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REPÚBLICA DE ANGOLA

PROJECTO LER PARA APRENDER – PLEPA

FASCÍCULO DE BIOLOGIA 7ª CLASSE

ANO LECTIVO: 2020

O (A) ESTUDANTE:
________________________________________

O (A) PROFESSOR (A) DA CADEIRA:


________________________________________

Este fascículo é resultado da compilação da obra de: Piedade Silissoli Agostinho


«Mande» – Biologia 7ª Classe. Foi elaborado por António Donga (Jurista). Contacto:
932240254.

Obs. Está proibida a reprodução desse fascículo, sem prévio aviso ao autor.

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SUMÁRIO

TEMA 1 – ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS ECOSSISTEMA... 4


1.1. Diversidade de ecossistemas...................................................................... 4
1.1.1. Estudo dos ecossistemas......................................................................... 5
1.2. Classificação dos seres vivos..................................................................... 7
1.2.1. A história da classificação...................................................................... 7
1.2.2. Critérios utilizados na classificação dos seres vivos............................ 8
1.2.3. Regras de classificação......................................................................... 11
1.3. Diversidade dos seres vivos..................................................................... 11
1.3.1. Os vírus. Condições de vida. Estrutura.............................................. 12
1.3.2. Bactérias. Condições de vida. Estrutura.............................................13
1.4. Diversidade das plantas........................................................................... 15
1.4.1. Classificação dos vegetais..................................................................... 16
1.4.1.1. Algas.................................................................................................... 16
1.4.1.2. Fungos. Condições de vida. Estrutura............................................. 17
1.4.1.3. Líquenes. Condições de vida. Estrutura.......................................... 19
1.4.1.4. Briófitas.............................................................................................. 20
1.4.1.5. Pteridófitas......................................................................................... 21
1.4.1.6. Espermatófitas................................................................................... 22
1.4.1.7. Gimnospérmicas e Angiospérmicas................................................. 23
1.5. Grande diversidade de animais.............................................................. 33
1.5.1. Classificação dos animais e chave dicotómica do reino animal........ 33
1.5.1.1. Protozoários........................................................................................35
1.5.1.2. Os invertebrados................................................................................ 37
1.5.1.3. Os vertebrados................................................................................... 43
1.6. Representantes típicos da fauna angolana............................................. 51
TEMA 2 – FACTORES DO AMBIENTE....................................................... 52
2.1. Factores abióticos..................................................................................... 52
2.1.1. Influência da luz nas plantas............................................................... 54
2.1.2. Influência da luz nos animais...............................................................54
2
2.1.3. Influência da temperatura nas plantas............................................... 55
2.1.4. Influência da temperatura nos animais.............................................. 57
2.1.5. Solo......................................................................................................... 58
2.2. Factores bióticos....................................................................................... 59
2.2.1. Relações intraespecíficas...................................................................... 59
2.2.2. Relações interespecíficas...................................................................... 63
2.2.2.1. Relações interespecíficas favoráveis................................................. 63
2.2.2.2. Relações interespecíficas desfavoráveis........................................... 65
2.2.3. Relações tróficas – teias alimentares................................................... 69
2.2.4. Pirâmides ecológicas............................................................................. 71
BIBLIOGRAFIA............................................................................................... 74

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TEMA 1 – ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS ECOSSISTEMA

1.1. Diversidade de ecossistemas

A regra na Natureza é a existência de uma estreita relação, não só entre os


diferentes organismos, como entre estes e o ambiente. Qualquer ambiente é um
conjunto onde se misturam os seres vivos e os seres inanimados.

O conjunto de organismos que vivem numa determinada área e as


interacções que se estabelecem entre seres vivos, e entre eles e o ambiente,
constituem um ecossistema. O conjunto de seres vivos de um ecossistema e as
relações que se estabelecem entre eles constitui uma comunidade ou biocenose.

Por exemplo: uma lagoa com alguma vegetação, peixes, rãs, ovos e larvas
de alguns animais aquáticos, constitui um ecossistema. O conjunto de indivíduos
da mesma espécie, que vivem numa determinada área e num determinado
período de tempo, é uma população. Cada espécie de rãs da lagoa constitui uma
população e os peixes de determinada espécie são outra população diferente.

Os peixes, as rãs e as plantas fazem parte da comunidade desse


ecossistema. Os seres vivos desta lagoa têm relações muito variadas com o meio
e com os outros seres vivos

Biótopo é o espaço físico ocupado por uma comunidade. O espaço


ocupado por cada população é designado por habitat.

Pode pois concluir-se que, um ecossistema inclui o biótopo e a


comunidade que, por sua vez, abrange várias populações.

Os seres vivos têm uma estreita relação com o seu ambiente, dependendo
necessariamente daquilo que os rodeia. Por exemplo, muitos animas alimentam-
se de plantas; por sua vez, as plantas necessitam de luz, de calor e de solo.

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Repara que os seres vivos existem em quantidade e diversidades muito
grandes e estão adaptados ao ambiente em que vivem. Por exemplo: as aves,
como a rola ou o bico-de-lacre, vivem nas árvores que constituem as florestas;
os peixes, como o carapau, o cacusso, a corvina, etc., vivem nos mares ou nos
rios; os leões, as chitas, a raposas, as cabras ou as serpentes, vivem no solo das
florestas. Todos esses seres vivos, apesar de serem diferentes, estão ligados ao
ambiente; os seres do mesmo ambiente estabelecem relações entre si.

1.1.1. Estudo dos ecossistemas

A Terra é o único planeta conhecido do Sistema Solar que oferece


condições para a existência de vida como a definimos.

Na actualidade, os seres vivos de várias espécies encontram-se espelhados


pelas várias regiões da Terra, ocupando diferentes ecossistemas de acordo com a
sua estrutura.

A diversidade de animais e plantas que encontram-se num determinado


ambiente não é obra do acaso. Todos os animais e plantas estão dependentes das
condições do meio e, ao mesmo tempo, condicionados pelas relações que se
estabelecem entre eles, tais como as relações alimentares, de competição,
interajuda, etc.

As relações entre os seres vivos e entre estes e o ambiente, são os assuntos


sobre os quais se debruça a ciência biológica chamada Ecologia. A Ecologia é,
pois, um ramo da Biologia que estuda os seres vivos no seu ambiente natural. As
unidades básicas para o seu estudo são os ecossistemas.

Os elementos de um ecossistema são os factores abióticos, que incluem os


factores físicos e químicos do meio, e os factores bióticos, constituídos pelos
seres vivos que vivem no ecossistema.

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Podem considerar-se dois tipos de ecossistemas: ecossistemas terrestres e
ecossistemas aquáticos.

Os ecossistemas são muito variados e podem ocupar diferentes


dimensões. Há pequenos ecossistemas, como uma poça de água, um muro velho,
um tronco de árvore caído no solo, etc. Existem também grandes ecossistemas
na Terra.

Ecossistemas aquáticos

Os ecossistemas aquáticos dividem-se, pois, em dois grandes grupos: os


ecossistemas de água salgada, como os oceanos e mares, e os ecossistemas de
água doce, que incluem os rios, lagos, lagoas e pântanos. Existe ainda um
ecossistema de transição, chamado estuário, onde existe uma mistura de água
doce e de água salgada, criando condições especiais para a existência de
comunidades diversificadas e adaptadas às flutuações da quantidade de sal
dissolvida na água.

Nos rios, lagos, lagoas e pântanos encontram-se fauna e flora adaptadas às


águas doces. É o caso dos peixes de água doce, como a truta, o cacusso e o
bagre. Também as plantas estão adaptadas a esses ambientes; é o caso dos
caniços, ervas da água doce, nenúfares, etc.

Nos oceanos e mares encontramos seres vivos distintos dos que


observamos na água doce, porque as condições do meio são diferentes. Entre
estes encontram-se a baleia, o tubarão, a corvina, o carapau, o choco, a lula, o
polvo, os crustáceos e plantas aquáticas.

Neste meio também se encontra o mexilhão e as anémonas, que vivem


fixo às rochas, bem como seres que usam os buracos das rochas, como o ouriço-
do-mar, os quais se podem observar directamente.

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Ecossistemas terrestres

Os grandes ecossistemas terrestres são constituídos por enormes extensões


de terra firme onde crescem árvores, arbustos e capim, ou seja, com uma
vegetação que pode ser densa (como é o caso das grandes florestas tropicais) ou
rara (como nos desertos).

Existem também animais que se adaptam a cada um dos ecossistemas,


como iremos ver mais adiante.

Os grandes ecossistemas terrestres em Angola são a floresta tropical, a


savana e o deserto.

Cada ecossistema tem a sua fauna e flora, adaptadas às condições do meio


em que se inserem.

1.2. Classificação dos seres vivos

1.2.1. A história da classificação

No nosso dia-a-dia lidamos com uma grande diversidade de objectos:


panelas para podermos confeccionar os alimentos, pratos, garfos, facas, copos,
cama, colchão, cobertores, lençóis, roupa que cobre o corpo, o nosso material
escolar (livros, cadernos, lápis, borrachas, pastas) ... Já imaginaste o que seria se
os objectos não tivessem nomes próprios, com os quais os pudéssemos designar
sempre que deles precisamos ou se os pedíssemos a alguém? Como seria? Aí
está. Foi por isso, que o Homem teve a preocupação de atribuir um nome a cada
objeto, a fim de estabelecer uma determinada ordem, tanto na arrumação como
na utilização.

Tu nunca utilizaste um garfo em lugar de copo, não é verdade? Costumas


agrupar os objectos de uso diário de acordo com a sua utilidade. Assim, por
exemplo, agrupam-se os talheres numa gaveta; os copos num armário e o

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vestuário, em móveis do quarto de dormir. É fácil assim encontrares um objecto
qualquer quando dele necessitas.

Perante a grande diversidade de seres vivos que a Natureza apresenta, o


Homem teve a preocupação também de os agrupar, segundo as suas
semelhanças.

Já ouviste falar de um lobo? Ele é muito parecido com o cão. Por que é
que os dois não são cães ou não são ambos lobos? É muito simples: o cão e o
lobo têm algumas diferenças. O cão é um animal doméstico e muito amigo do
Homem, enquanto o lobo, é um animal que devora os bens do Homem e pode
até atacá-lo.

Os biólogos, colocados perante a grande diversidade de seres vivos,


tiveram necessidade de os agrupar conforme as suas semelhanças, isto é, tiveram
necessidade de os classificar. Classificar é, pois, formar grupos com os seres
vivos e dar um nome a cada um deles.

A primeira tentativa de classificar foi realizada pelo filósofo grego


Aristóteles, que trabalhou principalmente com animais.

Outro estudioso foi Teofrasto, um discípulo de Aristóteles que descreveu


as plantas que existiam e que ele conhecia no seu tempo. Classificou as plantas
de acordo com o seu tamanho, dividindo-as em árvores, arbustos, subarbustos e
ervas.

Mais recentemente, outros estudiosos também se preocuparam em


classificar os seres vivos.

1.2.2. Critérios utilizados na classificação dos seres vivos

Desde os tempos mais remotos, o Homem preocupou-se em conhecer o


meio que o rodeava. Por isso, vemos numerosas cenas de caça marcadas em
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pinturas rupestres de África. Encontram-se nessas pinturas figuras de numerosas
espécies, hoje ausentes nessa mesma região.

Tudo isso mostra que, desde tempos idos, o Homem se interessava pelo
mundo vegetal e animal que o circundava para assegurar a própria substância
quer pela caça, pela criação de animais, ou pela agricultura. Cada uma dessas
actividades, fornecia conhecimentos de origem biológica, fundamentados na
observação.

Muitos milhões e milhões de organismos vivos povoam actualmente a


Terra. Estes organismos podem ser aéreos, terrestres e aquáticos.

Os seres vivos que ocupam a Terra, apresentam uma tal diversidade que
levam o Homem a classifica-los, para estuda-los, conhece-los e poder comunicar
sobre esses seres vivos.

Bem depois de os Gregos dividirem os seres vivos e animais e plantas,


descobriram-se os microorganismos. Perante as dificuldades em incluir alguns
deles em qualquer dos reinos definidos, pelo facto de apresentarem
simultaneamente características de animais e de vegetais, admitiu-se a existência
de um terceiro reino, o Reino dos Protistas. A este pertence a euglena, que tem
um flagelo para se deslocar, característica própria dos animais, e possui
cloroplastos para a realização da fotossíntese, característica dos vegetais.
Existem outros organismos com estas mesmas características, todos
considerados Protistas, pois são unicelulares e têm núcleo.

No nosso estudo vamos debruçar-nos sobre os casos dos reinos Animal e


Vegetal, deixando para mais tarde os reinos dos Protistas, dos Fungos e Monera
(bactérias).

Apesar das semelhanças, que se verificam entre os diferentes seres vivos


que constituem cada um destes grandes agrupamentos – animais, plantas e
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protistas – a diversidade de formas, características e comportamentos é tão
elevada que é possível formar, em cada um deles, agrupamentos mais pequenos
onde as semelhanças são maiores. Por sua vez, é possível subdividir estes
agrupamentos noutros ainda mais pequenos, onde as semelhanças são ainda
maiores, e assim sucessivamente, até se chegar a um agrupamento básico
chamado espécie.

Podemos então definir a espécie como sendo o escalão da classificação


que inclui todos os seres vivos que, além de serem parecidos entre si, podem
cruzar-se e originar descendentes, os quais por sua vez, ao cruzarem-se, dão
origem a outros que lhes são idênticos. Se cruzarmos dois indivíduos de espécies
diferentes como a jumenta e o cavalo, estes originam a mula; mas esta não dá
descendentes, não é fértil.

