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Biologia

Biodiversidade:
A biosfera:
O conceito biosfera corresponde ao subsistema terrestre que inclui todos os seres
vivos, os ambientes que habitam e as relações que estabelecem entre si (todos os
ecossistemas).

Diversidade biológica:
A biodiversidade ou diversidade biológica corresponde ao termo mais utilizado para
expressar a multiplicidade de seres vivos existentes num determinado ambiente.

Organização biológica:
A diversidade de formas vivas pode ser
organizada em diferentes níveis de
complexidade crescente, desde o nível
químico aos grandes biomas, ocupando
a biosfera o topo desta hierarquia.

 Tecido: conjunto de células especializadas, iguais ou diferentes, que realizam


determinada função num organismo.
 Órgão: grupo de tecidos que desempenham uma função específica ou grupo de
funções.
 Sistema: conjunto de elementos interdependentes (órgãos) de modo a formar
um todo organizado.
 Organismo: engloba o conjunto dos sistemas que perpetuam o indivíduo e o
mantém vivo.
 Espécie: conjunto de indivíduos com características semelhantes, capazes de se
cruzarem entre si (reproduzirem) e originar descendentes férteis.
 População: conjunto de indivíduos de mesma espécie que vivem numa mesma
área em um determinado período.
 Comunidade biótica: diferentes populações que se relacionam entre si. O
biótopo é o meio onde habitam.
 Ecossistema: conjunto da comunidade, biótopo e das relações destes entre si.
Nos ecossistemas, verifica-se uma permanente interação entre os fatores
abióticos (parâmetros físico-químicos, como a temperatura, a luminosidade, a
humidade atmosférica, etc.) e os fatores bióticos (relações entre seres vivos da
mesma espécie – relações intraespecíficas e entre indivíduos de espécies
diferentes – relações interespecíficas).
As relações tróficas correspondem às relações alimentares
existentes no interior de um determinado ecossistema e
traduzem-se em transferências de energia e de matéria,
constituindo uma cadeia alimentar.
A posição ocupada por um dado ser vivo na respetiva
cadeia alimentar denomina-se nível trófico, sendo que, os
produtores ocupam sempre o 1º nível trófico.
Ao longo das cadeias alimentares vão ocorrendo perdas
energéticas, essencialmente sob a forma de calor, pelo que
apenas uma parte (cerca de 10%) da energia presente num dado
nível trófico é incorporada pelo nível trófico
seguinte. Verifica-se, por isso, um fluxo
unidirecional de energia. No que respeita à
matéria presente num ecossistema é possível
afirmar que esta executa uma trajetória cíclica,
dado que esta circula continuamente entre os
seres vivos e o biótopo.

Produtor (transforma matéria inorgânica/


mineral em matéria orgânica):
Fonte de carbono/ matéria:

 Autotrófico (utiliza carbono inorgânico).


Fonte de energia:

 Fotossintético/ Fototrófico (transforma energia


luminosa em energia química).
 Quimiossintético/ Quimiotrófico (transforma
energia química em energia química).

Consumidor (transforma matéria orgânica em matéria


orgânica):
Fonte de carbono/ matéria:

 Heterotrófico por ingestão (utiliza carbono


orgânico).
Fonte de energia

 Quimiossintético/ Quimiotrófico (transforma


energia química em energia química).

Decompositor (transforma matéria orgânica em


matéria inorgânica/ mineral):
Fonte de carbono/ matéria:

 Heterotrófico por absorção (utiliza carbono orgânico).


Fonte de energia:

 Quimiossintético/ Quimiotrófico (transforma


energia química em energia química).
Na realidade, num ecossistema, encontram-se diversas
cadeias alimentares. Os seres vivos que as integram,
geralmente, interagem entre si, podendo o mesmo ser
vivo alimentar-se de seres vivos diferentes e ocupar
níveis tróficos distintos em cadeias alimentares
diferentes. Sempre que tal se verifica constitui-se uma
teia alimentar ou teia trófica.

Extinção e conservação:
A extinção de uma dada espécie corresponde ao
decréscimo gradual do número de exemplares até ao seu completo desaparecimento.
Esta pode dever-se a causas naturais, de que
são exemplo as extinções de fundo
(associadas a mecanismos de evolução
biológica, em que, geralmente, se verifica um
aumento progressivo da complexidade dos
seres vivos com o consequente
desaparecimento de algumas espécies e
aparecimento de outras) e as extinções em
massa (eliminação de um número elevado de
espécies aquando da ocorrência de um mesmo evento catastrófico natural) ou de
natureza antrópica ou antropogénica quando o ser humano é o principal responsável
pelo declínio da biodiversidade.
As ações humanas que, frequentemente, conduzem à rutura do equilíbrio dos
ecossistemas são:

 a sobre-exploração de recursos biológicos, pela caça e pesca excessivas;


 a proliferação de espécies invasoras/ exóticas/ alóctones, que coloca em causa
a sobrevivência das espécies nativas/ autóctones quando introduzidas pelo ser
humano em ecossistemas diferentes dos da sua origem;
 a destruição de habitats devido à ocorrência de alterações
ambientais provocadas direta ou indiretamente pelo ser
humano, tais como a poluição atmosférica, a agricultura
intensiva e a desflorestação;
Impõem-se a urgência de promoção e implementação de medidas de
conservação, pois a extinção de espécies constitui uma forte ameaça à
diversidade biológica ao interferir com o equilíbrio dos ecossistemas, em concreto com
o funcionamento de cadeias e teias alimentares e com os ciclos de matéria e fluxos de
energia. O ser humano, enquanto principal responsável pelo aumento de situações de
risco, está a comprometer a sua própria sobrevivência, na medida em que a perda de
biodiversidade tem consequência ao nível da disponibilidade de alimento e matéria-
prima para a produção de múltiplos bens. Assim sendo, deve continuar a apostar-se:

 na criação de áreas protegidas, onde os impactes das atividades humanas


possam ser minimizados;
 na investigação científica em torno da conservação da natureza;
 em campanhas de sensibilização associadas aos efeitos prejudiciais de certas
atividades humanas;
 em alternativas que se antevejam mais ecológicas;

A célula:
A Citologia é a ciência que se dedica ao estudo da célula, cuja descoberta e
conhecimento resultaram de trabalhos de investigação desenvolvidos por diversos
cientistas.
Em 1839, Schleiden (botânico) e Schwann (zoólogo) propuseram uma formulação da
Teoria Celular, que na atualidade assenta nos seguintes pressupostos:

 a célula é a unidade básica estrutural e funcional de todos os seres vivos;


 a célula forma-se a partir de uma célula preexistente;
 a célula é a unidade de reprodução, de desenvolvimento e de hereditariedade
de todos os seres vivos;
 a célula revela uniformidade quanto aos seus constituintes químicos e às suas
atividades metabólicas principais;
O instrumento-base de observação em Citologia corresponde ao microscópio ótico
composto (MOC), que assegura a obtenção de uma imagem virtual, que se apresenta
ampliada devido à presença de um sistema
de lentes (objetivas e oculares), invertida (de
cima para baixo, em relação ao objeto) e
simétrica (da direita para a esquerda,
relativamente ao objeto).
A ampliação proporcionada pelo MOC resulta
do produto do poder ampliador da ocular
pelo poder ampliador da objetiva e a uma
maior ampliação total corresponde uma
menor área de superfície observada.

Unidade estrutural e funcional:


Embora todos os tipos celulares apresentem material
genético, membrana citoplasmática, citoplasma e
ribossomas, as suas dimensões, complexidade, estrutura
e funções são altamente diversificadas. Tendo como
critério o grau de organização estrutural, as células
podem ser categorizadas em procarióticas e
eucarióticas.
As células procarióticas, de que são exemplo as
bactérias, apresentam uma dimensão mais reduzida, são
estruturalmente mais simples, não possuem organelos
membranares e o seu material genético encontra-
se disperso no hialoplasma (parte fluida do
citoplasma, também designado como citosol. É
composto, essencialmente, por água, sais minerais
e moléculas orgânicas, tais como aminoácidos,
açúcares e gotículas lipídicas) – nucleoide. Por sua
vez, as células eucarióticas, dotadas de maior
complexidade estrutural e funcional, apresentam
um elevado número de organelos membranares e
o seu material genético principal encontra-se no
interior de um núcleo perfeitamente
individualizado. Este último tipo celular entra, por
exemplo, na constituição das plantas e dos
animais, recebendo, respetivamente, as
designações de células eucarióticas animais e
células eucarióticas vegetais.
Cápsula: presente em alguns tipos de bactérias
como forma de aumentar a habilidade infeciosa da bactéria, protegendo-a contra a
fagocitose pelos glóbulos brancos. Também protege a bactéria da desidratação, ajuda
na adesão da bactéria às células do hospedeiro e a protege de certos vírus e
detergentes.
Parede celular: estrutura rígida que confere suporte e proteção. Nas células
procarióticas é constituída por peptidoglicano, nas eucarióticas vegetais por celulose e
nas eucarióticas dos fungos por quitina. Possui estruturas que unem o citoplasma de
células eucarióticas vegetais contíguas através de perfurações (plasmodesmos).
Membrana plasmática ou citoplasmática ou plasmalema: limita o exteriormente
citoplasma. Regula o fluxo de materiais para dentro e fora da célula, mantém a
integridade da célula e recebe informações do meio exterior.
Citoplasma: constituído por uma massa semifluida (hialoplasma). Corresponde ao
meio onde se encontram dispersos os vários organelos/ organitos celulares.
Núcleo: encontra-se limitado pelo invólucro nuclear (membrana dupla com poros que
permite a comunicação com o hialoplasma). Contém no seu interior o nucleoplasma.
Ribossomas: organelos não membranares. Surgem livres no hialoplasma ou associadas
ao retículo endoplasmático rugoso e participam na síntese de proteínas.
Retículo endoplasmático: presente apenas em células eucarióticas. Considera-se
rugoso se evidenciar ribossomas na sua superfície e liso se não os evidenciar. O RER
sintetiza e transporta proteínas e o REL sintetiza e transporta lípidos.
Complexo de Golgi: presente apenas em células eucarióticas. Responsável pela
maturação de proteínas e intervém em fenómenos de exocitose.
Lisossomas: presente apenas em células eucarióticas animais. Encerram enzimas
digestivas.
Vacúolos: predomina em células eucarióticas vegetais em forma de um único vacúolo
central de elevada dimensão, mas também pode estar presente em elevado número
em células eucarióticas animais com menores dimensões. Cavidade delimitada por
uma membrana simples que pode armazenar água, iões, pigmentos, gases e
compostos orgânicos. Também participam em processos de digestão de partículas
alimentares como vacúolos digestivos ou lisossomas secundários.
Mitocôndrias: apenas apresente em células eucarióticas. Organelos com dupla
membrana e DNA próprio. Local onde ocorre maioria dos processos de obtenção de
energia (respiração aeróbia).
Cloroplastos: apenas presentes em células eucarióticas vegetais das plantas. Organelos
com dupla membrana e com DNA próprio. Forma ovoide. Local onde ocorre o processo
fotossintético.
Centríolos: apenas presentes em células eucarióticas animais. Intervém em processos
de divisão celular.
Citoesqueleto: apenas presente em células eucarióticas. Confere suporte mecânico
aos diferentes organelos e confere manutenção à forma da célula.

