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Biodiversidade

A Biosfera

A biosfera é um sistema global que inclui toda a vida na Terra, o ambiente onde essa
vida se desenrola e as relações que se estabelecem entre todos os seus elementos.
Estende-se das profundezas dos oceanos até à atmosfera.

1.1. Diversidade biológica

A vida na Terra pode assumir várias formas, desde as mais simples bactérias, passando
pelos fungos, até aos mais complexos mamíferos ou plantas de grande porte, as
diferenças são evidentes. Há, no entanto, algo comum a todas as formas biológicas:
todas, sem exceção, são constituídas por células.

A Biodiversidade pode ser analisada sob três perspetivas diferentes:

Diversidade genética – refere-se à quantidade das diferenças existentes entre


organismos da mesma espécie;

Diversidade de espécies – refere-se à quantidade das diferenças existentes entre


organismos de espécies diferentes;

Diversidade ecológica – refere-se à diversidade de comunidades que se pode encontrar


em diferentes ecossistemas.

1.2. Níveis de organização biológica

Os seres vivos estabelecem relações indissociáveis entre si (componente biótica) e


com o ambiente físico em que se encontram (componente abiótica – água, luz,
temperatura, solo, etc.), interagindo mutuamente. Esta relação entre fatores bióticos
e abióticos, que ocorre num determinado meio, constitui um Ecossistema. Num
ecossistema há um perfeito equilíbrio entre os referidos fatores, com vista a um
objetivo e com base numa troca de matéria e energia. Os ecossistemas podem ser mais
ou menos complexos, como por exemplo, uma floresta tropical, ou uma simples gota
de água com presença de microrganismos.

Ao local onde os organismos de um Ecossistema vivem dá-se o nome de Biótopo. O


conjunto de seres vivos, de diferentes espécies, que existem num determinado
ecossistema designa-se comunidade, por outro lado designa-se população ao conjunto
de seres vivos da mesma espécie que vivem numa determinada comunidade. Define-se
como espécie o conjunto de seres vivos com características semelhantes, que se
possam reproduzir entre si e originar descendência fértil.

Das várias relações que se estabelecem entre os seres vivos, as mais evidentes são as
relações tróficas ou alimentares. Estas podem ser representadas sob a forma
de cadeias alimentares, que integram conjuntos mais amplos e complexos,
constituindo as redes ou teias alimentares.

Os decompositores atuam ao longo de todos os níveis tróficos da cadeia alimentar


transformando matéria orgânica (cadáveres, fezes, etc.), em matéria inorgânica,
assegurando desta forma a devolução dos minerais ao meio ambiente. São exemplos
de decompositores os fungos e um grande número de bactérias.

Dinâmica dos ecossistemas

Relações interespecíficas (entre seres de espécies diferentes)

Predação Competição Parasitismo

  

O predador captura e Indivíduos de espécies O parasita vive no


mata a presa para se diferentes disputam o hospedeiro, usando-o
alimentar (+/-) mesmo recurso do como fonte de nutrição
ecossistema (-/-) (+/-)

Comensalismo Mutualismo Simbiose

  

Ambos os indivíduos são


Um indivíduo beneficia
beneficiados. A relação é Ambos os indivíduos são
da presença de outro sem
facultativa (+/+) beneficiados. A relação é
o prejudicar (+/0)
permanente e
obrigatória (+/+)

Relações intraespecíficas (entre indivíduos da mesma espécie)

Competição Canibalismo Cooperação


Indivíduos da mesma Um indivíduo mata outro Os indivíduos organizam-
espécie disputam o (da mesma espécie) com se para benefício da
mesmo recurso do o intuito de se alimentar população (+/+)
ecossistema (-/-) (+/-)

1.3. Extinção e conservação de espécies

O desequilíbrio causado a um Ecossistema, que coloque em causa a perfeita harmonia


entre os fatores bióticos e abióticos e a as trocas de energia e de matéria que ocorrem
entre estes, pode levar à extinção de espécies ou à destruição do próprio Ecossistema.

Ao longo da história da vida na Terra, um sem-número de espécies terão surgido,


evoluído e ter-se-ão adaptado às alterações do meio, no entanto, outras tantas terão
sido extintas. Atualmente, a interferência humana nesse ciclo natural, através da
sobre exploração (pesca e caça intensivas), agricultura intensiva, excesso de
urbanização, poluição e desflorestação, entre outros, acelera cada vez mais o processo
de extinção.

