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TÍTULO DA DISCIPLINA: ECOLOGIA,

RECURSOS NATURAIS E ENERGÉTICOS


EDIÇÃO Nº 1 – 2018

JEFERSON SANTOS SANTANA

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APRESENTAÇÃO

Prezado aluno,

Nesta obra apresentaremos os aspectos mais usuais referentes à ecologia,


recursos naturais e energéticos, envolvendo a compreensão dos principais
parâmetros, conceitos, concepções, funcionamentos, classificação e
funcionalidades utilizadas nos mesmos. O livro é dividido em oito Capítulos, os
quais estão distribuídos em quatro Unidades. Na Unidade 01 há uma introdução
sobre os principais aspectos envolvendo a Ecologia, como seus tipos de
componentes, perfil de distribuição, perfil de Unidades de Conservação (UC) e
desenvolvimento sustentável. A Unidade 02 apresentará os principais biomas e
ecossistemas encontrados no planeta, tanto à nível terrestre como aquático. Na
Unidade 03 há uma abordagem prévia sobre os recursos naturais, suas
concepções e relações com o crescimento econômico, suas classificações e
tipos. Na última unidade (Unidade 04) há uma finalização do assunto,
mencionando os principais recursos energéticos, tanto de caráter renovável como
não renovável. Para melhor localização no estudo, os capítulos do livro são
apresentados de forma sequencial.

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Sumário
UNIDADE 01 - ECOLOGIA ................................................................................................... 5
CAPÍTULO 01 – CONCEITOS PRÉVIOS ......................................................................... 6
CAPÍTULO 02 – UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E VALORAÇÃO AMBIENTAL ...... 16
QUESTÕES ..................................................................................................................... 25
UNIDADE 02 - BIOMAS E ECOSSISTEMAS ..................................................................... 28
3. CAPÍTULO 03 – BIOMAS......................................................................................... 29
4. CAPÍTULO 04 - ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS .................................................... 48
QUESTÕES ..................................................................................................................... 59
UNIDADE 03 - RECURSOS NATURAIS ............................................................................ 62
5. CAPÍTULO 05 – RECURSOS NATURAIS .............................................................. 63
6. CAPÍTULO 06 – RECURSOS NATURAIS MINERAIS, HÍDRICOS E BIOLÓGICOS
68
QUESTÕES ..................................................................................................................... 80
UNIDADE 04 - RECURSOS ENERGÉTICOS .................................................................... 83
7. CAPÍTULO 07 – RECURSOS ENERGÉTICOS NÃO RENOVÁVEIS .................... 84
8. CAPÍTULO 08 – RECURSOS ENERGÉTICOS RENOVÁVEIS ............................. 95
QUESTÕES ................................................................................................................... 108
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 110

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UNIDADE 01

ECOLOGIA

Caro(a) Aluno(a),
Seja bem-vindo(a)!
Nesta primeira unidade verificaremos os principais aspectos e
conceitos fundamentais da Ecologia.

Conteúdos da Unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 01 e 02). No capítulo 01
verificaremos os principais conceitos envolvendo a Ecologia, os seus perfis de
distribuição no globo, seus componentes bióticos e abióticos. No capítulo 02
verificaremos a concepção e caracterização das Unidades de Conservação, suas
categorias, além dos princípios envolvendo capital natural e serviços
ecossistêmicos para estabelecimento do processo ecológico com o
desenvolvimento sustentável.
Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos,
à medida que for estudando.

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CAPÍTULO 01 – CONCEITOS PRÉVIOS

A palavra ecologia deriva da palavra grega oikos, que significa "casa" ou "lugar
onde se vive". Em sentido literal, a ecologia é o estudo dos organismos "em sua
casa". Ela é definida usualmente como o estudo das relações dos organismos ou
grupos de organismos com o seu ambiente, ou a ciência das inter-relações que
ligam os organismos vivos ao seu ambiente. Dentre os aspectos considerados
pela ecologia, segue abaixo alguns conceitos prévios importantes:
 ESPÉCIE - é o conjunto de indivíduos semelhantes (estruturalmente,
funcionalmente e bioquimicamente) que se reproduzem naturalmente,
originando descendentes férteis. Exemplo: Homo sapiens.
 POPULAÇÃO - é o conjunto de indivíduos de mesma espécie que vivem
numa mesma área em um determinado período. Exemplo: população de
ratos em um bueiro, em um determinado dia; população de bactérias
causando amigdalite por 10 dias; 10 mil pessoas vivendo em uma cidade
em 1996 etc.
 COMUNIDADE OU BIOCENOSE - é o conjunto de populações de diversas
espécies que habitam uma mesma região num determinado período.
Exemplo: seres de uma floresta, de um rio, de um lago, de um brejo, dos
campos, dos oceanos etc.
 ECOSSISTEMA OU SISTEMA ECOLÓGICO - é o conjunto formado pelo
meio ambiente físico, ou seja, o BIÓTOPO (formado por fatores abióticos,
como solo, água, ar) mais a comunidade (formada por componentes
bióticos - seres vivos) que se relaciona com o meio.
 HABITAT - é o lugar específico onde uma espécie pode ser encontrada,
isto é, o seu "ENDEREÇO" dentro do ecossistema. Exemplo: Uma planta
pode ser o habitat de um inseto, o leão pode ser encontrado nas savanas
africanas etc.
 BIÓTOPO - área física na qual determinada comunidade vive. Exemplo: O
habitat das piranhas é a água doce, como a do rio Amazonas ou dos rios
do complexo do Pantanal; o biótopo rio Amazonas é o local onde vivem
todas as populações de organismos vivos desse rio, dentre elas a de
piranhas.

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 NICHO ECOLÓGICO - é o papel que o organismo desempenha, isto é, a
"PROFISSÃO" do organismo no ecossistema. O nicho informa às custas de
quem se alimenta, a quem serve de alimento, como se reproduz etc.
Exemplo: a fêmea do Anopheles (transmite malária) é um inseto
hematófago (se alimenta de sangue); o leão atua como predador,
devorando grandes herbívoros, como zebras e antílopes.
 ECÓTONO - é a região de transição entre duas comunidades ou entre dois
ecossistemas. Na área de transição (ecótono) vamos encontrar grande
número de espécies e, por conseguinte, grande número de nichos
ecológicos.
 BIOSFERA - toda vida, seja ela animal ou vegetal, ocorre numa faixa
denominada biosfera, que inclui a superfície da Terra, os rios, os lagos,
mares e oceanos e parte da atmosfera. A vida é só possível nessa faixa,
porque aí se encontram os gases necessários para as espécies terrestres
e aquáticas: oxigênio e nitrogênio.

1.1. INTRODUÇÃO À ECOLOGIA


Até o fim do século XX, faltava à ecologia uma base conceitual. A
ecologia moderna, porém, passou a se concentrar no conceito de
ecossistema, uma unidade funcional composta de organismos integrados,
e em todos os aspectos do meio ambiente em qualquer área específica.
Envolve tanto os componentes sem vida (abióticos) quanto os vivos
(bióticos), através dos quais ocorrem o ciclo dos nutrientes e os fluxos de
energia. Para realizá-los, os ecossistemas precisam conter algumas inter-
relações estruturadas entre solo, água e nutrientes de um lado, e entre
produtores, consumidores e decompositores de outro.
Os componentes bióticos podem ser agrupados em três categorias
funcionais: produtores, consumidores e decompositores. Os produtores são
todos os organismos autótrofos, principalmente plantas verdes que
realizam fotossíntese, e outros, em menor quantidade, que realizam
quimiossíntese. Os consumidores dos ecossistemas são os heterótrofos,
principalmente animais, que se alimentam de outros seres vivos. Podem
ser subdivididos em: (a) consumidor primário (herbívoro), que utiliza
diretamente o vegetal - veado, gafanhoto, coelho e muitos peixes; (b)
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consumidor secundário (carnívoro), que obtém seu alimento de
consumidores primários - leão, cachorro, cobra e espécies carnívoras de
peixes; e (c) consumidor misto (onívoro), que não faz discriminação
pronunciada em sua preferência alimentar entre produtores e outros
consumidores - esta categoria inclui o homem, o urso e alguns peixes. Os
decompositores também são heterótrofos - bactérias e fungos sapróvoros -
porém se alimentam de materiais residuais (excreções, cadáveres etc.),
transformando-os em substâncias inorgânicas simples utilizáveis pelos
produtores. Não fosse o trabalho dos decompositores, o nosso planeta
seria um amontoado de “lixo”.
Os ecossistemas funcionam graças à manutenção do fluxo de energia
e do ciclo de materiais, desdobrado numa série de processos e relações
energéticas chamada cadeia alimentar, que agrupa os membros de uma
comunidade natural. Existem cadeias alimentares em todos os habitats, por
menores que sejam esses conjuntos específicos de condições físicas que
cercam um grupo de espécies. As cadeias alimentares costumam ser
complexas, e várias cadeias se entrecruzam de diversas maneiras,
formando uma teia alimentar que reproduz o equilíbrio natural entre
plantas, herbívoros e carnívoros. Os ecossistemas tendem à maturidade,
ou estabilidade, e ao atingi-la passam de um estado menos complexo para
um mais complexo. Essa mudança direcional é chamada sucessão. A
Figura 01 apresenta um exemplo de sucessão ecológica autogênica.
(COLOCAR A FIGURA 01 AQUI)

Figura 01 – Exemplo de sucessão ecológica autogênica. (Fonte:


<www.bemexplicado.pt>. Acesso em 11 de janeiro de 2018)

Sempre que um ecossistema é utilizado e que a exploração se mantém,


sua maturidade é adiada. A principal unidade funcional de um ecossistema
é sua população. Ela ocupa um certo nicho funcional1, relacionado a seu

1
A expressão nicho funcional ou nicho ecológico normalmente é utilizada para denominar a maneira como
um determinado ser vivo vive, ou seja, seu papel em determinado ecossistema. Entretanto, além desse
conceito, conhecido como nicho funcional, existem outras definições de nicho. Na década de 1950, foi
proposto por Everlyn Hutchinson o conceito de nicho ecológico multidimensional. O nicho proposto por
Hutchinson poderia ser visualizado como um “hipervolume” dentro do qual existiam diversos eixos que
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papel no fluxo de energia e ciclo de nutrientes. Tanto o meio ambiente
quanto a quantidade de energia fixada em qualquer ecossistema são
limitados. Quando uma população atinge os limites impostos pelo
ecossistema, seus números precisam estabilizar-se. Caso isso não ocorra,
devem declinar em consequência de doença, fome, competição, baixa
reprodução e outras reações comportamentais e psicológicas. Mudanças e
flutuações no meio ambiente representam uma pressão seletiva sobre a
população, que deve se ajustar. O ecossistema tem aspectos históricos: o
presente está relacionado com o passado, e o futuro com o presente.
Assim, o ecossistema é o conceito que unifica a ecologia vegetal e animal,
a dinâmica, o comportamento e a evolução das populações.
Em Ecologia, uma população pode ser definida como um grupo de
indivíduos da mesma espécie que ocupam uma determinada área em um
determinado momento do tempo e que apresentam alta probabilidade de
cruzamentos entre si, em comparação com a probabilidade de
cruzamentos com indivíduos de outra população. Como exemplos,
podemos citar a população de borboletas do Parque Nacional de Itatiaia no
Rio de Janeiro, a população de araucárias do Parque Estadual de São
Joaquim em Santa Catarina ou mesmo a população humana da América
Latina.
Apesar de conceitualmente simples, uma população pode apresentar
uma heterogeneidade interna. Nos organismos com reprodução sexuada,
por exemplo, a população pode ainda ser subdividida em grupos com
maiores chances de cruzamento entre si. Esses grupos são chamados de
demes, que é a menor unidade coletiva de uma população de plantas ou
animais. Como os indivíduos de uma deme têm maiores chances de se
encontrarem e reproduzirem, podem ser chamados de uma população
genética. Populações, assim definidas, podem ser separadas de outras

representavam as diferentes variáveis ambientais, tanto físicas quanto biológicas. O nicho seria então as
diferentes combinações dessas variáveis, que permitiriam a sobrevivência de uma dada espécie e limitariam
sua abundância e distribuição. Esse nicho multidimensional pode ser classificado em duas subcategorias: o
nicho fundamental e o nicho efetivo. Denominamos de nicho fundamental aquel e que engloba todas as
condições e recursos que permitem uma determinada espécie existir e reproduzir -se. No nicho
fundamental, é excluída a existência de qualquer inimigo natural e a competição interespecífica. O nicho
efetivo, também denominado de realizado, por sua vez, descreve um intervalo mais limitado, levando
também em consideração a presença de competidores e predadores. Podemos dizer ainda que o nicho
efetivo é a faixa ambiental onde realmente se encontra uma determinada espécie.
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populações pela distância, por exemplo, ou, como seria melhor dizer,
apresentam algum grau de isolamento espacial. Em razão dessas
particularidades, há grande dificuldade em determinar os limites de uma
população, tanto no espaço como no tempo. Aliás, esses limites são muitas
vezes vagos, e não é incomum nos perguntarmos onde começa e onde
termina uma população. Muitas vezes temos de considerar certo
julgamento arbitrário do pesquisador.
A melhor maneira de delimitar a ecologia moderna talvez seja
considerá-la em termos do conceito dos níveis de organização,
visualizados como uma espécie de "espectro biológico". Os termos
comunidade, população, organismo, órgão, célula e gene são largamente
utilizados para vários níveis bióticos principais apresentados num arranjo
hierárquico, de grande a pequeno, conforme apresentado na Figura 02.
(COLOCAR A FIGURA 02 AQUI)

Figura 02 – Nível hierárquico de organização ecológica; sete processos ou


funções transcendentes estão representados como componentes verticais de 11
níveis integrativos de organização. (Fonte: BARRET, 2007).

O meio natural não se organiza aleatoriamente, já que os fatores


abióticos afetam e são afetados pela biocenose. Ainda que se deva
resguardar as complexidades, variações e características ímpares de cada
ecossistema, determinadas leis lhes são comuns, que buscam manter-se
sempre em equilíbrio. Os ecossistemas, dadas suas conformações, não
são estáticos e apresentam, portanto, um equilíbrio dinâmico, o qual é
alcançado pela atuação de mecanismos ou sistemas de controle baseados
na homeostase e homeorrese.
 Homeostase – capacidade do sistema se manter em equilíbrio.
 Homeorrese – toda vez que há uma ação imprópria (desgaste,
ou ação entrópica) do sistema, ele tende a se equilibrar.

A sequência de relações tróficas pelas quais a energia passa através do


ecossistema é chamada de cadeia alimentar. Uma cadeia alimentar possui
muitos elos – plantas, herbívoros e carnívoros, por exemplo – aos quais
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foram posteriormente denominados níveis tróficos. Além disso, Lindeman2
visualizou uma pirâmide de energia nos ecossistemas, com menos energia
alcançando sucessivamente cada nível trófico superior. Ele argumentava
que energia é perdida em cada nível por causa do trabalho realizado pelos
organismos naquele nível e pela ineficiência das transformações
biológicas.
Alfred J. Lotka (1880 – 1949) foi o primeiro a considerar as populações
e comunidades como sistemas transformadores de energia. Ele sugeriu
que cada sistema pode ser descrito a princípio por um conjunto de
equações que representam trocas de matéria e energia entre seus
componentes. Essas trocas incluem a assimilação de dióxido de carbono
em compostos orgânicos pelas plantas, o consumo de plantas pelos
herbívoros e o consumo dos animais pelos carnívoros. Ele acreditava que o
tamanho de um sistema e as taxas de transformações de energia e matéria
dentro dele obedeciam a certos princípios termodinâmicos que governam
todas as transformações de energia. Assim como máquinas pesadas e
máquinas rápidas exigem mais combustível para operar do que as mais
leves e mais lentas, e máquinas ineficientes exigem mais combustível do
que as eficientes, as transformações de energia dos ecossistemas crescem
na proporção direta do seu tamanho, da sua produtividade e da sua
ineficiência.
Nos sistemas ecológicos, ocorrem entradas e saídas (fluxos) de energia
– representada pela luz solar, com fluxo unidirecional, ou seja, não é
reciclada – e de matérias. A matéria nada mais é do que a biomassa
presente em todos os níveis tróficos, que é continuamente reciclada. Esses
fluxos fazem com que ocorram processos de produção no ambiente, a
produtividade. Essa produtividade é classificada em Produtividade Primária
Bruta (PPB), Produtividade Primária Líquida (PPL) e Produtividade
Secundária Líquida (PSL).
A produtividade primária bruta corresponde ao quanto de matéria
orgânica é sintetizada pelos seres produtores em determinada região em

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O conceito de ecossistema como um sistema transformador de energia foi trazido à atenção de muitos
ecólogos em 1942 por Raymond Lindeman, o qual abordou uma relação dos conceitos de Ecologia adotados
na época (conceitos de Tansley e Elton), incluindo-se nutrientes inorgânicos na base como as mais úteis
expressões da estrutura do ecossistema.
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certo período. Quanto maior a taxa de fotossíntese, maior será a
produtividade primária bruta. A luz, o gás carbônico, a água, a temperatura
e os sais minerais são alguns fatores que interferem na fotossíntese. Parte
da energia luminosa armazenada na matéria orgânica das plantas é
consumida na respiração celular aeróbica. A energia contida na biomassa
dos organismos autotróficos, medida durante um determinado intervalo de
tempo, corresponde à produtividade primária líquida. Essa energia será
disponibilizada aos heterótrofos para o nível trófico seguinte. Assim,
teremos a Equação 01, onde R corresponde à respiração celular:

A produtividade secundária líquida refere-se ao total de biomassa


armazenada no corpo de um herbívoro em determinado intervalo de tempo,
correspondendo à energia que ele conseguiu absorver dos alimentos que
ingeriu – já contabilizadas as taxas de gasto de energia de seu
metabolismo.

1.2. DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA DOS ORGANISMOS VIVOS


A biodiversidade pode ser definida como a variabilidade entre os
organismos vivos de todas as fontes, incluindo, entre outros, ecossistemas
terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos
ecológicos dos quais fazem parte. Inclui a diversidade dentro das espécies,
entre as espécies e entre os ecossistemas. No mundo, existem
aproximadamente 750.000 espécies de insetos, 41.000 de vertebrados e
250.000 de plantas (vasculares e briófitas) descritas. Em sua maioria, os
pesquisadores são unânimes em dizer que este quadro é muito incompleto,
com exceção de alguns grupos bem estudados, como os dos vertebrados e
plantas com flores (fanerógamas) de regiões temperadas.
O Brasil possui o maior número de espécies conhecidas de mamíferos,
peixes dulcícolas e plantas superiores, sendo também o segundo maior em
riqueza de anfíbios, terceiro em aves e quinto em répteis. Quanto à sua
diversidade de espécies endêmicas (que existem exclusivamente no
território brasileiro), em todos os grupos citados, o país está entre os cinco

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primeiros e, no conjunto desses grupos, o Brasil ocupa mundialmente a
segunda posição Essas estimativas não incluem, no entanto, os
invertebrados, que representam a grande massa das espécies biológicas
vivas, e sobre as quais ainda é muito difícil apresentar uma avaliação. Para
muitos grupos de invertebrados e, mais ainda, para os microrganismos, a
informação é demasiadamente incompleta. O Quadro 01 apresenta um
comparativo entre o número de espécies descritas no Brasil e no mundo.

Quadro 01 – Número de espécies descritas no Brasil e no mundo.


(Fonte: ANDREOLI, 2014)
REINO/FILO OU SUBDIVISÃO BRASIL MUNDO
VÍRUS 310 – 410 3.600
MONERA (Bactérias e algas
800 – 900 4.300
verde-azuladas)
FUNGOS 13.090 – 14.510 70.600 – 72.000
PROTISTAS 7.650 – 10.320 76.100 – 81.300
Protozoários 3.600 – 4.140 36.000
Algas 4.180 – 5.770 37.700 – 42.900
PLANTAS 43.020 – 49.520 263.800 – 279.400
Musgos (Briófitas) 1.800 – 3.100 14.000 – 16.600
Samambaias (Pteridófitas) 1.200 – 1.400 9.000 – 12.000
Coníferas – pinheiros
15 806
(Gimnospermas)
Plantas de flor com ovário
40.000 – 45.000 240.000 – 250.000
(Angiospermas)
ANIMAIS 103.780 – 136.990 1.279.00 – 13.359.400
Invertebrados 96.600 – 129.840 1.218.500 – 1.298.600
Esponjas (Poríferos) 300 – 400 6.000 – 7.000
Corais e águas-vivas
470 7.000 – 11.000
(Cnidários)
Vermes achatados
1.040 – 2.300 12.200
(Platelmintos)
Vermes redondos
1.280 – 2.880 15.000 – 25.000
(Nematódeos)
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Minhocas e poliquetas
1.000 – 1.100 12.000 – 15.000
(Anelídeos)
Moluscos 2.400 – 3.000 70.000 – 100.000
Estrelas-do-mar, ouriços
329 6.000 – 7.000
(Equinodermas)
Artrópodes 88.790 – 118.290 1.077.200 – 1.097.400
Insetos 80.750 – 109.250 950.000
Centopéias e gongolos
400 – 500 11.000 – 15.100
(Miriápodes)
Aranhas e ácaros (Aracnídeos) 5.600 – 6.500 80.000 – 93.000
Crustáceos 2.040 36.200 – 39.300
Cordados (Vertebrados e
7.120 – 7.150 60.800
outros)
Tubarões e raias (Condrictes) 155 960
Peixes (Com osso – osteícte) 3.261 27.400
Anfíbios 687 5.504
Répteis 633 8.163
Aves 1.696 9.900
Mamíferos 541 5.023
TOTAL 168.640 – 212.650 1.697.600 – 1.798.500

Várias informações básicas são usadas para descrever toda e qualquer


população. Os parâmetros (atributos) mais comuns são: o tamanho da
população (N) (que representa o número de indivíduos), sua densidade
(absoluta e relativa), frequência, cobertura e biomassa. O uso ou análise
desses parâmetros permite a determinação de outras informações, como
distribuição espacial das populações e estrutura etária e de tamanho, caso
informações biológicas sejam registradas juntamente com a presença dos
indivíduos durante a realização do inventário.
A análise e ou caracterização de uma comunidade (conjunto de
populações) requer as seguintes informações básicas, definidas como
atributos:
i. O número de espécies, definido como Riqueza de Espécies (S);

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ii. Composição de espécies, representada pela lista das espécies
encontradas na comunidade;
iii. Os parâmetros relativos ao tamanho: tanto da comunidade (N –
número total de indivíduos) e de cada espécie em relação ao total
(abundância relativa – ni/N);
iv. Equabilidade, que representa a uniformidade entre as abundâncias
relativas de cada espécie;
v. Diversidade, que é um componente que integra a riqueza e a
distribuição das abundâncias relativas de cada espécie
(equabilidade).

A principal estratégia para a conservação da biodiversidade, em todos


os biomas, é o estabelecimento de unidades de conservação (UCs), visto
que estas protegem não apenas a diversidade de espécies e seus genes,
mas também os ecossistemas e seus serviços ambientais.

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CAPÍTULO 02 – UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E VALORAÇÃO AMBIENTAL
2. INTRODUÇÃO
As UCs são definidas pela Lei no 9.985/2000, que instituiu o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), como
espaços territoriais e seus recursos ambientais com características naturais
relevantes, legalmente instituídos pelo poder público, com objetivo de
conservação e de limites definidos, sob regime especial de administração,
ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
Segundo a Lei nº 9.985/2000 (SNUC), as unidades de conservação
dividem-se em dois grupos com particularidades distintas, são eles:
unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável nos termos do
artigo 7º. As unidades de proteção integral têm por objetivo básico a
conservação e preservação da natureza, restringindo, desse modo, o uso
de seus recursos de forma indireta, ou seja, uso que não envolve o
consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais existentes, com
exceção apenas para casos previstos no §2°, art. 7° da referida Lei
(BRASIL, 2000).
Em equivalência, as unidades de uso sustentável possuem por
finalidade harmonizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parte dos recursos naturais existentes, conforme previsão do §2°, art. 7° da
referida Lei.
As UCs de uso sustentável categorizam-se por:
 Área de Proteção Ambiental: área em geral extensa, com certo
grau de ocupação humana, dotada de atributos naturais,
estéticos e culturais importantes para a qualidade de vida e o
bem-estar das populações.
 Área de Relevante Interesse Ecológico: área de pequena
extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana e com
características naturais singulares, cujo objetivo é manter
ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular
o uso admissível dessas áreas. Permite a existência de
propriedades privadas em seu interior.

