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Curso de Biologia
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Curso de Biologia
CONCEITO DE CÉLULA
CAPÍTULO 1
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Conceito de Célula
A célula é a unidade estrutural e funcional de todos os organismos. Estas podem existir isoladamente
como seres unicelulares ou em conjunto com outras, formando seres multicelulares.
Para o estudo da célula é necessária a utilização de instrumentos que a tornem visível para nós humanos,
tal como o microscópio (este que pode ser de vários tipos).
• Robert Hooke (1665) – primeira observação de “cella” (células) em tecidos vegetais (cortiça)
• Robert Brown (1831) – observação do núcleo
• Matias Schleiden (1838) – tecidos vegetais são constituídos por células
• Theodor Schwann (1839) – estende a observação anterior a tecidos animais
• Rudolf Virchow (1858) – todas as células têm origem em células pré-existentes, por divisão – omnis
cellula e cellula
Teoria Celular
• Todos os organismos são constituídos por uma ou mais células
• A célula é a unidade estrutural da vida
• As células apenas surgem por divisão de células pré-existentes
As células, apesar de apresentarem características que as distinguem umas das outras (por exemplo uma
animal de uma vegetal) também apresentam traços comuns:
• Membrana citoplasmática – membrana constituída por lípidos e proteínas que delimita célula
• Citoplasma – conteúdo celular, delimitado pela membrana celular, excluindo o núcleo
• Divisão celular – capacidade de se reproduzirem
A vida, em toda a sua complexidade, é a propriedade mais básica das células. Enquanto que os
componentes de uma célula, isolados, acabam por se degradar, as células na sua integra podem ser removidas
de um organismo e sobreviver, mantendo a sua capacidade de crescer e reproduzir.
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BIOMOLÉCULAS
CAPÍTULO 2
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Por ser uma molécula dipolar, e por isso ser capaz de efetuar ligações com compostos iónicos, a água é
considerada um excelente solvente. Por exemplo, quando se adiciona NaCl na água, este dissolve-se e separa-
se em Na+ e Cl- pois o catião sódio é atraído pelo polo negativo da água e o anião cloro é atraído pelo polo
positivo da água. No entanto, moléculas apolares como o octano, não se dissolvem na água.
Por norma as moléculas não são unicamente polares ou apolares, contendo por isso na sua constituição
grupos polares (possuem afinidade para com a água) e grupos apolares (não possuem afinidade para com a
água).
GRUPOS POLARES
CARBOXILA HIDROXILA ALDEÍDO SULFATO FOSFATO
Moléculas com alto teor de grupos polares são solúveis em água e por isso são chamadas de hidrofílicas.
Neste grupo incluem-se moléculas como a maioria dos hidratos de carbono, os ácidos nucleicos e muitas
proteínas. Por outro lado, existem outras moléculas que contém poucos destes grupos ou não os apresentam de
todo. Desse modo estas moléculas não se dissolvem em água podendo ser chamadas de hidrofóbicas. Neste
grupo estão incluídas moléculas como os lípidos, a parafina e os óleos.
Algumas macromoléculas são anfipáticas, ou seja, moléculas que apresentam uma região hidrofílica e
uma outra região hidrofóbica. Estão presentes em todas as membranas celulares.
Iões Inorgânicos
O conjunto de todos os iões inorgânicos presentes nas células constitui cerca de 1% da sua massa total. De
uma forma resumida estes iões participam no metabolismo celular e auxiliam no correto funcionamento da
célula.
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Moléculas Orgânicas
Hidratos de carbono
Os hidratos de carbono constituem a principal fonte de energia das células (obtida através da sua quebra)
e são necessários para a formação de outras novas (participam na estrutura). Existem 3 grupos de hidratos de
carbono:
Monossacarídeos
Os monossacarídeos são os monómeros dos carboidratos sendo que a sua formula básica é (CH2O)n. A
glucose (n=6 – C6H12O6) é a principal fonte de energia da célula.
Estes açucares simples apresentam 3 a 7 carbonos na sua constituição sendo que os mais comuns são
aqueles que apresentam 3 e 5. Os açucares que apresentam 5 ou mais carbonos na sua constituição apresentam
uma estrutura anelar que pode ser do tipo α ou β, dependendo da configuração do Carbono 1.
Monossacáridos importantes
Glicose Desoxirribose
Galactose (C6H12O6) Frutose (C6H12O6) Ribose (C5H10O5)
(C6H12O6) (C5H10O4)
Oligossacáridos
Os monossacáridos podem estabelecer ligações uns com os outros chamadas de ligações glicosídicas.
Dois monómeros de hidratos de carbono ligam-se passando por uma reação de desidratação/condensação em
que é libertada uma molécula de H2O.
Oligossacáridos importantes
Sacarose Maltose Lactose
Glicose + Frutose Glicose + Glicose Glicose + Galactose
Função energética Função energética Função energética
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Polissacáridos
Os polissacáridos correspondem a hidratos de carbono complexos formados por cadeias lineares ou
ramificadas de muitos monómeros, por vezes centenas ou milhares.
Polissacáridos importantes
Celulose Amido Glicogénio
Composto mais abundante na Constituído por moléculas de Constituído por moléculas de
Terra e constituído por glicose α glicose α
moléculas de glicose β
Funções estruturais (parede Funções energéticas (nas células Funções energéticas (nas células
celular das células vegetais) vegetais) animais)
Nos polissacáridos a glicose α é usada no amido e no glicogénio de forma a que estas moléculas sejam
mais facilmente quebradas de modo a obter a energia necessário no momento. Em polissacáridos como a
celulose a glicose β é usada pois as cadeias são organizadas lateralmente formando fibras que proporcionam
resistência mecânica.
Tanto os oligossacáridos bem como os polissacáridos podem servir como moléculas sinalizadoras.
Lípidos
Os lípidos são moléculas muito heterogéneas que se distinguem de outras macromoléculas pelo simples
facto de serem insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos como o éter, o clorofórmio e o benzeno.
Ácidos Gordos
Os ácidos gordos consistem em longas cadeias de hidrocarbonetos com um grupo carboxil (COO-)
numa das pontas. Os ácidos gordos podem ser:
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Triglicéridos
Os ácidos gordos são armazenados na forma de triglicéridos. Estas moléculas são constituídas por 3
ácidos gordos ligados a uma molécula de glicerol.
Fosfolípidos
Os fosfolípidos são os componentes principais da
membrana celular. Estas moléculas consistem em 2 ácidos gordos
ligados a uma cabeça polar (hidrofílica).
Ácidos nucleicos
Os ácidos nucleicos, DNA e RNA, são as principais moléculas transportadoras de informação. O DNA,
ácido desoxirribonucleico, está localizado no núcleo, em células eucariotas, e no citoplasma, em células
procariotas. O RNA, ácido ribonucleico, apresenta uma larga variedade sendo por isso capaz de desempenhar
inúmeras funções na célula.
➢ mRNA (RNA mensageiro) – transporta a informação presente no DNA até aos ribossomas de forma a
poder produzir uma proteína
➢ rRNA (RNA ribossomal) – fazem parte da estrutura do ribossoma participando dessa forma na síntese
proteica
➢ tRNA (RNA de transferência) – transportam aminoácidos até ao ribossoma de forma a construir uma
nova proteína participando por isso na síntese proteica
Para além destes 3 tipos de RNA existem muitos outros que na sua maioria estão envolvidos no
processamento e transporte de RNAs e proteínas. Este tipo de acido nucleico também é capaz de servir de
catalisador de algumas reações químicas, especialmente as de processamento do RNA e síntese proteica.
➢ Purinas:
o Adenina
o Guanina
➢ Pirimidinas:
o Citosina
o Timina
o Uracilo
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Estas bases, por norma estão associadas a açucares fosforilados. A diferença entre o DNA e o RNA na
sua sequência de bases é entre o uracilo e a timina. Enquanto que no DNA existe timina, no RNA a timina é
substituída pelo uracilo.
Ao conjunto formado por uma base azotada com um açúcar dá-se o nome de nucleósido. Quando se
acrescenta um grupo fosfato ao nucleótido, esta molécula passa a ser chamada de nucleótido.
A polimerização de ácidos nucleicos envolve a formação de ligações fosfodiéster entre o grupo fosfato
5´ de um nucleótido (abaixo) com o grupo hidroxilo 3´ do outro nucleótido (acima). Os ácidos nucleicos
possuem uma orientação: 5´no seu topo (grupo fosfato) e 3´ na sua extremidade inferior (grupo hidroxilo).
ESTRUTURA DO DNA
Apesar do papel mais importante dos nucleótidos ser armazenar informação, estas moléculas
apresentam ainda outras funções igualmente importantes. Um exemplo é o ATP (adenosina trifosfato) que é a
forma de energia mais importante nas células.
À estrutura formada pelo conjunto de nucleoproteinas (como as histonas) e de DNA dá-se o nome de
cromatina.
Proteínas
As proteínas são moléculas constituídas por aminoácidos organizados linearmente e unidos por ligações
peptídicas (entre o grupo carboxilo de um aminoácido e o grupo amina de outro). A sequência de aminoácidos
é determinada pelo código genético que a gerou.
