónios: gametângios femininos que produzem a oosfera;

• os anterozoides, quando a água no solo é suficiente, nadam até aos


arquegónios onde se fundem com a oosfera;
• desta fecundação, dependente da água, resulta um zigoto diploide que ,
por mitoses sucessivas, originana uma nova planta adulta – novo
esporófito de vida independente.
Unicelularidade e multicelularidade

O planeta Terra formou-se há cerca de milhões de anos, sendo os primeiros


milhões de anos tumultosos, ou seja, houveram bombardeamentos meteoríticos a
um ritmo elevado. A partir desta altura a Terra entrou numa fase mais calma da sua
evolução e a temperatura foi diminuindo, criando um ambiente maispropicio para
que se pudessem criar moléculas sem que fossem destruidas pelo calor.
Segundo esta hipótese, as moléculas orgânicas ao interagirem entre si, terão
originado sistemas com elevados niveis de organização, designados protobiontes.
Por sua vez os protobiontes já seriam capazes de manter um certo equilibrio
do seu meio interno e de reagir a certos estimulos do meio.
O aumento gradual da complexidade destes protobiontes terá levado ao
aparecimento dos primeiros seres vivos. Inicialmente unicelulares e de constituição
muito simples, os primeiros seres vivos seriam semelhantes aos atuais seres
procariontes.

Dos procariontes aos eucariontes

Ao longo de vários milhões de anos, os seres pocariontes habitaram


ambientes aquáticos e foram-se diversificando, sbretudo quanto ao seu metabolismo.
Alguns desses seres unicelulares desenvolveram um processo metabólico que
conduziu á libertação de oxigénio – a fotossintese. Desta forma, o oxigénio começou
a acumular-se na atmosfera.
O surgimento do oxigénio na atmosfera teve um grande impacto nos únicos
habitantes da Terra ( procariontes ). Este gás, para muitos dos habitantes foi uma
espécie de “ veneno “, que levou á extinção de muitos grupos de procariontes, porém
alguns conseguiram sobreviver em ambientes em que permaneciam anaeróbios
( não necessita de oxigénio para sobre viver ).
Entre os sobreviventes, contam-se individuos que desenvolveram a
capacidade de resistir ao oxigénio. Entre eles, houve um grupo que, á semelhança
das atuais mitocôndrias, era capaz de aproveitar este gás para oxidar compostos
orgânicos, obtendo uma grande quantidade de energia.

Como apareceram os eucariontes ?

Apesar destas capacidades – respiração e fotossintese – a simplicidade dos


organismos procariontes limitava os processos de metabolização que podiam ocorrer
simultaneamente
Alguns destes procariontes evoluiram e aumentaram a sua complexidade,
processo que terá resultado no aparecimento dos eucariontes.
Existem duas hipóteses que tentam expliar a origem dos seres eucariontes a
partir do procariontes: Hipotese Autogénica e a Hipotese Endossimbiótica.
Argumentos a favor da hipótese endossimbiótica:
• as mitocôndrias e os cloroplastos são muito semelhantes a bactérias
(seres procariontes), na forma, no tamanho e nas estruturas
membranares;
• estes organelos produzem as suas próprias membranas, as suas
divisões são independentes das da célula e são semelhantes à divisão
binária das bactérias, contêm um DNA próprio semelhante ao das
bactérias – uma molécula circular, geralmente, não associada a
histonas;
• os ribossomas das mitocôndrias e dos cloroplastos são semelhantes
aos dos procariontes, quer no tamanho, quer nas suas características
bioquímicas;
• atualmente, podem encontrar-se associações simbióticas entre
bactérias e alguns eucariontes.

Pontos fracos da hipótese endossimbiótica:


• esta hipótese não explica a origem do núcleo das células procarióticas;
• não esclarece como é que o DNA nuclear comanda o funcionamento
dos cloroplastos e das mitocôndrias.

Multicelularidade

Embora ainda não esteja bem esclarecida, pensa-se que a multicelularidade


tenha resultado de associações vantajosas entre eucariontes unicelulares que foram
evoluindo:
• inicialmente, todas as células desempenhariam a mesma função;
• posteriormente, algumas células ter-se-iam especializado em
determinadas funções, ocorrendo diferenciação celular;
• a diferenciação celular, em que se verifica interdependência estrutural e
funcional das células, ter-se-á acentuado, originando verdadeiros seres
multicelulares.

Atualmente, verifica-se a existência de agregados de seres eucariontes


unicelulares da mesma espécie que estabelecem ligações estruturais entre si,
formando colónias ou agregados coloniais.
Vantagens evolutivas da multicelularidade para os organismos:
• permite que os organismos tenham maiores dimensões, mantendo a
relação área/volume ideal para a realização de trocas com o meio;
• possibilita maior diversidade, proporcionando uma melhor adaptação a
diferentes ambientes;
• diminuição da taxa metabólica, como resultado da especialização
celular que permitiu uma utilização de energia de forma mais eficaz;
• maior independência relativamente ao meio ambiente, devido a uma
eficaz homeostasia (equilíbrio dinâmico do meio interno) que resulta da
interdependência entre os vários sistemas de órgãos.
Mecanismos de Evolução

Evolucionismo vs Fixismo
Desde tempos remotos que o Homem tenta explicar a origem e a diversidade
das espécies. Várias teorias surgiram, enquadradas em dois grandes grupos: teorias
fixistas e teorias evolucionistas.

Fixismo:
Platão e Aristóteles defendiam que as espécies não sofriam transformações,
permanecendo imutáveis ao longo dos tempos, cncluindo que foram originadas tal e
qual como são na atualidade. Esta teoria considerava que as espécies eram
permanentes, perfeitas e não sofriam evolução

Dentro do fixismo temos o criacionismo:

Segundo o criacionismo, os seres vivos foram criados por criação divina.


Como obra divida, a criação implica perfeição e estabilidade. Depois de criadas as
primeiras espécies, perfeitas, estas mantêm-se ficas ao longo do tempo. As
imperfeições que ocorrem por vezes, devem-se á imperfeição e corrupção do
mundo. Nesta perspetiva, o criacionismo é uma teoria fixista.
Como o criacionismo se baseia na fé, não pode ser experimentado e
consequentemente , não pode ser objeto de tratamento por parte da ciência.

Evolucionismo:
A ideia de o mundo apresentar variações ao longo do tempo e das espécies
não serem exceção a essas modificações ( ideia evolucionista ), começou a
implantar-se, colocando em causa a conceção fixista.

Lineu – pai da sistemática


• Permitiu ver semelhanças e diferenças entre os individuos, seguindo
relações de parentesco.
• Com base na paleontologia – os fosseis encontrados não
correspondiam com as espécies atuais.

Cuvien – Teoria do catastrofismo


• Surge para explicar o desaparecimento das espécies devido a diluvios
ou glaciações não havendo continuação deles ( ausência de fosseis em
alguns estratos ).
Buffon – Conceção transformista
• Admitiu que as espécies derivam umas das outras por degeneração e
que esta era lenta e progressiva, existindo espécies intermédias até á
forma atual.
• A degeneração era devido ao clima e alimento.
• Segundo ele, as espécies menos perfeitas, mais delicadas, menos
ativas, etc, desapareceram ou vão desaparecer

Hutton – Teoria do Uniformitarismo/ Principio das causas atuais


• Esta teoria abala o catastrofismo
• A idade da terra, é muito superior áquela que era admitida até á data
• A terra foi sempre, por forças terrestres: vento, chuva, erosão,
sedimentação e vulcanismo
• Defensor dos fenómenos geológicos existentes na atualidade serem
idênticos aos que ocorrem no passado

Lyell – Confirma a teoria do uniformitarismo


• Defendia que a evolução biológica ocorria de uma forma gradual –
conceção gradualista ( nega a prespetiva catastrófica do mundo )

Teorias evolucionistas : Lamarckismo e Darwinismo

Lamarckismo:
• foi a primeira teoria explicativa sobre o mecanismo de evolução dos
seres vivos, formulada e defendida por Lamarck;
• esta teoria assentava em duas leis fundamentais – a Lei do uso e do
desuso e a Lei da herança dos caracteres adquiridos;
• nesta teoria, a adaptação é definida como sendo a capacidade dos
seres vivos desenvolverem características que lhes permitam
sobreviver e reproduzir-se num determinado ambiente;
• o ambiente é considerado o principal agente responsável pela
evolução;
• admite, ainda, uma progressão lenta e gradual dos organismos mais
simples para os mais complexos.
O lamarckismo sofreu grande contestação porque:
• atribui à evolução uma intenção ou objectivo, ao afirmar que as
alterações ocorrem devido à necessidade de as espécies procurarem a
perfeição, o que não se conseguiu provar cientificamente;
• a herança dos caracteres adquiridos não se verifica experimentalmente.

Darwinismo:

Charles Darwin, integrou uma expedição á volta do mundo que tinha como
objetivo principal cartografar pormenorizadamente a costa sul-americana.
Dois locais qu marcaram Darwin foram o arquipelago de Cabo Verde e as
ilhas Galápagos. A conceção que Darwin tinha no inicio da viagem, de que cada
espécie teria sido criada para ocupar um determinado lugar levou-o a pensar que
todas as espécies insulares se deveriam assemelhar entre si. Contudo, Darwin
verificou que as espécies existentes em Cabo verde se assemelhavam com a da
costa africana e muito pouco com as da ilha Galápagos.
Darwin viria a interpretar este facto como resultado de uma descendência
comum. Assim, as aves das ilhas de Cabo Verde e as da Costa Africana eram mais
semelhantes porque partilhavam um ancestral comum.
Podemos concluir então que o Darwinismo tem por base os seguintes tópicos:
• Existem variações individuais dentro de uma mesma espécie;
• As populações tendem a crescer segundo uma progressão geométrica,
enquanto que os recursos alimentares crescem segundo uma
progressão aritmética;
• Os individuos de uma população lutam pela sobrevivência;
• O meio exerce uma seleção natural, favorecendo os mais aptos ( isto é
aqueles que têm caracteristicas mais adquadas para a sobrevivência
num determinado ambiente ) e eliminando progressivamente, os menos
aptos;

Confronto entre Lamarckismo e Darwinismo


O Lamarkismo e o Darwinismo explicam a diversidade de espécies existente
através de processos evolutivos. Contudo, embora ambos valorizem o papel do meio
e da adaptação, os mecanismos de explicação que apresentam são diferentes:
Contributos das diferentes áreas cientificas na fundamentação e consolidação
do conceito de evolução

Apesar de haver lacunas nas explicações lamarckistas e darwinistas, a


perspectiva evolucionista foi tendo cada vez maior aceitação. Para apoiar o
evolucionismo foram utilizados diversos argumentos, sendo os mais importantes os
dados da anatomia comparada, os dados da paleontologia, os dados sorológicos,
os dados da embriologia, os dados da biogeografia e os dados da biologia
molecular:
Dados da anatomia comparada:
• a anatomia comparada baseia-se no estudo comparativo das formas e das
estruturas dos organismos, ou seja, no estabelecimento de semelhanças e
diferenças entre os caracteres morfológicos;
• tem como objectivo estabelecer possíveis relações de parentesco entre
seres vivos de diferentes grupos taxonómicos;
• a existência de relações filogenéticas entre diferentes espécies é apoiada
pela presença de estruturas homólogas, análogas e vestigiais.

Estruturas homólogas:
• são orgãos que apesar de desepenharem uma função diferente,
apresentam um plano estrutural semelhante, a mesma posição relativa
e origem embriológica idêntica;
• a evolução é explicada por fenómenos de divergência;
• são o resultado da actuação da selecção natural sobre os mesmos
indivíduos em diferentes meios; os indivíduos que possuem estruturas
que lhes conferem vantagem num determinado habitat são
seleccionados em detrimento de outros;
As estruturas homólogas permitem construir séries filogenéticas, que
traduzem a evolução dessas estruturas em diferentes organismos. As séries
filogenéticas, podem ser progressivas ou regressivas.

