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Ecossistemas Aquáticos, Terrestres e Interfaces

Objetivos Gerais da Disciplina

O aluno deverá ser capaz de relacionar os organismos vivos com o ambiente onde
vivem, compreendendo as suas principais adaptações. Ainda mais, ele deve ser
habilitado a relacionar os impactos ambientais com as mudanças globais.

Ementa da Disciplina

Estudos da biosfera: o clima, o solo e os grandes biomas. Descrição do biociclo marinho


ou talassociclo: oceanos. Apresentação do biociclo de água doce ou dulcícola: rios e
lagos. Caracterização do biociclo terrestre ou epinociclo. Aspectos relevantes dos
Biomas terrestres e suas interfaces: tundra, floresta boreal, floresta de clima temperado,
floresta de clima tropical, campo e deserto. Conceituação dos biomas do Brasil: floresta
amazônica, mata atlântica, caatinga, campos cerrados, campo sulino, pantanal,
manguezal, restinga, duna. Estudo dos ecossistemas artificiais: cidades, barragens,
represas, etc. Estabelecimento de relações com mudanças globais: crise mundial da água
e desequilíbrio ecológico.

Bibliografia

Dajoz, R.- Princípios de Ecologia- Ed. ARTMED, 2005

Diblasi Filho, I. - Ecologia Geral- - Ed. Ciência Moderna, 2007

1
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Magalhães, M. F.; M.L. Frasson and S. M. Silva. Ecossistemas Brasileiros e Gestão


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Pinto- Coelho, R.M. Fundamentos em Ecologia. São Paulo, Ed. Artmed, 2008.

Townsend;Begon and Harper -Fundamentos em Ecologia. Ed.ARTMED, 2010

Início- 09/04/2012

Final- 24/06/2012

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I-INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS ECOSSISTEMAS

1- O que é um ecossistema?

Ecologia é a ciência que estuda as interações dos seres vivos entre si e com o
meio ambiente. A palavra ecologia vem do grego: oikós = casa ; logos = estudo, usada
pela primeira vez pelo biólogo alemão Ernst Haeckel em 1870.

Através da ação antrópica estamos presenciando a destruição da natureza e dos


recursos naturais, a poluição do ambiente e a exterminação de seres vivos. Por isso, a
Ecologia é uma ciência muito importante para a sobrevivência do homem no nosso
planeta. Na visão ecológica, não podemos considerar o homem como sendo o senhor do
universo, mas apenas uma espécie entre tantas outras, com a obrigação de reconhecer os
danos por ele causados na natureza e de restabelecer o equilíbrio biológico no planeta.

Vamos considerar, por exemplo, um ambiente terrestre onde as plantas verdes


são os seres produtores de alimento. Isso permite que haja energia necessária para a
subsistência de diversos tipos de organismos aí presentes,como animais que se
alimentam diretamente das plantas e outros que são carnívoros. No solo, temos a
presença de uma grande quantidade de microorganismos que se alimentam da matéria
orgânica morta, decompondo-a e transformando-a em matéria inorgânica simples (água,
gás carbônico e sais minerais). Essas substâncias inorgânicas, por sua vez, serão
reutilizadas novamente pelos organismos produtores, reiniciando assim o ciclo da
matéria naquele ambiente.

Portanto, todos os organismos estabelecem relações entre si e com o ambiente


onde vivem. Por isso, a extinção de uma única espécie , ou uma alteração climática
qualquer, podem causar um desequilíbrio ambiental comprometendo toda a organização
do sistema, quebrando a situação de estabilidade dos seres vivos entre si e com o meio
em que vivem, ou seja, destruindo o equilíbrio biológico.

Chamamos de população ao conjunto de organismos da mesma espécie, que


ocupam uma determinada área na mesma unidade de tempo. Como exemplos podemos
citar a população humana atual do Brasil; a população de determinados peixes num
lago, etc.

Dá-se o nome de comunidade ou biocenose ao conjunto de todos os organismos


estabelecidos numa determinada área. A comunidade, portanto, é constituída pela
somatória das populações presentes num determinado local . Esse local onde vive a
população é chamado de biótopo . Como exemplo podemos citar as populações de uma
floresta, de um campo, de um lago, de um rio, de uma cidade, etc.

Ecossistema é o conjunto formado pela comunidade e pelo meio ambiente. O


ecossistema, considerado a unidade ecológica básica, compreende o conjunto das

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influências mútuas existentes entre a comunidade ou biocenose e o mundo físico ou
biótopo. Em outras palavras, o ecossistema representa a somatória da biocenose mais o
biótopo. Como exemplo podemos citar uma floresta (englobando as populações aí
existentes mais o meio ambiente onde vivem).

O termo Biota é também usado para caracterizar todos os seres vivos de um


ecossistema.

O lugar ocupado por um organismo no ecossistema constitui o seu habitat. Já a


descrição do seu modo de vida constitui o seu nicho ecológico.

Dessa maneira, o termo nicho ecológico inclui informações referentes ao hábito


alimentar do organismo, onde e como isso ocorre, quais são seus inimigos naturais,
quais são os aspectos de sua reprodução, etc. Por exemplo, duas espécies de peixes
podem conviver numa mesma lagoa ( mesmo habitat); no entanto uma das espécies se
alimenta de pequenos peixes enquanto que a outra se alimenta de restos orgânicos
decompostos aí existentes . Portanto essas duas espécies possuem o mesmo habitat ,
mas apresentam nichos ecológicos distintos.

Por esse motivo, duas espécies não podem ocupar o mesmo nicho ecológico,
pois isso acarretaria em uma competição dessas espécies em todos os níveis possíveis ,
o que levaria ao desaparecimento da espécie menos apta, idéia esta conhecida como
Princípio de Gause.

Bioma é o nome que se dá aos grandes ecossistemas terrestres , com fisionomia


vegetal bem característica, determinada principalmente pelos fatores ambientais.

Biosfera é o conjunto formado por todos os ecossistemas da Terra . Constitui


portanto a porção do planeta habitada por qualquer tipo de seres vivos.A biota da Terra
abrange portanto a biosfera.

Portanto a ecologia é o estudo dos ecossistemas ,ou ainda, o estudo da biosfera.

Usa-se o termo biodiversidade ou diversidade biológica para se descrever a


riqueza e a variedade biológica da biosfera.

2- Tipos de Ecossistemas

Os Ecossistemas podem ser classificados em :

Ecossistemas Naturais- São aqueles que ocorrem de forma natural na biosfera.


Exemplos: rios, florestas, etc.

Ecossistemas Artificiais- São aqueles oriundos da ação antrópica. Exemplos:


cidades, plantações, reservatórios artificiais como barragens, etc.

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Com relação ao tamanho podemos classificar os ecossistemas em :

Micro-Ecossistemas- São ecossistemas que ocupam pequenas porções da


biosfera. Exemplos: um tronco caído; uma poça de água, etc.

Meso-Ecossistemas- São ecossistemas que ocupam porções medianas da


biosfera. Exemplos: lagoas, riachos, etc.

Macro-Ecossistemas- São ecossistemas que ocupam grandes porções da


biosfera. Exemplos : mar Morto, rio Amazonas, deserto de Atacama, etc.

Os ecossistemas podem ainda ser classificados, em relação ao habitat onde


ocorrem, em:

Ecossistemas Terrestres- São os ecossistemas que tem o solo como habitat,


onde as comunidades estão em contato com o solo e a atmosfera. Exemplos: bosques,
campos.

Ecossistemas Aquáticos- São os ecossistemas que tem como habitat o meio


liquido, podendo ser água doce, salgada ou salobra. Exemplos: rios, lagoas, mares etc.

Ecossistemas de Transição- São os ecossistemas que estão na interface entre o


continente e o meio líquido. Exemplos: manguezal, costão rochoso, brejos, etc.

3- Componentes do Ecossistema

Os componentes bióticos compreendem todos os seres vivos que vivem numa


determinada área. Já os componentes abióticos constituem os fatores ambientais que
atuam sobre os seres vivos como luminosidade, temperatura, disponibilidade de água,
tipos de solo, etc.

3-1 - Componentes Bióticos do Ecossistema

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3-1-1- Classificação dos seres vivos

Existem milhões de diferentes tipos de organismos vivendo na biosfera , e por


isso, é necessário organizar uma classificação dos mesmos baseada na história evolutiva
e nas semelhanças na anatomia, na fisiologia, no desenvolvimento embrionário, e nas
estruturas celular e bioquímica dos seres vivos atuais e extintos (através de seus
fósseis).

Dessa maneira, quanto maior for a semelhança entre dois grupos, maior será seu
grau de parentesco, ou seja, mais próxima será a sua origem evolutiva, ou ainda, menor
será o tempo em que ambos os grupos se divergiram a partir de um ancestral comum.

A unidade básica de classificação é a Espécie. Uma espécie constitui o conjunto


de indivíduos muito semelhantes (fisicamente e fisiologicamente) e que são capazes de
se cruzarem, originando indivíduos férteis.

Como exemplo, podemos citar a planta de milho, cuja espécie recebe o nome
científico de Zea mays. Uma reunião de espécies bem parecidas representa um Gênero
(no caso do milho, Zea); os gêneros semelhantes são agrupados em Famílias (Fam.
Poaceae no caso do milho); as famílias em Ordens (Ordem Commelinales, para o
milho); as ordens em Classe ( Classe Monocotyledonea ); as classes em Filos ( Filo
Anthophyta) e os filos em Reinos ( Reino Plantae para o milho).

As vezes, usa-se o termo Divisão para designar grupos de classes semelhantes


no Reino Plantae, substituindo o termo Filo, que é mais usado no Reino Animalia.

3-1-2- Principais Regras Internacionais de Nomenclatura

a)- Os termos que indicam o grupo taxonômico de reino até gênero, deverão ter a
inicial maiúscula.

b)- O nome da espécie deve ser escrito em latim, grifado (ou em itálico), sendo
obrigatoriamente designado por dois nomes (Sistema Binário ou Binominal de
Classificação) : o primeiro é o nome do gênero e o segundo é o epíteto científico que
designa a espécie. A inicial do termo indicativo do gênero deve ser escrita com letra
maiúscula; a inicial da espécie deve ser escrita com letra minúscula. Assim quando
escrevemos Phaseolus vulgaris estamos nos referindo ao feijoeiro que pertence ao
gênero Phaseolus e a espécie Phaseolus vulgaris .

c)- Se for necessário mencionar o autor que fez a descrição de uma certa espécie,
seu nome ou a abreviatura dele deve aparecer em seguida ao do termo binomial, sem
qualquer pontuação. Como exemplo podemos citar Phaseolus vulgaris L., onde o L.
significa Linnaeus, que alem de ter sido o criador do sistema binário de classificação,
foi neste caso, aquele que descreveu a espécie, e por isso deve figurar a sua inicial.

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3-1-3- Os Grandes Reinos

Até bem recentemente, era comum classificar todos os seres vivos em dois
Reinos: Reino Animália (incluindo todos os animais vertebrados e invertebrados e os
protozoários), e Reino Plantae , incluindo as plantas, fungos, algas e bactérias.
Atualmente, todos os organismos da biosfera são classificados em vários reinos. Essa
classificação obedece três critérios:

- Tipo de organização celular- caracteriza se os seres vivos são procariontes ou


eucariontes, ou seja, destituídos ou possuidores de membrana nuclear, nucléolo e
organelas envolvidas por membranas em suas células.

- Número de células- conforme os seres vivos sejam unicelulares (uma só


célula) ou pluricelulares (muitas células).

-Tipo de nutrição- os organismos podem ser:

a)- Autótrofos -(quando produzem seu próprio alimento) pela fotossíntese


(transformação de energia solar em energia química por seres clorofilados), ou
quimiossíntese ( obtenção de energia pela oxidação de compostos presentes no
ambiente), e utilização dessa energia para a sua própria sobrevivência.

b)- Heterótrofos ( quando obtém seu alimento por absorção ou ingestão de


material orgânico disponível).

De uma maneira geral, os biólogos classificam na atualidade todos os


organismos do planeta em cinco grandes reinos:

a)- Reino Monera

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Abrange todos os organismos unicelulares e procariontes, ou seja, seres que não
apresentam envoltório nuclear. Alem disso não possuem nem plastos (como
cloroplastos) , nem mitocôndrias.

Como exemplo , podemos citar as bactérias e cianobactérias, também


conhecidas como cianofíceas ou ainda algas azuis.

b)- Reino Protista

Inclui organismos unicelulares ou pluricelulares eucariontes, ou seja, em suas


células, o material genético é separado do citoplasma pela membrana nuclear, formando
um núcleo individualizado.

Suas células possuem ainda diversas organelas celulares como mitocôndrias e


plastos, que são ausentes no Reino Monera.

No Reino Protista estão incluídos: os protozoários (que são heterótrofos) como a


ameba, o paramécio ; as algas protistas inferiores ( que são autótrofas e unicelulares),
como as diatomáceas e a euglena; as algas protistas superiores , como a alface do mar, o
sargaço, que também são autótrofas e pluricelulares.

Nos organismos pluricelulares do Reino Protista, ainda não existem vasos


condutores (o transporte de substâncias é feito por difusão) e o corpo é formado por um
talo, isto é, um conjunto de células no qual não se distinguem tecidos nem órgãos
típicos como raiz, caule e folhas.

Por essa razão, esses organismos são conhecidos também como Talófitos.

c)- Reino Fungi

Inclui seres vivos eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, heterótrofos, e que


obtém seu alimento pela absorção de moléculas simples do ambiente) .

Como exemplos podemos citar fungos (como os cogumelos) e os líquenes.

d)- Reino Animalia ou Metazoa

Compreende os seres eucariontes pluricelulares e heterótrofos que ingerem


moléculas orgânicas mais complexas retiradas de outros seres vivos. O reino engloba os
vertebrados e invertebrados pluricelulares.

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Como exemplos temos os peixes, anfíbios, répteis, mamíferos, aves, artrópodes,
moluscos, etc..

e)- Reino Plantae ou Metaphyta

Constituído por organismos autótrofos, eucariontes, pluricelulares, com


avançada diferenciação de tecidos e órgãos. Como exemplos, temos as plantas terrestres
e aquáticas pertencentes aos grupos das briófitas, pteridófitas, gimnospermas e
angiospermas.

f)- Vírus: um grupo sem reino

Como podemos verificar, os vírus não foram incluídos em nenhum dos cinco
reinos, pois são desprovidos de estrutura celular.

Os vírus são entidades muito pequenas, visíveis apenas em microscopia


eletrônica, sendo constituídos basicamente por uma cápsula de natureza protéica, em
cujo interior existe apenas um tipo de ácido nucléico: RNA ou DNA.

Os vírus não possuem metabolismo próprio permanecendo inertes quando fora


das células. No entanto, quando em contacto com uma célula hospedeira, multiplicam-
se usando energia da própria célula parasitada.

Por isso são considerados entidades de transição entre a matéria e a vida, ou


ainda parasitas obrigatórios de células vivas.

Como exemplos , temos vírus que causam a AIDS, Dengue, Ebola, Gripe, etc.

3-2- Produtores, Consumidores e Decompositores

Em qualquer ecossistema da biosfera, um determinado componente biótico


deverá pertencer a uma das seguintes categorias: produtores, consumidores e
decompositores:

3-2-1-Produtores ou Autótrofos

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São as formas de vida capazes de fabricar seus próprios alimentos (matéria
orgânica) , através de substâncias inorgânicas simples obtidas do meio ambiente.

Conforme a fonte de energia utilizada na síntese de matéria orgânica , os


produtores podem ser classificados em fotossintetizantes ( obtém energia da luz solar ) e
quimiossintetizantes ( obtém energia pela oxidação de substâncias químicas do meio ).

As plantas verdes, algas, e algumas bactérias, possuem um pigmento chamado


clorofila, capaz de absorver luz solar e transformá-la em energia química.Com essa
energia fabricam matéria orgânica a partir de gás carbônico (que penetra nas plantas
terrestres pelos estômatos), água e sais minerais (absorvidos do solo), usando a energia
do sol , processo conhecido como fotossíntese e que caracteriza seres autótrofos.

Essa energia que é fixada em compostos orgânicos é usada para a manutenção


de todos os processos vitais da planta. Alem disso, é parte dessa energia que vai ser
usada também para o metabolismo de todos os seres heterótrofos, que são incapazes de
gerar sua própria energia, e por isso precisam alimentar-se de outros seres.

Certas bactérias são capazes de realizar quimiossíntese, ou seja, oxidar


substâncias inorgânicas do próprio ambiente onde vivem, obtendo energia química.

Com essa energia são capazes de sintetizar seu próprio alimento a partir de
água, gás carbônico e sais minerais. Portanto os organismos quimiossintetizantes são
também autótrofos.

No entanto, é importante ressaltar que a produção de matéria orgânica pelos


organismos fotossintéticos é muito maior do que aquela oriunda da quimiossíntese.

Dessa maneira, a fotossíntese é o processo de produção de alimentos mais


importante do planeta sustentando praticamente todas as formas de vida encontradas na
biosfera.

Nos ecossistemas aquáticos, os principais produtores são representados pelas


algas fotossintetizantes , enquanto que nos ecossistemas terrestres , os produtores são
representados pelas plantas clorofiladas, com destaque especial para o grupo das
Angiospermas .

3-2-2-Consumidores ou heterótrofos

Compreendem os organismos incapazes de produzir seu próprio alimento. Em


vista disso, nutrem-se de produtores ou de outros consumidores. Assim temos:

-Consumidor primário ou de primeira ordem- é o organismo que se nutre de


um produtor.

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-Consumidor secundário ou de segunda ordem- aquele que se nutre de um
consumidor primário.

-Consumidor terciário ou de terceira ordem - aquele que se nutre de um


consumidor secundário.

E continua, assim por diante. Como exemplo, em um campo onde vivem


gramíneas, bois e homens temos: as gramíneas representam os organismos produtores;
os bois se nutrem das plantas, e constituem os consumidores primários; os homens
alimentando-se dos bois são consumidores secundários.

Os consumidores podem ter várias denominações de acordo com o tipo de


alimento obtido:

-Herbívoros ou Fitófagos - nutrem-se de plantas. Exemplos: boi, cabra, cavalo,


etc.

-Carnívoros- nutrem-se de carne. Exemplos: onça, jacaré, leão, etc.

-Onívoros- nutrem-se de plantas e animais . Exemplo: homem

-Ictiófagos ou Piscívoros- nutrem-se de peixes. Exemplo: lontra

-Hematófagos- nutrem-se de sangue . Exemplo: alguns morcegos

-Coprófagos- nutrem-se de fezes. Exemplo: larvas de alguns besouros

-Ornitófagos- nutrem-se de pássaros- Exemplo : águia

-Insetívoros- nutrem-se de insetos. Exemplo: tamanduá

-Planctófagos- nutrem-se de plâncton. Exemplo : algumas baleias

-Detritívoros- nutrem-se de detritos vegetais e animais. Exemplo: camarão.

3-2-3-Decompositores

São consumidores muito especiais , uma vez que se nutrem de plantas e animais
mortos.

Esses organismos, geralmente microscópicos , englobam as bactérias e fungos,


que decompõem a matéria orgânica morta transformando-a em compostos inorgânicos
simples, os quais são devolvidos ao meio ambiente, podendo ser reutilizados pelos
produtores.

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Essa destruição dos compostos orgânicos é chamada decomposição ou
mineralização, e é fundamental para a reciclagem da matéria no ecossistema. Assim os
decompositores são as grandes usinas biológicas processadoras de lixo no mundo.

A ação decompositora , portanto, impede que o planeta fique inteiramente


recoberto por uma camada de matéria orgânica morta, fato que inviabilizaria a
existência de vida na Terra.

3-3- Níveis Tróficos do Ecossistema -Cadeia Alimentar e Teia Alimentar

Dessa maneira, podemos observar , que existe um fluxo contínuo de alimento


(energia e matéria) dos produtores até os decompositores, passando ou não pelos
consumidores.

Esse processo é chamado Cadeia alimentar. Como exemplo de cadeia alimentar


podemos citar o seguinte esquema :

Gramíneas → →
Bois→ Homens

Produtores Consumidores Consumidores

Primários Secundários

↓ ↓ ↓

Decompositores Decompositores Decompositores

Nesse exemplo citado temos várias cadeias alimentares como:

Gramíneas → Decompositores ( bactérias e fungos).

→ Bois → Decompositores.
Gramíneas→

Gramíneas → Bois → Homens → Decompositores.

Cada componente da cadeia, representando um grupo de seres vivos, é


denominado nível trófico. Assim na cadeia exemplificada anteriormente temos:

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Gramíneas- primeiro nível trófico

Bois- segundo nível trófico

Homens- terceiro nível trófico

Decompositores ( fungos e bactérias) - de segundo a quarto níveis tróficos.

Os Produtores , como os únicos organismos capazes de produzir alimento,


constituem a porta de entrada de energia no mundo vivo.

Por isso, o fluxo energético desenvolve um trajeto no sentido Produtores →


Consumidores → Decompositores.

Cada componente da cadeia alimentar consome, com suas próprias atividades, a


maior parte da energia adquirida com os alimentos. Logo, cada consumidor transfere
para o nível trófico seguinte apenas uma pequena parcela da energia absorvida.

De uma maneira geral, cada elo da cadeia alimentar recebe aproximadamente


apenas 10% da energia que o elo anterior recebeu. A energia portanto apresenta um
fluxo decrescente ao longo da cadeia alimentar.

Alem de decrescente, a energia tem sempre um fluxo unidirecional e


consequentemente acíclico na cadeia alimentar. De fato, ao passar do mundo vivo para
o mundo físico a energia não pode mais ser reaproveitada, pois é transformada em calor.

A energia luminosa é a única energia que penetra no ecossistema pois é


absorvida pelos organismos produtores fotossintetizantes.

Todos os componentes da cadeia alimentar liberam para o mundo físico energia


térmica (calor). Esse calor liberado resulta do mecanismo de extração de energia dos
alimentos e de seu emprego nos diversos tipos de trabalho executados pelo organismo.

Nesse processo, apenas uma parte da energia química dos alimentos é


aproveitada para a realização de um trabalho. A maior parte da energia extraída
transforma-se em calor e se perde para o meio ambiente.

Dá-se o nome de Teia Alimentar ao conjunto de cadeias alimentares que


interagem num ecossistema.

3-4-Fluxo de Matéria e Fluxo de Energia no Ecossistema

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Podemos considerar que a energia tem um fluxo acíclico no ecossistema , porque
penetra no mundo vivo em forma de luz e dele sai em forma de calor, não sendo mais
reaproveitada.

Já a matéria, tem fluxo cíclico, pois, substâncias mais simples como gás
carbônico e água são transformadas em substâncias mais complexas como açúcares,
proteínas, etc., durante o processo da fotossíntese pelos produtores, para em seguida
serem decompostas e transformadas novamente em substâncias inorgânicas simples,
como CO2, H2O, sais minerais, etc., pelos decompositores .

Assim a matéria é reutilizada pelo mundo vivo. Portanto, os decompositores são


também componentes bióticos indispensáveis pelo equilíbrio do ecossistema, pois
participam diretamente da reciclagem da matéria.

Por não participar diretamente de nenhum dos processos citados, os


consumidores são considerados componentes bióticos dispensáveis.

Mas, embora dispensáveis, a eliminação de um determinado grupo de


consumidores de uma região, pode trazer sérias consequências ao ecossistema , afetando
o equilíbrio do mesmo.

Por exemplo, se eliminarmos sapos ou morcegos de uma cadeia alimentar, é


provável acontecer um aumento da população de muitos insetos (muitas vezes
indesejáveis) por não terem sido capturados por seus predadores.

Como já sabemos, a larva do mosquito transmissor da dengue pode servir de


alimento para peixes que vivem em águas límpidas, havendo assim o controle natural
das populações desse mosquito. Com isso, o aumento da população do mosquito Aedes
aegypti, é evitado.

3-5- Componentes Abióticos do Ecossistema

Constituem os elementos ambientais que atuam diretamente sobre o mundo vivo.


Na natureza os seres vivos exibem grande diversificação quanto a capacidade de tolerar
as variações ambientais no meio em que vivem.

Nesse sentido, os organismos são classificados em :

-Eurobiontes- seres dotados da capacidade de tolerar amplos limites de


variações a um determinado componente abiótico.

-Estenobiontes- aqueles que apresentam limites relativamente estreitos de


tolerância a variações.

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Os mais importantes componentes abióticos são: temperatura, água e luz.

3-5-1-Temperatura e Sobrevivência

Os animais, de uma maneira geral, são menos resistentes às altas temperaturas


do que certas algas azuis (algumas cianofíceas de fontes termais podem resistir até 90
°C). Protozoários de fontes termais podem resistir até 50 °C. Certos quelônios e camelos
do deserto resistem até 45 °C.

A temperatura corporal de aves varia de 39 a 44 °C, enquanto que na maioria


dos mamíferos essa variação é de 35 a 40 °C (a temperatura corporal do homem é cerca
de 36,5 °C ).

Poucas espécies podem sobreviver em temperaturas abaixo do ponto de


congelamento da água (0 °C).

Portanto, podemos afirmar que a maioria dos animais vive em temperaturas


entre 0 °C e 50 °C , ou seja , esse intervalo de temperatura corresponde ao chamado
limite térmico dos animais.

No meio aquático, as variações de temperatura são mais lentas por dois motivos:
em primeiro lugar porque a água tem baixa condutividade térmica e em segundo lugar
porque a água possui um valor de calor específico mais alto do que o ar. Assim, a água
esquenta ou esfria mais lentamente do que o ar.

Devido a densidade do gelo ser menor que a densidade da água líquida, durante
o resfriamento , há a formação de uma camada de gelo na superfície dos corpos de água,
que atua como um isolante térmico impedindo um maior resfriamento da água sob essa
camada e permitindo assim a manutenção da vida em ambientes aquáticos, mesmo sob
os rigores do inverno.

A influência da temperatura sobre os seres vivos é facilmente compreendida


quando lembramos da íntima relação estabelecida entre temperatura e atividade
enzimática.

Geralmente a atividade enzimática duplica ou triplica a cada 10 °C de aumento


na temperatura do meio em que a enzima atua. Mas, existe um limite para a atuação
enzimática.

Em temperaturas superiores a 40 °C , a atuação enzimática diminui, pois iniciam


os processos de desnaturação dos enzimas. Em temperaturas muito baixas, próximas de
0 °C, a atividade enzimática é muito baixa.

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Assim sendo, a vida normalmente se desenvolve no intervalo entre 0 °C e 50 °C,
com algumas exceções, como bactérias de fontes termais, que podem suportar até 90 °C
.

Os animais podem ser classificados em pecilotermos (ou poiquilotermos) e


homeotermos.

Animais homeotermos são aqueles cuja temperatura do corpo é mantida


relativamente constante, independentemente das variações da temperatura ambiental.
São as aves e os mamíferos, considerados animais de sangue quente.

Animais pecilotermos apresentam uma temperatura corpórea que varia de acordo


com a temperatura ambiental. São os invertebrados, peixes, anfíbios e répteis.Esses
animais são chamados de animais de sangue frio.

Os pecilotermos, podem em alguns casos, serem considerados como


ectotermos, ou seja, usam a energia do sol para obtenção de calor . Por exemplo
lagartos e jacarés ficam expostos ao sol aumentando a sua temperatura corpórea.

De acordo com essa classificação, mais atualizada, os homeotermos seriam


então chamados de endotermos, ou seja, organismos que usam a energia proveniente
do próprio metabolismo para se aquecerem.

Portanto os seres vivos homeotermos ( ou endotermos) são capazes de controlar


a sua temperatura corpórea, até um certo limite, evidentemente. A homeotermia é
considerada uma evolução em relação a pecilotermia ( ou ectotermia) , pois há a
necessidade de um gasto muito maior de energia para a manutenção da temperatura
corpórea permitindo assim que as reações metabólicas sejam realizadas com maior
eficiência.

Para manter a temperatura constante, os homeotermos em baixas temperaturas


ambientais precisam aumentar a intensidade do seu metabolismo, consumindo assim
uma maior quantidade de oxigênio (portanto, incrementam a sua respiração nestas
condições).

Já os pecilotermos diminuem o consumo de oxigênio no inverno, geralmente


permanecendo em repouso metabólico durante esse período.

As plantas são ectotérmicas, mas, devido as trocas de energia com o ambiente,


as temperaturas das partes aéreas podem divergir consideravelmente daquelas do ar. A
transpiração ( perda de água em forma de vapor) evita excessivo aquecimento das partes
aéreas de um vegetal terrestre.

Os processos vitais dependem de temperaturas adequadas. Assim, para cada


estágio de desenvolvimento existem temperaturas mínima, ótima e máxima.

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Seres que podem suportar um amplo intervalo de temperatura são considerados
euritérmicos . As espécies estenotérmicas são aquelas especializadas para sobreviver
em intervalos mais estreitos de temperatura.

Altas e baixas temperaturas prejudicam as funções vitais e limitam a distribuição


das espécies na biosfera.

3-5-2-Água

É o componente químico mais abundante da matéria viva, sendo considerada o


solvente universal, atuando como dispersante de inúmeros compostos orgânicos e
inorgânicos.

Essa característica é de fundamental importância para os seres vivos, uma vez


que as reações químicas de natureza biológica ocorrem em soluções aquosas.

A água é ainda um importante veículo de transporte de substâncias , permitindo


o contínuo intercâmbio de moléculas entre os conteúdos celulares. Nos seres vivos a
evaporação da água através das suas superfícies, contribui para a manutenção da
temperatura corpórea em níveis compatíveis com a vida.

Os seres vivos podem ser classificados com relação a sua dependência a água
em:

a)-Poiquilohídricos

São os organismos cujas células adultas não possuem um vacúolo central


gigante, e sim pequenos vacúolos dispersos no protoplasma.

Quando ocorre dessecamento, as células vão murchando igualmente em toda a


superfície sem que aconteçam danos na estrutura protoplasmática.

Esses organismos igualam seu conteúdo de água com a umidade do ambiente,


e são capazes de tolerar grandes períodos de seca.

Assim, os únicos seres vivos que realmente toleram a seca, isto é, cujos
protoplasmas são realmente capazes de suportar dessecamento sem que haja distúrbio
celular, são os organismos poiquilohídricos, incluindo bactérias, cianobactérias,
líquenes, micélio de fungos, vários musgos , algumas pteridófitas, e poucas
Angiospermas.

Entre as plantas produtoras de sementes, podemos citar algumas espécies de


Gesneriaceae, Scrophuliaraceae, Velloziaceae ( como a sempre-viva), Cyperaceae,
Poaceae, etc.

17
Nenhum animal pode realmente tolerar o dessecamento acentuado de suas
células.

b)- Homeohídricos

O conteúdo hídrico é estabilizado pela água contida no vacúolo central, no caso


das plantas, ou pela água ingerida , como no caso de animais .

Quando ocorre dessecamento pronunciado, as células contraem-se fortemente,


causando a ruptura da estrutura protoplasmática, e consequentemente ocorre a morte da
célula.

Portanto essas células homeohídricas perderam a habilidade de tolerar


dessecamentos pronunciados, como secas prolongadas.

Como exemplo de plantas homeohídricas podemos citar a maioria das plantas


terrestres e aquáticas, como briófitas, pteridófitas e fanerógamas.

Devido a esse fato, esses organismos desenvolveram mecanismos para evitar


( diminuir ou postergar) a perda excessiva de água .

No reino Plantae ocorreram as seguintes adaptações, para evitar a perda de água:

a)- a evolução de uma cutícula protetora envolvendo as folhas , diminuindo a


transpiração foliar ( perda de água em forma de vapor por um ser vivo).

b)-existência de estômatos , ou seja, válvulas que existem na epiderme das


folhas, e que podem abrir ou fechar, permitindo assim entrada de gás carbônico para a
fotossíntese quando abertos e impedindo a saída de água em forma de vapor , quando
fechados).

c)- desenvolvimento de um sistema radicular eficiente, permitindo maior


exploração e absorção de água do solo.

] Nos animais, podemos citar várias adaptações como o tegumento de Insetos e


Aracnídeos (Artrópodes) , que se tornou parcialmente impermeável pelo endurecimento
da parte externa da cutícula (exo-cutícula) e principalmente pela cera produzida pelas
células hipodérmicas.

Nos vertebrados a superfície impermeável toma a forma de uma camada córnea,


produzida pelas células epidérmicas , que pode continuamente ser substituída, ou ser
semi-permanente. Assim podemos observar um aumento progressivo da
impermeabilidade do tegumento de Anfíbios até Mamíferos.

Mas , a adaptação mais importante dos animais é que eles podem procurar e
beber água.

18
Portanto a água é fundamental para a vida. Atualmente, a contaminação das
águas por poluentes está trazendo consequências desastrosas para o homem e para a
vida no planeta.

3-5-3-Luz ou Radiação Solar

Toda a vida no planeta é sustentada por um fluxo de energia proveniente do Sol.


Somente uma fração muito pequena da energia solar que atinge a Terra é fixada em
forma de energia química durante o processo da fotossíntese, sendo no entanto,
suficiente para manter a biomassa e todos os processos vitais dos membros da cadeia
alimentar.

