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FRENTE 1 ECOLOGIA

MÓDULO 1 Noções Gerais de Ecologia

1. ECOLOGIA
A palavra ecologia foi criada em 1869 pelo biólogo alemão Ernst Haeckel e deriva de duas palavras gregas:
oikos, que significa casa e, num sentido mais amplo, ambiente, e logos, que quer dizer ciência ou estudo. Assim,
ecologia significa ciência do ambiente ou, numa definição mais completa, a ciência que estuda as relações dos seres
vivos entre si e com o ambiente no qual vivem. Também pode ser definida como a ciência que estuda os ecossistemas.
Ecologia: ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente no qual vivem.

Os ecossistemas são constituídos por teias alimentares.

2. ECOSSISTEMA ECOSSISTEMA = BIÓTOPO + BIOCENOSE

Ecologia é a ciência que estuda 3. EQUILÍBRIO ECOLÓGICO


os ecossistemas. Podemos definir Os ecossistemas são sistemas
ecossistema como um conjunto for- equilibrados. Assim, por exemplo, um
mado por um ambiente físico (solo, ar, ecossistema consome e produz certa
água) e os seres vivos que o habitam. quantidade de gás carbônico e água,
No ecossistema, consideramos enquanto produz e consome um
dois componentes: um físico ou determinado volume de oxigênio e
abiótico, a que chamamos de bióto- alimento. Qualquer mudança na
po, e outro vivo ou biótico, que ocupa entrada ou saída desses elementos
o primeiro, designado biocenose ou desequilibra o sistema, alterando a
comunidade. produção de alimento e oxigênio, O equilíbrio
bem como de gás carbônico e água. ecológico.
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aos poucos, porém, percebeu que os 6. OS NÍVEIS ECOLÓGICOS


subprodutos de sua indústria, ao
destruírem vegetais, diminuíam a ❑ População
quantidade de alimento dos ecos- É o conjunto de indivíduos da
sistemas e baixavam a produção de mesma espécie vivendo juntos no
oxigênio. Também notou que, matan- tempo e no espaço. Ex.: população
do indiscriminadamente insetos com de lobos-guarás do Cerrado; popula-
pesticidas, impedia a polinização e ção de capim-flechinha do Cerrado;
reprodução de plantas, provocando a população de jaburus do Pantanal.
morte das aves que viviam daquelas
plantas. A morte das aves trazia, por ❑ Comunidade
sua vez, novas alterações ao ecossis- É o conjunto de populações in-
tema atacado. terdependentes no tempo e no espa-
O homem deve encontrar um ço. Ex.: lobos-guarás, capim-flechinha,
modo de vida que lhe permita viver barbatimão do Cerrado.
em equilíbrio com o ambiente do qual
faz parte. É necessário conhecer as ❑ Ecossistema
noções básicas da ecologia, ou seja, É o conjunto formado pelo meio
aprender como os seres interagem ambiente, pelos seres que nele vivem
com o meio e verificar o papel deles e pela dependência recíproca; é a
no equilíbrio ecológico. É preciso unidade fundamental da ecologia
Cada espécie viva tem o seu avaliar as consequências que a ação (Tansley, 1935). Ex.: cerrado, floresta,
papel no funcionamento do ecossis- indiscriminada do homem pode caatinga, rio, riacho, lago, represa.
tema a que pertence. Por exemplo, acarretar no ecossistema. As pes-
quase todo vegetal que se reproduz soas, com esses conhecimentos,
por meio de flores necessita de poderão atuar de maneira mais lúcida
alguma espécie de inseto para a e consciente na comunidade em que
polinização. O extermínio de tal inseto vivem.
também provocará a extinção da
espécie vegetal.
5. NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO
Espécie é definida como um
conjunto de organismos vivos que se
Uma maneira de delimitar o
cruzam entre si, gerando descen-
campo da ecologia é pelos “níveis de
dentes férteis e semelhantes a eles.
organização” dos seres vivos, os
Componentes de um quais, do mais simples ao mais
ecossistema aquático: complexo, seriam: macromoléculas – Uma lagoa com todas as comunidades
Fatores bióticos: algas micros- células – tecidos – órgãos – sistemas de seres vivos e o meio físico (tempe-
cópicas, plantas macroscópicas, ratura da água, salinidade, pH etc.)
– organismos – populações – comu-
microfauna, peixes, mamíferos constitui um exemplo de ecossistema.
nidades – ecossistemas – biosfera. A
aquáticos e decompositores. ecologia trata, principalmente, dos
Fatores abióticos: luminosi- quatro últimos níveis, além do orga- ❑ Biosfera
dade do ambiente, temperatura, nismo individual. É a parte da Terra ocupada pelos
salinidade, pH da água etc. seres vivos; é o conjunto de todos os
ecossistemas da Terra.

4. A IMPORTÂNCIA 7. HÁBITAT
DA ECOLOGIA E NICHO ECOLÓGICO

A ecologia é assunto diário na Os ecólogos usam o termo


imprensa, no rádio e na televisão, hábitat para designar o lugar espe-
constituindo-se num dos temas mais cífico onde o organismo vive e a ex-
comentados na atualidade. pressão nicho ecológico para
Em virtude dos grandes desas- indicar o papel que o organismo
tres ecológicos que se sucedem, tal exerce no ecossistema. Exemplo: o
ciência passa a adquirir grande hábitat do leão é representado pelas
importância prática. O homem é o ser savanas da África; quanto ao nicho
vivo que mais agride o ambiente. Até ecológico, o leão é um predador,
certo tempo atrás, o homem acredi- População de cactos cujas presas são grandes herbívoros,
tava que podia interferir à vontade; “xiquexique” na caatinga. como zebras e antílopes.
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8. DIVISÃO DA ECOLOGIA ❑ Demoecologia


Estuda a dinâmica das populações, descrevendo as
Distinguimos em ecologia três grandes subdivisões: variações quantitativas das espécies, bem como a causa
a autoecologia, a demoecologia e a sinecologia. de tais variações.

❑ Autoecologia ❑ Sinecologia
Estuda as relações de uma única espécie com o Estuda as correlações entre as espécies e as rela-
ambiente. ções destas com o meio ambiente.

Hábitat: é um conceito que pode ser muito amplo. Assim, os organismos podem ser de hábitat terrestre ou de hábitat aquático.
Os aquáticos podem ser de hábitat dulcícola (água doce) ou de hábitat marinho.

Nicho ecológico: é um conceito complexo, pois envolve a posição funcional que uma espécie exerce no seu hábitat. Assim,
o nicho fica determinado quando se conhece: como a espécie se alimenta; quando é mais ativa (dia ou noite e em quais estações
do ano); quais são os seus predadores; como se reproduz; como se protege etc.

MÓDULO 2 Bioenergética: Fotossíntese e Quimiossíntese

1. NUTRIÇÃO 3. FOTOSSÍNTESE glicose, outros açúcares podem ser


Fotossíntese é a síntese de produzidos, como o açúcar comum
Atividade sempre envolve substâncias orgânicas (açúcares), a (sacarose), o amido etc.
energia. Assim, todas as atividades partir de água (H2O) e dióxido de É importante saber que a energia,
vitais dos seres vivos, como carbono (CO2), utilizando a luz como uma vez armazenada nos açúcares,
crescimento, movimento, manutenção pode ser utilizada na síntese de novas
fonte de energia e eliminando o oxigê-
de temperatura, entre outras, exigem substâncias pelas células da planta e
nio. Na verdade, durante o fenômeno,
energia. Podemos afirmar que a vida ainda pode ser transferida para outros
a energia luminosa é convertida em
envolve energia e sabemos que tal seres vivos, sob a forma de alimentos.
energia provém dos alimentos. energia química e fica acumulada nos A fotossíntese é realizada nos
Nutrição é o processo realizado açúcares produzidos (Fig. 1). órgãos verdes do vegetal, e a
pelos seres vivos, consistindo na folha é o órgão altamente especiali-
obtenção de matéria e energia para a zado para exercer essa função.
manutenção da vida. Se o ser vivo A folha apresenta-se como órgão
possuir clorofila, pigmento capaz de achatado, dotado de grande super-
captar a energia luminosa, armaze- fície, o que lhe permite um melhor
nará essa energia nas moléculas aproveitamento da luz. Além disso, no
orgânicas que produz graças à interior da folha, existem os parên-
fotossíntese. Se o ser for aclorofilado, quimas clorofilados, cujas células
precisará receber alimento para são dotadas de cloroplastos.
conseguir energia.
Há, portanto, dois tipos básicos
de nutrição:

1. alimentar-se de compostos
orgânicos já existentes no meio (seres
heterótrofos);
Fig. 1 – Esquema da fotossíntese.
2. sintetizar tais compostos Cloroplasto visto
orgânicos (seres autótrofos). ao microscópio eletrônico.
A fotossíntese pode ser expressa
pela seguinte equação:
2. BIOENERGÉTICA Os cloroplastos são corpúsculos
luz microscópicos ricos em clorofila. As
12H2O + 6CO2 ⎯⎯→ C6H12O6 + 6H2O + 6O2
Chamamos de bioenergética ao clorofila clorofilas são pigmentos que apresen-
estudo da bioquímica que envolve água + dióxido glicose + água + oxigênio tam coloração verde e são respon-
transformações energéticas. Tal estu- de carbono sáveis pela absorção de luz, utilizada
do envolve fixação de energia (fotos- na fotossíntese. Todo o fenômeno da
síntese e quimiossíntese) e liberação Nessa equação, vimos que o açú- fotossíntese ocorre no interior do
de energia (respiração e fermen- car produzido durante a fotossíntese cloroplasto.
tação). é a glicose (C6H12O6). Mas, além da
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Fig. 2 – Corte transversal de uma folha.

Através dos estômatos, as folhas 4. QUIMIOSSÍNTESE


realizam as trocas gasosas: absorvem
gás carbônico e eliminam oxigênio. A quimiossíntese é a síntese de
Podemos comparar o cloroplasto substâncias orgânicas a partir de
com uma máquina produtora de
compostos inorgânicos, que utiliza a
açúcares e de oxigênio. Para essa
máquina funcionar, basta fornecer energia liberada numa reação química.
água, dióxido de carbono e uma fonte No fenômeno da quimiossíntese, o
I. Estômato com fenda estomática aberta.
luminosa. ser vivo não utiliza energia luminosa,
II. Estômato com fenda estomática fe-
chada. como acontece com as plantas verdes.
Fotossíntese Esse processo é realizado apenas por
A luz solar é absorvida pela clorofila alguns grupos de bactérias, como, por
e transformada em energia química exemplo, as bactérias nitrificantes
contida nos açúcares (C6H12O6).
que vivem no solo.

Mitocôndria vista
ao microscópio eletrônico. A quimiossíntese.

A célula vegetal apresenta cloroplastos e mitocôndrias. Nos Pode ser dividida em duas fases:
cloroplastos, sintetiza o seu próprio alimento e, nas mitocôndrias, 1. através da oxidação de uma substância, a
libera a energia contida nesses alimentos (Fig. 3). bactéria obtém energia;
2. a energia obtida será utilizada na síntese de
compostos orgânicos (açúcares).
O fenômeno pode ser assim resumido:

As bactérias dos gêneros Nitrosomonas e


Nitrosococcus são capazes de oxidar a amônia
(NH3) existente no solo até a formação de ácido
Fig. 3 – Célula de parênquima clorofiliano vista ao microscópio óptico. nitroso (HNO2), liberando energia:
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O nitrito formado pela dissociação do ácido nitroso


será oxidado, pela ação das bactérias do gênero
Nitrobacter, até a formação de ácido nítrico (nitrato).
Nessa oxidação, também ocorre liberação de energia.

Nódulos provocados pela proliferação das células das raízes


e das bactérias. Nesses nódulos, ocorre a fixação de N2.
Além desses dois exemplos, existem outras bac-
térias capazes de realizar quimiossíntese.
Enfim, podemos dizer que os vegetais verdes, que
? SAIBA MAIS
realizam a fotossíntese, e as bactérias, que fazem a As bactérias chamadas Nitrosomonas, Nitrosococcus
quimiossíntese, são capazes de sintetizar o seu próprio
e Nitrobacter são encontradas no solo e na água e
alimento orgânico e, por esse motivo, são conhecidos
são muito importantes para os ecossistemas porque
como seres autótrofos ou seres produtores.
participam do ciclo do nitrogênio, transformando a
Plantas leguminosas amônia, resultante da decomposição de proteínas, em
As leguminosas (feijão, soja, ervilha) associam suas nitritos e nitratos. Os nitratos são, então, absorvidos
raízes às bactérias chamadas Rizóbios, que fixam o pelos vegetais e utilizados na síntese de aminoácidos.
nitrogênio da atmosfera. A proliferação das bactérias Os aminoácidos, por sua vez, são transformados em
no interior das células das raízes leva à formação de proteínas.
regiões espessadas conhecidas como nódulos.

MÓDULO 3 Bioenergética: Respiração Celular e Fermentação

RESPIRAÇÃO Composto orgânico energético

É o processo utilizado pelas células para


libertar a energia contida nos alimentos. Muitas
vezes, é chamada combustão celular ou
oxidação celular.
A respiração é um processo que libera ener-
gia. Essa energia será utilizada na síntese de
novos compostos pelas células, no transporte de
substâncias para dentro e fora das células, na
divisão celular etc. Enfim, todos os processos e
fenômenos que caracterizam a vida necessitam de
energia.
Devemos, no entanto, ressaltar o seguinte fato:
durante a simples combustão (queima de carvão,
madeira etc.), a matéria orgânica é oxidada, for-
mando dióxido de carbono (CO2) e água (H2O) e
liberando, de uma só vez, toda a energia. Na respi-
ração, também há produção de CO2 e H2O, mas
a energia é liberada lentamente e em grande parte
acumulada numa substância chamada ade-
nosina trifosfato (ATP). A energia acumulada
na ATP será utilizada nas reações vitais (Fig. 1).
A energia liberada durante a respiração é
indispensável para a manutenção da vida (Fig. 2). Fig. 1 – Comparação entre a combustão e a respiração.
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Fig. 2 – A energia contida na molécula


de ATP é utilizada para várias funções nos seres vivos.
Energia liberada e produtos
finais da fermentação e respiração.

A respiração celular.

O processo respiratório ocorre, fundamentalmente,


da mesma maneira nos animais, vegetais e micro-or-
ganismos. É um processo permanente e ocorre dia e
noite, sem parar.
A respiração pode ser dividida em dois tipos:
1. respiração aeróbia;
2. respiração anaeróbia ou fermentação.
Respiração aeróbia é aquela que ocorre na presença
de oxigênio, enquanto a anaeróbia ocorre na ausência
de oxigênio.
Fig. 3 – Comparando-se a fotossíntese com
❑ Respiração aeróbia a respiração, pode-se observar que são processos inversos.
É o processo pelo qual a célula “queima” a glicose
em presença de oxigênio, liberando água, dióxido de A respiração aeróbica ocorre no interior de
carbono e energia. organoides chamados mitocôndrias.

A mitocôndria e a sua função na respiração.


A energia liberada durante a respiração é parte ar-
❑ Respiração anaeróbia ou fermentação
mazenada sob forma de ATP e parte liberada sob forma
A fermentação ou respiração anaeróbia é o processo
de calor. A energia útil é aquela armazenada na ATP.
de liberação de energia na ausência de oxigênio.
A respiração aeróbia é realizada parte no citoplas-
Os seres anaeróbios podem ser divididos em dois
ma fundamental (hialoplasma) e parte no orga-
grupos:
noide citoplasmático (mitocôndria).
a) Anaeróbios facultativos – são aqueles que se
A equação abaixo exemplifica o que ocorre durante
adaptam a um meio ambiente onde existe oxigênio. Ex.:
a respiração:
levedos (fermentos).
b) Anaeróbios obrigatórios – são aqueles que não
suportam oxigênio, morrendo em presença de altas con-
centrações desse gás. Ex.: Clostridium tetani.
Já conhecemos o processo de fotossíntese e
❑ Tipos de fermentação
podemos compará-lo com a respiração.
Fermentação alcoólica (etílica)
A energia liberada e aproveitada na respiração aeró-
A levedura de cerveja (Saccharomyces cerevisae) é
bia é muito maior (38 ATP) do que na fermentação (2
um exemplo de organismo que realiza a fermentação
ATP).
alcoólica.
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Nesse processo, a glicose é quebrada até a forma- Fermentação lática


ção de álcool etílico (C2H5OH) e dióxido de carbono É realizada por bactérias que vivem no leite. Tais
(CO2), liberando energia. Mas a energia liberada nesse bactérias agem sobre os açúcares do leite (lactose),
fermentando-os até a formação de ácido lático. São bac-
fenômeno é menor do que na respiração aeróbia.
térias que azedam o leite.
A equação que mostra a fermentação alcoólica é: Os nossos músculos também são capazes de rea-
lizar a fermentação lática. Esse fato é observado durante
a realização de trabalho muscular intenso. O suprimento
de oxigênio para os músculos torna-se insuficiente e aí
ocorre a fermentação. Nesse tipo de fermentação, a
glicose é transformada em ácido pirúvico, que depois se
transforma em ácido lático, liberando energia.
FOTOSSÍNTESE RESPIRAÇÃO A equação geral que expressa a fermentação lática é:
1. Utiliza H2O e CO2 como maté- 1. Utiliza C6H12O6 e O2 como
ria-prima. matéria-prima.
2. Absorve energia luminosa e a 2. Libera energia armaze-
armazena sob forma de nada nos alimentos.
energia química.
3. Libera oxigênio. 3. Absorve oxigênio. Levedos (Leveduras)
4. Constrói matérias orgânicas. 4. Destrói matérias orgânicas.
Os fermentos biológicos são fungos unicelulares do
gênero Saccharomyces. Realizam a fermentação etílica
5. Ocorre nos tecidos verdes dos 5. Ocorre em todos os tecidos
(alcoólica), muito importante na fabricação de bebidas
vegetais. vivos, vegetais e animais.
(cerveja e vinho) e na produção de pães e bolos.

Priestley, em 1771, colocou uma planta e um camundongo dentro de uma campânula


hermeticamente fechada. Dessa forma, tanto o animal como a planta viveram mais tempo
do que quando postos sozinhos em campânulas diferentes. Concluiu que a planta elimina um gás (oxigênio) que o
animal usa na sua respiração e que o animal exala um gás (gás carbônico) que a planta necessita para a sua fotossíntese.

MÓDULO 4 Cadeias e Teias Alimentares

1. DEFINIÇÃO Cadeia alimentar, ou cadeia trófica, é uma sequência


de seres vivos na qual uns comem aqueles que os
antecedem na cadeia, antes de serem comidos por
aqueles que os seguem. A cadeia mostra a transferência
de matéria e energia através de uma série de organis-
mos.

2. NÍVEIS TRÓFICOS

P – produtor Nível trófico representa a posição do organismo nu-


C1 – consumidor primário
ma cadeia alimentar. Assim, os seres autótrofos perten-
C2 – consumidor secundário
cem ao primeiro nível e os herbívoros ao segundo nível
C3 – consumidor terciário
D – decompositor trófico.
A cadeia alimentar.
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❑ Decompositores
De maneira idêntica, poderíamos definir consumido-
res de quarta ordem, quinta ordem etc.
Normalmente, devido ao desperdício de energia, co-
mo veremos adiante, as cadeias alimentares não ultra-
passam 5 ou 6 níveis.

❑ Decompositores
(nível trófico variável)
Finalizando a cadeia trófica, aparecem os decompo-
sitores, biorredutores, saprófitas ou sapróvoros, micro-or-
ganismos representados por bactérias e fungos. Tais
organismos atacam os cadáveres e os excrementos,
decompondo-os. São muito importantes, visto que reali-
zam a reciclagem da matéria, devolvendo os ele-
mentos químicos ao meio ambiente.

Esquema geral de uma cadeia alimentar

Os níveis tróficos de uma lagoa.

❑ Produtores (1.o nível trófico)


São os vegetais autótrofos ou clorofilados que, atra-
vés da fotossíntese, fixam a energia luminosa, utilizam
substâncias inorgânicas simples (água e gás carbônico)
e edificam substâncias orgânicas complexas (glicose,
amido).
No meio terrestre, os principais produtores são os
vegetais com flores; no meio aquático marinho, são
principalmente as algas microscópicas; na água doce,
são as algas e os vegetais com flores. Exemplos de cadeias alimentares

❑ Consumidores
primários ou de
primeira ordem (2.o nível trófico)
São os organismos que comem os produtores; são
heterótrofos e geralmente herbívoros. Também são con-
sumidores primários os parasitas de vegetais.
No meio terrestre, os herbívoros são principalmente
os insetos, os roedores e os ungulados.

❑ Consumidores
secundários ou de segunda
ordem (3.o nível trófico) 3. TEIAS ALIMENTARES
Vivem às expensas dos herbívoros, sendo represen-
tados por carnívoros. Acham-se nos mais variados gru- Em um ecossistema, as cadeias alimentares intera-
pos. Ex.: uma cobra que se alimenta de um sapo, uma gem formando redes alimentares. Na teia, representa-
aranha que come um inseto. mos o máximo de relações tróficas existentes entre os
diversos seres vivos do ecossistema e observamos que
um animal, por exemplo, pode pertencer a níveis tróficos
❑ Consumidores diferentes. É o caso dos onívoros, que consomem
terciários ou de terceira simultaneamente animais e vegetais, e dos carnívoros,
ordem (4.o nível trófico) que atacam variadas presas.
São os carnívoros maiores que se alimentam de car- Como se pode observar a seguir, a rede ou teia ali-
nívoros menores, como é o caso de um gavião que co- mentar resulta do entrelaçamento das cadeias alimen-
me uma cobra. tares.
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Teias alimentares terrestres

As relações entre os seres vivos


nas cadeias alimentares e o meio ambiente.

4. EXEMPLOS
DE TEIAS ALIMENTARES

Teia alimentar em uma lagoa

Uma teia alimentar é o


entrelaçamento de várias cadeias alimentares.
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Teia alimentar:
I – produtor
II e III – consumidores primários
IV – consumidor primário e secundário
V e VI – consumidores secundários e
terciários
VII – consumidor secundário, terciário
e quaternário

MÓDULO 5 Necessidades Energéticas dos Seres Vivos e Pirâmides Ecológicas


1. CONCEITOS GERAIS plantas verdes captam a energia ❑ Produtividade
Todo ser vivo necessita de luminosa do sol, transformando-a em secundária bruta (PSB)
energia, que é utilizada para: energia química contida em alimentos. É a quantidade de energia obtida
1. construção do organismo; 2. TIPOS DE PRODUTIVIDADE pelos consumidores primários ao
2. realização de suas atividades comerem os produtores.
(movimentos, manutenção de tempe- ❑ Produtividade
ratura, reações químicas etc.). primária bruta (PPB) ❑ Produtividade
É a quantidade de compostos orgâ- secundária líquida (PSL)
nicos produzidos pelos vegetais fotos- Trata-se da produtividade secun-
sintéticos, por unidade de área e tempo.
dária bruta menos a energia despen-
❑ Produtividade dida na respiração dos consumidores
primária líquida (PPL) primários.
É a produtividade primária bruta PSL = PSB – R
menos a quantidade de energia
consumida pelo vegetal através da
❑ Produtividade
respiração (R).
O fluxo de energia e o ciclo da matéria. terciária bruta (PTB)
PPL = PPB – R É a energia obtida pelo consu-
Os seres vivos são constituídos midor secundário (carnívoro) ao
por moléculas orgânicas, ou seja, ingerir os herbívoros.
macromoléculas formadas por exten-
❑ Produtividade
sas cadeias de carbono. Quanto
terciária líquida (PTL)
maior for a molécula, maior será a
É a produtividade terciária bruta
quantidade de energia necessária pa-
menos a energia gasta na respiração
ra sintetizá-la e maior será a quan-
dos carnívoros.
tidade de energia nela armazenada e
disponível para as necessidades I. Quantidade de alimento produzido
pelo vegetal na fotossíntese (PPB). 3. DIAGRAMA
metabólicas do ser vivo.
II. Quantidade de alimento gasto pelo DO FLUXO DE ENERGIA
Como sabemos, toda a energia
vegetal na sua respiração (R).
utilizada pelos seres vivos vem da luz III. Quantidade de alimento armazenado O gráfico de barras mostra o
solar. Em capítulo anterior, verificamos e disponível para os consumidores fluxo de energia entre os seres vivos
que, através da fotossíntese, as primários (herbívoros) (PPL). que compõem uma cadeia alimentar.
Fotossíntese: processo pelo qual os vegetais transformam água e gás carbônico em compostos orgânicos energéticos,
utilizando a luz solar como fonte de energia. A matéria orgânica produzida pelos vegetais por unidade de área e tempo constitui
a produtividade primária bruta.

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Observa-se grande perda de energia quando se passa 5. PIRÂMIDES ECOLÓGICAS


de um nível trófico para o seguinte e isso também ex-
plica por que as cadeias alimentares apresentam Pirâmides ecológicas são representações gráficas
poucos elos. das cadeias alimentares. A pirâmide (Fig. 1) é construída
por uma série de degraus ou retângulos superpostos,
representando os diversos níveis tróficos da cadeia.
Existem três tipos de pirâmides: pirâmide de números,
pirâmide de biomassas e pirâmide de energia.

Fluxo de energia nos seres vivos.

Fig. 1 – Pirâmide ecológica ideal.


4. CARACTERÍSTICAS
DO FLUXO ENERGÉTICO
❑ Pirâmide de números
1. O sol é a fonte de energia para os seres vivos.
2. A maior quantidade de energia está nos A pirâmide de números é edificada com a superpo-
produtores. sição de retângulos horizontais de mesma altura, sendo
3. À medida que nos afastamos do produtor, o nível o comprimento proporcional ao número de indivíduos
energético vai diminuindo. existentes em cada nível trófico.
4. A energia que sai dos seres vivos não é reapro- Na pirâmide de números típica (Fig. 2), o número de
veitada. indivíduos diminui a cada nível trófico. São necessários
5. O fluxo energético é unidirecional. vários produtores para alimentar um pequeno número de
herbívoros, que, por sua vez, servirão de alimento a um
número menor de carnívoros.
A maior quantidade de energia encontra-se na planta.
A energia diminui progressivamente, e a menor
quantidade de energia encontra-se no gavião.

Cadeia alimentar

Fig. 2 – Pirâmide de números.

A forma de uma pirâmide de números pode ser muito


variada. Assim, uma árvore pode ser o produtor que
nutre numerosos insetos, os quais servem de alimento a
algumas aves. Nesse caso, tem-se a pirâmide esque-
matizada na Figura 3.

Na cadeia alimentar, ocorre um fluxo


de matéria e energia entre os seres vivos. Fig. 3 – Pirâmide de números.
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Uma pirâmide invertida pode ocorrer quando uma tado por um retângulo, cujo comprimento é proporcional
planta é parasitada por pulgões, que, por sua vez, são à quantidade de energia acumulada por unidade de
parasitados por protozoários (Fig. 4). tempo e de espaço nesse nível. Tal pirâmide apresenta
sempre o vértice para cima (Fig. 7).

Fig. 4 – Pirâmide de números.


Fig. 7 – Pirâmide de energia.

A pirâmide de números não tem muito valor descri-


tivo porque dá igual importância aos diversos indivíduos,
sem considerar o tamanho e o peso.

❑ Pirâmide de biomassas

Na pirâmide de biomassas, é indicada, em cada nível


trófico, a biomassa dos organismos correspondentes.
Por biomassa, entendemos a massa orgânica do ecos-
sistema. Geralmente, a pirâmide de biomassas apresen-
ta o vértice voltado para cima (Fig. 5).

Fig. 5 – Pirâmide de biomassas.

Mas há exceções encontradas em ecossistemas


marinhos, onde o fitoplâncton tem uma biomassa
inferior à do zooplâncton, porém uma velocidade de
renovação (reprodução) muito mais rápida (Fig. 6).

Fig. 6 – Pirâmide de biomassas.

A pirâmide de biomassas é melhor do que a de


números pelo fato de indicar, para cada nível trófico, a
quantidade de matéria viva presente. Contudo, tal
pirâmide atribui a mesma impor tância aos diversos
tecidos, embora tenham valores energéticos diferentes; O diagrama mostra como a energia flui do
não leva em conta o fator tempo, uma vez que as produtor para os consumidores. A energia diminui
biomassas podem ter sido acumuladas em alguns dias, muito quando passa através dos diversos níveis tróficos.
como é caso do fitoplâncton, ou em centenas de anos,
como é o caso de uma floresta. Fitoplâncton: geralmente algas e cianobactérias
microscópicas, que se distribuem no mar, num lago ou rio,
ocupando a massa superficial da água.
❑ Pirâmide de energia
Zooplâncton: animais microscópicos, geralmente crustá-
A melhor representação da cadeia alimentar é a pirâ- ceos e larvas, que vivem na massa superficial das águas.
mide de energia, na qual cada nível trófico é represen-

316 –
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MÓDULO 6 Ciclos Biogeoquímicos da Água, Carbono e Oxigênio

1. CONCEITO Os principais ciclos biogeoquí- 2. CICLO DA ÁGUA


micos são:
Ciclo biogeoquímico é a permuta A água passa do meio físico para
cíclica de elementos químicos que 1. ciclo da água; os organismos vivos e destes,
ocorre entre os seres vivos e o am- 2. ciclo do carbono; novamente, para o meio físico, consti-
biente. Tais ciclos envolvem etapas tuindo um ciclo.
3. ciclo do oxigênio;
biológicas, físicas e químicas, alterna-
damente; daí a denominação usada. 4. ciclo do nitrogênio.