Este grupo de macromoléculas está envolvida numa série de funções como por exemplo:
➢ Estrutural
➢ Enzimática
➢ Hormonal
➢ Reserva alimentar
➢ Motora
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➢ Transporte - Hemoglobina
➢ Defesa – anticorpos
Cada aminoácido é constituído por um átomo de carbono (carbono alfa) ligado a um grupo carboxilo
(COO-), um grupo amina (NH3+), um átomo de hidrogénio e uma cadeia lateral variável. De acordo com a
cadeia lateral os aminoácidos podem ser classificados como:
Os polipéptidos são cadeias lineares de aminoácidos (centenas ou milhares) que possuem uma
extremidade N terminal e uma extremidade C terminal.
➢ Estrutura secundária – arranjos localizados na cadeia polipeptídica que podem ser do tipo:
o Hélice α: região enrolada devido às pontes de hidrogénio formadas entre os grupos CO e NH
de aminoácidos separados por 4 resíduos de aminoácidos
o Folha β pragueada: formam-se pontes de hidrogénios entre aminoácidos de cadeias
polipeptídicas laterais
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Todas as proteínas são produzidas através das informações contidas no genoma das células respetivas.
Sendo assim a síntese proteica envolve as seguintes fases:
Os ribossomas são constituídos essencialmente por moléculas de rRNA. Este conjunto de moléculas é
produzida no nucléolo à exceção do rRNA 5S.
Deste processo resultam proteínas que podem adquirir uma estrutural tridimensional especifica de duas
maneiras:
Em células onde uma proteína especifica seja muito precisa, a sua síntese altera-se na fase da tradução
onde a mesma molécula de mRNA está a ser traduzida por diversos ribossomas consecutivos.
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ORIGEM E EVOLUÇÃO
CELULAR
CAPÍTULO 3
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Eucariotas e Procariotas
As células, consoante a existência de núcleo, podem ser divididas em dois grupos:
➢ Eucariotas
➢ Procariotas
Diferenças Procariotas/Eucariotas
➢ Núcleo – Ausente (nucleoide)/Presente (invólucro
nuclear)
➢ Dimensões celulares - ≈ 1 µm/10-100 µm
➢ Organização celular – Unicelulares/Pluricelulares ou
unicelulares
➢ Citoesqueleto – Ausente (quase sempre)/Presente
➢ Organitos citoplasmático – Ausente (dependendo do conceito de organito)/Presente
o Nos procariotas podem existir: 1. Magnetossomas (bactérias) 2. Tilacoides (em cianobactérias)
3. Clorossomas (na Chlorobium tepidum)
➢ DNA (em pares de bases) – 1*106 – 5*106/1,5*107 – 5*109
➢ Cromossomas – simples e circulares/múltiplos e lineares
Apesar das diferenças notórias entres estes dois grandes grupos de células, existem também
semelhanças entre procariotas e eucariotas:
A existência de semelhanças entre eucariotas e procariotas mostra que ambos os grupos evoluíram de
um ancestral comum. Especula-se que esse ancestral comum tenha aparecido por volta de 750 milhões de anos
apos a formação da terra (há 3,8 biliões de anos). No entanto não se sabe ao certo como surgiu.
Em 1950, Stanley Miller recriou um ambiente semelhante ao da Terra primitiva (atmosfera composta
essencialmente por CO2 e N2) e verificou que através da luz solar e descargas elétricas (trovoadas) formavam-
se espontaneamente moléculas orgânicas. Mais especificamente estas formas de energia em conjunto com uma
mistura de H2, CH4 e NH3 e na presença de água líquida levava à formação de uma quantidade relativa de
moléculas orgânicas, incluindo aminoácidos. Estas moléculas orgânicas facilmente juntavam-se formando desse
modo as macromoléculas que hoje conhecemos.
Em 1958, Sidney Fox conduziu uma experiência que tinha como objetivo simular a criação de
macromoléculas a partir de matéria prima existente na terra primitiva. As estruturas observadas na experiência
foram chamadas de protanóides, visto que se assemelhavam a proteínas.
A partir dos dados retirados da sua própria experiência, Sidney Fox atreveu-se a ir mais longe – tentar
criar uma célula. Deste modo Sidney realizou mais uma experiência que lhe permitiu afirmar perante a
comunidade científica que as células derivaram de estruturas conhecidas por microesferas/proto-células.
Aquecendo soluções de aminoácidos (apenas aqueles obtidos através das experiências de Miller e Sidney) foi
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possível observar ao microscópio, gotas microscópicas envolvidas por membranas de moléculas orgânicas
(como por exemplo protanóides). Estas microesferas apresentavam propriedades semelhantes às das células que
hoje conhecemos:
➢ Formato esférico
➢ Divisão celular (fissão binária)
➢ Formação de junções com outras microesferas
➢ Formação de uma dupla membrana
Para além das microesferas também existem os coacervados que constituem gotas orgânicas formadas
por diferentes tipos de moléculas orgânicas. Estas estrutura podem estar envolvidas por uma membrana lipídica
através da qual se pode realizar difusão seletiva.
Supõem-se que a primeira célula tenha aparecido através do envolvimento de uma molécula de RNA
autorreplicativa por uma bicamada fosfolipídica. Devido ao seu comportamento anfipático, os fosfolípidos
organizam-se espontaneamente formando bicamadas que constituem barreiras estáveis entre o meio extracelular
e o meio intracelular.
Evolução Metabólica
Inicialmente as primeiras células obtinham os alimentos e a energia diretamente do meio circundante.
No entanto esta estratégia não era eficiente a longo prazo pois os recursos eram limitados.
Para o normal funcionamento da célula, era necessário a existência de um mecanismo capaz de produzir
ATP. Tais mecanismos surgiram então e apresentaram 3 fases de desenvolvimento:
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O aparecimento de
organitos envolvidos por
membranas pode ser explicado pela teoria endossimbionte: as células eucarióticas evoluíram a partir da
associação simbiótica de procariotas; as mitocôndrias evoluíram de bactérias aeróbias que viviam em células
hospedeiras e os cloroplastos evoluíram de cianobactérias endossimbiontes.
Teoria endossimbionte
Para além da teoria endossimbionte também existem outras teorias que tentam explicar a formação de
organelos envolvidos por membranas nas células eucarióticas. Uma delas é a teoria autogénica que explica a
formação de organelos através de invaginações da membrana celular. No entanto esta teoria apesar de explicar
a continuidade física e semelhança estrutural entre as membranas celulares internas e externas não esclarece a
especialização das membranas invaginadas nem a razão de as mitocôndrias e os cloroplastos apresentarem
genoma próprio.
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Procariotas
Os procariotas podem ser divididos em dois grupos:
➢ Archea – englobam as bactérias capazes de sobreviver em ambientes onde as condições são extremas;
consoante o ambiente que habitam podem classificar-se em:
o Metanogénicas
o Halófitas
o Termoacidófilas
➢ Eubactérias – englobam os procariontes mais comuns de hoje em dia e habitam uma larga variedade
de ambientes (terra, água e interior de outros organismos); este grupo pode dividir-se em:
o Micoplasmas
o Fotossintéticas/Saprófitas (procariontes sem clorofila que se alimentam de tecidos mortos ou
em decomposição)/Parasitas (procariontes que habitam um hospedeiro e aproveitam-se dele
para obter nutrientes)
o Cianobactérias
Organização estrutural
Os procariontes são imensamente menos evoluídos do que os eucariotas apresentando por isso uma
complexidade menor na sua estrutura. Sendo assim, as células procariotas apresentam as seguintes estruturas:
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basal (constituída por anéis inseridos na membrana plasmática e na parede celular); apresenta um
movimento rotativo helicoidal gerado pelas interações entre anéis do corpo basal
➢ Ribossomas – organelos responsáveis pela síntese proteica
➢ Plasmídeos – estruturas circulares de DNA portadoras de genes
➢ Região do nucleoide – zona do citoplasma onde se encontra uma única molécula de DNA bacteriano
De acordo com a estrutura e composição da parede celular, as bactérias podem ser dividias em 2 grupos,
distinguíveis ao microscópio através do resultado da aplicação da coloração Gram. Esses grupos são:
Apesar de as bactérias apresentarem esta divisão, a mesma estirpe pode apresentar-se tanto na forma
negativa como na forma positiva.
Eucariotas
Todos os organismos eucariotas estão incluídos no domínio Eukarya que inclui todas as plantas,
animais, protistas e fungos. Dependendo da complexidade do organismo os eucariotas podem reproduzir-se
sexual ou assexuadamente.
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Os seres eucariotas unicelulares podem agrupar-se formando colonias que no sentido evolutivo pode
indicar o estado de transição entre os seres unicelulares e os multicelulares. A especialização celular nesta
colonias possibilitou o aparecimento de organismos multicelulares.
A grande maioria dos organismos eucariotas é multicelular e apresenta grupos de células especializados
que apresentam funções especificas. Esta especialização ocorre através de um processo chamado de
diferenciação.
Estes grupos de células especializadas numa função constituem os tecidos. Nos animais podem
identificar-se diversos tipos de tecidos sendo o epitelial, o conjuntivo, o muscular e o nervoso os mais
importantes.
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➢ Tecido nervoso – epitélio altamente modificado sendo os neurónios as células principais; as células
da glia protegem os neurónios e fornecem-lhes nutrição
Nas plantas as células também se organizam para formar tecidos sendo os principais a epiderme (camada
externa protetora), o tecido vascular (sistema de suporte e transporte) e o tecido cortical (preenche o espaço
entre a epiderme e o tecido vascular).