Para que os seres vivos possam ser incluídos na mesma espécie, estas duas
condições terão de se verificar simultaneamente (serem idênticos e, quando
cruzados, originarem descendentes férteis).

Isto não significa que, não haja dentro da mesma espécie, algumas
diferenças. Como se pode ver no caso da espécie a que pertence o cão em que há
muitas raças diferentes.

Já se disse que os seres vivos para serem estudados foram reunidos em


grupos. Para fazer esse agrupamento dos cientistas apoiaram-se principalmente
nos critérios de semelhanças morfológicas. Procuraram semelhanças e
diferenças apresentadas por eles.

O primeiro trabalho «moderno» de agrupar os seres vivos segundo as suas


semelhanças foi feito pelo sueco Carlos Lineu.

Actualmente os seres vivos agrupam-se em cinco reinos: os reinos


Monera, Protista, Fungi, Planta e Animal. Porém, nessa classe, só se estudarão
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os reinos vegetal (planta) e o animal. Aos outros reinos far-se-á apenas uma
referência.

Afirma-se que a espécie é a categoria que alberga seres vivos com maiores
semelhanças morfológicas e fisiológicas.

O grupo que reúne maior número de indivíduos é o reino (por exemplo, o


reino animal ou o vegetal). Por ordem decrescente em número de indivíduos
vem o filo (que para as plantas se chama divisão), a classe, a ordem, a família, o
género e, finalmente, a espécie, que é o último escalão.

1.2.3. Regras de classificação

Para classificar os seres vivos existe a regra da nomenclatura binomial,


que consiste em identificar o ser vivo com dois nomes latinos.

- O primeiro indica o género (nome genérico) e é escrito com a inicial


maiúscula.

- O segundo inicia o restritivo específico (nome específico), escrito com


inicial minúscula.

- Este nome da espécie escreve-se em itálico.

Vamos ver um exemplo, o nome da espécie a que pertencemos: Homo


(género – nome genérico; inicial maiúscula); sapiens (restritivo específico –
inicial minúscula).

Lineu utilizou a classificação binária em latim, regra a que se obedece até


hoje, já que o Latim é uma língua morta e com poucas probabilidade de sofrer
modificações ao longo dos tempos.

1.3. Diversidade dos seres vivos

Já sabemos que a Terra é habitada por uma grande variedade de seres


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vivos, tanto animais como vegetais. Estes seres vivos, mais ou menos diferentes,
ocupam diferentes habitat. Uns podem ser terrestres, outros aquáticos e outros
ainda aéreos. A origem desta diversidade de seres vivos preocupa o Homem
desde a Antiguidade.

Sobre as plantas e animais actuam factores abióticos, como a luz, a


temperatura, pressão e a composição do solo, entre outros, que exercem grande
influência sobre eles. Cada espécie condições morfo-fisiológicas para se adaptar
a estes factores.

As adaptações que os seres vivos apresentam diferem notavelmente


consoante o meio em que estes vivem. Por exemplo: os animais que dominam o
ambiente aéreo têm asas com as quais se deslocam; os que vivem na água
apresentam estruturas adaptadas a este meio; aqueles que vivem em meio
terrestre têm estruturas adaptadas ao ambiente terrestre.

Além das plantas e dos animais existem outros organismos com


características diferentes. De entre estes podemos referir os cogumelos e os
bolores, que pertencem ao grupo dos fungos. Existem ainda outros grupos de
seres vivos que serão estudados mais tarde.

1.3.1. Os vírus. Condições de vida. Estrutura

Os vírus só apresentam actividade quando estão no interior de células


vivas específicas. Fora deste tipo de células o vírus está inactivo por tempo
limitado, que varia entre alguns segundos, horas e alguns meses, acabando por
se tornar inactivo se nesse intervalo de tempo não penetrar em nenhuma célula
viva.

Estrutura dos vírus.

Os vírus são muito pequenos e só se podem observar através do

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microscópio electrónico. A sua estrutura é simples. Tomemos como exemplo a
do fago T4 que é constituído por uma nucleocápside com ácidos nucleicos
envolvidos por uma cápside de proteínas e uma bainha que termina nas fibras
caudais.

Os vírus como agentes causadores de doenças

Os vírus são seres parasitas que podem provocar graves doenças em


plantas, animais e ao próprio homem. A SIDA é provocada por um vírus que
parasita certas células do sangue: o VIH (Vírus de Imunodeficiência Humana).
Esta doença tira todas as capacidades imunológicas do homem deixando-o
propenso a contrair qualquer tipo de doença. A SIDA (Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida) ainda não tem cura mas, pode ser prevenida.

O sarampo, a gripe, a hipatite infecciosa, a mentingite e a varíola também


são doenças provocadas por vírus. Devem ser estudados por forma a conhecer-se
a sua estrutura e as formas de os combater. Uma das formas de se combater e
prevenir as doenças virais é a vacinação.

Os vírus podem atacar também as plantas provocando grandes prejuízos


aos agricultores. Atacam o tabaco, a cana-de-açúcar, assim como, outras
culturas. Para estarem activos e se reproduzirem, os vírus têm de parasitar um
dado tipo de células.

1.3.2. Bactérias. Condições de vida. Estrutura

As bactérias, amplamente distribuídas por ecossistemas de toda a Terra,


encontram-se nas maiores profundidades oceânicas, na atmosfera, nos gelos do
Árctico e do Antárctico, nas selvas tropicais, na superfície do corpo humano, no
intestino, na boca, em suma, elas encontram-se em toda a superfície da Terra.

Quanto à forma, consideram-se quatro grupos de bactérias: Os cocos –

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com forma esférica; Os bacilos – com forma de bastonete; Os espirilos – com
forma de espiral; Os vibriões – com forma de vírgula.

Estrutura das bactérias

Quanto à estrutura, as bactérias são seres unicelulares de constituição


muito simples. Elas são constituídas por inclusões, nucleóide, citoplasma,
membrana citoplasmática, parede celular e cápsula; algumas têm flagelo.

Quanto a nutrição, as bactérias podem ser autotróficas ou heterotróficas:

• Bactérias autotróficas: aquelas que elaboram os seus alimentos a partir


das substâncias inorgânicas através do processo da fotossíntese.

• Bactérias heterotróficas: alimentam-se de substâncias pré-elaboradas.


Assim sendo podem ser:

- Saprófitas: provocam a decomposição das plantas e dos animais mortos,


convertendo-se em substâncias mais simples que utilizam na alimentação.

- Parasitas: vivem em outros organismos vivos, prejudicando-os.

Reprodução.

As células bactérias dividem-se, produzindo duas novas células, em cada


vinte a trinta minutos. Este aumento rápido dura apenas o alimento disponível se
esgotar.

Respiração das bactérias.

A respiração das bactérias pode ser aeróbia ou anaerobia.

As bactérias aeróbias são aquelas que necessitam do oxigénio atmosférico


para respirarem. As anaerobias são aquelas que não necessitam de oxigénio para
a sua respiração. Entretanto as bactérias anaerobias podem ser: anaeróbias
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obrigatórias – aquelas que não podem estar na presença de oxigénio e anaerobias
facultativas – aquelas que podem ou não estar na presença de oxigénio.

Características das bactérias

• São seres unicelulares de constituição muito simples.

• Algumas realizam a locomoção utilizando flagelos.

• São parasitas ou saprófitas, excepto algumas formas que podem realizar


a fotossíntese.

• A reprodução pode ser sexuada (por conjugação) ou assexuada (por


bipartição), a forma mais frequente de reprodução. As bactérias multiplicam-se
muito rapidamente.

Importância das bactérias

O estudo das bactérias é importante já que o seu conhecimento permite ao


homem lutar contra as patogénicas (causadores de doenças) e preservar as
benéficas (que produzem em benefício do homem).

As bactérias podem causar doenças muito graves ao homem e às plantas.


Alguns exemplos são a tuberculose, o mosaico-do-tabaco, a ferrugem da cana-
de-açúcar e outras.

As benéficas participam na fermentação láctea (iogurte), acética (vinagre),


e alcoólica (vinho). Participam ainda no desenvolvimento da agricultura fixando
o azoto nas plantas.

1.4. Diversidade das plantas

A vegetação em Angola é constituída, em alguns casos, por grandes


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árvores que podem atingir muitos metros de altura como as florestas do
Maiombe em Cabinda, ou árvores de pequeno e médio porte, como as acácias,
os embondeiros ou as palmeiras, que existem nas savanas e uma vegetação
herbácea abundante. No deserto do Namibe existe uma planta que é exclusiva
desse deserto: a Welwitschia.

Existem também uma vegetação aquática variada. Esta incluiu plantas


microscópicas e outras de grande complexidade como as que existem nos
mangais, onde a vegetação se adapta às condições de águas salgadas, doces,
correntes ou estagnadas.

Os mangais são característicos das áreas costeiras de Cabinda, margens do


rio Zaire e Dnade.

1.4.1. Classificação dos vegetais

O reino vegetal é constituído por um elevadíssimo número de plantas.


Estas plantas têm uma organização celular que vai desde as algas até às
espermatófitas, que são as plantas mais complexas.

Em alguns grupos, como por exemplo nas Algas, podemos encontrar


organismos simples, constituídos por várias células que se dispõem em longas
filas dando ao corpo uma forma filamentosa. Podem encontrar-se neste grupo
seres com estrutura celular mais complexa como, por exemplo, o sargaço, uma
alga castanha.

1.4.1.1. Algas

As algas são plantas simples, sem raízes, nem caule, nem folhas
verdadeiras. Podem ser microscópicas ou macroscópicas, sendo estas últimas
constituídas por órgãos de fixação (falsas raízes), falsos caules e por frandes
(falsas folhas).

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Devido à presença de pigmentos, nomeadamente colrofila, as algas podem
apresentar diferentes cores: verde, castanha, vermelho ou amarelo.

As algas absorvem a água e os sais minerais do meio. Estas substâncias


absorvidas sobem pelo talo e chegam à frondes onde se realiza a fotossíntese.

Características das algas

• Habitam em alguns lugares húmidos e sombrios, nas águas doces e


salgadas.

• Podem ser unicelulares ou pluricelulares.

• Têm cloroplastos com clorofila que lhe dá a cor verde e/ou outros
pigmentos que as tornam amarelas, vermelhas ou castanhas.

• Algumas algas microscópicas são parte da constituição do plâncton.

• Libertam oxigénio para a atmosfera através do processo da fotossíntese.

• Não têm verdadeiras raízes, caules ou folhas.

Importância das algas

Por possuírem clorofila, as algas têm uma grande importância na vida


animal, já que, ocupam o primeiro escalão de muitas cadeias alimentares. As
algas autotróficas constituem a base das cadeias alimentares dos ecossistemas
aquáticos por se encontrarem na constituição do fitoplancton que alimenta a
maioria dos animais aquáticos entre eles o peixe que nos serve de alimento.
Algumas algas servem de alimento para o homem e para o gado, podem servir
de adubo, para o fabrico de tintas, vernizes, produtos farmacêuticos, gelados, o
extracto seco e branco que se utiliza para a preparação de meios de cultura de
bactérias e fungos.

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1.4.1.2. Fungos. Condições de vida. Estrutura

Os fungos são organismos frequentes nos troncos das árvores, nalguns dos
nossos alimentos ou nos solos onde exista muita vegetação e humidade.

O bolor do pão. Condições de vida. Estrutura

Já deixaste um pedaço de pão húmido exposto ao ar livre? Depois de


algum tempo, o que é que observaste? Após algum tempo notaste no pão uns
filamentos muito finos e esbranquiçados. Este bolor branco do pão aparece
também sobre as frutas, hortaliças e não só.

Se já observaste bolor do pão notaste que existem alguns filamentos. Estes


filamentos que constituem o bolor do pão chamam-se hifas. O conjunto das hifas
chama-se micélio.

As hifas são estruturas que se introduzem num substrato e absorvem as


substâncias nutritivas nele contidas.

Importância dos fungos

Os cogumelos, o bolor do pão e as leveduras são fungos que todos


conhecem. Alguns são importantes, como certos cogumelos que servem para a
alimentação do homem, ou as leveduras utilizadas na indústria de bebidas
alcoólicas, panificação e lacticínios. De alguns fungos extraem-se medicamentos
como a penicilina. Há também fungos prejudiciais, como os que provocam
doenças nas plantas, nos animais e até no próprio homem ou os que estragam os
alimentos.

Características dos fungos

• Habitam em lugares húmidos e sombrios;

• Não têm clorofila, aproveitando as substâncias orgânicas já elaboradas


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por outros organismos;

• O corpo é formado por uma rede de hifas cujo conjunto forma o micélio;

• Reprodução feita geralmente por esporos dispersos pela água, pelo


vento, pelos animais, etc.

1.4.1.3. Líquenes. Condições de vida. Estrutura

Os líquenes vivem fixos nos troncos das árvores velhas ou nas rochas.
Têm a forma de lamelas foliáceas de cores variadas ou apresentam-se muito
ramificados.

Os tipos mais conhecidos de líquenes são: a parmélia, a cetrária, a


cladónia, a lecania ou a orelha-de-pau.

Os líquenes são constituídos por dois elementos: um fungo e uma alga. O


fungo forma um emaranhado de hifas que protege as algas unicelulares.

O fungo fixa-se ao suporte por hifas mais compridas que servem para
absorver a água e os sais minerais. A alga fornece ao fungo substâncias
orgânicas que produz no processo da fotossíntese.

Estas associações permitem que os líquenes se desenvolvam sobre rochas


áridas, onde nem o fungo nem a alga poderiam separadamente viver. Por isso, os
líquenes consideram-se organismos pioneiros destes habitats.

