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Fundamentos de Ecossistemas

FUNDAMENTAR A ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS

AUTOR(A): PROF. FELIPE DE MOURA MESSIAS

Fundamentos de Ecologia
A palavra Ecologia deriva de duas palavras gregas: oikós = casa e logos = estudo. Podemos dizer que,

literalmente, Ecologia significa o estudo da casa. Considerando, entretanto, o termo casa, como todo o
ambiente terrestre, a palavra Ecologia passa a se referir ao estudo do ambiente. Mas, para termos uma

definição histórica: “Pela palavra ecologia, queremos designar o conjunto de conhecimentos relacionados
com a economia da natureza - a investigação de todas as relações entre o animal e seu ambiente orgânico e

inorgânico, incluindo suas relações, amistosas ou não, com as plantas e animais que tenham com ele
contato direto ou indireto, - numa palavra, ecologia é o estudo das complexas inter-relações, chamadas por

Darwin de condições da luta pela vida”. Foi assim que Ernest Haeckel, em 1870, definiu ecologia. Ecologia é
um conceito que a maioria das pessoas já possui intuitivamente, ou seja, sabemos que nenhum organismo,

sendo ele uma bactéria, um fungo, uma alga, uma árvore, um verme, um inseto, uma ave ou o próprio
homem, pode existir autonomamente sem interagir com outros ou mesmo com ambiente físico no qual ele

se encontra. Ao estudo dessas inter-relações entre organismos e o seu meio físico chama-se Ecologia.

Biosfera
Os seres vivos encontram-se disseminados pelas três partes fundamentais da Terra: a atmosfera; a litosfera,

integrada pela crosta terrestre e pelo manto que a recobre; e a hidrosfera, conjunto das águas superficiais
do planeta. A biosfera, portanto, compreende as porções de terra, mar e águas continentais habitadas pelos

seres vivos. Não coincide com a atmosfera, a litosfera ou a hidrosfera isoladamente, pois abrange as três.
Populações, Comunidade e Biótopos
A biosfera é formada por milhões de espécies de seres vivos. As diferentes espécies distribuem-se em

grupos de indivíduos, chamados populações biológicas. Uma população é um conjunto de seres de mesma
espécie que vive em determinada área geográfica. O conjunto de populações de diferentes espécies que
vivem em uma mesma região constitui uma comunidade biológica, também chamada de biota, ou

biocenose. O termo "biocenose" (do grego bios, vida, e koinos, comum,público) foi criado em 1877 pelo
zoólogo alemão Karl August Möbius (1825~1908) para ressaltar a relação de vida em comum dos seres que
habitam determinado local. A comunidade de uma floresta por exemplo, compõe-se de populações de várias
espécies de arbustos, árvores, pássaros, formigas, microorganismos etc., que convivem e se inter-

relacionam. Além de se inter-relacionar, os seres vivos de uma comunidade biológica, ou seja, os


componentes bióticos da comunidade, interagem com os componentes não vivos.
Habitat e Nicho Ecológico

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O ambiente em que vive determinada espécie ou comunidade, caracterizado por suas propriedades físicas e
bióticas, é seu hábitat. Quando dizemos que certa espécie vive na praia e que outra vive na copa das
árvores, estamos nos referindo aos hábitats dessas espécies. Cada espécie de ser vivo está adaptada a seu

hábitat. Essa adaptação refere-se a um conjunto de relações e de atividades características da espécie no


local, desde os tipos de alimento utilizados até as condições de reprodução, tipo de moradia, hábitos,
inimigos naturais, estratégias de sobrevivência etc. Esse conjunto de interações adaptativas da espécie

constitui seu nicho ecológico. A palavra "nicho" (do italiano antigo nicchio) significa, originalmente, uma
cavidade ou vão na parede onde se coloca uma estátua ou imagem. Por extensão o termo "nicho" transmite
a noção de um "ambiente restrito", que inspirou o conceito de nicho ecológico, desenvolvido em 1927 pelo
zoólogo inglês Charles Sutherland Elton (1900~1991). Elton definiu nicho ecológico nos seguintes termos:

