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Biologia População – conjunto de organismos

da mesma espécie que interagem entre


si numa determinada área.
Diversidade Biológica Normalmente, organismos da mesma
espécie são capazes de se reproduzir
A Terra permite a existência de vida
entre si, originando descendência fértil.
graças à sua temperatura e água no
estado líquido. Os seres vivos Comunidade – interação entre as
juntamente com os ambientes onde se diferentes populações numa
integram constituem a biosfera, determinada área.
subsistema da Terra, que sofre
Ecossistema – interação entre as
mudanças profundas desde o
comunidades e os fatores do meio
aparecimento dos primeiros
ambiente.
organismos.
Biosfera – totalidade dos ecossistemas.

Níveis de Organização Biológica


Estrutura e Dinâmica dos Ecossistemas
A biosfera apresenta diferentes níveis
de organização. Estes níveis possuem Os ecossistemas são constituídos por
características que os distinguem entre um componente biótico (comunidades)
si, podendo ser relacionados de forma e um componente abiótico (fatores
hierárquica, ou seja, numa sequência físico químicos do meio como a água, a
de complexidade crescente. temperatura e a luz). Estes fatores
determinam a distribuição de seres
Células – unidades estruturais e
vivos e as suas interações com os seres
funcionais de todos os seres vivos.
– interações abióticas - vivos
Tecidos – conjunto de células que influenciam a dinâmica dos
atuam de forma coordenada ecossistemas. Que depende também
desempenhando funções semelhantes. das interações bióticas (interações
entre seres vivos) que se estabelecem
Órgãos – são formados por diferentes
na comunidade. Estas podem ser
tecidos que, no seu conjunto,
interações intraespecíficas (indivíduos
asseguram o desempenho de uma
da mesma população e.g competição)
determinada tarefa.
ou interações interespecíficas
Sistema de órgãos – constituído por (indivíduos de diferentes populações
órgãos organizados em estreita e.g competição, parasitismo,
independência funcional. predação).
Organismo – indivíduo constituído
pelos diferentes sistemas de órgãos.
As relações alimentares (tróficas) que
Nos seres unicelulares, o organismo é
os organismos estabelecem entre si
formado por apenas uma célula.
definem a estrutura dos ecossistemas.
Estrutura composta por níveis tróficos – cadeias alimentares estão interligadas
produtores, consumidores e formando uma teia alimentar. Os
decompositores – dependendo da animais de uma mesma população
posição que o organismo ocupa na ocupam diferentes posições no nível
cadeia alimentar. trófico, de acordo com os seres vivos
que lhes servem de fontes de alimento.
Cadeia Alimentar
Parte significativa da biomassa de um
Produtores são organismos
nível trófico não é utilizada pelos
autotróficos – capazes de produzir
organismos do nível seguinte. Esta
matéria orgânica através de compostos
matéria não consumida ou as fezes e
inorgânicos (CO2) que lhes servem de
urina podem ser transformadas pelos
alimento. A maioria dos produtores
seres decompositores em matéria
realiza a fotossíntese captando luz solar
inorgânica. A matéria será absorvida
– principal fonte de energia dos
pelos produtores entrando novamente
ecossistemas. São exemplos as plantas,
na cadeia alimentar. A transferência de
algas e algumas bactérias. Ocupam o
matéria ao longo das cadeias assume
primeiro nível trófico.
um caráter cíclico.
Consumidores são organismos
A luz solar é a fonte primária de energia
heterotróficos – necessitam de obter
que os produtores transferem para a
matéria orgânica a partir do meio
matéria orgânica que produzem. Assim
externo (ingestão de parte ou
nas cadeias alimentares existe também
totalidade de organismo) devido à
um fluxo de energia que apresenta um
incapacidade da sua produção. Incluem
caráter unidirecional. Parte dessa
todos os animais e alguns seres
energia é então gasta pelos organismos
unicelulares. Ocupam o segundo nível
nas suas atividades e parte é libertada
trófico e os seguintes.
para o meio em forma de calor. Apenas
Decompositores são organismo 10% da energia passa para o nível
heterotróficos que degradam matéria trófico – motivo que explica o número
orgânica proveniente dos níveis tróficos reduzido de níveis tróficos nas cadeias
anteriores. Permitem a reciclagem dos alimentares.
ecossistemas através da libertação de
compostos inorgânicos que poderão
ser utilizados pelos produtores. Incluem Diversidade Celular
os fungos e algumas bactérias.
As células são a unidade estrutural e
As cadeias alimentares representam funcional de todos os seres vivos,
sequências de organismos de resultam de outras células já existentes
diferentes níveis tróficos através dos e são responsáveis pela transmissão
quais ocorre transferência de energia e genética ao longo de gerações. Todas
de matéria, em resultado das as células , apesar da sua diversidade,
interações tróficas. Nos ecossistemas as possuem em comum:
Membrana celular delimita a célula
mantendo a sua integridade e regula as
trocas materiais entre o meio
intracelular e o meio extracelular.

Citoplasma corresponde ao interior das


células, exceto o núcleo; a sua fração
líquida corresponde ao citosol ou
hialoplasma, constituído por água, sais
minerais e uma grande diversidade de
compostos orgânicos necessários à
As células eucarióticas, presentes nos
atividade celular.
organismos eucariontes, caracterizam-
Material genético (ADN) constitui o se pela presença de núcleo delimitado
suporte da informação necessária à pelo invólucro nuclear de natureza
produção de moléculas indispensáveis membranar que contém quase a
para a formação, funcionamento e totalidade do ADN da célula. As células
reprodução de células. eucarióticas são maiores que as
procarióticas e apesentam uma
Ribossomas são estruturas não
estrutura mais complexa, composta por
membranares, presentes no
outros organelos para além do núcleo.
citoplasma, envolvidas na síntese de
As membranas dos organelos permitem
proteínas.
que cada compartimento mantenha no
Tendo em conta os aspetos estruturais seu interior características químicas
podemos considerar a existência de diferentes do restante citoplasma,
dois padrões celulares básicos: melhorando o seu desempenho de
funções específicas. Existem dois tipos
As células procarióticas constituem
fundamentais de células eucarióticas : a
organismos eucariontes, e.g bactérias.
célula eucariótica vegetal, presente nas
São as células mais pequenas com
plantas e algas, e a célula eucariótica
organização mais simples, caraterizada
animal, presente no animais e outros
pela ausência de núcleo e de organelos
organismos mais simples. Podem
membranares. O ADN encontra-se
possuir flagelos para facilitar o seu
disperso no citoplasma, numa região
movimento.
designada por nucleoide. Os
ribossomas também estão presentes no As células animais podem apresentar
citoplasma e apresentam menor variações nas formas e ultraestrutura.
dimensão do que nas células Contêm centríolos e lisossomas que
eucarióticas. As células procarióticas estão ausentes nas células vegetais.
[figura 18, p36]
possuiu uma parede celular que lhe
confere proteção e uma capsula que As células vegetais apresentam parede
reforça essa função. Os flagelos (opcionais) celular, constituída por celulose que
favorecem a locomoção. confere a forma e dá proteção à célula.
Podem apresentar cloroplastos, importantes na regulação de funções
organelos onde ocorre a fotossíntese, vitais (impulso nervoso).
bem como vacúolo hídrico, que ocupa a
maior parte do volume celular ou vários
vacúolos mais pequenos ambos com a Constituintes Orgânicos
função de armazenamento de água e
Os compostos orgânicos têm
outras substâncias. Nas células animais
geralmente maior massa e maiores
os vacúolos estão muitas vezes ausente
dimensões que os compostos
ou são de pequena dimensão.
inorgânicos. Podem ser chamados de
biomoléculas tendo em conta que
suportam a atividade biológica. A
Constituintes Inorgânicos
dimensão e complexidade das
Os principais compostos inorgânicos macromoléculas resulta da formação
são a água e os sais minerais. de cadeias – polímeros – através da
Caracterizam-se por não possuirem ligação de moléculas mais pequenas –
átomos de carbono ligados a átomos de monómeros – a sua unidade básica. Os
hidrogénio. A molécula da água é polar, polímeros formam-se por reações de
ou seja, tem uma região com polimerização, reações que permitem a
polaridade negativa e outra com ligação entre dois monómeros com
polaridade positiva. Esta característica libertação de uma molécula de água. A
permite a formação de ligações de reação inversa é a despolimerização,
hidrogénio entre outras moléculas, em que há separação dos monómeros
garantindo coesão molecular. Assim a que formam um polímero. Designa-se
água tem um elevado poder solvente. A também por reação de hidrólise pois é
água intervém em muitas reações necessária a presença de uma molécula
químicas das células e atua como de água.
agente de transporte de numerosas
substâncias necessárias ao
metabolismo celular ou dele resultante
(gases, nutrientes, hormonas). A água
permite controlar a temperatura
corporal.