Características dos líquenes

São organismos constituídos por uma alga e um fungo associados,


havendo benefício para ambos nessa associação; Para os líquenes se nutrirem, os
filamentos do fungo absorvem água e sais minerais e as células das algas
produzem, durante o processo da fotossíntese, substâncias orgânicas que cedem
ao fungo.
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1.4.1.4. Briófitas

Este grupo é representado por pequenas plantas como os musgos e as


hepáticas das fontes. As briófitas são plantas abundantes nas regiões tropicais e
habitam nos lugares húmidos e sombrios.

Funária. Condições de vida

A funária cresce sobre o solo, rochas e cascas das árvores. Tal como todos
os musgos, não possui verdadeiras raízes, caules ou folha, pois não tem
estruturas especializadas para o transporte de substâncias na planta. Tem uma
organização muito simples, sendo formado por um cauloide com rizoides e
filédeos (caule falso com raízes e folhas falsas).

Cauloide – é cilíndrico e curto, com rizoides na parte inferior, cuja função


é absorver água e sais minerais do solo e fixar a planta ao substrato. O caulóide
tem uma estrutura muito simples e suporta os filídeos.

Filídeos – são constituídos por uma camada de células. Estão privados de


clorofila e não têm estomas.

Rizoides – permitem a fixação no subsolo. Não são responsáveis pela


absorção de águas e sais minerais.

Reprodução da funária

A reprodução dos musgos processa-se com duas fases: a gametofítica e


espermatofítica.

Fase gametofíca – a fecundação processa no tempo húmido já que nesta


altura, os musgos são cobertos por uma película de água que une os seus órgãos
reprodutores. Assim unidos, os anterozoides nadam até a oosfera dando-se a
fecundação formando-se o ovo ou zigoto, no anterior do arquegónio.
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Fase esporofítica – quando as condições são favoráveis o ovo ou zigoto
desenvolve-se e transforma-se num esporófito situado na parte superior do caule
do musgo. Terminado o processo de crescimento notam-se as seguintes
estruturas.

Cápsula – com esporos, situados no extremo do pedúnculo. É constituída


por uma parte globosa chamada urna, fechada pelo opérculo sobre a qual se
encontra a coifa. Quando a cápsula amadurece e coifa e o opérculo, caiem
libertando esporos que germinam ao encontrar solo húmido. Os esporos
germinados produzem filamentos ramificados de cor verde sobre as quais se
encontram as gemas de onde crescem os cauloides de um novo gametófito.

Características das briófitas

- São plantas não vasculares, ou seja, sem um sistema de condução de


substâncias;

- Habitam em lugares húmidos e sombrios;

- São seres pluricelulares;

- Estruturalmente são constituídas por rizóides, caulóides e filídeos;

- Realizam a fotossíntese, graças à qual elaboram os seus alimentos e


Reproduzem-se por esporos e necessitam de meio húmido para se reproduzirem
e viver. Na funária, a cápsula contém os esporos que, levados pelo vento,
originam novas plantas.

1.4.1.5. Pteridófitas

Além das espermatófitas, existem plantas mais simples como, por


exemplo, os fetos, as avencas ou as samambaias. Estas plantas também têm raiz,
caule e folhas, mas não produzem flores.
21
O polipódio. Constituição e reprodução

Raiz – os polipódios têm raízes pequenas e rígidas que nascem na face


inferior do caule subterrâneo (rizoma). As raízes são todas adventícias e
absorvem água e sais minerais do solo passando-os ao resto da planta.

Caule – o caule é subterrâneo. Apresenta-se sob forma de um eixo


alongado designado por rizoma. Cresce alguns centímetros abaixo da superfície
do solo.

Folhas ou frondes – têm um pecíolo e possuem folíolo com clorofila. As


folhas têm estomas que se encontram em maior número na página inferior. Nesta
folha, em épocas determinadas do ano, aparecem umas dilatações que se tornam
acastanhadas chamadas soros. Os soros são formados por conjuntos de pequenos
sacos chamados esporângios onde se formam células reprodutoras chamadas
esporos. As folhas além de fazer fotossíntese e trocas gasosas, participam
também na reprodução.

Características das pteridófitas:

- São plantas verdes com raiz, caule e folhas;

- Não produzem flores nem frutos;

- Os esporos germinados originam um protalo onde se formam gâmetas


que, quando fecundados, dão um ovo que origina uma nova planta.

1.4.1.6. Espermatófitas

As Espermatófitas são plantas produtoras de sementes. Dividem-se em


Gimnospérmicas e Angiospérmicas.

Existe uma grande variedade de Espermatófitas. Em Angola há muitas

22
plantas produtoras de sementes, como o trigo, o feijoeiro, milheiro, tomateiro,
laranjeira, limoeiro, mangueira, entre outros.

O feijoeiro e o milheiro são duas espermatófitas muito importantes para a


alimentação humana. Vamos pois estuda-las com mais pormenor e ver as suas
semelhanças e diferenças.

1.4.1.7. Gimnospérmicas e Angiospérmicas

No grupo das Espermatófitas existe uma grande diversidade de plantas


com características variadas. Vimos, por exemplo, que apesar das diferenças
encontradas entre o milheiro e o feijoeiro, ambas têm um plano geral de
organização semelhante pois possuem raiz, caule, folhas, frutos e sementes.

Em ambas as plantas, os óvulos estão encerrados num ovário e as


sementes estão protegidas pelo pericarpo. Todas as plantas espermatófitas que
possuem estas características pertencem ao grupo as Angiospérmicas.

As Angiospérmicas podem ser dicotiledoneas ou monocotiledoneas,


conforme possuem dois cotilédones na semente, como no feijoeiro, ou apenas
um cotilédone na semente, como no milho.

As Espermatófitas cujos óvulos estão nus (não no interior do ovário) e


cujas sementes também não estão encerradas no pericarpo pertencem ao grupo
das Gimnospérmicas.

Gimnospérmicas

Cicas. Condições de vida. Morfologia

Em Angola, na província de Luanda, encontramos Gimnospérmicas


chamadas cicas, a Welwitshia mirabilis no Namibe e pinheiros. As cicas existem
espalhadas por todo o país, principalmente nos jardins.

23
Estrutura das Cicas – a planta é semelhante a uma palmeira, pois tem um
caule grosso, não ramificado e uma coroa de folhas grandes na parte superior.

Raiz – tem uma raiz principal e várias raízes secundárias.

Caule – não tem ramificações e pode atingir dez metros de altura. O seu
crescimento é lento.

Folhas – formam uma coroa na parte superior do caule. As folhas dispõem


em espiral e a coroa forma-se de dois em dois anos. As folhas são compridas e o
limbo divide-se em porções chamadas folículos. Os estomas encontram-se na
sua página inferior.

Cones – formações relacionadas com a reprodução. Existem cones


masculinos e cones femininos.

Os cones masculinos e os femininos encontram-se em indivíduos


diferentes; por isso estas plantas são chamadas plantas dióides. O cone
masculino desenvolve-se no centro da coroa de folhas.

Em cada cone existem escamas produtoras de polén chamadas escamas


estaminais.

Nos cones femininos existem escamas produtoras de óvulos chamadas


escamas ovulíferas.

Características das cicas

- As sementes são nuas, pois, não se encontram protegidas pelo fruto.

- A raiz e o caule são lenhosos.

- As flores são unissexuais, sem cálice nem corola.

- Não há verdadeiro ovário, ficando os óvulos descobertos.


24
- A polinização é feita pelo vento.

- O embrião tem numerosos cotilédones.

Angiospérmicas

As Angiospérmicas são plantas cuja polinização é frequentemente feita


por insectos ou, mais raramente, por aves. Têm sementes inseridas dentro do
fruto em que existem alimentos armazenados que são capazes de assegurar o
desenvolvimento do embrião durante a germinação. Estas sementes podem ter
um ou dois cotilédones, como veremos adiante com o estudo do milheiro e do
feijoeiro.

O milheiro. Condições de vida. Morfologia

O milheiro, a cana-de-açúcar, o café e outras são plantas anuais que se


cultivam em todos os climas quentes e zonas de climas temperados. No nosso
país, a cultura do milho é feita nos terrenos do Planalto Central.

A planta é constituída pela raiz, caule, folhas, flores, frutos e sementes.

Características dos órgãos que constituem o milheiro

Raiz – é fasciculada. Apresenta numerosas raízes a partir da base do caule


chamadas raízes adventícias que, dirigindo-se para o solo, fixam a planta.

Caule – é herbáceo, cilíndrico na base, apresenta nós e entrenós (espaço


entre dois nós) bem diferenciados.

Folhas – são simples, alternas, cortantes, alongadas e estreitas. As


nervuras são paralelinérvias. As folhas têm uma longa bainha que envolve quase
todo o entrenó – folhas invaginantes.

Flores – existem flores masculinas e flores femininas e, porque as flores


25
masculinas e femininas se encontram no mesmo pé, diz-se que a planta é
monóica.

As flores femininas estão dispostas num eixo grosso e cobertas por


brácteas. Os estiletes são compridos, em forma de fio. Separando as folhas que
envolvem a espiga, repararás que as folhas interiores são mais claras e
encontram-se inseridas num eixo grosso, eixo que apresenta uma infinidade de
grânulos brancos que são os ovários de onde nascem os estiletes em forma de
fio. Esta flor, por não ter pétalas, diz-se nua.

Fruto – o fruto e a semente formam um só corpo: o grão de milho. O


pericarpo adere à semente. O grão de milho, visto exteriormente, apresenta uma
depressão no fundo da qual se distingue à transparência, o embrião.

Na semente do milho, o embrião é muito pequeno, formado por radícula,


caulículo e a gémula. Esta semente tem apenas um cotilédone pequeno que
absorve alimentos do albumen para alimentar o embrião,

Reprodução do milheiro

Realiza-se dupla fecundação. O fruto é produzido pelo pericarpo


resultante da transformação do ovário.

O crescimento do embrião e a sua transformação numa pequena planta


ocorre, tal como no feijoeiro, pela divisão e crescimento das células da radícula,
do caulículo e da gémula.

A germinação termina quando a jovem planta é capaz de absorver


substâncias minerais e água que tira do solo e as suas folhas já se desenvolveram
para realizar a fotossíntese.

Características do milheiro

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- Raiz fasciculada. Por atrofia da radícula do embrião desenvolvem-se
raízes adventícias.

- O caule é herbáceo e não ramificado, com nós salientes.

- Folhas sem pecíolo, com bainha desenvolvida e limbo com numerosas


nervuras paralelinévias.

- Na planta encontramos flores masculinas e flores femininas.

- Semente com um só cotilédone.

Pelo facto de o milheiro ser uma espermatófita cuja semente só tem um


cotilédone, pertence ao grupo das Monocotiledóneas.

O feijoeiro. Condições de vida. Morfologia

O feijoeiro é uma planta anual, da família das leguminosas. É típica das


regiões tropicais e subtropicais. É constituído pela raiz, caule, folhas, flores,
frutos e sementes.

Raiz – é subterrânea, constituída por uma parte mais desenvolvida (a raiz


principal), com ramificações laterais (raízes secundárias) que também se
ramificam.

A função da raiz é fixar a planta ao solo e absorver a água e os sais


minerais indispensáveis à realização de todas as funções vitais da planta.

A água é absorvida pelo pelos radiculares, formações muito pequenas que


existem em determinada zona da raiz e que se introduzem entre as partículas do
solo. A água chega até à raiz principal que a condução até ao caule e folhas.

A raiz divide-se em três zonas diferentes: a zona de ramificação, a zona


pilosa e a zona de alongamento; existem ainda o colo e a coifa.

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Zona de ramificação – é a zona onde têm origem as raízes secundárias.

Zona pilosa – é a zona constituída por numerosos «pêlos» que facilitam a


absorção da água e sais minerais.

Zona de crescimento – é a região onde se processa o crescimento da raiz


da planta.

Colo – é a zona que separa a raiz do caule.

Coifa – zona terminal da raiz que protege a região de crescimento.

Caule – é constituído por um eixo principal, cilíndrico e ramificado. O


caule suporta as folhas e os frutos e tem a função de conduzir substâncias da raiz
até as folhas e vice-versa.

Folhas – são verdades e dispostas alternadamente no caule. A zona do


caule onde se ligam as folhas chama-se nó. No feijoeiro, em cada nó existe uma
só folha. As folhas têm uns cordões mais claros, as nervuras. Existe uma nervura
principal, mais grossa, de onde partem lateralmente outras mais delgadas, que se
ramificam formando uma densa rede. Na página inferior da folha encontram-se
os estomas, que têm a função de permitir a entrada e saída de gases e de vapor
de água.

As folhas contêm pigmentos chamados clorofilas que lhe conferem a cor


verde. Nelas ocorre uma função muito importante chamada fotossíntese,
responsável pela produção dos alimentos da planta e do oxigénio.

A folha do feijoeiro é constituída por pecíolo, limbo, uma página inferior


e uma página superior.

Flores – são completas, dispostas em cachos. As flores do feijoeiro são


hermafroditas, isto é, possuem órgãos reprodutores masculinos (estames) e
28
órgãos reprodutores femininos (carpelos).

A flor é suportada pelo pedúnculo e o receptáculo.

O gineceu é constituído pelos carpelos que incluem o estigma, o estilete e


o ovário (que encerra os óvulos – gametas femininos).

O androceu é formado pelos estames, que estão divididos em filete e


antera (onde são produzidos os grãos de pólen – gametas masculinos).