Uma grande parte dessa radiação que atinge a Terra é transformada em calor,
que alem de ser usada para a evaporação da água, causa um aumento da temperatura na
superfície da terra, permitindo a existência da vida.

A luz constitui um componente abiótico de extrema importância para os seres


vivos . É a fonte de energia para a fotossíntese, fenômeno em que os organismos
clorofilados sintetizam a matéria orgânica.

Portanto, esse fenômeno garante a manutenção da vida em todos os


ecossistemas da Terra. A luz é também o grande veículo de informação para os
organismos dotados de visão, permitindo-lhes uma integração mais adequada com o
ambiente.

Para as plantas terrestres a luz raramente é um fator limitante para a


fotossíntese, pois a luminosidade normalmente é suficiente para permitir uma intensa
atividade fotossintética e garantir o desenvolvimento. A quantidade ótima de luz que as
plantas necessitam para a fotossíntese varia de uma espécie para outra.

De modo geral as espécies vegetais são classificadas em dois grupos :

-Heliófitas- necessitam de altas intensidades luminosas, como as plantas do


dossel de uma floresta.

-Umbrófilas- necessitam de intensidades luminosas mais baixas, como por


exemplo, plantas herbáceas que vivem próximas ao solo em uma floresta.

Nos ecossistemas aquáticos, a luz exerce uma influência marcante na


distribuição dos seres vivos. Nos mares, a luz penetra com intensidade adequada para a
realização da fotossíntese, até mais ou menos 100 a 200 metros de profundidade (zona
fótica). A partir daí, a disponibilidade de luz enfraquece gradativamente, até desaparecer
por completo.

19
Nos limites exteriores da atmosfera terrestre a intensidade da radiação é de 1.360
W.m2( constante solar).

Dessa radiação, somente 47 % atinge a superfície da Terra , e desse total,


somente cerca de 1 % é usado pela fotossíntese.

O restante é perdido como resultado de refração, difração e reflexão pela


atmosfera.

Desse total de radiação que atinge a superfície da Terra temos:

41% dos quanta estão no espectro do infra-vermelho

7% dos quanta estão no espectro do ultra-violeta

52% dos quanta estão no espectro do visível

O espectro da luz visível tem comprimento de onda entre 380 a 760 nm


( nanômetro = 10-9 m), e é a radiação que pode ser vista pelo olho humano.

A luz branca e visível do Sol é composta pelas radiações violeta, azul, verde,
amarelo e vermelho. Isso é fácil de perceber , quando um feixe de luz branca é
decomposta por um prisma , ou quando vemos o arco-íris no céu, resultado da
decomposição da luz solar por gotículas de água.

A radiação visível é muito importante, pois parte dela é usada como fonte de
energia no processo da fotossíntese, responsável pela produção da quase totalidade de
matéria orgânica formada no planeta e que sustenta praticamente toda a vida da Terra.

O sentido da visão, desenvolvido em muitos animais inclusive o homem,


também se utiliza da luz visível. O que nos vemos é a luz visível refletida por um
objeto.

Radiação ultra-violeta significa radiação eletromagnética com comprimento de


onda inferior a 380 nm. É uma radiação altamente energética ( quanto maior o
comprimento de onda da radiação, menor será a sua energia), e por isso é muito
perigosa para os seres vivos, pois destroem as ligações covalentes levando a mutações e
destruição de células e até a morte.

No homem, pode causar câncer de pele. Felizmente, grande parte da radiação


ultra-violeta emanada do sol , é refletida na nossa atmosfera pela camada de ozônio,
impedindo a destruição de muitas formas de vida.

Dessa maneira, a camada de ozônio funciona como um escudo protetor,


impedindo que grande parte da radiação ultra-violeta atinja a superfície da Terra, e com
isso, dizimando a vida aí existente.Por isso, a luz ultra-violeta tem sido usada como
anti-bactericida em laboratórios ou locais que devem ser esterilizados.

Radiação infra-vermelho significa radiação eletromagnética com comprimentos


de onda acima de 760 nm.

20
Essa radiação não pode ser vista pelo olho humano, mas pode ser percebida pelo
calor. Parte da radiação infra-vermelho é refletida pela atmosfera terrestre , impedindo
assim um super-aquecimento da Terra.

Gases hetero- atômicos como gás carbônico ( CO2) e vapor de água ( H2O) são
capazes de absorver parte da radiação infra-vermelho incidente, impedindo que atinja a
superfície da Terra , causando um grande aumento de temperatura do planeta.

Por outro lado, a atmosfera terrestre funciona também como efeito estufa ou
efeito de cobertura. Isso significa que parte da radiação infra-vermelha que tende a
deixar a Terra é retida pela atmosfera terrestre, voltando para a superfície terrestre.

Essa reflexão também é devida a gases heteroatômicos como CO2 e H2O,


evitando assim uma perda excessiva de calor pela Terra.

Se não houvesse essa proteção, a temperatura da Terra, tornar-se-ia muito baixa


durante a noite, impedindo o desenvolvimento dos seres vivos .

Portanto, se a Terra não fosse coberta pela atmosfera , seria ou muito quente
( durante o dia) ou muito fria (durante a noite) , impedindo o desenvolvimento da vida,
como ocorre na Lua.

Dessa maneira, a atmosfera da Terra é imprescindível para a manutenção da vida


no planeta, e alterações em sua composição podem desestabilizar esse sistema com
enormes riscos para a vida no planeta.

21
II- OS GRANDES ECOSSISTEMAS DO MUNDO

1- Introdução

O estabelecimento dos ecossistemas na biosfera depende dos grandes padrões


climáticos da Terra. Esses padrões climáticos, por sua vez, dependem basicamente de
dois fatores básicos:

a) variação da energia solar recebida pela terra em função da latitude.

b)- movimentos de rotação e de circunvolução da Terra.

Dessa maneira, os principais padrões gerais de distribuição da temperatura, da


circulação de ar, da precipitação pluviométrica no planeta, dependem da interação dos
dois fatores mencionados.

Os padrões climáticos, por sua vez, serão determinantes na distribuição dos


organismos na biosfera.

Alem dos fatores citados, os oceanos têm importância fundamental na


manutenção do equilíbrio térmico da Terra. As correntes marinhas são também capazes
de promover alterações climáticas mais localizadas.

Finalmente, deve ser considerado o importante papel da altitude no clima local,


com alterações de temperatura e do regime de chuvas, a medida que a altitude aumenta.

Dessa forma, as interações climáticas (luz, temperatura, umidade relativa do ar,


precipitação pluviométrica, fatores do solo, características das águas doce e salgada,
etc.), vão propiciar uma ampla variedade de condições ecológicas, que por sua vez, irão
determinar os principais tipos de ecossistemas na biosfera.

2- O Ambiente dos Seres Vivos

O ambiente dos seres vivos é constituído por:

2-1-Atmosfera

Compreende o manto de ar que envolve a Terra, formada por várias camadas


distintas:

22
A camada mais interna da atmosfera é a troposfera, zona de intensa
movimentação de ar e que define o clima sobre a superfície da Terra.

Depois temos a estratosfera (de 10 a 18 Km, acima da superfície da Terra) com


uma altitude que varia de 25 a 50 Km. É aí que se concentra a camada de ozônio , que
absorve grande parte da radiação ultra-violeta, permitindo a vida sobre a superfície da
Terra.

Em seguida a estratosfera, temos a mesosfera atingindo cerca de 100 Km de


altura. Segue-se ainda a camada mais externa que é a termosfera , com pouca influência
sobre o clima na Terra.

As camadas da atmosfera são ainda caracterizadas por gradientes específicos de


temperatura. A troposfera, que se estende da superfície do solo até altitudes que variam
entre cerca de 18 km nos trópicos, 12 km em latitudes médias e 8 a 10 km nos pólos ,
caracteriza-se por um decréscimo progressivo da temperatura com o aumento da
altitude, podendo chegar a temperatura de -80 οC. Na estratosfera , a temperatura
obedece a um gradiente positivo, resultante da energia de reações fotoquímicas
envolvendo o ozônio e oxigênio molecular.

A seguir vem a mesosfera, mais uma vez apresentando um gradiente negativo de


temperatura, e se estendendo a uma altitude de cerca de 100 km. Acima da mesosfera e
como última camada, a termosfera,de novo , apresenta variação positiva de temperatura
com a altitude.

A composição média da troposfera é a seguinte: 78 % N2 ; 21 % O2 ; 0,95 % de


gases nobres e 0,035 % de CO2. A esses gases somam-se o vapor de água, pequenas
quantidades de metano, SO2, gases halogênios (contendo Cl, Br,I e F), ozônio de origem
terrestre, aerossóis ( partículas coloidais suspensas no ar), cinza, poeira e fuligem.

A vida animal e vegetal realiza constantemente a ciclagem do CO2 e do O2 pelos


processos da fotossíntese e respiração.

A atmosfera é essencial para a vida no planeta, pois alem de conter gases


necessários para a vida , impede que a Terra seja super-aquecida refletindo grande parte
da radiação ultra-violeta e da radiação infra-vermelho que atinge a sua superfície.

No entanto, principalmente devido a ação antrópica, a composição da atmosfera


vem sendo alterada nos últimos tempos. Principalmente a concentração de CO2 tem
aumentado claramente, levando ao efeito chamado de Aquecimento Global.

Em outras palavras, o planeta Terra parece estar aquecendo-se devido ao


aumento da concentração de alguns gases da atmosfera, principalmente do CO2.

O que ocorre é que toda a radiação que atinge a superfície da Terra (pode ser
radiação visível, infra-vermelho ou ultra-violeta) é transformada inexoravelmente em
calor.

Esse calor tende a deixar a Terra, mas está sendo impedido pelos gases hetero-
atômicos, numa escala maior do aquela considerada normal.

23
Como a Terra, nestas condições, retêm mais calor, o resultado é um aumento da
temperatura média do planeta, ou aquecimento global.

As principais causas do incremento da concentração de gás carbônico na


atmosfera da Terra são:

a)-queima de combustíveis fósseis como petróleo, gás natural e carvão mineral;

b)- desmatamento e queimadas.

O desenvolvimento de métodos de seqüestro do CO2 atmosférico, o uso de


energias alternativas, bem como a diminuição da destruição das matas podem ainda
reverter a situação impedindo que haja um super-aquecimento da Terra, evitando assim
mudanças climáticas profundas que afetariam todo o equilíbrio biológico do planeta.

Segundo estimativas do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas, a


temperatura média global subiu 0,6°C no século XX, e pode elevar-se em mais 1°C até
2030. O ano de 2010 foi o mais quente já registrado.

Até 2090, a projeção indica aumento de até 4°C, caso medidas de prevenção
não sejam tomadas. Uma das conseqüências mais graves do aquecimento global é o
derretimento das camadas polares.

Caso o aquecimento global se agrave, o nível dos oceanos pode subir


consideravelmente, inundando regiões densamente povoadas próximas aos deltas dos
rios e fazendo desaparecer as ilhas e terrenos costeiros, como manguezais, etc.

Poderá ocorrer também o desaparecimento de vida marinha pelo incremento da


concentração de CO2 no oceano, levando a acidificação do mesmo:

CO2 + H2O → H2 CO3 ( ácido carbônico).

Outra conseqüência do aquecimento global seria o superaquecimento da região


equatorial e a alteração das zonas climáticas em seus limites de latitude, o que
provocaria, alterações climáticas profundas, como desertificação, áreas inundadas ,
afetando inclusive regiões produtoras de alimentos.

O Protocolo de Kyoto foi assinado em 2001,com a finalidade de lutar contra a


mudança climática no planeta, prevendo a redução ,entre 2008 e 2012, de uma média de
5,2 % das emissões dos principais gases que provocam o efeito estufa, como gás
carbônico, metano, óxido nitroso, hidrofluor-carbono ,perfluor-carbono e hexa-fluor-
carbono de enxofre.

O protocolo só entrou em vigor em 16/02/2005, assinado por 141 nações, das


quais apenas 30 estavam sujeitas às metas previstas.

O Brasil ratificou o tratado, mas não teve que se comprometer com metas
específicas, porque foi considerado pais em desenvolvimento.

24
Portanto, o Protocolo de Kyoto é um acordo internacional para reduzir as
emissões de gases-estufa dos países industrializados e para garantir um modelo de
desenvolvimento limpo aos países em desenvolvimento.

O protocolo prevê ainda o comércio de emissões, ou seja, permite aos países


comprar e vender cotas de emissões de CO2.

Dessa forma países que poluem muito podem comprar créditos não usados
daqueles países que tem direito a mais emissões do que normalmente geram.

Países podem também ganhar créditos por atividades que aumentam a sua
capacidade de absorver carbono, como plantio de árvores , conservação do solo, etc.

O governo americano alegou que a implementação do tratado prejudicaria a


economia dos Estados Unidos da América e considerou antecipadamente, um tratado
totalmente fracassado , entre outros argumentos, por não haver exigência sobre países
em desenvolvimento para reduzirem suas emissões. Portanto, os Estados Unidos da
América não ratificaram o protocolo de Kyoto.

Atualmente tem-se buscado diálogo entre as nações do mundo para assinatura de


tratados que venham realmente proteger o nosso planeta desses desequilíbrios que
podem destruir a vida no planeta.

Um outro problema de desequilíbrio que está acontecendo na atmosfera terrestre


é a destruição da camada de ozônio.

O ozônio pode atuar como poluente ou funcionar como escudo protetor. Nas
camadas elevadas da atmosfera o ozônio é importante porque filtra os raios
ultravioletas. Ao nível do solo o ozônio é perigoso porque forma poluentes tóxicos
reagindo com outros gases da atmosfera poluída.

O gás freon ou CFC ( Clorofluorcarbono ), foi muito usado como propelente de


aerosóis, na industria de refrigeração e de plásticos porosos. No entanto, esse gás causa
a destruição da camada de ozônio ( O3), através das seguintes reações:

a)- UV quebra moléculas de CFC e libera átomos de Cl ( cloro)

b)- O3 ( ozônio) + Cl → O2 ( oxigênio) + Cl O

c)- UV quebra moléculas de 03 :

2 03 + UV → 3 O2

2 O2 + 2 CIO → 3 O2 + 2 Cl (esse cloro volta a reagir com ozônio)

25
Portanto, temos um efeito cascata, pois um mesmo átomo de cloro ( Cl), pode
ser reutilizado para destruir milhares de moléculas de ozônio.

As principais conseqüências da destruição da camada de ozônio são:

a)- Alteração do clima da Terra . O ozônio, em conjunto com o CO2 , pode


impedir a saída de calor do planeta,causando um desequilíbrio no efeito estufa e , dessa
maneira, contribuir para o aquecimento global .

b)- Permitir maior incidência de UV na superfície da Terra causando aumento


das taxas de mutação; grande efeito nocivo sobre o fito-plâncton diminuindo a sua
produtividade primária e conseqüentemente alterando todas as cadeias alimentares de
ecossistemas aquáticos e terrestres.

Em todo o mundo as massas de ar circulam, sendo que um poluente lançado no


Brasil pode atingir, por exemplo, a Europa devido a correntes de convecção.

Na Antártida, por sua vez, devido ao rigoroso inverno de seis meses, essa
circulação de ar não ocorre. Assim, formam-se círculos de convecção exclusivos
daquela área.

Os poluentes atraídos durante o verão permanecem na Antártida até a época de


subirem para a estratosfera. Ao chegar o verão, os primeiros raios de sol quebram as
moléculas de CFC encontradas nessa área, iniciando a reação. Por isso fala-se nos
buracos de ozônio na região do pólo sul.

No Brasil, a camada de ozônio ainda não perdeu 5% do seu tamanho original, de


acordo com os instrumentos medidores do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais).

O Instituto acompanha a movimentação do gás na atmosfera desde 1978 , e até


hoje não detectou nenhuma variação significante, provavelmente pela pouca produção
de CFC no Brasil em comparação com os países de primeiro mundo. No Brasil
praticamente não se usa mais CFC.

O Protocolo de Montreal (1987) foi assinado por 155 países, e previa a


substituição de CFC até 2010 por outros gases (como HCFC que agride menos a
camada de ozônio), e parece ter alcançado grande parte do objetivo proposto.

2-2-Hidrosfera

Compreende os oceanos, as águas subterrâneas (lençóis freáticos e aqüíferos), as


massas de águas continentais lóticas (rios) e lênticas ( lagos), o gelo das calotas polares
e das geleiras, assim como a água da atmosfera.

Cerca de 74% de toda água do planeta está contida nos oceanos e mares.As
águas subterrâneas constituem a segunda maior reserva do planeta, mas apenas cerca de

26
1% está próxima a superfície podendo ser alcançada pelas raízes das plantas; o restante
encontra-se a mais de 100 m de profundidade.

O ciclo da água é o maior movimento de matéria da Terra. A água salgada é rica


em NaCl (cerca de 10 g por litro) e, nos cátions Mg++, Ca++, K+; nos ânions SO4-- ,
HCO3 - e BR -. A água doce é rica em Ca++, HCO3 - .

Através dos afluentes e da drenagem das regiões circunvizinhas,ou pelo derrame


de água de esgoto ou de despejo rico em nitratos e fosfatos, há um aporte de sais
minerais que resulta na eutrofização ( processo de enriquecimento de lagos, represas ou
rios, resultante de um aumento de nitrogênio e fósforo na água e, conseqüentemente , da
produção orgânica).

Os gases se dissolvem na água na proporção em que se aumenta a pressão ou


diminui a temperatura da água, mas dissolvem-se menos com o aumento da salinidade.

A porção de CO2 livre na água depende do valor de pH ; é grande em baixos


valores de pH, mas na região onde o pH está acima de 9, existe apenas carbonato e
bicarbonato.

Os oceanos e mares armazenam 0,14% de todo carbono no planeta,


principalmente no fundo dos oceanos. Devido a intensa troca de CO2 e O2 ,entre a
atmosfera e a hidrosfera ,os oceanos constituem-se num importante agente tamponante ,
controlando a concentração de CO2 na atmosfera.

2-3-Litosfera

Constitui a crosta terrestre, onde o estoque de inúmeros elementos químicos são


utilizados pelos organismos terrestres para a construção de sua estrutura.O nitrogênio,
por exemplo, é essencial para a fabricação de proteínas.

Chamamos de solo à camada superficial de rocha erodida, rico em matéria


orgânica ( húmus) e indispensável para a vida animal e vegetal.

Na formação e na manutenção da fertilidade do solo são muito importantes os


processos de decomposição e de humificação de material orgânico proveniente de
matéria orgânica presente no local, principalmente da serapilheira que é depositada em
sua superfície.

A velocidade da decomposição da serapilheira depende do tipo do material


orgânico a ser decomposto e das condições climáticas.

Por isso, matéria orgânica rica em celulose é decomposta cerca de três vezes
mais rapidamente, do que matéria orgânica rica em tanino.

27
No interior de florestas tropicais úmidas, a taxa de decomposição anual é cerca
de 95% do total da serapilheira produzida , devido as condições de alta temperatura e
alta umidade.

Já em florestas decíduas de regiões boreais a decomposição total da serapilheira


anual demora até 14 anos.

Em locais não perturbados, o solo apresenta-se com um perfil de horizontes,


sendo a camada mais superficial a mais rica em matéria orgânica ( serapilheira e húmus)
e a mais profunda sendo o horizonte de decomposição dos minerais das rochas
formadoras do solo. Entre elas temos uma zona de transição.

Existem muitos tipos de solos como solos arenosos, solos argilosos, solos
pedregosos, solos salinos, solos ácidos, etc.

3-Biosfera

A Biosfera é a região do planeta que contem todo o conjunto de seres vivos, e na


qual a vida é permanentemente possível.

É portanto o conjunto de todos os ecossistemas (interação de todas as


populações com o ambiente em que vivem).

Essa interação entre clima (temperatura e pluviosidade principalmente) e os


fatores edáficos (fatores do solo) , produz uma ampla variedade de condições
ecológicas, que vão determinar os principais tipos de ecossistemas.

Os limites da biosfera são definidos em função de registros. Seus limites atuais


vão desde cerca 11 mil metros nas profundezas dos oceanos até cerca de 7 mil metros
de altitude na atmosfera.

A biosfera, para efeitos didáticos, pode ser dividida em biociclos, que


representam conjuntos de ecossistemas dentro da biosfera.

Os principais biociclos da biosfera são:

a)- Biociclo Terrestre ou Epinociclo- conjunto de todos os ecossistemas


terrestres.

b)- Biociclo Marinho ou Talassociclo- compreende todos os ecossistemas


marinhos.

c)- Biociclo de Água Doce ou Limnociclo- compreende todos os ecossistemas


de água doce.

28
III- ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS

1- Recursos Hídricos

O planeta Terra possui um volume de um trilhão de quilômetros cúbicos, mas só


a milésima parte disso é constituída de água. Assim cerca de 1,3 bilhões de quilômetros
cúbicos de água preenchem os vazios da crosta terrestre , cobrindo três quartos da
superfície e integrando a atmosfera.

A quantidade de água na Terra pode ser melhor expressada em toneladas, uma


vez que uma pequena parcela se encontra em estado gasoso ,ocupando pois um volume
muito grande em relação ao peso. Estima-se que o planeta tenha 1.360 .10 15 toneladas
de água , assim distribuída :

-Água salgada (Oceanos e Mares)- 1.298.800 trilhões de toneladas ( 95,5 %).

-Calotas Polares e Geleiras - 29.920 trilhões de toneladas (2,2%)

-Água doce - 31.280 trilhões de toneladas (2,3 %)

Dos 2,3 % de água doce, a maior parte , ou seja , 31 mil trilhões de toneladas
encontra-se retida no solo e sub-solo; cerca de 130 trilhões de toneladas constituem os
lagos e pântanos e o restante acha-se distribuído na atmosfera e nos rios.

Cerca de 0,035 % da água contida no globo terrestre encontra-se na atmosfera


em forma de vapor.

Porem as águas se renovam continuamente na superfície, assim como nas


camadas do solo e do subsolo, graças aos 100 trilhões de toneladas de água (ou metros
cúbicos) de água que, evaporados principalmente dos oceanos, precipitam-se
anualmente sobre os continentes.

29
Avalia-se que desse volume de chuvas, 37 trilhões de metros cúbicos, correm
anualmente pelos rios sendo despejados no mar. A maior parte porem , infiltra-se no
solo, preenchendo os espaços vazios existentes entre as partículas de argila, de areia ou
de outras rochas, constituindo os depósitos de água subterrânea.

Parte a água infiltrada vai localizar-se a pequena profundidade constituindo o


lençol freático (é a água que conseguimos captar de poços relativamente rasos, com
poucos metros de profundidade) , enquanto que a outra parte pode penetrar lentamente a
profundidades muito maiores ( centenas ou até milhares de metros), atravessando rochas
muito duras e localizando-se em areias ou argilas situadas abaixo delas, constituindo o
que chamamos de aqüífero.

Como exemplo , podemos citar o Aqüífero Guarani, localizado no sul do


Brasil. Essas águas são obtidas em poços profundos (poços artesianos). Geralmente são
de boa qualidade .

Por se acharem isoladas das atividades poluidoras da superfície, podem possuir


propriedades medicinais devido a substâncias que se dissolvem provenientes das rochas
onde estão depositadas (como as águas sulfurosas), e também podem ter temperatura
alta, sendo usadas principalmente no turismo, como nas Pousadas do Rio Quente, em
Goiás.

A água doce não se acha, no entanto, uniformemente distribuída sobre o planeta.


Uma parcela muito pequena cabe a Austrália; na África e na Europa a água também não
é muito abundante; a América do Norte contém o dobro de água da África.

As regiões do globo mais favorecidas são a Ásia e a América do Sul (onde só o


rio Amazonas despeja mais de 6 trilhões de metros cúbicos de água, por ano, no Oceano
Atlântico.

2- Biociclo Marinho ou Talassociclo

O biociclo marinho é o maior dos três biociclos, ocupando cerca de 70% da


biosfera. Apresenta profundidade média de 3800 metros , mas pode chegar a cerca de
11.000 metros de profundidade. Os fatores abióticos mais importantes são: penetração
de luz, temperatura, salinidade, correntes marinhas e nutrientes minerais.

A temperatura da superfície da água varia com a latitude e com a estação do ano.


A medida que se aprofunda nas águas, a temperatura tende a diminuir, mantendo-se
mais ou menos constante em 2,5 0C nas águas profundas.

A salinidade da água salgada é de 35 ppm, sendo que 70 % desse valor é devido


a presença dos íons Na+ e Cl- . Diluições da salinidade podem ocorrer em regiões
próximas a costa, devido a mistura com água doce de rios e de chuvas.

30
As correntes marinhas resultam da ação combinada dos ventos, do movimento
de rotação da Terra e das diferenças da densidade da água em função da temperatura e
da salinidade. Águas frias e mais salinas são mais densas e tendem a afundar, enquanto
que as águas mais quentes e menos concentradas tendem a subir.

Essas correntes marinhas desempenham um papel importante na dispersão de


organismos marinhos e no estabelecimento do clima, pois as correntes quentes, como é
o caso da corrente do Golfo do México, propiciam temperaturas mais moderadas na
Europa do que na América do Norte, mesmo estando em latitudes semelhantes. Já a
corrente de Humboldt diminui a temperatura da costa ocidental da América do Sul.

O Efeito “ El Nino” representa o incremento anormal da temperatura superficial


das águas do oceano Pacífico, na costa da América do Sul e ocorre em intervalos de 2 a
7 anos.

Essas alterações desencadeiam uma sucessão de alterações climáticas globais,


culminando com chuvas torrenciais em alguns locais e secas prolongadas em outros,
bem como favorecem o aparecimento de vendavais e furacões.

2-1- Classificação dos organismos marinhos

Os organismos marinhos (e de água doce também) podem ser classificados em


três grupos:

a)- Plâncton ( do grego plagtós = errante)

A palavra plâncton quer dizer errante. Constitui o conjunto dos seres vivos que
se movem passivamente, levados pelos ventos ou correntezas, pois são destituídos de
órgãos locomotores capazes de vencer os efeitos físicos do ambiente.

O fitoplâncton abrange todos os seres flutuantes de natureza vegetal


(autótrofos), representado principalmente pelas algas, destacando-se o grupo das
Diatomáceas. O fitoplâncton é o responsável pela maior produção fotossintética nos
ambientes marinhos, através da fixação do CO2 em carboidratos, constituindo-se
portanto no nível trófico primário da cadeia alimentar.

Já o zooplâncton é constituído pelo conjunto flutuante dos seres hetrótrofos.


Inclui principalmente os protozoários , pequenos crustáceos, e muitas formas larvais de
outros grupos de seres vivos.

Por outro lado, algumas espécies passam a vida inteira como seres planctônicos
(Holoplâncton) enquanto que outros organismos apenas vivem como organismos
planctônicos durante os primeiros estágios de sua existência ( Meroplâncton).

31
O zooplâncton se move para perto da superfície durante a noite, quando não é
tão visível para os carnívoros, e mais para o fundo durante o dia (migração vertical), por
alteração da densidade devido a maior ou menor presença de gotículas de óleo que são
por eles sintetizadas.

b)- Nécton ( do grego néktós = que sabe nadar)

São os seres dotados de movimentos próprios capazes de vencer as forças das


correntes. Exemplos: peixes, baleias, lulas, etc. Alguns desses animais, incluindo
peixes, também se movem desde a superfície ao fundo (até 800 metros) em seu ciclo
diário.

c)- Bentos ( do grego bénthos = fundo)

Compreende os seres que vivem no fundo do mar. Podem ser fixos ( mexilhões,
ostras, algas verdes ( Clorofíceas), algas pardas ( Feofíceas ), e algas vermelhas
( Rodofíceas),ou com movimento próprio ( estrela do mar, ouriço do mar, etc.).

2-2- Influência da Luz no Ambiente Marinho

De acordo com a profundidade, podemos dividir o oceano em :

a) Zona Litorânea ou Entre-marés - Compreende a região entre maré alta e a


maré baixa (popularmente, nossas praias estão incluídas nessa região). As praias
constituem enorme atração turística.

b) Zona Nerítica ( nero = água) - Corresponde a região do mar até 200 m de


profundidade, situada sobre a plataforma continental. É bastante rica em organismos
marinhos, principalmente peixes utilizados na alimentação humana.

c)- Zona Oceânica- corresponde ao mar aberto, depois da plataforma


continental.

32
A coluna de água das regiões Nerítica e Oceânica constituem o Domínio
Pelágico dos mares.

O Domínio Bentônico, por sua vez, é classificado em função da profundidade e


das características do fundo do mar em 4 zonas:

a)- Zona Sublitoral- representa o fundo oceânico da plataforma continental.

b)- Zona Batial - Situa-se entre 200 a 2000 m de profundidade.

c)- Zona Abissal - situada entre 2000 a 6000 m de profundidade.

d)- Zona Hadal- profundidades abaixo de 6 mil metros ( podendo chegar até
aproximadamente 11 mil metros.

A variação da luz em função da profundidade é um importante fator na


distribuição dos seres vivos do biociclo marinho. Assim temos:

a)- Zona Fótica

É a região do oceano iluminada e rica em seres autótrofos. Em regiões mais


costeiras, a penetração da luz geralmente atinge poucos metros, devido a turbidez da
água.

Devido a pureza das águas profundas (com respeito a partículas, limo e matéria
orgânica), a luz penetra mais profundamente. Os seres autótrofos podem realizar
fotossíntese até a 100 m de profundidade.

Portanto a zona fótica é muito rica em produtores, e consequentemente, em


consumidores.

Durante seu trajeto na água, ocorre absorção preferencial das luzes de


comprimento de onda mais longos , como o vermelho e amarelo.Os mais curtos (verde e
azul) penetram mais profundamente nas águas, tornando o mar azul.

Observado de satélites, os oceanos azuis parecem quase negros.

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b)- Zona Afótica

Localizada abaixo da zona fótica. Nessa região a intensidade luminosa é


insuficiente para sustentar a fotossíntese, ou nula ( ausência total de luz visível).

Embora tenhamos ausência de luz, aí podem viver produtores, como os


organismos quimiossintetizantes (por exemplo, as quimiobactérias), capazes de obter
energia pela decomposição de compostos do ambiente e capazes de utilizar essa energia
para sintetizar seus produtos orgânicos a partir de CO2 e H2O.

Mas, a grande parte dos seres heterótrofos que aí vive, depende de matéria
orgânica proveniente da zona fótica, constituindo-se portanto num ecossistema
dependente.

Muitos peixes abissais são dotados de bioluminescência , isto é, são capazes de


emitir luz, produzida por bactérias que vivem em sua superfície. Essa característica
pode se prestar ao reconhecimento sexual do parceiro, captura de alimentos ou fuga a
um ataque de predador. No entanto, pouco se conhece das formas de vida nas
profundezas dos oceanos.

Pesquisas recentes (2010) tem mostrado que nos gêiseres (fontes termais)
submarinos mais profundos do mundo, localizados na fossa oceânica das Ilhas Caimãs,
com 5 quilômetros de profundidade e temperatura superior a 450ºC, ocorre uma grande
quantidade de indivíduos (até 2.000 exemplares por metro quadrado) de uma espécie de
Crustáceos ( camarões ) desconhecida até agora.

Esses camarões não têm olhos, no sentido clássico do termo, mas nem por isso
são cegos. Possuem no dorso um órgão sensível à luz, que serve de orientação, através
da leve luminosidade dos gêiseres .A nova espécie de camarões foi denominada pelos
cientistas de Rimicaris hybisae.

Os gêiseres da fossa das Ilhas Caimãs expelem fluidos muito quentes, ricos em
cobre, de um aspecto fumegante e escuro que valeu a eles a alcunha de "fumadores
negros".

Anteriormente (1977) já haviam sido descritas comunidades abissais


(populações de bivalves e vermes tubiformes ) entre 2 mil e 4 mil metros de
profundidade, desenvolvendo-se junto a fontes termais ricas em gás sulfídrico ( H2S),
utilizado pelas bactérias quimioautotróficas para a fabricação de matéria orgânica
( seres autotróficos).

As regiões mais produtivas dos mares, nas quais se desenvolve a maior


variedade de seres vivos, situam-se próximas às regiões costeiras, onde é maior a
quantidade de sais minerais em virtude do desaguamento dos rios que trazem minerais
da terra.

34
A vida aquática também é particularmente rica nos estuários, regiões da costa
onde os rios se encontram com o mar. Já em alto mar, devido a pobreza de nutrientes, a
produtividade dos oceanos é muito baixa.

Em algumas regiões costeiras, existem correntes marítimas que levam os sais


minerais do fundo para a superfície iluminada. Esse fenômeno, chamado de
Ressurgência, aumenta o número de produtores, e a sua produtividade, e
consequentemente, incrementa o número de consumidores. Nesses locais há grande
abundância de peixes, como ocorre na costa do Peru.

2-3- Regulação Osmótica , Iônica e da Temperatura nos Animais Marinhos

Os invertebrados marinhos são isosmóticos ( possuem concentração osmótica


igual) com relação a água do mar.Portanto, não sofrem falta de água no meio salino que
é a água do mar ( 3,5 % de concentração).

No entanto, a sua composição iônica é bem diferente daquela da água do mar.


