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CIÊNCIAS DO AMBIENTE E

SUSTENTABILIDADE
AULA 2

Profª Cristiane Lourencetti Burmester


CONVERSA INICIAL

Segundo o site Dicio (S.d.), ecologia é “[Biologia] Ciência que se


caracteriza pelo estudo das relações entre os seres vivos; estudo das relações
dos seres vivos com o meio orgânico ou inorgânico (em que vivem) ” ou “[Por
analogia] Análise das relações de correspondência mútua entre os seres vivos e
seu meio social, econômico ou moral” (Dicio, S.d.).
Ou seja, faz parte de nós como engenheiros trabalharmos pensando no
meio como um todo, e para que possamos melhorar o planeta no quesito
qualidade de vida, precisamos entender um pouco mais sobre ecologia.
Nesta aula, abordaremos noções gerais de ecologia. Nesta aula, veremos
alguns conceitos básicos importantes para o estudo da ecologia e também
estudaremos a biosfera. Em seguida, abordaremos os temas dos ecossistemas
e dos biomas. Por último, veremos os ciclos biogeoquímicos de alguns
elementos essenciais aos seres vivos.

TEMA 1 – INTRODUÇÃO À ECOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS

Por definição,

ecologia é um ramo da Biologia que estuda as relações entre os seres


vivos e o meio ambiente onde vivem, bem como a influência que cada
um exerce sobre o outro. A palavra Ökologie deriva da junção dos
termos gregos oikos, que significa casa e logos, que significa estudo.
(Significados, 2013)

Segunda consta, a criação desse termo é de responsabilidade do alemão


Ernst Haeckel e teve seu ápice de uso em 1960, decorrente dos movimentos
ambientalistas.
Ou seja, é a compreensão da natureza com os seus alicerces que
englobam os processos naturais produzidos, distribuídos, consumidos e
reaproveitados. Abrange desde a interação dos organismos entre si
(componentes vivos) e também com outros fatores não vivos (a luz, o solo, a
água e o ar).
Para compreender a ecologia, existem algumas ramificações, que são:
autoecologia, demoecologia, sinecologia, agroecologia, ecofisiologia e
macroecologia. As três primeiras, autoecologia, demoecologia e sinecologia são
as mais conhecidas e essa divisão foi feita pela botânico Carl Schoroter, no
começo do século XX.

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Abaixo as definições baseadas em Souza (2019):

Autoecologia: Estuda as espécies a partir de suas relações com o meio


ambiente. Ou seja, como cada espécie (animal ou vegetal) reage
separadamente a determinados fatores ambientais (clima, vegetação,
relevo, etc.). É o um ramo científico clássico e, atualmente, seguido por
poucos cientistas.
Demoecologia: Também conhecida como Dinâmica das Populações
ou Ecologia das Populações, faz o estudo de cada população
separadamente.
Sinecologia: Também conhecida como Ecologia Comunitária, é voltada
para o estudo das comunidades de seres vivos. Foca a distribuição das
populações, suas relações ecológicas, demografia, deslocamento e
quantidades, além de se encarregar de examinar as estruturas das
cadeias alimentares, sucessões ecológicas e inter-relações entre
predadores e presas.

Concluiu-se, assim, que a ecologia que antes considerava as espécies


individualmente, depois passou a ser percebida pelas relações entre as diversas
espécies, por fim, até chegar à inter-relação entre as espécies com o meio
ambiente.
A natureza e as suas peculiaridades mostram seus níveis ecológicos de
organização – até alcançar o processo evolutivo, do simples ao complexo. Com
isso, é possível entender a ecologia moderna atual com as suas mutações.
Sabe-se que os níveis envolvem átomos, moléculas, organelas, células, tecido,
órgão, sistema, organismo, população, comunidade, ecossistema e biosfera.
Em ecologia, os estudos direcionam-se aos quatros últimos (Cassini,
2005). (Ver Figura 1).