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 Floresta: área com cobertura florestal onde predominam
espécies nativas, cujo principal objetivo é o uso sustentável e
diversificado dos recursos florestais e a pesquisa científica.
 Reserva Extrativista: área natural com o objetivo principal de
proteger os meios, a vida e a cultura de populações tradicionais,
cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, ao mesmo tempo,
assegurar o uso sustentável dos recursos naturais existentes.
 Reserva de Fauna: área com populações animais de espécies
nativas, terrestres ou aquáticas, onde são incentivados estudos
técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável dos
recursos faunísticos.
 Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural onde
vivem populações tradicionais que se baseiam em sistemas
sustentáveis de exploração dos recursos naturais.
 Reserva Particular do Patrimônio Natural: área privada criada
para proteger a biodiversidade a partir de iniciativa do
proprietário.

Já as UCs de proteção integral podem ser categorizadas como:


 Estação Ecológica: área destinada à preservação da natureza e
à realização de pesquisas científicas.
 Reserva Biológica: área destinada à preservação da
diversidade biológica, onde podem ser efetuadas medidas de
recuperação de ecossistemas alterados e de preservação e
recuperação do equilíbrio natural, da diversidade biológica e dos
processos ecológicos naturais.
 Parque: área destinada à proteção dos ecossistemas naturais de
grande relevância ecológica e beleza cênica, onde podem ser
realizadas atividades de recreação, educação e interpretação
ambiental, e serem desenvolvidas pesquisas científicas.
 Monumento Natural: área que tem como objetivo básico a
preservação de lugares singulares, raros e de grande beleza
cênica. Permite a existência de propriedades privadas em seu
interior.
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 Refúgio de Vida Silvestre: ambiente natural onde se asseguram
condições para a existência ou reprodução de espécies ou
comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.
Permite a existência de propriedades privadas em seu interior.

No Brasil, existe o Sistema Nacional de Unidades de Conservação


(SNCN), constituído de Unidades Federais de Conservação, de uso direto
e indireto (Quadro 02), totalizando menos de 4% do território nacional,
classificando o país em 9º lugar dentre os treze países da América Latina.

Quadro 02 - Unidades Federais de Conservação, de uso direto e


indireto (Fonte: ARAUJO, 1997)
Unidades de Conservação Quantidade Extensão (km2)
Parques Nacionais 35 97.421
Reservas Biológicas 23 30.444
Estações Ecológicas 41 126.040
Reservas Ecológicas 05 6.530
Áreas de relevante interesse ecológico 10 230
Florestas Nacionais 21 21.590
Reservas Extrativistas 09 22.007
Áreas de Proteção Ambiental 21 17.147
Total 165 321.409

Com o avanço tecnológico e o crescimento populacional, os seres


humanos cada vez mais têm descuidado da questão ambiental, e com isso
o desmatamento, as lavouras e as represas estão contribuindo com o
declínio das espécies, que por sua vez perderam os seus habitats por
destruição definitiva ou por mudanças em suas propriedades físicas.
Existem múltiplas indicações de contínuo declínio da biodiversidade em
todos os três dos seus principais componentes (genes, espécies e
ecossistemas), incluindo:
 Espécies que foram avaliadas como em risco de extinção estão, em
média, aproximando-se da extinção. Anfíbios enfrentam o maior
risco e espécies de corais estão se deteriorando mais rapidamente
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no seu estado de conservação. Quase um quarto das espécies de
plantas são consideradas ameaçadas de extinção.
 A abundância de espécies de vertebrados, com base nas
populações avaliadas, caiu quase um terço, em média, entre 1970 e
2006, e continua em queda no mundo todo, com declínios
especialmente graves nas regiões tropicais e entre as espécies de
água doce.
 Habitats naturais em muitas partes do mundo continuam a diminuir
em extensão e integridade, embora tenha havido um progresso
significativo em retardar a taxa de perda de florestas tropicais e
manguezais em algumas regiões. Zonas úmidas de água doce,
habitats de gelo marinho, pântanos salgados, recifes de coral,
bancos de algas marinhas e bancos recifais de moluscos estão
todos apresentando graves declínios.
 A extensa fragmentação e degradação de florestas, rios e outros
ecossistemas também levaram à perda da biodiversidade e de
serviços ecossistêmicos.
 A diversidade genética da agricultura e da pecuária continua a
decrescer em sistemas manejados.
 As cinco principais pressões que conduzem diretamente à perda de
biodiversidade (mudança de habitat, sobre-exploração, poluição,
espécies exóticas invasoras e as mudanças climáticas) mantêm-se
constantes ou estão se intensificando.

Existem várias teorias que pretendem determinar os fatores que afetam


a diversidade, podendo ser divididas em dois grandes grupos. Por um lado,
as teorias de equilíbrio consideram que os ecossistemas tendem a alcançar
um nível máximo de diversidade na ausência de perturbações devido ao
equilíbrio competitivo entre as espécies. Por outro lado, as teorias do
desequilíbrio ou equilíbrio dinâmico propõem que é a exclusão competitiva
e as estratégias para evitá-la que são os maiores responsáveis pela
diversidade num ecossistema. A máxima diversidade é obtida evitando-se
a exclusão competitiva mediante três processos básicos:

19
 Redução das populações de espécies dominantes (devido a
perturbações);
 Crescimento lento das espécies e, portanto, um processo lento
até chegar ao equilíbrio competitivo (ecossistemas pouco
produtivos);
 Mudanças das condições nas quais se produz a exclusão
competitiva (por exemplo, secas recorrentes).

Assim, o modelo propõe que a diversidade é o resultado da relação


entre a produtividade do ecossistema e a intensidade e frequência das
perturbações (por exemplo, pastoreio).

2.1. CAPITAL NATURAL E SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS


O capital natural constitui-se de nosso ambiente natural, ou seja, é o
estoque de recursos naturais ou ativos ambientais existentes (por exemplo,
florestas e terras agriculturáveis), que produzem um fluxo de bens e
serviços úteis à sociedade. Portanto, fornece toda espécie de funções
ambientais (bens e serviços) que a sociedade humana pode converter em
produtos úteis, os quais mantêm ou elevam seu bem-estar no presente e
no futuro.
O Brasil está entre as dez maiores economias do mundo e é o segundo
maior fornecedor mundial de alimentos e produtos agrícolas. O país é
apontado como o fornecedor com maior potencial de suprir grande parte da
demanda mundial por alimentos, que deve crescer 70% até 2050.
Entretanto, a agricultura e a pecuária são atividades que exercem intensa
pressão sobre o capital natural. Globalmente, a agricultura responde por
70% do consumo total de água e 30% do consumo total de energia.
Segundo projeções mundiais para as próximas décadas, haverá aumento
de 10% da extração de água para irrigação até 2050 e de 50% do consumo
global de energia até 2035.
No Brasil, o desmatamento é um importante fator de degradação do
capital natural. O IBGE (2016) aponta aceleração nas mudanças na
cobertura e uso da terra, já que entre 2012 e 2014 cerca de 4,6% do
território brasileiro sofreu algum tipo de alteração em sua cobertura, taxa
20
pouco maior que os 3,5% observados no período de 2010 a 2012. Dentre
as alterações na cobertura e uso da terra, destacam-se a expansão da
agricultura, das pastagens com manejo, da silvicultura e das áreas
artificiais, além de desmatamento não só em áreas de cobertura florestal,
mas principalmente dos pastos naturais, áreas com vegetação natural não
arbórea, predominantes nos biomas Cerrado, Caatinga e Pampa. As
florestas sofreram redução de 0,8% no período 2012-2014, o que, quando
comparado com a taxa de 1,8% entre 2010 e 2012, indica uma
desaceleração nesse processo. Já a redução das pastagens naturais se
intensificou, passando de 7,8% (2010-2012) para 9,4% (2012-2014). Nota-
se assim uma tendência de expansão das áreas agrícolas e de pecuária
preferencialmente sobre as áreas de pastagens naturais. Ainda de 2012 a
2014, as áreas de silvicultura apresentaram a maior taxa crescimento:
23,8%, contra apenas 4,6% no período anterior (2010 a 2012). As áreas de
silvicultura cresceram especialmente sobre os terrenos de pastagens,
naturais ou com manejo.
Por exemplo, em relação aos impactos na Floresta Amazônica, pode-
se dizer que o desmatamento causa a perda de oportunidades para o uso
sustentável da floresta, entre elas a produção de mercadorias tradicionais
tanto por manejo florestal para madeira como por extração de produtos não
madeireiros. O desmatamento também sacrifica a oportunidade de capturar
o valor dos serviços ambientais da floresta. A natureza não sustentável de
praticamente todos os usos de terra implantados, numa escala significante
em áreas desmatadas, faz com que se perca a oportunidade de manter
significativamente a floresta de pé a longo prazo.
O entendimento da dinâmica dos ecossistemas requer um esforço de
mapeamento das chamadas funções ecossistêmicas, as quais podem ser
definidas como as constantes interações existentes entre os elementos
naturais de um ecossistema (incluindo transferência de energia, ciclagem
de nutrientes, regulação de gases, regulação climática e do ciclo da água)
com a capacidade dos processos naturais e componentes para fornecer
bens e serviços que satisfaçam às necessidades humanas (direta ou
indiretamente).

21
O conceito de funções ecossistêmicas é relevante no sentido de que
por meio delas se dá a geração dos chamados serviços ecossistêmicos,
que são os benefícios diretos e indiretos obtidos pelo homem a partir dos
ecossistemas. Dentre eles pode-se citar a provisão de alimentos, a
regulação climática, a formação do solo etc. São, em última instância,
fluxos de materiais, energia e informações derivados dos ecossistemas
naturais e cultivados que, combinados com os demais, como o capital
(humano, manufaturado e social), produzem o bem-estar humano. Tal
como no caso dos ecossistemas, o conceito de serviços ecossistêmicos é
relativamente recente, sendo utilizado pela primeira vez no final da década
de 1960.
Os processos (funções) e serviços ecossistêmicos nem sempre
apresentam uma relação biunívoca, sendo que um único serviço
ecossistêmico pode ser o produto de duas ou mais funções, ou uma única
função pode gerar mais que um serviço ecossistêmico. A natureza
interdependente das funções ecossistêmicas faz com que a análise de
seus serviços requeira a compreensão das interconexões existentes entre
os seus componentes, resguardando a capacidade dinâmica dos
ecossistemas em gerar seus serviços. Além disso, o fato de que a
ocorrência das funções e serviços ecossistêmicos pode se dar em várias
escalas espaciais e temporais torna suas análises uma tarefa ainda mais
complexa.
No Brasil, as principais iniciativas que abordam o tema serviços
ecossistêmicos começaram nos anos de 1990 por meio da criação do
ICMS Ecológico. Vários estados brasileiros criaram regulamentações para
que fossem compensados pela “falta de produtividade e consequentemente
de arrecadação” das áreas protegidas localizadas em seus territórios.
Aproximadamente 5% do total do ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) arrecadado pelos estados pode ser destinado para
as áreas protegidas.
Portanto, tanto o capital natural quanto os serviços ecossistêmicos são
fundamentalmente importantes para a resiliência de setores importantes
para as economias, tais como agricultura, energia, pesca, silvicultura e
extrativismo. Assim sendo, para garantir o desenvolvimento sustentável, é

22
necessário avaliar adequadamente o capital natural. Para não prejudicar as
gerações futuras, é preciso saber qual parte do estoque de capital natural
que já foi perdida como resultado da degradação ambiental, quanto está
disponível hoje e quanto é ameaçado pela destruição irreversível no futuro.
Em relação aos serviços ecossistêmicos, é evidente que empresas que
antecipadamente empreendem esforços para avaliar e incorporar a
biodiversidade e os serviços ecossistêmicos em suas operações tornam-se
referência para aquelas que estão ainda explorando caminhos para se
engajar nessas discussões. Esse conhecimento será cada vez mais
valioso, dado que, reconhecidamente, os recursos naturais são bens
muitas vezes escassos e estratégicos, tanto para o setor produtivo quanto
para a sociedade como um todo.

2.2. ECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


O estudo da percepção ambiental permite melhorar a compreensão da
dinâmica entre o homem e o ambiente, considerando suas expectativas,
satisfações, insatisfações e condutas. Utilizando os recursos naturais como
se fossem inesgotáveis, o ser humano tem comprometido ecossistemas e
gerado preocupações acerca da insustentável relação homem-natureza, o
que, por sua vez, tem ocasionado alterações de estruturas e processos
biológicos desses ecossistemas. Nessa perspectiva, uma das formas de
análise da relação entre ser humano e ambiente é a percepção ambiental.
O “Relatório da Avaliação Ecossistêmica do Milênio”, divulgado pela
ONU em 2005, apresenta cenários preocupantes: “as atividades antrópicas
estão mudando fundamentalmente, e, em muitos casos, de forma
irreversível, a diversidade da vida no planeta terra. As projeções e cenários
indicam que estas taxas vão continuar ou se acelerar no futuro. É
improvável que os níveis atuais da biodiversidade possam ser mantidos
globalmente apenas com base em considerações utilitárias”. Importa,
entretanto, reconhecer que o conceito “desenvolvimento sustentável” pode
ser útil para qualificar um tipo de desenvolvimento em regiões delimitadas e
em ecossistemas definidos. Ou seja, é possível existir a preservação do
capital natural, vigorar um uso racional dos recursos e manter a capacidade
de regeneração de todo o ecossistema.

23
O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da
Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas como uma
resposta para a humanidade perante a crise social e ambiental pela qual o
mundo passava a partir da segunda metade do século XX. Na Comissão
Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), também
conhecida como Comissão de Brundtland (1987), presidida pela
norueguesa Gro Haalen Brundtland no processo preparatório a
Conferência das Nações Unidas, também chamada de “Rio 92”, foi
desenvolvido um relatório que ficou conhecido como “Nosso Futuro
Comum”. Tal relatório contém informações colhidas pela comissão ao
longo de três anos de pesquisa e análise, destacando-se as questões
sociais, principalmente no que se refere ao uso da terra, sua ocupação,
suprimento de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários,
além de administração do crescimento urbano. Neste relatório está exposta
uma das definições mais difundidas do conceito: “o desenvolvimento
sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem
comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas
próprias necessidades”.
A Rio 92 legou ao mundo uma série de documentos hoje considerados
fundamentais para a promoção do desenvolvimento sustentável: a
Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, uma declaração de
princípios sobre florestas, a Carta da Terra, a Agenda 21 e três
Convenções Internacionais – diversidade biológica, mudança do clima e,
posteriormente, combate à desertificação. Mesmo assim, seus resultados
foram, à época, considerados tímidos. Posteriormente, houve os eventos
relacionados à Rio+10 (2002) e Rio +20 (2012), os quais circundaram os
assuntos a respeito da economia verde no contexto do desenvolvimento
sustentável e da erradicação da pobreza e da estrutura institucional para a
promoção do desenvolvimento sustentável.
Compreender o desenvolvimento sustentável exige que se considere,
em igual grau de importância, a sua diversidade produtiva, a preservação
ambiental e cultural, as tecnologias apropriadas, enfim, todos os elementos
pertinentes ao bem-estar do ambiente e da humanidade.

24
QUESTÕES

1. (CESGRANRIO – 2014) Desenvolvimento sustentável é uma necessidade


real das empresas. Existem várias nuances nas definições formais de
desenvolvimento sustentável, dentre as quais destaca-se o conceito
original apresentado no relatório Brundtland, que define desenvolvimento
sustentável como aquele
a. Que satisfaz as necessidades globais sem sacrificar a habilidade do
indivíduo de satisfazer as suas necessidades.
b. Que satisfaz as necessidades das sociedades atuais sem sacrificar
a habilidade das sociedades futuras de satisfazer as suas
necessidades.
c. Que utiliza somente os recursos ambientais renováveis, não
sacrificando a habilidade do futuro de satisfazer as suas
necessidades.
d. Que ocorre sem o uso de recursos naturais, de forma a preservá-los
para as gerações futuras.
e. Onde as atividades da geração presente ocorrem de tal forma que o
meio ambiente é preservado intocado para as gerações futuras.

2. (FCC – 2016) Satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a


capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades é o
cerne do conceito de desenvolvimento sustentável.
Esse conceito foi proposto e publicado em
a. 1997, no Protocolo de Kyoto.
b. 1972, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Humano.
c. 1992, na Rio-92.
d. 2012, na Rio + 20.
e. 1987, pelo Relatório Brundtland.

25
3. (INSTITUTO AOCP – 2015) O desenvolvimento sustentável inserido no
ambiente organizacional provoca tentativas de
a. Concorrer ainda mais no mercado com produtos não perecíveis.
b. Viabilizar o desenvolvimento ecológico sustentável, e dentre eles
destacam-se as práticas de ecoeficiência.
c. Levar a produção ao nível máximo de eficiência de qualquer
maneira.
d. Aumentar a qualidade do produto sem relacionar-se com o meio
ambiente e com a responsabilidade social.
e. Diminuir a produção, para assim diminuir a poluição.

4. (FCC – 2016) A valoração dos serviços ecossistêmicos pode ter efeitos


favoráveis em termos de gestão sustentável do capital natural formado por
estruturas (recursos bióticos e abióticos) que contribuem para o bem-estar
humano. Sobre este assunto,
a. Os métodos de valoração de serviços ecossistêmicos sempre
devem ser aplicados em um espectro de bens ambientais muito
restritos.
b. O interesse pela redescoberta do processo de valoração dos
serviços ecossistêmicos tem diminuído consideravelmente.
c. Se os serviços ecossistêmicos contribuem para o objetivo maior de
manutenção das condições de vida, seus valores são fixos no
tempo.
d. A valoração dos ativos ambientais não tem substitutos e a
sinalização de “preços” para seus serviços não altera a percepção
dos agentes econômicos.
e. A valoração dos serviços ecossistêmicos é uma ferramenta
importante para o direcionamento de políticas que visam sua
preservação.

5. (FGV – 2016) Na biosfera, por meio dos ciclos biogeoquímicos, a água, o


nitrogênio, o carbono e outros elementos químicos são constantemente
transformados durante a composição e a decomposição da matéria

26
orgânica, seguindo caminhos pelos meios bióticos e abióticos. Esses ciclos
conferem à biosfera um poder de autorregulação.
Esta propriedade de autorregulação é conhecida por
a. Homeostase.
b. Biocenose.
c. Biótipo.
d. Ecótopo.
e. Anisotropia.

GABARITO
1. B
2. E
3. B
4. E
5. A

27
UNIDADE 02

BIOMAS E ECOSSISTEMAS

Caro(a) Aluno(a),
Seja bem-vindo(a)!
Nesta primeira unidade verificaremos os biomas e
ecossistemas terrestres e aquáticos.

Conteúdos da Unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 03 e 04). No capítulo 03
verificaremos o conceito de biomas, seus processos de formação e suas
classificações a nível terrestre. No capítulo 04 verificaremos os principais
ecossistemas aquáticos, seus relevos, os fatores que influenciam na formação do
bioma (como profundidade, temperatura e luminosidade)
Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos,
à medida que for estudando.

28
3. CAPÍTULO 03 – BIOMAS
Ao longo da evolução das plantas vasculares, foram selecionadas diversas
“formas de crescimento” (árvores, arbustos, lianas, ervas, epífitas, suculentas
etc.), também consideradas pelos autores modernos como “formas de vida”. Ao
colonizarem as superfícies emergentes dos oceanos, as plantas formaram
diferentes tipos de vegetação. Dependendo do predomínio ou da proporção das
diferentes formas de vida que as compunham, bem como de sua densidade,
caducidade foliar, entre outras características, essas vegetações apresentaram
diferentes estruturas e fitofisionomias (florestas densas, arvoredos ou
“woodlands”, carrascos, savanas, campos, estepes, desertos etc.), refletindo,
assim, os principais fatores físicos determinantes, como clima, solo, fogo etc. O
termo formação surgiu para indicar uma unidade fisionômica de vegetação, como
são as formações de floresta pluvial tropical, de floresta tropical caducifólia, de
savana tropical, de campo, de deserto etc.
O termo bioma (bio = vida + oma = grupo ou massa) surgiu bem mais tarde do
que o termo formação. Enquanto esta referia-se apenas à vegetação, aquele
abrangia também a fauna e demais organismos a ela associados. Originalmente,
um bioma caracterizava-se apenas pela fitofisionomia da vegetação, isto é, pelo
tipo de formação, pela fauna e outros organismos associados e pelo clima
reinante. Com o passar do tempo, outros autores propuseram conceitos um pouco
mais abrangentes para o termo bioma, incluindo também as características do
solo e outras características abióticas.
Os biomas são sistemas em que o solo, o clima, o relevo, a fauna e demais
elementos da natureza interagem entre si, formando tipos semelhantes de
cobertura vegetal. Em escala planetária, são unidades que evidenciam grande
homogeneidade na natureza de seus elementos. Há florestas tropicais na
América, África, Ásia e Oceania que, embora semelhantes, possuem
comunidades ecológicas com exemplares distintos. Essas particularidades fazem
com que algumas vegetações, embora parecidas entre si, mostrem-se distintas,
sendo que cada uma delas possui importância no contexto local de influências
nas características naturais, bem como influenciam na vivência de moradores
locais, que, interagindo direta ou indiretamente, podem causar degradação ao
meio onde vivem. A Figura 03 mostra a distribuição dos biomas pelo mundo.

29
(COLOCAR A FIGURA 03 AQUI)
Figura 03 – Distribuição dos biomas pelo mundo. (Fonte:
<http://www.portalsaofrancisco.com.br>. Acesso em 10 de janeiro de 2018)

A formação do conceito de biomas é um assuntos bem discutido pela


comunidade científica devido à consideração de fatores a serem utilizados em sua
classificação. Frente a isso, segue uma evolução histórica na conceituação de
biomas a nível mundial:
 O ecólogo americano Howard Thomas Odum, em 1971, define o termo
de maneira semelhante a Clements, mas introduzindo o clima como
constituinte dessa grande região. No mesmo ano, o também ecólogo
americano Robert Whittaker restringe a abrangência dos biomas aos
continentes em que se encontram.
 W. B. Clapham Jr, em 1973, condiciona os biomas a fatores abióticos,
em especial ao clima, assim um mesmo bioma pode ser formado em
diversas e diferentes partes do mundo.
 Roger Dajoz, no mesmo ano, e depois Michael J. Crawley, no fim da
década de oitenta, definem de forma parecida o termo bioma como
sendo um agrupamento de fisionomia homogênea e independente da
composição florística, sendo sua existência controlada pelo macroclima.
 Robert Whitaker, em 1975, diz que biomas teriam dimensões
subcontinentais e o bioma-tipo seria a soma de todos os biomas de um
determinado tipo nos diversos continentes. Desta forma, a floresta
tropical amazônica seria um bioma e as florestas tropicais do mundo
constituiriam um bioma-tipo.
 Em 1960, H. Walter e H. Lieth elaboraram um tipo especial de diagrama
ecológico de clima do mundo, classificando-o em nove zonas
climáticas, que mais tarde tornaram-se dez, distribuídas praticamente
como faixas latitudinais da Terra, que vão do equador aos pólos.
 Paul Colinvaux, em 1993, define bioma como ecossistema de grande
área geográfica da qual as plantas são de uma mesma formação e o
clima define seus limites.
 O ecólogo americano Timothy F. H. Allen, em 1998, defendeu que
biomas são identificados pela forma de vida dominante.
30
Baseando-se em diversos trabalhos de Walter & Lieth e Gaussen (1954;
1955), elaboraram um tipo especial de diagrama ecológico de clima e publicaram
um Atlas Mundial de Diagramas Climáticos, classificando os climas do mundo em
nove Zonas Climáticas, distribuídas praticamente como faixas ou zonas
latitudinais da Terra. Como o macroclima é de fundamental importância para a
vegetação, cada uma dessas faixas representa uma grande unidade ecológica da
geobiosfera, denominada Zonobioma. Os Zonobiomas têm grandes dimensões,
distribuindo-se pelo globo terrestre através dos continentes. Já os domínios
morfoclimáticos e fitogeográficos têm dimensões subcontinentais, de milhões até
centenas de milhares de quilômetros quadrados. Os biomas podem restringir-se
a pequenas áreas ou chegar até mais de 1 milhão de quilômetros quadrados. Um
mesmo tipo de bioma é representado por uma ou mais áreas, distintas
geograficamente, constituindo, cada qual, uma unidade daquele tipo de bioma.
Um dos esquemas mais amplamente adotado para definição dos Biomas é o
sistema de zona climática desenvolvido pelo ecólogo alemão Heinrich Walter e
publicado em 1965. Este sistema, que tem nove grandes divisões (Quadro 03),
está baseado no curso anual de temperatura e precipitações.