Ciclo da água.

3. A ÁGUA A água apresenta densidade sa-se em gotinhas, formando as nu-


máxima ao redor de 4°C (d = 1g/cm3). vens e neblinas.
A água existe no meio ambiente É por esse motivo que o gelo se forma Quando a temperatura baixa, ou
em três estados: sólido (gelo), líquido na superfície, e não no fundo, e acaba quando as nuvens se tornam muito
e gasoso (vapor-d’água). Esses três constituindo um anteparo protetor. espessas, ocorre a chuva. Se o frio
estados físicos são reversíveis. A água também apresenta alto for intenso, as nuvens caem em forma
Assim, a água no estado líquido calor específico e, por esse motivo, de flocos de minúsculas gotas gela-
passa para o de vapor com o funciona como um verdadeiro das, constituindo a neve. Por ocasião
aquecimento (100°C) e o fenômeno é regulador térmico na natureza. de tempestades, as gotas podem
chamado ebulição, ou pode passar transformar-se em blocos arredonda-
lentamente para o estado de vapor, 4. A ÁGUA NA NATUREZA dos de gelo, formando o granizo ou
constituindo a evaporação. O chuva de pedra (Fig. 2).
vapor-d’água passa para o estado O nosso planeta é constituído de A água que cai sobre a crosta ter-
líquido (liquefação) e deste para o 3/4 de água, o que equivaleria a mais restre escorre sobre o solo imper-
sólido (solidificação ou conge- de 1 bilhão de km3. Dessa quanti- meável ou, se este for permeável,
lação) a 0°C. O gelo derrete (fusão) dade, 97% correspondem à água infiltra-se no solo, fenômeno deno-
a 0°C, passando novamente para o salgada, formando os mares e ocea- minado percolação. Essa água
estado líquido (Fig. 1). nos. Os restantes 3% compõem os pode, eventualmente, formar o len-
rios, lagos, lagoas, lençóis freáticos, çol freático (lençol subterrâneo).
vapor-d’água da atmosfera e o gelo O desmatamento e a retirada da
das geleiras e calotas polares. cobertura vegetal deixam o solo nu,
Na natureza, observa-se, diaria- facilitando a erosão e o assoreamento
mente, uma grande evaporação da dos rios, lagos e lagoas. A erosão do
água dos oceanos, lagos, rios, seres solo deixa-o impróprio para a agricul-
vivos etc. O vapor-d’água eleva-se na tura e atividades pastoris, e o asso-
atmosfera e, em contato com os ven- reamento dos rios pode provocar
Fig. 1 – Mudanças de estado da água. tos frios das grandes alturas, conden- enchentes catastróficas.
– 317
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Ela serve como elemento de sustentação para as


plantas. Esse fato evidencia-se quando a perda de água
é excessiva, pois os vegetais murcham rapidamente.
No interior das células, a água incha as proteínas,
dando estabilidade aos organoides, às membranas e às
enzimas, indispensáveis para as reações químicas que
mantêm a vida. Além disso, a água participa diretamente
da maioria dessas reações. Também já vimos que a água
é imprescindível para a fotossíntese.

❑ A água nos vegetais


A água penetra no corpo do vegetal principalmente
através dos pelos absorventes da raiz, que são proje-
ções das células epidérmicas da raiz e são produzidos
com a finalidade de aumentar a superfície de absorção.
Com isso, a raiz retira a água do solo, mas também
absorve dele os sais minerais indispensáveis para a
nutrição da planta.
A água que chega às folhas, em parte, é utilizada
Fig. 2 – Ciclo da água na natureza. para a fotossíntese e, dessa maneira, é integrada nos
alimentos orgânicos produzidos. Esses alimentos podem
Finalmente, vamos considerar a formação do orva- passar para os animais (consumidores) e voltar a formar
lho. Ele é derivado principalmente da água evaporada água, quando são decompostos na respiração para a
do solo durante o início do período noturno e poste- liberação de energia.
riormente condensada sobre superfícies frias que É em grande parte perdida para a atmosfera por
perderam calor por radiação. transpiração e mais raramente por gutação ou
sudação (Fig. 3).
? SAIBA MAIS
Observe atentamente os volumes de água potável
desperdiçados por torneiras, parcial ou totalmente
abertas.

Fig. 3 – Movimento de água nos vegetais.

A transpiração é a eliminação de água no estado de


vapor. O vapor-d’água forma-se no interior das folhas, a
partir da água que evapora das células dos parênquimas
clorofilianos; circula pelos espaços existentes entre as
células e sai para o meio ambiente através dos estô-
matos (Fig. 4).

5. A ÁGUA NOS SERES VIVOS


A água está intimamente ligada à vida na Terra e é o
mais importante componente do corpo dos seres vivos.
O corpo humano, por exemplo, apresenta 65% de água; Fig. 4 – A epiderme das folhas apresenta grande
uma salada de alface e tomate, 95%; a cenoura, 85%; a número de estruturas chamadas estômatos, que
água-viva (medusa), 95%. permitem a troca gasosa entre a planta e o meio ambiente.
318 –
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A gutação, também chamada sudação, é a elimina- ❑ A água nos animais


ção de água no estado líquido através de estruturas A água entra no corpo dos animais quando estes a
chamadas hidatódios, que estão localizados nos bebem ou ingerem os alimentos e é eliminada através da
ápices das folhas. transpiração (evaporação).
Em madrugadas frias, o ar atmosférico fica saturado A evaporação da água dos pulmões é muito
com vapor-d’água; a transpiração das plantas fica, então, importante, pois todos nós sabemos que o ar que sai dos
paralisada ou muito diminuída. Se as raízes continuarem pulmões (ar expirado) está saturado com vapor-d’água.
a absorção de água do solo úmido, cria-se, no interior A água também é eliminada através dos rins duran-
delas, uma espécie de pressão que impulsiona a seiva te a excreção e durante a egestão (fezes).
para cima. O excesso de água sai pelos hidatódios no
estado líquido, fenômeno denominado gutação (Fig. 5).

Fig. 5 – O hidatódio fica localizado no ápice das Fig 6 – Ciclo da água.


folhas e tem uma estrutura semelhante ao estômato.

O ciclo da água.

Nos seres unicelulares como as ame-


Gutação ou sudação é a bas, a água penetra na célula através de
Ciclo da água na planta. eliminação de água líquida pelos vegetais. um fenômeno conhecido por osmose.

? SAIBA MAIS Água nos ani-


OS RECURSOS HÍDRICOS mais
Uma das preocupações no mundo de hoje é a disponibilidade de água para uso humano. Entrada:
Sabe-se que aproximadamente 70% da superfície do planeta está coberta pela água. Dessa quantidade, 1. Ingestão de
98% são de água salgada e imprópria para o consumo e agricultura.
Os 2% restantes correspondem à água doce. A maior parte dessa água fica retida nas calotas polares ou
água líquida.
lençóis subterrâneos. Sabe-se, hoje, que apenas 0,014% da água doce do planeta está disponível em 2. Água contida
rios, riachos, lagos, lagoas etc. nos alimentos.
Antes de chegar à torneira de nossas casas, sofre a intervenção do homem, especialmente sob a forma Saída:
de poluição. O investimento público para sua captação, tratamento e transporte até às casas é muito
grande, mas geralmente os indivíduos só percebem o seu valor quando falta na torneira, provocando uma 1. Evaporação.
série de transtornos. 2. Excreção.
A preservação desse recurso natural é imprescindível para todos os indivíduos de nossa sociedade.
3. Egestão.
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6. O CICLO DO CARBONO b) é passado para outros animais através da nutrição;


O carbono é um elemento químico importante por- c) pela morte e decomposição, volta ao estado de
que participa da composição química de todos os CO2.
compostos orgânicos.
Os seres vivos só conseguem aproveitar o carbono É importante lembrar que a queima (combustão),
da natureza sob a forma de dióxido de carbono (CO2), geralmente provocada pelo homem, de materiais orgâ-
encontrado na atmosfera, ou sob a forma de bicarbonato nicos (petróleo, carvão, lenha etc.) é um mecanismo de
(HCO–3) e carbonato (CO–3 – ), dissolvidos na água. retorno do carbono ao meio ambiente, na forma de CO2,
O carbono entra nos seres vivos quando os vegetais, CO e outros gases (Fig. 1).
utilizando o CO2 do ar ou os carbonatos e bicarbonatos
dissolvidos na água, realizam fotossíntese. Dessa
maneira, o carbono é usado na síntese dos compostos
orgânicos. Da mesma forma, as bactérias que efetuam
a quimiossíntese fabricam as suas substâncias orgâ-
nicas a partir do carbono do CO2.

Fig. 1 – O ciclo do carbono.

7. O CICLO DO OXIGÊNIO
O oxigênio ocupa cerca de 1/5 da atmosfera terrestre
(20%) e aparece dissolvido na água dos rios, oceanos,
lagos etc. em proporções variadas, dependendo de fa-
tores como pressão e temperatura.
Esse gás é extremamente importante por ser
comburente, isto é, por permitir combustão das substân-
cias (Fig. 2).

Os caminhos do carbono nos seres vivos.

Como já foi visto, os compostos orgânicos formados


são os açúcares (carboidratos). Mas as plantas são
capazes de produzir, além dos carboidratos, proteínas,
lipídios, vitaminas, ceras etc.
O carbono nas plantas pode seguir três caminhos:
a) pela respiração, é devolvido sob a forma de CO2;
b) é passado para os animais quando estes se ali-
mentam de plantas;
c) pela morte e decomposição, volta a ser CO2.

Nos animais, é adquirido direta ou indiretamente do


Reino Vegetal durante a sua nutrição. Assim, os animais
herbívoros recebem dos vegetais os compostos orgâni- Fig. 2 – O ciclo do oxigênio.
cos e, através do seu metabolismo, são capazes de
transformá-los e até mesmo sintetizar novos tipos de
substâncias orgânicas. O mesmo ocorre com os carní- Ele é produzido pelas plantas durante o fenômeno
voros, que se alimentam dos herbívoros, e assim suces- da fotossíntese, incorporado nos seres vivos, e passa a
sivamente. ser encontrado em inúmeros compostos.
O carbono nos animais, como nos vegetais, pode O oxigênio é devolvido ao meio sob a forma de CO2
seguir três caminhos: e H2O, durante a respiração das plantas e dos animais,
a) pela respiração, é devolvido à natureza sob a for- e sob a forma de CO2 e outros compostos, nos
ma de CO2; processos fermentativos (Fig. 3).

320 –
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6CO2 + 12H2O __ Luz ___ Clorofila C6H12O6 + 6H2O + 6O2

O processo fotossintético.

Fig. 3 – Ciclo do carbono.

MÓDULO 7 Ciclo do Nitrogênio


1. A IMPORTÂNCIA DO NITROGÊNIO Uma das simbioses mais importantes é a associação
entre as bactérias do gênero Rhizobium (bacilo radicí-
O nitrogênio é indispensável à vida, uma vez que cola) e as raízes de plantas leguminosas (feijão, soja,
entra na constituição das proteínas e ácidos nucleicos. ervilha, amendoim etc.).
Admite-se que, no corpo humano, 16% são compostos Esta simbiose provoca o aparecimento, nas raízes
de proteínas. das leguminosas, de regiões mais espessas, ricas em
A mais importante fonte de nitrogênio é a atmosfera. matéria nitrogenada, chamadas nódulos ou nodosi-
Cerca de 78% do ar é formado por nitrogênio livre (N2), dades.
mas a maioria dos seres vivos é incapaz de aproveitá-lo
no seu metabolismo.
Para melhor elucidação do ciclo do nitrogênio, Raiz de leguminosa + Rizóbio = Mutualismo
vamos dividi-lo em partes.

2. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO

A fixação do nitrogênio gasoso da atmosfera é um


fenômeno complexo e ocorre quando certos organismos
reduzem o N2 em amônia (NH3). A energia para esta
fixação vem direta ou indiretamente da fotossíntese. A
maior parte da amônia, posteriormente, será convertida
em nitratos (NO3–). Estes, por sua vez, serão transfor-
mados em matéria orgânica nitrogenada.
O fenômeno foi constatado em certas bactérias e
fungos de vida livre e nas algas azuis (cianofíceas).
Também foi observado nas simbioses de bactérias com
plantas superiores e de algas azuis com fungos, briófitas,
pteridófitas, gimnospermas e angiospermas. Sistema radicular de uma leguminosa rica em nódulos.

Leguminosas: são plantas angiospermas, dicotiledôneas, que se caracterizam pela produção de frutos conhecidos como
vagem ou legume.

– 321
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O nitrogênio é indispensável para a


síntese de proteínas, ácidos nucleicos e Rotação de culturas, prática que aumenta
outros compostos nitrogenados. a quantidade de nitrogênio no solo.

Quando essas nodosidades envelhecem, morrem e ❑ Nitrosação


desagregam, enriquecem o solo com material nitroge- As bactérias do gênero Nitrosomonas oxidam a
nado. No processo chamado adubação verde, a legumi- amônia (NH3) até a formação do ácido nitroso (HNO2).
nosa é plantada e, quando atinge a fase de flores- Este se dissocia, produzindo nitritos (NO2– ).
cimento, faz-se a gradeação e incorpora-se o vegetal no
2NH3 + 3O2 → 2HNO2 + 2H2O + Energia
solo. A decomposição deste provoca um aumento
considerável de nitrogênio no solo.
❑ Nitratação
3. FORMAÇÃO DE HÚMUS
As bactérias do gênero Nitrobacter oxidam o ácido
nitroso, transformando-o em ácido nítrico. Este se
O nitrogênio das plantas é passado para o Reino dissocia, formando nitratos (NO–3 ).
Animal através da cadeia alimentar.
Quando os vegetais e animais morrem, a decom- 2HNO2 + O2 → 2HNO3 + Energia
posição da matéria proteica, que constitui os corpos, dá
origem ao húmus. Essa decomposição ocorre pela
É interessante lembrar que, em todas as reações
ação de fungos e bactérias, levando à formação de
esquematizadas, há liberação de energia. Essa energia
compostos orgânicos nitrogenados malcheirosos, como
será utilizada pelas bactérias para a síntese de subs-
é o caso da cadaverina, escatol, indol etc.
tâncias orgânicas (quimiossíntese).
O nitrogênio do húmus será transformado em nitro-
Os nitratos formados serão agora absorvidos pelas
gênio mineral pela ação das bactérias nitrificantes.
raízes dos vegetais e transformados em matéria orgânica
O fenômeno ocorre em três fases:
nitrogenada.

❑ Amonização Absorção pelas Material orgânico


Os compostos orgânicos nitrogenados são transfor- NO3– ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯→ nitrogenado
raízes das plantas vegetal
mados em amônia (NH3) pela ação dos decom-
positores.

4. DESNITRIFICAÇÃO
Nitrogênio decompositores
orgânico ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯→ NH3 É o processo em que bactérias existentes no solo,
nos oceanos etc. são capazes de produzir, a partir de
nitratos, o nitrogênio livre que volta para a atmosfera.
Essas bactérias são chamadas desnitrificantes.
Uma das reações que podem ocorrer é a seguinte:
bactérias desnitrificantes
NO3– ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯→ N2

5. OXIDAÇÃO DO
N2 DA ATMOSFERA
Por ocasião de tempestades, as descargas elétricas
podem provocar a oxidação do nitrogênio livre da
atmosfera (N2) e transformá-lo em nitritos e nitratos. Es-
ses íons, solúveis em água, podem ser utilizados pelos
vegetais na síntese de substâncias orgânicas.

Húmus: matéria orgânica do solo resultante da decomposição de vegetais e animais. Confere a cor preta ou marrom ao solo. É
fonte de nutrientes minerais para as plantas.

322 –
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morrem e são decompostos e também pela excreção.


Dependendo do animal, a matéria orgânica nitrogenada
eliminada varia. Assim, os peixes ósseos expelem amô-
nia; os peixes cartilaginosos, os anfíbios e os mamíferos
excretam ureia; as aves e os répteis eliminam ácido úrico.

6. APROVEITAMENTO DO
NITROGÊNIO PELOS ANIMAIS

O nitrogênio entra no Reino Animal quando esses


seres comem direta ou indiretamente um vegetal.
Portanto, o nitrogênio penetra nos seres vivos na forma
orgânica.

7. ELIMINAÇÃO DO
NITROGÊNIO PELOS ANIMAIS

O nitrogênio sai do Reino Animal quando esses seres O ciclo do nitrogênio.

– 323
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MÓDULO 8 Relações Harmônicas entre os Seres Vivos


1. FATORES BIÓTICOS: • Colônias heteromorfas
RELAÇÕES HARMÔNICAS As colônias heteromorfas são compostas de indiví-
duos morfologicamente diferentes, com funções distin-
No ecossistema, os fatores bióticos são constituídos tas, caracterizando uma divisão de trabalho fisiológico.
pelas interações que se manifestam entre os seres vivos Quando formadas por dois tipos de organismos, tais
que habitam um determinado meio. Essas interações são colônias são chamadas de dimórficas. Como exem-
designadas coações e aparecem esquematizadas no plo, citamos a Obelia, uma colônia de celenterados na
quadro a seguir. qual aparecem dois tipos de indivíduos: gastrozoides,
para a nutrição, e gonozoides, para a reprodução.
Colônias polimórficas são estruturadas por vários
tipos de indivíduos adaptados a distintas funções.
Como exemplo clássico, aparecem as “caravelas”,
complexas colônias de celenterados. Uma caravela
apresenta um pneumatóforo, vesícula cheia de gás que
funciona como flutuador. Dela partem indivíduos espe-
cializados para nutrição (gastrozoides), reprodução
(gonozoides), natação (nectozoides) e defesa (dacti-
lozoides).
2. RELAÇÕES HARMÔNICAS
❑ Sociedades
Nas relações harmônicas, não existe desvantagem Sociedades são associações de indivíduos da mes-
para nenhuma das espécies consideradas e há benefício ma espécie que não estão unidos, ou seja, ligados anato-
pelo menos para uma delas. Tais relações podem ser micamente, e formam uma organização social que se
divididas em homotípicas e heterotípicas. expressa pelo cooperativismo.
Sociedades altamente desenvolvidas são encontra-
❑ Relações homotípicas das entre os chamados insetos sociais, representados
Também chamadas intraespecíficas, são aquelas por cupins, vespas, formigas e abelhas. Para um estudo
que ocorrem entre organismos da mesma espécie. mais aprofundado, destacaremos aquelas encontradas
Pertencem a este grupo as colônias e as sociedades. em abelhas e formigas.
Colônias
Colônias são consti-
tuídas por organismos da
mesma espécie que se
mantêm anatomicamente
unidos entre si. A formação
das colônias é deter-
minada, geralmente, por
um processo reprodutivo
assexuado, o brotamento.
As colônias podem ser
homomorfas ou heteromor-
As esponjas (poríferos)
fas.
formam colônias homomorfas.
• Colônias ho-
momorfas
Tais colônias são constituídas por indivíduos iguais
que realizam as mesmas funções, ou seja, não existe a
chamada divisão de trabalho.
Como exemplo, citamos as colônias de espongiá-
rios, de protozoários e de crustáceos, entre outras.

Espongiários: animais aquáticos primitivos, marinhos na maioria, e sempre presos a um substrato. Possuem poros na parede
do corpo e esqueleto de espículas ou de espongina (substância orgânica).
Protozoários: organismos unicelulares.
Crustáceos: animais invertebrados. O grupo é bastante numeroso e diversificado e inclui cerca de 50.000 espécies descritas.
Os crustáceos, em sua maioria, são organismos marinhos, como as lagostas, os camarões e as cracas.

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Abelhas
Na sociedade das abelhas, distinguem-se três
castas: a rainha, o zangão e as operárias.
A rainha é a única fêmea fértil da colônia; salienta-
se que, em cada colônia, existe apenas uma rainha. Os
zangões são os machos férteis, enquanto as operárias
ou obreiras são fêmeas estéreis. A rainha é fecundada
fora da colmeia durante o voo nupcial; dependendo da
espécie, ela é fecundada por um ou vários zangões. Os
óvulos são haploides (n) e, quando fecundados, originam
ovos diploides (2n), que se transformam em larvas. As
larvas que recebem, como alimento, mel e pólen trans-
formam-se em operárias; já as que recebem uma secre-
ção glandular produzida pelas obreiras e chamada de
geleia real evoluem para rainhas. Os óvulos não fecun- As formigas são insetos sociais.
dados, por meio de um processo designado partenogê-
nese (evolução de óvulo virgem), originam os zangões, Térmitas
que durante o desenvolvimento recebem o mesmo ali- Nos cupins, ou térmitas, a rainha (fêmea fértil) apre-
mento das operárias. senta o abdômen hipertrofiado e a sua única função é pôr
ovos. As fêmeas estéreis encarregam-se dos diversos
trabalhos, ou seja, obtenção de alimento, construção e
limpeza dos ninhos e cuidados com larvas e ovos.
Existem ainda os soldados, que, com suas fortes man-
díbulas, estão encarregados da defesa do termiteiro.

As caravelas formam colônias heteromorfas. Térmitas são insetos sociais.

As operárias são encarregadas de obter alimento Feromônios


(pólen e néctar) e produzir a cera e o mel. Nos diversos insetos sociais, a comunicação entre
A cera é usada para produzir as celas hexagonais os indivíduos é feita pelos feromônios — substâncias
químicas que servem para a comunicação.
onde são postos os ovos; o mel é fabricado por trans-
Os feromônios são usados na demarcação de
formação do néctar e constituído por glicose e frutose.
territórios, atração sexual e organização social.
A única atividade dos zangões é a fecundação da rainha;
após o voo nupcial, são expulsos e morrem de inanição.
❑ Relações heterotípicas
Também chamadas de relações interespecíficas, são
Formigas aquelas que ocorrem entre organismos de espécies
As formigas vivem em ninhos subterrâneos chama- diferentes. É o caso das seguintes relações: protocoo-
dos de formigueiros. As rainhas e os machos são férteis, peração, mutualismo, comensalismo e inquilinismo.
enquanto as obreiras são estéreis e pertencem a várias Protocooperação
castas diferenciadas. Existem fêmeas estéreis providas Também conhecida como cooperação, trata-se de
de poderosas mandíbulas, que são os soldados encar- uma associação entre duas espécies diferentes na qual
regados da defesa do formigueiro. A rainha e os machos ambas se beneficiam; contudo, tal associação não é
são formas aladas e realizam a fecundação durante o indispensável à sobrevivência, podendo cada espécie
voo nupcial. viver isoladamente.
– 325
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Como exemplo, citamos: isoladamente. Cada espécie só consegue viver na


presença da outra. Como exemplos, destacamos:
• Bernardo-eremita e anêmona
Também conhecido como paguro, o bernardo-ere- • Liquens
mita é um crustáceo marinho que apresenta o abdômen É comum encontrar os liquens firmemente aderidos
mole e desprotegido de exoesqueleto. às rochas ou às cascas de árvores, formando crostas
A fim de proteger o abdômen, vive no interior de uma verde-acinzentadas. O líquen é uma associação entre
concha vazia de um caramujo. Sobre a concha, uma alga e um fungo.
aparecem anêmonas, celenterados (pólipos) providos de A alga é um produtor e sintetiza alimento que é
utilizado pelo fungo, organismo heterótrofo consumidor.
tentáculos que eliminam substâncias urticantes. A
Em troca, o fungo envolve e protege a alga contra a dis-
anêmona é transportada por estes tentáculos, o que
secação. Separados, tais organismos não sobrevivem.
facilita a captura do alimento; em troca, protege, por meio
deles, o crustáceo contra a ação de predadores.

Líquen em corte.
Bernardo-eremita e anêmona.
• Bacteriorriza
• Pássaro-palito e crocodilo Chamamos de bacteriorriza a associação entre as
O pássaro-palito penetra na boca dos crocodilos, bactérias do gênero Rhizobium e as raízes de legumi-
nas margens do Rio Nilo, alimentando-se de restos ali- nosas. Como já vimos, no ciclo do nitrogênio, a bactéria
mentares e de vermes existentes na boca do réptil. A produz compostos nitrogenados aproveitados pela
vantagem é recíproca porque, em troca do alimento, o planta e recebe dela a matéria orgânica produzida na
fotossíntese.
pássaro livra o crocodilo dos parasitas.
• Micorriza
Trata-se de uma associação entre fungos e raízes de
árvores florestais.
O fungo, que é um decompositor, fornece ao vegetal
nitrogênio e outros nutrientes minerais; em troca, recebe
matéria orgânica fotossintetizada.

• Cupins e protozoários

Pássaro-palito e crocodilo.

• Anu e gado
O anu é uma ave que se alimenta de carrapatos
existentes na pele do gado, capturando-os diretamente.
Em troca, o gado livra-se dos indesejáveis parasitas.

Mutualismo
Trata-se de uma associação íntima com benefícios
mútuos. É mais íntima do que a cooperação; é neces-
sária à sobrevivência das espécies, que não podem viver
326 –
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Os cupins ou térmitas ingerem madeira, mas não Trata-se de uma associação semelhante ao comen-
conseguem digerir a celulose, pois não possuem a celu- salismo, não envolvendo alimento. Citaremos dois exem-
lase, enzima que digere a celulose. No tubo digestório plos:
do cupim, existem protozoários flagelados capazes de
realizar tal digestão. • Peixe-agulha e holotúria
O peixe-agulha apresenta um corpo fino e alongado
Comensalismo e se protege contra a ação de predadores abrigando-se
No comensalismo, uma espécie chamada comensal no interior das holotúrias (pepinos-do-mar), sem preju-
se beneficia, enquanto a outra, chamada hospedeira, dicá-las.
não leva vantagem nenhuma.
Um caso típico é a rêmora, ou peixe-piolho, que vive • Epifitismo
como comensal do tubarão. No alto da cabeça, a rêmora Epífitas são plantas que crescem sobre os troncos
apresenta uma ventosa por meio da qual se fixa no tu- de plantas maiores sem parasitá-las.
barão. O efeito disso sobre o tubarão é nulo, mas a São epífitas as orquídeas e as bromélias, que, viven-
rêmora se beneficia porque engole as sobras alimentares do sobre árvores, obtêm maior suprimento de luz solar.
do tubarão, além de se deslocar sem gasto de energia.

Bromélias
apoiadas em
ramos de
árvores e um
vaso de
epifitismo.

? Saiba mais
MICORRIZA
Trata-se de uma associação entre fungos e raízes de plantas. As
hifas do fungo absorvem nutrientes (sais minerais) do ambiente,
fornecendo-os às plantas, e, em troca, recebem proteção e
matéria orgânica da qual se nutrem. Existem algumas árvores
que só sobrevivem quando estão associadas com fungos da
Tubarão e rêmora. micorriza. Outras, como os pinheiros, só se desenvolvem em
solos pobres em virtude da associação com os fungos.
Inquilinismo Muitas espécies de orquídeas também só sobrevivem quando
É a associação em que uma espécie (inquilino) estão associadas com fungos da micorriza. A inoculação desses
procura abrigo ou suporte no corpo de outra espécie fungos em plantas frutíferas pode levar ao aumento da
produtividade.
(hospedeiro), sem prejudicá-la.