"é o conjunto de relações e atividades próprias de uma espécie, ou seja, o modo de vida único e particular
que cada espécie explora no hábitat". do ambiente, denominados componentes abióticos. Estes
compreendem aspectos físicos e geoquímicos do meio, constituindo o biótopo (do grego bios, vida, e topos,

lugar), termo que significa "região ambiental em que vive a biocenose". No exemplo da floresta, o biótopo é
a área que contém o solo (com seus minerais e água) e a atmosfera (com seus gases, umidade, temperatura,
grau de luminosidade etc.)
Ecossistema
Conjunto de seres vivos e do meio ambiente em que eles vivem, e todas as interações desses organismos
com o meio e entre si. São exemplos de ecossistema uma floresta, um rio, um lago ou um jardim. A própria

camada ao redor da Terra onde vivem todos os organismos vivos, chamada de biosfera, é considerada por
alguns cientistas um único e enorme ecossistema. Os ecossistemas apresentam dois componentes básicos:
as comunidades vivas (biótico) e os elementos físicos e químicos do meio (abiótico). A parte biótica é
formada por plantas, animais e microrganismos. A porção abiótica é o conjunto de nutrientes, água, ar,
gases, energia e substâncias orgânicas e inorgânicas do meio ambiente. Os ecossistemas são subdivididos
em pequenas unidades bióticas, conhecidas como comunidades biológicas. São compostas de duas ou mais
populações de espécies interdependentes, como, por exemplo, o conjunto da flora e fauna de um lago. As

grandes comunidades biológicas do planeta, como a floresta Amazônica e a tundra ártica, são também
chamadas de biomas.
Cadeia Alimentar
A cadeia alimentar é uma sequência de seres vivos que dependem uns dos outros para se alimentar. É a
maneira de expressar as relações de alimentação entre os organismos de uma comunidade/ecossistema,
iniciando-se nos produtores e passando para os consumidores (herbívoros, predadores) e decompositores,
por esta ordem. Ao longo da cadeia alimentar há uma transferência de energia e de nutrientes, sempre no
sentido dos produtores para os consumidores. A transferência de nutrientes fecha-se com o retorno dos

nutrientes aos produtores, possibilitado pelos decompositores que transformam a matéria orgânica dos
cadáveres e excrementos em compostos mais simples, pelo que falamos de um ciclo de transferência de
nutrientes. A energia, por outro lado, é utilizada por todos os seres que se inserem na cadeia alimentar para
sustentar as suas funções, diminuindo ao longo da cadeia alimentar (perde-se na forma de calor),não sendo
reaproveitável. A Energia tem portanto um percurso acíclico. Esse processo é conhecido pelos ecologistas
como fluxo de energia. Organismos autotrófos– São assim chamados todos os organismos que têm a
capacidade de transformar a matéria inorgânica em matéria orgânica, normalmente, utilizando a luz solar e

produzindo o oxigênio. Têm essa capacidade todos os fotossintetizantes e quimiossintetizantes (que ao


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invés da luz solar, utilizam substâncias químicas oxidadas). Organismos heterótrofos – São assim
considerados todos os organismos que não são capazes de produzir o seu próprio alimento, tendo assim,
que utilizar a energia produzida pelos autótrofos ou mesmo por outros heterótrofos (dependendo de sua

dieta). Produtores – São sempre autótrofos, produzem alimento que será usado na cadeia, e por isso estão
obrigatoriamente no início de qualquer cadeia alimentar. A energia transformada a partir da luz solar e do
gás carbônico será repassada a todos os outros componentes restantes da cadeia ecológica. Os principais
produtores conhecidos são plantas e algas microscópicas (fitoplâncton). Consumidores – São os organismos
que necessitam alimentar-se de outros organismos para obter a energia que eles não podem produzir para
si próprios. Vão-se alimentar dos autótrofos e de outros heterótrofos podendo ser consumidores primários,
consumidores secundários, consumidores terciários e assim por diante. Na alimentação, nem toda a energia