Os sais minerais assumem uma função


estrutural importante. Alguns seres
vivos possuem exoesqueletos ricos em
carbonato de cálcio ou sílica. O fosfato
de cálcio é abundante no esqueleto
As biomoléculas estão agrupadas em
ósseo dos vertebrados e faz parte dos
glícidos, lípidos, prótidos e ácidos
dentes desses animais. Os sais
nucleicos. O esqueleto das
minerais, na sua forma iónica, são
biomoléculas é um conjunto de átomos
de carbono ligados a átomos de Os lípidos são compostos ternários.
hidrogénio, em cadeias abertas ou Constituem um grupo muito
fechadas. heterogéneo. Não formam polímeros e
são insolúveis em água. As principais
funções são de reserva, energética,
estrutural e hormonal.

As gorduras são constituídas por um


álcool – glicerol – ligado através de
ligações éster a três moléculas de
Glícidos
ácidos gordos. Estes ácidos são
Os glícidos são compostos ternários constituídos por longas cadeias de
constituídos sobretudo por carbono, átomos de carbono ligados a átomos de
hidrogénio e oxigénio. hidrogénio com um grupo de carboxilo
numa extremidade da cadeia. De uma
Os monómeros dos glícidos são os
ligação éster que se estabelece entre
monossacarídeos e constituem os
cada grupo carboxilo do ácido e o
glícidos mais simples. Formados por
grupo hidroxilo do glicerol resulta uma
cadeias de 3 a 6 átomos de carbono,
molécula de água.
como pentoses (5) ou hexoses (6). A
glicose é o monossacarídeo mais Os fosfolípidos resultam da ligação de
importante dos seres vivos por ser a uma molécula de glicerol a dois ácidos
principal fonte de energia das células. gordos e a um grupo de fosfato. A
molécula apresenta polaridade no
Os monossacarídeos estabelecem
grupo fosfato diz-se, por isso, que essa
ligações glicosídicas formando
região da molécula é hidrofílica, tendo
oligossacarídeos e posteriormente
em conta a sua elevada afinidade para
polissacarídeos – polímeros dos
a água. Os ácidos gordos consistem
glícidos. A lactose e sacarose são
uma região hidrofóbica dada a sua
dissacarídeos formados por duas oses.
natureza apolar e ausência de afinidade
A sacarose é produzida nas plantas e
com a água. Por terem regiões
circula no seu interior. A lactose é
hidrofílica e hidrofóbica, os fosfolípidos
sintetizada nas glândulas mamárias.
são classificados como moléculas
Amigo e Glicogénio (substâncias de
anfipáticas. Os fosfolípidos são
reserva de animais e plantas). Celulose
fundamentais aos seres vivos por
e quitina (função estrutural de plantas
fazerem parte das membranas
e insetos). Desoxirribose é um
celulares. Os fosfolípidos organizam-se
monossacarídeo que entra na
numa bicamada com caudas
constituição do DNA.
hidrofóbicas orientadas para o interior
da bicamada e as regiões hidrofílicas
Lípidos orientadas para os domínios aquosos
do interior e exterior das células.
As proteínas são os prótidos mais
complexos. Cada polímero é
constituído por um número definido de
aminoácidos, ligados por ligações
peptídicas numa sequência específica
que corresponde à estrutura primária.

A estrutura secundária resulta do


arranjo da cadeia primária que se
organiza em hélice. A estrutura
terciária forma-se a partir do
Prótidos
dobramento das estruturas
Os prótidos constituem um grupo de secundárias, devido a ligações químicas
compostos orgânicos quaternários uma que se estabelecem entre vários locais
vez que também possuem nitrogénio. da proteína originando estruturas
Os monómeros mais simples deste globulares como a que caracteriza a
grupo são os aminoácidos. Estes são pepsina. A estrutura quaternária
constituídos por um átomo de carbono resulta da associação de duas ou mais
central ao qual se liga um grupo amina, cadeias polipeptídicas. As estruturas
um grupo carboxilo (ácido), um átomo são estáveis dentro de certos níveis de
de hidrogénio e um radical, que pH, caso contrário pode ocorrer a
constitui a parte variável da molécula. desnaturação das proteínas.
A ligação entre aminoácidos origina um
dipéptido. Nesta reação de síntese
estabelece-se uma ligação péptidica
entre o grupo de carboxilo de um
aminoácido e o grupo amina de outro,
com libertação de uma molécula de
água. Os polímeros resultantes de
ligações peptídicas são sequências
lineares de polipeptídeos.
As proteínas têm diversas funções
como a função estrutural através da
queratina. Função de defesa criando
anticorpos envolvidos na proteção de
agentes infeciosos. Hormonal através
da insulina produzida no pâncreas. estabelecem entre as bases azotadas
Enzimática, onde a amílase salivar é complementares de cada cadeia:
responsável pela digestão do amido na adenina forma duas ligações com de
boca. As enzimas são proteínas hidrogénio com a timina, e a citosina
produzidas por células vivas, que forma três ligações de hidrogénio com
aceleram reações químicas sem se a guanina.
consumirem nelas funcionando como
O RNA participa na conversão da
biocatalisadores.
informação genética em proteínas.
Corresponde a moléculas mais curtas
de DNA. A pentose presente nos
nucleótidos de RNA é a ribose, que se
encontra ligada a um grupo de fosfato
Ácidos nucleicos e uma das seguintes bases azotadas:
adenina, uracilo, citosina ou guanina.
Os ácidos nucleicos são as biomoléculas Os diferentes tipos de RNA
envolvidas no armazenamento e desempenham funções relacionadas
transferência de informação genética. com a síntese de proteínas.
Formam polímeros de nucleótidos,
moléculas que resultam da ligação
química de três constituintes: uma
pentose (ribose e desoxirribose), uma
base azotada e um grupo fosfato. Os
nucleótidos através de reações de
síntese polimerizam e formam cadeias
polinucleotídicas que constituem as
cadeias de ácidos nucleicos, ADN e Estrutura da membrana celular
RNA.
Os seres vivos são sistemas abertos
O DNA armazena e cujo equilíbrio dinâmico depende
transmite a informação das trocas que realizam com o
genética. É formado por meio externo relacionadas com a
nucleótidos contendo uma obtenção de matéria necessária
desoxirribose ligada a um aos processos metabólicos que
grupo fosfato e a uma das decorrem nas células com
seguintes bases azotada: libertação de substâncias
adenina, timina, citosina ou guanina. resultantes desses processos. Esse
intercâmbio é sempre feito através das
A molécula de DNA é formada por dois
membranas celulares. Diz-se
nucleótidos em sentidos opostos
semipermiável porque seleciona as
(antiparalela) e um arranjo em dupla
substâncias que a atravessam.
hélice. As duas cadeias estão unidas
através de hidrogénios que se
A membrana celular constitui uma reajustes necessários aos processos
barreira entre o meio externo e o meio dinâmicos da membrana. Estes
citoplasmático, contribuindo para a movimentos podem ser rotacionais e
integridade da célula e a manutenção laterais na mesma camada lipídica e
das suas condições internas. flip-flop – transição de um fosfolípidos
entre as duas camadas da membrana.
O modelo de mosaico fluido é válido
para explicar os aspetos essenciais da
estrutura, função e dinâmica da
membrana celular. De acordo com este
modelo, a membrana é constituída
essencialmente por uma bicamada de
fosfolípidos onde se encontram
distribuídas proteínas.

