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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ECOLOGIA

O termo ecologia foi originalmente empregado por Ernst Haeckel (1834-1919), em


1866, na obra Generelle morphologie. A palavra ecologia é derivada de duas palavras
gregas: oikós e logos, que significam, respectivamente, “casa” e “estudo”. Podemos
concluir, desse modo, que ecologia seria o estudo do local em que os seres vivos vivem,
entretanto, essa parte da biologia é muito mais complexa. Uma forma melhor de definir
a ecologia seria:

A ecologia è a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e deles com o meio
ambiente.

Na ecologia, um organismo não será analisado em todos esses níveis, sendo alguns deles
exclusivos de outras áreas da biologia. Em ecologia, os níveis de organização tratados
são: organismo, populações, comunidades, ecossistemas e biosfera.

• Organismo: é um indivíduo de uma determinada espécie.

• População: é um termo usado para referir-se a indivíduos de uma mesma


espécie, que vivem num determinado local e num determinado tempo. Em
uma população, há a troca de material genético entre os indivíduos.

• Comunidade: é um termo utilizado para referir-se ao conjunto de populações


que vivem numa determinada área e num determinado tempo. Em uma
comunidade, os indivíduos de diferentes espécies interagem entre si.

• Ecossistema: refere-se ao conjunto formado pelos componentes abióticos


(sem vida) e bióticos (seres vivos) de uma região. Esses dois componentes
interagem entre si e garantem que ocorra o fluxo de energia e a reciclagem
da matéria.
• Biosfera: conjunto de todos os ecossistemas do planeta, ou seja, todas as
regiões da Terra onde há seres vivos.

Conceitos básicos da ecologia

Para estudar-se ecologia, é importante ter-se conhecimento de alguns conceitos básicos.


Além dos já estudados quando falamos sobre níveis de organização, são conceitos
importantes:

• Espécie: e o conjunto de organismos com formas semelhantes que podem cruzar-


se entre si, originando descendentes férteis.

• Habitat: é onde uma determinada espécie vive. A zebra vive na savana


africana, sendo esta, portanto, seu habitat.

• Nicho ecológico: é o modo de vida de determinado organismo.

• Pirâmide ecológica: é a representação gráfica que reproduz os


diferentes níveis tróficos de um ecossistema. As pirâmides ecológicas podem
ser de três tipos: número, biomassa e energia.

Ecossistemas

Ecossistema: refere-se ao conjunto formado pelos componentes abióticos (sem vida) e


bióticos (seres vivos) de uma região. Esses dois componentes interagem entre si e
garantem que ocorra o fluxo de energia e a reciclagem da matéria.

Quando as suas dimensões, os ecossistemas podem ser classificados como:

• Macroecossistemas. Quando ocupam grandes zonas da superfície terrestre,


como, por exemplo, os oceanos;
• Mesoecossistemas: quando ocupam zonas medias da superfície da terra, como,
poe exemplo, as florestas.
• Microecossistemas: quando são muito pequenos, ocupando pequenas áreas e
contendo seres vivos de dimensões reduzidas, como. Por exemplo, uma poca de
água ou um tronco de uma arvore.

Existe ima grande diversidade de ecossistemas, mas os principais tipos são:

Ecossistemas naturais: terrestres (bosques, florestas ou desertos) ou aquáticos (rios,


oceanos, lagos e estuários)

Ecossistema aquático Ecossistema terrestre

Ecossistemas artificiais: construídos pelo Homem (aquários, represas, plantações e


barragens)

Componentes do ecossistema

Os ecossistemas são compostos de fatores bióticos e fatores abióticos.

• Fatores bióticos: são todos os seres vivos, independentemente da parte da cadeia


em que eles se encontram, podendo ser produtores, consumidores ou
decompositores.
• Fatores abióticos: são tudo do ambiente que fornece condições de vida, ou seja:
a água, o Sol, o solo, a umidade, a temperatura, entre outros.

