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Material Teórico
A Vida e o Ambiente
Revisão Textual:
Prof. Me. Cláudio Brites
A Vida e o Ambiente
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Unidade: A Vida e o Ambiente
Contextualização
A vida está presente em todo o nosso planeta. Muitas são as questões que buscam compre-
ender a sua origem aqui na Terra. Todos nós, em algum momento de nossas vidas, no depa-
ramos com pensamentos questionadores sobre a nossa história e nossa origem, bem como a
origem da natureza. Diversos são os questionamentos e encontrar e aprofundar as respostas
tem sido cada vez mais um desafio para as ciências, como a Ecologia.
Quais as condições necessárias para a existência de vida? Como os seres vivos interagem
com o ambiente? Quais as características vitais deste meio para a nossa existência?
Para responder essas perguntas, devemos conhecer melhor sobre os seres vivos que habitam
o globo terrestre e compreender a relação que possuem com o ambiente em que vivem. Para
isso, utilizaremos os conhecimentos da Ecologia e iremos descobrir que naturalmente trazemos
ao longo da história natural do homem uma grande bagagem de conhecimento ecológico.
Portanto, nesta Unidade, você conhecerá as principais características do ambiente onde
ocorre a vida, como os seres vivos interagem com o ambiente a qual pertencem e qual o papel
da biodiversidade na manutenção das relações ecológicas que estruturam todos os ecossistemas
do nosso planeta.
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Ecologia: conceitos e definições
Todos nós, em diversos instantes de nossas vidas, paramos para olhar o mundo a nossa volta.
Apreciamos um belo nascer ou pôr do Sol. Inspiramo-nos com as paisagens, com os morros
e as florestas pulsantes de tanta vida. Buscamos estar em meio a natureza visitando lagos,
rios e cachoeiras para descansar e respirar o ar puro. Encantamo-nos com a grandiosidade
do universo olhando as estrelas e nos percebemos pequenos seres perante tamanha beleza
do mundo o qual habitamos. Momentos como esse estão relacionados com a nossa história
natural de vida, onde originalmente interagíamos harmoniosamente com o meio.
Essa interação que existe entre nós e o ambiente em que vivemos ocorre também com cada
ser vivo durante toda a sua vida. Quando respiramos, bebemos e comemos para nos manter
hidratados e nutridos, estamos consumindo recursos que estão sendo ofertados pelo ambiente
em que vivemos e pelas demais espécies que consumimos.
No início da nossa história, vivíamos em grupos nômades nos alimentando basicamente da
caça rudimentar e da coleta de frutos e vegetais disponíveis a nossa volta. Com o passar do
tempo houve, a partir da observação do mundo e de experiências práticas do dia a dia, um
acúmulo de conhecimento sobre a natureza. Uma das maiores descobertas que significou um
momento de grande mudança para a humanidade foi a capacidade de produzir e manipular
o fogo. A manipulação do fogo nos possibilitou aumentar a capacidade de modificar o nosso
ambiente, conferindo melhores condições de sobrevivência e de domínio de território.
O constante convívio com as forças da natureza, com o passar do tempo, possibilitou aos
pequenos grupos de homens que viviam como nômades em busca de comida a se fixarem
em determinados lugares por períodos prolongados. Esse fato foi possível quando obtivemos
o conhecimento necessário para domesticar animais e cultivar plantas. A partir de então, a
pecuária e a agricultura de subsistência passaram a ser praticadas, essas comunidades nômades
começaram a se configurar como as primeiras sociedades primitivas. Além da agricultura e da
pecuária, os homens foram descobrindo substâncias extraídas de plantas que trouxeram a cura
para diversas doenças e enfermidades.
Após uma longa trajetória histórica onde os humanos puderam experimentar e aprender
na prática sobre os sistemas ecológicos que governam a natureza, surge na Grécia Antiga
obras importantes, como as de Hipócrates e Aristóteles, com textos que continham certo
aprofundamento do conhecimento na área da Ecologia. Mesmo que não houvesse ainda
naquela época a existência desse termo, o conceito ecológico já estava presente na mente
das pessoas.
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Unidade: A Vida e o Ambiente
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Certamente você já ouviu falar em espécie. Para os ecólogos, entende-se como espécie o
conjunto desses organismos semelhantes (em sua forma, função ecossistêmica e bioquímica)
que se reproduzem naturalmente, originando descendentes férteis. Como exemplo de espécie
temos os Homo sapiens, a espécie humana, que pode ser encontrada em todos os continentes
do planeta, ou os Pyrhurra pfrimeri, uma espécie de periquito ameaçado de extinção que vive
nas matas secas do Brasil Central (Figura 2).
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Unidade: A Vida e o Ambiente
Em nosso planeta há uma grande variedade de espécies, e muitas delas sequer foram
observadas pelo homem. Isso ocorre, em grande parte, porque cada uma delas possui o seu
próprio habitat e nicho dentro do ecossistema, ou seja, o lugar específico do globo terrestre
onde essa espécie desempenha as suas funções ecológicas, como se fossem respectivamente
o seu “endereço” e “profissão” na natureza.
Devemos sempre levar em consideração que no habitat de uma espécie está representado,
além da área geográfica em que vive, todos os demais fatores ambientais necessários para suprir
as exigências ecológicas que possui. Como exemplo podemos citar os pinguins: em geral, seu
habitat é localizado em ambientes litorâneos onde o clima é frio, ideal para desempenharem
suas atividades metabólicas – além de áreas litorâneas com baixas temperaturas –, para que
sobrevivam, contudo, eles necessitam de outras condições do ambiente. É indispensável que
haja disponibilidade de pequenos peixes para compor a sua base alimentar e também locais
protegidos que servirão tanto de refúgio contra predadores como para reprodução.
Desse modo, podemos afirmar que o nicho fundamental para a sobrevivência dos pinguins
é dado pelo conjunto dessas condições ambientais somado às demais espécies que de alguma
forma interagem com eles.
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Ecossistema e elementos do ambiente físico
Em toda a biosfera ocorre deslocamento de energia e de matéria por meio dos processos
ecossistêmicos desempenhados pelos seres vivos e pelos elementos físico-químicos do ambiente.
Desse modo, diferentes tipos de organismos representam diferentes papéis no funcionamento
dos ecossistemas.
Como exemplo, a transformação da energia da luz do Sol em energia química armazenada
é produto da fotossíntese realizada pelas plantas, algas e algumas bactérias. Essa energia
armazenada em forma biológica é consumida pelos animais e protozoários. É quem
desempenha a importante função de decompor todo esse material biológico e reciclá-lo em
forma de nutrientes no ecossistema são os fungos. Outros processos bioquimicamente mais
específicos, como a assimilação de nitrogênio e o uso de sulfeto de hidrogênio como fonte de
energia, são realizados por algumas espécies de bactérias.
Para que a integridade dos ecossistemas seja mantida, a energia tem de estar fluindo
constantemente entre todos os organismos vivos. Com isso, todos os organismos devem arcar
com esse gasto repondo a energia e a matéria perdida naturalmente através dos processos
ecológicos.
Bom, mas para isso tudo acontecer, é importante que você tenha em mente que há alguns
elementos facilitadores no ambiente que são indispensáveis para a manutenção da vida na
Terra. O principal elemento para tal, bastante abundante sobre a maior parte da superfície do
planeta, é a água.
A água
A água é considerada um meio ideal para os sistemas vivos, sendo que no estado líquido
possui enorme capacidade de atuar como solvente universal.
Suas propriedades permitem rápida condução de calor e resistência a mudanças de
temperatura e de estado físico. Em comparação com o ar, a água é mais densa e proporciona
maior capacidade de flutuação, porém sua viscosidade é maior e, portanto, oferece mais
resistência contra deslocamentos de corpos.
Em todas as águas naturais encontradas no globo terrestre há substâncias dissolvidas que
foram coletadas tanto da atmosfera como dos solos e das rochas através dos quais ela flui. Na
água também ocorre diferentes concentrações de íons de hidrogênio (H+). A variação dessas
concentrações é o fator determinante para indicar a acidez da água, sendo que essa acidez é
expressada em termos de pH (potencial de Hidrogênio). Em geral, águas de rios, cachoeiras e
lagos naturais possuem valores de pH entre 6 (ligeiramente ácida) e 9 (ligeiramente alcalina).
Dentro das funções ecossistêmicas, os seres vivos constantemente interagem com a água.
As plantas, por exemplo, extraem por osmose a água dos solos através das células de suas
raízes. Como a água é um solvente, as plantas mantêm altas concentrações de soluto em suas
células radiculares gerando potenciais osmóticos bem altos. Já os animais tendem a reduzir o
uso de água, para isso eles eliminam o excesso de sais através da urina e de glândulas de sal.
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Unidade: A Vida e o Ambiente
A radiação solar e os ventos são responsáveis pela evaporação e circulação de vapor de água
na atmosfera e assim pelos padrões globais e sazonais de precipitação. Em escala marinha, as
condições de precipitação são estabelecidas numa escala global através de correntes oceânicas
conduzidas pela ação dos ventos. Essas correntes de ar se deslocam e distribuem o calor
sobre a superfície da Terra, isso acaba exercendo grande força moduladora sobre climas em
nosso planeta. As correntes de ressurgência, causadas pela soma das forças dos ventos, pela
topografia da bacia oceânica e pelas diferenças de densidade da água, estão diretamente
relacionadas com a temperatura e a salinidade das águas marinhas e são elas as responsáveis
em trazer águas frias e ricas em nutrientes para a superfície do mar em determinadas áreas.
A sazonalidade, ou seja, os períodos de chuva nos ambientes terrestres, é causada pela
inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao Sol. Nos trópicos, ocorrem movimentos
de massas de chuva para norte e sul do globo terrestre que, seguindo o movimento solar, acaba
por resultar em estações definidamente chuvosas e secas. Já nas regiões de altas latitudes, as
estações são principalmente expressadas com ciclos anuais de temperatura.
Outros fatores relacionados ao clima e à precipitação levam em consideração as condições
topográficas e geológicas, onde a sobreposição dessas condições provoca variação local nas
condições ambientais. Por exemplo, em uma região montanhosa, onde há grandes elevações
terrestres, as massas de chuva são interceptadas, provocando condensação da água seguida
de precipitação.
Há ainda outras variações climáticas que estão relacionadas com as diferentes quantidades
de luz solar que incidem nas encostas. Além disso, a temperatura também sofre influência
da elevação em relação ao nível do mar, diminuindo cerca de 6 °C para cada 1000 metros
de elevação.
O solo
Você já se perguntou qual importância tem o solo para os sistemas ecológicos da Terra?
Pois bem, os solos são o grande cofre de reserva de nutrientes do nosso planeta, embora suas
características ao longo do espaço geográfico sejam variadas.
A princípio você deve saber que as características do solo são influenciadas pela soma
do material do qual se originou, com o clima e a vegetação que ocorre em sua área. A
intemperização da rocha matriz através de processos naturais como chuvas e ventos resulta
na decomposição de alguns de seus minerais. Esses minerais decompostos da rocha matriz
são incorporados em partículas de argila, que serão misturadas aos detritos orgânicos. Em
seguida, tais detritos penetram no solo a partir do contato direto com a sua superfície. Esses
processos ocorrem em uma escala de tempo muito maior do que a de nossas vidas. Ao longo
de milhares de anos, tais processos de decomposição de rochas e penetração de nutrientes
no solo resultam em horizontes de solo distintos, formando camadas de solo com diferentes
composições e colorações (Figura 4).
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Figura 4 - Perfil de solo identificando a posição dos horizontes.
Fonte: Ferreira (2012)
Você já se perguntou o que faz os solos serem mais ou menos férteis? Essa é uma pergunta
fundamental para compreendermos a relação da fertilidade do solo com a existência de vida
vegetal e as suas respectivas interações ecológicas.
O solo é composto por minúsculas partículas que possuem cargas magnéticas. Essas cargas
são negativas nas regiões de superfície do solo. A carga negativa possui a capacidade de
reter cátions que possivelmente entram em contato com as superfícies através da presença de
seres vegetais. É justamente essa capacidade de troca catiônica de um solo que determina a
sua fertilidade.
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Unidade: A Vida e o Ambiente
Diversidade biológica
Mas nem tudo são flores para os seres vivos do globo terrestre. Lamentavelmente, a cada
ano, milhares de espécies são exterminadas para sempre. É uma proporção de extinção tão
elevada que pode atingir 30% das espécies totais do planeta em apenas três décadas. Isso
ocorrerá em breve caso não seja tomada providência drástica alguma visando frear o ritmo
absurdamente alto de queimadas e desmatamentos das florestas tropicais (as mais ricas em
biodiversidade), assim como da poluição das águas e do ar.
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Estamos à beira de uma catástrofe, pois essas espécies resultam de milhões de anos de
evolução no planeta. Perdendo-as, a biosfera ficará drasticamente empobrecida em termos de
diversidade biológica – o que é extremamente perigoso para o sistema de vida como um todo,
pois acabará afetando as relações ecológicas que estruturam a organização da vida na Terra.
Portanto, você não pode esquecer a importância que cada espécie exerce para o planeta.
A nossa própria alimentação, por exemplo, no que diz respeito a espécies selvagens de frutos,
grãos e hortaliças, poderá ser comprometida com a extinção.
Você pode estar pensando que com o uso da tecnologia e da engenharia genética poderemos
reverter essa situação. É aí que você se engana, pois o processo de criar novas variedades
de espécies utilizando cruzamentos ou manipulação genética produz plantas híbridas que são
mais frágeis que as nativas e, dessa forma, são mais suscetíveis a doenças ou ao ataque de
predadores. Por isso, precisamos ter a maior diversidade possível, principalmente das plantas
selvagens ou nativas, pois são elas que fornecerão esse material genético resistente e com
características mais saudáveis para a população.
Além disso, os organismos constituem a fonte original dos princípios ativos contidos em
remédios, mesmo que esses posteriormente sejam produzidos artificialmente em laboratórios.
Um exemplo clássico é o dos antibióticos: esses foram descobertos a partir de fungos que vivem
em matéria orgânica em decomposição. Outro exemplo é a aspirina, que veio originalmente
do chá de uma casca de árvore da Inglaterra.
É por isso que atualmente há grande interesse na biodiversidade. Diversas pesquisas
continuam sendo realizadas dentro das florestas tropicais que ainda existem, ou dos oceanos,
dos quais são realizados mapeamentos genéticos de organismos presentes nesses ambientes.
É nesse ponto que a comunidade científica que estuda o meio ambiente adquire a esperança
de que haja um novo tipo de desenvolvimento.
Ao invés de urbanizar, devastar as áreas florestais e poluir o meio ambiente, como ocorre em
nosso modelo atual de desenvolvimento econômico, devemos preservar os recursos naturais
que ainda não foram extintos. Com isso, poderemos utilizar a biotecnologia para produzir
novas fontes limpas e renováveis de energia, como também poderemos produzir alimentos
em massa a partir de algas marinhas e remédios eficazes contra doenças que matam milhões
de pessoas em todo o mundo a cada ano.
A biodiversidade, desse modo, é também uma fonte potencial de imensas riquezas. Porém,
um grande problema que se coloca é o da conciliação entre os países com a biodiversidade
totalmente devastada, mas que acumulam capital e tecnologia, com os países não totalmente
devastados, mas desprovidos de estrutura tecnológica – como o Brasil, que apesar de todo o
descaso da política ambiental do país, ainda detém grandes reservas de biodiversidade.
A melhor forma de resolvermos essa situação, apesar de estarmos longe disso, seriam as
parcerias entre esses dois tipos de países, onde compartilhando por igual as descobertas e os
benefícios, todos obteriam ganho considerável.
Os países desenvolvidos têm um trunfo na mão: a tecnologia. Por outro lado, alguns
países subdesenvolvidos têm grandes reservas de biodiversidade, que representam
Reflita matéria-prima para o processo de valorização no mundo todo. Imagine que as
autoridades políticas do nosso país não tivessem competência para tomar as corretas
decisões e consultasse você para administrar nossos recursos naturais reflita sobre
quais seriam as principais medidas a tomar, visando a otimizar a exploração da
biodiversidade brasileira sem extinguir essa nossa riqueza biológica.
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Unidade: A Vida e o Ambiente
Biodiversidade do Brasil
Você já deve ter ouvido falar que o Brasil é o maior dos países que possuem o que chamamos
de megadiversidade. No território brasileiro, contamos com uma estimativa entre 10 e 20% do
número total de espécies do planeta. Somos o país com a flora mais diversa do mundo, sendo
mais de 55.000 espécies vegetais descritas no Brasil – o que representa 22% do total mundial
de espécies vegetais.
Além disso, no território brasileiro se concentra a maior riqueza de espécies de palmeiras
(390 espécies) e de orquídeas (2.300 espécies). Outras diversas espécies de plantas que
possuem relevância econômica mundialmente também são originárias do Brasil – entre elas
destacam-se o abacaxi, o amendoim, a castanha - do - pará, a mandioca, o caju e a carnaúba.
Mas não é apenas em relação a flora que possuímos elevada biodiversidade, os animais
vertebrados são também amplamente diversificados na fauna brasileira. Foram registradas até
hoje no país mais de 524 espécies de mamíferos, 1.677 espécies de aves, 468 espécies de
répteis, 517 espécies de anfíbios e 2.807 espécies de peixes (LEWINSOHN; PRADO, 2002).
Além de toda essa riqueza biológica, o Brasil ainda possui a maior diversidade de espécies de
primatas do planeta: ao todo somam 55 espécies, sendo que dessas, 19 são endêmicas, ou
seja, vivem exclusivamente aqui no Brasil.
A biodiversidade brasileira não é totalmente conhecida e provavelmente nunca conheceremos
com precisão toda a sua complexidade, entretanto, pesquisas realizadas por cientistas
biólogos afirmam que existem mais de dois milhões de diferentes espécies de plantas, animais
e microrganismos no território brasileiro. Além disso, os cientistas ainda são incapazes de
calcular toda a diversidade genética e ecológica existentes no Brasil, devido ao nosso território
possuir dimensões continentais, considerando ainda a imensidão da plataforma marinha
que possuímos.
Biodiversidade da Amazônia
Apesar de ser bastante conhecida, a biodiversidade na Amazônia ainda necessita de
informações mais precisas. Os pressupostos dessa riqueza são, no entanto, válidos, tendo
em vista o processo evolutivo das plantas e dos animais amazônicos. As árvores dominam a
paisagem e a estrutura física da floresta, mas não são os organismos com a maior contribuição
à biodiversidade da região. A biodiversidade não representa apenas os extremos exóticos
da diversificação evolucionária e da variedade excepcional de espécies aproveitadas pelo
ser humano.
A existência de um ecossistema depende da interação entre as plantas e animais que
polinizam as flores e propagam as sementes, por exemplo. Muitas dessas interações são
extremamente específicas e a perda de apenas uma espécie, que é um agente de polinização ou
uma condição obrigatória para a reprodução, pode afetar muitas outras espécies indiretamente.
Essa complexidade tem implicações para o desenvolvimento da região amazônica.
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Como a biodiversidade é explorada pelo Brasil
Geralmente não paramos para refletir sobre a importância econômica dessa riqueza
biológica que possuímos enquanto nação. Para você ter uma ideia, o Brasil obtém cerca de
40% do seu PIB por meio do setor agroindustrial, 4% do PIB do setor florestal e 1% do PIB
vem do setor pesqueiro. Em relação ao total de produtos que exportamos, 31% é oriundo da
biodiversidade, especialmente de espécies vegetais como o café, a soja e a laranja. Além disso,
somente através das atividades de extrativismo florestal e pesqueiro, três milhões de pessoas
são empregadas.
De alguma forma em toda a sua vida você já deve ter se beneficiado com o imenso
potencial medicinal que nossa biodiversidade disponibiliza para grande parte da população
brasileira. Seja através do uso direto de espécies vegetais, de onde provém chás para vários
tipos de problemas de saúde, ou através de substâncias extraídas de espécies vegetais onde
se manipulam remédios. É muito grande a parte da população brasileira que utiliza de plantas
medicinais na solução de problemas corriqueiros de saúde.
Enquanto consumidor dos recursos naturais, todo cidadão deve ser instruído corretamente
sobre a utilização sustentável da Biodiversidade, de modo que não se deixe extinguir esses
recursos, vindo a comprometer a própria vida humana na Terra. Com o desenvolvimento de
pesquisas e avanço de tecnologias, e com a disponibilidade de matéria prima que temos em
nosso país, ou seja, as fontes de recursos naturais, podemos realizar grandes avanços nos
setores de desenvolvimento farmacológico oriundos da Biodiversidade brasileira. Porém, não
conseguimos ainda sair da fase inicial pois no modelo de desenvolvimento capitalista, o lucro
descaradamente acaba falando mais alto do que as alternativas mais inteligentes e eficazes
para a população.
Apesar de toda a riqueza de espécies nativas que possuímos no território brasileiro, as
nossas atividades econômicas estão baseadas principalmente nas espécies exóticas, ou seja,
aquelas trazidas de outros países – como exemplo é possível citar a agricultura, que está
baseada na cana-de-açúcar proveniente da Nova Guiné, no café da Etiópia, no arroz das
Filipinas, na soja e na laranja da China, no cacau do México, no trigo da Ásia Menor, e por aí
segue a lista. Além disso, a nossa silvicultura, que são as atividades provenientes de florestas de
uma única espécie de árvore artificialmente plantada pelo homem, depende de eucaliptos da
Austrália e de pinheiros vindos de países da América Central. A pecuária, uma das principais
atividades econômicas do país e a que mais provoca degradação ambiental e extinção de
espécies, depende principalmente de espécies de capins vindas da África, de bovinos da Índia,
de equinos da Ásia Central.
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Unidade: A Vida e o Ambiente
Material Complementar
Livro:
PRIMACK, R. B; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: editora
Planta, 2001.
Site:
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia
Vídeo:
Discovery na Escola - Elementos de Biologia, Ecossistemas
https://www.youtube.com/watch?v=5WVhItCdm-o
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Referências
MORA, C.; TITTENSOR, D.P.; ADL, S.; SIMPSON, A.G.B.; WORM, B. How Many Species
Are There on Earth and in the Ocean? PLoS Biology, v. 9, n. 8, p. 1-8, 2011.
RICKLEFS, R.E. A economia da natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
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Unidade: A Vida e o Ambiente
Anotações
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Ecologia Aplicada
Material Teórico
Ecologia de populações
·
·Possibilitar a compreensão dos componentes envolvidos nas estruturas de populações naturais;
·
·Identificar os atributos demográficos intrínsecos às populações;
·
·Ensinar método de estimativa populacional;
·
·Apresentar os motivos que explicam as distribuições populacionais pelo globo terrestre;
·
·Explicar o que são e como funcionam os ciclos biogeoquímicos;
·
·Introduzir o conceito de capacidade suporte;
·
·Apresentar os diferentes tipos de interações ecológicas existentes nos ecossistemas naturais.
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Unidade: Ecologia de populações
Contextualização
Que as populações estão presentes em todo lugar do planeta Terra e são constituídas por
uma enorme diversidade de espécies não é mais novidade para você, não é mesmo? Com isso,
o conteúdo presente abordará o que de fato estrutura as populações em termos demográficos
e o que promove a distribuição dessas populações pelo nosso globo terrestre. Você já imaginou
no que o conhecimento sobre as populações pode contribuir para uma pessoa que pretende
gerir ambientalmente uma determinada área? Informações a esse respeito, bem como os
detalhes que estão relacionados com os processos de crescimento e declínio populacional
aguardam por você nesta Unidade.
Além do conteúdo teórico, dois vídeos irão permitir que se familiarize com a Ecologia de
populações e aprofunde seu conhecimento sobre esta entidade ecológica tão comum em
nosso dia a dia.
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Conceitos de Ecologia de populações
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Unidade: Ecologia de populações
Natalidade
Você já deve ter ouvido esta palavra naturalmente em sua vida. Natalidade é um termo
que expressa a quantidade de novos indivíduos de uma população em um dado período de
tempo. A produção desses novos indivíduos ocorre por meio de processos naturais como
nascimentos, postura de ovos ou fissão celular.
Fertilidade
No estudo de Ecologia de populações, entende-se por fertilidade a produção real de uma
população, sendo essa resultante do número de nascimentos bem sucedidos. Naturalmente
essas estimativas irão resultar em diferentes taxas de acordo com o organismo avaliado. Por
exemplo, uma ostra pode produzir de 55 a 114 milhões de ovos durante toda sua vida; os
peixes produzem milhares de ovos; anfíbios podem produzir centenas de novos indivíduos;
as aves botam de 1 a 20 ovos; e, por fim, dentro do grupo dos mamíferos, há fêmeas que
produzem de 1 a 10 indivíduos por ciclo reprodutivo.
Mortalidade
Primeiramente você deve saber que nem todo indivíduo chega ao fim de sua vida de forma
senescente, ou seja, nem todos morrem por processo natural de envelhecimento e morte.
Portanto, entende-se como mortalidade o número de indivíduos que morrem em um dado
período de tempo. Para tal, devemos considerar as mortes por predação, doenças e até mesmo
catástrofes naturais. É importante saber que uma simples área alagada por empreendimento
hidrelétrico pode aniquilar de uma só vez populações inteiras de diversas espécies.
Estudos realizados sobre a população humana indicam grandes variações nas expectativas
de vida. Analisando a idade média que as mulheres atingem em suas respectivas populações,
a variação é bastante considerada. Por exemplo, as mulheres da Roma antiga morriam com
aproximadamente 21 anos, enquanto as da Inglaterra no final do século XVIII não passavam
de 39 anos; já as mulheres norte americanas, da década de sessenta, viviam em média até
os 73 anos.
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Imigração e Emigração
Outros fatores diretamente relacionados com o tamanho populacional também devem ser
considerados. Dentre eles, você deve se lembrar das taxas de imigração e emigração que
exercem influência direta sobre o tamanho da população. Por imigração entende-se a taxa
daqueles indivíduos que foram acrescidos à população, ou seja, indivíduos que vieram de outras
populações. Já por emigração, entende-se a taxa daqueles indivíduos que estão deixando a
população de origem.
Densidade
Um fator importante e que diz muito sobre a relação entre a quantidade de indivíduos e a
área de vida do ambiente que irá suportar a população é a densidade. A densidade nada mais
é do que o número total de indivíduos por unidade de área. O Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) disponibiliza dados sobre a densidade demográfica da população brasileira
entre os anos de 1872 a 2010.
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Unidade: Ecologia de populações
Dinâmica populacional
De acordo com os conceitos inerentes à Ecologia de populações, você pode perceber que
existem inúmeros fatores relacionado às dinâmicas populacionais. Dentre esses fatores, a
distribuição dos indivíduos em um dado espaço geográfico possui destaque nas investigações
científicas.
Você até aqui aprendeu que o conjunto de indivíduos de uma mesma espécie em uma
mesma área geográfica forma uma população, a qual faz dessa área o seu habitat adequado. O
tamanho dessa população varia principalmente de acordo com a disponibilidade de alimento,
presença e quantidade de predadores e disponibilidade de recursos reprodutivos.
Observando as paisagens e buscando por diferentes populações, vemos que seus respectivos
habitats estão distribuídos como mosaicos. Podemos visualizar ambientes mais abertos, outros
com matas mais fechadas e maior umidade do ar, ambientes alagados entre tantos outros.
Cada um desses habitats na paisagem está distribuído em forma de mancha, onde nelas estão
contidas as populações. Para exemplificar, imagine como
se você estivesse navegando pelo Google Earth visualizando
todo o território brasileiro, deslizando o navegador você
poderá encontrar diversas manchas urbanas na paisagem,
representadas pelas cidades, ou seja, populações humanas.
Da mesma forma ocorre com as populações das demais
espécies, onde cada uma se distribui na paisagem naqueles
locais que de alguma forma subsidiam recursos alimentares
e reprodutivos para seus indivíduos.
Reprodução Google Earth
Porém, por outro lado, quando um habitat sofre degradação, a população pode chegar
a desocupar tal área da paisagem em busca de uma nova área mais promissora. A seguir, a
Figura 1 mostra a distribuição geográfica de um periquito - de - cauda -longa ameaçado de
extinção, que é endêmico das matas secas da bacia do rio Paranã, no Brasil Central. Repare
que de todo o território mundial, somente uma pequena porção de área distribuída em algumas
cidades de Goiás e Tocantins é adequada para ser ocupada por essa espécie.
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Figura 1. Distribuição geográfica de populações de Tiriba – de Pfrimer (Pyrrhura pfrimeri) no Brasil Central.