A organização dos fosfolípidos está


relacionada com a sua natureza
Osmose
anfipática. As regiões polares estão em
contacto com o meio interno e externo A osmose é um processo passivo de
da célula enquanto que as caudas difusão de água através da membrana
apolares estão orientadas para o celular. Esse movimento ocorre de
interior da bicamada. regiões de maior potencial hídrico para
menor potencial hídrico.
As proteínas podem associar-se modo
diferente à bicamada lipídica. As O potencial hídrico é influenciado pela
proteínas periféricas estão ligadas às concentração de solutos existentes no
superfícies interna e externa e as meio. Em meios hidrostáticos, a água
proteínas integradas mergulham na tende a deslocar-se de meios
bicamada lipídica, podendo atravessar hipotónicos – menor concentração
as duas camadas da membrana – soluto – para meio hipertónicos – maior
proteínas transmembranares. concentração de soluto, ou seja meios
onde exista gradiente de concentração.
Na face externa da membrana existem
Se os meios forem isotónicos ocorre
glicoproteínas e glicolípidos. Possuem
fluxo idêntico de moléculas entre os
glicocálix e desempenham um papel
dois meios, nos dois sentidos.
importante no reconhecimento
químico de moléculas presentes no A pressão aplicada para contrariar o
meio extracelular, como as hormonas. movimento da água em direção ao
meio hipertónico designa-se pressão
A fluidez é uma característica
osmótica, quanto maior quanto maior
fundamental da membrana e esta
for o gradiente de concentrações entre
relacionada com a capacidade dos
dois meios.
fosfolípidos e proteínas mudarem de
posição na bicamada, permitindo os
Quando colocamos uma célula num moléculas, mudam a sua conformação
meio hipertónico, ocorre saída de água e possibilitam a passagem de
da célula e consequentemente o substâncias através da membrana.
volume do citoplasma diminui –
Alguns iões, como o Na+ e K+,
plasmólise. Quando colocamos uma
atravessam a membrana através de
célula num meio hipotónico, ocorre
canais iónicos, formados por proteínas
entrada de água na célula e
transmembranares. Neste caso não
consequentemente o volume do
ocorrem mudanças na conformação e
citoplasma aumenta – turgescência. A
os solutos não estabelecem ligações
pressão de turgescência, nas células
com a proteína.
animais (s/ parede celular), pode
conduzir ao rompimento da membrana A água pode difundir-se de forma
celular – lise celular. A resistência da facilitada através de proteínas
parede celular impede alterações transmembranares – aquaporinas –
significativas do volume celular. que formam canais pelos quais a água
movimenta-se de forma rápida.

Difusão simples
Transporte ativo
Moléculas apolares como o CO2 e o O2
atravessam a membrana celular por As células estabelecem gradientes de
difusão simples. Este é um processo concentração de determinadas
passivo (sem dispêndio de energia; a substâncias com o meio extracelular.
favor do gradiente de concentração) e
Essas diferenças são mantidas pelo
não mediado (não necessita da
transporte ativo um processo contra o
intervenção de proteínas
gradiente de concentrações, logo é um
transmembranares).
processo ativo que requer consumo de
energia metabólica. O transporte ativo
é mediado porque recorre a proteínas
Difusão facilitada
transportadoras da membrana. As
Certos iões e moléculas polares são ATPases consomem energia na forma
transportados através de proteínas de ATP, necessária ao processo do
transmembranares, a favor do transporte. A bomba de sódio e de
gradiente de concentração. Este potássio é uma das principais ATPases.
transporte tem caráter passivo, ou seja,
não ocorre gasto de energia
metabólica. Algumas das proteínas são: Endocitose e exocitose