➢ Epiderme – consiste numa ou mais camadas de células extremamente juntas que revestem o corpo da
planta; nas zonas aéreas da planta estas células secretam uma camada de cutina e ceras, a cutícula
➢ Tecido vascular
o Xilema – transporta água e os seus solutos a partir da raiz
o Floema – encaminha os produtos da fotossíntese para os respetivos locais de utilização ou
armazenamento
➢ Tecido cortical ou fundamental – constituído essencialmente por células parenquimatosas (células
não especializadas com paredes celulares finas)
o Colênquima – constituído por células vivas de paredes celulares espessas; apresenta diversos
tipos (angular, lacunar, anelar, etc.)
o Esclerênquima – constituído por células mortas que tem como função garantir proteção e
resistência de semente e frutos
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MATRIZ EXTRACELULAR
CAPÍTULO 4
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celular secundária entre a membrana plasmática e a parede celular primária. Esta estrutura é espessa e rígida e
é extremamente importante nos tipos de célula responsáveis por conduzir a água e dar força mecânica à planta.
Regulação osmótica
Uma das principais funções da parede celular é impedir a turgescência das células. Num ambiente
hipotónico a água entra na célula levando à criação de uma pressão de turgescência que é tolerada devido à
parede celular rígida. Esta pressão de turgescência é responsável por uma forma de crescimento celular, a
expansão celular:
Os microtúbulos corticais existentes logo abaixo da membrana celular são responsáveis pela orientação
final das novas microfibrilhas de celulose definindo a direção do crescimento da parede e por isso determinando
a forma final de toda a célula vegetal.
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Suberificação
A suberificação consiste na deposição de camadas sucessivas de suberina, um polímero de esteres de
ácidos gordos e fenóis, na face interna da parede celular. Este processo tem um carater protetor e
impermeabilizador.
Cutinização
Durante a cutinização a célula é coberta por
uma cutícula constituída essencialmente por cutina,
um polímero de ácidos gordos, e ceras. Esta cutícula
apresenta as seguintes funções:
• Impermeabilização
• Regulação do grau de hidratação da
superfície
• Limitação da lixiviação pelas águas das
chuvas
• Defesa contra a força abrasiva do vento, da
ação de poluentes e de infeções
A parede celular de uma célula em formação, apos a divisão celular, origina-se na denominada placa
celular. As vesiculas que contêm componentes da parede celular são direcionadas para a placa celular pelo
fragmoplasto, constituído por microtúbulos remanescentes do fuso mitótico.
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A síntese de celulose efetua-se na face externa da membrana plasmática, por complexos de celulose
sintetase em forma de roseta. A orientação das microfibrilhas de celulose é influenciada por microtúbulos na
face interna da membrana plasmática.
• Fibras proteicas
• Rede polissacarídea gelificada
• Proteínas de ligação
Fibras proteicas
Colagénio
A principal proteína estrutural da matriz extracelular animal é o colagénio. O colagénio apresenta pelo
menos 27 variantes que apesar de serem quimicamente diferentes, todas elas se organizam em tripla hélice.
Todas as diferentes cadeias polipeptídicas do colagénio são formadas por 42 trímeros diferentes cuja
sequência de aminoácidos é sempre Gly-X-Y. Deste modo verifica-se que a glicina, o aminoácido mais pequeno
conhecido, repete-se a cada 3 posições dando a possibilidade de as cadeias polipeptídicas se aproximarem o
suficiente para poderem formar a tripla hélice.
A posição X é frequentemente ocupada pela prolina e a posição Y é ocupada na maior parte das vezes
pela hidroxiprolina. O facto de ambos os aminoácidos possuírem uma estrutura anelar causa uma maior
estabilidade na tripla hélice. Nas cadeias polipeptídicas de colagénio predominam grupos hidroxilo que
estabilizam a tripla hélice através da formação de pontes de hidrogénio entre as cadeias.
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O tipo mais abundante de colagénio (tipo I) corresponde ao componente estrutural básico dos tecidos
conjuntivos e as suas cadeias são constituídas por 330 repetições de Gly-X-Y.
A produção de colagénio inicia-se no RE, com a síntese das cadeias peptídicas e a formação das hélices
triplas. A formação das fibras de colagénio ocorre no espaço extracelular, a partir das fibrilhas que resultam da
agregação dos pro-colagénios secretados.
A associação das triplas hélices em fibrilas de colagénio constitui um processo de reticulação em que
as moléculas de colagénio se ligam por ligações covalentes cruzadas (ocorre nos resíduos de lisina e
hidroxilisina).
Nota: As moléculas de colagénio podem organizar-se de maneiras diferentes (devido à variação na sequência
de aminoácidos) podendo adquirir até 5 conformações diferentes:
• Fibrilas
• Fibras
• Rede
• Ancoramento
• Transmembranar
Elastina
Para além do colagénio, os tecidos conjuntivos também apresentam elastina, um complexo proteico de
elevada elasticidade que forma uma rede. Funciona como uma faixa elástica que permite a expansão e garante
o regresso da estrutura ao estado inicial.
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As fibras elásticas são redes formadas por moléculas de elastina ligadas umas às outras por ligações
covalentes cruzadas entre as cadeias laterais dos resíduos de lisina. Estas fibras alongam em situações de tensão
e retomam à posição de relaxamento quando a tensão é libertada.
Proteoglicanos
Todos os GAGs exceto o
ácido hialurónico ligam-se a
proteínas, estas que por sua vez se
encontram ligadas a um longo
polissacárido central
(normalmente o ácido hialurónico
– polissacárido sintetizado por uma proteína transmembranar, ácido hialurónico sintase 2). Ao conjunto formado
pelos GAGs e proteínas dá-se o nome de proteoglicanos. Os proteoglicanos interagem com o colagénio e outras
proteínas da matriz formando uma rede gelatinosa.
A síntese de proteoglicanos está dividida em 2 fases que consistem na síntese da proteína (lúmen do
RE) e síntese dos GAGs com posterior união à proteína (Complexo de Golgi), respetivamente.
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Proteínas de ligação
As proteínas de ligação são responsáveis pela ligação de todos os componentes da matriz extracelular
(através de ligações cruzadas) entre eles mesmos e a superfície das células (ligam-se às integrinas, um recetor
membranar). Ao interagirem com o colagénio e os proteoglicanos, estas proteínas vão determinar a organização
da matriz.
• Fibronectinas
• Lamininas
• Entactinas
Fibronectina
A fibronectina é a principal proteína de ligação presente nos tecidos conjuntivos e é constituída por duas
cadeias polipeptídicas, cada uma apresentando 3 porções de ligação:
Laminina
A laminina é uma proteína de ligação que se encontra presente nas laminas basais e é constituída por
uma subunidade α, uma subunidade β e uma subunidade γ (a laminina é uma heterotrimero). As lamininas
organizam-se formando uma espécie de rede/emaranhado. À semelhança das fibronectinas também estas
proteínas apresentam locais de ligação:
Entactinas
As entactinas encontram-se associadas às lamininas e também possuem um local de ligação ao
colagénio (tipo IV).
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MEMBRANAS CELULARES
CAPÍTULO 5
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Membrana celular
A membrana plasmática é uma membrana semi-permeável (é seletiva) que envolve o citoplasma da
célula. Tem como principais funções proteger (impedindo a passagem de substâncias nocivas), suporte (para o
citoesqueleto) e dar forma à célula.
• Lípidos – dão flexibilidade à membrana e mantém a sua estrutura através de interações hidrofóbicas
o Fosfolípidos
o Esfingolipidos
o Esteróis
• Proteínas – regulam o equilíbrio químico dentro das células
• Hidratos de carbono – importantes como recetores/sinalizadores membranares
A estrutura deste componente celular foi entendida de maneiras diferentes desde a sua descoberta:
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A fluidez da membrana é bastante influenciada pelas características químicas dos lípidos que a
constituem:
Para além das características intrínsecas da membrana também a temperatura vai influenciar o grau de
fluidez.
• Fosfolípidos
o Predominam no folheto interno
▪ Fosfatidilserina (carga negativa)
▪ Fosfatidilinositol (carga negativa)
▪ Fosfatidiletanolamina
o Predominam no folheto externo
▪ Fosfatidilcolina
• Esfingolipidos – o mais comum é a
esfingomielina que se encontra mais
facilmente no folheto externo;
componente principal das chamadas
jangadas lipídicas
• Esteróis – o mais comum é o
colesterol que tem como principal
função estabilizar a estrutura da
membrana:
o A temperaturas baixas torna
a membrana mais fluida
o A temperaturas altas torna a
membrana menos fluida
Os lípidos membranares não são moléculas fixas podendo mudar a sua localização das seguintes formas:
• No mesmo folheto
o Difusão lateral
o Rotação
o Flexão
• Entre folhetos
o Flip-Flop (com auxílio de flipases)
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Proteínas membranares
As proteínas membranares são extremamente importantes para as células pois uma das suas principais
funções é a regulação do equilíbrio químico entre o interior e exterior da célula. Neste grupo estão incluídos 3
tipos de proteínas:
• Proteínas Integrais – grande maioria é transmembranar sendo que nestas o segmento transmembranar
é uma porção hidrofóbica com estrutura de hélice α
o Monotópica (não atravessa a membrana na sua
totalidade)
o Unipasse (possuem 1 segmento transmembranar)
o Multipasse (mais que 1 segmento transmembranar)
o Algumas apresentam mais que 1 subunidade
• Proteínas periféricas – totalmente fora da bicamada
lipídica; ligam-se geralmente às porções projetadas das
proteínas integrais
• Proteínas Ancoradas – proteínas periféricas ligadas
covalentemente a lípidos, diretamente ou através de GPI (glicosifosfatidilinositol)
Os oligossacáridos presentes na superfície das células apresentam uma grande variabilidade na sua
composição e estrutura o que leva a interações especificas entre moléculas e células. Esta especificidade pode
ser exemplificada pelos grupos sanguíneos (os grupos terminais dos oligossacáridos dos glicolípidos e das
glicoproteínas determinam o grupo sanguíneo – A, B, AB ou 0) ou pelas interações estabelecidas no processo
de adesão dos leucócitos às células endoteliais.