 População – representada por indivíduos da mesma espécie (conjunto de


indivíduos semelhantes, como o Homo sapiens), que vivem em
determinada área em um determinado período (como exemplo temos uma
população de ratos em um bueiro, em um determinado dia; população de
bactérias causando amigdalite por 10 dias, 10 mil pessoas vivendo numa
cidade em 1996);
 Comunidade ou biocenose, que é o conjunto de populações de espécies
variadas e que habitam a mesma área num determinado período (como
exemplos temos os seres de uma floresta, de um rio, de um lago de um
brejo, dos campos, dos oceanos);
 Ecossistema ou sistema ecológico – é o sincronismo entre a comunidade
e o ambiente físico em que os seres vivos estão. Sendo o meio ambiente
o biótopo (formado por fatores abióticos como: solo, água, ar) e a
comunidade (formada por componentes bióticos – seres vivos);

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 Biosfera – é o conjunto de todos os ecossistemas do planeta, ou seja, é
um sistema que inclui todos os organismos vivos do planeta interagindo
com o ambiente físico como um todo (envolve todos os locais onde existe
vida, do oceano às florestas, à superfície terrestre, por exemplo). E a vida
é só possível nessa faixa porque aí se encontram os gases necessários
para as espécies terrestre e aquáticas: oxigênio e nitrogênio.

Figura 1 – A natureza e seus níveis ecológicos de organização na ecologia

Fonte: No pain No gain/Shutterstock.

Em ecologia, alguns conceitos são importantes a se destacar. Aqui, serão


delineados três deles: o meio ambiente, o habitat e o nicho ecológico. Afinal, é
preciso também saber como as relações ecológicas acontecem, a interação das
diversas espécies e os seus comportamentos. Para melhor compreender, usa-
se a comparação com as relações humanas. Pela ciência, o meio ambiente é o
conjunto de condições físicas, químicas e biológicas que cercam o ser vivo,
resultando num conjunto de limitações e de possibilidades para determinada
espécie: o meio ambiente é tudo que nos cerca. E no meio ambiente cada

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espécie considerada tem um “endereço” (habitat) e desenvolve uma “profissão”
(nicho ecológico), como na Figura 2.
Habitat - O habitat é o local onde vivem determinadas espécies e que
dependem de condições favoráveis para o desenvolvimento de suas
necessidades básicas como nutrição, proteção e reprodução (exemplo como o
habitat do leão, habitat do tatu, as florestas).
Nicho ecológico – É o papel de uma espécie numa comunidade.
Resumidamente são os hábitos e o modo de vida dos animais que representam
seu nicho (exemplo no grupo dos leões são as leoas, que caçam e cuidam dos
filhotes, enquanto os machos defendem-se de invasores).

Figura 2 – Habitat x nicho ecológico, representado na imagem, pois os animais


possuem o mesmo habitat, mas com nichos diferentes pelo modo distinto de
interação com o ambiente.

Fonte: Yumeee/Shutterstock.

TEMA 2 – BIOSFERA

Para falar de biosfera, é preciso mencionar que a Terra pode ser dividida
em litosfera (parte sólida originada a partir de rochas), hidrosfera (água geral no
planeta), atmosfera (cama de ar que engloba o planeta) e biosfera (regiões do
planeta habitadas). Ou seja, a biosfera é um conjunto de ecossistemas. O termo
é oriundo do grego bíos (vida) e sfaira (esfera). Assim, engloba as atividades de

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nutrição e de respiração das plantas, dos animais e dos microrganismos que
habitam o solo e as águas.
Assim, a biosfera compreende o conjunto dos seres vivos e no qual a vida
é permanentemente possível, ou que o ambiente é capaz de satisfazer as
necessidades básicas dos seres vivos. No site Biologia Net (S.d.), a explicação
direta define a biosfera como o conjunto de todos os ecossistemas
existentes no planeta, considerando-a, em sua totalidade, como o maior
ecossistema existente porque engloba todos os locais onde existe vida (da
área mais profunda do oceano até as grandes florestas tropicais).
Estimativas apontam que a biosfera tem cerca de 17 km de espessura e
é também a ecosfera = esfera da vida da Terra. Assim, para a sobrevivência, é
preciso fatores naturais básicos como água, luz, calor e matéria. O foco no meio
ambiente e na sustentabilidade predomina aqui, pois fatores prejudiciais à vida
são agressivos para a biosfera e para a vida.
Dados mostram que aproximadamente 71% da superfície da Terra é
coberta por água e o aquecimento se dá pela fonte externa de luz e calor (o Sol).
E bendito seja o efeito estufa, que mantém a temperatura da Terra em torno de
15ºC. Mais uma vez a vida no planeta se garante por fatores naturais.
Segundo a cientista Sylvia Earle (citada por Projeto Tamar, S.d.),

Sem o azul não haveria o verde. Os oceanos retêm 97% da água da


Terra e abrigam 97% de sua biosfera. O mar controla a química do
planeta, lançando na atmosfera a mesma água que voltará para a terra
e para o mar através da chuva, da neve, e do granizo, reabastecendo
continuamente rios, lagos e aquíferos subterrâneos.