Moléculas polares, glicose e As células são capazes de transferir


aminoácidos, deslocam-se devido à macromoléculas que não conseguem
ação de proteínas transportadoras - atravessar as membranas celulares.
permeases. As permeases ligam-se às
Na endocitose há inclusão de material resulta de uma diferente concentração
pela invaginação da membrana celular, de iões Na+ e de K+ no interior e
formando-se uma vesícula endocítica. exterior dos neurónios. Esta situação é
mantida pelo transporte ativo – através
Através da exocitose, as células
da bomba de sódio e potássio. Em cada
libertam para o meio extracelular
ciclo, a ATPase transporta três iões Na+
materiais residuais que são
para o exterior e dois iões K+ para o
transportados em vesículas exocíticas
interior, acumulando-se mais cargas
até à membrana celular fundindo-se
positivas no exterior do neurónio.
com ela e expulsando o seu conteúdo
para o meio extracelular. Se a células nervosa for sujeita a
estímulos de natureza física ou química
ocorre alteração do potencial de
Transporte transmembranar e impulso repouso - originando o impulso
nervoso nervoso. Este processo designa-se
potencial de ação e integra uma fase de
O transporte através das membranas
despolarização e de repolarização. A
celulares está na base de processos
despolarização é desencadeada pela
vitais como a propagação do impulso
abertura de canais de sódio que
nervoso ao longo dos neurónios. Estas
possibilita a entrada de Na+ para a
células são constituídas dendrites (que
célula. Este movimento fará com que o
recebem mensagens eletroquímicas
interior da célula fique mais positivo
dos outros neurónio) por um corpo
que o exterior, atingindo um valor
celular (maior concentração de
máximo de despolarização – pico do
citoplasma e processa estímulos
potencial de ação. Este pico provoca o
enviando-os para o axónio – um
fecho dos canais de Na+ e a abertura
prolongamento) cuja terminação é
dos canais de K+, o que promove a
ramificada (arborização terminal). Os
difusão facilitada destes iões para o
neurónios ligam-se entre si, formando
exterior – repolarizando a membrana
nervos, ao longo dos quais ocorre
do neurónio. A intervenção da bomba
transmissão de informação nervosa. O
sódio e potássio permite recuperar o
axónio pode possuir bainhas de mielina
potencial de repouso e à possibilidade
e nódulos de ranvier e neste caso a
de um novo estímulo. A ocorrência de
transmissão nervosa ocorre por saltos.
um potencial de ação leva à abertura
Assim existe uma rápida
de canais de sódio vizinhos fazendo
intercomunicação entre o controlo
com que o potencial de ação se
nervoso e os órgãos.
propague através do axónio até às suas
Em repouso, a membrana do neurónio terminações.
encontra-se polarizada. Existe diferença
de potencial elétrico entre o seu
interior (negativo) e o exterior Sinapse
(positivo). Este potencial de repouso
Os neurónios não contactam entre si primeiramente, passar por vários
estabelecendo ligações funcionais processos, como:
conhecidas por sinapses. O neurónio
pré-sináptico está separado do Ingestão – introdução dos alimentos no
neurónio pós-sináptico pela fenda organismo;
sináptica, espaço extracelular que Digestão – processo que consiste na
interrompe a propagação do sinal transformação e simplificação de
elétrico entre as membranas das moléculas complexas constituintes dos
células. Ao nível da sinapse, o impulso alimentos, em moléculas mais simples,
nervoso é transmitido por através de reações de hidrólise
neurotransmissores – mensageiros catalisadas por enzimas (moléculas de
químicos contidos em vesículas natureza proteica), de forma a
sinápticas situadas nos terminais do poderem ser utilizadas e integradas no
axónio pré-sináptico. Após atuarem, os organismo;
neurotransmissores podem ser Absorção – consiste na passagem das
reabsorvidos por endocitose pelo substâncias resultantes da digestão
neurónio pré-sináptico ou degradados para o meio interno.
pela enzimas. O impulso nervoso pode
ser considerado um sinal A digestão pode ocorrer no interior das
eletroquímico. células – digestão intracelular – ou
fora das células – digestão extracelular
Sinapse – a chegada do potencial de – em cavidades ou em órgãos
ação provoca a libertação de cálcio no especializados.
citoplasma que leva à fusão de
vesículas sinápticas com a membrana
Obtenção de matéria por absorção
pré-sináptica, permitindo exocitose dos
neurotransmissores para a fenda Muitas bactérias e fungos
sináptica. Os neurotransmissores ligam- desempenham o papel de
se a recetores da membrana pós- microconsumidores. Estes organismos
sináptica levando à abertura dos canais são capazes de produzir enzimas
iónicos de sódio – originando difusão digestivas que lançam para o meio
de Na+ para o interior do neurónio pós- ambiente, realizando a digestão
sináptico. Assim origina-se um química da matéria orgânica no
potencial de ação e a propagação do exterior – digestão extracorporal. Como
impulso nervoso continua. ocorre fora das células o processo é
também classificado como digestão
extracelular. As moléculas orgânicas
Obtenção de matéria pelos seres simples resultantes da digestão sofrem
heterotróficos
posteriormente absorção, atravessando
Para que os alimentos ingeridos pelos as membranas celulares para o
seres heterotróficos possam ser citoplasma.
utilizados a nível celular têm que,
absorção sequenciais e processamento
de maior quantidade de alimento.
Obtenção de matéria por ingestão  A especialização de órgãos onde
ocorrem processos de digestão
Muitos seres eucariontes obtêm o mecânica com diferentes enzimas.
alimento por ingestão, introduzindo  Existência de áreas especializadas de
outros seres vivos ou fragmentos absorção, aumentando a sua eficácia.
alimentares no seu organismo. Nos
Fotossíntese
ecossistemas desempenham o papel de
macroconsumidores. Os seres autotróficos destacam-se pela
sua capacidade de produzir compostos
Os seres mais simples que se
orgânicos a partir de carbono
alimentam por ingestão são os
inorgânico, presente no meio.
protozoários. Estes organismos
ingerem o alimento por fagocitose Grande parte dos seres autotróficos são
ocorrendo depois digestão intracelular. fotoautotróficos, ou seja, utilizam a luz
Assim, originam-se compostos mais solar como fonte de energia para a
simples que são depois utilizados pela produção de matéria orgânica. Essa
célula. produção ocorre através da
fotossíntese – processo metabólico que
(VER ESQUEMA PÁGINA 92)
dependente da existência de pigmentos
Nos animais, o processo de obtenção fotossintéticos – moléculas
de matéria inicia-se pela ingestão de responsáveis pela captação de luz.
alimento, através da boca, para o Estes pigmentos localizam-se no
interior do tubo digestivo. Após a sistema membranar dos cloroplastos,
digestão, os nutrientes são absorvidos, nas plantas e algas, e na membrana
sendo depois distribuídos por todas as celular nas bactérias fotossintéticas. Os
células do organismo. principais pigmentos presentes nos
Alguns animais possuem tubo digestivo organismos fotossintéticos são as
incompleto, com apenas uma abertura, clorofilas e os carotenoides.
que permite tanto a ingestão como a Nas plantas e algas, a fotossíntese
egestão (eliminação de produtos não ocorre em estruturas especializadas –
digeridos). A maioria dos animais os cloroplastos – abundantes nas
possui um tubo digestivo completo, células das folhas – os principais órgãos
com duas aberturas, que servem de fotossintéticos das plantas. Os
boca e ânus. pigmentos fotossintéticos vão absorver
As vantagens associadas a um tubo a energia luminosa e convertê-la em
digestivo completo são: energia química que será acumulada
nos compostos orgânicos produzidos.
 O movimento dos alimentos num só
sentido ao longo do tubo digestivo, A radiação solar é formada por um
sem mistura de alimentos digeridos espetro de radiações eletromagnéticas,
com não digeridos. Este movimento fundamental para a fotossíntese.
unidirecional permite uma digestão e
Apenas a luz visível é captada pelos exoenergética, ou seja, em que ocorre
seres fotossintéticos. Os diferentes libertação de energia.
pigmentos absorvem luz com
Esta energia é utilizada na produção de
diferentes comprimentos de onda, por
ATP a partir da fotofosforilação do ADP,
possuirem estruturas moleculares
um processo endoenergético
distintas. As taxas fotossintéticas mais
caracterizado pela absorção de energia.
altas resultam da absorção de
Assim, a energia luminosa é convertida
radiações da região violeta-azul e
em energia química (ATP).
vermelha-alaranjada do espetro da
radiação luminosa. Uma vez que os A água, através da ação da luz sobre os
pigmentos fotossintéticos quase não pigmentos fotossintéticos, sofre
absorvem radiação verde-amarela, esta oxidação, sendo desdobrada em
radiação é refletida, conferindo a cor oxigénio, em catiões de hidrogénio e
verde à maioria das plantas. em eletrões. O oxigénio é libertado
para o exterior, e os eletrões
resultantes dessa oxidação reduzem a
Etapas da fotossíntese clorofila anteriormente oxidada.

Nas plantas e algas, a fotossíntese No final da cadeia transportadora, os


decorre no interior do cloroplastos, ao eletrões, bem como os catiões de
longo de duas fases sequenciais: a fase hidrogénio provenientes da água, são
fotoquímica, dependente da luz e transferidos para moléculas de NADP+,
correspondente às reações que que ficam reduzidas a NADPH.
ocorrem na membrana dos tilacoides; e
Fase química
a fase química, correspondente às
reações que ocorrem no estroma. O dióxido de carbono proveniente do
exterior é fixado e, conjuntamente com
Fase fotoquímica
o ATP e o NADPH (sintetizados na fase
Os pigmentos fotossintéticos estão fotoquímica) é utilizado num conjunto
organizados em fotossistemas I e II. Em de reações que integram o ciclo de
cada um deles, a maioria dos Calvin.
pigmentos funciona como pigmentos-
Os açúcares resultantes destas reações,
antena, captando luz que provoca a sua
como a glicose, vão ser utilizados pelos
excitação e transferindo energia para o
organismos fotossintéticos para a
centro de reação, onde se localiza um
produção de diferentes compostos
par de moléculas de clorofila a. Estas
orgânicos, como a celulose e o amido.
moléculas sofrem oxidação, libertando
eletrões que são transferidos através O ciclo de Calvin compreende três
de uma cadeia de transportadores da etapas. Para cada molécula de glicose
membrana dos tilacoides. Esta produzida, o ciclo tem de ocorrer seis
transferência dá-se por reações vezes.
oxidação-redução de natureza
Ciclo de Calvin

1) Fixação de CO2 - O dióxido de


carbono combina-se com uma pentose,
formando um composto instável com 6
carbonos que origina o fosfoglicerato
(PGA).