Relações entre seres vivos de uma comunidade

Relações ecológicas: são as interações estabelecidas entre os seres vivos.


As relações ecológicas podem ser:

• Intraespecíficas: quando envolvem indivíduos da mesma espécie,


• Interespecíficas: quando ocorre entre indivíduos de espécies diferentes.

As relações ecológicas podem, ainda, ser classificadas em harmônicas e desarmônicas,


considerando-se os benefícios e malefícios advindos da interação.

Relações ecológicas intraespecíficas

Competição intraespecífica
A competição intraespecífica ocorre quando indivíduos da mesma espécie disputam por
um ou mais recursos no ambiente, como água, alimento, luz solar, parceiros para a
reprodução etc.

Cooperação intraespecífica
Indivíduos de diversas espécies apresentam comportamento cooperativo entre si. Dois
casos particulares são as colônias e as sociedades.

Colônias
Colônias são agrupamentos de indivíduos da mesma espécie unidos entre si, que
interagem de forma mutuamente vantajosa, com divisão de trabalho entre seus membros.

Sociedades
Nas sociedades, os grupos de organismos de uma mesma espécie apresentam algum grau
de cooperação, divisão de trabalho e comunicação. Diferentemente das colônias, não
estão ligados entre si.

Diversas espécies vivem em sociedade, como nós, seres humanos, e insetos como
as abelhas, que possuem comunidades altamente organizadas.

Relações ecológicas interespecíficas

As relações entre indivíduos de diferentes espécies podem ir desde uma espécie que se
alimenta de outra até a dependência mutua dos indivíduos envolvidos.

Competição interespecífica
Assim como na competição intraespecífica, na competição interespecífica há a disputa
por recursos, porém, entre espécies diferentes.

Predatismo
A predação ou predatismo ocorre quando uma espécie predadora mata outra espécie
(presa) para se alimentar. Enquanto o predador se beneficia, a presa é prejudicada.

Esta relação atua na regulação da densidade populacional no ambiente.

Parasitismo
O parasitismo é tipo de relação em que uma espécie parasita associa-se a uma espécie
hospedeira para alimentar-se às suas custas.

Geralmente, ambas as espécies estão bem adaptadas umas às outras, de modo que não são
causados à espécie hospedeira grandes prejuízos.

Exemplo: carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) parasitando uma capivara


(Hydrochoerus hydrochaeris).

Mutualismo
Nesta interação, ambas as espécies trazem benefícios umas às outras. O mutualismo pode
ser facultativo ou obrigatório.

No primeiro caso, também chamado de protocooperação, as espécies associadas trocam


benefícios, mas podem viver separadas umas das outras. É o caso dos crustáceos do
gênero Pagurus, conhecidos como caranguejos-eremita, e algumas espécies de anêmona-
do-mar.

Este caranguejo protege-se em conchas abandonadas por caramujos, nas quais podem
estar fixadas anêmonas-do-mar. As anêmonas aproveitam o deslocamento do caranguejo
para alimentarem-se, enquanto os caranguejos se protegem nas conchas nas quais se
encontram as anêmonas.

No mutualismo obrigatório, a sobrevivência de ambas as espécies depende da associação.


É o que acontece com certas espécies de protozoários e cupins. Os protozoários abrigam-
se no intestino dos cupins, digerindo, em troca, a celulose presente na madeira que estes
ingerem e que não são capazes de digerir.

Comensalismo e inquilinismo
O comensalismo está ligado principalmente à necessidade de obtenção de alimentos. Uma
espécie se beneficia, porém, sem prejudicar a outra.

A rêmora, por exemplo, se alimenta de restos de alimento deixados


por tubarões prendendo-se, ao corpo deles. Para eles, sua presença é indiferente.