Séries filogenéticas progressivas:


Nestas séries, os orgãos homólogos apresentam uma complexidade
crescente. A partir de um orgão ancestral simples, foram surgindo orgãos cada vez
mais complexos
Por exemplo, o estudo do coração dos vertebrados é um exemplo de evolução

progressiva.
Série filogenética progressiva

Séries filogenéticas regressivas:


Nestas séries, os orgão homólogos tornam-se, progressivamente, mais
simples. Admite-se que a partir de um orgão ancestral mais complexo foram
surgindo orgãos mais rudimentares.
Por exemplo, a redução dos membros dos répteis.
Estruturas análogas:
• são orgãos que têm uma estrutura e origem embriológica diferentes,
mas que desempenham a mesma função.
• a evolução é explicada por fenómenos de convergência.
• resultam da atuação da selecção natural sobre indivíduos com origens
distintas que conquistaram meios semelhantes; os que possuem
estruturas que desempenham funções semelhantes são seleccionados
em detrimento de outros;

Estruturas análogas nos insectos e nas aves

Estruturas vestigiais:
• são estruturas atrofiadas que não possuem significado fisiológico em
determinados grupos de seres vivos mas que, noutros grupos são
desenvolvidas e funcionais;
• uma vez que eram órgãos desenvolvidos e funcionais em espécies
ancestrais, constituem importantes evidências anatómicas a favor do
evolucionismo;
• a selecção natural pode exercer pressões selectivas que favoreçam
indivíduos com determinado órgão desenvolvido mas, noutro meio,
esse órgão pode ser desnecessário;
• são evidentes em séries filogenéticas regressivas;

Estruturas vestigiais no Homem e na baleia.

Dados paleontológicos:

Os dados paleontológicos baseiam-se no estudo dos fósseis, isto é, de partes


ou vestigios de seres vivos que viveram em épocas geológicas anteriores
Existem fósseis que permitem documentar relações de parentesco
(filogenéticas) entre espécies actualmente muito afastadas e que não foram
independentes quanto à sua origem – estes fósseis designam-se formas sintéticas e
fósseis de transição.

Fosséis de transição: apresentam caracteristicas intermédias, que existem


na atualidade, em pelo menos dois grupos de seres vivos
Dados da embriologia:
A embriologia fornece provas a favor do evolucionismo, porque em estados
iniciais embrionários, são percetiveis homologias entre várias espécies/classes que
não é possivel observar em organismos adultos. Sugere a existência de um ancestral
comum que terá sofrido depois evolução divergente.
O desenvolvimento embrionário nas diferentes classes de vertebrados
apresenta semelhanças espantosas, nomeadamente fossas branquiais.

Dados da Biogeografia:
As espécies tendem a ser tanto mais semelhantes quanto maior é a
proximidade geográfica.
Quanto mais isoladas maiores são as diferenças entre si, mesmo que as
condições sejam semelhantes.

Dados da biologia molecular:


Entre as provas bioquimicas que apoiam o evolucionismo, destacam-se:
• o facto de todos os organismos serem constituidos pelos mesmos
compostos orgânicos
• a universalidade do codigo genético com a intervenção do DNA e do
RNA no mecanismo de sintese proteica
A análise de sequência de aminoácidos das proteinas e a sequenciação de
DNA têm fornecido, nos últimos anos, provas a favor de uma origem comum para
todos os seres vivos.
A partir de muitos estudos, chegou-se á conclusão que se duas espécies
apresentam sequências de genes e de aminoácidos muito próximas, muito
provavelmente essas sequências foram copiadas a partir de um ancestral comum.

Neodarwinismo – Teoria Sintética da Evolução

Esta teoria assenta em três pilares:


• a existência de variabilidade genética nas populações, consideradas
como unidades evolutivas
• a seleção natural como principal mecanismo da evolução
• a conceção gradualista que permite explicar que as grandes alterações
resultam de acumulação de pequenas modificações, que vão ocorrendo
ao longo do tempo

Surgiram, então, duas novas ideias fundamentais:

•mutações– são uma evidência que permite explicar as variações dos seres
vivos;

•a Teoria da Hereditariedade de Mendel – que explica a transmissão das


características de geração em geração.

Seleção natural, seleção artificial e variabilidade

A variabilidade resulta:

- Recombinação genética:
• Meiose : crossing-over, separação aleatória dos cromossomas
homologos.
• Fecundação: um maior número de gâmetas que se uniram de forma
aleatória.

– Mutações: introduzem novidade genética, sendo a única forma de existir


um gene novo na população.
As mutações têm valor evolutivo:
• não podem ser letais
• têm que ocorrer nas células reprodutoras
• devem ser raras e reduzidas

As populações como unidades evolutivas

As populações são formadas por individuos que podem ser, mais ou menos,
semelhantes entre si. Quanto maior for a diversidade de individuos de uma
determinada população, maior será a probabilidade de essa população sobreviver se
ocorrerem alterações ambientais. Isto porque se tornam mais aptos para esse novo
ambiente.

Para o neodarwinismo:
• As populações são unidades evolutivas
• Existem diferentes fatores responsáveis pela variabilidade das espécies
• As populações possuem um fundo genético ( conjunto de todos os
genes da população )
• Cada individuo possui um genótipo que se manifesta no fenótipo.
Individuos com caracteristicas mais vantajosas são mais aptos e
sobreviem á seleção natural

População mendeliana: do ponto de vista genético considera-se uma população ,


um conjunto de individuos que se reproduz sexuadamente e partilha um determinado
conjunto de genes

Fatores que modificam o fundo genético de uma população:


• Mutações;
• Migrações;
• Deriva genética;
• Cruzamento ao acaso;
• Seleção natural;
• Seleção artificial.
Migrações:
Correspondem á deslocação de individuos de uma população para outra.
Estes movimentos podem ser de entrada de individuos ( imigração ) ou saida de
individuos ( migração ).
Os movimentos migratórios conduzem a alteração do fundo genético, porque
são responsáveis por um fluxo de genes entre populações.

Deriva genética:
A deriva genética é um fenómeno que ocorre em populações de pequeno
tamanho e corresponde á variação do fundo genético, devido, exclusivamete, ao
acaso.
Duas situações em que ocorre uma diminuição drástica do tamanho de uma
população permitindo que a deriva genética ocorra de forma significativa – o efeito
fundador e o efeito gargalo.

Efeito fundador: ocorre quando um número restrito de individuos de uma


determinada população se desloca para uma nova área, transportando uma parte
restrita do fundo genético da população original.
Efeito gargalo: ocorre quando uma determinada população sofre uma
diminuição brusca do seu efetivo devido á ação de fatores ambientais. Assim um
determinado conjunto de genes será fixado na população, enquanto que outros
genes foram eliminados devido á seleção natural, mas por deriva genética.

Cruzamento ao acaso:
Quando os cruzamentos ocorrem a acaso, diz-se que existe panmixia. Esta
situação permite a manutenção do fundo genético.
Contudo, se os cruzamentos não se fizerem de uma forma aleatória, ou seja,
se na escolha do parceiro sexual houver tendência para previlegiar determinadas
caracteristicas, a frequência do conjunto de genes que os individuos escolhidos
possuem tenderá a aumentar. Assim o fungo genético da população irá sofrer uma
alteração.

Seleção natural:
A seleção natural não atua sobre genes isoladamente mas sim sobre
individuos com toda a sua carga genética.
Os individuos portadores dos conjuntos génicos mais favoráveis
( determinantes de caracteristicas vantajosas ), sobrevivem mais tempo e originam
maior descendência ( reprodução diferencial ), tonando mais frequentes os seus
genes.
A seleção natural pode ser:
• Estabilizadora: quando os mais aptos são os individuos que
apresentam os fenótipos intermédios.
• Dirruptiva: quando os individuos selecionados favoralmente são os qu
se encontram em ambos extremos de distribuição.
• Direcional: quando a seleção natural favorece os individuos cujas
caracteristicas se encontram apenas num extremo de distribuição.

Seleção artificial:
O Homem pode ser responsável pela modificação de determinadas espécies.
Ao escolher as plantas e os animais que reúnem as “ melhores “
caracteristicas, promovendo a sua reprodução, o Homem realiza um processo de
seleção artificial. Ao encorajar a reprodução de uns e a impedir a reprodução de
outros de forma sistemática, o Homem realiza um processo de seleção idêntico ao
realizada pela natureza, mas mais rápido.

Sistemas de classificação

Os cientistas sentiram, a necessidade de agrupar e classificar os seres vivos.


Assim, ordenar ou classificar os organismos vivos, atribuindo-lhes um nome
(nomenclatura), tornou-se uma tarefa necessária para referenciar os grupos de
seres vivos de forma a melhor se compreender e conhecer a diversidade das
espécies existentes na Terra.
A classificação agrupa os seres vivos de acordo com critérios pré-
estabelecidos. Assim, os grupos de seres vivos formados dependem dos critérios
selecionados.

A Taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da classificação e da


nomenclatura dos diferentes grupos de seres vivos formados. Tem como finalidade
adotar sistemas de classificação uniformes que expressem, da melhor forma, o grau
de semelhança entre os organismos.

A Sistemática recorre à Taxonomia e à Biologia Evolutiva e utiliza todos os


conhecimentos disponíveis sobre os seres vivos para compreender as suas relações
de parentesco e a sua história evolutiva, desenvolvendo sistemas de classificação
que refletem essas relações.

As classificações existentes podem distribuir-se por três períodos distintos:


Os reinos da vida

O reino é a categoria taxonómica mais ampla, inclui maior número de


espécies que as restantes categorias e as semelhanças entre elas são menores.

Os sistemas de classificação correspondem a formas de organização de


dados respeitantes aos seres vivos que se pretende classificar. À medida que vão
surgindo novos dados sobre os seres e que os critérios de classificação vão sendo
revistos, as classificações podem ser alteradas. Por exemplo, a classificação dos
seres vivos em reinos sofreu diversas modificações:
Sistema de classificação de Whittaker

O sistema de classificação em cinco reinos é bastante coerente, pois permite


sistematizar as características mais importantes dos principais grupos de
organismos.

Vários critérios estão subjacentes a esta classificação, sendo os principais o


nível de organização estrutural, os tipos de nutrição e as interacções nos
ecossistemas:

Organização estrutural: diz respeito ao tipo de célula, se é procariótica ou


eucariótica, e se os seres são unicelulares ou pluricelulares.

Tipos de nutrição: tem como base o processo de obtenção de alimento, os


seres podem ser autotróficos fotossintéticos ou quimiossintéticos ou podem
ser heterotróficos, obtendo o alimento por ingestão ou por absorção.

Interacções nos ecossistemas: são as interacções alimentares que os


organismos estabelecem no ecossistema, estão relacionadas com o modo de
nutrição. Assim, consideram-se:
• os produtores, que são seres autotróficos;
• os macroconsumidores, que são heterotróficos e que obtêm os
alimentos por ingestão;
• os microconsumidores, são heterotróficos decompositores que
obtêm o alimento por absorção da matéria decomposta.

Sistema de classificação de Whittaker modificado

Devido às limitações do seu sistema de classificação, Whittaker apresentou


uma versão modificada do mesmo – o sistema de classificação de Whittaker
modificado:
Outros sistemas de classificação

Apesar da grande aceitação do sistema de classificação de Whittaker,


continuam a realizar-se pesquisas na área da classificação. Foram surgindo novos
dados e a interpretação desses dados tem demonstrado diferentes perspetivas.

Assim, atualmente, há propostas de novos sistemas de classificação:

- Um sistema propõe a existência deseis reinos:


• baseia-se no facto de existirem duas linhagens diferentes de organismos
procariontes;
•propõe a extinção do reino Monera e que, em seu lugar, surjam dois novos
reinos – o das Arqueobactérias e o das Eubactérias.

- Um sistema de classificação com dois super-reinos:


•foi proposto em 1980 por Margulis e Schwartz;
•basearam-se em dados morfológicos, de desenvolvimento e em dados
moleculares;
•agruparam os cinco reinos de Whittaker em dois super-reinos:

-Um sistema de classificação em três domínios:


• proposto por Woese e seus colaboradores;
• baseia-se na filogenia molecular, principalmente na comparação de
sequências nucleotídicas de RNA-ribossómico;

Estes são:
Sistema de classificação em três domínios.

Este sistema tem sido muito criticado porque se baseia apenas em dados
moleculares como critério de classificação.

Conclui-se que a Taxonomia é uma ciência em constante evolução. Mas,


apesar das novas propostas apresentadas, o sistema de classificação de Whittaker
em cinco reinos continua a ser um dos mais consensuais.