Os órgãos reprodutores estão protegidos por várias peças florais, cujo


conjunto toma o nome de perianto e que se subdivide em cálice, formado pelas
sépalas e corola, constituída por pétalas.

Reprodução e crescimento do feijoeiro

A reprodução é de grande importância, pois é graças a ela que se forma o


fruto que contém as sementes e cada semente pode originar um novo feijoeiro.

Quando o polén está maduro sai das anteras e pode ser levado até ao
estigma, onde fica agarrado a uma substância pegajosa, absorvendo então o
líquido açucarado que ali se encontra. Germina, produzindo um prolongamento
– o tubo polínico. Este passa através do estilete e chega ao ovário. Na
extremidade do tubo observam-se dois pequenos núcleos chamados núcleos
espermáticos. O tubo polínico protege os núcleos espermáticos e conduza-los
aos óvulos.

No interior dos ovários existem óvulos: gameta feminino e uma célula


secundária (mesocisto).

Quando o tubo polínico chega ao ovário penetra numa abertura do óvulo e


lança nele núcleos espermáticos. Um desses núcleos une-se com a oosfera e
outro núcleo espermático une-se com o mesocisto e formam uma célula única, o

29
ovo. Este processo tem o nome de fecundação, havendo neste caso a dupla
fecundação: a da oosfera e a do mesocisto.

O ovo resultante da oosfera começa a dividir-se e vai originar um pequeno


embrião que é uma planta em miniatura que faz parte da semente.

A célula secundária depois de fecundada também se divide e as células


resultantes continuam a dividir-se. Estas células contêm substâncias nutritivas
necessárias para alimentar o desenvolvimento do embrião.

Os tegumentos das sementes formam-se a partir das camadas de células


que formam a cobertura do óvulo.

As paredes do ovário também sofrem modificações quando se produze a


fecundação. Ao modificar-se formam uma zona do fruto que envolve as
sementes e que se chama pericarpo.

Nas primeiras etapas, o embrião alimenta-se das reservas dos cotilédones.


Depois de formadas as sementes, elas perdem água e ficam como que
adormecidas, dizendo-se que estão no estado de vida latente. As sementes
podem ficar no estado de vida latente, dias, semanas, meses ou mesmo anos.

Em determinadas condições podem reactivar-se a iniciar o


desenvolvimento. Quando isso acontecer dá-se a germinação da semente.

Tipos de raízes, caules e folhas

Tipos de raízes.

As raízes ser aprumadas, fasciculadas e tuberculosas.

Raiz aprumada – apresenta uma raiz principal e outras secundárias.

Raiz fasciculada – não se distingue uma raiz principal; as raízes

30
apresentam-se sensivelmente iguais entre si. Exemplo: a raiz do milheiro.

Raiz tuberculosa – grossa e carnuda. Estas raízes podem ser: tuberculosas


aprumadas – como a da cenoura; tuberculosas fasciculadas – como a da
beterraba.

As raízes podem ainda ser aquáticas ou aéreas.

Tipos de caules

O caule é um órgão das plantas que cresce quase sempre na vertical. É


constituído por colo, nó, entrenó, gema axial, axila e gema terminal.

Colo – é a zona que separa o caule da raiz;

Nós – dilatações que se apresentam de espaço a espaço, no caule;

Entrenó – é o espaço que vai de um nó ao outro;

Axila – é a região que liga a folha ao caule;

Gemas axiais – ao desenvolver-se originam ramos que também suportam


folhas;

Gema terminal – dá continuidade ao crescimento do caule.

Os caules podem ser aéreos ou subterrâneos.

Caules Aéreos – podem ser erectos e atingir grande altura (na razão dos
100 m de altura) ou baixos (atingindo apenas poucos centímetros). Os caules
aéreos podem ser trepadores como o da ervilheira, erectos como o da roseira ou
rastejantes como o do morangueiro.

Caules Subterrâneos

Tubérculos – são caules subterrâneos com forma arredondada e carnudos,


31
contendo apreciáveis quantidades de substâncias de reserva. Temos como
exemplo a batata, que o homem utiliza para a sua alimentação. Das gemas da
batata nascem os caules aéreos.

Bolbos – são caules subterrâneos curtos envolvidos por folhas


modificadas e carnudas chamadas escamas e que possuem substâncias de
reserva. Temos como exemplo desse tipo de caule a cebola.

Rizomas – são caules subterrâneos, alongados horizontalmente, cobertos


de escamas e contendo substâncias de reserva. Temos como exemplo, o caule do
lírio.

Tipos de folhas

A folha é um órgão constituído por diferentes partes, como a bainha, o


pecíolo e o limbo.

Bainha é a zona que envolve o caule.

Pecíolo – é a estrutura que suporta o limbo.

Limpo – é constituído pelas nervuras, pela margem da folha e pelas


páginas superior e inferior.

As folhas classificam-se quanto à nervação, recorte, divisão e forma do


limbo. Quanto à nervação do limbo, as nervuras podem estar distribuídas de
diferentes formas. Assim as folhas classificam-se em uninérvias, paralelinérvias,
palminérvias e perninérvias.

Quanto à divisão do limbo, as folhas podem ser simples, compostas e


recompostas.

Quanto ao recorte da margem do limbo, as folhas podem ser inteiras,


serradas, dentadas, crenadas, fendidas, partidas e lobadas.
32
Quanto aos tipos (forma) do limbo, as folhas classificam-se em
arredondada, elíptica, lanceolada, ovada, cordiforme, sagitada, ensiforme e
acicular.

Importância dos vegetais

As plantas têm importância porque, para além de produzirem oxigénio,


servem de alimento a muitos seres vivos.

O homem alimenta-se de muitos vegetais comestíveis como a couve, o


repolho, a gimboa, a salsa, as folhas de feijoeiro, a abóbora, entre outros.
Utilizam-se os vegetais para se extraírem deles substâncias para o fabrico de
medicamentos. As plantas medicinais utilizam-se directamente em chás e em
infusões para massagens. Algumas plantas produzem madeira, utilizada nas
construções e no fabrico de mobiliário.

O Homem preocupa-se em estudar as plantas para saber de que forma


deve conservar a flora para proteger a Natureza, quais as plantas benéficas e
quais as prejudiciais.

1.5. Grande diversidade de animais

1.5.1. Classificação dos animais e chave dicotómica do reino animal

- Como reconheces um animal?

- Por que é que um leão e um peixe não são iguais?

Já aprendeste como se classificam os seres visos e já estudaste os vegetais,


classificando-os conforme as suas características específicas. Vias fazer o
mesmo com os animais. Na actual classificação incluíram-se os protozoários no
reino animal em vez de formarem outro reino à parte.

Reino Filo Classe


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Protozoários
Anachordata Espongiários
Celenterados
Platelmintas
Nematelmintas
Anelídeos
Animal Moluscos
Artrópodes
Equinodermes.
Peixes
Chordata Anfíbios
Répteis
Aves
Mamíferos

Vamos classificar um animal vertebrado: o gato doméstico (Felis catus).

Reino Filo Sub-filo Classe Ordem Espécie


Animal Chordata Vertebrata Mammalia Carnívora Felis catus
Felis – Género; catus – restritivo específico

O gato é um animal cordado porque tem um órgão chamado corda dorsal


nas primeiras fases do seu desenvolvimento. É um vertebrado (vertebrata)
porque quando adulto tem coluna vertebral. Inclui-se nos mamíferos
(Mammalia), porque alimenta-se de leite nos primeiros dias de vida, tem corpo
com pelos, hematose pulmonar e é carnívoro porque alimenta-se de carne de
outro animais (rato, barata, etc.).

Para estudar os animais há que ter em conta o número de células que


compõem o seu corpo, classificando-os assim em unicelulares quando
apresentam uma única célula que realiza todas as funções (nutrição, respiração,
circulação, locomoção, reprodução, circulação, locomoção, reprodução…) e
pluricelulares quando apresentam grupos de células especializadas na
realização das funções vitais do organismo.

34
Estes animais pluricelulares podem ser designados por Metazoários e os
unicelulares, Protozoários.

1.5.1.1. Protozoários

Os protozoários são organismos microscópicos e unicelulares. A sua


organização é idêntica à de uma célula, apresentando uma membrana
citoplasmática, citoplasma e um ou mais núcleo. Os Protozoários são
organismos microscópicos e por norma parasitas. Apresentam estruturas
adaptadas à locomoção. Estas estruturas determinam a classificação deste grupo
de organismo em: Flagelados (flagelos – tripanossoma), saldíneos (psedópodes –
ameba), ciliados (cílios – paramécia) e esporozoários (sem pseudópodes, cílios
ou flagelos - plasmódio).

Habitat – podem ser de vida livre. A ameba e a paramécia, por exemplo,


vivem na água doce e outros protozoários são parasitas, é o caso do
tripanossoma, o plasmódio, a giárdia e a ameba (Entamoeda histolytica).

Locomoção – podem apresentar ou não estruturas locomotoras, o que vai


determinar a classificação dos protozoários.

Os Protozoários podem deslocar-se por meio de:

- Pseudópodes – a ameba que pertence ao grupo dos sarcodíneos;

- Flagelos – a tripanossoma que faz parte do grupo dos flagelados;

- Cílios – a paramécia que pertence ao grupo dos ciliados;

- Esporozoários – são protozoários desprovidos de pseudópodes, de


flagelos e de cílios. O exemplo para este grupo é o plasmódio.

Nutrição – os ciliados e alguns sarcodíneos alimentam-se de partículas


orgânicas que encontram no meio.
35
O Tripanossoma, o Plasmódio, a Giárdia e a Entamoeba histolytica, são
parasitas do homem. Estes parasitas podem matar o seu hospedeiro.

A malária, mais conhecida por paludismo, é uma doença transmitida ao


Homem através da picada da fêmea do mosquito anófeles infectado. Esta doença
mata muita gente no mundo e em Angola especificamente.

Importância do estudo dos protozoários

É importante o estudo destes microorganismos porque na sua maioria


provocam doenças muito graves, como por exemplo, as amebiases – diarreias de
sangue – causadas pela Ameba histolistica, a doença do sono, provocada pelo
tripanossoma, o paludismo ou malária que é causada pelo plasmódio da fêmea
do mosquito do tipo Anopheles. Esta doença mata muita gente no mundo inteiro,
principalmente em Angola.

Os animais que não apresentam coluna vertebral chamam-se


invertebrados e os que apresentam denominam-se vertebrados.

Os invertebrados constituem um grupo de animais formado por


metazoários sem coluna vertebral. Classificam-se em:

- Espongiários – incluem as esponjas.

- Celenterados – onde encontramos a água-viva, as hidras e os corais.

- Platelmintas – de que são exemplos a ténia e a planária.

- Nematelmintas – que incluem as lobrigas.

- Anelídeos – que incluem a minhoca.

- Moluscos – um grande grupo, de que são exemplos o caramujo, a lesma,


o polvo, a lula, a ostra.
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- Equinodermes – onde encontramos o ouriço-do-mar e a estrela-do-mar.

Artrópodes – neste gigantesco grupo incluem-se o camarão, a mosca, a


abelha, a lagosta.

Os vertebrados dividem-se em vários grupos:

Peixes: em encontramos peixes sem mandíbulas, peixes come esqueleto


cartilaginoso (como os tubarões e as raias) e peixes ósseos (como o carapau, o
bagre, o cacusso, entre outros).

Anfíbios: que incluem o sapo, a rã, a cobra-cega, a salamandra.

Répteis: que incluem a tartaruga, o jacaré, a cobra, o lagarto.

Aves: das quais são exemplos a galinha, o perú, o pato, o papagaio, a


pomba.

Mamíferos: um grupo que inclui o Homem, o boi, a girafa, o elefante, o


rato, a baleia, o golfinho.

1.5.1.2. Os invertebrados

Os invertebrados são animais sem esqueleto ósseo ou cartilaginoso. Este


grupo é constituído por muitos grupos de animais. Alguns destes são benéficos e
outros são nocivos. São benéficos alguns moluscos, crustáceos, insectos (abelhas
e bicho-da-seda), anelídeos (a minhoca), entre outros. São nocivos: formigas,
gafanhotos, percevejos, mosquitos, moscas, pulgas, etc.

Espongiários

São animais com o corpo cheio de poros, representados pelas esponjas,


que são dos animais mais simples pois não apresentam órgãos ou sistemas de
órgãos para realização das funções vitais, que são realizadas por grupos de
37
células.

No que respeita ao habitat, as esponjas vivem presas às rochas e conchas


que se encontram na água. São animais marinhos.

Quanto à nutrição os alimentos e o oxigénio penetram no corpo da


esponja com a água, através dos poros, e saem pelo ósculo, que a principal
abertura da esponja.

Celenterados

Os representantes mais conhecidos deste grupo são as medulas, as


caravelas-do-mar, as anémonas-do-mar, os corais e as hidras. São invertebrados
com formas do corpo muito variadas, que podem lembrar um guarda-chuva
(medusas), flores desabrochadas (anémonas-do-mar) ou ser cilíndricos (hidra).

Quanto à locomoção, alguns celenterados deslocam-se com ajuda dos seus


tentáculos e, outros vivem fixos ao substrato. A medusa, a caravela-do-mar, a
anémona-do-mar e os corais, vivem no mar, enquanto que o habitat da hidra é a
água doce. No que respeita à nutrição, estes seres alimentam-se de pequenos
animais que prendem com os tentáculos e levam à boca.

Platelmintas

Os Platelmintas são vermes com o corpo achatado. São representantes


deste grupo: a planaria, a ténia solium, a ténia saginata e o esquistossomo.