– 327
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MÓDULO 9 Relações Desarmônicas entre os Seres Vivos


As relações desarmônicas caracterizam-se por be- ram esconder-se – os primeiros a fim de não serem per-
neficiar um dos associados e prejudicar o outro. Tais rela- seguidos; os segundos para não serem descobertos. As-
ções também podem ser intraespecíficas ou interes- sim, numerosos insetos que habitam a vegetação
pecíficas. possuem cor verde.
Um interessantíssimo exemplo de mimetismo é dado
pelo camaleão, um réptil provido de cromatóforos,
1. RELAÇÕES células pigmentadas que permitem uma variação na
INTRAESPECÍFICAS OU HOMOTÍPICAS coloração do corpo; assim, tal animal é capaz de mudar
sua cor conforme o ambiente em que é colocado. Tal
❑ Competição intraespecífica fenômeno é denominado homocromia.
É a relação que se estabelece entre os indivíduos da
mesma espécie, quando concorrem pelos mesmos ❑ Amensalismo
recursos ambientais, principalmente espaço e alimento. Amensalismo é um tipo de associação em que uma
espécie, chamada amensal, é inibida no crescimento
❑ Canibalismo ou na reprodução por substâncias secretadas por outra
Canibal é o indivíduo que mata e come outro da espécie, chamada inibidora.
mesma espécie. A relação pode ser exemplificada pelos flagelados
O canibalismo pode ocorrer em ratos, quando há Gonyaulax, causadores das chamadas marés ver-
falta de espaço. melhas.
Em tal caso, os flagelados eliminam toxinas que pro-
vocam a morte da fauna marinha.
2. RELAÇÕES Outro caso é representado pelos fungos, que produ-
INTERESPECÍFICAS OU HETEROTÍPICAS zem antibióticos, impedindo o desenvolvimento de
bactérias.
❑ Competição interespecífica
A competição entre espécies diferentes ocorre ❑ Parasitismo
quando elas possuem o mesmo hábitat e o mesmo nicho Neste caso, uma das espécies, chamada parasita,
ecológico. vive na superfície ou no interior de outra, designada
É o caso de cobras, corujas e gaviões que vivem na hospedeiro. O parasita alimenta-se do hospedeiro,
mesma região e atacam pequenos roedores. podendo até matá-lo. Os exemplos são numerosos e
serão estudados em zoologia.
❑ Predatismo
Predador é o indivíduo que ataca e devora outro,
chamado presa, pertencente a espécie diferente. Os pre-
dadores são geralmente maiores e menos numerosos
que suas presas, sendo exemplificados pelos animais
carnívoros.
Tanto predadores quanto presas apresentam adap-
tações para ataque e defesa.
Daremos especial destaque para a adaptação deno-
minada mimetismo.
Por meio do mimetismo, os animais, pela cor ou O Ascaris lumbricoides O Schistosoma mansoni é um verme
forma, assemelham-se ao meio ambiente, com o qual se (lombriga) parasita o intes- parasita do homem, que provoca a
confundem. Tanto as presas como os predadores procu- tino do homem. esquistossomose ou barriga-d’água.

328 –
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MÓDULO 10 Estudo das populações I


1. CONCEITO 500 x 500
N = –—–––––– = 5 000
População é um conjunto de 50
seres da mesma espécie que habitam O processo funciona desde que
a mesma área num certo tempo. os indivíduos devolvidos à população
se distribuam ao acaso e não estejam
2. DENSIDADE sujeitos a uma diferente taxa de
POPULACIONAL mortalidade ou de recaptura.

Se dividirmos o número de indiví- Método de amostragem


duos que constituem uma população 3. CONTAGEM DA Emprega-se tal método quando
pela área que ocupam, encon- POPULAÇÃO os anteriores não podem ser utili-
traremos a densidade populacional. zados. O ideal é colher uma amostra
Densidade populacional é o Para se determinar o tamanho de que seja a mais representativa pos-
número de indivíduos por unidade de uma população, deve-se realizar a sível da população, visando diminuir
espaço. contagem de seus habitantes. Entre a probabilidade de erro. Assim, pode-
os métodos usados, citaremos: se avaliar a quantidade de insetos de
um campo por meio da contagem de
Número de indivíduos Contagem direta animais presentes em quadrados de
Densidade = —————————––—
Unidade de área Consiste nos chamados censos amostragem de 1 metro de lado.
ou recenseamentos. Censos globais
dificilmente são realizados por serem 4. DETERMINANTES DO
Se a população for bidimensional, demasiadamente longos e onerosos. TAMANHO POPULACIONAL
o espaço será uma área; se ela for Recenseamentos parciais em zonas
tridimensional, o espaço será um determinadas fornecem ótimos ele- O tamanho de uma população é
volume. mentos para se ter uma ideia da determinado por quatro fatores bási-
Exemplos: dinâmica das populações. cos:
1) A densidade de uma popula- Taxa de natalidade
ção humana é de 12 habitantes/km2. Método de captura e Número de nascimentos em uma
2) A densidade de uma popula- recaptura certa unidade de tempo.
ção de eucaliptos é de 980 árvo- O método consiste em capturar
res/hectare. uma amostra de animais de uma área Taxa de mortalidade
3) A densidade de uma popula- e marcá-los usando corantes, anéis, Número de mortes em certa
ção de peixes é de 3/m3. etiquetas etc. e, em seguida, soltá-los. unidade de tempo.
4) A densidade de uma popula- Depois de um certo tempo, neces-
ção de bactérias é de 100.000 colô- sário para permitir a mistura dos mar- Taxa de imigração
nias/mL. cados com os não-marcados, uma Número de indivíduos que entram
segunda amostra é recapturada con- na população por unidade de tempo.
tando-se o número de indivíduos mar-
cados. De acordo com o proposto,
temos:
N = número total da população
a = número de indivíduos marca-
População de algas verdes (alface-do- dos e soltos
mar) crescendo fixas sobre rochas. b = número total de indivíduos
recapturados
É importante salientar que o sim- c = número de indivíduos recap-
ples conhecimento da densidade não turados e marcados
é suficiente para entender o compor- Teremos, então, a seguinte rela-
tamento de uma população natural; ção:
deve-se saber como os indivíduos es- a c ab Taxa de emigração
–— = –— , em que N = –— Número de indivíduos que saem
tão localizados, ou seja, se a distribui- N b c
ção é homogênea ou se é hete- da população por unidade de tempo.
rogênea, apresentando alguns espa- Exemplo: Salienta-se que a natalidade (N) e
ços vazios e outros superpovoados. a = 500 b = 500 c = 50 a imigração (I) são fatores de acrés-

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cimo, enquanto a mortalidade (M) e a 6. O CONTROLE potencial biótico, limitando-o. Por


emigração (E) são fatores de decrés- POPULACIONAL resistência ambiental entende-se o
cimo. Essas quatro variáveis têm de conjunto de fatores limitantes do
A população é uma unidade bio-
ser investigadas pelo ecologista que crescimento, como alimento, clima,
lógica que se mantém apresentando
queira adquirir uma noção precisa espaço, competição, predação e
limites e tamanho característicos. Tal
sobre as características da população parasitismo.
unidade é mantida, embora suas
que está estudando. Assim, temos: É devido à resistência ambiental
partes constituintes sejam substi-
População em crescimento: N + I > M + E que as populações não crescem de
tuídas através dos processos de
População estável: N + I = M + E acordo com o seu potencial biótico.
nascimento, morte, imigração e emi-
População em declínio: N + I < M + E
gração. Existem mecanismos adapta-
tivos que regulam o tamanho 8. CURVA NORMAL DO
5. CURVAS DE populacional. Tais mecanismos atuam CRESCIMENTO
SOBREVIVÊNCIA mantendo a população estável, asse- POPULACIONAL
gurando que o tamanho populacional
Existem três tipos de curvas de
não ultrapasse o suprimento ener- O crescimento de uma população
sobrevivência.
gético disponível para a sua sobre- que foi introduzida em um novo meio
1) No caso do homem, da dro-
vivência. A população adapta-se não ocorre em três fases:
sófila e de numerosos mamíferos,
somente ao seu ambiente físico, mas 1) Fase de crescimento lento,
muitos indivíduos têm a mesma du-
também às populações de outros correspondente à fase de adaptação
ração vital, determinando curvas con-
tipos de organismos com os quais ao novo meio (A).
vexas (Fig. 1).
pode competir ou coexistir numa 2) Fase de crescimento rápido,
2) No caso da hidra, o coeficiente
relação do tipo predador–presa ou com exploração máxima do ambiente
de mortalidade permanece constante
parasita–hospedeiro. (B).
durante toda a vida e o gráfico é uma
reta (Fig. 2). 3) Fase de crescimento retarda-
7. POTENCIAL BIÓTICO E
3) No caso da ostra, dos peixes, do, em razão da resistência ambiental
RESISTÊNCIA AMBIENTAL
das aves e de numerosos invertebra- (C).
dos, ocorre uma grande mortalidade Dá-se o nome de potencial Finalmente, a população atinge o
nos estágios jovens. A curva é côn- biótico à capacidade potencial do equilíbrio dinâmico e passa a apre-
cava (Fig. 3). crescimento de uma população em sentar oscilações, isto é, pequenas
O estudo das curvas de sobre- condições ambientais favoráveis. variações em torno do equilíbrio mé-
vivência é de grande interesse na A resistência ambiental exerce dio, ou flutuações, grandes variações
Ecologia. Por meio das curvas, o um controle natural, pois opõe-se ao em torno dele (D).
ecologista sabe em que idade a espé-
cie é mais vulnerável. Se as interven-
ções capazes de modificar a natali-
dade ou a mortalidade acontecerem
durante o estágio mais vulnerável,
terão efeito máximo sobre a evolução
da população. Assim, por exemplo,
tais princípios são aplicados na regu-
lamentação do corte das matas,
temporadas de caça ou então na luta
contra insetos nocivos.

A curva signoide representa o crescimento normal de uma população.


330 –
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FRENTE 2 GENÉTICA E EVOLUÇÃO


MÓDULO 1 Engenharia Genética I

1. OS OBJETIVOS DA aparece o plasmídeo, uma molécula


ENGENHARIA GENÉTICA circular de DNA que se replica e pas-
sa para as células-filhas, quando a
Utilizando complexas e modernas bactéria se divide. O plasmídeo é ex-
técnicas de laboratório, a Engenharia traído da bactéria e cortado por meio
Genética é capaz de: de uma enzima de restrição. A seguir,
com o auxílio do DNA-Iigase, o plas-
• isolar um gene e determinar a mídeo fragmentado é ligado a um
sequência de seus nucleotídeos; fragmento de DNA de outro orga-
nismo, submetido à ação da mesma
• juntar nucleotídeos e produzir enzima de restrição. Forma-se, desse
um gene; modo, um plasmídeo, chamado vetor,
constituído por um DNA recombinante.
• alterar a sequência nucleotí- É importante salientar que cada Agora, o vetor é introduzido na célula
dica de um gene, produzindo assim enzima de restrição reconhece uma bacteriana, na qual se replica.
um gene mutante; única e mesma sequência de bases Quando o vetor é colocado num
(palíndromo) em qualquer tipo de meio de cultura, ele não é absorvido
• introduzir, no DNA de um vírus por todas as bactérias. Para selecio-
DNA.
ou de uma bactéria, um gene extraído nar as bactérias que o incorporaram,
de outro organismo. 3. O DNA RECOMBINANTE os engenheiros genéticos utilizam o
seguinte artifício: o plasmídeo vetor
2. AS ENZIMAS O DNA recombinante é uma mo- sempre apresenta genes resistentes
DE RESTRIÇÃO lécula obtida, em laboratório, pela a um determinado antibiótico, de mo-
do que, quando cultivados em meio
união de fragmentos de DNA deriva-
As enzimas de restrição, contendo um antibiótico, apenas as
dos de fontes biologicamente dife-
também chamadas de endonucleases células portadoras do vetor sobre-
rentes.
de restrição, atuam como “tesouras”, vivem e se multiplicam.
Assim, fragmentos de DNA oriun-
visto que são capazes de reconhecer dos de genes diferentes e obtidos pe-
e cortar sequências curtas de DNA. la ação das enzimas de restrição são
Produzidas pelas bactérias, as unidos pela ação da enzima, forman-
enzimas de restrição são usadas para do a molécula do DNA recombinante.
destruir um DNA estranho que Acompanhe o esquema a seguir:
penetra na célula, trazido, por exem-
plo, por um bacteriófago. As enzimas
de restrição cortam o DNA nos cha-
mados palíndromos. Chamamos
palíndromo a uma sequência de ba-
ses que tem a mesma leitura nas duas
cadeias de DNA, mas em sentidos
opostos. Observe alguns palín-
dromos:

G A A T T C
C T T A A G
4. A CLONAGEM MOLECULAR
G T C G A C
C A G C T G O processo de clonagem mole-
cular consiste em construir um DNA
recombinante que se replica, quando
As enzimas de restrição cortam é introduzido numa célula bacteriana.
os palíndromos, produzindo pontas Ao observarmos a estrutura de
desiguais, de acordo com o esquema uma bactéria, notamos que, além do
a seguir: DNA existente no cromossomo único, Clones de bactérias.

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5. A ENGENHARIA ❑ O milho transgênico sim, produtores e cientistas defen-


BACTERIANA Um gene da bactéria Bacillus sores da nova tecnologia dizem que
thruringiensis, enxertado no genoma a soja transgênica, por exemplo, vai
Consiste na produção de bacté- do milho, tornou a planta resistente ao aumentar a produtividade e baratear
rias capazes de realizar determinadas ataque das lagartas que a parasitam. os custos do produto.
atividades ou produzir moléculas, co- No caso, o gene bacteriano produz Ambientalistas e outros pesqui-
mo hormônios, enzimas e antibióticos. uma proteína que mata as lagartas. sadores que atacam a nova tecno-
Assim, foram obtidas bactérias logia afirmam que os produtos
marinhas capazes de degradar pe- ❑ A soja transgênica
A soja comum morre quando re- transgênicos são perigosos. Na
tróleo derramado nos mares. verdade, ainda são desconhecidos os
cebe uma aplicação de Roundup, um
Outras bactérias conseguem pro- efeitos dos alimentos geneticamente
dos herbicidas mais usados na agri-
duzir álcool etílico, usado como com- modificados sobre a saúde humana e
cultura. A soja transgênica incorporou
bustível. O gene humano responsável o impacto que poderiam causar ao
um gene bacteriano que a tornou re-
pela produção de insulina foi introdu- sistente ao Roundup. Deste modo, meio ambiente.
zido em bactérias, que passaram a quando o herbicida é aplicado, ape-
secretar esse hormônio, empregado nas as ervas daninhas são destruídas. 9. USOS POTENCIAIS DA
no tratamento dos diabéticos. ENGENHARIA GENÉTICA
A mesma técnica produziu bac- ❑ O arroz transgênico
térias que sintetizam somatotrofina A cultura do arroz comum, cha- • Identificação e função de genes
(hormônio de crescimento), interferon mado arroz branco, é infestada pelo em animais e vegetais.
(usado contra infecções e tumores), arroz vermelho, impróprio para o con- • Desenvolvimento de doenças
vacina contra hepatite B e ativador do sumo. Para acabar com o arroz ver- humanas em animais, facilitando o seu
melho, é necessário o uso do herbicida
plasminogênio (dissolvente de coá- estudo e a busca de novas terapias.
Liberty, que também mata o arroz bran-
gulos sanguíneos). • Produção de proteínas de inte-
co. Para solucionar o problema, os
cientistas retiraram do solo uma bacté- resse médico por meio dos animais
6. TRANSGÊNESE
ria (Streptomyces higroscopicus) que, transgênicos.
Chamamos transgênese ao pro- inserida no DNA do arroz branco, • Desenvolvimento de animais
cesso que permite a transferência de provoca resistência ao Liberty. transgênicos para doação de tecidos
um gene de um organismo para ou- Os ambientalistas, principalmen- ou órgãos para o transplante em hu-
tro. Transgênico é o organismo que te os europeus, condenam o uso de manos.
recebe o gene estranho e, conse- alimentos transgênicos, visto que há
• Desenvolvimento de vegetais
quentemente, tem o seu genótipo muitas dúvidas sobre efeitos dos
transgênicos em longo prazo. mais resistentes a pragas e de melhor
alterado.
qualidade.
7. PLANTAS TRANSGÊNICAS 8. CONFUSÃO TRANSGÊNICA • Desenvolvimento de raças de
A transferência de um gene de O uso de produtos transgênicos animais transgênicos de crescimento
um organismo para outro é feita por está causando polêmica entre produ- mais rápido e de melhor qualidade
um elemento conhecido como vetor. tores, ambientalistas e cientistas. As- para o consumo.
Na obtenção de plantas transgênicas,
o vetor mais usado é a bactéria
Agrobacterium tumefaciens, causa-
dora dos tumores de galha que ocor-
rem nos vegetais.
Quando um vegetal é infectado
pelo Agrobacterium, o T-DNA, uma
parte do plasmídeo, chamado Ti, é
transferido para o DNA da planta.
Contendo genes para a produção dos
hormônios vegetais – auxina e citoci-
nina –, o T-DNA provoca um desequi-
líbrio no crescimento, originando o
tumor de galha.
A Engenharia Genética é capaz
de extrair genes do T-DNA e substi-
tuí-los por genes de outros organis-
mos. O gene estranho que é
incorporado ao genoma da bactéria
pode ser transcrito e traduzido,
determinando o seu caráter. A formação do tumor de galha.

332 –
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MÓDULO 2 Engenharia Genética II

1. GENOMA nologia, conseguiram sequenciar 6. O TESTE DO DNA


95% do genoma humano, composto
Genoma é a totalidade do material de 3 bilhões de pares de bases. Trata-se do teste máximo de iden-
genético de um organismo. No caso Desse total de bases, somente 10% tificação do DNA, usado, por exemplo,
da espécie humana, é constituído formam os genes, ou seja, segmentos em criminologia para mostrar se o
pelo DNA existente nos 46 cromos- que codificam proteínas. Os 90% res- material genético existente em uma
somos, contidos no núcleo da célula. tantes foram considerados o junk gota de sangue encontrada no local do
DNA (DNA-lixo), interpretado como crime coincide com o sangue de um
2. O PROJETO GENOMA um resquício do processo evolutivo suspeito; também é utilizado em caso
da espécie humana. O PGH concluiu de paternidade duvidosa.
O Projeto Genoma (PGH) é um que há relativamente poucos genes –
empreendimento internacional, inicia- A técnica de fingerprinting de
somente 30 ou 40 mil. Estimativas DNA, descoberta pelo inglês Alec
do em 1995, com os seguintes obje- anteriores indicavam de 60 a 100 mil
tivos: Jeffreys em 1984, baseia-se no fato
genes. de que, ao lado das sequências de
1. Determinar a sequência de ba-
ses químicas que compõem o DNA nucleotídeos correspondentes aos
5. A ESTRUTURA DOS GENES genes conhecidos (muito semelhan-
humano.
2. Identificar e mapear os genes tes em todos os indivíduos normais),
Nas células procarióticas, cada existem outras de sequências idênti-
da espécie humana. gene contém uma sequência contínua
3. Armazenar essas informações cas, chamadas de DNA repetitivo.
de nucleotídeos que codificam todos O comprimento e o número dessas
em bancos de dados e torná-las os aminoácidos de uma determinada
acessíveis para novas pesquisas repetições são idênticos para cada
proteína. Dessa sequência, sai o indivíduo.
biológicas. RNAm, que, no ribossomo, participa
da tradução, formando a proteína.
3. MAPEAMENTO E Tal processo não ocorre com o
SEQUENCIAMENTO gene dos eucarióticos, que apresenta
DO GENOMA o DNA dividido em dois tipos de se-
quências: éxons e íntrons. Cha-
Mapear um cromossomo é loca- mamos éxons às sequências
lizar nele a posição dos genes e codificantes que, posteriormente,
determinar a sequência das bases do serão traduzidas em proteínas.
DNA que o constitui. Já os íntrons são as sequências
intervenientes que não são tradu-
4. TRABALHO REALIZADO zidas em proteínas.
PELO PGH ATÉ O Na transcrição, o DNA produz um
MOMENTO RNA pré-mensageiro contendo éxons
e íntrons. Ainda no interior do núcleo, A → amostra de DNA obtida do sêmen co-
Em fevereiro de 2001, o PGH, um esse RNA sofre um processo de ma- lhido na vagina de uma mulher violentada.
consórcio formado por 16 instituições turação, no qual os íntrons são elimi- B e C → amostras obtidas do sangue de
públicas de pesquisa, e a Celera nados, formando-se o RNAm, que, no dois suspeitos. É evidente que B é o
Genomics, uma empresa de biotec- citoplasma, será usado na tradução. criminoso.

O código genético da criança é uma combinação entre os códigos da mãe e do pai verdadeiro (o número 1).
– 333
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O gene procariótico. DNA com 4 éxons e 3 íntrons.

No DNA extraído do sangue, único processo de multiplicação de 3. Células da glândula mamária


sêmen ou qualquer outro tecido, uma espécie, como é o caso da de uma ovelha B, de 6 anos, foram
pode-se expressar, por meio de uma bananeira. Nos animais como o tatu, a extraídas e mantidas em um estado
complicada técnica, o DNA repeti- poliembrionia também produz clones. de dormência. Isto foi possível com a
tivo, na forma de um código de bar- Nesses animais, como sabemos, manutenção dessas células em meio
ras que é diferente para cada um zigoto pode se dividir, originando de cultura com poucos nutrientes.
indivíduo (exceto nos gêmeos univi- 4. Os núcleos das células da
de 4 a 6 gêmeos univitelinos, todos
telinos). Em criminologia, faz-se uma glândula mamária foram extraídos e
machos ou todas fêmeas. Na espécie
comparação entre o fingerprinting de implantados no óvulo retirado da
DNA obtido de células (sangue, sê- humana, nascem, diariamente, gê- ovelha A.
men, pelos etc.) advindas do crime meos univitelinos, na proporção de 4 5. A nova célula assim formada
com o das células do suspeito. A por 1.000 nascimentos. Também são iniciou o processo de divisão, origi-
coincidência dos padrões identifica o chamados de monozigóticos, por nando um embrião, que foi implan-
criminoso. Nos casos de análise de serem originados de 1 zigoto, ou tado no útero de uma ovelha C.
parentesco, leva-se em conta que me- idênticos, pelo fato de possuírem o
tade das bandas que constituem o mesmo genótipo.
fingerprinting de um indivíduo é her-
dada da mãe, e a outra do pai. Ao se ❑ A clonagem da ovelha Dolly
compararem as bandas do filho com A clonagem da ovelha Dolly, de
as de sua mãe, pode-se eliminar as maneira simplificada, seguiu estas
que são semelhantes, restando as etapas:
que foram herdadas do pai. Se todas 1. Óvulos não fecundados foram
as bandas de origem paterna coinci- retirados de uma ovelha A.
direm com o suposto pai, a identifi- 2. O núcleo do óvulo foi retirado e
cação da paternidade será positiva. guardado. A clonagem de uma bactéria.

7. CLONAGEM

A palavra clone (do gre-


go klon, que significa “bro-
to”) é usada para designar um
conjunto de indivíduos que se
originam de outros por repro-
dução assexuada.
Clonagem é o processo
de formação de clones. O
fenômeno ocorre normalmen-
te quando bactérias e outros 4. Geneticamente, Dolly era
idêntica à ovelha que forne-
organismos unicelulares se ceu o DNA. Ela tinha apa-
reproduzem por bipartição. rência nor mal e era capaz
1. Os cientistas pegaram 2. O DNA retirado de 3. Implantado em ou- de se reproduzir da forma
O processo de clonagem um óvulo comum de uma célula da região tra ovelha, o embrião convencional.
ovelha e esvaziaram seu mamária de uma ovelha se desenvolveu nor- Obs.: Em fevereiro de 2003,
também ocorre na propaga- a ovelha Dolly teve de ser
núcleo, a parte que adulta foi implantado no malmente. A fêmea
ção de plantas por meio de contém todo o material óvulo. O embrião foi pariu Dolly em julho sacrificada, em razão de
genético do animal. gerado a partir desse de 1997. graves doenças.
mudas. Às vezes, esse é o
encontro.

334 –
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MÓDULO 3 A Origem da Vida

1. INTRODUÇÃO autotrófica, porque ela vai contra a gas elétricas. Harold Urey e Stanley
teoria da evolução. Miller construíram um dispositivo no
Como teria aparecido a vida na qual expuseram uma mistura de va-
Terra? 4. A HIPÓTESE por-d’água, metano, amônia e hidro-
A resposta a esse problema tem HETEROTRÓFICA gênio às descargas elétricas,
preocupado o homem durante sécu- obtendo, após uma semana, amino-
los, tendo as diversas religiões e a De acordo com a hipótese hetero- ácidos como a glicina e a alanina.
ciência procurado dar uma resposta trófica, a vida teria surgido por meio
satisfatória. A seguir, examinaremos das seguintes etapas:
apenas a aproximação científica em
relação à questão.

2. A GERAÇÃO ESPONTÂNEA

A hipótese da geração espon-


tânea ou abiogênese foi proposta há
mais de 2 mil anos por Aristóteles.
Dizia ele que a vida podia aparecer
subitamente na matéria viva, desde A experiência de Miller, realizada
que nesta fosse insuflado o “princípio em 1953, indica que um processo
ativo” ou “alma imortal”, que, adicio- semelhante poderia ter acontecido na
nado à matéria, poderia produzir vida. atmosfera primitiva.
A superação da teoria da geração ❑ Formação de proteínas
espontânea só foi conseguida por lnicialmente, recapitularemos o pro-
volta de 1860, graças às experiências cesso de combinação de dois ami-
do francês Louis Pasteur, que mostrou noácidos constituindo um dipeptídeo.
conclusivamente que micro-organis- Como se observa, a formação de
mos, tais como bactérias, não surgem um dipeptídeo é um exemplo de sín-
por geração espontânea, mas se tese por desidratação. Sidney W. Fox
originam apenas de bactérias ante- Supõe que a forma mais primitiva aqueceu uma mistura seca de ami-
riormente existentes. de vida se desenvolveu de matéria noácidos e, após o resfriamento, veri-
não viva, formando-se em um ficou a união deles para compor
3. A HIPÓTESE ambiente complexo um ser muito moléculas maiores e mais complexas
AUTOTRÓFICA simples, incapaz de fabricar seu ali- semelhantes a proteínas e designa-
mento. Não se trata de geração es- das proteinoides. Na Terra primitiva,
Como todo ser vivo necessita de
pontânea, uma vez que esta afirma os aminoácidos teriam chegado até
alimento para sobreviver, é lógico
que seres complexos podem surgir as rochas carregados pelas chuvas.
admitir que os primeiros seres vivos
repentinamente de matéria bruta A evaporação da água teria deixado
tenham sido capazes de produzi-lo,
todos os dias, enquanto a hipótese os aminoácidos secos sobre a
isto é, tenham sido autótrofos. Con-
heterotrófica supõe que um ser muito superfície das rochas quentes. Em
tra essa hipótese, existe uma objeção
simples evolui vagarosamente, da tais condições, teria ocorrido a for-
muito séria: os autótrofos sintetizam
matéria inanimada, e que isso mação de ligações peptídicas pela
alimentos orgânicos à custa de uma
aconteceu há milhões de anos, mas evaporação de água e a consequente
série externamente complexa de
não ocorre mais. formação de proteínas; posterior-
reações químicas, exigindo que o
mente, tais proteínas seriam levadas
organismo também seja complexo.
aos oceanos pelas chuvas.
Aceitando a hipótese autotrófica, so- ❑ Formação de aminoácidos
mos obrigados a acreditar que repen- Os geólogos e outros cientistas
tinamente surgiu um ser vivo já muito constataram a evidência de que a
complicado logo de início. Acontece, atmosfera da Terra primitiva era cons-
porém, que a teoria da evolução tituída de hidrogênio, metano, amônia
biológica, contra a qual não há obje- e vapor-d’água.
ções sérias, afirma que os primeiros A elevada temperatura da crosta
seres vivos devem ter sido bastante terrestre determinava o vapor-d’água,
simples, levando muito tempo para se que, condensando-se nas camadas
tornarem complexos; portanto, os altas e frias, provocava violentas tem-
biologistas não aceitam a hipótese pestades acompanhadas de descar- Formação de um dipeptídeo.