Fonte: Foto do site loromania.com e mapa de distribuição contido na dissertação de mestrado de Marcos Filipe Pesquero.
É importante que você saiba que para delimitar a distribuição geográfica de uma população,
deve-se considerar todas as áreas que são utilizadas pelos seus indivíduos. Na natureza, as
populações estão distribuídas de acordo com três tipos: distribuição agrupada, distribuição
aleatória e distribuição homogênea (Figura 2).
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Unidade: Ecologia de populações
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Estruturas populacionais
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6
II Guerra Mundial
Revolução Agrícola 5
Revolução Medicina 4
Revolução Transportes
Revolução Industrial 3
Surgimento Mercantilismo 2
Queda Surgimento Início das
de Roma do islamismo Cruzadas Peste bubônica
1
0
Ano 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000
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Unidade: Ecologia de populações
Extinções de populações
Você certamente já deve ter ouvido falar em extinção. Ela ocorre quando uma população
reduz muito o seu número de indivíduos, entrando em um estado de susceptibilidade a deixar
de existir. Portanto, é possível saber se uma população está ou não em processo de extinção
antes que ela de fato seja extinta. Para que possamos prever extinções naturais de populações,
ou seja, sem levar em consideração catástrofes ambientais, devemos obter dados ecológicos
referentes ao número de indivíduos dessas populações.
Além disso, é bastante importante que se conheça a proporção de machos e fêmeas e a
disponibilidade de recursos tanto alimentares quanto reprodutivos. Em geral, a taxa de extinção
é influenciada diretamente pelo número de indivíduos e pela disponibilidade desses recursos
ao longo do habitat. Em nosso planeta, muitas espécies foram perdendo aos poucos suas
populações e acabaram extintas do globo terrestre.
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Interações ecológicas
Desde a primeira Unidade, foi comentado com você o papel das interações ecológicas
para o funcionamento dos ecossistemas. Agora chegou o momento de aprofundarmos mais
esse conceito. Iremos começar com a definição. Entende-se por interação ecológica a
situação onde um organismo qualquer, em um dado momento, faz parte da vida do outro.
Basicamente, o que faz os organismos interagirem uns com os outros é a própria necessidade
de manterem-se vivos. Assim como de alguma forma nós, humanos, disputamos espaço para
nos inserirmos no aclamado mercado de trabalho, o que depois nos possibilitará comprar os
recursos essenciais para a nossa vida, os demais organismos também disputam diretamente
tais recursos, que devem suprir suas exigências alimentares e reprodutivas.
Por sua vez, todos os recursos em geral podem ser classificados em dois tipos: recursos
renováveis e não renováveis. Os recursos renováveis são aqueles que realizam seu ciclo
de composição e decomposição em curto espaço de tempo. Já os recursos não renováveis
são aqueles que demandam um longo prazo de tempo, em escalas superiores a milhares de
anos, para completarem seus ciclos.
Na Figura 4, exemplificamos duas situações contrastantes e divergentes. Ambas as fotos
representam interações ecológicas entre duas espécies, portanto, relações interespecíficas. Na
foto (A), um indivíduo da espécie de periquito (Pyrrhura pfrimeri) ameaçada de extinção se
alimenta de frutos disponibilizados por um indivíduo de outra espécie conhecida popularmente
como mangueira (Mangifera indica), fazendo um uso sustentável desse recurso. Por outro lado,
a foto (B) representa interações entre seres humanos e tubarões. Uma prática insustentável
que vem ameaçando essa espécie de extinção.
Figura 4. Comparação entre interação sustentável e insustentável. (A) Indivíduo de Pyrrhura pfrimeri se alimentando de manga.
(B) Barbatanas de tubarão cortadas para alimentação humana.
Fonte: foto (A) tirada por Marcos Filipe Pesquero (arquivo pessoal) e foto (B) por Creative Commons.
15
Unidade: Ecologia de populações
Como mostrado na figura anterior, é possível perceber que existem diferentes tipos de
interações ecológicas. A seguir, iremos abordar cada um deles e explicar como ocorrem dentro
dos ecossistemas.
Predação
Entende-se por predação o ato pelo qual um indivíduo mata e se alimenta de outro indivíduo,
no caso, a presa. Os predadores têm um papel fundamental no equilíbrio de populações.
São considerados peças-chave para o controle populacional, evitando que haja desequilíbrios
causados por espécies que venham crescer exorbitantemente em número de indivíduos.
Para isso, predadores em geral dispõem de uma ágil mobilidade e sentidos aguçados
de audição, olfato e visão. Além disso, possuem fortes a afiados dentes, garras, ou bicos,
adaptados à caça.
Um exemplo fácil sobre o papel de regulação populacional promovido por predadores seria
o caso dos ratos que vivem nos esgotos das cidades. Em seu habitat natural, nas matas, muitas
espécies de gaviões, felinos, caninos e répteis são predadores naturais dos ratos (Figura 5).
Como nas áreas urbanas dificilmente se encontra essas espécies predadoras, as populações de
ratos crescem e tomam proporções extremas.
Figura 5. Coruja-das-torres (Tyto alba) predando um rato.
Como existe uma relação direta entre tamanho populacional de presas e de predadores, um
modelo que explica essa relação foi desenvolvido para facilitar a compreensão das flutuações
populacionais. O modelo é denominado Lotka-Volterra, como forma de homenagear os
cientistas que o desenvolveram. Ele prevê oscilações populacionais, bem como taxas de
crescimentos entre presa e predador. Ao observarmos a Figura 6, percebemos que quando
o número de predadores é elevado, o de presas tende a cair; e de forma inversa, quando o
número de predadores é baixo, o número de presas tende a aumentar.
16
Figura 6. Ilustração do modelo de Lotka-Volterra. Flutuações inversamente proporcional entre tamanho populacional de presa e predador.
• Predador
• Presa
Tamanho
Populacional
tempo
A partir dessa relação predador-presa, podemos visualizar que existe um nível mínimo
capaz de suportar o crescimento populacional das espécies de predadores e que existe um teto
limite para o número de predadores que a população de presas pode sustentar.
Mutualismo
O termo mutualismo advém do conceito da palavra mútua, e significa uma interação entre
duas espécies onde ambas se beneficiam. As relações mutualísticas ocorrem naturalmente
e assumem diversas formas, mas, de forma geral, os indivíduos envolvidos em interações
mutualísticas tendem a suprir aqueles recursos ou serviços complementares de forma mútua.
Para exemplificar essa interação, existem vários exemplos: imagine os insetos que polinizam
as plantas e em troca consomem o néctar ou o pólen ofertado pelas flores; ou então, lembre
das bactérias que vivem nas raízes das plantas, proporcionando o nitrogênio em troca de
moléculas de carbono; ainda, lembre dos mamíferos ruminantes, como os bovinos, esses
mantêm bactérias em regiões específicas de seus estômagos, as quais promovem a digestão
da celulose contida no capim que eles não são capazes de digerir. Outra interação mutualística
envolvendo os bovinos, é a interação com a conhecida Garça-vaqueira (Bubulcus ibis), a qual
se alimenta e protege o gado contra os carrapatos parasitas (Figura 7).
Figura 7. Interação mutualística entre indivíduo de Garça-vaqueira (Bubulcus ibis), interessada em carrapatos de uma vaca a pastar.
17
Unidade: Ecologia de populações
Parasitismo
Como no exemplo anterior, já foi citado os carrapatos como parasitas do gado, você já deve
ter percebido que esse tipo de interação ocorre quando um indivíduo de uma espécie consome
do indivíduo da espécie hospedeira aquele recurso necessário para sua vida.
18
Material Complementar
Sites:
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia16.php
https://biomania.com.br/
19
Unidade: Ecologia de populações
Referências
20
Anotações
21
Ecologia Aplicada
Material Teórico
Ecologia, Sociedade e Conservação
Revisão Textual:
Prof. Me. Selma Aparecida Cesarin
a
Ecologia, Sociedade e Conservação
• Conservação de Ecossistemas;
• Desenvolvimento Sustentável;
• Século XX: Integração entre Economistas, Políticos, Cientistas,
Naturalistas e Organizações Civis;
• Ecologia Humana.
Recomendo que você, além de fazer uma leitura tranquila do conteúdo desta Unidade,
consulte ainda, os materiais complementares e assista também a vídeos relacionados ao
tema. Recomenda-se também, que você utilize a internet e outros meios de pesquisa para
buscar novas fontes que venham a contribuir com o seu aprendizado.
5
Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
Contextualização
6
Conservação de Ecossistemas
Aprendemos durante o curso que a vida no Planeta pode ser classificada em diferentes
níveis de organização biológica. Os ecossistemas são sistemas complexos que devem ser
analisados em grande escala geográfica (regional, continental e global) via transferência de
matéria e energia entre os elementos biológicos (populações e comunidades) sob as influências
dos elementos físicos (clima, relevo, solo, etc.). Portanto, conhecer e entender a estrutura e
organização dos ecossistemas é fundamental para a sua conservação, conservação do Planeta
e sobrevivência da própria Humanidade.
Antes de discutirmos as teorias da conservação, falaremos das alterações ambientais
resultantes das ações antrópicas e suas principais consequências para a biodiversidade. Assim
como para qualquer espécie, o ambiente impõe um limite ao crescimento da população,
conhecido como capacidade limite ou suporte do ambiente (k) (Figura 1).
De modo geral, o crescimento da população tem se comportado como se estivesse abaixo
desse limiar k, prevendo um longo crescimento para o futuro (Figura 2).
Atualmente, somos mais de sete bilhões de habitantes e deveremos atingir a casa dos nove
bilhões e seiscentos milhões em 2050 (ONUBR, 2013).
Figura 1. Crescimento populacional logístico dependente da densidade. Figura 2. Flutuação do tamanho da população humana ao longo do tempo.
Número de indivíduos
Curva do potencial
biótico da espécie
Capacidade
Limite do meio
Curva S
Tempo
Resistência do ambiente
7
Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
E há de se falar ainda nos resíduos tóxicos, tais como os despejos propositados de muitas
indústrias e os grandes vazamentos acidentais de óleo e radiação que contaminam o ar, os
solos, as águas continentais e marinhas e dizimam populações e espécies.
Segundo Dirzo et al. (2014), a Terra passa pelo 6° período de extinção em massa de animais,
sendo que 322 espécies de vertebrados tornaram-se extintas desde 1500 e 25% das espécies
restantes encontram-se em declínio populacional. Não discutiremos aqui o polêmico assunto
do controle de natalidade, como já vem sendo adotado por algumas nações, mas falaremos das
teorias que embasam os métodos de conservação das populações, comunidades e ecossistemas.
Os estudos sobre biogeografia de Ilhas de MacArthur e Wilson (1967) representaram um
grande avanço na Biologia da Conservação, pois teorizavam sobre os processos que mantêm
a riqueza de espécies dentro das comunidades.
Levins (1969) utilizou as mesmas premissas para modelar a dinâmica metapopulacional em
ambiente continental. Esse modelo prevê um estado dinâmico de equilíbrio para as populações
que vivem em ecossistemas fragmentados, em que os processos básicos considerados são a
colonização e a extinção locais (Figura 3).
A
†
A
A
A
†
A
8
Equação 1
dp
= bp(1 − p) − ep
dt
Onde dp/dt é a variação do tamanho da metapopulação num intervalo de tempo, b é
a taxa de dispersão da espécie, e é a taxa de extinção da espécie e p é a proporção de
fragmentos ocupados pela espécie.
O efeito de borda fragmentos com grande relação entre perímetro e área estão mais
susceptíveis às influências dos ambientes externos adjacentes. Esse é
um modelo bastante simples, mas à medida que as variáveis distância,
tamanho e forma dos fragmentos de ecossistemas são consideradas,
os modelos se tornam mais realistas (Figura 4).
9
Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
Abordagens mais amplas da conservação, envolvendo não apenas uma ou poucas espécies,
mas todo o ecossistema ou grande parte dele, exigem vontade política e conscientização dos
proprietários rurais.
O governo federal tem utilizado algumas ferramentas a favor desse objetivo, tais como a
criação de Unidades de Conservação nos diferentes biomas brasileiros e a adoção de políticas
públicas de incentivo à agricultura familiar (BRASIL, 2013).
5. Reconhecer que o ser humano faz parte dos ecossistemas e que os valores
humanos influenciam os objetivos relativos a manejo (PRIMACK; RODRIGUES,
2001, p.249).
Desenvolvimento Sustentável
Em decorrência da crise ambiental oriunda do modelo agrícola implantado mundialmente
após o ano de 1950, diversos pesquisadores, entidades não governamentais e governamentais,
além de grande parcela da população conscientizada e informada se mobilizaram objetivamente
para buscar novas formas de desenvolvimento dos países.
10
Esta grande parcela da população mundial está interessada em preservar os recursos
naturais e recuperar de forma gradativa e racional as áreas naturais degradadas. O foco desta
nova postura socioeconômica é tornar sustentável, mais saudável e duradoura a vida humana
em nosso Planeta.
É importante que você saiba que essa nova postura proposta está preocupada, além da
preservação dos recursos naturais, com um modelo de produção durável em longo prazo,
mantendo as características socioeconômicas populacionais. Portanto, sabendo que a
compreensão sobre a disponibilidade dos recursos naturais é dada por meio do conhecimento
sobre os processos cíclicos de energia e matéria, é imprescindível absorvermos o conhecimento
sobre ecologia dos ecossistemas, nos quais as informações sobre a produtividade ecológica
irão nortear este novo modelo de desenvolvimento (Figura 5).
Ecológico
Suportável Viável
Sustentável
Social Economia
Equitativo
Com a Figura 5, evidencia-se que desenvolvimento sustentável é uma relação direta entre
Sociedade, Economia e Ecologia. Mas o que você deve ter em mente é que a união destes três
setores é fundamentada nos critérios de evolução da vida humana, em que haja desenvolvimento
cultural sem que os efeitos das atividades humanas excedam os limites ecossistêmicos.
Além disso, esta interação entre o sistema financeiro, social e ecológico preza tanto pela
manutenção da biodiversidade quanto pela conservação da complexidade ecológica dos
ambientes terrestres.
Mesmo havendo, desde a década de 50, alguma clareza sobre esta relação Sociedade,
Economia e Ecologia, foi a partir de 1980 que a ideia de sustentabilidade foi divulgada
globalmente em um documento de grande alcance intitulado “World Conservation Strategy”.
Em 1987, houve ainda divulgação do Relatório Brundtland, por meio do qual todo o
mundo, inclusive o Brasil, adotou posicionamento favorável às definições de estratégias
objetivadas em promover a sustentabilidade.
11
Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
Estas estratégias são elaboradas para que alcancemos, como sociedade, a sustentabilidade,
confrontando diretamente com a instabilidade ecológica do mundo atual, oriunda dos modelos
governamentais ainda desatualizados perante tais questões. Deste modo, diversas organizações
independentes e não governamentais (ONGs) têm contribuído ao promover além de campanhas
de conscientização da população, a tomada de atitudes práticas visando à minimização de
impactos ambientais.
Tais atitudes tendem a reforçar a existência de uma real e orgânica integração entre cada
cidadão com a sua comunidade, bem como com o seu próprio meio ambiente ecológico.
Figura 6. Logos de algumas ONGs brasileiras que desenvolvem atividades voltadas ao desenvolvimento sustentável em nosso Planeta.
12
Século XX: Integração entre Economistas, Políticos, Cientistas,
Naturalistas e Organizações Civis
Diversos foram os momentos nos quais reuniões, conferências, acordos e tratados foram
realizados na história mundial com a finalidade de discutir a sustentabilidade como um modelo
de desenvolvimento a ser adotado pelos países. Para que você tenha conhecimento, a seguir
estão os principais encontros mundiais:
» 1968 – Clube de Roma: foi caracterizado por um encontro entre políticos, economistas
e cientistas. Resultou em um livro intitulado “Limites do Crescimento” (MEADOWS
et al., 1972) que trata de assuntos relacionados aos temas de energia, poluição,
saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional;
» 1972 – Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente (Estocolmo/ONU): esta
conferência foi promovida pela Organização das Nações Unidas e aconteceu em
Estocolmo, na Suécia. Os temas discutidos foram poluição do ar e sustentabilidade;
» 1987 – Relatório Brundtland (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento/ONU): esta
comissão produziu relatório tratando de assuntos relacionados a limitar o crescimento
populacional para garantir a alimentação da população mundial em longo prazo,
preservar a biodiversidade e os ecossistemas, diminuir o consumo de energia e
promover fontes renováveis, controlar a urbanização selvagem promovendo integração
entre campo e cidades menores.
Para que você possa ter claro na mente, é importante saber que as discussões em torno
da sustentabilidade, por abranger diversos aspectos da sociedade, são bastante complexas e
profundas. Porém, a mensagem principal é que a nossa atual realidade social está ameaçada
pela desarmônica relação entre sociedade e natureza.
O ponto chave para mudarmos o rumo da população mundial é sempre fazermos uma
análise crítica entre a produção e o consumo. Não aceitar que sejamos manipulados pelo
sistema a nos tornar meros consumidores que abrem mão da qualidade de vida para ter o
poder de compra garantindo o lucro de poucos grandes empresários.
Ecologia Humana
Em resposta ao conflito existente entre a atitude humana e a preservação dos recursos
naturais, conceitos foram elaborados com o objetivo de incentivar as pessoas na busca pela
harmonia entre a atividade humana e a natureza. Neste contexto é que surge a Ecologia
Humana, com a função de gerir os recursos naturais, visando a manutenção dos ecossistemas
e com isso a permanência da vida humana na Terra (Figura 7).
14
Para exemplificar as ações e medidas tomadas exclusivamente pela gestão ambiental pública,
temos: o planejamento territorial, que se preocupa com as unidades de conservação; o
zoneamento econômico ecológico, que delimita áreas geográficas de importância ambiental
e econômica; questões relacionadas à legislação ambiental, que elabora e fiscaliza leis e
normas ambientais, além de implementar políticas públicas ambientais.
No âmbito das empresas privadas, a gestão ambiental se incumbe de: elaborar e implementar
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA); adequar normas e procedimentos de certificação
empresarial, como, por exemplo, dar selos de ISO, FSC, BSA, etc.; realizar ações diretas para
a sociedade, como promover a postura de responsabilidade socioambiental por meio de ações
de educação ambiental.
Por fim, o terceiro setor abrange um leque extremamente amplo que varia desde a
execução de projetos de gestão ambiental para empresas, até a criação e gestão de unidades
de conservação.
Podemos concluir, pelas áreas de atuação, que a gestão ambiental é incumbida por gerir
o ambiente, administrando o uso e a exploração de áreas geográficas e de recursos naturais.
Molina et al. definem a gestão ambiental resumidamente como sendo a:
15
Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
Figura 8. Incentivo à separação do lixo doméstico por meio do método fácil e prático de compostagem doméstica.
Fonte: voluntariosonline.org
Devemos evidenciar este tipo de abrangência mais pontual, em escala local na sociedade,
que olha para a postura de cada indivíduo. Este papel desempenhado por pessoas e grupos
familiares em nível local é a base de uma sociedade sustentável. Mas é claro que deve haver
incentivo partindo das gestões governamentais e educacionais, de forma a orientar e formar
cidadãos cada vez mais cientes da necessidade da sustentabilidade.
Cabe lembrar que as recíprocas interações entre o ambiente e a sociedade são responsáveis
pela conformação dos ecossistemas por meio das alterações promovidas na paisagem. Deste
modo, ao compreender o papel da Humanidade nos processos ecológicos, a ecologia humana
subsidia informações que auxiliam a compreensão dos níveis mais complexos de alterações da
paisagem causadas pelo nosso sistema de organização social.
16
Figura 9. Modificação da paisagem natural pela ocupação por atividades humanas.
Complexo esportivo Arena Pernambuco, no município de São Lourenço da Mata.
17
Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
Material Complementar
Vídeos:
A ilha das flores: https://www.youtube.com/watch?v=e7sD6mdXUyg;
A história das coisas: https://www.youtube.com/watch?v=MWUHurprTVA.
Livros:
BATES, D. G.; TUCKER, J. Human Ecology. Contemporary Research and Practice. Local:
Springer, 2010.
Sites:
http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/7493/conservacao-dos-ecossistemas;
http://www.brasilescola.com/brasil/unidades-conservacao-brasileiras.htm.
18
Referências
BRASIL. IBGE. Censo Agropecuário. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Disponível em: <http://
seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=1&op=0&vcodigo=AGRO03&t=utilizacao-
terras-ha>. Acesso em: 26 mar. 2015.
DIRZO, R.; YOUNG, H. S.; GALETTI, M.; CEBALLOS, G.; ISAAC, N. J. B.; COLLEN, B.
Defaunation in the Anthropocene. Science, 345: 401-406, 2014.
DIRZO, R.; YOUNG, H. S.; GALETTI, M.; CEBALLOS, G.; ISAAC, N. J. B.; COLLEN, B.
Defaunation in the Anthropocene. Science, 345: 401-406, 2014.
KEATING et al. Global wealth report 2013. Zurich: Credit Suisse Ag. Disponível em:
<https://publications.credit-suisse.com/tasks/render/file/?fileID=BCDB1364-A105-0560-
1332EC9100FF5C83>.. Acesso em: 22 ago. 2014.
19
Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
MILLER, J. G. Living Systems: basic concepts. Behavioral Science, 10: 193-237, 1965.
ONUBR. Nações Unidas no Brasil. População mundial deve atingir 9,6 bilhões em
2050, diz novo relatório da ONU. Publicado em 13/06/2013. Disponível em: <http://
nacoesunidas.org/populacao-mundial-deve-atingir-96-bilhoes-em-2050-diz-novo-relatorio-da-
onu/>. Acesso em: 20 mar. 2015.
WMO. The Dublin Statement and Report of the Conference. In: Annals of International
Conference on Water and the Environment: Development Issues for the 21st Century.
26-31 January 1992. Dublin, Ireland.
20
Anotações
21
Ecologia Aplicada
Material Teórico
Energia e Ciclos biogeoquímicos nos ambientes
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Energia e Ciclos biogeoquímicos
nos ambientes
5
Unidade: Energia e Ciclos biogeoquímicos nos ambientes
Contextualização
Sabemos que para o funcionamento do ecossistema acontecer vários elementos vivos e não
vivos estão envolvidos por um conjunto de interações ecológicas. Esta Unidade te apresentará
quais os principais elementos não vivos e, além disso, como ocorre o ciclo desses elementos
enquanto as interações ecológicas acontecem.
Fora isso, a visão que integra todos os elementos da biosfera como sendo um único
organismo vivo está à sua espera. Nela, você poderá perceber como cada atividade realizada
no planeta interfere de alguma forma no seu funcionamento como um todo. Uma espécie de
“efeito borboleta” fará você perceber que cada elemento está de alguma forma interligado
dentro deste grande organismo vivo chamado planeta Terra.
Atualmente vivenciamos graves problemas ambientais e o que mais tem repercutido é a falta de
água em algumas regiões do país, que é considerado um dos maiores riscos à nossa subsistência.
A seguir, seguem dois links: uma reportagem e um vídeo que tratam do assunto da água.
6
Energia nos ecossistemas
Por meio dos princípios ecológicos você pode compreender que o ecossistema vincula as
relações existentes entre os animais e vegetais aos fatores físicos e químicos do ambiente – tais
como clima, luminosidade, temperatura, umidade, pressão atmosférica, salinidade, pH, entre
outros. Dessa forma, cada organismo inserido no seu contexto ecológico desempenha função
ecossistêmica (Figura 1).
Fonte: ib.usp.br
Por exemplo, imagine que uma população de indivíduos de uma espécie qualquer foi
dizimada do ambiente em que estava inserida. As funções ecológicas que eram executadas
pelos indivíduos dessa população deixam de existir. Consequentemente, o ecossistema entra
em desequilíbrio funcional e busca se reordenar de modo a repassar as funções perdidas para
novos organismos. Esses novos organismos surgem para desempenhar as funções ecológicas
antes realizadas pela população que foi extinta, de forma a manter o equilíbrio das demandas
de energia e matéria que fazem funcionar todo o conjunto ecossistêmico. Portanto, para que
se mantenha uma função ecológica, necessita-se da permanência do fluxo de energia entrando
e saindo do ecossistema.
7
Unidade: Energia e Ciclos biogeoquímicos nos ambientes
Transformações de Energia
Em nosso planeta podemos dividir a energia em três principais tipos:
Todos esses três tipos de energia existentes em nosso planeta possuem comportamento
regido pelas Leis da física.
As Leis da Termodinâmica
A física diz que o fluxo de energia é sempre um processo unidirecional. A energia entra
no planeta Terra a partir do Sol, que emite energia luminosa através dos raios solares. O Sol
é considerado a fonte de maior produção de calor do nosso planeta, a qual é considerada
indispensável como fonte de energia para existência de vida. Portanto, para que você entenda
como se dá a relação entre a vida e a energia nos processos ecossistêmicos, é importante que
conheça quais as características da energia segundo as Leis da física.
A 1ª Lei da Termodinâmica diz que a energia pode ser convertida de uma forma a outra,
mas em hipótese nenhuma a energia pode ser criada ou destruída – daí vem a célebre frase:
“Nada se cria, tudo se transforma ou se modifica.” Seguindo com os princípios da física, na 2ª
Lei da Termodinâmica, é dito que as transformações de energia sempre resultam em alguma
dissipação de energia, ou seja: sempre quando há transferência de energia de um corpo para o
outro, uma porcentagem dessa energia é liberada para o ambiente. Dessa forma, para manter
a ordem de funcionamento dos ecossistemas, a energia deverá constantemente ser adicionada
ao sistema para compensar a perda de energia resultante das interações ecológicas.
Você deve ter em mente que a energia nos ecossistemas é constante, e dessa forma ela
não é criada e nem destruída por nenhum ser vivo. Porém, as interações ecológicas
são responsáveis pelo fluxo dessa energia entre os mais diversos organismos vivos
Reflita do nosso planeta.
8
Energia
Todos os dias você pode observar que a superfície terrestre recebe radiação solar e em
consequência dela ocorre um fluxo de calor conhecido como radiação térmica. Esses dois
tipos de radiação – a solar e a térmica – contribuem diretamente para a formação do clima. É
importante que você saiba que apenas uma parte da radiação solar que adentra na atmosfera
é captada pelas plantas e algas fotossintetizantes e convertidas em energia potencial biológica.
A luz solar que atinge a Terra pode ter a sua intensidade medida através do aparelho pireliômetro
ou solarímetro. Em dias com condições climáticas favoráveis, a intensidade dessa luz corresponde a
apenas 67% do total que sai do Sol. Conforme os raios solares entram na atmosfera terrestre, eles
têm de atravessar as nuvens, os gases, vapores d’água e as partículas presentes no ar, além da própria
vegetação. Com isso, a distribuição dos raios solares é alterada fazendo com que haja variação do
fluxo de incidência da radiação solar nos diversos ecossistemas.
Vale ressaltar que o calor que entra na atmosfera é essencial para que haja
as condições favoráveis à vida na Terra. Você já pensou o que seria dos
ecossistemas e da vida em nosso planeta caso a luz do Sol deixasse de chegar
Reflita até nós?
9
Unidade: Energia e Ciclos biogeoquímicos nos ambientes
Para se ter uma ideia do total de energia solar que adentra a biosfera, apenas 0,8% é
utilizado pelas plantas para realizar a fotossíntese e converter energia luminosa em energia
bioquímica. Dos 99,2% restantes, 23,2% são dissipados por processos naturais de evaporação,
precipitação, correntes de vento e das ondas do mar, 46% dessa energia é diretamente
convertida em calor e os 30% restantes são simplesmente refletidos para fora da atmosfera.
Mesmo sendo ínfima a porção de luz solar que é assimilada pela fotossíntese e convertida
em energia em forma de alimento pelas plantas, os demais processos são extremamente
relevantes para gerar condições favoráveis à vida nos mais variados ambientes da Terra como,
por exemplo, o controle da temperatura e dos climas globais interferindo diretamente no ciclo
da água e nos fenômenos meteorológicos.
Pirâmide de Energia
A pirâmide de energia expressa a quantidade de energia acumulada em cada nível da cadeia
alimentar. O fluxo decrescente de energia da cadeia alimentar justifica o fato de a pirâmide
apresentar o vértice voltado para cima. O comprimento do retângulo (tamanho das palavras)
indica o conteúdo energético presente em cada elo da cadeia (Figura 2).
Figura 2. Pirâmide energética indicando três níveis tróficos representando os produtores, consumidores primários e secundários.