Alguns representantes deste grupo têm o corpo segmentado. É o caso das


ténias, que têm o corpo dividido em cabeça (escólex), pescoço e corpo. O corpo
é formado por um grande número de anéis que quando maduros se desligam do
corpo.

Quanto ao habitat, a planaria é um verme de vida livre, vive no fundo dos

38
lagos e riachos sob pedras, nas folhas e galhos. A ténia e o esquistossomo são
parasitas que vivem no intestino do homem. A planaria alimenta-se de pequenos
animais que vivem em seu meio. A ténia solium e a ténia saginata alimentam-se
a partir dos nutrientes que passam pelo intestino da pessoa que parasitam.

Nematelmintas

Os nematelmintas são vermes com o corpo cilíndricos e afilado nas duas


extremidades. O seu corpo não está dividido em anéis (segmentos).

No que respeita ao habitat os nematelmintas podem ter vida livre ou ser


parasitas de animais, vegetais e até do homem. Os vermes parasitas do homem
como a lombriga e os ancilóstomos, vivem no tubo digestivo do hospedeiro (o
homem). Os nematelmintas alimentam-se de partículas de substâncias nutritivas
que encontram no seu habitat.

Nota: os vermes parasitas do Homem como a lobriga e o ancilóstomo


podem entrar no hospedeiro através da boca, quando este come frutas, verduras
ou outros alimentos contaminados ou água, também contaminada pelas fezes de
indivíduos infectados que defequem ao relento. Estes vermos atacam mais as
crianças porque elas não têm os cuidados devidos. Elas brincam no chão, podem
comer fruta sem ser lavada ou beber água contaminada sem ser tratada.

Um elevado número de lombrigas ou ancilóstomos no organismo provoca


sérios transtornos. Deves ter certos cuidados para não seres contaminado. Para
tal:

- Utiliza uma latrina ou casa de banho para defecares.

- Lava as mãos com água e sabão depois de utilizares a casa de banho e


antes de prepares alimentos.

- Lava as frutas e verduras com água limpa antes de as comeres.


39
- mantém as unhas sempre cortadas e limpas.

Anelídeos

Os anelídeos são invertebrados com o corpo segmentados, isto é, dividido


em anéis. Temos como exemplos desta classe a minhoca e a sanguessuga.

O corpo da minhoca está estruturalmente dividido em anéis (segmentos).


Em cada anel encontram-se quatro pares de sedas quitinosas, que servem para a
locomoção ou para se fixar às paredes das galerias que cava. A minhoca é
extremamente constituída por uma boca, clitelo e ânus.

Quanto ao habitat, os anelídeos podem ser terrestres como as minhocas


que vivem em terras húmidas onde cavam buracos (galerias). Outros, como as
sanguessugas, tanto podem viver na terra húmida como na água.

O corpo é revestido por uma fina membrana que se deve manter sempre
húmida. A respiração é cutânea, ou seja, feita através da pele que deve estar
sempre húmida. Estes animais alimentam-se de restos de vegetais, areia ou
sangue do hospedeiro, no caso da sanguessuga.

A minhoca é hermarfrodita, o que significa que cada animal tem os dois


sexos, o masculino e o feminino, apesar de precisar de um parceiro para
fecundar os seus ovos.

Moluscos

Os moluscos são invertebrados de corpo mole e viscoso sem segmentos.


Um molusco típico tem o corpo dividido em cabeça, massa visceral, manto e pé.

A respiração pode ser pulmonar, como a respiração do caracol ou ser


branquial como a da lula.

40
Quanto à locomoção, o caracol desloca-se apoiado num pé musculoso e a
lula, o polvo e o choco deslocam-se sobretudo graças ao movimento dos
tentáculos.

No que respeita ao habitat alguns moluscos, como o caracol, são terrestre


e outros, como a lula, o choco, o polvo ou as ostras são marinhos.

Na maioria, os moluscos servem de alimento para o homem. Podemos


sintetizar as características dos moluscos da seguinte forma: o corpo (massa
visceral) está dentro de um manto que segrega uma concha; o pé é musculoso e
surge modificado conforme e os grupos; o tubo digestivo é completo; as trocas
gasosas processam-se pelas brânquias, pelo «pulmão» (em espécies terrestres
como o caracol), pelo manto ou pela epiderme; a reprodução é sexuada e os
sexos podem estar separados como no polvo ou não como no caracol, que é
harmafrodita.

Artrópodes

Este grupo inclui o maior número de animais no mundo dos seres vivos,
pois, estima-se que cerca de 75% dos animais sejam artrópodes.

A este grupo deu-se o nome de artrópodes porque os seus membros


possuem patas formadas por peças móveis articuladas.

Os artrópodes dividem-se em: Insectos, Crustáceos, Aracnídeos e


Miriápodes. A classe com maior número de representantes é a dos insectos.

Quanto ao revestimento do corpo, os artrópodes têm um exoesqueleto


quitinoso, que tem a função de proteger as estruturas internas. Este
exoesqueleto, por ser duro, não permite o crescimento normal do animal. Por
esta razão, periodicamente o animal despe-se do antigo exoesqueleto e adquire
um novo que o vai proteger durante um determinado tempo. Quando o animal

41
crescer mais um pouco, despe-se de novo desse exoesqueleto, adquire outro e
assim sucessivamente até atingir o tamanho definitivo. A este processo dá-se o
nome de muda.

O corpo pode dividir-se em cabeça e tronco, como nos miriápodes;


cabeça, tronco e abdómen – nos insectos; e em cefalotórax e abdómen – nos
aracnídeos e crustáceos.

Para a locomoção, estes animais deslocam-se apoiados em patas que


existem em número par, pois podem ter dois, três, quatro, cinco ou muito mais
pares de patas articuladas e móveis. Alguns artrópodes da classe dos insectos
voam; são exemplos o gafanhoto, a abelha, o mosquito ou a mosca.

Quanto à respiração, os artrópodes terrestres apresentam traqueias como


órgãos respiratórios (insectos, aracnídeos e miriápodes) enquanto os crustáceos,
têm respiração branquial.

No que respeita à reprodução, os artrópodes são animais ovíparos. Têm os


sexos separados e a fecundação é feita dentro do organismo da fêmea.

Quanto ao habitat, os artrópodes dominam todos os ecossistemas, quer


aquáticos ou terrestres.

Os ecossistemas terrestres são habitados pelos insectos (os mais


numerosos dos artrópodes), aracnídeos e miriápodes. Nos ecossistemas
aquáticos temos os crustáceos. Alguns crustáceos são de água doce e outros de
água salgada.

Nota: dissemos que os insectos são os animais do grupo dos artrópodes


que se apresentam em maior número, incluindo vários grupos. Nota que as
formigas, baratas, moscas, mosquitos, piolhos, percevejos, cigarras, borboletas e
tantos outros são insectos.

42
Já te deparaste alguma vez com um formigueiro? Conseguiste contar
quantas formigas havia nele? E numa colmeia, podes imaginar quantas abelhas
há? A partir daqui verás que para além de ter o maior número de grupos, cada
grupo está representado por um número muito elevado de animais da mesma
espécie.

Equinodermes

Os equinodermes constituem o grupo mais evoluído dos invertebrados. Os


seus representantes mais conhecido são a estrela-do-mar, o ouriço-do-mar e os
pepinos-do-mar. todos os equinodermes vivem no mar.

Todos os equinodermes vivem no mar. Não se conhece nenhum


equinoderme cujo seu habitat seja de água doce ou terrestre.

O corpo dos equinodermes está revestido por uma carapaça de origem


calcária. Têm vários braços ou espinhos que saem pelas zonas ambulacrárias.

Os ouriços-do-mar e estrelas-do-mar, deslocam-se graças ao aparelho


ambulatório que é constituído por:

- Placa madrepórica – região por onde penetra a água;

- Canal da areia – região por onde passa a água;

- Canal anelar – liga os cinco canais ambulacrários radiais;

- Pés ambulacrários – existem umas aberturas por onde saem os pés


ambulacrários que estão em comunicação com os canais ambulacrários.

Quanto a nutrição, o ouriço-do-mar alimenta-se principalmente de


mariscos e ostras, a estrela-do-mar também se alimenta de bivalves.

1.5.1.3. Os vertebrados
43
Os vertebrados são animais que apresentam coluna vertebral. Têm uma
forma definida e são constituídos por vários órgãos, cada um exercendo
determinada função. O conjunto de órgãos vai formar um sistema de órgãos. Por
exemplo: o sistema digestivo é formado por boca, faringe, esófago, estômago,
intestino e ânus.

Nos vertebrados o sistema tegumentar está representado pela pele, que é


composta por: epiderme – a camada superficial da pele e derme – a camada que
fica abaixo da epiderme.

A pele tem a função de proteger os músculos, os ossos e os órgãos


internos nos vertebrados em geral. Nos anfíbios é também um órgão respiratório.
A pele dos mamíferos está coberta de pêlos, a das aves por penas, a dos peixes e
répteis por escama. Estas estruturas são consideradas anexos da pele e adaptam-
se ao meio em que o ser vive.

Os anexos da pele têm a função de proteger o ser vivo das oscilações de


temperatura no seu habitat.

Quanto ao sistema muscular os vertebrados possuem células


especializadas com fibras musculares, que se organizam em músculos. Estes, por
sua vez, formam o sistema muscular encarregado da movimentação, em
conjunto com o sistema ósseo.

O sistema ósseo ou esquelético dá forma e suporte ao corpo. Também


protege alguns órgãos internos como, por exemplo, o encéfalo. Este sistema
encontra-se em todos os animais vertebrados excepto nos peixes cartilaginosos,
como o tubarão e a raia.

O sistema digestivo é responsável pela incorporação dos alimentos no


organismo de todos os seres vivos. Os alimentos que entram no organismo
através da boca seguem o trajecto: faringe – esófago – estômago – intestino –
44
ânus. A digestão começa na boca com a trituração e ensalivação dos alimentos,
que são depois absorvidos pelo organismo a partir dos intestinos. As substâncias
que não podem ser aproveitadas pelo organismo saem pelo ânus em forma de
fezes.

O sistema respiratório é responsável pelas trocas gasosas entre o ambiente


(ar ou água) e o sangue. Este sistema não é igual em todos os vertebrados. Nos
mamíferos, aves e répteis a respiração é pulmonar pois sã animais terrestres e
podem retirar o oxigénio do ar atmosférico. Os pulmões são os principais órgãos
respiratórios nestes animais. Os anfíbios são os únicos animais que apresentam
três tipos de respiração ao longo da sua existência: respiração branquial na fase
larval (girinos), respiração pulmonar e respiração cutânea (através da pele) na
fase adulta. Estes tipos de respiração nos anfíbios só são possíveis porque eles
tanto podem viver na água como em terra.

Em todos os vertebrados, o sistema circulatório é formado por um coração


com duas, três ou quatro cavidades e por um conjunto de vasos (artérias, veias e
capilares). O sangue é bombeado pelo coração e dirige-se aos centros
respiratórios (pulmões ou brânquias) onde é oxigenado. Uma vez oxigenado, ele
volta ao coração (excepto nos peixes) e daí é bombeado para todas as partes do
corpo.

O sistema reprodutor é responsável pela perpetuação das espécies.

Nos vertebrados, os órgãos do sistema reprodutor são denominados


gónadas. As gónadas masculinas são os testículos, que produzem os
espermatozóides, e as gónadas femininas são os ovários que produzem os
óvulos. Os espermatozóides e os óvulos são células sexuais ou gâmetas.

A união do espermatozóide com o óvulo, dentro da fêmea ou fora dela, e


no meio aquático denominam-se fecundação e é o início de uma nova vida.

45
Peixes cartilaginosos e ósseos

Os peixes são animais que nascem e vivem na água todo o seu tempo de
vida. Os peixes deslocam-se nadando. Num peixe ósseo «típico», o sistema de
natação é formado por dois grupos de barbatanas pares (um par de barbatanas
peitorais e um par de barbatanas ventrais) e por três barbatanas ímpares (uma
dorsal, uma anal e uma caudal).

O corpo dos peixes está revestido e protegido por escamas que, em parte,
estão sobrepostas umas às outras em fileiras regulares como telhas de um
telhado. Existem peixes cujo corpo não está coberto de escamas; é o caso da
enguia e do bagre. A sua pele tem glândulas que segregam um muco que deixa o
corpo do animal escorregadio.

Os peixes só respiram por brânquias, por isso, a sua respiração é


branquial.

O sistema circulatório é constituído por um coração com apenas duas


cavidades: uma aurícula e um ventrículo.

O esqueleto dos peixes pode ser ósseo, como no carapau, cartilaginoso,


como no tubarão e na areia. Por isso, podem ser ósseos ou cartilaginosos, em
função do esqueleto.

Quanto a nutrição, os peixes têm um sistema digestivo completo, com


boca e ânus. Alimentam-se de plantas e larvas aquáticas e, em alguns casos, de
peixes ou outros animais mais pequenos.

No que respeita à reprodução os peixes são geralmente ovíparos. A


fecundação é externa.

Os anfíbios

46
Os anfíbios são animais que começam a vida na água e depois passam
para a terra, com excepção da rã que vive sempre na água ou próxima dela.

Quanto ao revestimento do corpo apresentam pele lisa com numerosas


glândulas mucosas que a deixam sempre húmida para facilitar a respiração
cutânea.

Estes animais têm três tipos de respiração durante a sua vida: branquial –
as trocas gasosas são feitas nas brânquias, no estado larval; pulmonar – a troca
gasosa é feita nos pulmões na fase adulta; cutânea – parte das trocas gasosas são
feitas através da pele também na fase adulta.