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TRANSPORTE MEMBRANAR
CAPÍTULO 6
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Direto/Primário
Bombas tipo V e F • Não ocorre fosforilação da proteinas
Utiliza-se a energia transportadora
do ATP de forma • Bombas de H+ da membrana do lisossoma (tipo
direta para a V), e da membrana interna da mitocôndria (tipo
passagem de solutos F)
contra o gradiente de
concentração
Bombas tipo ABC • ATP-binding cassette – domínio extra-
membranar de ligação ao ATP
• Bombas transportadoras de biomoléculas da
membrana plasmática (flipases) e bombas de Cl-
Indireto/Secundário
ou Cotransporte
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A fibrose cística é uma doença humana causada por defeitos nas bombas de cloro (tipo ABC) que as deixa não
funcionais. Este defeito leva à acumulação de muco nas glândulas pulmonares.
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BIOGÉNESE MEMBRANAR
CAPÍTULO 7
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Biogénese membranar
Reticulo endoplasmático
Consiste numa rede de túbulos e cisternas que se estende a partir do invólucro nuclear por todo o
citoplasma. O reticulo endoplasmático apresenta 3 tipos:
Na fase de processamento da
síntese proteica, os RNA mensageiros A função do RE foi demonstrada por George Palade nos anos 60 em
podem ser marcados de duas maneiras células pancreáticas secretoras de enzimas. As proteinas foram
distintas, consoante o destino final da marcadas com aminoácidos radioativos e verificou-se o percurso RE
proteína a ser sintetizada. – Complexo de Golgi – Vesiculas secretoras – Meio Extracelular.
Translocação
Processo de introdução de proteínas no interior do RE
Co-Traducional Pós-Traducional
• Comum nos mamíferos • Pouco comum nos mamíferos, mas predominante
• Proteínas com sequências sinalizadoras do RE nas leveduras
• Processo: • As proteínas que passam por este processo são
✓ Tradução de uma sequência sinalizadora sintetizadas num ribossoma livre e libertadas no
presente na região N-terminal da citosol
sequência peptídica da proteína a ser • A sua incorporação no RE não necessita da SRP
sintetizada (propriedade extrínseca ao • As suas sequências sinalizadoras são
ribossoma) reconhecidas por proteínas recetoras presentes
✓ Associação do ribossoma ao RE através nos translocons do RE
da ligação feita entre a sequência • Uso de chaperonas
sinalizadora e uma SRP (signal ✓ Citosólicas (Hsp70) – ligam-se à cadeia
recognition particle) polipeptídica de forma a que esta
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✓ Esta ligação interrompe temporariamente mantenha uma forma linear que permita a
a tradução sua passagem pelo translocon
✓ Mobilização deste complexo para a ✓ BiP (Hsp70 do interior do RE) – “puxa”
superfície do RE a sequência polipeptídica para o lúmen do
✓ Ligação do SRP a um recetor (SRP RE
receptor) e sua posterior libertação
✓ Ligação do ribossoma a um complexo
proteico de translocação – translocon – e
inserção da cadeia polipeptídica neste
canal membranar
✓ Esta ligação leva à abertura do canal
membranar do translocon
✓ Continuação da tradução
✓ Clivagem da sequência sinalizadora do
RE no lúmen do RE por uma peptidase de
sinal
• Os translocons são complexos proteicos
formados por 3 proteínas transmembranares
(Sec61)
Este processo de translocação ocorre em proteínas que estão destinadas a residirem no lúmen de alguns
organelos incluindo o próprio RE. No entanto outras proteínas têm como destino final as membranas incluindo
as do RE. Todas as proteínas deste tipo, independentemente da membrana a que estão destinadas, começam por
ser inseridas na membrana do RE e após a sua inserção são mobilizadas para os seus destinos finais através de
vesiculas.
Este tipo de proteínas integrais membranares apresenta sequências hidrófobas que apresentam uma
organização em hélices-α. No entanto, apesar de uma composição semelhante, estas proteínas variam na forma
de como são inseridas nas membranas.
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Todas as proteínas que não apresentarem uma conformação correta serão translocadas para o citosol,
marcadas com ubiquitina e degradadas por proteossomas.
A síntese de um oligossacárido ocorre no folheto citosólico da membrana do RE, por ligação ao dolicol,
um lípido membranar. Por ação de uma flipase, o dolicol é transferido para o folheto interno e a cadeia
oligossacaridica passa a estar no lúmen do RE. A transferência do oligossacárido do dolicol para a proteína (no
aminoácido asparagina) ocorre no RE, com formação de uma glicoproteína.
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Glicosilação de proteínas
Após a transferência do oligossacárido para a
proteína, por ação de uma oligossacaril-transferase, a adição
e/ou remoção de monossacáridos continua no RE e no
complexo de Golgi.
As glicoproteínas destinadas aos lisossomas apresentam todas uma “parte conformacional” que
determina que todas serão fosforiladas num resíduo de manose (manose-6-fosfato), nas cisternas da face cis do
complexo de Golgi.
Nas cisternas da face trans do complexo de Golgi, estas glicoproteína são reconhecidas por recetores
membranares que promovem o seu direcionamento para os lisossomas.
Síntese de Lípidos
Os lípidos (fosfatidilcolina, fosfatidiletanolamina, fosfatidilserina, fosfatidilinositol, etc.) são
produzidos no reticulo endoplasmático liso.
O ácido fosfatídico, resultante da ligação de duas cadeias de ácidos gordos, previamente ativadas pela
acetil-coenzima A, ao glicerol-3-fosfato através do complexo acetil-transferase, é inserido no folheto citosólico
da membrana do RE. Uma fosfatase retira um grupo fosfato ao ácido fosfatídico transformando-o em
diacilglicerol. A adição de grupos polares adicionais diversos leva à síntese dos diversos fosfolípidos
membranares. A ação das flipases garante uma distribuição uniforme dos fosfolípidos pelos dois folhetos da
membrana.
No RE liso é sintetizada ceramida que ao chegar ao complexo de Golgi vai ser utilizada na formação de
esfingomielina ou glicolípidos.
• Difusão de monómeros
▪ Difusão de monómeros em fase aquosa
• Colisão ativada
▪ Difusão de lípidos ativados durante a colisão entre membranas
• Formação de um canal hidrofóbico
▪ Formação de um túnel que permite a passagem de lípidos entre membranas
• Dessorção e difusão
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TRANSPORTE VESICULAR
CAPÍTULO 8
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• Secreção constitutiva
▪ As vesiculas estão constantemente a formar-se e a dirigirem-se para a membrana plasmática
• Secreção regulada
▪ Resposta a estímulos exteriores. As proteínas que são estão incluídas neste tipo de via têm
como destino final, o meio extracelular
▪ Secreção de insulina – A glucose liga-se ao transportador, induzindo reações em cadeia que
alteram o potencial eletroquímico da membrana. A consequente abertura dos canais para a
entrada de cálcio promove a libertação da insulina por exocitose
• Transporte seletivo para os lisossomas
▪ Vesiculas com proteínas marcadas com manose-6-fosfato destinadas à formação de
lisossomas. Fundem-se com endossomas resultantes da endocitose formando deste modo
um lisossoma.
• COP I
▪ Vesiculas originadas no complexo de Golgi que têm como destino final o RE
▪ Vesiculas de reciclagem
▪ ARF 1 – proteína desencadeadora da formação das vesiculas de reciclagem (só quando o
GDP é fosforilado em GTP)
• COP II
▪ Vesiculas originadas no RE e têm como destino final o complexo de Golgi
▪ Sar 1 – proteína desencadeadora
• Clatrina
▪ Envolvidas na formação de lisossomas
▪ Vesiculas transportadoras de enzimas lisossomais originadas na face trans do Golgi
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As enzimas lisossomais (glicoproteínas) são fosforiladas num resíduo de manose quando são
transferidas do RE para a face cis do Golgi. A presença de manose-6-fosfato é reconhecida por recetores
membranares específicos (MPR) nas cisternas trans do Golgi. A ligação da glicoproteína ao recetor membranar
induz a formação de vesiculas revestidas de clatrina.
A transferência de proteínas da face trans do Golgi para os endossomas (lisossomas) é feita em vesiculas
revestidas de clatrina. A transferência de proteínas da face trans do Golgi para a membrana plasmática ou para
o espaço extracelular (secreção) é feita em vesiculas que se formam em locais onde ocorrem jangadas lipídicas.
Proteínas membranares inseridas nas jangadas lipídicas interagem, promovendo a formação de vesiculas.
Fusão de vesiculas
A fusão de vesiculas envolve 2 passos:
A ancoragem e fusão de vesiculas é regulada pela interação especifica de proteínas chamadas SNAREs
(v-SNAREs e t-SNAREs). A formação destes complexos v-SNARE/t-SNARE pode ser regulada ou facilitada
por proteínas chamadas Rabs (ligam-se ao GTP).