– 335
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❑ Formação de coacervados O americano Melvin Calvin rea- de organização conseguido após


Os aminoácidos e proteínas for- lizou experiências do mesmo tipo de séculos de evolução.
mados na era pré-biogênica da Terra Miller, misturando gases suposta-
❑ Aparecimento
teriam chegado aos mares, produ- mente da atmosfera primitiva e bom-
dos autótrofos
zindo o que Haldane descreveu como bardeando-os com raios ultravioleta.
O DNA, ao duplicar-se, geralmen-
“caldo quente e diluído”. Segundo Como resultado, obteve misturas de
te dá origem a cópias exatamente
Oparin, as proteínas teriam formado compostos orgânicos, entre os quais
iguais; porém, às vezes ocorrem mu-
aglomerados designados coacer - a glicose.
tações, isto é, alterações na sequên-
vados. Como as enzimas são sempre
cia de bases existente na molécula e,
proteínas, elas já poderiam ter exis-
com isto, a molécula que controla as
tido (experiência de Fox). Por outro
atividades vitais passa a não ser mais
lado, todos os elementos necessários
a mesma. Portanto, as células-filhas
para formar a ATP poderiam ter esta-
que receberam a mutação terão uma
do presentes no mar primitivo, inclu-
alteração no seu comportamento,
sive fosfatos. Portanto, se tudo tivesse
serão diferentes.
sido realmente como pensamos que
Se a mudança for vantajosa, con-
tenha sido, os coacervados poderiam
forme o meio ambiente, será mantida
ter retirado glicose, enzimas e ATP do
pela seleção natural. Passando à
meio ambiente, fermentado a glicose
hipótese heterotrófica: em milhares de
e, com isso, conseguido a energia
anos, pode ter havido um número
necessária para a sobrevivência.
imenso de mutações, quando as in-
Logo, os primeiros seres vivos te-
contáveis moléculas de DNA se du-
riam sido heterótrofos anaeró-
Formação de coacervados. plicaram. É possível que tais muta-
bios.
ções eventualmente tenham passado
Sabemos que os coacervados a exercer um controle benéfico sobre
são aglomerados de proteínas que se ❑ Capacidade de reprodução o organismo e, com isso, tenham-se
mantêm unidas em pequenos grumos Graças à sua capacidade de reti-
acumulado de modo que os indiví-
circundados por uma camada líquida, rar alimentos e energia e organizar as
duos tenham obtido, aos poucos,
chamada camada de hidratação ou moléculas em padrões definidos, os
conjuntos de moléculas de DNA dife-
solvatação. heterótrofos anaeróbios primitivos te-
rente, resultando em vários tipos de
riam crescido gradativamente, a tal
comportamento.
❑ Obtenção de energia ponto que teriam surgido novos pro-
Um sistema de coacervados, pa- Assim, por ação mutagênica, te-
blemas na luta pela sobrevivência:
ra manter-se e desenvolver-se, teria com o aumento volumétrico do indiví- riam surgido organismos autótrofos.
de dispor de uma fonte de energia duo, a difusão do alimento do meio
constante e controlável. Qual teria ❑ Predomínio dos autótrofos
exterior até o âmago do coacervado
Com o passar dos séculos, é
sido essa fonte de energia? A hipó- teria sido mais lenta, devido à maior
possível que os heterótrofos tenham
tese heterotrófica admite que essa distância a percorrer dentro do hete-
sido obrigados a enfrentar um novo
fonte de energia teria sido a energia rótrofo; desse modo, o coacervado
problema: a quantidade relativa de
das ligações químicas existentes nas teria começado a sofrer fome.
alimento teria começado a diminuir. A
imensas quantidades de substâncias Nessas condições, ou ele teria
“sopa” orgânica ter-se-ia diluído
compostas, produzidas durante mi- perecido ou teria de se ter dividido,
progressivamente por dois motivos:
lhares de anos no mar primitivo, por como meio de reduzir o volume. En-
aumento de consumo de substâncias
processo abiogenético. tretanto, qualquer mecanismo de divi-
orgânicas existentes no ar primitivo,
Nos seres vivos mais recentes, a são teria trazido um novo problema;
devido ao crescimento contínuo da
energia para a sobrevivência das ao dividir-se, o coacervado teria cor-
população, e diminuição da produção
células é obtida, em geral, da glicose. rido o risco de se desorganizar e,
de tais substâncias pelo processo
Para conseguir obter essa energia, a portanto, perder as características de
abiogenético.
célula precisa diminuir a energia de sistema complexo adquiridas em
ativação necessária para que a mo- muitos séculos de evolução. ❑ Aparecimento dos aeróbios
lécula de glicose possa ser quebrada Nos organismos bem-sucedidos, Os primeiros autótrofos, a partir
e a energia de suas ligações, libe- teriam surgido os ácidos nucleicos, de um suprimento de CO2, enzimas
rada; isso ela faz utilizando enzimas e moléculas que controlam os proces- de ATP e aparecimento de uma
ATP (adenosina trifosfato). Em certos sos básicos de reprodução e orga- molécula (clorofila?) capaz de absor-
casos, como na ausência de oxigênio, nização. Em tais condições, o pri- ver a energia luminosa, realizariam
a célula consegue retirar energia da mitivo organismo que tivesse DNA uma primitiva fotossíntese.
glicose pelo processo de fermen- teria encontrado o meio para se No processo de fotossíntese, li-
tação. Será que tal processo poderia duplicar exatamente, transmitindo aos beram-se moléculas de oxigênio.
ter ocorrido com os coacervados? seus descendentes o mesmo padrão Portanto, podemos supor que uma
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certa quantidade de gás se tenha da glicose libera muito mais energia levado vantagem os organismos ca-
acumulado gradativamente durante do que a retirada de energia na pazes de executar respiração
milhares de anos como consequência ausência de oxigênio. (A fermentação aeróbia, porque, assim, teriam reti-
do aparecimento dos autótrofos. fornece um lucro energético de ape- rado mais energia do alimento dis-
Todavia, a utilização de oxigênio nas 2 ATPs, enquanto, na reação, o ponível.
para a obtenção de energia a partir lucro é de 38 ATPs.) Teriam, então,

MÓDULO 4 A Evolução
1. A TEORIA DA EVOLUÇÃO vasos sanguíneos, ordenados A razão da homologia seria que os
segundo um mesmo padrão e com diferentes organismos teriam uma
A teoria da evolução afirma que grande similaridade no desenvolvi- origem evolutiva comum: quanto mais
as espécies atuais descendem de mento embrionário (Fig. 1). recente o antepassado, maior a seme-
outras espécies que sofreram modifi- lhança estrutural. Sob a ação do am-
cações através dos tempos. biente, pode haver modificações, mas
Os antepassados das espécies a estrutura fundamental permanecerá.
atualmente existentes são consi- Outra evidência evolutiva, forneci-
derados descendentes de prede- da pela anatomia comparada, é a
cessores diferentes deles, e assim por existência dos órgãos vestigiais. Há
diante, a partir de organismos precur- vestígios ou rudimentos de órgãos que
sores, extremamente primitivos e representam restos inúteis de estru-
desconhecidos. O evolucionismo pre- turas ou de órgãos que são grandes e
ga o transformismo, explica a grande funcionais em alguns outros animais.
diversidade de formas de vida e No corpo humano, existem vários
rejeita o fixismo, segundo o qual o órgãos vestigiais, entre os quais cita-
número de espécies é fixo e elas não mos: o apêndice vermiforme, o cóccix
sofrem modificações. e a prega semilunar. O apêndice ver-
Quais são as evidências do pro- miforme é uma curta expansão, que
cesso evolutivo? Tais evidências, que se localiza na região em que o intestino
passaremos a analisar, podem ser grosso se liga ao delgado. Trata-se de
resumidas em: um vestígio do volumoso ceco, existen-
• Anatomia comparada te nos herbívoros. Os volumosos cecos
• Embriologia comparada dos mamíferos herbívoros armazenam
• Bioquímica o alimento, enquanto sobre ele se
• Fósseis exerce a ação bacteriana, para a
digestão da celulose (Fig. 2).
2. A ANATOMIA COMPARADA Fig. 1 – Homologias.

O estudo comparado da anato-


mia de animais e vegetais mostra a
existência de um padrão fundamental
similar na estrutura dos sistemas de
órgãos. Os sistemas esquelético,
circulatório e excretor constituem um
ótimo exemplo disto, pelas homo-
logias. Dizemos que dois ou mais
órgãos são homólogos quando têm
a mesma origem embrionária e
estrutura semelhante, podendo a
função ser a mesma ou não.
Apesar de superficialmente dife-
rentes, uma nadadeira de baleia, uma
asa de ave, uma asa de morcego,
uma pata de gato, uma pata anterior Fig. 2 – Ceco e apêndice vermiforme.
de cavalo e a mão e o braço humanos
são órgãos homólogos. Em cada um No homem, a coluna vertebral termina no cóccix, um osso recurvado
deles, aparece quase o mesmo formado por vértebras fusionadas, que é um vestígio de cauda, existente em
número de ossos, músculos, nervos e numerosos mamíferos (Fig. 3).
– 337
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4. A BIOQUÍMICA

As semelhanças e diferenças encontradas no DNA


e nas proteínas constituem uma evidência bioquímica da
evolução. Quanto mais longo for o período de diver-
gência das espécies, em relação a um ancestral comum,
maior número de substituições de nucleotídeos e de
aminoácidos encontraremos, respectivamente, nos
genes e nas proteínas correspondentes em relação às
espécies consideradas. Por outro lado, quanto maior for
o parentesco, maiores serão as semelhanças.
Fig. 3 – A extremidade inferior da coluna vertebral do homem.
As proteínas homólogas
A prega semilunar é uma dobra de carne existente Chamamos de proteínas homólogas aquelas que
no ângulo interno do olho humano. Essa prega é um realizam a mesma função em espécies diferentes, como
vestígio da membrana nictitante, que em aves e répteis é o caso, por exemplo, das hemoglobinas. Estrutu-
constitui uma terceira pálpebra móvel, para limpeza e lu- ralmente, as proteínas homólogas apresentam cadeias
brificação do globo ocular (Fig. 4). de comprimento semelhante, nas quais se destacam
dois tipos de segmentos: invariáveis e variáveis. Os
primeiros apresentam, em posições idênticas, os
mesmos aminoácidos, sendo responsáveis pelas
atividades biológicas da proteína. Nos segmentos
variáveis, aparecem diferentes aminoácidos, resultantes
das mutações ocorridas no DNA.
Daí a conclusão de que as proteínas homólogas são
originadas de uma única proteína ancestral. Consequen-
temente, os animais portadores dessas proteínas tiveram
Fig. 4 – A membrana nictitante um ancestral comum, do qual evoluíram através das mu-
da coruja e a prega semilunar do homem. tações. A maior ou menor coincidência entre os resíduos
variáveis é proporcional à filogênese das espécies.
3. A EMBRIOLOGIA COMPARADA
O citocromo c
Animais de espécies diferentes, quando na fase em- O citocromo c é uma proteína homóloga que parti-
brionária, são muito semelhantes. Quanto maior a seme- cipa da cadeia respiratória, uma etapa da respiração
lhança entre os adultos de espécies diferentes, mais celular. Na tabela abaixo, os números correspondem a
prolongada é a fase embrionária comum. Assim é que quantidades de aminoácidos diferentes nos citocromos
os embriões de um peixe, anfíbio, réptil, ave e mamífero de algumas espécies.
(inclusive o homem) têm bolsas branquiais e cauda; a
explicação é que nós descendemos de animais em que
tais órgãos eram funcionais (Fig. 5).

Na Figura 6, aparece uma árvore genealógica,


baseada nas alterações sofridas pelo citocromo c,
Fig. 5 – O estudo comparado do determinadas por mutações ocorridas no DNA que o
desenvolvimento embrionário em vertebrados. codifica.

338 –
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• Existem vias metabólicas comuns, como é o caso


da síntese de proteínas e dos processos respiratórios.

• Há a universalidade do código genético na


herança e da ATP como fonte energética.

5. OS FÓSSEIS

Paleontologia é a ciência que estuda os fósseis, isto


é, restos ou vestígios de animais ou de vegetais que vi-
veram antes dos tempos históricos e que se conserva-
ram nas rochas. Assim, são fósseis não apenas partes
de esqueletos que foram preservadas, mas também
pegadas de animais conservadas em rochas.
Os fósseis documentam a evolução dos organismos
no decorrer do tempo geológico. Para determinar a
idade relativa dos fósseis, os paleontólogos se baseiam
na decomposição de vários elementos radioativos, par-
Fig. 6 – Árvore genealógica do citocromo c. ticularmente do carbono 14 e do urânio 238. Sabemos
que os elementos radioativos se desintegram a taxas de
As reações sorológicas tempo regulares, constituindo assim “relógios radioa-
As reações sorológicas, baseadas nas reações tivos”. Aqui estão alguns acontecimentos baseados no
específicas entre antígenos e anticorpos, evidenciam as registro fóssil.
relações filogenéticas através da interpretação dos
processos de aglutinação. O plasma humano é injetado
no coelho. Do sangue deste, é obtido, por centrifugação,
o soro anti-humano que é adicionado ao sangue de ORIGEM DA TERRA
várias espécies. Os resultados obtidos aparecem na 4-5 BILHÕES DE ANOS
Figura 7. Observe que, quanto maior for o grau de
aglutinação, maior é a afinidade com a espécie humana.
OS MAIS ANTIGOS REGISTROS DE BACTÉRIAS
3 BILHÕES
PRIMEIRAS ALGAS FILAMENTOSAS
2 BILHÕES
AS MAIS ANTIGAS CÉLULAS NUCLEADAS
1 BILHÃO
INVERTEBRADOS MARINHOS
600 MILHÕES
PEIXES E ALGUMAS PLANTAS TERRESTRES
400 MILHÕES
Fig. 7 – As reações do soro
anti-humano com o sangue de outras espécies.
ANFÍBIOS DINOSSAUROS
A origem comum 300 MILHÕES 200 MILHÕES
Veja, a seguir, uma série de evidências atestando a
origem, a partir de um ancestral comum, bem como o
parentesco entre as diversas espécies:
MAMÍFEROS PRIMATAS
• Em todos os organismos, os compostos orgânicos 150 MILHÕES 20 MILHÕES
fundamentais são o DNA e as proteínas, que são
estruturadas a partir de 20 tipos de aminoácidos.

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O estudo da sequência dos fósseis existentes desde as camadas


rochosas mais antigas até as mais recentes revela:

• Modificação contínua das espécies através dos tempos, com a


extinção de algumas e modificações em outras.

• Aumento em diversidade e também em complexidade nas formas


fósseis.

• Existência de formas de transição entre dois grupos.

Uma das mais convincentes formas de transição foi a descoberta do


Archaeopteryx, uma forma intermediária entre répteis e aves.

O Archaeopteryx (Fig. 8) era uma ave com dentes, garras nas asas e
cauda longa (características dos répteis), com penas e estrutura geral dos
membros típicas de aves. Fig. 8 – O Archaeopteryx.

MÓDULO 5 Lamarckismo e Darwinismo

1. LAMARCKISMO O lamarckismo, ou “hipótese de evolução por seleção natural, toman-


transmissão hereditária dos caracte- do como pontos de partida duas
res adquiridos por modificação do observações:
De acordo com Lamarck, os
animais, dependendo das variações ambiente”, é considerado equivocado
pela biologia contemporânea. 1) Os organismos vivos produzem
ambientais, deveriam desenvolver
grande número de sementes ou ovos,
adaptações para poder sobreviver. A Assim, os lamarckistas admitiram
mas o número de indivíduos nas
adaptação seria uma consequência que os bagres-cegos das grutas de
populações normais é mais ou menos
de atividades musculares: pelo exer- Ipiranga ficaram cegos devido ao
constante, o que só se pode explicar
cício, certos músculos se desenvol- desuso e à atrofia dos olhos na ausên- pela grande mortalidade natural.
veriam, enquanto outros, na falta de cia da luz; porém, foi demonstrado
estímulo, se atrofiariam; os órgãos que tais animais simplesmente des- 2) Organismos de mesma espé-
sofreriam modificações pelo “uso e
cendem de formas com visão atro- cie, ou então de uma população na-
desuso”, as quais seriam hereditárias
fiada (mutações), que surgiram espon- tural, são muito variáveis em forma e
e, ocorrendo em sucessivas gera-
taneamente, quer na presença, quer comportamento, sendo a variabilidade
ções, promoveriam uma adaptação
na ausência de luz. muito influenciada pela hereditariedade.
cada vez mais perfeita e, portanto,
progressiva melhora do organismo. O golpe definitivo no lamarckismo
foi dado por Weismann, nas suas
Em diferentes meios ambientes, Portanto, há grande variabilidade
famosas experiências cortando cau- e grande mortalidade; alguns organis-
as formas iriam tendo distintas adap-
das de camundongos por sucessivas
tações, até originar espécies dife- mos terão maior probabilidade de
gerações e mostrando que não havia
rentes. deixar descendentes do que outros: a
atrofia desse apêndice. Ele foi autor
O lamarckismo explicaria por que tal tipo de reprodução seletiva Darwin
da teoria da “continuidade do plasma chamou seleção natural.
a girafa tem o comprimento acentua- germinativo”, pela qual o germe é Como Darwin demonstrou, a sele-
do do pescoço (como seu alimento imortal, não sendo as alterações pro- ção natural ou “luta pela vida com
fica na copa das árvores, teria au- vocadas pelo meio ambiente no soma sobrevivência do mais apto” é o fator
mentado o comprimento do pescoço transmissíveis aos descendentes. orientador da evolução, mas não a
e das pernas pelo esforço constante causa das variações, que ele foi
de esticá-los, através de muitas gera- incapaz de descobrir.
ções), por que as cobras não têm 2. DARWINISMO A dificuldade de Darwin só foi resol-
membros (perderam pelo desuso vida com a descoberta das muta-
porque os membros atrapalhariam a No seu livro A Origem das Espé- ções, responsáveis pela origem das
locomoção em túneis estreitos) etc. cies, Darwin expôs a sua teoria da variações.

340 –
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MÓDULO 6 Neodarwinismo

TEORIA SINTÉTICA começaram a ser mimetizadas pela • Mecanismos


OU NEODARWINISMO fuligem e, como eram mais vigorosas, pré-zigóticos
foram aumentando em frequência e Impedem a fecundação e a for-
A moderna teoria sintética da substituindo as mariposas claras, mação do zigoto.
evolução envolve quatro fatores bási- que, agora, passaram a ser elimi-
cos: mutação, recombinação gené- nadas pelos predadores, por ficarem Hábitat
tica, seleção natural e isolamento mais visíveis. Os predadores da As populações vivem na mesma
reprodutivo. Os dois primeiros deter- mariposa, que atuam, portanto, como região, mas se localizam em hábitats
minam a variabilidade genética, que agentes seletivos, são os pássaros. diferentes.
é orientada pelos dois últimos. Três
processos acessórios também atuam Sazonal ou temporal
• Resistência de
no processo; são eles: migração, A reprodução é impossibilitada
bactérias a antibióticos
hibridação e oscilação genética. devido à ocorrência de maturidade
Pode-se dizer que não é a pre-
sença de um certo antibiótico sexual em épocas diferentes.
❑ As fontes da variabilidade que provoca o aparecimento
das mutações; na realidade, Etológico
Sob a designação de variabili-
estas surgem espontaneamen- A fecundação não ocorre devido
dade, enquadramos as diferenças
te e, quando conferem resis- a diferenças de comportamento, im-
existentes entre os indivíduos da mes-
tência ao antibiótico, são úteis possibilitando o acasalamento.
ma espécie. Como já estudamos em
capítulos anteriores, as fontes de à bactéria na presença do
medicamento. Não se deve afirmar Mecânico
variabilidade são as mutações e a
simplesmente que uma certa mutação Diferenças estruturais nos órgãos
recombinação genética. É importante
salientar que a mutação constitui a é favorável ou desfavorável; essa afir- reprodutores impedem a fecundação.
matéria-prima da evolução e ocorre mação só tem sentido se frisar o am-
espontaneamente, ou seja, nunca biente, porque a mesma mutação • Mecanismos
aparece como resposta do organismo pode ser favorável ou desfavorável, pós-zigóticos
a uma situação ambiental. conforme o meio. Ocorre a fecundação, mas os zi-
gotos produzem híbridos fracos ou
estéreis.
❑ A seleção natural • Resistência
As variações são submetidas ao de moscas ao DDT lnviabilidade do híbrido
meio ambiente que, pela seleção Durante o primeiro ano em que o Devido a sua fraqueza orgânica.
natural, conserva as favoráveis e eli- DDT foi usado numa determinada
mina as desfavoráveis. Assim, quan- localidade, quase todas as moscas Esterilidade do híbrido
do as condições ambientais se mo- foram mortas; algumas, porém, por Determinada por anomalia de gô-
dificam, algumas variações serão causa da variação herdada, não nadas ou impossibilidade de meiose.
vantajosas e permitirão, então, aos foram afetadas. Puderam sobreviver e
indivíduos que as apresentam, sobre- se reproduzir e, assim, logo ultrapas- Deterioração da F2
viver e produzir mais descendentes saram em número os tipos de moscas Os híbridos (F1) são normais e
do que aqueles que não as têm. menos resistentes naquela área. O férteis, mas seus descendentes (F2)
Entre os principais exemplos de inseticida foi-se tornando menos ativo. são fracos ou estéreis.
seleção natural, citamos: melanismo O DDT causou uma mudança no
industrial; resistência de bactérias a ambiente e só as moscas que eram ❑ Fatores evolutivos
antibióticos; resistência de moscas ao resistentes puderam sobreviver e fo- complementares
DDT. ram sendo selecionadas; não foi,
portanto, o inseticida que conferiu re- • Migração
sistência às moscas. A migração é responsável pelo
• Melanismo industrial
fluxo gênico, que traz à população
Antes da industrialização na In-
novos genes, contribuindo para au-
glaterra, predominavam as mariposas ❑ Isolamento reprodutivo
mentos da variabilidade genética.
claras; às vezes apareciam mutantes Ocorre o isolamento reprodutivo
escuras, dominantes, que, apesar de quando duas populações de indiví- • Hibridação
serem mais robustas, eram elimina- duos não podem cruzar-se e, por- Consiste no cruzamento entre
das pelos predadores por serem visí- tanto, trocar genes. Os mecanismos popuIações com patrimônios gené-
veis. Depois da industrialização, no de isolamento constituem barreiras ao ticos diferentes, produzindo indiví-
século XIX, as mutantes escuras intercâmbio de genes e podem ser: duos com alta variabilidade genética.
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• Oscilação genética pela sua morte, desaparecerá da po- É a oscilação genética que ex-
Nas populações finitas, peque- pulação. Poderá aparecer de novo plica como os genes detrimentais
nas, o equilíbrio de Hardy-Weinberg é quando e se ocorrer nova mutação. É podem aumentar de frequência e
alterado pelo tamanho da população. a oscilação genética, que de- como, em índios, há frequências altas
Se ocorrer mutação rara, o número de pende do fato de o gene ser favorável de tipos sanguíneos diferentes, de
portadores da mutação será baixo e, ou não. acordo com a tribo.

MÓDULO 7 O Processo de Especiação

1. ESPECIAÇÃO competição por espaço e alimento,


cada grupo de organismos tende a se
Consiste no processo de forma- expandir e ocupar diferentes
ção de espécies e obedece aos ambientes por meio de novas carac-
seguintes estágios: terísticas adquiridas. O conceito de
1.o estágio: uma população A vive irradiação adaptativa, ou seja, evolu-
em um ambiente homogêneo. ção em várias direções, partindo de
2.o estágio: uma diferenciação um ancestral comum, pode ser
ambiental provoca a migração da po- ilustrado pela estrutura dos membros
pulação para ambientes diferentes. dos mamíferos. Assim, partindo de
Assim, a população A divide-se em A1 um tipo primitivo, surgiram os voado-
e A2, que migram para ambientes res, nadadores, trepadores etc.
diferentes. Isoladas geograficamente
e submetidas a pressões seletivas di- 3. CONVERGÊNCIA
ferentes, tais populações passam a EVOLUTIVA OU EVO-
constituir raças geográficas ou subes- LUÇÃO CONVERGENTE
pécies.
3.o estágio: com o passar do tem- Consiste na semelhança entre
po, aumenta a diferenciação genética Estágios da especiação. organismos de origens diferentes
entre A1 e A2, provocando o isola- que, vivendo por muito tempo no
mento reprodutivo. 2. IRRADIAÇÃO mesmo ambiente, são submetidos às
4.o estágio: as raças A1 e A2 ADAPTATIVA OU mesmas pressões seletivas e acabam
coexistem novamente na mesma re- EVOLUÇÃO DIVERGENTE por se assemelhar. É o caso da
gião. Permanecendo distintas em ra- semelhança corpórea entre um ictios-
zão dos mecanismos de isolamento É o processo de evolução de uma sauro (ex.: réptil fóssil), um peixe (ex.:
reprodutivo, que as separam, A1 e A2 espécie ancestral em uma variedade o tubarão) e um mamífero (ex.: o
são reconhecidas como espécies de formas, que ocupam diferentes golfinho); no caso, trata-se de uma
distintas. ambientes. Em virtude da constante adaptação à vida aquática.

MÓDULO 8 Genética Molecular I

1. O QUE É GENÉTICA 2. OS OBJETIVOS 3. OS GENES


DA GENÉTICA
A Genética é o ramo da Biologia O conceito central da Genética é
que estuda dois tópicos principais: A Genética procura uma resposta o gene, termo proposto em 1909
hereditariedade e variação. para as três seguintes questões fun- pelo biólogo dinamarquês Wilhelm
Hereditariedade é a causa das damentais: Johannsen para descrever uma uni-
semelhanças entre ascendentes e dade hereditária. Genes são segmen-
descendentes. Essa é a razão pela 1 – Qual é a natureza do material tos de DNA responsáveis pela de-
qual pais e filhos se assemelham uns genético que os pais transmitem terminação e transmissão das carac-
aos outros. Variação é a causa das aos filhos? terísticas hereditárias de um orga-
diferenças entre os indivíduos. A 2 – Como é feita essa transmissão nismo.
Genética procura explicar as razões dos pais para os filhos?
que determinam tanto as se- 3 – Como age o material genético na 4. OS ÁCIDOS NUCLEICOS
melhanças quanto as diferenças entre expressão dos caracteres here-
os indivíduos aparentados. ditários? As maiores e mais importantes
moléculas das células são os ácidos
342 –
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nucleicos, pois, além de controlarem duas pontes de hidrogênio com a


todas as atividades celulares, estabe- timina; a guanina, três pontes com a
lecem o elo químico entre as gerações. citosina.
Existem dois tipos de ácidos nu- Os pareamentos A-T e C-G fazem
cleicos: o ácido desoxirribonucleico com que, na molécula de DNA, tenha-
(ADN ou DNA) e o ácido ribonucleico mos A = T e C = G. Graças ao citado
(ARN ou RNA), presentes em todos os pareamento, as cadeias são denomi-
seres vivos. Os vírus fazem exceção nadas complementares. Também
por apresentarem DNA ou RNA, mas se observa que, em razão da comple-
nunca os dois. mentaridade, as cadeias são orien-
tadas em sentidos opostos, ou seja,
são antiparalelas, fato evidenciado
5. A COMPOSIÇÃO pela posição das pentoses.
DOS ÁCIDOS NUCLEICOS De acordo com o modelo pro-
posto por Watson e Crick, o DNA con-
Os ácidos nucleicos são polinu- siste em duas cadeias enroladas uma
cleotídeos, isto é, macromoléculas for- sobre a outra de maneira regular,
madas pelo encadeamento de unida- requerendo cerca de dez nucleotí-
des chamadas nucleotídeos (Fig. 1). deos pareados em cada volta com-
pleta dessa hélice dupla.
A distância entre as bases é de
3,4Å e o diâmetro da molécula é de
Fig. 2 – Nucleotídeos do RNA e do DNA. cerca de 20Å (Fig. 4).
O que diferencia dois DNAs de
6. A ESTRUTURA origens diferentes é o valor caracterís-
DOS ÁCIDOS NUCLEICOS tico da relação (A + T) / (C + G), que
é constante dentro de uma determi-
Nos ácidos nucleicos, os nucleo- nada espécie.
tídeos estão ligados, formando uma Existem vírus com DNA formado
cadeia polinucleotídica. por uma cadeia de nucleotídeos; evi-
Nesta cadeia, a pentose de um dentemente, neste caso, há diferentes
nucleotídeo está ligada ao grupo quantidades de A e T, bem como de
fosfato de outro nucleotídeo e assim C e G.
sucessivamente (Fig. 3). O RNA é constituído por uma
Fig. 1 – Nucleotídeo e nucleosídeo. única cadeia de nucleotídeos, inexis-
tindo as relações de igualdade entre
purinas e pirimidinas (Fig. 5).
Por sua vez, cada nucleotídeo re-
sulta da combinação de três compo- 7. OS TIPOS DE RNA
nentes: fosfato, açúcar e base nitroge-
nada. Existem três tipos de RNA: o
A combinação entre uma molé- RNAr, o RNAm e o RNAt.
cula de base e uma de açúcar rece- O RNA ribossômico (RNAr), asso-
be o nome de nucleosídeo. ciado a proteínas, forma os ribosso-
As pentoses são de dois tipos: mos, organoides celulares responsá-
desoxirribose no DNA e ribose no veis pela síntese de proteínas.
RNA. A única diferença entre as duas O RNAr constitui a maior porção
pentoses é que a desoxirribose pos- do RNA celular.
sui um átomo de oxigênio a menos. O RNA mensageiro (RNAm) leva
As bases dos ácidos nucleicos são a mensagem genética do DNA para
as purinas e as pirimidinas. As pu- os ribossomos; a mensagem consiste
rinas possuem dois anéis heterocí- Fig. 3 – A cadeia de nucleotídeos. na sequência de aminoácidos da
clicos unidos, enquanto as pirimi- proteína.
dinas só apresentam um anel. No O DNA é formado por duas O RNA transportador (RNAt) ou
DNA e no RNA, as purinas são cadeias de polinucleotídeos, enrola- RNA solúvel (RNAs) é o de menor
adenina (A) e guanina (G); no DNA, das helicoidalmente e ligadas trans- cadeia, apresentando de 80 a 100
as pirimidinas são citosina (C) e timi- versalmente através de pontes de hi- nucleotídeos. A sua função é o trans-
na (T). O RNA contém uracila (U) no drogênio, existentes entre uma purina porte de aminoácidos do hialoplasma
lugar de timina (Fig. 2). e uma pirimidina. A adenina forma para os ribossomos.