10
As estimativas científicas apontam que cada nível trófico transfere apenas 10% da energia
que possui para o nível trófico seguinte. Consequentemente, a pirâmide de energia quase
nunca apresentará mais do que cinco níveis tróficos. Para exemplificar, imagine uma plantação
de milho capaz de alimentar 100 pessoas durante um ano. Caso essa mesma plantação seja
destruída e transformada em pasto, o qual servirá somente para engorda de bovinos de corte, o
número de gado que a área poderá suportar será tão pequeno que não será possível alimentar
mais do que cinco pessoas durante o mesmo período de um ano.
Dessa forma, podemos compreender que a quantidade de energia que se perdeu de um nível
trófico para outro foi muito grande. Ou seja, numa mesma área onde tínhamos seres vivos
produtores de energia, como a plantação de milho, teremos uma enorme perda energética
após a substituição por gado, onde poderemos contemplar apenas uma ínfima parte da
população humana a alimentando com carne. Assim, podemos concluir que os produtores
possuem muito mais carga energética que os demais níveis tróficos da pirâmide de energia.
Infelizmente é muito grande o território brasileiro onde se pratica a pecuária, que inclusive
exporta enormes quantidades de carne, enquanto se poderia potencializar a capacidade de
alimentar mais pessoas incentivando a agricultura.
Recursos energéticos
Assim como nos ecossistemas naturais, nós seres humanos, também necessitamos de
energia para desenvolver nossas atividades vitais. Nossa alimentação é a essencial fonte de
energia para que nossos sistemas respiratórios, circulatórios, digestivos, entre outros continuem
funcionando normalmente e assim permaneçamos vivos. Mas acontece que a sociedade criou
uma série de atividades industriais e domiciliares que demandam muito mais energia do que
de fato precisamos para viver.
Essa demanda de energia que a sociedade precisa para desenvolver suas atividades
é suprida por meio da exploração dos Recursos Energéticos oferecidos pelo nosso
planeta. Os recursos energéticos são o conjunto de meios com que os países do mundo
exploram para atender às suas demandas na cadeia produtiva de bens de consumo materiais.
São diversas as fontes energéticas exploradas pelo homem, mas as mais utilizadas são:
petróleo, gás natural e carvão.
Você pode observar que a quantidade de veículos tem aumentado drasticamente nas cidades.
Dessa forma, o petróleo cru e o gás natural são encontrados em quantidades comerciais em
mais de 50 países de todos os continentes do planeta. As maiores e mais da metade das jazidas
de petróleo se encontram no Oriente e quase um terço das reservas já descobertas de gás
natural também estão lá.
O carvão é um termo genérico que se refere a uma grande variedade de materiais sólidos
que possuem alto conteúdo de carbono. Esses materiais são queimados em centrais térmicas
que geram vapor d’água destinado a impulsionar geradores de energia. O grande problema
desse combustível é a queima excessiva de madeira, a falta de fiscalização favorece grandes
desmatamentos de áreas naturais, sem contar com a imensa quantidade de gás carbônico que
é lançada na atmosfera.
11
Unidade: Energia e Ciclos biogeoquímicos nos ambientes
Por outro lado, a energia solar não é apenas uma tecnologia energética, mas também um termo
que se aplica a diversas tecnologias de energias renováveis. Sua característica comum é que, ao
contrário de quase todas as demais, é inesgotável, totalmente limpa e segura. No Brasil, infelizmente,
falta percepção do Governo para as potencialidades dessa fonte inesgotável que não prejudica o
meio ambiente e nem impõe riscos de contaminação ou de doenças para os humanos.
Fontes de Energia
Energia hidrelétrica
É a energia gerada pela força da água. Provoca-se represamento de grande área alagada
através de uma interrupção com barragem no curso de um rio. A água irá cair para um nível
inferior da barragem, provocando assim a movimentação de turbinas geradoras de energia.
Essa energia provoca impacto ambiental principalmente na construção dessas barragens, pois
grandes áreas naturais acabam sendo alagadas. O rio perde o seu potencial turístico ou de
lazer e as populações ribeirinhas são desabrigadas.
Álcool
O álcool vem sendo usado em substituição à gasolina e outros combustíveis derivados
do petróleo. No Brasil, a cana-de-açúcar tornou-se a principal fonte de produção de álcool
hidratado. Para tanto, muitas usinas foram implantadas em vários estados brasileiros.
Além disso, a produção de álcool causa drásticos desequilíbrios nos ecossistemas, interferindo
na qualidade dos rios e demais corpos d’água. Grandes quantidades de resíduos altamente
tóxicos, como o vinhoto, são pulverizados nas plantações de cana, e esses elementos químicos
acabam contaminando mais do que o solo, mas também os rios, lagos e inclusive o lençol
freático, tornando a água altamente cancerígena para o consumo a longo prazo.
12
Energia nuclear
É a energia liberada durante a fissão ou fusão de núcleos atômicos. Uma fonte inesgotável
de energia, onde enormes quantidades podem ser obtidas mediante processos nucleares de
alguns átomos específicos. A energia nuclear supera em muito as demais fontes de energia,
e uma vez que se tenha total controle sobre a manipulação dessa fonte, ela é considerada
totalmente eficaz e limpa.
Energia solar
Energia inesgotável produzida pelo Sol. Os raios solares chegam à atmosfera terrestre
através dos fótons, os quais interagem com a atmosfera e a superfície terrestre.
Na atmosfera, nos oceanos e nas plantas ocorre a absorção natural de energia solar, mas a
energia solar pode ser obtida artificialmente através de dispositivos denominados de coletores
solares. A energia solar, uma vez absorvida, pode ser convertida em energia elétrica sem
nenhum dispositivo mecânico intermediário.
Os Ciclos Biogeoquímicos
Os ciclos biogeoquímicos são processos naturais que, por diversas formas, promovem reciclagem
de importantes elementos ou de compostos químicos do meio ambiente para os organismos, e
vice-versa. Ou seja, é através dos ciclos biogeoquímicos que ocorre o fluxo cíclico dos elementos
químicos importantes tanto para a vida quanto para os ecossistemas existentes na biosfera. Portanto,
elementos como a água, o carbono, oxigênio, nitrogênio, fósforo e cálcio percorrem esses ciclos,
unindo todos os componentes vivos e não vivos da Terra.
Você já deve ter em mente que a Terra é um sistema dinâmico que está constantemente
em evolução, portanto, qualquer alteração dos ciclos biogeoquímicos acaba afetando todos os
demais processos físicos e biológicos.
Para que fique claro, os ciclos biogeoquímicos que acontecem a todo instante em nosso dia
a dia podem ser entendidos como o movimento ou o percurso de um determinado elemento
ou molécula química através de um ou vários meios como a atmosfera, a hidrosfera e a litosfera
da Terra. Desse modo, os ciclos estão intimamente relacionados com processos geológicos,
hidrológicos e biológicos.
13
Unidade: Energia e Ciclos biogeoquímicos nos ambientes
O estudo desses ciclos se torna cada vez mais importante, como, por exemplo, para avaliar
o impacto ecossistêmico que a exploração de um recurso natural possa vir a causar no meio
ambiente e nos seres vivos que dependem direta ou indiretamente desse meio para garantir a
sua sobrevivência.
Um triste exemplo tem sido a falta de água na região metropolitana de São Paulo. Tanto a
população humana quanto a fauna e flora têm sofrido com a escassez desse recurso nessa região.
Uma vez que os rios e lagos estão sendo poluídos e altamente consumidos principalmente por
indústrias e plantações agrícolas, os rios e os demais mananciais de água potável tem sido
contaminados pelo despejo de resíduos cancerígenos (metais pesados) e superexplorados por
conta da irrigação de latifúndios de cana-de-açúcar.
Em síntese:
Como dito anteriormente, qualquer matéria pode ser constantemente reaproveitada
na natureza. Por exemplo, quando uma planta ou um animal morre, as bactérias e
os fungos existentes no solo dão início à decomposição da matéria que compunha
seus corpos. É justamente através da decomposição que se devolve ao solo os sais
minerais, a água e os demais elementos – como sódio (Na), potássio (K), fósforo
(P) e nitrogênio (N). A partir da decomposição desses elementos, eles estarão
novamente disponíveis no solo, no ar ou na água, onde o processo todo se reinicia
como se fosse uma grande engrenagem do mundo natural.
Algumas atividades cíclicas ligadas aos elementos biogeoquímicos podem ser
exemplificadas. O nitrogênio, por exemplo, que naturalmente é encontrado no ar
que respiramos, é absorvido por algumas bactérias que vivem aglomeradas nas raízes
de algumas plantas (Figura 3). Já o fósforo que está presente no solo é novamente
incorporado pelos seres vivos a partir das plantas para compor os fosfolipídios.
14
O ciclo da água
Você já deve saber que a água pode ser encontrada naturalmente em três estados físicos:
sólido, líquido e gasoso. Nos oceanos e mares temos aproximadamente 97% de toda a água
do nosso planeta. Dos 3% restantes, 2,25% está em forma de gelo nas geleiras e nos polos
norte e sul, e apenas 0,75% está presente nos rios, lagos e lençóis freáticos que a população
humana tem de dividir com os demais animais terrestres.
A quantidade de água na forma de vapor que se encontra na atmosfera é extremamente inferior
quando comparada às grandes quantidades de água encontradas nos demais estados físicos. Porém,
apesar dessa quantidade ser ínfima, a presença de vapor de água no ar é vital para os seres vivos e
fundamental para que se estabeleça as condições climáticas do nosso planeta.
Esse vapor de água que se encontra na atmosfera é proveniente da evapotranspiração que
ocorre de forma natural na biosfera. A evapotranspiração nada mais é do que a própria
transpiração realizada pelos seres vivos e a evaporação da água líquida por conta do aquecimento
pelo Sol. Portanto, você já deve ter imaginado que a evapotranspiração exige certa quantidade
de energia para ser realizada. A água gasosa evaporada para atmosfera pela radiação térmica
solar se condensa na atmosfera por perda de calor e se precipita em forma de chuva (líquida),
ou por um resfriamento excessivo na forma sólida (neve ou granizo).
Como a maior parte da água em nosso planeta se concentra nos oceanos, a quantidade de
evapotranspiração é bem maior do que a precipitação nas áreas oceânicas. Por outro lado,
nos continentes e nas ilhas ocorre o inverso: a água evapora em menor quantidade e chove
em maior proporção. Essa inversão possibilita nos continentes a formação de rios, lagos e
lençóis freáticos.
Então, como a chuva ocorre de forma mais pronunciada nos continentes do que nos
oceanos, poderemos pensar que a tendência do nível de água nos oceanos seria diminuir ao
longo do tempo. Entretanto, vemos que isso não tem acontecido. Você sabe por quê? Bom,
esse processo dos oceanos secarem não ocorre devido ao acúmulo de água dos continentes
ser transportado de volta aos mares e oceanos através dos rios.
Figura 4. Esquema ilustrativo do ciclo da água.
É muito importante que você observe
que todo o movimento realizado pela
água em nosso planeta acontece de forma
cíclica. Desse modo, a água evaporada
pelo Sol e transpirada pelos animais
percorre seu trajeto, seja ele na terra
ou na atmosfera, cumprindo todas suas
funções, até que ocorra a precipitação,
quando ela voltará a estar disponível para
recomeçar o seu ciclo na natureza. Veja o
ciclo completo na Figura 4 (ao lado).
Fonte: ga.water.usgs.gov
15
Unidade: Energia e Ciclos biogeoquímicos nos ambientes
Teoria de Gaia
Analisando a Terra do seu interior, cientistas descobriram que ela é quase totalmente
constituída de rocha fundida e metal. Sendo a Terra um planeta do universo que pulsa vida por
toda a sua porção externa, a Teoria de Gaia considera, portanto, que o nosso planeta funciona
como um imenso sistema fisiológico dinâmico, o qual se tornou apto para a vida há mais
de três bilhões de anos. Dessa forma, Gaia pode ser entendida como um sistema fisiológico
“vivo” que regula as condições climáticas e químicas para que sejam ideais para a vida.
O cerne dos problemas que afligem Gaia está na falta de controle populacional humano,
onde atualmente o número de habitantes ultrapassa as sete bilhões de pessoas e torna
insustentável a vida nos próximos anos. Com o atual modelo de desenvolvimento capitalista,
onde a superexploração dos recursos naturais provoca a destruição maciça de ecossistemas,
polui o globo terrestre e ameaça o clima, o nosso compromisso agora é controlar o crescimento
populacional de modo a sermos condizentes em número de pessoas com aquilo que a
capacidade de Gaia suporta para alimentar-nos a longo prazo.
Para que isso ocorra, é nosso dever para com o planeta alterarmos a ordem dos nossos
valores enquanto sociedade, dando prioridade para o controle populacional, à limpeza das
águas, proteção do solo e ao cuidado com as árvores e animais.
Como dito anteriormente, a própria Gaia é quem regula sua temperatura de modo a ser
ideal para qualquer tipo de vida que a esteja habitando, contudo, a emissão de gases de efeito
estufa, como o CO2, faz com que a nossa atmosfera aqueça o bastante a ponto de derreter
imensos blocos de gelo da Groenlândia e de parte da Antártida ocidental (Figura 5). Aos
nossos oceanos será então acrescentada água suficiente para que os níveis do mar se elevem
e ocasionem êxodo do litoral para as regiões interioranas e mais altas dos continentes.
16
Figura 5. Imagem de satélite do iceberg B-15A de 160 Km de comprimento
O aquecimento da atmosfera, em termos de na Antártida desprendido por causa do aquecimento global.
Gaia, em pouco tempo será excessivo para a flora,
fauna e muitas outras formas microbianas de vida.
Esse impacto climático é provocado pela nossa civi-
lização industrial, a qual vem aquecendo Gaia mais
rapidamente do que os processos naturais. Sabe-
mos que Gaia já sobreviveu com sucesso a enormes
catástrofes em seus primeiros milhões de anos de
vida (Figura 6) mas, contudo, caso continuemos a
deixar as coisas como estão, nossa espécie poderá
nunca mais desfrutar deste planeta repleto de vida Fonte: www.apolo11.com
– assim como já perdemos inúmeras belezas naturais verdejantes e cênicas, que existiam há
pouco mais de cinquenta anos e hoje já não existem mais.
Figura 6. O estabelecimento da vida na Terra e sua relação com as chuvas meteoríticas esterilizantes.
Neste momento, você deve estar pensando que é muito difícil tomarmos medidas de ação
em prol de nosso planeta e de nós mesmos, mas é mais simples do que se imagina. Basta
rompermos com a economia que enriquece poucos e manter a maior parte da população
mundial com pouco dinheiro, transformaremos toda essa situação que antecede o caos apenas
tornando a nossa economia ecológica.
Para isso, nossa matriz energética, por exemplo, deverá se basear em fontes renováveis já
descobertas, tais como a energia eólica e a solar (Tabela 1). Ainda, poderemos substituir os
combustíveis fósseis poluidores, como o carvão mineral e o petróleo, por aqueles de origem
vegetal, como o etanol e o biodiesel. Outra fonte energética seria a proveniente de energia
nuclear que, apesar de ser defendida por diversos intelectuais de gestão ambiental como a
17
Unidade: Energia e Ciclos biogeoquímicos nos ambientes
solução de crises ambientais, tem sido repensada pela sociedade atual após alguns acidentes –
embora tenhamos tecnologia suficiente para manter níveis seguros de uso dessa fonte.
Tabela 1. Empreendimentos de geração de energia em ação no Brasil em 2014.
Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) %
CGH 469 288.349 0,22
EOL 178 3.847.529 2,89
PCH 467 4.713.134 3,57
UFV 164 16.287 0,01
UHE 197 86.625.945 63,17
UTE 1.866 39.325.279 28,61
UTN 2 1.990.000 1,52
Total 3.343 136.806.523 100
Fonte: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm
18
Material Complementar
Vídeos:
Discovery na Escola - Elementos de Biologia, Ecossistemas
https://youtu.be/5WVhItCdm-o
Livros:
PRIMACK, R. B; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: editora Planta. 2001.
ROSA, R. S.; MESSIAS, R. A.; AMBROZINI, B. Importância da compreensão dos ciclos biogeoquímicos
para o desenvolvimento sustentável. Coord. Maria Olímpia de O. Rezende. Instituto de Química de
São Carlos, Universidade de São Paulo. 2003.
Sites:
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia26.php
https://www.biologiatotal.com.br/areas-da-biologia/ecologia/
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia6.php
19
Unidade: Energia e Ciclos biogeoquímicos nos ambientes
Referências
DAMINELI, A.; DAMINELI, D.S.C. Origens da vida. Estudos Avançados, 21 (59): 263-
284, 2007.
LOVELOCK, J. A Vingança de Gaia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2006. Tradução Ivo Korytowski.
USGS. Water cycle. Departhment of the interior. United States Geological Surveys. 2015.
Disponível em: http://ga.water.usgs.gov/edu/watercyle.html. Acesso em 23 mar. 2015.
USGS. Water cycle. Departhment of the interior. United States Geological Surveys. 2015.
Disponível em: http://ga.water.usgs.gov/edu/watercyle.html. Acesso em 23/03/2015.
20
Anotações
21
Planejamento
Energético
Material Teórico
Energia e Sociedade
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Energia e Sociedade
·· Introdução
·· Planeamento de Sistemas Elétricos
·· Políticas Energéticas
·· Energia e Crescimento Econômico
·· Perfil de Consumo Energético
·· Conclusões
5
Unidade: Energia e Sociedade
Contextualização
A produção e distribuição de energia são uma grande tarefa de uma nação. Garantir que
a sua população tenha o necessário para o consumo diário e ainda que as fontes de recursos
naturais permaneçam em estados utilizáveis requer planejamento bem específico e detalhado.
Uma política energética nacional que garanta o fornecimento nacional, a inserção do país
no mercado internacional e ainda contenha práticas de redução da emissão de poluentes deve
ser estabelecida.
Todo governo possui os seus órgãos de regulamentação para criação e cumprimento das
leis estabelecidas pela política nacional. Para criar tal política, é preciso levar em consideração
alguns tópicos como: quantidade de recursos presente no território nacional, distribuição das
reservas e demanda por região, classe e setor.
Além de garantir o bom uso dos recursos, é preciso investir em pesquisa e desenvolvimento
de novas tecnologias de conversão do insumo primário em energia.
Para Pensar
Para esta Unidade, convido você a refletir sobre as políticas energéticas atuais, determinadas na Lei
9478, de 6 de agosto de 1997, que pode ser consultada em: <http://goo.gl/L9fGYi>.
6
Introdução
O domínio sobre os recursos naturais para a geração de Energia foi uma conquista marcante
na história da Humanidade. Ao ser analisada a trajetória do ser humano, percebe-se que sua
evolução em sociedade sempre foi acompanhada pelo avanço da tecnologia. Seja na produção
do fogo, na construção de ferramentas, fabricação de bens duráveis ou nas telecomunicações,
entre outras grandes inovações.
A corrida incessante pela otimização de tarefas simples ou complexas é seguida de perto pela
busca por novas tecnologias capazes de realizar em segundos o que antes era feito em horas,
dias ou mesmo semanas. A capacidade humana de realizar suas tarefas passa a ser dependente
de novas formas de energia.
“Energia é aquilo que permite uma mudança na configuração de um sistema, em oposição
a uma força que resiste à esta mudança” (VIANA et al., 2012, p.14).
A definição proposta por Maxwell, em 1872, permanece válida na atualidade e serve como
base para os estudos aqui apresentados. Observe que quando tratada como algo que permite
uma mudança na configuração de um sistema, a Energia pode ser entendida como algo que
não pode ser criado, mas transformado.
“A energia se apresenta de diversas formas, que podem ser convertidas entre si. É importante
observar ainda que apenas nos processos de conversão se identifica a existência de energia”
(VIANA et al., 2012, p.15).
Com base em tais afirmativas, seguem-se os estudos na tecnologia associada à conversão de
energia e sua utilização em sociedade.
7
Unidade: Energia e Sociedade
No Brasil, o Ministério de Minas e Energia (MME) foi criado para auxiliar o exercício do
Poder Executivo, criando normas, acompanhando e avaliando programas federais e implantando
políticas para o setor energético.
Alguns órgãos relacionados ao MME são:
• ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico – é uma entidade sem fins lucrativos com
finalidade de gerenciar e controlar as instalações de geração e transmissão de energia
elétrica em todo o país.
8
A Figura 1 relata um paradigma que deve ser observado no planejamento energético: a
relação entre demanda, consumo e manutenção dos recursos naturais minimizando a poluição
do Planeta.
A demanda por energia cresce proporcionalmente ao crescimento da população mundial.
A energia é a base para a realização de tarefas simples e diárias individuais e também para a
produção de bens duráveis e não duráveis, consumidos pela população.
Conforme dito anteriormente, a geração da energia é baseada nos recursos naturais
do Planeta. Seu uso desenfreado causaria um esgotamento das fontes de insumos primários
para produção.
Como consequência da extração dos recursos e dos processos de geração de energia, surgem
problemas ambientais relacionados à poluição, como chuva ácida, efeito estufa e muitos outros.
É necessário que o planejamento energético garanta o equilíbrio entre estes três pontos, para
que a população tenha sua demanda suprida e, ao mesmo tempo, sejam preservadas as fontes
naturais para as gerações futuras.
Água
Ar
Renováveis
Biomassa
Vento
Recursos
Minerais não-energéticos
(Fósforo, Cálcio, etc)
Não-Renováveis
Minerais energéticos
(Combustíveis fósseis, Urânio)
9
Unidade: Energia e Sociedade
Políticas Energéticas
Explore
Veja a Lei nº 9.478, de 1997, art. 1º, na íntegra em: <http://goo.gl/L9fGYi>.
10
Energia e Crescimento Econômico
O crescimento econômico de uma nação envolve muitos fatores, como saúde, educação,
comércio exterior, geração, venda e consumo de energia, entre muitos outros. Todos eles
possuem indicadores sociais e numéricos capazes de sintetizar o crescimento por área.
Uma das organizações sob coordenação do MME é a Empresa de Pesquisas Energéticas
(EPE), que publica todo ano um documento chamado Anuário Estatístico de Energia Elétrica.
Explore
Acesse <http://www.epe.gov.br> para conhecer todos os dados da empresa e do
planejamento energético nacional
A observação dos dados presentes no anuário nos permite verificar o perfil da geração e do
consumo de energia de diversas formas, separadas por setores, regiões geográficas, classes de
consumo, entre outros.
Além de verificar o que aconteceu durante o ano que passou, é possível determinar os
planos energéticos para o próximo período e tomar decisões para mudanças de cursos, caso
seja necessário, ou ainda a intensificação do curso existente, caso o ocorrido esteja conforme
o planejado.
Vamos analisar alguns dados do Anuário de Energia Elétrica de 2014 (com referência ao ano
de 2013). Esta versão foi liberada em forma de planilha eletrônica com todos os dados ou em
formato de texto para publicação.
Ambos podem ser acessados em <http://www.epe.gov.br/AnuarioEstatisticodeEnergiaEletrica/
Forms/Anurio.aspx>.
Uma primeira análise a ser feita é sobre a capacidade instalada de geração elétrica no
panorama mundial. Observe a Tabela 1.
∆% Part. %
2007 2008 2009 2010 2011
(2011/2010) (2011)
11
Unidade: Energia e Sociedade
América do Sul e
231.6 238.6 248.4 259.2 269.9 4.1 5.2
Central
Perceba que o dado mais importante para a nossa análise, neste momento, é a coluna Δ%,
que indica a variação em porcentagem da capacidade de cada região.
Observe que, no mundo inteiro, tivemos uma variação de quase 5% em crescimento da
capacidade de geração elétrica. A região com maior crescimento percentual foi a que compreende
Ásia e Oceania, seguida pelo Oriente Médio e América do Sul e Central.
Esta análise nos permite dizer que a nossa região teve aumento significativo da produção em
relação ao crescimento mundial. Em relação à participação no mercado mundial, América do
Sul e central ocupam a quinta posição, com 5.2% no ano de 2011.
Uma vez que é conhecida a participação da região no âmbito mundial, pode-se traçar o
perfil de geração do país em suas regiões e estados da federação. Observe a tabela 2 para
comparações.
12
Nordeste 22,137 17.5
Rio Grande do
930 4.2
Norte
Mato Grosso
5,412 34.0
do Sul
13
Unidade: Energia e Sociedade
Fonte: EPE.
Além de verificar a produção por região, ao desenvolver um perfil energético do país, precisa-
se averiguar a geração por fonte. Observe o Gráfico 2, criado com os dados fornecidos pelo
Anuário de 2014.
Fonte: EPE.
14
Notas
I) Inclui autoprodução;
II) Derivados de petróleo: óleo diesel e óleo combustível;
III) Biomassa: lenha, bagaço de cana e lixívia;
IV) Outras: recuperações, gás de coqueria e outros secundários.
Como já deve ser de seu conhecimento, o Brasil possui a maior capacidade de geração de
energia elétrica por fontes hidráulicas. São quase 70% de toda a capacidade nacional. Em
seguida, tem-se a geração por gás natural e biomassa (lenha, bagaço de cana e lixívia).
Graças ao bom potencial hidráulico brasileiro, podemos gerar nossa energia de forma mais
limpa, reduzindo os riscos ambientais. É interessante perceber que ainda assim são utilizadas
outras fontes para suprir regiões com poucos rios grandes, o suficiente para criação de usinas
hidrelétricas e ainda para possíveis falhas do sistema, causadas por grandes secas, por exemplo.
Uma vez observada a geração, deve-se analisar também o consumo, para determinar se uma
região é auto-sustentável ou se é preciso que a distribuição de outra região se estenda para ela.
A Tabela 3 apresenta o consumo nacional por região.
∆% Part. %
2009 2010 2011 2012 2013
(2013/2012) (2013)
Centro-
24,896 26,310 28,205 30,718 32,756 6.6 7.1
Oeste
Fonte: EPE
A fim de entender melhor os dados apresentados nas tabelas 2 e 3, criamos um gráfico que
apresenta os dados de geração e consumo das regiões brasileiras. Observe o Gráfico 3 para a
comparação dos dados.
15
Unidade: Energia e Sociedade
Com a análise do gráfico, pode-se observar que a geração esteve acima do consumo em
quase todas as regiões, com exceção da região Sudeste, que teve um consumo maior do que
a própria geração, e da Região nordeste, que teve praticamente o mesmo consumo que a
capacidade gerada.
Contudo, a geração total ainda foi superior à demanda nacional. Este excedente pode ser
vendido a países vizinhos, por exemplo, o que acontece com frequência por intermédio da
Usina Binacional de ITAIPU.
Esta usina hidrelétrica pertence ao Brasil e ao Paraguai. Parte da energia gerada por um pode
ser destinada ao outro em caso de excesso ou necessidade.
Até então, foram analisados apenas dados de geração e consumo.
Mas como isso afeta o bolso do consumidor?
Vejamos a evolução da tarifa cobrada pela energia no país. Observe a tabela 4.
∆% Part. %
2009 2010 2011 2012 2013
(2013/2012) (2013)
Média
259.55 264.58 278.47 292.85 254.17 -13.2% -2.1%
Brasil
16
Sudeste 269.87 273.70 281.90 294.78 259.76 -11.9% -3.7%
Centro-
248.84 253.89 274.37 290.41 257.81 -11.2% 3.6%
Oeste
Fonte: EPE.
Comparando os dados das tabelas anteriores, percebe-se que mesmo que algumas
regiões tenham um crescimento na geração e consumo de energia, a tarifa não segue uma
proporção igualitária.
Observe que a região que teve a maior queda na tarifa foi também a que apresentou menor
consumo e uma das de menor geração: a região Norte.
Em compensação, a região sudeste, maior produtora e consumidora teve a segunda maior
queda de tarifa. Ou seja, não é possível determinar a tarifa apenas pelos fatores oferta e
demanda. Deve-se levar em consideração ainda todos os gastos com fornecimento, proporção
dos sistemas alternativos e outros fatores para o cálculo da tarifa regional.
Outra análise relevante é feita a fim de traçar o perfil de consumo energético por classe, isto
é, residencial, comercial, industrial etc.
∆% Part. %
2009 2010 2011 2012 2013
(2013/2012) (2013)
17
Unidade: Energia e Sociedade
Poder
12,176 12,817 13,222 14,077 14,608 3.8 3.2
público
Iluminação
11,782 12,051 12,478 12,916 13,512 4.6 2.9
pública
Serviço
12,898 13,589 13,983 14,525 14,847 2.2 3.2
público
Fonte: EPE.