Constituintes básicos:
A generalidade dos organismos é constituída, essencialmente, pelos mesmos
elementos químicos, dos quais se destacam o carbono, oxigénio, hidrogénio e
nitrogénio, que abrangem cerca de 97% da matéria viva.
Da composição química das células fazem parte substâncias inorgânicas, de que são
exemplo a água e uma grande diversidade de sais minerais.

Substâncias inorgânicas:
 Água: principal constituinte das células, podendo atingir 75% a 90% da sua
massa total.
 Sais minerais: Embora essenciais para o adequado funcionamento dos
organismos, encontram-se, usualmente, em reduzidas quantidades.
Características gerais da água:

 Principal constituinte molecular dos seres vivos.


 É uma molécula morfológica e eletricamente assimétrica – dipolo elétrico, o
que lhe confere elevado poder solvente.
 As moléculas de água interagem entre si por ligações/ pontes de hidrogénio.
 Atua como reagente químico em diversas reações (hidrolases, oxidações e
reduções), devido à sua capacidade de ionização.
Funções da água:

 Estrutural (meio onde ocorrem todas as reações químicas celulares).


 Transporte (meio de movimentação para muitas substâncias, sendo um veículo
para materiais nutritivos essenciais para as células e para produtos de
excreção).
 Reguladora (intervém, por exemplo, na regulação da temperatura corporal).
Características gerais dos sais minerais:

 Encontram-se na forma salina (por exemplo, carbonato de cálcio, fosfato de


cálcio, etc.) e na forma iónica (por exemplo, Fe2+, Na+, Cl-, etc.).
Funções dos sais minerais:

 Estrutural (são, por exemplo, constituintes de esqueletos).


 Reguladora (por exemplo, são parte integrante de algumas enzimas).
As células apresentam também compostos orgânicos, nomeadamente os glícidos, os
lípidos, os prótidos e os ácidos nucleicos.
As referidas macromoléculas correspondem, usualmente, a polímeros e
as suas unidades básicas, estruturalmente mais simples, recebem a
designação de monómeros.
As reações químicas responsáveis pela formação de polímeros
(polimerização) correspondem a reações de condensação/síntese.
Nestas, por cada ligação estabelecida entre dois monómeros
consecutivos verifica-se a formação de uma molécula de água.
Contrariamente, nas reações de hidrólise ocorre a separação dos
monómeros de um determinado polímero (despolimerização).
Neste caso, por cada ligação quebrada, verifica-se o consumo de
uma molécula de água.

Glícidos, glúcidos ou hidratos de carbono:


Elementos químicos principais:

 Compostos ternários.
 Constituídos por carbono, oxigénio e hidrogénio.
Monómeros:

 Monossacarídeos ou oses:
 Classificados de acordo com o número de átomos de carbono da molécula.
Polímeros:

 Oligossacarídeos: 2 a 10 monossacarídeos.
 Polissacarídeos: Um elevado número de monossacarídeos.
Ligações químicas:

 Glicosídica.
Funções biológicas:

 Energética.
 Estrutural.

Lípidos simples:
Elementos químicos principais:

 Compostos ternários.
 Constituídos por carbono, hidrogénio e oxigénio.
Monómeros:

 Ácidos gordos.
 Apresentam longas cadeias hidrocarbonadas, constituídas por átomos de
carbono ligados a átomos de hidrogénio.
 Glicerol.
Polímeros:

 Exemplo: Triglicerídeos.
 Resultam da ligação entre uma molécula de glicerol e três moléculas de ácidos
gordos.

Lípidos complexos:
Elementos químicos principais:

 Podem integrar outros elementos, como o fósforo e o nitrogénio, para além do


carbono, hidrogénio e oxigénio.
Monómeros:

 Ácidos gordos.
 Glicerol.
 Ácido fosfórico.
 Composto nitrogenado.
Polímeros:

 Exemplo: Fosfolípidos.
 São moléculas anfipáticas, uma vez que apresentam uma extremidade
hidrofílica/ polar – composto nitrogenado + ácido fosfórico + glicerol – e uma
extremidade hidrofóbica/ apolar – constituída por duas cadeias
hidrocarbonadas de ácidos gordos.
Ligações químicas nos lípidos:

 Éster.
Funções biológicas dos lípidos:

 Energética.
 Estrutural.
 Protetora.
 Vitamínica.
 Hormonal.

Prótidos:
Elementos químicos principais:

 Constituídos por carbono, oxigénio, hidrogénio e nitrogénio.


 Podem apresentar outros elementos químicos, tais como o enxofre e o fósforo.
Monómeros:

 Aminoácidos:
 Estes monómeros apresentam sempre um átomo central de carbono associado
a um grupo funcional carboxilo ou ácido (-COOH), um grupo funcional amina
(NH2), um átomo de hidrogénio (H) e um radical (R) variável de aminoácido
para aminoácido.
Polímeros:
 Péptidos:
 Exemplos:
 Oligopéptidos: apresentam 2 a 20 aminoácidos associados.
 Polipéptidos: apresentam 21 a 99 aminoácidos associados.
 Proteínas: compostas por 100 ou mais aminoácidos. A atividade biológica da
maioria das proteínas é afetada por diversos fatores. A temperatura, as
variações de pH, as radiações, a agitação e a ação de certas substâncias
químicas (agentes desnaturantes) podem quebrar as ligações de hidrogénio e/
ou dissulfito causando a desnaturação proteica. A proteína perde a sua
conformação/ arranjo tridimensional normal e, consequentemente, a sua
função biológica. O processo de desnaturação é, usualmente, irreversível,
embora em certos casos a proteína possa readquirir a sua forma e função na
ausência do agente desnaturante – desnaturação reversível ou renaturação.
Funções biológicas:

 Estrutural.
 Enzimática.
 Transporte.
 Hormonal.
 Imunológica (defesa).
 Motora.
 Reserva alimentar.

Ácidos Nucleicos:
Elementos principais:

 Constituídos por diversos elementos químicos, tais como carbono, oxigénio,


hidrogénio, nitrogénio e fósforo.
Monómeros:

 Nucleótidos:
 Estes monómeros são constituídos por uma pentose (monossacarídeo)
associada a uma base nitrogenada e a um ácido fosfórico/grupo fosfato. Na
formação de um nucleótido ocorrem duas reações de condensação, uma entre
o carbono 5’ da pentose e um grupo fosfato e a outra entre o carbono 1’ da
pentose e uma base nitrogenada.
 Desoxirribonucleótido: Apresenta como pentose a desoxirribose, associada a
um grupo fosfato e a uma das quatro bases nitrogenadas seguintes: adenina
(A), citosina (C), guanina (G) e timina (T).
 Ribonucleótido: Apresenta como pentose a ribose, associada a um grupo
fosfato e a uma das quatro bases nitrogenadas seguintes: adenina (A), citosina
(C), guanina (G) e uracilo (U).
Polímeros:

 DNA (ácido desoxirribonucleico): composto por duas cadeias


desoxirribonucleotídicas enroladas em hélice.
 RNA (ácido ribonucleico): composto por uma cadeia ribonucleotídica
linear/simples.
Ligações Químicas:

 Fosfodiéster: (entre nucleótidos de uma mesma cadeia).


 Ligações de Hidrogénio: (entre bases nitrogenadas e cadeias complementares).
A adenina estabelece duas ligações de hidrogénio com a timina; a citosina
estabelece três ligações de hidrogénio com a guanina. Em alguns casos, a
cadeia de RNA pode dobrar-se, estabelecendo a adenina duas ligações de
hidrogénio com o uracilo e a citosina três ligações de hidrogénio com a
guanina.
Funções Biológicas:

 Controlo e regulação da atividade celular.


 O DNA é o suporte de toda a informação genética.
 O RNA intervém na síntese de proteínas, a partir da informação contida no
DNA.

Obtenção de matéria:
O metabolismo celular corresponde à totalidade das reações químicas que ocorrem
no interior de uma célula, sendo dividido em anabolismo e catabolismo.
Catabolismo: É um processo metabólico do organismo que tem como objetivo
produzir moléculas simples a partir de outras mais complexas, como por exemplo a
produção de aminoácidos a partir de proteínas, que serão utilizados em outros
processos do organismo.
Anabolismo: É a parte do metabolismo que conduz à síntese de moléculas complexas a
partir de moléculas mais simples. Alguns exemplos são a produção de açúcares pelas
plantas a partir da fotossíntese e a síntese proteica. O anabolismo só ocorre em alta
energética, caso esteja em baixa energética, acontece o catabolismo.

Obtenção de matéria pelos seres heterotróficos:


A maioria dos seres vivos heterotróficos (animais, fungos, protozoários e certas
bactérias) recorre a substâncias orgânicas oriundas do meio envolvente enquanto
fonte de energia e de matéria para o fabrico da sua própria matéria orgânica.
A membrana celular controla a constante troca de substâncias entre os meios intra e
extracelular.