Geralmente acumulam potássio e excretam magnésio e sulfatos. Assim, através da
absorção diferencial ou extrusão de íons, esses organismos conseguem a sua osmo-
regulação.

Os peixes Cartilaginosos (Condrictes) como o tubarão e a raia são também


isosmóticos em relação a água do mar. Dessa maneira não sofrem falta de água. Sua
composição iônica também é regulada pela absorção diferencial de íons e extrusão de
outros.

Já os peixes Teleosteos ( Osteíctes), como a grande maioria dos peixes, são


hiposmóticos em relação a água do mar e tendem a se tornar desidratados, através da
perda osmótica de água de seus corpos , para a água do mar.

Existem várias adaptações para evitar perda de água para o meio . Em primeiro
lugar, superfície corporal é pouco permeável a água, mas mesmo assim,a água pode ser
perdida pelos epitélios que revestem a boca, faringe e brânquias.

Para compensar as perdas de água por osmose, esses peixes marinhos realmente
bebem água. Mas como a água é salgada, é preciso eliminar o excesso de sal. Alem da
urina altamente concentrada (rica em sais para serem excretados), existem nas brânquias
células secretoras de cloreto que são especializadas na eliminação do excesso de sal
absorvido.

35
Certo número de Répteis e Mamíferos voltaram ao mar. São capazes de se livrar
do excesso de sal pela secreção de soluções salgadas concentradas.

Baleias ingerem pouca água do mar; aproveitam a água contida no seu alimento
( água contida nas ligações químicas dos alimentos).

Alem da regulação iônica e osmótica, as baleias precisam de adaptações para


resistir às frias temperaturas da Antártida.

Como pode, por exemplo, uma baleia, cuja temperatura corpórea é de 38 °C,
manter-se em atividade nas águas frias da Antártida , com temperaturas ao redor de
0°C ?

A espessa camada de banha funciona como um isolante térmico. Mas as


barbatanas e as nadadeiras são nuas, isto é, praticamente desprovidas de tal proteção.
Dessa maneira, poderiam perder muito calor para o ambiente por essas extremidades.

No entanto, tanto as barbatanas como as nadadeiras possuem um rico suprimento


sanguíneo. Não há dissipação de calor, pois essas regiões funcionam como trocadores
de calor, fazendo o calor do sangue arterial retornar ao corpo pelo sistema venoso. Cada
artéria está completamente envolvida por veias, e à medida que o sangue quente
atravessa as artérias, cede por difusão parte do seu calor ao sangue venoso adjacente, e
que está mais frio circulando em sentido contrário nas veias circundantes.

Portanto, antes de chegar aos capilares periféricos, o sangue arterial já foi


resfriado, não tendo mais calor a perder. Esse calor foi passado para as veias que o
conduzem de volta ao corpo.

Dessa forma, quase todo calor perdido pela artéria vai aquecer o sangue venoso
e, portanto volta ao corpo.

Trata-se assim de um sistema contra-corrente e depende da difusão de calor de


um sistema com temperatura mais alta para um outro com temperatura mais baixa.

O atum, embora seja um peixe, e portanto tratar-se de um organismo de sangue


frio, é também um trocador de calor. De uma maneira geral a temperatura corpórea dos
peixes é semelhante a da água circundante, pois ao passar pelas brânquias (para que o
sangue seja oxigenado), o sangue perde calor para a água.

No entanto , o atum mantém temperatura interna de até 14 °C acima da água em


que vive, pois dispõe de um sistema trocador de calor entre os músculos (produtor de
calor) e as brânquias.

Dessa maneira, o sangue frio que traz oxigênio das brânquias pode ser aquecido
pelo sangue que deixa os músculos, de modo que o calor não é perdido. Por esse
motivo, o atum tem uma mobilidade insuperável mesmo em águas frias.

Aves marinhas como gaivotas, albatrozes, pinguins, etc., possuem na cabeça


glândulas secretoras de sal. Por isso podem beber água marinha. O mesmo acontece

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com répteis marinhos como a tartarugas gigantes, que possuem glândulas secretoras de
sais próximo ao olho.

3- Biociclo Dulcícola ou Limnociclo

3-1-Sistemas lênticos e lóticos

O Biociclo Dulcícola, compreende os ecossistemas de água doce. Na água doce


temos vida nos ambientes lóticos ( águas correntes como rios) e ambiente lênticos
( águas paradas como lagos e lagoas).

Os lagos naturais formam-se quando canais ou depressões se enchem de água


em áreas baixas de antigos cursos de água, ou ainda em depressões criadas ao se
derreter gelo glacial.

Existem também depressões em terrenos onde um canal de água do subsolo sai à


superfície criando lagos superficiais.

O homem também é responsável pela criação de lagos e lagoas para uso


recreativo ou para represar água a ser usada na agricultura.

Destacam-se três grupos de produtores nos lagos e lagoas: fitoplâncton , algas


bentônicas , e plantas aquáticas .

A drenagem de matéria orgânica e de nutrientes dissolvidos das áreas


circundantes, traz para as lagoas matéria orgânica e nutrientes dissolvidos. O dióxido
de carbono necessário para a fotossíntese provém do ar (dissolvendo-se na água) e da
decomposição de matéria orgânica.

Em zonas calcárias, cálcio e carbonato se adicionam à água pela dissolução de


rochas calcárias. O dióxido de carbono e os carbonatos reagem formando bicarbonato.
A água rica em bicarbonato, cálcio e magnésio é chamada de água dura. As lagoas de
águas moles podem ser encontradas em áreas isentas de rochas calcárias.

Nos sistemas lênticos a temperatura varia de acordo com a estação do ano e a


penetração de luz depende da turbidez da água.

Em lagos profundos, no inverno, a água fica mais fria na superfície, mantendo-se


mais quente nas profundidades. Temos um movimento vertical da água mais quente
para a mais fria, tendendo a uniformizar a temperatura da água. Essas correntes de
convecção, promovem uma melhor aeração dos lagos.

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Em regiões de clima temperado, se a temperatura baixar muito, forma-se uma
camada de gelo superficial (o gelo é menos denso que a água e por isso flutua), que
funciona como isolante térmico. Essa camada impede um resfriamento muito acentuado
do lago permitindo que a vida continue a existir.

Lagos com uma elevada concentração de nutrientes são chamados de lagos


eutróficos, enquanto aqueles com baixa concentração de nutrientes são chamados de
lagos oligotróficos. Evidentemente, as águas oligotróficas suportam uma menor
quantidade de biomassa.

A quantidade máxima de gás que pode se dissolver na água (nível de saturação),


depende da temperatura. Por exemplo, a água doce saturada com oxigênio, a 21ºC,
contém 9 ppm (partes por milhão) de oxigênio; quando a temperatura aumenta, a
quantidade de oxigênio dissolvido diminui, causando um excedente que se difunde para
fora da água.

Se a temperatura diminui, o potencial de saturação da água aumenta. Em águas


eutróficas, durante um dia ensolarado, a fotossíntese é intensa, produzindo altos níveis
de oxigênio e de matéria orgânica.

A quantidade de oxigênio pode flutuar entre 30 ou 40 ppm. Parte desse oxigênio


se difunde para fora do sistema, mas a maior parte é utilizada na respiração animal e
vegetal.

No processo de decomposição de matéria orgânica, os micro-organismos


consomem a maior parte do oxigênio produzido durante o dia. Isto pode baixar o nível
de oxigênio para 1 ou 2 ppm ao final da noite.

O nível mais baixo de oxigênio determina a capacidade de sustentação da lagoa


para muitos organismos. Ocasionalmente, pode ocorrer uma grande mortalidade de
peixes após um período de vários dias nublados.

A respiração, neste caso, é muito maior que a produção de oxigênio e alguns


peixes morrem por falta de oxigênio.

A atividade antrópica tem levado a descarga de enorme quantidade de lixo


orgânico aos lagos e rios, causando a eutrofização das águas.

Nestas condições eutróficas, novas espécies de macrófitas são favorecidas.


Macrófitas são plantas aquáticas encontradas nas margens dos rios, lagos, lagoas, como
o água-pé ( Eichhornia crassipes ), a Elodea ( Egeria densa), etc.

São importantes pois atuam como fontes de biomassa e de nutrientes, servem de


habitat e abrigo para muitos seres aquáticos, proporcionam sombreamento para certas
formas de vida, etc., podendo inclusive servir de alimento diretamente ao homem
( como o agrião) ou serem usadas como plantas ornamentais em aquários ou lagos.

Do ponto de vista ecológico podem ser usadas como bio-indicadores de


ambientes aquáticos poluídos ou eutrofizados.

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Por outro lado, algumas macrófitas como Eichhornia crassipes podem causar
sérios danos a economia, por obstruir lagos e rios devido a seu intenso
desenvolvimento. Na Flórida, (Estados Unidos da América), tornou-se praga, causando
prejuízos consideráveis.

Estas plantas bloqueiam o movimento de barcos e interferem com a pesca e


outras atividades recreativas. Tentativas de remover estas plantas não têm tido êxito,
pois a utilização de herbicidas promove a decomposição do material vegetal na
superfície da lagoa. Os decompositores liberam nutrientes e estimulam novamente o
crescimento do mesmo tipo de planta.

Um rio é um curso natural de água, usualmente de água doce, que flui no


sentido de um oceano, um lago, um mar, ou um outro rio.

Em alguns casos, um rio simplesmente flui para o solo ou seca completamente


antes de chegar a um outro corpo d'água, como ocorre em muitos corpos de água no
semi-árido do nordeste brasileiro.

Pequenos rios também podem ser chamados por vários nomes, como córrego,
riacho, riachuelo, canal e ribeira.

Não existe uma regra geral que define o que pode ser chamado de rio. Os rios ou
cursos de água podem também ser oligotróficos ou eutróficos, dependendo da
concentração de nutrientes em suas águas.

Quanto às águas, os rios podem ser de três tipos: rios de águas brancas, rios de
águas claras e rios de águas escuras.

Os rios de águas brancas são aqueles cujas águas carregam grandes quantidades
de sólidos em suspensão, como magnésio e cálcio, o que os deixa com a água com um
aspecto esbranquiçado ou barrento, e baixa visibilidade. Muitos desses rios com parte
do curso no Brasil têm origem nas nascentes andinas, como o rio Amazonas. Em suas
margens, existem áreas de várzeas férteis, propícias para a agricultura.

Os rios de águas claras, ou águas azuis, são os rios com pouca quantidade de
sólidos em suspensão e aspecto cristalino, o que lhes permite uma grande visibilidade.
Como exemplo podemos citar os rios na região centro-oeste do Brasil .

Os rios de águas escuras têm geralmente água ácida devido às grandes


quantidades de substâncias orgânicas dissolvidas, provenientes de solos arenosos
cobertos por vegetação.Como exemplo podemos citar o rio Negro.

Devido ao aumento da população e da ocupação desenfreada de terrenos


ribeirinhos usados para industrialização e moradia, apareceu um problema grave no
meio ambiente: a poluição fluvial, que pode provocar danos irreversíveis ao rio,
provocando a morte e até a extinção de vários organismos aquáticos. Isso somado à
iniciativa comum de aterrar pântanos e banhados, gera a cada temporada de chuvas, nas

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margens de rios e próximo a elas, o problema da enchente, que desabriga muitas
famílias repetitivamente a cada ano.

Muitos rios são utilizados para transporte, chamado transporte fluvial. Nos rios a
presença de corredeiras e quedas d'água impede a navegação.Alguns rios são
navegáveis em apenas parte de seu curso d'água.

3-2-Regulação Osmótica e Iônica nos Animais de Água Doce

A mudança de animais marinhos para a água doce (conquista da água doce)


exigiu a solução de um problema osmótico oposto àquele existente na água do mar:
como manter a concentração sanguínea hiper-osmótica em relação a água doce, pois a
tendência é de penetrar muita água doce para o animal e conseqüentemente diluir
demasiadamente sua concentração sanguínea.

Isso realmente ocorre nos animais de água doce. Todos os animais de água doce
possuem uma concentração sanguínea mais baixa que seus ancestrais marinhos. A perda
de sais, no entanto, é compensada pela absorção ativa de sais por células das brânquias.

Também a urina desses animais é geralmente hipo-osmótica em relação ao


sangue e hiper-osmótica em relação ao meio (água doce).

Alem disso, esses animais urinam bastante para se livrarem do excesso de água
( urina bem diluída).

4- Desequilíbrios ambientais no meio aquático

Toda e qualquer alteração ocorrida no meio ambiente que venha provocar um


desequilíbrio ambiental afetando os organismos vivos é chamada poluição.

A poluição do meio pode ser causada por liberação de excesso de energia ou


matéria no ambiente. Os principais desequilíbrios no meio aquático são:

4-1-Eutrofização-

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É o fenômeno pelo qual a água é enriquecida por nutrientes diversos,
principalmente compostos nitrogenados e fosforados.

A eutrofização de rios resulta muitas vezes da lixiviação de nutrientes utilizados


na agricultura ou da adição excessiva, na água, de lixo e de esgotos domésticos, de
resíduos industriais diversos, como o vinhoto oriundo da indústria açucareira, dos
efluentes ricos em detergentes, etc.

O enriquecimento da água favorece o desenvolvimento de uma superpopulação


de microrganismos decompositores, que consome rapidamente o oxigênio disponível.

Com a redução drástica do teor de oxigênio, acontece a morte por asfixia das
espécies aeróbicas. O ambiente passa a exibir então uma nítida predominância de
organismos anaeróbicos que produzem substâncias tóxicas diversas como o mal-
cheiroso gás sulfídrico (H2S).

Às vezes, ocorre proliferação excessiva de certas algas que formam um tapete


verde sobre a água , fenômeno conhecido como floração das águas. Dessa maneira,
impedem passagem de luz, e as algas das camadas inferiores morrem.

No final do processo as algas da superfície também morrem ( multiplicam-se


muito e ocorre falta de oxigênio), e ao serem decompostas, provocam ainda um maior
consumo do oxigênio, pela atuação dos organismos decompositores aeróbicos. Isso
provoca a morte dos seres aeróbicos por asfixia.

O rio Tietê, que nasce limpo na Serra do Mar, é transformado num verdadeiro
canal de esgoto a céu aberto (por ironia, tiete significa legítimo em tupi-guarani) ,
devido às descargas de poluentes e esgoto que recebe.

Na grande São Paulo, o rio Tietê é um rio morto, com resíduos de metais
tóxicos, altos índices de coliformes fecais e ausência quase total de vida aeróbica.

Em Pirapora, cerca de 80 Km rio abaixo, é possível observar um fenômeno


espetacular.

O rio está coberto de espumas brancas que flutuam no ar carregadas pelas


correntes de vento. Isso resulta da grande quantidade de detergentes que o rio recebe
ainda em São Paulo, e que produzem a espuma devido a mistura com o ar quando o rio
despenca de uma certa altura devido a existência de uma represa no local .

Estes “cisnes de detergentes”, reduzem a penetração de oxigênio na água e


adsorvem impurezas do rio, sendo portanto perigosos para a população local que
constantemente está respirando os borrifos ocasionados pelo vento.

Os detergentes podem também remover a secreção gordurosa protetora das aves


causando a sua morte. Por conterem substâncias fosfatadas, podem causar
enriquecimento (eutrofização) das águas.

41
4-2-Anoxia e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

Vamos supor um aquário onde temos um peixe. Damos seu alimento (ração) e o
oxigênio existente na água é suficiente para a sua respiração.

Mas se colocarmos excesso de alimento, o peixe poderá morrer, pois o oxigênio


vai ser consumido pelos processos de decomposição realizados pelos decompositores
que usam oxigênio para reciclar a matéria orgânica.

Quanto maior for a quantidade de alimento (matéria orgânica) maior será a


população de decompositores. Portanto, a determinação do DBO permite avaliar a força
poluidora ( no sentido de exaurir oxigênio).

O valor de DBO nos esgotos domésticos é de 300 a 400 mg/L, ou seja, cada litro
de esgoto consome de 300 a 400 mg de oxigênio.

A água limpa, tanto doce como do mar, possui cerca de 9 mg de oxigênio por
litro. A redução da concentração de oxigênio na água resulta na morte de peixes e de
outros organismos aquáticos.

É este o tipo de poluição responsável pelas horríveis cenas registradas de tempos


em tempos na represa “Billings” de São Paulo e na lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de
Janeiro, onde os peixes, pouco antes de morrerem aos milhares, vem a tona tentando
desesperadamente sorver o oxigênio do ar.

Por fim, os próprios microorganismos decompositores aeróbicos desaparecem


também, restando apenas os microorganismos anaeróbicos, que realizam fermentações
produzindo substâncias mal cheirosas como metano, gás sulfídrico e mercaptanas.

Temos então a morte de rios ou lagos. A ressurreição dos mesmos envolve caros
processos de despoluição, como temos observado várias tentativas no rio Tietê. Já a
ressurreição do rio Tamisa, na Inglaterra, envolvendo sistemas de captação de esgotos; a
construção de estações de tratamento de esgoto , e a limpeza periódica de dejetos (
especialmente sacos plásticos e garrafas PET), obteve sucesso total, simbolizado pela
volta do salmão a esse ecossistema.

Nos oceanos e mares, esse mesmo tipo de poluição forma as chamadas “marés
vermelhas” que nada mais são do que o acúmulo de microorganismos consumidores de
oxigênio.

As águas ficam escuras, os peixes morrem e os frutos do mar tornam-se tóxicos


para o consumo humano. Pode haver a proliferação de algas vermelhas superficiais, daí
o nome.

4-3-Presença de coliformes fecais como indicadores

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Coliformes fecais, são bactérias que vivem normalmente no intestino humano,
sem causar doenças, ajudando a nossa digestão. Elas se alimentam de sub-produtos não
utilizados pela nossa digestão.

No entanto, a presença de coliformes fecais na água é uma indicação da presença


de poluição causada por descargas de esgotos (pois essas bactérias não se reproduzem
na água; somente no intestino).

Havendo presença de dejetos proveniente de esgotos, temos a possibilidade da


existência de microorganismos patogênicos (eliminados pelas fezes de pessoas doentes)

Portanto a detecção de coliformes fecais em corpos de água, serve de indicador


de ambientes perigosos a saúde pública como praias e rios, etc., que devem ser evitados
pela população no que se refere a consumo ou banho.

4-4-Poluição causada por metais pesados

No Brasil, o mercúrio é intensivamente usado nas zonas de garimpo. O mercúrio


metálico forma um amálgama (mistura) com o ouro de maneira a separá-lo das
impurezas. A seguir, usando maçaricos, o garimpeiro faz evaporar o mercúrio, obtendo
então o ouro desejado.

Alem de intoxicar seriamente o garimpeiro, o mercúrio contamina as águas indo


se concentrar ao longo das cadeias alimentares, principalmente nos peixes carnívoros.
Admite-se que a mesma quantidade de mercúrio é despejada nos rios para cada tonelada
de ouro extraída .

Uma tragédia jamais esquecida causada pela poluição por mercúrio, ocorreu na
baia de Minamata, Japão, na década de 50. As pessoas afetadas, conhecidas por
“legumes humanos” ficaram cegas, com as mãos e os pés retorcidos, o corpo
esquelético e o sistema nervoso deteriorado. Crianças afetadas durante a gestação
nasceram anormais.

O chumbo também é um sério poluente. O acúmulo de chumbo no organismo


causa uma doença chamada saturnismo (perturbações nervosas, nefrites crônicas,
paralisia cerebral e confusão mental, síntese de hemoglobina diminuída , causando
anemia.

A poluição por chumbo é causada por industrias diversas e principalmente pela


gasolina combustível que contem tetra-etilato de chumbo, usado como anti-detonante.

Emissões atmosféricas originadas do processamento industrial de metais contem


todos os tipos de metais pesados; a água de rejeito e a de esgoto das fábricas pode
apresentar cádmio (Cd), zinco (Zn) , ferro (Fe), chumbo (Pb) , cobre ( Cu) , cromo
(Cr) , níquel( Ni) e mercúrio ( Hg ).

43
4-5-Poluição por petróleo

Derramamentos de petróleo aparecem com freqüência no noticiário, e são


causados principalmente por acidentes com navios petroleiros, acidentes em plataformas
de petróleo, e pela lavagem dos reservatórios de petróleo dos navios que é lançada
diretamente ao mar.

O petróleo derramado forma extensas manchas na camada superficial das águas.


Uma camada de óleo sobrenadante de 1 cm de espessura basta para reduzir a capacidade
de penetração da luz de 200 para 20 metros, afetando portanto a fotossíntese dos seres
aquáticos. Ainda mais, dificulta a oxigenação das águas, causando asfixia dos seres
heterótrofos .

O petróleo também adere às brânquias dos peixes e outros animais aquáticos


impedindo a respiração. As aves marinhas piscívoras , ao entrarem em contato com o
óleo, perdem o colchão de ar entre as penas ( com isso perdem a proteção contra o frio e
não podem voar).

Ostras, mariscos, o próprio fitoplâncton são seriamente afetados pelo petróleo.


As plantas do mangue (um criadouro de vida marinha) também sofrem perturbações
catastróficas: seus estômatos são fechados, as folhas são danificadas, o sistema radicular
é envenenado e fica também asfixiado, pois o óleo cobre as lenticelas por onde o
oxigênio penetra nestas plantas.

Alguns métodos são usados para diminuir a dispersão das manchas de óleo
derramadas, como o uso de barreiras físicas e sucção por bombas. O uso de detergentes
deve ser evitado uma vez que essa prática pode ser tão desastrosa como o próprio
petróleo.

A maior catástrofe referente a derramamento de petróleo no oceano, ocorreu no


dia 20 de abril de 2010, quando uma explosão na plataforma da British Petroleum no
Golfo do México, matou 11 pessoas e rompeu tubulações no fundo do oceano.

Desde então, uma quantidade estimada entre 3 e 4 milhões de barris de petróleo


vazou, fazendo deste o maior acidente ambiental da história dos Estados Unidos. O
vazamento só foi totalmente controlado em 19 de setembro.

Os impactos ambientais de um derramamento de petróleo são enormes, pois a


mancha de óleo propaga-se pelo mar, matando milhares de peixes, aves e corais, além
de contaminar a água. Alem das ameaças ao ecossistema, deve ser levado em conta, os
enormes prejuízos causados a indústria pesqueira e ao turismo.

44
4-6-Poluição por emissão de radiatividade

A poluição radiativa é causada pelo lançamento de produtos radiativos no


ambiente através de explosões atômicas; pela água utilizada para o resfriamento dos
reatores de usinas nucleares (no Brasil temos Angra I e Angra II ), e pelos detritos
atômicos radiativos ( lixo atômico).

4-7-Poluição sonora e térmica

A poluição térmica consiste no aquecimento das águas naturais pela introdução


de água quente utilizada na refrigeração de centrais elétricas, usinas nucleares,
refinarias, siderúrgicas e outras usinas térmicas.

A elevação da temperatura propicia o desenvolvimento de micro-organismos que


podem causar doenças em organismos aquáticos.

Com o aumento da temperatura, também a solubilidade do oxigênio na água


diminui. Quanto maior for a temperatura da água, mais oxigênio é desprendido para o
ar.Devido a isso, os organismos que dependem de oxigênio para sobreviver são
prejudicados, podendo mesmo ocorrer a morte.

A poluição sonora em ambientes aquáticos está cada vez tornando-se mais


acentuada , como o barulho de motores de navios, barcas, lanchas, “jet-ski” , etc.) e
acredita-se que essa poluição sonora esteja afetando os seres aquáticos como baleias,
golfinhos, etc.

45
IV-BIOCICLO TERRESTRE OU EPINOCICLO

O biociclo terrestre representa os ecossistemas com maior variação de fatores


ambientais , como água, luz e temperatura.

A conquista do meio terrestre pelos animais acarretou vários problemas devido a


relativa secura do ar e a escassez de água. A secura do ar causa o risco de dessecamento
de todos os animais em quaisquer estágios da história de sua vida, incluindo óvulo e
espermatozóide.

No meio aquático não temos esse problema. A falta do meio aquático para a
reprodução foi vencida pela fecundação interna.

Os anfíbios, que não desenvolveram a fecundação interna, foram obrigados a


voltar a água para procriar. A evolução no meio terrestre foi bem sucedida em
vertebrados e artrópodes. Alem desses grupos citados, temos presença de caracóis
terrestres (moluscos), tatuzinho ( crustáceos) e minhocas ( anelídeos) que buscam ou
carregam proteção.

O tegumento de insetos e aracnídeos (artrópodes) tornou-se parcialmente


impermeável pelo endurecimento da parte externa da cutícula (exo-cutícula) e
principalmente pela cera produzida pelas células hipodérmicas.

Nos vertebrados a superfície impermeável toma a forma de uma camada córnea,


produzida peles células epidérmicas que pode continuamente ser substituída, ou ser
semi-permanente.

Assim podemos observar um aumento progressivo da impermeabilidade do


tegumento de anfíbios até mamíferos.

Mas, a superfície respiratória dos animais deve ser mantida úmida para que
ocorram as trocas gasosas, e por conseguinte , estão sujeitas ao dessecamento.

Esse perigo foi abolido pela alocação dos órgãos respiratórios no interior do
corpo como as traquéias nos insetos e os pulmões nos vertebrados, o que diminui a
perda de água.

Os ecossistemas do biociclo terrestre são agrupados em biomas .

A palavra bioma é usada para designar os grandes tipos de ecossistemas


terrestres da biosfera, que se distinguem por um tipo de fisionomia vegetal bem
característica. Por isso fala-se também em formações fitogeográficas.

Os biomas são comunidades clímax, estáveis e bem desenvolvidas, e são


condicionadas pelos fatores climáticos como luz solar, temperatura, água (precipitação
pluviométrica) , ventos, e fatores edáficos ( fatores do solo), etc.

46
Os grandes padrões climáticos determinantes desses biomas são definidos em
função da latitude (que reflete a variação de energia solar recebida pela Terra numa
determinada região) e da altitude ( a medida que a altitude aumenta, diminui a
temperatura e o regime de precipitação pluviométrica também se altera).

Por isso, uma montanha alta perto do Equador , por exemplo, pode apresentar
uma seqüência de biomas bem parecida como aquela de um gradiente latitudinal.Assim,
um mesmo bioma pode estar em mais de uma região do planeta ( como uma floresta
tropical que existe na América do Sul, África e Ásia).

Por outro lado, o clima da Terra, também é influenciado pelos oceanos, que
ajudam a manter o equilíbrio térmico da Terra.

Enquanto a atmosfera é aquecida de baixo para cima, nos oceanos acontece o


contrário, pois a energia solar é transformada em calor ( radiação infra-vermelho) nas
camadas mais superficiais do oceano.

Nas grandes massas de água a variação diurna da temperatura é menor, quando


comparada a aquela que acontece no continente.

Alem disso, os oceanos retêm mais calor e se aquecem ou se esfriam de modo


mais lento que o ambiente terrestre. Assim, a temperatura da Terra é estabilizada pelos
oceanos.

As correntes marinhas podem também determinar alterações climáticas nos


continentes, pois transferem também calor ou frio, conforme for a temperatura de suas
águas.

Os principais biomas terrestres do mundo são os seguintes:

1- Gelo Polar

Existe gelo polar nos dois pólos. Em campos de gelo permanente encontram-se
ecossistemas simples. Sobre a neve antiga se desenvolvem algas.

Os nutrientes tendem a concentrar-se, a medida que neve e gelo se derretem e


evaporam. Algumas destas algas são de cor vermelha brilhante.

2-Tundra

É o bioma localizado na região do círculo polar Ártico. Não existe praticamente


no hemisfério Sul, porque a região correspondente está em sua maior parte ocupada
pelas águas oceânicas. Existem apenas duas estações:

a) o inverno que é longo e rigoroso ( cerca de 10 meses de duração), onde


predomina a escuridão, o frio e a escassez de alimentos;

47
b)- verão curto ( 2 meses), com dias longos e descongelamento da superfície do
solo. Durante o curto verão, o sol permanece no céu por aproximadamente 24 horas
cada dia.

Isto significa que as plantas podem realizar a fotossíntese a maior parte do


tempo. Grandes quantidades de produtos da fotossíntese são produzidos e armazenados
nesta estação.

A matéria orgânica acumulada é capaz de sustentar os consumidores. Durante o


verão, ao redor de 10 a 15 cm do solo descongela.

O solo, abaixo dessa profundidade permanece gelado e se denomina


“permafrost”.

A precipitação pluviométrica é pequena ( cerca de 250 mm anuais), geralmente


em forma de neve. No entanto, a evapotranspiração ( perda de água em forma de vapor
tanto pelo solo como pelos seres vivos presentes) também é pequena.

No verão há proliferação de vegetais, como musgos e líquenes, pequenos


arbustos. A fauna no verão também prolifera com aumento dos insetos, pássaros, alguns
mamíferos como o boi almiscarado, a rena, o caribú, a raposa do Ártico e os lemingues.

O leming, um pequeno roedor, está capacitado para prosperar neste ambiente


hostil, escondendo-se sob a neve e comendo matéria vegetal armazenada. O leming
sustenta consumidores de ordem mais elevada na cadeia alimentar, como corujas da
neve, raposas e lobos.

No inverno, com o congelamento do solo, os vegetais permanecem em vida


latente, enquanto várias espécies animais migram ou permanecem dormentes. Quando a
neve cobre as plantas, o caribú migra para o sul seguido pelos lobos. As corujas da neve
e muitos outros pássaros também migram.

Lebres, raposas e algumas aves tornam-se brancas no inverno, confundindo-se


assim com a neve (camuflagem protetora).

3- Taiga ou Floresta Boreal

A taiga, localiza-se ao sul da tundra, ocupando partes do Alasca, Canadá,


Estados Unidos, Sibéria, etc.

Recebe mais radiação solar que a tundra, mas ainda é caracterizada por 2
estações por ano.

No inverno rigoroso com duração de 3 a 6 meses o solo permanece congelado.

A precipitação pluviométrica anual é de 250 a 500 mm. A vegetação típica desse


bioma é a floresta sempre verde constituída por Coníferas ( Gimnospermas).

48
A floresta de coníferas ( sempre verdes) sobrevive na forma de vida latente
durante o rigoroso inverno, quando a água em forma de gelo, não pode ser absorvida
pelas suas raízes.As folhas das coníferas são pequenas, em forma de agulha ( folhas
aciculadas) sendo recobertas por uma camada de cera impermeabilizante, que impede
perda excessiva de água.

Esta floresta é capaz de suportar populações de grandes animais. Coelhos,


veados, alces e roedores são capazes de utilizar os produtos da floresta constituindo
grandes populações .

Aí encontramos também grandes populações de carnívoros, como o lince, o alce,


a puma, caribús vindos da tundra, lobos, ursos pardos e ursos polares, e variedades de
falcões e águias.

Disseminados dentro da floresta taiga, existem numerosos lagos, em áreas mais


baixas .

As plantas aquáticas nestes lagos são importantes para proporcionar alimento a


grande quantidade de aves aquáticas que emigram no verão.

Durante o inverno, alguns animais hibernam , enquanto que as aves migram em


busca de melhores condições de vida. Os Mamíferos que hibernam pertencem a 3
ordens: Insetívoros, Quirópteros e Roedores.

Certos mamíferos como marmota, ouriço, “hamster”, esquilo, morcego, etc,


passam o inverno em um estado dormente de hibernação (estado de torpor), no qual
parecem estar dormindo, e durante esse tempo, pouco ou nenhum alimento é ingerido.

Esse período pode ser de vários meses, podendo incluir o inverno todo em
regiões de clima temperado.

Durante esse período, a temperatura corpórea é bastante reduzida, o que leva a


uma diminuição da taxa metabólica.

Esses animais vivem das reservas alimentares que foram acumuladas antes do
início da hibernação.Essas reservas alimentares se encontram principalmente na forma
de gorduras, que são facilmente metabolizadas em baixas temperaturas.

Até um certo limite de temperatura, esses animais que hibernam são


praticamente pecilotermos., isto é, a atividade metabólica diminui proporcionalmente
com a diminuição da temperatura.

Durante a hibernação, o consumo de oxigênio pode diminuir de 30 a 100 vezes


do consumo normal. Mas, se a temperatura corporal cair abaixo de 0 °C , há um sinal
proveniente do cérebro que induz a um aumento na produção de calor, para impedir que
os tecidos se congelem.

Portanto, um animal hibernador, não se comporta exatamente como um animal


pecilotermo. Podemos concluir que a hibernação é um estado fisiológico altamente
regulado.

49
A entrada no estado de hibernação é geralmente lenta e a temperatura corporal
vai caindo lentamente com o passar das horas. O despertar da hibernação, no final do
inverno, é precedida pelo aumento gradual do metabolismo e conseqüente elevação da
temperatura corpórea.

Os ursos não são considerados verdadeiros hibernantes, pois a temperatura


corporal cai somente alguns graus Celsius, mantendo-se portanto ainda uma taxa
metabólica relativamente alta.

Por isso, o urso pode ser “acordado” sem passar por um longo período de
reaquecimento. Como principal adaptação, possuem uma grande capa de gordura , que
funciona como um isolante térmico e como reserva alimentar.

Os morcegos não restringem sua hibernação ao inverno, somente. No verão,


quando repousam durante o dia, sua temperatura corporal pode igualar a do ambiente, e
por isso, podem ser considerados como hibernantes diários.