Lisossomas
Os lisossomas são organelos delimitados por
uma membrana que possuem enzimas capazes de
hidrolisar todos os tipos de polímeros biológicos. Os
lisossomas têm um aspeto heterogéneo, quer em
dimensão quer em densidade. As enzimas lisossomais
são hidrólases ácidas pelo que todas possuem um pH
ótimo adequado ao pH ácido do compartimento
lisossomal. Estas só funcionam a pH igual a 5.
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DOENÇA DE GAUCHER
A doença de Gaucher é uma Lysosomal storage disease que resulta de uma mutação no gene que
codifica a enzima glucocerebrosidases. Esta mutação leva a uma redução ou completa ausência desta enzima
levando a uma hipertrofia lisossomal por acumulação de glucocerebrósidos (no interior dos lisossomas). Em
consequência desta acumulação alguns órgãos podem aumentar de volume e provocar dilatação abdominal.Os
vacúolos nas células vegetais desempenham uma grande variedade de funções:
• Armazenamento
• Turgidez celular
• Regulação do pH intracelular
• Proteínas membranares no tonoplasto
Endocitose
Como já foi dito uma das principais funções dos lisossomas é a digestão de material recolhido do meio
extracelular por um processo denominado de endocitose. Este processo apresenta 3 tipos:
• Fagocitose
• Pinocitose e Macropinocitose
• Endocitose mediada por recetores
Quando os lisossomas se dissociam da face trans do Golgi e perdem a sua cobertura de clatrina fundem-
se com os endossomas tardios. A diminuição do pH vai levar à dissociação das hidrolases dos seus recetores de
manose-6-fosfato.
Exossomas e Ectossomas
Os exossomas são o resultado da exocitose de corpos multivesiculares e os ectossomas são vesiculas
que se formam na membrana plasmática em direção ao meio extracelular.
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Apesar de este tipo de endocitose apresentar seletividade quanto às moléculas o mesmo não acontece
para os fluidos extracelulares (endocitose de fase fluida).
Existem outros tipos de endocitose mediada por recetores denominadas de vias independentes de
clatrina. Um destes consiste na internalização de partículas do meio extracelular em estruturas chamadas de
cavéolas revestidas por caveolinas.
A ocorrência de jangadas lipídicas favorece a interação das caveolinas, daí resultando a curvatura da
membrana e a formação das cavéolas.
Este tipo de endocitose está envolvida na absorção de partículas de HDL (high-density lipoprotein).
Para além destes dois tipos de endocitose mediada por recetores existem ainda outros tipos que são
independentes tanto de clatrina como também de caveolinas. Um exemplo disso é a macropinocitose que está
relacionada com a captura de fluidos extracelulares.
O melhor exemplo para o estudo da endocitose mediada por recetores é o caso das partículas de LDL.
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HIPERCOLESTEROLÉMIA F AMILIAR
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CITOSQUELETO
CAPÍTULO 9
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Citosqueleto
A capacidade de as células eucariotas serem capazes de adotarem diferentes formas, organizarem os
seus componentes internos, interagir mecanicamente com o meio envolvente e levar a cabo diferentes tipos de
movimentos depende do citoesqueleto. Esta estrutura corresponde a uma rede intrínseca de filamentos proteicos
associada a proteínas motoras que se estende por todo o citoplasma.
Funções do citoesqueleto:
• Estrutura e suporte
• Transporte intracelular
• Contratibilidade
• Organização espacial
• Filamentos de actina/microfilamentos
(subunidades globulares de actina)
• Filamentos intermédios (subunidade é uma
proteína fibrosa)
• Microtúbulos (subunidades globulares de
tubulina)
Da mesma maneira que o citoesqueleto apresenta 3 variações também as proteínas que lhe estão
associadas apresentam variedade:
• Miosinas
• Cinesinas
• Dineínas
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Filamentos de actina
A proteína mais predominante do citoesqueleto é a actina que quando polimeriza forma finos e flexíveis
filamentos de aproximadamente 7 nm de diâmetro e vários nanometros de comprimento. Nas células estes
filamentos apresentam três estados de conformação tridimensional:
1. Filamentos de actina
2. Feixes e redes de filamentos de actina (regulação pelas proteínas de ligação fimbrina, α-actina e
filamina)
3. Associação com outras estruturas celulares
Este tipo de filamentos apesar de estar presente por todo o citoplasma, encontra-se concentrado logo
abaixo da membrana plasmática (córtex celular) conferindo à célula:
Como todos os monómeros de actina estão orientados similarmente os filamentos terão polaridade. Esta
característica é importante pois está relacionada tanto com a polimerização de filamentos como também com o
estabelecimento de uma direção especifica de movimentos da miosina relativamente à actina.
• Polimerização
o Formina
Determinação dos locais de polimerização através da nucleação
o Complexo Arp2/3
• Estabilização dos filamentos
o Tropomiosinas
• Ligação com outros filamentos
• Ligação às pontas de modo a impedir a despolimerização
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• Estimulação da despolimerização
o Cofilina
• Mudanças entre ATP e ADP
Filamentos de actina
Organiza-se em
CONTRAÇÃO MUSCULAR
As células musculares são células altamente especializadas para uma única função, a contração. Nos
vertebrados existem 3 tipos de células musculares que se organizam para formar 3 tipos de tecidos musculares:
Os músculos esqueléticos são constituídos por fibras musculares, estas que consistem numa única
grande célula (50pm de diâmetro e vários centímetros de comprimento) que resulta da fusão de outras mais
pequenas. O citoplasma destas células apresenta miofibrilhas, feixes cilíndricos de dois tipos de filamentos:
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Cada miofibrilha está organizada numa cadeia de unidades contrateis chamadas de sarcómeros (responsáveis
pela aparência estriada). Os sarcómeros apresentam as seguintes partes:
Durante as contrações musculares os sarcómeros ficam mais curtos diminuindo a distância entre os
discos Z. Neste processo a miosina faz deslizar os filamentos de actina em direção ao centro do sarcómero e as
bandas I e a zona H quase que desparecem.
A miosina
presente nos músculos é
a miosina II que consiste
em duas cadeias
idênticas pesadas (uma
cauda com uma ponta
globular) e dois pares de
cadeias leves.
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Esta associação entre miosinas e filamentos de actinas é responsável por movimentos citoplasmáticos
como:
Filamentos intermédios
Os filamentos intermédios possuem um diâmetro de 8 a 11 nm e não estão envolvidos, diretamente, em
nenhum tipo de movimento celular. A sua principal função é dar força mecânica às células e tecidos.
Enquanto que os outros componentes principais do citoesqueleto têm uma ou duas subunidades, os
filamentos intermédios podem ser formados por uma larga variedade de proteínas que variam essencialmente
em tamanho, sequência de aminoácidos e local de expressão.
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ESTUDO
Algumas células em cultura mão sintetizavam proteínas de filamentos intermédios indicando que não
eram fundamentais para o crescimento destes organismos. Outras células em cultura foram injetadas com
anticorpos para a vimentina e o seu crescimento e movimento não foi afetando mesmo sem filamentos
intermédios (afetados pelos anticorpos). Deste modo pensa-se que os filamentos intermédios são necessários
para fortalecer o citoesqueleto de células em tecidos sujeitos a muito stress mecânico.
Em 1991 foi possível comprovar experimentalmente essa teoria. Ao induzir a não formação de
filamentos de queratina os ratos desta experiência passaram a sofrer de problemas dermatológicos. Estas
consequências provaram o papel dos filamentos de queratina no suporte mecânico em tecidos epiteliais.
Por outro lado, também foi provado experimentalmente o papel dos neurofilamentos nos neurónios
motores. Quando existem anormalidades nestas estruturas os portadores podem desenvolver patologias como
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por exemplo a esclerose amiotrófica lateral ou doença de Lou Gehrig. Nesta patologia verifica-se uma
acumulação e má formação de neurofilamentos.
Microtúbulos
Os microtúbulos são um dos componentes do citoesqueleto e consistem em tubos ocos rígidos de 25 nm
de diâmetro. Estas estruturas determinam a forma das células e participam numa grande variedade de
movimentos celulares como a locomoção, transporte intracelular de organelos e separação de cromossomas
durante a mitose.
Formação de microtúbulos
O centrossoma é o organelo responsável pela divisão celular das células animais. Existem em número
par (2), estando orientados perpendicularmente, e durante a interfase localiza-se perto do núcleo. Esta estrutura
é constituída por 9 tripletos de microtúbulos e em seu redor encontra-se um material amorfo pericentriolar.
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Flagelos e cílios
Os cílios e flagelos são projeções da membrana plasmática organizadas por
microtúbulos.
• Axonema
o Microtúbulos associados a proteínas
o 9 dupletos externos
▪ Túbulo A
• Microtúbulo de 13
protofilamentos
• Dois braços de dineína (1
externo e 1 interno)
▪ Túbulo B
• Microtúbulo de 10 ou 11
protofilamentos
▪ Unidos através de nexinas
o 2 microtúbulos internos
o Dupletos externos ligados ao dupleto interno
através de raios radiais
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• Corpo basal
o Extremidades negativas dos microtúbulos
o Semelhante a um centríolo
o 9 tripletos de microtúbulos
Durante a interfase os centrossomas são duplicados, separados e movimentados para os dois polos da
célula. Assim que a célula entra em mitose os microtúbulos sofrem despolimerização acelerada e polimerização
na região do centrossoma. Desta forma irá criar-se o fuso acromático que apresenta 4 tipos de microtúbulos:
• Microtúbulos do cinetocoro
o Ligam-se ao centrómero dos cromossomas por via de certas proteínas que formam o cinetocoro
o Estabilizam-se através da ligação ao
cinetocoro
o O seu rápido crescimento alinha
medialmente os cromossomas
• Microtúbulos cromossomais
o Ligam-se aos telómeros através da
cromocinesina
• Microtúbulos polares
o Não se ligam aos microtúbulos
o Estabilizam-se uns aos outros na
região media da célula em mitose
• Microtúbulos astrais
o Extremidades positivas ligam-se a
dineínas do córtex celular
A ascensão polar dos cromatídeos resulta da atividade das proteínas motoras envolvidas na interação
dos microtúbulos polares (cinesinas) e no transporte dos cromatídeos ao longo dos microtúbulos do cinetocoro
(dineínas que movem os cromatídios e cinesinas que degradam os microtúbulos). Os microtúbulos astrais
também contribuem para a separação e deslocação dos cromossomas visto que separam continuamente os polos
mitóticos.