No que respeita ao sistema circulatório, o coração tem três cavidades:


duas aurículas e um ventrículo.

O sistema digestivo termina na cloaca. Os anfíbios alimentam-se de


vegetais, lavras e insectos no estado adulto.

Para se locomover a maior parte dos anfíbios tem quatro pares de patas:
duas posteriores, que nas rãs e sapos, estão adaptadas ao salto.

Os anfíbios são ovíparos. A fecundação dos ovos dá-se na água, por isso,
diz-se que é externa.

A rã é um anfíbio que sofre transformações profundas ao longo do seu


ciclo de vida. Os ovos são postos na água. Depois de algum tempo deles saem
girinos (também chamados «peixes-cabeçudos») com cauda e sem patas. Nestes,
a respiração é branquial. A esta série de transformações que a rã sofre até chegar
ao estado adulto damos o nome de metamorfoses.

O corpo dos anfíbios está dividido em cabeça, tronco e membros e o seu


esqueleto é ósseo.

47
Répteis

Os répteis foram os primeiros vertebrados adaptados à vida terrestre.


Deslocam-se rastejando (reptando), o que originou o nome do grupo.

O corpo dos répteis está revestido de pele seca com escamas epidérmicas,
como a cobra, ou com peças ósseas, como crocodilos. Não têm glândulas. A sua
pele sofre mudas para permitir o crescimento.

São animais que vivem em habitats aquáticos ou terrestres.

A respiração é pulmonar durante toda a vida. Quanto ao sistema


circulatório, o coração dos répteis tem três a quatro cavidades. A tartaruga tem
um coração com três cavidades: duas aurículas e um ventrículo, enquanto que o
crocodilo tem um coração com quatro cavidades: duas aurículas e dois
ventrículos. São designados animais de «sangue frio».

O esqueleto dos répteis é ósseo e as costelas são livres na parte ventral


devido ao facto de não terem esterno. No que respeita à nutrição, os répteis
podem ser herbívoros como as tartaruga ou carnívoros como o teiú, que é um
lagarto que se alimenta de insectos.

Quanto à reprodução, os répteis podem ser ovíparos ou ovovíparos. A


tartaruga é um ovíparo que chega a pôr mais de cem ovos na areia e que são
chocados pelo calor do sol. Nos ovovíparos, como algumas cobras, os ovos
ficam dentro do corpo da mãe até os filhos se desenvolverem e saírem para o
exterior.

Os répteis que, como a cobra, não têm pernas para se locomoverem


fazem-no rastejando.

Atenção! Lembra-te que a mordedura de uma cobra é muito perigosa,

48
porque a inoculação do seu veneno afecta principalmente os centros nervosos e
o local da picada. Portanto, se alguém for picado por uma cobra deve:

1. Chamar um médico com urgência ou transportar a vítima a um posto


de saúde para receber a injecção de soro antiofídico.
2. Se o posto de saúde for muito distante tem em conta as seguintes
instruções:

- Não deixes a vítima correr. O repouso torna as circulação do sangue


mais lenta;

- Fura com uma agulha desifectada (fervida ou queimada na ponta e limpa


com algodão e álcool) em volta da picada e perto dela. Isso permitirá que maior
quantidade de veneno seja retirada para o exterior.

- suga o sangue no local se não tiveres feridas na boca nem dentes


cariados. Faz pressão com as mãos para melhor sugar o sangue.

A picada deve ser furada com a agulha e não cortada para se evitar a
gangrena. Não percas tempo com medicamentos caseiros.

Aves

As aves são vertebrados cujo corpo está revestido de penas, que têm a
função de proteger o animal do frio. Na pele, as aves têm uma glândula, a
uropigial, que fica na cauda e que produz uma substância gordurosa que serve
para lubrificar as penas, tornando-as impermeáveis.

Quanto à locomoção, as aves são animais bípedes. Têm os membros


anteriores modificados em asas que lhes permitem voar. No entanto, nem todas
as aves têm a capacidade de voar, apesar de todas terem asas. É o caso da
avestruz e da ema, que são boas corredoras e do pinguim, que é uma ave
nadadora. No que respeita ao esqueleto, muitos ossos nas aves são ocos e cheios
49
de ar (ossos pneumáticos). São, por isso, ossos leves que dão ao animal maior
possibilidade de voar. O esterno é achatado nas aves corredoras como a avestruz,
ou saliente, em forma de quilha e adaptado ao voo nas aves voadoras.

Quanto à alimentação, as aves possuem dentes, pelo que os alimentos são


engolidos inteiros. Passam para o esófago e vão para o papo são amolecidos. Do
papo seguem para o proventrículo e depois para a moeda onde são triturados
com ajuda dos grãos de areia aí contidos. Após a trituração, os alimentos seguem
para o intestino onde são absorvidos. Os restos não absorvidos saem para o
exterior através da cloaca. É também pela cloaca que saem a urina, as fezes e os
ovos.

As aves podem ser granívoras como é o caso da galinha e carnívoras


como a águia ou o abutre. O papo das aves granívoras é mais evoluído que o das
aves carnívoras. As aves têm o fígado e o pâncreas como órgãos anexos do
aparelho digestivo.

A respiração das aves é pulmonar. O coração das aves está dividido em


quatro cavidades como o dos mamíferos: duas aurículas e dois ventrículos. O
sangue venoso não se mistura com o sangue arterial.

No que toca à reprodução, as aves são ovíparas. Dos ovos, depois do


choco (incubação) nascem os filhotes. São necessários vinte e um dias de
incubação para dos ovos da galinha saírem pintainhos. Os ovos só dão origem a
pintainhos se forem fecundados antes da formação da casca.

Mamíferos

O grupo dos mamíferos é formado por animais que se alimentam de leite


nos primeiros tempos de sua vida. Este grupo distingue-se de todos os outros,
porque são alimentados pelo leite produzido pelas glândulas mamárias da mãe.

50
A pele reveste todo o corpo de um mamífero. Esta tem como órgãos
anexos os pêlos, que têm a função de proteger o animal contra o frio. A
quantidade dos pêlos varia de região para região. Em regiões mais frias a pele é
mais grossa e os pêlos apresentam-se em quantidades maiores. A respiração é
pulmonar. O sistema respiratório dos mamíferos é formado pelos pulmões e
pelas vias respiratória (fossas nasais, boca, faringe, laringe, traqueia, brônquios e
pulmões). Eles respiram o ar atmosférico que contém oxigénio. É nos pulmões
onde se realiza a transformação do sangue venoso, rico em dióxido de carbono
para sangue arterial, rico em oxigénio.

O sistema circulatório é constituído por um coração com quatro


cavidades: duas aurículas e dois ventrículos.

O morcego é o único mamífero voador. A baleia e o golfinho são


mamíferos nadadores.

No que respeita à produção os mamíferos são vivíparos quando os óvulos


fecundados originam embriões que se desenvolvem dentro do corpo da fêmea e
os filhos nascem já com a forma semelhante à adulta. Não sofrem metamorfoses.
Exemplo: a reprodução no homem. Existem ainda mamíferos ovíparos que se
reproduzem por meio de ovos. Exemplos: a equidna e o ortorrino. Quanto à
alimentação, os mamíferos podem ser herbívoros (quando se alimentam de
plantas); é o caso do boi, da cabra, do coelho, da palanca. São carnívoros quando
se alimentam da cerne de outros animais – é o que acontece com o leão, a hiena,
a raposa ou o cão. São omnívoros quando se alimentam de tudo o que pode
nutrir o organismo – é o caso do homem e do porco.

Os sistemas digestivos dos mamíferos evoluíram de acordo com os seus


hábitos alimentares.

1.6. Representantes típicos da fauna angolana

51
A fauna é um conjunto de animais característicos de uma região ou de um
país.

A fauna angolana é rica, apesar de ter sido muito reduzida. Nas águas
costeiras de Angola, encontram-se as tainhas e os golfinhos que entram nos
portos e na foz dos rios perseguindo cardumes de que se alimentam. Os mares
angolanos são ricos em tubarão carnuda, polvo, albacora, gaiado, crustáceos,
ostras e mexilhões entre outros.

Na savana e floresta tropical vivem grandes mamíferos como os elefantes,


girafas, zebras, rinocerontes e hipopótamos.

Outros mamíferos que se destacam na fauna angolana são a pacaça, o


búfalo preto, o guelengue do deserto, a palanca negra gigante, o longo, a cabra-
de-leque e a cabra-do-mato.

Na floresta pluviosa do Maiombe encontram-se o gorila e o chimpanzé. O


répteis mais conhecidos são os crocodilos, as cobras e as tartarugas gigantes.

TEMA 2 – FACTORES DO AMBIENTE

2.1. Factores abióticos

Estudámos anteriormente os factores bióticos ou as relações que existem


entre os seres vivos de uma comunidade.

Falámos das relações interespecíficas – relações entre os seres vivos de


espécies diferentes e das relações intraespecíficas – relações entres seres vivos
da mesma espécie.

Agora vamos ver como é que os seres vivos se relacionam como meio
físico-químico em que vivem. Faremos assim dos factores abióticos – seres não
vivos. Veremos como é que a luz, a temperatura, a humidade e o solo, entre
outros, exercem a sua influência sobre as plantas e os animais.
52
Estudaremos os diferentes ambientes, notarás que a distribuição dos
organismo no espaço é diversificada.

Podes ver que os organismos que se encontram no litoral, não são os


mesmos que se encontram no deserto e estes são diferentes dos que vivem nas
savanas ou numa floresta.

Quais são os factores que condicionam esta distribuição dos seres vivos?

Cada espécie de seres vivos, para o seu desenvolvimento, necessita de um


ambiente adequado, que depende de vários factores.

Os factores abióticos têm muito a ver a com o desenvolvimento dos seres


vivos no seu ambiente.

Vê como a luz, a temperatura, a humidade, o vento ou o solo, exercem a


sua influência sobre os seres vivos.

Na Natureza, os factores abióticos não actuam isoladamente. Nota que a


resistência de uma planta a temperatura elevadas, por exemplo, é facilitada se
ela dispuser de bastante humidade no solo.

Os factores abióticos do ambiente terrestre podem ser classificados em


duas categorias principais: edáficos e climáticos.

Edáficos – os que dizem respeito ao solo.

Climáticos – que incluem a luz, a temperatura, a humidade, entre outros.

O clima é o principal fator que afecta a quantidade e o tipo de vegetação;


a luz solar, a temperatura e a humidade são factores importantes que afectam o
crescimento das plantas, determinando a distribuição e o comportamento dos
animais.

53
A luz pode afectar os ciclos de vida e o comportamento dos seres vivos.

A intensidade luminosa, num mesmo local, sofre variações, quer diária


quer sazonais (durante as diferentes estações do ano). Estas variações têm muito
a ver com a actividade comportamental dos seres vivos.

O fotoperíodo é o número de horas de luz solar registado durante o dia.

2.1.1. Influência da luz nas plantas

Os habitats bem iluminados, de um modo geral, têm maiores


probabilidades de suportar mais vida. A luz tem uma forte influência nas plantas
durante a germinação, o crescimento e até a floração. As plantas como seres
vivos são autotróficos, necessitam de luz solar para conseguirem produzir
alimentos através do processo da fotossíntese. Com este processo entende-se por
que é que nas regiões próximas do Equador existe uma grande diversidade de
vegetação.

De acordo com a quantidade de luz solar de que as plantas necessitam


para as suas funções virais, elas classificam-se em:

Plantas de sombra – são aquelas que não suportam grande intensidade


luminosa, como é o caso do musgo.

Plantas de luz – são plantas que suportam forte intensidades luminosas


como, por exemplo, os cactos, que são plantas do deserto.

2.1.2. Influência da luz nos animais

Quase todos os animais são influenciados directa ou indirectamente pela


luz, reagindo à mesma de diferentes modos. O comportamento e a actividade da
grande maioria dos animais estão ligados à alternância do dia e da noite. Os
animais que realizam as suas actividades durante o dia são chamados animais

54
diurnos e os que as realizam no período da noite são chamados animais
nocturnos. Os animais carnívoros que vivem somente na escuridão ou ainda
aqueles que vivem enterrados no solo, dependem da luz solar porque se
alimentam de restos de animais e vegetais que vivem à superfície.

De acordo com as estações do não, os animais organizam as suas


atividades. Quando se aproxima o Inverno, muitos animais nomeadamente as
aves, mudam o seu revestimentos corporal. Algumas aves migram. As migrações
podem ser determinadas pelo fotoperíodo. Com o aumento do fotoperíodo as
aves migram para o Norte, enquanto que, quando este diminui, elas migram para
o Sul. Os insectos escodem-se e param de crescer. O fotoperíodo é o calendário
dos animais e das plantas.

Na espécie humana, a luz estimula a produção da melanina, um pigmento


da epiderme responsável pelo escurecimento da pele.

No que respeita à temperatura, a principal fonte de calor dos diferentes


ecossistemas terrestres é a radiação solar. A temperatura exerce sobre os seres
vivos acções muito específicas e que não podem ser desprezadas.

A temperatura do ar e da terra varia desde os pólos até ao equador. Nos


ambientes aquáticos a temperatura é mais constante, principalmente nos que têm
grande volume de água, como os oceanos.

A temperatura exerce influência não só no desenvolvimento, como no


comportamento, distribuição geográfica e sobrevivência dos indivíduos. Cada
espécie, animal ou vegetal, tem uma temperatura óptica, isto é, uma temperatura
que facilita a sua sobrevivência e desenvolvimento.

2.1.3. Influência da temperatura nas plantas

As plantas tomam formas diversas para resistirem às diferenças de

55
temperatura, podendo sobreviver a condições muito extremas.