Taxonomia e nomenclatura

À medida que o conhecimento biológico se foi desenvolvendo, aumentou


também a variedade de características utilizadas em Taxonomia.
Estabeleceu-se, assim, uma hierarquia taxonómica – o sistema hierárquico de
classificação:
• foi proposto por Lineu que, pelo seu contributo nesta área, foi considerado o
“pai da Taxonomia”;
• corresponde a um modo de ordenação dos seres vivos, numa série
ascendente;
• a espécie é a unidade básica de classificação;
• as espécies semelhantes agrupam-se em géneros, os géneros agrupam-se
em famílias, as famílias em ordens e as ordens em classes.

Os principais taxa ( categorias taxonómicas ) utilizadas nas classificações atuais


são: Reino → Filo → Classe → Ordem → Familia → Género → Espécie.

Da espécie para o reino vai aumentando o número de organismos incluídos em


cada nível, mas vai diminuindo o grau de parentesco entre eles.
De acordo com o conceito biológico, a espécie é um grupo natural constituído por
indivíduos com o mesmo fundo genético, morfologicamente semelhantes e que se podem
cruzar entre si originando descendentes férteis. Os organismos da mesma espécie estão
isolados reprodutivamente dos indivíduos de outras espécies, pelo que é a única
categoria taxonómica natural. Todas as outras são agrupamentos feitos pelo Homem.
Com a aceitação das ideias evolutivas, os agrupamentos taxonómicos formados
passaram a representar linhagens evolutivas. Assim, considera-se que dois seres vivos
são tanto mais próximos quanto maior for o número de taxa comuns a que pertencem.

Nomenclatura – regras básicas

Nomenclatura:
• consiste na atribuição de um nome científico aos diferentes grupos
taxonómicos;
• surgiu para tentar uniformizar os nomes que eram dados aos seres vivos:
popularmente os organismos são conhecidos por nomes muito diferentes,
que até podem variar de região para região;
• é atribuída de acordo com regras específicas com o objectivo de criar uma
nomenclatura internacional.

As regras básicas de nomenclatura são:


• a designação dos taxa é feita em Latim, porque: esta língua já era usada
desde a Idade Média havendo já muitos nomes atribuídos, pelo que não
seria necessário alterá-los; o Latim é uma língua morta, como não evolui, o
significado das palavras não se altera.
• para designar a espécie utiliza-se um sistema de nomenclatura binomial: foi
proposto por Lineu; são duas palavras em latim: a primeira diz respeito ao
género a que a espécie pertence e é um substantivo escrito com inicial
maiúscula; a segunda corresponde ao restritivo ou epíteto específico, é
normalmente um adjectivo escrito com inicial minúscula e identifica uma
espécie dentro do género a que pertence.
• os grupos superiores à espécie são uninominais, formados por uma só
palavra, que é um substantivo escrito com inicial maiúscula;
• a nomenclatura das famílias constrói-se acrescentando uma terminação à
raiz do nome de um dos géneros: nos animais acrescenta-se idae; nas
plantas a terminação é aceae.
• quando as espécies têm subespécies, a nomenclatura é trinominal, consiste
no nome da espécie seguido do restritivo ou epíteto subespecífico;
• os nomes genéricos, específicos e subespecíficos devem ser escritos em
tipo de letra diferente da do texto corrente. Normalmente, utiliza-se o itálico,
nos textos manuscritos sublinham-se estas designações;
• depois da espécie deve escrever-se o nome ou a abreviatura do taxonomista
que, pela primeira vez a partir de 1758, atribuiu o nome científico;
• a data da publicação do nome da espécie também pode ser citada, neste
caso coloca-se depois do nome do autor, separada por uma vírgula.

Pela utilização das regras de nomenclatura, uniformizaram-se os nomes das


categorias taxonómicas facilitando a comunicação científica, pois estes nomes são os
mesmos no mundo inteiro.

Geologia de 11 ano
Ocupação antrópica e problemas de ordenamento

Bacias hidrográficas – Aspectos geomorfológicos dos rios

Caracteristicas das bacias hidrográficas determinantes do comportamento dos


cursos de água:
• Relevo;
• Natureza e estrutura das rochas;
• Clima da região;
• Cobertura vegetal;
• Ação antrópica

Perfil transversal de um rio: corte ransversal do rio, em determinada zona


do seu percurso de modo a permitir o estudo e análise dos seus leitos.
Leito: espaço que pode ser ocuapdo pelas águas do rio

Podem distinguir-se três tipos de leito, o leito normal, o leito de cheia e o leito
de estiagem:
• Leito normal: é o terreno por onde passa a água em situações
climáticas normais.
• Leito de cheia: quando a pluviosidade é muito abundante, o fluxo de
um rio pode aumentar e subir vários metros, com consequente
inundação das margens, sendo estas margens designadas de leito de
cheia.
• Leito de estiagem: quando a quantidade de água diminui, em
consequência de uma seca prolongada, irá ocorrer a formação do leito
de estiagem.

Leito de estiagem Leito normal Leito de cheia


Curso superior:
• Fonte de declive – água desloca-se a grande velocidade.
• Fase da erosão. Fase da juventude.
• Vales estreitos e profundos com a forma de um “ V “ fechado

Curso médio:
• Declive mais suave.
• Ação de transporte.
• Vale em forme de “ V “ aberto.

Curso inferior:
• Declive fraco.
• Ação de sedimentação. Fase velha.
• Vale em caleira ( longo e com margens baixas ).
Geralmente um rio não constitui uma estrutura isolada, mas um sistema aberto
e compleco que estabelece uma rede mais ou menos estruturada e hierarquizada
com outros cursos de água. Uma rede hidrográfica é formada pelo rio principal e
peos rios, ribeiros e riachos tributários.
A área drenada por um rio e pelos seus tributários designa-se bacia
hidrográfica.

Bacia hidrográfica

A atividade geológica de um rio, desde a nascente até à foz, compreende três


ações: a erosão, o transporte e a deposição de materiais.

Erosão:
• Consiste na extração progressiva de materiais do leito e das margens
do rio. Os materiais erodidos resultam da meteorização física e química
sofrida pelas rochas, que provocam a sua fragmentação e alteração.
• Deve-se à pressão exercida pela água em movimento sobre as
saliências do leito e das margens dos rios.
• É mais acentuada em épocas de cheias, porque a velocidade das águas
é maior.
• Provoca a modificação dos vales e sulcos onde o rio circula, que, ao
longo dos anos, vão ficando mais largos e mais profundos.
Transporte:
• Os detritos rochosos erodidos são levados pela corrente de água para
outros locais.
• Os detritos, independentemente do tamanho que possuem, são os
fragmentos sólidos transportados e o seu conjunto forma a carga sólida
de um curso de água.

O transporte dos detritos pode ser feito:


• em suspensão e à mesma velocidade que a água, se os materiais são
finos;
• por saltação, rolamento e deslizamento, com velocidade inferior à da
água, se as partículas forem mais pesadas e mais grosseiras.

Diferentes tipos de transporte de detritos num rio.

Deposição:
• Quando a capacidade de transporte de um rio diminui, os materiais
tendem a depositar-se, provisoriamente ou definitivamete em
determinados locais
• Ocorre, geralmente, de acordo com a velocidade da corrente e as
características dos sedimentos: as suas dimensões, formas e pesos.
Assim, normalmente:
- os materiais mais pesados e maiores depositam-se a montante;
- os materiais mais finos e mais leves depositam-se a jusante,
mais próximos da foz, ou são mesmo transportados até ao mar.
Diferentes tipos de deposição de sedimentos num rio.

Apesar das boas condições oferecidas, as zonas ribeirinhas são também


zonas de risco que podem trazer consigo consequências bem negativas.
Os principais fatores de risco associados às bacias hidrográficas são as
cheias, a construção de barragens e a extração de inertes.

Cheias:

São fenómenos naturais extremos ou temporários provocados por:


• precipitações moderadas e prolongadas;
• precipitações repentinas e de elevada intensidade;
• fusão de grandes massas de gelo;
• rutura de barragens e de diques.

As cheias podem ser benéficas porque:


• Os sedimentos acumulados nas margens inundadas vão enriquecer os
solos para a agricultura.

As cheias podem ser prejudiciais porque:


• Existência de destruição de propriedades e explorações agricolas;
• Isolamento, a evacuação e o desalojamento de populações;
• Submersão e/ou os danos em vias de comunicação;
• Interrupção no fornecimento de eletrecidade, gás e telefone.
Medidas de prevenção
• Ordenar e controlar as ações humanas nos leitos de cheia;
• Implementar medidas que impeçam a construçãi e urbanização em
potenciais zonas de cheia;
• Construir sistemas integrados de regularização dos cursos de água,
como a construção de barragens e de diques nas suas margens;
• Alargamento, aprofundamento e remoção de obstáculos nos leitos dos
rios;
• Algumas soluções também podem acarretar consequências negativas
se forem feitas sem regras.

Barragens:
• São intervenções antrópicas que correspondem a construções com o
objetivo de reter grandes quantidades de água, formando albufeiras.
• Têm como objetivo regularizar o caudal de água, principalmente quando
a precipitação é fora do normal, pois o excesso de água fica
armazenado na albufeira, evitando inundações a jusante de barragem.

As barragens provocam a retenção de água, o que permite:


• regularizar o caudal a justante da barragem;
• o abastecimento de populações;
• a irrigação de terrenos;
• o aproveitamento hidroelétrico;
• o aproveitamento turístico.

Acarretam alguns inconvenientes:


• ao longo do tempo vão-se acumulando, no fundo, os sedimentos
transportados pelo rio ( deposição de sedimentos a motante ). Esta
situação diminui a capacidade de armazenamento de água da barragem
e reduz a quantidade de detritos debitados no mar, funcionando como
barreiras artificiais ao trânsito de sedimentos;
• como têm um determinado tempo de vida útil, quando este finda, traz
consigo problemas de segurança;têm um impacto negativo nos
ecossistemas aquáticos e terrestres da zona, provocando a destruição
de habitats.
Extração de inertes:
A extração de inertes consite no desassoreamento ( limpeza de fundos dos
rios ) dos fundos dos rios, e também da faixa costeira do qual resulta aretirada de
materiais tais como areia, areão e cascalho, sendo estes matéria-prima muito
importante, principalmente para a construção civil.

Tem consequências negativas, tais como:


• provocar o desaparecimento de praias fluviais;
• descalçar construções cujos pilares assentam sobre o leito dos rios;
• alterar correntes e outros aspetos hidráulicos;
• reduzir a quantidade de sedimentos que chegam à foz;
• diminuir a fertilidade de algumas espécies de peixes;
• destruir aluviões e terrenos cultiváveis circundantes;
• causar modificações irreversíveis ao nível dos ecossistemas.

Uma forma de assegurar esta gestão sustentável é através da implementação


de planos de bacias hidrográficas que visam a gestão, planificação, valorização e
proteção equilibradas dos grandes cursos de água no nosso país.

Zonas Costeiras

Dois terços da superfície terrestre são ocupados pelo mar. A separação entre
o domínio continental e o domínio marinho é uma faixa complexa, dinâmica, mutável
e que está sujeita a variados processos geológicos – a faixa litoral ou costeira.
Na transição do continente para o oceano, é possivel distinguir duas formas
distintas: as arribas e as praias.
Arribas:

Tipo de costa constituído, geralmente, por material rochoso consolidado, com


inclinação acentuada, com pouca ou nenhuma cobertura vegetal. Devido às forças
erosivas predominantes – os fenómenos de abrasão marinha – formam-se
estruturas características como a plataforma de abrasão, as cavernas, os leixões e
os arcos litorais.

Formas características de uma costa em arriba

Uma arriba é considerada viva quando ainda é modelada pela água do mar.
Quando deixa de ser trabalhada pela ação do mar, diz-se arriba morta ou fóssil.
Nas arribas vivas predominam os fenómenos de abrasão marinha, isto é ,
fenómenos relacionados com a erosão provocada pelo constante rebentar das ondas
de encontro ás rochas. Este fenómeno é acelerado quando as ondas do mar
transportam particulas que chocam de encontro ao substrato rochoso, desgastando-
o.
As plataformas de abrasão são superfícies aplanadas e irregulares muito
próximas do nível do mar. Resultam do desmoronamento das arribas, pelo que são
constituídas por blocos e sedimentos de grandes dimensões.
Formação de uma plataforma de abrasão

Praias:

As praias são estruturas morfológicas onde ocorre a acumulação de


sedimentos de vários tamanhos e litologias. Estas estruturas assumem enorme
importância, pois impedem, de um modo natural, o avanço das águas do mar para o
interior do continente e constituem ecossistemas unicos.