Na verdade, todo mamífero, quando dorme sofre uma queda noturna da


temperatura corporal e conseqüentemente de seu metabolismo. Portanto, o sono e a
hibernação possuem características em comum.

Em aves também geralmente ocorre uma queda noturna da temperatura,


enquanto dormem. Como a taxa metabólica é extremamente alta durante o dia, a noite
ela diminui bastante. Isso pode ser bem evidenciado no colibri, que, durante a noite,
praticamente hiberna.

No hemisfério sul, em regiões com temperaturas bem baixas no inverno, existe


uma floresta, geralmente perene, que se assemelha bastante à taiga do hemisfério norte.

4- Ecossistemas de Altas Montanhas

A cada 200 metros de altitude, a temperatura cai aproximadamente em 1°C. Por


isso, o monte Kilimanjaro, localizado no Quênia ( latitude próxima ao Equador
terrestre), por ter mais de 5 mil metros de altura , apresenta neve no seu cume.

Abaixo dos campos gelados, no cume de altas montanhas, encontram-se as


tundras alpinas.

Abaixo da tundra alpina está o ‘timberline” , que é a linha imaginária nas


montanhas acima da qual não crescem árvores). Em seguida, aparece uma floresta
similar à taiga.

Nas altas montanhas, o gelo, a tundra e os primeiros bosques localizados logo


abaixo do “timberline”, são comparáveis aos ecossistemas polares. A temperatura é
baixa. No entanto, os dias e noites não são tão longos como nas regiões polares.

Estes ecossistemas de altas montanhas usualmente possuem um longo verão . As


plantas acima do “timberline” são pequenas e adaptadas a geadas durante a noite e

50
degelos durante o dia. Nos trópicos, estas formosas zonas de plantas com grandes folhas
se denominam paramos, que constituem um ecossistema neotropical encontrado em
países andinos.

Portanto, uma montanha alta localizada próxima ao equador terrestre , pode


apresentar a mesma seqüência de biomas que existe em um gradiente latitudinal. Esse
bioma aparece nas grandes cadeias montanhosas, como os Andes, as montanhas
Rochosas, os Alpes e outros.

5- Florestas de Clima Temperado

Situam-se nas regiões de clima temperado da Terra, como a leste dos Estados
Unidos, oeste da Europa, parte da China, sudeste da Sibéria, Coréia, Japão, etc.

Recebem maior intensidade de energia solar que as tundras e taigas, e a


precipitação de água ( neve ou chuva) é maior . Aí estão caracterizadas a 4 estações do
ano : primavera, verão, outono e inverno.

O inverno é rigoroso com dias curtos enquanto que o verão é caracterizado por
dias longos e altas temperaturas.

As florestas são em parte caducifólias ou decíduas (perdem as folhas no inverno)


e em parte sempre-verdes (como nas coníferas, onde as folhas são mantidas). Destacam-
se as faias, as nogueiras, os carvalhos, as bétulas, etc.

A fauna é bastante diversificada , incluindo insetos, veados, esquilos, ursos,


lobos, aves, serpentes, anfíbios.

As florestas de clima temperado produzem folhas, frutas, castanhas e sementes


em abundância que constituem alimento de uma grande variedade de animais no verão.

No outono, quando os dias se tornam mais curtos e a temperatura diminui, as


folhas das árvores decíduas mudam de cor. Esta mudança de cor é causada pela
reabsorção da clorofila das folhas, até ficar de cor vermelho, amarelo e laranja ( devido
a presença de pigmentos carotenóides e xantofilas).

No inverno, as folhas mortas formam um leito debaixo da neve e as árvores


permanecem dormentes. Muitos pássaros migram buscando climas mais quentes.

Grande parte dos animais pequenos hibernam, enquanto que outros desenvolvem
uma pelagem pesada para suportar o frio.

Na primavera, o bosque responde a dias mais longos e de temperatura mais alta.


As árvores utilizam os nutrientes armazenados no verão anterior para produzir novas
folhas e flores. Os pássaros que emigraram, voltam, e a população de insetos se ativa e
cresce rapidamente.

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As florestas de clima temperado desenvolvem-se em zonas onde a média anual
de precipitação pluviométrica é de 750 a 1.500 mm por ano, e é distribuída
uniformemente.

Esta distribuição de chuva permite a decomposição de matéria orgânica e o


retorno gradual dos nutrientes ao solo, rico em húmus, formado pelas folhas caídas.

O solo dessas florestas é profundo e rico em matéria orgânica.

6- Florestas Pluviais Tropicais

As florestas pluviais tropicais localizam-se entre os trópicos, na América do Sul,


na América Central, na África, na Ásia, etc.

O clima é quente e úmido, e as temperaturas oscilam normalmente entre 21 οC e


ο
32 C.

A precipitação pluviométrica é muito alta (geralmente excedendo 2.000 mm de


chuva anuais), com grande incidência de radiação solar .

Esse bioma apresenta vegetação abundante, de crescimento rápido e sua


vegetação é sempre - verde, ou seja, as árvores nunca perdem suas folhas de uma única
vez, em uma determinada estação. Portanto trata-se de uma floresta perenifólia.

A floresta é altamente diversificada (grande biodiversidade) apresentando-se


estratificada, com vegetação densa , muitos cipós e pouca penetração de luz.

A floresta é rica em plantas epífitas ( que vivem sobre outras árvores em busca
de luz, pois são autótrofas), como orquídeas, bromélias, samambaias, musgos, líquenes.
As bromélias geralmente apresentam as folhas dispostas em cálice para armazenar água
de chuva.

Nesses reservatórios aquáticos podem viver algas, protozoários,vermes, lesmas,


insetos aquáticos, pererecas e até cobras pequenas, constituindo verdadeiras
comunidades em miniatura. Trata-se , na verdade , de um micro-ecossistema.

O estrato superior pode atingir mais de 40 metros. Esse bioma é portanto uma
floresta sempre- verde, exuberante , de crescimento rápido, e de grande biodiversidade
( muito rica em espécies de seres vivos).

A fauna é riquíssima onde podemos encontrar insetos, aves, macacos, preguiças,


gambás, quatis, tatus, veados, capivaras, pacas, onças, jaguatiricas, etc.

7- Campos

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Os campos, são formações abertas, e podem ser encontrados tanto em regiões
tropicais como em regiões de clima temperado. A pluviosidade geralmente é baixa.

São zonas recobertas por uma única camada de vegetação, representada


geralmente por plantas herbáceas e árvores de pequeno porte.

Os campos podem ser de dois tipos:

a) Savanas

As Savanas são pradarias tropicais com uma pequena quantidade de árvores ou


arbustos dispersos, e se desenvolvem em regiões de alta temperatura, com marcante
diferença entre as estações seca e úmida.

Ocorrem principalmente nas Américas do Norte e do Sul, na Austrália, na Ásia e


na África. No Brasil essas savanas são representadas pela caatinga e pelos cerrados.

As savanas tropicais cobrem áreas extensas na América do Sul, África, Índia,


Sudeste Asiático e Austrália Setentrional.

Na África, a savana é o lugar onde encontramos grandes mamíferos herbívoros


(zebras, antílopes, elefantes) que são controlados por grandes carnívoros, tais como
leões, leopardos, tigres, etc.

Os restos das vítimas desses predadores são removidos por hienas e abutres. O
fogo regular é importante para a regeneração e manutenção deste sistema.

b) Estepes

Campos onde predominam gramíneas. Geralmente ocorrem em regiões onde


existem secas periódicas.

Encontramos estepes nos pampas no sul do Brasil, na Argentina e no Uruguai,


nas pradarias da América do Norte, e no centro leste da Eurásia.

Nos pampas (campos do sul do Brasil) encontramos répteis, aves, tatus,


roedores, guaxinim, gato do pampa, zorrilho, etc.

Nos campos da América do Norte) e estepes (campos da Rússia) encontramos


antílopes, bisões, roedores , gaviões, corujas, etc.

8- Desertos

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Os desertos encontram-se ao redor das latitudes 30ο Norte e 30ο Sul. Um deserto
é uma região em que a cobertura vegetal é esparsa ou ausente, ou seja, onde a maior
parte do solo está descoberta contendo escassa vegetação.

O clima é árido; as chuvas são escassas ( precipitação pluviométrica menor que


250 mm por ano) , a umidade relativa do ar muito baixa e as temperaturas , geralmente
muito elevadas durante o dia e muito baixas a noite.

As plantas ( cactáceas , gramíneas, etc.) alem de esparsas, são adaptadas para


resistir a seca , apresentando várias adaptações ao estresse hídrico como :
desenvolvimento de raízes profundas ( para uma melhor captação de água nas
profundezas do solo); transformação de folhas em espinhos ( para reduzir a superfície
de transpiração), deixando ao caule verde a incumbência de realizar a fotossíntese;
desenvolvimento de um alto grau de suculência (quando os caules , folhas ou raízes
apresentam tecidos especializados para armazenar água), etc. Portanto, o grau de
suculência representa o volume relativo de um tecido, destinado para a estocagem de
água .

As plantas que ocorrem em regiões com períodos regulares de seca, como os


desertos , são chamadas de xerófitos. Os principais tipos de xerófitos são:

a)- Xerófitos que fogem da seca ou pluvioterófitos

A fase vegetativa dessas plantas só aparece no curto período de chuva, quando


as sementes dormentes localizadas no solo germinam rapidamente desenvolvendo
plantas com rápido crescimento vegetativo .

Rapidamente aparecem as flores , os frutos e as sementes ,que novamente serão


propagadas e depois ficarão enterradas no solo, em vida latente, esperando uma nova
chuva.A planta morre logo em seguida .

Desta maneira, a adaptação principal dos pluvioterófitos é fugir da seca, ou seja,


sincronizar seu período de crescimento e produção de sementes com o curto período de
chuvas, tendo vida efêmera portanto. Por isso são também conhecidas como efêmeras
do deserto.

Em certas regiões, as plantas permanecem no estado de dormência na forma de


gemas , sob o solo . Na longa época seca a parte aérea dessas plantas morre. Só resistem
as gemas subterrâneas, prontas para emitir brotos aéreos na próxima chuva.Nesse caso,
essas plantas que fogem a seca são chamadas de geófitas.

b) Xerófitos que evitam a seca

Apresentam uma série de adaptações visando melhorar a absorção de água,


acumular água nos tecidos e principalmente diminuir a perda de água pela transpiração.

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As Cactáceas por exemplo acumulam grandes quantidades de água em seus
caules ( apresentam alto grau de suculência)

. As folhas desaparecem , sendo substituídas por espinhos protetores. A


fotossíntese então, é realizada pelos caules verdes.

As raízes são profundas , aumentando a eficiência da absorção de água , quando


ela existe. Quando a seca é muito intensa essas plantas fecham os estômatos (não ocorre
nem entrada de gás carbônico nem saída de vapor de água) e permanecem praticamente
em vida latente, esperando as próximas chuvas.

A fauna do deserto é constituída por serpentes, escorpiões, rato do deserto,


camelos, etc. Esses animais são adaptados a resistir a seca apresentando redução da
sudação, urina mais concentrada, etc.

Os mamíferos tem diversas adaptações à falta de água, entre elas:

- formação de urina e fezes bem concentradas ( devido a intensa reabsorção de

água pelo intestino),

- escassez ou ausência de glândulas sudoríparas ( glândulas que eliminam

suor),

- alta tolerância a desidratação dos tecidos e às variações internas de

temperatura,

-capacidade de utilização de água metabólica (água contida nas ligações

químicas dos alimentos).

Como exemplo podemos citar o camelo, que vive nos desertos e se constitui em
um dos animais mais bem adaptados às condições de seca.

A sudação é restrita ( começa apenas quando a temperatura corporal atinge 41


ο
C.). Pela manhã, a temperatura no deserto do Saara já é cerca de 31 οC.

A produção de urina é mantida baixa e essa urina é altamente concentrada. Há


também reabsorção de água das fezes pelo colo no intestino grosso.

A bossa (protuberância do corpo) não acumula água e sim gordura. A oxidação


da gordura fornece água.

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Esses animais toleram grandes retiradas de água de seu organismo, podendo
suportar perdas de até 40% da água corpórea. Na maioria dos organismos, a perda 20 %
da água corporal pode induzir a morte.

Outra coisa notável dos camelos, é que podem alimentar-se normalmente,


mesmo nestas condições quando está ocorrendo perda excessiva de água .

É claro que se o dessecamento do organismo continuar o camelo acaba


morrendo. Podem sobreviver cerca de 17 dias no deserto sem água.

Após esse tempo, quando vai beber água, a quantidade ingerida representa cerca
de um terço do seu peso corporal ( cerca de 100 litros de água) em 10 minutos.
Portanto, o camelo não armazena água.

Alem de todas essas características, a pelagem clara e densa representa também


uma boa adaptação contra a desidratação, pois serve para refletir a luz incidente.

O jumento tem mecanismos semelhantes ao camelo, mas em menor extensão.


Bebe cerca de 20 % do seu peso em água em dois minutos.

Em certos lugares dos desertos, a água situada nas profundidades brota na


superfície formando um oásis. Um oásis é capaz de sustentar vida animal e vegetal no
meio dos desertos, como tamareiras, etc.

Muitas vezes esses oásis estão tão distantes uns dos outros , podendo apresentar
diferentes espécies de plantas e animais.

O maior deserto do mundo é o deserto do Saara na África, seguido pelo deserto


da Austrália, e o mais seco é o deserto do Atacama no Chile.

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V- OS GRANDES BIOMAS CONTINENTAIS DO BRASIL

Na tabela abaixo, apresentamos dados do IBGE referentes a área e porcentagens


aproximadas dos seis principais biomas continentais do Brasil:

BIOMA ÁREA ( Km2) %

Amazônia 4.196.943 49,3

Cerrado 2.036.448 23,9

Mata Atlântica 1.110.182 13,0

Caatinga 844.453 9,9

Pampa 176.496 2,1

Pantanal 150.355 1,8

1- Amazônia ou Floresta Amazônica

A Floresta Amazônica representa uma das maiores áreas florestais do mundo,


cobrindo cerca de 4,2 milhões de Km2 do território brasileiro, nos estados Acre,
Rondônia, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Mato Grosso, Goiás e Tocantins.

Trata-se de uma típica floresta pluvial tropical, muitas vezes chamada de hiléia
( terra entre florestas) amazônica.

.O clima é equatorial com chuvas constantes . A temperatura média oscila entre


25 e 26º; a região é uma planície e o solo é pouco profundo e pobre em nutrientes
minerais, sendo recoberto por uma grossa camada de húmus.

Cerca de um quinto da água doce do planeta encontra-se no rio Amazonas e seus


tributários, cuja bacia hidrográfica ocupa um volume de 7.050.000 Km3.

Trata-se de um ecossistema no estágio clímax (em equilíbrio com as condições


climáticas) extremamente complexo , com a maior biodiversidade do mundo, o que

57
representa um grande número de inter-relações ecológicas e de nichos ecológicos. A
vegetação é higrófita, isto é, adaptada a viver em locais com muita água.

Existem três tipos principais de florestas na hiléia amazônica:

a) matas de terra firme que se localizam nas regiões mais elevadas e por isso não
são inundadas ; nesse tipo de floresta o estrato superior da vegetação pode atingir alturas
acima de 40 metros, como é o caso da castanha- do- Pará;

b)- matas de igapós, que são as matas localizadas em terrenos mais baixos,
próximas aos rios, e por isso encontram-se sempre inundadas; aí encontramos a vitória-
régia;

c)- mata das várzeas, que são as matas temporariamente alagadas na estação das
chuvas.Aí encontramos a seringueira.

De um modo geral, os solos da região amazônica são considerados oligotróficos,


isto é, pobres em nutrientes.

No entanto, devido as condições de alta temperatura e de alta umidade, os


nutrientes minerais contidos na grossa camada de serapilheira são rapidamente liberados
para o solo devido a rápida degradação promovida pelos decompositores.

Uma vez no solo, os nutrientes minerais são rapidamente absorvidos pelo


sistema radicular das plantas aí existentes, voltando ao corpo das plantas.

Portanto, devido a rápida ciclagem dos nutrientes minerais no ecossistema é que


podemos explicar a existência de uma vegetação luxuriante num solo extremamente
pobre em nutrientes.

Daí vem o alerta sobre o perigo de destruir a vegetação da Amazônia para


formação de pastagens ou plantações agrícolas, seja pela derrubada das árvores ou por
queimadas colossais.

A camada de húmus superficial será rapidamente lixiviada pela água de chuva


que atinge o solo sem que haja a proteção da vegetação, levando a um maior
empobrecimento do solo. Depois de alguns poucos anos a região poderá tornar-se um
verdadeiro deserto.

Destacam-se as seguintes plantas: cacau, castanheira, palmito, cupuaçu, guaraná,


açaí, seringueira , curare (potente anestésico), quinino, mogno, cerejeira, angelim,
sucupira, copaíba, etc.

Dentre os animais característicos podemos citar: preguiça-real, macaco- aranha,


macaco-prego, bugio, tucano, arara-vermelha, arara-canindé, jacaretinga, jacaré-coroa,
jacaré-açu, sucuri, peixe-boi ( que é um mamífero) e muitas espécies de peixes como o
pirarucu (maior peixe de água doce do mundo), aruanã, surubim, poraquê (peixe-
elétrico), etc.

58
O conhecimento da fauna e flora da Amazônia ainda é extremamente precário,
devido a sua inacessibilidade, o que dificulta a sua exploração e estudo.

A Amazônia é um dos poucos redutos do planeta onde ainda vivem povos


humanos primitivos. As dezenas de tribos aí existentes espalham-se em territórios
dentro da mata, mantendo seus próprios costumes, linguagens e culturas, inalterados por
milhares de anos. Antropólogos acreditam que ainda existam povos primitivos
desconhecidos, vivendo nas regiões mais inóspitas e inacessíveis.

Existem oficialmente dois parques nacionais na Amazônia brasileira:

a)- Parque Nacional do Tapajós - com 1 milhão de hectares de floresta tropical

b) Parque Nacional do Pico da Neblina.- com 2.200.000 hectares, unindo-se ao


parque Serrania de La Neblina, na Venezuela, com 1.360.000 hectares, constituindo, o
conjunto , num dos maiores complexos bióticos protegidos do mundo.

É comum a afirmação de que a Amazônia é o pulmão do mundo, e que por isso


deve ser preservada.

A Amazônia é um ecossistema em equilíbrio ( estagio clímax), e isso significa


que praticamente tudo que o ecossistema produz é consumido por ele mesmo.

Em outras palavras, as comunidades estão em equilíbrio de modo que a


fotossíntese total do sistema iguala a respiração total do sistema. Em termos gasosos,
todo oxigênio produzido pela fotossíntese dos seres autótrofos é utilizado na respiração
dos seres heterótrofos.

Portanto, não ocorre fornecimento extra de oxigênio ao planeta pela floresta


amazônica, não sendo conveniente chamá-la de pulmão do mundo.

No entanto, a floresta deve ser preservada pela sua enorme importância mundial
no que se refere a sua biodiversidade, proteção aos cursos de água doce, armazenamento
de gás carbônico na matéria orgânica existente na biomassa de raízes , de caules, e que
se destruída, iria aumentar de maneira significativa, a concentração de CO2 na atmosfera
incrementando ainda mais o aquecimento global.

È também muito importante a beleza cênica dessa hiléia, muito propícia para o
desenvolvimento de turismo ecológico.

Ainda devemos destacar a importância da flora e da fauna, que deveria ser


explorada de forma racional, pelas plantas medicinais aí existentes e muitas ainda
desconhecidas pela ciência.

Para finalizar, não devemos esquecer dos povos e culturas indígenas que aí ainda
vivem, cuja cultura desconhecemos quase que totalmente. .

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A exploração descontrolada da Amazônia tem causado uma série de impactos
muito graves.

O desmatamento , a mineração ( garimpos) , a caça e a pesca não controladas, o


tráfico de animais raros e de espécies em extinção, a poluição, e as queimadas
criminosas, constituem alguns dos principais fatores de destruição da Amazônia.

É preciso que haja uma política de preservação e de uso equilibrado da floresta,


a ser realmente implantada o mais rápido possível, para que os danos atualmente
existentes sejam revertidos.

2- Caatinga

A caatinga ocorre na região nordeste do Brasil. A palavra caatinga, de origem


tupi, significa mata branca.

No inverno, quando ocorrem chuvas irregulares e de curta duração, a mata


apresenta-se verde. Nas outras épocas do ano,quando as secas tornam-se prolongadas e
a temperatura alta, as árvores perdem as folhas e a mata apresenta-se clara. Portanto, a
vegetação da caatinga é caducifólia.

A caatinga apresenta uma extensão de aproximadamente 1 milhão de Km2 (cerca


de 10 % do território nacional), distribuída principalmente pelo nordeste brasileiro.

A região apresenta clima tropical com seca acentuada. A precipitação


pluviométrica varia de 250 a 500 mm de chuva por ano. A caatinga, portanto, representa
a região semi-árida do Brasil.

Durante o verão, geralmente os rios secam ( com exceção do rio São Francisco).

As plantas da caatinga são resistentes a seca .Os principais mecanismos das


plantas da caatinga para resistir a seca são: perda das folhas nas épocas mais secas,
reduzindo assim a superfície de transpiração; transformação das folhas em espinhos,
como ocorre nas cactáceas como o xique-xique.

Algumas plantas como a maniçoba e o caiapiá suportam secas prolongadas e


inclusive queimadas, por possuírem órgãos lenhosos subterrâneos chamados xilopódios,
que rebrotam na época das chuvas. A famosa árvore de grande porte, barriguda do
nordeste, armazena água no caule, daí o seu nome popular.

A flora da caatinga engloba: barriguda do nordeste, catingueira, palmatória,


jericó, juazeiro, sansão do campo, mandacaru, coroa-de-frade, macambira, etc.

A fauna inclui a cascavel, a cobra-cipó, o veado-catingueiro, o gavião- carcará, a


ararinha-azul (ave quase extinta),o corrupião, a gralha, a cutia, o preá, o veado-
catingueiro, etc.

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3-Campos Cerrados

Os cerrados, ocupam uma área aproximada de 2 milhões de Km2 , representando


aproximadamente 25% do território nacional. Localizam-se na região centro-oeste do
Brasil, nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas
Gerais.

Existem também algumas manchas de cerrado nos estados de São Paulo, Paraná,
Paraíba, Pernambuco, e até na região amazônica.

O clima é tropical, apresentando uma estação seca (5 a 7 meses), geralmente de


maio a outubro.

Os solos são arenosos, ácidos, profundos e oligotróficos. Possuem muito


alumínio, que é altamente tóxico para vegetação não adaptada.

Por isso, para corrigir a acidez do solo e ao mesmo tempo impedir que o
alumínio seja absorvido, faz-se a calagem do solo antes do plantio agrícola, com
calcário. Com o incremento do pH do solo ( diminuição da acidez), o íon alumínio fica
indisponível e não é absorvido pelas raízes das plantas.

A vegetação do cerrado, é constituída de árvores e arbustos de pequeno porte


com troncos tortuosos, casca grossa (devido a presença de súber, que é a cortiça) ,
folhas coriáceas e com muitos pelos.

Essas características levam a considerar a vegetação arbóreo-arbustiva do


cerrado como xerófila, ou seja, adaptada a condições de seca prolongada.

No entanto, foi verificado que as raízes das plantas lenhosas do cerrado são
muito profundas, capazes de atingir o lençol freático.

Isso significa que essas plantas podem absorver a água subterrânea do lençol
freático, o que foi confirmado experimentalmente, ao se demonstrar que essas plantas
não restringem a transpiração foliar , mesmo no auge da estação seca.

Então, essas plantas lenhosas do cerrado embora tenham características


xeromórficas, não são xerófitos verdadeiros?

Tentando explicar essa aparente contradição, existe a teoria do escleromorfismo


oligotrófico, cujo resumo é o seguinte: como a água é abundante e como há excesso de
luz para a fotossíntese , a produção de carboidratos pela fotossíntese deve ser alta.

Como o solo do cerrado é oligotrófico (pobre em nutrientes essenciais para as


plantas), a conversão de carboidratos para proteínas é limitada, principalmente pela
deficiência em elementos minerais, como nitrogênio, fósforo, etc.

O crescimento dessas plantas é então limitado pela deficiência de nutrientes


essenciais.

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Como elas não podem crescer adequadamente, o excesso de carboidrato é então
acumulado na planta na forma de polissacarídeos, refletindo no aparecimento de cascas
grossas (grande desenvolvimento do súber), na presença de pelos cobrindo o limbo
foliar, na cutícula grossa , etc.

Os caracteres antes considerados xeromórficos passaram a ser considerados


caracteres escleromórficos ( esclero= duro).

As árvores e arbustos do cerrado espalham-se sobre uma vegetação rasteira rica


em gramíneas.

Aí ocorre com freqüência queimadas naturais que são importantes para a


germinação e brotamento de muitas espécies.

A vegetação do cerrado , portanto , convive com o fator ecológico fogo, que


ocorre naturalmente nesse ambiente com uma certa freqüência.

Após a queimada (natural, acidental ou artificial), é possível verificar intenso


brotamento e desenvolvimento da vegetação herbácea.

Durante a passagem do fogo, a parte aérea das plantas herbáceas e arbustivas é


queimada. Mas, a parte subterrânea fica protegida do fogo, pelo solo que funciona como
isolante.

Algumas plantas possuem caules subterrâneos, com gemas, que também são
protegidas do fogo pelo solo.

Algumas plantas do cerrado apresentam também a presença de xilopódios


( órgãos subterrâneos especiais) com muitas gemas e que resistem ao fogo.

Após o fogo, as plantas de Cerrado emitem novos brotos e em poucas semanas o


verde reaparece substituindo o tom cinza deixado pelo fogo. No estrato herbáceo,
concomitante ao novo brotamento, as plantas começam a produzir flores.

Já as plantas lenhosas (árvores e arbustos) praticamente nada sofrem , em virtude


da presença de uma espessa camada externa de cortiça nos caules. Portanto, a cortiça
( súber) pode ser uma importante adaptação dessas plantas ao fator fogo, impedindo que
o mesmo cause destruição indesejável .

O fogo, alem de estimular e induzir a floração de plantas herbáceas e arbustivas,


sincroniza esse processo em praticamente todos os indivíduos da população, facilitando
assim o processos reprodutivos sexuais , como a polinização.

Não havendo a queima, as plantas herbáceas ou arbustivas,ou não florescem, ou


florescem com menor intensidade e de forma não sincronizada.

Também, tanto a dispersão como a germinação de certas sementes de cerrado


parecem ser facilitadas pelo fogo.

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Sementes aladas encontram melhor espaço para dispersão pelo vento
( anemocoria), quando a palha seca do solo é consumida pelo fogo.

Algumas sementes de plantas do cerrado possuem o tegumento tão duro sendo


impermeável a água, o que impede a germinação, pois não ocorre embebição ( absorção
de água pela semente para que haja a germinação).

A brusca elevação da temperatura ocasionada pelo fogo causa pequenas rupturas


na casca dura dessas sementes, permitindo a germinação.

Portanto , o fogo em certas situações e intensidades, parece ser um fator


ecológico importante para o desenvolvimento e manutenção do bioma cerrado.

As principais plantas encontrados no cerrado são: ipê do cerrado, angico,


caviúna, sucupira, barbatimão, pequi, araçá, murici, gabiroba, pau-terra, indaiá,capim-
flecha, buriti, etc.

Dentre os animais destacam-se: ema (maior ave das Américas), siriema, lobo-
guará, tucano,periquitos,urubu-rei, socó, anta (maior mamífero das Américas),onça
pintada e onça parda, tatu, tamanduá, cascavel, etc.

Atualmente os solos de Cerrado vem sendo muito usados para a agricultura e


criação de pastagens , devido principalmente a sua topografia plana e localização
próxima aos grandes centros populacionais. Mas esses solos devem ser adubados e ter o
pH corrigido pela calagem realizada com calcário.

Na região centro-oeste do Brasil está localizada a chamada área nuclear do


bioma cerrado, onde se concentram as principais nascentes das grandes bacias
hidrográficas brasileiras, formando o berço das águas do continente Sul Americano.

No entanto, essas águas do cerrado estão ameaçadas pela ação antrópica, devido
principalmente aos desmatamentos descontrolados, a destruição e utilização indevida da
vegetação, a irrigação clandestina, ao lançamento direto de dejetos em seus rios e
principalmente devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos.

Inclusive, a construção de barragens visando a produção de energia elétrica cria


ambientes artificiais, alterando drasticamente a qualidade hídrica, físico-química e
biológica, comprometendo o bioma cerrado.

No estado de São Paulo, o cerrado ocupa atualmente menos de 1 % ( 2,1 mil


Km2) do seu território. Há um século, cobria cerca de 20% do estado.

É alarmante a destruição desenfreada do cerrado brasileiro. Talvez, o cerrado


seja atualmente, o bioma em maior estado de perigo de destruição e desaparecimento.

Como curiosidade, é comum a existência de cupinzeiros no cerrado, onde se


desenvolvem larvas de vaga-lumes.Em certas épocas do ano, esses cupinzeiros ficam
iluminados , devido a bioluminescência das larvas aí encontradas.

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4- Pampas

Os pampas ou campos sulinos estão localizados no estado do Rio Grande do


Sul.; o clima é subtropical, com verão quente e inverno muito frio. A distribuição de
chuvas é adequada.

A vegetação é do tipo herbácea , sendo propícia para pastagens. No Amapá e em


Roraima esse tipo de bioma recebe o nome de campos limpos.

5- Mata Atlântica

A mata atlântica é também uma floresta pluvial tropical, sendo bastante


semelhante a floresta amazônica.

A diferença principal entre esses dois biomas está na topografia do terreno que
ocupam: a floresta amazônica está assentada sobre planícies e poucos planaltos
enquanto que a Mata Atlântica ocorre principalmente na região costeira em planícies e
montanhas , como na serra do Mar.

Estende-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. As temperaturas são


altas e o nível de pluviosidade é bem alto. Como a umidade em forma de vapor que vem
do oceano Atlântico é barrado em parte pela alta cadeia de montanhas que constitui a
serra do Mar, ocorre condensação e precipitação da água em forma de chuva.

A mata Atlântica original representava cerca de 13% do território nacional. Hoje


está reduzida a cerca de 5 %. Mesmo reduzida e fragmentada, é importante para regular
o fluxo dos mananciais hídricos, para controle do clima e proteção de escarpas e
encostas da serra.

O bioma mata atlântica compreende três tipos principais de florestas:

a)- Floresta ombrófila densa

É uma floresta perenifólia, ou seja, sempre verde, situada ao longo do litoral,


onde a temperatura é alta e a precipitação pluviométrica é bem distribuída durante o ano
e bem alta também.

No extrato herbáceo destacam a presença de muitas samambaias e musgos,


adaptadas a pouca luz que aí chega , pois a copa das arvores intercepta quase a
totalidade da radiação luminosa incidente. Trepadeiras e epífitas (orquídeas e bromélias)
são muito abundantes.

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Não é tão exuberante como a floresta amazônica (embora apresente grande
diversidade biológica). As árvores distribuem-se em 2 ou mais estratos, sendo que o
dossel do estrato superior pode atingir até 40 metros.

b)- Floresta ombrófila mista

São as florestas que habitam climas com temperaturas um pouco mais baixas no
inverno, e com precipitação pluviométrica alta , sendo as chuvas bem distribuídas ao
longo do ano.

Destaca-se aí a presença de Araucaria angustifolia, principalmente na região sul


do Brasil e em regiões mais altas do sudeste brasileiro como no estado de São Paulo, na
serra da Mantiqueira, onde pode habitar altitudes de até 1800 metros.

c)-Floresta estacional semi-decídua

Também conhecida como mata mesófila, esse tipo de floresta é encontrada mais
no interior do território brasileiro, onde existem duas estações bem definidas: seca e
chuvosa. Na estação seca as árvores dessa mata chegam a perder de 20 a 50 % das
folhas. Esse grau de deciduidade, depende da extensão e intensidade do período de seca.
O índice pluviométrico é menor, que nos dois casos anteriores.

Na mata Atlântica destacam-se: quaresmeiras, pau-brasil, jatobá, canela,


caviúna, jacarandá, jequitibá, palmito, jambo, jambolão, paineira, figueira, caviúna,
jatobá, embaúba, samambaiaçus, etc.

Dentre os animais destacam-se: onça pintada, jaguatirica, cachorro-vinagre,


bugio, sagüi, guaxinim,mono-carvoeiro, capivara, mico-leão-dourado, anta, preguiça,
paca, macuco, jacutinga, araponga, tucano, tié-sangue, mutum,sanhaço, beija-flor etc.
Alguns desses animais estão ameaçados de extinção.

É o mais devastado dos biomas brasileiros, restando muito pouco da área inicial.

O palmito, muito apreciado na culinária , tem contribuído para a devastação da


mata atlântica, pois é intensamente procurado para obtenção de lucro. Corta-se o
palmito que é a parte apical da palmeira juçara ( Euterpe edulis), que contem o ponto
vegetativo apical da planta.Por isso a planta morre.