– 343
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Fig. 4 – A estrutura do DNA. Fig. 5 – O RNA.


8. A REPLICAÇÃO

Replicação é o processo de du-


plicação da molécula do DNA. Sob a
ação de uma enzima específica, a
DNA-polimerase, ocorre a quebra
das pontes de hidrogênio e a conse-
quente separação das duas cadeias.
Ao mesmo tempo, cada cadeia vai
formando a sua cadeia complementar
através do encadeamento de novos
nucleotídeos, sempre observando o
pareamento de A com T e de G com
C. O resultado é a formação de duas
novas cadeias que conservam, na
sua estrutura, uma metade da
molécula-mãe; daí a designação de
semiconservativa, dada a tal forma de
replicação.

9. A TRANSCRIÇÃO

Transcrição é o processo pelo


qual o DNA serve de modelo para a
síntese de RNA. Apenas uma cadeia
de DNA é usada nesse processo, ati-
vado pela enzima RNA-polimerase.
Numa determinada região, terminal ou
intercalar, da molécula do DNA, ocorre
a separação das cadeias. Uma delas
forma o RNA através do encadeamen-
to de nucleotídeos complementares.
Assim, pareiam-se A do DNA com U
do RNA, T do DNA com A do RNA, C
do DNA com G do RNA e G do DNA Fig. 1 – Replicação
com C do RNA. semiconservativa do DNA. Fig. 2 – A transcrição.
344 –
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10. AS NUCLEASES DNAase constituição química dos cromos-


DNA ⎯⎯⎯⎯→ nucleotídeos somos. Também aparece nos cloro-
Nucleases são as enzimas que plastos e nas mitocôndrias.
RNAase
hidrolisam os ácidos nucleicos. As- RNA ⎯⎯⎯⎯→ nucleotídeos O RNA é encontrado nos cromos-
sim, a desoxirribonuclease somos, no nucléolo, nos ribossomos,
(DNAase) e a ribonuclease nas mitocôndrias, nos cloroplastos e
11. A LOCALIZAÇÃO
(RNAase) são enzimas pancreáticas no hialoplasma.
DOS ÁCIDOS NUCLEICOS
que hidrolisam, respectivamente, o
DNA e o RNA, transformando-os em O DNA existe principalmente no
nucleotídeos. núcleo das células, presente na

MÓDULO 9 Genética Molecular II


1. DE QUE MANEIRA O GENE Segunda letra
DETERMINA O FENÓTIPO? U C A G

UUU
} UCU
} } U

}
UAU UGU
Sabemos que, na estrutura UUC
Phe
UCC UAC
Tyr
UGC
Cys
C
celular dos seres vivos, existem U Ser
UGA → Sem sentido A
quatro tipos de macromoléculas: açú-
UUA
UUG } Leu
UCA
UCG
UAA
UAG } Sem
sentido UGG → Tryp G
cares, lipídios, proteínas e ácidos
nucleicos. As duas primeiras não são
}
} }
CUU CCU CAU CGU

}
U
His
características e específicas dos di- C
CUC CCC CAC CGC C
Leu Pro Arg
versos organismos. Assim, a glicose CUA CCA CAA
} CGA A
Primeira letra

Terceira letra
GluN
de um fermento é a mesma existente CUG CCG CAG CGG G
no homem; o panículo adiposo de um
AUU
} ACU
} }
}
AAU AGU U
rato é similar ao de um elefante. O Leu AspN Ser
AUC ACC AAC AGC C
mesmo não acontece, porém, com as A Thr
proteínas e com os ácidos nucleicos,
substâncias específicas para cada
AUA
AUG } Met
ACA
ACG
AAA
AAG } Lys
AGA
AGG } Arg
A
G

orga- nismo. Os milhares de organis-


}
} }
GUU GCU GAU GGU

}
U
mos que existem na natureza são, Asp
G GUC Val
GCC
Ala
GAC GGC
Gly
C
geralmente, representados por dife-
renças proteicas. Podemos afirmar
GUA
GUG
GCA
GCG
GAA
GAG } Glu
GGA
GGG
A
G
que as proteínas determinam o fenó-
tipo. Para tanto, desempenham duas 3. O CÓDIGO GENÉTICO CÓDONS CÓDONS AMINOÁCIDOS
funções gerais, atuando como:
DNA RNAm CODIFICADOS
(1) materiais estruturais; Um código é um sistema de
CCA GGU Glicina
(2) mediadores e reguladores símbolos, usado para transmitir uma
metabólicos. determinada informação. A lingua- AGA UCU Serina
Os componentes celulares são gem escrita, por exemplo, é um tipo
estruturados principalmente a partir de código inventado pelo homem. CGA GCU Alanina
de proteínas. Sendo mediadores e re- Usando 23 símbolos (letras), pode-
AAA UUU Fenilalanina
guladores metabólicos, agem como mos formar um número ilimitado de
palavras, que só tem significado para
enzimas e hormônios. 4. AS PROPRIEDADES
quem entenda português. É possível
comparar o código genético a um al- DO CÓDIGO GENÉTICO
2. O CONCEITO DE GENE fabeto de quatro letras que são as ini-
ciais das quatro bases nitrogenadas: O código genético apresenta
O gene, ou seja, o DNA, determi- A (adenina), C (citosina), G (guanina) duas propriedades: a degeneração e
na o fenótipo do organismo, espe- e T (timina). Com as quatro letras, são a universalidade.
cificando a síntese de determinadas formadas palavras de três letras de- O código genético é degenerado,
moléculas de proteínas. nominadas códons. Portanto, cada ou seja, cada aminoácido é codifi-
Estruturalmente o gene é equiva- códon é uma sequência de três ba- cado por dois ou mais códons. Ar-
lente a um cístron, ou seja, um seg- ses que codificam um aminoácido ginina, por exemplo, é um aminoácido
mento de DNA que codifica a se- específico. Os códons do DNA são codificado por seis códons: CGU,
quência de aminoácidos de uma transcritos para códons do RNAm, CGC, CGA, CGG, AGA e AGG. O có-
proteína. como se observa na tabela a seguir. digo é universal, o que significa que

– 345
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parece ser o mesmo em todos os No processo, intervém a enzima 9. A TRADUÇÃO


organismos estudados. Esta é mais RNA-polimerase.
uma evidência evolutiva mostrando O RNAm sai do núcleo, vai até o É o processo de síntese de uma
que todas as formas de vida têm uma ribossomo e aí se prende, formando proteína, realizado num ribossomo a
origem comum. um molde para a síntese de proteínas partir de um molde de RNAm.
5. O CÓDIGO (Fig. 1). Os ribossomos são partículas de
GENÉTICO COMPLETO 100 a 150 angstroms de diâmetro,
8. ATIVAÇÃO formados por duas subunidades de
O código existente no DNA é
DE AMINOÁCIDOS tamanhos diferentes.
transcrito para o RNA que comumen-
te aparece nas tabelas, como a que Na subunidade menor, liga-se o
apresentamos anteriormente. É nesta fase que entra em ação o RNAm, enquanto na subunidade
Observe que três dos códons RNA transportador (RNAt), também maior existem dois sítios (1 e 2), nos
existentes não têm sentido, o que sig- chamado RNA transferidor ou solúvel quais podem se unir duas moléculas
nifica que não codificam qualquer tipo (RNAs). Trata-se de uma molécula de RNAt. Cada ribossomo liga-se a
de aminoácido. É o caso de UAA, constituída por uma cadeia de 80 nu- uma extremidade do RNAm e move-se
UAG e UGA, chamados de códons cleotídeos que se dobra em forma de em direção à extremidade oposta. Um
terminais por indicarem o término de “folha de trevo”. RNAt, transportando um aminoácido,
um cístron. Numa das extremidades, existe encaixa-se no sítio 1; tal encaixe só
um anticódon, isto é, uma sequência acontece se o anticódon do RNAt for
6. CÍSTRON de três bases que são complemen- complementar ao primeiro códon do
O gene é definido modernamente tares a um códon de RNAm (Fig. 2). RNAm. Um segundo RNAt, trans-
como um cístron, isto é, um segmento portando outro aminoácido, vem e, se
de DNA que contém a informação houver correspondência, encaixa-se
genética para a síntese de uma pro- no sítio 2. Então, acontece o rom-
teína. Para efeito didático, vamos pimento entre o aminoácido e o RNAt
dividir o processo da síntese proteica que ocupa o sítio 1. Por ação enzi-
em três fases: transcrição, ativação
mática, o primeiro aminoácido forma
de aminoácidos e tradução.
uma ligação peptídica com o segun-
do aminoácido que ocupa o sítio 2.
7. A TRANSCRIÇÃO
Desse modo, teremos no sítio 2 um
A mensagem contida no cístron RNAt ligado a dois aminoácidos, ou
é transcrita para uma molécula de seja, um dipeptídeo. A seguir, o ribos-
RNA, o chamado RNA mensageiro somo desloca-se sobre o segundo e
(RNAm). Uma cadeia da molécula do o terceiro códons do RNAm.
DNA controla a síntese de um tipo O primeiro RNAt que se ligou ao
específico de RNAm. As bases com- RNAm destaca-se e volta para o cito-
plementares pareiam-se: adenina do plasma. Com o deslocamento do ribos-
DNA com uracila do RNA, timina do
somo, o RNAt com o dipeptídeo passa
DNA com adenina do RNA etc. Assim,
Fig. 2 – O RNAt. a ocupar o sítio 1, ficando livre o sítio 2.
a molécula do RNAm formado copia
a mensagem do DNA. Outro RNAt, transportando um ter-
ceiro aminoácido com um anticódon
No citoplasma, enzimas especí- complementar ao terceiro códon do
ficas ativam as moléculas de ami-
RNAm, encaixa-se no sítio 2.
noácidos que se associam com as do
RNAt, formando os complexos Novamente é formada uma liga-
AA-RNAt (Fig. 3). ção peptídica entre o terceiro amino-
ácido e o dipeptídeo, destacando-se
o segundo RNAt. O processo vai se
repetindo e o ribossomo vai percor-
rendo o RNAm, traduzindo os suces-
sivos códons e formando um poli-
peptídeo. Após a tradução do último
códon, o ribossomo destaca-se do
RNAm, enquanto o último RNAt se
Fig. 1 – A transcrição. Fig. 3 – Ativação de aminoácidos. destaca do peptídeo.
346 –
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A Figura 4 a seguir mostra um ribossomo traduzindo um RNAm.

Fig. 4 – A síntese de proteínas.

O próximo esquema é a correspondência entre códons do DNA e RNAm, bem como dos anticódons do RNAt.

Fig. 5 – Códons e anticódons.

– 347
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MÓDULO 10 Mendelismo
1. O MENDELISMO dois tipos de gametas: V e v. A união
Foi o monge agostiniano Gregor dos gametas dois a dois formará 4
Mendel que, em 1865, estabeleceu os tipos de combinações em F2, a pro-
princípios básicos da herança, pu- porção de 3 com asas normais para
blicando as chamadas leis de Mendel. 1 de asas vestigiais.
A grande contribuição de Mendel
foi a herança particulada, sugerindo a
5. A NOMENCLATURA
existência de partículas ou unidades
hereditárias, atualmente chamadas GENÉTICA
de genes. Fig. 3 – Cruzamento de drosófilas. ❑ Alelos
Cada caráter é condicionado por
2. ANÁLISE DE 3. A INTERPRETAÇÃO dois genes alternativos, um dominante
UM CRUZAMENTO MENDELIANA e outro recessivo, designados alelos.
A drosófila, mosca dos frutos, tem DO CRUZAMENTO No caso da drosófila, são alelos V e v.
sido usada para pesquisas genéticas,
desde o início do século passado. Nos ❑ Dominância e ❑ Genótipo
cruzamentos a seguir, analisaremos a recessividade A constituição hereditária de um
transmissão genética do tipo de asa. O caráter que aparece na pri- indivíduo forma o genótipo, represen-
O chamado tipo selvagem possui meira geração (F1) é chamado domi- tado pelos símbolos de todos os seus
asas normais estendidas sobre o nante, enquanto o contrastante é genes ou apenas os que estão sendo
abdômen (Fig. 1). designado recessivo. Assim, no cru- considerados.
zamento em questão, normal é domi-
❑ Homozigoto
nante, e vestigial, recessivo.
É o indivíduo cujo caráter consi-
❑ Alelos derado é determinado por dois genes
Cada caráter é condicionado por iguais. Tal indivíduo produz, em rela-
dois genes alternativos, um dominan- ção ao caráter considerado, um só
te e outro recessivo, designados ale- tipo de gameta. É o caso das moscas
los. No caso da drosófila, são alelos VV e vv, que produzem, respectiva-
Fig. 1 – Drosófila macho (A) e fêmea (B). V e v, que determinam, respectiva- mente, gametas V e v.
Uma das linhagens mutantes de mente, asas longas e asas vestigiais. ❑ Heterozigoto
drosófila, a vestigial, tem as asas É o indivíduo cujo caráter é deter-
atrofiadas (vestigiais) reduzidas a 4. A REPRESENTAÇÃO minado por dois genes diferentes. Em
pequenas espátulas (Fig. 2). DO CRUZAMENTO relação ao caráter analisado, tal or-
Na mosca drosófila de asas ganismo produz dois tipos de game-
normais, com genes VV, todos os ga- tas. É o caso da mosca Vv, que origina
metas serão iguais porque conterão gametas V e v.
um gene V. Isso também acontece
com a mosca vv, que produz game- ❑ Fenótipo
tas v. A união dos gametas produzirá, É qualquer aspecto morfológico
Fig. 2 – Drosófila com asas vestigiais. em F1, organismos Vv, que, graças à ou fisiológico de um organismo resul-
Nos cruzamentos, usaremos os dominância, terão asas normais. tante da interação do genótipo com o
seguintes símbolos: As moscas de asas longas de F2, meio ambiente. Assim, são fenótipos
portadoras de genes Vv, produzirão as asas normais e vestigiais.
P = geração parental
F1 = primeira geração
F2 = segunda geração
Quando moscas selvagens e mu-
tantes cruzam, independentemente
de quem é o macho ou a fêmea,
todos os descendentes da F1 são do
tipo selvagem.
O cruzamento das moscas da F1
entre si produz uma F2, em que machos
e fêmeas aparecem na proporção de
3 normais: 1 vestigial ou 75% normais:
25% vestigiais (Fig. 3).
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FRENTE 3 BIOLOGIA ANIMAL


MÓDULO 1 O Paladar e o Olfato
1. INTRODUÇÃO Os interoceptores captam infor- As papilas gustativas podem ser:
mações sobre a composição química fungiformes, foliáceas, circunvaladas
Os seres vivos possuem estru- sanguínea em relação ao pH, a e filiformes.
turas que permitem perceber as varia- pressão osmótica e a temperatura, o As papilas filiformes são táteis. As
ções ambientais externas e também que é traduzido em sede, fome, dor e demais papilas estão relacionadas ao
doce, ao azedo, ao amargo e ao
internas. As células que são especia- náuseas.
salgado.
lizadas nessas funções são denomi-
❑ Classificação dos Antigamente, acreditava-se que
nadas sensoriais. haveria regiões específicas na língua,
receptores sensoriais
As células sensoriais podem estar especializadas em cada tipo de
Em função do tipo de estímulo a
distribuídas pelo corpo e também sabor. Sabemos hoje que os quatro
que são sensíveis, os receptores sen-
agrupadas, formando órgãos dos tipos de sabor podem ser detectados
soriais classificam-se em:
sentidos que, em conjunto, consti- em qualquer região da língua que
Fotorreceptores: são sensí- contenha essas papilas.
tuem o sistema sensorial.
veis à luz. Os alimentos interagem com as
Há os exteroceptores que captam
Fonorreceptores: são estimu- proteínas receptoras das células
estímulos externos. Estão relaciona-
lados por sensações sonoras. sensoriais, gerando impulsos nervo-
dos, por exemplo, ao paladar, ao
Estatorreceptores: percebem sos na membrana celular, que são
olfato, à audição, à visão e ao tato. Os
as trocas de posição, mantendo o transmitidos até regiões específicas
exteroceptores conhecidos como qui-
equilíbrio. do cérebro e traduzidos na sensação
mioceptores são estimulados quando
Termorreceptores: são sen- de sabor.
certas moléculas se encaixam em No teto das cavidades nasais, há
síveis às variações de temperatura.
receptores da membrana celular, lem- o epitélio olfativo. Ele apresenta
Mecanorreceptores: são esti-
brando o conceito “chave colocada quimioceptores.
mulados por toque, pressão e dis-
em uma fechadura”. Estes quimio- As moléculas dispersas no ar
tensão.
ceptores são importantes, por exem- difundem-se no muco que ocorre nas
plo, no paladar e no olfato. 2. O PALADAR E O OLFATO cavidades nasais, gerando impulsos
Os proprioceptores e os intero- nervosos que são transmitidos até o
O gosto (sabor) dos alimentos é lobo olfativo do cérebro, no qual são
ceptores estão relacionados à recep-
uma interação de sensações de pa- traduzidos.
ção de estímulos do próprio corpo, ou
ladar, de olfato (cheiro) e de sensa- O sabor final do alimento é obtido
seja, internos. Localizam-se, por ções táteis relacionadas à consis- pela interação das informações obti-
exemplo, nos tendões, nas articu- tência dos alimentos. Há na nossa das pelas células gustativas e olfativas.
lações, nos músculos, informando ao língua papilas gustativas, estruturas Quando o olfato está prejudicado por
sistema nervoso central a posição dos receptoras de estímulos químicos e uma doença respiratória (gripe,
membros, da cabeça etc. mecânicos. resfriado), o sabor do alimento diminui.

As papilas gustativas. Receptores olfativos do nariz enviando informações ao cérebro.


– 349
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MÓDULO 2 A Audição e o Equilíbrio

A recepção e transmissão dos duto coclear (compartimento media- (otólitos). Os impulsos gerados nas
impulsos relacionados à audição e ao no), há o órgão espiral (órgão de máculas são transmitidos ao cérebro,
equilíbrio é realizada pela orelha. Corti), no qual se localizam as células permitindo determinar a orientação da
Podemos falar em orelha externa, fonoceptoras. Elas se comunicam cabeça.
orelha média e orelha interna. com a membrana tectórica que se Os canais semicirculares são três
O pavilhão auditivo comunica-se apoia sobre os cílios das células tubos curvos, contendo líquidos e lo-
sensoriais. calizados sobre o utrículo.
com a orelha externa, canal que se
Na base do estribo, há a denomi- Na base de cada canal, há a am-
abre nesse pavilhão. A cera é secre-
nada janela oval. A vibração é pola que possui células sensoriais
tada pelas glândulas do epitélio que
transmitida ao líquido coclear que faz geradoras de impulsos transmitidos
reveste a orelha. Esta secrecão retém
os cílios sensoriais estimularem a ao encéfalo.
partículas de poeira e micro-organis-
membrana tectórica, gerando impul- Ao girarmos o corpo, o líquido
mos. O pavilhão auditivo capta os es-
sos que são transmitidos pelo nervo dos canais semicirculares move-se,
tímulos sonoros, transportando-os ao
cocleovestibular ao córtex cerebral. diminuindo a pressão sobre as células
canal auditivo. A vibração das ondas
Sobre a cóclea, há duas bolsas sensoriais. Ao pararmos bruscamente
sonoras é captada pela membrana do
cheias de líquido: o sáculo e o utrí- de rodopiar, o líquido dos canais
tímpano, película que está no limite
culo. Nas suas paredes internas, há semicirculares continua em movi-
entre a orelha externa e a média.
máculas, células sensoriais ciliadas, mento, causando a sensação de
A orelha média possui três ossí-
nas quais se localizam os estatocônios tontura.
culos: o martelo, a bigorna e o estribo.
Há um canal flexível comunicando a
orelha média à faringe. Quando su-
bimos uma montanha, há um dese-
quilíbrio entre a pressão do canal au-
ditivo médio e a pressão atmosférica.
Quando descemos uma montanha, a
pressão do ar (atmosférica) é maior
do que a pressão interna na orelha e
o tímpano é empurrado para dentro.
A vibração timpânica é transmi-
tida ao martelo, à bigorna e ao estribo.
Estes ossículos atuam como ampli-
ficadores das vibrações sonoras.
A orelha interna é um labirinto,
denominado aparelho vestibular.
Apresenta células sensoriais que
captam estímulos mecânicos (meca-
noceptores). O aparelho vestibular
possui a cóclea, o sáculo, o utrículo e
os canais semicirculares. A cóclea
relaciona-se à audição; o sáculo, o
utrículo e os canais semicirculares, ao
equilíbrio do corpo.
A cóclea é semelhante a um ca-
racol com a parte interna dividida em
três compartimentos com líquido. No Estruturas sensoriais do som e equilíbrio.

350 –
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MÓDULO 3 A Visão e o Tato

1. A VISÃO Atrás da lente do bulbo do olho,


há uma segunda câmara preenchida
Nos olhos, há células sensoriais por um líquido viscoso e transparente
que captam os estímulos luminosos. denominado humor vítreo.
O revestimento interno da câmara
Estas células são denominadas fo-
ocular é formado por cones e basto-
torreceptores (fotoceptores). O netes, componentes da retina.
olho move-se no interior de uma cavi- Os bastonetes são fotorrecep-
dade (órbita) devido à ação de três tores que não distinguem as cores.
pares de músculos (reto superior, reto Estes bastonetes possuem um
lateral e reto inferior). pigmento denominado opsina (pro-
O olho é revestido por uma mem- teína) e uma parte não proteica deri-
brana transparente chamada de vada da vitamina A.
Os cones são menos sensíveis à
conjuntiva. A inflamação dessa
luz do que os bastonetes, mas permi-
membrana é denominada conjun-
tem a visão em cores. Há três tipos
tivite. diferentes de cones. Um deles de-
Sob a conjuntiva, há a esclerótica, tecta a luz vermelha; o segundo, a
a corioide e a retina. A esclerótica Fotoceptores dos mamíferos.
verde; o terceiro, a azul.
apresenta tecido conjuntivo branco, Há cerca de 6 milhões de cones
sendo, na parte anterior do olho, na retina do olho, concentrados prin-
transparente e denominada córnea. cipalmente na fóvea. A retina possui
Abaixo da córnea, há uma câma- também cerca de 120 milhões de
ra com humor aquoso, um líquido bastonetes, poucos deles localizados
transparente. na fóvea.
Abaixo da esclerótica, há a corioi- A fóvea apresenta uma menor
de, uma película pigmentada. Sob a sensibilidade à luz fraca do que as
córnea, a corioide forma a íris (disco laterais do olho (em que há mais bas-
colorido do olho), cujo orifício interno, tonetes).
denominado pupila, tem tamanho A excitação luminosa do cone ou
regulável. Pela pupila, os raios lumi- bastonete desencadeia várias reações
nosos penetram no globo ocular. A químicas celulares, gerando impulsos
pupila corresponde ao diafragma re- nervosos na membrana plasmática, os
gulável de máquinas para fotografar. quais são conduzidos por fibras ner-
Atrás da íris, há uma lente, anti- vosas da retina que se unem no disco
gamente denominada cristalino. Ela é óptico, originando o nervo óptico que
biconvexa e auxilia na nitidez e focali- conduz os impulsos até o córtex
zação da imagem luminosa. cerebral (região occipital do cérebro).

Trajeto do impulso da
Estrutura do olho humano. parte sensorial da retina ao cérebro.

– 351
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No disco óptico, não há fotor- 3. CURIOSIDADES palpos bucais ou patas; tátil em


receptores e, portanto, as imagens SENSORIAIS DOS ANIMAIS cerdas de apêndices.
focalizadas nele não são visíveis; Os aracnídeos possuem ocelos,
essa área é denominada de ponto Nos celenterados, há um arco re- pedipalpos, receptores táteis e
cego. flexo simples. As células sensoriais quimioceptores nos apêndices.
captam estímulos; as nervosas trans- Muitos artrópodes possuem olhos
mitem impulsos às células mus- compostos, estruturas visuais for-
2. O TATO culares, ocasionando reações do mando omatídeos. Cada omatídeo
animal. possui córnea e cristalino. Ele capta
A nossa pele possui estruturas A planária possui ocelos – es- uma pequena parte da cena obser-
sensoriais relacionadas à captação truturas visuais pequenas e isoladas, vada e a transmite ao sistema nervoso
constituídas por células sensoriais, que compõe as imagens parciais,
de estímulos táteis.
revestidas por células pigmentadas, produzindo uma imagem total defi-
As pontas dos dedos, a palma
conectadas ao nervo óptico. Detec- nida.
das mãos, os lábios e os mamilos
tam a intensidade e a direção da luz, O som emitido por muitos insetos
possuem corpúsculos de Meissner e
mas não formam imagens. é um meio de comunicação para
discos de Merkel, mecanoceptores
A minhoca possui células táteis atrair o sexo oposto com finalidade
táteis. reprodutiva.
foto e quimioceptoras dispersas na
Os corpúsculos de Paccini, loca- epiderme. A linha lateral dos peixes e anfí-
lizados na região mais profunda da Os moluscos possuem estatocis- bios (girino) é a responsável pela
pele, captam estímulos resultantes de tos (equilíbrio), células táteis quimio- percepção de pequenas modifica-
fortes pressões e vibrações. ceptoras e, nos cefalópodes, há olhos ções da pressão da água (pressão
Acreditava-se, antigamente, que muito desenvolvidos. hidrostática e sentido da correnteza).
os corpúsculos de Ruffini e de Krause Nos crustáceos, há: estatocistos Alguns peixes migradores (ex.:
estariam relacionados, respectiva- (equilíbrio) na base das antenas; salmão) possui um sentido quimio-
mente, à percepção do calor e do frio. órgãos táteis e olfativos na parte ceptor muito apurado na captação de
Estudos recentes mostram que estes anterior do animal. odores (olfato). Eles nascem no rio,
corpúsculos estão relacionados à Os insetos apresentam sensibi- migram ao mar e retornam ao mesmo
percepção tátil, sendo semelhantes lidade: auditiva em pelos e patas; riacho onde nasceram, graças ao olfato.
aos de Meissner. olfativa nas antenas; gustativa nos As cobras e lagartos possuem
dois divertículos no fundo da cavi-
dade bucal, os órgãos vomeronasais
(órgãos de Jacobson), com função
olfativa.
Algumas cobras peçonhentas
(crotalídeos) possuem a fosseta
lacrimal que capta pequenas mudan-
ças da temperatura, facilitando a
captura de um animal endotermo
mesmo na total escuridão.
As galinhas são estimuladas sob
luz vermelha, amarela e verde. Elas
não enxergam o azul.
Os morcegos emitem ondas so-
noras de alta frequência, e os reflexos
(ecos) desses impulsos fornecem in-
formações relacionadas à localização
de objetos sólidos. É um sistema
semelhante ao “sonar” utilizado na
detecção de submarinos. O morcego
possui um gerador de ultrassons na
Corpúsculos sensoriais. laringe e um detector na orelha.