Figura 3 – Divisão da Terra

Fonte: BlueRingMedia/Shutterstock.
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2.1 Distribuição da energia solar na Terra (Figura 4)

Dos 100% de energia solar enviada à Terra, somente 47% conseguem


atingir a sua superfície, sendo 30% energia direta e 17% energia difusa. Dos
100% iniciais, menos de 1% é utilizado pelos vegetais na produção de alimento.
Todos os processos energéticos da biosfera obedecem às duas leis da
termodinâmica. A primeira lei estabelece que “a energia do universo é
constante”, ou seja, a energia não pode ser criada nem destruída, apenas
transformada. A segunda lei diz que “a entropia no universo tende ao máximo”,
ou seja, a cada transformação, a energia passa de uma forma mais organizada
e concentrada a outra menos organizada e mais dispersa. As duas leis podem
ser observadas no fluxo contínuo e num único sentido da energia solar na
biosfera: a energia luminosa é captada pelas plantas e transformada em energia
química ou absorvida pela água, ar e solo e, posteriormente, em ambos os
casos, transformada em energia calorífica, que é irradiada para o espaço.

Figura 4 – Distribuição da energia solar na Terra

Fonte: Dias,1992.

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2.2 Biosfera e as interferências humanas

As atividades humanas são as grandes responsáveis pelo desequilíbrio


da biosfera, ou seja, as interferências prejudicais ao meio ambiente, que se
transforma e nem sempre se recicla. Para minimizar os efeitos dessa
depredação ambiental, fundou-se em 1974 o programa da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que se
chama “O Homem e a Biosfera”. Dos resíduos lançados no solo, do lixo
inadequado, dos inseticidas aos malefícios diversos, a vida na terra agradece se
tiver conscientização e mais programas voltados à preservação.
Da vida na Terra para o ano 2000, houve um avanço quando as empresas
começaram a implantar uma gestão que considera as questões ambientais, de
segurança e de qualidade, ou seja, tem-se o sistema de gestão integrada com
foco na sustentabilidade.

Saiba mais

Reserva da Biosfera é um instrumento de conservação da natureza,


instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco), em 1972. Beneficia o uso sustentável dos recursos naturais
nas áreas protegidas. Cada Reserva da Biosfera representa ecossistemas
característicos da região onde se estabelece. Existem sete Reservas
da Biosfera no país e 669 reservas da biosfera em todo o mundo. A Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) foi a primeira aprovada pela Unesco, em
1991, com o propósito de salvar o que havia restado de Mata Atlântica.
Inicialmente, incluía apenas algumas áreas isoladas nos estados de São Paulo,
Paraná e Rio de Janeiro. A adesão de órgãos ambientais, cientistas e
comunidades de outros estados fez com que a proposta evoluísse. Atualmente,
são 17 estados brasileiros (Figura 5).

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Figura 5 – Mapa das áreas de reserva pelos estados

Crédito: João Miguel.

TEMA 3 – ECOSSISTEMAS

A unidade básica no estudo da ecologia é o ecossistema, e esse termo foi


utilizado pela primeira vez em 1935, pelo ecólogo Arthur George Tansley, e só
depois passou a pertencer ao vocabulário da comunidade científica. Sendo
definido como um conjunto de comunidades que vivem em um determinado lugar
e se interagem entre si e também com o meio ambiente, criando assim um
sistema estável, equilibrado e autossuficiente.
Conforme várias definições para ecossistema, em síntese, é a
composição pelos intercâmbios entre os componentes bióticos (organismos
vivos como plantas, animais e micróbios) e os componentes abióticos
(elementos químicos e físicos como o ar, a água, o solo e minerais). Assim, esses
componentes interatuam pelas “transferências de energia dos organismos vivos
entre si e entre estes e os demais elementos de seu ambiente” (O que é..., 2014).
Os ecossistemas, segundo estudos, podem ter tamanhos diferenciados.
Uma separação que pode ser feita é entre meios aquáticos (lagos, mangues,
rios, mares e oceanos) e terrestres (florestas, dunas, desertos, montanhas). A