Evolução do litoral

As zonas litorais são zonas não estáticas, mas muito dinâmicas. Atualmente a
dinâmica da faixa litoral é condicionada pela intervenção de diversos fenómenos
naturais e por fenómenos antrópicos.

Fenómenos naturais que interferem com a dinâmica da faixa litoral:


• a alternância entre regressões e transgressões marinhas, com as
respetivas subidas e descidas do nível médio da água do mar;
• a alternância entre períodos de glaciação e interglaciação, que provoca
variações no nível médio das águas do mar;
• a deformação das margens dos continentes, que resulta de movimentos
tectónicos que podem provocar a elevação ou o afundamento das
zonas litorais.

Fenómenos antrópicos que interferem com a dinâmica da faixa litoral:


• o agravamento do efeito de estufa, que induz um aumento da
frequência e intensidade dos temporais, um aumento da temperatura do
planeta e a consequente fusão das massas geladas, que leva à
expansão térmica da água dos oceanos;
• a ocupação, por vezes excessiva, da faixa de litoral com estruturas de
lazer e de recreio, com a implementação de estruturas pesadas de
engenharia;
• a diminuição da quantidade de sedimentos que chegam ao litoral,
devido à construção de barragens nos grandes rios;
• a destruição das defesas naturais, em consequência do pisoteio das
dunas, da construção desordenada, do arranque da cobertura vegetal e
da extração de inertes para a construção civil.

Como consequência dos fenómenos naturais e antrópicos, os litorais do globo


terrestre estão a sofrer um processo de erosão acelerado, que está a provocar:
• a ameaça de muitos locais pelo avanço das águas do mar, pondo em
risco vidas e bens públicos e privados;
• a destruição de zonas de habitação e turismo e também a destruição de
zonas de grande importância ecológica, com a devastação de habitats e
a alteração de rotas migratórias;
• diminuição dos locais onde ocorre sedimentação;
• maior exposição das arribas e das praias à ação abrasiva do mar.

Medidas de prevenção:

Para promover a proteção e defesa destas áreas, são efetuadas intervenções


como os paredões, os enrocamentos, os quebra-mares, os molhes e os esporões.

Paredão
Enrocamento

Quebra-mar

Esporão
Estas medidas apresentam diversos inconvenientes:
• são obras de custos elevados, tanto na construção como na
manutenção;
• provocam impactos negativos no litoral, como a alteração da estética da
paisagem, e, a longo prazo, podem tornar-se estruturas de risco;
• apenas oferecem proteção local e reduzida no tempo.

Outra medida utilizada é a alimentação artificial de sedimentos em


determinadas praias sem criar perturbações na dinâmica local. Apresenta as
seguintes características:
• é menos agressiva para a paisagem;
• é dispendiosa mas é mais económica do que as obras de engenharia;
• em litorais muito energéticos este processo pressupõe uma contínua e
sistemática alimentação de sedimentos.

Zonas de vertentes

As zonas de vertente são locais de desnível da topografia terrestre. Podem


possuir maior ou menor declive e estão muito expostas à ação intensa e rápida dos
fenómenos erosivos. Devido às suas características, nestas zonas é frequente a
ocorrência de movimentos descendentes de materiais do solo ou de materiais
rochosos.
As modificações verificadas nas zonas de vertente devem-se, essencialmente, a
duas causas naturais: à erosão hídrica, provocada pela água da chuva, e aos movimentos
de terrenos, também chamados movimentos em massa.
Causas dos movimentos em massa
As causas que podem condicionar a ocorrência destes fenómenos são de dois
tipos: as causas naturais e as causas antrópicas; e podem estar relacionadas com
diferentes conjuntos de fatores: os fatores condicionantes e os fatores
desencadeantes.

Fatores condicionantes:
• correspondem às condições mais ou menos permanentes que podem
influenciar os movimentos de terrenos, retardando ou acelerando a sua
ocorrência;
• relacionam-se com o contexto geológico e com as características
geomorfológicas de um local.

No contexto geológico:
• o tipo e as características das rochas;
• a disposição das rochas nos terrenos;
• a orientação e inclinação das camadas;
• o grau de alteração e fracturação das camadas rochosas.

No contexto geomorfológico:
• o declive dos terrenos;
• a força de gravidade;
• a força de atrito.

Fatores desencadeantes:

Estes fatores resultam de alterações que foram introduzidas numa determinada


vertente e que podem despoletar movimentos em massa; são muito variados:
• a precipitação
• a ação humana
• a ocorrência de sismos e vibrações – podem levar a que as formações
rochosas instáveis possam sofrer derrocadas;
• as tempestades nas zonas costeiras
• as variações de temperatura – provocam a contração e a dilatação dos
materiais rochosos, gerando instabilidade, que pode causar derrocadas.
Erosão hídrica:
• processa-se de forma mais ou menos lenta e gradual e resulta do desgaste
dos solos provocado pelo impacto das gotas de chuva e pela escorrência
das águas;
• os materiais arrancados às vertentes são quase sempre de pequenas
dimensões e em pequenas quantidades.

Medidas de prevenção

Para minimizar os riscos associados às zonas de vertente, pode implementar-se


uma série de medidas que permitam a sua estabilização e evitem consequências
drásticas, como a perda de bens materiais e humanos, tais como :
• efetuar um estudo das características geológicas e geomorfológicas de um
local para avaliar o potencial de ocorrência de um movimento em massa.
• elaboração de cartas de ordenamento do território com a definição das
áreas onde possam ser exercidas as diferentes atividades humanas, como
os locais de habitação, os locais próprios para a agricultura, as zonas de
interesse ecológico e os locais indicados para a construção de vias de
comunicação.
• elaboração de cartas de risco geológico onde se evidenciem as áreas com
diferentes graus de probabilidade de ocorrência de movimentos em massa
• remoção ou contenção dos materiais geológicos que possam constituir
perigo, através de pregagens, muros de suporte, canais de drenagem e a
plantação de cobertura vegetal de crescimento rápido.

Pregagens Muros com sistemas de drenagem


Formação das rochas sedimentares

Processos implicados na formação das rochas sedimentares.

Meteorização ou alteração das rochas:


• é um dos fenómenos que faz parte da sedimentogénese e é essencial
para a formação de sedimentos;
• corresponde ao conjunto de processos que levam à alteração química
e/ou física das características iniciais das rochas, levando à sua
destruição;
• os agentes de meteorização – a água, o vento, as mudanças de
temperatura e a acção dos seres vivos actuam de forma muito lenta,
pelo que a sua acção pode ser imperceptível;
• de acordo com o seu modo de actuação e dos produtos que originam,
os agentes de meteorização podem ser classificados em físicos e
químicos provocando a fragmentação e a alteração química das rochas,
respectivamente;
• existem, então, dois tipos de meteorização – a meteorização física ou
mecânica e a meteorização química.

Meteorização física ou mecânica:


• é uma acção que leva à fragmentação das rochas em pedaços cada vez
mais pequenos, sem que ocorra qualquer transformação química que
leve à alteração mineralógica das rochas;
• inclui processos como a acção da água e do vento, as acções do gelo e
do calor, que levam a contracções e dilatações térmicas, a actividade
biológica, através da acção dos seres vivos, o crescimento de minerais
e alivio de pressão que as rochas sofrem à superfície:
Meteorização química:
• é uma acção que leva à alteração da composição química e
mineralógica das rochas;
• alguns minerais são destruídos e transformados em novos produtos
químicos, enquanto outros são formados, adquirindo estruturas
cristalinas mais estáveis nas condições a que a rocha está sujeita;
• inclui diversas reacções químicas como a dissolução, a
hidratação/desidratação, a hidrólise e a oxidação/redução:
Existe ainda como meteorização quimica a Carbonatação.

Carbonatação:
As ágas acidificadas podem reagir, por exemplo com o cálcio formando
produtor solúveis, que são removidos em solução deixando somente impurezas
insolúveis. O calcário contém geralmente, silica e argila misturadas e como, estas
substâncias não são solúveis, fcam no local, originando depositos, geralmente
avermelhados devido á presença de óxido de ferro, denominadas de terra rossa

Erosão:
• é um processo que faz parte da sedimentogénese e ocorre depois da
meteorização;
•corresponde ao conjunto de processos físicos que permitem remover do local
os materiais resultantes da meteorização física ou química;
•a acção da gravidade, a água, o vento e o gelo são os principais agentes
erosivos que arrancam e separam os fragmentos desagregados da rocha-
mãe.

Transporte:
• também faz parte do processo de sedimentogénese;
• corresponde à acção da água, do vento, e da gravidade que levam
para outros locais os materiais resultantes da meteorização e que
foram removidos pelos agentes erosivos;
• alguns sedimentos são transportados em solução e outros sob a forma
de detritos de dimensões muito variáveis;
• os sedimentos podem sofrer um transporte pequeno ou podem ser
transportados para locais muito distantes daquele em que se formaram;

Transporte pelo Vento:


• o poder de transporte do vento, como possui densidade baixa, é muito
dependente da sua intensidade e do tamanho das partículas que
transporta;
• os sedimentos podem ser transportados em suspensão, por saltação
ou deslizamento;
• a sua acção de transporte é mais notória em regiões áridas e sem
vegetação porque as partículas do solo são mais facilmente levantadas
e transportadas.

Transporte pela água:


• é o principal agente de transporte de sedimentos;
• os sedimentos quando são transportados podem ir em solução
(dissolvidos) ou sob a forma de detritos, que vão em suspensão,
saltação ou deslizamento;
• a carga transportada pelas águas depende da sua quantidade e
consequente velocidade.

Transporte pela gravidade:


• a força exercida pela aceleração da gravidade faz com que muitos
materiais se soltem e deslizem, ao longo das encostas.

Deposição:
• é a fase final da sedimentogénese e prepara os sedimentos para a
diagénese;
• ocorre em locais onde a acção dos agentes erosivos e de transporte se
anula ou é muito reduzida, ou seja, o agente transportador perde
energia e deixa de exercer a sua acção;
• consiste na deposição dos sedimentos;a deposição dos sedimentos
ocorre, normalmente, em camadas sobrepostas, horizontais e paralelas
que se designam estratos ou camadas.
Diagénese – formação de rochas sedimentares

A diagénese é o conjunto de processos físico-químicos que provocam a


evolução mais ou menos complexa dos sedimentos. Através dos processos
diagenéticos, os sedimentos móveis transformam-se em rochas sedimentares mais
ou menos consolidadas, sofrendo compactação, cimentação e recrestalização.

Compactação:
• pela força de gravidade, os sedimentos que deixaram de ser
transportados vão-se depositando e formam novas camadas;
• as camadas formadas exercem pressão sobre as camadas inferiores;
• devido ao peso e à pressão exercidos, a água contida nos interstícios
dos sedimentos é expulsa;
• os sedimentos ficam cada vez mais próximos, o volume da rocha
diminui e torna-se progressivamente mais compacta e mais densa.

Cimentação:
• os espaços vazios entre os sedimentos são preenchidos por materiais
de neoformação, resultantes da precipitação química de substâncias
dissolvidas na água;
• essas substâncias cristalizam, constituindo um cimento que une os
sedimentos e forma-se uma rocha consolidada;
• os cimentos mais comuns formam-se por precipitação de carbonato de
cálcio e sílica (sendo muito duro) ou por precipitação de óxidos de ferro
e de argilas;

Recristalização:
• consiste num rearranjo dos componentes originais da rocha;
• alguns minerais alteram as suas estruturas cristalinas como resposta a
novas condições de pressão, temperatura e circulação de água ou
outros fluidos;

Minerais

Uma substância para ser considerada um mineral terá de:


• ser um sólido;
• ocorrer naturalmente, ou seja, formar-se sem a intervenção do Homem;
• ter uma estrutura cristalina;
• ser inorgânica, o que implica que todas as substâncias produzidas por
seres vivos não sejam consideradas minerais;
• ter uma composição quimica definida, fixa ou variável dentro de limites
bem definidos, que possa ser representada por uma formula quimica.

Mineraloides: susbtâncias solidas, naturais e inorgânicas que, contudo não


possuem estrutura cristalina, isto é, as suas particulas constituintes nõ definem uma
distribuição regular no espaço. ( ex: opala, limonite ).