A extinção da juçara pode trazer sérios desequilíbrios para o funcionamento do


ecossistema, pois seus frutos constituem a dieta alimentar de vários animais como
cutias, jacutingas, veados , tucanos, etc.

6- Mata das Araucárias

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A mata das araucárias, também conhecida como mata dos pinhais, ocorre no sul
do Brasil, principalmente nos estados do Paraná e Santa Catarina.

Estende-se também aos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. O clima é
temperado com precipitações regulares de chuva.

Temos duas estações bem caracterizadas pela temperatura: invernos bastante


frios e verões relativamente quentes.

Destacam-se três estratos vegetais distintos:

a)- estrato arbóreo- constituído pelo pinheiro-do-paraná (Araucária


angustifólia), e pelo pinheiro Podocarpus;

b)- estrato arbustivo- constituído por samambaias arborescentes

c)- estrato herbáceo- rico em gramíneas .

O pinheiro- do- paraná fornece madeira de boa qualidade para a indústria de


móveis, bem como o pinhão, sua semente, que é bastante apreciada depois de cozida.
Chega a ter 25 a 30 metros de altura; os troncos podem ter um metro de diâmetro. Só
existem ramificações no topo da árvore.

Também a erva-mate (usada em infusões) é encontrada na mata das araucárias.

Como elementos da fauna podemos destacar a gralha-azul, muito importante


para a preservação do pinheiro- do- paraná, pois se alimenta das sementes ( pinhão).

Mas, como a gralha acaba enterra no solo muitos pinhões para uso futuro,
alguns deles são esquecidos, como se fossem plantados. Portanto, a gralha acaba
fazendo um plantio involuntário, contribuindo para a manutenção da espécie.

7- Pantanal

O pantanal matogrossense está localizado na região centro-oeste do Brasil, e


ocupa uma área de aproximadamente 150. 000 Km2 nos estados de Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul.

Essa área apresenta um relevo plano, com altitude média de 100 m, sendo
cercada por terras mais elevadas. É portanto uma grande depressão natural.

É nessa região que o Rio Paraguai e seus afluentes extravasam suas águas nos
meses de cheia, de outubro a abril, causando a inundação de extensas áreas.

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Nos meses de maio a setembro, período que corresponde a estação seca, os rios
voltam aos seus níveis normais, deixando nutrientes que fertilizam o solo da região
extravasada.

Nessa depressão natural, existem muitas regiões que permanecem alagadas,


constituindo pequenas lagoas.

O pantanal não possui flora característica. Nele encontramos vegetação de


cerrado com a presença constante da palmeira buriti, vegetação de campos , vegetação
de floresta, e até trechos de elementos da caatinga.

Nos rios e lagoas a vegetação aquática é caracterizada pela presença de


macrófitas aquáticas como o água-pé, vitória régia, etc., formando verdadeiros tapetes
de plantas.

Dentre as macrófitas aquáticas são muito comuns as colônias de água-pé


( Eichornia azurea e Eichornia crassipes) que servem de abrigo a inúmeros peixes que
nelas depositam seus ovos.

Na época das cheias, verdadeiras ilhas de água-pé descem flutuando no rio


Paraguai, servindo como meio de transporte de elementos da flora e da fauna, de uma
região para outra.

Essas ilhas flutuantes que descem o rio Paraguai são chamadas de camalotes,
nome dado também ao água-pé, pois essas macrófitas estão presentes em maior
quantidade nos camalotes.

A fauna do pantanal é exuberante incluindo: onça, cervo do pantanal, ariranha,


porco espinho, jacaré, peixes como pintado, pacu, etc.

Em relação as aves, acredita-se que o Pantanal tenha a maior concentração do


continente. Como exemplos temos: jaburu, patos selvagens, biguá, garças, tuiuiú ( ave
símbolo do pantanal), etc.

Os principais peixes são: dourado, piranha, pacu, pintado, traíra, cascudo. Os


jacarés destacam pelo seu grande número, embora tenham sido caçados
implacavelmente pelos “coureiros” , para a obtenção da pele.

A cobra sucuri é famosa pelo seu comprimento. Aí também ocorrem várias


cobras venenosas como jararacas.

Em termos de pecuária, a criação de gado bovino e de cavalos na região teve


início no final do século XIX, constituindo na principal atividade econômica da região.

A pesca é também bem desenvolvida devido a abundância de peixes importantes


para a alimentação humana.

Já é possível notar, no entanto, contaminação das águas por pesticidas, poluição


industrial em pequena escala, o que tem diminuído a pesca.

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Problemas com mineração, caça e pesca ilegais, navegação intensa, incremento
da quantidade de lixo urbano são os maiores desafios do bioma pantanal, que
atualmente é considerado uma área vulnerável e de prioridade máxima para a
conservação.

O turismo ecológico no pantanal é ainda bastante incipiente, destacando-se


fazendas-hotel onde o turista pode observar a fauna e flora locais.

As plantas do pantanal estão sujeitas ao estresse hídrico, e por isso devem


possuir adaptações a esse fator limitante.

O estresse hídrico pode se manifestar na vegetação do pantanal de duas


maneiras: estresse por falta de água e estresse por excesso de água.

Essas duas situações podem ocorrer no pantanal e as plantas que aí vivem devem
apresentar adaptações para sobrevivência a esses dois tipos de estresses.

-Adaptações ao estresse por falta de água:

No pantanal, durante os meses de maio a setembro, a precipitação pluviométrica


é muito baixa e a taxa de evaporação é muito alta, devido a alta intensidade luminosa e a
alta temperatura, caracterizando um período de seca para as plantas que estão
localizadas em regiões mais altas, não inundáveis.

Os principais mecanismos de resistência a seca são:

a)- diminuição da taxa de transpiração nas horas mais quentes do dia, através do
fechamento dos estômatos.

b)- desenvolvimento de raízes profundas capazes de captar água nas camadas


mais profundas do solo.

c)- condução eficiente de água pelo caule.

d)- adaptações morfológicas com a presença de caracteres xeromórficos nas


folhas, destacando-se a presença de cutícula grossa ( diminui a transpiração cuticular da
folha) , pelos mortos que refletem a luz , e estômatos em forma de cripta ( localizados
em depressões da epiderme), para evitar perda excessiva de água.

e)-perda total ou parcial das folhas na época seca.

f)-presença de órgãos armazenadores de água ( podem ser raízes, caules ou


folhas).

g)-Ajuste osmótico das células, ou seja, aumento da concentração dos solutos


celulares o que diminui a perda de água da célula.

-Adaptações ao estresse por excesso de água

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O estresse por inundação é muito comum nas plantas terrestres de áreas mais
baixas, localizadas próximas a corpos de água, principalmente durante a estação
chuvosa, que vai de novembro a março no pantanal.

O fator limitante mais importante para essas plantas é a redução da


disponibilidade de oxigênio no solo, importante para a respiração das células da raiz.

Em solos drenados, o ar que transita nos poros ( espaços entre as partículas do


solo) fornecendo oxigênio suficiente para a respiração das raízes e dos micro-
organismos presentes no solo.

Com a inundação, a maior parte desse oxigênio presente nos poros solo , é
substituída pela água.

Dessa maneira, a disponibilidade de oxigênio para a respiração das raízes torna-


se limitada, e consequentemente a respiração aeróbica das raízes sofre também
limitações.

Quando ocorre falta de oxigênio no solo, os micro-organismos anaeróbicos


prevalecem criando um ambiente fortemente redutor, havendo precipitação de ferro ,
manganês , e produção de gás sulfídrico, sulfetos, ácido lático, ácido butírico, etc., em
concentrações tóxicas.

A plantas resistentes a inundação apresentam vários tipos de adaptações a esses


estresses como:

a)- na maioria das espécies, a respiração das raízes em solos inundados torna-se
anaeróbica, com menor produção de ATP ( energia disponível para o trabalho celular).
As substâncias tóxicas , como acetaldeído e etanol provenientes da respiração
anaeróbica, podem ser toleradas por essas espécies resistentes.

b)- aumento da produção da enzima álcool desidrogenase, que catalisa a


transformação de álcool ( mais tóxico), para acetaldeído ( menos tóxico).

c)- diminuição do grau de abertura estomática, pois o transporte de água é


dificultado pela diminuição de energia proveniente da respiração radicular.

d)- algumas plantas como as macrófitas aquáticas, evitam as condições de


anoxia , desenvolvendo um eficiente sistema de transporte de oxigênio da parte aérea
até o sistema radicular submerso. Possuem um aerênquima (tecido vegetal que
armazena ar , por conter amplos espaços inter-celulares preenchidos por ar)) bem
desenvolvido, e emitem raízes adventícias ( raízes aéreas ) onde existem muitas
lenticelas ( orifícios) por onde o ar penetra. Portanto, nessas plantas, o ar do meio aéreo,
pode penetrar na planta tanto pelos estômatos, como pelas lenticelas presentes nas raízes
aéreas.

e)- desenvolvimento de pneumatóforos, como ocorre também nas plantas do


manguezal. Esse tipo especial de raiz aprofunda-se no solo, e depois, por geotropismo

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negativo, aflora a superfície do solo alagado, permitindo que haja difusão de oxigênio
do meio aéreo para a raiz, por intermédio de lenticelas.

8- Desmatamento

Parece existir uma tendência universal nas atitudes dos povos, com respeito às
florestas, a medida que as nações se desenvolvem.

Inicialmente as florestas são consideradas um obstáculo , que deve ser


transposto pela derrubada das matas.

No próximo estágio de desenvolvimento, as florestas funcionam como armazéns


a serem explorados para material de construção e energia.

Em seguida, a destruição continua para o desenvolvimento da agricultura.

Finalmente, são reconhecidas como fontes de recursos valiosos, renováveis, que


necessitam ser mantidos e protegidos.

Portanto, não devemos considerar uma floresta como uma fábrica de celulose;
sua manutenção é importante para a conservação do solo e dos recursos hídricos,para
proporcionar estabilidade do lençol freático e diminuição da erosão do solo, pelo
controle da umidade relativa do ar , pelo suprimento de oxigênio, e no controle do
clima em geral, etc.

A história do Brasil é rica em exemplos da destruição de florestas . Inicialmente


nossa mata atlântica foi saqueada por franceses que aqui vinham em busca do pau-
brasil, hoje quase extinto.

Durante a época das capitanias hereditárias, florestas foram destruídas para a


plantação de cana de açúcar.

O estado de São Paulo, apresentava no início do século XIX cerca de 82 % de


sua área coberta por florestas, principalmente mata atlântica. Atualmente essa área está
reduzida a cerca de 7 %.

A cultura do café , que se iniciou no Brasil no estado do Rio de Janeiro e daí se


propagou para o estado de São Paulo através do vale do Paraíba, veio dizimar nossa
vegetação natural, pois o café é uma planta exigente, requerendo sempre solos virgens e
ricos em nutrientes.

Com o apogeu do café, foram criadas as grandes ferrovias , com máquinas


movidas a lenha, e uso de dormentes de madeira para a construção da linha de trem.

Dessa maneira, o progresso se alastrou por quase todo estado de São Paulo,
norte do Paraná e sul de Minas Gerais.

70
Em seguida, tivemos a diversificação da lavoura para algodão, laranja, cana de
açúcar, etc., sem nenhum planejamento .

Atualmente, a produção cada vez maior de carvão vegetal para fins industriais,
tem contribuindo cada vez mais para a destruição das matas.

Tanto o desenvolvimento da agricultura, o uso da madeira para diversas


utilidades incluindo a produção de carvão, como o estabelecimento de garimpos de ouro
e de diamante, reduziram a cobertura nativa florestal do estado de São Paulo .

Mais recentemente a expansão urbanística que avança desordenadamente, tem


atingido os últimos relictos de mata no estado de São Paulo.

Atualmente, o Brasil, ancorado nos seus projetos de produção de cana de açúcar,


soja, e pastagens é o campeão mundial de devastação de florestas nativas. Áreas
imensas de vegetação natural são destruídas ano após ano, principalmente na
Amazônia.

Supõe-se que a mata Atlântica ,que ocupava uma área de 350 000 Km2 só na
faixa costeira, ocupe hoje pouco mais de 10 000 Km2, resultando na quase extinção de
madeira nobre como jacarandá, mogno, ipê, e cerejeiras .

A floresta Amazônica ocupa área de 4.200.000 Km2; mais que 10 % já foi


devastado, principalmente por enormes queimadas que podem inclusive ser detectadas
por satélites.

Deve ser mencionado ainda, as pequenas queimadas da palha da cana de açúcar,


realizadas antes da colheita, bem como as queimadas de pastagens, causando a
destruição de gramíneas e de plantas arbustivas na época seca. Dessa maneira, de maio
até setembro, é comum as cidades serem cobertas por uma camada de fuligem.

Isso , inclusive, acarreta problemas respiratórios ( incluindo alguns tipos de


câncer) para os habitantes das cidades próximas às regiões de queimadas, sem falar da
fuligem que acaba cobrindo as moradias, sujando roupa, calçadas, etc.

As principais conseqüências das queimadas são :

Erosão - leva a formação de solos desnudos, sem vegetação, e que se tornam


muito mais propícios a ação das erosões, provocadas pelos ventos, pelas chuvas.

Enxurradas - como o solo torna-se menos permeável devido ao aquecimento


superficial, acaba favorecendo o aparecimento das enxurradas , que por sua vez, vão
afetar a manutenção do lençol freático.

Poluição particulada - os detritos de solo e de fuligem vão contaminar rios e


riachos , tornando as suas águas mais turvas, o que altera a penetração de luz nesses
corpos de água. Isso pode causar também o assoreamento de rios.

Destruição do húmus e da população microbiana do solo - altas temperaturas


provocadas pelo fogo , alem de acarretarem uma maior exposição do solo a luz solar,

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desencadeiam processos de destruição da flora e fauna do solo ,o que compromete a
formação de húmus.

Desertificação - a longo prazo , podemos ajudar a criar desertos em áreas


freqüentemente atingidas pelo fogo, pois o solo vai se tornando cada vez mais pobre
devido a perda de nutrientes que é levada pela fumaça e pelos processos de erosão.

O reflorestamento é pouco feito no Brasil. Destacam-se as áreas reflorestadas


com várias espécies de eucalipto, que inicialmente foram trazidos da Austrália com a
finalidade de produção de dormentes para as estradas de ferro, que na época, estavam
em expansão. Hoje em dia são utilizados principalmente para a obtenção de pasta de
celulose para fabricação de papel .

Também certas espécies de pinus ( pinheiros), são usadas em reflorestamento


para obtenção de madeira mole para construções e movelaria.

Dos reflorestamentos com espécies nativas , destacam-se o de Araucaria


angustifolia ( pinheiro do Paraná) cuja madeira é usada na fabricação de móveis , e
algumas tentativas de regeneração de mata ciliar com as espécies características do
local.

Mais recentemente, temos observado reflorestamento crescente com a


seringueira (Hevea brasiliensis) , principalmente no estado de São Paulo , com grande
produção do látex para a fabricação da borracha.

9-Unidades de Conservação Ambiental no Brasil

Devido às devastações catastróficas, reservas naturais com vastas superfícies


começaram a ser preservadas nos Estados Unidos já no século XIX. No Brasil o
primeiro Parque Nacional foi criado em 1939.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza


(SNUC), as Unidades de Conservação Ambiental no Brasil são áreas protegidas que
fazem parte do SNUC, visando a conservação da natureza no Brasil, e fornecendo
mecanismos legais às esferas governamentais federal, estadual e municipal e à iniciativa
privada para que possam:

-contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos


no território nacional e nas águas jurisdicionais;

-proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

-contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas


naturais;

-promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

72
-promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no
processo de desenvolvimento;

-proteger paisagens naturais e pouco alteradas, de notável beleza cênica;

-proteger as características de natureza geológica, geomorfológica,


espeleológica, paleontológica e cultural;

-proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

-recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

-proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos


e monitoramento ambiental;

-valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

-favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a


recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

-proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações


tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as
social e economicamente.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da


Natureza (SNUC), as unidades de conservação dividem-se em dois grupos, com
características específicas:

a) - Unidades de Proteção Integral: O objetivo das unidades de proteção integral


é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.

b) - Unidades de Uso Sustentável: O objetivo das unidades de uso sustentável é


compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus
recursos naturais.

9-1-Unidades de conservação de proteção integral

As unidades de proteção integral não podem ser habitadas pelo homem, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais em pesquisas científicas.

Existem cinco tipos de unidades de conservação de proteção integral:

73
9-1-1-Estações Ecológicas

Estações ecológicas são unidades de conservação que tem por objetivo a


preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.

É proibida a visitação pública, exceto com objetivo educacional , e a pesquisa


científica depende de autorização prévia do órgão responsável.

A área da estação é representativa de ecossistemas brasileiros, e apresenta no


mínimo 90% da área destinada à preservação integral da biota. É de posse e domínio
públicos.

Como exemplos podemos citar a Estação Ecológica de Juréia-Itatins em São


Paulo , a Estação Ecológica de Taiamã no Pantanal Matogrossense, etc.

9-1-2-Reservas Biológicas

As Reservas Biológicas tem como objetivo a preservação integral da biota e


demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou
modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus
ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o
equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.É de posse
e domínio públicos.

Como exemplos temos a Reserva Biológica do Japi, a Reserva Biológica de


Pindorama, ambas no estado de São Paulo.

9-1-3-Parques Nacionais

Objetiva a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica


e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento
de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação e de turismo
ecológico.

São áreas de posse e domínio públicos. A visitação pública e a pesquisa


científica estão sujeitas às normas e restrições estabelecidas no plano de manejo da
unidade, e às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração .

As unidades desta categoria, quando criadas pelo governo do estado ou


prefeitura, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural
Municipal.

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Como exemplo podemos citar o Parque Nacional do Iguaçu que engloba as
Cataratas do Iguaçu e que foi o primeiro parque nacional criado no Brasil em 1939,
sendo considerado pela UNESCO em 1986, um Patrimônio Natural da Humanidade.

9-1-4- Monumentos Naturais

A finalidade é preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza


cênica.

Podem ser constituídos por áreas particulares, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade, com a utilização da terra e dos recursos naturais
do local pelos proprietários. Caso contrário, as propriedades particulares devem ser
desapropriadas.

A visitação pública e a pesquisa científica estão sujeitas às normas e restrições


estabelecidas no plano de manejo da unidade, e pelo órgão responsável por sua
administração . Como exemplo temos o Monumento Natural do Rio São Francisco.

9-1-5-Refúgios de Vida Silvestre (RVS)

Têm como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições


para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna
residente ou migratória.

Podem ser constituídos por áreas particulares, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais
do local pelos proprietários. Caso contrário, essas propriedades devem ser
desapropriadas.

A visitação pública e a pesquisa científica estão sujeitas às normas e restrições


estabelecidas no plano de manejo da unidade, e pelo órgão responsável por sua
administração .exemplo: Quelônios do Araguaia.

9-2- Unidades de Uso Sustentável

O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é harmonizar a conservação


da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

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As principais Unidades de Uso Sustentável são:

9-2-1- Áreas de Proteção Ambiental

Trata-se geralmente de uma área extensa, com um certo grau de ocupação


humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem
como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Pode ser estabelecida em área de domínio público e/ou privado, pela União,
estados ou municípios, não sendo necessária a desapropriação das terras. No entanto, as
atividades e usos desenvolvidos estão sujeitos a um disciplinamento específico.

Tambem pode apresentar em seu interior outras unidades de conservação, bem


como ecossistemas urbanos, permitindo a experimentação de técnicas e atitudes que
conciliem o uso da terra e o desenvolvimento regional com a manutenção dos processos
ecológicos essenciais. Toda Área de Proteção Ambiental deve ter zona de conservação
de vida silvestre .

Como exemplo podemos citar as Áreas de Proteção Ambiental da Cantareira, de


Campos do Jordâo, da Serra da Mantiqueira, etc.

9-2-2-Área de Relevante Interesse Ecológico

É uma região que possui características naturais extraordinárias ou que abriga


exemplares raros da biota regional, preferencialmente declarada pela União, estados e
municípios , quando tiver extensão inferior a cinco mil hectares.

Essas áreas têm pouca ou nenhuma ocupação humana, constituída por terras
públicas ou privadas. Sua finalidade é a manutenção dos ecossistemas naturais de
importância regional ou local. Seu uso deve regular, a cada caso, atividades que possam
pôr em risco a conservação dos ecossistemas, a proteção especial das espécies
endêmicas ou raras, ou a harmonia da paisagem.

Essas áreas são um instrumento para a conservação dos ecossistemas e o uso


sustentado dos recursos naturais.

A criação de novas Áreas de relevante Interesse Ecológico, poderia contribuir


tanto para a perpetuação de fragmentos de ecossistemas naturais, como para um melhor
conhecimento de sua dinâmica natural e exploração sustentada de seus recursos
florestais.

Como exemplos podemos citar: Áreas de Relevante Interesse Biológico da Ilha


Grande no Rio de Janeiro, e do Vale dos Dinossauros na Paraiba, etc.

76
9-2-3-Floresta Nacional

É uma área de posse e domínio públicos, provida de cobertura florestal


predominantemente nativa, estabelecida com objetivos de promover o uso múltiplo
sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica básica e aplicada, visando o
desenvolvimento de métodos para exploração sustentável de florestas nativas.

Outros objetivos da floresta nacional podem incluir a proteção de recursos


hídricos, de belezas cênicas e de sítios históricos e arqueológicos, assim como a
educação ambiental e as atividades de recreação, lazer e turismo.

Como exemplos podemos citar a Floresta Nacional da Tijuca, Floresta Nacional


de Brasília, etc.

9-2-4- Reserva Extrativista

É uma área utilizada por populações tradicionais, cuja sobrevivência baseia-se


no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de
animais de pequeno porte.

Tem como objetivos básicos proteger os meios da vida e a cultura dessas


populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. As áreas
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas.

Como exemplo temos a Reserva Extrativista Marinha do Arraial do Cabo no


estado do Rio de Janeiro.

77
VI- ECOSSISTEMAS COSTEIROS E ECOSSISTEMAS DE TRANSIÇÂO NO
BRASIL

A costa brasileira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância


ambiental.

Ao longo do litoral brasileiro podem ser encontrados manguezais, restingas,


dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, brejos, falésias, estuários, recifes de corais
e outros ambientes importantes do ponto de vista ecológico, todos apresentando
diferentes espécies animais e vegetais.

Isso se deve, basicamente, às diferenças climáticas e geológicas da costa


brasileira. Além do mais, é na zona costeira que se localizam as maiores presenças
residuais de mata atlântica, que possui uma grande biodiversidade .

Também os manguezais, de expressiva ocorrência na zona costeira, cumprem


funções essenciais na reprodução biótica da vida marinha.

Enfim, os espaços litorâneos possuem riquezas significativas de recursos


naturais e ambientais, mas a intensidade de um processo de ocupação desordenado vem
colocando em risco todos os ecossistemas presentes na costa litorânea do Brasil.

A densidade demográfica média da zona costeira brasileira é cerca de cinco vezes


superior à média nacional. Pela densidade demográfica nota-se que a formação
territorial foi estruturada a partir da costa, tendo o litoral como centro difusor de frentes
povoadoras, ainda em movimento na atualidade.

Hoje, aproximadamente, metade da população brasileira reside numa faixa de até


duzentos quilômetros do mar, o que equivale a um efetivo considerável de habitantes,
cuja forma de vida impacta diretamente os ecossistemas litorâneos.

Dada a magnitude das carências de serviços urbanos básicos, tais áreas vão
constituir-se nos principais espaços críticos para o planejamento ambiental da zona
costeira do Brasil.

Não há dúvida em considerá-las como as maiores fontes de contaminação do meio


marinho no território brasileiro.

Além do mais, as grandes cidades litorâneas abrigam um grande número de


complexos industriais dos setores de maior impacto sobre o meio ambiente (química,
petroquímica, celulose), como é o caso do complexo industrial de Cubatão no litoral do
estado de São Paulo.

1-Manguezal

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Próximo a costa, ao longo de quase todo litoral brasileiro, estão localizados os
manguezais, onde os rios desembocam no mar , constituindo uma de região de água
salobra.

O manguezal é um ecossistema costeiro de transição entre ambientes terrestres e


marinho, e de água doce , característico de regiões tropicais e sub-tropicais, sujeito ao
regime das marés.

No Brasil o mangue é encontrado desde o litoral do Amapá até Laguna , em


Santa Catarina, geralmente associado a desembocadura de rios.

Ocorre em regiões abrigadas, onde o solo é pantanoso e movediço. Apresenta


condições propícias para alimentação , proteção e reprodução de muitas espécies
animais. Os manguezais possuem terras sempre alagadas e solo salino.

A flora do manguezal é composta por espécies lenhosas perenifólias de


Angiospermas, alem da presença de micro e de macro algas .

A flora do mangue possui adaptações para sobreviver em ambientes alagados,


como a presença de raízes tipo escora para fixação no terreno alagadiço) e raízes
respiratórias que ajudam a oxigenação dessas plantas que vivem num ambiente anóxico
( falta de oxigênio para a respiração).

O dossel formado pela copa das árvores do mangue se estende acima do nível da
água da maré alta.

Durante a maré baixa ,as suas peculiares raízes respiratórias ficam expostas, e
através das lenticelas , há difusão de oxigênio para a respiração.

As árvores do mangue são todas halófitas obrigatórias , ou seja, plantas que


toleram altas concentrações salinas .

As principais espécies arbóreas que ocorrem nos manguezais são:

Avicennia tomentosa (mangue vermelho)- possuem glândulas secretoras de sal,


principalmente nas folhas.

Laguncularia sp (mangue preto)- apresentam folhas e outros órgãos suculentos


para que haja a diluição do sal.

Rhizophora mangle ( mangue branco) - Ocorre filtração de sais nas células do


parênquima da raiz.

Essas espécies arbóreas do manguezal apresentam pneumatóforos, isto é raízes


respiratórias que partem da raiz principal e crescem para cima (com geotropismo
negativo), emergindo do lodo e coletando oxigênio atmosférico, como forma de
compensar o baixo teor de oxigênio no solo.

Essas raízes emergentes são dotadas de lenticelas ou pneumatódios, por onde


ocorre a penetração de oxigênio do ambiente aéreo.

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A espécie Rhizophora mangle apresenta um mecanismo especial de dispersão
de sementes: As sementes germinam ainda presas a planta parental ( viviparidade)
podendo a raiz atingir até 30 cm.

O propágulo ao cair pode se fixar diretamente na lama ou ser levado a outros


locais , pelas marés , onde vai se enterrar originando nova planta.

Os manguezais constituem ecossistemas de grande produtividade, com rica


diversidade de espécies, e servem de berçário para o desenvolvimento de muitas larvas
de animais aquáticos.

A fauna é rica em animais marinhos como ostras, várias espécies de caranguejo


como a maria-mulata, etc.

2- Restinga

O termo restinga é usado vulgarmente para designar um conjunto de dunas e


areais costeiros, revestidos de vegetação baixa. Em biologia o termo é usado para
expressar um tipo de comunidade vegetal litorânea determinada por condições edáficas
arenosas e pela influência marinha.

Entende-se por vegetação de restinga, o conjunto das comunidades vegetais,


fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluvio-marinha.

Estas comunidades, distribuídas em mosaico, ocorrem em áreas de grande


diversidade ecológica sendo consideradas comunidades edáficas por dependerem mais
da natureza do solo que do clima.

As espécies que aí vivem ( flora e fauna) possuem mecanismos para suportar os


fatores físicos dominantes como : salinidade , extremos de temperatura, forte presença
de ventos, escassez de água, solo instável, insolação forte e direta, pobreza mineral do
solo, etc.

As restingas estão distribuídas ao longo do litoral brasileiro numa extensão de


5.000 Km , começando no sul do estado do Maranhão e estendendo-se até o arroio
Chuí, no Rio Grande do Sul.

Em algumas regiões, a vegetação da restinga é caracterizada por uma floresta de


baixa altura, úmida e viçosa, em forma de ilhotas.

Algumas espécies são típicas da restinga, como por exemplo: bromélia terrestre
(Aechmea nudicaulis), cipó alto (Bougainvillea spectabilis) e angelim da praia (Andira
legalis).

Devido a expansão urbana e a caça indiscriminada, vêm ocorrendo o


desaparecimento de espécies faunísticas da restinga.

80
Como exemplos de mamíferos temos a suçuarana , o porco-do-mato, o cachorro-
do-mato e o coati .

As restingas são enquadradas como áreas de Proteção Permanente ( APP).

3- Praias

Os ecossistemas de praias constituem importante atração turística, As praias se


formam quando há um abastecimento de areia e energia de ondas regulares, que
conservam a praia organizada e limpa.

Nas praias ocorre acumulação de vários tipos de sedimentos, principalmente


areia e cascalho, e por isso , constitui-se em um fantástico filtro. Cada rompimento de
onda esparrama água através da areia , e quando a água retorna, vai sendo filtrada.

Assim, a praia funciona como um filtro de areia como aqueles usados em redes
de tratamento de água. Os espaços entre os grãos abrigam animais minúsculos, que
consomem matéria orgânica , permitindo o retorno de nutrientes para a água.

A praia que está sujeita a inundações pelas marés altas. Não há instalação de
plantas nas praias. É fácil observar o caranguejo maria-farinha, que cava buraquinhos na
areia.

4- Recifes de Coral

Recifes de coral são estruturas rochosas, marinhas, que rodeiam ilhas e costas,
constituídos, essencialmente de corais e algas.

Os ecossistemas de recifes de coral são formados principalmente pelos cnidários


ou celenterados do grupo dos antozoários, que formam colônias de pólipos excretando
um exoesqueleto calcário.

Desenvolvem-se ao longo da costa, e no fundo das águas pouco profundas e


temperadas (acima de 20ºC), onde as ondas e correntes são fortes.

Algas calcárias vermelhas e verdes também formam esqueletos que contribuem


com a formação dos recifes de coral.

Os corais conseguem grande parte de seu alimento e energia, para formação do


esqueleto, através da fotossíntese de algas que vivem em seus tecidos. Também
capturam pequenos organismos com suas células urticantes.

Os corais formadores de recife vivem em simbiose com pequenas algas


unicelulares, chamadas zooxantelas, que vivem no interior de seus tecidos.

81
Nesta relação, o coral recebe matéria orgânica produzida pela fotossíntese da
alga e , portanto, depende dela para sobreviver.

A alga unicelular, por sua vez, recebe nutrientes provenientes da excreção do


coral e um habitat seguro para se fixar, caracterizando uma relação simbiótica entre
esses organismos.

Embora esta relação seja também vantajosa para a alga, ela pode sobreviver sem
o coral.

A alta densidade populacional nos corais requer fortes correntes e/ou a ação das
ondas para abastecimento de oxigênio para respiração, nutrientes para o crescimento,
carbonatos para os esqueletos e outros alimentos.

Quando os corais morrem, os esqueletos de pedra calcária são logo invadidos


por algas não simbióticas de vida livre.

A estrutura do recife é uma fonte rica de alimento para vários consumidores,


como certos peixes que utilizam o coral vivo e morto como fonte de alimento; os
pepinos do mar digerem fragmentos de recifes.

Partículas de matéria orgânica (resíduos) na areia calcária, entre os corais, são


consumidos por crustáceos e pequenos peixes.

Alem disso, os corais representam verdadeiros berçários onde muitos seres


marinhos se reproduzem e procuram abrigo para proteção.

Os recifes de coral são ecossistemas com grande produtividade e grande


biodiversidade. Constituem atração turística com beleza cênica capaz de atrair
mergulhadores e pescadores. A própria rocha é também utilizada em construção,
principalmente em recifes que já formam parte da terra firme.

Estima-se que os recifes de coral cubram uma área com cerca de 284 300 km2. A
região do Indo-Pacífico (Mar Vermelho, Oceano Índico, sudeste Asiático e Oceano
Pacífico) contribui com 91,9% do total, enquanto que os recifes do Oceano Atlântico e
do Mar do Caribe contribuem apenas com 7,6% do total.

Os recifes de coral são restritos ou ausentes na costa oeste das Américas, assim
como na costa oeste da África, devido principalmente às fortes correntes marinhas de
águas frias, que reduzem a temperatura da água nessas áreas.

Também são escassos na costa sul da Ásia ,bem como ao longo da costa
nordeste da América do Sul .

Podemos citar como exemplos a grande barreira de coral da Austrália (maior


recife de corais do mundo; a grande barreira de recife de coral no mar do Caribe, etc.
No Brasil podemos citar os recifes de coral das ilhas da Baia de Todos os Santos.

Dependendo da sua forma, tamanho e distância da terra firme, os recifes podem


ser:

82
- recifes em franja - são formações simples e próximas aos continentes ou a
ilhas. Este é o tipo mais comum de recife. Diversas formações em franja, ocorrem no
Caribe.

- barreiras - são formações lineares ou semicirculares, separadas do continente


por canais. Um exemplo é a grande barreira de corais da Austrália, a maior do mundo,
que se estende por mais de mil quilômetros ao longo do litoral australiano.