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Amazônia é considerada o maior ecossistema brasileiro e também a maior
floresta do planeta, porém alguns estudos consideram a própria biosfera como o
maior ecossistema.
Cadeia alimentar ou trófica em um ecossistema (Figura 6) – É a relação
de alimentação entre os organismos, em que a energia passa de um nível a
outro. A base dessa cadeia é formada por produtores primários, que são
organismos autotróficos, consumidos por organismos herbívoros (consumidores
primários). Os herbívoros podem ser consumidos por organismos carnívoros
(consumidores secundários), e estes, por outros carnívoros (consumidores
terciários). O final a cadeia acontece com organismos saprófitos
(decompositores), que se alimentam da matéria morta proveniente de todos os
níveis tróficos.

Figura 6 – Cadeia alimentar do ecossistema

Fonte: Baurz1973/Shutterstock.

Uma das maneiras de simbolizar uma cadeia alimentar é ligando o nome


dos organismos com setas para mostrar o caminho transitado pela matéria nos
ecossistemas. Essa representação classifica os organismos de acordo com o
nível trófico que ocupam. Por definição, o primeiro nível trófico equivale ao
produtor, com uma exceção para as cadeias alimentares do solo, que se iniciam

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com restos de vegetais e animais mortos. O último nível trófico é ocupado pelos
decompositores. Exemplos de cadeias alimentares:

 plantas → insetos → pássaros → gavião (Cadeia de Predadores)


 plantas → pulgões → protozoário (Cadeia de Parasitas)
 folhas → fungos → vermes (Cadeia de Decomposição)

De acordo com Amabis e Martho (1997, p. 343),

Ecossistemas e sua produtividade – A produtividade em um


ecossistema pode ser conceituada como sendo a eficiência com que
os organismos de determinado nível trófico aproveitam a energia
recebida para produzir biomassa.

A produtividade divide-se em primária bruta, primária líquida e primária


secundária. Essas definições são explicadas pelo site Biologia Resolvida
(Material teórico..., 2018). Acompanhe a seguir:

Produtividade primária bruta: Corresponde ao total da energia


luminosa absorvida pelos autótrofos e convertida em biomassa, em um
determinado intervalo de tempo (corresponde ao total de biomassa
produzida pela fotossíntese em um intervalo de tempo). A
produtividade bruta é elevada em grandes formações vegetais
(elevada taxa fotossintética).
Produtividade primária líquida: Corresponde à parcela da energia
armazenada disponível para o nível trófico seguinte. É importante
enaltecer que parte da biomassa sintetizada pelos autótrofos é utilizada
pelo próprio organismo para a sua sobrevivência (respiração celular).
Nas grandes formações vegetais, a produtividade primária líquida é
muito baixa, uma vez que a taxa respiratória é elevada (PPL = PPB –
R).
Produtividade secundária: A quantidade de matéria orgânica absorvida
por um herbívoro durante certo intervalo de tempo corresponde à
produtividade secundária bruta (PSB). Usando o mesmo raciocínio
anterior, a quantidade de energia acumulada nos herbívoros,
disponível para o nível trófico seguinte (já descontando o que o animal
gastou para suas atividades) constitui a produtividade secundária
líquida.

A produtividade média nas cadeias alimentares é estimada em torno de


10%, ou seja, a cada nível trófico são incorporados cerca de 10% da energia
proveniente do nível trófico precedente. O percentual de transferência de energia
de um nível trófico a outro, em uma cadeia alimentar, denomina-se eficiência
ecológica. Assim, os 90% restantes da energia total em determinado nível trófico
não se transferem ao seguinte, mas consome-se na atividade metabólica dos
organismos do próprio nível ou perdidos como restos.
Eficiência ecológica é a porcentagem de energia transferida de um nível
trófico para o outro, em uma cadeia alimentar. De modo geral, essa eficiência é,
aproximadamente, de apenas 10%, ou seja, cerca de 90% da energia total

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disponível em um determinado nível trófico não são transferidos para a seguinte,
sendo consumidos na atividade metabólica dos organismos do próprio nível ou
perdidos como restos. Em certas comunidades, porém, a eficiência pode chegar
a 20%.
Vale destacar que a produtividade dos vários ecossistemas da biosfera
não se distribui casualmente, pois limita-se por fatores como distribuição de
nutrientes, luz e água.