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JUNÇÕES CELULARES
CAPÍTULO 10
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Interações celulares
As interações entre células e células com matriz são necessárias para o desenvolvimento e correto
funcionamento de organismos multicelulares. Estas interações podem ser permanentes (células epiteliais) ou
temporárias (glóbulos brancos e endotélio) e são efetuadas por CAMs, moléculas de adesão celular.
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As junções de aderência são frequentemente encontradas na zona lateral superior abaixo das junções
oclusivas. Nestas junções cada caderina é
ancorada, através de diversas proteínas
(como as α-catenina, β-catenina e
vinculinas), aos filamentos de actina.
Os filamentos intermédios (de queratina) formam cordões que se organizam em criss-cross e ligam-se
aos filamentos intermédios (também de queratina) das células adjacentes através dos desmossomas. Esta
organização oferece um bom suporte mecânico ao folheto epitelial (ex.: epiderme).
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Os hemidesmossomas podem ser encontrados nas superfícies basais das células epiteliais situadas logo
acima da lamina basal. Nestas junções é a integrina que efetua as ligações. Externamente à célula as integrinas
ligam-se à laminina da lamina basal e no interior da célula as integrinas ligam-se aos filamentos intermédios
(de queratina). O resultado final será uma estrutura semelhante a metade de um desmossoma.
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Plasmodesmos
Os plasmodesmos constituem um tipo de junção de hiato que
estabelecem a comunicação entre células adjacentes por ligações
citoplasmáticas. Os plasmodesmos, ao contrário das junções de hiato,
são canais delimitados por membrana plasmática que no seu interior
apresentam uma extensão de reticulo endoplasmático das duas células
adjacentes. Nestes canais passam desde moléculas pequenas
inorgânicas até macromoléculas como proteínas e RNAs reguladores.
• Permeabilidade basal
o Depósitos de caloses normais
o Atravessam – Moléculas pequenas a macromoléculas
• Permeabilidade aumentada
o Depósitos de caloses reduzidos
o Aumento da abertura do poro
o Atravessam – Moléculas pequenas a macromoléculas
• Permeabilidade seletiva/restrita
o Depósitos de caloses aumentados
o Diminuição da abertura do poro
o Atravessam – Moléculas pequenas
o Não atravessam - Macromoléculas
• Impermeabilidade
o Depósitos de caloses aumentados
o Poro totalmente ocluído
o Não atravessam – Pequenas moléculas a macromoléculas
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CLOROPLASTO
CAPÍTULO 11
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Cloroplastos
Os cloroplastos são os organelos responsáveis pela fotossíntese. Este organito, embora maior e mais
complexo, assemelha-se com as mitocôndrias pois ambos:
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Genoma cloroplastidial
Os cloroplastos, à semelhança das mitocôndrias, apresentam o seu próprio material genético. Enquanto
que as cianobactérias fotossintéticas apresentem um genoma de 6-9 Mb que codifica para cerca de 5400 a 7200
proteínas, o genoma dos cloroplastos consiste em inúmeras cópias de uma molécula circular de DNA. Esta
molécula apresenta cerca de 120-160 kb que formam aproximadamente 150 genes.
Importação de proteínas
Visto que o genoma plastidial só codifica cerca de 5 a 10% das proteínas presentes no cloroplasto este
necessita de importar as que são codificadas pelo genoma nuclear.
As proteínas são marcadas para os cloroplastos com uma sequência N-terminal de 30 a 100 aminoácidos
chamada de péptido-transito. Esta sequência é reconhecida pelo complexo condutor que direciona a proteína
para uma translocase dependente de ATP, complexo Toc. Para que a translocação seja corretamente efetuada a
pré-proteína tem que se manter desdobrada pela Hsp70. Na membrana interna do cloroplasto existe o complexo
proteico Tic que apresenta a mesma função e modo de funcionamento do complexo Toc. Apos a passagem da
proteína pelas duas membranas, a sequência do péptido-transito é clivada e uma chaperona molda a proteína
para a sua conformação funcional.
Caso o destino final seja a membrana ou o lúmen dos tilacoides a proteína em questão apresentará uma
sequência sinal logo após o péptido transito.
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Fotossíntese
Através da fotossíntese as células são capazes de produzir glucose a partir da energia do sol, CO 2 e H2O.
Por efeito colateral são produzidas moléculas de O 2.
1. Fase luminosa
• Ocorre na membrana tilacoidal
• Dependente da luz
• Síntese de ATP e NADPH
• Formação de O2 a partir de H2O
2. Fase escura
• Ocorre no estroma
• Independente da luz
(temporariamente)
• Síntese de glicose
• Fixação de CO2
As clorofilas e carotenos organizam-se sob a forma de um complexo antena que apresenta centralmente
um centro de reação.
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Visto que os tilacoides estão organizados em grana algumas membranas tilacoidais estão comprimidas
e outras estão descomprimidas. Como certas moléculas transmembranares, como o fotossistema I e a
ATPsintase, são demasiado grandes e por isso só se encontram em membranas descomprimidas. Devido a esta
disposição, a fotossíntese poderá ser realizada por fotofosforilação acíclica ou por fotofosforilação cíclica.
No entanto, alguns complexos envolvidos nestes processos estão especialmente separados na membrana
do tilacoide. Este problema é corrigido pela fluidez desta membrana, causada pela presença de glicolípidos em
grandes quantidades. Desta maneira, complexos como a ferredoxina, plastoquinona e plastocianina podem
movimentar-se pelas membranas dos tilacoides tornando possíveis os dois processos de fotofosforilação.
Fotofosforilação acíclica
1. Absorção de luz pelas clorofilas pares do fotossistema II
2. Cada uma destas clorofilas perde 1 eletrão
3. Quebra da água:
• 2 H+
• ½ O2
• 2 e- (repõem os eletrões das clorofilas pares)
4. Transferência dos eletrões para outras clorofilas e para o centro de reação
5. Transferência dos eletrões altamente energéticos para a plastoquinona
6. Plastoquinona transfere os eletrões para o citocromo bf
7. Eletrões altamente energéticos libertam a sua energia
8. Citocromo bf bombeia protões H+ para o lúmen tilacoidal
9. Transferência dos eletrões para a plastocianina
10. Plastocianina transfere eletrões para o fotossistema I
11. Absorção de luz transforma estes eletrões em eletrões altamente energéticos
12. Transferência destes eletrões para a ferredoxina
13. Eletrões altamente energéticos libertam a sua energia
14. Ferredoxina utiliza esta energia e os eletrões para formar NADPH através de NADP + e H+
15. ATPsintase realiza difusão facilitada dos protões para o estroma
16. Transformação de ADP em ATP
Fotofosforilação cíclica
1. Absorção de luz pelas clorofilas pares do fotossistema I
2. Eletrões são excitados para níveis de energia elevados
3. Eletrões são transferidos para a ferredoxina
4. Ferredoxina transfere os eletrões para a plastoquinona
5. Plastoquinona transfere os eletrões para o citocromo bf
6. Eletrões altamente energéticos perdem a sua energia
7. Citocromo bf utiliza essa energia para bombear protões para o lúmen tilacoidal
8. Citocromo bf transfere os eletrões para a plastocianina
9. Fotossistema I recebe os eletrões da plastocianina
10. ATPsintase utiliza a energia gerada pela transferência dos protões para o estroma para a produção de
ATP
Ciclo de Calvin
O ciclo de Calvin ocorre na chamada fase escura da fotossíntese. Este processo envolve 3 fases:
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Outros plastos
Apesar dos cloroplastos serem os plastos mais comuns e abundantes nas células vegetais também é
possível encontrar:
• Cromoplastos
o Forma
▪ Globulares
▪ Fibrilhares
o Cor (devido a carotenoides)
▪ Amarelo (xantofila)
▪ Laranja (carotenos)
▪ Vermelho (licopenos)
• Leucoplastos
o Sem cor (sem pigmentos)
o Acumula fontes de energia em tecidos não fotossintéticos
• Amiloplastos (variação de leucoplasto)
o Acumulam amido
• Oleoplastos (variação de leucoplasto)
o Acumulam lípidos
• Proteoplastos (variação de leucoplasto)
o Acumulação de proteínas
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MITOCÔNDRIA
CAPÍTULO 12
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Mitocôndria
As mitocôndrias são os organitos responsáveis pela produção de energia nas células eucariotas. Esta
energia metabólica (ATP) é produzida através da degradação de hidratos de carbono e ácidos gordos por um
processo de fosforilação oxidativa.