31
Quadro 03 – Zonas climáticas mundiais pelo conceito de H. Walter em 1965 com os nomes dos biomas classificados por
Whittaker em 1975 para comparação. (Fonte: UFAM, 2011)
Zona Climática (Walter, 1965) Vegetação Nome do bioma (Whittaker, 1975)
Sempre úmido e ausência de
I Equatorial Floresta pluvial tropical perene Floresta pluvial tropical
sazonalidade na temperatura
Estação chuvosa de verão e Floresta sazonal, arbustos ou
II Tropical Floresta tropical sazonal / savana
estação seca de inverno savanas
Desertos quentes – altamente Vegetação desértica com grande
III Subtropical Deserto subtropical
sazonal, clima árido superfície exposta
Xerófila (plantas adaptadas à
Estação chuvosa de inverno e
IV Mediterrâneo secas), arbustos sensíveis ao Bosque / arbusto
verão seco
congelamento e bosques
Ocasionalmente gelado, Floresta temperada perene, um
Temperado
V frequentemente com máxima de tanto quanto sensível ao Floresta pluvial temperada
quente
precipitação no verão congelamento
Clima moderado com Resistente ao gelo, desídua,
VI Nemoral Floresta sazonal temperada
congelamento no inverno floresta temperada
Continental
Árido, com verões mornos ou
VII (desertos Campos e desertos temperados Campo / deserto temperado
quentes e invernos frios
frios)

32
Flores de folhas aciculadas,
Temperado frio com verões frios e
VIII Boreal perenes, duras e resistentes ao Floresta boreal
invernos longos
gelo (taiga)
Vegetação perene baixa, sem
Verões muito curtos e frios,
IX Polar árvores, crescendo sobre solos Tundra
invernos longos e muito frios
permanentemente congelados

33
Considerando as classificações atuais do tema, dentre os principais biomas
terrestres encontram-se:
 Tundra
 Taiga
 Floresta Temperada
 Floresta Equatorial
 Floresta Tropical
 Savanas
 Campos
 Desertos

3.1. TUNDRAS
A palavra “tundra” deriva do finlandês e significa terra estéril, sem
árvores. É o bioma mais simples em termos de composição de espécies e
cadeias alimentares. Sua vegetação é caracterizada pela proveniência de
materiais orgânicos que aparecem no curto período de gelo durante a
estação “quente” das regiões de clima frio, apresentando assim apenas
espécies que se reproduzem rapidamente e que suportam baixas
temperaturas. Existem dois tipos de tundra: a tundra ártica, ao redor do
Pólo Norte e a tundra alpina, no topo das altas montanhas. A Figura
04 apresenta a localização das tundras no planeta.

(COLOCAR UMA FIGURA DE MAPA DA TUNDRA (UMA MAPA DO


PLANETA EM QUE O ALUNO POSSA LOCALIZAR AS REGIÕES DE
TUNDRA. PODE SER COMO AQUELA QUE TEM NO WIKIPEDIA NO
LINK https://pt.wikipedia.org/wiki/Tundra
JUNTAMENTE COM O MAPA COLOCAR UMA FOTO
CARACTERÍSTICA PARA QUE O ALUNO POSSA VISUALIZAR A
TUNDRA))

Figura 04 – Tundra

A tundra constitui um dos três principais biomas naturais que


seqüestram carbono, reduzindo o efeito estufa. Durante o curto verão, as
34
plantas retiram dióxido de carbono da atmosfera. Normalmente esse
dióxido de carbono é devolvido pela respiração e pela decomposição. Mas,
devido ao curto e frio verão e às temperaturas congelantes do inverno, as
plantas não se decompõem, permanecendo resíduos no permafrost3 por
milhares de anos. Entretanto, o aquecimento global atual vem degelando o
permafrost e permitindo a decomposição do material acumulado,
devolvendo o dióxido de carbono para a atmosfera.
A tundra não é um deserto frio e inútil. É um bioma extremamente frágil
e as plantas e os animais que nela vivem possuem excepcionais
adaptações para os invernos frios e longos e para verões curtos e
abundantes. Vivem em uma borda precária e pequenas perturbações
podem levá-los à extinção. Existe ainda muito a aprender sobre a tundra. O
permafrost tem a capacidade de preservar plantas e animais no gelo por
grandes períodos de tempo. Os cientistas podem usar o permafrost como
um registro do clima do passado, como um instrumento para a comparação
com o clima atual, notadamente em relação ao aquecimento global.
A tundra alpina situa-se no topo das altas montanhas e apresenta um
clima diferente (em relação ao comprimento do dia e as estações) que a
tundra ártica. Embora ainda muito frio e com fortes ventos, o solo
apresenta boa drenagem (não há permafrost). As oscilações térmicas
respeitam mais a alternância dia/noite do que verão/inverno. Apresentam
uma vegetação baixa, próxima ao solo, e adaptada ao clima frio.
Predominam ervas, arbustos e musgos.

3.2. TAIGAS
A taiga é um tipo de floresta tipicamente do hemisfério norte do
planeta, em regiões onde a temperatura chega a -54ºC e raramente passa
dos 21ºC. Também conhecida como Floresta de Coníferas, ou Floresta
Boreal, a Taiga perfaz uma faixa que abrange a Ásia, América do Norte e
Europa (é um bioma comumente encontrado no norte do Alasca, Canadá,

3
O permafrost ou pergelissolo (em português) é o tipo de solo encontrado na região do Ártico. É
constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados (do inglês perma = permanente, e frost =
congelado, ou seja: solo permanentemente congelado). Esta camada é recoberta por uma camada de gelo e
neve que, se no inverno chega a atingir 300 metros de profundidade em alguns locais, ao derreter -se no
verão, reduz-se para de 0,5 a 2 metros, tornando a superfície do solo pantanosa, uma vez que as águas não
são absorvidas pelo solo congelado.
35
sul da Groelândia, parte da Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria e Japão)
e está limitada ao norte com a Tundra e ao sul com a Floresta Temperada.
A vegetação da taiga apresenta uma boa adaptação ao clima
extremamente frio dessas regiões.
Espécies como as coníferas e pinheiros possuem as suas folhas com
superfícies pequenas para reduzir o processo de evapotranspiração uma
vez que a água é escassa, pois a que está presente no solo está
congelada. O formato cônico das copas (pinheiros, por exemplo) ajuda a
evitar a acumulação de neve. As folhas são revestidas por uma espécie de
resina que evita que as folhas congelem e facilita o retorno ao processo de
fotossíntese logo que se inicia o verão. Outras árvores típicas dessa região
são os abetos, espruces e larícios.
Nas florestas, os abetos e os pinheiros formam uma densa cobertura,
impedindo o solo de receber luz intensa. A vegetação rasteira é pouco
representada. O período de crescimento dura, em média, três meses, e as
chuvas são pouco frequentes. Apesar da precipitação, o solo apresenta-se
gelado durante os meses de inverno e as raízes das plantas não
encontram água em disponibilidade ideal às suas necessidades
fisiológicas. A Figura 05 apresenta a localização das taigas no planeta.

(COLOCAR UMA FIGURA DE MAPA DA TAIGA (UMA MAPA DO


PLANETA EM QUE O ALUNO POSSA LOCALIZAR AS REGIÕES DE
TAIGA. UM EXEMPLO DE MAPA PODE SER ESSE
http://escolakids.uol.com.br/taiga.htm
JUNTAMENTE COM O MAPA COLOCAR UMA FOTO
CARACTERÍSTICA PARA QUE O ALUNO POSSA VISUALIZAR A
TAIGA, COMO ESTE POR EXEMPLO
https://www.estudokids.com.br/taiga-caracteristicas-onde-encontrar-
e-riscos-de-extincao/ ))

Figura 05 – Taiga

3.3. FLORESTAS TEMPERADAS

36
As florestas temperadas são encontradas em regiões como o centro da
Europa, sul da Austrália, Chile, leste da Ásia, Leste dos Estados Unidos,
entre outros. Seu clima é caracterizado como ameno, sendo que as quatro
estações do ano são bem definidas, com índices de chuva que variam de
75 a 100 cm ao ano. A decomposição das folhas que caem no inverno
promove a riqueza de nutrientes no solo, tornando-o extremamente fértil,
sendo algo de grandes devastações. A vegetação é composta de três
grupos de árvores, que são:
 Decíduas (o qual perdem suas folhas durante o inverno)
 Coníferas (possuem formato de cone)
 Folhas largas (têm como característica a manutenção da folhagem
no inverno. Têm imensa quantidade de gordura, o que ajuda a
manter a água no durante o inverno. Oliveiras e eucalipto estão
entre os principais exemplos)
Em relação à fauna, ela é bastante variada, com significativo aumento
da população de répteis e invertebrados devido à elevação do clima em
relação à tundra e taiga. A Figura 06 apresenta a localização das florestas
temperadas no planeta.

(COLOCAR UMA FIGURA DE MAPA DA FLORESTA TEMPERADA


(UMA MAPA DO PLANETA EM QUE O ALUNO POSSA LOCALIZAR AS
REGIÕES DE FLORESTAS TEMPERADAS. UM EXEMPLO DE MAPA
PODE SER ESSE
http://herbertgaleno.blogspot.com.br/2014/03/floresta-
temperada.html. JUNTAMENTE COM O MAPA, COLOCAR UMA FOTO
CARACTERÍSTICA PARA QUE O ALUNO POSSA VISUALIZAR AS
FLORESTAS TEMPERADAS, COMO ESTE, POR EXEMPLO:
https://www.google.com.br/search?client=firefox-b-
ab&dcr=0&biw=1366&bih=635&tbm=isch&sa=1&ei=fx1XWonMMoSbw
ASw3JyoAg&q=florestas+temperadas+&oq=florestas+temperadas+&g
s_l=psy-
ab.3..0l2j0i30k1l8.95899.95899.0.96097.1.1.0.0.0.0.128.128.0j1.1.0....0...1
c.1.64.psy-ab..0.1.127....0.HKfyBzs-tQM#imgrc=liSzfirsPkAw9M: ))

37
Figura 06 – Florestas temperadas

3.4. FLORESTAS EQUATORIAIS


As Florestas equatoriais se desenvolvem próximo à linha do Equador.
São encontradas na América do Sul, sudeste da Ásia e na África. A
Floresta Amazônica e a Floresta do Congo (na África) são as principais
Florestas Equatoriais. Nessas regiões as temperaturas são elevadas e as
chuvas são abundantes durante o ano inteiro, mantendo a floresta bastante
úmida. A Figura 07 apresenta a localização das florestas equatorial no
planeta.

(COLOCAR UMA FIGURA DE MAPA DA FLORESTA EQUATORIAL


(UMA MAPA DO PLANETA EM QUE O ALUNO POSSA LOCALIZAR AS
REGIÕES DE FLORESTAS EQUATORIAIS.
JUNTAMENTE COM O MAPA COLOCAR UMA FOTO
CARACTERÍSTICA PARA QUE O ALUNO POSSA VISUALIZAR AS
FLORESTAS EQUATORIAIS))

Figura 07 – Florestas equatoriais

Essas características permitem o desenvolvimento de uma vegetação


densa com uma elevada riqueza de espécies vegetais, com árvores que
podem atingir grandes alturas. Esse estrato superior não é compacto,
consistindo em árvores emergentes dispersas que se elevam acima de um
estrato compacto formado por árvores que possuem entre 20 a 30 metros
de altura. O dossel4 fechado impede a penetração de luz, por isso abaixo
dele encontram-se árvores pequenas. Quando alguma clareira se abre,
essas árvores menores podem chegar a ocupar os estratos superiores da
floresta, pois respondem rapidamente ao estímulo luminoso. No sub-

4
O dossel da floresta, ou seja, a cobertura superior da floresta formada pelas copas das árvores, em termos
ecológicos apresenta uma grande influência na regeneração das espécies arbustivo-arbóreas, além de atuar
como barreira física às gotas de chuva, protegendo o solo da erosão. Em florestas secundárias jovens, o
dossel normalmente encontra-se mais aberto, com grandes espaços entre as copas das árvores, permitindo
maior passagem de luz e, assim, inibindo a regeneração de espécies não pioneiras, especialmente as
climácicas. Nas florestas maduras, o dossel é mais fechado, causando maior sombreamento no sub -bosque
e favorecendo a regeneração das espécies tardias, formadoras de bancos de plântulas.
38
bosque encontram-se arbustos e um estrato herbáceo pouco desenvolvido
composto por ervas. As folhas são grandes e largas, permitindo uma maior
absorção de luz solar e consequentemente aumentando as taxas de
fotossíntese. É comum a presença de lianas e epífitas.
No solo acumula-se a serapilheira, uma camada formada por folhas em
mistura com frutos, flores, galhos etc. A serapilheira é um importante
compartimento da floresta, sendo fundamental para a ciclagem de
nutrientes. Devido à forte lixiviação (escoamento dos minerais dissolvidos
pela chuva), os solos são pobres em nutrientes. Porém, há um elevado
número de organismos decompositores que são responsáveis pela rápida
decomposição da matéria orgânica, garantindo uma acelerada ciclagem
dos mesmos. Os nutrientes são absorvidos pelos vegetais antes que
ocorra a lixiviação.
As florestas equatoriais abrigam uma fauna bastante rica. Na
Amazônia, alguns grupos são extremamente diversificados, como as aves,
primatas e borboletas. Botos, onças, capivaras, bichos-preguiça, serpentes
e sapos são alguns dos animais encontrados. Na Floresta do Congo
destacam-se os gorilas e chimpanzés. Na Ásia encontram-se os tigres e
leopardos.

3.5. FLORESTAS TROPICAIS


As Florestas Tropicais – também chamadas de florestas pluviais
tropicais ou florestas úmidas – são biomas que apresentam enorme índice
pluviométrico, evapotranspiração e abrigo da biodiversidade, posto que são
compostos por grande e diversa quantidade de animais e vegetais 5.
Encontram-se localizadas entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. A
Figura 08 apresenta a localização das florestas tropicais no planeta.

5
As florestas tropicais não recobrem volumosas áreas sobre o planeta. No entanto, elas são responsáveis
por dois terços de toda a biodiversidade do mundo. São compostas por grande quantidade de espécies
vegetais e animais, concentrando cerca de 50% da vida do planeta, mesmo ocupando men os de 2% da
superfície da Terra, de forma que todas as medidas de preservação do meio natural do planeta perpassam
pela conservação e controle do desmatamento dessas unidades de vegetação.
39
(COLOCAR UMA FIGURA DE MAPA DA FLORESTA TROPICAL
(UMA MAPA DO PLANETA EM QUE O ALUNO POSSA LOCALIZAR AS
REGIÕES DE FLORESTAS TROPICAIS.
JUNTAMENTE COM O MAPA COLOCAR UMA FOTO
CARACTERÍSTICA PARA QUE O ALUNO POSSA VISUALIZAR AS
FLORESTAS TROPICAIS))

Figura 08 – Floresta tropical

Em razão da elevada umidade e das constantes chuvas, a amplitude


térmica não costuma ser muito elevada nessas localidades, além de haver
uma maior presença de espécies hidrófilas e latifoliadas, com solos, em
muitos casos, saturados ou ricos em recursos hídricos. As principais
espécies de árvores alcançam os 60 metros de altura. Além da altura
média elevada das árvores, a umidade, as chuvas e a luz solar abundante
favorecem o alargamento da copa das árvores, formando um “forro” que
confere a densidade desse bioma. Com isso, as áreas mais baixas da
floresta não recebem luz solar, dificultando o crescimento de novas
espécies circundantes, exceto as epífitas, as árvores que crescem
envolvendo o tronco de outras já existentes. As Florestas Tropicais são
divididas em pelo menos cinco camadas distintas e que variam de floresta
para floresta. São elas:
 Céu: a camada chamada "céu" abrange as coroas de árvores
espaçadas e seus galhos.
 Copa: a camada "copa" é formada por árvores de curto
espaçamento e densidade elevada.
 Sub: na camada "sub", mais espaçada, estão espécies arbóreas
que chegam a 100 metros de altura dispostas de maneira
espaçada.
 Arbustiva: os arbustos são a característica da "camada
arbustiva", com árvores menores, de 5 a 20 metros acima do
piso.
 Chão: na "camada solo" está a vegetação de menor porte, além
de troncos e fungos.
40
Em cada camada são encontradas as espécies únicas de animais e
vegetais. que interagem com o ecossistema em volta.
Durante muito tempo, pensou-se erroneamente que as florestas
tropicais consistiam no “pulmão do mundo” por supostamente emitirem as
maiores quantidades de oxigênio na atmosfera. Atualmente, no entanto,
sabe-se que essa função pertence aos plânctons e algas marinhas, já que
nas florestas pluviais tropicais o oxigênio produzido é utilizado pelos seres
vivos locais e, principalmente, pela decomposição do material orgânico
gerado pela floresta.
No que diz respeito à atmosfera, a importância das florestas tropicais
encontra-se na sua função de atenuar as temperaturas, funcionando como
uma espécie de ar-condicionado. Além disso, esse bioma tem a
propriedade de “bombear” as águas das chuvas e do subsolo para a
atmosfera, em um processo conhecido como “evapotranspiração”, que
gera algumas frentes de umidade que se deslocam para outras áreas.
Em muitas partes do mundo as florestas tropicais são fonte de renda e
de matéria-prima, porém têm sido fortemente impactadas por atividades
antrópicas que causam perda de habitat, fragmentação e degradação das
florestas, afetando a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos. Os
métodos e a intensidade do uso também são muito diferentes, sendo que
na maioria a exploração destrutiva progride numa velocidade exponencial,
alterando drasticamente a estrutura e a função do ecossistema florestal. As
florestas tropicais são importantes para a estabilização climática, para a
prevenção da erosão e para o balanço hídrico local, além da sua
importância na preservação da biodiversidade no mundo.

3.6. SAVANAS
As Savanas são um bioma complexo por apresentarem variados tipos
de formações vegetativas em algumas partes do mundo. A Figura 09
apresenta a localização das savanas no planeta.

41
(COLOCAR UMA FIGURA DE MAPA DA SAVANA (UMA MAPA DO
PLANETA EM QUE O ALUNO POSSA LOCALIZAR AS REGIÕES DE
SAVANAS.
JUNTAMENTE COM O MAPA COLOCAR UMA FOTO
CARACTERÍSTICA PARA QUE O ALUNO POSSA VISUALIZAR AS
SAVANAS))

Figura 09 – Savanas

Existem Savanas em regiões mediterrâneas, as quais apresentam


árvores de pequeno porte, onde os solos são pobres em nutrientes
necessários para o desenvolvimento adequado de árvores. As savanas
podem ser tipificadas como:
 Savanas tropicais: presentes em regiões de clima tropical e
subtropical. São compostas por árvores mais esparsas e com
ampla presença de gramíneas, sendo que os solos são um
pouco mais férteis, como as savanas africanas e as presentes
na América do Sul (como o cerrado brasileiro).
 Savanas de regiões temperadas: possuem verões úmidos e
invernos secos, onde a vegetação que mais se desenvolve é
rasteira, com as chamadas gramíneas.
 Savanas pantanosas: desenvolvem-se em locais com clima
tropical e subtropical e têm como condição estarem sempre
alagadas.
 Savanas montanhosas: encontram-se em altitudes elevadas
(zonas alpinas e subalpinas) em diferentes regiões do planeta.
Caracterizam-se por terem evoluído de forma isolada devido às
condições climáticas em determinadas altitudes e,
frequentemente, albergam muitas espécies endêmicas. As
plantas características destes habitats mostram adaptações tais
como: estruturas em forma de roseta, superfícies cerosas e
folhas pubescentes.

42
Os solos das Savanas são altamente lixiviados e com características
arenosas, sendo solos pobres em elementos como fósforo e nitrogênio,
embora sejam ricos em alumínio e ferro. Já o clima característico das
Savanas é o tropical, com variações sazonais, ou seja, períodos com altas
e baixas temperaturas, bem como estações bem definidas, uma seca e
outra chuvosa.
O Cerrado é um tipo de Savana presente no território brasileiro, o qual
se concentra na região Centro-Oeste do país, sendo caracterizado por uma
complexa configuração vegetativa, onde estão presentes árvores de porte
médio, as quais estão dispostas de forma esparsa no espaço e que se
intercalam com arbustos e uma vegetação rasteira composta por espécies
de gramíneas. A Figura 10 apresenta a localização do cerrado no Brasil.

(COLOCAR UMA FIGURA DE MAPA DO CERRADO BRASILEIRO


(UMA MAPA DO PLANETA EM QUE O ALUNO POSSA LOCALIZAR AS
REGIÕES DE CERRADO.
JUNTAMENTE COM O MAPA COLOCAR UMA FOTO
CARACTERÍSTICA PARA QUE O ALUNO POSSA VISUALIZAR O
CERRADO))

Figura 10 – Cerrado Brasileiro

Os Cerrados são comumente referenciados pelas árvores de pequeno


porte com troncos bastante retorcidos, o que se tornou uma marca
conhecida destes ambientes. Em sua originalidade, os Cerrados
constituíam cerca de 25% da cobertura vegetal do território brasileiro. No
entanto, a partir da década de 1979, houve um intenso processo de
degradação dos Cerrados brasileiros. Depois do bioma amazônico, o
Cerrado é o maior bioma brasileiro, sendo a Savana mais rica em
biodiversidade do mundo.

3.7. CHAPARRAL

43
Chaparral é também conhecida como bosques e arbustros. É uma
espécie de matagal ou charneca encontrado no Sul da Europa, norte da
África, sul da América do Sul e pequenas áreas no sul da Califórnia, da
África e da Austrália. É um bioma característico de clima mediterrâneo. As
formações vegetais localizam-se em planícies e são constituídas
basicamente por gramíneas, formando um grande tapete vegetal. Ocorrem
geralmente na faixa intermediária entre a floresta e o deserto. No entanto,
as pradarias e pampas ocorrem em climas mais úmidos e suas gramíneas
são mais altas como as encontradas na América do Sul. Todos esses
ambientes são considerados campos temperados. Os campos temperados
da África do Sul recebem o nome de “veldts”. A Figura 11 apresenta a
localização dos chaparrais no mundo.