TEMA 4 – BIOMAS

Na ecologia, os biomas representam os espaços geográficos que


apresentam vários ecossistemas com determinada homogeneidade. A forma
mais comum de estudar os ecossistemas é por meio da identificação de
formações vegetais, associando-se a estas os animais, como uma unidade
biótica. Cada combinação distinta de plantas e animais é chamada bioma.
Pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, S.d.), bioma se
define por

um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de


tipos de vegetação contíguos e que podem ser identificados a nível
regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que,
historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da
paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna própria.

A Floresta Amazônica é o maior bioma brasileiro, representando cerca de


40% de todo o nosso território. A maior floresta tropical do mundo fica distribuída
pelos estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Maranhão, Pará,
Amapá, Mato Grosso e Tocantins.

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Figura 7 – Floresta Amazônica

Fonte: FILIPE FRA/Shutterstock.

A biosfera é constituída de dois tipos de biomas: os aquáticos e os


terrestres. Os biomas aquáticos podem ser de água doce ou salgada. Os
ecossistemas de água salgada (mares e oceanos) têm como principais
características o tamanho (71% da superfície do planeta), a salinidade (35
gramas de sal/litro), as marés, as correntes, a temperatura (-2 ºC a 32 ºC), a
profundidade e a luminosidade.
Já os ecossistemas de água doce (rios, riachos, lagos, lagoas, represas)
têm como características a temperatura, a turbidez, a tensão superficial, os
movimentos das águas e gases (O2 e CO2), podendo ser divididos em dois
grupos:

1. ecossistemas lênticos ou de água parada, como os lagos, as lagoas, as


represas e os pântanos;
2. ecossistemas lóticos ou de água em movimento, como as nascentes, os
córregos, os riachos e os rios.

Os biomas aquáticos formam-se por comunidades que vivem em água


doce ou salgada, adaptando-se às condições locais. Os principais biomas são
os rios, lagos, mares e oceanos. Os seres vivos que habitam os biomas
aquáticos dividem-se em plânctons, bentos e nécton, que, por definição do site
Biomania são os seguintes:

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 Plânctons: Seres microscópicos que habitam a superfície da água,
apresentam-se como fitoplâncton marinho e zooplâncton.
 Bentos: São seres vivos que vivem próximos ou grudados ao substrato
marinho.
 Nécton: São os animais que se locomovem livremente pela coluna de
água dos mares e oceanos. Usam suas barbatanas ou outros
apêndices (Biomas..., S.d.)

Biomas terrestres são compostos por três grupos de seres, que são: os
que produzem (vegetais), os consumidores (animais) e os decompositores
(fungos e bactérias). Na biosfera encontram-se biomas terrestres como tundra,
taiga, floresta temperada, floresta tropical, campos e desertos. Pelos dados
apresentados, no Brasil estão seis tipos de biomas com ocupação estimada,
conforme dados extraídos de estudos, confira:

 Amazônia: 50% do país (noroeste);


 Cerrado: 24% do país (centro-oeste);
 Mata Atlântica: 13% do país (sul e sudeste);
 Caatinga: 10% do país (nordeste);
 Pampa: 2% do país (sul); e
 Pantanal: 2% do país (centro-oeste).

TEMA 5 – CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

Para abordar a engenharia e o desenvolvimento sustentável, é preciso


iniciar o aprendizado com os ciclos biogeoquímicos, que garantem a reciclagem
de elementos químicos ao meio e a interação do ambiente e seres vivos. Além
de garantir a passagem dos elementos pelas camadas: atmosfera, hidrosfera,
litosfera e biosfera.
A biogeoquímica é, portanto, a ciência que estuda a troca ou o fluxo de
matéria entre os componentes vivos e físico-químicos da biosfera – a junção de
bio (organismo vivo) e geo (ambiente geológico). Os principais ciclos
biogeoquímicos encontrados na natureza são o da água, do carbono, do oxigênio
e do nitrogênio.

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Figura 8 – Ciclos biogeoquímicos asseguram que um elemento sempre estará
disponível

Fonte: Jacky Brown /Shutterstock.