No sentido de inverter essa tendência, nas últimas décadas, foram criadas áreas
protegidas (Parques Nacionais, Parques e Reservas Naturais, Áreas de Paisagens
Protegidas e Sítios Classificados) em alguns ecossistemas privilegiados. Desta forma
evita-se a sobre-exploração de recursos naturais e a intervenção humana está
condicionada e sujeita a regulamentos específicos.

A Célula
2.1. Unidade estrutural e funcional

A célula é a unidade básica estrutural e funcional de todos os seres vivos. É a unidade


mais simples em que existe vida (no caso dos seres unicelulares).

A Teoria Celular defende que:

A célula é a unidade básica estrutural e funcional dos seres vivos;


Todas as células têm origem unicamente a partir de outras células pré-existentes;
A célula é a unidade de reprodução, desenvolvimento e hereditariedade dos seres
vivos.

Do ponto de vista morfológico, existem dois grupos de células, com características


distintas entre si:
Células Procarióticas: não apresentam núcleo e o seu material genético encontra-se no
citoplasma.

Células Eucarióticas: são estruturalmente mais complexas do que as procarióticas,


apresentando núcleo e diversos organelos de natureza membranar.

As células eucarióticas podem ainda dividir-se em:

Células animais: distinguem-se das células eucarióticas vegetais por apresentarem


vacúolos em grande número, mas de pequenas dimensões, não possuírem parede
celular nem cloroplastos.

Células vegetais: distinguem-se das células eucarióticas animais por apresentaram


parede celular de natureza celulósica, vacúolos pouco numerosos mas de grandes
dimensões e cloroplastos.

Constituintes celulares:

Núcleo (local delimitado pela membrana nuclear, onde se encontra o material genético
– DNA, sendo o centro de controlo da atividade celular)

Membrana plasmática ou celular (membrana que delimita exteriormente a célula e


que permite criar uma barreira seletiva separando dois meios distintos, o meio
intracelular e o meio extracelular; é uma superfície de troca de substâncias, energia e
informação entre esses dois meios)

Citoplasma (é o fluido que se encontra entre a membrana nuclear e a membrana


plasmática, no qual se encontram dispersos os restantes organelos)

Mitocôndrias (estruturas envolvidas nos processos de obtenção de energia (ATP) –


respiração celular)

Retículo endoplasmático (envolvido na síntese de proteínas, lípidos e hormonas)

Ribossomas (têm como função a síntese de proteínas)

Complexo de Golgi (conjunto de sáculos achatados associado a vesículas esféricas;


intervém em fenómenos de secreção e produção de lisossomas)

Apenas nas células animais:

Centríolos (formados por microtúbulos, intervêm na divisão celular)

Lisossomas (pequenas vesículas esféricas que se destacam do complexo de Golgi e


onde se acumulam enzimas digestivas, intervêm no processo de digestão intracelular)

Apenas nas células vegetais:

Vacúolos (cavidades delimitadas por uma membrana, que contêm água com
substâncias dissolvidas, absorvidas ou elaboradas pela célula; locais onde ocorre
digestão intracelular)

Plastos (organelos que apenas se encontram nas células das algas e das plantas, onde
ocorrem diversos tipos de metabolismo; destacam-se os cloroplastos: organelos que
contêm pigmentos fotossintéticos – clorofila, que lhe confere a cor verde)

Parede celular (constituinte presente células vegetais, exteriormente à membrana


celular, de natureza celulósica)

Apenas nalgumas células procarióticas:

Cílios e flagelos (são organelos locomotores; podem ser finos e numerosos – cílios, ou
longos e em pequeno número – flagelos)

2.2. Constituintes básicos

Do ponto de vista químico, todos os seres vivos são constituídos pelo mesmo tipo de
moléculas (formadas por um reduzido número de elementos químicos, nomeadamente
Carbono, Oxigénio, Hidrogénio, Azoto e, em menor quantidade, fósforo, cálcio, entre
outros):

Moléculas inorgânicas:

Água: elemento mais abundante. A forma como as moléculas de água se ligam entre si,
conferem a este líquido propriedades únicas tornando-a essencial à vida. É responsável
pelo transporte/difusão de substâncias entre o meio intra e extracelular; intervém na
termorregulação dos seres vivos; intervém em reações de hidrólise e é considerada o
solvente universal, pois dissolve a maioria das substâncias celulares.

Sais minerais: como sódio, potássio, cálcio, ferro, magnésio, iodo, zinco, entre outros.

Moléculas orgânicas: são macromoléculas, constituídas por vários monómeros que ao


unirem-se entre si, por reações de condensação, originam polímeros. Por cada ligação
de dois monómeros que se estabelece é removida uma molécula de água. Por outro
lado, através de reações de hidrólise, os monómeros podem separar-se uns dos outros.