obtida será integralmente usada, isto é, parte dessa energia não será absorvida e será eliminada com as
fezes; outra parte será dissipada em forma de calor. Assim, grande parte da energia será “perdida” no
decorrer de uma cadeia alimentar, diminuindo sempre a cada nível. Podemos, então, dizer que o fluxo de
energia num ecossistema é unidirecional começando sempre com a luz solar incidindo sobre os produtores,
e diminuindo a cada nível alimentar dos consumidores. Decompositores – São organismos que atuam
exatamente em papel contrário ao dos produtores. Eles transformam matéria orgânica em matéria
inorgânica, reduzindo compostos complexos em moléculas simples, fazendo que estes compostos retornem

ao solo para serem utilizados novamente por outro produtor, gerando uma nova cadeia alimentar. Os
decompositores mais importantes são bactérias e fungos. Por se alimentarem de matéria em decomposição
são considerados saprófitos. O conjunto de uma série de ecossistemas é chamado de teia alimentar. Nesse
caso, várias teias se entrelaçam, fazendo que as relações ecológicas sejam múltiplas e o alimento disponível
possa ser utilizado por vários indivíduos, realmente compondo um ecossistema. Teia alimentar é um
conjunto de cadeias alimentares ligadas entre si, geralmente representado como um diagrama das relações
tróficas (alimentares) entre os diversos organismos ou espécies de um ecossistema. As teias alimentares,
em comparação com as cadeias, apresentam situações mais perto da realidade, onde cada espécie se

alimenta em vários níveis hierárquicos diferentes e produz uma complexa teia de interações alimentares.
Todas as cadeias alimentares começam com um único organismo produtor, mas uma teia alimentar pode ter
vários produtores. A complexidade de teias alimentares limita o número de níveis hierárquicos, assim como
na cadeia. As teias alimentares dão uma noção mais realista do que acontece nos diversos ecossistemas
porque a relação entre dois organismos (o alimento e seu consumidor) não é sempre a mesma. Os

consumidores variam de alimento conforme sua disponibilidade no ambiente.

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Legenda: ECOSSISTEMA

Os fatores limitantes do ecossistema


Fatores Abióticos
O conjunto de todos os fatores físicos que podem incidir sobre as comunidades de uma certa região. Estes

influenciam o crescimento, atividade e as características que os seres apresentam, assim como a sua
distribuição por diferentes locais. Estes fatores variam de valor de local para local, determinando uma

grande diversidade de ambientes. Os diferentes fatores abióticos podem agrupar-se em dois tipos principais
- os fatores climáticos, como a luz, a temperatura e a umidade, que caracterizam o clima de uma região - e

os fatores edáficos, dos quais se destacam a composição química e a estrutura do solo.

Luz
A luz é uma manifestação de energia, cuja principal fonte é o Sol. É indispensável ao desenvolvimento das

plantas. De fato, os vegetais produzem a matéria de que o seu organismo é formado através de um processo
- a fotossíntese - realizado a partir da captação da energia luminosa. Praticamente todos os animais

necessitam de luz para sobreviver. São exceção algumas espécies que vivem em cavernas - espécies
cavernícolos - e as espécies que vivem no meio aquático a grande profundidade - espécies abissais.

Certos animais como, por exemplo, as borboletas necessitam de elevada intensidade luminosa, pelo que são

designadas por espécies lucífilas. Por oposição, seres como o caracol e a minhoca não necessitam de muita
luz, evitando-a, pelo que são denominadas espécies lucífugas.

A luz influencia o comportamento e a distribuição dos seres vivos e, também, as suas características
morfológicas.

A Luz e os Comportamentos dos Seres Vivos


Os animais apresentam fototatismo, ou seja, sensibilidade em relação à luz, pelo que se orientam para ela

ou se afastam dela. Tal como os animais, as plantas também se orientam em relação à luz, ou seja,

apresentam fototropismo. Os animais e as plantas apresentam fotoperiodismo, isto é, capacidade de reagir


à duração da luminosidade diária a que estão submetidos - fotoperíodo. Muitas plantas com flor reagem de

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diferentes modos ao fotoperíodo, tendo, por isso, diferentes épocas de floração. Também os animais reagem
de diversos modos ao fotoperíodo, pelo que apresentam o seu período de atividade em diferentes momentos

do dia.