- atóis - são recifes em forma de um grande anel, no centro do qual se forma


uma lagoa de água salgada. Os atóis emergem em águas mais distantes dos continentes
e geralmente se formam sobre antigos vulcões submersos. Um dos mais conhecidos é o
atol de Bikini, situado no oceano Pacífico onde testes nucleares nas décadas de 40 e 50
foram realizados .

A cidade do Recife (Pernambuco), não recebeu seu nome devido a esta formação
biológica, mas aos recifes de arenito que formam sua costa.

Os recifes de coral apresentam uma extraordinária biodiversidade, embora


localizados em águas tropicais pobres em nutrientes.

Alem das algas verdes que aí vivem em simbiose, ocorrem também


cianobactérias que fornecem nitratos solúveis para os recifes de corais ,pois são capazes
de fixar nitrogênio dissolvido.

Os corais absorvem nutrientes, incluindo nitrogênio inorgânico e fósforo,


diretamente da água do mar , e se alimentam do zooplâncton que é absorvido pelos
pólipos , devido a movimentação da água.

Assim, a produtividade primária em um recife de coral é muito elevada.

Os recifes de coral são o lar de uma variedade de peixes tropicais , como peixe-
papagaio, peixe-anjo, peixe-borboleta, barracudas, moréias, e pequenos tubarões.

Os recifes são também o refúgio de uma grande variedade de outros organismos,


como esponjas, cnidários (que inclui alguns tipos de corais e águas-vivas), vírus,
crustáceos (incluindo camarão, lagosta e caranguejos), moluscos (incluindo
cefalópodes), equinodermos (incluindo estrelas do mar, ouriços do mar e pepinos do
mar), tartarugas marinhas e cobras do mar.

Mamíferos são raros sobre recifes de corais. Pode ocorrer visita de cetáceos
como golfinhos .

Um certo número de invertebrados, que constituem a criptofauna, habitam o


substrato pedra coral, cada um furando a superfície do calcário ou vivendo em fendas.

Esses animais que ficam dentro da rocha incluem esponjas, moluscos bivalves,
etc.

Os seres humanos continuam a representar a maior ameaça aos recifes de coral.


A poluição e o excesso de pesca são as mais graves ameaças para estes ecossistemas.

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A destruição física de recifes devido ao tráfego marítimo de barcos, o comércio
de peixe vivo, a acidificação do oceano devido ao aumento da concentração de gás
carbônico no planeta , a poluição causada pela urbanização de áreas litorâneas, a
eutrofização das águas, a autilização de cianeto e outros produtos químicos na captura
de pequenos peixes, etc. , constituem sérias ameaças aos corais.

Ao mesmo tempo, tanto o incremento da temperatura da água acima do normal,


devido a fenômenos climáticos como El Niño, como o aquecimento global, podem
causar destruição dos corais.

Se a destruição continuar no ritmo atual, 70% dos recifes do mundo terão


desaparecido nos próximos 50 anos. Esta perda seria uma catástrofe econômica para os
povos que vivem nos trópicos.

Usa-se o termo descoramento de corais, para indicar que os corais estão sendo
destruídos em resposta a alteração dos fatores ambientais.

Portanto o branqueamento do coral é a morte dos pólipos responsáveis pela


construção dos recifes de coral, devida a problemas ambientais, como a mudança do
clima.

Os recifes coralinos de águas frias, ou corais de águas profundas são colônias


de corais que se desenvolvem na zona afótica dos oceanos profundos, sendo totalmente
heterótrofos. São diferentes dos recifes de coral.

Um recife artificial pode ser formado através de uma estrutura qualquer,


colocada pelo homem, geralmente num ambiente marinho, e serve de substrato para o
desenvolvimento de vida .

Os corais estão ameaçados de extinção em muitos lugares e a sua preservação é


muito importante para o equilíbrio deos oceanos.

5- Costões rochosos
Costão rochoso refere-se ao ambiente costeiro formado por rochas, situado na
transição entre os meios terrestre e marinho.

Pode ser considerado muito mais uma extensão do ambiente marinho que do
terrestre, pois a maioria dos organismos que o habita, estão relacionados ao mar.

No Brasil, essas rochas geralmente são de origem vulcânica e são estruturadas de


diversas maneiras.

Trata-se de um ambiente extremamente heterogêneo: pode ser formado por


paredões verticais bastante uniformes, que estendem-se muitos metros acima e abaixo
da superfície da água , ou por matacões de rocha fragmentada de pequena inclinação ,
como ocorre em Ubatuba, S.P.

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No Brasil, podemos encontrar costões rochosos em quase toda a costa,
principalmente na região Sudeste, onde a costa é bastante recortada.

Em locais onde a Serra do Mar se elevou próxima ao oceano, ocorre um


predomínio de costões rochosos na interface da terra com o mar .

Já em locais onde a Serra do Mar está muito distante da costa, ocorre o


predomínio de manguezal e restinga (ex. Cananéia/SP).

Os costões são, portanto, na maioria das vezes, extensões das serras rochosas
que atingem o fundo do mar.

Os costões rochosos comportam uma rica e complexa comunidade biológica. O


substrato duro favorece a fixação de larvas de diversas espécies de invertebrados, sendo
comum a ocupação do espaço por faixas densas de espécies fixas (sésseis).

Nos costões rochosos, a variação das condições ambientais ocorre em uma


escala espacial incomparavelmente menor que nos sistemas terrestres.

Além disso, a grande diversidade de micro-hábitats contribui para a


determinação da diversidade biológica. Diferentes grupos apresentam adaptações e
formas de vida relacionadas ao local que habitam.

Nestes ecossistemas de transição encontramos uma grande biodiversidade


biológica como algas verdes ( clorofíceas), algas vermelhas ( rodofíceas), algas pardas
( feofíceas) , cianofíceas ( algas azuis) , poríferos ( esponja do mar), cnidários
(anêmonas), moluscos ( ostras, mexilhões, etc.), anelídeos ( como poliquetas ) ,
crustáceos ( siri, caranguejo, camarão), equinodermos (estrela do mar, ouriço do mar,
lírio do mar ) , urocordados , e muitos peixes , etc.

Portanto, o costão rochoso é um importante substrato de fixação e locomoção


para diversos organismos.

No entanto, a sua ocupação não ocorre aleatoriamente, ou seja, os organismos se


estabelecem ou se locomovem em faixas bastante distintas normalmente
perpendiculares à superfície do mar.

Na região sudeste, estas regiões (ou zonas) são formadas a partir das habilidades
adaptativas dos organismos e aos fatores ambientais. A esta distribuição dá-se o nome
de zonação.

Essa distribuição inclui três principais zonas de distribuição:

a)- zona supra litoral

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Corresponde a região superior do costão rochoso permanentemente exposta ao
ar, onde somente chegam borrifos de água do mar.

Esta área está compreendida entre o limite inferior de distribuição da vegetação


terrestre, que é representada por líquenes ou plantas vasculares (bromeliáceas,
cactáceas, entre outras) e o limite superior de ocorrência de cirripédios do gênero
Chthamalus ou, por vezes, de gasterópodos do gênero Littorina.

Nesta faixa, os fatores climáticos, como temperatura e radiação solar possuem


grande importância na distribuição dos organismos, que são adaptados a estresse hídrico
e grandes variações de temperatura.

b) zona meso litoral

Essa zona corresponde a região sujeita às flutuações da maré. Assim, fica


submersa durante a maré alta, e exposta durante a maré baixa.

Seu limite superior é caracterizado, geralmente, pela ocorrência de cirripédios do


gênero Chthamalus (cracas) e o inferior pela alga parda Sargassum .

É, provavelmente, o ambiente marinho mais conhecido e estudado. Os


organismos sésseis desta região estão adaptados a variações diárias de umidade,
temperatura, luz, etc.

Também devido a variação da maré, restringem-se a um período reduzido de


alimentação e liberação de larvas, eventos estes dependentes da maré cheia.

Já os organismos errantes, podem migrar para regiões inferiores na maré baixa,


permanecendo assim, sempre submersos.

Aqui se formam as "poças de maré", depressões onde a água do mar fica


represada durante a maré baixa e que podem estar sujeitas a alta exposição ao calor,
sofrendo grandes alterações de temperatura e salinidade.

c) zona infra litoral

Essa zona corresponde a região permanentemente submersa do ecossistema


costão rochoso, apresentando seu limite superior caracterizado pela zona de Sargassum,
e o limite inferior pode ser determinado pelo encontro das rochas com o substrato
arenoso, perpendicular ao costão.

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Nesta região , as relações bióticas (predação, herbivoria, competição), são mais
importantes na determinação da distribuição dos organismos, uma vez que os fatores
ambientais são mais estáveis.

O costão rochoso, como o ambiente marinho de um modo geral, sofre grande


impacto ambiental, pois recebe grande quantidade de lixo, de petróleo resultante de
derramamentos, de esgotos domésticos e industriais, etc., pondo em risco a atividade
biológica de seus componentes.

Da mesma maneira , o turismo exploratório tem destruído a biodiversidade dos


costões rochosos, regiões de alto risco ambiental.

6- Dunas

Em direção à costa, a partir das praias, em áreas sem distúrbios, encontram-se as


dunas de areia.

São grandes colinas construídas por areia da praia carregada pelo vento. Plantas
herbáceas, cujas sementes são transportadas por pássaros ou pequenos animais,
começam a se desenvolver nesse substrato.

O sistema radicular dessas plantas ajuda a impedir que a areia seja arrastada pelo
vento. O abastecimento de água dá-se pela chuva .

A medida que o tempo vai passando, novas formas vegetais vão substituindo a
comunidade pioneira, até que uma pequena floresta passa a ocupar um substrato estável
e capaz de reter certa quantidade de água.

Se a vegetação é retirada, as dunas são destruídas. A areia começa a se


movimentar devido a ação do vento , tornando-se instável.

O turismo , principalmente no nordeste brasileiro, tem afetado a estabilidade


desses ecossistemas , de beleza cênica notável .

Nas dunas, ocorre a fixação de espécies vegetais. Este é um processo dinâmico


e contínuo que necessita de plantas adaptadas ( espécies pioneiras ou colonizadoras),
que fixam a areia por um sistema de raízes bem desenvolvido e disperso, e daí extraindo
agua e sais minerais.

Todas as espécies dunares são halófitas e adaptadas a viver em ambientes


oligotróficos e com estresses hídricos bem pronunciados.Possuem um rizoma ( caule
subterrâneo ) bem desenvolvido, e que acumula agua e fica protegido pela areia.

Com o tempo, as dunas vão cada vez acumulando mais material orgânico no
solo devido a morte das comunidades pioneiras.Isso possibilita o aparecimento de novas
comunidades que vão habitar essas novas condições edáficas, de modo que teremos o

87
estabelecimento inicialmente de espécies arbustivas e mais tarde até de espécies
arbóreas, consolidando a duna.

7- Estuários

Nas desembocaduras de rios nos mares, temos um ambiente de transição típico,


os estuários. Eles englobam a foz do rio e as terras vizinhas.

Nessas regiões existe grande variação na salinidade em função dos fluxos de


maré. Os estuários têm grande quantidade de nutrientes e alta produtividade.

São também o berçário de muitas espécies de peixes e crustáceos. Tanto a maré


como o rio, trazem nutrientes para essas áreas. Aparecem aí caranguejos, ostras,
camarões e peixes .

Algumas aves como garças e pelicanos ,voam até os estuários para se alimentar.

Alguns animais aquáticos como o siri (Carcinus sp ) podem viver em água


salobra, em água do mar, em estuários, etc. Esses organismos possuem a capacidade de
se regularem osmoticamente , conforme o ambiente em que estão.

À essa capacidade de se adaptar rapidamente às condições osmóticas do meio


chamamos de osmoregulação.

No caso do siri, ele tem a capacidade de retirar ativamente sais minerais da água,
ou de excretar ativamente sais para a água, mantendo assim sempre uma concentração
ligeiramente mais alta que o meio circundante.

8- Mata Ripária

Mata Ciliar, mata ripária ou mata galeria, são geralmente formações florestais
situadas às margens dos rios, ao redor de nascentes, lagos e reservatórios, classificadas
como áreas de preservação permanente pelo Código Florestal Brasileiro.

A localização desta vegetação, junto aos corpos d'água, faz com que ela possa
desempenhar importantes funções hidrológicas, entre as quais destaca-se:

- berçário e proteção para a fauna aquática,


- aporte de nutrientes,
- controle da erosão ,

88
- regulação da temperatura no ecossistema aquático.

As matas ripárias são verdes durante o ano todo, ou seja, não perdem
as folhas durante a estação seca. Muitas vezes encontramos árvores com altura entre 20
e 30 metros.
Esta fisionomia é comumente associada a solos com excesso de umidade na
maior parte do ano, devido ao lençol freático superficial e grande quantidade
de material orgânico acumulado.

A remoção da mata ciliar resulta num aumento da quantidade de nutrientes no


curso de água, devido a entrada de nutrientes pelo escoamento das chuvas.

O desmatamento das matas ciliares resulta no assoreamento do rio. Como a


mata ciliar tem por principal função proteger o solo contra erosões, a ausência desta
deixa o solo desprotegido, ficando sujeito a erosões.

Com a chuva, a terra é desgastada, sendo levada para o rio, que fica assoreado,
tendendo a ficar cada vez mais raso.

As matas ripárias foram alvo de todo o tipo de degradação, pois cidades foram
fundadas às margens de rios, eliminando-se todo tipo de vegetação ciliar. Por isso,
parte dessas cidades, estão sujeitas a inundações constantes.

Além do processo de urbanização, as matas ciliares sofrem pressão antrópica


por uma série de fatores, e são as áreas diretamente mais afetadas na construção de
hidrelétricas.

Já as regiões com topografia mais acidentada, são as áreas preferenciais para a


abertura de estradas, para a implantação de culturas agrícolas e de pastagens. Por isso,
para os pecuaristas, representam obstáculos de acesso do gado ao curso de água ,etc.

Este processo de destruição das formações ripárias, além de desrespeitar a


legislação, que torna obrigatória a preservação das mesmas, acarreta vários problemas
ambientais.

As matas ciliares constituem verdadeiros filtros, retendo defensivos agrícolas,


poluentes e sedimentos que podem ser levados aos cursos de água, afetando
diretamente a quantidade e a qualidade da água e conseqüentemente a fauna aquática e
a população humana.

Funcionam também como corredores ecológicos, ligando fragmentos florestais


e, portanto, facilitando o deslocamento da fauna e assim, mantendo o fluxo gênico
entre as populações de diversos organismos.

Portanto, a destruição da mata ripária prejudica o ambiente, causando os


seguintes efeitos:

a)- erosão, assoreamento e perda de nutrientes do solo- O sistema de raízes


da mata ciliar representa uma proteção natural contra o assoreamento, retendo a terra
das margens dos rios .

89
b)-escassez da água- na ausência da mata ciliar, a água da chuva escoa sobre a
superfície, sem que haja infiltração e armazenamento no lençol freático.

c)-perda da qualidade da água- A mata ciliar reduz o assoreamento dos rios,


deixa a água mais limpa, facilitando a vida aquática. A vegetação pode reter ainda parte
dos agrotóxicos, evitando a contaminação dos rios que protege.

d)-bloqueio da formação de corredores naturais- Essas áreas naturais


possibilitam que as espécies, tanto da flora, quanto da fauna, possam se deslocar,
reproduzir e garantir a biodiversidade da região.

e)-evitar enchentes - a mata ciliar cobre e protege o solo, fazendo com que ela
funcione como uma espécie de esponja, absorvendo e retendo parte da água das chuvas.

No Cerrado brasileiro, a mata ciliar é conhecida como mata de galeria,

A mata ciliar possui grande variabilidade em termos de composição florística,


pois a composição de espécies arbóreas e arbustivas apresenta enorme variação
conforme a região.

As plantas da mata ripária são tolerantes às condições de anoxia ( falta de


oxigênio) causadas pela inundação. As raízes são também adaptadas a suportar a força
das correntezas.

As principais espécies encontradas são guanandi (Calophyllum brasiliense),


peito-de-pomba (Tapirira guianensis), marinheiro(Guarea guidonia), e ainda os
gêneros Inga e Erythrina.

8- Zona dos Cocais

A zona dos cocais, localiza-se em parte dos estados do Maranhão, Piauí, Rio
Grande do Norte , na região de transição entre a Caatinga e a Floresta Amazônica,
ocupando uma área de 144.583 Km2.

A vegetação consiste principalmente de palmeiras como o babaçu, carnaúba e


buriti.

Das folhas da carnaúba é extraída uma cera de ótima qualidade; das sementes do
babaçu é extraído um óleo usado na produção de margarinas, sabões e gordura de coco.

90
O babaçu (Orbygnia phalerata ) é uma palmeira nativa das regiões norte e
nordeste do Brasil. Compõe extensas florestas, ocupando áreas onde a floresta primária
foi desmatada.

Além do nome babaçu, também é conhecida por bagassú, aguassú e coco de


macaco.

9- Mata Seca

Localizada entre a floresta amazônica e o cerrado , na região norte do estado de


Mato Grosso, a Mata Seca, ou Floresta Mesófila Semi-decídua , com área de 414.007
km2 ,representa uma forma florestal com características comuns do cerrado e da floresta
amazônica.

10- Transição Cerrado e Caatinga

Já na transição entre o cerrado e a caatinga pode observar-se uma vegetação


mais rica que a da caatinga, com florestas de árvores cujas folhas têm aspecto mais
coriáceos.

Naturalmente, o clima é mais seco que o do cerrado, com solo mais ressecado e
períodos mais intensos sem chuva.

A maior parte desta área está na fronteira do cerrado com o sertão, no interior de
estados nordestinos.

11- Pântanos

Os pântanos são áreas planas, onde ocorre abundante vegetação herbácea e/ou
arbustiva, e que permanece grande parte do tempo inundada.

Surgem geralmente em áreas onde o escoamento das águas é lento. Desta forma,
a massa orgânica presente nas águas se decompõe no próprio local.

91
No litoral brasileiro, em toda a planície costeira, os manguezais podem ser
considerados pântanos. Têm fauna e flora peculiares adaptados à salinidade e ao fluxo
das marés, com grande biodiversidade devido à mata atlântica contígua.

No interior do Brasil, o chamado pantanal mato-grossense se estende pelos


estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de países vizinhos, como o
Paraguai, onde é chamado de Chaco.

Esta região, apesar da nomenclatura, não é exatamente um pântano, pois fica


inundada apenas durante alguns meses. Nessas regiões mais secas é possível a prática
do pastoreio, pois a água da região pantaneira retorna aos leitos normais dos rios da
região e às lagoas, nas suas margens.

Também a bacia amazônica e sua imensa planície, maior bacia hidrográfica do


planeta, é um imenso caudal pantaneiro, devido à grande concentração de rios.

92
VII- ECOSSISTEMAS ARTIFICIAIS

1-As cidades são ecossistemas?

As cidades podem ser consideradas como um ecossistema, pois possuem


componentes bióticos e abióticos. Entretanto, não são capazes de se sustentar e
dependem de outros ecossistemas para obter materiais e alimentos para sua população.

As pessoas, os animais de pequeno porte como cães e gatos, pássaros, insetos,


aranhas, as plantas envasadas , árvores de ruas, parques , jardins, hortas, são alguns dos
componentes bióticos que compõem um ambiente de cidade.

Além desses seres vivos temos também uma série de animais “indesejáveis” por
prejudicarem a saúde humana como ratos, baratas, escorpiões, pernilongos e outros
organismos causadores de doenças, e que são conhecidos como pragas urbanas.

Entre os fatores abióticos temos casas, prédios e automóveis, alem dos fatores
mais comuns em ambientes naturais como luz solar, água, solo e ar.

Entretanto, em conseqüência das grandes alterações realizadas no espaço físico e


devido a emissão de poluentes, esses fatores ambientais naturais costumam estar
alterados.

O solo coberto pelo asfalto impermeável , dificulta ou impossibilita o


escoamento do excesso de água em dias de chuva intensa, o que pode provocar
alagamentos.

O ar poluído por gases tóxicos , emitidos principalmente por automóveis e


indústrias, muitas vezes ocasiona doenças respiratórias.

A água dos rios que estão próximos, ou atravessam os grandes centros , costuma
estar com sua água poluída, pelo despejo de esgotos industriais e domésticos, ali
lançados, muitas vezes, sem tratamento prévio.

Assim, tanto os fatores bióticos como os abióticos de uma grande cidade, são
bastante diferentes daqueles que compõem um ambiente natural ou pouco modificado,
sendo, muitas vezes, organizados de maneira desequilibrada.

O crescimento populacional e tecnológico passa a consumir mais matéria-prima


e energia, vindas do meio natural. É necessário que haja expansão da agricultura e
pecuária para alimentar um número cada vez maior de pessoas.

A exploração de recursos minerais causa a destruição de grandes áreas muitas


vezes irrecuperáveis. O consumo de produtos industrializados gera toneladas de lixo.

1-1- Ilhas de Calor

93
Ilha de calor (ou ilha de calor urbana) , é o nome que se dá a um fenômeno
climático que ocorre principalmente nas cidades com elevado grau de urbanização.
Nestas cidades, a temperatura média costuma ser mais elevada do que nas regiões rurais
próximas.

Há um contraste térmico entre a área mais urbanizada e a menos urbanizada ou


periférica, que inclusive pode ser área agrícola. Alterações da umidade do ar, da
precipitação e do vento também estão associadas à presença de ilha de calor urbana.

Nas cidades de latitudes subtropicais e tropicais, devido a alta intensidade da


radiação solar incidente, as ilhas de calor urbanas ocorrem durante o dia, agravando a
sensação e o desconforto devido a elevação da temperatura e a redução da umidade
relativa do ar.

Nas cidades de clima frio (nas latitudes médias e altas), a ilha de calor urbana
tem ocorrência noturna.

Para entendermos melhor este fenômeno climático, podemos usar como exemplo
a cidade de São Paulo que é considerada uma ilha de calor.

Como esta cidade tem grande parte de suas ruas e avenidas pavimentadas com
asfalto, e também pela presença de concreto em prédios, casas e outras construções
ocupando grande área geográfica, ela concentra mais calor, fazendo com que a
temperatura fique acima da média dos municípios da região. A umidade relativa do ar
também fica baixa nestas áreas.

Com base em análise de imagem de satélite , na cidade de São Paulo a


temperatura do ar na região central pode ser de até 10 graus οC maior que as
temperaturas registradas em lugares arborizados da periferia.

As principais causas das ilhas de calor são:

a)- poluição do ar

A interação entre a radiação e a poluição atmosférica constituída de partículas e


de diferentes gases, como os gases do efeito estufa (CO, CO2, NO2, O3,
hidrocarbonetos, entre outros), provoca alterações locais no balanço de energia e
radiação , que podem ser associadas à formação das ilhas de calor urbanas.

Uma série de reações químicas e fotoquímicas pode ocorrer em ambiente


urbano poluído. Principalmente, as reações fotoquímicas associadas à química dos
sulfatos e nitratos envolvendo a radiação ultravioleta, levando a formação do ozônio,
um gás altamente reativo e tóxico.

b)-fontes antrópicas de calor-

94
Emissões de calor de orígem antrópica,como a queima de combustíveis fósseis,
utilização de ar condicionado e outros eletrodomésticos, etc., podem contribuir bastante
para o maior aquecimento urbano.

c)- Efeito da redução das áreas verdes

O decréscimo da evapotranspiração pela impermeabilização das superfícies


urbanas , a redução de áreas verdes nas cidades, a diminuição da extensão das
superfícies de evaporação (lagos, rios, parques, bosques, jardins, etc.), alteram os
microclimas urbanos e as condições de conforto ambiental das cidades.

A impermeabilização dos solos devido à pavimentação e desvio da água por


bueiros e galerias, reduz o processo de evaporação e evapotranspiração urbana,
modificando o balanço hídrico, aumentando tambem a vulnerabilidade da população a
enchentes e deslizamentos de terra.

d)-Uso de materiais com forte poder de absorção de radiação solar

Ocorre uma grande acumulação de calor durante o dia devido as propriedades


de absorção de energia dos materiais utilizados na construção da cidade, e
consequentemente, emissão de calor durante o período noturno.

e)- Redução da perda de calor pela arquitetura urbana

Decréscimo da perda de radiação infravermelha causada pela arquitetura


urbana, como paredes dos prédios , provocando o aprisionamento de parte da radiação
solar através de reflexões múltiplas da luz nas paredes.

Essas reflexões múltiplas também ocorrem com a radiação de onda longa


(infravermelha) , reduzindo a perda de calor por radiação para o espaço (atmosfera).

f)- Diminuição da circulação de ventos

Devido a presença de grandes edifícios urbanos, a circulação de ventos é


alterada no ambiente urbano, diminuindo a dissipação do calor .Devido a esses fatores,
o ar atmosférico na cidade é mais quente que nas áreas que circundam esta cidade.

Dessa maneira, a arborização é de grande importância para a população de uma


cidade, pois diminui a temperatura da cidade, melhora a qualidade do ar, reduz a
propagação do som, e diminui, o nível de material particulado.

95
1-2- O lixo

Em média, cada habitante da Terra, produz diariamente, cerca de 3,5


quilogramas de lixo. Esse lixo é constituído por papel, papelão,vidros, plásticos,metais,
restos orgânicos, etc.

A tendência é aumentar a população e também aumentar a quantidade de lixo


produzida per capta.

Geralmente o lixo é removido das cidades e transferido para enormes lixões,


muitas vezes, a céu aberto.

Alem do mau cheiro, esses depósitos de lixo são responsáveis pela intensa
proliferação de moscas, baratas, ratos, escorpiões, etc., constituindo num grande
problema de saúde pública. Isso sem contar a parcela da população que vive diretamente
do lixo.

Hoje em dia, os lixões a céu aberto estão sendo substituídos pelos aterros
sanitários, onde o solo é impermeabilizado antes de receber o lixo, evitando assim a
contaminação do solo, e do lençol freático.Faz-se camadas alternadas de solo e lixo, o
que impede o desenvolvimento dos animais indesejáveis e o mau cheiro.

Nesses aterros sanitários, bactérias anaeróbicas fazem a decomposição da


matéria orgânica com produção de gás natural ( gás metano) que pode ser usado como
combustível natural. Quando não é usado ( por falta de coletores adequados) deve ser
queimado, pois produz mau cheiro , e é muito tóxico.

Lixo contaminado como lixo hospitalar deve ser incinerado.

Parte da matéria orgânica do lixo pode ser compostada, ou seja, o lixo orgânico
pode ser transformado, para ser usado como fertilizante.

A coleta seletiva do lixo é muito importante para separar componentes que


podem ser reciclados.

Atualmente foi lançada no Brasil, a campanha de diminuir o uso de sacolas


plásticas que eram fornecidas pelos super-mercados, objetivando estimular o comprador
a usar sacolas de papel ou caixas de papelão, diminuindo assim o uso de plástico,
oriundo em sua quase totalidade, de derivados do petróleo.

1-3- Água Potável

96
A água doce e na forma líquida disponível para o consumo humano, é de menos
de 1% do total existente no planeta, sendo localizada em rios, lagos e reservatórios
subterrâneos.

Devido ao ciclo da água , essa quantidade permanece mais ou menos constante,


ou seja, pode ser considerada um recurso renovável.

No entanto, devido ao crescimento populacional , ocorre maior necessidade do


uso de água doce . Estima-se que atualmente uma pessoa consome cerca de 150 a 300
litros de água doce por dia.

Mas, a água doce está tornando-se cada vez mais indisponível devido
contaminação crescente de suas fontes, como rios, lagos, nascentes, águas subterrâneas
de baixa e de alta profundidade, etc.

Com a grande industrialização do planeta e o crescimento populacional, o


despejo de esgotos industriais e domésticos tem aumentado muito. A erosão em regiões
de mananciais também diminui a disponibilidade de água doce no planeta.

A eutrofização dos corpos de água doce com detergentes, substâncias orgânicas


e inorgânicas tem poluído as suas águas , tornando-as não potáveis ao homem.

Dessa maneira, para que a água possa ser novamente utilizada deve sofrer
tratamentos químicos, físicos e biológicos, gastando energia e tempo.

Portanto é preciso haver conscientização do uso racional da água para que ela
não venha a faltar no futuro.

1-3-1- A água como recurso finito

O abastecimento de água no mundo está em crise. Como o volume de água doce


no mundo é fixo, a medida que a população cresce e aumenta a sua necessidade por
água, esse recurso está tornando-se cada vez mais escasso.

Aproximadamente 500 milhões de pessoas vivem em países com escassez


crônica de água; cerca de 2,5 bilhões moram em nações onde o sistema hídrico está
ameaçado.

A precipitação pluviométrica média do planeta é cerca de 7 mil m3 por habitante,


mas não ocorre de forma uniforme no planeta. Regiões áridas da África e Ásia
englobam os países mais carentes em água no mundo.

A maior parte das reservas de água doce do planeta está nos aqüíferos ( cerca de
cem vezes mais água que a soma de todas as reservas de água da superfície) , tornando-
os vitais para a sobrevivência das populações.

97
O uso de águas subterrâneas está aumentando de maneira muito intensa,
enquanto que a renovação da reserva hídrica dos aqüíferos é muito lenta.

Alguns poços vêm secando e o nível do lençol freático vem diminuindo. Cerca
de 25% da população humana depende das água subterrânea potável para a sua
sobrevivência.

Alem do uso humano, cada vez se torna mais intenso o uso da água na
agricultura e na industria.

1-3-2- O uso desenfreado da água

Apenas 10% da água doce consumida no planeta é para uso doméstico;


aproximadamente 70 % vai para a agricultura e o restante para a industria.

O cultivo de alimentos exige muita água. Como exemplos podemos citar os


seguintes valores aproximados:

Para 1 Kg de batata--------- 500 litros de água

Para 1 Kg de trigo------------900 litros de água

Para 1 Kg de soja-------------1.650 litros de água

Para 1 Kg de aves-------------3.500 litros de água

Para 1 Kg de carne bovina---15.000 litros de água

A irrigação é fundamental para a produção de alimentos. Cerca de 20 % das


plantações mundiais são irrigadas produzindo um terço dos alimentos do planeta.

A irrigação mal planejada, alem de consumir muita água doce, pode causar
vários problemas ambientais como:

a) encharcamento de solos , que ocorre quando os campos irrigados não são


adequadamente drenados.

b) salinização do solo, pois a água sempre carrega consigo uma pequena


quantidade de sais minerais que vão se acumulando nos campos irrigados, após
evaporação das águas de irrigação. Esse problema é mais crucial em regiões áridas e
semi-áridas quentes, onde o poder evaporativo do ar é muito grande, como o nordeste
brasileiro. A salinização pode levar a desertificação do solo causada pelo acúmulo de
sais minerais em grandes quantidades.

As industrias utilizam cerca de 20% da água doce consumida na Terra,


principalmente industria pesada como a química, a petrolífera, a industria de metais, de
madeira, de papel entre outras. Para produzir 1 litro de gasolina são gastos

98
aproximadamente 10 litros de água; para 1 Kg de aço, cerca de 95 litros de água e para
produzir 1 Kg de papel , são necessários aproximadamente 320 litros de água.

O maior problema do uso da água pela industria é o agravamento da poluição


das águas. Dentre os principais poluentes lançados pela indústria em rios, lagos e
aqüíferos podemos citar: substâncias orgânicas que causam eutrofização das águas;
metais pesados como chumbo e mercúrio, e outros produtos químicos altamente
danosos a saúde como DDT , etc.

1-4- Inversão Térmica

A luz solar é absorvida pela superfície terrestre e irradiada na forma de raios


infravermelhos que provocam aquecimento do ar superficial. Nas camadas superiores o
ar é mais frio e portanto mais denso.

Por isto, em condições normais, o ar quente sobe e o ar frio desce, isto é, temos
um fluxo contínuo entre ar quente e ar mais frio.

Mas, principalmente no inverno, pode ocorrer um fenômeno natural, chamado


inversão térmica: nessas condições o solo fica mais frio ou o ar das camadas superiores
se aquece, de maneira que o ar inferior, mais frio, não sobe. Dessa maneira o fluxo de ar
entre as baixas e altas camadas da atmosfera, é interrompido.

Esse fenômeno, aliado a ausência de ventos, agrava fortemente a poluição nos


grandes centros, uma vez que os poluentes ficam retidos e concentrados no ar do estrato
inferior.

Surge então o “smog” ( névoa de fumaça) geralmente com alta concentração de


poluentes, como o SO2.

1-5- Outros poluentes urbanos e chuva ácida

Detritos orgânicos ou inorgânicos são considerados poluentes quando provocam


mudanças nas propriedades físicas, químicas ou biológicas do ambiente onde estão
sendo introduzidos.

Os poluentes que ocorrem num local e em um tempo particular são denominados


de imissões ; os poluentes liberados por uma fonte são denominados de emissões.

A concentração de um poluente no ambiente é chamada concentração de


imissão (geralmente em ppm, ou ppb, ou mg/metro cúbico).

99
A dose limite de injúria (%) para a poluição atmosférica é determinada por
Organizações Internacionais, como por exemplo a OMS, ou seja, a Organização
Mundial de Saúde.

Os principais poluentes transportados pelo ar são:

1-5-1- Monóxido de Carbono ( CO)

O monóxido de carbono é um gás inodoro e incolor sendo produzido sempre


que ocorre a queima de algum combustível que contenha carbono.