Estrutura e composição da membrana celular:


A membrana celular, citoplasmática ou plasmalema está presente em todos os tipos
de células. Corresponde a um invólucro contínuo e flexível que assegura a integridade
celular, funciona como fronteira entre os meios intra e extracelulares, pois a sua
permeabilidade seletiva (macromoléculas e substâncias polares não a atravessam
diretamente) regula as trocas de matéria e energia entre a célula e o exterior.
O modelo do mosaico fluido admite o
predomínio de um mosaico de moléculas
proteicas inseridas numa bicamada de
fosfolípidos, assim como a existência de
movimentos por parte dos tais
constituintes, o que contribui para a sua
acentuada fluidez.
A membrana celular é, globalmente, um complexo lipoproteico, em que as proporções
relativas de lípidos e proteínas variam consoante o tipo celular. A sua estrutura
assimétrica advém da distribuição não uniforme das proteínas e do colesterol e da
localização inequívoca de glicoproteínas e de glicolípidos na sua face externa (voltados
para o meio extracelular). A fluidez da membrana celular decorre da mobilidade das
moléculas que a constituem, nomeadamente dos fosfolípidos e de algumas das
proteínas.

Lípidos:
 Fosfolípidos: São moléculas anfipáticas. Encontram-se organizados em dupla
camada, com as extremidades hidrofílicas/polares a formarem a face externa
da membrana e as hidrofóbicas a ocuparem o interior. Possuem grande
mobilidade, trocando de posição com fosfolípidos da mesma camada
(movimentos laterais) e, ocasionalmente, com fosfolípidos da outra camada
(movimentos de flip-flop).
 Colesterol: Pertence ao grupo dos esteroides (lípidos com uma estrutura que
possui anéis de carbono). É uma molécula apolar, sendo insolúvel em água.
Possui um papel estabilizador de fluidez da membrana celular.

Proteínas:
 Proteínas Intrínsecas ou Integradas: inseridas na bicamada fosfolipídica e
fortemente unidas às extremidades hidrofóbicas dos fosfolípidos. Quando
atravessam a membrana na sua totalidade denominam-se proteínas
transmembranares.
 Proteínas Extrínsecas ou Periféricas: são superficiais e encontram-se
associadas, por ligações eletrostáticas fracas, às extremidades hidrofílicas dos
fosfolípidos ou de proteínas intrínsecas.
 Algumas das proteínas apresentam mobilidade (movimentos laterais),
enquanto outras ocupam posições fixas.
 As proteínas podem ter papel estrutural, serem meio de transporte de
substâncias, funcionarem como recetores de estímulos provenientes do meio
extracelular ou ação enzimática.

Glicolípidos e Glicoproteínas:
 Glicolípidos (glícidos associados a lípidos), glicoproteínas (glícidos associados a
proteínas).
 Localizam-se na parte exterior/no folheto/na camada externa da membrana
celular.
 Formam o glicocálix e têm um papel importante no reconhecimento de certas
substâncias pelas células.

Processos Transmembranares:
A capacidade da membrana celular se deixar atravessar apenas por determinadas
substâncias corresponde à sua permeabilidade seletiva, explicando assim, a
composição dos fluidos intra e extracelulares, podendo variar em função da ocorrência
de modificações ambientais.
O transporte de substâncias através da membrana celular pode ser efetuado através
de diferentes modalidades e encontra-se dependente, por exemplo, da configuração
de tais substâncias.
A generalidade dos processos transmembranares encontra-se também dependente da
variação da concentração de solutos entre os meios intra e extracelulares.
Quando a concentração de solutos é igual nos dois meios estes denominam-se
isotónicos. Caso se verifique uma diferença de concentração, o meio com maior
concentração de solutos é designado hipertónico, ao passo que o meio com menor
concentração é considerado hipotónico.

Moléculas de elevada dimensão, conjunto de partículas e células:


Endocitose:
 Fagocitose: A membrana celular, por invaginação, engloba partículas de
grandes dimensões ou até mesmo células em vesículas endocíticas/ fagocíticas.
 Pinocitose: A membrana celular, por invaginação, engloba substâncias
dissolvidas ou fluidos em vesículas endocíticas/ pinocíticas.

Exocitose:
 Substâncias produzidas pelas células ou produtos do seu metabolismo são
armazenados em vesículas exocíticas que, ao fundirem-se com a membrana
celular, libertam o seu conteúdo para o meio extracelular.
Moléculas de reduzida dimensão (Transporte não mediado):
Osmose:
 Movimentação de moléculas de água através da bicamada fosfolipídica, de um
meio hipotónico (menor pressão osmótica ou maior potencial hídrico) para um
meio hipertónico (com maior pressão osmótica ou menor potencial hídrico),
contra o gradiente de concentração do soluto.
 Em meios isotónicos, o fluxo de água é bidirecional e a quantidade de água que
entra é igual à quantidade de água que sai.
 Transporte passivo, pois não envolve dispêndio energético.
 Conduz à anulação do gradiente de concentração entre os dois meios, que se
tornam isotónicos.
Pressão Osmótica: pressão necessária para contrabalançar a tendência da água em se
mover, através de uma membrana seletivamente permeável, de uma região onde há
maior quantidade de água parta uma região onde há menor quantidade de moléculas
de água. Esta pressão é tanto maior quanto maior for a concentração de soluto numa
dada solução.
Potencial Hídrico: medida da energia química da água; permite prever o seu sentido
de deslocação.
Gradiente de Concentração: diferença de concentração de moléculas entre dois
meios. A expressão “contra o gradiente de concentração” refere-se à passagem de
água de um meio com menor concentração em soluto para um meio com maior
concentração.
A colocação de células eucarióticas animais
num meio hipotónico (em relação ao meio
intercelular) leva à entrada de água e ao
aumento do volume celular. Ocorre
turgescência e as células ficam túrgidas. Dado
que a membrana celular é o seu limite mais
externo pode verificar-se rutura- Lise celular.
Perante um meio hipertónico (em relação ao meio intercelular) a água sai das células e
verifica-se uma diminuição de volume celular. Ocorre plasmólise e as células ficam
plasmolisadas.
A colocação de células eucarióticas vegetais num
meio hipotónico (em relação ao meio
intracelular) leva à entrada de água e ao aumento
do volume vacuolar e citoplasmático. Ocorre
turgescência e as células ficam túrgidas. A força
exercida pelo conteúdo celular sobre a parede
celular denomina-se pressão de turgescência.
Esta é contrabalançada pela resistência oferecida pela parede, pelo que não se verifica
lise celular.
Perante um meio hipertónico (em relação ao meio intracelular) a água sai das células e
verifica-se uma diminuição do volume vacuolar e citoplasmático. Ocorre plasmólise e
as células ficam plasmolisadas. Neste tipo celular, as alterações do volume celular não
são consideradas significativas.

Difusão Simples:
 Movimentação de moléculas de um dado soluto (por exemplo, gases
respiratórios e moléculas lipossolúveis), de um meio hipertónico para um meio
hipotónico, a favor do gradiente de concentração do soluto.
 A velocidade de movimentação do soluto é diretamente proporcional à
diferença de concentração entre os dois meios.
 Transporte passivo, pois não envolve dispêndio energético.
 Conduz à anulação do gradiente de concentração entre dois meios, que se
tornam isotónicos.
“A favor do gradiente de concentração do soluto”: a expressão refere-se à passagem
do soluto de um meio com maior concentração para um meio com menor
concentração.

Moléculas de reduzida dimensão (Transporte mediado):


Difusão Facilitada:
 Movimentação de moléculas de um dado soluto (por exemplo, glicose e
aminoácidos), de um meio hipertónico para um meio hipotónico, a favor do
gradiente de concentração do soluto com intervenção de proteínas
transportadoras- Permeases.
 Inicialmente, a velocidade de transporte da substância aumenta com o
aumento da sua concentração, mas a partir de um determinado momento
verifica-se a sua estabilização. Tal acontece quando todas as permeases passam
a estar ocupadas no transporte (saturação), mesmo que a concentração
continue a aumentar.

 Transporte passivo, pois não envolve dispêndio energético.


 Conduz à anulação do gradiente de concentração entre os dois meios, que se
tornam isotónicos.
O soluto a transportar liga-se à permease; a permease altera a sua forma, o que
permite o movimento do soluto através da membrana e a sua separação da permease;
a permease retorna à sua forma inicial.

Transporte Ativo:
 Movimentação de moléculas de um dado soluto (por exemplo, iões positivos de
Na ou K), de um meio hipotónico para um meio hipertónico, contra o gradiente
de concentração do soluto com intervenção de proteínas transportadoras-
ATPases.
 Envolve o dispêndio energético (ATP), pois contrariamente ao que acontece na
difusão facilitada, as mudanças conformacionais na proteína transportadora
(ATPase) estão dependentes da presença de energia metabólica.
 Mantém o gradiente de concentração entre os dois meios.
“Contra o gradiente de concentração do soluto”: a expressão refere-se à passagem de
soluto de um meio com menor concentração para um meio com maior concentração.

O caso particular do neurónio:


Nos neurónios, verifica-se uma desigual distribuição de iões negativos e positivos entre
os meios intra e extracelulares, o que contribui para a existência de um potencial de
membrana (quantidade de energia gerada pela diferença de cargas elétricas entre o
interior e o exterior da membrana celular).
Os principais iões correspondem ao sódio, ao potássio, ao cálcio e ao cloreto e
movimentam-se através de canais proteicos e bombas de iões, inseridos na bicamada
fosfolipídica da membrana do neurónio. Os canais proteicos são poros revestidos por
proteínas, permitem a difusão facilitada de iões e podem encontrar-se abertos ou
fechados. A bomba de iões mais importante é a bomba sódio-potássio, que desloca
iões Na e K por transporte ativo (por cada três sódios que retira ao neurónio, introduz
dois potássios).
No neurónio em repouso, a face externa da membrana encontra-se carregada
positivamente e a face interna negativamente. O principal mecanismo explicativo
encontra-se associado ao funcionamento da bomba sódio-potássio, pois a
desigualdade de transporte de iões positivos conduz ao excesso no meio extracelular e
a défice no meio intracelular, responsáveis por uma diferença de potencial de,
aproximadamente, -70 mV (potencial de repouso).
Quando sujeito a um estímulo, a membrana
celular do neurónio sofre uma alteração de
permeabilidade a certos iões
(despolarização) e estabelece-se um
potencial de ação (modificação brusca,
intensa e temporária do potencial da
membrana). Durante a despolarização, a
abertura dos canais de sódio promove a sua
entrada massiva, conduzindo à alteração
das posições das suas cargas, que assim se
invertem em relação ao estado de repouso.
Após a despolarização ocorre a repolarização da membrana. Neste momento, os
canais de sódio fecham e os canais de potássio abrem, promovendo a saída de iões
positivos, até então, em excesso no meio intracelular. A bomba sódio-potássio repõe
as concentrações dos iões sódio e potássio e assegura o restabelecimento do potencial
de repouso.
A diferença de cargas elétricas entre a região da membrana do neurónio que se
encontra em potencial de ação e a região que se encontra em potencial de repouso
gera uma corrente elétrica (impulso nervoso), que se propaga de um modo rápido e
sequencial até à porção terminal do axónio, à
medida que se vai restabelecendo a
polaridade nas regiões anteriores.
A passagem do impulso nervoso entre os
neurónios faz-se através das sinapses e
envolve substâncias químicas- os
neurotransmissores. O neurónio que envia a
informação denomina-se pré-sináptico e o
que recebe pós-sináptico, verificando-se,
usualmente, um espaço físico entre os
mesmos, denominado de fenda sináptica.
A libertação de neurotransmissores ocorre por exocitose, após a chegada do potencial
de ação à membrana da terminação nervosa do neurónio pré-sináptico. Esta
membrana apresenta canais de cálcio, que abrem devido à chegada do impulso
nervoso. A entrada de cálcio no neurónio promove a fusão das vesículas que contêm
os neurotransmissores com a membrana e conduz à sua posterior libertação para a
fenda sináptica.
A membrana pós-sináptica contém recetores específicos para os neurotransmissores,
cuja associação desencadeia a abertura momentânea dos canais Na e a consequente
geração de um potencial de ação, que se propagará, posteriormente, ao longo da
célula pós-sináptica.
Após a passagem do impulso nervoso, os neurotransmissores regressam à fenda
sináptica, onde podem ser, por exemplo, degradados por enzimas específicas.
Face ao exposto é possível afirmar que a transmissão do impulso nervoso é um
processo de natureza, globalmente, eletroquímica.