A Tabela 5 nos permite dizer que ao longo dos últimos cinco anos a classe que obteve maior
variação no consumo foi a Residencial. Observe que em 2009 ela consumia cerca de 101GWh
enquanto que em 2013 o consumo chega a 125 GWh, uma variação de 6,2%.
Apesar dos valores da classe Industrial serem sempre muito elevados, sua variação
foi relativamente pouca, com o valor de 0,6%. O setor comercial teve também um grande
crescimento de 5,6%, o que deixa o terceiro lugar para a iluminação pública, com 4,6%.
Fonte: EPE.
18
Tabela 6. Tarifas médias por classes de consumo (R$/MWh).
∆% Part. %
2009 2010 2011 2012 2013
(2013/2012) (2013)
Poder
299.82 300.22 315.87 329.72 286.09 -13.2% -4.6%
Público
Iluminação
163.65 166.39 174.64 182.54 161.27 -11.7% -1.5%
Pública
Serviço
202.96 198.69 209.39 219.20 192.91 -12.0% -5.0%
Público
Consumo
294.37 284.42 309.73 322.51 282.76 -12.3% -3.9%
Próprio
Fonte: EPE
Observa-se pela Tabela 6 que a maior tarifa em 2013 foi para o Poder Público, enquanto a
menor foi para a Iluminação Pública, com uma diferença entre elas de R$124,82 para cada MWh.
Se fizermos as contas de consumo pela tarifa, observaremos que a classe Industrial, maior
consumidora, gastou pouco mais de 41 bilhões de reais, enquanto a classe residencial gastou
cerca de 35 bilhões.
Conclusões
19
Unidade: Energia e Sociedade
Garantir que a energia chegue ao consumidor final com o menor custo possível, requer um
planejamento detalhado de como ela deve ser gerada e transmitida, distribuindo a carga entre
as diferentes usinas instaladas no país.
Esta pode não ser uma tarefa fácil, em vista das muitas variáveis, mas, certamente, se bem
feita, garantirá a menor tarifa possível e a maior qualidade do serviço prestado.
Para Pensar
Com base na análise dos dados que foram apresentados sobre os setores e classes com maior
consumo, as regiões que mais produzem energia elétrica e as tarifas pagas por ela, você consegue
pensar em uma estratégia para a melhoria do sistema? Essa melhoria pode ser desde a redução das
tarifas até o melhor fornecimento de energia em âmbito nacional.
20
Material Complementar
21
Unidade: Energia e Sociedade
Referências
22
Anotações
23
Planejamento
Energético
Material Teórico
Fontes não-renováveis de Energia
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Fontes não-renováveis de Energia
• Introdução
• Recursos Naturais
• Processos de Produção
• Petróleo
• Gás Natural
• Energia Nuclear
• Carvão
• Xisto
• Conclusões
Esta Unidade foi desenvolvida com o intuito de conhecermos as fontes não renováveis
de energia elétrica. Vamos estudar os diferentes tipos de geração que faz uso dos recursos
passíveis de esgotamento.
Estudaremos as formas de geração de energia e sua distribuição pelo nosso Planeta. Ao
mesmo tempo, realizaremos um estudo sobre sua utilização, determinando o perfil do
consumidor para estas fontes e tentaremos, ainda, estabelecer comparações entre estes
métodos, levantando questões sobre seu custo de implantação e benefícios/prejuízos para a
sociedade e para o Planeta.
Fique atento ao ambiente virtual para possíveis fóruns de discussão e para a realização de
suas tarefas nas datas estipuladas.
Contate o seu tutor sempre que houver alguma dúvida.
5
Unidade: Fontes não-renováveis de Energia
Contextualização
6
Introdução
O que você faria se toda a energia elétrica do mundo acabasse e não houvesse mais maneiras
de gerar energia? Provavelmente entraria em pânico no começo, não é mesmo? Esse cenário
apocalíptico bem explorado em filmes e séries televisivas não é uma simples ficção, sem uma
boa base teórica.
O mundo vive atualmente uma fase de completa dependência da energia elétrica. Claro que
existem vilas e comunidades que optam por não utilizar esta “facilidade” do mundo moderno,
mas a grande maioria da população depende deste serviço para realizar suas tarefas diárias.
Desde um banho com água quente, luz nos períodos noturnos, uso de bens de entretenimento,
como a televisão, ou rádio, até mesmo o acesso à educação a distância, os afazeres cotidianos
só podem ser executados por meio da energia elétrica.
Como seriam as negociações financeiras entre países sem o uso de telefones, ou da rede
mundial de computadores? O transporte entre regiões distantes ainda seria feito por meio de
navios ou trens vapor.
Sem dúvidas, o avanço tecnológico só é possível hoje graças a esta forma de energia. Sem
ela, provavelmente, estaríamos estagnados no tempo, vivendo as mesmas práticas antigas e
nem sempre eficazes.
Observe que, para todos os meios, é necessário o consumo de uma substância única,
conhecida como insumo primário. Tal substância pode ser algo renovável ou não, isto é, pode
ser reposta naturalmente pelo Planeta após o seu uso ou não.
Esta unidade abordará os meios de geração de energia através dos recursos não-renováveis.
7
Unidade: Fontes não-renováveis de Energia
Recursos Naturais
Com o avanço tecnológico o homem tornou-se capaz de gerar energia elétrica por meio de
diferentes métodos. Independente de como o processo é realizado, ele começa por meio da
transformação de um recurso natural.
Pode-se classificar os recursos naturais em duas grandes categorias: Renováveis, que estão
constantemente sendo repostos pelo planeta; e Não-renováveis, que aos poucos vão se esgotando.
Dentre os recursos não renováveis a Figura 1 destaca alguns que caracterizam as principais
fontes geradoras mundiais, como petróleo, gás natural, carvão, xisto e urânio.
Renováveis
Recursos
Petróleo
Gás Natural
Não-Renováveis Carvão
Xisto
Urânio
Pensando pelo lado ambiental, seria sempre mais adequado utilizar recursos naturais
renováveis, como água e vento, por exemplo, de modo que toda a geração seria sustentável e
não acabaríamos com nenhum recurso do Planeta.
Na prática, veremos que essa prática nem sempre é possível. Seja por motivos econômicos, ou
por baixo potencial renovável de uma nação ou outra, ou ainda pela eficiência de determinado
método, as fontes não renováveis ainda assumem um grande papel na geração mundial.
Estudaremos os principais métodos e criaremos alguns comparativos sobre eles para
caracterizarmos os perfis consumidores.
Processos de Produção
Ciclo de Rankine
Um dos modelos da termodinâmica que explicam a geração de energia por meio de calor é
o Ciclo de Rankine. Este modelo é a base para as usinas térmicas de vapor.
8
“Os ciclos térmicos de potência são uma sequência de processos termodinâmicos
(mudanças de estados). Em particular, os ciclos de potência são utilizados para
converter energia térmica em trabalho, empregando usualmente como fluídos
gases e água, sendo que no último caso os ciclos são denominados ciclos a vapor,
ou ciclo Rankine. Este tipo de sistema de potência permite converter a energia de
combustíveis de baixo custo em eletricidade.” (ELETROBRÁS/PROCEL)
O ciclo de Rankine foi proposto por William J. Macquorne Rankine e é tido como o primeiro
ciclo termodinâmico que permite efetivamente obter trabalho do vapor. Este ciclo é composto
pelos elementos:
• caldeira de vapor;
• turbina a vapor;
• condensador;
• aquecedores de água de alimentação;
• bombas necessárias para a circulação da água.
Figura 2 - Esquema de uma usina a vapor simples que opera segundo o ciclo de Rankine
3
qint Turbina
G
Caldeira 4
Condensador
2
Bomba qout
1
Segundo ROCHA et. al., os processos que compõem o ciclo de Rankine são:
• 1-2: Processo de bombeamento adiabático reversível na bomba.
• 2-3: Transferência de Calor a pressão constante na caldeira.
• 3-4: Expansão adiabática reversível na turbina.
• 4-1: Transferência de calor a pressão constante no condensador.
9
Unidade: Fontes não-renováveis de Energia
Petróleo
“O petróleo é um óleo inflamável, formado a partir da decom- posição, durante
milhões de anos, de matéria orgânica como plantas, animais marinhos e vegetação
típica das regiões alagadiças, e encontrado apenas em terreno sedimentar. A
base de sua composição é o hidrocarboneto, substância composta por carbono
e hidrogênio, à qual podem se juntar átomos de oxigênio, nitrogênio e enxofre,
além de íons metálicos, principalmente de níquel e vanádio.” (ANEEL, 2008)
10
Observe ainda que o gerador de energia elétrica por meio da energia mecânica está conectado
aos transformadores, que garantem a tensão de saída desejada, passando pelos disjuntores, que
mantém a segurança da instalação e, em seguida, seguem as linhas de distribuição.
Como todo processo de queima, estas usinas liberam gases poluentes na atmosferas. Quanto
mais denso o combustível utilizado, maior o potencial de emissões. Por este motivo, ambientalistas
tendem a rejeitar a produção através da queima de óleos combustíveis, diesel e ultraviscoso.
Nos últimos anos, os investimentos em pesquisa para que a emissão de poluentes seja
reduzida tem aumentado, a fim de estabelecer um processo menos nocivo ao meio ambiente.
Segundo dados estatísticos lançados pela BP em seu Relatório Estatístico de 2014 (referente ao
ano de 2013), no Brasil houve queda na produção de petróleo (-1.7%). O Brasil foi responsável
por 2,7% do total de petróleo produzido no mundo em 2013.
Figura 5 - Geração Térmica a Derivados de Petróleo no Mundo em 2011 - 10 maiores(%).
Fonte: EPE, 2014
11
Unidade: Fontes não-renováveis de Energia
Gás Natural
Pode-se dividir os processos de geração de energia por gás natural em duas categorias:
geração exclusiva e co-geração (quando utiliza-se também o calor e o vapor utilizado em
processos industriais.
O primeiro passo do processo consiste em misturar ar comprimido com o gás natural, a fim
de se obter combustão, o que resulta na emissão de gases em alta temperatura. Tal processo
movimenta um turbina. A partir de então, o processo é semelhante às demais formas de geração:
a energia mecânica é convertida em elétrica.
A Figura 6 apresenta o perfil de uma usina elétrica com base em gás natural. Observe que a
entrada do gás natural é combinada com a entrada de ar comprimido nas câmaras de combustão.
A turbina é movimentada pelo resultado do processo térmico. Por estar conectada a um gerador,
transforma energia mecânica em elétrica que é transformada para a tensão de distribuição.
O que é feito com o gás após a movimentação da turbina determina se é um processo simples
(aberto) ou combinado (fechado). No ciclo aberto, mais comum, os gases são resfriados e liberados
na atmosfera. Já no ciclo fechado, os gases ainda em alta temperatura são transformados em
vapor, movimentando novamente as turbinas. Assim, as termelétricas de ciclo fechado operam
tanto com o processo movimentação pelo gás quanto pela movimentação por vapor.
O processo combinado aumenta a eficiência energética da usina, mas requer um investimento
maior. No ciclo simples, o grau de eficiência é de aproximadamente 39%, enquanto o
combinado chega a aproximadamente 50%. Trata-se de um processo relativamente novo no
Brasil (década de 80).
A co-geração é feita com o uso de qualquer outro combustível viável para termelétricas (óleo,
biomassa, carvão, etc). A queima do combustível gera os gases que passam por todo o processo
descrito acima, permitindo simultaneamente a geração térmica e por vapor.
12
São pontos favoráveis para a co-geração:
• utilização de energia normalmente descartada em processos térmicos;
• independência em relação ao combustível utilizado, fornecido por terceiros;
• redução do volume de gases liberados na atmosfera.
No período de 2009 a 2013 a geração por gás natural teve um crescimento de 47,6%, o
que garantiu no ano de 2013 uma participação de 12,1% na geração total de energia no país.
Observe os dados das demais fontes na Tabela 1
Tabela 1 - Geração elétrica por fonte no Brasil (GWh). Fonte: Balanço Energético Nacional
- BEN 2014; Elaboração: EPE.
∆%
2009 2010 2011 2012 2013 Part. %
(2013/2012)
Derivados de
12,724 14,216 12,239 16,214 22,090 36.2 68.6
Petróleo (ii)
Notas:
i) Inclui autoprodução
ii) Derivados de petróleo: óleo diesel e óleo combustível
iii) Biomassa: lenha, bagaço de cana e lixívia
iV) Outras: recuperações, gás de coqueria e outros secundários
Quanto as reservas mundiais de gás natural, observe a Figura 7. Percebe-se que os grandes
reservas se encontram na Ásia, seguida pela Oceania e América do Norte, principalmente. Um
dos motivos de a geração por gás natural não ter uma significância maior no Brasil é o fato de
não termos maiores reservas.
13
Unidade: Fontes não-renováveis de Energia
Energia Nuclear
De forma simplificada, a geração de energia por meio de fontes nucleares se dá pela fissão
de um átomo. Neste processo de divisão atômica, o átomo libera energia, que quando liberada
lentamente produz calor e quando liberada rapidamente, produz luz.
É muito importante ressaltar que trata-se de um procedimento de alto risco e que a toda
cautela durante sua execução é pouca. Quando o Urânio (U235) é bombardeado por um feixe
de nêutron, é gerado um isótopo seu, o Urânio (U236). Este, quando bombardeado novamente,
desintegra-se em Bário (Ba141) e Criptônio (Kr92), liberando energia e mais nêutrons.
Se este processo é descontrolado, uma sequência de reações é desencadeadas, podendo
gerar uma carga enorme de energia, que não é suportada pela usina. Uma bomba atômica
então é produzida.
O processo de geração então é semelhante aos anteriores que levam o ciclo de Rankine. O
calor gerado pela fissão nuclear aquece a água, que por sua vez se torna vapor, movimentando
as turbinas. A Figura 8 apresenta o perfil esquemático de uma usina nuclear.
14
Carvão
O processo de geração por carvão é semelhante aos demais que se baseiam no ciclo de
Rankine. A queima do carvão é a base para a geração do vapor que movimenta a turbina. A
Figura 9 apresenta o perfil esquemático de uma usina de geração por carvão natural.
Figura 9 - Perfil esquemático do processo de geração de energia elétrico por meio do carvão
mineral.
O interessante da geração por carvão natural é a co-geração, que pode aproveitar o calor
gerado e a emissão dos gases para movimentação das turbinas. Atualmente existem muitas
pesquisas afim de aumentar o poder calorífico do carvão, para aumentar a eficiência energética
do processo.
A queima do carvão foi uma das primeiras formas de geração dominadas pelo homem. Ao
longo do tempo perdeu espaço para outras fontes, como petróleo ou gás natural, mas ainda
ocupa uma boa parcela na geração. No Brasil, por exemplo, teve um crescimento de 75,7% de
2009 a 2013, mas apesar disso é responsável por apenas 2,6% da geração total. (Vide Tabela 1)
15
Unidade: Fontes não-renováveis de Energia
Conforme apresentado na Figura 10, 53% do das reservas mundiais são de carvão com alto
teor de carbono. O carbono utilizado para geração energética se encontra nos 47% restantes.
Destes, o linhito (17%) é usado na geração local e o sub-betuminoso (30%) tem maior valor
térmico e, por isso, mais comercializado.
Xisto
Xisto é o nome dado a vários tipos de rochas metamórficas (apresentadas em muitas formas).
São facilmente identificadas por serem laminadas. O Xisto betuminoso é uma excelente forma de
combustível. Quando submetido a altas temperaturas produz um óleo semelhante ao petróleo.
Deste óleo se extraem nafta, óleo combustível, gás liquefeito, óleo diesel e gasolina. A queima
de tais produtos movimenta as usinas geradoras de energia.
O gás de xisto, presente no interior destas rochas sedimentares porosas é uma outra fonte de
energia a ser explorada. O processo de obtenção do gás é polêmico, pois envolve o chamado
fraturamento hidráulico, que consiste em introduzir água, areia e outros produtos químicos
(tóxicos) nas reservas, o que permite que o gás flua e seja capturado para a geração.
Os Estados Unidos vem utilizando este processo, o que tem causado uma verdadeira revolução
energética no país, que visa sua autossuficiência até 2030. O gás de xisto por lá tem se mostrado
bem barato, perdendo apenas para o carvão.
16
Entre os riscos de exploração do gás de xisto estão:
• contaminação da água
• tremores de terra
• mortandade animal
• emissão fugitiva de metano
Desde junho de 2013 as reservas de xisto no Brasil estão em constante atenção no mercado
mundial. Até então não existe uma legislação para seu uso no país e não se sabe ao certo como
devem acontecer as explorações.
Conclusões
Muitas conclusões podem ser tomadas a respeito das fontes não renováveis de energia.
Pelo ponto de vista ambiental, são fontes que devem ser evitadas, já que apresentam reservas
finitas de insumos primários. Também são alarmantes os níveis de poluição causados pelos
processos de extração e geração atuais. Como a combustão é o principal método, muitos gases
são liberados diariamente na atmosfera.
Do ponto de vista econômico, algumas delas são as melhores fontes, pois possuem insumos
mais baratos. Entretanto, os métodos de geração podem ser encarecidos quando usada a co-
geração. Qualquer alteração nos investimentos reflete em acréscimo na tarifa repassada ao
consumidor.
Quando analisado por olhos políticos, vários problemas são encontrados, como a disputa
pelo controle de reservas, por exemplo. O Oriente Médio, por exemplo, apresenta grandes
reservas de fontes não-renováveis, o que atrai a cobiça das grandes nações pelo controle da
região que, por este e outros motivos está em constante guerra.
O planejamento energético de uma nação, torna-se tão complicado quanto os processos de
geração. Contrabalancear todos os pontos levantados não é tarefa fácil, mas é a base para a
sobrevivência energética de um país.
17
Unidade: Fontes não-renováveis de Energia
Material Complementar
Para esta Unidade, sugerimos o vídeo Opera Mundi, da TV Unesp, que apresenta uma aula
pública com o professor Leonam Guimarães, especialista em energia.
Explore
18
Referências
19
Unidade: Fontes não-renováveis de Energia
Anotações
20
Planejamento
Energético
Material Teórico
Fontes Renováveis de Energia
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Fontes Renováveis de Energia
·· Introdução
·· Hidrelétrica
·· Biomassa
·· Eólica
·· Solar
·· Geotérmica
·· Maremotriz
·· Conclusões
5
Unidade: Fontes Renováveis de Energia
Contextualização
6
Introdução
Uma das grandes questões que precisam ser respondidas há algumas décadas é: até quando
teremos recursos naturais para geração de energia elétrica?
Este problema levanta, ainda, muitos outros questionamentos, como:
• Se continuarmos no ritmo de exploração que estamos vivendo, nossas gerações futuras
terão acesso à eletricidade de forma irrestrita como temos hoje?;
• Até quando o Planeta sobreviverá com tamanha exploração?;
• O que é preciso fazer para minimizar este consumo?
Questionamentos como estes baseiam as teorias sobre fontes renováveis de energia. A busca
por formas de geração que não prejudiquem o Planeta, ou que minimizem os danos, é uma
tarefa iniciada há algum tempo e deve ser revista a cada geração, adaptada de acordo com os
dados estatísticos de geração e consumo.
Uma das grandes soluções, apresentadas pelos ambientalistas, engenheiros e administradores
é a redução do uso de fontes não-renováveis e, consequentemente, o aumento do uso das
fontes renováveis.
Fontes renováveis de energia podem ser entendidas como aquelas que têm como insumo
primário elementos que são repostos naturalmente pelo Planeta. São elementos que podem ser
reutilizados após a geração e não são consumidos definitivamente.
No Brasil, segundo dados da ANEEL, no ano de 2013, a participação destas fontes foi
de quase 80% no total gerado pelo país. Esta é uma boa proporção, que somente é possível
graças ao grande potencial hídrico do país. As fontes hidrelétricas somam 68,1% de toda a
carga instalada.
Glossário
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica.
EPE – Empresa de Pesquisa Energética.
7
Unidade: Fontes Renováveis de Energia
Hidrelétrica
A eletricidade obtida por fontes hidráulicas, conhecida como energia hidrelétrica, só é possível
graças à combinação da vazão de rios, à quantidade de água disponível em certos períodos do
ano e aos desníveis do relevo (que podem ser naturais ou artificiais).
Assim como a maioria das fontes de energia, a hidrelétrica transforma a energia mecânica em
elétrica. O perfil de uma usina é relativamente simples. Uma barragem é criada para garantir o
maior armazenamento das águas de um rio. Cria-se, assim, uma represa a favor da usina.
Além de criar um reservatório que estoca a água para a geração, a barreira cria o desnível
necessário para o processo. Algumas usinas hidroelétricas utilizam suas turbinas no mesmo nível
do rio e são conhecidas como usinas “a fio d’água”. Estas reduzem a área alagada para a sua
construção, mas nem sempre têm o mínimo para uma boa produção.
Os vertedouros são comportas nas barreiras que servem para regular o nível de água. Quando
abertos, retornam uma determinada quantidade de água ao curso natural do rio, para que haja
o equilíbrio entre o que é preciso e o que deve ser “descartado”.
Observe que as usinas “a fio d’água” se aproveitam apenas da velocidade do rio e, por não
contarem com um reservatório, não permitem o armazenamento de água para períodos de seca.
Por fim, as usinas contam com as casas de força, que abrigam suas turbinas. Observe o perfil
esquemático de uma usina hidroelétrica na Figura 1. A água estocada no reservatório, quando
aberto o canal específico, passa por um duto e é conduzida à casa de força. Uma formação
conhecida como caixa espiral é responsável por conduzir a água para movimentação do rotor
no pré-distribuidor.
A água captada no lago formado pela barragem é conduzida até a casa de força por meio de
canais, túneis e/ou condutos metálicos. Após passar pela turbina hidráulica, na casa de força, a
água é restituída ao leito natural do rio, pelo canal de fuga. Dessa forma, a potência hidráulica
é transformada em potência mecânica quando a água passa pela turbina, fazendo com que esta
gire e, no gerador – que também gira acoplado mecanicamente à turbina, a potência mecânica
é transformada em potência elétrica.
8
Existem muitos tipos de turbinas, cada uma feita para uma altura e tipo de vazão específicos.
A turbina tipo Bulbo é usada nas usinas fio d’água por ser indicada para baixas quedas e altas
vazões, não exigindo grandes reservatórios.
A Figura 2 apresenta o perfil de uma unidade geradora da Usina Hidrelétrica Binacional de
Itaipu. A UHE conta com 20 unidades, sendo que a última foi instalada em 2007. Cada uma
delas tem capacidade para gerar 700 megawatts (MW).
Cada unidade geradora de Itaipu é capaz de abastecer uma cidade com 1,5 milhão de
habitantes. Para abastecer os três estados da região sul do país, por exemplo, seriam necessárias
apenas 12, das 20 unidades. Para todo o estado do Rio de Janeiro bastariam 7 unidades
(ITAIPU, 2015).
Glossário
UHE – Usina Hidroelétrica.
A água é o recurso natural mais abundante na Terra: com um volume estimado de 1,36 bilhão
de quilômetros cúbicos (km3) recobre 2/3 da superfície do Planeta sob a forma de oceanos,
calotas polares, rios e lagos. Além disso, pode ser encontrada em aquíferos subterrâneos, como
o Guarani, no Sudeste brasileiro (ANEEL, 2008).
9
Unidade: Fontes Renováveis de Energia
Biomassa
A biomassa é uma das fontes de produção de energia elétrica com maior potencial de
crescimento no mundo. Além de reduzir o uso de combustíveis fósseis, ela reaproveita outros
materiais como insumo primário. Além disso, dela é possível extrair outros biocombustíveis,
como o etanol, por exemplo.
10
Qualquer matéria orgânica que possa ser transformada em energia mecânica, térmica ou
elétrica é classificada como biomassa. De acordo com a sua origem, pode ser: florestal (madeira,
principalmente), agrícola (soja, arroz e cana-de-açúcar, entre outras) e rejeitos urbanos e industriais
(sólidos ou líquidos, como o lixo). Os derivados obtidos dependem tanto da matéria-prima utilizada
(cujo potencial energético varia de tipo para tipo) quanto da tecnologia de processamento para
obtenção dos energéticos (ANEEL, 2008).
Observe, na Figura 4 que, no mundo, a biomassa ocupa uma parcela de apenas 1,7% da
geração. Apesar de ser atrativa, ainda não detém uma boa parcela na geração mundial.
As formas de geração de energia pela biomassa são várias, mas podem ser destacadas:
• Ciclo a vapor com turbinas de compressão;
• Ciclo a vapor com turbinas de condensação e extração;
• Ciclo combinado integrado à gaseificação da biomassa.
Apesar de ainda não ser muito utilizada diretamente na produção de energia, a biomassa tem
se estabelecido na produção de combustível.
Observe na Figura 5 a evolução da produção de etanol.
11
Unidade: Fontes Renováveis de Energia
Eólica
A energia eólica é aquela que aproveita a força dos ventos para a movimentação das
pás de uma turbina. Trata-se de uma forma renovável, perene, de grande disponibilidade e
independente de importações e custo zero para obtenção de suprimentos (completamente
oposto dos combustíveis fósseis).
Ainda no gráfico da Figura 4, observe que a Energia Eólica ocupa 2,1% na geração total. O
potencial dos ventos no Brasil é muito bom, cerca de duas vezes mais que a média mundial, o
que dá maior previsibilidade do volume a ser produzido.
Como a previsão nem sempre é possível, muitos países ainda não utilizam esta fonte com
uma parcela maior na produção. Os maiores produtores são Estados Unidos, Alemanha e China.
O Brasil tem apenas 39 usinas eólicas em todo o território nacional.
Entre os benefícios deste métodos, podemos destacar que não são emitidos gases estufa e
pode ser usado em áreas remotas. Em compensação, sua implantação tem alto custo, pois o
potencial de geração depende de fatores geográficos e climáticos.
Observe, na Figura 6, o funcionamento dos aerogeradores.
12
Solar
A energia solar, assim como as outras fontes alternativas, não possui participação expressiva
nas matrizes energéticas nacional e mundial. Ela chega à Terra em forma térmica e luminosa.
Sua irradiação por ano na superfície da Terra seria suficiente para atender toda a demanda por
milhares de anos.
A radiação solar não chega a todas as partes do Planeta da mesma forma, pois depende
muito de condições geográficas e atmosféricas, o que varia muito de região para região e de
acordo com as estações do ano.
Quando atinge a atmosfera, a radiação pode ser interceptada em forma de calor ou luz
e pode ser convertida por meio de processos químicos para energia térmica ou elétrica. Os
equipamentos usados na captação determinam qual o tipo produzido.
Ao usar uma superfície escura para captação, converte-se a radiação em energia térmica,
que é aplicada em uma usina térmica comum que segue o ciclo de Rankine com base. Quando
usadas células fotovoltaicas, o resultado é a eletricidade.
A Figura 7 apresenta as taxas médias de crescimento anual da capacidade de energia renovável.
Observe que a energia solar por células fotovoltaicas é a que teve maior taxa de crescimento.
O processo de produção heliovoltaico converte a radiação solar em calor, usado nas usinas
termelétricas. O processo compreende quatro etapas:
1. Coleta da irradiação;
2. Conversão em calor;
3. Transporte e Armazenamento;
4. Conversão em eletricidade.
Para utilização deste processo, é necessário instalar as usinas em locais com baixo índice
pluviométrico e pouca intensidade de nuvens, como o semiárido brasileiro, por exemplo.
13
Unidade: Fontes Renováveis de Energia
Geotérmica
Glossário
Gêiser – fonte de vapor no interior da Terra que apresenta erupções periódicas.
Existem duas possibilidades para o uso do vapor: em uma usina térmica comum e o vapor
quente seco, usado para movimentação de turbinas.
A Figura 9 apresenta o esquema de uma usina geotérmica.
14
Figura 9. Reservatório geotérmico de alta temperatura.
No Brasil, não há nenhuma unidade em operação, nem mesmo sob a forma experimental.
Apenas Islândia e Estados Unidos apresentam um crescimento significativo no campo geotérmico.
Maremotriz
A geração de energia pela força do mar inclui as fontes: marés, correntes marítimas, ondas,
energia térmica e gradientes de salinidade. A energia pode ser obtida, por exemplo, por meio
da energia cinética, na qual as ondas movimentam as pás de uma turbina, ou pela diferença de
nível do mar nas marés.
A Figura 10 ilustra o funcionamento de uma usina maremotriz.