As rochas são constituídas por minerais. Os minerais presentes nas rochas


podem ser herdados ou de neoformação:

•minerais herdados – se vieram directamente de rochas preexistentes,


através de fenómenos de desagregação e transporte, sem terem sofrido
qualquer alteração química. Estes minerais vão constituir as rochas
sedimentares detríticas. O mais comum e abundante é o quartzo, mas
também estão presentes na fracção detrítica os feldspatos, as micas
(principalmente a moscovite), as anfíbolas, as piroxenas, a calcite, entre
outros;

•minerais de neoformação – são minerais novos, formados durante a


sedimentogénese ou a diagénese, resultantes da alteração química ou da
precipitação de outros minerais. São frequentes a calcite, a dolomite, a sílica,
os minerais de argila, a halite e o gesso.

As propriedades dos minerais agrupam-se em dois tipos, as físicas e as


químicas.

Propriedades físicas

As mais utilizadas na identificação dos minerais são: as propriedades ópticas,


as propriedades mecânicas e a densidade.

Propriedades ópticas: são a cor, a risca e o brilho.

Cor:
• é a característica mais evidente na observação dos minerais;
• depende da absorção, pelos minerais, de certos comprimentos de onda
do espectro solar;
• para ser correcta, a observação deve ser feita à luz natural difusa e em
superfícies de fractura recente;
• os minerais, na sua maioria, apresentam-se coloridos;

Quando têm uma cor característica e própria em toda a sua superfície


designam-se idiocromáticos, são caracteristicos os minerais de brilo metálico. Outros
minerais chamados alocromáticos não apresentam uma cor constante, ou seja,
podem ter cores muito diversas, são caracteristicos os minerais de brilho não
metálico.

Risca ou traço:
• é a cor do mineral quando é reduzido a pó fino;
• é uma característica importante na identificação dos minerais porque,
mesmo que a cor do mineral seja variável, a cor da risca mantém-se
normalmente constante;
• pode ser facilmente determinada friccionando o mineral sobre uma
placa de porcelana fosca;

Brilho:
• é o modo como o mineral reflecte a luz natural difusa, quando esta
incide sobre uma superfície de fractura recente;
• normalmente distinguem-se três tipos de brilho:
Propriedades mecânicas: são a clivagem e a dureza.

Clivagem:
• é a propriedade que os minerais têm de, quando aplicada uma
pancada, se dividirem em lâminas ou poliedros limitados por superfícies
planas bem definidas – as superfícies de clivagem;
• qualquer plano paralelo ao plano de clivagem é outro potencial plano de
clivagem;
• pode ser perfeita, distinta ou boa e indistinta ou pobre.

Clivagem perfeita: a rutura da-se facilmente segundo superficies de clivagem


lisas e brilhantes; raramente os minerais clivam de outro modo. ( ex: calcite ).

Clivagem distinta ou boa: a rutura ocorre segundo superficies de clivagem


bem defenidas; podendo também ocorrer segundo outro tipo de superficies, embora
de forma mais esporádica e irregular. ( ex: barite ).

Clivagem indistinta ou pobre: a rutura não ocorre preferencialmente


segundo superficies de clivagem, estas embora estejam presentes, são de dificil
identificação. ( ex: calcopirite ).

Dureza:
• consiste na resistência que o mineral oferece à abrasão, ou seja, a ser
riscado por outro mineral ou por determinados objectos;
• é condicionada pela estrutura e pelo tipo de ligações entre as
partículas, pelo que pode ser muito variável;
• a dureza é normalmente avaliada em termos comparativos e sabe-se
que um mineral é mais duro do que outro quando, depois de
pressionado, deixa um sulco no outro mineral;
• a determinação da dureza dos minerais é feita em relação aos termos
de uma escala de dureza, sendo a mais conhecida a escala de Mohs:
Escala de Mohs

➢ é constituída por 10 termos colocados por ordem crescente de dureza,


desde o menos duro – o talco, até ao mais duro – o diamante;
➢ qualquer mineral desta escala risca todos os que estão abaixo dele e
não é riscado por nenhum deles;
➢ se um mineral riscar um determinado termo e não riscar o
imediatamente a seguir, então a sua dureza está compreendida entre os
dois termos;
➢ os termos da escala devem ser percorridos do mais duro para o menos
duro;

Densidade:
• a densidade absoluta ou massa volúmica de uma substância é a
quantidade de massa por unidade de volume;
• depende de vários factores como a composição química do mineral
principalmente da massa atómica dos seus constituintes, a distribuição
dos átomos na rede cristalina, a pressão a que o mineral se forma e a
temperatura;
Propriedades químicas
Como já referido, os minerais têm uma composição quimica, fixa ou variável
dentro de limites bem definidos, possivel de ser representada por uma fórmula
quimica.
A definição desta formula tem por base os resultados qualitativos e
quantitativos fornecidos por análises quimicas. Foi criada então, uma classificação
em que os minerais são divididos de acordo com o anião dominante.

Minerais mais comuns nas rochas

Classificação das rochas sedimentares

Existem diferentes classificações baseadas em critérios muito variados.


Normalmente recorre-se à conjugação de critérios de composição química e da
génese dos sedimentos que as originam. Assim, tendo em conta a origem da fracção
predominante, podem considerar-se três grupos: as rochas detríticas, as rochas
quimiogénicas e as rochas biogénicas.

Rochas detríticas:
• formam-se a partir de fragmentos sólidos ou detritos obtidos pela
meteorização e erosão de rochas preexistentes;
• os sedimentos detríticos, ao longo do seu transporte, vão sofrendo
arredondamento e calibragem, pelo que reflectem a força e a duração
da corrente que os transportou e depositou, bem como a dureza do
material que os constitui;
• classificam-se em dois grandes grupos: as sedimentares detríticas não
consolidadas – que são depósitos de sedimentos que não sofreram
diagénese – e as sedimentares detríticas consolidadas.
Rochas quimiogénicas:
• formam-se através de sedimentos quimiogénicos, ou seja, substâncias
químicas dissolvidas numa solução aquosa;
• o principal processo físico-químico que origina estas rochas é a
precipitação das substâncias dissolvidas, que pode ser devido:
– à evaporação da água – quando a água, com substâncias dissolvidas,
evapora, por estar sujeita a um aumento de temperatura, formam-se cristais que se
acumulam e constituem os evaporitos;
– a outras reacções química – que se desencadeiam devido a ocorrer
variação de algumas condições do meio;
• importantes exemplos de rochas de origem química são os calcários de
precipitação e as rochas salinas – os evaporitos como o gesso e o sal-
gema.
As reações descritas no caso dos calcários de precipitação são reversíveis.
Assim, para além de ocorrer precipitação do carbonato de cálcio com consequente
formação de calcite, também se pode verificar a meteorização química do calcário
com remoção do ião HCO-3, devida à acção da água acidificada pela presença de
CO2 atmosférico dissolvido.
Forma-se, então, uma paisagem característica das regiões calcárias – o
modelado cársico –, onde se podem observar as seguintes estruturas:
Rochas biogénicas:
• resultam de sedimentos biogénicos, ou seja, detritos orgânicos ou
materiais resultantes de uma acção bioquímica;
• podem também ser denominadas quimiobiogénicas, uma vez que é
difícil, em certas situações, separar os processos inorgânicos dos
bioquímicos;
• são exemplos deste tipo de rochas os calcários biogénicos e as rochas
carbonáceas como os carvões e os petróleos.
Calcários biogénicos:
• formam-se, essencialmente, pela acumulação de partes esqueléticas de
seres vivos, ricas em carbonato de cálcio, ou por reacções de
precipitação, mas que foram despoletadas pela acção dos seres vivos;
• os depósitos de carbonato de cálcio sofrem diagénese originando
rochas consolidadas.
Rochas carbonáceas:
• são as rochas sedimentares que possuem uma verdadeira origem
orgânica ou biogénica;
• no seu processo de formação houve intervenção directa da matéria
orgânica resultante dos seres vivos, animais ou vegetais, que sofreu
transformações químicas por acção de bactérias anaeróbias;
• a génese destas rochas está relacionada com a fossilização de matéria
orgânica proveniente do plâncton para o petróleo e da flora continental
para a formação dos carvões;
• são designadas combustíveis fósseis, pois representam a energia solar
captada por seres fotossintéticos, transformada, armazenada e
preservada durante milhões de anos;

A evolução da matéria orgânica requer um conjunto de condições favoráveis,


como:
• meios em que há condições anaeróbias;
• ambientes costeiros lagunares ou zonas lacustres;
• afundimento progressivo dos sedimentos nas bacias de sedimentação
devido aos movimentos tectónicos, através de movimentos de
subsidência;
• aumento das condições de pressão e temperatura resultantes do
aprofundamento dos sedimentos;
Nesta categoria de rochas incluem-se os carvões e o petróleo

Carvões:
• Os carvões resultam da decomposição lenta de restos de plantas
superores em ambientes aquáticos pouco profundos e pouco
oxigenados – como por exemplo pântanos.
• Este sedimento biogénico, de origem vegetal a partir do cal se formará o
carvão designa-se turfa. A sua diagénese origina, progressvamente,
carvões mais ricos em carbono e consequentemente mais pobres em
oxigénio e hidrogénio, o que faz deles importantes combustivéis fosseis.
• de acordo com a relação entre a quantidade de substâncias voláteis e a
quantidade de carbono total, os carvões podem classificar-se em vários
tipos, sendo os mais representativos a turfa, o lignito, o carvão
betuminoso e o antracito.
Petróleo:
• O petróleo forma-se a partir de matéria orgânica, que migra para os
poros das rochas sedimentares sendo, por isso, considerado um fluido
de origem biogénica, com uma percentagem variável de gases.
• O termo petróleo designa “ toda a concentração ou mistura natural de
hidrocarbonetos liquidos ou gasosos “, sendo os liquidos designados
por petróleo e os gasosos por gás natural.
• Os hidrocarbonetos são compostos quimicos constituidos por átomos de
hidrogénio e carbono

Num jazigo de petróleo é possível distinguir as seguintes formações


geológicas:
Associada às jazidas petrolíferas existe, normalmente, água salgada que impregna
camadas de rochas permeáveis.

As rochas sedimentares, arquivos históricos da Terra

As rochas sedimentares são arquivos onde está armazenada informação


sobre os vários processos envolvidos na sua formação, que pode ter ocorrido há
milhões de anos atrás.
Cada estrato rochoso pode corresponder a um determinado período da
história da Terra. Assim, numa coluna estratigráfica podem estar representados
milhões de anos do tempo geológico.

Da observação dos estratos podemos retirar informações sobre:


• os ambientes de épocas passadas;
• os climas antigos;
• a posição dos continentes e dos oceanos;
• a composição da atmosfera;
• o tipo de fauna e flora existentes numa determinada altura;
• os movimentos tectónicos do planeta.
As rochas sedimentares:
• podem ser datadas e o seu estudo permite fazer a reconstituição dos
ambientes antigos em que se formaram – os paleoambientes. Através
da recolha e compilação destas informações em vários locais do globo
terrestre é possível fazer a reconstituição da Terra numa determinada
época;
• normalmente são estratificadas e frequentemente são fossilíferas, ou
seja, têm fósseis associados;
• apresentam estruturas preservadas que permitem inferir dados sobre
os ambientes em que se formaram. Geralmente, estas estruturas
formam-se durante ou após a deposição dos sedimentos e antes de
ocorrer a diagénese;
• revelam marcas, nas juntas de estratificação, que indicam a existência
de pausas ou interrupções na sedimentação, mudanças na natureza
dos sedimentos ou alteração das condições físico-químicas do meio,
pelo que se individualiza um novo estrato;

Exemplos de estruturas frequentemente encontradas são:


Os fósseis e a reconstituição do passado

Os fósseis:
• são restos ou vestígios de seres vivos que viveram em tempos
geológicos passados;
• ocorrem predominantemente em rochas sedimentares, podendo haver
alguns exemplares em rochas metamórficas;
• são contemporâneos da génese das rochas que os contêm porque se
depositaram na mesma altura que os sedimentos e com eles sofreram
diagénese;
• possibilitam a datação relativa dos estratos em que se encontram e
fornecem pistas para a reconstituição dos paleoambientes;
• formam-se através de diferentes processos de fossilização, sendo os
principais as marcas, as impressões, as mineralizações, as incrustações
e a mumificação:
•podem classificar-se de fósseis de idade ou estratigráficos e fósseis de fácies
ou de paleoambientes:
A Estratigrafia é um ramo da Geologia que se ocupa do estudo, descrição,
correlação de idades e classificação das rochas sedimentares, bem como a sua
representação horizontal e vertical.
Normalmente, a formação dos estratos faz-se segundo planos horizontais.