Ingestão, Digestão e Absorção:


Embora os seres vivos heterotróficos obtenham o alimento de modos distintos, a
transformação das macromoléculas dos nutrientes em micromoléculas e a continuação
do seu processamento, na generalidade dos seres vivos, compreende a etapas da
Ingestão, Digestão, Absorção e Egestão.

Ingestão:
 Introdução dos alimentos no organismo (conceito não aplicável a seres
heterotróficos por absorção).

Digestão:
 Conjunto de transformações físico-químicas que permite a conversão de
macromoléculas (polissacarídeos, proteínas, por exemplo) em moléculas mais
simples (monossacarídeos e aminoácidos, respetivamente), capazes de
atravessarem as membranas celulares. Tal operação envolve reações de
hidrólise catalisadas por enzimas digestivas ou hidrolíticas (hidrolases). A
digestão pode ocorrer no interior do ser vivo (digestão intracorporal) ou no
exterior (digestão extracorporal). A digestão intracorporal pode ser no interior
das células (digestão intracelular) ou no exterior, ao nível de cavidades ou de
órgãos especializados (digestão extracelular).

Absorção:
 Passagem das substâncias resultantes para o meio interno.

Egestão:
 Expulsão de resíduos alimentares do organismo.
O aumento gradual de complexidade dos sistemas digestivos veio permitir um
aproveitamento cada vez mais eficaz dos alimentos. Os sistemas digestivos
incompletos (tubo digestivo incompleto), característicos, por exemplo, da hidra e da
planária apresentam uma única abertura, que funciona cumulativamente como boca e
como ânus. Por sua vez, um sistema digestivo completo, presente, por exemplo, na
minhoca e no ser humano apresenta um tubo digestivo com duas aberturas
independentes: boca e ânus.

Vantagens evolutivas da existência de um SDC:


 A digestão e a absorção são sequenciais ao longo do tubo, dado que os
alimentos se deslocam num só sentido.
 Ocorre digestão mecânica e química em vários órgãos de um mesmo ser vivo.
 Existe uma maior capacidade de absorção, uma vez que esta pode processar-se
em diferentes regiões do tubo digestivo.
 A expulsão, através do ânus, dos resíduos alimentares não digeríveis é mais
eficiente.
 Possibilita uma maior capacidade de armazenamento de alimento.
Amiba (ser vivo eucarionte unicelular):
 Envolve a participação do sistema endomembranar, constituído pelo retículo
endoplasmático rugoso (RER), pelo complexo de Golgi e pelos lisossomas. As
proteínas são sintetizadas ao nível do RER são transportadas para o complexo
de Golgi. Aí, ao sofrerem maturação, tornam-se funcionais e convertem-se em
enzimas digestivas, permanecendo no interior de vesículas que se separam do
complexo de Golgi e que correspondem a lisossomas.
 Pela emissão de pseudópodes, as partículas alimentares são envolvidas e
ingeridas por pinocitose ou fagocitose, daí resultando a formação de uma
vesícula pinocíticas ou fagocítica (vesícula endocítica).
 Da fusão da membrana da vesícula endocítica com a membrana de um
lisossoma resulta um vacúolo digestivo.
 Ocorre a digestão intracelular das partículas alimentares no interior do vacúolo
digestivo, devido ao contacto entre estas e as enzimas digestivas.
 As moléculas mais simples resultantes do processo digestivo difundem-se para
o hialoplasma da amiba (absorção).
 O vacúolo digestivo dá lugar a uma vesícula que se funde com a membrana
celular, assegurando a exocitose dos resíduos alimentares.

Cogumelo (ser vivo eucarionte multicelular pouco diferenciado):


 No interior das hifas (o conjunto das hifas é denominado micélio) dos
cogumelos, ao nível do sistema endomembranar, ocorre produção de enzimas
digestivas que são exocitadas para o meio envolvente.
 Macromoléculas orgânicas do
substrato, tais como amido e
proteínas, pela ação enzimática
transformam-se em moléculas
orgânicas mais simples, glicose e
aminoácidos, respetivamente
(digestão extracorporal).
 As moléculas orgânicas mais simples são absorvidas através da membrana das
hifas para o interior do cogumelo.

Hidra/Planária (seres vivos eucariontes multicelulares pouco


diferenciados):
 A hidra e a planária são animais com tubo digestivo incompleto, pois
apresentam uma única abertura, com função de boca e ânus, e que estabelece
a comunicação entre o exterior e a cavidade gastrovascular.
 Na hidra, o processamento do alimento começa pela ingestão de presas
capturadas com o auxílio de tentáculos. Uma vez na cavidade gastrovascular
ocorre um primeiro momento de digestão intracorporal extracelular. A partir
de células na camada interna (gastroderme) que reveste a referida cavidade
são exocitadas enzimas digestivas que atuam sobre os alimentos e os
transformam em partículas mais simples. As partículas semidigeridas são,
então, endocitadas por células da gastroderme que terminam o processo
digestivo no interior de vacúolos digestivos- digestão intracorporal
intracelular. Posteriormente, ocorre difusão dos nutrientes para as restantes
células do ser vivo e a eliminação dos resíduos alimentares, primeiro por
exocitose para a cavidade gastrovascular e desta, por contração da parede do
corpo do animal para o meio externo através da abertura única.
 Na planária, à semelhança da hidra, também ocorre digestão intracorporal
extracelular e intracelular, segundo as etapas gerais anteriormente
enunciadas. Porém, a planária possui algumas vantagens evolutivas em relação
à hidra, as quais se encontram associadas à presença de uma faringe musculosa
e retráctil, que facilita a captura das presas e uma cavidade gastrovascular
muito ramificada que, ao aumentar a área de digestão e de absorção, permite
uma distribuição mais eficiente dos nutrientes pelas suas células.

Minhoca (ser vivo eucarionte invertebrado com uma certa diferenciação):


 A minhoca é um animal com tubo digestivo completo. O alimento entra pela
boca, passa pela faringe, pelo esófago e deste para o papo, onde se procede à
sua humidificação e acumulação. Em seguida move-se para a moela, que o
tritura com o auxílio de grãos de areia. O alimento fracionado por digestão
mecânica é, então, encaminhado para o intestino, onde, para além de serem
libertadas enzimas que completam a digestão (digestão intracorporal
extracelular), ocorre a absorção das substâncias mais simples. Os resíduos
alimentares são eliminados pelo ânus.
 O intestino da minhoca apresenta uma prega dorsal- tiflossole- que aumenta
consideravelmente a área de superfície de absorção.

Ser
Humano (ser vivo eucarionte vertebrado bem diferenciado):
 O ser humano apresenta, à semelhança de todos os vertebrados, tubo
digestivo completo e digestão intracorporal extracelular.
 Cada uma das áreas do seu tubo digestivo está especializada na realização de
determinadas funções. A digestão mecânica e química inicia-se
na boca, pela ação dos dentes e da saliva, respetivamente,
mas é no estômago e sobretudo no intestino delgado, que
ocorre a maior parte do processo digestivo. Além do
estômago, também o intestino delgado produz enzimas
digestivas específicas, recebendo ao mesmo tempo o suco
pancreático e a bílis oriundos dos órgãos anexos, o pâncreas e
fígado, respetivamente. Depois de terminada a digestão,
inicia-se a absorção ao nível do intestino delgado. Este
processo é facilitado pela existência de projeções ricamente vascularizadas da
superfície intestinal, nomeadamente válvulas coniventes, vilosidades intestinais
e microvilosidades. Após a absorção, os resíduos alimentares acumulam-se no
intestino grosso e são, por último, expulsos a partir do ânus.

Obtenção de Matéria pelos seres autotróficos:


Todos os seres vivos necessitam de energia para realizar as suas funções vitais. Essa
energia encontra-se armazenada nos compostos orgânicos que são produzidos,
essencialmente, pelas plantas verdes, assegurando-se a conversão de energia luminosa
em energia química- seres fotoautotróficos. Por outro lado, algumas bactérias, que
vivem no solo ou nas águas hidrotermais, não utilizam a energia luminosa para a
síntese de compostos orgânicos, mas a energia libertada aquando da oxidação de
certas substâncias inorgânicas- seres quimioautotróficos.

Fotossíntese:
O processo autotrófico mais conhecido é a fotossíntese, que é realizada pelas plantas,
por alguns protistas (incluindo as algas) e pelas cianobactérias, que utilizam a energia
luminosa para produzir compostos orgânicos a partir de dióxido de carbono e água de
acordo com: 6 CO2 + 12 H2O C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O.