(COLOCAR UMA FIGURA DE MAPA DO CHAPARRAL (UMA MAPA


DO PLANETA EM QUE O ALUNO POSSA LOCALIZAR AS REGIÕES DE
CHAPARRAL. EXEMPLO :
https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=im
ages&cd=&ved=0ahUKEwiv_aPu2c_YAhXDEZAKHQlIBZoQjRwIBw&ur
l=http% 3A% 2F%2Fwww.madrimasd.org%2Fblogs%2Funiverso%2F201
0% 2F02%2F19%2F135398&psig=AOvVaw0Id3AJ5u2epgNqzN9hJoNR&
ust=1515752932594953

JUNTAMENTE COM O MAPA COLOCAR UMA FOTO


CARACTERÍSTICA PARA QUE O ALUNO POSSA VISUALIZAR O
CHAPARRAL))

Figura 11 – Chaparral

No chaparral o clima é geralmente frio e seco, pois não há oceanos por


perto e as chuvas são escassas, mas durante o verão o clima é quente.
Existem duas estações nitidamente diferentes: uma estação de
congelamento durante o inverno, quando a vegetação permanece
dormente, e uma estação de crescimento quando não há congelamento e a
vegetação pode se desenvolver. No verão podem ocorrer incêndios

44
ocasionais. Esses incêndios são importantes na conservação dos campos
abertos, pois eliminam a quantidade excedente de matéria orgânica e
permitem a renovação da vegetação. As gramíneas possuem brotamentos
próximos à superfície (ou abaixo dela), assim, quando são queimadas ou
devoradas por herbívoros, um novo brotamento acontece imediatamente.
Embora as gramíneas sejam predominantes, nas regiões mais úmidas
dos campos temperados é possível encontrar dois ou mais estratos de
vegetação. As árvores são poucas, podendo ocorrer ao longo de rios ou
lagos. Existem também algumas plantas de flores perenes, geralmente
com espinhos para prevenir a herbivoria.
A fauna desse ambiente é composta principalmente por herbívoros e
carnívoros. Esses animais possuem adaptações que lhes permitem correr
de forma eficiente de um lugar para outro em busca de água ou para fugir
dos predadores.
No Brasil, os chaparrais são representados pelos campos brasileiros,
os quais são vegetações encontradas em áreas dispersas no território, no
qual as composições herbáceas exibem aspectos diversos e podem ser
encontrados em restritas extensões. A particularidade desse tipo de
cobertura vegetal é o fato de seu aparecimento descontínuo ao longo da
superfície nacional.
Essa formação vegetal ocorre, em geral, em regiões de relevo plano ou
então em áreas de climas frios e secos. Os campos constituídos
basicamente por gramíneas são considerados de campos limpos. Quando
as gramíneas estão misturadas a arbustos de pequeno porte, chamam-se
campos sujos. No Brasil existem diversas “manchas” de formação
campestre, com destaque para campos meridionais, campos da Hileia e
campos de altitude.
 Campos meridionais: são encontrados, especialmente, no Rio
Grande do Sul (Campanha Gaúcha) e no Mato Grosso do Sul
(Campos de Vacaria). Nessas áreas a principal atividade
econômica desenvolvida é a pecuária.
 Campos Hileia: formação campestre identificada,
fundamentalmente, em áreas sujeitas a inundações, como o
litoral do Amapá, Ilha de Marajó e o Golfão Maranhense.
45
 Campos de altitude: vegetação composta por herbáceas
encontradas acima de 100 metros de altitude. É encontrada na
Serra da Mantiqueira (Sudeste) e na região serrana de Roraima,
lugar chamado de campinaranas.

3.8. DESERTOS
Os desertos são regiões que apresentam poucas condições para a
manutenção da vida, sobretudo no sentido de impedir ou dificultar a
habitação humana. Tratam-se de regiões áridas (mas não
necessariamente quentes como o deserto Antártico), com baixos índices
pluviométricos e que contam com poucos recursos alimentares
imediatamente disponíveis. Isso não significa que essas localidades não
apresentem fauna, flora e até mesmo cidades em suas paisagens. A fauna
é predominantemente formada por roedores, répteis e insetos (tanto
animais como plantas apresentam eficientes adaptações às condições dos
desertos; alguns animais precisam de quantidades mínimas de água) e a
sua cobertura vegetal é esparsa, porém muito diversificada. O deserto de
Sonora, no sudoeste americano, é o que tem a vegetação desértica mais
complexa da Terra. A Figura 12 apresenta a localização dos desertos no
mundo

(COLOCAR UMA FIGURA DE MAPA DOS DESERTOS NO


PLANETA (INCLUINDO-SE A ANTÁRTIDA) (UMA MAPA DO PLANETA
EM QUE O ALUNO POSSA LOCALIZAR AS REGIÕES DE DESERTOS.
JUNTAMENTE COM O MAPA COLOCAR UMA FOTO
CARACTERÍSTICA PARA QUE O ALUNO POSSA VISUALIZAR O
DESERTO)

Figura 12 – Deserto

Geralmente, imagina-se que o solo dos desertos é arenoso, mas só


nem sempre é assim. Há desertos pedregosos, como o de Atacama, no
Chile, por exemplo. Mesmo no mais arenoso de todos eles, o deserto da

46
Arábia, as dunas ocupam só cerca de 30% da extensão. Os solos de
desertos são pobres em matéria orgânica, têm granulação grossa e são
altamente mineralizados.
O caliche é uma rocha sedimentar típica de desertos, formada de
nódulos ou grãos de nitrato de sódio (5% a 30%), com cloreto de sódio,
sulfato de sódio e sais de potássio, magnésio, iodo e cálcio. É a principal
fonte de iodo.
As areias sejam de deserto, de praia ou de rios, são, na sua imensa
maioria, compostas praticamente só de quartzo. Há, porém, areias de
gipsita (sulfato de cálcio hidratado), como no se vê no Novo México (EUA).
Os maiores desertos são listados a seguir no Quadro 04.

Quadro 04 – Maiores desertos do mundo (Fonte: CPRM, 2018)


Deserto Superfície (km2)
Antártida 14.000.000
Saara (África) 9.000.000
Arábia (Ásia) 1.300.000
Gobi (Ásia) 1.125.000
Kalahari (África) 580.000
Grande deserto de areia (Austrália) 414.000
Kara kum (Ásia) 350.000
Taklamakan shamo (Ásia) 344.000
Deserto da Namíbia (África) 310.000
Thar (Ásia) 260.000

47
4. CAPÍTULO 04 - ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
Apesar de todos os oceanos estarem ligados entre si num vasto oceano
global, foram divididos por conveniência em quatro divisões principais – Pacífico,
Índico, Atlântico e Ártico. Os oceanos não se encontram distribuídos no globo
terrestre de uma forma homogênea: cobrem mais de 80% do hemisfério Sul e
apenas 61% do hemisfério Norte. Os oceanos ocupam cerca de 71% da
superfície da Terra e possuem as seguintes características:
 As partes mais profundas atingem quase 11000 m.
 Profundidade média dos oceanos é 3800 m.
 Volume total: 1,370×109 km3 (300 vezes mais espaço para a vida do
que os ambientes terrestres e de água doce combinados).
 Existem mais filos de animais no oceano do que em água doce ou em
terra, embora cerca de 80% das espécies animais sejam não marinhas
(devido à grande diferença de habitats em terra).
Metade do oxigênio existente no ar que respiramos é produzido nos oceanos.
Além disso, os oceanos absorvem grande parte do CO2 lançado na atmosfera.
Essas duas funções são primordiais para a manutenção do equilíbrio ambiental.
Por isso, biomas aquáticos, como a Zona Costeira, representam ecossistemas
prioritários para conservação e preservação dos recursos naturais. A Zona
Costeira é a região de interface entre o continente e o mar, sendo dominada por
processos oceanográficos e atmosféricos originados nas bacias de drenagem dos
rios afluentes. A elevada concentração de nutrientes e outros fatores ambientais,
como gradientes térmicos, salinidade variável e condições para a reprodução e
alimentação da maioria das espécies que habitam os oceanos, fazem com que
esse ecossistema desempenhe uma importante função de ligação e de trocas
genéticas entre os ecossistemas terrestres e marinhos.
Os biomas aquáticos estão entre os que mais sofrem com o descarte
inadequado de resíduos sólidos. O MMA estima que resíduos plásticos
provoquem anualmente a morte de mais de um milhão de aves e de outros 100
mil mamíferos marinhos no mundo. De acordo com o jornal britânico The
Independent, uma imensa área ao norte do Oceano Pacífico estaria tomada por
uma “sopa de lixo” gigante, com tamanho estimado de duas vezes o território dos
Estados Unidos. A área, conhecida como “giro pacífico norte”, é onde o oceano
circula lentamente devido aos poucos ventos e aos sistemas de pressão

48
extremamente altos, favorecendo o acúmulo de lixo. Acredita-se que 100 milhões
de toneladas estejam flutuando ali. Cerca de um quinto dos dejetos pode ter sido
jogado de plataformas de petróleo e embarcações que passam pelo local. O resto
viria do continente.
Os corpos de água são susceptíveis à contaminação por agentes químicos
através do escoamento superficial, processos de descarga, deposição
atmosférica e percolação através do solo. O tempo de permanência dos poluentes
nos ecossistemas aquáticos dependerá do potencial de mobilidade, tipo de
aplicação e persistência no solo e água. Geralmente os despejos químicos afetam
os organismos aquáticos por sua ação tóxica direta, ou por efeitos secundários
causados pela mudança de pH e da pressão osmótica.
Os assuntos relacionados ao ambiente marinho vêm crescendo em
importância, tanto com relação ao tema ambiental – considerando a urgência das
ações de conservação nos oceanos, como em relação ao tema socioambiental –
considerando a intensificação das ações humanas nesse ambiente. Dessa forma,
vêm ganhando espaço as discussões sobre a necessidade e a importância do
estabelecimento de padrões para o uso compartilhado do ambiente marinho. A
crescente relevância do aspecto de sustentabilidade do desenvolvimento aponta
para a governança dos oceanos como o instrumento para orientar o uso
adequado do ambiente marinho, com o objetivo de alcançar a sustentabilidade de
seus inúmeros recursos, atendendo aos interesses dos governos e com reflexos
benéficos para a sociedade humana e para os ecossistemas marinhos. Nesse
cenário, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) é o fórum
brasileiro para as discussões sobre a governança dos oceanos e coordena a
implementação da Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM).

4.1. RELEVO MARINHO


O relevo oceânico é dividido em faixas conhecidas por plataforma
continental, talude continental, planície abissal e fossas submarinas.
A Plataforma Continental constitui a faixa mais rasa que circunda a
maioria dos continentes, com a configuração de tabuleiro ou terraço, e
termina em direção ao mar com um aumento acentuado da inclinação
denominado “quebra da plataforma”, que marca o limite externo da
plataforma. Tem configuração mais ou menos plana, suavemente inclinada

49
mar adentro, representando o prolongamento do próprio continente. É uma
superfície plana, quase horizontal, com gradiente muito baixo (1:1000) e
relevo raramente excedendo 20 m, estando a profundidade média de
quebra em torno de 130 m. O caráter plano e amplo das plataformas
resultou das atividades erosiva e deposicional relacionadas a várias
transgressões e regressões marinhas. A topografia da plataforma inclui
feições negativas como canyons, canais e vales submarinos, bacias e
depressões lineares. As feições positivas são representadas por bancos e
cristas, terraços e escarpas de falhas, recifes e bancos costeiros. O
microrrelevo da plataforma é a resposta do fundo marinho às condições
hidrodinâmicas reinantes.
O Talude Continental é representado pela pendente relativamente
íngreme, que se estende da quebra da plataforma até o sopé continental.
Ele constitui a porção mais íngreme (3° a 6°) do piso marinho. Mostra,
como a plataforma, sensíveis variações de gradientes, desde 1:2 até 1:40
(26° - 1°26’), tem inclinação média de 75 m/Km e largura variando de 10 a
200 Km, quando não interrompidas por platôs marginais. Os platôs e
terraços marginais são feições com gradientes aproximados dos da
plataforma continental, mas que ocorrem a profundidades maiores, abaixo
da quebra da plataforma, e dela ficam separadas por um talude. Essas
feições geralmente encontram-se entre as isóbatas de 200 a 3.000 m.
O talude é a província da margem continental que apresenta relevo
mais irregular, sendo recortado por canyons, vales e colinas, resultado da
intensa atividade erosiva, deposicional, desmoronamentos e diastrofismo.
A planície Abissal compreende-se por uma área extensa com mais de
5000 m de profundidade, estendendo-se desde o talude continental até às
encostas das cordilheiras oceânicas. Pode ser interrompida por montes ou
montanhas submarinas e caracteriza-se por uma zona totalmente afótica,
com fauna adaptada às altas pressões e baixas temperaturas, como peixes
cegos e polvos gigantes. A zona pelágica é uma subdivisão da planície
abissal. Compreende-se como a terceira zona do relevo oceânico, é
extensa e fica a aproximadamente 5000 m de profundidade, onde se
localizam as montanhas submarinas, que podem chegar a ter 1000 m de
altura. Nessa área fica a zona pelágica. Nesta zona vivem os seres vivos

50
que não precisam de terra para se firmarem, como os planctônicos e os
nectônicos. O ambiente marinho pode ser dividido em dois principais
domínios: o pelágico, que é relativo às massas-d’água, e o bentônico, que
se refere ao fundo. Segue-se as características dos ambientes pelágicos:
 Província Nerítica (junto à costa). Engloba a plataforma
continental e a água por cima dela.
 Cor da água frequentemente verde ou castanha devido à
presença de fitoplâncton.
 Água geralmente turva devido ao sedimento e plâncton e à
mistura resultante das ondas e marés.
 Alimentada pelos estuários e descargas continentais – zona
fótica menos profunda.
 Termoclina menos estável devido ao vento e às correntes
fortes.
 Rica em nutrientes quando comparada com a zona pelágica.
 Presença de poluentes devido aos estuários (pesticidas,
metais pesados, fertilizantes etc.).
 Grande diversidade e abundância de organismos (maior parte
da vida nos oceanos está concentrada nesta zona).
 Muito zooplâncton devido à abundância de fitoplâncton,
muitos peixes que se alimentam de zooplâncton, e muitos
predadores.
 Local de grande parte da pesca comercial.

 Província oceânica (água azul). Do bordo da plataforma até aos


7000 – 10000 m.
 Epipelágico (0 – 200m)
 Profundidade máxima da zona nerítica (~200 m).
 Zona fótica.
 Salinidade relativamente constante.
 Coluna de água com uma grande mistura e alta
produtividade.
 Concentrações de nutrientes mantidas baixas devido à
elevada produtividade à superfície.
51
 Mesopelágico (200 – 1000 m)
 Zona da penumbra (parte superior da zona afótica).
 Nos trópicos, o seu limite inferior é considerado a
isotérmica dos 10ºC (entre os 700 e os 1000 m,
dependendo da área).
 A luz vai desaparecendo conforme aumenta a
profundidade.
 Camada de água abaixo da camada de mistura por ação
do vento.
 Zona influenciada pela circulação termohalina.
 Variação da temperatura de 10 para 4ºC.
 Sem variação sazonal vertical na temperatura, salinidade
e luz.
 Concentrações elevadas de nutrientes (não são utilizados
devido aos níveis baixos de luz insuficientes para a
realização da fotossíntese).

 Batipelágico (1000 – 2000 m)


 Condições uniformes na maior parte do oceano.
 Temperatura constante entre 2 a 4ºC.
 Sem luz.
 Muitos nutrientes.
 Organismos com um corpo mole, grandes predadores
com estruturas bizarras utilizadas na alimentação e
reprodução.

 Abissopelágico (2000 - 6000 m)


 Estrutura semelhante ao batipelágico.
 Populações pequenas de invertebrados.
 Alimento escasso.

 Hadalpelágico (>6000 m)

52
Os dorsais oceânicos são as grandes cordilheiras centrais dos oceanos,
compostas por montes submarinos e ilhas oceânicas. Apresentam profundidades
entre 2000 a 4000 m e as fossas abissais constituem as regiões mais profundas
do relevo submarino, compostas por depressões compridas e estreitas que
atingem profundidades entre 7000 e 11000 metros.
4.2. FATORES QUE INFLUENCIAM OS BIOMAS AQUÁTICOS
4.2.1. PROFUNDIDADE E TEMPERATURA
Os processos físicos de estratificação e mistura vertical são de
fundamental importância para a estrutura e a organização de processos
químicos e biológicos em lagos, represas, rios e estuários. Nos
ecossistemas aquáticos continentais, os processos de estratificação e
mistura resultam dos efeitos acumulativos das trocas de calor e das
entradas da energia, da radiação solar com a profundidade (a qual
depende das condições óticas da água na superfície), da direção e
força do vento, da direção e da energia cinética das entradas de água,
e da direção e força das saídas de água.
A mistura e a estratificação vertical são processos dinâmicos. As
características morfométricas têm importância nas misturas vertical e
horizontal: volume, profundidades máxima e média, e localização
(latitude, longitude e altitude). Como consequência, ocorrem os
seguintes fenômenos:
 Geração de correntes de superfície
 Acúmulo de água na superfície, na direção do vento e
oscilação da interface estratificada
 Turbulência gerada nas camadas da superfície, que pode
aumentar durante a quebra das ondas.
Termicamente, o principal processo que gera o aquecimento é a
radiação solar que atinge a superfície da água. As radiações de ondas
longas, no infravermelho, são absorvidas nos primeiros centímetros. O
aquecimento térmico estabelece uma camada de água menos densa e
com a temperatura mais elevada na superfície. Essa estratificação
térmica e de densidade é um importante fenômeno nos sistemas
aquáticos continentais e grande parte dos processos e mecanismos de
funcionamento resultam do gradiente vertical assim formado.
53
A camada de água superior, mais aquecida e menos densa, o
epilímnio, é também bastante homogênea devido à ação do vento e ao
aquecimento térmico diurno e do resfriamento térmico noturno, que
formam termoclinas6 temporárias (durante o período noturno). A
camada de água inferior, mais densa e com temperaturas mais baixas,
é denominada hipolímnio. A profundidade do epilímnio e do hipolímnio
depende da situação geográfica do lado, da profundidade média e
máxima, das características regionais em relação ao vento (posição do
sistema aquático, direção e força) e da posição na bacia hidrográfica. O
metalímnio ou mesolímnio é uma camada intermediária entre o
hipolímnio e o epilímnio, que apresenta uma queda gradual de
temperatura em relação ao epilímnio e é difícil definir seus limites. A
Figura 13 apresenta uma o processo de estratificação térmica
(COLOCAR FIGURA 13 AQUI)

Figura 13 – Estratificação térmica aplicada em lagos. (Fonte:


Laboratório de Limnologia e Planejamento Ambiental – UFES, 2017)

4.2.2. CONCENTRAÇÃO DE O2
A concentração de oxigênio dissolvido (OD) em um corpo d’água
qualquer é controlada por vários fatores, sendo um deles a solubilidade
do oxigênio em água. A solubilidade do OD na água, como para outras
moléculas de gases apolares com interação intermolecular fraca com
água, é pequena devido à característica polar da molécula de água.
Concomitantemente, como a solubilidade dos gases em água diminui
com a elevação da temperatura, a quantidade de oxigênio que se
dissolve a 0 °C (14,2 mg L –1) é mais do que o dobro da que se dissolve
a 35 °C. Deste modo, águas de rios ou lagos aquecidas artificialmente,
como resultado de poluição térmica, contêm menos OD, limitando a
fauna presente.

6
É a camada de variação de temperatura em uma determinada profundidade do mar ou em ambientes de
água doce.
54
4.2.3. LUMINOSIDADE
O fator mais importante que determina a distribuição de vida neste
ambiente marinho é a distribuição de luz solar. A zona eufótica se
estende da superfície a profundidades onde existe luz suficiente para
suportar a fotossíntese, sendo raramente mais profundo que 100
metros. Na zona disfótica existe pouca, mas mensurável, quantidade de
luz, se estendendo da zona eufótica até à profundidade onde não existe
luz, aproximadamente 1000 m. Por fim, a zona afótica é região onde
não existe luz, abaixo dos 1000 m. Na Figura 14 pode-se observar as
principais divisões do ambiente marinho.
(COLOCAR A FIGURA 14 AQUI)

Figura 14 – Desenho esquemático das zonas biológicas oceânicas


nos ambientes pelágicos (em azul) e bentônicos (em vermelho). (Fonte:
<www.projetoalbatroz.org.br>. Acesso em 23 de dezembro de 2017)

4.3. BIOMAS AQUÁTICOS DE ÁGUA DOCE


As águas doces fornecem habitats para uma variedade de organismos,
incluindo bactérias, protozoários, fungos, esponjas, celenterados, vermes,
rotíferos, briozoários, moluscos, crustáceos, aracnídeos e vários grupos de
insetos. A maioria dos grupos possui representantes tanto em ambientes
aquáticos como nos ambientes terrestre e marinho: por exemplo, há
moluscos marinhos e terrestres, bem como moluscos de água doce.
Os ecossistemas límnicos ou limnociclo correspondem aos
ecossistemas de água doce, que são rios, riachos, lagos, lagoas, represas,
entre outros. O ramo da ciência que estuda estes ecossistemas é
conhecido como Limnologia, que também pode ser definido como o estudo
das relações funcionais e de produtividade das comunidades de água doce
e sua regulação pela dinâmica dos ambientes físico, químico e biológico.
Os ecossistemas de água doce são divididos em ecossistemas lênticos
e lóticos:

55
 Ecossistemas Lênticos: são ambientes aquáticos de água parada,
como, por exemplo, lagoas, lagos, pântano etc. É classificado como
um importante distribuidor de biodiversidade por apresentar
ecótonos bem definidos. Os ambientes lênticos podem ser
compartimentalizados em quatro regiões distintas. São elas:
litorânea, pelágica, profunda e interface água-ar.
 Ecossistemas Lóticos: são ambientes aquáticos de água corrente,
como, por exemplo, rios, nascentes, ribeiras e riachos. Têm como
principal característica o fluxo hídrico, que influencia diretamente as
variáveis físico-químicas da água e as comunidades biológicas
presentes.

As principais diferenças entre os ecossistemas lóticos e os lênticos são


que, em rios e riachos, a corrente tende a ser um fator limitante e de
controle muito mais importante do que em lagos. Outro aspecto diz respeito
às trocas entre terra e água, que são mais intensas nos ambientes lóticos,
e que acabam por gerar um ecossistema muito mais aberto com
comunidades de metabolismo heterotrófico, especialmente em riachos de
reduzida ordem. Além disso, as estratificações térmicas e químicas são
extremamente raras em ecossistemas lóticos (exceto em rios lentos de
grande ordem), sendo que a tensão de oxigênio é mais alta e mais
uniforme em rios. É importante ressaltar que todas estas diferenças vão
proporcionar características específicas e diferenciadas na dinâmica e na
estrutura das comunidades que estão adaptadas a estes ecossistemas. Os
reservatórios, por sua vez, podem ser considerados ecossistemas híbridos
de rios/lagos. Esta peculiaridade se deve às características típicas que
estes ambientes possuem, ou seja, intensa influência externa, morfologia e
hidrologia distintas de lagos e rios, e fontes externas e internas de matéria
orgânica.
Os lagos de todo o mundo são ameaçados pela eutrofização e pelo
rebaixamento do lençol freático, como resultado da retirada da água
subterrânea. Este processo é o aumento da concentração de nutrientes,
especialmente fósforo e nitrogênio, nos ecossistemas aquáticos, que tem

56
como consequência o aumento de suas produtividades. Esse processo
pode ser natural ou artificial.
A destruição do habitat, principalmente em ambientes lóticos, ocorre no
mundo todo, como a construção de barragens e represas para geração de
energia, abastecimento urbano e irrigação, a construção de canais de
drenagem e navegação etc. No Brasil existem cerca de 60.000 pequenos
reservatórios só na região nordeste. Os grandes reservatórios brasileiros
são estimados em cerca de 300. A regulação do rio e a formação de
grandes lagos causa a homogeneização do ecossistema. A perda e
fragmentação do habitat e a regulação dos pulsos naturais nos regimes de
seca e cheia de um rio pode causar mudanças fundamentais em toda a
biota.