A datação relativa dos estratos:


• corresponde à determinação da ordem cronológica de uma sequência
de acontecimentos, ou seja, estabelece a
• utiliza diversos princípios, tais como o princípio da sobreposição, o
princípio da continuidade, o princípio da identidade paleontológica, o
princípio da interseção e o princípio da inclusão:
A datação absoluta:
• atribui uma idade certa às formações rochosas, dizendo quantos anos
ou milhões de anos possui;
• utiliza técnicas baseadas na desintegração regular de isótopos
radioativos naturais, como por exemplo o carbono 14.
Ambientes sedimentares continentais, de transição e marinhos

Os ambientes de sedimentação – detriticos, quimiogénicos e biogénicos –


distribuem-se pela superficie da Terra, nomeadamente nos continentes, nos mares e
nos oceanos, bem como nas respetivas zonas de transição.

Nos quadros seguintesm caracterizam-se alguns desses ambientes:


Escala do tempo geológico

A escala do tempo geológico:


• foi elaborada recorrendo: aos princípios da datação relativa das rochas
a informações evidenciadas; pelos estratos que foram recolhidas em
afloramentos de toda a Terra; a correlações estabelecidas entre rochas
e fósseis;
• as diferentes unidades temporais correspondem a determinadas
formações estratigráficas;
• tem várias divisões com diferentes amplitudes: o éon, que é a unidade
geocronológica mais ampla, divide-se em eras; períodos e épocas
• pode ser representada de diferentes formas:
Escala do tempo geológico com eras

Escala do tempo geológico com éones

Escala do tempo geológico com éones


Caracteriza-se pelos seguintes acontecimentos:

Magmatismo

As rochas magmáticas:
• podem classificar-se tendo em conta a textura, a cor e a composição
química e mineralógica;
• formam-se, em grande parte, devido à mobilidade da litosfera e,
principalmente, nos limites convergentes e divergentes das placas
litosféricas, onde as condições de pressão e temperatura provocam a
fusão das rochas da crusta e do manto superior originando magmas;
• resultam da consolidação de material magmático, que pode arrefecer
em profundidade originando rochas plutonicas ou rochas intrusivas, ou
pode arrefecer na superfície da Terra originando rochas vulcanicas ou
rochas extrusivas;
Diferentes ambientes tectónicos de formação de magmas.

Sabe-se, atualmente, que se podem formar através da solidificação de


magmas resultantes da fusão parcial de outras rochas, sendo os três principais, de
acordo com o teor em sílica, o basáltico, o andesítico e o riolítico:
Diferentes tipos de magmas
Cristalização e diferenciação dos magmas

A temperatura e a pressão vão diminuindo durante o processo de


arrefecimento do magma, ocorrendo um processo de cristalização da matéria
mineral. O arrefecimento pode ocorrer:
• em profundidade, que é o que se verifica com a maior parte dos
magmas que arrefecem ainda nas câmaras magmáticas;
• à superfície ou próximo dela, situação em que o arrefecimento é
brusco, assim como as variações de pressão e temperatura, pelo que
muitos minerais não chegam a cristalizar.
À medida que o magma vai ascendendo, a sua temperatura vai gradualmente
baixando e vai-se formar um gradiente de pontos de cristalização de diferentes
minerais que fraccionadamente vão cristalizando – cristalização fracionada.
Estes minerais tornam-se mais densos e separam-se do magma residual, ou
seja, que não cristalizou, devido ao efeito gravítico – diferenciação gravítica. Este
magma, cuja composição química já é diferente da inicial, pode continuar a ascender
e pode reagir com rochas encaixantes que atravessa, alterando ainda mais a sua
composição inicial por um processo de assimilação magmática.

Cristalização fracionada:

Bowen investigou o comportamento dos magmas e a forma como ocorre a


cristalização durante o seu arrefecimento:
• concluiu que os minerais possuem diferentes pontos de cristalização,
cristalizando primeiro os que têm um ponto de fusão mais elevado,
seguidos dos restantes por ordem decrescente dos respetivos pontos
de fusão – cristalização fracionada;
• estabeleceu a sequência de reações que ocorrem no magma durante a
sua diferenciação.

A sequência de reações de formação de minerais ou série reacional de


Bowen:
• reflete fenómenos que ocorrem simultaneamente à medida que a
temperatura do magma vai baixando;
• os minerais que se situam na mesma linha horizontal possuem
temperatura de cristalização semelhante;
• é composta por dois ramos: o ramo da série de minerais
ferromagnesianos ou série descontínua; o ramo da série das
plagióclases ou série contínua.
Diferenciação gravítica:
• os primeiros cristais que se formam, por serem mais densos, separam-
se do magma que os originou;
• a separação ocorre por ação da gravidade e os cristais depositam-se no
fundo da câmara magmática;
• os cristais menos densos que o magma migram para o cimo da câmara
magmática;
• a acumulação dos cristais reflete a sua ordem de formação, bem como
a sua ordem de densidade;
• este mecanismo de diferenciação explica o aparecimento de massas
rochosas constituídas por um mineral com composição química global
diferente da do magma que o originou.

Assimilação magmática:
• um magma pode reagir com as rochas encaixantes por onde vai
passando, provocando a fusão dessas rochas;
• o material rochoso fundido vai ser adicionado ao magma – assimilação
–, pelo que a sua composição química inicial pode ser alterada;
• as rochas resultantes da consolidação deste magma vão refletir a
assimilação verificada.

Os minerais e a matéria cristalina

Os minerais ocorrem na natureza sob a forma de matéria cristalina.


Como já referido, as unidades básicas constituintes da matéria mineral,
dispõem-se de forma ordenada e regular na sua estrutura interna. Em condições de
formação ideais, esta organização interna manifesta-se na sua forma exterior,
formando minerais delimitados por superficies planas. Na situação oposta formam-
se minerais infomes, isto é, sem superficies planas.

Desta forma, definem-setrês tipos de cristais:


• cristal euédrico: se o mineral é totalmente limitado por faces bem
desenvolvidas
• cristal subédrico: se o mineral apresenta faces parcialmente bem
desenvolvidas
• cristal anédrico: se o mineral não apresenta qualqur tipo de faces
As propriedades fisicas estão estritamente relacionadas com a sua
composição quimica, com a natureza dos átomos, dos iões e das moléculas que o
contituem, bem como a sua estrutura interna.
Existem dois casos explicativos destas relações: o isomorfismo e o
polimorfismo.

Isomorfismo: composição quimica diferente e estrutura igual


Polimorfismo: composição quimica igual e estrutura diferente. ( ex: mineral e
grafite)

Caracteristicas das rochas magmáticas

As rochas magmáticas são agregados naturais e coerentes constituídos por


vários minerais que conservam individualmente as suas propriedades.
A sua classificação baseia-se essencialmente na composição quimica e
mineralógica e na textura, embora também seja importante a cor, a acidez e o modo
de jazida.

Composição química e mineralógica


• como os silicatos são os minerais mais abundantes nas rochas
magmáticas, utiliza-se a percentagem em sílica para estabelecer uma
classificação química para estas rochas;
• resultam quatro tipos de rochas, de acordo com o teor em sílica: ácidas,
intermédias, básicas e ultrabásicas:

• relativamente aos minerais que constituem as rochas, distinguem-se


dois grandes grupos, os minerais essenciais e os minerais acessórios:

minerais essenciais– são minerais cuja presença confere carácter à rocha e


determina a sua designação. O mais citados são o quartzo, o feldspato (potássico e
calcossódico), a moscovite, a biotite, a piroxena, a anfíbola e a olivina.
minerais acessórios – são minerais que não afetam o aspeto fundamental da
rocha, que ocorrem em quantidades diminutas e que, geralmente, só são visíveis ao
microscópio. Destaca-se como exemplo a magnetite, o zircão, a apatite, o rútilo e a
turmalina.

Cor:
• a tonalidade das rochas pode fornecer indicações sobre o tipo de
minerais que as constituem;
• resulta a seguinte classificação dos minerais:

minerais félsicos– têm cor clara como o quartzo e a moscovite (feldspato +


sílica);
minerais máficos – têm cor escura como a biotite e a olivina (magnésio +
ferro).

As rochas onde predominam uns ou outros minerais possuem tonalidades


diferentes, sendo classificadas em leucocratas, mesocratas, melanocratas,
hololeucocratas e holomelanocratas:

Hololeucocratas Ultraácidas Só ocorrem minerais félsicos

Textura:
• é o aspeto exterior e geral das rochas;
• resulta das dimensões, da forma e do arranjo dos minerais constituintes;
• é determinada pela viscosidade e pelo tempo de arrefecimento do
magma;
• a classificação é feita com base no tamanho e nas características dos
cristais que as rochas apresentam;
• de acordo com o grau de cristalinidade pode considerar-se a seguinte
classificação para as diferentes texturas:
Alguns exemplos de rochas magmáticas:
.
Deformação – falhas e dobras

A Terra é um planeta dotado de grande dinamismo. Uma das formas que a


Terra tem de mostrar esse dinamismo é através da ocorrência de processos
contínuos, muito lentos e graduais, que provocam modificações nas formações
rochosas – as deformações.

Deformações:
• são alterações que se devem a forças de tensão exercidas sobre as
rochas, provocadas pela mobilidade da litosfera e pelo peso de
camadas suprajacentes;
• quando ocorrem, podem provocar alteração de volume ou alteração da
forma das rochas ou, como é comum, alterar simultaneamente o volume
e a forma das rochas;
• podem ocorrer em todos os tipos de rochas.

Mecanismos de deformação

Através do estudo laboratorial do comportamento dos materiais e da


observação direta das rochas, concluiu-se que:
• o tipo de tensões a que as rochas ficam sujeitas são a tensão de
compressão, tensão de distensão e tensão de cisalhamento;
• o tipo de comportamento que as rochas apresentam, quando estão sob
o efeito de tensões, pode ser frágil ou dúctil:

comportamento frágil – as rochas com este tipo de comportamento, quando


sujeitas a estados de tensão, em condições de baixa temperatura e de baixa
pressão fracturam-se. Este tipo de dedormação diz-se frágil, sendo a causa, por
exemplo, da formação de falhas.
comportamento dúctil – as rochas com este tipo de comportamento, quando
sujeitas a estados de tensão em condições de elevada temperatura e pressão,
podem sofrer deformação de forma ou de volume, sem, no entanto, sofrerem fratura.
Este tipo de deformação diz-se dúctil, sendo a causa, por exemplo, da formação de
dobras

Os mecanismos de deformação das rochas estão associados, normalmente, a


diferentes tipos de limites tectónicos:
Deformações mais frequentes nas rochas

As deformações que se verificam nas rochas podem apresentar diversos


aspetos, sendo os mais comuns as dobras e as falhas.

Dobras
• são deformações que consistem no arqueamento ou encurvamento das
camadas rochosas inicialmente planas;
• resultam de tensões compressivas quando o material tem
comportamento dúctil;
• caracterizam-se geometricamente pela forma da superfície de
referência como, por exemplo, os planos de estratificação;
• formam-se no interior da crusta ou do manto de forma lenta e gradual;
• afloram à superfície devido aos movimentos tectónicos e à erosão;
Numa dobra, a posição das camadas rochosas no espaço, ou seja, a atitude
dessas camadas, pode ser definida pela direção e pela inclinação das camadas.

A geometria das dobras caracteriza-se pelos seguintes elementos:

De acordo com a sua disposição espacial e com a idade das rochas que as
constituem, podem ser classificadas em:

Disposição espacial

Antiforma:
Sinforma:

Neutra:

Idade relativa das rochas do núcleo ( sequência estratigráfica)

Anticlinal:
Sinclinal:

Falhas:
• são deformações descontínuas em que se verifica a fratura das rochas,
acompanhada de deslocamento dos blocos fraturados um em relação
ao outro;
• ocorrem quando o limite de plasticidade dos materiais rochosos é
ultrapassado;
• resultam de tensões compressivas, distensivos ou de cisalhamento
quando as rochas têm comportamento frágil;
• caracterizam-se pelos seguintes elementos:

De acordo com a inclinação do plano de falha e com o movimento do muro e


do teto, classificam-se em:
As podem surgir associadas e com configurações geográficas designadas por
fossas tectónicas ou grabens e maciços tectónicos ou horsts:

Metamorfismo

As rochas metamórficas são o resultado da ação de atores de metamorfismo,


como o calor e a pressão sobre rochas pré-existentes.
Ultrapassadas as condições de pressão e de temperatura que definem o final
da génese, inicia-se o metamorfismo
O metamorfismo caracteriza-se pelo conjunto de adaptações mineralógicas e
textuais que as rochas pré-existentes sofrem, quando sujeitas a condições de
pressão e temperatura diferentes das que presidiram á sua formação
Em situações extremas, quando a pressão e a temperatura atingem valores
elevados, as rochas entram num processo de fusão e, consequentemente passam
para o dominio das rochas magmáticas.