Nas regiões onde o Inverno é intenso e cai muita neve, as árvores e


arbustos de folhas persistentes, isto é, que mantêm a folhagem durante todo o
ano, têm normalmente forma cónica para que neve possa escorregar sem partir
os ramos. Outras árvores e arbustos possuem folhas com uma cutícula que as
protege, permitindo que resistam a baixas temperaturas.

As árvores e arbustos de folhas caducas mantêm-se em estado de vida


pouco activo, até que a temperatura seja favorável ao desabrochar das folhas e
das flores.

Outras plantas resistem às baixas temperaturas ficando reduzidas à parte


subterrânea durante as estações mais frias, tais como rizomas, tubérculos ou
bolbos, ou ainda produzindo sementes e esporos que ficam em estado de
latência.

A água é um fator determinante na distribuição dos organismos nos


habitats terrestres, já que para a sua sobrevivência cada espécie precisa de
determinada quantidade de água.

A maior parte da vegetação terrestre absorve a água retida no solo através


das raízes.

As plantas de clima seco apresentam adaptações para a captação e


armazenamento da água necessária para sobreviveram. Essas plantas são
chamadas plantas xerófilas. Têm raízes externas, que se encontram à superfície
para captar a mínima humidade existente. Os caules são carnudos, fazendo um
bom armazenamento de água. As folhas são reduzidas a espinhos, o que evita a
transpiração e possuem cutícula espessa. Os cactos são plantas xerófilas.

As plantas que vivem dentro de uma massa de água como, por exemplo,

56
as algas, são plantas hidrófitas.

Há ainda plantas higrófilas, que são as que vivem em lugares húmidos e


sombrios como os musgos.

Grande parte das plantas terrestres são plantas mesófilas, estando


adaptadas à alternância de estações húmidas e secas.

2.1.4. Influência da temperatura nos animais

Há animais cuja temperatura interna varia com a temperatura do meio. Os


animais cuja temperatura é variável são chamados poiquilotérmicos ou
ectotérmicos. As aves e mamíferos desenvolveram a capacidade de regular a sua
temperatura interna, independentemente da temperatura ambiental. Estes
animais têm temperatura constante e são designados homeotérmicos ou
endotérmicos.

Cada organismo, para sobreviver, tem de ser capaz de resistir às variações


de temperatura que ocorrem no seu habitat, utilizando diferentes
comportamentos: hibernando, estivando, migrando, adaptando-se
morfologicamente, etc.

A hibernação sucede porque muitos animais, por não conseguirem manter-


se activos a baixas temperaturas hibernam, procurando um esconderijo e ficando
inactivos durante a época desfavorável. Em muitos casos, os répteis saem do seu
habitat (buracos, sob pedras, etc.), para virem para um lugar que fique ao sol
como, por exemplo, o topo das pedras que aquecem durante o dia, aproveitando
eles este calor para aquecerem os seus corpos. Exemplo: as cobras, os lagartos,
lagartixas, entre outros.

Os caracóis praticam a estivação, pois apesar de poderem permanecer


activos durante o ano todo, fecham as suas conchas quando o tempo se apresenta

57
seco com um muco viscoso que, ao endurecer se transforma numa cápsula.
Reduzem assim a sua actividade nas épocas mais quentes e secas. Alguns
animais entram num sono estival quando as temperaturas são bastante elevadas e
o ambiente é seco.

Os flamingos, as cegonhas e outras aves fazem migrações (viajam) para


regiões mais quentes procurando assim zonas com temperaturas mais favoráveis
e, consequentemente, com mais alimentos. A migração é provocada também
pela luz como já estudámos.

Normalmente, as migrações provocadas pelas alterações das estações


durante o ano são protagonizadas sobretudo pelas aves.

2.1.5. Solo

O solo é a camada superficial de terreno arável onde se faz sentir a acção


dos agentes erosivos e dos seres vivos. O solo tem grande importância para as
plantas e mesmo para os animais, já que serve de superfície de suporte na qual
circulam os alimentos. No solo encontramos muitos seres vivos, como toupeiras,
minhocas e ainda microorganismos. Todos estes organismos constituem a parte
viva é constituída por partículas de rochas, água, ar, etc.

A natureza dos solos condiciona a comunidade que nela se instala. As suas


características dependem principalmente do clima.

A matéria orgânica do solo pode transformar-se em húmus pela acção dos


decompositores.

Um solo fértil é caracterizado por um arejamento favorável, pela


capacidade de reter água nas quantidades necessárias e por possuir sais minerais
que contribuem para um bom desenvolvimento das plantas.

Lavrando a terra, soltam-se as partículas do solo, permitindo assim um


58
melhor circulação de gases. Para corrigir a fraca concentração de sais minerais
aduba-se o terreno. A rega do terreno oferece-lhe água o que permite obter do
solo uma maior produtividade.

O uso exagerado de fertilizantes, além de poluir, além de poluir a água por


arrastamento de substâncias, provoca a desidratação das plantas e mata os
animais e plantas microscópicas que habitam no solo.

2.2. Factores bióticos

Já sabes que biocenose ou comunidade biótica é a designação do conjunto


de todas as populações do ecossistema. Entre os membros das comunidades
estabelecem-se relações distintas que podem ser intraespecíficas, quando
ocorrem entre indivíduos da mesma espécie, ou interespecíficas, se ocorrem
entre elementos de espécies diferentes. Estas relações estabelecem-se quer os
seres vivos vivam isolados, quer vivam em grupos.

Os animais da mesma espécie têm necessidade de se alimentar, defender o


seu território e de acasalar para se reproduzirem, interactuando com os outros
componentes do ecossistema.

As comunidades são em muitos casos complexas, compostas por plantas,


animais e outros organismos, existindo relações entre seres vivos da mesma
espécie, entre seres vivos de espécies diferentes e ainda relações entre seres
vivos e o meio.

2.2.1. Relações intraespecíficas

Os seres vivos da mesma espécie podem estabelecer uma relação de


cooperação, uma relação de competição ou uma relação de indiferença entre si.

A cooperação é uma relação na qual os indivíduos colaboram,


contribuindo para um benefício comum. A c cooperação pode ser uma

59
colaboração benéfica feita a dois ou num grupo mais alargado de indivíduos da
mesma espécie.

Como exemplo de cooperação temos a reprodução sexuada, que só é


possível graças à cooperação do macho e da fêmea. Esta cooperação é muito
importante, pois é a fonte da perpetuação das espécies.

São ainda exemplos de cooperação as relações de ajuda entre os


elementos das famílias humanas, as relações numa sociedade de formigas e a
organização das abelhas numa colmeia.

Observa a cooperação na organização de uma colmeia.

As abelhas que todos nós conhecemos são insectos que vivem em


sociedade, pois os indivíduos da mesma comunidade colaboram entre si na
organização da sua colmeia. Elas vivem em grupos muito grandes que se
chamam enxames.

A colmeia constitui o abrigo das abelhas. No seu interior existem celas de


cera – os favos. Nos favos desenvolvem-se as larvas e as abelhas também
armazenam ali os alimentos – o polén e o néctar. A comunidade de abelhas é
composta por:

Rainha – é uma fêmea fértil que pode viver cerca de três a cinco anos e
pôr diariamente 1500 a 2000 avos durante a estação favorável. Segrega uma
substância que estimula a actividade das obreiras.

Zangões – são machos férteis, nascem na Primavera e a sua vida está


ligada à maior ou menor quantidade de alimento disponível. Quando o alimento
escasseia, o que acontece no Outono, os machos, assim como as larvas do
mesmo sexo, são mortos ou expulsos da colmeia.

Obreiras – são fêmeas não férteis que se encarregam de alimentar a


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rainha, as larvas e os zangões e de limpar os alvéolos. Elas guardam e ventilam a
colmeia a tapam o favos; fabricam cera; fazem a vigilância da colmeia e colhem
o pólen e o néctar das flores.

Outro exemplo de cooperação, é a procura de alimentos realizada por uma


hiena inserida num grupo destes animais.

As hienas são carnívoras e caçam animais de pequeno porte ou até mesmo


de grande porte. Procuram os alimentos, não de uma forma isolada, mas sim em
grupo. Caçam em grupo pois se tivessem de fazer as caçadas isoladas, nunca
poderiam matar desde gazelas e zebras e até pacaças.

Os comportamentos de cooperação têm um indiscutível valor para o


indivíduos possibilitando-lhes uma melhor defesa, melhor nutrição e condições
de reprodução, assegurando assim a continuidade da espécie.

A cooperação é uma relação em que seres vivos da mesma espécie


competem entre si pelo mesmo objectivo: alimento, fêmea ou território.

Por exemplo, quando um animal é perseguido por uma carnívoro, luta


para se defender, não sendo este um comportamento social. pelo contrário,
quando dois veados rivais lutam pela posse de um grupo de fêmeas, trata-se de
um comportamento social de competição, pois o combate trava-se entre animais
da mesma espécie.

A competição dá-se frequentemente entre os machos.

Os lobos mordem o seu rival, tanto para conquistar um a fêmea como para
obter alimentos, como ainda em questões de território. Os touros utilizam para
este fim os chifres. Os javalis golpeiam com os caninos em forma de navalha.
No entanto, os combates entre indivíduos da mesma espécie raramente
provocam ferimentos graves, limitando-se, muitas vezes, a ameaças para

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intimidar o adversário.

A competição ligada à reprodução tem um objectivo específico: evitar que


vários indivíduos se instalem no mesmo local, assegurando que cada indivíduo
tenha um território suficiente para se alimentar e reproduzir.

Os comportamentos de competição têm como objectivo, não só a


sobrevivência de cada indivíduo, mas também a dos seus descendentes, isto é, o
futuro da espécie.

Nas relações de competição, quando existem duas ou mais espécies que se


alimentam da mesma forma e/ou explorando o mesmo recurso alimentar, regra
geral, elas não podem coexistir por muito tempo de modo estável nesta mesma
área, principalmente quando o alimento não é abundante. Neste caso, surge uma
luta competitiva pelos recursos.

A competição não existe só no mundo animal. As plantas competem


também pela luz ou pelo alimento. Se fores até um campo cultivo de milho,
notarás que os milheiros que se encontram muito juntos uns dos outros não têm
a qualidade que alega o camponês; ele são de cor verde-amarelada, com um
porte muito pequeno e, naturalmente, a produção de milho é baixa. Isto acontece
porque a disputa pelos sais minerais e pela água dos olo é muito grande e a
busca de um espaço ao sol é elevada. Ou seja, são muitos seres competindo
pelos mesmos recursos e ficam abaixo dos níveis desejados. Tal não acontece
com aqueles que ficarem um pouco afastados dos outros.

Pelo contrário, quando o cultivo é feito dentro das regras normais, as


plantas têm uma tonalidade verde escura, um bom crescimento e boa produção.

Esta competição é uma relação intraespecífica porque acontece entre seres


da mesma espécie.

62
2.2.2. Relações interespecíficas

Numa biocenose, as relações entre os seres vivos não se limitam aos


indivíduos da mesma espécie. Existem relações entre espécies diferentes.

Podem distinguir-se relações interespecíficas favoráveis e desfavoráveis,


conforme resulte benefício mútuo ou prejuízo para um dos seres que intervêm na
relação.

As relações interespecíficas favoráveis são: cooperação, comensalismo e


mutualismo.

As relações interespecíficas desfavoráveis são: competição, predação e


parasitismo.

2.2.2.1. Relações interespecíficas favoráveis

A cooperação é uma relação de interajuda. Várias espécies criam


associações das quais resulta um benefício para ambos, não tendo no entanto
carácter obrigatório.

As garças-boieiras mantêm uma relação de cooperação com manadas de


animais ruminantes (cavalos, bois...). Os ruminantes deixam que estas aves lhes
poisem sobre o dorso, pois elas alimentam-se de alguns parasitas externos,
livrando-os desse incómodo. As deslocações das manadas põem em fuga
pequenos animais (insectos, rãs, lagartixas, etc.), que as graças também
capturam. Esta associação não tem carácter obrigatório, pois as garças podem
também seguir tractores que, ao lavrar a terra, deixam a descobertas pequenos
seres (minhoca e insectos) que lhes servem de alimento.

Outro exemplo de cooperação é a relação entre babuínos e gazelas. Essas


associação é vantajosa para ambos em questões de defesa. O olfacto apurado das
gazelas, associado à excelente visão dos babuínos, permite detectar mais

63
facilmente a presença de predadores. Neste caso, o alarme é dado pela gritaria
dos babuínos ou pela fuga das gazelas.

O caranguejo-eremita coopera com a anémona. A sua cooperação é


vantajosa já que a anémona aproveita os restos dos animais deixados pelo
caranguejo e garante o seu transporte gratuito; em troca; em troca, o caranguejo
aproveita a protecção e o disfarce proporcionados pelos tentáculos da anémona.

Numa relação de comensalismo existem várias associações de seres


diferentes que se caracterizam pelo benefício de um e indiferença do outro, isto
é, o comensal é beneficiado e o hospedeiro não é prejudicado.

Como exemplo, temos o caso da rémora, que é um pequeno peixe com a


barbatana dorsal transformada em ventosa, o que lhe permite fixar-se a outros
animais. Este peixe é um comensal de diversas espécies marinhas como a manta,
o tubarão e tubarão-baleia. A rémora beneficia de um transporte «gratuito», de
alimentos não utilizados pelos eu parceiro e da protecção que este lhe oferece.
As mantas e os tubarões mostram-se indiferentes à presença destes peixes que
não os prejudicam nem lhes servem de alimento.