Na matriz mitocondrial pode-se encontrar enzimas que participam na síntese proteica, dezenas de copias
de DNA mitocondrial circular, ribossomas 70s e produtos envolvidos na síntese de ATP.
Genoma mitocondrial
A mitocôndria possui o seu próprio genoma tal como acontecia com os cloroplastos. Esse genoma,
muito semelhante ao das α-proteobactérias atuais, consiste numa molécula de DNA circular (existem inúmeras
copias) cujo tamanho varia entre espécies. Nos humanos este DNA apresenta 16kb, 80kb em leveduras e 200kb
em plantas.
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As proteínas que estão destinadas à membrana da mitocôndria não apresentam uma pré-sequência mas
sim vários sinais internos de importação mitocôndria. No citosol estas proteínas associam-se a chaperonas
Hsp70 e Hsp90, sendo estas últimas responsáveis pelo reconhecimento da proteína pelo complexo TOM
(Tom70). No espaço intermembranar associam-se proteinas tiny Tim que funcionam como chaperonas e
direcionadoras para o complexo TIM. Durante a translocação destas proteínas o complexo TIM reconhecerá
sequências stop que levarão à sua inserção na membrana interna.
As proteínas que têm como destino final a membrana externa da mitocôndria, apresentam dois
mecanismos de inserção:
1. Sequência stop reconhecida pela Tom 40 leva à inserção da proteína na membrana externa
2. Proteína atravessa totalmente o complexo TOM e uma proteína do espaço intermembranar insere-a na
membrana externa
As proteínas destinadas ao espaço intermembranar da mitocôndria passam pelo complexo TOM mas
não atravessam o complexo TIM. Algumas proteínas destinadas ao espaço intermembranar bem como à
membrana interna, são transportadas até à matriz mitocondrial onde através da clivagem da pré-sequência é
revelada uma nova sequência sinal que indica o verdadeiro destino final. Deste modo estas proteínas serão
levadas para uma translocase Oxa1 que as enviará para o espaço intermembranar ou para a membrana interna
por reconhecimento de sequências stop.
Proteínas transportadoras de fosfolípidos recolhem lípidos da membrana do RE, como por exemplo
fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina, e transportam-nos até à membrana da mitocôndria. A mitocôndria
também é capaz de sintetizar fosfatidilserina a partir de fosfatidiletanolamina e produzir cardiolipina, um lípido
de 4 cadeias de ácidos gordos e 3 moléculas de glicerol que confere maior estabilidade à membrana interna
mitocondrial (em relação ao gradiente eletroquímico) ligando-se ao citocromo C.
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O mecanismo da fosforilação
oxidativa
A partir da glicólise e do ciclo de
Krebs são produzidas 4 moléculas de
ATP, 10 moléculas de NADH e 2
moléculas de FADH2. Por outro lado,
através do processo de fosforilação
oxidativa são produzidas 32 a 34
moléculas de ATP.
Através do ciclo de Krebs, que começa com o piruvato proveniente da glicólise e da beta-acetilação de
lípidos, são produzidas moléculas de NADH e FADH2 necessárias à cadeia transportadora de eletrões.
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Agrupamento quimiosmótico
Através da acumulação de protões H+ no espaço intermembranar é gerada energia potencial na forma
de um gradiente eletroquímico.
Como os iões não são capazes de atravessar membranas lipídicas terá que se usar uma ATPsintase que
utilizará a energia deste gradiente para a produção de moléculas de ATP.
A ATPsintase é constituída
pelas porções:
• F0 – porção inserida na
membrana interna mitocondrial;
motor da proteína que se
movimenta por um estímulo
elétrico; cria um canal que permite
a passagem de protões H+ para a
matriz mitocondrial;
• F1 – porção da matriz
mitocondrial; utiliza a energia
produzida pelo transporte de
protões para produzir moléculas de
ATP através de ADP e iões fosfato;
este transporte faz com que a
porção F0 forçe a rotação de uma
das partes da F1; esta rotação leva a
conformações na maior porção da
F1
A passagem de 4 protões leva à produção de 1 molécula de ATP e o NADH e o FADH2 são responsáveis
pela produção de 3 e 2 moléculas de ATP, respetivamente.
Outra proteína transportadora leva fosfato na forma de H 2PO4- para a matriz mitocondrial em troca de
iões hidroxilo OH-.
A importação de ácido piruvato para a matriz mitocondrial envolve o transporte de um ião hidroxilo
para o espaço intermembranar.
Na neuropatia ótica hereditária de Leber uma mutação no mtDNA afeta a NADH desidrogenase de
maneira que a fosforilação oxidativa e a produção de ATP tornam-se insuficientes. Esta doença rara é hereditária
e tem como consequência a cegueira, devido à degradação do nervo ótico.
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Através da fosforilação oxidativa são produzidas espécies reativas de oxigénio, os ROS, que promovem
a deterioração, por oxidação, dos lípidos membranares e do DNA mitocondrial. Caso estes ROS oxidem
cardiolipinas da membrana interna da mitocôndria serão libertados os complexos do citocromo c. A ligação do
citocromo c à proteína citosólica Apaf-1 induz a formação de apoptossomas e a ativação de uma reação em
cadeia de caspases. Deste modo ocorre a apoptose das células.
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PEROXISSOMA
CAPÍTULO 13
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Peroxissomas
Os peroxissomas são organitos pequenos que contêm enzimas, peroxinas, no seu interior, envolvidas
numa considerável variedade de reações metabólicas. Estas peroxinas são importadas do citosol uma vez que
os peroxissomas não têm genoma próprio.
As células humanas podem conter entre 100 a 1000 peroxissomas, sendo que os hepatócitos são os que
apresentam estes organitos em maior número. Os peroxissomas têm grande capacidade de replicarem, fazendo-
o por divisão.
Formação de peroxissomas
Supõe-se que os peroxissomas formam-se por divisão de um peroxissoma maduro. Este peroxissoma
maduro resultou da importação lípidos específicos e peroxinas para um peroxissoma prematuro resultante da
fusão de duas vesiculas provenientes do RE. Os peroxissomas aumento substancialmente o seu número através
da sua divisão.
Ao contrário de tudo o que se estudou até agora, as proteínas que entram no peroxissoma não sofrem
ação proteolítica ao nível da sequência sinal.
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Glioxissomas
Os peroxissomas apresentam 2 funções
extremamente importantes nas células
vegetais.
Em sementes os peroxissomas
(glioxissomas) são responsáveis pela
conversão de ácidos gordos de reserva em
hidratos de carbono através de uma via
chamada de ciclo do glioxilato. Esta conversão
produz energia e materiais necessários para o
crescimento da planta em germinação.
Deficiências genéticas podem afetar a importação de proteínas peroxissomais para o interior dos
peroxissomas como acontece em doenças como a síndrome de Zellweger. Nesta patologia verifica-se uma
redução do número ou total ausência de peroxissomas nas células. Esta doença manifesta-se por hepatomegalia,
dismorfia craniofacial e alterações neurológicas, para além de icterícia e hemorragias gastrointestinais.
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SINALIZAÇÃO CELULAR
CAPÍTULO 14
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• Membrana plasmática
• Citosol
• Núcleo
• Hormonas tiroideias
o Sintetizadas a partir de tirosina
o Desenvolvimento e regulação do metabolismo
• Vitamina D3
o Regula o metabolismo do Ca2+
o Regula o crescimento ósseo
• Ácido retinóico
o Sintetizado a partir de vitamina A
o Desenvolvimento em vertebrados
Todas as hormonas esteróides vão ser reconhecidas por recetores pertencentes à superfamília de
recetores nucleares que atuam como fatores de transcrição. Estas moléculas apresentam os domínios de ligação
ao ligando e DNA e de ativação transcricional. Caso a hormona não esteja presente os recetores podem nem se
ligar ao DNA mas quando o fazem são incapazes de realizar a transcrição. Quando a hormona se liga, induz
uma alteração conformacional na estrutura do recetor permitindo-o interagir com coativadores (em vez de co-
repressores). Deste modo os esteróides podem ser entendidos como reguladores da expressão genética.
Neurotransmissores
Os neurotransmissores transportam sinais entres neurónios ou entre neurónios e outros tipos de células
(células musculares). São o grupo variado de pequenas moléculas hidrofílicas (e por isso não são capazes de
atravessar membranas) que inclui a acetilcolina, dopamina, epinefrina, serotonina, histamina, glutamato, glicina,
etc.
A ligação dos neurotransmissores leva a uma alteração conformacional dos recetores que por sua vez
provoca a abertura dos canais iónicos.
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• NGF (fator de crescimento dos neurónios) – controla o desenvolvimento e sobrevivência dos neurónios
• EGF (fator de crescimento epidérmico) – estimula a proliferação, sobrevivência e maturação celular, a
angiogénese e a metastisação
• PDGF (fator de crescimento derivado das plaquetas) – acelera a cicatrização por via da estimulação da
proliferação de fibroblastos
• Citocinas – regulam o desenvolvimento e diferenciação das células sanguíneas e controla a atividade
dos linfócitos na resposta imunitária
Hormonas vegetais
O desenvolvimento e crescimento das plantas é regulado por um grupo de pequenas moléculas
chamadas de hormonas vegetais. As suas concentrações variam e tornam possível uma coordenação de todas as
partes da planta para dar uma resposta eficiente face a fatores ambientais (luz, infeções, etc.).