Captação de energia luminosa:


Os cloroplastos são os organelos onde se realiza a fotossíntese nas plantas e, embora
todas as partes verdes das plantas os possuam, é nas folhas que estes existem em
maior número. Os cloroplastos são delimitados por duas membranas, uma externa e
outra interna. Esta última invagina-se e origina um conjunto de unidades achatadas e
sobrepostas, denominadas de tilacoides, que encerram as clorofilas, pigmento
fotossintético mais abundante nas plantas que lhes confere cor verde (uma coluna de
tilacoides é denominada de granum e um conjunto destes de grana). O fluido nos quais
os tilacoides estão suspensos é designado estroma.
A energia emitida pelo Sol engloba um largo espetro de radiações com diferentes
comprimentos de onda, conhecido como espetro eletromagnético. Os comprimentos
de onda entre os 380 e os 750 nm correspondem à radiação visível pelo olho humano.
A luz visível (ou luz branca), quando passa através de um prisma ótico, decompõe-se
nas suas radiações constituintes, que vão desde o violeta até ao vermelho, à
semelhança do que acontece com um arco-íris. A luz, por sua vez, propaga-se através
de partículas denominadas fotões.
Quando uma radiação incide sobre certas moléculas, os fotões serão absorvidos pelas
mesmas e um eletrão das moléculas adquire energia, passando do seu estado
fundamental a um estado excitado, ou seja, passa para um nível energético superior.
Ao regressar ao seu estado fundamental, esse eletrão liberta energia sob a forma de
calor. Se a energia transmitida pelo fotão for muito elevada, o eletrão pode ser
transmitido para uma outra molécula aceitadora de eletrões. Quando uma molécula
perde um eletrão, a sua carga elétrica aumenta, ficando oxidada. O aceitador de
eletrões, pelo contrário, fica reduzido. Este conjunto de reações designa-se oxidação-
redução ou reações de oxirredução.
Quando a luz incide sobre as folhas, as clorofilas absorvem, essencialmente, as
radiações do espetro visível de comprimentos de onda correspondentes ao azul-violeta
e ao vermelho-laranja. As radiações com comprimentos de onda correspondentes à
zona verde do espetro são, essencialmente, refletidas e daí vermos as folhas de cor
verde. Pode, assim, ser estabelecida uma relação entre o espetro de absorção dos
pigmentos fotossintéticos e o espetro de ação da fotossíntese, que representa a
eficácia fotossintética em função dos comprimentos de onda das diferentes radiações
absorvidas.

Processo Fotossintético:
A fotossíntese compreende dois processos complementares: a fase fotoquímica, que
engloba as reações bioquímicas que dependem diretamente da luz; a fase química,
que engloba as reações bioquímicas que não dependem diretamente da luz.
A fase fotoquímica ocorre na membrana dos tilacoides existentes nos cloroplastos e
nas lamelas fotossintéticas. No decurso desta etapa, a energia luminosa é convertida
em energia química.
As reações fotossintéticas iniciam-se com a captação da energia luminosa (fotões)
pelos pigmentos fotossintéticos. Estes encontram-se organizados em fotossistemas,
que funcionam como antenas coletoras para a absorção de energia.
Quando a luz os atinge ocorre a excitação das moléculas, sendo a energia transferida
dos pigmentos mais periféricos para o complexo centro de reação, onde se encontram
presentes clorofilas. As moléculas de clorofila ficam excitadas, libertando eletrões, que
são recebidos por um aceitador primário. Em consequência destes fenómenos, as
moléculas de clorofila sofrem oxidação e o aceitador primário fica reduzido. Origina-se,
assim, uma corrente de eletrões, que se propaga ao longo de uma sucessão de
proteínas dispostas na membrana dos tilacoides (citocromos), a qual se denomina
cadeia transportadora de eletrões. Ao longo da referida cadeia, à medida que os
eletrões vão sendo transferidos, de proteína em proteína, verifica-se a perda de
energia numa série de oxidações-reduções. Parte da energia libertada é utilizada para
formar ATP (adenosina trifosfato), que constitui uma fonte de energia diretamente
utilizável pelas células. No fotossistema I existe um fluxo de eletrões cíclico e apenas a
formação de ATP.
A hidrólise de ATP é uma reação exoenergética/exergónica, uma vez que ocorre
libertação de energia para o meio, que pode ser utilizada em atividades celulares. A
reação inversa, que implica a fosforilação do ADP, trata-se de uma reação
endoenergética/endergónica, pois requer o consumo de energia para o
estabelecimento de uma nova ligação química.
No fotossistema II, as moléculas de clorofila do
complexo centro de reação precisam de eletrões
para compensar a perda ocorrida para o aceitador
primário, pelo que a sua instabilidade conduz ao
desdobramento da molécula de água em átomos
de hidrogénio (de onde provêm os eletrões para
neutralizar a clorofila) e em oxigénio. Este último
corresponde a um subproduto do processo
fotossintético, sendo libertado para o meio
ambiente. A oxidação da água é, classicamente,
denominada de “fotólise”, embora não seja
promovida pela ação direta da luz, mas pela
excitação das moléculas de clorofila do complexo centro de reação.
O NADPH+ (dinucleótido de adenina nicotinamida fosfatado) funciona como um
transportador de eletrões e de hidrogénios na fotossíntese. Os protões (iões H)
resultantes da decomposição da molécula de água, juntamente com os eletrões
provenientes da cadeia de transportadores são responsáveis pela redução do NADP, a
NADPH.
A fase química do processo fotossintético, também designada por Ciclo de Calvin,
corresponde a uma cadeia cíclica de reações químicas que ocorrem no estroma dos
cloroplastos. O Ciclo de Calvin pode ser decomposto em três fases principais: fixação
do carbono, produção de compostos orgânicos (reações de redução) e regeneração do
RuDP (aceitador de CO2.).
No decurso da fixação do carbono, o dióxido de carbono combina-se com moléculas
de cinco carbonos presentes no estroma cloroplasdial, originando-se moléculas com
três carbonos (trioses).
Na fase “produção de compostos orgânicos”, verifica-se a fosforilação das trioses pelo
ATP e a sua redução pela ação do NADPH. O recurso a moléculas de ATP e NADPH
torna a fase química dependente, de
um modo indireto, da fase
fotoquímica. A síntese de uma
molécula de glicose, a partir das
referidas trioses, implica
globalmente o consumo de seis
moléculas de CO2, doze moléculas de
ATP e doze moléculas de NADPH.
Uma outra parte das trioses vai
servir para a regeneração do
aceitador de CO2, sendo para isso
necessária a mobilização de energia,
que é fornecida pela hidrólise de
ATP.
No fotossistema I, predomina a
clorofila a, enquanto no fotossistema
II predomina a clorofila b.

Distribuição de Matéria:
Para a sobrevivência dos seres vivos é necessário que as células recebam os nutrientes
essenciais e eliminem os resíduos resultantes das suas atividades metabólicas.
Nos organismos unicelulares ou multicelulares com reduzido grau de diferenciação, a
relativa proximidade entre células e entre estas e o exterior possibilita o transporte de
materiais célula a célula, mediante processos transmembranares já descritos (difusão,
transporte ativo, endocitose e exocitose).
Por sua vez, nos seres vivos multicelulares com elevada especialização (globalidade
das plantas e dos animais), a distância entre algumas células e entre estas e o meio
externo requer a existência de sistemas de transporte especializados, para que a
permuta de matéria e energia seja efetuada num período de tempo compatível com a
manutenção da integridade do organismo.
Transporte nas Plantas:
Evolutivamente, as plantas terão resultado das algas verdes e a aquisição de certas
características terá sido crucial para a sua adaptação ao meio terrestre. As plantas de
reduzido porte, como os musgos, encontram-se ainda muito dependentes da água
presente no meio exterior e correspondem, usualmente, a plantas não
vasculares/avasculares, dada a ausência de sistema de transporte
especializados/tecidos condutores e a distribuição dos materiais ser feita célula a
célula. As plantas vasculares (por exemplo, os fetos, o pinheiro e plantas com flor-
Angiospérmicas), de elevada dimensão, possuem um sistema duplo de transporte:
xilema, que efetua o transporte- translocação- da seiva bruta (água e sais minerais) e
o floema, onde se move seiva elaborada (água e compostos orgânicos).

Caracterização e Localização dos Sistemas de Transporte:


Os tecidos condutores têm continuidade ao longo de toda a planta, garantindo a
translocação ascendente da seiva bruta das raízes até aos órgãos fotossintéticos e o
movimento bidirecional (ascendente e descendente) da seiva elaborada, que assim é
distribuída por todas as células vivas das plantas.

Xilema ou Lenho ou Tecido traqueano:


Elementos condutores (células mortas, onde circulam a água e os sais minerais):

 Elementos de vasos: células sem paredes transversais e cujas paredes laterais


apresentam espessamentos de lenhina (substância impermeabilizadora).
 Tracoides ou traqueídos: células longas e de extremidades afiladas; contactam
entre si, formando tubos; paredes com lenhina.
Fibras lenhosas (células mortas): Apresentam paredes espessas devido à deposição de
lenhina e desempenham função de suporte.
Parênquima lenhoso (células vivas): Desempenha importantes atividades metabólicas,
tais como a fotossíntese, o armazenamento ou a secreção de substâncias; possui,
essencialmente, função de reserva.

Floema ou Líber ou Tecido Crivoso:


Células dos tubos crivosos (células vivas, onde circulam a água e as substâncias
orgânicas): Células ligadas entre si pelos topos cujas paredes de contacto possuem
uma série de orifícios, que se assemelham a um crivo (placas crivosas); quase não têm
organelos;
Células de companhia (células vivas): Encontram-se junto das células dos tubos
crivosos, com as quais mantêm ligações citoplasmáticas. Apresentam um elevado
número de mitocôndrias. Servem de apoio.
Parênquima Floémico (células vivas): Composto por células pouco diferenciadas com
função de reserva.
Fibras (células mortas): Desempenham função de suporte.

Absorção de água e de solutos pelas Plantas:


A água e os sais minerais necessários às diversas atividades das plantas são
preferencialmente absorvidos ao nível radicular, nomeadamente por células
epidérmicas não cutinizadas e que apresentam prolongamentos que aumentam a área
de superfície de contato com a solução do solo (pelos radiculares) e,
consequentemente, a sua capacidade de absorção.
Usualmente, o meio interno das células radiculares apresenta-se hipertónico
relativamente ao exterior, pelo que a água tende a entrar na planta por osmose.
Os sais minerais, quando em concentrações elevadas na solução do solo, entram nas
células radiculares por difusão. Porém, é mais comum verificar-se excesso de sais
minerais no interior da raiz, o que conduz à sua entrada por transporte ativo. Este
último processo transmembranar é o principal mecanismo responsável pela criação e
manutenção do gradiente osmótico que assegura a chegada de seiva bruta ao xilema
radicular.