2) Redução – As moléculas de PGA são


fosforiladas por moléculas de ATP e
reduzidas pelos eletrões e catiões de
hidrogénio (transportados pelo
NADPH), passando para a sua forma
oxidada (NADP+). O ADP e o NADP+
ficam novamente disponíveis para as
reações da fase fotoquímica. Algumas
destas moléculas intervêm na formação
de moléculas orgânicas complexas
como a glicose. Transporte nas plantas
3) Regeneração – As restantes O sistema de transporte nas plantas
moléculas são utilizadas para vasculares é constituído por dois tipos
regeneração da pentose fixadora de de tecidos: o xilema e o floema. Ambos
dióxido de carbono, num processo que percorrem todos os órgãos vegetais de
envolve consumo de energia química modo contínuo, permitindo a
(ATP). Após esta etapa, a pentose fica translocação de substâncias que
constítuem os fluidos que circulam
disponível para fixar o dióxido de
nestes tecidos. O xilema conduz seiva
carbono, reiniciando o ciclo.
bruta (água e sais minerais), enquanto
que o floema conduz seiva elaborada
(água, sacarose, aminoácidos e outras
moléculas orgânicas).
Ciclo
de Calvin O xilema é formado por vários tipos de
células, como os elementos de vaso e
os traqueídeos responsáveis pelo
transporte de seiva bruta.
Compostos
orgânicos O floema é essencialmente constituído
por células de companhia e células do
tubo crivoso, onde circula a seiva
elaborada. Nestas células, as paredes
de topo constituem placas crivosas,
cujas perfurações permitem ligações
citoplasmáticas entre células vizinhas. solução do solo tende a ser muito
Apesar de anucleadas e sem vacúlos, as diluída. Os iões são transportados
células do tubo crivoso permanecem contra o gradiente de concentrações,
vivas, dependendo das células de com gasto de energia pela planta, o que
companhia para o desempenho da sua leva a um aumento da pressão
função. osmótica no interior da raiz. Isto
provocará a diminuição do potencial
hídrico no interior do xilema,
Absorção de água e sais minerais contribuindo para a entrada de água
por osmose.
A maioria das plantas absorve do solo,
através das raízes, a água e os sais
minerais nela dissolvidos. A seiva
Transporte no xilema
xilémica segue para os caules, onde se
desloca numa trajetória unidirecional, Como os vasos de xilema são
em sentido ascendente, até às folhas. constituídos por células mortas, a
ascenção de água no interior do tecido
O percurso da água e sais minerais,
não envolve gasto de energia
desde o solo até ao xilema, inicia-se
metabólica. Assim, os modelos que
com a absorção destas substâncias para
tentam explicar a translocação de água
as células da epiderme, que revestem a
no xilema assentam em causas físicas
superfície mais fina das raízes. Estas
associadas às propriedades da água.
células, que estão em contacto com o
solo e solução aquosa existente entre
elas, apresenta expansões – pelos
Hipótese da pressão radicular
radiculares – que aumentam a área de
absorção. Algumas plantas, em determinadas
circunstâncias apresentam valores
A absorção de água deve-se à
elevados de pressão de água na raiz –
existência de um gradiente de potencial
pressão radicular – que poderá explicar
hídrico, entre o solo e a raiz. No solo, a
o movimento ascendente da seiva
concentração de solutos é reduzida e o
bruta no xilema. Inicialmente,
potencial hídrico é elevado. Em
acumulam-se iões no interior da raiz,
oposição, no interior da raiz, o
por transporte ativo, o que aumenta a
potencial hídrico é reduzido, em
entrada de água por osmose. O
resultado do seu fluxo em direção às
aumento do volume de água leva ao
folhas. Este gradiente provoca a
aumento da pressão no xilema,
entrada de água por osmose na raiz,
impulsionando a seiva no sentindo
que se movimenta, através do
ascendente. Alguns processos das
citoplasma das células ou através de
plantas podem ser interpretados como
espaços intercelulares, em direção ao
consequências da pressão radicular
xilema.
como a libertação sob pressão de gotas
Ao nível da raiz dá-se absorção de iões de água pelo bordo das folhas: gutação.
para o seu interior. Este movimento dá- Contudo, as árvores mais altas
se por transporte ativo, visto que a apresentam valores de pressão
radicular inferiores aos necessários medida que a água ascende a partir das
para mobilizar água. O que limita a raízes, novas moléculas são absorvidas
aplicação deste modelo como modelo por osmose a partir do solo, mantendo
geral explicativo do movimento da o pontencial de água na raiz, superior
seiva bruta. ao que se verifica nas folhas.
Quando a tensão no inteiror do xilema
é excessiva, ocorre a formação de
Hipótese da adesão-coesão-tensão
bolhas de ar (embolsimo) que
Alguns estudos sugerem que a interrompem o movimento da corrente
transpiração – perda de água na forma de água. Este processo pode conduzir à
de vapor através das folhas – é a inativação dos vasos xilémicos
principal causa do movimento de água cativados ou à transferência lateral de
no interior das plantas. Para além disso, água para os vasos funcionais através
foi provado que este movimento das perfurações nas paredes laterais.
depende exclusivamente de causas
É vista como a explicação mais
físicas.
consciente para explicar a subida de
Segundo este modelo, o movimento de seixa xilémica nas plantas vasculares.
água no interior das plantas depende
de três forças fundamentais. Tensão
resultante da perda de água por Hipótese do fluxo de massa
transpiração, ao nível das folhas.
O mecanismo de transporte da seiva
Coesão entre as moléculas de água,
elaborada pode ser expicado com base
devido às ligações de hidrogénio
na hipótese do fluxo de massa,
existentes entre elas. E adesão das
proposto em 1927 por Ernst Much.
moléculas de água às paredes dos
Segundo este modelo, o movimento de
vasos condutores.
seiva floémica deve-se a um gradiente
Na atmosfera, o potencial hídrico é de pressão entre os locais de produção
inferior ao que se verifica no interior (onde é produzida a sacarose) e os
das folhas, o que determina a saída de locais de consumo (onde o açúcar sai
água dos estomas por difusão do floema).
(transpiração). Este fenómenos provoca
Locais de produção – nas folhas ocorre
a tensão exercida sobre a água do
produção de sacarose a partir de
mesófilo e pelo seu movimento em
monossacarídeos, produzidos por
direção aos estomas. A tensão criada
fotossíntese. A sacarose é transportada
no mesófilo provoca a saída de água do
por transporte ativo para as células de
xilema e o movimento da coluna de
companhia onde é mais tarde difundida
água no interior dos vasos xilémicos,
para os elementos do tubo crivoso, o
desde a raiz até às folhas.
que aumenta a pressão osmótica no
A manutenção deste fluxo depende da seu interior. Isto provoca a entrada de
coesão entre as moléculas de água, água do xilema próximo, conduzindo ao
favorecida pelas forças de adesão entre aumento da pressão de turgescência
a água e as paredes do xilema. À nos tubos crivosos. Esta pressão força o
fluxo de massa de seiva floémica, que Animais com sistema circulatório
atravessa as placas crivosas para zonas
Nos animais mais complexos, o maior
de consumo ou reserva onde a pressão
grau de diferenciação dos tecidos e dos
é menor.
órgãos impede que as células do
Locais de consumo – os solutos são organismo realizem trocas diretas com
descarregados do interior dos tubos o meio. Assim, a distribuição de
crivosos, através das células de matéria pelos diferentes tecidos é
companhia e transportados para os garantida por sistemas de transporte.
órgãos de consumo ou de Estes sistemas possuem sempre o
armazenamento. Neste processo fluido circulante (que garante o
ocorre gasto de energia. A saída de transporte de substâncias), o órgão
sacarose torna o interior das células propulsor (constuído essencialmente
crivosas hipotónico, o que provoca a por tecido muscular e impulsiona o
saída de água por osmose, em direção fluido circulante) e o sistema vascular
ao xilema, levando à diminuição da (formado por uma rede de vasos que
pressão no floema. Assim mantém-se o permite a circulação do fluido
graidente de pressão de turgescência circulante pelo corpo do animal).
entre os locais de consumo e de
Os sistemas circulatórios podem ser
produção, necessário ao fluxo de
classificados em abertos ou fechados.
massa. A sacarose pode ser consumida
ou armazenada, geralmente como Nos sistemas circulatórios abertos, o
amido. fluido circulante abandona os vasos,
fluindo através das cavidades corporais
(lacunas) que em conjunto formam o
Transporte nos animais hemocélio. Neste sistema (comum aos
insetos, moluscos e crustáceos) não há
Os animais necessitam de realizar
distinção entre o fluido circulante e o
trocas com o meio ambiente de forma
líquido intersticial que banha as células,
a manterem o funcionamento das
pelo que se designa hemolinfa. Nos
células, que necessitam de receber
sistemas abertos, a hemolinfa é
continuamente nutrientes e oxigénio e
transportada a baixa pressão e
de eliminar o dióxido de carbono e
velocidade, pelo que o transporte de
outros produtos de excreção,
nutrientes e gases é lento o que se
resultantes da sua atividade.
reflete numa baixa disponibilidade de
oxigénio para as células.