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MÓDULO 4 As Vitaminas
1. CONCEITO como leite, manteiga, queijos, gema • Fontes
de ovo, fígado e óleo de fígado de Couve, espinafre, cenoura, ervi-
Vitaminas são compostos orgâni- peixes. Os melhores fornecedores de lha, tomates, fígado, ovos e leite.
cos que atuam como coenzimas, ou caroteno são os vegetais verdes e
seja, ativando as enzimas responsá- amarelos, como cenoura, milho, 5. VITAMINAS
veis pelo metabolismo celular. agrião, couve, alface e espinafre. HIDROSSOLÚVEIS
Agem em pequenas quantidades,
São as vitaminas C e o complexo
sendo obtidas por meio dos alimentos. ❑ Vitamina D
B, que agrupa uma série de vitami-
• Funções
nas, não porque sejam similares na
2. AVITAMINOSES Trata-se do calciferol ou vitami-
composição química ou nos efeitos,
na antirraquítica, cuja função é a
mas porque tendem a ocorrer juntas.
Chamamos de avitaminoses ou perfeita calcificação dos ossos e den-
doenças de carência as enfermida- tes. É ingerida na forma de provi- ❑ Vitamina B1
des causadas pela falta de certas vi- tamina D, que se transforma em D, na • Funções
taminas. Assim, por exemplo, são pele, pela ação dos raios UV. É a tiamina ou aneurina, que
avitaminoses: nictalopia, raquitismo e • Carência atua como enzima no metabolismo
escorbuto. A avitaminose provoca o raquitis- dos açúcares, permitindo a liberação
mo na infância, a osteomalacia (amo- de energia necessária às atividades
3. CLASSIFICAÇÃO lecimento geral do esqueleto) no vitais. É conhecida como “vitamina da
adulto e a osteoporose (ossos que- disposição”, graças aos efeitos bené-
As vitaminas são classificadas em bradiços) no idoso. ficos sobre a disposição mental.
dois grupos: • Fontes • Carência
a) lipossolúveis (A, D, E e K), que As fontes alimentares são os óleos A avitaminose produz o beribéri,
se dissolvem apenas em óleos e gor- de fígado de peixes (bacalhau, atum uma polineurite generalizada.
duras; e cação), leite, fígado, manteiga e ovo. • Fontes
b) hidrossolúveis (C e complexo A fonte mais rica é o lêvedo de
B), que se dissolvem em água. ❑ Vitamina E cerveja. Também aparece na carne,
• Funções fígado, ovos, cereais (arroz e trigo) e
4. VITAMINAS É também chamada de tocofe- frutas (maçã, pera, ameixa, pêssego
LIPOSSOLÚVEIS rol ou vitamina antiestéril, porque e banana).
a sua carência provoca esterilidade
❑ Vitamina A em ratos. No homem, tem ação anti- ❑ Vitamina B2
• Funções oxidante, evitando a oxidação de • Funções
Classifica-se em: retinol, encon- compostos celulares. É conhecida como riboflavina,
trado nos alimentos de origem animal • Carência uma constituinte das flavoproteínas
(manteiga, ovos e óleo de fígado de A carência acarreta degeneração (FAD), coenzimas que atuam como
peixe), e provitamina A ou β-ca- muscular. transportadoras de elétrons no pro-
roteno, produzida pelos vegetais. É • Fontes cesso respiratório.
uma vitamina indispensável para a Os alimentos mais ricos em vita- • Carência
visão, especialmente noturna, bem mina E são os óleos vegetais, as hor- A carência acarreta a glossite (in-
taliças verdes, ovos, carnes e peixes. flamação da língua) e a queilose (fis-
como para a regeneração dos epité-
suras nos cantos dos lábios).
lios (pele e mucosas).
• Fontes
• Carência ❑ Vitamina K
Lêvedo, leite, fígado, rim, queijo,
A avitaminose provoca nictalopia • Funções
verduras e peixes.
(cegueira noturna), hemeralopia (ofus- É a vitamina anti-hemorrágica que
camento), xeroftalmia (ulceração da atua na coagulação sanguínea, ❑ Vitamina B3
córnea) e baixa resistência às in- favorecendo a síntese de protrombina. • Funções
fecções. • Carência É a niacina ou nicotinamida
• Fontes A carência provoca o retardamen- ou ácido nicotínico, constituinte do
As principais fontes de vitamina A to da coagulação do sangue e con- NAD e do NADP, substâncias funda-
são alimentos de origem animal, sequente hemorragia. mentais na bioenergética celular.
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• Carência ❑ Vitamina B6 ❑ Vitamina H


A avitaminose produz a pelagra • Funções • Funções
(pele áspera), enfermidade que se Trata-se da piridoxina, que en- Quimicamente é a biotina, sin-
caracteriza por dermatite, diarreia e tra na constituição química das tran- tetizada pelas bactérias e necessária
demência, daí também ser conhecida saminases, enzimas atuantes na para a manutenção da pele e das
como doença dos três Ds. formação de aminoácidos. mucosas.
• Fontes • Carência • Carência
As melhores fontes são lêvedo, A falta produz a acrodínia, doença A carência provoca dermatite.
fígado, carne (boi, vitela e porco), que se caracteriza pelas inflamações • Fontes
aves e peixes. das extremidades do corpo (mãos e Lêvedo, legumes, leite, carne e
pés), convulsões e hiperirritabilidade. peixes do mar.
❑ Vitamina B5
• Fontes
• Funções ❑ Vitamina C
Lêvedo, trigo, fígado, rim, cora-
É o ácido pantotênico, um cons- • Funções
ção, leite, ovo, carne e legumes.
tituinte da coenzima A atuante no me- É conhecida como ácido as-
tabolismo dos carboidratos, gordura córbico. Atua nos processos imuno-
e proteínas e na transferência de ❑ Vitamina B12 lógicos, estimulando a produção de
energia. Contribui para a formação de • Funções anticorpos, e na prevenção de resfria-
células, mantendo o crescimento nor- É a cianocobalamina, uma vi- dos.
mal, e para o desenvolvimento do tamina que contém cobalto e atua na • Carência
SNC. formação de hemácias, prevenindo a A avitaminose determina o escor-
• Carência anemia. buto, moléstia que se manifesta por
A deficiência causa hipoglicemia, • Carência fraqueza, dores musculares e sangra-
dermatite, perturbações gástricas, Na ausência dessa vitamina, mento das gengivas.
alopecia (queda de pelos e cabelos). ocorre a anemia perniciosa. • Fontes
• Fontes • Fontes As melhores fontes são as frutas
Lêvedo, cereais, legumes, mús- Fígado, carne bovina e suína, lei- (laranja, limão, caju, goiaba e abaca-
culos e ovo. te, queijo e ovo. xi) e verduras (agrião e repolho) cruas.

SAIBA QUE:

• Nossa vida depende das vitaminas que extraímos dos alimentos ou dos suplementos dietéticos que ingerimos.

• As vitaminas não são comprimidos energizantes nem substituem os alimentos.

• As vitaminas regulam o metabolismo através dos sistemas enzimáticos.

• A falta de uma única vitamina pode colocar em risco todo o organismo.

• O fígado é o principal órgão de armazenamento das vitaminas lipossolúveis.

• As vitaminas não funcionam nem podem ser assimiladas sem a ajuda dos minerais.

• Os minerais mais importantes são cálcio, iodo, ferro, magnésio, fósforo, selênio e zinco.

• As vitaminas podem durar de dois a três anos num recipiente bem vedado.

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MÓDULO 5 As Drogas

1. GENERALIDADES 5. SÍNDROME Os barbitúricos provocam um re-


DA ABSTINÊNCIA laxamento das inibições, modificando
As drogas são compostos quími- o julgamento e a coordenação mo-
cos que podem provocar mudanças tora.
É um conjunto de sinais e sinto-
nas sensações, no grau de consciên-
mas que o indivíduo, usuário da dro-
cia e no estado emocional do indi- 9. ESTEROIDES
ga, apresenta na interrupção do uso.
víduo. ANABOLIZANTES
Ela pode ocasionar calafrios, tremo-
2. DEPENDÊNCIA QUÍMICA res, náuseas, vômitos, delírios, confu-
são mental etc. São usados no combate ao can-
É um estado “anormal” que saço e no aumento da resistência físi-
ocorre quando, após o uso repetido ca, da força muscular e do peso
de uma droga, há uma supressão de 6. ÁLCOOL corpóreo, causando agitação, eufo-
seu uso. A heroína, a morfina etc. nia, hipertensão, insônia e até aluci-
podem ocasionar esse tipo de de- É usado como antisséptico na nações.
pendência. As drogas podem “inter- medicina. Ao longo do tempo, poderá haver
ferir” no mecanismo de transmissão É um depressor do sistema ner- mudanças na personalidade, no hu-
sináptica realizada pelos neurotrans- voso central. mor e danos ao cérebro, rins, fígado
missores (dopamina, serotonina, adre- O álcool diminui o autocontrole; (câncer), esqueleto e até a redução
nalina, acetilcolina etc.) provoca sonolência, reações lentas, na gametogênese, ou seja, na produ-
relaxamento; reduz a capacidade de ção de células sexuais.
concentração. A abstinência pode acarretar
O uso do álcool etílico ao longo depressão, dores abdominais, exaus-
do tempo pode ocasionar a perda de tão e sono profundo.
memória, hipertensão, hepatite, cir-
rose hepática e até a impotência. 10. MACONHA
A abstinência pode gerar ansie-
dade, alucinações, tremores e até É uma droga derivada do cânha-
convulsão. mo, Cannabis sativa. Também é co-
nhecida por marijuana, skank, skunk,
haxixe, ganjá, dagga, kif, bhano,
7. ANFETAMINAS
diamba etc.
(BOLINHAS) Costuma ser ingerida, com ali-
mento ou bebida, e também fumada.
São compostos químicos seme- Apresenta mais de quatrocentos
lhantes aos utilizados na medicina agentes químicos, incluindo o THC (te-
Anfetaminas. para diminuir o apetite, para reduzir a traidrocanabinol). Alguns desses
obesidade ou para relaxar, para dar agentes são cancerígenos.
3. DEPENDÊNCIA PSÍQUICA ânimo ao indivíduo etc. Ela relaxa o corpo e a memória,
São poderosos estimulantes com modifica o humor.
É uma “vontade” incontrolável de propriedades alucinógenas, que ele- Inflama as conjuntivas, tornando
utilizar determinada droga. A absti- vam a atividade mental e a excitação os olhos vermelhos e dilatando as
nência pode ocasionar tristeza, frus- do sistema nervoso. pupilas. Prejudica a coordenação e a
tração e insatisfação. Sonolência, diarreia, dilatação concentração; provoca medo agudo
Compostos que ocasionam a das pupilas, depressão e ansiedade e ansiedade.
dependência química e/ou psíquica também são sintomas relacionados “Overdoses” podem acarretar uma
podem ser utilizados para fins medi- ao uso desses alucinógenos. intoxicação aguda, confusão mental,
cinais ou não. A dependência poderá
pânico e agitação.
ocorrer em função do tipo de com-
8. BARBITÚRICOS O uso dessa droga pode, ao lon-
posto, doses e tempo de utilização.
go do tempo, danificar o coração, o
Os barbitúricos podem ocasionar pulmão, o cérebro e os órgãos se-
4. TOLERÂNCIA
uma dependência semelhante à xuais, diminuindo a fertilidade.
É a adaptação do organismo a obtida por outras drogas, utilizadas A abstinência pode provocar in-
determinada droga. Ela “obriga” o como tranquilizantes. sônia, perda de apetite e irritabilidade.
usuário, no decorrer do tempo, ao Tanto o barbitúrico como o álcool Skank ou skunk é uma maconha
aumento das dosagens para a obten- possuem um efeito inicial estimulante sete vezes mais potente do que a
ção dos mesmos efeitos. que é, então, suprimido pelo sedativo. convencional.
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12. LSD/ECSTASY

Compreendem: a mescalina, al-


caloide ativo extraído de um cacto ou
de sementes de ipomeia; a psiloci-
bina, extraída de um cogumelo; o
LSD-25 (dietilamida do ácido lisér-
gico), extraído de um fungo denomi-
nado Claviceps purpurea, que cresce
no centeio e no trigo.
Maconha.
São alucinógenos. Excitam o sis-
11. COCAÍNA/CRACK tema nervoso central e a atividade au-
tônoma. Modificam o humor, ocasio-
É um alcaloide extraído das folhas nando euforia ou depressão, ansie-
da “coca”, arbusto natural dos Andes. dade, alterações visuais, dilatação
O crack é uma forma variante do pó Heroína.
das pupilas, hipertensão, confusão
de cocaína, fumável e conhecido por mental, paranoia e pânico.
“pedra”. A abstinência pode, esporadica-
Poderoso estimulante cerebral, mente, ocasionar flashbacks.
muito destruidor, causa modificações O ecstasy também é conhecido
na memória e danifica o sistema como a “droga do amor”. O usuário
nervoso central. apresenta uma sensação de leveza,
Pode dar ao usuário a sensação alegria e “bem-estar”. Ele ocasiona
de possuir uma elevada força muscu- uma hipersensibilidade do tato. Qual-
lar, fazendo o indivíduo superestimar quer toque no corpo do indivíduo le-
a sua capacidade. va-o a ter a sensação multiplicada. A
Provoca alucinações auditivas, substância ativa do ecstasy é o MDMA
visuais e táteis, náuseas, perda de (metilenodioxidometanfetamina).
apetite, insônia e comportamento O ecstasy pode provocar uma
antissocial. Interfere no humor; causa hipertermia, ou seja, a elevação da
tremedeira, agitação, depressão, he- temperatura do corpo e até a morte.
morragia nasal, tosse crônica e até
tendências ao suicídio.
A interrupção do uso da cocaína
pode resultar em apatia, irritabilidade,
depressão e dependência psíquica Papoula.
profunda.
Podem gerar a dependência psí-
quica e também a tolerância, mesmo em
pequenas doses. A heroína costuma ser
injetada, fumada ou inalada.
São inibidores dos impulsos, oca-
sionando uma indiferença à dor, à
fome e à atividade sexual.
O dependente quer obter a droga
por qualquer meio, lícito ou ilícito, em ra-
zão da elevada dependência quí-
mica.
O pó de cocaína. 14. INALANTES

São compostos químicos, geral-


mente anestésicos, solventes voláteis
Ecstasy. que podem causar embriaguez,
atordoamento e até euforia. Com-
13. ÓPIO,
preendem o éter etílico, o clorofórmio,
MORFINA E HEROÍNA
a acetona e o tolueno. Deprimem o
sistema nervoso central, produzindo
São obtidos da resina da papou-
efeitos semelhantes aos do álcool.
Pedra de crack. la, a Papaver somniferum.
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Podem ser inalados como fuma- O “fumo” apresenta muitos com- nos genes reguladores da divisão ce-
ça ou cheirados ao natural. A cola de postos químicos nocivos, destacan- lular, facilitando a proliferação celular
sapateiro, o spray de pintura, a ga- do-se a nicotina, o alcatrão e o descontrolada e originando o tumor
solina, o querosene, o lança-perfume, monóxido de carbono. cancerígeno.
o esmalte, os extintores de incêndio A nicotina, alcaloide estimulante Provoca perda do paladar e do
também podem ser incluídos nesse do sistema nervoso central, é extraí- apetite, astenia, tosse crônica, falta de
grupo de drogas. da de folhas da Nicotiana tabacum. fôlego, hipertensão, miocardiopatias
Provocam alucinações, sangra- O tabaco contém substâncias e enfisema pulmonar.
mento do nariz e convulsões, lesando cancerígenas que causam mutações
o cérebro, o fígado e os rins.
A abstinência causa ansiedade,
agitação e comportamento antissocial.

15. TABACO

Tabaco.

MÓDULO 6 AIDS

1. AIDS OU SIDA está parasitando uma célula. Ele apre- O HIV tem afinidade por um tipo
senta uma enzima especial, deno- de glóbulo branco do homem, que é
A sigla SIDA significa “Síndrome
minada transcriptase reversa. considerado o “general de divisão” do
da Imunodeficiência Adquirida”. Na
Esta enzima é que permite a produ- exército de defesa imunológica: o
língua inglesa, é AIDS (Acquired
ção do DNA a partir do RNA. linfócito CD4 (linfócito T4). O material
Immunodeficiency Syndrome).
genético pirata do vírus é incorporado
A palavra “síndrome” significa
ao glóbulo branco.
que o ser humano com AIDS apre-
Quando esse tipo de glóbulo do
senta vários sintomas (problemas). O
sangue se divide para organizar a
termo imunodeficiência deve-se
defesa contra agentes agressores, o
ao fato de o ser humano com AIDS
código pirata do vírus é decifrado e
tornar-se incapaz na defesa contra os
milhares de novas partículas virais são
agentes patogênicos (que provocam
produzidas, espalham-se pelo san-
doenças).
gue e vão-se concentrar nas secre-
O agente causador da AIDS é um
ções do corpo – das quais o esperma
vírus, denominado HIV (vírus da imu-
nodeficiência humana). e os líquidos vaginais são as mais
Esse vírus apresenta como ma- importantes – e no sistema nervoso
terial genético o RNA. central, pois o HIV possui especial
Estrutura interna afinidade pelas células nervosas.
As células verdadeiras contêm os do HIV, segundo Robert Gallo.
dois ácidos nucleicos, DNA e RNA.
Geralmente, nestas células, o DNA 2. O COQUETEL ANTI-AIDS
O HIV é denominado retrovírus
comanda a produção de RNA. porque possui um RNA capaz de
O HIV é denominado retrovírus O virologista chinês, naturalizado
comandar a síntese de DNA ao
porque apresenta RNA que pode norte-americano, David Ho, anunciou
parasitar uma célula verdadeira.
comandar a síntese de DNA, quando na XI Conferência Internacional da

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AIDS resultados animadores na tera-


pia da Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida.
Esse tratamento permite uma
diminuição da carga viral do soropo-
sitivo. Os pacientes medicados obti-
veram uma diminuição em 98,9% da
quantidade de HIV no organismo.
Esse coquetel apresenta uma
droga de 1.a geração, o AZT, que é
um inibidor da enzima transcriptase
reversa. Inclui também uma droga de
2.a geração que pode ser, por exem- O vírus liga-se à proteína CD4 do linfócito e é puxado para dentro da célula.
plo, o 3 TC, outro inibidor da
transcriptase. O terceiro componente
é uma droga de nova geração (ter-
ceira) conhecida como inibidora da
protease (indinavir, ritonavir, saqui-
navir etc).
Os inibidores da protease dificul-
tam o amadurecimento do vírus.
O emprego dessas drogas me-
lhora o quadro clínico dos pacientes
tratados, ocasionando em muitos o
desaparecimento das moléstias opor-
tunistas.
Não sabemos ainda o que ocor-
rerá em longo prazo, mas surgiu uma
“luz no fim do túnel” para essa terrível
moléstia.
O código pirata é então incor-
porado ao DNA do linfócito, graças à
enzima integrase.
O linfócito, sob o comando pirata, Ao entrar no linfócito, o HIV livra-se da cápsula e, à custa de uma enzima,
transforma-se numa fábrica de vírus. a transcriptase reversa, transforma seu material genético, o RNA, em DNA.

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3. CONDIÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS À AIDS

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MÓDULO 7 Viroses

DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS

Vírus são estruturas acelulares, parasitas intracelulares obrigatórios. São agentes etiológicos relacionados às
seguintes doenças:
DOENÇA TRANSMISSÃO
Catapora (varicela) Contato da pele com as bolhas e com o ar contendo o vírus Varicela zoster.
Caxumba (parotidite epidêmica) Gotículas de saliva expelidas pelo doente, contaminadas pelo Paramyxovirus sp.

Via vertical (placentária), amamentação materna, ato sexual, contato pessoa a pessoa e
Citomegalia
transfusão sanguínea.
Dengue Picada da fêmea de mosquitos: Aedes aegypti ou Aedes albopictus.

Picada da fêmea de mosquitos: Aedes aegypti ou Aedes albopictus (“tigre asiático”).


Dengue hemorrágica Ocorre quando um indivíduo que teve um tipo de vírus da dengue recebe outro vírus
diferente, também da dengue.

Febre aftosa Via respiratória, inalando-se o Aphthovirus sp.

Febre amarela silvestre Picada da fêmea do mosquito Haemagogus sp ou Sabethes sp contendo o Flavivirus sp.

Febre amarela urbana Picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus contendo o Flavivirus sp.

Febre hemorrágica do ebola Secreções corpóreas e sangue contaminado pelo Filovirus sp.
Gripe Contato com o ar contaminado pelo Myxovirus influenzae.
Hantavirose Via respiratória, água e alimentos contendo o Hantavirus sp.
Hepatite Contato pessoa a pessoa; oral-fecal; transfusão sanguínea.

Herpes Contato íntimo com o indivíduo transmissor, a partir de mucosa ou de lesão infectante
contendo o Herpes simplex.
Mononucleose Contato íntimo com secreções orais (saliva) contendo o vírus Epstein-Barr, da família
Herpesviridae.

Papiloma (condiloma) Via vertical (placentária); ato sexual. O agente etiológico é o HPV.

Poliomielite (paralisia infantil) Contato direto com secreções faríngeas de doentes.

Raiva (hidrofobia) Saliva de animais doentes.

Resfriado Contato com o ar contaminado pelo vírus sincicial respiratório ou pelo vírus parainfluenza
ou pelo rinovírus.

Rubéola Gotículas de muco e saliva ou contato direto com as secreções do nariz.

Sarampo Gotículas de muco e saliva ou contato direto com as secreções do nariz.

Síndrome da Imunodeficiência
Ato sexual, seringas contaminadas, transfusões sanguíneas, via vertical (placentária).
Adquirida (AIDS = SIDA)

Varíola Contato com as secreções das vias respiratórias, com as lesões da pele e das mucosas
e com os objetos de uso do doente.

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MÓDULO 8 Bacterioses

DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS

As bactérias são procariontes. São agentes etiológicos relacionados às seguintes doenças:


DOENÇA TRANSMISSÃO AGENTE INFECCIOSO
Antraz Inalação de esporos ou ingestão de alimentos contami- Bacilo do antraz
(carbúnculo) nados, ou ferimentos cutâneos. (Bacillus anthracis)

Botulismo Ingestão de alimentos contaminados (ex.: enlatados de Bacilo botulínico


palmito). (Clostridium botulinum)

Brucelose Contato com secreções animais contaminadas, como Brucella sp


(febre ondulante ou placenta; fetos abortados; ingestão de leite cru.
do mediterrâneo)
Cólera Ingestão de água ou de alimentos contaminados. Vibrião colérico (Vibrio cholerae)
Coqueluche Contato direto ou indireto com a saliva do doente. Bacilo da coqueluche
(tosse comprida) (Bordetella pertussis)

Difteria Contato com a secreção do nariz ou da garganta, Bacilo de Krebs-Loeffler


(crupe) ou através do leite cru. (Corynebacterium diphteriae)

Fasciite necrosante Penetração através de cortes na pele. Estreptococo de tipo A

Febre Contato direto pessoa a pessoa (com conjuntivite) ou Bacilo


purpúrica indireto por intermediação mecânica (insetos, toalhas, (Haemophilus influenzae)
brasileira mãos).

Febre tifoide (tifo) Contato direto ou indireto com fezes ou urina do doente. Bacilo tífico (Salmonella typhi)

Gonorreia (blenorragia) Contato sexual. Gonococo (Neisseria gonorrhoeae)


Lepra Penetração no organismo pela pele ou mucosas (ex.: Bacilo de Hansen
(hanseníase) nasais). (Mycobacterium leprae)

Leptospirose Penetração no organismo pelas mucosas ou pela pele ferida Leptospira sp


ou por via oral (alimentos contaminados).

Lyme (doença de Lyme) Adesão de carrapatos à pele e sucção de sangue. Borrelia burgdorferi

Meningite Via respiratória, quando o doente fala, tosse, espirra ou Meningococo


meningocócica beija. (Neisseria meningitidis)

Peste Picada de pulgas infectadas; pessoa a pessoa. Yersinia pestis

Pneumonia Via respiratória; contato pessoa a pessoa; infecção Diversos


hospitalar. (Diplococcus pneumoniae, micoplas-
mas, clamídias, legionelas etc.)
Psitacose Via respiratória; contato pessoa a pessoa. Chlamydia psittaci

Shigelose (disenteria) Ingestão de água ou de alimentos contaminados. Shigella sp

Sífilis Contato sexual; transfusão de sangue; via vertical Espiroqueta (Treponema pallidum)
(placentária).
Tétano Penetração dos esporos através de ferimentos perfurantes. Bacilo tetânico (Clostridium tetani)
Bacilo de Koch
Tuberculose Via respiratória (inalando-se o bacilo). (Mycobacterium tuberculosis)
Uretrite Ato sexual. Chlamydia trachomatis
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MÓDULO 9 O Tegumento dos Animais

O REVESTIMENTO DOS ANIMAIS mando a camada córnea, confere proteção ao animal,


principalmente contra a desidratação.
O corpo dos animais é protegido por uma cobertura A derme situa-se logo abaixo da epiderme, sendo
denominada tegumento, que serve para proteger o or- bem mais espessa que esta. Embriologicamente, tem ori-
ganismo contra a desidratação, a hidratação excessiva
gem mesodérmica e é constituída por tecido conjuntivo,
e os choques mecânicos e para evitar a penetração de
contendo vasos linfáticos, vasos sanguíneos, nervos e
organismos patogênicos, ou seja, causadores de
porções basais de glândulas.
doenças.
A hipoderme é uma camada localizada imediata-
Nos protozoários, a proteção é realizada pelo próprio
plasmalema, que apresenta uma cutícula protetora mente abaixo da derme, constitui-se de tecido conjuntivo
(glicocálix). Nos invertebrados (ex.: minhoca) e e é extremamente rica em tecido adiposo (gordura);
protocordados (ex.: anfioxo), a epiderme é uniestra- aparece somente nas aves e nos mamíferos. Além de ser
tificada, pois possui uma única camada de células. Nos uma reserva nutritiva (gordura), desempenha importante
vertebrados, a epiderme tem várias camadas de célu- papel auxiliar na regulação da temperatura corpórea, em
las, ou seja, é pluriestratificada. razão de a gordura funcionar como uma camada isolante,
O tegumento pode apresentar pelos (nos mamíferos), reduzindo, assim, a perda de calor para o meio (nos
penas (nas aves), escamas (nos peixes e répteis) etc. animais homeotermos ou endotermos).
Apenas alguns mamíferos terrestres possuem A hipoderme origina-se da mesoderme do embrião.
glândulas sudoríparas e sebáceas.

❑ Tegumento nos vertebrados


A pele dos vertebrados é constituída de epiderme
(externa) e derme (interna). As aves e os mamíferos têm
uma terceira camada, abaixo da pele, denominada
hipoderme (tela subcutânea).
A epiderme origina-se da ectoderme do embrião e é
formada por um tecido epitelial pluriestratificado pavi-
mentoso (achatado). A camada celular mais profunda
desse epitélio é denominada germinativa, cujas células
passam por contínuas divisões mitóticas, produzindo
novas células para a substituição das superficiais, que
constantemente morrem e se desprendem.
Nos peixes e anfíbios aquáticos, a epiderme possui
glândulas mucosas; nos vertebrados, especialmente ter-
restres (répteis, aves e mamíferos), é cornificada.
Nesses vertebrados terrestres, as células mais
superficiais são mortas por causa da total impregnação
da proteína queratina, substância impermeável que, for- Pele humana e tecido subcutâneo.

MÓDULO 10 O Esqueleto dos Animais

SISTEMA ESQUELÉTICO ção mecânica (para parte do corpo forma e se situa na parte mais exter-
ou para todo o animal); suporte para na do corpo do animal; endoes-
A finalidade primária do esquele- a musculatura, garantindo, assim, os queleto, que se forma e se situa na
to é fornecer suporte para as partes movimentos e a locomoção do animal; parte interior do corpo do animal.
do corpo do animal ou para o animal proteção contra dessecação (perda
como um todo, pois, sob a ação da de água), como é o caso especial dos ❑ Existência de
gravidade, o corpo do animal entraria artrópodes, com a sua cutícula esqueleto em
em colapso (se não tivesse elementos esquelética. alguns grupos de animais
esqueléticos). O esqueleto dos animais pode ser Nas esponjas (espongiários ou
Além de sustentar o animal, o classificado em dois tipos, conforme poríferos), para a sustentação, existe
esqueleto tem outras funções: prote- sua localização: exoesqueleto, que se um endoesqueleto orgânico (fibras da

362 –
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proteína espongina) ou inorgânico Nos equinodermos (ex.: ouriço- A medula óssea humana apre-
(espículas silicosas ou calcárias). -do-mar), o esqueleto é interno (endo- senta um tecido conjuntivo hemato-
Nos celenterados, os corais (an- esqueleto). Origina-se da mesoderme poético (produtor de sangue) mie-
tozoários) são famosos por seus exo- e situa-se abaixo do tegumento do loide. Ela produz glóbulos vermelhos
esqueletos, que constituem os recifes animal. (hemácias), glóbulos brancos (leucó-
de coral (secretados por colônias de Nos moluscos (ex.: mexilhão), ar- citos) e plaquetas. A radioatividade
antozoários). É bastante famosa a trópodes (ex.: insetos) e vertebrados pode afetar a medula óssea, ocasio-
grande barreira de coral que se es- (ex.: homem), os esqueletos são mui- nando leucemia, ou seja, câncer de
tende ao longo da costa nordeste da to desenvolvidos. sangue.
Austrália, em uma extensão de cerca A distinção entre eles pode ser A coluna vertebral protege a
de 2.000 km. feita em termos do material de que medula espinhal ou raquidiana, que é
Os principais antozoários forma- são formados ou da posição anatômi- formada por tecido nervoso cuja lesão
dores dos recifes de coral são os re- ca do esqueleto em relação aos diver- pode acarretar paralisias (ex.:
presentantes da ordem Madreporaria. sos órgãos. poliomielite).
Também contribuem para a formação Nos moluscos, salvo exceções
dos recifes outros celenterados e al- (lulas, que têm concha interna, e les-
gas marinhas. mas, que não têm esqueleto), o es-
queleto é externo (exoesqueleto),
Na formação dos recifes, com o
composto principalmente de carbo-
crescimento das colônias, vai aumen-
nato de cálcio (CaCO3). A concha
tando a extensão da massa calcária
(esqueleto) é secretada pelas células
constituída pelos exoesqueletos. As
tegumentares em camadas, à medida
principais condições que concorrem
que o animal cresce. Também são
para a formação dos recifes são:
depositadas fibras de proteínas entre
água límpida, pouco movimentada e
as camadas de CaCO3, o que confe-
bem oxigenada, temperatura acima
re ao esqueleto uma resistência con-
de 20°C e profundidade média de
sideravelmente maior.
40 m (inferior a 100 m). Os artrópodes apresentam exo-
Os vermes achatados (platelmin- esqueleto quitinoso (possuem quitina,
tes), filamentosos (nematoides) e ane- que é um polissacarídeo). O tegu-
lados (anelídeos) geralmente não mento é secretado (produzido) pelo
apresentam esqueletos. Porém, deve- animal e contém lipoproteínas, ceras
mos lembrar os anelídeos tubícolas (lipídios impermeabilizantes), pro-
(marinhos), que segregam materiais teínas, quitina e CaCO3.
ao redor de seus corpos, com reten- Os cordados, filo do qual o ho-
ção de elementos do meio ambiente, mem faz parte, têm endoesqueleto.
e assim adquirem tubos protetores São exemplos de cordados: anfioxo,
(têm função esquelética, mas não são feiticeira, tubarão, lambari, sapo, ja- Espinho de equinodermo
esqueletos verdadeiros). com revestimento epidérmico.
caré, galinha e cachorro.