No inquilinismo, um dos indivíduos – inquilino – se beneficia utilizando o corpo de outro


indivíduo para obter suporte e abrigo, sem prejudicá-lo. É o caso de bromélias que se
instalam sobre plantas bem maiores para obterem luz. Para o inquilino, é indiferente sua
presença.

Processos comuns dentro de um ecossistema

Cadeia alimentar: sequência linear pela qual a matéria e a energia são transferidas de
um nível trófico a outro. A cadeia alimentar mostra uma sequência de seres vivos que
servem de alimento para outros, iniciando-se com os organismos produtores.
Os organismos de um ecossistema que tem o mesmo tipo de alimentação constituem um
nível trófico.

Nível trófico: conjunto de organismos de um ecossistema que apresentam o mesmo tipo


de nutrição. Todos os organismos que realizam fotossíntese, por exemplo, ocupam o
mesmo nível trófico: os produtores.

• Produtores: são os organismos autotróficos, ou seja, aqueles capazes de sintetizar


seu próprio alimento. Plantas e algas são organismos produtores.

• Consumidores: são aqueles organismos heterotróficos, incapazes de sintetizar seu


próprio alimento, e, desse modo, precisam ingerir outros seres vivos. Os
consumidores primários são aqueles que se alimentam dos produtores, os secundários
alimentam-se dos consumidores primários, os terciários alimentam-se dos
consumidores secundários, e assim sucessivamente.
• Decompositores: são organismos que realizam a decomposição, processo por meio
da qual obtêm os nutrientes de que necessitam da matéria morta, e promovem a
devolução de alguns compostos químicos para o ambiente.

Fluxo de energia

"A maior parte da energia que entra em um ecossistema é proveniente da radiação solar.
Os organismos produtores que realizam fotossíntese absorvem energia solar e fixam-na
em energia química. Quando os consumidores alimentam-se dos produtores, parte dessa
energia segue para esses organismos, que, ao servirem de alimento para outros seres
vivos, também lhes passam parte da energia. Esta, portanto, flui, em um sentido
unidirecional, passando de um nível inferior para um superior.

A cada nível, no entanto, há uma perda de parte da energia. As plantas, por exemplo,
transformam a energia solar em química, porém utilizam parte dessa energia inicial para
o processo de respiração. Portanto, apenas parte dela estará disponível para o nível
seguinte, sendo esse um dos motivos pelos quais as cadeias alimentares não se alongam
muito."

Teia alimentar

Teia alimentar: conjunto de várias cadeias alimentares interligadas. Nas teias


alimentares, um mesmo organismo pode estar em diferentes níveis tróficos.
• A teia alimentar é um conjunto de cadeias alimentares interligadas.

• Existem três níveis tróficos na cadeia alimentar: produtores, consumidores e


decompositores.

• Existem dois tipos de teias alimentares: teia de pastejo e teia de detritos.

• A matéria sofre reciclagem no ambiente. Ela passa pelo organismo, se


decompõe e regressa aos organismos basais, dentro da cadeia alimentar.

• A diferença entre teia alimentar e cadeia alimentar está relacionada com a


forma pela qual a energia e os nutrientes passam de um organismo ao outro.

Pirâmides ecológicas
As pirâmides ecológicas são formas gráficas de representar os níveis tróficos de
uma cadeia alimentar. As pirâmides são formadas por retângulos superpostos, sendo
cada nível trófico representado por um retângulo, cujas dimensões são equivalentes aos
valores apresentados por cada nível. A base da pirâmide representa o nível
dos produtores; em seguida, são representados os consumidores. O nível
dos decompositores não é representado nas pirâmides ecológicas.

As pirâmides ecológicas podem ser de números, de energia ou de biomassa.

Ciclos biogeoquímicos

Os elementos químicos provenientes da degradação da matéria retornam ao ambiente,


onde poderão voltar a fazer parte de outros seres vivos.