4.4. BIOMAS AQUÁTICOS DE ÁGUA SALGADA (OCEANOS, MARES,


ESTUÁRIOS E MANGUEZAIS)
Os oceanos e mares exercem uma grande relevância para a biosfera.
Do ponto de vista ambiental, contribui na composição e equilíbrio climático,
uma vez que os oceanos abrigam fitoplânctons, seres que são
responsáveis pela produção de grande parte do oxigênio do planeta e
também por reter calor em períodos maiores que os continentes,
denominado de maritimidade.
Oceanos correspondem a gigantescos volumes de água salgada que
se encontram dispersas sobre grande parte da superfície terrestre. No
planeta são identificados cinco oceanos, apesar de todos possuírem
ligações uns com os outros. São classificados como: Oceano Pacífico,
Atlântico, Índico, Glacial Antártico e Glacial Ártico.
Inseridos nesses oceanos estão os mares. Essa expressão significa
regiões ou partes dos oceanos que se encontram nas proximidades dos
continentes, em alguns casos se estabelecendo no interior dos mesmos.
Os mares não possuem uma homogeneidade quanto à sua composição
física no espaço geográfico. Dessa forma, os mares são classificados em:
 Mares fechados: são aqueles que se encontram nos interiores
dos continentes. Desse modo, não apresentam uma ligação de

57
maneira direta com os oceanos, como, por exemplo, o mar de
Aral e o mar Cáspio.
 Mares abertos: estão diretamente ligados aos oceanos que se
encontram nas proximidades. Já no caso dos mares interiores,
existem restritas passagens que possibilitam uma conexão com
os oceanos. Esta ligação ocorre por meio dos estreitos.

Os estuários são feições localizadas na interface continente-oceano,


apresentando assim características de ambos os ambientes. São
influenciados fortemente pela ação das marés, possuindo extrema
importância no estudo dos processos dinâmicos de transferência de
material terrestre para o oceano. Apesar dos estuários serem sistemas
altamente produtivos, eles utilizam para consumo próprio a maior parte dos
nutrientes orgânicos e inorgânicos durante a produção primária e o
carbono fixado nos processos respiratórios internos.
O manguezal é considerado um ecossistema costeiro de transição
entre os ambientes terrestre e marinho. Ele é característico de regiões
tropicais e subtropicais e está sujeito ao regime das marés. É dominado
por espécies vegetais típicas, as quais se associam a outros componentes
vegetais e animais. O ecossistema manguezal está associado às margens
de baías, barras, enseadas, desembocaduras de rios, lagunas e
reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar,
ou diretamente expostos à linha da costa. A cobertura vegetal, ao contrário
do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, instala-se em
substratos de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob a
ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra.
A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas
áreas sejam os grandes "berçários" naturais, tanto para as espécies
características desses ambientes como para peixes e outros animais que
migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do ciclo de
sua vida.

58
QUESTÕES

1. (CESGRANRIO – 2014) O planeta Terra pode ser dividido em regiões de


grande extensão, nas quais se desenvolvem, especificamente, determinados
tipos de vida. Esses grandes ecossistemas são denominados biomas. O
bioma localizado ao sul do Brasil, com predomínio de vegetação herbácea,
geralmente baixa, é conhecido por
a. Tundra
b. Taiga
c. Campos limpos
d. Floresta tropical
e. Deserto

2. 2. (IBFC – 2013) A Resolução CONAMA nº 406/2009 estabelece parâmetros


técnicos para elaboração, apresentação, execução e avaliação técnica de
Planos de Manejo Florestal Sustentável-PMFS com fins madeireiros para
florestas nativas e suas formas de sucessão, que deverão ser aplicados em
qualquer nível de competência pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional
do Meio Ambiente-SISNAMA observando o disposto nesta Resolução no(s)
bioma(s):
a. Amazônia.
b. Amazônia e Mata Atlântica.
c. Mata Atlântica.
d. Mata Atlântica e Cerrado.
e. Brasileiros, indistintamente.

3. (CESGRANRIO – 2012) A figura apresenta um gráfico de variação da


temperatura com a profundidade de um lago.
(COLOCAR A FIGURA – QUESTÃO 3 AQUI)

Em relação à figura, NÃO se depreende que o (a)


a. Lago apresenta uma situação de estratificação térmica.

59
b. Hipolímnio apresenta concentrações de oxigênio dissolvido menores que
as do epilímnio.
c. Oxigênio dissolvido passa através da termoclina a baixas taxas,
principalmente por difusão molecular.
d. Fenômeno ocorre em lagos, principalmente durante o inverno.
e. Passagem de calor através da termoclina apresenta dificuldade.

4. (FUNDAÇÃO SOUSÂNDRADE – 2012) A limnologia é a ciência que estuda a


ecologia de todas as massas d'água continentais, independente de suas
origens, dimensões e concentrações salinas. Considerando a existência dos
ambientes lóticos e lênticos, é CORRETO afirmar que:
a. As classificações dos ambientes lóticos podem ser feitas através de sua
gênese, do seu nível trófico (oligotrófico, mesotrófico e eutrófico) e do
número e tipo de circulação.
b. As estratificações térmicas e químicas são extremamente raras em
ambientes lóticos, sendo a tensão de oxigênio mais alta e mais uniforme
nesses ambientes.
c. as trocas entre terra e água são mais intensas nos ambientes lênticos, e
que acabam por gerar um ecossistema muito aberto com comunidades de
metabolismo heterotrófico.
d. os ambientes lênticos transportam substâncias cinéticas e as levam em
geral ao mar. Além do transporte permanente de substâncias em solução,
existe também o deslocamento de material insolúvel, de montante a
jusante, especialmente sob a forma de erosão, e no curso inferior
sobretudo sob a forma de sedimentação.
e. os ambientes lênticos podem ser compartimentalizados em quatro regiões
distintas. São elas: litorânea, pelágica, profunda e interface água-ar.

GABARITO
1. C
2. A
3. D

60
4. E

61
UNIDADE 03

RECURSOS NATURAIS

Caro(a) Aluno(a),
Seja bem-vindo(a)!
Nesta terceira unidade verificaremos os recursos naturais
existentes atualmente, com suas principais concepções e sua
relação com o crescimento econômico.

Conteúdos da Unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 05 e 06). No capítulo 05
verificaremos a conceituação/concepção envolvendo os recursos naturais,
juntamente com suas relações com o crescimento econômico. No capítulo 06
verificaremos as classificações dos recursos naturais e seus tipos: minerais,
hídricos e biológicos.
Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos,
à medida que for estudando.

62
5. CAPÍTULO 05 – RECURSOS NATURAIS
5.1. MEIO AMBIENTE E CRESCIMENTO ECONÔMICO
O conceito de ambiente, ou meio ambiente, está em constante processo de
construção. É possível encontrarmos diferentes definições para esse termo que,
de acordo com o momento de sua elaboração, ora o restringe, ora o amplia.
Diversos autores descrevem que o meio ambiente é formado por três
subconjuntos que interagem: a natureza, a técnica e a sociedade.
Para o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA)
(1994), “o meio ambiente é o conjunto de elementos naturais e sociais que
interagem provocando alterações no espaço e no tempo.”
Para efeitos legais, segundo o inciso I do Art. 3º da Política Nacional do
Meio Ambiente, o meio ambiente deve ser entendido como “o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.” Nota-se que a definição
legal procurou abranger todas as formas de vida sobre o planeta, assim como
englobou os aspectos sociais ao defini-lo como um conjunto em que são
processadas interações de seus elementos entre si e destes com o meio, dentre
os quais está o homem.
Alguns autores contemporâneos oferecem abordagens complexas de
ambiente, incluindo variáveis que contemplam não só seus elementos, mas
também os processos gerados a partir de seus relacionamentos, como o
ambiente construído ao longo do processo histórico de ocupação de um território
por uma determinada sociedade, em um espaço de tempo concreto. Surgem as
variações como a síntese histórica das relações entre a sociedade e a natureza.
Para Sauvé (1997), a complexidade das inter-relações se expressa através
da explicitação de diferentes ambientes:
 Ambiente-natureza: refere-se ao entorno original, puro, do qual a
espécie humana se afastou ao privilegiar as atividades antrópicas
que têm provocado sua deterioração.
 Ambiente-recurso: refere-se ao ambiente como base material dos
processos de desenvolvimento.
 Ambiente-problema: refere-se ao ambiente ameaçado, deteriorado
pela contaminação, pela erosão ou pelo seu uso excessivo.

63
 Ambiente-meio de vida: refere-se ao ambiente da vida cotidiana,
na escola, no lar, no trabalho. Incorpora, portanto, elementos
socioculturais, tecnológicos e históricos.
 Ambiente-biosfera: refere-se ao ambiente como uma nave espacial
- Planeta Terra -, assim como ao conceito de Gaia (Lovelock), que
partem da tomada de consciência quanto à finitude do ecossistema
planetário como lugar de origem no qual encontram unidade os
seres e as coisas.
 Ambiente comunitário: refere-se ao ambiente como entorno de
uma coletividade humana, meio de vida compartilhado com seus
componentes naturais e antrópicos.
Portanto, pode-se caracterizar o meio ambiente como um sistema formado
por elementos naturais e artificiais relacionados entre si e que são modificados
pela ação humana. Trata-se do meio que condiciona a forma de vida da
sociedade e que inclui valores naturais, sociais e culturais que existem num
determinado local e momento.
Pelo menos três concepções sobre a relação da sociedade humana com o
meio ambiente foram bem estabelecidas em discussões sobre o tema:
 Desenvolvimentista: defende o crescimento econômico a qualquer
custo, desconsiderando os danos ambientais e a possibilidade de
esgotamento dos mesmos.
 Preservacionista: com uma postura radical de preservação
ambiental, defende a proteção integral de determinado ecossistema
com o objetivo de garantir a sua intocabilidade.
 Conservacionista: posiciona-se como um meio termo entre ambas,
admitindo a exploração dos recursos naturais de forma racional e
eficiente, tornando-se consenso entre a maioria dos países.

Com relação ao crescimento econômico, é certo que a sua distribuição por


países e setores tem um profundo impacto sobre a integridade do meio ambiente.
O comércio internacional, os fluxos de capital e os padrões tecnológicos são
elementos cruciais para o crescimento global e determinam a magnitude da
escala do sistema econômico e seus impactos sobre o meio natural. O grau de
interconexão propiciado por fenômenos como a globalização leva a mudanças
64
dramáticas nos estilos de vida e nos padrões de consumo, afetando a capacidade
de suporte dos sistemas naturais.
Por muito tempo prevaleceu a ideia de que a economia se tratava de um
sistema isolado, relegando a um segundo plano as interações com o meio
ambiente, o qual deve ser tratado como fonte de sustentação do sistema
econômico. Todavia, da mesma forma que os recursos naturais e ambientais nos
fornecem conforto e promovem a manutenção e o florescimento das inúmeras
sociedades humanas, a ação humana gera uma série de externalidades e
pressões negativas que se traduzem em uma degradação ou depreciação do
meio ambiente.
As teorias econômicas se desenvolveram “na carona” da evolução do
próprio pensamento econômico e assim, por exemplo, passaram a aceitar com os
neoclássicos que existem falhas de mercado que requerem uma intervenção
governamental. A hegemonia norte-americana do pós-guerra impõe seu padrão
de consumo para o restante do mundo, e os países do chamado terceiro mundo
são seus seguidores. O crescimento econômico é o objetivo a ser alcançado em
nome do progresso, de economias mais fortes e, portanto, de nações mais
poderosas. Entretanto, esse padrão de consumo requer aumento do uso de
recursos naturais, e isso passa a ser um problema na medida em que se percebe
que a deterioração do meio ambiente já é evidente e poderá ser o principal
entrave ao crescimento econômico.
Das discussões sobre causalidade e efeito sobre problemas ambientais e
crescimento econômico, surgem diversas tentativas na pesquisa econômica de se
abordar a questão. Dentre elas, se encontra a hipótese da Curva de Kuznets
Ambiental. A hipótese da CKA sugere que, inicialmente, conforme a renda
aumenta, eleva-se também a degradação ambiental até atingir o ponto máximo e
que, a partir deste ponto, o aumento da renda é observado simultaneamente ao
decréscimo da degradação ambiental, formando uma curva em “U” invertido. Tal
hipótese já foi testada empiricamente por diversos autores, tentando aplicá-la em
âmbito mundial ou para regiões menores, testando também sua validade para
diferentes agentes causadores de degradação, como tipos variados de poluentes
do ar, desmatamento, erosão de solos etc.
Os trabalhos empíricos acerca da relação entre degradação ambiental e
crescimento econômico remontam ao pioneiro artigo de Grossman e Krueger, de

65
1991, intitulado “Environmental Impacts of a North American Free Trade
Agreement”. A motivação dos autores foram os questionamentos de grupos
ambientalistas sobre as pressões ambientais após a formação do bloco de livre
comércio, NAFTA, uma vez que, com a abertura comercial entre os países
membros, a produção se expandiria. Os autores reconhecem que alguns
poluentes são subprodutos da atividade econômica e que, dada sua expansão, a
tendência é a emissão desses poluentes também aumentar.
O crescimento econômico é, desta forma, objetivo para qualquer economia
ao redor do mundo e logicamente do Brasil. Atualmente conceituado como um
aumento da produção, este crescimento econômico gera uma série de impactos
negativos (degradação) sobre os recursos naturais e ambientais. No longo prazo,
estes impactos negativos podem estar levando a uma deterioração irreversível
das reservas destes recursos, prejudicando, desta forma, o desempenho e a
prosperidade das economias.
Segundo estudo do Worldwatch Institute/Vital Signs (Sinais Vitais), o uso
que a humanidade tem feito dos recursos naturais está 23% acima da capacidade
de recomposição do planeta, o que tem causado a destruição e degradação de
ecossistemas. Em relação ao padrão de economia, se o consumo global fosse
igual ao dos países ricos, o planeta só suportaria de maneira sustentável uma
população de 1,8 bilhão e não as atuais 6,5 bilhões de pessoas, sendo que a
previsão é de 8,9 milhões em 2050.

4.5. RECURSOS NATURAIS


De uma forma simples, pode definir-se recursos naturais como sendo os
elementos da natureza com utilidade para o Homem com o objetivo de
desenvolver a comunidade, o País, garantir a sua sobrevivência e o bem estar ou
conforto. Os recursos naturais classificam-se em:
 Minerais: metálicos (cobre, ferro, zinco, ouro, prata, manganês etc.)
e industriais (diamantes, matérias primas para produção de cimento
etc.).
 Biológicos: explorados na agricultura, caça, pecuária, pescas e
florestas.
 Hídricos: Água.

66
 Energéticos: renováveis (hidroelétricas, energia solar e eólica) e
não renováveis (carvão, petróleo e gás natural).
Segundo a European Environment Agency (2005), as principais forças
motrizes do consumo acelerado de recursos naturais são o crescimento da
população, o desenvolvimento econômico e o próprio padrão de produção de
consumo que o caracteriza. O funcionamento da economia e a qualidade de vida
atual encontram-se muito dependentes dos recursos naturais, cuja utilização e
dependência extremam além da degradação do meio ambiente, colocam a
sociedade atual em risco, assim como o próprio planeta. Futuramente prevê-se
um elevado crescimento da população global, aumentando significativamente a
pressão sobre o meio ambiente e a diminuição de tais recursos.
Existem os recursos naturais renováveis, os quais renovam-se em tempo
da escala humana (energias solar, hídrica, eólica, solo, ar e seres vivos), já os
não renováveis são os que levam milhões de anos a formarem-se (carvão,
petróleo, gás natural e minerais).
Os recursos naturais são concebidos pela economia clássica como um
estoque ou como um fluxo de quantidades limitadas e distintas de unidades de
bens econômicos passíveis de troca, apresentando a particularidade de não
serem produzidos pelo homem. Porém, com a emergência dos problemas e dos
riscos ambientais, este conceito ganha uma complexidade a partir de quatro
distinções feitas pela economia moderna, relacionando-as aos problemas de
tomada de decisão ou aos mecanismos econômicos diferenciados:
 O caráter reprodutível ou não reprodutível do recurso através da
ação antrópica.
 O caráter renovável ou não renovável, mediante processos naturais
do recurso.
 O caráter esgotável ou não esgotável do recurso, correspondendo à
ideia de que o homem não pode explorar o recurso até o seu
esgotamento.
 O caráter reciclável ou não reciclável dos materiais, condicionando a
massa de dejetos finais gerada pela atividade econômica.
Assim, os recursos naturais não podem ser fixados de uma vez por todas,
pois o conteúdo daquilo que denominamos recursos transforma-se historicamente
e apresenta uma relação de dependência tanto com a evolução dos ambientes
67
quanto com a evolução das possibilidades técnicas, da natureza das
necessidades e das condições econômicas.
6. CAPÍTULO 06 – RECURSOS NATURAIS MINERAIS, HÍDRICOS E
BIOLÓGICOS
6.1. RECURSOS NATURAIS MINERAIS

Os bens minerais têm uma importância significativa para a sociedade, a tal


ponto que as fases de evolução da humanidade são divididas em função dos tipos
de minerais utilizados: idades da pedra, do bronze, do ferro etc. Nenhuma
civilização pode prescindir do uso dos bens minerais, principalmente quando se
pensa em qualidade de vida, uma vez que as necessidades básicas do ser
humano - alimentação, moradia e vestuário - são atendidas essencialmente por
estes recursos. Uma pessoa consome direta ou indiretamente cerca de 10
toneladas/ano de produtos do reino mineral, abrangendo 350 espécies minerais
distintas. A construção de uma residência é um exemplo desta diversidade. O
Quadro 05 apresenta algumas das principais substâncias utilizadas no processo
construtivo.
Quadro 05 – Relação entre elemento construtivo e principais substâncias
minerais utilizadas (Fonte: <http://www.mineropar.pr.gov.br>. Acesso em 22 de
janeiro de 2018)

Elemento construtivo Principais substâncias minerais utilizadas


tijolo argila
bloco areia, brita, calcário
fiação elétrica cobre, petróleo
lâmpada quartzo, tungstênio, alumínio
fundações de concreto areia, brita, calcário, ferro
ferragens ferro, alumínio, cobre, zinco, níquel
vidro areia, calcário, feldspato
louça sanitária caulim, calcário, feldspato, talco
azulejo caulim, calcário, feldspato, talco
piso cerâmico argila, caulim, calcário, feldspato, talco
isolante - lã de vidro quartzo e feldspato
isolante - agregado mica

68
pintura - tinta calcário, talco, caulim, titânio, óxidos metálicos
caixa de água calcário, argila, gipsita, amianto, petróleo
impermeabilizante - betume folhelho pirobetuminoso, petróleo
pias mármore, granito, ferro, níquel, cobalto
encanamento metálico ferro ou cobre
encanamento PVC petróleo, calcita
forro de gesso gipsita
esquadrias alumínio ou ligas de ferro-manganês
piso pedra ardósia, granito, mármore
calha ligas de zinco-níquel-cobre ou fibro-amianto
telha cerâmica argila
telha fibro-amianto calcário, argila, gipsita, amianto
pregos e parafusos ferro, níquel

Os recursos minerais são, em geral, todos os recursos físicos extraídos da


superfície ou sub-superfície da Terra, cuja composição vai desde os elementos
mais simples (pedras e materiais de construção) até os mais complexos (ferro,
outro, prata). As formas e variedades de como se apresentam estes recursos são
todas conhecidas e são devidamente classificadas; no entanto, é desconhecida
sua exata dimensão ou magnitude. Os minerais são distribuídos de forma
desigual e, ao contrário dos produtos agrícolas ou florestais, não podem
reproduzir ou serem substituídos. Dentre os elementos químicos naturais
existentes na Terra, os maiores e mais conhecidos estoques inventariados pelos
geólogos chegam a 65, e deles, os mais usados são 56. O Quadro 06 apresenta
uma relação das massas de minerais existentes na crosta terrestre.
Quadro 06 – Massas minerais existentes na crosta terrestre (Fonte:
AGUERO, 1996)

Metais Volume em t Teor médio mínimo explorável %


Alumínio (Al) 8 x 1019 38,00
Ferro (Fe) 5 x 1019 30,00
Níquel (Ni) 8 x 1016 1,00
Cobre (Cu) 5 x 1016 0,50

69
Chumbo (Pb) 1,3 x 1016 5,00
Mercúrio (Hg) 8 x 1013 0,20
Prata (Ag) 7 x 1013 0,01
Ouro (Au) 2 x 1012 8,00 x 10-4

Tal "massa de minerais" seria o limite superior dos estoques, que, após
definidos os teores mínimos que viabilizariam sua extração, dariam lugar aos
recursos, e estes, por sua vez, quando devidamente localizados e viabilizados
economicamente, dariam lugar às reservas.
A avaliação das reservas de um depósito mineral é um procedimento
técnico que tem por objetivo estimar a quantidade e qualidade do minério, dando
subsídios aos estudos econômicos, de planejamento de lavra e beneficiamento. A
quantificação de uma jazida mineral não é determinada de forma exata, uma vez
que envolve a incerteza associada à natureza do fenômeno geológico que
originou o depósito, bem como as técnicas empregadas para o seu cálculo.
A avaliação de reservas é resultado da integração de diversos fatores,
como:
 Conhecimento da geologia do depósito
 Precisão na obtenção de parâmetros do minério (teor, espessura,
densidade)
 Determinação do comportamento destes parâmetros
 Método de cálculo.

Este último item é de grande importância e vai ser função da configuração


geométrica do depósito e da densidade de informações. Ou seja, a escolha do
método de cálculo condiciona a exatidão da estimativa de reservas.
O termo extrativismo, em geral, é utilizado para designar toda atividade de
coleta de produtos naturais, seja de origem mineral (exploração de minerais),
animal (peles, carne, óleos) ou vegetal (madeiras, folhas, frutos). É a mais antiga
atividade humana, antecedendo a agricultura, a pecuária e a indústria. Vem sendo
praticada mundialmente através dos tempos por todas as sociedades.
O extrativismo mineral, ou mineração, é a atividade econômica que
consiste na obtenção dos minérios em seu estado natural. O extrativismo mineral
pode ser enquadrado no setor primário da economia (se realizado de forma
70
primitiva, como a garimpagem) ou no setor secundário (se organizado
industrialmente). O Quadro 07 apresenta algumas formas de extrativismo mineral:
Quadro 07 – Categorias de extração mineral e seus produtos
Categoria de Extração Mineral Exemplos de produtos
Mineração de energia Petróleo, Gás natural, Carvão
Mineração de metais ferrosos Minério de ferro, Aço, Nióbio
Mineração de metais não ferrosos Alumínio, Chumbo, Cobre
Metais e pedras preciosas Ouro, Diamante, Platina
Mineração de minerais industriais Titânio, Talco pirofilita, Caulim
Mineração para agronegócio Calcário agrícola, Fosfato, Potássio
Mineração para construção civil Pedras ornamentais, Cimento, Amianto
Indústria da água mineral Água mineral

Os maiores produtores mundiais de bens minerais são os Estados Unidos,


Canadá, Austrália, Rússia, Brasil, África do Sul, China e União Europeia. O
crescimento da exploração e interesse de mineração na África, América Latina e
parte da Ásia têm sido estimulados por vários fatores como o esgotamento dos
depósitos minerais de fácil acesso na Europa e nos EUA, avanços tecnológicos
que levaram à viabilidade da mineração de depósitos antes inacessíveis em
regiões menos desenvolvidas, o desenvolvimento de grandes navios oceânicos
que permitiram o transporte de maiores quantidades de minerais entre
continentes e a demanda de minerais cada vez crescentes, principalmente em
países emergentes como a China e Índia.
O Brasil apresenta um território dotado de recursos minerais bem
diversificado, porém não são bem aproveitados devido a uma falta de
conhecimento de nossas reservas e de recursos financeiros para devida
exploração. Essa falta de dinheiro tornou-se essencial para a aproximação de
grupos estrangeiros devido seu elevado potencial para descobertas de novos
depósitos minerais por contar com território continental, geologia diversificada e
mal conhecida, múltiplos ambientes metalogenéticos do Arqueano ao Recente e
baixos investimentos em exploração mineral. Dentre as principais características
nacionais, destaca-se que o país é um grande exportador de commodities
minerais:
 Player mundial em Fe, Nb, Al, Mn, Grafita e Amianto.
71
 Exportador de Sn, Au, Ni, Ta, Caulim e Magnesita.
 O minério de Fe representa 82% das exportações minerais do país.
Os Estados de Minas Gerais, Pará, Bahia e Goiás concentram mais
de 80% da produção nacional de commodities minerais.
 Grande importador de K, P, Carvão metalúrgico, Zn e Cu.

