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O primeiro passo para que se possa isolar as organelas celulares é romper a membrana
plasmática que as circunda. Isso pode ser feito de algumas formas diferentes: por meio de
choque osmótico (normalmente feito com sacarose ou um detergente), vibração de ultrassom,
por rompimento mecânico, ou ainda pela combinação de mais de uma técnica. O método
escolhido depende do tecido, de tipo celular, e da fração de interesse.
2. Organelas celulares
A célula é a menor unidade estrutural de um organismo. Ela tanto pode existir como uma
unidade funcional independente em organismos unicelulares, quanto como subunidades de
organismos multicelulares de diferentes complexidades. Existem dois tipos principais de
células: as procarióticas (presente em bactérias) e as eucarióticas (presente em animais e
plantas). A principal diferença entre elas é a presença de um núcleo isolando o material
genético, e de organelas delimitadas por membranas nas células eucarióticas.
Eucarióticas
Essas funções são realizadas por estruturas que ficam no interior das células e que são
denominadas organelas. Todas as células eucarióticas são delimitadas por uma membrana
plasmática. Ela é formada por uma dupla camada fluida de fosfolipídios, proteínas e colesterol,
e é responsável por controlar o transporte de substâncias para o interior ou para o exterior da
célula.
Existe dentro das células um sistema dinâmico de membranas responsáveis pela síntese e
transporte de substâncias e biomoléculas. Fazem parte deste sistema o retículo
endoplasmático, o complexo de Golgi, e envelope nuclear, e vesículas pequenas como os
lisossomos e peroxissomos.
Os lisossomos são vesículas esféricas formadas por membrana, e são encontrados somente
em células animais. Eles têm um lúmen ácido que contém enzimas capazes de digerir lipídeos,
polissacarídeos, proteínas e ácidos nucleicos. São, portanto, responsáveis pela reciclagem de
moléculas complexas dentro da célula. Esses materiais entram no lisossomo e são degradados
até suas moléculas mais simples (monossacarídeos, aminoácidos, etc.), que são então
liberadas para serem utilizadas em novos componentes celulares ou catabolizadas. Células de
plantas não possuem lisossomos, e as organelas com função de digerir moléculas complexas
são os vacúolos. Eles ocupam grande parte da célula adulta, e além da função digestiva, são
responsáveis também por armazenar substâncias e fornecer suporte físico para as células.
Uma outra organela que tem forma de vesícula circundada por membrana é o peroxissomo.
Ele possui enzimas oxidativas relacionadas à degradação de peróxido de hidrogênio e radicais
livres resultantes da degradação de aminoácidos e gorduras, e que podem ser tóxicos para a
célula.
O núcleo de uma célula eucariótica é extremamente complexo tanto na sua estrutura quanto
na função. Ele é envolto em um envelope nuclear formado por duas camadas de membrana, e
se comunica com o citoplasma por meio dos poros nucleares. No interior do núcleo existe o
nucléolo, uma região densa que possui muitas cópias de DNA que codificam RNA ribossômico.
O núcleo tem duas funções de extrema importância dentro da célula: armazenar a informação
genética contida no DNA e regular o metabolismo celular. Dentro dele acontece a replicação
do DNA e controle da expressão gênica.
Todas as moléculas orgânicas de uma célula têm em sua composição átomos de carbono.
O carbono é capaz de estabelecer ligações com átomos de hidrogênio, oxigênio e
nitrogênio, e compartilha pares de elétrons com até quatro outros carbonos para formar
ligações que são muito estáveis.
Todas as moléculas orgânicas são sintetizadas a partir dos mesmos compostos químicos
simples. Como consequência, os componentes de uma célula são facilmente relacionados,
e podem ser classificados em um pequeno número de grupos diferentes. Existem quatro
tipos principais de biomoléculas que formam as células: carboidratos, lipídios, proteínas e
ácidos nucleicos.
Carboidratos
Eles existem na forma de cadeia carbônica aberta ou cíclica, e podem estar ligados à
grupos hidroxila, ou a um aldeído ou cetona, que agem 22 Introdução à bioquímica
como agentes redutores. A ligação covalente entre dois monossacarídeos é
denominada ligação glicosídica, e une monossacarídeos formando dissacarídeos (ex.:
os monossacarídeos glicose e frutose ligados formam o dissacarídeo sacarose). Ela é
formada entre um grupo -OH de um açúcar e um grupo -OH de outro açúcar por uma
reação de condensação, que libera uma molécula de água quando a ligação é formada.
Polímeros maiores de açúcar podem ser oligossacarídeos (trissacarídeo,
tetrassacarídeo, etc.) até foram cadeias muito grandes chamadas polissacarídeos, que
contém centenas de monossacarídeos. Monossacarídeos e dissacarídeos (ex.: glicose,
sacarose) são doces, cristalinos e solúveis em água. Já os polissacarídeos (ex.: amido,
celulose) são carboidratos complexos, não são doces e nem solúveis em água.
Lipídeos
Um ácido graxo tem duas regiões quimicamente distintas: uma cadeia longa de
hidrocarboneto e um grupo carboxila (-COOH), que se comporta como um ácido
carboxílico.
Existem, ainda, os lipídeos que não contêm ácidos graxos em sua composição. Eles não
são energéticos, mas desempenham funções fundamentais no metabolismo. Entre
eles estão os terpenos, representados pelas vitaminas lipossolúveis, e os esteroides,
cujo exemplo mais importante é o colesterol.
Proteínas
As proteínas constituem, junto com a água, a maior parte do conteúdo das células.
Elas têm funções variadas e essenciais em todos os organismos vivos. Essas funções
podem ser estruturais, como é o caso das proteínas colágeno e elastina encontrada na
matriz óssea e no sistema vascular, e da queratina, presente na epiderme. Suas
funções dinâmicas são muito diversificadas. Elas incluem proteínas agindo como
enzimas, hormônios, fatores de coagulação, imunoglobulinas, receptores de
membrana, além de controle da maquinaria genética, contração muscular,
respiração, entre outras.
Ácidos nucleicos
Existem dois tipos principais de ácidos nucleicos, que diferem no tipo de açúcar que os
compõem. Este açúcar pode ser uma ribose ou desoxirribose. Os nucleotídeos
formados por ribose são chamados de ribonucleotídeos, contêm as bases adenina,
guanina, citosina e uracila, e formam as moléculas de ácido ribonucleico (RNA) das
células. Os formados por desoxirribose são os desoxirribonucleotídeos, contêm as
bases adenina, guanina, citosina e timina (que é quimicamente similar à uracila), e
estão presentes nas moléculas de ácido desoxirribonucleico (DNA).