Temperatura
Cada espécie só consegue sobreviver entre certos limites de temperatura, o que confere a este fator uma

grande importância. Cada ser sobrevive entre certos limites de temperatura - amplitude térmica - não
existindo nem acima nem abaixo de um determinado valor. Cada espécie possui uma temperatura ótima

para a realização das suas atividades vitais. Alguns seres têm grande amplitude térmica de existência -
seres euritérmicos - enquanto outros só sobrevivem entre limites estreitos de temperatura - seres

estenotérmicos. A Temperatura e o Comportamento dos Animais Alguns animais, nas épocas do ano em que
as temperaturas se afastam do valor ótimo para o desenvolvimento das suas atividades, adquirem

comportamentos que lhes permitem sobreviver durante esse período: animais que não têm facilidade em

realizar grandes deslocações como, por exemplo, lagartixas, reduzem as suas atividades vitais para valores
mínimos, ficando num estado de vida latente; animais que podem deslocar com facilidade como, por

exemplo, as andorinhas, migram, ou seja, partem em determinada época do ano para outras regiões com
temperaturas favoráveis. Ao longo do ano, certas plantas sofrem alterações no seu aspecto, provocados

pelas variações de temperatura. Os animais também apresentam características próprias de adaptação aos
diferentes valores de temperatura. Por exemplo, os que vivem em regiões muito frias apresentam,

geralmente, pelagem longa e uma camada de gordura sob a pele.

Água
É fator limitante de extrema importância para a sobrevivência de uma comunidade. Além de seu

envolvimento nas atividades celulares, não podemos nos esquecer da sua importância na fisiologia vegetal
(transpiração e condução das seivas). É dos solos que as raízes retiram a água necessária para a

sobrevivência dos vegetais.


Disponibilidade de nutrientes

É outro fator limitante que merece ser considerado, notadamente em ambientes marinhos.

Fatores bióticos
Conjunto de todos seres vivos e que interagem uma certa região e que poderão ser chamados de biocenose,

comunidade ou de biota. Como vimos, de acordo com o modo de obtenção de alimento, a comunidade de um
ecossistema, de maneira geral, é constituída por três tipos de seres:

Produtores: os seres autótrofos quimiossintetizantes (bactérias) e fotossintetizantes (bactérias, algas e


vegetais). Esses últimos transformam a energia solar em energia química nos alimentos produzidos.

Consumidores primários: os seres herbívoros, isto é, que se alimentam dos produtores (algas, plantas etc.)

os carnívoros que se alimentam de consumidores primários (os herbívoros). Poderá ainda haver
consumidores terciários ou quaternários, que se alimentam, respectivamente, de consumidores secundários

e terciários.
Decompositores: as bactérias e os fungos que se alimentam dos restos alimentares dos demais seres vivos.

Esses organismos (muitos microscópicos) têm o importante papel de devolver ao ambiente nutrientes
minerais que existiam nesses restos alimentares e que poderão, assim, ser reutilizados pelos produtores.

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Legenda: "MãE NATUREZA"

ATIVIDADE FINAL

Assinale a alternativa que corresponda a fatores abióticos.

A. água, luz e temperatura


B. bactérias e fungos
C. parasitas e clima
D. raios ultravioleta, poluição dos rios e lagos

REFERÊNCIA
ODUM, E. P. & BARRETT, G. W., 2007. Fundamentos de Ecologia. Editora: Thomson Pioneira
BEGON, M., TOWNSEND, C. & HARPER, J. Ecologia: de Indivíduos a Ecossistemas. Porto Alegre: Artmed,

2007.
RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
TUNDISI, J. G. & TUNDISI, T. M. Limnologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.

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