Prótidos: são compostos quaternários, constituídos por C, O, H e N, podendo conter


outros elementos como S, P, Mg, Fe e Cu. De acordo com a sua complexidade, podem
classificar-se em:

Aminoácidos: são as moléculas unitárias dos prótidos; constituídos por um grupo


amina (NH2), um grupo carboxilo (COOH), um hidrogénio e um radical, que confere
especificidade ao aminoácido, ligados ao mesmo carbono.

Péptidos: resultam da ligação de aminoácidos, pelo estabelecimento de ligações


peptídicas (ligações entre o grupo carboxilo de um aminoácido e o grupo amina do
outro, com libertação de uma molécula de água), através de reações de condensação.
Proteínas: macromoléculas de elevada massa molecular, constituídas por uma ou mais
cadeias polipeptídicas. Importância biológica das proteínas: função estrutural (fazem
parte da estrutura de todos os constituintes celulares), função enzimática (atuam
como biocatalisadores de reações químicas que ocorrem nos seres vivos), função de
transporte (por ex. a hemoglobina é uma proteína que transporta o oxigénio); função
hormonal (muitas hormonas têm constituição proteica); função imunológica (ao
anticorpos são glicoproteínas); função motora (são os componentes maioritários dos
músculos); função de reserva alimentar. Podem apresentar vários níveis de
organização:

Estrutura primária: constituída por uma única cadeia polipeptídica em que os


aminoácidos estão unidos numa sequência linear.

Estrutura secundária: cadeia polipeptídica que apresenta uma estrutura em hélice


devido à interação entre diversas zonas da molécula ou ligação paralela entre duas
cadeias polipeptídicas formando uma estrutura em folha pregueada.

Estrutura terciária: ocorre quando a cadeia em hélice se enrola e dobra sobre si


própria, tornando-se globular.

Estrutura quaternária: ocorre quando várias cadeias polipeptídicas globulares se


organizam e estabelecem interligações entre si.

Ácidos nucleicos: são moléculas que armazenam a informação genética que


caracteriza a identidade de cada organismo, constituídas por polímeros de
nucleótidos, as suas subunidades estruturais. Estes são formados por três
constituintes: uma pentose (desoxirribose no caso do DNA, ou ribose no caso do RNA),
um grupo fosfato e uma base azotada (de anel simples: Timina, Citosina e Uracilo (este
apenas no RNA) ou de anel duplo: Adenina e Guanina). Importância biológica dos ácidos
nucleicos: o DNA é o suporte universal da informação hereditária (genética),
controlando a atividade celular. Quer o DNA quer o RNA intervêm na síntese proteica.

Constituição DNA RNA

Grupo Fosfato Presente Presente

Pentose Desoxirribose Ribose

Bases Azotadas Adenina, Timina, Citosina Adenina, Uracilo, Citosina


e Guanina e Guanina

Cadeia polinucleotídica Em dupla hélice Simples

Glícidos ou hidratos de carbono: são compostos ternários, constituídos por carbono (C),
hidrogénio (H) e oxigénio (O), na proporção 1:2:1, podendo variar das formas mais
simples, os monossacarídeos ou oses (glicose por ex.), às formas mais complexas como
os oligossacarídeos (2 a 10 moléculas de monossacarídeos) e os polissacarídeos (mais
de 10 moléculas de monossacarídeos, de que são exemplo o glicogénio (reserva
energética nas células animais) e o amido (reserva energética das células
vegetais)). Importância biológica dos glícidos: função estrutural e função energética
(utilizados diretamente em transferências energéticas).

Lípidos: são moléculas com fraca solubilidade em água e solúveis em solventes


orgânicos como o éter, o clorofórmio e o benzeno. Importância biológica dos
lípidos: reserva energética; função estrutural (constituintes das membranas
celulares); função protetora (Ex: ceras que tornam superfícies impermeáveis); função
vitamínica e hormonal (há lípidos que entram na constituição de vitaminas e fazem
parte das hormonas sexuais)

Gorduras: constituem um dos principais grupos de lípidos. Quimicamente, são


designadas por glicerídeos e são constituídas por três ácidos gordos e um glicerol. Têm
funções de reserva.

Fosfolípidos: os fosfolípidos apresentam uma estrutura química que resulta da ligação


de uma molécula de glicerol com dois ácidos gordos a uma molécula de ácido fosfórico
com um composto azotado. São moléculas polares, anfipáticas com uma zona
hidrofílica (solúvel na água e constitui a zona carregada eletricamente) e uma zona
hidrofóbica (insolúvel na água). Têm função estrutural, principalmente ao nível das
membranas.

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