15
Unidade: Fontes Renováveis de Energia
Apesar do bom potencial de geração, esta forma não entra em competição com as principais
fontes, pois sua geração não supera o necessário em boa parte das usinas e os custos de
implantação são altos, o que as torna inviáveis.
Os principais locais para aproveitamento das marés são Argentina, Austrália, Canadá, Índia,
Coréia do Sul, México, Reino Unido, Estados Unidos e Rússia.
Conclusões
As fontes renováveis de energia são consideradas, em sua grande maioria, fontes limpas, ou
seja, não emitem ou emitem menores quantidades de poluentes no meio ambiente.
Apesar de usarem recursos renováveis, grande parte delas requer custo alto de implantação e
manutenção e dependem de condições geográficas e climáticas muito específicas, que dificultam
sua implantação.
As usinas renováveis têm sido implantadas com uma boa taxa de crescimento, mas ainda
não competem igualmente com fontes não-renováveis. A energia hidrelétrica é a que tem maior
participação mundial e, no Brasil, ocupa o cargo de maior fonte geradora.
O planejamento energético deve levar em consideração a utilização equilibrada das fontes
disponíveis, para que haja uma renovação dos recursos, balanceando o uso dos não renováveis.
16
Material Complementar
O site Último Segundo, do portal IG, apresenta uma série de infográficos sobre assuntos
diversos. Entre os assuntos relacionados à Ciência, temos um material muito interessante e
interativo, que compara os métodos de geração de energia por meio de fontes alternativas
de energia.
A maior parte das fontes abordadas é renovável e se enquadra no que está sendo estudado.
Explore
Acesse o site para conhecer um pouco mais sobre cada fonte:
• http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/as+alternativas+da+energia/n1237597605585.html.
17
Unidade: Fontes Renováveis de Energia
Referências
ROCHA, G.; SILVA, A. L.; SILVA, F. N. Simulação de uma usina com ciclo simples a
vapor (Ciclo Rankine). Revista Conexão (AEMS), v. 9, p. 598, 2012.
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica (Brasil). Atlas de energia Elétrica do Brasil/
Agência Nacional de Energia Elétrica. Brasília : Aneel, 2008.
18
Anotações
19
Gestão de Projetos
Ambientais
Material Teórico
O Ciclo de Vida de Projetos
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
O Ciclo de Vida de Projetos
• Introdução
• O Ciclo de Vida de Projetos
• O Escopo e sua importância no gerenciamento de projetos
• Gerente de Projetos
• Considerações Finais
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir o ciclo de vida de projetos, principalmente as dificuldades
desse processo no gerenciamento de projetos ambientais. Também
será discutida a função do gerente de projetos.
· Entender como o gerente de projetos pode facilitar as etapas do ciclo
de vida do projeto bem como a elaboração do escopo, que é uma
etapa decisiva no gerenciamento de projetos.
ORIENTAÇÕES
Iniciaremos esta unidade retomando as definições de escopo já discutidas
na Unidade I, com enfoque no modo como ele pode ser elaborado pelas
organizações bem como na sua importância para o atendimento às metas e
aos resultados.
Contextualização
Os projetos são realizados com diversas etapas que abrangem viabilidade, análise
de custos, riscos, impactos ambientais, etc. Quando essas etapas são elaboradas
de maneira incorreta ou equivocada, os projetos podem apresentar problemas,
aumentando os custos e seu tempo de execução.
Caso Eurotunnel
O projeto Eurotunnel, desde o seu início, foi marcado por inúmeros problemas
que, se estudados sem paixões, tornam-se um excelente meio de conhecimento
para os gerentes de projetos de privatizações, projetos internacionais, identificação
6
e avaliação de claims (reclamações com direito a recebimento), análise de
interessados, entre outros. As características do projeto eram específicas: os dois
acessos do túnel têm 7,6 m de diâmetro interno; área para serviços no túnel tem
4,8 m de diâmetro interno; os túneis estão a 38 km de distância, ligados por 150
passagens de 3,3 m de diâmetro para cruzamento de equipamentos; o projeto
necessitou de 11 máquinas de brocar túneis; a estrutura do túnel é feita por anéis
de concreto, fundidos no lugar, em ambos os lados da via; os franceses usaram o
método mini-mount baker para seu lado do túnel; os britânicos usaram um novo
método de construção austríaco; 15.000 trabalhadores foram empregados no
projeto; escopo também incluiu terminais em cada lado da via e a criação do
parque Shakespeare Cliff no lado britânico; a viagem dura três horas de Paris para
Londres e o custo da passagem foi alterado de $ 325 para $ 465.
7
7
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
8
Introdução
O ciclo de vida de projetos é caracterizado por diferentes fases e delimita o
início e o fim dos projetos. Nesta unidade, iremos discutir a importância de cada
uma dessas fases na implementação da prática do gerenciamento de projetos nas
organizações. Além disso, será definida a função e a participação do gerente de
projetos ao longo desse gerenciamento.
Planejamento
Fase de elaboração do Plano de Gestão de Projetos, que será detalhado ao longo
da execução do projeto; isso porque este pode apresentar pequenas mudanças e
adaptações.
Execução
Os processos são executados para atender ao Plano de Gestão de Projetos.
Nesta fase, podem surgir riscos e custos não previstos, afetando o orçamento e o
planejamento já elaborado.
9
9
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Monitoramento e Controle
Nesta etapa, é realizada a revisão das entregas e do progresso do projeto, são
identificadas as áreas que foram alteradas e são controlados os riscos. Esta fase
ocorre concomitante com o planejamento e a execução.
Encerramento
Nesta etapa são documentados os impactos dos projetos e as lições aprendidas,
encerradas as aquisições e, principalmente, dada a aprovação do cliente/patrocinador
do produto/serviço.
10
os serviços de arquitetura), o que será gerado em cada entrega de etapa e como a
mesma será validada, quais os envolvidos em cada fase e suas funções (por exemplo,
arquitetos, engenheiros, auditores).
Idéia
Entradas Equipe de gerenciamento de projetos
A fase inicial também é marcada pela avaliação dos custos e riscos (Figura 4).
Esta tarefa é difícil, pois estes são estimados inicialmente e só serão confirmados
ao longo da execução do projeto. Como exemplificado na Figura 4, os riscos são
altos no início do projeto e diminuem ao longo da execução do projeto. Enquanto
isso, os custos iniciais são baixos e aumentam conforme as fases vão se alterando.
Cost of changes
Low
Project Time
11
11
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Processos de
Execução
Processos de
Nível de Planejamento
Atividade Processos Processos de
de Iniciação Encerramento
Processos de Controle
12
produto e nada mais é do que o plano de negócios. A partir do plano de negócios,
a ideia se insere no ciclo de vida do projeto com várias fases. Geralmente, as
organizações que desenvolvem o produto inserem o ciclo de vida de projeto como
parte do ciclo de vida do produto. Isso porque projetos adicionais podem ser
estabelecidos para atualizarem o desempenho do produto. A Figura 5 ilustra o
ciclo de vida do produto e o ciclo de vida de projetos.
Atualização
Ciclo de vida Plano de
Operações
Venda
do produto negócios
Produto
IDÉIA
Ciclo de vida
do projeto INICIAL INTERMEDIÁRIA FINAL
Para os projetos ambientais, o ciclo de vida deve ser analisado, gerando a análise
do ciclo de vida (ACV), ou seja, é preciso avaliar os impactos ambientais ao longo
da execução dos produtos que serão desenvolvidos. Os produtos/serviços geram
impactos ambientais, como emissão de poluentes, geração de resíduos além do
consumo de recursos naturais. Qualquer produto, para ser produzido, necessita de
matéria-prima, que será processada e gerará resíduo.
13
13
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Fabricação
Produtos
Matéria-
Coprodutos
-prima
Resíduos
Utilização
Outros
Entradas
Aspectos
Auxiliares
Ambientais
Disposição Final
Fronteira do Sistema
Para isso o processo de entradas e saídas deve ser estabelecido para cada processo.
Aplicação de questionários para os funcionários, análise do ACV de outras empresas,
dados históricos internos e levantamento dos aspectos ambientais da empresa podem
ser ferramentas para que todas as entradas e saídas sejam identificadas. Além disso,
saídas como emissões atmosféricas devem ser estimadas por tipo de poluente e
devem ser descritos a forma como e o local onde esse dado foi obtido.
Importante! Importante!
14
A ACV traz muitos benefícios para a realização de projetos ambientais, no
entanto existem algumas barreiras que impedem a inserção da prática. Uma dessas
barreiras é a ausência de guias práticos para orientação. O PMBok não integra
parâmetros ambientais, e não foram criados outros guias para que essa carência
seja suprida. A definição de impactos ambientais em áreas específicas, temas e grau
de severidade exigem tempo, custo e pessoas, além de os resultados gerados serem
subjetivos, tornando-os de baixa confiabilidade. De qualquer forma, muitos projetos
conseguem abranger todos os processos e etapas, alcançando o sucesso final do
produto/serviço. Para exemplificar todas essas etapas, segue, abaixo, um modelo
de caso hipotético resumido, descrito pela Fundap (Fundação do Desenvolvimento
Administrativo), órgão público do Estado de SP.
As entregas são distribuídas ao longo das fases dos projetos. A fase 1 terá
entrega da construção de prédios do núcleo didático, centro de apoio técnico,
guarita, posto de vigilância e restaurante. A fase 2 terá a contratação de RH,
transferência dos docentes e pessoal, aquisição de equipamentos, licitação,
contratação e aceite e instalação dos equipamentos. Fase 3 será marcada pelo
processo seletivo, contratação de empresas, acompanhamento da seleção e
recepção dos alunos. Essas fases são distribuídas ao longo de um cronograma
básico que será o Gráfico de Gantt.
15
15
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Importante! Importante!
16
com a identificação do local, definição das bandas que irão se apresentar, busca de
patrocinadores para colaborarem com os custos e início da venda dos ingressos.
Após a fase de iniciação, temos a fase de execução, ou seja, aquela em que o
show acontece. Nesta etapa, faz-se necessário controlar as pessoas na entrada
do evento, controlar a iluminação e executar as músicas. Na fase de conclusão
(pós-show), libera-se o palco, e os equipamentos são retirados. Este pequeno projeto
estabeleceu, no escopo, todas as fases de cada processo do ciclo de vida, auxiliando na
organização do evento.
17
17
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
sobrevivência alta para aquela região (fase inicial). Espécies serão retiradas e
outras serão replantadas (execução) e, na fase final, será realizada a manutenção
e o acompanhamento da área.
1. Projeto de Reflorestamento
1.4 Monitorar o
1.3
1.1 Supressão 1.2 Mudas desenvolvimento
Replantio
das plantas
1.3.1.1
Plantio do
gramado
Para que este tipo de trabalho seja realizado com sucesso, os envolvidos devem
ter o conhecimento pleno do projeto e também coordenar todos os processos. Por
essa razão, as organizações têm nomeado responsáveis específicos para a área de
projetos, conhecidos como gerente de projetos. Então, vamos conhecer um pouco
mais sobre esses profissionais.
Gerente de Projetos
Por ser uma área relativamente nova na cultura empresarial, ainda não se tem
estabelecido se o gerenciamento de projetos é uma profissão em específico, por
se tratar de um gerenciamento em geral. Além disso, a área de gerenciamento de
projetos não é uma disciplina específica nas instituições de ensino, sendo destacada
somente na área da pesquisa. Dessa forma, a maioria dos profissionais envolvidos
nesta área não possui um certificado profissional viabilizado através de uma longa
preparação, e mesmo assim eles são contratados para tal função, o que ocasiona
erros graves no projeto, pois o profissional necessita de um conhecimento especial
e habilidades para alcançar o desempenho exigido pela função.
18
Apesar das dificuldades, muitos profissionais destacam-se dentro das organizações
e tornam-se gerentes de projetos competentes e eficientes. Mas o que exatamente
esses profissionais fazem?
Gerente
de
Projetos
Marketing Financeiro
Diretoria Engenharia
Qualidade Produção
Compras Planejamento
19
19
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Para exemplificar esta prática, segue a Figura 10, retratando o diálogo entre
cliente e áreas envolvidas no projeto. Neste caso, o gerente de projetos e as partes
envolvidas não compreenderam exatamente o pedido do cliente.
Sendo assim, o gerente também deve apresentar habilidades para interagir com
a área técnica, deve conhecer bem sobre o produto/serviço e saber expor os riscos
e os processos envolvidos para o cliente. Da mesma forma, as metas, os objetivos e
o ciclo de vida de todo do projeto também devem ser reportados para a alta direção
da empresa. Um plano de gerenciamento de projetos pode ser criado para facilitar
a comunicação entre os envolvidos.
Além do gerente de projetos, é importante salientar outras partes interessadas
no projeto. Pessoas e organizações podem ser afetadas diretamente pelos projetos
e também exercem influência sobre os mesmos. A determinação dessas partes
interessadas também deve ser identificada e deve ser descrita a participação de
cada um no processo de gerenciamento dos projetos. A Figura 11 identifica a
interação das partes interessadas do projeto.
As responsabilidades e funções de cada parte devem ser estabelecidas, mas
elas podem ser alteradas ao longo da execução do projeto. As suas contribuições
também podem ser pontuais ou acontecer ao longo de todo projeto, como acontece
no caso de patrocínios.
Importante! Importante!
20
Projeto
Patrocinador
do projeto
Gerente de
projetos
Equipe de
gerenciamento
de projetos
Equipe do projeto
Partes interessadas
no projeto
Considerações Finais
A partir do estudo de viabilidade, dos impactos ambientais e dos objetivos,
o escopo é elaborado com o detalhamento necessário e, então, inicia-se a fase
do planejamento, com a definição de equipe, cronogramas, custos, entre outros.
A fase de execução é a etapa seguinte, mais longa e que abrange muitos outros
processos e partes interessadas. Após a execução, o projeto passa pela análise de
metas e indicadores e é encerrado. Todas essas etapas fazem parte do ciclo de vida
de projeto, que é integrante do ciclo de vida do produto. O escopo possui todas
as etapas necessárias para que o projeto seja elaborado, com suas características e
funcionalidades.
O gerente de projeto está por trás de todo esse processo descrito acima, participando
da elaboração do projeto juntamente com o cliente bem como com as partes envolvidas
dentro das organizações. Este profissional necessita de habilidades como liderança,
comunicação adequada, organização para que o projeto atinja o sucesso.
21
21
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Material Complementar
Material Complementar
Vídeos
Usina de Itaipu se torna referência na gestão de projetos sustentáveis
https://youtu.be/duolQYq0-Z8
Livros
Revista Produção
RUSSO, R. 2005. Liderança e influência nas fases da gestão de projetos. v.15-3,
p.362-375.
Sites
Resolução n° 04, de 15 de dezembro de 2010
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Conselho
Nacional de Meteorologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO.
Dispõe sobre a Aprovação do Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida e dá
outras providências.
Disponível em: www.inmetro.gov.br/legislacao Acesso em 03/07/2015.
22
Referências
FUNDAP. 2006. Fundação de Desenvolvimento Administrativo. Planejamento
e gerenciamento de projetos. Educação continuada Gestão de Programas e
projetos governamentais.
23
23
Gestão de Projetos
Ambientais
Material Teórico
Processos de Gerenciamento de Projetos
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Processos de Gerenciamento de Projetos
• Introdução
• Gerenciamento de Tempo
• Gerenciamento de Custos
• Gerenciamento da Qualidade
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir a participação do gerenciamento de prazo, custo e qualidade
ao longo da execução do projeto.
· Compreender como deve ser elaborado um projeto, bem como as
entradas e saídas de cada etapa e as ferramentas que podem ser
utilizadas no monitoramento desses processos.
ORIENTAÇÕES
A partir do momento que se aprova um projeto, é necessário aplicar o
gerenciamento das várias áreas de estudos discutidas nas Unidades anteriores.
Contextualização
A gestão de projetos requer o gerenciamento de custos, prazos e qualidade para
que ele alcance o sucesso planejado.
http://arte.folha.uol.com.br/especiais/2013/12/16/belo-monte/
6
Introdução
O gerenciamento do tempo, custo e qualidade são processos fundamentais para
o gerenciamento de todo o projeto.
Gerenciamento de Tempo
O gerenciamento do tempo do projeto inclui os processos necessários para
gerenciar o término pontual do projeto. Este gerenciamento é formado por seis
processos distintos (Figura 1), sendo precedido por um trabalho de planejamento
pela equipe de gerenciamento.
Estimar os
Definir Sequenciar
recursos das
atividades atividades
atividades
Estimar a
Desenvolver Controlar o
duração das
cronograma cronograma
atividades
7
7
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Os projetos ambientais costumam ser bastante radicais quanto aos seus prazos.
Isso só ocorre porque, muitas vezes, esses prazos são definidos dentro de um
“Termo de Ajustamento de Conduta” e de outros compromissos firmados em
conjunto com os órgãos ambientais ou com o Ministério Público.
Definir as atividades
É o processo de identificação das ações específicas a serem realizadas para
produzir as entregas do projeto. Os pacotes de trabalho (do processo Criar a EAP –
Estrutura Analítica do Projeto ou WBS no gerenciamento do escopo) são tipicamente
decompostos em componentes menores chamados atividades, que representam o
trabalho necessário para completar o pacote de trabalho. Isso ocorre para definir
os detalhes, e assim atingir as metas.
Para isso, as entradas dessa etapa são as linhas de base do escopo que são
formadas por entregas de projetos; restrições, ou seja, fatores que limitarão as
opções da equipe de gerência de projeto; e as premissas, que foram estabelecidas
no planejamento e serão confirmadas como verdadeiras ou falsas. Também são
considerados os fatores ambientais da empresa, como sistema de informações do
gerenciamento de projetos; fatores externos de interesse dos projetos; relações
com o meio ambiente etc.
8
Importante! Importante!
Uma lista padrão das atividades ou uma parte da lista das atividades de um
projeto anterior é frequentemente utilizada como modelo para um projeto novo.
Também podem ser usados para identificar os marcos típicos dos cronogramas.
As saídas dessa etapa geralmente são listas de atividades que abrangem todas as
atividades necessárias do projeto, bem como a descrição de cada atividade.
Sequenciar as atividades
O sequenciamento das atividades é o processo de identificação e documentação
dos relacionamentos entre as atividades do projeto. Esses são sequenciais usando
relações lógicas.O uso de tempo de antecipação ou de espera pode ser necessário
entre as atividades para dar suporte a um cronograma de projeto realista e executável.
Vale lembrar que as atividades ambientais referentes aos processos também devem
ser identificadas. Este método inclui 4 tipos de dependências ou relações lógicas:
· Término para início (TI): a iniciação da atividade sucessora depende do
término da atividade predecessora;
· Término para término (TT): o término da atividade sucessora depende
do término da atividade predecessora;
9
9
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
A B
C D E
Início H F G Fim
I J
K L
10
Estimar os recursos das atividades
É o processo de estimativa dos tipos e quantidades de material, pessoas,
equipamentos ou suprimentos que serão necessários para realizar cada atividade. É
estreitamente coordenado junto com o processo “Estimar custos”.
As saídas desta etapa são requisitos de recursos das atividades (identifica os tipos
e as quantidades de recursos necessários para cada atividade do pacote de trabalho);
estrutura analítica dos recursos (estrutura hierárquica dos recursos identificados,
organizada por categoria e tipo de recursos) e atualizações dos documentos do
projeto, como lista das atividades, atributos das atividades e calendário de recursos.
A partir daí, são utilizadas as ferramentas e técnicas que podem ser por meio de
opinião especializada; estimativa análoga que usa parâmetros tais como duração,
orçamento, tamanho, peso e complexidade do projeto anterior ou similar como
base para a estimativa dos mesmos parâmetros ou medidas para um projeto futuro;
estimativa paramétrica, que utiliza uma relação estatística entre dados históricos
e outras variáveis para calcular uma estimativa para parâmetros da atividade, tais
como custo, orçamento e duração; estimativa de três pontos com a técnica de
revisão e avaliação de programa.
Explor
11
11
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
As saídas desse processo são análises de reservas, que incluem reservas para
contingências no cronograma geral do projeto para considerar as incertezas do
cronograma, também chamadas de reservas de tempo ou buffers.
Desenvolver o cronograma
É o processo de análise de sequências das atividades, suas durações, recursos
necessários e restrições do cronograma visando a criar o cronograma do projeto.
As entradas dessa etapa são todas as saídas das etapas descritas anteriormente,
como lista de atividades, atributos das atividades, diagrama de rede de cronograma,
calendário de recursos, estimativa de duração das atividades, declaração do
escopo, fatores ambientais da empresas etc. Isso porque esta etapa refere-se à
elaboração do cronograma.
Adiciona buffers de duração que são atividades sem trabalho no cronograma para
gerenciar as incertezas. O buffer do projeto é inserido no final da corrente crítica,
enquanto o buffer de alimentação é inserido em cadeias de tarefas dependentes
que alimentam ou convergem para a corrente crítica.
12
Já a análise do cenário “E-se” é uma análise da pergunta “E se a situação
representada pelo cenário X acontecer?”. Pode ser usada para avaliar se o cronograma
do projeto é praticável sob condições adversas para preparar planos de contingência
e de resposta para superar ou mitigar o impacto de situações inesperadas.
Controlar o Cronograma
O controle do cronograma está relacionado à determinação do andamento
atual do cronograma do projeto; ao controle dos fatores que criam mudanças
no cronograma; à determinação de que o cronograma do projeto mudou e ao
gerenciamento das mudanças conforme elas efetivamente ocorrem.
13
13
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Gerenciamento de Custos
Sabe-se que 40% das empresas têm problemas com o cumprimento do
orçamento. O custo é definido como medidas monetárias adotadas para
o funcionamento de uma organização por meio do pagamento de tributos,
investimentos e ações para o atingimento das metas.
Custos diretos
Custos relacionados diretamente com as entregas dos produtos e serviços oferecidos.
Exemplo: papelaria para formação e aplicação em sala de aula, salário da sede e
mediadores, laboratórios e periféricos.
Custos indiretos
Custos relacionados ao apoio na elaboração e monitoramento dos projetos.
Independentemente da quantidade de projeto o custo de mantém estável. Exemplo:
salário matriz, administração da matriz.
14
Importante! Importante!
Estimativa de custos
A estimativa de custo é o desenvolvimento de uma aproximação dos custos dos
recursos necessários para terminar cada atividade do cronograma. Na aproximação
dos custos, consideram-se as possíveis causas da variação das estimativas dos custos,
inclusive os riscos. Em geral, as estimativas de custos são expressas em unidades de
moeda para facilitar as comparações dentro de projetos e entre eles. A exatidão de
uma estimativa de um projeto aumenta conforme o projeto se desenvolve. Fontes
de informação da entrada aparecem na forma de saídas dos processos de diversas
outras áreas do conhecimento.
15
15
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Orçamentação
A orçamentação dos custos envolve alocar as estimativas dos custos globais aos
itens individuais de trabalho com a finalidade de estabelecer uma baseline de custo
para medir o desempenho do projeto (Figura 3).
Valores Fluxo de
Acumulados Caixa
Esperado
Baseline da
Performance
do Custo
Tempo
Figura 3. Apresentação ilustrativa de baseline do custo.
As entradas desse processo são o escopo, que fornece as restrições dos recursos;
a estrutura analítica do projeto que fornece as relações entre as entregas e seus
componentes; estimativas de custos das atividades; detalhes que dão suporte as
estimativas de custos; cronograma de projeto, incluindo as datas, marcos, pacotes
de trabalho; calendário de recursos, utilizado para informar os custos durante o
projeto; e o plano de gerenciamento de custos.
As saídas são: linha de base dos custos (orçamento dividido em fases); plano de
gerenciamento de custos; mudanças solicitadas.
Controle de custos
O controle dos custos está associado a influenciar os fatores que criam as
mudanças na meta de custo de forma a garantir que estas mudanças sejam benéficas;
determinar que a meta de custo foi alterada e gerenciar as mudanças reais quando
e da forma que elas surgirem.
16
Para isso, faz-se necessário registrar exatamente as mudanças, como controlar
fatores, monitorar, garantir acordo e limites; estabelecer limites nos custos;
monitorar o desempenho e informar as partes interessadas.
Importante! Importante!
17
17
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Gerenciamento da Qualidade
A qualidade é percebida de forma diferente pelas seguintes partes interessadas:
organizações, profissionais e clientes.
Alguns dados estatísticos demonstram que 28% dos projetos são abortados;
46% dos projetos extrapolam prazos e custos e somente 26% dos projetos são
bem sucedidos.
18
A técnica é aplicada, frequentemente, mais às questões do produto do projeto
(por exemplo, os projetistas do setor automotivo podem desejar determinar quais
combinações de suspensão e pneus produzirão as mais proveitosas características
de transporte a um custo razoável).
Garantia da Qualidade
Consiste em que todas as atividades planejadas são implementadas no sistema,
assegurando que o projeto irá atender os padrões de qualidade.
Controle de Qualidade
Controlar a qualidade é o processo de monitoramento e registro dos resultados
da execução das atividades de qualidade para avaliar o desempenho e recomendar
as mudanças necessárias.
As entradas para essa etapa são resultados dos trabalhos, ou seja, resultados
dos processos quanto aos resultados do produto; plano de gerência de qualidade;
definições operacionais; e checklist de verificação.
19
19
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Considerações Finais
Como visto ao longo dessa aula, o gerenciamento de prazo, risco e qualidade
caminham juntos no desenvolvimento do projeto.
20
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Para aprofundar seus conhecimentos, consulte:
Livros
HELDMAN, K. Gerência de Projetos: Guia para o exame do PMI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009;
MENEZES, L. C. M. Gestão de Projetos. São Paulo: Atlas; 2009;
VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 1998;
VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. Rio de Janeiro:
Brasport, 2005.
21
21
UNIDADE
Referências
KERZNER, Harold. Gestão de Projetos: as melhores práticas. Porto Alegre:
Bookman, 2002.
22
Gestão de Projetos
Ambientais
Material Teórico
O Ciclo de Vida de Projetos
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
O Ciclo de Vida de Projetos
• Introdução
• O Ciclo de Vida de Projetos
• O Escopo e sua importância no gerenciamento de projetos
• Gerente de Projetos
• Considerações Finais
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir o ciclo de vida de projetos, principalmente as dificuldades
desse processo no gerenciamento de projetos ambientais. Também
será discutida a função do gerente de projetos.
· Entender como o gerente de projetos pode facilitar as etapas do ciclo
de vida do projeto bem como a elaboração do escopo, que é uma
etapa decisiva no gerenciamento de projetos.
ORIENTAÇÕES
Iniciaremos esta unidade retomando as definições de escopo já discutidas
na Unidade I, com enfoque no modo como ele pode ser elaborado pelas
organizações bem como na sua importância para o atendimento às metas e
aos resultados.
Contextualização
Os projetos são realizados com diversas etapas que abrangem viabilidade, análise
de custos, riscos, impactos ambientais, etc. Quando essas etapas são elaboradas
de maneira incorreta ou equivocada, os projetos podem apresentar problemas,
aumentando os custos e seu tempo de execução.
Caso Eurotunnel
O projeto Eurotunnel, desde o seu início, foi marcado por inúmeros problemas
que, se estudados sem paixões, tornam-se um excelente meio de conhecimento
para os gerentes de projetos de privatizações, projetos internacionais, identificação
6
e avaliação de claims (reclamações com direito a recebimento), análise de
interessados, entre outros. As características do projeto eram específicas: os dois
acessos do túnel têm 7,6 m de diâmetro interno; área para serviços no túnel tem
4,8 m de diâmetro interno; os túneis estão a 38 km de distância, ligados por 150
passagens de 3,3 m de diâmetro para cruzamento de equipamentos; o projeto
necessitou de 11 máquinas de brocar túneis; a estrutura do túnel é feita por anéis
de concreto, fundidos no lugar, em ambos os lados da via; os franceses usaram o
método mini-mount baker para seu lado do túnel; os britânicos usaram um novo
método de construção austríaco; 15.000 trabalhadores foram empregados no
projeto; escopo também incluiu terminais em cada lado da via e a criação do
parque Shakespeare Cliff no lado britânico; a viagem dura três horas de Paris para
Londres e o custo da passagem foi alterado de $ 325 para $ 465.
7
7
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
8
Introdução
O ciclo de vida de projetos é caracterizado por diferentes fases e delimita o
início e o fim dos projetos. Nesta unidade, iremos discutir a importância de cada
uma dessas fases na implementação da prática do gerenciamento de projetos nas
organizações. Além disso, será definida a função e a participação do gerente de
projetos ao longo desse gerenciamento.