Dos aproximadamente 90 elementos existentes na natureza, entre 30 e


40 são essenciais à vida de organismos e apresentam ciclos biogeoquímicos.
Como em todos os ciclos existem seres vivos, eles cessariam se não houvesse
a vida, assim como a vida se extinguiria sem os ciclos biogeoquímicos. Existe
uma interdependência, por isso a importância de diagnosticar os ciclos e a
maneira para preservá-los.
As seguintes características para que os ciclos biogeoquímicos
aconteçam são, segundo Santos (S.d.):

Reservatório do elemento químico (atmosfera, hidrosfera ou crosta


terrestre);
Existência de seres vivos;
Movimentação do elemento químico pelo meio ambiente e pelos
seres vivos de um ecossistema.

Os ciclos biogeoquímicos se distinguem entre gasosos, cujo principal


reservatório é a atmosfera, e os sedimentares, tendo como principal reservatório
a crosta terrestre. Por isso, conforme a atividade humana exercida, representa
uma determinada interferência no ciclo, mudando a ordem natural do

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ecossistema. Agora é hora de detalhar os principais ciclos que são: da água, do
carbono, do oxigênio e do nitrogênio

5.1 Ciclo da água

A água representa o componente inorgânico mais abundante na matéria


viva. O homem possui 65% do seu peso constituído de água, e alguns animais
chegam a ser formados de 99% desse composto. A água é essencial para a vida
e pode ser encontrada na natureza no estado sólido, líquido e gasoso. Assim, o
ciclo da água resumidamente se representa pelas mudanças de seu estado físico
pela evaporação e transpiração.
O ciclo da água é o mais importante (Figura 9) e consiste na evaporação
da água das camadas líquidas superficiais do solo, por efeito da ação dos raios
solares, seguindo-se da formação de nuvens e sua condensação e precipitação
sob a forma de chuva, granizo ou neve. Uma parcela da água que se precipita
sobre o solo infiltra-se, promovendo a sua reidratarão e o recarregamento das
reservas freáticas. Outra parcela escoa superficialmente formando os córregos,
rios e lagos. A proporção de água de escoamento superficial em relação à
infiltração é influenciada fortemente pela ausência ou presença de cobertura
vegetal, uma vez que esta constitui barreira ao rolamento livre, além de tornar o
solo mais poroso. A parcela de água que se precipita sobre a hidrosfera participa
do ciclo curto e a que cai sobre a litosfera compõe o ciclo longo.
Algumas ações antrópicas que interferem no ciclo hidrológico são o
desmatamento e a impermeabilização do solo. Essas ações aceleram a
evaporação e reduzem a recarga dos aquíferos subterrâneos, o que provoca
maiores enchentes nos rios que cortam cidades, acarretando em danos físicos,
econômicos e aos habitantes das cidades.
Em janeiro de 1997, entrou em vigor a Lei das Águas (Lei n. 9.433/1997),
O instrumento legal instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e
criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh). A
água é considerada um bem de domínio público e um recurso natural limitado,
dotado de valor econômico.

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Figura 9 – Ciclo da água

Fonte: Designua /Shutterstock.

5.2 Ciclo do carbono

O carbono é o quarto elemento químico mais farto no universo e seu ciclo


deriva da realização da fotossíntese das plantas que retiram o dióxido de
carbono (CO2) do ambiente para a formatação da matéria orgânica. Assim,
oxida-se a matéria orgânica por um processo de respiração celular, que acaba
gerando a liberação de CO2 ao ambiente. Porém, a libertação de CO2 também
acontece pela decomposição e queima de combustíveis fósseis. Toda essa
junção de fatores que resultam no aumento do teor de dióxido de carbono no ar
agravam o chamado efeito estufa e suas consequências.
Decorrente da fotossíntese e da respiração, o carbono passa da fase
inorgânica à orgânica e volta para a fase inorgânica, completando, assim, seu

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ciclo biogeoquímico. O carbono se recicla pela fotossíntese e respiração nos
ecossistemas. Considera-se que o ciclo do carbono é perfeito, pois este é
devolvido ao meio à mesma taxa em que é sintetizado pelos produtores (Figura
10).
Algumas vezes o ciclo do carbono é interrompido e o retorno deste à
atmosfera pode levar milhões de anos. É o caso dos compostos de carbono que
não foram atacados pelos decompositores e permanecem armazenados no
subsolo sob a forma de carvão fóssil e petróleo, ou nas rochas formadas por
conchas e esqueletos de animais. A queima dos combustíveis fósseis devolve o
carbono ao ciclo, na forma de CO, CO2 e diversos hidrocarbonetos.
O desequilíbrio do ciclo do carbono, pelo aumento de CO2 na atmosfera,
pode ter implicações na alteração do chamado efeito estufa, com consequente
aumento da temperatura global da Terra.