Animais sem sistema circulatório Nos insetos, o sistema circulatório é


formado por uma vaso dorsal que se
Nestes animais verifica-se uma grande
dispõe longitudinalmente desde a
proximidade das células com o meio
cabeça até à região posterior. Este vaso
aquático pelo que não existem sistemas
tem dilatações com capacidade
de transporte, ocorrendo troca direta
contrátil que constituem o coração
de substâncias entre as células e o
tubular. A contração deste coração
meio.
impulsiona a hemolinfa no seu interior
para as artérias, obrigando-a a sair do Estas estruturas, possuem capacidade
sistema vascular e passar para as contrátil e bombeiam o sangue para o
lacunas, onde banha diretamente as vaso ventral, que o transporta para a
células. região posterior, ao longo do qual vai
sendo distribuído pelos tecidos, através
O relaxamento da musculatura do vaso
de uma rede de capilares.
dorsal faz com que o fluido regresse ao
coração, entrando pelos ostílos,
pequenos orifícios laterais existentes
Circulação nos vertebrados
na sua parede.
Os vertebrados possuem um sistema
Apesar do sistema circulatório ser
circulatório fechado mais complexo do
pouco eficiente, as elevadas taxas
que os invertebrados. Nos vertebrados,
metabólicas associadas aos insetos
o sistema circulatório é formado por
devem-se à grande disponibilidade de
uma rede vascular com maior grau de
oxigénio. Nestes animais, os gases são
desenvolvimento, e por um coração
transportados diretamente do meio até
com dois tipos de cavidades, as
às células, sem intervenção da
aurículas e os ventrículos.
hemolinfa.
A partir do coração, o sangue é
Num sistema circulatório fechado,
impulsionado por vasos de grande
presente na minhoca e em todos os
calibre, as artérias, que partem dos
vertebrados, o sangue circula sempre
ventrículos e vão se ramificando em
no interior dos vasos sanguíneos, e
vasos menores, as arteríolas, que por
nunca se mistura com o fluido
sua vez se dividem em capilares. Estes
intersticial que banha as células.
vasos de menor calibre apresentam
Nos sistemas fechados, a pressão e uma parede constituída por uma
velocidade a que o sangue circula são camada de células das quais ocorrem
maiores do que nos sistemas abertos, trocas com o líquido intersticial que
para além de existir controlo na direção banha as células. Os capilares reúnem-
do sangue para órgãos e tecidos se em vasos de maior calibre, as
específicos. Estes aspetos possibilitam vénulas, que confluem nas veias. Estes
um maior fornecimento de oxigénio às vasos possuem válvulas no seu interior
células, o que se traduz numa maior que impedem o retrocesso do sangue,
eficiência de produção de energia. conduzindo-o de regresso ao coração.
Nas artérias, o sangue circula com
No sistema circulatório da minhoca
maior pressão, sendo a espessura da
destacam-se dois vasos principais que
camada muscular superior à das veias,
se dispõem ao longo do corpo do
o que lhe permite uma maior
animal: um vaso dorsal, com
capacidade de distenção e contração.
capacidade contrátil e com válvulas
internas, e um vaso ventral. O vaso A circulação simples é característica dos
dorsal impulsiona o sangue para a peixes. Nestes animais, o coração é
região ventral, onde se localizam os formado por apenas uma aurícula e um
arcos aórticos ou corações laterais. ventrículo, e o sangue passa apenas
uma vez no coração em cada circulação de que o sangue oxigenado regressa ao
completa. Neste órgão, apenas circula coração, onde é novamente
sangue venoso, pouco oxigenado e impulsionado para a circulação
proveniente de todo o organismo. O sistémica. Os anfíbios possuem uma
sangue venoso entra na aurícula, que circulação dupla incompleta, uma vez
ao contrair, o envia para o ventrículo. A que o coração, com três cavidades
contração do ventrículo impulsiona o (duas aurículas e um ventrículo) não
sangue diretamente para as brânquias, garante a separação entre circulação
onde ocorrem trocas gasosas que o sistémica e pulmonar. A aurícula direita
enriquecem em oxigénio, tornando-o recebe sangue venoso e a aurícula
arterial. Nos capilares branquiais, o esquerda recebe sangue arterial que
sangue sofre diminuição da pressão e impulsionam para o ventrículo, onde se
circula mais lentamente. Estes verifica a mistura dos dois tipos de
capilares, reúnem-se em vasos de sangue. Esta mistura é, no entanto,
maior calibre que conduzem o sangue parcial, já que a anatomia da parede
em direção aos órgãos e tecidos, onde interna do ventrículo bem como a
se ramificam em novas redes capilares. forma como se liga as artérias fazem
A passagem do sangue pela rede de com que o sangue oxigenado seja
capilares sistémicos diminui ainda mais bombeado principalmente para a
a sua velocidade, antes de regressar ao artérias aorta, em direção à circulação
coração com baixos níveis de oxigénio. sistémica, e que o sangue
predominantemente venoso seja
O fornecimento de oxigénio às células
bombeado em direção aos pulmões.
do músculo do miocárdio é pouco
Nos anfíbios, parte do sangue venoso
eficiente, uma vez que essa oxigenação
flui para a pele que funciona também
é garantida pelo sangue venoso que
como órgão de trocas gasosas. A
circula no interior do coração. A baixa
generalidade dos répteis possui um
oxigenação provoca contrações pouco
ventrículo parcialmente dividido por
rigorosas e baixos débitos cardíacos. O
um septo. Contudo, nestes animais
menor débito cardíaco está relacionado
também ocorre mistura de sangue no
com a menor produção de energia
ventrículo, sendo esta também
pelas células dos peixes, devido as
considerada dupla e incompleta.
taxas metabólicas baixas.
As aves e os mamíferos possuem uma
A circulação dupla distingue-se da
circulação dupla completa, ocorrendo
circulação simples pelo facto de o
separação total entre circulação
sangue executar dois trajetos distintos
pulmonar e circulação sistémica. Nestes
com início e fim no coração: a
animais, o coração possui quatro
circulação pulmonar e a circulação
cavidades: duas aurículas e dois
sistémica. A circulação dupla é mais
ventrículos. O septo interventricular
eficiente, uma vez que o sangue flui
completamente formado impede a
com maior velocidade e pressão,
comunicação entre os dois ventrículos.
favorecendo uma distribuição mais
No lado direito do coração circula
eficaz de oxigénio e de nutrientes pelos
tecidos. Esta aspeto deve-se ao facto
sangue venosos e no lado esquerdo Nos capilares sanguíneos ocorre saída
circula sangue arterial. de plasma, alguns leucócitos e
pequenas moléculas e iões para o
O sangue venoso, vindouro da
exterior destes vasos, constituindo a
circulação sistémica, é encaminhado
linfa intersticial, que ocupa os espaços
para a aurícula direita, através de veias
intercelulares. O contacto de células
cavas, enquanto o sangue arterial,
com este fluido permite trocas gasosas
vindouro da circulação pulmonar, entra
e de matéria. Parte da linfa intersticial é
na aurícula esquerda, através de veias
drenada para o sistema linfático e
pulmonares. A sístole auricular provoca
constitui a linfa circulante.
a entrada de sangue para os
ventrículos. A sístole ventricular, A linfa recolhida nos capilares linfáticos
impulsiona o sangue através das é conduzida para vasos de maior
artérias para a circulação pulmonar e calibre, sendo posteriormente drenada
sistémica. À medida que o sangue se para veias do sistema sanguíneo, onde