Planejamento
Fase de elaboração do Plano de Gestão de Projetos, que será detalhado ao longo
da execução do projeto; isso porque este pode apresentar pequenas mudanças e
adaptações.
Execução
Os processos são executados para atender ao Plano de Gestão de Projetos.
Nesta fase, podem surgir riscos e custos não previstos, afetando o orçamento e o
planejamento já elaborado.
9
9
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Monitoramento e Controle
Nesta etapa, é realizada a revisão das entregas e do progresso do projeto, são
identificadas as áreas que foram alteradas e são controlados os riscos. Esta fase
ocorre concomitante com o planejamento e a execução.
Encerramento
Nesta etapa são documentados os impactos dos projetos e as lições aprendidas,
encerradas as aquisições e, principalmente, dada a aprovação do cliente/patrocinador
do produto/serviço.
10
os serviços de arquitetura), o que será gerado em cada entrega de etapa e como a
mesma será validada, quais os envolvidos em cada fase e suas funções (por exemplo,
arquitetos, engenheiros, auditores).
Idéia
Entradas Equipe de gerenciamento de projetos
A fase inicial também é marcada pela avaliação dos custos e riscos (Figura 4).
Esta tarefa é difícil, pois estes são estimados inicialmente e só serão confirmados
ao longo da execução do projeto. Como exemplificado na Figura 4, os riscos são
altos no início do projeto e diminuem ao longo da execução do projeto. Enquanto
isso, os custos iniciais são baixos e aumentam conforme as fases vão se alterando.
Cost of changes
Low
Project Time
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UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Processos de
Execução
Processos de
Nível de Planejamento
Atividade Processos Processos de
de Iniciação Encerramento
Processos de Controle
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produto e nada mais é do que o plano de negócios. A partir do plano de negócios,
a ideia se insere no ciclo de vida do projeto com várias fases. Geralmente, as
organizações que desenvolvem o produto inserem o ciclo de vida de projeto como
parte do ciclo de vida do produto. Isso porque projetos adicionais podem ser
estabelecidos para atualizarem o desempenho do produto. A Figura 5 ilustra o
ciclo de vida do produto e o ciclo de vida de projetos.
Atualização
Ciclo de vida Plano de
Operações
Venda
do produto negócios
Produto
IDÉIA
Ciclo de vida
do projeto INICIAL INTERMEDIÁRIA FINAL
Para os projetos ambientais, o ciclo de vida deve ser analisado, gerando a análise
do ciclo de vida (ACV), ou seja, é preciso avaliar os impactos ambientais ao longo
da execução dos produtos que serão desenvolvidos. Os produtos/serviços geram
impactos ambientais, como emissão de poluentes, geração de resíduos além do
consumo de recursos naturais. Qualquer produto, para ser produzido, necessita de
matéria-prima, que será processada e gerará resíduo.
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UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Fabricação
Produtos
Matéria-
Coprodutos
-prima
Resíduos
Utilização
Outros
Entradas
Aspectos
Auxiliares
Ambientais
Disposição Final
Fronteira do Sistema
Para isso o processo de entradas e saídas deve ser estabelecido para cada processo.
Aplicação de questionários para os funcionários, análise do ACV de outras empresas,
dados históricos internos e levantamento dos aspectos ambientais da empresa podem
ser ferramentas para que todas as entradas e saídas sejam identificadas. Além disso,
saídas como emissões atmosféricas devem ser estimadas por tipo de poluente e
devem ser descritos a forma como e o local onde esse dado foi obtido.
Importante! Importante!
14
A ACV traz muitos benefícios para a realização de projetos ambientais, no
entanto existem algumas barreiras que impedem a inserção da prática. Uma dessas
barreiras é a ausência de guias práticos para orientação. O PMBok não integra
parâmetros ambientais, e não foram criados outros guias para que essa carência
seja suprida. A definição de impactos ambientais em áreas específicas, temas e grau
de severidade exigem tempo, custo e pessoas, além de os resultados gerados serem
subjetivos, tornando-os de baixa confiabilidade. De qualquer forma, muitos projetos
conseguem abranger todos os processos e etapas, alcançando o sucesso final do
produto/serviço. Para exemplificar todas essas etapas, segue, abaixo, um modelo
de caso hipotético resumido, descrito pela Fundap (Fundação do Desenvolvimento
Administrativo), órgão público do Estado de SP.
As entregas são distribuídas ao longo das fases dos projetos. A fase 1 terá
entrega da construção de prédios do núcleo didático, centro de apoio técnico,
guarita, posto de vigilância e restaurante. A fase 2 terá a contratação de RH,
transferência dos docentes e pessoal, aquisição de equipamentos, licitação,
contratação e aceite e instalação dos equipamentos. Fase 3 será marcada pelo
processo seletivo, contratação de empresas, acompanhamento da seleção e
recepção dos alunos. Essas fases são distribuídas ao longo de um cronograma
básico que será o Gráfico de Gantt.
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15
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Importante! Importante!
16
com a identificação do local, definição das bandas que irão se apresentar, busca de
patrocinadores para colaborarem com os custos e início da venda dos ingressos.
Após a fase de iniciação, temos a fase de execução, ou seja, aquela em que o
show acontece. Nesta etapa, faz-se necessário controlar as pessoas na entrada
do evento, controlar a iluminação e executar as músicas. Na fase de conclusão
(pós-show), libera-se o palco, e os equipamentos são retirados. Este pequeno projeto
estabeleceu, no escopo, todas as fases de cada processo do ciclo de vida, auxiliando na
organização do evento.
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UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
sobrevivência alta para aquela região (fase inicial). Espécies serão retiradas e
outras serão replantadas (execução) e, na fase final, será realizada a manutenção
e o acompanhamento da área.
1. Projeto de Reflorestamento
1.4 Monitorar o
1.3
1.1 Supressão 1.2 Mudas desenvolvimento
Replantio
das plantas
1.3.1.1
Plantio do
gramado
Para que este tipo de trabalho seja realizado com sucesso, os envolvidos devem
ter o conhecimento pleno do projeto e também coordenar todos os processos. Por
essa razão, as organizações têm nomeado responsáveis específicos para a área de
projetos, conhecidos como gerente de projetos. Então, vamos conhecer um pouco
mais sobre esses profissionais.
Gerente de Projetos
Por ser uma área relativamente nova na cultura empresarial, ainda não se tem
estabelecido se o gerenciamento de projetos é uma profissão em específico, por
se tratar de um gerenciamento em geral. Além disso, a área de gerenciamento de
projetos não é uma disciplina específica nas instituições de ensino, sendo destacada
somente na área da pesquisa. Dessa forma, a maioria dos profissionais envolvidos
nesta área não possui um certificado profissional viabilizado através de uma longa
preparação, e mesmo assim eles são contratados para tal função, o que ocasiona
erros graves no projeto, pois o profissional necessita de um conhecimento especial
e habilidades para alcançar o desempenho exigido pela função.
18
Apesar das dificuldades, muitos profissionais destacam-se dentro das organizações
e tornam-se gerentes de projetos competentes e eficientes. Mas o que exatamente
esses profissionais fazem?
Gerente
de
Projetos
Marketing Financeiro
Diretoria Engenharia
Qualidade Produção
Compras Planejamento
19
19
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Para exemplificar esta prática, segue a Figura 10, retratando o diálogo entre
cliente e áreas envolvidas no projeto. Neste caso, o gerente de projetos e as partes
envolvidas não compreenderam exatamente o pedido do cliente.
Sendo assim, o gerente também deve apresentar habilidades para interagir com
a área técnica, deve conhecer bem sobre o produto/serviço e saber expor os riscos
e os processos envolvidos para o cliente. Da mesma forma, as metas, os objetivos e
o ciclo de vida de todo do projeto também devem ser reportados para a alta direção
da empresa. Um plano de gerenciamento de projetos pode ser criado para facilitar
a comunicação entre os envolvidos.
Além do gerente de projetos, é importante salientar outras partes interessadas
no projeto. Pessoas e organizações podem ser afetadas diretamente pelos projetos
e também exercem influência sobre os mesmos. A determinação dessas partes
interessadas também deve ser identificada e deve ser descrita a participação de
cada um no processo de gerenciamento dos projetos. A Figura 11 identifica a
interação das partes interessadas do projeto.
As responsabilidades e funções de cada parte devem ser estabelecidas, mas
elas podem ser alteradas ao longo da execução do projeto. As suas contribuições
também podem ser pontuais ou acontecer ao longo de todo projeto, como acontece
no caso de patrocínios.
Importante! Importante!
20
Projeto
Patrocinador
do projeto
Gerente de
projetos
Equipe de
gerenciamento
de projetos
Equipe do projeto
Partes interessadas
no projeto
Considerações Finais
A partir do estudo de viabilidade, dos impactos ambientais e dos objetivos,
o escopo é elaborado com o detalhamento necessário e, então, inicia-se a fase
do planejamento, com a definição de equipe, cronogramas, custos, entre outros.
A fase de execução é a etapa seguinte, mais longa e que abrange muitos outros
processos e partes interessadas. Após a execução, o projeto passa pela análise de
metas e indicadores e é encerrado. Todas essas etapas fazem parte do ciclo de vida
de projeto, que é integrante do ciclo de vida do produto. O escopo possui todas
as etapas necessárias para que o projeto seja elaborado, com suas características e
funcionalidades.
O gerente de projeto está por trás de todo esse processo descrito acima, participando
da elaboração do projeto juntamente com o cliente bem como com as partes envolvidas
dentro das organizações. Este profissional necessita de habilidades como liderança,
comunicação adequada, organização para que o projeto atinja o sucesso.
21
21
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Material Complementar
Material Complementar
Vídeos
Usina de Itaipu se torna referência na gestão de projetos sustentáveis
https://youtu.be/duolQYq0-Z8
Livros
Revista Produção
RUSSO, R. 2005. Liderança e influência nas fases da gestão de projetos. v.15-3,
p.362-375.
Sites
Resolução n° 04, de 15 de dezembro de 2010
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Conselho
Nacional de Meteorologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO.
Dispõe sobre a Aprovação do Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida e dá
outras providências.
Disponível em: www.inmetro.gov.br/legislacao Acesso em 03/07/2015.
22
Referências
FUNDAP. 2006. Fundação de Desenvolvimento Administrativo. Planejamento
e gerenciamento de projetos. Educação continuada Gestão de Programas e
projetos governamentais.
23
23
Gestão de Projetos
Ambientais
Material Teórico
Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Instrumentos Ambientais para
Gestão de Projetos
• Contextualização
• Introdução
• Dados Históricos
• ISO 14001
• Considerações finais
• Referências
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta Unidade, discutiremos o uso de instrumentos ambientais
aplicados ao gerenciamento de projetos.
· Cada um desses instrumentos pode ser aplicado e auxilia a com-
preensão da importância da gestão ambiental em projetos.
ORIENTAÇÕES
Para implementar todos os processos ambientais em projetos, são necessárias
ferramentas eficientes para que a preservação e a conscientização ambiental seja
implementada.
Contextualização
A gestão de projetos ambientais necessita de instrumentos que facilitem
o planejamento e a execução da preservação do Meio Ambiente, bem como a
conscientização ambiental dos setores envolvidos.
Para compreender um pouco mais sobre esta norma, a seguir o link de um vídeo que explica
Explor
6
Introdução
Algumas ferramentas podem auxiliar o processo de gerenciamento de projetos
ambientais, como legislações aplicáveis e normas que relacionam a importância do
meio ambiente à rotina empresarial.
Dessa forma, discutiremos como essas ferramentas podem ser utilizadas e qual
a importância delas na execução do projeto.
Dados Históricos
Com o aumento da degradação ambiental, a população começou a se preocupar
com o meio ambiente e com a qualidade de vida.
7
7
UNIDADE Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos
Entretanto, essas ações em específico podem não ser suficientes para que a
organização tenha a garantia de que irá atingir seus objetivos, mas também
continuará atendendo às exigências legais e de sua própria política.
8
As questões ambientais sensibilizaram o mercado consumidor, o que contribuiu
para que os gestores compreendessem a importância do que representa a variável
ambiental no mercado competitivo e sujeito a mudanças pelas perspectivas dos
clientes e da sociedade.
O cenário até aqui exposto demonstra que podem existir diversas razões para que
as empresas invistam em auditorias, programas de gestão e outras vias e ferramentas
para a diminuição do impacto ambiental e em novas tecnologias para seus produtos
e serviços, visando à eficiência do Sistema de Gestão Ambiental – SGA.
ISO 14001
A Constituição Federal de 1988 garante a defesa e a preservação do meio ambiente
para todos. Este pensamento retrata a clara intenção do legislador em promover
medidas preventivas a fim de garantir a qualidade do meio ambiente no futuro.
Art.225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).
Dessa forma, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) surge para atender à politica
ambiental estabelecida, e para gerenciar os aspectos ambientais do processo produtivo.
9
9
UNIDADE Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos
A ABNT NBR ISO 14001:2004 define política ambiental como sendo: “intenções
e princípios gerais de uma empresa, corporação, firma, empreendimento, autoridade
ou instituição, ou parte ou uma combinação desses, incorporada ou não, pública
ou privada, que tenha funções e administração próprias, em relação aos seus
resultados mensuráveis de gestão sobre seus elementos das atividades, produtos
ou serviços que possam interagir com o meio ambiente, conforme formalmente
expresso pela Alta Administração”.
Para compreender melhor a norma ISO 14001, segue o link para acesso.
Explor
http://www.oet.pt/downloads/legislacao/NP%20EN%20ISO%2014001%202004.pdf.
Fonte: slideplayer.com.br
10
As empresas estão se adaptando ao modelo de gestão ambiental trazendo um
fator de sucesso nos mais diversos ramos das atividades que formam diferentes
objetivos de várias áreas, tais como, ramos da indústria, do comércio, de prestação
de serviços complementares e essenciais, independente de sua vocação ao lucro ou
à satisfação dos usuários e clientes.
Para implementar esse tipo de projeto nas empresas, foi criado o sistema de
PDCA (Figura 3), que tem por objetivo tornar mais claros e ágeis os processos
envolvidos na execução da gestão, como, por exemplo, na gestão da qualidade
ambiental, dividindo-a em quatro principais passos.
11
11
UNIDADE Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos
Figura 3
A Agir corretivamente
1 Se o peso não apresentar redução,
aumentar a carga dos exercícios físicos
2 Se o peso aumentar procurar
nutricionista redução de pelo menos
3kg, ter supervisão cuidadosa durante
o Natal e Ano Novo
Metas
Redução de 22 kg em 12 meses
Período 01/01/10 até 24/12/11
Peso atual = 92 kg atingir 70 kg
Plano de Ação
1 Emagrecer 500gr por semana
P
2 Reduzir o consumo de carboidratos e refrigerantes
3 Caminhar/correr 3 vezes por semana 40min
Como será feito o Controle
1 Medição do peso todo sábado pela manhã
2 Marcar a cada caminhada/corrida realizada
3 Supervisionar a redução do consumo de carboidratos e refr.
C D
2 medir semanalmente a quantidade e praticar exercícios
de vezes que foram feitas
caminhadas/corridas
Figura 4
Fonte: paisfilhoseescola.com.br
12
A etapa de planejamento refere-se à análise do ciclo de vida do projeto, já
discutido anteriormente. O ciclo de vida faz parte da gestão ambiental de um
bem ou serviço, ou seja, desde a origem dos recursos no Meio Ambiente até a
disposição final dos resíduos dos materiais e energia após o uso, tendo suas etapas
intermediárias, como transporte, estocagem etc.
Todas estas etapas possuem aspectos ambientais que devem ser identificados e
controlados ao longo da execução do produto.
13
13
UNIDADE Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos
Alguns dos aspectos ambientais que podem ser identificados são: emissões atmosféricas;
Explor
Duas etapas que são primordiais nesse processo são: comunicação interna e
organização da documentação.
14
informativos, quadros de aviso, internet, e-mails etc. Já a comunicação externa deve
considerar as informações e pontos levantados pelas partes interessadas, como, por
exemplo, reclamação de vizinho de indústrias ou obras da construção civil.
Isto lhe confere um caráter universal, pois, dessa forma, podem ser adaptados
por empresas de qualquer região e de todos os portes.
Tal fato possibilita que a empresa melhore o preço de venda dos produtos e
serviços que utilizam no seu marketing a imagem ambiental como fator de valorização
e, principalmente, que os custos de produção sejam reduzidos, como, por exemplo,
pela gestão correta dos insumos e das matérias-primas por meio de programas de
conservação de energia, reuso de agua e redução de geração de resíduos (ISO, 2004).
15
15
UNIDADE Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos
A procura por ferramentas e formas de gestão para atender aos objetivos estipulados
para diminuição e controle da poluição, redução da taxa de efluentes, minimizando os
impactos ambientais e também diminuindo a utilização de recursos naturais (consumo de
água, energia, matéria prima) tem sido cada vez mais intensificada pelas organizações.
No passado, a busca pela certificação ISO 14001 era mínima e visava basicamente
ao compromisso da organização com o atendimento da legislação aplicável.
16
Independentemente de a certificação ser feita dentro ou fora do Sistema
brasileiro de Avaliação da Conformidade, quando realizada por organismo
credenciado pelo INMETRO, ela é conduzida com base nos mesmos requisitos e
metodologia (ISO, 2004).
Com isso, o produto irá se tornar a escolha do consumidor, fazendo com que a
empresa atinja seu objetivo que, além de lucrar, vai satisfazer o consumidor.
17
17
UNIDADE Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos
Considerações finais
A sociedade cobra, o mercado globalizado exige, e ter a certificação ISO pode
ser significado de bons negócios e vantagem em relação aos concorrentes.
18
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm
Acesso em: 5 ago. 2015;
Livros
ABNT. NBR ISO 14001.
ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. 2004. Sistema da gestão ambiental –
Requisitos com orientações para uso – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2004, 27p.;
Auditoria ambiental: aspectos jurídicos.
SALES, Rodrigo. São Paulo: Ltr, 2001.
Leitura
Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio+20.
MINISTÉRIO do Meio Ambiente.
http://www.mma.gov.br/estruturas/182/_arquivos/rio20_propostabr_182.pdf
Acesso em: 5 ago. 2015;
19
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UNIDADE Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos
Referências
ABNT. Sistema de gestão ambiental – ABNT NBR ISSO 14001. Disponível em:
http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=1006 Acesso em: 12 ago. 2015.
20
Planejamento
Energético
Material Teórico
Mercado de Energia no Brasil
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Mercado de Energia no Brasil
·· Introdução
·· Setor Elétrico
·· Geração Nacional
·· Projeção De Demanda
·· Conclusões
5
Unidade: Mercado de Energia no Brasil
Contextualização
Elaborar a matriz energética de uma nação, ou mesmo de uma região do país, é uma tarefa
que requer diversos conhecimentos prévios. Estes não se limitam ao potencial energético de
cada região ou quais as fontes de geração mais viáveis. Este conhecimento é fundamental, é
claro, mas não é a única preocupação para o planejamento.
É preciso conhecer também o mercado em que estamos inseridos. Precisamos conhecer como
a população se comporta quando nos referimos à energia elétrica. O crescimento populacional
traz consigo um forte aumento na demanda energética.
Além disso, é preciso conhecer o perfil do maior consumidor: a indústria. Poderia ela
ser autossuficiente na geração da energia que requer? Ou ela precisa de maior atenção dos
planos nacionais?
Toda a análise qualitativa e quantitativa do mercado energético deve ser bem elaborada
antes de realizar uma projeção do que será preciso enfrentar no novo planejamento.
Convido você a refletir sobre a região a sua volta:
- Quais são as usinas de energia que existem no seu estado?;
- Qual a tarifa que você, como cidadão, paga pela energia?;
- Você sabe como ela é calculada?
E mais:
- A população da sua cidade tem aumentado?;
- Será que a oferta de energia disponível hoje é capaz de suprir este crescimento?
6
Introdução
O mercado de energia no Brasil pode ser definido pela relação entre a produção e o consumo
energético em toda a sua extensão territorial.
Para definir as características deste mercado, deve-se conhecer alguns dados nacionais, como:
··Capacidade instalada por fonte em cada região;
··Perfil dos consumidores por classes (residencial, comercial, industrial, setor público etc.);
··Eficiência energética de cada parque elétrico instalado;
··Relação entre oferta e procura;
··Autoprodução de setores sociais;
··Demografia;
··Macroeconomia mundial.
Estes são alguns dos tópicos que definem o mercado energético. Nesta Unidade, abordaremos
algumas estratégias para traçar este modelo e preparar uma projeção energética no país.
As principais estratégias abordadas foram estabelecidas pelas normas de pesquisa e
planejamento energético da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é empresa pública instituída nos
termos da Lei n° 10.847, de 15 de março de 2004, e do Decreto n° 5.184, de 16
de agosto de 2004, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), tem por
finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinados a subsidiar
o planejamento do setor energético, tais como energia elétrica, petróleo e
gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas renováveis e
eficiência energética, dentre outras (EPE, 2012).
Nesta Unidade, faremos, também, uma análise dos diferentes perfis de consumo de energia
elétrica no Brasil e acompanharemos as estratégias da EPE para projeção da demanda energética
para um longo período, o que nos permite conhecer o mercado nacional e ao mesmo tempo
planejar a matriz energética com base na perspectiva da procura pelo serviço.
Setor Elétrico
Vamos começar nossa análise com alguns dados sobre o perfil consumidor no Brasil. Neste
ponto, já conhecemos as formas de geração de energia por meio de fontes renováveis e não-
renováveis. Sabemos, ainda, quais são os requisitos físicos e geográficos de cada uma delas.
Assim, podemos analisar os dados de acordo com a realidade brasileira.
7
Unidade: Mercado de Energia no Brasil
O setor energético no nosso país é dirigido por diferentes órgãos. A parte política é de
responsabilidade do Congresso Nacional e a Presidência da República, representada pelo
Ministério de Minas e Energia e o Conselho Nacional de Política Energética. Todas as leis e
normas são criadas por estas instituições.
A regulação e a fiscalização ficam por conta da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
todas as demais agências sob sua responsabilidade, como a Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) e os Conselhos de Consumidores, por exemplo.
O mercado é gerido pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Fechando o quadro de instituições, tem-se as agências institucionais, que são empresas
escaladas para diferentes funções, como a EPE e o Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), por exemplo.
8
Geração Nacional
Subsistemas elétricos
O primeiro passo para podermos criar a projeção de demanda de energia é conhecer o que
já temos de oferta no país. Este conhecimento é de suma importância para podermos verificar
qual a porcentagem de crescimento esperado para cada região.
Segundo o ONS, os subsistemas do setor elétrico são:
··Sudeste/Centro-Oeste – abrangendo os estados das regiões Sudeste e Centro-oeste mais
Rondônia e Acre;
··Sul – toda a região Sul;
··Nordeste – toda a região Nordeste, com exceção do Maranhão;
··Norte – Amapá, Pará, Tocantins, Maranhão e Amazonas;
··Sistemas isolados.
A operação dos subsistemas deve ser monitorada e balanceada para que, se necessário, uma
supra a outra em eventos especiais e/ou periódicos.
Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito
mundial, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é
um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas
hidrelétricas e com múltiplos proprietários.
O Sistema Interligado Nacional é formado pelas empresas das regiões Sul,
Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas 1,7% da
energia requerida pelo país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas
isolados localizados principalmente na região amazônica (ONS, 2015).
9
Unidade: Mercado de Energia no Brasil
Explore
Acesse a página do ONS para obter mapas detalhados dos subsistemas elétricos:
http://www.ons.org.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx
Dados de geração
A Empresa de Pesquisa Energética apresenta anualmente um balanço dos dados de geração
e consumo nacionais. Segundo os dados do último relatório (até a produção deste material),
sobre o ano de 2013, as regiões com maior geração de energia foram Sul e Sudeste (o que é
perfeitamente justificável, segundo a distribuição de sistemas).
Conforme visto na Figura 4, as regiões Sul e Sudeste, além de terem a maior geração, tiveram
também maior capacidade de autoprodução energética.
10
Figura 4. Geração Regional.
Além da participação, pode-se acompanhar a evolução dos sistemas por meio da análise das
perdas por subsistema. Uma análise rápida sobre o gráfico da Figura 6 nos permite dizer que
os subsistemas têm mantido certa constância nas perdas nos últimos anos. Os sistemas isolados
apresentam um crescimento nas perdas, ao contrário dos demais que se mantém entre 1% e 20%.
11
Unidade: Mercado de Energia no Brasil
Figura 6. Carga de Energia. Evolução das perdas anuais relativas (%) por subsistemas elétricos.
Dados de consumo
Agora que conhecemos os sistemas de geração, podemos fazer um comparativo com o que
foi consumido no mesmo período.
As Tabelas 1 e 2 apresentam os dados de consumo separados por região e por classes,
respectivamente. Todos os dados em GWh.
∆% Part. %
2009 2010 2011 2012 2013
(2013/2012) (2013)
Brasil 384,306 415,683 433,034 448,171 463,335 3.4 100.0
Norte 24,083 26,237 27,777 29,115 30,196 3.7 6.5
Nordeste 65,244 71,197 71,914 75,610 79,907 5.7 17.2
Sudeste 204,555 222,005 230,668 235,237 240,084 2.1 51.8
Sul 65,528 69,934 74,470 77,491 80,392 3.7 17.4
Centro-
24,896 26,310 28,205 30,718 32,756 6.6 7.1
Oeste
Fonte: ANEEL, 2014.
12
Tabela 2. Consumo de energia por Classes (GWh).
∆% Part. %
2009 2010 2011 2012 2013
(2013/2012) (2013)
Brasil 384,306 415,683 433,034 448,171 463,335 3.4 100.0
Residencial 100,776 107,215 111,971 117,646 124,896 6.2 27.0
Industrial 161,799 179,478 183,576 183,475 184,609 0.6 39.8
Comercial 65,255 69,170 73,482 79,226 83,695 5.6 18.1
Rural 17,304 18,906 21,027 22,952 23,797 3.7 5.1
Poder
12,176 12,817 13,222 14,077 14,608 3.8 3.2
público
Iluminação
11,782 12,051 12,478 12,916 13,512 4.6 2.9
pública
Serviço
12,898 13,589 13,983 14,525 14,847 2.2 3.2
público
Próprio 2,319 2,456 3,295 3,354 3,372 0.5 0.7
Fonte: ANEEL, 2014.
Comparando os dados de geração e consumo, pode-se perceber que o consumo interno teve
um total de 463.335 GWh no ano de 2013, para uma geração de 570.025 GWh, o que nos dá
uma relação de consumo de 81,28% da energia produzida. Os outros quase 20% puderam ser
armazenados e/ou vendidos para os países vizinhos.
Tarifas
Um ponto importante da nossa análise quantitativa e qualitativa do setor é a evolução da
tarifa cobrada em todo o país. A forma como ela é calculada envolve três partes:
1. Custos com geração da energia;
2. Transporte de energia até as casas (transmissão + distribuição);
3. Encargos e tributos.
Cada parte possui seu peso no cálculo, mas o importante, neste ponto, é saber que a tarifa é
calculada de acordo com estes gastos e precisa ser repassada ao consumidor para a manutenção
do sistema como um todo.
Até o ano de 1993, os consumidores de todas as regiões pagavam uma tarifa única. O
que significa que um consumidor do Paraná pagaria uma mesma quantia por KWh (quilowatt-
hora) que outro em Pernambuco, por exemplo. Isso garantia a remuneração das concessionárias
independente de sua eficiência energética.
A partir de então, as tarifas são determinadas pela Concessionária, de acordo com as suas
características. Para que não houvesse um desequilíbrio nos preços, em 1995, foi aprovada a
Lei 8.987, que garante o equilíbrio entre eles.
13
Unidade: Mercado de Energia no Brasil
As tarifas são cobradas agora por área de concessão, podendo coincidir com os estados da
federação, ou não.
Assim, em um mesmo estado, pode-se ter uma ou mais tarifas. Observe as áreas na Figura 7.
Projeção De Demanda
Uma vez que conhecemos toda a capacidade do Setor Elétrico, como ele é organizado e qual
o histórico de consumo, passamos para a projeção da demanda energética, que nos ajuda não
somente a conhecer o mercado atual, mas estimar a sua participação em um futuro próximo.
O método adotado para esta Unidade é o que vem sendo utilizado pela Empresa de Pesquisa
Energética para a projeção estatística. Vale lembrar que ela faz parte do quadro institucional do
setor elétrico brasileiro, o que torna o seu método e os seus dados oficiais.