A extração de minerais metálicos no Brasil concentra-se principalmente em


Minas Gerais, Goiás, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Bahia e São Paulo. O
extrativismo mineral no país ocorre basicamente nas áreas de escudos cristalinos,
que correspondem aos cinturões orogênicos e às intrusões ígneas do período
Pré-Cambriano. O subsolo brasileiro apresenta extensa área de terrenos pré-
cambrianos ricos em minérios. O Brasil possui algumas das maiores reservas
geológicas do mundo, entre elas:
 O Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais: responsável por 70% da
produção brasileira de ferro.
 A Região Norte. No Amazonas, os grandes projetos de exploração;
no Pará, a Província Mineral de Carajás (jazidas de ferro,
manganês, cobre e ouro), o Rio Trombetas (bauxita) e a Serra
Pelada (ouro); no Amapá, a Serra do Navio (manganês); em
Rondônia, Porto Velho (cassiterita).

Dentre os ambientes metalogenéticos 7 do país destacam-se:


 Greenstone belts arqueanos e paleoproterozoicos (Au, Ni, Mn, Fe,
Cr e Magnesita)
 Sequências vulcano-sedimentares com BIFs neoarqueanas (Fe, Mn,
Au, Pt, Pd, Cu);
 Sequências sedimentares paleoproterozoicas e neoproterozoicas
com BIFs (Fe, Mn, Au)
 Maciços básicos-ultrabásicos proterozoicos (Ni, Cu, Cr, Zn, V, Ti, P,
Amianto, EGP)

7
Referente à metalogênese, que é um termo designado para a formação e evolução de jazimento de
minérios metálicos em certa região. Designa também certo intervalo de tempo no qual certos processos
metalogenéticos ocorrem em vários pontos com freqüência anormal, como, por exemplo, por intensas
atividades magmáticas durante ciclos orogenéticos.
72
 Plataformas clásticas proterozoicas (Au, D); complexos vulcano-
plutônicos félsicos proterozoicos (Sn, Au, Ag, Cu, Zr, U, Zn, Ta, Li,
Be, W, ETR)
 Faixas orogenéticas proterozoicas e coberturas neoproterozoicas
(Au, Zn, Pb, Ta, P, Mn)
 Bacias sedimentares paleo-mesozoica e mesozoicas (Carvão, K, U,
P, Zn, Gipsita)
 Chaminés alcalinas carbonatíticas cretáceas (Nb, P, U, Al, Fe,
Barita, ETR, Flogopita/Vermiculita)
 Mantos de intemperismo pós-cretácicos (Fe, Ni, Al, Au, Mn, ETR)
 Aluviões quaternárias (Au, Sn, Ta, Ti, U/Th, Zr, Caulim)

O IBAMA é o órgão fiscalizador dos recursos naturais brasileiros. Toda


empresa que receba autorização para explorar precisa obter o licenciamento
fornecido pelo órgão. A autorização é uma obrigação legal a qualquer
empreendimento ou atividade com potencial poluidor e/ou degradante ao meio
ambiente. Para a fiscalização e administração da atividade mineral no Brasil, foi
criado o Departamento Nacional de Produção Mineral (DPNPM), subordinado ao
Ministério das Minas e Energia.
Qualquer empresa constituída sob as leis brasileiras, com sede e
administração no País e que tenha como objeto social a exploração e o
aproveitamento de recursos naturais, pode explorar minérios em solo brasileiro.
O parágrafo primeiro do artigo 176 da Constituição Federal restringia a
pesquisa e exploração de recursos minerais às empresas estrangeiras. No
entanto, uma correção na Constituição permitiu que elas façam a exploração
desde que constituídas sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e
administração no Brasil. Para explorar uma área com potencial mineral, também é
imprescindível que a pessoa ou empresa autorizada a explorá-lo se comprometa
a recuperar o meio ambiente degradado.
Para isso foi criado o Código de Mineração, editada pelo Decreto-Lei nº
227, de 28 de fevereiro de 1967, que ordena, organiza e administra os recursos
minerais da União, a indústria de produção mineral e a distribuição, comércio e o
consumo de produtos minerais brasileiros.

73
6.2. RECURSOS NATURAIS HÍDRICOS
Os recursos hídricos, pensados como recursos naturais, parecem ser das
mais urgentes preocupações da modernidade no que tange à sua finitude e
necessidade de preservação. A água, como recurso hídrico, mostra-se como
natural renovável. Contudo, pode ser extinta a partir do impacto de práticas
socioeconômicas que concorrem para a sua degradação, decrescendo a sua
quantidade de uso em curto tempo e intervalos. Essa ação de degradar ameaça a
segurança ambiental ao indicar risco à escassez da água doce, havendo a
necessidade de modificar o padrão de vida dos agrupamentos.
Constituindo a substância mais abundante na Terra, o estoque natural de
água existente no planeta tem mantido constante suas características
quantitativas e qualitativas nos últimos 20.000 anos. Deste modo, a quantidade
total de água existente na Terra, na ordem de 1.386 milhões de km³, tem se
mantido estável, assim como as formas da sua distribuição geográfica ao redor do
mundo.
Considera-se como recurso hídrico a água representada como um bem
econômico, passível de utilização com tal fim, enquanto o termo água refere-se,
em regra geral, ao elemento natural em si mesmo, desvinculado de qualquer uso
ou utilização.
Observa-se nestas últimas décadas que o crescimento da população
mundial, ao lado da expansão das atividades agrícolas e industriais, acarretou, de
forma generalizada, uma elevação acelerada da poluição das águas continentais.
O problema da poluição hídrica provocado por esgotos urbanos, metais pesados,
pesticidas, adubos químicos, detergentes sintéticos, hidrocarbonetos, entre
outros, representa um dos aspectos mais alarmantes da degradação do meio
ambiente pelo homem. Uma das principais causas de mortalidade no Terceiro
Mundo é a má qualidade da água, consequência do deficiente ou inexistente
sistema de abastecimento e tratamento de água potável, bem como a da coleta e
tratamento de águas residuárias. Estima-se que um em cada dois habitantes da
América Latina sofre de algum tipo de doença de transmissão hídrica.
Entre os múltiplos usos dos recursos hídricos, a agricultura, a indústria e o
abastecimento público apresentam-se como os responsáveis pelo maior volume
de consumo efetivo. A parcela mais significativa do consumo mundial se deve à

74
agricultura irrigada, atividade que vem aumentando como resposta ao
crescimento da demanda humana por alimentos.
Apesar de, aparentemente, a Terra dispor de uma enorme quantidade de
água, quase 97% estão represadas nos mares e oceanos e cerca de 2%
congeladas nas regiões polares. Apenas 1% da água doce está efetivamente
disponível para o consumo humano, uso agrícola e industrial. Ela se encontra em
córregos, rios e lagos, constituindo os recursos hídricos superficiais, assim como
nos interstícios do solo e subsolo, formando os recursos hídricos subterrâneos.
Estes últimos representam cerca de 97% do total de água doce existente no
planeta Terra.
No Brasil, a distribuição dos recursos hídricos subterrâneos não é uniforme.
Existem regiões com grande disponibilidade, como o aquífero Guarani no Sul do
Brasil, e regiões com baixa disponibilidade, como os aquíferos das rochas
cristalinas no Nordeste. Os aquíferos sedimentares ocupam 48% do território
brasileiro. A Figura 15 apresenta a distribuição espacial das vazões específicas
no território brasileiro. As vazões específicas representam a disponibilidade de
água nas diferentes bacias hidrográficas do Brasil e reforçam a diversidade da
distribuição no território nacional. Conforme destaca o relatório da ANA (2011),
“apesar de o Brasil possuir grande oferta de água em termos globais, existe uma
distribuição desigual dos recursos hídricos”. Destacam-se a grande
disponibilidade hídrica na Amazônia e a escassez de água na região Nordeste do
Brasil.
(COLOCAR A FIGURA 15 AQUI)

Figura 15 – Distribuição espacial das vazões específicas (Fonte: TUNDISI,


2014)

A maioria dos aquíferos são constantemente reabastecidos. O processo


por meio do qual um aquífero recebe água é chamado de recarga. A recarga
natural depende fundamentalmente do regime pluviométrico (quantidade de
chuvas) e do equilíbrio que se estabelece entre a infiltração, escoamento e
evaporação. Sendo assim, a topografia da área, a natureza do solo e a situação
atual da cobertura vegetal têm papel fundamental na recarga dos aquíferos. Os
aquíferos são reabastecidos por meio de infiltração direta das águas na

75
superfície do solo/rocha (recarga direta). Esta infiltração ocorre em toda
superfície dos aquíferos livres ou, no caso dos aquíferos confinados, nas áreas de
afloramento (áreas onde a rocha “aparece” na superfície). Porém, existem locais
em que os aquíferos não estão em contato direto com as águas superficiais, mas
continuam a ser recarregados. Nesse caso, os aquíferos recebem água através
de outras rochas (recarga indireta). As áreas de recarga direta geralmente estão
localizadas em altos topográficos (morros, serras etc) e afloramentos de rochas
sedimentares. São áreas extremamente importantes para a manutenção da
qualidade e quantidade das águas subterrâneas. Portanto, é fundamental que
estas áreas sejam protegidas, evitando-se o desmatamento, o uso incorreto dos
solos e a instalação de atividades potencialmente poluidoras.

6.3. RECURSOS NATURAIS BIOLÓGICOS


Os recursos biológicos são recursos naturais de extrema importância para
a vida do homem na Terra. Segundo a Convenção da Diversidade Biológica, os
recursos biológicos compreendem recursos genéticos, organismos ou partes
destes, populações, ou qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de
real ou potencial utilidade ou valor para a humanidade. A partir dos recursos
biológicos, o homem pode obter materiais e energia através da exploração por
meio de atividades como a agropecuária, a pesca, a caça, agricultura e extração
de madeira das florestas.
Desde os primórdios da humanidade, o uso dos recursos biológicos, como
a pesca, é um processo tipicamente extrativo, sendo responsável por importante
fonte de proteína animal para a alimentação. Nas últimas décadas, a importância
da pesca como atividade econômica e social cresceu consideravelmente,
chegando a destacar-se como principal atividade em algumas comunidades,
regiões e até países. É relevante evidenciar que os recursos pesqueiros não têm
sua origem no trabalho humano e, ao contrário da produção industrial, a
reprodução dos objetos do trabalho – o pescado – se realiza segundo leis de
reprodução biológica dos cardumes, as quais escapam ao controle do homem.
Assim, a exploração dos recursos pesqueiros apresenta os mais variados
padrões, contemplando desde métodos simples e, em termos unitários, de baixo
impacto ambiental, como a pesca com linha e anzol, até aqueles que se utilizam
artes de arrasto. Estas, além de afetarem o recurso, objeto da pescaria, já que,

76
dependendo do fator de seleção, capturam tudo o que encontram pela frente,
ainda causam significativas alterações no ambiente.
No estado de São Paulo, por exemplo, de acordo com a Lista Estadual de
Fauna Ameaçada de Extinção, publicada em 2014 (Decreto Estadual nº 60.133),
das 344 espécies de peixes de água doce que ocorrem no estado de São Paulo,
64 (18%) foram consideradas como ameaçadas de extinção. Quanto à ictiofauna
marinha, no total nove espécies de peixes foram consideradas ameaçadas de
extinção e para outras 63 foi apontado como necessário o estabelecimento de
diretrizes de gestão e ordenamento pesqueiro para a conservação. Nesse
contexto, é interessante registrar uma pesquisa de 2013, realizada pela Fundação
SOS Mata Atlântica, que levantou uma relação de peixes ameaçados e, ao
mesmo tempo, mais consumidos na cidade de São Paulo, em feiras-livres e
mercados, estando os seguintes no topo da lista os peixes de água marinha:
sardinha, tainha, anchova, pescada-branca e badejo. Ou seja, os peixes mais
encontrados e vendidos nas bancas da capital se encontravam ameaçados,
direcionando o governo à tomada de ações para resolução de tais problemas.
O uso excessivo destes recursos biológicos é uma grande ameaça à
biodiversidade. Assim como nos aspectos animais, no âmbito vegetal encontra-
se, por exemplo, o uso indiscriminado da madeira ou a sua biopirataria8, no qual
muitas florestas já foram derrubadas para dar lugar a estradas, cidades,
plantações, pastagens ou para fornecer madeira. No processo de desmatamento,
primeiro são retiradas as madeiras de árvores nobres, depois as de menor porte
e, em seguida, toda a vegetação rasteira é destruída.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e outras organizações
independentes, como a organização não-governamental Instituto do Homem e do
Meio Ambiente na Amazônia (IMAZON), fazem o monitoramento do
desmatamento no Brasil. A floresta amazônica brasileira permaneceu
praticamente intacta até os anos 1970, quando foi inaugurada a rodovia
Transamazônica. A partir daí, passou a ser desmatada para criação de gado,

8
Biopirataria é o nome dado à exploração e utilização de recursos naturais ou conhecimento tradicional a
respeito desses recursos de forma ilegal. O tráfico de animais, a extração de princípios ativos e a utilização
do conhecimento da população indígena sem autorizaçã o são exemplos de biopirataria. A biopirataria no
Brasil teve início na época do descobrimento, quando ocorreu uma intensa exploração de pau -brasil, uma
espécie de porte médio da família das leguminosas. Essa espécie, que era usada pelos indígenas para a
fabricação de corantes, foi levada para a Europa pelos portugueses. Iniciou -se aí a exploração da planta e a
utilização do conhecimento tradicional.
77
plantação de soja e exploração da madeira. Em busca de madeiras de lei , como o
mogno, empresas madeireiras instalaram-se na região amazônica para fazer a
exploração ilegal. Como a maior floresta tropical existente, ela é uma das grandes
preocupações do mundo inteiro. O desmatamento da Amazônia provoca impacto
na biodiversidade global, na redução do volume de chuvas e contribui para a piora
do aquecimento global.
Em termos de conservação de recursos genéticos, no Brasil se pratica a “in
situ” (conservação das espécies na comunidade a que pertencem dentro do
ambiente a que estão adaptadas a “ex situ" (conservação das espécies fora do
seu local de origem)). Em termos da conservação “in situ”, grande fulcro para a
bioprospecção molecular, no Brasil praticam-se as modalidades de áreas
protegidas, reservas genéticas, áreas de produtores tradicionais e áreas de
populações indígenas, que possuem ainda como vantagem a permissão para a
atuação das forças evolucionárias das espécies. Para o caso da conservação “ex
situ”, são as seguintes as principais modalidades: coleção de base, coleção ativa,
coleção de trabalho, coleção a campo, coleção “in vitro", coleção em
criopreservação, coleção nuclear e banco genômico. Se hoje no mundo existem
cerca de 6,1 milhões de acessos de plantas conservadas em 1.320 bancos de
germoplasma distribuídos pelos 157 países que compõem a Comissão de
Recursos Fitogenéticos da FAO, incluindo o Brasil, em nosso país já existem mais
de 200 mil acessos de plantas “ex situ”, em cerca de 160 bancos de germoplasma
implantados em mais de 50 locais espalhados pelo Brasil, sem contar com a
conservação “in situ”. Tudo isso faz parte de um Sistema Nacional de Curadoria
de Germoplasma coordenado pelo Cenargen e incluído no âmbito do Sistema
Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), coordenado pela Embrapa.
A utilização comercial de recursos genéticos autóctones é ainda incipiente
no Brasil, apesar da existência de um número elevado de espécies já
domesticadas ou em processo de domesticação, que remontam aos primeiros
povos americanos. As plantas silvestres possuem uma grande diversidade de
genes próprios, disponíveis para incrementar a reduzida base genética dos
cultivos agrícolas estabelecidos.
Estes genes silvestres podem ser utilizados (e de fato o são, há anos,
através de cruzamentos) para melhorar cultivos: aumentando a capacidade para
resistir às enfermidades e pragas, adiantando a época da colheita, aumentando a

78
resistência às condições adversas etc., juntamente com a exploração
farmacológica, que nacionalmente está em seu início com muito campo aberto a
pesquisa de novos recursos genéticos. Segundo site do Ministério do Meio
Ambiente, atualmente, os fitoterápicos representam aproximadamente 25% do
mercado mundial, o que implica em uma movimentação financeira para produtos
derivados de recursos genéticos, situada entre US$500 e 800 bilhões anuais.
Em alguns países, como o Brasil, criaram-se os Centros de Recursos
Biológicos (Biological Resource Centers ou CRB), os quais são, de maneira
genérica, centros depositários de material biológico e material genético. Os CRB
são responsáveis pela aquisição e conservação de organismos cultiváveis
(microrganismos e células de plantas, animais e humanas) de longo prazo, partes
replicáveis destes (bibliotecas genômicas, plasmídeos, vírus e fragmentos de
DNA clonado) e suas informações associadas. As atividades de rotina de um CRB
incluem a aquisição, caracterização, autenticação, preservação e distribuição de
material biológico. Essas atividades geram informações de interesse científico e
tecnológico sobre o material depositado em acervo, que são armazenadas em
bancos de dados. Os CRB são componentes chaves da infraestrutura científica e
tecnológica necessária para o desenvolvimento da biotecnologia, provendo
insumos, material biológico certificado e informações associadas.
A Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), assinada em 1992 no
Rio de Janeiro (Brasil), consagra como objetivos (Art.º 1.º) a conservação da
diversidade biológica, o uso sustentável das suas componentes e a partilha justa
e igual dos benefícios provenientes dos recursos genéticos. A CDB foi ratificada
por 188 Estados, onde entrou formalmente em vigor no Dia Mundial da Floresta
(21 de Março de 1994). A CDB cobre três níveis da diversidade biológica: os
ecossistemas, os organismos/espécies e os recursos genéticos, mas não abrange
material de origem humana e outro material biótico integrado no atual conceito e
mais vasto de recursos biológicos. Assim, a Convenção sobre a Diversidade
Biológica passa a ser dinamizadora e contemporânea de importantes
desenvolvimentos e tendências das coleções de culturas de microrganismos com
as suas inseparáveis parcerias com a biotecnologia.

79
QUESTÕES

1. A pressão sobre os recursos terrestres tem aumentado nos últimos


anos. O crescimento econômico tem acontecido à custa dos recursos
naturais e dos ecossistemas. Dentro desse contexto assinale a
alternativa INCORRETA:
a. A falta de séries temporais coerentes e confiáveis sobre o estado
do meio ambiente é uma grande barreira ao aumento da eficácia
dos programas e políticas na área ambiental.
b. A conservação é entendida como a intocabilidade da natureza e
do ecossistema pelo homem, acreditando-se que, uma vez
rompido o equilíbrio existente no sistema, este não mais se
recomporá.
c. Muitos instrumentos internacionais e nacionais já estabelecidos
estão contribuindo para melhorias ambientais. Existem indícios,
no entanto, que a deterioração continua em muitos locais e na
maioria das questões ambientais globais relatadas pela PNUMA
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
d. Alcançar a meta firmada no âmbito da Convenção das Nações
Unidas sobre Mudança Climática de reduzir as emissões de
gases de efeito estufa, para que o aumento na temperatura
média mundial permaneça abaixo de 2°C em relação aos níveis
pré-industriais, exigirá não só o cumprimento dos atuais
compromissos, mas também a introdução de transformações que
promovam uma economia global de baixo carbono.
e. Alguns sistemas florestais e agroflorestais, bem como os
esforços para reduzir a conversão da terra a outros usos,
oferecem exemplos que podem resultar na manutenção e reforço
de estoques de carbono no solo e contribuem para a
conservação e uso sustentável da biodiversidade.

2. (NUCEPE – 2015) Existe uma preocupação constante com alternativas


sustentáveis para a utilização dos recursos naturais pelas gerações
atuais sem comprometer esses recursos para as gerações futuras.

80
Assinale a alternativa que NÃO apresenta corretamente este contexto.
a. A sustentabilidade relaciona-se à busca de uma relação
harmônica entre a sociedade e a natureza.
b. A exploração do meio ambiente está relacionada com o avanço
do desenvolvimento tecnológico, científico e econômico, que
promove alterações muitas vezes irreversíveis na natureza.
c. O indiscriminado uso dos recursos naturais não renováveis tem
cada vez mais ameaçado a integridade das paisagens.
d. A compreensão dos recursos naturais como infinitos possibilitou
o nascimento de um padrão de desenvolvimento que tem como
paradigma o reconhecimento da insustentabilidade das
sociedades contemporâneas.
e. O desenvolvimento sustentável configura-se em um novo modelo
de desenvolvimento ou de organização social que se baseia na
equidade social, econômica, cultural e ambiental.

3. (FGV – 2010) Analise os itens sobre funções dos Centros de Recursos


Biológicos (CRBs).
I. Preservação de plasmídeos cultivados em células apropriadas.
II. Depositários de material envolvido em processos de patente.
III. Preservação de tecidos de plantas de interesse biotecnológico.

Assinale:
a. Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
b. Se apenas a afirmativa I estiver correta.
c. Se todas as afirmativas estiverem corretas.
d. Se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
e. Se apenas a afirmativa II estiver correta.

4. (FGV – 2010) Sobre legislação, analise as afirmativas a seguir.


I. A convenção sobre diversidade biológica (CDB) recebeu adesão de
pelo menos 187 países que reconhecem que os direitos sobre os
recursos biológicos são patrimônio comum da humanidade.

81
II. É competência do INMETRO designar e apoiar a implantação de
centros depositários de material biológico para fins patentários, em
cumprimento à Lei de propriedade industrial.
III. Uma problemática associada à gestão da propriedade intelectual
de coleções brasileiras é a falta de políticas públicas sobre o
assunto associada ao confinamento de pesquisa de caráter
aplicado às instituições de ensino ou pesquisa e não às empresas.

Assinale:
a. Se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
b. Se apenas a afirmativa III estiver correta.
c. Se apenas a afirmativa II estiver correta.
d. Se todas as afirmativas estiverem corretas.
e. Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

GABARITO
1. B
2. D
3. C
4. B

82
UNIDADE 04

RECURSOS ENERGÉTICOS

Caro(a) Aluno(a),
Seja bem-vindo(a)!
Nesta unidade verificaremos os recursos energéticos utilizados
atualmente, tanto renováveis quanto não-renováveis.

Conteúdos da Unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 01 e 02). No capítulo 07
verificaremos os principais recursos energéticos não renováveis (combustíveis
fósseis e energia nuclear) juntamente com o conceito atual de energia. No
capítulo 08 verificaremos os principais recursos energéticos renováveis (energias:
eólica, maremotriz, solar fotovoltaica, heliotérmicas, hidráulica, geotérmica e
biomassa).
Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos,
à medida que for estudando.