Fatores ambientais que influenciam a captação de água e sais minerais


pelas plantas:
Arejamento do solo: Um solo pouco arejado interfere negativamente com a absorção
radicular, pois possui pouco oxigénio disponível. Assim, o processo respiratório das
células radiculares fica comprometido e não se produz energia suficiente para o
transporte ativo de sais minerais.

Salinidade excessiva do solo: Uma concentração salina muito elevada na solução do


solo diminui a taxa de absorção radicular porque baixa o gradiente osmótico entre as
células epidérmicas da raiz e o meio externo.
Baixas temperaturas ambientais: As baixas temperaturas ambientais podem
contribuir para a diminuição da absorção radicular caso conduzam à congelação do
solo, encontrando-se a água do meio externo no estado sólido.
Elevadas temperaturas ambientais (compatíveis com a vida): Em plantas de grande
porte, um aumento da temperatura ambiental pode elevar a taxa de
evapotranspiração e, consequentemente, a taxa de absorção radicular para que haja a
reposição de água.

Transporte no Xilema:
O movimento ascensional da seiva bruta tem início na raiz e termina ao nível das
folhas. A translocação xilémica é unidirecional, envolve a ação de forças físicas e pode
ser explicada pelas hipóteses da pressão radicular e da adesão-coesão-tensão.

Hipótese da pressão radicular:


Em certas plantas, a ascensão de água e de sais minerais ao longo do xilema pode ser
explicada pela existência de uma pressão positiva exercida ao nível do xilema radicular
– pressão radicular. A acumulação de sais minerais na raiz deve-se à ocorrência de
transporte ativo, que aumenta o gradiente de concentração de soluto entre a solução
do solo e o interior da raiz. Este aumento desencadeia o movimento de água, por
osmose, para o interior das células radiculares, gerando forças osmóticas que impelem
a água e os sais minerais a subirem passivamente ao longo dos elementos condutores
do xilema.
Os fenómenos de exsudação caulinar e de gutação comprovam a existência de pressão
radicular. A exsudação corresponde à saída contínua de seiva bruta através de um
corte efetuado no caule de uma planta e a gutação à libertação de água líquida a partir
das margens das folhas.
Observações desfavoráveis à teoria da pressão radicular:

 A pressão radicular de muitas plantas é insuficiente para explicar a subida de


água até ao seu topo.
 Muitas espécies de plantas não têm exsudação nem gutação.
 Há espécies onde os caules cortados absorvem água em vez de a exsudarem.
 Há espécies com pressão radicular nula.

Hipótese da ade-são-coesão-tensão:
As moléculas de água aderem às paredes dos vasos xilémicos facilitando, juntamente
com a coesão, a manutenção da coluna de água- Adesão.
Há tendência das moléculas de água se ligarem as outras, através de “pontes de
hidrogénio” - Coesão.
Tensão: A água perdida pelos estomas (transpiração) vem das células do mesófilo. A
concentração de solutos nessas células aumenta. Isto causa aumento da pressão
osmótica nestas células, que retiram mais água do xilema.

Transporte no Floema:
A translocação (transporte) ocorre desde as fontes (células fotossintéticas) até aos
sumidouros (órgãos em crescimento ou órgãos de reserva em desenvolvimento). O
fluxo pode ser em qualquer direção,
independentemente da gravidade. Açúcares
produzidos nas células fotossintéticas (sacarose)
passam para as células de companhia e, daqui, para
os tubos crivosos, por transporte ativo. Isto origina
um aumento da pressão osmótica nos tubos crivosos
e a água passa do xilema para o floema. A entrada de
água faz aumentar a pressão de turgescência nos
tubos crivosos, próximos da fonte. Simultaneamente,
nos tubos crivosos próximos do sumidouro a pressão
de turgescência é menor. Esta diferença de pressão
determina um fluxo de massa (água e solutos) na
direção dos sumidouros. A sacarose é retirada do
floema (TA) para os locais de consumo/reserva. A
pressão osmótica diminui e a água regressa ao xilema (osmose).

Transporte nos animais:


Os animais aquáticos com reduzido grau de diferenciação, tais como a hidra e a
planária, em que o número de camadas celulares é diminuto não apresentam um
sistema de transporte especializado, dado que praticamente todas as suas células
estão próximas da cavidade gastrovascular ou do exterior. Assim sendo, ocorre difusão
direta de substâncias entre as células e o meio.
Nos animais com elevado grau de diferenciação, como as aves e os mamíferos, a
distância existente entre as superfícies de absorção dos micronutrientes e as células
impossibilita a difusão célula a célula, exigindo um sistema de transporte
especializado. Este compreende fluidos circulantes (hemolinfa ou sangue e linfa), um
órgão propulsor (coração) e um conjunto de vasos ou lacunas.

Sistemas de transporte:
Sistemas circulatórios abertos e fechados:
Os sistemas de transporte podem ser classificados em dois tipos fundamentais:
abertos e fechados.
Nos insetos, o sistema circulatório é composto por um vaso dorsal provido de
pequenas dilatações (coração tubular) que impulsiona o fluido circulante da região
posterior para a região anterior. A esse nível, o fluido sai para as cavidades corporais
(lacunas ou seios), que constituem o hemocélio, entrando em contacto direto com as
células. Posteriormente, o fluido retorna ao sistema circulatório através de orifícios
existentes no seu coração tubular (ostíolos) devido à força de sucção que é gerada
quando este órgão se encontra em relaxamento. Em seguida, os ostíolos fecham, o
coração contrai e o fluido é de novo impelido para a região anterior do animal. Este
tipo de sistema circulatório é aberto, pois o fluido circulante abandona os vasos e
mistura-se com o fluido intersticial, que por esse motivo recebe a designação de
hemolinfa.
Na minhoca, o sangue move-se sempre no interior de vasos, não se misturando com o
fluido intersticial, pelo que apresenta um sistema circulatório fechado. Neste animal
verifica-se a presença de um vaso dorsal e de um vaso ventral ligados entre si. No vaso
dorsal, o sangue flui da região posterior para a região anterior onde existem cinco
vasos (arcos aórticos ou corações laterais) que, ao se contraírem, impulsionam o
sangue para o vaso ventral. O intercâmbio de materiais ocorre entre o sangue
presente nos capilares e o fluido intersticial que banha as células.
Nos sistemas circulatórios fechados, o sangue ao mover-se mais rapidamente, garante
maior eficácia ao nível do transporte de nutrientes e oxigénio e da remoção de
metabolitos (produtos do metabolismo) e, assegura, consequentemente, taxas
metabólicas mais elevadas.
Os insetos, apesar de apresentarem um sistema circulatório aberto em que a
velocidade de circulação da hemolinfa é baixa, evidenciam uma elevada taxa
metabólica. A aparente contradição é explicada pelo facto dos gases respiratórios
serem conduzidos diretamente aos tecidos, assegurando, assim, a eficácia das trocas
gasosas e o elevado metabolismo.

O transporte nos vertebrados:


 Simples (O sangue realiza um único trajeto, passando uma só vez pelo coração, em
cada circulação):

1. Coração com duas câmaras cardíacas/cavidades (uma aurícula e um ventrículo),


atravessado apenas por sangue venoso.
2. O sangue venoso, proveniente dos diferentes órgãos, entra na aurícula. Esta
contrai e conduz o sangue para o ventrículo.
3. A contração do ventrículo impulsiona o sangue para os capilares branquiais,
onde ocorrem as trocas gasosas. O sangue venoso converte-se em sangue
arterial devido à ocorrência de hematose (remoção do dióxido de carbono e a
incorporação de oxigênio no sangue) branquial.
4. Dos capilares branquiais, o sangue segue para os capilares sistémicos dos
tecidos, sob baixa velocidade e pressão, o que faz com que a chegada de
nutrientes e oxigénio às células e a remoção de metabolitos seja pouco
eficiente, comprometendo o seu metabolismo.

 Dupla (O sangue efetua dois trajetos distintos: circulação pulmocutânea ou


pulmonar e a circulação sistémica, passando duas vezes no coração em cada
circulação):

1) Pode ser incompleta:

a) Coração com três câmaras cardíacas/cavidades (duas aurículas e um


ventrículo). Na generalidade dos répteis existe já um septo interventricular
incompleto.
b) O sangue venoso, proveniente dos diferentes órgãos, entra na aurícula direita,
enquanto a aurícula esquerda é atravessada por sangue arterial proveniente da
pele e dos pulmões (anfíbios) e dos pulmões (répteis).
c) O ventrículo único recebe sangue venoso e sangue arterial (circulação
incompleta). Porém, a mistura é apenas parcial, pois existe desfasamento na
contração auricular. No caso dos répteis a mistura é ainda menos expressiva
devido à presença do septo interventricular incompleto.
d) A circulação pulmocutânea (anfíbios) ou pulmonar (répteis) corresponde à
trajetória que o sangue venoso efetua desde o ventrículo até à pele e/ou
pulmões. Aí converte-se em sangue arterial e retorna ao coração,
nomeadamente à aurícula esquerda.
e) A circulação sistémica compreende o trajeto do sangue desde o ventrículo até
aos tecidos. Aí o sangue converte-se em venoso e regressa ao coração, dando
entrada na aurícula direita.
f) A circulação dupla e incompleta permite que o sangue alcance os tecidos sob
maior velocidade e pressão do que a circulação simples. Porém, a mistura
parcial que ocorre ao nível do ventrículo afeta o teor de oxigénio no sangue e,
consequentemente, nos tecidos, o que interfere negativamente com o
metabolismo dos seres vivos.

2) Pode ser completa:

a) Coração com quatro câmaras cardíacas/cavidades (duas aurículas e dois


ventrículos). Existe um septo interventricular completo.
b) Enquanto a parte direita do coração é atravessada por sangue venoso, na parte
esquerda circula sangue arterial (circulação completa).
c) Verifica-se circulação pulmonar e circulação sistémica, sem mistura de sangue
arterial com sangue venoso.
d) A circulação dupla e completa presente em aves e mamíferos assegura uma
maior oxigenação celular e consequentemente uma maior eficiência
metabólica. Estes seres vivos ativam mecanismos de regulação da temperatura
corporal e realizam outras atividades, o que lhes confere uma maior
capacidade de adaptação perante diferentes condições ambientais.