Existem plantas comensais. Como exemplo temos as orquídeas. Elas


fixam-se em troncos e árvores que não parasitam porque as suas raízes são
aéreas e absorvem apenas humidade do ar. Estas pequenas plantas fixam-se aos
troncos das árvores e não no solo de floresta porque necessitam de luz solar que,
devido à densa vegetação, quase não atinge o solo. As árvores nas quais elas se
desenvolvem não são por elas prejudicadas.

Este é o exemplo de comensalismo especial chamado epifitismo, no qual


um ser vivo se instala sobre um outro se o prejudicar, beneficiando com a
relação.

Mutualismo é uma relação entre duas espécies em que ambas são


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beneficiadas. Os líquenes são um bom exemplo de mutualismo entre dois
organismos diferentes, uma alga e um fungo. A alga possui clorofila e sintetiza
matéria orgânica necessária, não só para si como também para o fungo. Por
outro lado, o fungo absorve água e sais minerais que retém, protegendo assim a
alga da dessecação.

Eis um exemplo de mutualismo económico que influencia a nutrição


humana: a relação entre plantas da família das leguminosas – feijoeiro,
ervilheira, soja e tremoceiro – e uma bactéria do género Rhizobium. As plantas
precisam de azoto para a produção das suas proteínas. Como as plantas não
podem captar o azoto do ar, absorvem-no pelas raízes sob forma de sais minerais
chamados nitratos. As bactérias do género Rhizobium, vivem nas raízes das
plantas, absorvem o azoto atmosférico e transformam-no nos nitratos de que a
planta necessita.

2.2.2.2. Relações interespecíficas desfavoráveis

A competição é uma relação desfavorável para os indivíduos envolvidos,


pois provoca-lhes um desgaste na sua vitalidade, o que leva os seres vivos a
evita-la.

Competir significa concorrer pela obtenção do mesmo recurso do


ambiente (luz, abrigo, alimento, água e território, etc.).

As relações entre indivíduos de espécies diferentes verificam-se


essencialmente quando têm preferências alimentares idênticas, como é o caso da
competição frequente entre as hienas, os leopardos, os leões e outros carnívoros.

A competição interespecífica não é um caso tão comum como poderias


esperar, pois os animais têm possibilidade de evitar a luta directa. Exemplo: uma
água-de-asa-redonda e uma coruja-do-mato são duas aves de rapina existentes
no mesmo território e que têm o mesmo tipo de alimentação; no entanto, a águia
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é a caçadora diurna e a coruja caçadora nocturna. Deste modo, elas nunca
entram em competição pela mesma presa.

Por outro lado, a competição entre os vegetais é muito frequente: o


objectivo comum é, geralmente, a procura da luz.

É difícil à primeira vista, encontrar exemplos de seres vivos com os quais


o Homem entra em competição saindo prejudicado, já que a sua aparente
superioridade parece não ter rival no mundo vivo. No entanto, animais muito
pequenos (como os insectos) competem com o Homem pelos alimentos; é o caso
das pragas, que devoram enormes plantações de cereais ou produtos alimentares
armazenados.

A predação é uma relação alimentar em que o predador mata a presa para


dela se alimentar.

O predador é um animal que caça e mata outro para lhe servir de alimento.

A presa é o animal caçado e morto pelo predador.

Na sua maioria, os predadores apresentam características específicas que


lhes permitem detectar as suas presas a grandes distâncias, através das aptidões
visuais, auditivas e olfactivas.

Alguns predadores fazem muitos esforços e gastam energia para


descobrir, captar e devorar a sua presa. Exemplo: a raposa e o coelho.

Outros predadores esperam pela caçada dos outros animais a fim de


beneficiarem das presas por estes mortas. Exemplo: os leões caçam e matam
zebras e os abutres aproveitam os restos por estes deixados.

Outros predadores matam as presas e guardam-nas em lugares seguros,


fora do alcance de outros predadores. Exemplo: o leopardo.

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Alguns peixes predadores produzem descargas eléctricas que paralisam os
outros peixes, comendo-o em seguida.

Predadores há que, para capturarem as suas presas, imitam outras espécies


inofensivas para essa presa.

As presas também têm técnicas próprias para escaparem aos seus


predadores. Exemplo disto é a cor do sapo e a sua forma achatada que o deixa
parecido com folhas mortas sobre o solo, confundindo assim as cobras que são
os seus principais predadores,

As lagartas que se alimentam de folhas possuem muitas vezes cor verde,


confundindo-se com essas mesmas folhas.

Os polvos mudam de cor para serem confundidos com o meio em redor.

A camuflagem permite que o animal se confunda com o meio, passando


despercebido.

Há também plantas que se alimentam de animais, como é o caso da


Welwitchia, nepentes, orvalho solar, dioneia, etc. Estas plantas têm estruturas
que lhes permitem alimentar-se de insectos e/ou outros animais de pequeno
porte.

Estas plantas são carnívoras, tendo como seu alimento preferido os


insectos com asas. Outros animais, como algumas rãs e ratos, já foram
encontrados nas bolsas de nepentes.

Os insectos voadores são atraídos pelas cores vivas e pela secreção


açucarada destas plantas, caindo nas suas bolsas onde são rapidamente
digeridos. Portanto, os predadores podem ser animais ou plantas.

O parasitismo é uma relação que se estabelece entre indivíduos de espécie


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diferentes.

Os parasitas têm um lugar muito importante no mundo dos seres vivos


tanto animal como vegetal. Eles são os responsáveis por numerosas doenças
ditas parasitárias, que afectam o Homem, os animais e os vegetais. O
parasitismo nos vegetais é responsável pelos estragos das culturas e despesas de
tratamento muito elevados.

Os parasitas são animais (geralmente pequenos invertebrados) e,


sobretudo, fungos, bactérias e vírus. Vivem alimentando-se à custa do organismo
que os hospeda. O hospedeiro oferece ao parasita o meio para viver, ou seja, o
habitat e os alimentos necessários.

O parasitismo é uma associação benéfica para o parasita, mas prejudicial


para o hospedeiro.

O parasita pode unicamente enfraquecer o hospedeiro por se alimentar à


sua custa ou provocar-lhe uma doença mais ou menos grave e, por vezes, mortal.

Alguns parasitas vivem no exterior dos seus hospedeiros –


ectoparasitismo (pulgas, carraças, piolhos, tinhas, mosquitos...). Outros
encontram-se no interior destes – endoparasitismo (técnicas, lombrigas, amebas,
entre outros).

Como exemplo do parasitismo no Homem temos a infestação pela


lombriga, ténia, ameba, oxiúros, etc.

Existem outros casos de parasitismo. O visco por exemplo, é uma planta


parasita de outras plantas. Ela desenvolve-se nos troncos de macieiras, de
carvalhos ou de outras espécies de plantas. Tem uma espécie de sugadoiros com
os quais captura água e sais minerais, roubando uma parte do alimento da árvore
hospedeira.

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2.2.3. Relações tróficas – teias alimentares

Toso os seres vivos têm necessidades de alimento, recorrendo a fontes


alimentares diversas que variam de ser vivo para ser vivo.

- Refere quatro tipos de alimentos diferentes que utilizas vulgarmente.

- Escolhe três animais que conheças e indica diferentes alimentos que


esses animais utilizem.

- Como se alimentam as plantas?

- Como te sentes quando estás muitas horas sem comer?

Os alimentos são necessários para a manutenção da vida e para que os


seres visos obtenham a energia necessária para as suas actividades. Sem
alimento os seres vivos ficam enfraquecidos e doentes, acabando mesmo por
morrer.

Num ecossistema estabelecem-se relações alimentares (também chamadas


relações tróficas) entre os diferentes seres vivos que constituem a comunidade
desse ecossistemas. A transferência de alimento envolve a transferência de
energia, pois os alimentos contêm energia.

As plantas estão na base das relações tróficas que se estabelecem nos


ecossistemas. Pela fotossíntese captam energia solar e, utilizando água e dióxido
de carbono do meio, produzem matéria orgânica que utilizam como alimento
para si, armazenando parte desse alimento em raízes, caules, folhas e frutos.

Num ecossistema as planta são seres produtores. Os animais que se


alimentam de plantas ou de outros animais são consumidores.

Os seres vivos que morrem e os detritos resultantes dos seres vivos, como

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folhas, ramos e frutos que caem, excrementos dos animais, etc., vão servir de
alimento a uma multidão de pequenos organismos designados decompositores,
que transforma a matéria orgânica em matéria inorgânica (água e sais minerais).

Uma sequência de seres vivos que se inter-relaciona através do alimento


tem o nome de cadeia alimentar, também chamada cadeia trófica. Esta cadeia, na
qual cada ser vivo se alimenta do anterior sendo comido pelo seguinte, começa
por um produtor, como o capim, por exemplo. O conjunto de várias cadeias
alimentares de um ecossistema, constitui uma rede ou teia alimentar.

Observa a seguinte cadeia alimentar:

Planta – gafanhoto – aranha – rã – cobra – águia.

Planta – produtor

Gafanhoto – Consumidor de 1ª Ordem (C1)

Aranha – Consumidor de 2ª Ordem (C2)

Rã – Consumidor de 3ª Ordem (C3)

Cobra – Consumidor de 4ª Ordem (C4)

Águia – Consumidor de 5ª Ordem (C5)

Vemos que cada um destes seres vivos tem o seu lugar dentro da cadeia
alimentar: produtor, consumidor de 1ª ordem (C1); de 2ª ordem (C2); de 3ª
ordem (C3); de 4ª Ordem (C4); de 5ª Ordem (C5). O lugar que cada ser vivo
ocupa numa cadeia alimentar chama-se nível trófico. Os produtores são o
primeiro nível trófico e os consumidores fazem parte de níveis tróficos mais
elevados. Um mesmo ser vivo pode ocupar vários níveis tróficos.

Os produtores ocupam o 1˚ nível trófico que comporta organismos

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autotróficos que captam energia do sol e produzem matéria orgânica a partir da
matéria inorgânica. Exemplo: algas, musgos e plantas superiores.

Os consumidores primários ou de 1ª ordem são o segundo nível trófico.


Este é constituído por indivíduos heterotróficos que se alimentam a partir dos
produtores. Animais herbívoros como o coelho ou o gafanhoto, que se
alimentam de ervas.

Os consumidores secundários ou de 2ª ordem são o 3˚ nível trófico.


Alimentam-se dos consumidores primários. Exemplo destes são os carnívoros
como o leão, a raposa, a chita, etc.

Os consumidores terciários ou de 3ª ordem são os que consomem os


consumidores secundários como os carnívoros e os canibais. Exemplo: leões.

Nos oceanos, os decompositores encontram-se em todas as profundidades


e são responsáveis pela reciclagem permanente de grande parte dos materiais
necessários ao desenvolvimento dos detritos vegetais, base das cadeias
alimentares oceânicas.

Da cadeia alimentar fazem parte os decompositores que utilizam a matéria


orgânica dos cadáveres ou dos restos dos organismos mortos para se
alimentarem, transformando-a em matéria inorgânica utilizável pelos produtores.
Os decompositores são principalmente as bactérias que actuam sobre os
cadáveres, excrementos e restos vegetais, decompondo-os pouco a pouco,
assegurando assim o retorno progressivo ao meio dos elementos contidos na
matéria orgânica.

2.2.4. Pirâmides ecológicas

Quando se observam os seres vivos de uma rede trófica, verificamos que,


geralmente, o número de seres vivos diminui de um nível trófico para o outro. A

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representação desta variação pode fazer-se através de um diagrama chamado
pirâmide ecológica.

5ª ordem

ordem

Consumidores 3ª ordem

Consumidores 2ª ordem

Consumidores 1ª ordem

Produtores

Pirâmide ecológica

Por exemplo, num vasto campo de erva que servirá de alimento às cabras
do mato, estas, por sua vez, servirão de alimento aos leões. Notarás que esta erva
representada por uma grande quantidade de indivíduos, que se reduz o número
de cabras do mato, tornando o número de leões menor ainda.

Numa pirâmide ecológica, cada rectângulo representa um nível trófico. A


área de cada rectângulo é proporcional ao número de indivíduos. A quantidade
de organismos vivos vai diminuindo com a sequência da cadeia alimentar. Assim
sendo, o número de plantas tem de ser suficiente para alimentar os gafanhotos, o
número de gafanhotos suficiente para alimentar os louva-a-deus, estes os sapos
as cobras e as cobras as águias.

Vamos supor que ocorrem quatro situações diferentes:

1ª Queimando a mata destrói-se uma grande quantidade vegetação.

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2ª Muitos gafanhotos morrem.

3ª Os louva-a-deus morrem de fome por não haver gafanhotos.

4ª Os sapos morrem porque não há louva-a-deus para o seu alimento e por


aí adiante.

Analisando esta situação podemos concluir o seguinte:

 Com a 1ª ocorrência, os gafanhotos ficam com uma quantidade de


alimentos muito reduzida e diminui o número de louva-a-deus.
 Reduzindo-se o alimento, reduz-se o número de sapos, o número de
cobras e o de águias.
 Reduzindo o número de leões, e crescendo o de vegetais aumenta o
número de cobras do mato.

Podes deduzir com estas ocorrências, que o número de vegetais controla o


número de gafanhotos e este, por sua vez, também controla o número de plantas.
O número de gafanhotos controla o número de louva-a-deus e vice-versa. Este
controlo garante o equilíbrio entre o número de plantas e o dos animais na
cadeia alimentar.

Entretanto, várias causas podem interromper o equilíbrio das cadeias


alimentar de uma região.

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BIBLIOGRAFIA

Mande, P. S. (2008). Biologia 7ª Classe. Luanda: Editora Escolar.

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