afasta do coração, a pressão e incorpora novamente o plasma. A linfa
velocidade vão diminuindo. A passa pelos nódulos linfáticos (órgãos
velocidade volta a aumentar após a que destroem vírus e bactérias
passagem do sangue pelos capilares presentes na linfa). A contração
sistémicos, devido à contração dos muscular e as válvulas no interior dos
músculos esqueléticos sobre as veias. vasos linfáticos permitem o fluxo
As válvulas das veias orientam o fluxo unidirecional da linfa, dos tecidos para
em direção ao coração. a corrente sanguínea.
Na circulação dupla e completa, o
transporte do sangue ocorre a pressões
Metabolismo celular
e velocidades superiores às da
circulação simples, contribuindo para Os processos de obtenção e
um maior aporte de oxigénio e distribuição de matéria existentes nos
nutrientes às células, assegurando organismos permitem que moléculas
taxas metabólicas mais elevadas e uma diversas cheguem às células e sejam
maior produção de energia. utilizadas no metabolismo celular –
conjunto de reações químicas que se
realizam no seu interior.
Fluidos cicrulantes
O metabolismo pode ser subdividido
O sangue é constituído por uma fração
em sequências de reações químicas,
líquida, o plasma, e uma fração celular.
O plasma é o veículo de trasnporte de correspondentes a vias metabólicas.
gases, nutrientes e substâncias de Em cada uma destas reações –
excreção. A fração celular integra catalisadas por enzimas – os produtos
hemácias, envolvidas no transporte de vão ser utilizados como reagentes das
oxigénio, leucócitos, que intervêm na reações seguintes, até à formação dos
defesa do organismo, e plaquetas que produtos finais.
participam na coagulação do sangue.
Nas vias metabólicas de caráter Processos de produção de e.
anabólico, como o ciclo de Calvin, metabólica
verifica-se a síntese de moléculas mais
A produção de energia metabólica
complexas e com mais energia
ocorre através de produções de
acumulada do que nos reagentes
natureza catabólica. Os processos de
iniciais. Predominam reações
produção de energia podem decorrer
endenergéticas, reações onde ocorre
em anaerobiose (sem consumo de
consumo de energia.
oxigénio) ou em aerobiose (com
Nas vias metabólicas de caráter consumo de oxigénio). Todos estes
catabólico verifica-se a degradação de processos são iniciados com a glicólise,
compostos iniciais mais complexos do que ocorre no citoplasma da célula.
que os produtos que dão origem. Esta via metabólica consiste numa série
Predominam reações exoenergéticas, de reações químicas, catalisadas por
reações onde ocorre libertação de diferentes enzimas, que permitem a
energia. oxidação parcial de uma molécula de
glicose, transformando-a em duas
Os processos metabólicos e anabólicos
moléculas de ácido pirúvico.
completam-se visto que a energia
libertada nos processos degradativas é A glicólise decorre em duas fases. A
utilizada nos processos de síntese. A fase de ativação inicia-se com a
molécula de ATP é o principal fosforilação da glicose com consumo de
interveniente nas transferências de ATP. No final desta fase, a hexose
energias entre as reações resultante é desdobrada em duas
exoenergéticas e endoenergéticas. trioses. Na fase de rendimento, as duas
trioses sofrem um conjunto de reações
Uma outra forma de transferência de
oxidação-redução que permitem a
energia nas reações químicas é a
transferência de eletrões e iões H+ para
transferência de eletrões entre
moléculas de NAD+, que ficam
moléculas, em reações de oxidação-
reduzidas, NADH. Ocorre a síntese de
redução. A oxidação e a redução estão
quatro moléculas de ATP, contudo duas
sempre acopladas; quando uma
são consumidas na fase de ativação da
substância é oxidada, os eletrões
glicose, sendo o balanço energético da
perdidos são transferidos para outra
glicólise de apenas duas moléculas de
substância, reduzindo-a. As moléculas
ATP.
reduzidas ficam com mais energia e as
oxidadas ficam com menos energia do
que tinham antes. A molécula de NADH
Fermentação
é o principal transportador de eletrões,
intervindo nas reações de oxidação- A fermentação permite a produção de
redução. ATP através da oxidação incompleta da
glicose em condições anaeróbicas. Este
processo compreende duas etapas
principais e ocorre no citoplasma das oxigénio, sendo que os organismos que
células: A glicólise, comum a todos os produzem energia por esta via
tipos de fermentação, e a redução do designam-se por aeróbicos.
ácido pirúvico, que ocorre devido à
A respiração aeróbica compreende
captação de iões H+ e de eletrões
várias etapas sequenciais, iniciando-se
cedidos pelo NADH, que passa para o
pela glicólise. As etapas seguintes são a
seu estado oxidado, NAD+, ficando
formação de acetil-coenzima A, o ciclo
disponível para intervir em novas
de Krebs e a cadeia respiratória, que
reações de oxidação-redução. Da
nas células eucarióticas, ocorre no
redução do ácido pirúvico, resultam
interior das mitocôndrias. Estes
diferentes compostos orgânicos, de
organelos são delimitados por duas
acordo com a especificidade
membranas. A membrana interna
metabólica dos organismos em que
possui pregas, as cristas mitocondriais,
ocorre.
orientadas para o interior do organelo,
A fermentação lática pode verificar-se que se encontra preenchido pela matriz
em algumas bactérias e plantas. O mitocondrial. A formação de Acetil-CoA
ácido pirúvico é reduzido a ácido lático, e o ciclo de Krebs ocorrem na matriz
molécula orgânica composta por três mitocondrial e a cadeia repiratória
átomos de carbono. desenrola-se nas critas da membrana
interna.
A fermentação alcoólica pode verificar-
se em alguns fungos, leveduras e Depois da glicólise, os ácidos pirúvicos
bactérias. O ácido pirúvico sofre são transportados para a matriz
descarboxilação, liberta CO2, e dá mitocondrial, onde sofrem oxidação e
origem a uma molécula que é reduzida descarboxilação no processo de
a etanol. formação de acetil-coenzima A. A
ligação do grupo acetil a uma molécula
de quatro átomos de carbono, na
Respiração aeróbica matriz mitocondrial, dá início ao ciclo
de Krebs. Esta etapa é de natureza
No final da fermentação, são libertadas
cíclica, visto que o produto final
moléculas orgânicas que possuem uma
corresponde à molécula que inicia a
quantidade elevada de energia química.
atividade metabólica. Neste ciclo
Ao longo da evolução, as células
ocorrem reações de descarboxilação e
desenvolveram processos mais eficazes
oxidação de vários compostos, que
de obtenção de energia,
resultam, respetivamente, na
nomeadamente a respiração aeróbica.
libertação de CO2 e na redução do
Nesta via metabólica, o ácido pirúvico é
NAD+ e de FAD. O NADH e o FADH2,
completamente oxidado, dando origem
intervêm no ciclo como
a uma quantidade considerável de
transportadores de eletrões e iões H+.
energia na forma de ATP. Ocorre em
Neste ciclo, é mobilizada energia para
condições de aerobiose, na presença de
formar moléculas de ATP a partir da Através da fotossíntese os organismos
fosforilação do ADP presente na matriz. autotróficos captam o dióxido de
carbono e libertam para o meio o
Na etapa final da respiração aeróbica –
oxigénio produzido.
cadeia respiratória – as moléculas de
NADH e FADH2 sofrem oxidação,
transferindo eletrões para complexos
Trocas gasosas nas plantas
de proteínas dispostas em cadeia na
membrana interna das mitocôndrias. As trocas gasosas nas plantas são mais