Circulação nos mamíferos:


O coração dos mamíferos é um órgão constituído por três
camadas: o pericárdio, miocárdio e endocárdio. O
miocárdio corresponde a uma camada musculosa mais bem
desenvolvida nos ventrículos do que nas aurículas, em
particular no ventrículo esquerdo. As diferenças de
espessura do miocárdio nas cavidades cardíacas encontram-
se relacionadas com as distâncias para os quais o sangue é impulsionado.
O coração efetua ritmicamente movimentos de contração (sístole) e de relaxamento
(diástole). As artérias correspondem aos vasos sanguíneos que encaminham o sangue
(venoso ou arterial) para fora do coração. Por estarem diretamente associadas aos
ventrículos transportam, o sangue sob elevada pressão e velocidade. Com o aumento
da distância ao órgão propulsor subdividem-se em arteríolas, que por sua vez se
ramificam em capilares sanguíneos. A este nível, e devido ao reduzido diâmetro destes
vasos, a resistência ao fluxo aumenta e conduz à saída de certos componentes do
plasma para o fluido intersticial. A elevada área total dos capilares, a par da sua parede
fina e da diminuição da velocidade do sangue, aumenta a eficácia das trocas de
materiais entre este e o fluido que banha as células. Os capilares reúnem-se em
vénulas e estas em veias, que transportam o sangue de regresso às aurículas. As veias
transportam o sangue sob pressão muito reduzida, embora a uma velocidade
relativamente elevada.
Apesar da baixa pressão ao nível das veias, o regresso do sangue ao coração é sempre
possível devido:
1. à ação dos músculos esqueléticos que rodeiam as veias e que, durante os
movimentos, as comprimem, aumentando a pressão sobre o sangue.
2. à existência de válvulas venosas que impedem o retrocesso do sangue.
3. aos movimentos ventilatórios de inspiração e expiração.
4. à diminuição da pressão nas aurículas aquando de movimentos de diástole.
Endotélio: camada fina de tecido epitelial que reveste
a parede interna de todos os vasos sanguíneos.
Epitélio: (do grego epí, «sobre» + thelé, «mamilo») é
um dos quatro tipos de tecidos básicos
do organismo humano. Possui duas funções principais:
a primeira é o revestimento da superfície externa e de
diversas cavidades internas do organismo e a segunda
é a secreção e excreção de substâncias.

Fluidos circulantes – sangue e linfa:


Os fluidos circulantes correspondem a meios de transporte, distribuição e remoção de
inúmeras substâncias e asseguram o metabolismo celular. Na generalidade dos
vertebrados existem dois tipos de fluidos circulantes: o sangue e a linfa,
habitualmente referenciados como o meio interno de tais organismos.

 Sangue:

1. É formado pelo plasma (fração líquida maioritária) e elementos figurados


(hemácias ou eritrócitos ou glóbulos vermelhos; leucócitos ou glóbulos
brancos; plaquetas sanguíneas ou trombócitos).
2. É um fluido que circula no interior de vasos ou em cavidades corporais (neste
caso mistura-se com o fluido intersticial e passa a denominar-se hemolinfa),
sendo bombeado pelo coração.
3. Desempenha, essencialmente, função de transporte (de gases respiratórios,
nutrientes, hormonas, produtos de excreção).
4. Contribui para o equilíbrio osmótico, assim como para o equilíbrio ácido-base
do organismo.
5. Intervém na termorregulação (regulação da temperatura corporal), na medida
em que distribui o calor por todo o organismo.
6. Possui papel protetor contra agentes estranhos, devido à ação dos glóbulos
brancos.

 Linfa:

1. É um fluido rico em lípidos, com composição semelhante à do plasma


sanguíneo, mas distinta da do sangue (não apresenta hemácias, nem plaquetas
sanguíneas).
2. Ao nível dos tecidos, quando em contacto com as células, denomina-se linfa
intersticial.
3. A linfa intersticial forma-se a partir do sangue, interage com as células
mediante troca de substâncias e retorna direta ou indiretamente ao sangue.
4. A linfa intersticial que não regressa ao sangue a partir dos capilares sanguíneos
e que passa para o interior de capilares linfáticos designa-se linfa circulante.
Esta tem, portanto, origem na linfa intersticial e é lançada na corrente
sanguínea em veias que abrem na veia cava superior.
5. Serve de intermediário entre as células e o sangue, pois muitas das células não
se encontram em contacto com capilares sanguíneos.
6. Participa no transporte dos produtos resultantes da digestão dos lípidos
absorvidos ao nível das vilosidades intestinais.
7. Faz parte do sistema imunitário, estando associada à defesa do organismo.

Transformação e utilização de energia pelos seres vivos:


As células de todos os seres vivos requerem energia para a realização das suas
atividades, sendo a matéria orgânica resultante dos processos de autotrofia,
nomeadamente de fotossíntese, o ponto de partida para a obtenção de energia
biologicamente útil (ATP) através de vias catabólicas. As vias catabólicas
correspondem à degradação (oxidação) de substâncias orgânicas e integram:

 desidrogenações – reações bioquímicas de remoção de hidrogénio;


 descarboxilações – reações bioquímicas de remoção de dióxido de carbono;
 fosforilação do ADP – reações bioquímicas de adição de fósforo;
Todas estas reações são catalisadas por enzimas e nas desidrogenações, devido à
transferência de eletrões oriundos da matéria orgânica para moléculas aceitadoras de
protões e eletrões (NAD+ e FAD), verificam-se fenómenos de oxidação-redução/
oxirredução.
Na natureza existem serres vivos:
 anaeróbios obrigatórios – que vivem na ausência de oxigénio, ou seja,
anaerobiose;
 aeróbios obrigatórios – que vivem obrigatoriamente da presença de oxigénio,
ou seja, aerobiose;
 anaeróbios facultativos – utilizam, preferencialmente, a via anaeróbia, embora
mediante determinadas condições possam usar a via aeróbia;

As principais vias catabólicas de obtenção de energia são a fermentação e a


respiração.

Fermentação e respiração aeróbia:


Glicólise (etapa comum à fermentação e à respiração):
A glicólise é a primeira etapa da fermentação e
da respiração aeróbia, ocorre no hialoplasma e
consiste, fundamentalmente, na oxidação da
molécula de glicose (molécula com 6 átomos
de carbono) em duas moléculas de ácido
pirúvico (molécula com 3 átomos de carbono).
Apresenta um rendimento energético de 2
moléculas de ATP.
1. Consomem-se duas moléculas de ATP
que, ao serem desfosforiladas, fosforilam a glicose.
2. A nova molécula fosforilada sofre oxidação pelo NAD+ e desfosforilação por
duas moléculas de ADP, formando duas moléculas de ácido pirúvico e quatro
moléculas de ATP, sendo que o balanço energético final é de 2 moléculas de
ATP.

Fermentação alcoólica e fermentação lática:


A fermentação é um processo de obtenção de energia através do catabolismo de
compostos orgânicos que pode ser realizado em condições anaeróbias que
compreende duas etapas sequenciais: a glicólise e a redução do ácido pirúvico ou
piruvato, que também ocorre ao nível do hialoplasma.
Fermentação alcoólica:
A fermentação alcoólica é realizada por leveduras (fungos unicelulares). Esta via
metabólica liberta dióxido de carbono (descarboxilação) e converte a glicose em
etanol/álcool etílico. Como este último produto possui uma energia potencial química
elevada pode afirmar-se que a glicose sofreu oxidação parcial, pelo que o seu
rendimento energético é reduzido, 2 ATP (cerca de 2% da energia total da glicose).
Ocorre descarboxilação e redução do ácido pirúvico.

Fermentação láctica:
A fermentação láctica é realizada por bactérias lácticas e, em certas situações, pelas
células dos músculos esqueléticos, durante a prática de exercício físico intenso, como
suplemento energético. Ocorre redução do ácido pirúvico. A fermentação láctica
revela-se também um processo catabólico energeticamente pouco rentável (2 ATP por
molécula de glicose). O produto final deste processo catabólico (ácido láctico/ lactato)
tem uma energia potencial química elevada pelo que se pode dizer que a glicose
sofreu oxidação parcial.

Respiração aeróbia:
A respiração aeróbia é um processo de obtenção de energia, realizado na presença de
oxigénio, que permite a degradação total da molécula de glicose e que apresenta um
rendimento energético muito superior ao da fermentação.
Nos seres eucariontes aeróbios grande parte da via
metabólica ocorre no interior da mitocôndria. Este
organelo evidencia dupla membrana, projeções da
membrana interna denominadas cristas mitocondriais
e uma região delimitada pela membrana interna e
preenchida por fluido, que corresponde à matriz
mitocondrial.
A respiração aeróbia contém quatro etapas: glicólise, formação da acetil-coenzima A,
ciclo de Krebs e cadeia respiratória ou fosforilação oxidativa.

Formação da acetil-coenzima A:
As reações desta etapa ocorrem na matriz
mitocondrial. Cada molécula de ácido
pirúvico experimenta uma descarboxilação,
libertando-se CO2, e uma oxidação,
formando-se NADH e H. Reação catalisada
pela coenzima A. Forma-se acetil-coenzima A.
Ciclo de Krebs:
O ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico ocorre na matriz mitocondrial e inicia-se
através da reação do ácido oxaloacético (4C) com acetil-CoA (2C), originando-se o
ácido cítrico (6C) e a coenzima A, que abandona o ciclo e volta a catalisar a formação
de acetil-CoA.
O ácido cítrico experimenta uma descarboxilação, libertando-se CO2, e uma oxidação,
fornecendo eletrões para a redução
de NAD+, pelo que se converte
numa molécula com 5 carbonos.
Esta molécula (5C) experimenta as
mesmas reações novamente, dando
lugar a uma molécula com 4
carbonos. A desfosforilação desta
molécula (4C) associada à
mobilização de energia permite a
síntese de uma molécula de ATP. O
composto sofre, então, duas
oxidações, reduzindo o FAD e o
NAD+, originando ácido oxaloacético que acionará um novo ciclo.