Periodicamente a EPE gera alguns estudos sobre energia. Entre eles, destacam-se o Plano
Decenal de Expansão de Energia (PDE) e o Plano Nacional de Energia de Longo Prazo (PNE),
que servem de base para a elaboração do documento conhecido como Plano Anual da Operação
Energética (PEN), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Segundo os relatórios da EPE, a projeção deve ser feita com base nas seguintes premissas básicas:
··Demografia – dados estatísticos de crescimento populacional por região;
··Macroeconomia – como anda o mercado internacional e os possíveis compradores
de energia;
··Grandes Consumidores Industriais – as classes que se mostram como maiores
consumidores à parte do residencial;
14
··Autoprodução – como cada classe pode se autossustentar de alguma forma, sobretudo
os grandes consumidores (indústria);
··Eficiência Energética – qual a relação entre oferta, procura e perdas de cada fonte de energia.
Por meio da análise de tais premissas, pode-se estabelecer uma relação entre o consumo e a
qualidade da classe residencial e também da industrial que, por sua vez, tem relação não apenas
com o país, mas com o mercado internacional.
Demografia
O perfil da população brasileira tem passado por significativas transformações nas últimas
décadas, quando nos referimos à faixa etária, distribuição geográfica e processos de urbanização.
O último censo do IBGE mostra que a população continua crescendo, mas em um ritmo
menor e também está envelhecendo, o que pode nos dizer muito sobre o consumo.
Por exemplo, os horários de pico de energia têm se mostrado diferentes de algumas décadas
atrás por causa da estrutura etária da população e seus novos ritmos diários.
Tabela 3. Brasil. Projeção da População, 2012-2022.
15
Unidade: Mercado de Energia no Brasil
Centro-
Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Brasil
Oeste
2012 4.582 15.679 27.984 4.816 62.928
2017 5.176 17.366 31.137 11.029 5.429 70.137
2022 5.768 19.090 34.365 12.211 6.022 77.456
Variação (% ao ano)
2012-2017 2,5 2,1 2,2 2,2 2,4 2,2
2017-2022 2,2 1,9 2,0 2,1 2,1 2,0
2012-2022 2,3 2,0 2,1 2,2 2,3 2,1
Estrutura de Participação (%)
2012 7,3 24,9 44,5 15,7 7,7 100,0
2017 7,4 24,8 44,4 15,7 7,7 100,0
2022 7,4 24,6 44,4 15,8 7,8 100,0
Para cada domicílio, devemos projetar também o número de seus habitantes. Com este
número, podemos dizer, por exemplo, que a região Sudeste tem pouco menos da metade de
domicílios do total nacional, sendo que cada um deles tem em média 2,5 habitantes (vide
Tabela 5), o que pode representar um consumo maior que a região Nordeste, com quase um
quarto do número de domicílios e média de 3 habitantes em cada um.
Tabela 5. Brasil e regiões. Número de habitantes por domicílio, 2012-2020.
Centro-
Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Brasil
Oeste
2012 3,6 3,5 2,9 2,8 3,0 3,1
2017 3,3 3,2 2,7 2,6 2,8 2,9
2022 3,1 3,0 2,5 2,4 2,6 2,7
Fonte: EPE, 2012.
Macroeconomia
Já conhecemos o perfil de consumo da população por meio dos dados demográficos, agora
precisamos entender como anda o mercado internacional. Um cenário de crise mundial pode
influenciar a compra e venda de insumos e serviços relacionados à energia.
Nos últimos anos, o cenário global apresentou algumas atividades de crise em diferentes
países de grande influência na atividade mundial, como os Estados Unidos, por exemplo. Esta
crise reflete nas relações entre todos os países, sendo representada pelo Produto Interno Bruto.
16
Tabela 6. Taxas de crescimento do nível de atividade (médias no período).
Taxas de crescimento do nível de atividade (médias no período)
Histórico Projeção
Indicadores Econômicos
2002-2006 2007-2011 2013-2017 2018-2022
PIB Mundial (% a.a.) 4,2 3,5 3,9 4,0
PIB Nacional (% a.a.) 3,3 4,2 4,5 5,0
Fontes: IBGE e FMI (dados históricos) e EPE (projeções).
Fonte: EPE, 2012.
Veja, na Tabela 6, que o PIB nacional teve um histórico de decrescimento de 2002 a 2011, mas
a projeção é de um aumento pequeno para os anos de 2013 a 2022.
O PIB nacional, entretanto, teve um crescimento de 0,9% no período de 2002 a 2011 e se espera
que tenha um crescimento um pouco mais modesto nos próximos anos.
Estas variações refletem no poder de compra e venda do país e devem ser observados de perto
com menor intervalo possível para que o mercado nacional esteja coerente com o cenário mundial.
Grandes Consumidores
“Há um conjunto de segmentos industriais que respondem por importante parcela do
consumo industrial de eletricidade, aqui denominados grandes consumidores industriais de
energia elétrica” (EPE, 2012).
Estas indústrias consomem uma parcela significativa da energia. Em 2013, foi cerca de 40%,
conforme a Tabela 2. Ao mesmo tempo, eles podem gerar energia para consumo próprio,
aliviando um pouco a carga dos subsistemas.
Figura 8. Indústrias eletrointensivas: expansão da produção física, 2012-2022.
17
Unidade: Mercado de Energia no Brasil
Observe na Figura 8 algumas das principais indústrias e suas relações de produção e seus
componentes de exportação. Veja que Aluminia, Bauxita, Siderúrgica (Aço Bruto), Pelotização
e Celulose são setores com forte componente de exportação e por isso podem trazer grande
benefício ao país. Deve-se a elas, então, uma atenção especial quanto ao suprimento de energia.
Segundo os dados históricos, as grandes indústrias tem registrado um aumento do consumo
na rede elétrica nacional, mas, ao mesmo tempo, a autoprodução tem aumentado, como pode
ser visto na Figura 9.
Figura 9. Grandes consumidores industriais: consumo de eletricidade (TWh).
Autoprodução
Seguindo o fluxo da nossa análise, precisamos determinar qual o índice de autoprodução
de energia de cada setor. Lembre-se que estamos tratando dos grande consumidores, que são
capazes de gerar parte de sua energia.
A autoprodução significa que eles têm a habilidade de produzir parte significativa da energia
consumida, a fim de minimizar o consumo pela rede.
A autoprodução mais forte se concentra nos segmentos siderurgia, papel e celulose e
petroquímica.
Figura 10. Autoprodução de eletricidade, 2012-2022.
18
A Figura 10 nos mostra que a autoprodução esperada em 2022 pelos grandes consumidores
é de 43,7TWh e pelos demais segmentos é de 71,3%.
Eficiência energética
A última premissa, mas não menos importante, é a eficiência energética, isto é, qual a relação
entre o que foi produzido e o que realmente foi consumido, levando-se em considerações as perdas.
Ainda sobre os dados da EPE, espera-se que a eficiência em 2016 represente um total de
redução do consumo de 3,4% e avance de tal forma que em 2022 tenhamos um total de 5,8%
na redução do consumo.
Analise a Tabela 7 para conhecer os dados previstos por classe.
Tabela 7. Eficiência. Percentual de redução do consumo por classe (%).
Para que haja essa redução no consumo, é preciso que haja um ganho na eficiência energética
em cada classe. Espera-se que a classe industrial tenha o maior ganho de eficiência, levando em
consideração os dados de consumo e autoprodução apresentados.
Todos juntos significam, em 2017, 22,2TWh e, em 2022, um total de 48TWh (5,8% da
demanda final de eletricidade).
Figura 11. Ganhos de Eficiência (TWh).
19
Unidade: Mercado de Energia no Brasil
Conclusões
O Planejamento Energético deve ser feito periodicamente com base nos dados estatísticos
históricos e projetados. A eficiência energética tende a aumentar nos próximos anos, para que
acompanhe o crescimento populacional e sua demanda pelo serviço.
Caso a projeção de demanda realizada pela EPE se concretize, o Brasil estará em boa
situação energética em 2022, mas para isso é necessário que cada classe da sociedade tenha
sua participação controlada.
A Projeção da demanda é um documento caracterizador do mercado energético nacional e
mundial, sendo de grande importância para o planejamento das políticas nacionais.
20
Material Complementar
Separamos alguns materiais que podem ajudar a compreender melhor o mercado de energia
brasileiro. Alguns são dados estatísticos, outros são vídeos ou reportagens sobre o assunto.
Explore-os com o objetivo de aprender mais sobre o assunto e conhecer as projeções para os
próximos anos:
Explore
·· Projeção da Demanda de energia Elétrica para os próximos 10 anos (2014
- 2023) – EPE: <http://www.epe.gov.br/mercado/Documents/Série Estudos de
Energia/20140203_1.pdf>;
·· Notícia: Energia eólica pode abastecer quase três vezes a demanda do Brasil
(Fonte: uol.com.br – 22/01/2015): <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/
ultimas-noticias/2015/01/22/energia-eolica-pode-abastecer-quase-tres-vezes-a-
demanda-do-brasil.htm>;
21
Unidade: Mercado de Energia no Brasil
Referências
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica (Brasil). Atlas de energia Elétrica do Brasil/
Agência Nacional de Energia Elétrica. Brasília: Aneel, 2008.
22
Anotações
23
Gestão de Projetos
Ambientais
Material Teórico
O Ciclo de Vida de Projetos
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
O Ciclo de Vida de Projetos
• Introdução
• O Ciclo de Vida de Projetos
• O Escopo e sua importância no gerenciamento de projetos
• Gerente de Projetos
• Considerações Finais
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir o ciclo de vida de projetos, principalmente as dificuldades
desse processo no gerenciamento de projetos ambientais. Também
será discutida a função do gerente de projetos.
· Entender como o gerente de projetos pode facilitar as etapas do ciclo
de vida do projeto bem como a elaboração do escopo, que é uma
etapa decisiva no gerenciamento de projetos.
ORIENTAÇÕES
Iniciaremos esta unidade retomando as definições de escopo já discutidas
na Unidade I, com enfoque no modo como ele pode ser elaborado pelas
organizações bem como na sua importância para o atendimento às metas e
aos resultados.
Contextualização
Os projetos são realizados com diversas etapas que abrangem viabilidade, análise
de custos, riscos, impactos ambientais, etc. Quando essas etapas são elaboradas
de maneira incorreta ou equivocada, os projetos podem apresentar problemas,
aumentando os custos e seu tempo de execução.
Caso Eurotunnel
O projeto Eurotunnel, desde o seu início, foi marcado por inúmeros problemas
que, se estudados sem paixões, tornam-se um excelente meio de conhecimento
para os gerentes de projetos de privatizações, projetos internacionais, identificação
6
e avaliação de claims (reclamações com direito a recebimento), análise de
interessados, entre outros. As características do projeto eram específicas: os dois
acessos do túnel têm 7,6 m de diâmetro interno; área para serviços no túnel tem
4,8 m de diâmetro interno; os túneis estão a 38 km de distância, ligados por 150
passagens de 3,3 m de diâmetro para cruzamento de equipamentos; o projeto
necessitou de 11 máquinas de brocar túneis; a estrutura do túnel é feita por anéis
de concreto, fundidos no lugar, em ambos os lados da via; os franceses usaram o
método mini-mount baker para seu lado do túnel; os britânicos usaram um novo
método de construção austríaco; 15.000 trabalhadores foram empregados no
projeto; escopo também incluiu terminais em cada lado da via e a criação do
parque Shakespeare Cliff no lado britânico; a viagem dura três horas de Paris para
Londres e o custo da passagem foi alterado de $ 325 para $ 465.
7
7
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
8
Introdução
O ciclo de vida de projetos é caracterizado por diferentes fases e delimita o
início e o fim dos projetos. Nesta unidade, iremos discutir a importância de cada
uma dessas fases na implementação da prática do gerenciamento de projetos nas
organizações. Além disso, será definida a função e a participação do gerente de
projetos ao longo desse gerenciamento.
Planejamento
Fase de elaboração do Plano de Gestão de Projetos, que será detalhado ao longo
da execução do projeto; isso porque este pode apresentar pequenas mudanças e
adaptações.
Execução
Os processos são executados para atender ao Plano de Gestão de Projetos.
Nesta fase, podem surgir riscos e custos não previstos, afetando o orçamento e o
planejamento já elaborado.
9
9
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Monitoramento e Controle
Nesta etapa, é realizada a revisão das entregas e do progresso do projeto, são
identificadas as áreas que foram alteradas e são controlados os riscos. Esta fase
ocorre concomitante com o planejamento e a execução.
Encerramento
Nesta etapa são documentados os impactos dos projetos e as lições aprendidas,
encerradas as aquisições e, principalmente, dada a aprovação do cliente/patrocinador
do produto/serviço.
10
os serviços de arquitetura), o que será gerado em cada entrega de etapa e como a
mesma será validada, quais os envolvidos em cada fase e suas funções (por exemplo,
arquitetos, engenheiros, auditores).
Idéia
Entradas Equipe de gerenciamento de projetos
A fase inicial também é marcada pela avaliação dos custos e riscos (Figura 4).
Esta tarefa é difícil, pois estes são estimados inicialmente e só serão confirmados
ao longo da execução do projeto. Como exemplificado na Figura 4, os riscos são
altos no início do projeto e diminuem ao longo da execução do projeto. Enquanto
isso, os custos iniciais são baixos e aumentam conforme as fases vão se alterando.
Cost of changes
Low
Project Time
11
11
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Processos de
Execução
Processos de
Nível de Planejamento
Atividade Processos Processos de
de Iniciação Encerramento
Processos de Controle
12
produto e nada mais é do que o plano de negócios. A partir do plano de negócios,
a ideia se insere no ciclo de vida do projeto com várias fases. Geralmente, as
organizações que desenvolvem o produto inserem o ciclo de vida de projeto como
parte do ciclo de vida do produto. Isso porque projetos adicionais podem ser
estabelecidos para atualizarem o desempenho do produto. A Figura 5 ilustra o
ciclo de vida do produto e o ciclo de vida de projetos.
Atualização
Ciclo de vida Plano de
Operações
Venda
do produto negócios
Produto
IDÉIA
Ciclo de vida
do projeto INICIAL INTERMEDIÁRIA FINAL
Para os projetos ambientais, o ciclo de vida deve ser analisado, gerando a análise
do ciclo de vida (ACV), ou seja, é preciso avaliar os impactos ambientais ao longo
da execução dos produtos que serão desenvolvidos. Os produtos/serviços geram
impactos ambientais, como emissão de poluentes, geração de resíduos além do
consumo de recursos naturais. Qualquer produto, para ser produzido, necessita de
matéria-prima, que será processada e gerará resíduo.
13
13
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Fabricação
Produtos
Matéria-
Coprodutos
-prima
Resíduos
Utilização
Outros
Entradas
Aspectos
Auxiliares
Ambientais
Disposição Final
Fronteira do Sistema
Para isso o processo de entradas e saídas deve ser estabelecido para cada processo.
Aplicação de questionários para os funcionários, análise do ACV de outras empresas,
dados históricos internos e levantamento dos aspectos ambientais da empresa podem
ser ferramentas para que todas as entradas e saídas sejam identificadas. Além disso,
saídas como emissões atmosféricas devem ser estimadas por tipo de poluente e
devem ser descritos a forma como e o local onde esse dado foi obtido.
Importante! Importante!
14
A ACV traz muitos benefícios para a realização de projetos ambientais, no
entanto existem algumas barreiras que impedem a inserção da prática. Uma dessas
barreiras é a ausência de guias práticos para orientação. O PMBok não integra
parâmetros ambientais, e não foram criados outros guias para que essa carência
seja suprida. A definição de impactos ambientais em áreas específicas, temas e grau
de severidade exigem tempo, custo e pessoas, além de os resultados gerados serem
subjetivos, tornando-os de baixa confiabilidade. De qualquer forma, muitos projetos
conseguem abranger todos os processos e etapas, alcançando o sucesso final do
produto/serviço. Para exemplificar todas essas etapas, segue, abaixo, um modelo
de caso hipotético resumido, descrito pela Fundap (Fundação do Desenvolvimento
Administrativo), órgão público do Estado de SP.
As entregas são distribuídas ao longo das fases dos projetos. A fase 1 terá
entrega da construção de prédios do núcleo didático, centro de apoio técnico,
guarita, posto de vigilância e restaurante. A fase 2 terá a contratação de RH,
transferência dos docentes e pessoal, aquisição de equipamentos, licitação,
contratação e aceite e instalação dos equipamentos. Fase 3 será marcada pelo
processo seletivo, contratação de empresas, acompanhamento da seleção e
recepção dos alunos. Essas fases são distribuídas ao longo de um cronograma
básico que será o Gráfico de Gantt.
15
15
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Importante! Importante!
16
com a identificação do local, definição das bandas que irão se apresentar, busca de
patrocinadores para colaborarem com os custos e início da venda dos ingressos.
Após a fase de iniciação, temos a fase de execução, ou seja, aquela em que o
show acontece. Nesta etapa, faz-se necessário controlar as pessoas na entrada
do evento, controlar a iluminação e executar as músicas. Na fase de conclusão
(pós-show), libera-se o palco, e os equipamentos são retirados. Este pequeno projeto
estabeleceu, no escopo, todas as fases de cada processo do ciclo de vida, auxiliando na
organização do evento.
17
17
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
sobrevivência alta para aquela região (fase inicial). Espécies serão retiradas e
outras serão replantadas (execução) e, na fase final, será realizada a manutenção
e o acompanhamento da área.
1. Projeto de Reflorestamento
1.4 Monitorar o
1.3
1.1 Supressão 1.2 Mudas desenvolvimento
Replantio
das plantas
1.3.1.1
Plantio do
gramado
Para que este tipo de trabalho seja realizado com sucesso, os envolvidos devem
ter o conhecimento pleno do projeto e também coordenar todos os processos. Por
essa razão, as organizações têm nomeado responsáveis específicos para a área de
projetos, conhecidos como gerente de projetos. Então, vamos conhecer um pouco
mais sobre esses profissionais.
Gerente de Projetos
Por ser uma área relativamente nova na cultura empresarial, ainda não se tem
estabelecido se o gerenciamento de projetos é uma profissão em específico, por
se tratar de um gerenciamento em geral. Além disso, a área de gerenciamento de
projetos não é uma disciplina específica nas instituições de ensino, sendo destacada
somente na área da pesquisa. Dessa forma, a maioria dos profissionais envolvidos
nesta área não possui um certificado profissional viabilizado através de uma longa
preparação, e mesmo assim eles são contratados para tal função, o que ocasiona
erros graves no projeto, pois o profissional necessita de um conhecimento especial
e habilidades para alcançar o desempenho exigido pela função.
18
Apesar das dificuldades, muitos profissionais destacam-se dentro das organizações
e tornam-se gerentes de projetos competentes e eficientes. Mas o que exatamente
esses profissionais fazem?
Gerente
de
Projetos
Marketing Financeiro
Diretoria Engenharia
Qualidade Produção
Compras Planejamento
19
19
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Para exemplificar esta prática, segue a Figura 10, retratando o diálogo entre
cliente e áreas envolvidas no projeto. Neste caso, o gerente de projetos e as partes
envolvidas não compreenderam exatamente o pedido do cliente.
Sendo assim, o gerente também deve apresentar habilidades para interagir com
a área técnica, deve conhecer bem sobre o produto/serviço e saber expor os riscos
e os processos envolvidos para o cliente. Da mesma forma, as metas, os objetivos e
o ciclo de vida de todo do projeto também devem ser reportados para a alta direção
da empresa. Um plano de gerenciamento de projetos pode ser criado para facilitar
a comunicação entre os envolvidos.
Além do gerente de projetos, é importante salientar outras partes interessadas
no projeto. Pessoas e organizações podem ser afetadas diretamente pelos projetos
e também exercem influência sobre os mesmos. A determinação dessas partes
interessadas também deve ser identificada e deve ser descrita a participação de
cada um no processo de gerenciamento dos projetos. A Figura 11 identifica a
interação das partes interessadas do projeto.
As responsabilidades e funções de cada parte devem ser estabelecidas, mas
elas podem ser alteradas ao longo da execução do projeto. As suas contribuições
também podem ser pontuais ou acontecer ao longo de todo projeto, como acontece
no caso de patrocínios.
Importante! Importante!
20
Projeto
Patrocinador
do projeto
Gerente de
projetos
Equipe de
gerenciamento
de projetos
Equipe do projeto
Partes interessadas
no projeto
Considerações Finais
A partir do estudo de viabilidade, dos impactos ambientais e dos objetivos,
o escopo é elaborado com o detalhamento necessário e, então, inicia-se a fase
do planejamento, com a definição de equipe, cronogramas, custos, entre outros.
A fase de execução é a etapa seguinte, mais longa e que abrange muitos outros
processos e partes interessadas. Após a execução, o projeto passa pela análise de
metas e indicadores e é encerrado. Todas essas etapas fazem parte do ciclo de vida
de projeto, que é integrante do ciclo de vida do produto. O escopo possui todas
as etapas necessárias para que o projeto seja elaborado, com suas características e
funcionalidades.
O gerente de projeto está por trás de todo esse processo descrito acima, participando
da elaboração do projeto juntamente com o cliente bem como com as partes envolvidas
dentro das organizações. Este profissional necessita de habilidades como liderança,
comunicação adequada, organização para que o projeto atinja o sucesso.
21
21
UNIDADE O Ciclo de Vida de Projetos
Material Complementar
Material Complementar
Vídeos
Usina de Itaipu se torna referência na gestão de projetos sustentáveis
https://youtu.be/duolQYq0-Z8
Livros
Revista Produção
RUSSO, R. 2005. Liderança e influência nas fases da gestão de projetos. v.15-3,
p.362-375.
Sites
Resolução n° 04, de 15 de dezembro de 2010
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Conselho
Nacional de Meteorologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO.
Dispõe sobre a Aprovação do Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida e dá
outras providências.
Disponível em: www.inmetro.gov.br/legislacao Acesso em 03/07/2015.
22
Referências
FUNDAP. 2006. Fundação de Desenvolvimento Administrativo. Planejamento
e gerenciamento de projetos. Educação continuada Gestão de Programas e
projetos governamentais.
23
23
Gestão de Projetos
Ambientais
Material Teórico
Processos de Gerenciamento de Projetos
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Processos de Gerenciamento de Projetos
• Introdução
• Gerenciamento de Tempo
• Gerenciamento de Custos
• Gerenciamento da Qualidade
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir a participação do gerenciamento de prazo, custo e qualidade
ao longo da execução do projeto.
· Compreender como deve ser elaborado um projeto, bem como as
entradas e saídas de cada etapa e as ferramentas que podem ser
utilizadas no monitoramento desses processos.
ORIENTAÇÕES
A partir do momento que se aprova um projeto, é necessário aplicar o
gerenciamento das várias áreas de estudos discutidas nas Unidades anteriores.
Contextualização
A gestão de projetos requer o gerenciamento de custos, prazos e qualidade para
que ele alcance o sucesso planejado.
http://arte.folha.uol.com.br/especiais/2013/12/16/belo-monte/
6
Introdução
O gerenciamento do tempo, custo e qualidade são processos fundamentais para
o gerenciamento de todo o projeto.
Gerenciamento de Tempo
O gerenciamento do tempo do projeto inclui os processos necessários para
gerenciar o término pontual do projeto. Este gerenciamento é formado por seis
processos distintos (Figura 1), sendo precedido por um trabalho de planejamento
pela equipe de gerenciamento.
Estimar os
Definir Sequenciar
recursos das
atividades atividades
atividades
Estimar a
Desenvolver Controlar o
duração das
cronograma cronograma
atividades
7
7
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Os projetos ambientais costumam ser bastante radicais quanto aos seus prazos.
Isso só ocorre porque, muitas vezes, esses prazos são definidos dentro de um
“Termo de Ajustamento de Conduta” e de outros compromissos firmados em
conjunto com os órgãos ambientais ou com o Ministério Público.
Definir as atividades
É o processo de identificação das ações específicas a serem realizadas para
produzir as entregas do projeto. Os pacotes de trabalho (do processo Criar a EAP –
Estrutura Analítica do Projeto ou WBS no gerenciamento do escopo) são tipicamente
decompostos em componentes menores chamados atividades, que representam o
trabalho necessário para completar o pacote de trabalho. Isso ocorre para definir
os detalhes, e assim atingir as metas.
Para isso, as entradas dessa etapa são as linhas de base do escopo que são
formadas por entregas de projetos; restrições, ou seja, fatores que limitarão as
opções da equipe de gerência de projeto; e as premissas, que foram estabelecidas
no planejamento e serão confirmadas como verdadeiras ou falsas. Também são
considerados os fatores ambientais da empresa, como sistema de informações do
gerenciamento de projetos; fatores externos de interesse dos projetos; relações
com o meio ambiente etc.
8
Importante! Importante!
Uma lista padrão das atividades ou uma parte da lista das atividades de um
projeto anterior é frequentemente utilizada como modelo para um projeto novo.
Também podem ser usados para identificar os marcos típicos dos cronogramas.
As saídas dessa etapa geralmente são listas de atividades que abrangem todas as
atividades necessárias do projeto, bem como a descrição de cada atividade.
Sequenciar as atividades
O sequenciamento das atividades é o processo de identificação e documentação
dos relacionamentos entre as atividades do projeto. Esses são sequenciais usando
relações lógicas.O uso de tempo de antecipação ou de espera pode ser necessário
entre as atividades para dar suporte a um cronograma de projeto realista e executável.
Vale lembrar que as atividades ambientais referentes aos processos também devem
ser identificadas. Este método inclui 4 tipos de dependências ou relações lógicas:
· Término para início (TI): a iniciação da atividade sucessora depende do
término da atividade predecessora;
· Término para término (TT): o término da atividade sucessora depende
do término da atividade predecessora;
9
9
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
A B
C D E
Início H F G Fim
I J
K L
10
Estimar os recursos das atividades
É o processo de estimativa dos tipos e quantidades de material, pessoas,
equipamentos ou suprimentos que serão necessários para realizar cada atividade. É
estreitamente coordenado junto com o processo “Estimar custos”.
As saídas desta etapa são requisitos de recursos das atividades (identifica os tipos
e as quantidades de recursos necessários para cada atividade do pacote de trabalho);
estrutura analítica dos recursos (estrutura hierárquica dos recursos identificados,
organizada por categoria e tipo de recursos) e atualizações dos documentos do
projeto, como lista das atividades, atributos das atividades e calendário de recursos.
A partir daí, são utilizadas as ferramentas e técnicas que podem ser por meio de
opinião especializada; estimativa análoga que usa parâmetros tais como duração,
orçamento, tamanho, peso e complexidade do projeto anterior ou similar como
base para a estimativa dos mesmos parâmetros ou medidas para um projeto futuro;
estimativa paramétrica, que utiliza uma relação estatística entre dados históricos
e outras variáveis para calcular uma estimativa para parâmetros da atividade, tais
como custo, orçamento e duração; estimativa de três pontos com a técnica de
revisão e avaliação de programa.
Explor
11
11
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
As saídas desse processo são análises de reservas, que incluem reservas para
contingências no cronograma geral do projeto para considerar as incertezas do
cronograma, também chamadas de reservas de tempo ou buffers.
Desenvolver o cronograma
É o processo de análise de sequências das atividades, suas durações, recursos
necessários e restrições do cronograma visando a criar o cronograma do projeto.
As entradas dessa etapa são todas as saídas das etapas descritas anteriormente,
como lista de atividades, atributos das atividades, diagrama de rede de cronograma,
calendário de recursos, estimativa de duração das atividades, declaração do
escopo, fatores ambientais da empresas etc. Isso porque esta etapa refere-se à
elaboração do cronograma.
Adiciona buffers de duração que são atividades sem trabalho no cronograma para
gerenciar as incertezas. O buffer do projeto é inserido no final da corrente crítica,
enquanto o buffer de alimentação é inserido em cadeias de tarefas dependentes
que alimentam ou convergem para a corrente crítica.
12
Já a análise do cenário “E-se” é uma análise da pergunta “E se a situação
representada pelo cenário X acontecer?”. Pode ser usada para avaliar se o cronograma
do projeto é praticável sob condições adversas para preparar planos de contingência
e de resposta para superar ou mitigar o impacto de situações inesperadas.
Controlar o Cronograma
O controle do cronograma está relacionado à determinação do andamento
atual do cronograma do projeto; ao controle dos fatores que criam mudanças
no cronograma; à determinação de que o cronograma do projeto mudou e ao
gerenciamento das mudanças conforme elas efetivamente ocorrem.