Fatores de metamorfismo

A grande diversidade de rochas metamórficas é devida às condições em que


estas se formaram. A predominância ou intensidade de um fator relativamente a
outro pode determinar a formação de diferentes rochas.
Os fatores de metamorfismo são a temperatura, a tensão, o tempo geológico e
a presença de fluidos:

Temperatura:
Pela ação do calor, as ligações quimicas que definem a estrutra cristalina dos
minerais podem ser alteradas ou quebradas. Á medida que a rocha se ajusta á
temperatura a que foi submetida, os seus átomos e iões recristalizam segundo novos
arranjos, originando minerais estáveis nas novas condições.

Tensão:
• as rochas metamórficas são formadas a diferentes profundidades e, à
medida que aumenta a profundidade, são sujeitas a tensões cada vez
mais elevadas;
• resulta do peso exercido pela coluna de rochas suprajacentes e pelos
movimentos tectónicos;
• modifica a composição mineralógica e o arranjo dos minerais;
• pode ser litostática ou não litostática:

Tensão litostática:
• deve-se ao peso das camadas rochosas suprajacentes;
• é aplicada de igual modo em todas as direções diminuindo o volume da
rocha porque os seus minerais passam a ocupar menos espaço;
• induz a formação de minerais com estrutura cristalina mais compacta,
originando rochas mais densas;
• as rochas sedimentares à medida que vão aprofundando ficam sujeitas
a um aumento progressivo deste tipo de tensões;
Tensão não litostática:
• é uma tensão dirigida ou orientada em que as forças em atuação não
são iguais em todas as direções;
• pode originar deformações como falhas e dobras;
• altera a textura das rochas metamórficas pois alinha paralelamente os
minerais constituintes, desenvolvendo foliação;
• produz uma orientação preferencial em certos minerais.

Tempo:
• é um dos fatores relevantes para a formação de rochas metamórficas;
• os fenómenos metamórficos ocorrem de forma muito lenta;
• pode estabelecer-se uma relação direta entre o tempo decorrido e o
grau de metamorfismo;

Fluidos:
• circulam no interior das rochas – circulação intra-rochosa –, e são
responsáveis por muitas das alterações químicas e mineralógicas que
ocorrem durante o metamorfismo;
• reagem com as rochas em que penetram trocando átomos e/ou iões e
podem levar à substituição completa de um mineral por outro, alterando
a composição e o arranjo original da rocha;
• alguns possuem a capacidade de acelerar os processos metamórficos,
ajudando a romper ou a estabelecer novas ligações químicas;
• podem encontrar-se em minúsculos poros existentes nas rochas,
embora aparentemente as rochas pareçam secas.

Mineralogia do metamorfismo

Quando as rochas sofrem metamorfismo, experimentam condições diferentes


daquelas em que foram originadas e, como tal, os seus minerais tornam-se
instáveis.
Nas novas condições ocorre recombinação dos constituintes químicos das
rochas que por recristalização, formam novas associações minerais compatíveis
com as condições termodinâmicas do novo ambiente.
Transformações ocorridas durante o processo metamórfico.

Nas rochas metamórficas existem minerais comuns às rochas magmáticas,


como o quartzo e os feldspatos e às rochas sedimentares, como a calcite e a
dolomite; mas também existem minerais exclusivos deste tipo de rocha. Estes
minerais, indicadores de metamorfismo, só se formam em condições bem definidas
de pressão e temperatura, variáveis dentro de limites muito restritos. Então, as
rochas metamórficas podem distinguir-se pela sua mineralogia típica.

Exemplos de minerais metamórficos são: cordierite, andaluzite, epídoto,


granada, estaurolite, silimanite, talco, distena e grafite.

A presença de determinado mineral metamórfico numa rocha pode fornecer


informações sobre as condições em que a rocha se formou e, de igual modo,
permite identificar diferentes graus de metamorfismo. Estes minerais são designados
minerais-índice, uma vez que definem os limites de pressão e de temperatura em
que a rocha foi gerada, funcionando como paleobarómetros ou paleotermómetros.
Grau de metamorfismo:

É definido de acordo com as condições de pressão e temperatura:


• Metamorfismo de baixo grau
• Metamorfismo de médio grau
• Metamorfismo de alto grau
Tipos de metamorfismo

Consideram-se diferentes tipos de metamorfismo de acordo com os seguintes


critérios de classificação:
• o tipo ambiente tectónico em que ocorre;
• a predominância e a intensidade de um ou mais fatores de
metamorfismo relativamente a outros;
• a extensão da área afetada.

Definem-se, assim, dois tipos principais de metamorfismo: o metamorfismo


regional e o metamorfismo de contacto:

Metamorfismo regional:
• afeta grandes áreas da crusta terrestre;
• é originado por processos que envolvem elevadas temperaturas e
forças tectónicas que geram tensões não litostáticas altas que
modificam as rochas em profundidade; e também devido á circulação
de fluidos
• está geralmente associado a processos tectónicos relacionados com a
formação de cadeias montanhosas, quer em zonas de colisão de
placas, quer em zonas de subducção;
• pode formar diferentes tipos de rochas como a ardósia, o filito, o
micaxisto e o gnaisse
• algumas rochas formadas podem possuir xistosidade, devido à
conjugação da deformação com a recristalização;
• se forem ultrapassados determinados valores de tensão e temperatura
inicia-se o magmatismo e a rocha entra em fusão parcial – anatexia

Metamorfismo de contacto:
• é um tipo de metamorfismo local;
• ocorre em zonas próximas de intrusões magmáticas;
• a elevada temperatura do magma e os fluidos que se libertam
propagam-se às rochas encaixantes da intrusão e alteram os seus
minerais;
• forma uma zona denominada auréola de metamorfismo, que é a orla de
rochas próximas da intrusão que foram fortemente aquecidas e
sofreram metamorfismo. A extensão da auréola depende do tamanho da
massa magmática, da sua temperatura, da quantidade de água
existente nas rochas e da profundidade a que ocorre o contacto;
• o grau de metamorfismo das rochas da auréola é tanto menor, quanto
maior for a distância à intrusão magmática;
• as rochas rochas metamórficas que se formam no contacto imediato
com a intrusão magmática – rochas de alto grau de metamorfismo da
auréola – designam-se genericamene corneanas, pelo seu aspecto
córneo
• a variedade de rochas resultantes depende do tipo de rocha que é
intruída, da quantidade de fluidos circulantes e da temperatura da
intrusão;
• quando afeta calcários, arenitos ricos em quartzo e rochas argilosas
origina, respetivamente, mármore, quartzito e corneanas

Texturas características das rochas metamórficas

A textura das rochas metamórficas é determinada pelo tamanho, forma e


arranjo dos minerais que a constituem. O tamanho dos grãos é tambem importante
na determinação da textura.
Podem distinguir-se dois grandes grupos de rochas metamórficas: as rochas
foliadas e as rochas não foliadas.
Foliação:
• é qualquer estrutura planar de uma rocha que pode ser originada
durante os processos de metamorfismo e resulta, quer de um
alinhamento preferencial de certos minerais anteriores ao
metamorfismo, quer da orientação de novos minerais formados durante
os processos de recristalização;

Existem três tipos de foliação muito característicos em rochas de baixo, médio


e alto grau de metamorfismo, que são respetivamente, a clivagem xistenta, a
xistosidade e o bandado gnaissico:
Rochas com textura não foliada:
• são constituídas, essencialmente, por minerais com dimensões
semelhantes a grânulos, não sendo tabulares nem alongados;
• a orientação dos minerais não é preferencial;
• resultam de um tipo de metamorfismo como o de contacto, em que a
deformação não é relevante;
• são, por exemplo, as corneanas, os quartzitos e os mármores.

Recursos Geológicos

Os recursos geológicos podem ser definidos como materiais que são


provenientes da Terra e que o Homem pode utilizar para seu beneficio.
Uma classificação possivél para os recursos geológicos é a seguinte:

• Recursos energéticos: carvão, petróleo, gás natural, energia nuclear,


energia geotérmica, energias alternativas.
• Recursos hidrológicos
• Recursos minerais : metálicos, não metálicos
• Solo

No que diz respeito á disponibilidade dos recursos face á sua velocidade de


consumo, os recursos são classificados em recursos renováveis e recursos não
renováveis.
Um recurso é algo que se encontra disponivel na Terra e que pode ser
utilizado em beneficio da Humanidade.
Quando, sobre determinado recurso, são efetuados estudos para determinar a
quantidade existente a avaliar as suas potencialidades, estamos a calcular as suas
reservas. Assim as reservas podem ser definidas como recursos, que existem no
solo ou no subsolo, que se encontram disponiveis para serem utilizados pelo
Homem e que foram submetidos a uma avaliação económica. Este tipo de avaliação
económica condiciona fortemente a decisão de explorar, ou não, determinada
matéria-prima.

Recursos energéticos

A utilização dos recursos energéticos tornou-se vital para as atuais


necessidades humanas.
Dependemos da utilização de fontes de energia que provêm, essencialmente,
dos chamados combustíveis fósseis. No entanto, a utilização excessiva deste tipo de
recursos pode causar graves problemas, ambientais e sociais.
Por um lado, estes materiais estão próximos do esgotamento, por outro lado,
o seu uso provoca chuvas ácidas, aquecimento global e a degradação da camada
de ozono.

Combustíveis fósseis

Os combustíveis fósseis ocorrem na crusta terrestre sob três formas


principais: os carvões – sólidos –, o petróleo – líquido – e o gás natural – gasoso.
Na formação desta matéria combustível intervêm fatores como a pressão, o
calor, o tempo e a intervenção de bactérias anaeróbias. Uma vez que os seus
processos de formação são extremamente morosos, estes combustíveis são
considerados recursos energéticos não renováveis.

Desvantagens da utilização dos combustíveis fósseis

Petróleo:
• as suas reservas poderão esgotar-se daqui por 100 anos;
• como, em certos países, o seu preço é baixo, não se verifica a procura
de fontes de energia alternativas;
• a sua combustão emite grandes quantidades de dióxido de carbono,
que é um dos principais poluentes da atmosfera e que contribui para o
aumento do efeito de estufa;
• poluição e destruição de ecossistemas aquáticos devido a acidentes no
transporte deste combustível (por exemplo, derrames de crude).

Carvão:
• alterações graves ao nível dos solos, da atmosfera e dos recursos
hídricos, principalmente devidas a emissões de dióxido de enxofre que
provocam chuvas ácidas e a acidificação dos solos;
• excessiva exploração mineira com destruição de solos;
• consequências nefastas ao nível da saúde humana;
• elevadas emissões de gases poluentes, como o dióxido de carbono,
que aumentam o efeito de estufa e o consequente aquecimento global
do planeta.
Energia nuclear
A energia nuclear obtém-se a partir de minerais radioativos por processos que
envolvem mudanças ao nível dos núcleos atómicos dos minerais utilizados

Desvantagens:
• elevados custos ambientais, nomeadamente ao nível de potenciais
acidentes em centrais nucleares;
• produz resíduos altamente radioativos que são extremamente nocivos
para os seres vivos. Por exemplo, a exposição de indivíduos a elevados
níveis de radioatividade pode provocar cancros, malformações fetais e
atrasos mentais em crianças em desenvolvimento uterino;
• encontrar locais suficientemente seguros para armazenar os produtos
radioativos, evitando a contaminação dos solos e dos organismos vivos;
• a dificuldade e o custo muito elevado para eliminar os resíduos;
• o elevado preço de construção e manutenção de uma central nuclear.

Vantagens:
• ausência de poluição atmosférica;
• não emissão de gases com efeito de estufa;
• forma de energia altamente rentável;
• existência de reservas abundantes de urânio.