Cadeia respiratória:
A cadeia respiratória acontece na membrana interna da mitocôndria, em concreto, ao
nível das cristas mitocondriais.
Recebe também a designação de fosforilação oxidativa, uma vez que engloba uma
elevada produção de ATP associada a reações de oxidação-redução. Por outro lado,
embora o ciclo de Krebs só ocorra em condições aeróbias, o oxigénio é diretamente
utilizado apenas nesta fase.
Todas as moléculas de NADH + H+ e de FADH2, formadas no decurso das etapas
anteriores, sofrem oxidação, ao transferirem os eletrões que transportam para um
conjunto de proteínas
membranares. A energia
libertada aquando de tal
processo é mobilizada para a
síntese de ATP. O fluxo de
eletrões é unidirecional, pois
cada proteína apresenta um
nível energético inferior ao da
proteína anterior. O acetor
final desta cadeia
transportadora de eletrões é o oxigénio que reage com os eletrões e com os protões
oriundos da oxidação do NADH + H+ e do FADH2, dando origem a uma molécula de
água.
O rendimento energético da respiração aeróbia é de 36 moléculas de ATP: 2 formadas
durante a glicólise, outras duas formadas durante o ciclo de Krebs e 32 resultantes da
cadeia respiratória. Neste processo, uma fração diminuta da energia fica retida nos
produtos finais (CO2 e água) e ocorre, ainda, alguma perda de energia sob forma de
calor. Pode, no entanto, afirmar-se que a glicose é completamente oxidada.

Trocas gasosas em seres multicelulares:


Em função do seu metabolismo, a generalidade dos seres vivos encontra-se
dependente de um fluxo constante de entrada de oxigénio parra as células e remoção
de dióxido de carbono a partir das mesmas.

Trocas gasosas nas plantas:


As plantas realizam a fotossíntese, a respiração aeróbia e a transpiração, processos
centrais para a sua sobrevivência e que implicam intercâmbio de dióxido de carbono,
oxigénio e vapor de água com o meio exterior.
Nas plantas, ao nível dos órgãos aéreos, existem estruturas que efetuam o controla
das trocas gasosas com a atmosfera envolvente – os estomas.

Cada estoma é composto por duas células em forma de feijão (células-guarda/


estomáticas/ oclusivas), que rodeiam uma abertura denominada ostíolo. Estas células
possuem cloroplastos e paredes celulares desigualmente espessadas. A porção da
parede que rodeia o ostíolo é mais espessa e rígida do que a porção que contacta com
as células epidérmicas adjacentes, que evidencia maior elasticidade. Tal
particularidade morfológica permite-lhes variar a abertura estomática em função do
seu grau de turgescência, controlando a taxa de transpiração e influenciando a
translocação floémica.

 Abertura estomática
a. A presença de luz ativa o transporte ativo de iões K+, das células epidérmicas
adjacentes para as células-guarda.
b. Aumenta a pressão osmótica no interior das células-guarda.
c. A água move-se, por osmose, das células epidérmicas adjacentes para as
células-guarda.
d. As células-guarda ficam túrgidas.

1. Fecho estomático
a. A ausência de luz promove a difusão de iões K+, das células-guarda para as
células epidérmicas adjacentes.
b. Diminui a pressão osmótica no interior das células-guarda.
c. A água move-se, por osmose, das células-guarda para as células epidérmicas
adjacentes.
d. As células-guarda entram em plasmólise.
Fatores que podem interferir com a abertura e fecho dos estomas e,
consequentemente, com a taxa transpiratória:
 Temperatura atmosférica:
a) Um aumento de temperatura atmosférica baixa a humidade relativa do ar na
proximidade da superfície externa dos órgãos aéreos.
b) Aumenta o gradiente de difusão de vapor de água entre o interior e o exterior
dos órgãos aéreos.
c) Aumenta a difusão de vapor de água para o exterior, elevando-se a taxa
transpiratória.

 Quantidade de água disponível no solo:


a) Uma baixa quantidade de água no solo diminui a velocidade de ascensão de
água através da planta.
b) Os estomas tendem a fechar, de modo a diminuir a taxa transpiratória.

 Humidade atmosférica:
a) Um aumento da humidade atmosférica diminui o gradiente de difusão de vapor
de água entre o interior e o exterior dos órgãos aéreos, pelo que a taxa
transpiratória tende a baixar.

 Vento/ agitação atmosférica:


a) Um vento intenso acentua o gradiente de difusão de vapor de água entre o
interior e o exterior dos órgãos aéreos, pela remoção da película de vapor de
água que se tende a instalar na sua superfície externa.
b) Aumenta a difusão de vapor de água para o exterior, elevando-se a taxa
transpiratória.

Trocas gasosas nos animais:


Os animais de reduzida dimensão apresentam um valor elevado na relação área de
superfície/ volume e por isso obtêm o oxigénio necessário através da sua superfície
corporal. Todavia, com o aumento da dimensão do organismo, a razão anteriormente
referida diminui, deixando de haver superfície corporal suficiente parra a aquisição da
quantidade certa de oxigénio e daí estes seres apresentarem superfícies respiratórias
especializadas.
As trocas gasosas entre os organismos e o meio ambiente podem efetuar-se por
difusão direta (os gases respiratórios difundem-se diretamente através da superfície
respiratória para as células, sem intervenção de um fluido circulante, como acontece
nos insetos) ou por difusão indireta (os gases respiratórios difundem-se da superfície
respiratória para um fluido circulante, que estabelece a comunicação entre as células e
o meio externo).
Neste último caso, o intercâmbio de gases que ocorre ao nível das superfícies
respiratórias designa-se hematose, verificando-se que o sangue perde CO2 e recebe
O2, transformando-se, por isso, o sangue venoso em sangue arterial (como, por
exemplo, na minhoca e nos vertebrados).
Dentro da grande diversidade de superfícies respiratórias existentes, salientam-se as
seguintes características comuns:

 são superfícies húmidas, facilitando a difusão de gases respiratórios;


 são estruturas finas formadas, geralmente, por uma só camada de células;
 apresentam-se muito vascularizadas por capilares (aplicável apenas a animais
que realizam difusão indireta);
 possuem uma morfologia que assegura uma elevada área de superfície de
contacto entre os meios interno e externo;
 as superfícies que se destacam são o tegumento ou superfície respiratória
corporal, as traqueias, as brânquias e os pulmões;

Tegumento ou superfície respiratória corporal:


 Difusão direta:
a) Animais relativamente simples, como a
hidra e a planária não apresentam
sistema respiratório especializado.
b) A elevada razão área/ volume assegura
que as trocas gasosas sejam realizadas
diretamente entre o exterior e as
células.
c) Os animais apresentam uma baixa taxa
metabólica.

 Difusão indireta:
a) Em animais como a minhoca e os anfíbios
(enquanto complemento à hematose
pulmonar), a superfície corporal (tegumento)
atua como superfície respiratória.
b) Os gases difundem-se entre a superfície do
corpo do animal e o sangue, ocorrendo, por
isso, hematose cutânea.
c) O intercâmbio de gases é facilitado pela
extensa vascularização existente sob a
superfície corporal e pela humidificação da mesma por parte de numerosas
glândulas protetoras de muco.

Traqueias:
 Difusão direta:
a) O gafanhoto e outros insetos possuem
um sistema respiratório constituído por
um conjunto de traqueias ramificadas
em traquíolas, que se dispõem por todo
o corpo do animal, contactando
diretamente com as células e efetuando
as trocas gasosas.
b) O ar entra através de aberturas existentes na
superfície corporal do animal – espiráculos.
c) As traqueias e traquíolas são invaginações da
superfície corporal.
d) Nos insetos voadores existem, junto aos músculos,
sacos de ar que funcionam como reservas de ar e
facilitam ventilação, pois a taxa metabólica durante
o voo aumenta consideravelmente.
Brânquias:
 Difusão indireta:
a) As brânquias são os órgãos respiratórios da
maior parte dos animais aquáticos e
correspondem a evaginações da superfície
corporal.
b) Nos peixes ósseos, as brânquias localizam-se
em duas câmaras branquiais, uma de cada
lado da cabeça, cobertas por uma proteção,
o opérculo. Cada brânquia é constituída por filamentos
branquiais duplos, presos a um arco branquial, e possuem várias
lamelas fortemente circundadas por capilares sanguíneos.
c) A água entra pela boca, passa pela faringe, da faringe avança
para as câmaras branquiais e depois sai pelas fendas operculares,
garantindo-se a oxigenação sanguínea (hematose branquial).
d) Nas lamelas, a água move-se em sentido contrário
ao do sangue que circula nos capilares sanguíneos,
assegurando o contacto do sangue,
progressivamente mais rico em oxigénio, com a
água, cuja pressão parcial de oxigénio é sempre
superior àquela que existe no sangue, mantendo-
se um elevado coeficiente de difusão de oxigénio. Este mecanismo, mecanismo
de contracorrente, contribui para a eficácia da hematose branquial.

Pulmões:
 Os anfíbios, os répteis, as aves e os mamíferos
apresentam pulmões (invaginações da superfície
corporal), embora o seu tamanho e complexidade
estejam relacionados com a taxa metabólica de cada
animal e, consequentemente, com a quantidade de
oxigénio necessária.
 Nos mamíferos, o ar entra pelas fossa nasais, passando
pela faringe, pela laringe, pela traqueia e pelos
brônquios, que se ramificam em bronquíolos, cujas
extremidades possuem sacos alveolares constituídos
por inúmeros alvéolos pulmonares.
 No processo de ventilação pulmonar (entrada e saída
de ar), intervêm o diafragma e os músculos
intercostais, cuja contração e relaxamento
desencadeiam a inspiração e a expiração,
respetivamente.
 Quer ao nível dos alvéolos
pulmonares, quer ao nível das
células, o sentido da difusão dos
gases respiratórios depende das
diferenças de pressão de parcial.
Nos alvéolos pulmonares, a pressão
parcial de O2 é maior no sangue
que circula nos capilares e, por isso,
o O2 difunde-se dos alvéolos para o sangue.
Por outro lado, a pressão parcial de CO2 é
menor nos alvéolos pulmonares do que no
sangue e, por isso, este difunde-se do sangue
para os alvéolos (hematose pulmonar). Ao
nível das células, a pressão parcial de O2 é
menor do que no sangue que circula nos
capilares e o O2 difunde-se do sangue para o
fluido intersticial e deste para as células. O
CO2, por sua vez, faz o percurso inverso:
difunde-se das células para o fluido intersticial e deste para o sangue, uma vez
que a pressão parcial de CO2 nas células é maior do que no sangue (hematose
tecidular).

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