A circulação dos vários elementos químicos entre os seres vivos e a terra dá-se o nome
de ciclo biogeoquímico. São exemplos de ciclos geoquímicos:

• O ciclo da água
• O ciclo do carbono
• O ciclo do nitrogênio.

O ciclo da água

O ciclo da água envolve processos, como evaporação, condensação, precipitação e


infiltração.

A água é um dos elementos essenciais para a vida no planeta. Ela está presente na
natureza em três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. Em seu ciclo ela passa da fase
líquida, presente em rios e mares, por exemplo, para o estado de vapor por meio
da evaporação.

Em camadas mais altas da atmosfera, o vapor da água condensa-se e volta à superfície


na forma líquida, num processo denominado precipitação. Entretanto, quando o
resfriamento do vapor de água ocorre excessivamente, após a condensação, ele solidifica-
se e volta à terra na forma de neve ou granizo.

Quando a água cai sobre o ambiente terrestre, ela infiltra no solo, indo parar nos lençóis
freáticos. Os seres vivos ingerem ou absorvem a água do ambiente e utilizam-na em
diversas reações que ocorrem em seus organismos. A água pode ser devolvida ao
ambiente por meio dos seres vivos em processos de respiração, transpiração e
excreção.

O ciclo do carbono

• Ciclo biológico do carbono

Pela fotossíntese, os organismos autotróficos assimilam os compostos carbonatos,


transforma-os em matéria orgânica e transferem-na aos organismos heterotróficos por
meio da cadeia alimentar. Organismos que realizam a quimiossíntese também utilizam o
carbono para a produção de compostos orgânicos.
O carbono retorna ao ambiente, na forma de dióxido de carbono (CO2), pelos seres vivos
em processos de respiração e decomposição. O homem contribui com o aumento do
CO2 na natureza por meio de ações como desmatamento, queimadas e uso de
combustíveis fósseis.

• Ciclo geológico do carbono

Pela difusão ocorre a troca de CO2 entre a hidrosfera e a atmosfera até que se obtenha um
equilíbrio entre os dois meios. O CO2 presente na atmosfera pode dissolver-se na
chuva e produzir uma substância ácida, o H2CO3, que atuará na erosão de rochas
silicatadas, liberando, no meio, íons Ca2+ e HCO3-.

Esses íons são utilizados, nos oceanos, por organismos para a construção de suas conchas,
que, após a sua morte, acumulam-se no sedimento. Esse material pode migrar para regiões
de alta pressão e temperaturas, onde os carbonatos serão parcialmente fundidos. A ação
de vulcões liberará o CO2 novamente para a atmosfera.

O ciclo do nitrogênio.

O ciclo do nitrogênio é um importante ciclo biogeoquímico. Ele garante a circulação do


nitrogênio, utilizado, por exemplo, na formação das proteínas e dos ácidos nucleicos.
O ciclo do nitrogênio envolve as etapas de fixação, nitrificação e desnitrificação.

O ciclo do nitrogênio garante a ciclagem desse elemento no ambiente, disponibilizando-


o para os seres vivos e liberando-o novamente para o meio. Assim, o nitrogênio pode
ser, posteriormente, reutilizado por outros organismos. Diversos processos estão
envolvidos nesse importante ciclo, como:

• Fixação do nitrogênio por bactérias, como as do gênero Rhizobium;


• Decomposição da matéria orgânica e formação do íon amônio;
• Processo de nitrificação, na qual são observadas duas etapas: nitrosação e
nitração.
Desnitrificação, na qual as bactérias desnitrificantes garantem a transformação
de nitratos em gás nitrogênio.

Alteração dos ecossistemas

Causas

• Poluição;
• Extinção de espécies;
• Exploração demográfica;

Consequências

• Destruição dos ecossistemas;


• Extinção das espécies;
• Erosão;

Proteção dos ecossistemas

• Criação e proteção dos parques, reservas e espécies em via de extinção;


• Tratamento de lixos e esgotos;
• Combate biológico das pragas.

FIM

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