Quando inspirado, passa dos alvéolos pulmonares para o sangue onde se liga
irreversivelmente com a hemoglobina, formando a carboxi-hemoglobina, que é incapaz
de se ligar ao oxigênio, impedindo a respiração.

Portanto, o monóxido de carbono inativa moléculas de hemoglobina


transportadoras de oxigênio, e por isso é um veneno extremamente perigoso, podendo
causar a morte do indivíduo.

Exposições prolongadas a CO podem provocar esplenomegalia (aumento do


volume do baço), debilidade geral dos vasos sanguíneos com hemorragias
generalizadas, náuseas, diarréias perda de memória, pneumonia e até a morte por
asfixia.

Nas zonas urbanas, a circulação de automóveis é a principal responsável pela


poluição atmosférica com CO. Numa cidade como São Paulo, são liberadas mais de mil
toneladas por dia de CO. Por isso se faz rodízio de automóveis num grande centro
urbano como a grande São Paulo.

Evidentemente, quaisquer queimadas, como aquelas que ocorrem nos canaviais,


estão liberando continuamente para a atmosfera quantidades apreciáveis de CO.

1-5-2- Gás carbônico (CO2 )

Trata-se deu gás muito importante, pois é a matéria prima da fotossíntese.


Existe numa concentração aproximada de 0,035 % na atmosfera.

Mas, a queima excessiva de combustíveis fósseis está causando aumentos


alarmantes da concentração deste gás na atmosfera, principalmente em grandes cidades.

Tanto o oxigênio, como o gás carbônico são transportados pelo sangue em forma
de ligações reversíveis com a hemoglobina, que é uma proteína localizada nos glóbulos
vermelhos do sangue.

Por isso, se a concentração de gás carbônico estiver muito alta, podem ocorrer
distúrbios respiratórios, pois haverá um incremento da formação da ligação carbamino-

100
hemoglobina (hemoglobina + CO2) em relação a ligação oxi-hemoglobina
(hemoglobina + CO2), prejudicando a oxigenação dos tecidos, o que pode até causar a
morte dos organismos. Como essa ligação é reversível, é bem menos perigosa que a
carboxi-hemoglobina ( ligação entre hemoglobina e CO ).

O aumento da concentração de CO2 na atmosfera pode elevar também, a


temperatura no globo terrestre, pois a re-irradiação de calor pela Terra é bloqueada,
ficando o planeta mais quente.

Isso pode trazer conseqüências catastróficas como degelo de regiões polares


seguidos de enchentes colossais.

Alem de diminuir a demanda de gás carbônico para a atmosfera (diminuição das


queimadas e do uso de combustíveis fósseis), algumas técnicas chamadas “seqüestro
do carbono” são sugeridas para se evitar o aquecimento global, tais como:

a) uso de fontes energéticas renováveis como o vento (energia eólica), o Sol


( energia solar), a energia presente na biomassa ( como o álcool extraído da cana ou do
milho, e o biodiesel, produzido a partir de óleo vegetal como óleo de soja, óleo de
mamona, etc., ou de gordura animal), a energia nuclear, e a energia produzida pelas
hidrelétricas.

b)- isolamento de gás carbônico - gigantescas bolas de gelo seco ( forma sólida
de CO2 ) com cerca de 400 metros de diâmetro e pesando cerca de 50 milhões de
toneladas de gás, podem ser armazenadas.

c)- cultivo de microalgas em lagoas rasas adubadas com CO2 , com a finalidade
de se obter combustível a partir da biomassa cultivada..

d)- cultivo de plantas que tenham crescimento rápido, para serem desenvolvidas
em regiões pouco propícias a agricultura.

e)- construção de “plantas sintéticas” que absorvem o CO2 e eliminam o O2.

1-5-3- Dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio , ozônio e PAN

O dióxido de enxofre resulta da atividade vulcânica, da decomposição natural da


matéria orgânica e , nas cidades, principalmente da combustão de carvão e petróleo.Tem
sido emitido por mais de 4000 anos pelo homem a partir da fusão de minerais contendo
enxofre. Quando eliminado para a atmosfera por processos industriais diversos, o gás
sulfídrico (H2S) é rapidamente convertido em SO2.

101
Em quantidades acima do tolerado, o SO2 pode afetar a produtividade vegetal.
Musgos e líquenes são muito sensíveis a SO2, daí serem utilizados com bioindicadores
de poluição por esse gás.

Em gimnospermas e angiospermas, concentrações ao redor de 1,3 mg por metro


cúbico de ar causa fechamento estomático , parando portanto a produção fotossintética.

No homem acarreta irritação dos olhos, da pele, do nariz e da garganta,


estreitamento dos brônquios e até mesmo morte.

Óxidos de nitrogênio, ozônio e PAN (peroxiacetil nitrato), são também


poluentes comuns em grandes centros urbanos. Tanto NO ( monóxido de nitrogênio)
como NO2 (dióxido de nitrogênio), alcançam a atmosfera terrestre, provenientes de
processos de combustão.
Sob luz, após a absorção da radiação ultravioleta, o NO2 transforma-se em NO
e oxigênio atômico ( reativo) que se combina com o oxigênio molecular ( O2)
resultando no ozônio ( O3) .
O ozônio de novo oxida o NO produzido pela luz, resultando em NO2 . Portanto,
esses três oxidantes existem num equilíbrio dinâmico até que hidrocarbonetos emitidos
principalmente por motores de veículos e por indústrias, como os grupos acetil, propinil
e benzil , venham reagir com NO2 , originando o PAN ( peroxiacetil nitrato), conforme
esquema :
.

NO2 +UV → NO +O

O +O2 → O3

NO + O3 → NO2 + O2

NO2 + ( Acetil, Propinil ou Benzil) → PAN

Esses poluentes são altamente tóxicos para seres vivos, causando inclusive a
destruição de florestas.

1-5-4-Chuva ácida

Chuva ácida é a denominação dada à chuva, ou qualquer outra forma de


precipitação atmosférica, cuja acidez seja maior do que aquela resultante da dissociação
do dióxido de carbono na água .Dessa maneira, qualquer precipitação atmosférica cujo
pH da áqua seja inferior a 5,5 (que é o valor do pH da água da chuva comum ou da água
destilada), é considerada chuva ácida.

Quando temos na atmosfera terrestre a presença de gases e partículas ricos em


enxofre ( SO2 por exemplo) e nitrogênio ( NO2, por exemplo), gerados principalmente
pela queima dos combustíveis fósseis , temos a formação de ácido sulfúrico e de ácido
nítrico nítrico na água da chuva, configurando uma chuva ácida com pH geralmente em
torno de 4.

102
Formam-se assim as chuvas ácidas que podem causar danos materiais (corrosão
de carros, estátuas de mármore), envenenamento de rios (causando a morte de peixes), e
danos a plantas, diminuindo assim a produtividade vegetal.

Essas chuvas ácidas tem dizimado florestas inteiras de pinheiros, tanto na


Europa como nos Estados Unidos desde a década de 1970, tornando-se uma catástrofe
ecológica.

Cientistas tentam reverter os efeitos da chuva ácida espalhando cal no chão, para
neutralização do ácido. Essa estratégia é usada na recomposição das florestas.

As chuvas ácidas produzidas num determinado local, podem ser levadas pelo
vento para países vizinhos. Assim, cerca da metade da chuva ácida que ocorre no
Canadá tem origem na poluição gerada pelos Estados Unidos

As chuvas ácidas, portanto alteram a composição química do solo e das águas,


atingem as cadeias alimentares, destroem florestas e lavouras, atacam estruturas
metálicas, monumentos e edificações.

Na natureza ocorre também, em pequena escala, chuva ácida natural e benéfica.


As descargas elétricas da atmosfera, transformam nitrogênio mais oxigênio em ácido
nítrico , que se dissolve na água da chuva. Esta chuva, ao cair no solo, leva a formação
de nitratos indispensáveis a vida vegetal e animal .

2- Campos de Cultura ou Agroecossistemas

Os campos de cultura são ecossistemas artificiais que podem ser considerados


comunidades pioneiras, pois as plantas em desenvolvimento no terreno desmatado e
previamente preparado para o plantio, são os primeiros organismos que se instalam
nessa nova área .

E como pioneiros, constituem uma comunidade de alta produtividade , com


atividade fotossintética sendo muito maior do que a atividade respiratória. O alimento
produzido é extraído e consumido pelos seres humanos, apesar da concorrência de
insetos, roedores, fungos, etc.

A reciclagem de matéria nos campos de cultura é bloqueada no ecossistema, e


esse fluxo unilateral de matéria (sais minerais), acaba tornando o solo pobre em
nutrientes minerais.

Assim, para evitar o esgotamento em sais minerais do solo é preciso fazer a


adubação do mesmo, para repor os diversos sais minerais que o solo foi perdendo.

103
Também a rotação de culturas com a utilização de leguminosas (que abrigam
em suas raízes bactérias do gênero Rhizobium , garantindo assim o estoque de
nitrogênio do solo, enriquecendo-o), são importantes para manter a fertilidade do solo.

Essas bactérias do gênero Rhizobium promovem a fixação do nitrogênio


atmosférico (N2), transformando-o em sais nitrogenados capazes de serem absorvidos
pelas leguminosas e utilizados como matéria prima na construção de compostos
orgânicos nitrogenados, como as proteínas.

Essa bactérias ficam no interior de nódulos ligados as raízes das leguminosas.


Esses nódulos, quando se desprendem da planta , vão enriquecer o solo com os produtos
nitrogenados capazes de serem absorvidos pelas plantas. As leguminosas, por seu lado,
fornecem para as bactérias a matéria orgânica necessária ao desempenho de suas
funções vitais.

A prática da monocultura (existência de um único produtor, como um canavial,


por exemplo) geralmente determina cadeias alimentares curtas e pouco variadas,
fazendo com que a densidade populacional de uma praga (insetos) aumente pela falta de
predadores naturais.

Além disso, nas culturas propagadas assexuadamente (como a cana de açúcar) ,


os organismos são geneticamente muito semelhantes entre si , favorecendo o
desenvolvimento de doenças causadas por fungos e bactérias.

A despeito das tentativas de conservação, os recursos necessários para a


produção de alimentos tem mostrado uma inquietante deterioração durante as últimas
três décadas.

A agricultura intensiva moderna tem mostrado um efeito adverso não somente


no ambiente físico, mas também na saúde humana. O solo tem sido degradado por
salinidade excessiva (causada por irrigação), compactação (uso de maquinaria pesada )
e erosão.

Os recursos hídricos vem sendo poluídos (eutrofização das águas) e a


biodiversidade diminuída. Fertilizantes e agrotóxicos têm mostrado efeitos altamente
negativos na saúde humana.

Mesmo assim, milhares de crianças morrem por dia antes dos cinco anos por
sub-nutrição; isso não acontece por falta de alimento ou excesso de população, mas sim
pela má distribuição de renda.

Pesticidas ou praguicidas, são os produtos químicos utilizados no combate a


pragas que prejudicam as plantas cultivadas, e assim, indiretamente, ao homem.

Os pesticidas podem ser inseticidas ( combate a insetos), fungicidas ( combate a


fungos), herbicidas ( combate a ervas daninhas), raticidas ( combate a ratos), acaricidas
( combate a ácaros), nematicidas ( combate a nematóides ) , etc.

Todo o nosso modelo de desenvolvimento está baseado no uso de agro-tóxicos,


e sua abolição imediata acarretaria numa falta de alimentos desastrosa.

104
De qualquer maneira, o mau emprego destes produtos está provocando
envenenamento maciço de nossos alimentos, com consequências desastrosas para o
organismo humano.

Por exemplo, os inseticidas fosforados ( malathion, parathion, mevimphos, etc) ,


embora dotados de médio ou curto poder residual ( isto, é, degradam-se de forma
relativamente rápida , perdendo logo em seguida o seu efeito ), são muito tóxicos, por
inibir no organismo humano, a ação da enzima colinesterase que degrada o neuro-
hormônio acetilcolina.

Portanto, afeta o sistema nervoso do homem, causado tremores, paralisia


muscular temporária e dificuldades respiratórias , podendo levar o indivíduo a morte.

Os inseticidas clorados ( lindane, chlordane, dieldrin, BHC, DDT , etc.) são


dotados de médio ou alto poder residual. Embora menos tóxicos que os fosforados,
podem se acumular por anos nos ecossistemas, pois apresentam uma notável resistência
a biodegradação ( cerca de 10 a 15 anos).

Por isso apresentam o chamado efeito cumulativo. Por não ser biodegradável, o
produto permanece inalterado e é transferido ao longo das cadeias alimentares do
ecossistema, ao longo de um certo tempo.

Em aves provocam alteração dos hormônios sexuais causando esterilidade. Os


ovos também apresentam casca muito fina (descalcificação).

Os microrganismos do solo são também afetados, principalmente aqueles que


fazem a fixação do nitrogênio. No meio aquático, várias populações de peixes foram
exterminadas por DDT ( afeta o sistema respiratório e nervoso).

No homem, os principais sintomas causados pelo DDT são : o aumento da


salivação , vertigens, perturbação do equilíbrio, confusão, mal-estar, dor de cabeça,
cansaço, hipersusceptibilidade a estímulos externos , como luz, som e contacto, e ainda
vómitos. Convulsões só ocorrem em envenenamentos severos.

3- Industrialização

O desenvolvimento industrial próximo a cidades, acarreta, entre outras coisas,


poluição atmosférica pela contaminação do ar com substâncias nocivas, e poluição de
superfície pelo despejo de substâncias tóxicas no solo, e corpos de água.

Herbicidas, fungicidas e inseticidas agrícolas produzidos pela industria são


também agentes poluidores.

Para ilustrar esse fato, vamos considerar o caso de Cubatão, localizado na


baixada santista e que abriga entre o oceano Atlântico e a serra do Mar o maior pólo
industrial do continente ( incluindo refinarias,industrias químicas de fertilizantes, etc.).

105
As industrias de base foram aí instaladas a partir da década de 50, numa época
em que o pais seguia a máxima “desenvolvimento a qualquer custo” , sem considerar
os efeitos prejudiciais ao ambiente.

Neste cenário, a poluição do ar atingiu patamares muito elevados e provocou a


morte da vegetação em mais de 60 km2 de escarpas da Serra do Mar, elevando a níveis
críticos os riscos de deslizamento de terra nas encostas.

A atmosfera de Cubatão foi contaminada por numerosas fontes industriais de


poluentes gasosos como SO2, CO, CO2, amônia, óxidos de nitrogênio, fluoretos ,
ozônio, PAN ( peroxi-acetil nitrato) e material particulado.

Vários estudos demonstraram a ação deletéria desses poluentes sobre a


vegetação de Cubatão, inclusive diminuindo a taxa de fotossíntese das plantas.

Até certo tempo atrás, era comum observar nos cumes das montanhas os
famosos “Paliteiros”, isto é, as árvores mais altas perdem as suas folhas e só ficam os
troncos nus.
Os habitantes da região também sofreram muito com esses poluentes. Na Vila
Parisi, atualmente desativada, foram detectados vários casos de mal desenvolvimento de
cérebro em recém nascidos, alem de inúmeras doenças cardio-respiratórias.

Um programa de controle de emissão de poluentes , foi implantado em 1985,


sendo a CETESB o órgão estadual responsável pelo controle da emissão de poluentes na
região de Cubatão.

Atualmente os níveis de poluição da região de Cubatão estão mais baixos . A


CETESB vem realizando várias pesquisas com bio-monitoramento em plantas, alem de
outras exigências, como instalação de filtros anti-poluentes, e outras medidas com a
finalidade de diminuir a emissão de gases poluentes.

Na tentativa de recuperar parte da vegetação destruída, sementes peletizadas de


várias espécies nativas foram lançadas por helicóptero, para regeneração das encostas
devastadas da mata atlântica ( reflorestamento com espécies nativas).

4- Barragens, Represas e Açudes

Uma barragem, açude ou represa, é uma barreira artificial, feita em cursos de


água para armazenamento de água.

Os principais usos da barragens são ;

106
a)- produção de energia hidrelétrica, como é o caso da Usina Hidrelétrica de
Itaipú, uma bi-nacional Brasil-Paraguai construída no rio Paraná.

b)- abastecimento de água para grandes regiões urbanas e industriais , como a


Represa Billings em São Paulo.

c)- construção de piscinões para defesa contra enchentes, ou seja, para controlar
o nível de rios em zonas urbanas, como ocorre na cidade de São Paulo.

d)- abastecimento de água para rega de plantações agrícolas, muito comuns em


todo território brasileiro.

e)- uso para locomoção e turismo com pesca esportiva ou não,como é o caso da
Represa do Lobo entre São Carlos e Itirapina no estado de São Paulo.

f)- criadouro de peixes ( ornamentais , alevinos , ou para consumo) ,ou outros


animais aquáticos como camarões, etc, muito comum em todo teritório nacional.

Desde o início da história da humanidade, as construções de barragens foram,


fundamentais ao desenvolvimento devido à escassez de água na estação seca , como por
exemplo, no Egito, no Oriente Médio e na Índia.

Com a revolução industrial, houve a necessidade de construir um grande número


de barragens, levando ao aperfeiçoamento das técnicas de construção.

No entanto, as barragens geralmente ocupam grande extensão de terras


habitáveis.

Isso leva ao desalojamento de muitas pessoas, incluindo tribos indígenas, e


tambem a destruição da fauna e da flora do local.

Portanto, a construção de barragens precisa ser muito bem discutica devido ao


impacto ambiental que causam.

Barragens subterrâneas constituem no armazenamento de água no subsolo, para


ser usada principalmente no período de estiagem.

No nordeste brasileiro (região do semi-árido), temos apenas quatro meses de


chuva, durante o inverno, período, quando as barragens deve ficar cheias de água. Na
seca, a população pode usar essa água para o plantio de árvores de caju, de pinha, de
graviola, feijão , hortaliças, etc.

As usinas hidrelétricas (ou hidroelétricas) são sistemas que transformam a


energia contida na correnteza dos rios , em energia cinética que irá movimentar uma
turbina. Esta turbina é ligada a um gerador que irá gerar energia elétrica. A energia
elétrica é a fonte mundial mais importante de energia renovável.

107
A construção da usinas hidrelétricas se dá sempre em locais onde podem ser
aproveitados os desníveis naturais dos cursos dos rios, e deve-se ter uma vazão mínima
para garantir a produtividade.

De acordo com o potencial de geração de energia podemos classificar as


hidrelétricas em:

- Pequenas Centrais Hidrelétricas , que operam em uma faixa de geração de 1 a


30 MW ( megawatts) e com um reservatório tendo área inferior a 3 km2.

- Grandes Centrais Hidrelétricas , que operam com potências acima de 30 MW,


com reservatórios geralmente bem maiores que no caso anterior.

Os reservatórios exigidos pelas grandes usinas hidrelétricas desperdiçam muita


água, pois ocorre uma enorme perda de água pela evaporação desses corpos de água.

Portanto, as represas, armazenam recursos hídricos para a produção de


alimentos (aproximadamente 40 % das terras irrigadas dependem das represas), controle
de enchentes, produção de energia elétrica, uso doméstico, etc.

No entanto a construção de represas causou a retirada de milhões de pessoas de


suas terras, devastando delicados ecossistemas, provocando a queda da qualidade da
água e o desaparecimento de organismos aquáticos como alguns peixes, incrementando
o surto de vetores de doenças como mosquitos.

Deve ser realçado também, o desaparecimento de belezas cênicas notáveis,


como ocorreu com o Salto de Sete Quedas no rio Paraná em território brasileiro, que
ficou imerso após a construção da barragem da Usina Hidrelétrica de Iguaçu, cujo lago
de 200 Km de comprimento , destruiu cerca de 1.350 Km2 de floresta.

Existem no mundo cerca de 45 mil grandes represas afetando cerca de 60% de


rios importantes, tendo obrigado cerca de 100 milhões de pessoas a se mudarem de
seus locais originais de moradia.

Não podemos esquecer também que esses reservatórios têm um tempo de vida
útil, pois com o passar do tempo, vão sendo assoreados e com isso perdendo o seu
poder.

108
VIII- INTERAÇÕES ENTRE AS ESPÉCIES

As interações entre os seres vivos de um ecossistema, são principalmente de


natureza alimentar, mas aparecem também na forma de relações que envolvem abrigo,
proteção, reprodução, dispersão, etc.

1- Classificação das Relações Ecológicas

As relações ecológicas entre os indivíduos de um ecossistema podem ser


classificadas da seguinte maneira:

Relações intra-específicas- compreendem as relações estabelecidas entre


indivíduos da mesma espécie

Relações interespecíficas- trata-se das relações estabelecidas entre indivíduos


pertencentes a espécies diferentes.

Relações harmônicas ou positivas- compreendem as relações nas quais não se


verifica nenhum tipo de prejuízo entre os organismos associados.

Relações desarmônicas ou negativas- são as relações nas quais pelo menos


uma das espécies envolvidas é prejudicada.

2-Tipos de Relações Ecológicas

Os principais tipos de relações ecológicas são:

2-1- Colônias

As colônias são relações intra-específicas harmônicas, em que os indivíduos


associados se acham unidos através de um substrato ou esqueleto comum , revelando
um pequeno grau de liberdade em termos de movimentação e uma profunda
interdependência fisiológica.

Podem ser de dois tipos : isomomorfas ou heteromorfas:

109
a)- Colônias isomomorfas (ou homotípicas)

Os indivíduos relacionados são tanto fisiológicamente como morfologicamente


semelhantes, não havendo divisão de trabalho, uma vez que todos os seus componentes
executam as mesmas funções.

Como exemplo temos: colônias de bactérias do grupo Cocus , os corais


( colônia de celenterados), colônia de cracas (crustáceos), etc.

b)-Colônias heteromorfas (ou heterotípicas)

Os grupos de indivíduos são tanto fisiologicamente como morfologicamente


diferentes, de maneira que cada um se encontra adaptado para executar determinada
função, havendo portanto uma divisão de trabalho.

Como exemplo temos a medusa caravelas (Phisalia caravelas), onde encontram-


se indivíduos especializados para a proteção , defesa, flutuação, natação e reprodução da
colônia.

2-2-Sociedades

São relações intra-específicas harmônicas que diferem das colônias pela


independência física dos integrantes.

Os organismos sociais podem movimentar-se livremente dentro da sociedade


como também abandonar o substrato de morada e deslocar-se pelo meio ambiente ,
coletando alimentos.

Mas tanto nas colônias como nas sociedades, os indivíduos cooperam uns com
os outros, apresentando profundo grau de interdependência.

Em certas sociedades chamadas Sociedades Heteromorfas, cada função é


exercida por indivíduos morfologicamente diferentes. Quando isso acontece, os tipos
morfológicos são reunidos em castas, cada uma com uma função específica. Como
exemplos de sociedade heteromorfa temos a sociedade dos insetos sociais, como ocorre
em abelhas, formigas e cupins, etc.

Se, os indivíduos não são morfologicamente diferentes para as funções que


exercem, trata-se de uma Sociedade Isomorfa. Como exemplo de sociedade isomorfa
temos a sociedade humana.

110
2-2-1-Sociedade das Abelhas (Apis mellifera)

As colméias de abelhas podem conter de 50 a 100 mil indivíduos. Existem três


castas distintas na sociedade das abelhas : a rainha, as operárias e os zangões.

A rainha é uma fêmea fértil diplóide (2n) que contém cerca de 300 ou mais
ovaríolos que produzem óvulos. Em média, ocorre a postura de 1000 ovos diários.

As rainhas, possuem elevada taxa metabólica e alta longevidade (4 anos), mas


não possuem glândulas serosas , nem corbícula. Geralmente existe uma só rainha por
colméia e sua única função é a reprodução.

As operárias são fêmeas diplóides (2n) estéreis. Em relação a rainha, as


operárias possuem abdome pequeno ; baixa taxa metabólica; pequena longevidade (3 a
4 semanas); são dotadas de glândulas serosas e corbícula ( franja de pêlos plumosos
localizado na tíbia posterior que serve para a coleta de pólen).

Alem disso, as operárias promovem a defesa da colméia, e coletam pólen e


néctar das flores, e suco de frutas.

São as operárias que fabricam mel , a cera e a geléia real, e cuidam da prole.
Fabricam também o própolis (que funciona como um antibiótico) , e que serve para
impedir que a colméia seja atacada por microrganismos.

Os zangões são machos férteis haplóides (n) e sua principal função é fecundar a
rainha e garantir a continuidade da colméia.

Quando ocorre super população em uma colméia , a rainha a abandona , levando


com ela algumas operárias e zangões, e vai construir um novo ninho. Esse processo é
denominado enxameamento.

Duas semanas antes do enxameamento as operárias passam a alimentar certas


larvas com geléia real , o que origina novas rainhas .

A primeira rainha a nascer elimina as demais que estão se desenvolvendo. Na


maturidade sexual a rainha sai da colméia para o vôo nupcial , podendo ser fecundada
por vários zangões , que morrem após a cópula.

Os espermatozóides dos zangões são armazenados no sistema reprodutor da


rainha, e no decorrer do tempo vão fecundar os óvulos que ela produzir. A rainha
retorna a colméia onde inicia a postura de ovos fecundados que originarão novas
abelhas, principalmente operárias.

Quando uma rainha morre, as operárias tentam imediatamente formar outra, a


partir dos ovos deixados por ela. Se não houver ovos adequados o enxame desaparece,
por falta de reprodução.

Nas colméias ocorre o processo de partenogênese, isto é , produção de óvulos


não fecundados . Tanto os óvulos fecundados como os não fecundados podem gerar
novos indivíduos.

111
Tanto a rainha como as operárias provem de óvulos fecundados (2n) , sendo
diferenciadas pelo tipo de alimento .

As operárias são nutridas com mel e pólen, enquanto á rainha e alimentada com
geléia real, e por mais tempo que as operárias.

As operárias realizam todos os trabalhos da colméia, incluindo o arejamento da


mesma pelo batimento de suas asas.

Os zangões são nutridos com mel e pólen, mas são haplóides, uma vez que
resultam do desenvolvimento de óvulos não fecundados (partenogênese). Os zangões
tem vida curta. Sua única função é fecundar a rainha, ou seja, perpetuar a espécie.

As abelhas são capazes de inocular veneno através de um ferrão localizado no


abdome, que pode causar desde a urticária até a morte do indivíduo que foi ferroado,
dependendo da sua sensibilidade ao veneno. É preciso tomar muito cuidado com as
abelhas.

As abelhas africanizadas resultam do cruzamento de abelhas africanas , que


foram acidentalmente introduzidas no Brasil em 1956, e de raças européias, que já
haviam sido introduzidas em nosso país, há mais tempo.

Essas abelhas africanizadas são mais agressivas, daí a dificuldade de seu uso em
apicultura tradicional, que devem ter suas instalações sinalizadas e mais afastadas de
zonas residenciais.

Atualmente muitos apicultores brasileiros preferem as abelhas africanas, por


serem aparentemente, mais resistentes às pragas e melhores adaptadas ao ambiente
tropical, do que as variedades européias.

As abelhas africanizadas são indicadas para a produção de mel e própolis.


Abelhas de diversas regiões do planeta estão desaparecendo de forma ainda
misteriosa. Elas saem em busca de néctar e pólen e não retornam mais às suas colméias.
Esse misterioso sumiço tem sido notado, nos últimos anos, nos Estados Unidos, no
Canadá, em países da Europa e mesmo no Brasil.

O problema é muito grave, pois as abelhas , alem de importantes polinizadores


naturais (levam o pólen de uma flor a outra, induzindo a formação de frutos e
sementes), são ainda os mais especializados produtores de mel na natureza, sem contar
com a produção de cera, própolis e geléia-real.

O sumiço das abelhas apareceu no noticiário no ano de 2006, nos Estados


Unidos da América e no Canadá, e o fenômeno recebeu o nome de colapso das
abelhas.
Porém, continuam ainda desconhecidas as razões dessa alta mortalidade ou
desaparecimento. A intoxicação por inseticidas , que são cada vez mais usados na
agricultura, a infecção por vírus e ácaros, etc., vem sendo estudados pelos cientistas,
como possíveis causadores do colapso das abelhas.

112
2-2-2-Sociedade das Saúvas

Apresentam uma das mais perfeitas sociedades , com formação de diversas


castas, como a seguir:

rainhas ou içás ou tanajuras- – fêmeas férteis

reis ou bitus – machos férteis

operárias – fêmeas estéreis

Dentre as saúvas operárias destacam-se :

- soldados - que promovem a defesa da sociedade, possuindo mandíbula


avantajada. Servem para a defesa.

-cortadeiras carregadeiras – com função de coletar gravetos e folhagens .

- jardineiras , que cuidam dos fungos que servem de alimento para os


componentes do sauveiro.

O material coletados pelas saúvas serve como substrato orgânico, que permite o
desenvolvimento de culturas de fungos no interior do sauveiro . Este é o alimento básico
das saúvas.

A rainha e o rei (içás e bitus) são alados, e em dias quentes de chuva , as içás
adultas abandonam o sauveiro com um pedaço de fungo que coletam . Fazem vôo
nupcial e são fecundados por vários bitus que morrem após a cópula. Os
espermatozóides são guardados pela rainha durante toda sua vida

Uma vez fecundada , as içás descem ao solo , livram –se das asas e abrem um
canal na terra , com alguns centímetros de profundidade. Em seguida tapam o canal e
“plantam” o fungo que haviam coletado, adubando -o com secreções e fezes.

As içás iniciam a postura dos ovos que originarão novas saúvas. Á medida que o
sauveiro e a produção de fungos aumentam, as saúvas cavam novas câmaras, que se
intercomunicam através de canais que podem abrir na superfície do solo , sendo então
denominados de olheiros.

Todas as espécies de formigas são sociais.

2-2-3- Sociedade de Cupins

113
As principais castas de cupins são:

a)- soldados- machos estéreis com mandíbulas bem desenvolvidas e que servem
para defesa.

b)- operários- machos estéreis responsáveis pela alimentação do cupinzeiro.

c) rei e rainha- constituem o casal real. Ficam juntos na região central do


cupinzeiro e são responsáveis pela reprodução .Machos e fêmeas alados só aparecem
em certas épocas do ano.

Saem em revoadas ao entardecer e popularmente são conhecidos como aleluias


ou siriris. A cópula ocorre no solo, após perda das asas.O novo casal irá então formar o
novo cupinzeiro.

2-3-Predatismo: Predador e Presa

Compreende a interação ecológica que se estabelece entre uma espécie


predadora ( que come a outra) e outra espécie denominada presa.

Trata-se portanto de uma relação ecológica inter-específica e desarmônica.Os


predadores caracterizam-se pela capacidade de capturar e destruir fisicamente as presas,
com objetivos alimentares.

Quando um animal utiliza plantas como alimento, o processo é chamado


herbivoria. Quando utiliza outro animal como alimento , o predador é chamado de
carnívoro.

Embora o predador possa exercer um efeito limitante sobre as presas, podendo


levá-las a extinção, é comum o predador atuar apenas como regulador, contribuindo
para manter a população de presas num estado de equilíbrio.

Esta interação ,embora seja prejudicial à presa ao nível de indivíduo, torna-se


benéfica ao nível de espécie.

Com efeito, os predadores evitam que as presas entrem em superpopulação , fato


que pode levá-las á morte pela fome , de forma mais significativa que a ação predatória.

Também promovem uma ação seletiva, uma vez que as presas capturadas são,
muitas vezes, aquelas que apresentam menor capacidade de fuga devido a estados de
doença, velhice ou outros fatores.

Desta maneira, as duas populações – de predadores e presas - não se extinguem


e nem entram em superpopulação, permanecendo em equilíbrio no ecossistema.

114
A eliminação sistemática de muitos predadores , promovida pelo homem, tem
causado sérios prejuízos ao ecossistema. Em muitas ocasiões, empreenderam-se
campanhas de extermínio a raposas, lobos e outros predadores, pelos danos que de vez
em quando causavam , atacando os animais criados em granjas, chiqueiros , pastos, etc.

Acontece que tais predadores alimentam-se de roedores. A redução dos


predadores , acarretou aumentos significativos na população dos roedores, que passaram
a invadir plantações, causando aos agricultores danos muito mais sérios do que uma
eventual galinha capturada por uma raposa.

A eficiência no processo de captura de presas implica , em muitos predadores , a


presença de uma série de adaptações morfo-funcionais, destacando-se:

-capacidade de movimentos rápidos no meio ambiente ( como ocorre com os


leopardos e as aves de rapina )

-faro aguçado (como em lobos e coiotes)

-grande desenvolvimento dos caninos (para os animais carnívoros)

-capacidade de formar teias ( no caso das aranhas)

-capacidade de inocular veneno (como certos artrópodes, como aranhas ,


escorpiões, e também as cobras peçonhentas).

Mas as presas também são dotadas de características adaptativas que lhes


conferem uma relativa proteção contra a ação dos predadores. Destacam-se:

-capacidade de se camuflar no meio ambiente, passando desapercebidas , como


o gafanhoto na relva, e a lebre branca ártica na neve ;

-empreendimentos de grande velocidades , como em zebras e antílopes;

-emissão de substâncias de odor desagradável , como em gambás ;

-presença de espinhos ou carapaças protetoras , como em ouriços , tartarugas,


etc.