83
7. CAPÍTULO 07 – RECURSOS ENERGÉTICOS NÃO RENOVÁVEIS
7.1. INTRODUÇÃO
A energia elétrica é um dos bens de consumo fundamentais para a
humanidade, porém 75% da energia gerada no mundo é consumida por apenas
25% da população. Os meios de transporte e comunicação, além das residências,
indústrias, comércio, agricultura e vários campos da sociedade, dependem
totalmente da disponibilidade de energia, tanto a eletricidade quanto os
combustíveis. Por isso, com o crescimento socioeconômico de diversos países, a
cada ano a procura por recursos para a geração de energia cresce, elevando
também o caráter estratégico e até disputas internacionais em busca de muitos
desses recursos.
Os recursos são diversificados, no qual cada um deles se direciona melhor
para determinados fins e produz determinados impactos que devem ser avaliados
para a adequação quanto às escolhas sobre sua utilização. Ao longo do tempo, a
escolha sobre qual recurso energético utilizar foi se modificando de acordo com
as possibilidades disponíveis, dos avanços tecnológicos e do contexto vivido. Se
o sol, o vento, a água e a madeira foram utilizados com predominância até a
idade moderna, a partir do século XVIII temos no carvão e no petróleo
importantes bases energéticas para o desenvolvimento econômico e tecnológico
da Era Industrial que se iniciava. As questões energéticas sempre se mostraram
relevantes na infraestrutura da sociedade, mas foi com a Revolução Industrial que
se tornaram cada vez mais um ponto estratégico.
O petróleo abundante e barato ofereceu as condições básicas para o
vertiginoso desenvolvimento da indústria automobilística, com seus fornecedores
e subfornecedores – e uma poderosa estrutura de comercialização que se
estende por todo o mundo em paralelo à rede de distribuição de combustíveis.
Desde a Revolução Industrial, a quantidade de CO2 se acumula de forma a
levar a concentrações na atmosfera que tendem a alterar o funcionamento do
sistema climático. O problema se acelerou depois da Segunda Guerra Mundial,
com o avanço da industrialização em outras partes do planeta, aprofundando e
consolidando seu caráter intensivo na queima de combustíveis fósseis. Mais
recentemente, outros fatores, como o avanço do desmatamento em países como
o Brasil e a Indonésia e outras causas associadas a mudanças no uso da terra
(MUT), passam a constituir elementos explicativos para o problema.

84
A história da energia no Brasil começou a mudar de rumo a partir da
Segunda Guerra Mundial. Até 1940, a principal fonte primária de energia do país
era a lenha, que respondia por mais de 75% do consumo energético. Depois da
guerra, os processos de urbanização e industrialização e o consequente
desenvolvimento dos transportes rodoviários induziram um rápido crescimento do
consumo de energia, levando o país a implantar dois sistemas fundamentais: o
elétrico, para alimentar as cidades, o setor de serviços e uma parte das indústrias,
e o do petróleo e gás, para suprir os transportes e outra parte das indústrias.
Conforme reconhecido pelo Protocolo de Kyoto em 1997, conseguir um
futuro de energia sustentável é o grande desafio do século XXI. Os padrões atuais
de recursos energéticos e de uso de energia se mostram prejudiciais para o bem-
estar a longo prazo da humanidade. A integridade dos sistemas naturais
essenciais já está em risco por causa da mudança climática causada pelas
emissões de gás estufa na atmosfera. Ao mesmo tempo, os serviços básicos de
energia atualmente não estão disponíveis a um terço das pessoas do mundo e
mais energia será essencial para um desenvolvimento sustentável e equitativo.
Os riscos à segurança energética 9 nacionais e globais são ainda mais
exacerbados pelo custo crescente da energia e pela competição pelos recursos
energéticos distribuídos irregularmente. Tal segurança tem que funcionar em um
mundo de crescente interdependência, dependendo de como os países gerem as
suas relações uns com os outros, seja de forma bilateral ou em plataformas
multilaterais. Isto porque não basta criar soluções para os problemas imediatos,
mas exige ver para além dos ciclos de subidas e descidas e conseguir destrinchar
a realidade de um sistema energético global cada vez mais complexo e integrado
nas relações entre os países que nele participam.
Os problemas energéticos requerem soluções cooperativas para a gestão
dos recursos existentes, descoberta de novos recursos e desenvolvimento de
formas alternativas de energia. A disrupção da oferta de energia pode causar
vulnerabilidades econômicas, políticas e de segurança significativas, de forma

9
O termo segurança energética pode ser conceituado na capacidade de preservar os meios de
fornecimento de energia e de proteger toda a cadeia de suprimento de energia e de infraestrutura
energética a partir de um conjunto de medidas preventivas, regulatórias e afirmativas, com o intuito de
estabelecer um equilíbrio entre as necessidades de sobrevivência dos ato res e as expectativas de
ordenamento do sistema.
85
que a independência energética é a única maneira de evitar estas
vulnerabilidades.

7.2. ENERGIA
Energia, em grego, significa “trabalho” (do grego enérgeia e do latim
energia) e, inicialmente, foi usado para se referir a muitos dos fenômenos
explicados através dos termos: “vis viva” (ou “força viva”) e “calórico”. A palavra
energia apareceu pela primeira vez em 1807, sugerida pelo médico e físico inglês
Thomas Young. A opção de Young pelo termo energia está diretamente
relacionada com a concepção que ele tinha de que a energia informa a
capacidade de um corpo realizar algum tipo de trabalho mecânico. Antes de 1800,
o conceito de força (vis) possuía um sentido bastante abrangente, adaptando-se a
diferentes campos: força elétrica, força gravitacional, força magnética. Esta
abrangência do uso da concepção de força ainda não permitia muitas
aproximações entre estas diferentes manifestações, apenas se desenvolviam
estudos que buscavam aprofundar a forma como estas forças se manifestavam
nos diversos contextos físicos.
O século XIX é marcante para o desenvolvimento do conceito de energia e
da concepção da ideia de campo magnético e de campo elétrico, e para a
unificação dos fenômenos elétricos com os fenômenos magnéticos, com a
energia passando a ser relacionada aos campos físicos e a interligar os
fenômenos térmicos, eletromagnéticos e mecânicos. A energia colocada ainda
como uma força pela tradição, mas já concebida como sendo algo diferente da
idéia de força estabelecida por Newton, passa a constituir-se numa grandeza
física das mais importantes. Seu papel centralizador na descrição do
comportamento interno e dinâmico de sistemas físicos ocorre principalmente no
transcurso do desenvolvimento da teoria termodinâmica.
As comprovações experimentais de Mayer e Joule abriram caminho para a
formação de linhas de pesquisa para formalização de uma lei geral de
conservação para a “energia”. Em 1847 o fisiologista e físico alemão Hermann
Ludwig Ferdinand von Helmholtz, no célebre trabalho intitulado Ueber die
Erhaltung der Krafft (“Sobre a conservação da força”), enunciou o Princípio Geral
da Conservação da Energia (ficando depois estabelecido como o primeiro

86
princípio da termodinâmica). Na oportunidade, Helmholtz relaciona a conservação
da energia à mecânica e à gravitação. Considerada como a primeira lei da
termodinâmica, estabelecia a conservação nos processos onde havia trocas de
calor, variação da energia interna e realização de trabalho, porém não regulava a
forma e o sentido como as transformações energéticas poderiam ocorrer na
natureza, dúvida que só foi inteiramente sanada com o aparecimento da segunda
lei da termodinâmica.
Uma característica essencial das formas energéticas é a possibilidade de
interconversão. Isto é, uma forma energética eventualmente pode ser convertida
em outra, de modo espontâneo ou intencional, permitindo neste último caso
adequar-se a alguma utilização desejada. Frequentemente se empregam as
expressões “processos de geração de energia” ou “sistemas de consumo de
energia”, quando o mais correto, a rigor, seria falar em “processos de conversão
de energia”. A Figura 16 apresenta as principais formas de conversão entre seis
formas básicas de energia, podendo-se observar que enquanto alguns processos
foram desenvolvidos e aperfeiçoados pelo homem, outros só são possíveis
mediante processos naturais, como a conversão energética muscular e a
fotossíntese. Nesta figura pode-se também notar como são bastante variados os
processos que resultam em energia térmica e como a energia mecânica está
envolvida em diversos processos tecnológicos.
(COLOCAR A FIGURA 16 AQUI)

Figura 16 – Processos de conversão energética (Fonte: ELEKTRO, 2012.)

A importância da conversão de energia elétrica, mecânica e térmica na


sociedade é essencial para o crescimento econômico, desenvolvimento
tecnológico e outras atividades humanas. O elevado consumo de combustíveis
fósseis gera a preocupação com a exaustão das reservas, segurança de
abastecimento e os impactos ambientais. Como consequência, surge a
necessidade de processos que não degradam o meio ambiente, possuam uma
boa eficiência energética e atendem a demanda de energia requerida.

87
7.3. ENERGIA FÓSSIL
A energia fóssil é produzida a partir de petróleo, gás natural e carvão, ou
seja, é a energia obtida na queima de combustíveis fósseis. Esses combustíveis -
hidrocarbonetos - são o resultado da decomposição de organismos vivos durante
eras geológicas e os efeitos da temperatura, pressão e certas bactérias. Ao
contrário das fontes de energia renováveis, as fontes de energia fósseis
desaparecerão quando as reservas planetárias estiverem esgotadas.

7.3.1. PETRÓLEO
O petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos (moléculas de carbono
e hidrogênio) que tem origem na decomposição de matéria orgânica,
principalmente o plâncton (plantas e animais microscópicos em
suspensão nas águas), causada pela ação de bactérias em meios com
baixo teor de oxigênio. Ao longo de milhões de anos, essa
decomposição foi-se acumulando no fundo dos oceanos, mares e
lagos e, pressionada pelos movimentos da crosta terrestre,
transformou-se na substância oleosa denominada petróleo. Essa
substância é encontrada em bacias sedimentares específicas,
formadas por camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou
calcários. Embora conhecido desde os primórdios da civilização
humana, somente em meados do século XIX tiveram início a
exploração de campos e a perfuração de poços de petróleo. A partir de
então, a indústria petrolífera teve grande expansão, principalmente nos
Estados Unidos e na Europa. Apesar da forte concorrência do carvão e
de outros combustíveis considerados nobres naquela época, o petróleo
passou a ser utilizado em larga escala, especialmente após a invenção
dos motores a gasolina e a óleo diesel.
O petróleo é por definição um combustível fóssil. Líquido oleoso, rico
em hidrocarbonetos, principalmente alcanos. Esse combustível é
encontrado no subsolo, não como uma espécie de rio subterrâneo ou
camada líquida entre as rochas sólidas, mas sim impregnado nas
rochas sedimentares, em profundidades que variam de poucos metros
da superfície, chegando até mesmo a mais de 3 km abaixo da

88
superfície, tanto em terra firme quanto em terras submersas, formando
as reservas.
De acordo com o Anuário Estatístico Brasileiro de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis, publicado pela Agência Nacional do
Petróleo (ANP) em 2016, as reservas provadas de petróleo no mundo
atingiram a marca de 1,7 trilhão de barris. Dentre os países, a
Venezuela seguiu como detentora do maior volume de reservas
petrolíferas, com 300,9 bilhões de barris (17,7% do total mundial), após
ter ultrapassado a Arábia Saudita em 2010. As reservas sauditas
mantiveram-se estáveis, totalizando 266,6 bilhões de barris (15,7% do
total mundial), o que situou o país na segunda posição do ranking
mundial de reservas provadas de petróleo. A Figura 17 apresenta um
cartograma a respeito das reservas provadas de petróleo segundo
regiões geográficas.
(COLOCAR A FIGURA 17 AQUI)

Figura 17 – Cartograma das reservas provadas de petróleo, segundo


regiões geográficas (bilhões de barris) (Fonte: AGÊNCIA NACIONAL
DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS, 2016)

7.3.2. GÁS NATURAL


O gás natural é um combustível fóssil que se encontra na natureza,
associado ou não ao petróleo, formado por hidrocarbonetos, com
predominância de metano, e à temperatura ambiente e pressão
atmosférica permanece em estado gasoso. Trata-se de uma importante
fonte de energia para prover eletricidade e calor, além de ser utilizado
como combustível em automóveis e como matéria-prima na indústria
química. É um dos energéticos mais importantes do mundo, atrás
apenas do petróleo e do carvão.
Além de apresentar maior poder calorífico, o gás natural se
caracteriza por ser um energético “limpo”: ele é menos poluente, sua
combustão é completa e não exige grandes tratamentos químicos para

89
ser transportado e consumido. Dentre suas principais vantagens sobre
as demais fontes de energia, destacam-se:
 Facilidade de utilização
 Pureza que permite combustão completa
 Maior controle de queima no processo produtivo
 Menor corrosão
 Redução da necessidade de manutenção de equipamentos
 Maior eficiência em automação de processos
 Permite o domínio das velocidades e das pressões ligadas a
seu estado gasoso
 Eliminação de estoques
 Melhoria da qualidade de produtos onde há queima direta
pela não contaminação, além de ser um combustível que
apresenta menores danos ambientais frente aos demais
energéticos não-renováveis

De forma geral, pode-se dizer que o mercado de gás natural é


recente. A ingressão deste energético como atividade econômica no
cenário mundial se deu no início do século XX, desenvolvendo-se
irregularmente nas diversas regiões do planeta. Já o uso do gás natural
como fonte de suprimento energético se deu principalmente a partir dos
choques do petróleo, ocorridos nos anos de 1973 e 1979,
caracterizados pela elevação dos preços provocada pela Organização
dos Países Exportadores do Petróleo (OPEP), que levou as grandes
potências consumidoras a diversificarem seus suprimentos de energia.
Esses eventos alertaram sobre a necessidade da diversificação das
fontes energéticas, a fim de diminuir a vulnerabilidade dos países
associada a choques de oferta de petróleo, conjuntura esta que, entre
outros, impulsionou o uso de hidrocarbonetos gasosos.

7.3.3. CARVÃO
O carvão mineral – ou simplesmente carvão – é um combustível
fóssil sólido formado a partir da matéria orgânica de vegetais
90
depositados em bacias sedimentares. Fundamental para a economia
mundial, o carvão é maciçamente empregado em escala planetária na
geração de energia elétrica e na produção de aço. Na siderurgia é
utilizado o carvão coqueificável, um carvão nobre com propriedades
aglomerantes. No uso como energético, o carvão admite, a partir do
linhito, toda gama possível de qualidade, sendo uma questão de
adaptação dos equipamentos ao carvão disponível. Entre os recursos
energéticos não renováveis, o carvão ocupa a primeira colocação em
abundância e perspectiva de vida útil, sendo a longo prazo a mais
importante reserva energética mundial.
A principal restrição à utilização do carvão é o forte impacto
socioambiental provocado em todas as etapas do processo de
produção e também no consumo. A extração, por exemplo, provoca a
degradação das áreas de mineração. A combustão é responsável por
emissões de gás carbônico (CO2). Existem dois tipos básicos de carvão
na natureza: vegetal e mineral. O vegetal é obtido a partir da
carbonização da lenha. O mineral é formado pela decomposição da
matéria orgânica (como restos de árvores e plantas) durante milhões de
anos, sob determinadas condições de temperatura e pressão. É
composto por átomos de carbono, oxigênio, nitrogênio, enxofre,
associados a outros elementos rochosos (como arenito, siltito, folhelhos
e diamictitos) e minerais, como a pirita.
Tanto o carvão vegetal quanto o mineral podem ser usados na
indústria (principalmente siderúrgica) e na produção de energia elétrica.
No entanto, enquanto o primeiro é pouco utilizado – exceto no Brasil,
maior produtor mundial –, o consumo do segundo está bastante
aquecido. Este movimento tem a ver não só com a disponibilidade de
reservas, mas com a qualidade do carvão, medida pela capacidade de
produção de calor (ou poder calorífico), expresso em kcal/kg (kilocaloria
obtida por quilo do combustível). Este poder calorífico, por sua vez, é
favorecido pela incidência de carbono e prejudicado pela quantidade de
impurezas (elementos rochosos e minerais).
No Brasil, o carvão mineral participa com um pouco mais de 5% na
matriz energética e com apenas 1,3% na matriz elétrica. O principal uso

91
do carvão ocorre na indústria siderúrgica, com mais de 98% sendo
importado. O carvão mineral brasileiro é considerado de baixa
qualidade, com alto teor de cinzas e baixo conteúdo de carbono, o que
inviabiliza a sua utilização fora das regiões das jazidas. A maior
vocação de uso é para a geração elétrica. Em 2010, o Brasil consumiu
perto de 20 milhões de toneladas de carvão, sendo 14,2 milhões
importadas. Dos 20 milhões consumidos, 4,4 milhões de toneladas
(22%) foram para uso na geração elétrica e o restante para uso na
indústria. As reservas de carvão do País estão situadas na região Sul,
sendo que apenas as reservas provadas são suficientes para atender a
mais de 500 anos da atual produção.

7.4. ENERGIA NUCLEAR


O átomo é composto de três partículas subatômicas principais: os elétrons,
os prótons e os nêutrons. Os prótons e os nêutrons constituem o núcleo do
átomo, extremamente denso e fortemente ligado, enquanto os elétrons orbitam o
núcleo em uma região denominada eletrosfera. Como o próprio nome já diz, a
energia nuclear é obtida do núcleo do átomo. Pode ser utilizada a partir de
decaimentos radioativos (α, β, γ) ou por meio de reações nucleares controladas
(colisão entre dois núcleos), que por sua vez liberam energia. Esta energia
liberada pode ser canalizada para um fim específico. Há dois tipos de reações
nucleares: fusão e fissão.
A fusão nuclear consiste na reação entre dois núcleos atômicos leves, que
resulta na produção de uma espécie nuclear mais pesada do que os núcleos
atômicos iniciais. Na união de dois núcleos de hidrogênio, por exemplo, eles
podem fundir-se formando um núcleo de hélio, liberando uma gigantesca
quantidade de energia ao longo do processo. Com sucessivas reações de fusão
nuclear, todos os elementos químicos conhecidos podem ser sintetizados a partir
do hidrogênio.
Na fissão nuclear, um nêutron é lançado sobre o núcleo do Urânio 235, que
naturalmente já é um elemento instável. Com a penetração deste núcleo, o
processo de instabilidade se acelera e o Urânio 235 transforma-se no Urânio 236,
num intervalo de tempo da ordem de 10 –12 s, que para a percepção do ser
humano é instantânea, e após este lapso de tempo se fragmenta em dois

92
núcleos, que são os subprodutos da fissão, e dois ou três nêutrons (há
possibilidade de formação de cerca de noventa núcleos subprodutos diferentes no
resultado da fissão do Urânio). Este produto final possui uma quantidade de
massa menor que a massa de repouso original, pois há uma liberação de energia
da ordem de 200 Mega Elétrons-volts, (200 MeV), confirmando, assim, a famosa
equação de Einstein (Equação 02) que expressa a transformação de matéria em
energia.

A Figura 18 demonstra o processo de Fissão Nuclear


(COLOCAR A FIGURA 18 AQUI)

Figura 18 – Exemplo de Fissão nuclear (Fonte: <www.uol.com.br>. Acesso


em 20 de janeiro de 2018)

Em uma usina nuclear, a reação nuclear utilizada para liberação de energia


é o processo de fissão. A fusão nuclear ainda não é um processo dominado pelo
homem, pois necessita de temperaturas altíssimas para ocorrer (mais de 100
milhões de graus Celsius), embora muitos estudos e experimentos sejam
desenvolvidos atualmente nesse sentido.
Nas usinas nucleares, a geração de energia elétrica é efetuada de forma
semelhante a uma termelétrica convencional. A grande diferença é o processo
pelo qual a água é aquecida para produzir o vapor – esse calor vem da fissão
(divisão) de átomos de urânio-235. Para evitar que a fissão em cadeia dos átomos
de urânio-235 saia de controle, gerando calor em excesso e de forma destruidora,
o processo precisa ser moderado. Isso é feito por meio de varas colocadas junto
ao urânio-235, contendo átomos de elementos químicos que tenham a
propriedade de absorver nêutrons, como o boro.
As usinas nucleares também estão sujeitas a acidentes, como aconteceu
nas usinas de Three Miles Island, nos EUA, em 1979, e Chernobyl, na Ucrânia,
em 1986. O vazamento de radiação tem o poder de provocar alterações genéticas
e câncer por várias gerações, além de danos ambientais com consequências
incalculáveis a longo prazo. Vários países da Europa foram afetados pelas
consequências do vazamento radioativo de um reator em Chernobyl. Em função

93
dos riscos envolvidos, a Alemanha aprovou, em 2000, um programa de
desativação de suas usinas nucleares. A previsão é de que todas as usinas
alemãs estarão fechadas no período de dez anos.
No Brasil existem duas usinas nucleares em operação (Angra 1 e 2) no
município de Angra dos Reis, RJ. Uma terceira usina (Angra 3) teve sua
construção paralisada. O sistema fornece apenas 1,3% do total gerado pelo
sistema elétrico no País. Boa parte dos equipamentos empregados na Central
Nuclear de Angra foi importada da Alemanha.

94
8. CAPÍTULO 08 – RECURSOS ENERGÉTICOS RENOVÁVEIS
8.1. ENERGIA EÓLICA
O vento é gerado pelo aquecimento não homogêneo da atmosfera, que é
uma consequência das irregularidades da superfície terrestre (por exemplo, terra
versus mar), da rotação da terra (noite versus dia) e da forma quase esférica do
nosso planeta. As massas de ar mais quentes sobem na atmosfera e geram
zonas de baixa pressão junto à superfície da terra. Como consequência, massas
de ar frio deslocam-se para essas zonas de baixa pressão e dão origem ao vento.
Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar
em movimento (vento). Seu aproveitamento ocorre através da conversão da
energia cinética de translação em energia cinética de rotação, com o emprego de
turbinas eólicas, também denominadas aerogeradores, para a geração de energia
elétrica, ou através de cata-ventos e moinhos para trabalhos mecânicos, como
bombeamento de água. A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica
pública foi instalada em 1976 na Dinamarca.
A conversão da energia cinética dos ventos em eletricidade é feita através
de aerogeradores, que são constituídos, basicamente, por: turbina ou rotor eólico;
sistemas integrados ou auxiliares, como o sistema de orientação, a caixa de
multiplicação de velocidade, e o sistema de segurança; e um gerador elétrico. O
rotor, responsável por transformar a energia cinética em energia mecânica, é o
primeiro estágio da conversão. Os outros dois são transmissão mecânica e
multiplicação de velocidade; e, por fim, o próprio gerador, responsável por
converter a energia mecânica em energia elétrica, conforme esquema
apresentando na Figura 19.
(COLOCAR A FIGURA 19 AQUI)

Figura 19 – Esquema geral de funcionamento de um aerogerador (Fonte:


PICOLO, 2014)

O sistema de segurança, composto basicamente por freios, é um sistema


auxiliar necessário para controlar o giro da turbina em condições adversas de
operação. O regime de ventos não é constante e a conexão da turbina à rede
elétrica pode provocar oscilações e sobretensões. A quantidade de eletricidade
que pode ser gerada pelo vento depende de quatro fatores: da quantidade de

95
vento que passa pela hélice, do diâmetro da hélice, da dimensão do gerador e do
rendimento de todo o sistema.
A avaliação do potencial eólico de uma região requer trabalhos
sistemáticos de coleta e análise de dados sobre a velocidade e o regime de
ventos. Geralmente, uma avaliação rigorosa requer levantamentos específicos,
mas dados coletados em aeroportos, estações meteorológicas e outras
aplicações similares podem fornecer uma primeira estimativa do potencial bruto
ou teórico de aproveitamento da energia eólica. Para que a energia eólica seja
considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua densidade seja
maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50 m, o que requer uma velocidade
mínima do vento de 7 a 8 m/s. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia,
em apenas 13% da superfície terrestre o vento apresenta velocidade média igual
ou superior a 7 m/s, a uma altura de 50 m. Essa proporção varia muito entre
regiões e continentes, chegando a 32% na Europa Ocidental, como indicado na
Tabela 01.
Tabela 01 – Distribuição da área de cada continente segundo a velocidade
média do vento (Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2005)

Velocidade do vendo (m/s) a 50 m de altura


Região / Continente 6,4 a 7,0 7,0 a 7,5 7,5 a 11,9
3 2 3 2
(10 km 2)
3
(10 km ) (%) (10 km ) (%) (%)
África 3.750 12 3.350 11 200 1
Austrália 850 8 400 4 550 5
América do Norte 2.550 12 1.750 8 3.350 15
América Latina 1.400 8 850 5 950 5
Europa Ocidental 345 8,6 416 10 371 22
Europa Ocidental e ex-
3.377 15 2.260 10 1.146 5
URSS
Ásia (excluindo a ex-
1.550 6 450 2 200 5
URSS)
Mundo 13.650 10 9.550 7 8.350 6

Mesmo assim, estima-se que o potencial eólico bruto mundial seja da


ordem de 500.000 TWh por ano. Devido, porém, a restrições socioambientais,
apenas 53.000 TWh (cerca de 10%) são considerados tecnicamente aproveitáveis
(Tabela 02). Ainda assim, esse potencial líquido corresponde a cerca de quatro
vezes o consumo mundial de eletricidade. No Brasil, os primeiros anemógrafos

96
computadorizados e sensores especiais para energia eólica foram instalados no
Ceará e em Fernando de Noronha (PE) no início dos anos 1990. Os resultados
dessas medições possibilitaram a determinação do potencial eólico local e a
instalação das primeiras turbinas eólicas do Brasil.