Ao longo da cadeia, os eletrões intensas nas folhas, garantindo o
libertam energia, permitindo o desenrolar da fotossíntese. Todas as
movimento de iões H+ da matriz para o células vivas da planta realizam trocas
espaço intramembranar da gasosas necessárias à respiração
mitocôndria. O retorno desses iões à aeróbica. A adaptação das plantas aos
matriz fornece energia necessária para diferentes ambientes terrestres foi
a produção de ATP num processo de acompanhada pelo desenvolvimento
fosforilação oxidativa. Ao atingirem o de órgãos de revestimentos que
último transportador da cadeia, são reduzem as perdas de água para o
transferidos para o oxigénio, que exterior, como a cúticula, que recobre a
funciona como aceitador final de epiderme das folhas, e também
eletrões, sendo por eles reduzido. O dificulta a difusão de oxigénio e CO2.
oxigénio combina-se com os Nas folhas, as trocas gasosas efetuam-
hidrogénios presentes na matriz, se nos estomas, estruturas da epiderme
formando moléculas de água. constituídas por células estomáticas
que delimitam o ostíolo. Através dos
Os seres eucariontes realizam a
estomas ocorre a perda de água por
respiração aeróbica, a glicólise e o ciclo
transpiração.
de Krebs ocorre no citoplasma e as
moléculas que constituem a cadeia A abertura e fecho dos estomas são
respiratória estão presentes na processos relacionados com a variação
membrana citoplasmática. do volume das células estomáticas.
Nestas células, a região que delimita o
ostíolo é mais espessa do que a parede
Trocas gasosas nos seres oposta ao ostíolo. Assim, a parede
multicelulares menos espessa alonga quando a célula
fica túrgida, provocando a curvatura
A trocas gasosas que todos os
das células estomáticas, levando à
organismos estabelecem com o meio
abertura do estoma. Por outro lado, a
externo estão ligadas a processos
quando a célula fica plasmolisada, a
metabólicos que sustentam a vida
redução do volume celular provoca a
desde o nível celular ao nível ecológico,
diminuição das pressão sobre as
como a respiração celular e a
paredes e ao fecho do ostílo.
fotossíntese.
O movimento de água para o interior A difusão dos gases ocorre através das
ou exteiror das células estomáticas membranas plasmáticas das células das
depende do movimento de iões entre superfícies respiratórias. Os gases
esses meios. A atividade fotossintética difundem-se do meio onde a sua
também leva à abertura dos estomas. A pressão parcial é mais alta para o meio
produção de sacarose, aumenta a onde a sua pressão parcial é mais baixa,
pressão osmótica e promove a entrada a favor do gradiente de concentrações.
de água e abertura dos estomas.
Algumas características facilitadoras da
As trocas gasosas que ocorrem ao nível difusão são a pequena espessura, uma
dos estomas são reguladas pela planta, única camada de células, favorecendo a
através do grau de abertura dos rápida difusão dos gases. A grande
ostíolos, em resposta aos fatores área, permitindo a elevada difusão de
internos e externos (teor de CO2, luz, gases. O humedecimento favorecendo
humidade, temperatura, vento e a dissolução de gases necessária à sua
variação de água no solo). difusão através das membranas
celulares. E a vascularização, associada
à extensa rede de capilares que
Trocas gasosas nos animais contacta as superfícies respiratórias e
aumenta a rapidez da difusão indireta.
Nos animais, as trocas gasosas estão
relacionadas com a respiração celular,
sendo tanto mais intensas quanto
Diversidade de estruturas respiratórias
maior for a taxa metabólica do
organismo. Tegumento. Em muitos animais, como
a minhoca, as trocas gasosas ocorrem
Nos animais mais complexos, as trocas
através do tecido que revesto a
gasosas ocorrem através de superfícies
superfície do corpo. Verifica-se a
respiratórias – tecidos especializados
hematose cutânea, correspondente à
através dos quais os gases se difundem
difusão indireta de gases para o
entre o meio interno e externo.
exterior e o sangue (que percorre os
Em alguns invertebrados, como os capilares que irrigam a pele do animal).
insetos, as superfícies respiratórias Um habitat húmido e a produção
estão associadas a trocas diretas. Na glandular de muco (no tugemento),
grande maioria dos animais, as trocas favorecem a humidificação desta
realizam-se com intervenção de um superfície respiratória. Nos anfíbios,
fluido circulante que transporta os esta hematose complementa as trocas
gases das superfícies respiratória até às gasosas que ocorrem no interior dos
células. A hematose é o intercâmbio de pulmões de reduzida superfície
gases que se verifica ao nível das respiratória.
superfícies respiratórias entre o sangue
Traqueias. O sistema respiratório dos
e o meio externo.
insetos é constituído por uma rede de
finos canais – as traqueias – que difusão de CO2 para a água. O
conduzem o ar do meio externo até às movimento da água através das
células. As traqueias vão-se ramificando lamelas branquiais, no sentido oposto
em traquíolas (pouco calibre e paredes ao movimento do sangue nos capilares
finas). Estas paredes consistuem chama-se movimento contracorrente,
superfícies respiratórias através das que permite a manutenção do
quais ocorre difusão direta de gases gradiente de concentrações de gases
entre o interior das traquíolas e as entre os dois meios.
células. As traqueias comunicam com o
Pulmões. Nos vertebrados terrestres,
exterior através dos espiráculos. A
os pulmões são os principais órgãos de
difusão de oxigénio, do exterior às
hematose. Nos anfíbios são muito
células, ocorre pelo gradiente de
simples (pouco compartimentados)
pressão parcial deste gás. Alguns
enquanto que as aves e os mamíferos
animais possuem processos de
possuem uma considerável superfície
ventilação ativa, dependentes da ação
respiratória. Nos mamíferos, a
de músculos que provocam a
superfície respiratória é a parede dos
compressão e a distensão das traqueias
alvéolos pulmonares. A ventilação dos
ou sacos de ar, promovendo o
alvéolos deve-se a processos de
bombeamento do ar. As trocas diretas
inspiração e expiração, mantendo o
permitem uma boa oxigenação e
fluxo bidirecional do ar através dos
elevadas taxas metabólicas.
bronquílos e brônquios. Nas aves os
Brânquias. Na maioria das espécies pulmões são formados por estruturas
aquáticas as trocas gasosas ocorrem tubulares – parabrônquios. Os pulmões
através das brânquias – hematose estão ligados a sacos aéreos que
branquial. Estas estruturas podem ser possbilitam o fluxo unidirecional de ar.
extensões do tugemento (brânquias O ar movimenta-se em sentido
internas) ou localizadas no interior do diferente da circulação sanguínea, num
corpo (brânquias internas). As mecanismo de corrente cruzada, que
brânquias são protegidas pelo torna a hematose das aves
operáculo, estrutura óssea, que abre extremamente eficaz, satisfazendo a
para o exterior através da fenda elevada atividade metabólica que se
opercular. As brânquias são observa nestes vertebrados.
constituídas pelos filamentos
branquiais, que possuem finas lamelas
percorridas por capilares. A água entra
pela boca, saí pela fenda opercular e
banha as brânquias nesse trajeto.
Durante o contacto da água com os
filamentos branquiais, o oxigénio
difunde-se para os capilares existentes
nas lamelas branquiais, ocorrendo

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