– 363
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FRENTE 4 Biologia Vegetal

MÓDULO 1 Classificação dos Vegetais e Ciclo de Vida

1. CRITÉRIOS DE 3. OS CICLOS
CLASSIFICAÇÃO REPRODUTORES
As classificações dos vários gru- Nos vegetais, os ciclos de vida ou
pos vegetais baseiam-se em: reprodutores são classificados ba-
• tipos de reprodução e estru- seando-se no momento da meiose
turas reprodutoras; ou divisão reducional.
• homologias, isto é, estruturas A meiose é o processo em que a
de mesma origem embrionária. partir de uma célula diploide (2N) ob-
têm-se quatro células haploides (N).
2. AS CLASSIFICAÇÕES A meiose é dividida em três tipos: ❑ Seres haplodiplobiontes
VEGETAIS – Meiose inicial ou zigótica. (haplônticos – diplônticos)
O Reino Plantae (Vegetalia ou Apresentam meiose intermediária
– Meiose final ou gamética.
Metaphyta) atualmente é dividido em ou espórica. O ciclo é típico dos ve-
– Meiose intermediária ou espó-
quatro grupos: getais: algas, briófitas, pteridófitas,
1. Briófitas: musgos e hepáticas. rica. gimnospermas e angiospermas. Nes-
2. Pteridófitas: samambaias, aven- se ciclo de vida, surgem dois or-
cas, licopódios e selaginelas. ❑ Seres haplobiontes ganismos adultos: um diploide, cha-
3. Gimnospermas: pinheiros, ci- (haplônticos) mado esporófito e outro haploide,
cas e Ginkgo biloba. São aqueles que apresentam chamado gametófito.
4. Angiospermas: milho, arroz, meiose inicial ou zigótica. Algumas O esporófito, através da meiose,
trigo, feijão, soja e ervilha. espécies de algas são haplobiontes. produz células assexuadas: esporos.
Esses grupos apresentam em A alga possui um corpo haploide que O gametófito, através de mitoses,
comum: parede celular formada por produz gametas. Os gametas unem-se produz células sexuadas, os gametas.
celulose; embriões protegidos por para formar a única célula diploide do Podem-se reconhecer, no ciclo
tecidos originados do corpo materno; ciclo, o zigoto. Este, durante a ger- haplodiplobionte, duas fases bem
cloroplastos contendo as clorofilas minação, produz, por meiose, células distintas: uma haploide, produtora de
a e b, carotenos e xantofilas; reserva haploides que darão, por mitoses gametas, chamada geração game-
constituída por amido e reprodução consecutivas, novas algas haploides. tofítica e outra diploide, produtora
por alternância de gerações (meta- de esporos, chamada geração es-
gênese), na qual a meiose é espórica porofítica. Essas fases alternam-se
(intermediária). entre si para completar o ciclo de
Pelo fato de produzirem embriões, vida, constituindo a alternância de
são classificados como embriófitos. gerações ou metagênese. Quan-
Os embriófitos podem ou não de- do se analisa a metagênese, nos di-
senvolver tecido condutor (vascular), versos grupos vegetais, reconhe-
daí a classificação: cem-se diferenças quanto à duração
• Embriófitos avasculares: das fases esporofítica e gametofítica
e quanto à complexidade do espo-
representados pelas briófitas. ❑ Seres diplobiontes
rófito e gametófito. Assim, entre as
• Embriófitos vasculares ou (diplônticos)
algas, é muito comum o aparecimento
traqueófitos: são incluídas as pteri- São aqueles que apresentam
de gametófitos e esporófitos igual-
dófitas, gimnospermas e angiospermas. meiose final ou gamética. O ciclo
mente desenvolvidos.
Produzem sementes apenas as ocorre em algumas espécies de al-
gimnospermas e angiospermas, por gas, é raro entre os vegetais, sendo
isso recebem o nome de espermá- típico dos animais. A alga possui um
fitas ou espermatófitas. corpo diploide que produz gametas,
As únicas plantas que produzem através da meiose. Os gametas
flores e frutos são as angiospermas. unem-se e formam o zigoto. Este,
As gimnospermas produzem es- através de mitoses consecutivas,
tróbilos (pinhas) e sementes. Não produz uma nova alga diploide.
formam verdadeiras flores.
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Nas briófitas, o gametófito é de- A figura a seguir mostra a evolução do esporófito e a involução do
senvolvido e duradouro, e o esporófito gametófito, nos diversos grupos vegetais.
é reduzido e dependente do ga-
metófito.
Nas pteridófitas, o gametófito é re-
duzido e transitório, enquanto o es-
porófito passa a ser vegetal desen-
volvido, complexo e duradouro. Nes-
tas plantas, ambos, gametófito e espo-
rófito, são verdes e independentes.
Nas fanerógamas (gimnospermas
e angiospermas), o esporófito é o
vegetal verde, complexo, duradouro e
visível, enquanto o gametófito é muito
reduzido e dependente do esporófito.

MÓDULO 2 Reprodução nas Criptógamas: Briófitas e Pteridófitas

1. AS CRIPTÓGAMAS Pode-se observar ainda que, na brófilas). Poucas espécies vivem em


(VEGETAIS INTERMEDIÁRIOS) metagênese, há uma fase haploide e água doce e nenhuma é marinha.
outra fase diploide que se alternam. Não possuem, evidentemente, flo-
Os vegetais intermediários são re-
Na fase diploide existe uma planta res, frutos e sementes (Figs. 1, 2 e 3).
presentados por dois grupos: brió-
assexuada chamada esporófito, e, O corpo primitivo é desprovido de
fitas (musgos, hepáticas e antóce-
na fase haploide, uma outra planta tecidos vasculares, e isso representa
ros) e pteridófitas (samambaias,
sexuada chamada gametófito. o fator responsável pelo tamanho re-
avencas, selaginellas, licopódios e ca-
duzido que caracteriza essas plantas.
valinhas). Esses vegetais nunca pro-
2. AS BRIÓFITAS (MUSGOS, Nesses vegetais, encontra-se
duzem flores, frutos e sementes. Os
HEPÁTICAS E ANTÓCEROS) uma nítida alternância de gerações
órgãos reprodutores são microscó-
(metagênese), em que o gametófito
picos e representados pelos arquegô-
As briófitas mais conhecidas são representa o vegetal verde, complexo
nios (乆) e anterídios (么). Por esse
os musgos e as hepáticas. São plantas e duradouro (permanente), enquanto
motivo, receberam o nome de crip-
muito primitivas, vivendo, na maioria o esporófito é um vegetal reduzido
tógamas (do grego kripton = es-
das vezes, em ambientes terrestres (transitório) e dependente (parasita)
condido + gama = casamento). São
úmidos e sombreados (plantas um- do gametófito.
plantas que dependem da água do
meio ambiente para a fecundação.
Apresentam um ciclo reprodutor com
nítida alternância de gerações (me-
tagênese), no qual a meiose é inter-
mediária ou espórica, isto é, ocorre
durante a formação do esporo.
O ciclo metagenético realiza-se
em duas fases: uma sexuada e outra
assexuada. Na fase sexuada, o
zigoto, formado da união do gameta
masculino (anterozoide) com o ga- Fig. 1 Fig. 2
meta feminino (oosfera), divide-se por
mitose e origina um organismo de-
nominado esporófito. O esporófito,
por sua vez, se reproduz assexuada-
mente, formando esporos (momento
em que ocorre a meiose). Cada
esporo divide-se por mitose, dando
origem a um novo organismo chama-
do gametófito. É a partir da re-
produção sexuada do gametófito que
surgem novamente os gametas, que
darão início a um novo ciclo. Fig. 3 – Aspecto do gametófito e do esporófito de um musgo.
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Os gametófitos produzem os ór- anterozoides (gametas 么). No interior da cápsula, ocorre


gãos reprodutores representados pe- Para a fecundação, é indispensá- meiose para a formação dos esporos,
los arquegônios e anterídios. vel a água da chuva. Os anterídios que são todos iguais, motivo pelo qual
Os arquegônios são femininos, liquefazem as suas paredes e libertam tais plantas são isosporadas.
muito pequenos e apresentam a for- os anterozoides. Estes, com o auxílio Nos musgos a germinação dos
ma de uma garrafinha. de flagelos, nadam até atingir o arque- esporos leva à formação de filamen-
No interior do arquegônio forma- gônio. O fenômeno é conhecido por tos verdes, ramificados, com septos
se a oosfera (gameta 乆). Cada ar- quimiotactismo. Ocorrida a fecunda-
inclinados, denominados protone-
quegônio produz apenas uma oosfera. ção, o zigoto desenvolve-se sobre o
mas. Estes formam espécies de “ge-
Os anterídios são órgãos mascu- gametófito 乆, originando o esporófito.
linos e apresentam forma de clava ou Este geralmente consta de uma haste mas” que crescem para a formação
esfera. No interior dos anterídios for- (seta) que suporta no ápice uma re- de gametófitos. Cada protonema é
mam-se muitas células espiraladas e gião dilatada, conhecida por cápsula capaz de produzir muitos gametó-
providas de dois flagelos, chamadas (esporângio). fitos.
OS ÓRGÃOS REPRODUTORES DAS CRIPTÓGAMAS (BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS)

Esquema do arquegônio, visto ao microscópio. Esquema do anterídio imaturo, visto ao microscópio.

CICLO DE VIDA DO MUSGO

Esquema do anterídio imaturo, visto ao microscópio.

3. REPRODUÇÃO fitas), isto é, desenvolvem tecidos es- vezes, possui raízes, caules e folhas.
NAS PTERIDÓFITAS pecializados para o transporte de Não forma flor, fruto nem semente.
As pteridófitas são plantas plu- seiva bruta (lenho ou xilema) e de As folhas produzidas pelo espo-
ricelulares, autótrofas, que vivem em seiva elaborada (líber ou floema). rófito recebem denominações con-
ambientes terrestres úmidos e som- Apresentam meiose intermediária forme a sua função. Assim, as folhas
breados, sendo a Mata Atlântica o ha- ou espórica e uma alternância de verdes, que exercem apenas a fun-
bitat da maioria das espécies. Exis- gerações (metagênese) muito nítida, ção de fotossíntese, são chamadas
tem algumas espécies que vivem em ou seja, possuem gametófito e espo- trofofilos; as folhas férteis, que se
água doce, como as dos gêneros rófito macroscópicos e verdes. encarregam apenas da produção de
Salvinia e Azolla. Não existem espé- O esporófito é o vegetal comple- esporos, são esporofilos, e as fo-
cies marinhas. xo, com vida duradoura (permanen- lhas que exercem as duas funções
São plantas vasculares (traqueó- te); é autótrofo e, na maioria das são os trofoesporofilos.
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O esporófito produz esporângios, Pteridófitas isosporadas são aque- Quando os esporos germinam,
em cujo interior ocorrem a meiose e a
las que produzem esporos morfolo- dão origem aos gametófitos ou próta-
gicamente iguais, como as samam- los. O gametófito (prótalo) é um ve-
produção de esporos. Em relação ao
esporo produzido, existem dois baias, avencas, licopódios etc. getal verde (autótrofo), reduzido e
grupos de pteridófitas: isosporadas transitório, que aparece normalmente
e heterosporadas. como uma estrutura achatada (la-
minar), provida de rizoides na sua
face inferior. Os rizoides fixam o pró-
talo ao substrato, de onde retiram
água e íons minerais. A face inferior
do prótalo produz os órgãos repro-
dutores (gametângios), representados
pelos arquegônios e anterídios.
Cada arquegônio produz uma
Trofoesporofilos de samambaias. oosfera e cada anterídio produz mui-
Já as pteridófitas heterosporadas tos anterozoides, os quais, geralmente
produzem dois tipos de esporos: mi- dotados de muitos flagelos, são atraí-
Báculos de uma samambaia. crósporos, pequenos e numerosos, e dos para o arquegônio graças a subs-
Os báculos desenrolam-se macrósporos (megásporos), grandes e tâncias que este produz. O fenômeno
para formar a folhagem típica. em número de quatro. Ex.: selaginella. é conhecido por quimiotactismo.
CICLO DE VIDA DE UMA PTERIDÓFITA ISOSPORADA As pteridófitas dependem de
água para a fecundação.
A reprodução sexuada é chama-
da de oogamia (união de gametas
diferentes na forma e na função).
Quanto à classificação, as pteri-
dófitas são divididas em quatro clas-
ses:
1) Psilofitinea (Psilopsida): plantas
do gênero Psilotum;
2) Esquisetinea (Sphenopsida):
plantas do gênero Equisetum (cavali-
nha);
3) Lycopodinea (Lycopsida): plan-
tas dos gêneros Lycopodium e Sela-
ginella;
4) Filicinea (Pteropsida): é a clas-
se mais numerosa e corresponde às
plantas genericamente conhecidas
CICLO DE VIDA DE UMA PTERIDÓFITA ISOSPORADA como samambaias e avencas.
Alguns gêneros conhecidos:
• Davallia: renda portuguesa.
• Dicksonia: samambaia-açu ou
xaxim.
• Nephrolepsis: paulistinha.
• Platycerium: chifre-de-veado.
• Polypodium: samambaia de
metro.
• Adiantum: avenca.

Foto ampliada da face inferior de uma folha mostrando os soros. Esporófito de samambaia.

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MÓDULO 3 Pteridófitas Heterosporadas: Ciclo da Selaginella e Evolução Vegetal


1. INTRODUÇÃO a) Microsporofilos produtores de O domínio Archaea possui um
microsporângios: os microsporângios reino conhecido por Archaeabactéria.
As pteridófitas heterosporadas produzem muitos esporos pequenos O domínio Bactéria possui um único
produzem dois tipos de esporos: mi- chamados micrósporos. reino chamado Eubactéria. Já o do-
crósporos, pequenos e numerosos, b) Macrosporofilos (megasporo- mínio Eucaria é subdividido em qua-
e macrósporos ou megásporos, filos) que produzem macrosporân- tro reinos, a saber: Protista, Fungi,
grandes e produzidos em número de gios (megasporângios). Estes pro- Plantae (vegetalia) e Animalia.
quatro. Como exemplo, citamos as duzem apenas quatro esporos gran- O Reino Plantae originou-se a
plantas do gênero Selaginella e al- des chamados macrósporos (me- partir de Protistas que deram origem
gumas espécies de samambaias. gásporos). às algas vermelhas (Rhodophyta),
Na complementação do ciclo, os algas pardas (Phaeophyta) e algas
2. ESTUDO DA SELAGINELLA micrósporos desenvolvem micropró- verdes (Chlorophyta).
talos (gametófitos 么), cujas células se A partir das algas verdes origina-
A Selaginella é uma planta ge- transformam em anterozoides biflage- ram-se as plantas terrestres: briófitas,
ralmente rasteira com caules delga- lados. pteridófitas, gimnospermas e angios-
dos. Em algumas espécies, as folhas Os macrósporos são esporos maio- permas.
minúsculas estão colocadas em es- res (tamanho da cabeça de um alfi- O esquema abaixo mostra as
piral em torno do caule e são todas do nete). Quando germinam, produzem possíveis relações entre os grupos
mesmo tamanho. Em outras espécies, macroprótalos verdes, com vários ar- citados.
existem duas fileiras de folhas peque- quegônios, cada um contendo uma
nas e duas fileiras de folhas grandes. oosfera.
Do caule saem rizóforos (ramos sem Quando ocorre a fecundação, a ❑ Evidências da evolução
folhas) que se ramificam na base, for- oosfera une-se com um anterozoide e dos vegetais terrestres a
mando raízes delicadas, as quais se forma um zigoto. Existe a possibili- partir das algas verdes
ramificam dicotomicamente à medida dade da fecundação das várias oos- Todos os grupos (algas verdes,
que penetram no solo. feras contidas no macroprótalo, mas briófitas, pteridófitas, gimnospermas
Na época da reprodução, o espo- acaba ocorrendo apenas o cresci- e angiospermas) apresentam em co-
rófito de Selaginella produz, no ápice mento e desenvolvimento de um zigo- mum:
das ramificações do caule, estruturas to para formar um novo esporófito. • Os mesmos tipos de clorofilas
especiais chamadas estróbilos. Os (A e B);
estróbilos são formados por folhas • pigmentos carotenoides, espe-
3. A EVOLUÇÃO VEGETAL
férteis chamadas esporofilos. Os cialmente o β−beta-caroteno;
esporofilos são estruturas produtoras Atualmente, os seres vivos são • reserva de amido;
de esporângios, no interior dos quais divididos em três domínios: • parede celular de natureza
ocorre meiose para a formação de es- 1. Archaea celulósica;
poros. Podemos distinguir dois tipos 2. Bactéria • semelhança no DNA dos cloro-
de esporofilos: 3. Eucaria plastos.

CICLO DE VIDA DE UMA SELAGINELLA EVOLUÇÃO DOS GRUPOS VEGETAIS

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❑ A transição fotossíntese só pode ocorrer onde grupos: isosporadas ou homospora-


para o meio terrestre existe luz. As plantas terrestres de- das e heterosporadas. As heteros-
A vida originou-se no mar e a senvolveram raízes para a fixação e poradas evoluíram para dar origem às
maior parte dos filos, particularmente absorção no solo e folhas, portadoras gimnospermas e às angiospermas.
o das algas e invertebrados, ainda de clorofila para a fotossíntese, acima
são predominantemente ou exclusiva- do solo. Assim, para atingir um porte
mente marinhos. maior, precisam de um sistema rápido
A maior parte dos organismos ter- de transporte entre o solo e as folhas.
restres provavelmente faz sua transi- Mas o meio terrestre é dessecante e
ção do mar para o meio aéreo através os órgãos aéreos devem ser prote-
da água doce dos rios e lagos. A gidos contra a evaporação excessiva
primeira adaptação foi, sem dúvida, à da água. Isto foi conseguido com o
falta de sais dissolvidos na água, isto aparecimento de uma película cerosa São considerados fatores evolu-
é, relacionada ao equilíbrio osmótico conhecida como cutícula. A cutícula tivos importantes na evolução das
do corpo. Depois disso houve a pas- impermeabiliza os órgãos aéreos, mas plantas com sementes:
sagem para o meio terrestre. dificulta a realização de trocas gaso- • aparecimento da heterosporia
Entre as plantas, as algas verdes sas com o meio ambiente. Foi decisi- (formação de micrósporos e megás-
tiveram êxito na transição da água va, ao lado do aparecimento da cutí- poros);
salgada para a doce. Atualmente, o cula, a formação dos estômatos. • endosporia (germinação do me-
número maior de espécies de cloró- As algas verdes que deram gásporo no interior do megasporân-
fitas encontra-se na água doce e nos origem aos vegetais terrestres eram gio).
meios terrestres úmidos. As espécies multicelulares e apresentavam meiose Como consequências da endos-
marinhas são menos numerosas. espórica, isto é, o ciclo de vida era poria têm-se o surgimento da polini-
Um grupo de plantas atuais, as com alternância de gerações (meta- zação, a independência da água do
briófitas (musgos e hepáticas), exi- gênese). A partir delas podem ter meio ambiente para a fecundação e a
bem características de transição entre ocorrido duas situações: formação da semente. Todos estes
a água e a terra. Vivem em ambientes fatos podem ter ocorrido em alguns
úmidos e sombreados pelo fato de grupos fósseis como o das pteri-
não possuírem dois predicados im- dospermas. Nas gimnospermas, a
prescindíveis ao êxito total na vida novidade foi o aparecimento de um
terrestre: integumento recobrindo e protegendo
• sistema de transporte de nu- o megasporângio, dando origem ao
trientes e óvulo.
• dependência de água para a Nas angiospermas, o megaespo-
união dos gametas. rofilo (folha carpelar) cresceu em torno
No meio terrestre a presença do do óvulo, dando origem ao gineceu
tecido vascular é indispensável. As ❑ A evolução das (ovário), que passa a proteger o
plantas aquáticas podem absorver espermáfitas óvulo. Após a fecundação, o óvulo
através de toda a superfície do corpo, (plantas com sementes) dá origem à semente e o ovário, ao
mas as terrestres só obtêm água e As pteridófitas quanto à produção fruto, estrutura exclusiva das an-
nutrientes do solo. Por outro lado, a de esporos são subdivididas em dois giospermas.

MÓDULO 4 Reprodução nas Gimnospermas

1. CARACTERÍSTICAS reduzidos em tamanho, tempo de vida


GERAIS DAS e complexidade, e dependentes do
GIMNOSPERMAS esporófito.

São plantas terrestres de grande


porte (árvores e arbustos), vasculares,
que vivem de preferência em climas
frios. Apresentam metagênese pouco
nítida.
O esporófito é o vegetal verde,
complexo e duradouro, organizado em
raiz, caule, folha, estróbilos e sementes.
Os gametófitos são dioicos, Estróbilos 么. Estróbilos 乆. Pinheiro.
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O gametófito (么) chama-se tubo do estruturas compactas denomina- quegônios muito rudimentares, dentro
polínico ou microprótalo. Em algumas das esporofilos, cones ou pinhas. dos quais aparecem oosferas.
gimnospermas primitivas, os gametas Esses estróbilos são unissexuados: há
(么) ainda são os anterozoides; nas os cones 么 e os cones 乆. ❑ Polinização
mais evoluídas, como os pinheiros, os A polinização é feita pelo vento
gametas são as células espermá- ❑ Estróbilo 么 (anemofilia). O grão de pólen é trans-
ticas ou núcleos espermáticos. O estróbilo masculino é formado portado até a câmara polínica, onde
O gametófito (乆) chama-se sa- por um eixo, em torno do qual se in- germina.
co embrionário ou megaprótalo serem os microesporofilos produtores
e forma-se no interior do óvulo. O me- de microesporângios (sacos políni- ❑ Formação do tubo
cos), em cujo interior encontramos os polínico
gaprótalo produz arquegônios bas-
grãos de pólen (micrósporos). O grão de As células acessórias envolvem
tante rudimentares, no interior dos
pólen é pluricelular: tem duas mem- as células do grão de pólen e formam
quais se encontram os gametas fe-
branas (exina e intina). A exina forma a parede do tubo polínico. A célula ge-
mininos chamados oosferas. Cada ar-
expansões cheias de ar (sacos aé- ratriz divide-se, formando dois núcleos
quegônio produz apenas uma oosfera.
reos, em cujo interior encontramos a espermáticos (gametas masculinos).
2. CLASSIFICAÇÃO célula geratriz, a célula vegetativa e as
Há quatro classes com represen- células acessórias). ❑ Fecundação
tantes atuais: A presença de várias oosferas no
1°.) Cicadinae: são dotados de um ❑ Estróbilo 乆 óvulo permite a fecundação por vários
tronco não ramificado, com folhas ge- O estróbilo feminino também é núcleos espermáticos de vários tubos
formado por um eixo, em torno do qual polínicos, formando vários zigotos;
ralmente penadas no ápice e dioicas.
se inserem os megasporofilos (folhas contudo, apenas um embrião se de-
Exemplo: Cycas.
carpelares), responsáveis pela produ- senvolve. Nas gimnospermas é fre-
2°.) Ginkgoinae: há um único re-
ção de óvulos em número variável. quente a poliembrionia, mas, dos vá-
presentante atual: Ginkgo biloba,
rios embriões formados, apenas um
encontrado na China e no Japão.
❑ Estrutura do óvulo se desenvolve.
3°.) Coniferae: grupo mais impor- O óvulo é revestido por um único Após a fecundação, o tecido do
tante atualmente. Exemplos: Araucaria, integumento. Abaixo da micrópila
megaprótalo (N) forma o endosper-
Pinus, Cedrus, sequoia, Cupressus etc. situa-se a câmara polínica, destinada
ma primário, tecido cuja função é
4°.) Gnetinae: há dois representan- a receber os grãos de pólen.
acumular reserva. Essas plantas não
tes: Ephedra e Gnetum. O integumento reveste o nucelo dependem de água do meio ambiente
3. REPRODUÇÃO (megasporângio). Uma célula do nucelo para a fecundação.
sofre meiose, dando origem a quatro O embrião das gimnospermas
As gimnospermas produzem es-
células haploides, das quais três de- tem muitos cotilédones.
tróbilos e sementes, mas nunca pro-
generam. A célula que persiste (me- O óvulo fecundado evolui e forma
duzem frutos.
gásporo) divide-se por mitose e acaba a semente, mas não forma fruto;
❑ Estróbilos por formar o megaprótalo (gametófito daí a designação que estas plantas
Os estróbilos reúnem-se, forman- 乆), que, por sua vez, dá origem a ar- recebem: gimnosperma = semente nua.
CICLO DE VIDA DO PINHEIRO

370 –
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MÓDULO 5 Reprodução nas Angiospermas: Flor, Androceu e Polinização

1. CARACTERÍSTICAS ganização da flor, estrutura da raiz e Estames ou microsporofilos


GERAIS DAS caule, tipo de nervação da folha etc. formam o aparelho reprodutor mascu-
ANGIOSPERMAS lino. Androceu é o conjunto de es-
As angiospermas são as plantas tames.
mais adaptadas aos ambientes terres- Carpelos, folhas carpelares,
tres. São encontradas nos mais va- pistilos ou megaesporofilos for-
riados lugares: desde os muito úmidos mam o aparelho reprodutor feminino.
até os desérticos. Poucas são as O conjunto de carpelos forma o gi-
espécies que vivem em água doce. neceu.
Existem raríssimas espécies ma- Perigônio: quando os elemen-
rinhas. Podem ser ervas, arbustos ou tos do cálice ficam iguais ao da coro-
árvores. la, quanto à forma e cor. Cada ele-
A maioria apresenta nutrição au- mento floral do perigônio chama-se
tótrofa fotossintetizante, mas existem tépala.
algumas espécies holoparasitas, co- Bráctea: folha modificada para
mo o cipó-chumbo, que não possuem a proteção da flor ou da inflorescên-
clorofila e não realizam fotossíntese. cia. Ex.: palha da espiga do milho.
Estes vegetais retiram a seiva ela- ❑ Flor
borada de outro vegetal hospedeiro. A flor é um conjunto de folhas mo-
Muitas espécies são epífitas, isto dificadas para a função de reprodu-
é, vivem apoiadas sobre ramos de ou- ção.
tros vegetais, com a única finalidade Uma flor completa é composta
de obter maior luminosidade. Existem por pedúnculo floral, sépalas, pétalas,
muitas espécies de orquídeas e bro- estames e carpelos. Sépalas e péta-
mélias epífitas. las formam o perianto ou verticilos de
Quanto ao ciclo reprodutor, as an- proteção. Estames e carpelos consti-
giospermas apresentam meiose inter- tuem os verticilos de reprodução.
mediária ou espórica e uma alter- Sépalas são folhas geralmente
nância de gerações pouco nítida. verdes. O conjunto de sépalas forma
A planta que vemos crescer na o cálice da flor.
natureza é o esporófito, organizado Pétalas são folhas coloridas ge-
em raiz, caule e folhas e produtor de ralmente diferentes do verde. O con-
flores, frutos e sementes. Estes vege- junto de pétalas chama-se corola. Organização da flor.
tais são os únicos que formam frutos.
Os gametófitos são dioicos, ex- A tabela abaixo mostra as diferenças existentes entre monocotiledôneas e dicotiledôneas.
tremamente reduzidos e dependentes
do esporófito. Na verdade, crescem
no interior da flor.
O gametófito feminino é o saco
embrionário (megaprótalo) contido
no óvulo. Não forma arquegônio e
possui uma única oosfera (gameta
乆).
O gametófito masculino é o tubo
polínico (microprótalo), no interior do
qual se formam dois núcleos es-
permáticos (gaméticos), que re-
presentam os gametas 么.
Não dependem de água para a
fecundação.
As angiospermas são divididas
em dois grupos: monocotiledô-
neas e dicotiledôneas. Estes dois
grupos podem ser reconhecidos por
uma série de características, dentre
as quais: número de cotilédones, or-
– 371
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2. ANDROCEU Quando o grão de pólen germina, ❑ Autoesterilidade


Representa o aparelho reprodutor origina o tubo polínico (microprótalo Neste caso, a flor é estéril em rela-
masculino. É constituído por um con- ou gametófito 么). ção ao pólen que ela mesma produz.
junto de unidades chamadas esta- O núcleo germinativo divide-se
mes. O estame é dividido em três 5. POLINIZAÇÃO
por mitose e origina os dois núcleos INDIRETA OU CRUZADA
partes: antera, filete e conectivo.
espermáticos (gametas 么). O grão de pólen é transportado
A antera é a parte fértil na qual,
por meiose, ocorre a formação dos da antera de uma flor até o estigma
3. POLINIZAÇÃO de uma outra flor, podendo, esta últi-
grãos de pólen. A antera apresenta Polinização é o processo de
em seu interior quatro maciços celu- ma, estar na mesma planta ou em ou-
transporte do pólen desde a antera, tra planta. Quando a polinização é
lares chamados sacos polínicos. Ca- onde foi produzido, até o estigma do
da célula do saco polínico é chamada feita em outra planta, há verdadeira
gineceu. Pode ser direta ou autopo- polinização cruzada. A polinização
célula-mãe; divide-se por meiose para linização, e indireta ou cruzada.
dar origem a quatro células haploides cruzada leva à fecundação cruzada
chamadas micrósporos. O núcleo de e, consequentemente, à produção de
cada micrósporo divide-se por mitose 4. POLINIZAÇÃO DIRETA descendência heterozigota (híbrida).
e dá origem a dois núcleos haploides, OU AUTOPOLINIZAÇÃO Os agentes polinizadores das an-
contidos em um único citoplasma. O grão de pólen cai no estigma giospermas são variados:
Cada célula desta, binucleada, cha- da própria flor. Este fenômeno ocorre
ma-se grão de pólen ou simples- de preferência em flores cleistogâmi-
mente pólen. O grão de pólen é cas (fechadas), como, por exemplo, a
constituído por uma membrana exter- ervilha. A autopolinização leva à au-
tofecundação que, por sua vez, leva A flor de
na designada exina, uma membrana hibisco é
interna chamada intina e um citoplas- ao aparecimento de descendência polinizada
ma, dentro do qual aparecem dois nú- homozigota. por insetos
cleos, um vegetativo e outro germi- Os indivíduos mais adaptados e beija-flores.
nativo ou reprodutor. para sobreviver são, no entanto, os ❑ Entomofilia
heterozigotos, obtidos por fecundação É o tipo mais importante de
cruzada. Por este motivo, as plantas polinização e realiza-se por meio de
desenvolvem vários mecanismos que insetos. As flores são perfumadas e
evitam a autofecundação. São eles: exibem corolas ou brácteas coloridas
e atraentes aos insetos. Elas possuem
❑ Dicogamia espécies de glândulas chamadas
Consiste no amadurecimento dos nectários, que servem para produzir
órgãos reprodutores em épocas dife- uma solução adocicada chamada
rentes. A dicogamia pode ser de dois néctar, um alimento para o inseto.
tipos:
• Protandria: quando amadu-
recem primeiramente os órgãos mas-
culinos e, posteriormente, os órgãos
femininos. Abelha polinizando
• Protoginia: quando amadu- uma flor de composta.
Formação do grão de pólen.
recem primeiramente os órgãos femi-
ninos e, posteriormente, os órgãos
masculinos.