Os predadores tem geralmente porte maior, são mais longevos e se reproduzem

em menor velocidade que as presas.

115
Existem casos onde o predador é uma planta. Existem algumas plantas que são

carnívoras, ou seja, digerem pequenos animais . Essas plantas carnívoras capturam

pequenas presas animais ( insetos, rãs, etc.) digerindo-as com sucos digestivos

fabricados em seus organismos. Como exemplo podemos citar a Drosera, muito comum

em nosso país.

É importante ressaltar também que as plantas carnívoras são autótrofas, ou seja,

produzem seu próprio alimento. A captura de pequenos animais visa a obtenção de

nitrogênio, uma vez que essas plantas vivem em substratos extremamente oligotróficos,

e sem nitrogênio, não podem sintetizar proteínas.

O canibalismo é conceituado como um caso de predatismo intra-específico , isto


é , um organismo devora o outro da mesma espécie .

Relativamente comum no mundo animal, o canibalismo é mais freqüente quando


há restrição de espaço e alimento (competição).

Muitas espécies de peixes devoram os alevinos de sua própria espécie; jacarés e


crocodilos também devoram filhotes das suas espécies; a fêmea da aranha viúva-negra,
após o acasalamento, devora o macho para obter as proteínas de seu organismo,
necessárias para desenvolver os ovos no seu organismo.

2-4-Parasitismo

Consiste na interação ecológica estabelecida entre uma espécie denominada

parasita e outra denominada hospedeiro. O indivíduo se aloja em outro, externa ou

internamente, causando-lhe lesões, deformações, intoxicações e eventualmente a morte.

Os parasitas são geralmente bastante especializados em relação a seus

hospedeiros: um parasita normalmente ataca uma ou duas espécies apenas, não se

instalando nas demais populações do ecossistema.

116
Os predadores, ao contrário, geralmente utilizam várias espécies de presas como

alimento. Além disso, enquanto as presas constituem para os predadores apenas fontes

de alimentos, os hospedeiros em geral são para os parasitas , fontes de alimentos e

habitat, não interessando ao parasita a morte imediata de seu hospedeiro.

Enquanto o predatismo possui efeito praticamente nulo em nossa espécie, o

parasitismo constitui um dos mais importantes fatores de diminuição da densidade

populacional humana.

Os parasitas podem ser:

Monogenéticos- quando completam o ciclo evolutivo no interior de um único

hospedeiro. Como exemplo podemos citar a lombriga humana ( Ascaris lumbricoides);

Digenéticos- quando completam o ciclo evolutivo no interior de dois ou mais

hospedeiros. Como exemplo temos o Trypanosoma crusi , que transmite a doença de

Chagas e tem como hospedeiros o barbeiro ( inseto) e o homem ( hospedeiro principal);

Ectoparasitas- quando alojam-se externamente no hospedeiro. Exemplos são

pulgas, carrapatos,piolhos, pernilongos;

Endoparasitas- quando se alojam internamente no hospedeiro, como bactérias e

vírus.

Nos vegetais, podemos considerar ainda os casos de holoparasitismo e

hemiparasitismo:

Holoparasitas

São vegetais aclorofilados (heterótrofos, portanto), que retiram da planta


hospedeira o alimento orgânico (seiva elaborada ) necessário a sua sobrevivência.

117
Apresentam raízes sugadoras ou haustórios, que penetram no caule do
hospedeiro até alcançar os vasos liberianos( são os vasos do floema que transportam a
seiva elaborada da planta, rica em açúcares) e sugam a seiva orgânica presente no
interior do hospedeiro . Como exemplo podemos citar cipó-chumbo ou cúscuta.

Hemiparasitas

Trata-se de plantas clorofiladas (autótrofas, portanto), que retiram do


hospedeiro apenas a seiva bruta contida no xilema da planta), causando-lhe menos
prejuízos do que no caso das holoparasitas .

Os vasos perfurados são os vasos lenhosos que transportam uma solução


constituída de água e sais minerais .Como exemplo , podemos citar a erva-de
passarinho.

2-5- Competição

Compreende a interação ecológica em que indivíduos da mesma espécie ou de


espécies diferentes, disputam alguma coisa, como por exemplo, alimento, território,
luminosidade, etc.

Em ambos os casos essa competição favorece um processo seletivo que culmina


em preservação das formas de vida mais bem adaptadas ao meio ambiente, e extinção
dos indivíduos com baixo poder adaptativo.

A competição constitui um fator regulador da densidade populacional ,


contribuindo para evitar a superpopulação.

A competição pode ser de dois tipos:

-intra-específica - quando estabelecida dentro da própria espécie

-interespecífica – quando ocorre entre espécies diferentes.

a)-Competição intra-específica

118
Em várias espécies de animais como macacos, focas, etc., como em muitas
espécies de aves e peixes, foi observado o fenômeno da territorialidade, ou seja, a
escolha de um lugar onde o animal se estabelece, defendendo-o contra outros indivíduos
da mesma espécie.

Por exemplo, na época da reprodução, é comum que o macho em muitas


espécies de aves delimite seu território, não permitindo a aproximação de outro macho
concorrente. As vezes essa demarcação é feita pelo canto, outras vezes pela exibição de
plumagem, ou até por confrontos.

Portanto, a delimitação de territórios é muito importante para o acasalamento , já


que o macho sem território não se reproduz.

Como outro exemplo, vamos examinar o caso do leão.O leão tem que competir
com os outros leões do bando, porque os leões praticam a poligamia patriarcal. Para ser
o "macho alfa" do bando, o leão terá que ser o mais corajoso dentre todos os leões
daquele território . Para isso terá que enfrentar todos os outros machos que também
pretendem essas mesmas leoas. Apenas um leão é eleito pelas fêmeas , enquanto que os
os outros não se reproduzem.

Além de ter que ganhar a luta com todos os outros leões do bando, o "macho
alfa" tem também que exibir seu urro forte para impressionar as leoas, exibir sua juba,
suas garras afiadas, para poder ser aceito pelas leoas .

Outros exemplos semelhantes são os galos que competem entre si usando suas
esporas uns contra os outros; carneiros que competem lutando entre si com cabeçadas;
o pavão que exibe a sua cauda para competir com as caudas dos outros pavões; sapos
competem entre si usando o coaxar , ou, em outros casos, exibindo o peito colorido e
inflado; pássaros canoros competem entre si exibindo o canto afinado e as cores da
plumagem; os grilos competem exibindo seus sons à noite, etc.

b)- Competição inter-específica

As raízes das plantas de uma floresta competem entre si pela água e pelos
nutrientes do solo.

Por isso, em plantações artificiais é necessário que haja um certo espaçamento


entre as plantas, justamente para evitar tanto a competição por nutrientes e água do
solo, como também pela radiação luminosa pela copa das árvores.

Assim, quando duas populações de espécies diferentes apresentam nichos


ecológicos iguais, significa que elas vão competir pelos mesmos recursos (fato este
conhecido como Princípio de Gause).

Corujas, cobras e gaviões são predadores que competem entre si pelas mesmas
espécies de presas, principalmente por pequenos roedores (ratos, preás, coelhos, etc.).

119
Se o recurso não for suficiente, acaba sobrevivendo a mais apta. Portanto a
especialização dos nichos ecológicos durante o processo evolutivo é muito importante
para o estabelecimento e manutenção das espécies no ecossistema.

2-6- Simbioses

Simbioses são casos de associações inter-específicas harmônicas em


que existem benefícios mútuos.

O termo simbiose (do grego: Sun = junto; bíos = vida) significa


literalmente viver junto.

Usualmente é empregado para descrever a biologia de pares de


organismos que vivem juntos e não se maltratam.

Assim, a simbiose inclui o mutualismo, a proto-cooperação , o


comensalismo e o Inquilinismo.

2-6-1-Comensalismo e Inquilinismo

Nestes dois tipos de relações, apenas uma das partes envolvidas beneficia-se,
enquanto a outra nada perde por meio desta relação.

O comensalismo é uma associação que ocorre em função da busca de alimento.

Por exemplo, na associação entre o peixe-piloto e o tubarão : os peixes-piloto


vivem ao redor do tubarão alimentando-se dos restos de comida que não são comidos
pelo tubarão. Diz-se que esses peixes são comensais.

Como outro exemplo de comensalismo, podemos citar as rêmoras (peixes), que


se fixam na superfície ventral de tubarões, por uma ventosa localizada na cabeça,
obtendo assim um eficiente meio de transporte. Também utilizam restos alimentares do
tubarão, que aparentemente , não se beneficia em nada desta relação.

Também podemos citar protozoários comensais (Entamoeba coli) que se nutrem


de restos digestivos do intestino humano, sem causar dano algum ao homem .

Já no Inquilinismo, o inquilino (espécie beneficiada) obtêm abrigo , proteção, e


ainda suporte no corpo da espécie hospedeira.

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Como exemplo ,podemos citar o caso de pequenos peixes que vivem como
inquilino dentro do corpo do pepino do mar , em busca proteção. Para se alimentar,
esses peixes saem e depois voltam.

Em plantas, podemos citar as orquídeas , bromélias, samambaias, musgos,


líquenes, etc. , que se instalam em troncos de árvores. Não causam nenhum dano aos
hospedeiros e aí encontram condições ideais de luminosidade para o seu
desenvolvimento. Esse tipo de inquilinismo, quando ocorre em plantas é denominado
epifitismo.

2-6-2- Mutualismo Obrigatório

É uma relação inter-específica obrigatória que envolve beneficio mútuo entre as


espécies participantes, a tal ponto que são dependentes uma da outra.

No mutualismo obrigatório, as formas de interdependência fisiológica são tão


intensas que a separação das espécies envolvidas acarreta um desequilíbrio metabólico ,
podendo levá-las á morte.

Exemplos de mutualismo obrigatório:

a)-Líquenes

São constituídos pela associação entre algas unicelulares (azuis ou verdes) e


fungos (geralmente ascomicetos).

Essa associação é tão dependente do ponto de vista funcional e tão integrada do


ponto de vista morfológico, que os líquenes são considerados organismos individuais.
De fato, nem a alga , nem o fungo que participam dessa associação, podem viver
isoladamente.

Isso significa que os líquenes são classificados em espécies, embora essa


espécie represente a associação de duas espécies diferentes: alga ou ciano-bactéria e
fungo).

As algas, como organismos produtores , sintetizam matéria orgânica e fornecem


ao fungo parte do alimento produzido. Estes, por sua vez, retiram água e sais minerais
do substrato , fornecendo-os as algas .

121
Os fungos ainda protegem as algas contra a desidratação. Portanto temos
benefícios mútuos.

b) Associações entre cupins e protozoários

Ao comerem madeira, os cupins obtêm grandes quantidades de celulose, a qual é


digerida por certos protozoários que vivem em seu intestino.

O protozoário, por conter a enzima celulase, é capaz de digerir a celulose


transformando-a em glicose.

Nos protozoários a glicose é desdobrada em ácido acético e energia, enquanto


que nos cupins o ácido acético é oxidado fornecendo energia.

c)- Associações entre ruminantes e microrganismos

Os ruminantes (bois ovelhas, etc.) são animais dotados de estômago com quatro
câmaras.

No rúmen (câmara maior), esses os herbívoros abrigam inúmeras bactérias, que


por possuírem a enzima celulase, são capazes de decompor a celulose existente nas
gramíneas ( capim) ingeridas, estabelecendo uma associação semelhante àquela
verificada entre os cupins e protozoários.

d)- Associações entre bactérias e raízes de leguminosas ( Bacteriorrizas)

As bactérias do gênero Rhizobium promovem a fixação do nitrogênio


atmosférico, transformando-o em sais nitrogenados, que são assimilados pelas
leguminosas e utilizados como matéria prima na construção de compostos orgânicos
nitrogenados, como as proteínas.

As leguminosas fornecem para as bactérias a matéria orgânica necessária ao


desempenho de suas funções vitais.

Por este motivo costuma-se realizar a adubação verde, ou seja, em solos


esgotados costuma-se plantar leguminosas ( feijão, soja, etc.) com a finalidade de
enriquecê-los com nitrogênio fixado nos nódulos radiculares das leguminosas.

Também em pastagens é conveniente fazer o plantio consorciado. Usa-se


gramíneas que são resistentes ao pisoteamento dos animais e um bom alimento, alem de
leguminosas, que embora mais frágeis, acabam por enriquecer o solo com nitrogênio ,
alem de representar também ricas fontes de proteína para os herbívoros.

122
e)-Micorrizas

São associações estabelecidas entre fungos e raízes de orquídeas, morangueiro,


tomateiro, pinheiro, etc.

Os fungos degradam substâncias orgânicas do substrato transformando-as em


nutrientes minerais (sais de nitrogênio, fósforo, potássio) que são cedidos á planta. Esta
fornece ao fungo parte da matéria orgânica produzida através da fotossíntese.

2-6-3- Mutualismo não obrigatório ou Proto-cooperação

É uma relação não obrigatória entre indivíduos de diferentes espécies, que


envolve beneficio mútuo.

Portanto, os dois participantes se beneficiam, mas podem viver de modo


independente. Assim sendo, na Proto-cooperação, as vantagens de interdependência
entre as espécies podem ser dispensadas , sem causar desequilíbrio metabólico para os
seres envolvidos

Exemplos de Proto-cooperação :

a)- Anu e gado

O anu retira e devora carrapatos e outros parasitas encontrados na pele do gado,


livrando-os desses desconfortáveis ecto-parasitas.

Ambos se beneficiam desta relação, mas podem se separar e viver normalmente


quando a associação não se estabelece.

b)-Pássaro-palito e crocodilo

O pássaro-palito se introduz na boca do crocodilo, de onde retira sanguessugas


que ali se encontram parasitando o réptil .

Ambos se beneficiam desta relação, mas podem se separar e viver normalmente


quando a associação não se estabelece.

c)- Formigas e pulgões

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Os pulgões são conhecidos insetos parasitas de certas plantas , de onde extraem
a seiva elaborada que lhes serve de alimento.

O excesso de seiva sugada , eliminada através dos poros anais dos pulgões, é
utilizado por certas formigas como fonte de alimento.

As formigas, por sua vez, protegem os pulgões contra o ataque de inimigos


naturais , como as joaninhas e as lagartas.

d)- Paguro ( Bernardo-Eremita) e Anêmona do Mar

O abdome do paguro é mole e assim muito vulnerável ao ataque de predadores.


Por isso ele costuma ocupar o interior de conchas abandonadas de gastrópodes (concha
em forma de espiral), para buscar proteção física.

Às vezes, na superfície externa dessas conchas instalam-se um ou mais


indivíduos de anêmonas que possuem células urticantes que afugentam possíveis
predadores.

O benefício é mútuo, pois ocorre proteção ao paguro e transporte a anêmona,


possibilitando a ela , a exploração de outros locais.

e) Relações entre Agentes Polinizadores e Flores

Uma das associações mais importantes da natureza se estabelece entre agentes


polinizadores ( insetos, aves, mamíferos como os morcegos) e plantas produtoras de
flores ( muitas Angiospermas).

Os insetos alimentam-se de néctar produzido pela flor e acabam levando grãos


de pólen aderidos ao seu corpo para outras flores, onde haverá a fecundação, para a
formação da semente.

2-7- Antibiose ou amensalismo

É uma relação inter-específica desarmônica na qual uma espécie bloqueia o


crescimento ou reprodução de outra espécie , denominada amensal, através da liberação
de substâncias tóxicas ou inibidoras.

Exemplos:

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a)-Fungo Penicillinium notatum que libera a penicilina (antibiótico) impedindo o
desenvolvimento de certas bactérias suscetíveis a esta substância.

b)- fenômeno da maré-vermelha, onde há a proliferação excessiva de algas


(dinoflagelados) que liberam muitas substâncias tóxicas , provocando a morte de muitas
espécies marinhas.

3-Coevolução

É o resultado de um processo evolutivo conjunto afetando dois ou mais


táxons que têm relações ecológicas estreitas, mas que não trocam genes entre
si, e sobre os quais pressões seletivas recíprocas operam para fazer a evolução
de cada táxon ser parcialmente dependente da evolução do outro.

Quando a interação ocorre entre pares de espécies, como um patógeno


e um hospedeiro, ou um predador e uma presa, ou associações do tipo
mutualismo e proto-cooperação, essas espécies podem desenvolver uma série
de adaptações combinadas. Portanto, essas interações entre organismos
podem produzir tanto conflito como cooperação.

Nesses casos, a evolução de uma espécie causa adaptações numa outra.


Essas mudanças na segunda espécie, por sua vez, causam novas adaptações na
primeira.

Esse ciclo de seleção e resposta é chamado de co-evolução. Uma das


áreas mais importantes na co-evolução refere-se ao estabelecimento das
interações entre plantas e animais, especialmente os herbívoros e agentes
polinizadores.

Outra área importante para o estabelecimento da coevolução está, , no


aparecimento de adaptações contra a herbivoria que, por sua vez, induzem a
seleção de contra- adaptações por parte dos herbívoros.

Exemplos :

a)- Drosophila pachea é a única mosca-de-frutas que pode explorar o


cactus Senita , que produz um alcaloide fatal para as larvas de outras espécies;

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b)- A borboleta monarca usa os venenos (glicosídeos cardíacos) da
planta hospedeira, que as tornam virtualmente impalatáveis a seus possíveis
predadores.

c)- As plantas de Acacia sp produzem nectários extra-florais e grandes espinhos


que servem de alimento e abrigo para as formigas epifíticas que aí vivem. As plantas
sem formigas são altamente palatáveis a insetos herbívoros. As formigas também
protegem as plantas contra trepadeiras, trucidando-as logo que aparecem. Assim a
planta investe recursos para atrair formigas que lhe darão, em troca, proteção contra
outros herbívoros e plantas competidoras.

d)- Os zangões da família Euglosinae são vetores de polinização de várias


espécies de orquídeas da América central. Há muita especificidade nessa relação. Isso
permite que o pólen seja transmitido ao óvulo de sua mesma espécie com grande
precisão.

e)- As borboletas Heliconium sp obtém aminoácidos do pólen das plantas que


polinizam. Pólen e sementes contem relativamente mais compostos nitrogenados que o
néctar e os frutos, que são mais ricos em carboidratos. Logo, as plantas investem
relativamente mais energia na produção de pólen, mas em compensação, garantem sua
atividade reprodutiva atraindo eficazmente o polinizador .

f)- A produção de tetrodotoxina numa espécie de salamandra (Taricha


granulosa) e a evolução de resistência à tetrodotoxina em seu predador, uma serpente
(Thamnophis sirtalis). Nesse par de presa e predador, uma corrida armamentista
evolutiva produziu altos níveis de toxina na salamandra e correspendentemente altos
níveis de resistência na cobra.

Portanto a Coevolução tende a tornar as relações entre as espécies envolvidas


cada vez mais dependentes, tornando-as excessivamente ligadas entre si. Quando causa
benefícios aos dois parceiros , pode originar relações ecológicas de mutualismo.

4- Meta-populações

Meta-população é definida como um conjunto de populações conectadas por


indivíduos que se movem por entre elas.

A formação de metapopulações tem sido favorecida pela intensa fragmentação


de habitats, devido principalmente a destruição das florestas e outros tipos de vegetação.

Nestes casos, populações acabam sendo separadas fisicamente pelas barreiras


interpostas.

Dessa maneira, cada população estará habitando, por exemplo, um fragmento de


mata , e o conjunto de fragmentos de mata estarão ligados por corredores ecológicos.

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Como exemplo, podemos citar a cuíca (pequeno marsupial) Micoureous
demerarae que vive em fragmentos da mata Atlântica dentro da Reserva Biológica de
Poço das Antas, Rio de Janeiro.

127
IX- SUCESSÃO ECOLÓGICA

1- Introdução

Uma das mais interessantes características observadas nas


comunidades é o fato de que elas mudam continuamente de estado, como por
exemplo a sua composição específica, devido a influência do ambiente onde
vivem.
Assim, podem ocorrer mudanças nas comunidades , que ao longo do
tempo, podem levar ao estabelecimento de uma comunidade estável, que não
mais sofre alterações significativas em sua estrutura.Essa comunidade em
equilíbrio com os fatores do meio é chamada comunidade clímax.

Mesmo quando as comunidades estão em equilíbrio, tal estado é


dinâmico. Há uma constante troca de espécies, que estão continuamente saindo
e entrando no sistema.

A sucessão ecológica refere-se a uma seqüência de mudanças


estruturais e funcionais que ocorrem nas comunidades, desde a sua origem ,
até o estabelecimento do estágio clímax, mudanças estas que, em muitos casos,
seguem padrões mais ou menos definidos.

Na sucessão ecológica podemos observar três características básicas:

a)- trata-se de um processo não sazonal, dirigido e contínuo.

b)- ocorre sempre em função das modificações ambientais locais.

c)- sempre atinge o estado de clímax.

2-Sucessão Primária e Sucessão Secundária

A sucessão que ocorre numa região estéril, sem vida, é considerada


sucessão primária.

Quando a sucessão ocorre em locais já habitados, cujo equilíbrio foi


rompido por uma mudança ambiental, causada ou não pelo homem, é chamada
de sucessão secundária.

128
3- Sucessão Ecológica Primária

As principais fases de uma sucessão ecológica primária são:

1)- Estabelecimento da Comunidade Pioneira

Chamamos de comunidade pioneira, aquela que é capaz de colonizar substratos


recém formados.

Uma rocha nua, por exemplo, vai sofrendo ao longo do tempo a ação do
intemperismo físico , pela ação dos ventos, pelas oscilações de temperatura, pelas
chuvas , etc.) e do intemperismo químico , pela ação de substâncias químicas
dissolvidas na água como é o caso da dissolução de gás carbônico na água levando a
formação de ácido carbônico.

Esses fatores , na sua totalidade , acabam por fragmentar as rochas, tornando-as


mais propícias ao estabelecimento de organismos pioneiros.

Esses organismos pioneiros também causam modificações substanciais do


ambiente . Como exemplo, podemos citar os líquenes colonizando uma rocha nua.

Alem da grande capacidade de reter água, os líquenes são pouco exigentes, uma
vez que realizam fotossíntese e fixam o nitrogênio atmosférico.

Alem do mais, os líquenes são organismos poiquilohídricos, ou seja, são capazes


de tolerar a seca.

Um líquen, mesmo completamente seco continua vivo. Se entrar em contato


com alta umidade relativa do ar ou água líquida, é capaz de absorver essa água e
reativar suas atividades metabólicas que tinham ficado em estado latente durante o
período em que esteve desidratado.

Por isso, os líquenes são capazes de sobreviver apenas com água, ar e poucos
elementos minerais, e suportar condições climáticas extremas.

A instalação de líquenes em uma região sem vida vai formar uma comunidade
pioneira ou ecese.

Esses líquenes, ainda, por secretar ácidos liquênicos vão causar um


intemperismo ainda maior na rocha-mãe ( intemperismo biológico), levando a formação
de solos ainda bastante rasos e com baixo poder de reter água e suportar vegetação de
alto porte.

Dependendo das condições do local, podemos ter outros pioneiros formando


uma ecese, como por exemplo nas dunas de areia, onde é comum a instalação de

129
gramíneas, cujas sementes são trazidas pelo vento. Já numa lagoa recém formada, a
comunidade pioneira será representada pelo fitoplâncton.

2)-Estágios Serais ou Comunidades Intermediárias

Aos poucos, a comunidade pioneira vai modificando as condições iniciais da


região, quer pela produção de ácidos pelos líquenes , quer pela ação dos fatores físicos e
químicos do ambiente, resultando na aceleração do processo de erosão das rochas,
propiciando o desenvolvimento de uma camada de solo, cada vez mais profunda e
consistente, capaz de reter água e fornecer os nutrientes minerais para as plantas
poderem aí se estabelecer.

.À medida que morrem, os seres pioneiros vão sendo decompostos por bactérias
e fungos, enriquecendo o solo com matéria orgânica.

Desse modo o terreno torna-se mais rico em umidade, em húmus (que também
aumenta a capacidade de retenção de umidade e de nutrientes minerais), e sais minerais.

Essas novas condições possibilitam a instalação de plantas de pequeno porte,


como musgos e outras plantas herbáceas, que necessitam de poucos nutrientes para
crescer e atingir rapidamente o estado reprodutivo.

A instalação dessas plantas, por sua vez, acarreta novas modificações


ambientais, que favorecem o desenvolvimento de plantas maiores, como os arbustos.

Aos poucos, os animais também se estabelecem no local.

Assim, as comunidades crescem e evoluem por etapas. A partir da instalação da


comunidade pioneira, ocorre uma seqüência de comunidades.

Cada uma dessas comunidades é chamada estágio seral ou sere..

c)-Comunidade Clímax

A velocidade com que essas mudanças acontecem vai diminuindo até que,
finalmente, se estabelece uma comunidade que fica em equilíbrio com o solo e o clima
da região, sem ser substituída por outra.

Essa comunidade que surge no final do processo de sucessão é chamada


comunidade clímax. Podemos citar como exemplos os atuais biomas que caracterizam
nossa biosfera como floresta tropical, savana, caatinga, cerrado, etc.

130
Todo esse processo de substituição de uma comunidade por outra, começando
pelo estabelecimento de uma comunidade pioneira até a comunidade clímax, é chamado
de sucessão ecológica.

A sucessão completa pode levar de décadas a séculos para atingir o clímax.

Portanto, a sucessão ecológica é um processo ordenado e dirigido.Ocorre em


resposta as condições ambientais e culmina com o estabelecimento de uma comunidade
clímax, que não sofre mais alterações fundamentais em sua estrutura.

No entanto, se as condições ambientais se alterarem fortemente, são esperadas


mudanças profundas no estágio clímax. Esse fato pode acontecer, se o aquecimento
global do planeta continuar a ser estimulado.

Ao longo do processo de sucessão ecológica, a composição de espécies da


comunidade muda rapidamente no início, mais lentamente nos estágios intermediários,
mantendo-se praticamente constante no clímax.

Da mesma forma, a diversidade biológica inicial é baixa, mas vai aumentando


ao longo da sucessão, atingindo um máximo no clímax.

Tanto a biomassa ( massa do material biológico presente em um organismo ou


em uma comunidade de seres vivos), como a complexidade do ecossistema, bem como
o número de nichos ecológicos, vão aumentando também a medida que a sucessão
ecológica ocorre.

A diversidade de espécies atinge sua plenitude no clímax, onde também a


biomassa torna-se máxima e praticamente constante, permitindo o surgimento de novos
nichos ecológicos.

Além disso, a grande complexidade exibida pelo ecossistema favorece a


manutenção de um estado de equilíbrio dinâmico, que confere ao clímax uma
estabilidade acentuadamente maior , quando comparada com a que se verifica nas
comunidades pioneiras.

Em termos de produtividade primária líquida do ecossistema, podemos verificar


que a produtividade líquida tende a ser maior nas primeiras etapas da sucessão
ecológica atingindo um valor praticamente nulo no estágio clímax .

As comunidades pioneiras caracterizam-se por apresentar uma alta


produtividade líquida , ou seja, produção de matéria orgânica superior ao próprio
consumo . Isso significa que a sua atividade fotossintetizante supera a sua atividade
respiratória.

Dessa maneira , o saldo orgânico observado (produção líquida ) é incorporado à


comunidade , garantindo o seu desenvolvimento em termos de aumento de biomassa.

Porem, a medida que a sucessão se desenvolve, o aumento da biomassa vegetal


propicia um aumento na produtividade bruta da comunidade. No entanto, o consumo
também aumenta, de forma bastante rápida.

131
Isso significa que a produção líquida (produção bruta menos o consumo) vai se
tornando cada vez menor, até praticamente se anular no clímax.

Portanto, ao longo de uma sucessão ecológica ocorre:

- aumento da produtividade primária bruta- a produtividade primária bruta


representa o somatório da produção primária líquida mais a respiração de todos
organismos da comunidade.

- aumento da respiração da comunidade- devido ao aumento do número de


indivíduos da comunidade.

- diminuição da produtividade primária líquida- a produtividade primária líquida


representa a diferença entre a produtividade primária bruta e respiração da comunidade.

- aumento da biomassa- a biomassa ou quantidade de matéria seca presente nos


organismos da comunidade tende a aumentar a medida que a sucessão ocorre.Porem
esse aumento , ocorre a uma velocidade cada vez menor, uma vez que a produtividade
primária líquida vai diminuindo.

No estágio clímax temos as seguintes condições:

A quantidade de biomassa torna-se constante ao atingir o clímax, pois


praticamente tudo que é produzido é também consumido.

Nas condições climax, embora o valor da fotossíntese seja alto, a somatória de


todos os processos de consumo de matéria orgânica ( respiração) são também muito
altos. Por esse motivo os dois processos (fotossíntese líquida dos produtores e
respiração dos organismos da comunidade) praticamente se equivalem no clímax.

Portanto a produtividade primária no estágio clímax é praticamente nula.

Esse fato é bem ilustrado na floresta amazônica, cujo solo oligotrófico sustenta
uma vegetação exuberante e em estágio clímax.

Isso é possível devido a rápida velocidade de decomposição da serapilheira, o


que aumenta consideravelmente a velocidade do processo da ciclagem de nutrientes no
ecossistema.

Mas o equilíbrio dinâmico e a estabilidade das comunidades clímax podem estar


sujeitas a devastações diversas (vulcões, incêndios, glaciações, etc.).

4- Sucessões Ecológicas Secundárias

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A sucessão secundária ocorre quando o desenvolvimento de uma
comunidade pioneira tem início em uma área anteriormente ocupada por
outras comunidades bem estabelecidas.

As sucessões secundárias costumam atingir o clímax mais rapidamente


do que as sucessões primárias.

Como exemplo, podemos citar regiões destruídas por fogo (comum no


cerrado), em plantações abandonadas ou em clareiras de florestas, ocasionadas
pela queda natural de árvores gigantescas ou pela ação de fogo natural.

4-1- Sucessão Secundária em Florestas

A sucessão em florestas ocorre de maneira dinâmica, mesmo sem a ação


antrópica, quando árvores grandes caem devido a ação do vento, de chuva, de raios,
etc., ocasionando também a queda de outras árvores em sua trajetória, originando-se
assim uma clareira .

No interior da clareira, a luz solar chega com alta intensidade, de modo que a
vegetação umbrófila logo desaparece, iniciando assim um processo de sucessão
ecológica.

A nova área da clareira começa então a ser recolonizada por outras espécies,
capazes de germinar e crescer sob intensa radiação solar, que se constituem nas espécies
pioneiras . As sementes dessas plantas já existiam no solo constituindo o que chamamos
de banco de sementes do solo, ou podem ser trazidas por pássaros, etc.

Depois de desenvolverem um pequeno dossel, essas plantas pioneiras impedem


o desenvolvimento de suas próprias mudas, devido ao sombreamento.

O ambiente vai sofrendo modificações referentes a intensidade de luz incidente,


e tambem no próprio substrato. Esse novo ambiente oferece agora condições para que
as espécies mais resistentes ( que estavam desenvolvendo-se mais lentamente nas
condições anteriores de luz) e de maior vigor, desenvolvam-se com maior intensidade,
formando um dossel amplo. Temos então, o aparecimento das espécies secundárias
intermediárias, que , com o tempo, serão paulatinamente substituídas pelas espécies
secundárias tardias.

Esses eventos podem repetir-se ao longo dos anos, até que acomunidade climax
seja estabelecida, muito similar a comunidade que estava ao redor da clareira.

O estudo das características da dinâmica da sucessão ecológica é de suma


importância para recuperação de áreas degradadas, como as áreas exploradas por
mineração, em matas ciliares destruídas, para recomposição de áreas de preservação,
etc.

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Uma vez conhecendo as plantas pioneiras que oferecem condições de
implantação das espécies intermediárias e tardias, o ecossistema tende a alcançar a
comunidade clímax em um menor espaço de tempo.

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X - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Entende-se por desenvolvimento sustentável o processo dinâmico destinado a


satisfazer as necessidades atuais da humanidade, sem comprometer as necessidades das
gerações futuras.

Portanto, não deve ser colocado em risco a atmosfera, a água, o solo, e os


ecossistemas da Terra.

Deve haver harmonia entre do uso de recursos naturais e as estruturas


institucionais, elevando assim o potencial de progresso humano atual e futuro.

Em 1992, foi realizada uma Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, no Rio de Janeiro, quando a comunidade internacional optou pelo respeito à
biodiversidade e pela retirada de populações da linha de pobreza.

Vinte anos depois, de 4 a 6 de junho de 2012, a ONU fará novamente uma


grande conferência no Rio de Janeiro (Rio +20), para discutir a mesma encruzilhada,
sem aparentemente ter conseguido êxito em seus propósitos.

A pauta do Rio+20 continuará sendo desenvolvimento sustentável e


economia verde

Para alcançar esse desenvolvimento sustentável a sociedade deve evoluir em


todos os sentidos e talvez mudar radicalmente o modelo econômico, ora vigente.

Talvez seja preciso considerar a nossa Terra como um planeta vivo, doente, e
que precisa ser restabelecido. E o planeta Terra é a nossa casa. Vamos cuidar do nosso
lar.

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