Figura 10 – Ciclo do carbono

Fonte: Preeda340 /Shutterstock.

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5.3 Ciclo do oxigênio

O ciclo do oxigênio se assemelha ao ciclo do carbono (Figura 11), pois


ambos envolvem os procedimentos de fotossíntese (libera oxigênio à atmosfera)
e de respiração (consome o oxigênio da atmosfera). Assim, destaca-se que

praticamente todo o oxigênio livre na atmosfera e na hidrosfera tem


origem biológica, no processo de fotossíntese. Ao chegar na
estratosfera, o oxigênio é transformado em ozônio (O3) por ação dos
raios ultravioletas, formando um importante filtro contra a entrada em
excesso dessa radiação no planeta. A exposição em excesso a esse
tipo de reação pode causar câncer de pele e alterações genéticas por
induzir mutações (Paula, 2017)

O ar atmosférico é constituído aproximadamente de 20% oxigênio, e a


atmosfera é o seu maior reservatório. O oxigênio é imprescindível para a vida na
Terra e o seu ciclo na biosfera assim como o balanço de oxigênio são afetados
pelo ser humano. As várias atividades humanas interferem tanto no nível de
oxigênio quanto no dióxido de carbono (exemplos de ações destrutivas ao
ambiente – queima de combustíveis, desmatamento e pavimentação de terras
anteriormente verdes).

Figura 11 – Ciclo do oxigênio

Fonte: Patrickaram /Shutterstock

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5.4 Ciclo do nitrogênio

O nitrogênio é o elemento químico mais abundante da atmosfera terrestre.


Encontra-se na forma de N2 e representa cerca de 78% do volume do ar
atmosférico. No entanto, a maioria dos seres vivos não consegue assimilar o
nitrogênio atmosférico. Para isso, necessitam das bactérias fixadoras de
nitrogênio. O ciclo do nitrogênio (Figura 12) envolve a circulação do nitrogênio
pelo solo e plantas decorrentes da ação de organismos vivos. É essencial à
conservação dos ecossistemas, e seu ciclo compreende oito fases, que são as
seguintes: fixação, fixação biológica, fixação atmosférica, fixação industrial,
assimilação, mineralização, nitrificação e eutrofização.

Figura 12 – Ciclo do nitrogênio

Fonte: Designua /Shutterstock.

FINALIZANDO
Para finalizarmos, após passarmos pelos conceitos básicos da ecologia,
ecossistemas e biomas e também pelos ciclos biogeoquímicos, finalizaremos
com a música de Caetano Veloso, “Luz do Sol”:

Saiba mais

LUZ do Sol. B3R3Z1N4, 12 out. 2012. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=mdnK48uUNrs>. Acesso em: 8 jan. 2020.

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REFERÊNCIAS

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia das populações. São Paulo:


Moderna, 1997.

BIOLOGIA NET. Disponível em: <https://www.biologianet.com/ecologia>.


Acesso em: 8 jan. 2020.

BIOMAS aquáticos. Biomania, S.d. Disponível em:


<https://biomania.com.br/artigo/biomas-aquaticos>. Acesso em: 8 jan. 2020.

CASSINI, S. T. Ecologia: conceitos fundamentais. Vitória: Universidade Federal


do Espírito Santo, 2005.

DICIO – Dicionário Online de Português. Ecologia. Dicio, S.d. Disponível em:


<https://www.dicio.com.br/ecologia/>. Acesso em: 8 jan. 2020.

IBGE – Instituto brasileiro de Geografia e Estatística. Biomas Brasileiros. IBGE,


S.d. Disponível em:
<https://cnae.ibge.gov.br/en/component/content/article.html?catid=0&id=1465>.
Acesso em: 8 jan. 2020.

MATERIAL teórico sobre produtividade nos ecossistemas. Biologia Resolvida,


16 fev. 2018. Disponível em: <https://biologiaresolvida.com.br/resumo/resumo-
produtividade-ecossistemas/>. Acesso em: 8 jan. 2020.

O QUE É um ecossistema e um bioma. Dicionário Ambiental. ((o))eco, Rio de


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