Tabela 02 – Estimativas do potencial eólico mundial (Fonte: AGÊNCIA


NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2005)
Densidade Potencial
Porcentagem de Potencial Bruto
Região Demográfica Líquido
Terra Ocupada (TWh/ano) 2
(hab/km ) (TWh/ano)
África 24 106.000 20 10.600
Austrália 17 30.000 2 3.000
América do Norte 35 139.000 15 14.000
América Latina 18 54.000 15 5.400
Europa Ocidental 42 31.400 102 4.800
Europa Ocidental e ex-
29 106.000 13 10.600
URSS
Ásia (excluindo a ex-
9 32.000 100 4.900
URSS)
Mundo 23 498.400 - 53.000

8.2. ENERGIA MAREMOTRIZ


O fenômeno das marés decorre da influência das forças gravitacionais
exercidas principalmente pela lua e também pelo sol sobre os oceanos. Quando a
lua está sobre um determinado ponto do mar ou do litoral, ou em oposição a ele,
isto é, a um ângulo zero ou de 180 graus, teremos uma maré alta; já quando esse
satélite está posicionado a noventa ou 270 graus desse ponto, haverá uma maré
baixa. Esse ciclo repete-se em um intervalo de seis horas e doze minutos. As
condições específicas de determinada região litorânea - como a forma da costa e
o leito marinho, bem como a existência de baías e estuários - podem provocar
grandes variações de nível entre as marés altas e baixas e também elevadas
correntes, que podem ser aproveitadas para a geração de energia elétrica.
A energia das correntes de marés é o modo de geração de eletricidade
através da utilização da energia contida no movimento de massas de água devido
às marés, que poderá ser convertida com princípios similares aos da energia

97
eólica. A mais comum utiliza uma turbina posicionada na direção normal ao
escoamento e montada sob uma base submarina ou suspensa em uma
plataforma flutuante. O movimento das águas movimenta a turbina ligada a um
gerador que transforma esse movimento em energia. As causas que produzem as
correntes marinhas podem ser: pela ação do vento, sobretudo os ventos
sazonais, constantes e de longo período, como os alísios; pela diferença de
características físicas e químicas das águas, principalmente pela diferença de
temperatura e salinidade que, consequentemente, modificam a densidade; pelo
efeito Coriolis, devido à rotação terrestre; e pelas marés oceânicas. A Figura 20
apresenta um exemplo de uma usina maremotriz.

(COLOCAR A FIGURA 20 AQUI)

Figura 20 – Usina maremotriz (Fonte: <http://portaldaenergia.com/energia-


maremotriz/>. Acesso em 27 de janeiro de 2018)

Existem duas formas principais de aproveitamento da energia potencial das


marés: geração em maré vazante e geração em maré enchente. Além disso, é
possível a combinação de ambas as formas. Quando o processo de geração
ocorre apenas durante a maré vazante ou na maré enchente, é chamada de
geração em efeito simples; quando ambas as formas são utilizadas, é chamada
de geração em efeito duplo. A geração em maré vazante é a mais simples
estratégia de operação de uma usina maremotriz. Logo após a maré cheia, as
comportas de enchimento do reservatório são fechadas. O processo de geração
de energia é iniciado durante a maré vazante, quando a queda d’água é
aproximadamente a metade da amplitude da maré, ou seja, há queda d’água
suficiente para o início do funcionamento das turbinas. Esta operação é mantida
até que a altura da queda d’água se torne a mínima possível para a geração de
energia. Neste ponto, bloqueiam-se as passagens de água através das turbinas,
cessando-se a geração de energia até que a altura da queda d’água torne-se
novamente suficiente para o funcionamento das turbinas, isto após a maré alta
seguinte, conforme apresentado na Figura 21.

98
(COLOCAR A FIGURA 21 AQUI)
Figura 21 - Representação da geração em maré vazante em uma usina
maremotriz (Fonte: NETO, 2011)

Os dispositivos que são instalados submersos em águas oceânicas devem


levar em consideração o rigor do ambiente marinho para evitar a ocorrência de
problemas. O sistema de vedação dos mecanismos do equipamento, a corrosão
devido à solução salina, a existência de plantas aquáticas, a possibilidade de
choques com lixo e objetos jogados ao mar e o cuidado com a vida marinha são
alguns dos fatores que devem ser atentados.

8.3. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA


O conhecimento do efeito fotovoltaico remonta ao século XIX, quando, em
1839, Becquerel demonstrou a possibilidade de conversão da radiação luminosa
em energia elétrica mediante a incidência de luz em um eletrodo mergulhado em
uma solução de eletrólito. Esse mesmo efeito foi observado num sólido, o selênio,
em 1877 por Adams e Day na Inglaterra. Em 1883, aparece a primeira célula solar
produzida com selênio, com eficiência de conversão de aproximadamente 1%. Já
neste século, na década de 30, os trabalhos de diversos pioneiros da física do
estado sólido, como Lange, Grondahl e Schottkl, apresentaram importantes
contribuições para se obter uma clara compreensão do efeito fotovoltaico em
junção do estado sólido. Em 1941, Ohl obtém a primeira fotocélula de silício
monocristalino. No ano de 1949, Billing e Plessnar medem a eficiência de
fotocélulas de silício cristalino, ao mesmo tempo em que a teoria da junção P-N
de Shockely é divulgada. É, porém, apenas em 1954 que surge a fotocélula de
silício com as características semelhantes às encontradas hoje, com eficiência de
6%. O ano de 1958 marca o início, com grande sucesso, da utilização de
fotocélulas nos programas espaciais, sendo este o principal uso das células
solares até o final da década de 70. Grande impulso foi dado à utilização terrestre
da geração fotovoltaica a partir da crise mundial de energia em 1973/1974. A
partir do fim da década de 70, o uso terrestre supera o uso espacial, sendo que
esta diferença tem aumentado grandemente.
A energia solar fotovoltaica é a energia obtida através da conversão direta
da luz em eletricidade (Efeito Fotovoltaico), sendo a célula fotovoltaica, um

99
dispositivo fabricado com material semicondutor, a unidade fundamental desse
processo de conversão. A Figura 22 apresenta um exemplo de aplicação de uma
célula fotovoltaica.
(COLOCAR A FIGURA 22 AQUI)

Figura 22 – Exemplo de aplicação de uma célula fotovoltaica (Fonte:


<https://www.portalsolar.com.br/celula-fotovoltaica.html>. Acesso em 28 de
janeiro de 2018)

Os sistemas fotovoltaicos isolados caracterizam-se por possuir como fonte


primária apenas a energia gerada pelos painéis fotovoltaicos. Assim, precisa-se
de um sistema de armazenamento da energia captada, geralmente um banco de
baterias, para garantir o fornecimento de energia durante a noite ou em períodos
com baixa incidência solar. Em geral, um sistema de energia fotovoltaico isolado
está composto basicamente por uma arranjo de módulos fotovoltaicos, um
regulador de carga, uma ou mais baterias e, no caso que existirem cargas que
operam com tensão alternada, um conversor elevador e um inversor. Um sistema
fotovoltaico autônomo exige maximização no armazenamento da energia de
reserva para obter uma sustentabilidade técnica e econômica. A baixa eficiência
da conversão dos módulos solares comerciais, entre 6 e 16%, e o alto custo de
instalação são os maiores obstáculos deste tipo de geração.
As principais tecnologias aplicadas na produção de células e módulos
fotovoltaicos são classificadas em três gerações:
 A primeira geração, a qual é dividida em duas cadeias
produtivas: silício monocristalino (m-Si) e silício policristalino
(p-Si), que representam mais de 85% do mercado por ser
considerada uma tecnologia consolidada e confiável e por
possuir a melhor eficiência comercialmente disponível.
 A segunda geração, comercialmente denominada de filmes
finos, a qual é dividida em três cadeias produtivas: silício
amorfo (a-Si), disseleneto de cobre e índio (CIS) ou
disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS) e telureto de
cádmio (CdTe). Esta geração apresenta menor eficiência do

100
que a primeira e tem uma modesta participação do mercado,
competindo com a tecnologia c-Si.
 A terceira geração, ainda em fase de pesquisas, testes e
produções, a qual é caracterizada pela combinação ou
otimização de células fotovoltaicas multijunção e
concentração, células sensibilizadas por corante e células
orgânicas ou poliméricas.

8.4. ENERGIA SOLAR TÉRMICA (HELIOTÉRMICAS)


Neste tipo, o interesse é na quantidade de energia que um determinado
corpo é capaz de absorver sob a forma de calor, a partir da radiação solar
incidente no mesmo, ou seja, conversão da energia térmica de alta temperatura
em energia mecânica e posteriormente em energia elétrica.
O conceito de usinas heliotérmicas (ou usinas termossolares) é similar ao
de usinas termoelétricas convencionais. No entanto, ao invés de combustíveis
fósseis e energia nuclear como fonte primária de calor, centrais heliotérmicas
fazem uso da radiação solar. O princípio básico de funcionamento de um sistema
de geração de energia heliotérmica está esquematizado na Figura 23. Nesse
sistema, a tecnologia solar utilizada é o concentrador cilíndrico parabólico e o
fluido de trabalho é a água. Primeiramente, a radiação solar direta é refletida e
concentrada em um receptor. A água contida no receptor é superaquecida,
expandindo-se na forma de vapor. O vapor gerado escoa através de uma turbina,
é condensado e retorna ao receptor. À medida que o vapor realiza trabalho nas
pás da turbina, o eixo gira e produz trabalho. Em seguida, a energia mecânica
contida no eixo de rotação da turbina é convertida em energia elétrica com o
auxílio de um gerador.
(COLOCAR A FIGURA 23 AQUI)

Figura 23 – Ciclo heliotérmico simplificado sem armazenamento. (Fonte:


<http://energiaheliotermica.gov.br>. Acesso em 28 de janeiro de 2018)

A utilização dessa forma de energia implica não somente na sua forma de


captação, mas também em seu armazenamento. Os equipamentos mais
difundidos com tal objetivo são os coletores solares.

101
Os coletores solares são aquecedores de fluídos (líquidos e gasosos) e são
classificados em coletores concentradores e coletores planos, em função da
existência ou não de dispositivos de concentração da radiação solar. O fluido
aquecido pode ser mantido em reservatórios termicamente isolados até o seu uso
final. Os coletores concentradores estão associados a aplicações em
temperaturas superiores a 100ºC, podendo alcançar temperaturas de até 400ºC
para o acionamento de turbinas a vapor e posterior geração de eletricidade. Já os
coletores planos são utilizados fundamentalmente para aplicações residenciais e
comerciais em baixa temperatura (por volta de 60ºC), tais como: água aquecida
para banho, ar quente para secagem de grãos, aquecimento de piscinas, águas
aquecida para limpeza em hospitais e hotéis etc.
Progresso significativo foi alcançado no desenvolvimento de tecnologias
heliotérmicas, tornando-as economicamente competitivas para a geração de
eletricidade. Durante o início dos anos 80, foram construídas várias e importantes
plantas pilotos que operam satisfatoriamente, estabelecendo-se assim a
viabilidade da tecnologia. Hoje mais de 354 megawatts de eletricidade são
gerados através de plantas heliotérmicas comerciais nos Estados Unidos e a
experiência adquirida destas plantas, além das atividades de pesquisa e
desenvolvimento, ajudou a reduzir o custo dos sistemas heliotérmicos para um
quinto daquele das primeiras plantas pilotos. Sem dúvida, as melhoras
tecnológicas futuras reduzirão os custos mais ainda, além de contribuir para
melhorar os níveis de desempenho. Estes avanços, junto com reduções de custo
viabilizadas pela escala de produção, possibilitarão a construção de uma
sucessão de plantas heliotérmicas, prometendo tornar o custo de geração dos
sistemas heliotérmicos competitivo em relação às plantas de combustível fóssil.

8.5. ENERGIA HIDRÁULICA


A energia hidráulica provém da condensação, precipitação e evaporação
das águas, fatores estes causados pela irradiação solar e pela energia
gravitacional, sendo estes os responsáveis pela geração de energia hidráulica. As
usinas hidrelétricas têm a capacidade de transformar energia cinética em energia
elétrica a partir do aproveitamento do movimento das águas.
As principais variáveis utilizadas na classificação de uma usina hidrelétrica
são: altura da queda d’água, vazão, capacidade ou potência instalada, tipo de

102
turbina empregada, localização, tipo de barragem e reservatório. Todos são
fatores interdependentes. Assim, a altura da queda d’água e a vazão dependem
do local de construção e determinarão qual será a capacidade instalada, que, por
sua vez, determina o tipo de turbina, barragem e reservatório.
Existem dois tipos de reservatórios: acumulação e fio d’água. Os primeiros,
geralmente localizados na cabeceira dos rios, em locais de altas quedas d’água,
dado o seu grande porte permitem o acúmulo de grande quantidade de água e
funcionam como estoques a serem utilizados em períodos de estiagem. Além
disso, como estão localizados a montante das demais hidrelétricas, regulam a
vazão da água que irá fluir para elas, de forma a permitir a operação integrada do
conjunto de usinas. As unidades a fio d’água geram energia com o fluxo de água
do rio, ou seja, pela vazão com mínimo ou nenhum acúmulo do recurso hídrico.
A ausência de reservatório faz com que em épocas de seca seja reduzida a
capacidade energética produzida pela hidrelétrica, ou, em alguns casos, seja
desativada em determinados períodos do ano. Os processos de captação e
adução se dão por túneis, canais ou condutos metálicos, que levam a água até a
casa de força. Na casa de força estão localizadas as turbinas, constituídas por
uma série de pás ligadas ao um eixo, sendo que este está conectado ao gerador.
Com eficiência que pode chegar a 90%, as turbinas hidráulicas são atualmente as
formas mais eficientes de conversão de energia primária em energia secundária
(Figura 24).
(COLOCAR A FIGURA 24 AQUI)

Figura 24 – Esquema de funcionamento de usina hidrelétrica (Fonte:


QUEIROZ, 2013)

As turbinas transformam energia cinética, originada do movimento das


águas, em energia elétrica durante o movimento giratório das turbinas, as quais,
ao serem conectadas a geradores, produzirão energia elétrica. Após passar pelas
turbinas, a água é devolvida ao seu leito natural do rio através do canal de fuga.
Cerca de um terço da energia é perdida quando a força da água é
convertida em rotação devido à resistência mecânica apertando o rotor da turbina.
Há também uma perda de aproximadamente 25% no gerador quando a energia
mecânica é convertida para energia elétrica. O atrito no duto também provoca a

103
perda de aproximadamente mais 25% da potência. Para determinar o potencial
energético que a água de uma determinada região possui, é necessário
determinar a vazão do rio, a diferença de altura em que a água pode ser feita cair
e a eficiência10 do sistema.
As usinas podem ser classificadas como grande porte, médio porte ou
pequenas centrais hidrelétrica (PCH). Essa classificação é feita através do
potencial energético da usina. Segundo a classificação da Aneel, até 1MW de
potência são centrais geradoras hidrelétricas, de 1,1 MW a 30 MW são pequenas
centrais hidrelétricas e acima de 30 MW são usinas hidrelétricas de energia. Outra
divisão que se pode fazer é referente ao tipo de reservatório, sendo esse fio
d’água ou acumulação. No primeiro caso, a energia é gerada com o fluxo do rio, o
que em muitos casos não gera um acúmulo de água. Já no caso do reservatório
de acumulação, como o próprio nome diz, acumula a água nas cabeceiras de rios
onde há quedas d’água, assim a vazão é controlada e pode-se utilizar os
estoques em períodos de estiagem.
No que diz respeito às usinas hidrelétricas, dentre as dificuldades do setor
para ampliação e construção de novos empreendimentos, destinados à geração
de energia, destacam-se o elevado investimento inicial e o tempo considerável
para entrar em operação devido à complexidade das obras e às exigências dos
órgão ambientais. Portanto, é necessário que o planejamento de expansão seja
bem executado, evitando assim que o setor elétrico seja dependente de uma
variável incontrolável: as chuvas.
Uma das vantagens da energia hidráulica é que esta é considerada como
energia limpa, e, se comparada com outras fontes energéticas, torna-se evidente
a diferença de impacto que a mesma causa. Quando observada a quantidade de
gases de efeito estufa geradas por diferentes fontes de eletricidade, nota-se que a
hidrelétrica emite aproximadamente 60 vezes menos gases que as usinas de
carvão e 18 vezes menos que as usinas movidas a gás natural.

8.6. GEOTÉRMICA

10
A definição de eficiência, neste contexto, pode ser subentendida como a maior geração de energia
possível utilizando-se os recursos disponíveis, fazendo-se uso da menor quantidade de insumos para
alcançar um determinado nível requerido, ou seja, a maior eficiência é a melhor combinação entre essa
relação.
104
Geo significa Terra e térmica significa calor, por isso geotérmica é a
energia calorífica que vem da Terra. O processo é realizado pela “abertura” de
buracos fundos no chão até chegar aos reservatórios de água e vapor, o qual são
drenados até á superfície por meio de tubos e canos apropriados. O vapor faz
girar as lâminas das turbinas gerando energia mecânica. Tal energia fornecida
pelas turbinas é transformada em energia elétrica através de um gerador. Após
passar pela turbina, o vapor é conduzido para um tanque, onde vai ser arrefecido.
A água é de novo canalizada para o reservatório, onde será naturalmente
aquecida pelas rochas quentes. O processo de obtenção da energia geotérmica
por ser visualizado na Figura 25.
(COLOCAR A FIGURA 25 AQUI)

Figura 25 – Energia Geotérmica (Fonte: <www.portal-energia.com>.


Acesso em 28 de janeiro de 2018)

Os recursos geotermais podem ser classificados como sistemas de:


 Baixa entalpia ou sistemas por domínio de água quente: com
temperaturas que variam de 50 a 150ºC, em que a água
subterrânea, quente, é utilizada como fonte de calor.
 Alta entalpia ou sistema por domínio de vapor: com temperaturas
na faixa de 150 a 300ºC, em que o vapor é extraído do líquido, que é
utilizado para mover turbinas de geração de eletricidade.
 Rochas secas e quentes (hot dry rock – HDR): com temperaturas
entre 50 e 300ºC, em que a água é circulada para níveis mais
profundos em fraturas criadas artificialmente ou não, onde é
aquecida. Desse modo, a água quente e o vapor movem-se para a
superfície para serem utilizados como fontes de energia geotermal.

Entretanto, o aproveitamento das fontes geotermais está condicionado à


verificação da coexistência das seguintes condições, que configuram um
reservatório geotérmico:
 A existência de uma fonte de calor, a qual poderá ser um corpo
magmático ou rochas quentes.

105
 Um fluido transportador de calor, como a água, dispondo de
adequada recarga face à extração.
 Uma sequência de rochas permeáveis, que constitui o reservatório.
 Uma formação geológica não permeável e isolante de cobertura,
resultante da atividade hidrotermal do geofluido, que concentra e
retém toda a energia contida no reservatório.

8.7. BIOMASSA
A conversão da luz solar em energia química garante quase toda a vida
animal e vegetal na Terra. A biomassa é um dos recursos energéticos mais
antigos da humanidade e, de acordo com as estimativas disponíveis, ainda
representa cerca de 10% do consumo global de energia primária hoje.
Considera-se como biomassa toda a matéria de origem orgânica que pode
ser usada como combustível em usinas termelétricas, com a vantagem de ser
uma fonte renovável. Um exemplo de biomassa é a lenha. Podemos dizer que a
lenha é renovável somente quando o ritmo de extração está em equilíbrio com o
de reflorestamento. Caso contrário, ela perde seu caráter de renovabilidade,
colocando em risco a sobrevivência das florestas.
Dados precisos não existem, mas um terço da população mundial depende
de lenha, resíduos agrícolas, esterco animal e outros resíduos domésticos para
satisfazer as necessidades energéticas de domicílios.
Estima-se que essas utilizações tradicionais da biomassa respondam por
mais de 90% da contribuição da biomassa para o suprimento global de energia, a
maior parte do qual ocorre fora da economia formal de mercado e principalmente
nos países em desenvolvimento. Nesses países, calcula-se que a biomassa
tradicional responda por mais de 17% do consumo total de energia primária.
Modernas utilizações de biomassa para gerar eletricidade e calor, ou como fonte
de combustível para transportes, podem representar menos de 10% do consumo
total de energia de biomassa em todo o mundo.
A produção de biomassa pode ocorrer pelo aproveitamento de lixo
residencial e comercial ou de resíduos de processos industriais, como serragem,
bagaço de cana e cascas de árvores ou de arroz.
Nacionalmente, ela representa um grande potencial energético, já que o
Brasil é tradicionalmente um grande produtor de cana-de-açúcar, uma matéria-
106
prima que pode ser integralmente aproveitada. Além da produção de açúcar, a
cana é amplamente utilizada para a produção de álcool combustível, uma
alternativa que contribui para reduzir o consumo de combustíveis fósseis. Mais
limpo que a gasolina e o diesel, principalmente quanto à emissão de monóxido de
carbono e hidrocarbonetos, o álcool vem sendo empregado no Brasil desde 1974,
quando foi implantado o Programa Nacional do Álcool. No final da década de 80,
mais de 90% dos automóveis fabricados no país eram movidos a álcool. Porém,
devido a vários fatores, o Proálcool estagnou. Segundo a Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em 2003, 95% dos
automóveis fabricados eram movidos a gasolina. Mas, atualmente, mesmo os
automóveis movidos a gasolina poluem menos, pois recebem uma mistura de
25% de álcool para que seja reduzida a emissão de poluentes.

107
QUESTÕES

1. (CESGRANRIO – 2006) Segundo os dados do Balanço Energético


Nacional (BEN 2005), as três fontes de energia possuidoras das maiores
participações na matriz energética nacional são:
a. Derivados de petróleo, gás natural e carvão mineral.
b. Derivados de petróleo, biomassa e gás natural.
c. Derivados de petróleo, biomassa e hidroeletricidade.
d. Hidroeletricidade, biomassa e gás natural.
e. Hidroeletricidade, biomassa e urânio.

2. (CESGRANRIO – 2014) Com relação aos processos de obtenção de


material energético a partir da biomassa, o biogás é obtido a partir da
a. Pirólise
b. Eletrólise
c. Digestão anaeróbica
d. Transesterificação
e. Queima do alcatrão

3. (CESGRANRIO – 2014) A visão de sustentabilidade do setor energético e


os rumos da matriz elétrica brasileira foram o tema da Expedição Planeta
2013, realizada entre os dias 15 e 18 de maio pelo Planeta Sustentável [...].
O encontro aconteceu no Parque Nacional do Iguaçu, ao lado das famosas
cataratas e próximo da maior usina hidrelétrica do mundo, e reuniu
especialistas, entre gestores, cientistas, executivos, consultores, jornalistas
e organizações do terceiro setor, para debates de alto nível que apontaram
alguns caminhos.
Revista Superinteressante. São Paulo: Abril, 321. ed., ago. 2013, p.16. Adaptado.

Um dos caminhos apontados é de que a espinha dorsal do sistema elétrico


brasileiro continuará com as
a. Hidrelétricas, com base no baixo custo da tecnologia empregada.
b. Hidrelétricas, com base no reconhecimento do potencial hídrico do
país.

108
c. Termonucleares, com base na redução do preço do urânio no
mercado.
d. Termoelétricas, com base na vocação histórica do país no uso do
gás natural.
e. Termoelétricas, com base na tendência de aumento da oferta do
petróleo.

GABARITO
1. C
2. C
3. B

109
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