Recursos geotérmicos
O calor interno da Terra tem origem, essencialmente, na presença de
elementos radioativos, cuja desintegração produz energia em quantidades
significativas, sendo o principal motor da dinâmica interna da Terra.
A terra é formada por três camadas principais, com espessura e temperatura
variável de camada para camada.
Existe uma grande diferença de temperatura entre a zona mais superfical
( crusta ) e a zona mais interna ( núcleo ) da terra, esta variação da temperatura em
função da profundidade atribui-se o nome de gradiente geotérmico. Esta diferença
de temperatura origina uma corrente continua de calor, desde o interior da Terra até
á sua superficie, designada fluxo geotérmico. É esta corrente que é responsável pela
energia geotérmica e por todas as manfestações naturais a ela associadas, como
por exemplo o vulcanismo, geiseres ou as nascentes termais.
Para que haja um efeicaz aproveitamento deste calor, é necessário que exista um
fluido capaz de assegurar a sua transferência, desde a fonte de calor onde o calor é
produzido ou onde ele exista, até locais onde ele possa ser utilizado, sende este
fluido a água, que ao circular pelo interior da Terra, e ao passar por onde o calor é
produzido, aquece e transporta esse calor até locais mais superficiais, onde pode
ser aproveitado.

Vantagens :
• reduzida emissão de gases com efeito de estufa;
• risco ambiental extremamente reduzido;
• alta rentabilidade e eficiência

Desvantagens:
• dificil acesso aos locais de potencial geotérmico
• reduzido número de locais com interesse geotérmico

Energias alternativas:
• energia hidroelétrica
• energia eólica
• energia das ondas
• energia da biomassa
• energia solar

Recursos minerais

Os minerais são constituídos por elementos químicos que estão largamente


distribuídos na crusta terrestre. A grande variedade de minerais encontra-se nas
diversas rochas existentes.
De acordo com as suas propriedades químicas, os recursos minerais podem
ser classificados em dois grupos:
• recursos minerais metálicos;
• recursos minerais não metálicos.
Recursos minerais metálicos

A abundância média de um elemento quimico na crusta terrestre é designada


por Clarke. A unidade em que habitualmente se exprime o Clarke é em partes po
milhão ( ppm ) ou gramas por tonelada (g/ton).

Quando estes elementos quimicos ocorrem na natureza concentrados em


determinados locais, com um teor várias vezes superior ao do seu Clarke,
poderemos estar na presença de um jazigo mineral.
O material que, num jazigo mineral, é aproveitável designa-se minério.

Minério: material de um jazigo mineral que é aproveitável e que tem interesse


económico.

Classificação simplificada dos minérios

No que toca á génese:


• Primários: formado durante a génese da rocha onde se encontra
• Secundários: resultante de processos de meteorização

No que toca á composição:


• Metálico: de onde se extraem os elementos metálicos – ferro,
magnésio, zinco, etc
• Não metálico: usados na construção, industria quimica, fertelizantes,
águas minerais, etc
• Energéticos: usados como fonte de energia

O material que, no mesmo jazigo mineral, é rejeitado designa-se ganga ou


estéril.

Recursos minerais não metálicos

Os minerais não metálicos constituem para as sociedades modernas,


substâncias que, após a sua exploração e transformação, são consideradas como
bens de primeira necessidade. ( ex: granito, basalto, xisto, mármore, calcário, areias,
argilas.)
Problemas ambientais da atividade mineira

São muitos e variados os problemas ambientais que podem resultar da


atividade mineira. Desde a extração até ao transporte, a atividade mineira pode ser,
sequênciada nas seguintes fases:

1. Extração do minério
2. tratamento do material extraido para separação do material estéril ou
ganga
3. tratamento do minério para concentração e valorização
A segunfa fase, aquela que pretende dar um destino ao material extraido que
é classificado como estéril, é a que se revela mais problemática. O estéril vai-se
acumulando á superficie, criando montanhas artificas, cada vez de maiores
dimensões designadas escombeiras.

Hidrogeologia

É o ramo da hidrologia que estuda as águas subterrâneas, considerando o


armazenamento, a circulação e a distribuição das águas terrestres na zona saturada
das formações geológicas.
A maior parte da água doce disponível no nosso planeta é água subterrânea.
As rochas podem funcionar como reservatórios de água que pode ser
extraída, através de técnicas apropriadas, para ser consumida pelo Homem.
Aquíferos:
Um aquifero pode ser descrito como toda a formação geológica com
capacidade para armazenar água e com caracteristicas que permitem a sua
extração de forma economicamente rentável.
A capacidade de um aquifero armazenar água e a possibilidade da sua
extração de forma eficaz relacionam-se com caracteristicas que as formações
geológicas apresentam, que são:
• a porosidade
• a permeabilidade

A porosidade dos aquiferos

Esta caracteristica resulta do facto de nas rochas existirem espaços vazios


que não estão preenchidos por matéria sólida, designados poros ou vazios, embora ,
na realidade, não estando preenchidos por material sólido, eles encontram-se
preenchidos por água ou por ar.

Dependendo da forma que os vazios apresentam, as formações rochosas


podem ser divididas em dois grupos;
• rochas porosas
• rochas fissuradas

Rochas porosas: são rochas sedimentares de origem detritica que se podem


encontrar compactadas ou não. Se o conjunto dos grãos apresenta uma
granulometria muito semelhante, isto é, se apresentam todos a mesma dimensão, a
rocha tem uma porisidade elevada . Mas se pelo contrário os grãos forem de
dimensões muito diferentes, isto é, apresentarem granulometria muito heterogénea,
a rocha apresentará uma porosidade moderada a reduzida
Rochas fissuradas: podem ser de origem muito diversificada. Os vazios que
existem nestas rochas são designados por fissuras e fraturas, dependendo do seu
grau de desenvolvimento. As fraturas e fissuras podem ser originadas devido a
ações mecânicas e quimicas. Nestas rochas, a porosidade depende do
desenvolvimento que as fraturas e as fissuras apresentam.

A permeabilidade dos aquiferos

A permeabilidade pode ser definida como a maior ou menor facilidade com que
uma formação rochosa se deixa atravessar por um fluido.
Quando os poros de uma rocha não estão em contacto uns com os outros, ou
as fraturas estão semifechadas, a circulação da água é muito mais dificil e, nesta
situação, as rochas diz-se que apresentam uma baixa permeabilidade. Se, pelo
contrário, os poros de uma rocha estabelecem passagens entre eles, ou as fissuras
são abertas e continuas, a circulação de água é mais fácil e, nesta situação, as
rochas apresentam uma permeabilidade elevada.

As rochas que reúnem estas caracteristicas constituem os melhores aquiferos.


Se pelo contrário, as formas geológicas com estas caracteristicas, embora
armazenando alguma água, libertam-na com muita facilidade, são considerados
maus aquiferos.
Zonas de um aquifero

Desde que a água, através da precipitação, chega á superficie terreste e se vai


infiltrando até atingir o aquifero, ela atravessa diferentes zonas. Desde a superficie
terrestre para o interior, o aquifero divide-se em:
• zona de aeração ( ou zona não saturada )
• zona de saturação ( ou zona saturada )

Zona de aeração: é a zona mais superficial de um aquifero, que tem como


limite superior a superficie do terreno e como limite inferior o nivel do qual aparece a
água ( nivel hidrostático ). É geralmente, nesta zona que as plantas através das
raizes, vão buscar a água quenecessitam. Os poros existentes nos solos e nas
rochas que ocorrem nesta zona não se econtram totalmente preenchidos por água,
uma vez que também podem conter ar.

Zona de saturação: começa onde acaba a zon de aeração, isto é, no nível


hidrostático. Normalmente, o limite inferior da zona de saturação corresponde a uma
formação geológica impermeável e de porosidade muito reduzida ou mesmo nula,
pelo que a água não consegue atravessar esta zona. Os poros existentes nos solos
encontram-se totalmente preenchidos por água.
O nível hidrostático corresponde á profundidade a que se encontra a zona
saturada numa determinada região. Este nivel, variável ao longo do ano, encontra-se
mais proximo da superficie durante o inverno, uma vez que a água da chuva , ao
infiltrar.se, vai recarregar os aquiferos e, durante o verão, como a precipitação é mais
reduzida, aquele nivel está a maior profundidade.

Tipos de aquiferos

Os aquiferos podem apresentar caracteristicas e comportamentos distintos.


Neste exemplo:
• Camada A – zona de aeração ( onde a água se infiltra )
• Camada B – zona saturada que constitui um bom aquifero ( por
exemplo, uma camada arenosa )
• Camada C – camada impermeável que não se deixa atravessar pela
água ( camada argilosa , por exemplo ).
• Camada D – camada com boa porosidade e boa permeabilidade, isto é,
boas condições para ser um aquifero ( por exemplo, camada arenosa ).
• Camada E – substrato rochoso impermeável ( por exemplo, um granito
não fraturado )

Os aquiferos B e D são considerados bons aquiferos, isto porque:


• B : encontra-se limitado por uma camada permeável ( camada A que
permite a recarga de água ) e por uma camada impermeável ( a camada
C)
• D : encontra-se limitado por duas camadas impermeáveis ( cada C por
cima e E por baixo )

Como a superficie do aquifero da camada B se encontra em contacto com uma


zona não saturada, a recarga deste aquifero faz-se pelas camadas que lhe estão por
cima. Como tal, a pressão da água na parte mais superficial deste aquifero – nivel
hidroestático – é igual á pressão atmosférica, deste modo este aquifero é designado
de aquifero livre.

A parte superior do aquifero D está em contacto com uma camada


impermeável; por isso a recarga deste aquifero é feita lateralmente, uma vez que a
água não consegue atravessar as camadas que lhe estão por cima. Como tal, a
pressão da água neste aquifero, na sua parte mais superficial é superior á pressão
atmosférica, deste modo, este aquifero é designado aquifero cativo ou confinado.

Gestão das águas subterrâneas

Ao mesmo tempo que aumenta a população, também aumenta a produção de


residuos e de outros materiais considerados poluentes, pelo que, atualmente, uma
das grandes preocupações do Homem não é ter acesso a água mas, sobretudo ter
acesso a água de qualidade.
A água pode apresentar-se poluida como resultado de diferentes ações humanas,
pelo que a poluição pode ser classificada de três formas distintas : poluição fisica,
quimica e bacteriológica.
Poluição fisica: ocorre quando se verifica uma variação significativa nas
propriedades fisicas, como por exemplo nos valores da temperatura habituais ou
uma variação na radioatividade apresentada pela água de um aquifero.

Poluição quimica: consiste na introdução na água de substâncias que podem


prejudicar a sua utilização tornando-a desagradável .

Poluição bacteriológica: ocorre quando substâncias tóxicas ou organismos


patogénicos aparecem na água, tornando-a imprópria para o consumo humano e
mesmo para utilizações domésticas.

Assim, a poluição das águas pode ter como origem:


• a atividade agricola;
• a atividade urbana;
• a atividade industrial.

Poluição de origem agricola

A agricultura, sobretudo de carácter intensivo, utiliza grandes quantidades de


adubos, pesticidas e outras substâncias capazes de fazerem aumentar a
produtividade dos solos, porém estes produtos possuem substâncias nocivas para as
águas subterrâneas, algumas mesmo tóxicas.
A assimilação destes produtos por parte das plantas nunca é total, pelo que as
substâncias acabam por ser arrastadas pelas águas das chuvas até aos aquiferos,
poluindo-os.

Poluição de origem urbana

O aumento populacional tem causado enormes problemas, em particular na


gestão dos residuos que são produzidos pelo Homem, vulgarmente chamados de “
lixos “. Os residuos, mesmo quando depositados em locais adequados, os chamados
aterros sanitários, com o decurso de tempo vão evoluindo registando diversas
transformações que originam muitas vezes materiais perigosos para os aquiferos.
Destes mteriais, os mais nocivos são as chamadas águas lixiviantes.

Poluição de origem industrial

A atividade industrial produz residuos liquidos que são lançados, muitas vezes,
nos solos ou nas linhas de água, sem qualquer tipo de tratamento.
As substâncias poluidoras geradas por estas atividades são as grandes
responsáveis pelo estado de degradação em que se encontram alguns aquiferos.
Para além dos tipos de poluição já referido, a sobre-exploração de um aquifero
pode também provocar a poluição. Retirar água em excesso do aquifero pode
originar alterações quimicas ou bacteriológicas nas águas remanessentes, ornando-
as impróprias para o consumo.

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