Tipos Função
• Enfraquecimento da parede celular de modo a
permitir o alongamento da célula vegetal
Auxinas • Divisão celular
• Diferenciação celular
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Recetores membranares
Existem proteínas transmembranares, cujo domínio extracelular é o local de reconhecimento das
moléculas e cujo domínio intracelular é o local de interação com enzimas que irão induzir a resposta da célula.
Quando ocorre o reconhecimento normalmente são ativadas enzimas que por sua vez ativam mediadores
intracelulares responsáveis por ativar enzimas efetoras. Estas enzimas efetoras tanto podem efetuar de imediato
a resposta celular como também podem associar-se a proteínas-alvo como fatores de transcrição.
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As cinases ao serem ativadas promovem a fosforilação de certas porções citosólicas do recetor que
constituirão locais de ancoragem a proteínas de sinalização intracelular.
Estas proteínas
podem ser ativadas tanto
por uma mudança
conformacional como
também por aproximação
da proteína seguinte na
respetiva via de
sinalização.
O CASO DO C AMP
Um substrato proteico específico pode ser por exemplo a glicogénio sintase e a cinase da fosforilase.
As subunidades catalíticas ativas podem inibir a primeira e ativar a segunda. A cinase da fosforilase quando
ativada promove a ativação de outra enzima, a glicogénio fosforilase. Por fim, esta última hidrolisa o glicogénio
em glucose-fosfato. Esta molécula vai ser importante para a atividade muscular.
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NÚCLEO
CAPÍTULO 15
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Núcleo
A presença de núcleo é uma característica particular dos eucariotas que é responsável pelo
armazenamento do material genético e constitui o centro de controlo da célula. Os processos de replicação e
transcrição do DNA e o processamento do RNA ocorrem no interior deste organelo.
Estas membranas são constituídas por uma bicamada fosfolipídica que é permeável a pequenas
moléculas não polares. Existem complexos de poros nucleares que permitem a passagem de pequenas moléculas
polares e macromoléculas para dentro e fora do núcleo.
Logo abaixo da membrana nuclear interna encontra-se uma estrutura chamada de lamina nuclear, uma
malha que oferece um suporte estrutural ao núcleo. Esta estrutura é constituída por proteínas fibrosas de 60-80
kd chamadas de lamininas. As lamininas correspondem a um tipo de filamentos intermédios. As unidades
monoméricas das lamininas associam-se formando dímeros e estes por sua vez associam-se formando
tetrâmeros. Os tetrâmeros vão dar origem aos filamentos de laminina propriamente ditos. Em mamíferos sabe-
se da existência de 3 tipo de lamininas, A, B e C.
As lamininas estabelecem ligações com a membrana nuclear interna através de proteínas membranares
como por exemplo emerinas e retores de laminina B. Estas ligações podem ser facilitadas através da adição de
lípidos nas lamininas, já numa fase pós-transcricional.
Por fim a lamina nuclear também efetua ligações com histonas H2A e H2B e outras proteínas associadas
à cromatina. Esta associação é importante pois vai regular certos processos nucleares como a expressão genética.
Até hoje são conhecidas inúmeras doenças associadas ao mau funcionamento da lamina nuclear que
causa problemas na regulação genética. A doença mais conhecida é a HGPS (Hutchinson-Gilford progeria
syndrome) que é causada por defeitos na lamina A.
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Durante a mitose, o desaparecimento da lamina nuclear e a dissociação dos complexos dos poros
nucleares do invólucro nuclear levam a que no início da prófase ocorra a retração das membranas nucleares. Na
metáfase, as membranas nucleares estão completamente integradas no reticulo endoplasmático rugoso.
Transporte núcleo-citoplasma
Entre o núcleo e o citoplasma verifica-se um fluxo bidirecional constante e seletivo. Muitas proteínas
sintetizadas no citosol exercem as suas funções especificas no núcleo. Exemplos dessas proteínas são:
• Histonas
• DNA-polimerases
• RNA-polimerases
• Reguladores de transcrição
• Proteínas de processamento de RNA
Por outro lado, moléculas de RNA que são sintetizadas no núcleo exercem a sua função ou são
necessárias no citosol. Exemplos destas moléculas:
• mRNA
• rRNA
• tRNA
• miRNA
• snRNA
Enquanto que algumas moléculas são capazes de entrar no núcleo pelos poros nucleares com facilidade,
outras possuem características morfofuncionais que as incapacitam de fazer o mesmo. Desse modo todas as
proteínas destinadas ao núcleo possuem uma sequência NLS (nuclear localization signals) que é responsável
pela seletividade do processo nuclear de importação.
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Para se iniciar a
importação, as sequências NLS
têm de ser reconhecidas pelas
proteinas importinas. As
importinas são proteinas
citosólicas solúveis que se ligam
tanto ao NLS como também às
sequências FG (fenilalanina-
glicina) presentes no centro do
poro nuclear e nos filamentos
proteicos nucleares e citosólico.
A Ran-GTP ainda ligada à importina terá a função de a trazer de volta para o citosol. Apos esse
transporte uma proteína citosólica, a Ran-GAP, hidrolisa o Ran-GTP em Ran-GDP o que provoca a sua
dissociação da importina.
Por outro lado, para a exportação de moléculas a partir do núcleo é indispensável a presença de uma
sequência NES (nuclear exportation signals). Todas as moléculas que apresentarem uma sequência NES serão
reconhecidas por uma proteína nuclear, a exportina. Esta exportina só é capaz de se associar à proteína com uma
sequência NES caso já esteja associada a uma molécula de Ran-GTP.
Assim que este complexo alcança o citosol uma proteína citosólica, a Ran-GAP, hidrolisa a Ran-GTP
em Ran-GDP o que provoca a dissociação da carga e do Ran-GDP a partir da exportina. A exportina é capaz de
regressar ao núcleo sem a ação de outras moléculas.
Como é possivel perceber, a Ran-GTP é transportada para o citosol continuamente. De modo a que o
numero da Ran-GTP se mantenha constante no interior do nucleo a Ran-GDP tem que ser transportada pela
NTF2 para o espaço nuclear. Aí uma proteina associada à crotmatina, a Ran-GEF, fosforila o Ran-GDP em
Ran-GTP. Deste modo a concentração de Ran-GTP mantém-se constante no nucleo.
A forquilha de replicação
A replicação do DNA ocorre numa estrutura em forma de Y, chamada de forquilha de replicação. Uma
enzima, a DNA-polimerase III, catalisa a polimerização de nucleotídeos na direção 5’-3’, copiando uma fita-
molde de DNA com uma extraordinária fidelidade. Como as duas fitas da dupla-hélice de DNA são
antiparalelas, essa síntese de DNA 5’-3’ só pode ser realizada continuamente numa das fitas da forquilha de
replicação (fita-líder). Na fita retardada, pequenos fragmentos de DNA, fragmentos de Okazaki, são sintetizados
de trás para frente, ou seja, no sentido 3’-5’. Uma vez que a DNA-polimerase não pode iniciar uma nova cadeia
(só realiza a polimerização no sentido 5’-3’), esses fragmentos da fita retardada são iniciados por pequenas
moléculas de RNA, os primers, que subsequentemente são removidas e substituídas por DNA. O uso de primers
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Estrutura da cromatina
A cromatina corresponde ao conjunto formado entre o DNA e proteínas que a este se associam. Estas
proteínas dividem-se em proteínas histónicas e proteínas não histónicas. No núcleo a cromatina pode apresentar
2 estados de conformação:
• H1
• H2A
• H2B
• H3
• H4
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A formação de nucleossomas dá
origem a filamentos de 10 nm de diâmetro.
Estes filamentos podem enrolar-se dando
origem a fibras de 30 nm de diâmetro. Nesta
fase de condensação as histonas H1 são
cruciais para determinar a acessibilidade de
maquinaria de replicação e transcrição ao
DNA. As fibras de 30 nm de diâmetro
podem continuar a enrolar-se de modo a
formar os cromossomas metafásicos. Nesta
fase a cromatina adquiriu uma conformação
de laços em torno de uma proteína central.
Nos cromossomas é possível encontrar os genes dispostos por bandas (podem ser localizados por
hibridação in situ) o que indica que a condensação do DNA em cromossomas é um processo altamente ordenado
e reprodutível.
Os cromossomas metafásicos apresentam uma forma de X e são constituídos por 2 cromatídeos, cujas
extremidades são os telómeros, unidos no centrómero.
Centrómeros
O centrómero é uma região especifica do cromossoma que é fundamental para a correta distribuição
dos cromatídeos pelas células filhas durante a mitose. Durante a mitose os microtúbulos do fuso mitótico ligam-
se a esta região do cromossoma.
No centrómero associam-se proteínas que formam uma estrutura chamada de cinetocoro. O cinetocoro
é a estrutura à qual os microtúbulos do fuso mitótico se irão ligar.
Telómeros
Os telómeros são as sequências que constituem as extremidades dos cromatídeos e estão envolvidas nos
processos de replicação e manutenção dos cromossomas. Nestas regiões encontram-se muitas sequências de
DNA repetidas.
Apesar de a DNA polimerase ser capaz de se associar ao DNA dos telómeros esta não é capaz de iniciar
a síntese de uma nova cadeia. Para que a replicação destas regiões seja possível existem as telomerases que
utilizam transcriptase reversa para replicar sequências de DNA telomérico. As telomerases podem realizar
alongamento das cadeias de DNA ou translocação de sequências de DNA. A translocação está muitas vezes
associada com a ocorrência de cancro.
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A manutenção dos telómeros encontra-se relacionada com o tempo de vida e a capacidade reprodutiva
das células.
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