❑ Dioicia
É o aparecimento de indivíduos
com sexos separados: uma planta
masculina e outra feminina. Borboleta
polinizando flor de
❑ Hercogamia composta.
Ocorre uma barreira física que
separa o androceu do gineceu. ❑ Ornitofilia
É a polinização realizada por
❑ Heterostilia pássaros, como os beija-flores. Estes
É a existência, nas flores, de es- animais são atraídos para as flores
tames com filetes curtos e estiletes coloridas, geralmente tubulosas e
Estrutura do tubo polínico. longos. produtoras de néctar.
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❑ Anemofilia ❑ Quiropterofilia
É o tipo de polinização que se É a polinização feita por mor-
realiza pelo vento. As flores são des- cegos. As flores são grandes,
providas de cálice e corola (aperian- abrem-se à noite e são perfumadas.
tadas), possuem numerosos estames,
grande quantidade de pólen seco,
pulverulento, que flutua facilmente no
ar. O estigma do gineceu é amplo e
às vezes plumoso.

Os morcegos podem se
alimentar de néctar e de
frutos, entre outros tipos de alimentação.

❑ Hidrofilia
É a polinização realizada pela
Beija-flor realizando polinização. O milho é polinizado pelo vento. água. Trata-se de um fenômeno raro.

MÓDULO 6 Gineceu e Fecundação


1. GINECEU

O gineceu é formado por folhas carpelares,


carpelos ou pistilos.
O gineceu é dividido em três partes: estigma,
estilete e ovário.
O estigma é a parte superior do gineceu, que
aparece dilatada e rica em glândulas produtoras de
uma substância viscosa. Esta substância torna o
estigma receptivo e permite aderência do pólen. É
ainda sobre o estigma que ocorre germinação do pólen
e a consequente formação do tubo polínico.
O estilete é um tubo longo que serve de substrato
para o crescimento do tubo polínico.
O ovário é a porção basal, dilatada e oca, onde
crescem os óvulos. No interior do ovário, pode-se
formar um, dezenas ou às vezes centenas de óvulos.
O óvulo é uma estrutura complexa dentro da qual
será formada a oosfera (gameta 乆). Apresenta dois
integumentos protetores chamados primina e se-
cundina. Esses integumentos não se fecham, deixando
entre eles um poro chamado micrópila. Crescimento do tubo polínico e fecundação.
No interior dos integumentos, existe o megaes-
porângio, que possui uma célula volumosa chamada ra (gameta 乆), ladeada por O saco embrionário fica re-
célula-mãe do megásporo. Esta célula divide-se duas células chamadas si- vestido e protegido pela pa-
por meiose para formar quatro megásporos, dos quais nérgides. No lado oposto à rede do megaesporângio,
três são pequenos e logo degeneram e o que resta é o oosfera, existem três células chamada agora nucelo.
megásporo fértil. O megásporo germina quando seu denominadas antípodas e,
núcleo se divide por mitoses. São três mitoses conse- no centro do saco embrio- 2. FECUNDAÇÃO
cutivas, que levam à formação de oito células, as quais nário, existe um citoplasma
vão organizar o saco embrionário (gametófito 乆). provido de dois núcleos cha- Quando o grão de pólen
O saco embrionário possui uma célula chamada oosfe- mados núcleos polares. cai no estig ma de uma flor,
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ocorre a sua germinação: o grão de pólen hidrata-se, rompe-se


a exina e projeta-se a intina, formando o tubo polínico. Uma vez
formado o tubo polínico, inicia-se seu crescimento ao longo do
estilete (quimiotropismo). O núcleo germinativo divide-se por
mitose e forma os dois núcleos espermáticos ou gaméticos. O
tubo polínico alcança o ovário, penetra no óvulo através da micró-
pila e ocorre uma dupla fecundação: 1.o núcleo espermático +
+ oosfera → zigoto (2n); 2.o núcleo espermático + 2 núcleos po-
lares → zigoto (3n).
Uma vez ocorrida a fecundação, há murchamento e queda
das pétalas, sépalas e estames. O óvulo fecundado desen-
volve-se e forma a semente. No interior do óvulo, o zigoto 3n
divide-se por mitose e forma um tecido de reserva chamado
endosperma secundário ou albúmen. Após a for mação do
endosperma, o zigoto 2n divide-se por mitose e forma o
embrião.
A semente, agora em desenvolvimento, produz AIA e
giberelinas, que promovem o desenvolvimento do ovário para
a formação do fruto. Formação do saco embrionário.

MÓDULO 7 Célula Vegetal e Química da Fotossíntese


Uma célula vegetal é muito semelhante à animal, mas
algumas estruturas são encontradas exclusivamente em
vegetais, entre elas:
– parede celulósica (membrana celulósica);
– plastos (plastídeos).

1. PAREDE CELULÓSICA
É uma membrana que envolve e protege o
protoplasma (matéria viva da célula). É uma parede
morta, resistente à tensão e à decomposição, dotada
de certa elasticidade e permeável.
Os principais componentes desta parede são os
polissacarídeos – (C6H10O5)n –, sendo a celulose o mais
importante. Outras substâncias podem estar presentes,
como a suberina, a cutina e a lignina.
As paredes celulósicas de células vizinhas são
unidas entre si pela lamela média composta de pec-
tatos de cálcio e magnésio e formada na telófase
da divisão celular.
A parede celulósica apresenta poros, atravessados
por pontes citoplasmáticas, os plasmodesmos, que
permitem as trocas de substâncias entre as células.

2. PLASTOS OU PLASTÍDEOS
São organoides citoplasmáticos exclusivos de
vegetais. Originam-se por divisões de outros plastos pre-
existentes e são classificados em cromoplastos e Esquema de uma célula vegetal ideal vista ao microscópio
leucoplastos. eletrônico.
• Os cromoplastos são providos de pigmentos e • Os leucoplastos não possuem pigmentos e rela-
classificados em: cloroplastos, ricos em clorofilas; xan- cionam-se com o armazenamento de várias substâncias,
toplastos, quando possuem xantofilas (amarelos); eritro- entre elas o amido, principal reserva dos vegetais. Estes
plastos com carotenos (alaranjados ou vermelhos). plastos são chamados amiloplastos ou grãos de amido.
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3. VACÚOLOS b) Transformação de energia lu- A etapa escura, química ou


minosa em energia química, enzimática caracteriza-se por:
São grandes cavidades encontra-
que leva à formação de dois a) Utilização dos produtos da fa-
das no interior das células, originadas
compostos energéticos: se luminosa (ATP e NADPH2).
do retículo endoplasmático. São deli-
ATP (Adenosina Trifosfato) e b) Absorção do dióxido de carbo-
mitados por membranas, denomina-
NADPH2 (Nicotinamida Ade- no (CO2).
das tonoplastos, e contêm so-
nina Dinucleotídeo Fosfato re- c) Fixação do CO2.
luções, com concentrações variadas,
duzido) d) Redução do CO2 e a conse-
de várias substâncias, entre elas
açúcares e sais minerais. Os vacúolos quente formação do carboidra-
O ATP é uma substância de alto to ou açúcar que pode ser
têm função de reserva e regula-
conteúdo em energia. A energia fica representado pela fórmula mí-
ção osmótica (controlam a entrada
e saída de água da célula). acumulada nas ligações fosfatos (P). nima (CH2O).
Este composto é formado por uma A redução do CO2 pode ser ex-
QUÍMICA DA FOTOSSÍNTESE base nitrogenada chamada adenina, pressa pela seguinte reação:
um açúcar chamado ribose (pentose)
4. DEFINIÇÃO e três grupos fosfatos (PO4)–3. CO2 + 2NADPH2 ⎯→ (CH2O) + H2O + 2NADP
Quando o ATP, por hidrólise,
ATP ⎯⎯→ ADP + P
É o processo de conversão de transforma-se em ADP e fosfato,
energia luminosa em energia química, libera muita energia, utilizada pelo
no qual o vegetal sintetiza substân- Nesta fase o desdobramento do
cloroplasto na síntese dos compostos
cias orgânicas a partir de água, ATP em ADP + P fornece a energia
orgânicos.
dióxido de carbono e luz. Assim, na fotossíntese, ocorre a utilizada para a síntese do açúcar.
síntese de ATP a partir de ADP e fos- Melvin Calvin e seus colaborado-
5. EQUAÇÃO fato. Este processo absorve a energia res forneceram CO2 com carbono 14
luminosa captada pelas moléculas de (carbono radioativo) a uma suspensão
O fenômeno da fotossíntese pode clorofila. de algas verdes do gênero chlorella e
ser expresso pela seguinte equação: O processo chama-se fotofos- conseguiram determinar o caminho do
forilação e a reação pode ser assim carbono do CO2 na fotossíntese.
luz
12H2O + 6CO2 –––––– C6H12O6 + 6H2O + 6O2 representada:
clorofila
4. EQUAÇÕES DA
luz FOTOSSÍNTESE
6. FASES DA FOTOSSÍNTESE ADP + P ⎯⎯⎯⎯⎯→ ATP
clorofila ❑ Fase luminosa
O órgão da planta adaptado para
a fotossíntese é a folha. As células Reações da fase luminosa
luz
dos parênquimas clorofilianos são ri- luz 4H2O + 2NADP ⎯⎯→ 2NADPH2 + 2H2O + O2
clorofila
cas em cloroplastos e, no interior des- ADP + P ⎯⎯⎯⎯⎯→ ATP
clorofila
tas estruturas, ocorre a transformação luz
de energia luminosa em energia
luz ADP + P ⎯⎯⎯→ ATP
4H2O + 2NADP ⎯⎯→ 2NADPH2 + 2H2O + O2 clorofila
química. clorofila
Atualmente, a fotossíntese é divi- ❑ Fase escura
dida em duas etapas: Produtos da fase luminosa CO2 + 2NADPH2 ⎯→ (CH2O) + H2O + 2NADP
– luminosa ou fotoquímica
ATP = Substância energética. ATP ⎯⎯⎯→ ADP + P
(ocorre nos grana do cloroplasto).
NADPH2 = Substância energé-
– química, escura ou enzi- Somando-se as reações apresen-
tica e agente redutor.
mática (ocorre na matriz ou estroma tadas e fazendo-se as devidas simpli-
O2 = liberado para a atmosfera.
do cloroplasto). ficações, chega-se a uma equação
A etapa luminosa ou fotoquí- Utilizando-se de água na qual o
simplificada da fotossíntese:
mica caracteriza-se por oxigênio é O18 em lugar de O16, foi
a) Absorção de luz pelos pigmen- possível demonstrar que o oxigênio li- luz
tos do cloroplasto, especial- berado na fotossíntese provém da 2H2O + CO2 ⎯⎯⎯→ (CH2O) + H2O + O2
mente as clorofilas. água e não do CO2. clorofila

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MÓDULO 8 Fatores que Influem na Fotossíntese: Luz e Ponto de Compensação Luminoso (PCL)

A luz é uma pequena parte da ta, devemos estabelecer uma compa- e todo o CO2 produzido na respiração
energia radiante que chega à Terra. É ração entre a fotossíntese e sua res- será utilizado na fotossíntese.
a parte visível do espectro eletromag- piração em função da variação de Conclui-se que os dois fenô-
nético, que vai desde as ondas de intensidade luminosa. menos se neutralizam no cha-
rádio até os raios X e raios gama. A mado ponto de compensação
luminoso.
faixa de luz visível (espectro lumino- ❑ Definição
No entanto, quando a planta rece-
so) é de interesse especial para a fo- Ponto de compensação é uma in-
be luz acima do ponto de compensa-
tossíntese. Compreende luz de dife- tensidade luminosa, na qual a razão
ção fótico, a taxa de fotossíntese é
rentes cores: violeta, azul, verde, ama- de fotossíntese é igual à razão de
maior que a taxa de respiração, sendo
relo, alaranjado e vermelho. respiração.
Verificando-se o espectro de ab- a produção de glicose e oxigênio
Observe as reações de fotossín-
sorção da clorofila em álcool metílico, maior do que o seu consumo e, em
tese e de respiração, e note que são
observou-se que o máximo de absor- consequência, ocorre o crescimento
fenômenos opostos.
ção ocorre nas radiações azul e ver- da planta.
fotossíntese
melha e que a mínima absorção ⎯⎯→ C H O + 6H O + 6O
12H2O + 6CO2 ←⎯⎯ O ponto de compensação varia
6 12 6 2 2
ocorre nas radiações verde e amarela respiração de espécie para espécie, mas, de um
(Fig. 1). modo geral, as plantas são classifica-
Quando uma planta recebe luz no
seu ponto de compensação fótico, das em plantas de sombra (umbró-
❑ Ponto de compensação toda a glicose produzida na fotossín- fitas), quando possuem ponto de
luminoso (fótico) tese será consumida na respiração; compensação baixo, e de sol (helió-
Na determinação do ponto de assim como todo o O2 produzido na fitas), quando possuem ponto de
compensação luminoso de uma plan- fotossíntese será gasto na respiração compensação alto.

Fig. 1 – Espectro de absorção das clorofilas a e b.

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MÓDULO 9 Respiração Aeróbia e Anaeróbia

1. INTRODUÇÃO Esta organela é constituída por série de degradações que leva à for-
uma membrana externa e outra mação de duas moléculas de ácido
Por meio da fotossíntese, que ocor- interna, ambas de constituição lipo- pirúvico. Durante a glicólise, ocorre
re no cloroplasto, as plantas sinte- proteica. A membrana interna cresce descarboxilação (saída de CO2) e de-
tizam compostos orgânicos, os para o interior da mitocôndria, for- sidrogenação (saída de hidrogênio).
quais armazenam energia. Esta ener- mando as cristas mitocondriais. Ainda nessa fase, há liberação de
gia pode ser liberada para a célula O interior da mitocôndria é ocu- energia. Grande parte dessa energia
utilizá-la em suas atividades bioló- pado por um coloide chamado ma-
gicas. O processo pelo qual as cé- é utilizada na síntese de ATP a partir
triz (estroma) mitocondrial.
lulas retiram a energia acumulada nos de ADP e fosfato (P ou Pi), fenômeno
A matriz é formada principal-
compostos orgânicos é a respira- denominado fosforilação oxida-
mente de proteínas e lipídios, e nela
ção celular. tiva.
estão os mitorribossomos. Na ma-
Os compostos energéticos utiliza- triz, encontram-se os finos cordões de
dos pela célula podem ser proteínas, Reações da Glicólise
DNA, o DNA mitocondrial.
lipídios e carboidratos. De todos os desidrogenase
A presença de DNA e ribos-
compostos, a substância mais utiliza- somos permite às mitocôndrias a C6H12O6 ⎯⎯⎯⎯→ 2CH3 – CO – COOH +
da pela célula é a glicose. Quando síntese de RNA e de proteínas.
existe uma quantidade suficiente de As mitocôndrias originam-se por + 4H+ + 4e– +
glicose, muito raramente a célula utili- divisão de outras preexistentes.
za outra substância para a respiração.
A respiração celular é dividida em 3. FASES DA Fosforilação oxidativa
dois tipos: RESPIRAÇÃO AERÓBIA
• aeróbia; ADP + P + → ATP
• anaeróbia (fermentação). A degradação dos compostos
orgânicos para a liberação de energia
2. RESPIRAÇÃO AERÓBIA ocorre em três fases: O ATP é uma substância que ar-
• Glicólise: acontece na matriz mazena grandes quantidades de
A respiração aeróbia depende energia.
citoplasmática (hialoplasma).
fundamentalmente de um organoide A glicólise é um fenômeno que
• Ciclo de Krebs: ocorre na
citoplasmático denominado mito-
matriz da mitocôndria. ocorre tanto na respiração aeróbia
côndria.
• Cadeia respiratória: reali- quanto na anaeróbia.
O número de mitocôndrias numa
za-se na crista mitocondrial. O ácido pirúvico formado sofre
célula é muito variável, entre algumas
dezenas e várias centenas. De um descarboxilacão e transforma-se no
modo geral, as células mais ativas, ❑ Glicólise ou ácido acético (H3C – COOH), com-
como a nervosa e a muscular, apre- formação de piruvato posto orgânico de dois carbonos.
sentam maior número de mitocôndrias. Nesta fase, a glicose sofre uma
descarboxilase
Ácido ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯→ Ácido + CO2
pirúvico acético
3-C 2-C

O ácido acético é transpor-


tado, por ação da coenzima A, para
o interior da mitocôndria, dando ori-
gem à acetilcoenzima A.
No interior da mitocôndria, o ra-
dical acetil (2-C) combina-se com
o ácido oxalacético (4-C), forman-
do o ácido cítrico (6-C). Inicia-se o
Ciclo de Krebs. A coenzima A retorna
ao hialoplasma para reagir com outro
Estrutura de uma mitocôndria.
ácido acético.

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❑ Ciclo de Krebs
O ácido cítrico, formado na rea-
ção do radical acetil com o ácido
oxalacético, sofre desidrogenação e
descarboxilação, originando vários
compostos intermediários, e termina
por produzir um novo ácido oxalacé-
tico. Conclui-se que o acetil que pe-
netrou na mitocôndria é totalmente
quebrado em CO2, íons H+ e elé-
trons, havendo liberação de energia
e síntese de ATP.
Os íons H+ reagem com um
composto chamado nicotinamida-
adenina-dinucleotídeo (NAD),
formando NAD . 2H+.
Os elétrons que resultam dos
íons H+, ricos em energia, serão
transportados ao longo de uma ca-
deia de substâncias localizadas nas
+
cristas da mitocôndria. É a cadeia tempo, os dois prótons do NAD . 2H , formando-se assim uma molécula de
+
respiratória, onde serão sinteti- água (H2O). O NAD . 2H volta a ser NAD e novamente se torna capaz de
zados 32 ATPs. captar novos íons H+. Na passagem de elétrons, há liberação de energia que
será utilizada na síntese de ATP (fosforilação oxidativa).
❑ Cadeia respiratória
Nas cristas mitocondriais, existem 4. RENDIMENTO ENERGÉTICO DA RESPIRAÇÃO
substâncias aceptoras de elétrons, Glicólise ⎯⎯⎯→ 2 ATP
entre elas o FAD (flavina – adenina – Ciclo de Krebs ⎯⎯⎯→ 2 ATP
dinucleotídeo) e os citocromos b, c, Cadeia Respiratória ⎯→ 32 ATP
–––––––
a, a3, proteínas que contêm ferro. Total 36 ATP
Todas essas substâncias transportam
elétrons, levando-os ao aceptor final,
5. EQUAÇÃO GERAL DA RESPIRAÇÃO AERÓBIA
que é o oxigênio. Cada oxigênio
C6H12O6 + 6H2O + 6O2 → 6 CO2 + 12H2O + 36 ATP
recebe dois elétrons e, ao mesmo

Cadeia respiratória.

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6. INTRODUÇÃO fabricação de pães e bolos. O cresci- põem a glicose em ácido pirúvico e


mento da massa é consequência da este é transformado em ácido lático.
A respiração anaeróbia, também formação de bolhas de CO2 que se Essa forma de fermentação é tam-
denominada fermentação, é o fenô- desprendem durante a fermentação. bém realizada pelo Lactobacillus
meno de obtenção de energia a partir Durante a fermentação são pro- acidophylus encontrado no nosso
dos compostos orgânicos, na ausên- duzidos 4 ATPs e consumidos 2 intestino.
cia de oxigênio. A fermentação é rea- ATPs, resultando em um saldo posi- Nos nossos músculos, em caso
lizada principalmente por fungos e bac- tivo de 2 ATPs. de atividade intensa, pode faltar O2
térias e pode ocorrer até no homem. para a respiração aeróbia. As células
8. FERMENTAÇÃO LÁTICA musculares realizam, então, a fermen-
7. FERMENTAÇÃO Muitas bactérias, como as que tação lática, obtendo energia para as
ALCOÓLICA fazem a coagulação do leite, decom- suas contrações.

A fermentação é muito semelhan- A reação abaixo mostra o que ocorre na fermentação alcoólica (etílica)
te à glicólise, ocorrendo também a
desidrogenação e a descarboxilação,
mas nela os hidrogênios produzidos
não são fornecidos ao oxigênio, já que
nesse processo não há participação
do O2. Os hidrogênios são captados
pelos compostos orgânicos provenien-
tes da própria degradação da glicose.
A fermentação etílica é realizada A reação abaixo mostra como se dá a fermentação lática.
por fungos microscópicos do gênero
Saccharomyces, as chamadas leve-
duras, lêvedos ou fermentos biológicos.
O Saccharomyces cerevisae é uma
espécie de levedura utilizada na
fabricação da cerveja.
Os fermentos biológicos, também
Saccharomyces, são utilizados na

MÓDULO 10 Osmose na Célula Vegetal e Absorção de Água

1. INTRODUÇÃO maior concentração (hipertônica), até volve uma pressão osmótica (P.O.).
atingir o equilíbrio, quando as duas Esta pressão depende diretamente
❑ Difusão soluções passam a apresentar a mes- da concentração da solução e re-
A difusão é um fenômeno em que ma concentração (isotônicas). presenta a pressão favorável à entra-
moléculas ou íons se movimentam de da de água na célula.
uma região para outra, seguindo o 2. OSMOSE NA Quando a célula vegetal é mergu-
gradiente de concentração. Nos ve- CÉLULA VEGETAL lhada em água destilada, a tendência
getais, todas as trocas gasosas ocor- da água é movimentar-se para o inte-
rem por difusão. A célula vegetal apresenta, ex- rior da célula, atraída pela pressão
ternamente, a parede celular ou osmótica do vacúolo (P.O. ou Si).
❑ Osmose membrana celulósica — mem- A água que penetra na célula passa
A difusão da água (solvente) brana permeável, resistente e dotada a exercer uma pressão hidrostática
através de uma membrana semiper- de certa elasticidade. Internamente a sobre a parede celular, denominada
meável chama-se osmose. ela, encontra-se a membrana plas- pressão de turgescência ou
A membrana semipermeável é mática (plasmalema) — membrana pressão de turgor (P.T.). Sujeita a
aquela que é permeável ao solvente permeável seletiva, às vezes conside- essa pressão, a parede distende-se,
(água) e impermeável aos solutos rada semipermeável. No interior da mas reage contra a distensão, exer-
(substâncias que se dissolvem na célula, existem grandes vacúolos que cendo uma pressão contrária, cha-
água). A água passa com maior velo- contêm o suco vacuolar. Este repre- mada pressão de membrana ou
cidade da solução de menor concen- senta uma solução de várias substân- resistência da membrana ce-
tração (hipotônica) para outra de cias em água. Toda solução desen- lulósica (M).
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A entrada de água depende da diferença entre


a P.O. (Si) e a P.T. (M), isto é, depende de um deficit
de pressão de difusão (DPD) ou da sucção celular
(SC).
Assim, o movimento de água na célula pode
ser expresso pela fórmula:
DPD = PO – PT ou SC= Si – M
Existe uma tendência de a água entrar na
célula enquanto:
PO > PT ou DPD > 0

A célula absorve água até ficar túrgida (tur-


gescente). Nesse caso, PO = PT ou DPD = 0.
A célula ficará murcha quando: PT = 0 ou DPD = PO.

❑ Plasmólise
Ocorre quando a célula vegetal é mergulhada
em meio hipertônico. A célula perde água e o cito-
plasma descola-se da parede celular. Quando a
célula plasmolisada é mergulhada em água
destilada ou meio hipotônico, absorve água e res-
tabelece o seu turgor. O fenômeno é conhecido por
deplasmólise.

ABSORÇÃO DE ÁGUA pende diretamente do tamanho de região do endoderma da raiz, obri-


superfície. A condição ideal para gatoriamente deve penetrar no pro-
INTRODUÇÃO ocorrer a absorção de água é: toplasma, uma vez que as paredes
• solo – solução hipotônica; celulares do endoderma possuem
Nas traqueófitas, o órgão encar- • raiz – solução hipertônica. reforços impermeáveis que impedem
regado da fixação e absorção é a raiz. A água pode seguir dois cami- a passagem da água.
Neste órgão a região de absorção é a nhos através das células da raiz:
pilífera, por onde a água penetra prin- 1 – Através dos poros das pare-
cipalmente através dos pelos absor- des celulares. Caminho da água na raiz
ventes. Mas as células epidérmicas 2 – Através dos protoplasmas
que não formam pelos também absor- pelo absorvente ⇒ parênquima cortical
celulares.
vem água, embora com menor veloci- ⇒ endoderma ⇒ periciclo ⇒ xilema
O primeiro caminho é o mais efi-
dade, uma vez que a absorção de- ciente, mas, quando a água chega à

Corte transversal de uma raiz de angiosperma monocotile-


dônea com o endoderma provido de reforços em U impermeá-
Morfologia de uma raiz de angiosperma dicotiledônea. veis, e as células de passagem desprovidas de reforços.

380 –

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