13
13
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Gerenciamento de Custos
Sabe-se que 40% das empresas têm problemas com o cumprimento do
orçamento. O custo é definido como medidas monetárias adotadas para
o funcionamento de uma organização por meio do pagamento de tributos,
investimentos e ações para o atingimento das metas.
Custos diretos
Custos relacionados diretamente com as entregas dos produtos e serviços oferecidos.
Exemplo: papelaria para formação e aplicação em sala de aula, salário da sede e
mediadores, laboratórios e periféricos.
Custos indiretos
Custos relacionados ao apoio na elaboração e monitoramento dos projetos.
Independentemente da quantidade de projeto o custo de mantém estável. Exemplo:
salário matriz, administração da matriz.
14
Importante! Importante!
Estimativa de custos
A estimativa de custo é o desenvolvimento de uma aproximação dos custos dos
recursos necessários para terminar cada atividade do cronograma. Na aproximação
dos custos, consideram-se as possíveis causas da variação das estimativas dos custos,
inclusive os riscos. Em geral, as estimativas de custos são expressas em unidades de
moeda para facilitar as comparações dentro de projetos e entre eles. A exatidão de
uma estimativa de um projeto aumenta conforme o projeto se desenvolve. Fontes
de informação da entrada aparecem na forma de saídas dos processos de diversas
outras áreas do conhecimento.
15
15
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Orçamentação
A orçamentação dos custos envolve alocar as estimativas dos custos globais aos
itens individuais de trabalho com a finalidade de estabelecer uma baseline de custo
para medir o desempenho do projeto (Figura 3).
Valores Fluxo de
Acumulados Caixa
Esperado
Baseline da
Performance
do Custo
Tempo
Figura 3. Apresentação ilustrativa de baseline do custo.
As entradas desse processo são o escopo, que fornece as restrições dos recursos;
a estrutura analítica do projeto que fornece as relações entre as entregas e seus
componentes; estimativas de custos das atividades; detalhes que dão suporte as
estimativas de custos; cronograma de projeto, incluindo as datas, marcos, pacotes
de trabalho; calendário de recursos, utilizado para informar os custos durante o
projeto; e o plano de gerenciamento de custos.
As saídas são: linha de base dos custos (orçamento dividido em fases); plano de
gerenciamento de custos; mudanças solicitadas.
Controle de custos
O controle dos custos está associado a influenciar os fatores que criam as
mudanças na meta de custo de forma a garantir que estas mudanças sejam benéficas;
determinar que a meta de custo foi alterada e gerenciar as mudanças reais quando
e da forma que elas surgirem.
16
Para isso, faz-se necessário registrar exatamente as mudanças, como controlar
fatores, monitorar, garantir acordo e limites; estabelecer limites nos custos;
monitorar o desempenho e informar as partes interessadas.
Importante! Importante!
17
17
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Gerenciamento da Qualidade
A qualidade é percebida de forma diferente pelas seguintes partes interessadas:
organizações, profissionais e clientes.
Alguns dados estatísticos demonstram que 28% dos projetos são abortados;
46% dos projetos extrapolam prazos e custos e somente 26% dos projetos são
bem sucedidos.
18
A técnica é aplicada, frequentemente, mais às questões do produto do projeto
(por exemplo, os projetistas do setor automotivo podem desejar determinar quais
combinações de suspensão e pneus produzirão as mais proveitosas características
de transporte a um custo razoável).
Garantia da Qualidade
Consiste em que todas as atividades planejadas são implementadas no sistema,
assegurando que o projeto irá atender os padrões de qualidade.
Controle de Qualidade
Controlar a qualidade é o processo de monitoramento e registro dos resultados
da execução das atividades de qualidade para avaliar o desempenho e recomendar
as mudanças necessárias.
As entradas para essa etapa são resultados dos trabalhos, ou seja, resultados
dos processos quanto aos resultados do produto; plano de gerência de qualidade;
definições operacionais; e checklist de verificação.
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19
UNIDADE Processos de Gerenciamento de Projetos
Considerações Finais
Como visto ao longo dessa aula, o gerenciamento de prazo, risco e qualidade
caminham juntos no desenvolvimento do projeto.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Para aprofundar seus conhecimentos, consulte:
Livros
HELDMAN, K. Gerência de Projetos: Guia para o exame do PMI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009;
MENEZES, L. C. M. Gestão de Projetos. São Paulo: Atlas; 2009;
VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 1998;
VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. Rio de Janeiro:
Brasport, 2005.
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UNIDADE
Referências
KERZNER, Harold. Gestão de Projetos: as melhores práticas. Porto Alegre:
Bookman, 2002.
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Ecologia Aplicada
Material Teórico
Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
Revisão Textual:
Prof. Me. Selma Aparecida Cesarin
a
Valores da Vida Natural e os Impactos
da Humanidade
Recomendo que você, além de fazer uma leitura tranquila do conteúdo desta Unidade,
consulte ainda, os materiais complementares e, assista também, a vídeos relacionados ao
tema. Recomenda-se ainda, que você utilize a internet, além de outros meios de pesquisa
para buscar novas fontes de informação que venham a contribuir com o seu aprendizado.
Não se esqueça, o conhecimento é a única riqueza que não pode ser roubada!
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
Contextualização
Diversos são os valores atribuídos à biodiversidade no contexto atual da Humanidade.
Desempenham importante papel no comércio internacional, nacional e inclusive local. Mas
não é apenas econômico o valor que a biodiversidade possui. Diversos serviços ecossistêmicos
são desempenhados gratuitamente a todo instante, sem que sequer precisemos desembolsar
dinheiro para custeá-los. Mas o fato de não pagarmos por este serviço, não quer dizer que
ele não possua um valor. Se fôssemos calcular todos os benefícios que a biodiversidade nos
proporciona, nossa dívida para com o Planeta estaria ainda mais elevada.
Com isso, o presente conteúdo irá abordar a quê de fato atribuímos valor e o que deixamos
de valorizar no que se refere à biodiversidade.
Você já imaginou que o conhecimento sobre estes valores poderá nos fazer repensarmos
muitas de nossas atitudes? Pois bem, informações a este respeito serão providenciais para a sua
vida pessoal e para a sua profissão.
Além do conteúdo teórico, vídeos e matérias escritas irão permitir que se familiarize com os
valores da vida natural e os impactos causados pela Humanidade:
» Meio Ambiente por Inteiro - Pagamento por Serviços Ambientais (28/09/13): https://youtu.be/dLU_wbd6NTU;
» O que são serviços ambientais: http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28158-o-que-sao-servicos-ambientais;
» Políticas Ambientais e Serviços Ecossistêmicos no Brasil: http://iptv.usp.br/portal/video.action?idItem=26670.
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Valores Econômicos Diretos e Indiretos da Biodiversidade
Você certamente já está bastante familiarizado com a expressão recurso natural. Não
só apenas pelas disciplinas relacionadas às ciências ambientais, mas também pelas próprias
questões elementares da sua vida, é impossível o contato com os recursos naturais passar
despercebido. Mas o que você talvez ainda não saiba é que grande variedade destes recursos,
como o ar puro, a água limpa, o solo saudável, as espécies raras e até mesmo as paisagens são
considerados recursos de propriedade comum e pertencem a toda a sociedade.
Contudo, estes recursos são muitas vezes utilizados e danificados por pessoas, governo e
indústrias que simplesmente não pagam nada por isso ou, quando pagam, nada mais é do que
um valor mínimo, quase simbólico.
Esta falta de decoro para com nossos recursos e desrespeito para com os demais cidadãos
da Sociedade já foram colocados em evidência no passado e hoje têm sido cada vez mais
denunciado pela população.
No ano de 1968, Hardin G. publicou um artigo na revista Science, cujo título tratava este
tipo de atitude desrespeitosa para com os recursos naturais como a tragédia dos comuns.
Como os problemas ligados aos recursos naturais estão relacionados ao uso irresponsável
e à respectiva degradação destes recursos,uma vez que os custos são baixíssimos, quando as
pessoas, órgão governamentais e empresas efetivamente estiverem pagando o preço justo em
função do estrago que têm feito, certamente o ambiente deixará de ser danificado, recebendo
tratamentos mais cautelosos.
Se os reais valores fossem embutidos nos custos do impacto ambiental causado, por exemplo,
pelos produtos derivados de combustíveis fósseis, implementação e uso ineficaz de energia,
poluição e irresponsabilidade com o lixo, as taxas a serem pagas seriam extremamente mais
elevadas e as indústrias tomariam mais cuidado com o nosso mundo natural.
Desta forma, a economia ambiental surge com o objetivo de agregar valores aos componentes
da biodiversidade. Esta é uma medida tão justa quanto nos responsabilizarmos pelo próprio
lixo que geramos diariamente em nossas casas, não é mesmo?
Como primeiro passo para agregar tais valores aos recursos biológicos, um pesquisador chamado
McNeely, em 1988, desenvolveu algumas abordagens visando atribuir valores econômicos
aos recursos naturais, como a variabilidade genética, as espécies, as comunidades e, por fim,
os ecossistemas. Nesta obra, McNeely dividiu economicamente a biodiversidade em valores
econômicos diretos e indiretos. Vejamos a seguir cada um deles de forma exemplificada.
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
Valor de Consumo
Este tipo de valor pode ser atribuído aos recursos naturais como a lenha, animais oriundos
de caça, frutos e vegetais colhidos direto das matas e consumidos pelas populações locais, sem
chegar a ser vendidos em estabelecimentos comerciais.
Esse tipo de consumo acontece muito nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, que ainda
possuem áreas preservadas nas quais as pessoas extraem tais recursos e os consomem sem
visar o lucro, apenas para subsistência da comunidade local. Desta forma, o PIB nacional não
os leva em consideração.
Um dado bastante interessante a respeito do valor de consumo a ser considerado em
nossos recursos naturais é que aproximadamente 80% da população mundial ainda consome
medicamentos oriundos de plantas e animais como a principal forma de tratamento médico
(FARNSWORTH, 1988). Somente na região amazônica, aproximadamente 2000 espécies de
animais e plantas subsidiam recursos para tratamentos medicinais.
Nossos recursos possuem muito valor agregado e o consumo ainda é maior do que podemos
imaginar. Então, como atribuir valor a estes recursos de modo a evitar o consumo degradante
e insustentável?
Uma forma é considerar a quantidade de pessoas que os consomem e que assim teriam de
pagar por tal produto caso as fontes se esgotassem e tivessem de começar a comprá-los em
supermercados.
Valor Produtivo
Como mencionado anteriormente, o valor produtivo é considerado o valor direto dado
àqueles recursos que foram extraídos da natureza e conduzidos a supermercados para serem
vendidos nacional e internacionalmente.
Diferente do valor de consumo, o valor produtivo é estabelecido pelo preço pago no
primeiro ponto de venda, ao invés do seu custo final no varejo. Desta forma, os padrões
econômicos aplicados a estes recursos naturais são camuflados, dando a impressão inicial
de menor importância a produtos que logo depois podem ser industrializados agregando
valores bem maiores.
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Para exemplificar, a castanha-do-pará rende inicialmente aos catadores do Norte do
país cerca de 50 centavos por quilo. Ao ser industrializada e ir parar nas prateleiras dos
supermercados da Região Sudeste, o valor produtivo desta mesma castanha passar ser cerca
de 18 reais o quilo.
É muito importante que você tenha noção a respeito da enorme quantidade de produtos
brasileiros que são extraídos de forma ilegal da natureza e muitas vezes quase escravagista
devido à exploração de mão de obra.
Esses extrativistas retiram ilegalmente os recursos ambientais e são ainda por cima muito
mal pagos, sendo que os produtos irão posteriormente ser vendidos a preços bem mais
elevados no mercado.
Os produtos mais explorados são a madeira, proveniente de desmatamentos ilegais, sendo utilizada
para construção civil e produção de móveis, os peixes, tanto de água doce como de água salgada,
muitos animais silvestres dos quais se utilizam tanto a carne como a pele para confecção de roupas
de grife, além de diversas espécies de plantas medicinais, frutas e vegetais.
A grande parte da floresta desmatada ilegalmente, além de render muito lucro para o
mercado madeireiro, no qual uma única árvore de mogno chega a ser vendida por 10 mil
reais, as áreas devastadas darão lugar para pastagens para gado de corte a ser exportado para
países europeus e norte-americanos. Ou seja, estamos perdendo um enorme bem de valor,
que são as florestas e, ainda por cima, lucrando com a criação de gado que sequer alimentará
famílias brasileiras. Um crime atrás de outro, ilustrados na Figura 1.
Figura 1. Desmatamento ilegal e queimada criminosa da Amazônia.
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
Produtividade Ecossistêmica
Este serviço se refere à atividade natural na qual as plantas e as algas convertem a energia
luminosa proveniente do Sol em energia fixada nos tecidos vivos que os compõem. Uma
porção significativa desta energia armazenada pelos vegetais os seres humanos consomem
diretamente, utilizando-as para a alimentação, e das plantas de porte arbóreo, utilizando a
madeira como lenha a ser queimada para produzir calor.
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Você deve saber que se não fosse a atividade natural das plantas e algas que realizam
fotossíntese, a energia solar não seria convertida em tecidos vivos e, desta forma, esta energia
seria impossível para alimentar os animais e fungos decompositores. Resumidamente,
Importante! estes seres produtores de energia são quem sustentam toda a demanda energética exigida
por cada ser vivo que estrutura o funcionamento dos ecossistemas.
Mas não é somente pela água que a biodiversidade é importante, também existem diversos
benefícios gratuitamente fornecidos para o solo pelas áreas preservadas ambientalmente.
Impedindo que o solo seja atingido diretamente pela queda da água da chuva, as plantas, com
suas folhagens, inclusive as folhas mortas caídas, promovem proteção contra este atrito que
compacta o solo e o torna duro demais para que ocorra o crescimento de vegetação.
Figura 2. Fotografias de enchente (à esquerda) e deslizamento de terra (à direita), provocados pelo desmatamento e impermeabilização do solo.
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
A seguir, segue link para você explorar mais sobre os assuntos não divulgados pelos
principais veículos de comunicação. O link noticia sobre acidentes provocados
pelo desmatamento e a intensa prática de agricultura criminosa no oeste da Bahia,
onde toda a área do topo da Serra Geral foi desmatada e tem desprendido enormes
quantidades de pedra e terra, que deslizam para os estados que fazem divisa, Goiás
e Tocantins, causando enorme impacto ambiental:;
» https://goo.gl/i68HcD.
Controle do Clima
A presença da biodiversidade é extremamente importante na modelagem dos climas em
nível local, regional e até mesmo global. A presença de árvores promove diversos benefícios
gratuitos apenas por estarem vivas. Os benefícios são incalculáveis como, por exemplo,
a diminuição da temperatura por meio do sombreamento realizado pela vegetação, pela
respiração foliar, as plantas e árvores liberam oxigênio, que é vital para nós, e também
vapor de água, aumentando a umidade do ar e promovendo a sensação de frescor. E, pelo
crescimento, os indivíduos vegetais, principalmente as árvores, resgatam da atmosfera o
gás carbono que contribui para o superaquecimento global e o armazenam em seus troncos
compondo sua própria estrutura. Portanto, os benefícios de áreas verdes são inúmeros e
atingem positivamente todos os seres vivos (Figura 3).
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Depuração de Dejetos
Você já imaginou que a própria diversidade biológica por si só é capaz de degradar poluentes
e reter metais pesados nocivos à saúde humana? Pois saiba que este é mais um dos muitos
benefícios desempenhados pela nossa biodiversidade.
O caso do rio Tietê é um exemplo infelizmente escancarado à população, e irei citá-lo para
que possamos entender como funciona este processo ecossistêmico de despoluição natural.
Atualmente, o rio Tietê é um esgoto a céu aberto na região metropolitana da maior cidade
brasileira. Este rio, que nasce na cidade de Salesópolis, a 100 quilômetros de São Paulo,
possui um total de 1150 quilômetros de extensão, cortando exatamente ao meio todo o
estado paulista (Figura 4).
Figura 4. Região poluída do rio Tietê. Somente na região da capital do estado,
em um segundo de tempo, aproximadamente
30 mil litros de esgoto e mais 7 mil litros
de resíduos diversos são despejados no que
antes era o rio Tietê. Essa enorme carga de
poluição reduz a zero a taxa de oxigênio e
com isso elimina qualquer possibilidade de
vida, até mesmo das resistentes bactérias e
fungos que promovem a depuração natural
da água. Porém, seguindo o curso do rio
Fonte: iStock/Getty Images
Tietê, distanciando aproximadamente
200 quilômetros da cidade de São Paulo,
a quantidade de oxigênio na água volta a ser razoável possibilitando a vida destes agentes
naturais que realizam a despoluição gratuita deste recurso destruído pela população humana.
Para que você tenha uma ideia do quanto se gasta para despoluir os recursos hídricos, o
governo do estado de São Paulo investiu há anos aproximadamente 900 milhões de dólares
no tratamento de esgoto. É claro que quem paga essa conta são os contribuintes, ou seja, este
gasto exorbitante é oriundo do dinheiro público.
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
Recreação e Ecoturismo
Diversas são as opções de lazer quando se trata de ecossistemas naturais. E um dos lados
mais positivos desta opção de lazer é dispensar a economia opressora e exploratória, e se
dispor de uma forma de prazer não consumista. Ou seja, você já deve ter aproveitado
momentos únicos da sua vida, onde o contato com a natureza foi a sua principal fonte de
satisfação pessoal. Seja por meio de um banho de cachoeira, de rio ou de lago, ou ainda uma
ida ao litoral para curtir a praia, o mar e o luar. Dispomos destas opções, que muitas vezes são
gratuitas ou, se não, custa apenas uma contribuição para manutenção e preservação.
Além disso, momentos na natureza, não importa qual seja a atividade, estão contempladas
pelo direito do livre arbítrio que cada um de nós possui. Porém, a degradação destes ambientes
naturais ocorre devido à falta de interesse não só do governo, mas também de grande parte da
sociedade que mantém ideologias consumistas e não reconhecem os ecossistemas como vital
não só para sobrevivência, mas, como também, para a saúde do corpo e da mente.
Além destes poucos exemplos de valores ecossistêmicos apresentados aqui, tantos outros
ainda serão percebidos pela Humanidade. Cabe a nós reconhecermos em nosso dia a dia o
quanto a ciência e a educação estão repletas de livros, documentários, programas de televisão
e filmes com fins educacionais se amparando nos recursos e processos dos ecossistemas.
Além disto, inúmeras publicações em revistas científicas têm apresentado riquíssimo
conhecimento sobre o complexo funcionamento dos ecossistemas. Tais informações são
oriundas de criteriosas pesquisas realizadas diariamente por profissionais do mundo todo.
Um exemplo bastante prático é podermos avaliar a qualidade ambiental utilizando como
controle de qualidade a presença ou ausência de espécies que são comprovadamente
consideradas bioindicadoras ambientais.
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Valor de Existência
O valor de existência é um valor natural advindo do direito de cada ser vivo em viver. Em
outras palavras, toda espécie tem direito de existir, simplesmente por que existem. As vidas
representam mais que uma possibilidade de a Humanidade obter recursos naturais delas. Elas
estão presentes em nosso Planeta há milhares de anos e desempenham função ecossistêmica,
realizando processos naturais ecológicos pelos quais estruturam todo o funcionamento e
permanência da vida na Terra.
Todas as espécies têm direito de existir, mas, infelizmente, nem todas possuem capacidade
de reivindicar sua própria existência em decorrência da super exploração da vida, realizada em
detrimento de avanço econômico muito insustentável. Contudo, podemos ainda utilizar como
exemplo os países desenvolvidos, que gastam milhões ou até mesmo bilhões de dólares por
ano em projetos de conservação de espécies, consequentemente, preservando os processos
ecossistêmicos por elas desempenhados garantem à Humanidade a possibilidade de continuar
dispondo daqueles recursos naturais oriundos destes ecossistemas preservados.
Cabem, portanto, investirmos na manutenção da integridade de área naturais, evitando
assim que espécies sejam extintas e ecossistemas sejam degradados. Caso contrário, teremos,
num futuro próximo, de correr atrás para tentar recuperar todos os prejuízos, sendo que não
será possível recuperar o ecossistema tornando-o idêntico ao que era originalmente antes de
ser degradado.
Pegada Ecológica
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
O objetivo de vida de cada cidadão, então, passa a se basear no acúmulo de bens materiais
causando um fenômeno de competitividade social entre os indivíduos.
O ritmo de vida acelera e se torna cada vez mais dedicado em função do trabalho. Com isso,
as pessoas dormem menos e possuem menos tempo para cuidar da alimentação. Alimentos
industrializados ganham cada vez mais espaço na dieta da população e o tempo para cuidar
da saúde se restringe a remediar ao invés de prevenir.
Todo este contexto vem causando estresses desnecessários que prejudicam a própria saúde
da população. Muitas vezes o conjunto de todos estes fatores inerentes ao cotidiano de uma
pessoa diminui a sua autoestima e causa sentimento de incompetência perante o mercado de
trabalho, podendo desencadear até mesmo quadros de depressão.
Este pensamento sugere um estilo de vida mais duradouro, que leve à união das pessoas e
não estimule a disputa, mas sim, estimule o cooperativismo no uso racional e socialmente justo
dos recursos naturais disponíveis em nosso Planeta.
Figura 5. Representação da pegada ecológica, simbolizada pela marca de uma pisada humana impactando o planeta Terra.
Deste modo, a pegada ecológica calcula o impacto de todas as atividades que realizamos,
como indivíduo e em termos de sociedade. Inúmeras são as atividades calculadas, como por
exemplo, o valor de áreas que ocupamos ao construirmos prédios, casas, indústrias, rodovias,
usinas, shoppings, lavouras agrícolas, entre outros.
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É importante que você saiba, também, que o cálculo da pegada inclui o desgaste e a poluição
da água, do solo, do ar, bem como também de todos os demais componentes bióticos e
abióticos presentes nos ecossistemas da Terra.
Os dados obtidos ao se calcular a pegada ecológica nos dão informações sobre o estilo
de vida e os hábitos de consumo utilizados por um indivíduo ou pela população de
uma cidade ou país. Com estas informações, é possível comparar a utilização dos
recursos naturais com a capacidade natural do planeta em regenerá-los. Infelizmente,
Você sabia? os dados recentes têm apontado que estamos consumindo em média 50% a mais
do que a capacidade que o planeta possui de reposição. Conclui-se, então, que para
mantermos nossos padrões de vida atual precisamos de um Planeta e meio.
Hábitos Consumistas
Uma medida de melhora bastante eficiente é evitar hábitos consumistas. As mercadorias
surgem no mercado com a intenção de desgastarem rapidamente ou serem ultrapassadas
tecnologicamente, justamente para que se mantenha a venda. Esta estratégia dos empresários
é denominada obsolescência programada.
Deste modo, diversos modelos de equipamentos eletrônicos como, por exemplo, os celulares
e laptops são lançados no mercado com muita frequência. Esses produtos tecnológicos
demandam enormes quantidades de recursos naturais que não são renováveis, gastam muita
energia para sua produção e liberam rejeitos tóxicos, como os cancerígenos metais pesados.
Uma alternativa de redução seria avaliar seus objetivos de compra e adquirir tais produtos
somente em caso de real necessidade.
Uma música que trata sobre o assunto da obsolescência programada foi composta
pelo artista Humberto Gessinger, do grupo musical Engenheiros do Hawaii. Ouça a
música e acompanhe a letra no link a seguir:
» https://youtu.be/LeE3NtDUnN4
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
Antes de descartar um plástico, uma embalagem, ou qualquer outro objeto que você tenha
comprado, admita sua responsabilidade sobre o seu lixo nesse processo, reduzindo o consumo,
reutilizando o que for possível e destine à reciclagem, ao invés de mandar para lixões ou
aterros sanitários. Assim, você estará diminuindo sua conivência com o mal do lixo no Planeta.
ENERGIA LIMPA
Você precisa ter em mente que no mundo todo vivenciamos a realidade energética do
petróleo. O interesse de poucos grupos empresariais se sobressai imperativamente sobre as
novas alternativas energéticas sustentáveis e economicamente viáveis para toda a população
mundial que soma hoje mais de sete bilhões de pessoas.
Precisamos exigir de nossos governantes a elaboração e consolidação de matrizes
energéticas limpas e renováveis, sem agredir o nosso meio ambiente. Estas alternativas
energéticas já existem como, por exemplo, a energia eólica (energia dos ventos), a energia
eletrovoltaica (energia solar), a energia biodigestora (oriunda da decomposição de dejetos de
animais domésticos, restos agrícolas, esgoto doméstico) e a maré-motriz (força motriz presente
no movimento das marés).
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Pegada Hídrica
Como você pode perceber, no nosso dia a dia, utilizamos elevado volume de água. Seja
para nossa hidratação vital, como também para tomar banho, despejar urina, fezes e demais
excreções fisiológicas. Além disso, por meio das atividades domésticas de cozinhar e lavar,
consumimos diariamente um excessivo volume de água.
A Tabela a seguir é bastante interessante para que você se informe melhor sobre a utilização
de água intrínseca à produção de produtos diariamente consumidos pela população (Tabela 1).
Tabela 1. Volume de água, em litros, necessários para a produção de itens consumidos diariamente pela população.
Mas não é somente o consumo individual de água que tem afetado a disponibilidade deste
recurso. A produção de alimentos, de celulose para fazer papel, de algodão para confecção
de roupas, entre outros demais processos industriais, pecuários e agrícolas são os que mais
consomem água em nosso Planeta.
Portanto, obrigatoriamente, a pegada hídrica serve como indicador do consumo da
água que considera a utilização direta e a indireta, ou seja, tanto os consumidores quanto os
produtores. (Figura 6).
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
Figura 6. Foto aérea mostrando o elevado uso de água para irrigação de grandes lavouras de monocultura.
Para que você internalize o conceito e a relevância imprescindível deste assunto para a
Humanidade, define-se pegada hídrica como sendo o volume total de água doce que foi
utilizada na produção de bens materiais e nos demais serviços consumidos pelo indivíduo ou
pela comunidade, além do gasto total utilizado na produção das indústrias e no quanto de água
elas poluem liberando seus rejeitos nos rios e córregos próximos a elas.
O conceito da pegada hídrica foi proposto pelo professor Arjen Y. Hoeskstra. Este
homem percebeu os impactos humanos sobre os sistemas de água doce do nosso Planeta,
que tem levado à escassez e à poluição destes recursos. Ele aponta que os problemas da água
estão intimamente relacionados às cadeias de produção e à estrutura da Economia global.
Diversos países que já extrapolaram significativamente suas pegadas hídricas aqui na Terra,
agora importam, inclusive ilegalmente, quantidades imensas de água doce de outros países.
Este fato pressiona os países exportadores (muitas vezes doadores ilegais), subvertendo os
mecanismos racionais de governar e conservar os recursos hídricos.
A Amazônia, bioma abundante em água, tem sofrido com o tráfico de água doce. Lá, vários
navios petroleiros reabastecem seus reservatórios no Rio Amazonas antes de deixarem as águas
nacionais. Este caso de hidropirataria, inclusive, tem tido avanços tecnológicos nos quais se utilizam
enormes bolsões com capacidade bem superior a dos navios superpetroleiros ( Figura 7).
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Para concluir, é importante que você saiba que cabe não somente aos nossos governos, mas
também aos consumidores, as empresas e as comunidades da sociedade civil, desempenharem
atitudes visando melhorar a gestão dos recursos hídricos.
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
Material Complementar
Vídeos:
Políticas Ambientais e Serviços Ecossistêmicos no Brasil: http://iptv.usp.br/portal/video.action?idItem=26670;
Meio Ambiente por Inteiro – Pagamento por Serviços Ambientais (28/09/13): https://youtu.be/dLU_wbd6NTU.
Livros:
PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: Planta, 2001.
ANDRADE, D. C.; ROMEIRO, A. R. Serviços ecossistêmicos e sua importância para o sistema
econômico e o bem-estar humano. Texto para Discussão. IE/UNICAMP, Campinas, n. 155, fev. 2009.
Sites:
http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28158-o-que-sao-servicos-ambientais
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Referências
INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Cartilha Pegada Ecológica. Disponível em:
<http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/Cartilha%20-%20Pegada%20Ecologica%20
-%20web.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2015.
REES, W. E. Ecological footprints and appropriated carrying capacity: what urban economics
leaves out. Environment and Urbanization 4 (2): 121–130, 1992.
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Unidade: Valores da Vida Natural e os Impactos da Humanidade
Anotações
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